- Islam BR

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Introdução
Capítulo I
Os Evangelhos e o Alcorão
Composição e Natureza dos Evangelhos
A Inconfiabilidade dos Evangelhos
A Autenticidade do Alcorão
Capítulo II
Jesus e Muhammad
A Vida e a Missão de Jesus
As Profecias de Jesus Sobre Muhammad
O Profeta Muhammad
O Caráter Ideal
Referência de Não Muçulmanos ao Profeta
Muhammad
Historicidade
Modelo Completo
Capítulo III
As Doutrinas do Islam e do Cristianismo
A Trindade
A Divindade de Jesus
A Condição Divina de Filho de Deus
O Pecado Original
A Justiça de Deus
A Redenção Pelo Sangue
Islam Uma Religião Coerente
Capítulo IV
Os Ensinamentos Morais do Islam e do Cristianismo
A Passividade Diante Do Mal
O Monasticismo e o Celibato
Álcool o Sexo e Jogo
Capítulo V
Islam Uma Religião Universal
A Condição da Mulher no Islam e no Cristianismo
Abolição da Escravidão
Constituição Política
A Economia no Islam
Liberdade Religiosa
A Irmandade Universal do Islam
Notas
INTRODUÇÃO
A abordagem muçulmana do tema Religião Comparada é bastante diferente do ponto
de vista cristão. O cristão é educado na crença de que a sua é a única religião
verdadeira, tendo o judaísmo sido uma preparação para o surgimento do cristianismo,
e que todas as demais religiões são falsas.
Ele pensa que Deus o escolheu e destacou os filhos de Israel para o fim de Ele revelar
(por meio deles) as Suas Mensagens e (dentre eles) enviar os Seus profetas. Desse
modo, ele acredita somente nos profetas e mestres religiosos de Israel, vendo como
impostores quaisquer outros pretendentes da condição de profetas.
Os missionários cristãos sempre empregaram seus esforços em provar que os
fundadores de outras religiões são falsos e maus, tornando-lhes possível estabelecer a
afirmação de exclusividade de Jesus (que a Paz esteja sobre ele). Basta-nos ler seus
livros sobre o Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele);
e sua religião para vermos como os preconceitos e prevenção deles tornaram-nos
incapazes de vislumbrar a verdade de outros (que não a deles).
Eles não hesitaram nem mesmo em deturpar a tradução do Alcorão e espalhar
afirmações equívocos sobre o Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus
estejam sobre ele); de maneira a servir somente aos propósitos deles. Quando
encontram alguma coisa em outra religião que se assemelha a algo contido também na
deles, ao invés de se alegrarem com isso, sentem-se frustrados e tentam encontrar
justificativas para alegar que estas (semelhanças) se devem à influência do
cristianismo.
O muçulmano, por outro lado, acredita na origem divina de todas as grandes religiões
do mundo. O Livro Sagrado do Islam declara que Deus enviou Profetas entre todas as
nações para guiar o povo para a senda da verdade e da probidade. Sendo o Criador e
Provedor de todos os mundos, Ele não pode ser parcial e escolher uma nação à
exclusão das demais para revelar as Suas Mensagens. O muçulmano deve acreditar
nos fundadores de todas as grandes religiões.
Ele pode condoer-se de ver como os judeus e os cristãos acabaram por negligenciar e
alterar os verdadeiros ensinamentos de Moisés e de Jesus, mas ele não pode nunca se
expressar contra os Profetas dessas religiões, porque ele foi orientado pelo Sagrado
Alcorão a acreditar neles como verdadeiros e probos Profetas de Deus, tendo por eles
o mesmo respeito e amor que ele tem pelo Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção
de Deus estejam sobre ele).
É, portanto, com um sentimento de profundo amor e respeito tanto por Jesus quanto
por Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre eles); e pelas religiões
que ambos pregaram, que empreendo um estudo comparativo do Islam e do
Cristianismo. Se às vezes nos encontramos divergindo dos cristãos, não é a respeito
da religião de Jesus (que a Paz esteja sobre ele), mas pela forma e características
alteradas que esta tomou após a passagem de Jesus (que a Paz esteja sobre ele).
Faço minha as palavras de Lord Headley:
"O Islam e o Cristianismo, tal como ensinado pelo próprio Cristo, são religiões
irmãs, separadas tão-somente por dogmas e tecnicalidades que poderiam muito
bem ser dispensadas."(*)
OS EVANGELHOS E O ALCORÃO
Tanto o Cristianismo como o Islam alegam serem religiões reveladas, Jesus (que a Paz esteja
sobre ele) declarou que a Mensagem que ele estava trazendo não era dele e sim de Deus.
"Eu não falei por mim; mas o Pai que me enviou, Ele me ordenou quanto ao que eu deveria dizer
e o que eu deveria falar." (João 12:49).
Ele descreveu a si mesmo como:
"Um homem que lhes disse a verdade, a qual escutei de Deus" (João 8:40)
Do mesmo modo, alega-se no Alcorão que a revelação que veio ao Profeta Muhammad
Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele); proveio do Senhor do Universo:
(que a
"Certamente (este Alcorão) é uma revelação do Senhor do Universo. Com ele desceu o
Espírito Fiel, para o teu coração (Ó Muhammad), para que sejas um dos admoestadores."
(Alcorão Sagrado 26:192 ao 194).
De onde se segue que a verdade de qualquer dessas (duas) religiões depende da precisão com que
as palavras inspiradas do seu (respectivo) fundador foram preservadas e na pureza textual de sua
Escritura. Se a Mensagem que foi revelada por Deus a um Profeta não nos chegou exatamente
corno foi revelada, sendo ao invés deturpada e alterada, então, nesse contexto, essa religião pode
se considerar ter-se desviado da verdade.
Neste capítulo veremos até aonde as palavras e revelações inspiradas de Jesus e de Muhammad
(que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre eles); foram fielmente preservadas nos
Evangelhos e no Alcorão, respectivamente, e até que ponto estas Escrituras permaneceram
isentas de alterações ou interpolações de qualquer espécie.
Composição e Natureza dos Evangelhos
Há quatro Evangelhos inclusos na Bíblia; os Evangelhos segundo Mateus, Marcos, Lucas e João.
Encontramos muitos dos ditados inspirados de Jesus (que a Paz esteja sobre ele); nesses
Evangelhos. Eles foram compostos entre quarenta e oitenta anos depois da passagem de Jesus
(que a paz esteja sobre ele), baseados em alguns documentos anteriores que hoje estão perdidos.
Os estudiosos da Bíblia identificaram alguns desses documentos como sendo:
(1)- "Q" (Quelle do alemão = ‘’Fonte’’), um documento escrito em Aramaico, e hoje perdido,
que alcançou aos escritores dos Evangelhos na forma de uma tradução para o Grego;
(2)- "Urmarcus" = Marcos Primitivo, um esboço anterior do Evangelho de Marcos, escrito com
base nas narrações de Pedro sobre Jesus;
(3)- "L", uma coleção de relatos sobre Jesus usados somente por Lucas. Uma comparação entre
os Evangelhos nos mostrará que seus autores usaram tais documentos perdidos, de uma maneira
uma tanto aleatória; eles nem hesitaram sequer de mudar algumas coisas contidas neles para
moldar o texto aos seus próprios propósitos.
O primeiro Evangelho escrito foi o de Marcos, ele foi escrito em Roma pelo menos quarenta
anos depois da assim chamada crucificação de Jesus (que a Paz esteja sobre ele). O Evangelho,
como o temos hoje, é considerado uma versão ampliada do Urmarcus, sobre o qual Papias, um
dos primeiros escritores cristãos, teve para dizer o seguinte:
"O velho João costumava dizer, tendo Marcos se transformado no intérprete de Pedro, ele
escreveu pormenorizadamente tudo que conseguia lembrar. Mas essas recordações não
estavam, entretanto, na ordem exata em que aquele relatara os ditados e os atos de Cristo. Pois
ele nem ouvira nem acompanhara o Senhor, mas aliara-se, como eu já disse, posteriormente a
Pedro, que costumava adaptar seus ensinamentos às necessidades dos seus ouvintes, e não para
transmitir uma narrativa contínua dos sermões do Senhor."(1)
Não é possível dizer se o Urmarcus foi ampliado e revisto para nos dar o Evangelho de Marcos
como o temos pelo próprio Marcos ou por alguma outra pessoa. O Dr. C. J. Cadoux, que era
Professor de História da Igreja em Oxford, assim resumiu as conclusões de eminentes estudiosos
da Bíblia a respeito da natureza e composição desse Evangelho:
"Ele foi escrito depois do martírio de Pedro (65 d.C.), e numa época em que Marcos, não tendo
ele próprio sido discípulo de Jesus, aparentemente não tinha a mão nenhum dos discípulos
pessoais de Jesus a cujos conhecimentos ele poderia referendar sua narrativa. Tais condições
desta composição explicam a existência nela, lado a lado, de inúmeros sinais de precisão e um
certo número de sinais de desconhecimento e de imprecisão.'' (2)
O Evangelho de Mateus foi escrito em Grego, na Antioquia, cerca de 90 d.C. O autor fez uso de
pelo menos dois documentos perdidos o "Q" e o "Urmarcus". Nenhum estudioso independente
considera esse Evangelho como sendo obra do Mateus apóstolo de Jesus. Se Mateus escreveu
alguma coisa, com certeza deve ter sido o "Q". Quanto às liberdades que o autor desconhecido
desse Evangelho tomou com o material original, C. J. Cadoux escreve:
"Um exame mais apurado do tratamento que ele dá ao material tomado de empréstimo de
Marcos, mostra que ele se permitiu ampla liberdade de editar e florear esse material para
ressaltar o que ele considerava jubilar mais dignamente ao grande Mestre. As mesmas
tendências são freqüentemente visíveis também alhures ao ele desenvolver a partir do "Q" ou
acrescentando suas próprias criações. Qualquer aspecto, portanto, proveniente exclusivamente
do texto do "Mateus", só pode ser aceito como historicamente legítimo somente com muita
cautela. " (3)
O terceiro Evangelho, o Evangelho de Lucas, foi escrito em algum lugar da Grécia em torno do
ano 80 d.C. destinado ao uso de Theophilus, "o mais excelente", que era provavelmente algum
importante funcionário do Império Romano. Ele é basicamente uma apologia endereçada a nãojudeus.
O escritor, que era amigo e companheiro de viagem de Paulo, fez uso de pelo menos três
documentos perdidos, dois dos quais eram idênticos aos usados pelo escritor do Evangelho de
Mateus e o terceiro era um texto a parte. Lucas, que queria adaptar seu Evangelho alinhado com
o ponto de vista Paulino, tomou liberdade ainda maior com as suas fontes do que havia feito o
escritor do Evangelho de Mateus com as dele.
Os Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas são chamados de "os Evangelhos Sinóticos", porque
eles partem de um mesmo documento perdido e têm multa coisa em comum já o Evangelho de
João é muito diferente deles. A divindade e a pré-existência de Jesus (que a Paz esteja sobre ele);
são afirmadas tão-somente nesse Evangelho, apesar de jamais como alegação apresentada pelo
próprio Jesus (que a Paz esteja sobre ele).
Nas linhas iniciais o autor deste Evangelho estabelece a afirmação de que o Logos divino, a
Palavra ou Razão de Deus, que havia dado origem ao mundo, havia-se encarnado em Jesus (que
a Paz esteja sobre ele). O Evangelho de João foi escrito em ou próximo de Efêso entre os anos
110 e 115 da era Cristã, por algum escritor desconhecido que tinha inclinações anti-semíticas e
apresentava os judeus como inimigos de Jesus (que a Paz esteja sobre ele).
Nenhum estudioso descomprometido considerado como sendo a obra de João o filho de
Zebedeu, o qual, de acordo com R. H. Charles, Alfred Loisy, Robert Eisler e outros eruditos, foi
decapitado por Agripa I no ano 44 d.C., muito antes do Quarto Evangelho ter sido escrito. Os
estudiosos modernos da Bíblia duvidam da autenticidade não apenas dos pontos de vista próprios
do escritor expressados neste Evangelho, como também das palavras que ele põe na boca de
Jesus (que a Paz esteja sobre ele); C. J. Cadoux escreve:
"Os discursos no Quarto Evangelho (mesmo à parte da afirmação messiânica da
abertura) são tão diferentes dos Sinóticos, e tão parecidos aos comentários do próprio
Quarto Evangelista, que nenhum pode igualmente ser confiável como registro do que
Jesus teria dito; a veracidade literária dos tempos antigos não proibia, como faz agora,
a atribuição de discursos falsos a personagens históricos; os melhores historiadores da
antiguidade praticavam contumasmente a composição e atribuição de discursos dessa
maneira." (4)
A Inconfiabilidade dos Evangelhos
Os Evangelhos foram compostos depois que os primeiros cristãos haviam-se dividido
em diferentes correntes. Eles foram, na verdade, compostos para propagar os
ensinamentos especiais das várias escolas e seus autores não hesitaram em adaptar
os documentos anteriores e outros materiais tradicionais a respeito dá vida e dos
ensinamentos de Jesus (que a Paz esteja sobre ele), para alinhá-los com os pontos de
vista das suas respectivas escolas. O Rev. T. G. Tucker, escreve:
"Assim, produziram-se Evangelhos que claramente refletiam a concepção à luz das
necessidades práticas da comunidade para qual eram dirigidos. Neles, o material
tradicional era utilizado sim, mas não existia escrúpulo em adulterá-lo ou de lhe fazer
acréscimos, ou em omitir aquilo que não servisse aos propósitos de quem escrevia."(5)
Os quatro Evangelhos incluídos na Bíblia não eram os únicos Evangelhos escritos nos
primeiros séculos do Cristianismo. Houve muitos outros, inclusive aquele chamado de
"O Evangelho Segundo os Hebreus", uma obra aramaica, usada pelos nazarenos
(como se chamavam os primeiros discípulos de Jesus), que negavam a divindade de
Jesus (que a Paz esteja sobre ele), e o consideravam tão-somente como um grande
profeta.
Ao final do segundo século, os Evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João foram
incluídos no "Cânon" e os demais foram declarados heréticos ou apócrifos pela Igreja,
Antes deles serem canonizados e aceitos como escrituras, os Evangelhos não
possuíam a consagração que têm agora, e ninguém sentia qualquer escrúpulo ao
altera-las se algo que contivessem não servia aos seus propósitos ou aos propósitos
da sua seita.
Mesmo depois que eles foram incluídos no Cânon e declarados como sendo a Palavra
de Deus, as mudanças continuaram a ser feitas neles, como está claro da comparação
de diferentes manuscritos antigos existentes. Referindo-se a isto, o Professor
Dummelow de Cambridge escreve no seu famoso comentário sobre a Bíblia Sagrada:
"Um copista não raro incluía não o que estava no texto, mas o que ele achava que
devia estar nele. Ele confiava numa memória volúvel, ou configurava o texto de acordo
com os pontos de vista da escola a que pertencesse. Além das versões e citações dos
Pais do Cristianismo, sabia-se existirem quase quatro mil manuscritos gregos do
Testamento. Como resulta disso, a variedade de (interpretações) é considerável.’’ (6)
Para considerarmos até que ponto os quatro Evangelhos Canônicos representam
fielmente a mensagem inspirada ou Evangelhos de Jesus, precisamos ter em mente os
seguintes fatos:
(1) de que não se fez nenhuma cópia dos ditos inspirados de Jesus durante a sua vida;
(2) que os registros mais antigos dos ditos de Jesus, que foram feitos logo após a
passagem de Jesus, quando já havia-se iniciado a glorificação dele, também foram
irrecuperavelmente perdidos;
(3) que nos Evangelhos, que foram escritos entre 70 e 115 d.C., baseados em alguns
desses documentos perdidos, o material inserido neles foi manipulado com
desenvoltura e liberalidade, não tendo os escritores dos Evangelhos qualquer indecisão
em modificá-lo para expressar aquilo que eles considerassem condizer e conduzir à
maior glória de Cristo ou para alinhá-lo aos pontos de vista das seitas de que fossem
adeptos;
(4) que nenhum dos evangelistas conhecera Jesus ou mesmo o ouvira falar;
(5) que os Evangelhos foram escritos em grego, enquanto que o idioma falado por
Jesus era o aramaico;
(6) que eles foram escritos para propagar os pontos de vista das diferentes facções e
foram escolhidos entre muitos outros que representam pontos de vista ainda mais
divergentes;
(7) que, por pelo menos um século, após terem sido escritos, eles não possuíam
qualquer autoridade canônica, e podiam e foram realmente modificados pelos copistas
das diferentes seitas para servir a propósitos próprios deles;
(8) que os manuscritos extensos mais antigos dos Evangelhos - Codex Sinaiticus,
Codex Vaticanus e o Codex Alexandrinus - pertencem ao quarto e quinto séculos, e
ninguém sabe o quanto realmente os Evangelhos foram alterados no curso de tempo
em que inexistiu qualquer manuscrito;
(9) que existem divergências consideráveis entre os diversos manuscritos existentes do
quarto e quinto século; e finalmente;
(10) que os Evangelhos, vistos como um todo, estão repletos de contradições.
Esses fatos, revelados por eméritos eruditos ocidentais, demonstram que o Evangelho
de Jesus, aquele que foi a Mensagem que Jesus havia recebido de Deus, não chegou
até nós em sua forma original. Os quatro Evangelhos incluídos na Bíblia não podem ser
considerados idênticos ao Evangelho inspirado de Jesus(que a Paz esteja sobre ele).
O modo em que foram escritos e as circunstâncias pelas quais passaram são de tal
ordem que eles não podem nos servir como fontes de conhecimento exato do que
Jesus realmente havia dito e ensinado. C.J. Cadoux resume esta posição da seguinte
forma no seu livro.- "A Vida de Jesus" - :
"Nos quatro Evangelhos, portanto, os documentos principais aos quais devemos nos
reportar, se quisermos preencher o esqueleto formulado por eles, de outras fontes,
ainda assim nos defrontamos com material de qualidade e confiabilidade altamente
divergente e duvidosa. Tão profunda é a incerteza desse, que somos tentados a
desistir prontamente e a declarar a tarefa como impossível. As inconsistências
históricas e as improbabilidades em trechos dos Evangelhos formam alguns dos
argumentos com que se favorece a teoria do mito de Cristo. Estas são, entretanto,
totalmente contrapesadas -como já demonstramos- por outras considerações. Ainda
assim, as discordâncias e incertezas que restam são graves e conseqüentemente,
muitos contemporâneos, mesmo não tendo qualquer dúvida da existência real de
Jesus, vêem como impossível qualquer tentativa de desassociar a verdade histórica do
conteúdo mítico ou legendário presente nos Evangelhos, para que se pudesse
reconstruir a história da missão de Jesus a partir dos resíduos históricos que se
pudesse extrair." (7)
A Autenticidade do Alcorão
Por outro lado, não existem dúvidas dessa ordem quanto ao Alcorão. Este não contém
nada além das revelações recebidas pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a
Bênção de Deus estejam sobre ele). As revelações vieram a ele em fragmentos e
periodicamente.
Tão logo ele recebia uma delas, ele a comunicava aos seus discípulos e lhes pedia de
não apenas gravá-la na memória, mas também de a preservar por escrito. Em tais
ocasiões, ele indicava de maneira precisa, o lugar a que a revelação pertencia no
contexto. Assim, o Alcorão completo foi preservado em forma escrita como também
nos corações de centenas de pessoas durante o tempo de vida do Profeta.
Após o falecimento do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam
sobre ele), Abu Bakr, o primeiro Califa, encarregou Zaid Ibn Sábit de preparar uma
transcrição autêntica de todo o texto em forma de livro. Os companheiros do Profeta
haviam escrito as revelações transmitidas pelo Profeta em pergaminhos ou pedaços de
couro.
Zaid Ibn Sábit recolheu todos eles e, após compará-los com o que os seguidores do
Profeta haviam aprendido de cor, compilaram uma transcrição, chamada de Mus'haf
(folhas encadernadas), sobre cuja autenticidade ou exatidão não existe absolutamente
nenhuma dúvida.
Por ordem de Uthman, o terceiro Califa, sete cópias da edição Mus'haf do Sagrado
Alcorão, mais uma vez confirmado pela memória daqueles que o haviam decorado
(háfiz), foram confeccionadas e distribuídas entre os diversos centros do vasto mundo
islâmico.
Uma dessas sete cópias ainda existe conservada em Tashkant. O governo Kzarista da
Rússia fez publicá-la em uma edição fac-símile; e por esta, podemos constatar que há
identidade total entre essa cópia e o texto editado e usado em todo o mundo. O mesmo
é igualmente verdadeiro no tocante a todos os manuscritos existentes do Alcorão,
sejam completos ou fragmentados, datados do primeiro século da era muçulmana.
Desde os tempos do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam
sobre ele); até os nossos dias, a prática de aprender o Alcorão inteiro de memória
continuou ininterrupta, e o número dos huffaz (que sabem o Alcorão de cor) hoje pode
ser contado no mundo em centenas de milhares.
O resultado disso é que, nenhum estudioso, seja oriental ou ocidental, seja muçulmano
ou não-muçulmano, jamais lançou qualquer dúvida sobre a pureza do texto do Sagrado
Alcorão. Mesmo um crítico tão hostil quanto Sir William Muir assim escreve sobre o
Alcorão.
"Provavelmente não existe no mundo qualquer outro livro que tenha permanecido por
doze séculos com um texto tão imaculado." (8)
Jesus e Muhammad
(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre eles)
Nada traz tanto à tona o contraste entre o Islam e o Cristianismo quanto uma
comparação entre a atitude islâmica para com Jesus e a atitude cristã para com
Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre Ele). Pois, enquanto os
muçulmanos acreditam que Jesus tenha sido um grande Profeta de Deus e o amam e
respeitam tanto quanto amam e respeitam ao Profeta Muhammad (que a Paz e a
Bênção de Deus estejam sobre Ele); os cristãos não somente rejeitam Muhammad
(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre Ele); mas não se cansam de referir-se a
ele da maneira mais disparatada possível.
Um estudo imparcial das vidas deles mostrará, entretanto, que os fundadores do Islam
e do Cristianismo ambos foram homens bafejados por Deus, completamente dedicados
à tarefa de pregar a religião de Deus, de livrar os homens do erro e do pecado, fazendo
prevalecer a Vontade de Deus no mundo.
A Vida e a Missão de Jesus
(que a Paz esteja sobre ele)
Jesus (que a Paz esteja sobre ele); nasceu em cerca dos anos 7-5 a.C., em um lar
modesto na Palestina. Muito pouco se sabe dos primeiros anos de sua vida. Tudo o
que podemos dizer recorrendo às palavras de Lucas, é que ele:
"Cresceu em sabedoria e em estatura, e na graça de Deus e no respeito dos homens."
Quando estava entre os trinta e três e trinta e cinco anos de idade, surgiu na Palestina
um profeta pregando "o batismo do arrependimento para a remissão do pecado". O
nome desse Profeta era João o Batista (que a Paz esteja sobre ele), e Jesus (que a
Paz esteja sobre ele), foi a ele e foi batizado por ele. Foi nesse momento que veio a
revelação de que ele havia sido escolhido por Deus como o Messias dos judeus para
reavivar a verdadeira religião e completar a longa linha dos profetas israelitas.
A religião de Deus não era desconhecida aos filhos de Israel, mas ao tempo em que
Jesus iniciou sua missão, o espírito da verdadeira religião havia sido sufocado pelo
mundanismo dos saduceus e o formalismo e legalismo inócuo dos fariseus. Eles
declararam, usando as palavras do Talmud que: "Aquele que pouco estima lavar as
mãos perecerá da terra". E Jesus (que a Paz esteja sobre ele), os reprovou dizendo:
"Vós esmerais em rejeitar os mandamentos de Deus, para poderdes manter as vossas
próprias tradições."
Eles tinham regulamentos absurdos sobre o Sabbath. Por exemplo: um homem podia
percorrer dois mil cúbitos no Sabbath, mas não mais que isso, o vinagre, se engolido,
poderia ser usado para aliviar a irritação da garganta, mas não podia ser gargarejado.
No caso da morte ameaçar alguém, podia-se chamar um médico, mas já não se podia
tratar no Sabbath de uma fratura.
Jesus (que a Paz esteja sobre ele), pôs de lado impacientemente tais regulamentos
artificiais e pormenorizados. Disse- lhes que o Sabbath era (um dia de descanso) para
o homem e não o homem é que era para o Sabbath, e os admoestou.
"Desditosos sois, escribas e fariseus, hipócritas; pois vos preocupais com minúcias
sobre a hortelã e o anis e o cuminho, mas vos omitis sobre assuntos de maior peso
como a lei, o juízo, a misericórdia e a fé ... Guias cegos que sois, pois esforçais em
evitar um mosquito, porém engolem um camelo."
A essência da religião dele era o amor a Deus e amor ao semelhante, que ele procurou
instalar nos corações do seu povo por meio dos seus inspirados sermões e belas
parábolas.
Os saduceus e fariseus, ao invés de reconhecê-lo como o Messias sobre cuja vinda os
profetas israelitas anteriores haviam anunciado boas novas, tornaram-se seus inimigos
mortais e pressionaram o Procurador Romano a condena-lo à crucificação.
Este homem, que foi tratado como um malfeitor comum por seu povo cego, foi um dos
personagens mais inspirados da história. Ele levou uma vida pura, nobre e devota. Ele
demonstrou uma rara combinação de brandura e de coragem para cumprir a Vontade
de Deus, e em lidar com os seus desencaminhados compatriotas.
Ele era a bondade, o desprendimento e a humildade personificadas; servindo aos seus
amigos e orando pelos seus inimigos. Ele praticou muitas maravilhas, mas jamais se
jactou delas, atribuindo-as sempre ao "dedo de Deus" e até admitindo que outros eram
capazes de fazer o mesmo. Sua compaixão para com os pecadores e com os que
sofriam era realmente admirável.
As Profecias de Jesus Sobre Muhammad
(que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre eles)
O crime dos judeus contra Jesus (que a Paz esteja sobre ele), privou-os das graças e
benesses de Deus. Jesus (que a Paz esteja sobre ele), disse-lhes que depois dele não
apareceria nenhum outro profeta entre eles e que a Reino de Deus lhes seria tirado e
dado a uma nação mais digna dele.
Anunciou também que a pedra que os construtores haviam rejeitado, ela mesma havia
sido escolhida por Deus para tornar-se à pedra fundamental. Querendo com isso dizer
que os filhos de Ismael (que a Paz esteja sobre ele), aos quais os filhos de Israel
haviam rejeitado e despojado, haviam sido Escolhidos por Deus para a sua maior
graça, o Profeta Universal apareceria entre os Ismaelitas, e Jesus (que a Paz esteja
sobre ele), profetizou a vinda dele em termos bastante resolutos:
"Ainda tenho muitas coisas para vos dizer, mas não podeis atualmente capazes de
suportá-las. No entanto, quando esse chegar, o espírito da verdade, ele vos guiará a
toda a verdade." (João 16: 12-13)
''Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o
Consolador não virá a vós;... E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da
justiça e do juízo.'' (João 16:7 e 8)
''E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para
sempre. O Espírito da verdade....'' (João 14:16 e 17)
''Tenho-vos dito isto, estando convosco. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que
o Pai enviará..., esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto
vos tenho dito.'' (João 14:25 e 26)
Em um Evangelho não canônico, o de São Barnabé, Jesus (que a Paz esteja sobre
ele), menciona o espírito da verdade ou o Consolador, o Profeta que viria depois dele
para ensinar ao mundo ‘’toda a verdade’’, que assim transcrevemos:
Então disse o sacerdote:’’ Como se chamará o Consolador, e que sinais revelarão a
vinda dele?’’
Jesus respondeu: ‘’O nome do Consolador é Admirável, pois Deus
leu-lhe um nome quando criou a sua alma, e a colocou em Esplendor Celeste. Deus
disse: Espere Muhammad, por ti Eu criarei o paraíso, o mundo e um grande número de
criaturas, e tudo dar-te-ei de presente, de maneira a que todo aquele que te abençoar
será abençoado, e aquele que te amaldiçoar será amaldiçoado. Quando Eu te enviar
ao mundo, Eu te enviarei como Meu Mensageiro da salvação, e tuas palavras serão
verdadeiras, e mesmo depois que os céus e a terra tenham passado, a tua fé jamais
passará. Muhammad é o nome abençoado dele.’’
E a multidão levantou a voz
em coro clamando: ‘’Ó Deus, envia-nos Teu Mensageiro. Ó Muhammad, venha
depressa para a salvação do mundo.’’ (9)
O Profeta Muhammad
(que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele)
O Consolador, o Espírito da verdade, o Mensageiro de Deus sobre cuja vinda Jesus (que a Paz e
Bênção de Deus estejam sobre ele); havia deixado boas novas, nasceu na Arábia no ano 571 da
era Cristã. A época do seu nascimento, a verdadeira religião havia sido esquecida ou distorcida
em todo o mundo.
O povo entre o qual ele nasceu, os árabes ismaelitas, eram politeístas e idólatras. Eles estavam
imersos em vícios e superstições de todos os tipos. Não havia nenhuma lei entre eles além da lei
da selva, e, às vezes, alguns costumes tribais.
Entre essa gente, que se havia desviado a tal ponto do caminho de Deus, o Profeta Muhammad
(que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele); cresceu para se tornar um homem de Deus.
Ele se destacava entre eles por seu caráter puro e imaculado, seu amor pela verdade e compaixão
pelos pobres e pelos oprimidos. Eles o chamavam de Al-Amin, o confiável, o leal.
À medida que ele se tornou adulto, as superstições e maus costumes de sua gente causavam-lhe
cada vez maior tristeza no espírito.
Ele passou multas horas em comunhão com seu Criador e em meditação sobre a meta ou objetivo
da vida do homem. Ele ansiava guiar sua gente ao caminho reto, para "trazer Deus até o homem,
e o homem até Deus."
Quando ele estava com quarenta anos de idade, a Luz Divina brilhou com toda a sua
resplandecência no seu coração e ele foi escolhido por Deus para ser Seu Mensageiro à
humanidade. Ele passou a pregar-lhes que havia um só e único Deus, o Criador Amantíssimo e
Provedor de todo o Universo.
Ele os exortou a evitar todos os tipos de mal e crueldade e a amarem-se uns aos outros. Disselhes que a verdadeira religião consistia em se livrar os outros da necessidade e do sofrimento e
no serviço desprendido aos semelhantes, que as cerimônias religiosas eram totalmente inúteis se
elas não ensinavam nem treinavam o homem a se tornar mais probo e a trabalhar pelo bem dos
outros.
"Tens reparado em quem desmente a religião? Em quem repele o órfão, e não estimula a
alimentar os necessitados? Aí, pois, dos adoradores, que são negligentes em suas orações,
que as fazem por ostentação, negando-se, contudo, a prestar obséquios." (Alcorão Sagrado
107:1 ao7).
Ele atacou pelas raízes a falsa superioridade baseada na cor, casta, raça ou nacionalidade,
declarando que todos os seres humanos eram irmãos.
O tratamento dado ao Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele);
por seu povo não foi diferente daquele dado aos profetas anteriores. Ele foi rejeitado pelas
pessoas que tinham interesses profundos e foi submetido a todo tipo de crueldades.
Muitos daqueles que acreditaram nele foram brutalmente assassinados. As tribos de Makkah
juntaram-se numa tentativa de acabar com a vida dele. Após suportar tais torturas e crueldades
por treze longos anos com paciência e indulgência quase sobre-humanas, o Profeta Muhammad
(que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele); finalmente emigrou para Madina, onde um
grande número de pessoas já se havia convertido ao Islam e se tornado seus seguidores. Este foi
o ponto decisivo de sua vida.
O povo de Madina não só acreditou nele e na sua mensagem, mas também o fez chefe do seu
estado. Aqui, o Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele) além dos
seus apelos comovedores para a mudança de espírito e transformação do caráter individual,
elaborou as ramificações sociais da sua mensagem.
As muitas mudanças revolucionárias que ele introduziu incluíram a elevação das mulheres a uma
posição de igualdade aos homens, empreendeu a abolição da escravatura, a proibição total de
todos os tipos de bebidas intoxicantes e de jogos (de azar), eliminação de toda e qualquer sorte
de exploração, acabando com a casta sacerdotal e instituindo a liberdade religiosa para todos os
indivíduos e comunidades; introduziu o mais esclarecido código de leis jamais conhecido pelo
homem e estabeleceu um Estado de justiça social e uma forma de administração pública que
trouxe uma graduação ideal de justiça e misericórdia.
Ele estabeleceu uma irmandade universal na qual não havia qualquer distinção com base em
raça, cor, língua, riqueza ou sexo. A característica que distinguia aqueles que se filiavam à
congregação era o zelo pelo serviço ao Deus único e à humanidade.
Após completar a sua missão, o Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam
sobre ele); o derradeiro profeta de Deus, deixou este mundo no ano 632 da era Cristã, deixando
para trás o Sagrado Alcorão que lhe fora revelado por Deus, e seus próprios ditos, para orientar
os povos por todo o porvir.
O Caráter Ideal
O Profeta do Islam levava uma vida que só pode ser descrita como piedosa. Ele era o
modelo por excelência para os homens nas diversas situações e condições da vida,
como diz o próprio Alcorão:
"Realmente tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo para aqueles
que esperam contemplar a Deus, deparar com o Dia do Juízo Final, mencionando
Deus freqüentemente." (Alcorão Sagrado 33:21).
"Ó Projeta, em verdade, enviamos-te como testemunha, alvissareiro e
admoestador! E, como convocador (dos humanos) a Deus, com sua anuência, e
como uma lâmpada luminosa." (Alcorão Sagrado 33:45 e 46).
Ele correspondeu aos mais altos ideais do Sagrado Alcorão e exemplificou em sua vida
todas as virtudes mencionadas no Livro de Deus. Quando perguntaram a sua esposa
'Aicha a respeito da moralidade dele, a resposta dela foi:
"Sua moralidade é o Alcorão."
Por isso, quando lhe era pedido explicar algumas injunções éticas do Alcorão, ela o
fazia ilustrando-as com exemplos da vida e do comportamento do Profeta. Dizer que
ele era sem pecado seria descrever o negativo de um homem de Deus que havia
conquistado todas as tentações e paixões e vivia exclusivamente para Deus e em total
concordância com a Vontade d'Ele.
"Dize: Minhas orações, minhas devoções, minha vida e minha morte pertencem a
Deus, Senhor do Universo." (Alcorão Sagrado 6:162)
Ele era, como o Alcorão o descreve, a "misericórdia para toda a humanidade". Sua
compaixão se estendia tanto aos amigos como aos inimigos. "Amais o vosso Criador?
Amei vossos semelhantes primeiro", era seu conselho aos seus seguidores. Ele vivia
extremamente preocupado com o estado de depravação e corrupção dos povos em
volta do seu.
Entristecia-lhe demais o coração quando, como chefe do estado, tivesse ele que
mandar executar a punição de alguém a bem da justiça ou pela segurança da jovem
república. Mas por ele mesmo ele jamais levantava um dedo sequer para ninguém.
Quando num momento crítico alguém pediu-lhe para amaldiçoar seus inimigos e
perseguidores, ele respondeu:
"Eu não foi enviado para amaldiçoar e sim como misericórdia para a humanidade.
Ó Senhor, guia meu povo pois eles ainda não entendem."
Para dar somente um exemplo entre muitos, ao conquistar Makkah, ele perdoou a
todos os seus inimigos que não haviam poupado esforços para aniquilá-lo, à sua
religião e aos seus seguidores, e eram culpados de assassinatos e perseguição. Ele
lhes disse: "Neste dia não há mais nada reprovável contra vós."
Eis um exemplo prático da máxima; "Amai os vossos inimigos." Ele havia vindo redimir
e reformar a humanidade decaída, e conquistou os corações dos elementos antisociais do seu tempo pelo amor e pela bondade. Sua caridade e prontidão em ajudar
as pessoas de todas as maneiras possíveis foram proverbiais. Ele era o maior amigo
dos pobres e dos oprimidos.
Toda a sua vida ele se empenhou por levar a humanidade ao Deus único, para torná-la
devotada, e a redimi-la do erro, livrá-la das superstições e dos pecados, mas ao
convidar os homens ao caminho da verdade, ele cumpria fielmente a injunção
alcorânica de que:
"Não há imposição quanto a religião." (Alcorão Sagrado 2:256).
Ele havia se imbuído de qualidades divinas e fizera com que seus semelhantes dessem
o principal e maior passo em direção ao divino. Mas ele próprio permanecia humilde e
modesto, sempre consciente da sua insignificância diante de Deus, e do mais alto grau
de perfeição moral e espiritual que havia alcançado, ele afirmava ao povo:
"Sou tão-somente um mortal como vós." (Alcorão Sagrado 41:6).
Referência de Não-Muçulmanos ao Profeta Muhammad
Tendo os estudos orientalistas, passado das mãos dos missionários e teólogos cristãos para as dos
estudiosos independentes, a estima e apreciação do Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção
de Deus estejam sobre ele); e de sua mensagem vem crescendo no Ocidente.
Eis aqui dois trechos sobre o Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre
ele); de um livro recente de um erudito professor norte-americano:
"De espírito puro e amado no seu meio, diz-se que ele possuía uma natureza bondosa e gentil.
As perdas que sofrera o fizeram sensível à dor humana em todas as suas formas, e ele estava
sempre disposto a ajudar aos outros. Especialmente aos pobres e fracos. Seu senso de honra,
dever, fidelidade, granjearam-lhe, à medida que foi envelhecendo, o elevado e invejável título de
‘’ o Verdadeiro’’, ‘’o Correto’’, ‘’o Confiável’’. Mas apesar de sua preocupação com os outros,
ainda assim permaneceu destacado deles em termos de visão e costumes, isolado em meio a uma
sociedade árida e caótica. Na passagem da infância à adolescência e de adolescente a adulto,
ficava horrorizado e desgostoso com os conflitos incontidos dos seus contemporâneos, das
repetidas eclosões de disputas despropositadas entre as tribos que se encontravam nas feiras de
Makkah, e a imoralidade e cinismo generalizados da época. O futuro profeta era acometido pela
perplexidade e silenciosamente, deixou que os seus pensamentos se interiorizassem."
"Numa época carregada de crenças no sobrenatural, quando a realização de milagres era o
capital de recursos dos santos mais medíocres, Muhammad se recusava a traficar com a
fraqueza e credulidade humana. Aos idólatras sedentos de milagres, que viviam procurando
sinais e augúrios, ele deixava bem claro: ‘’Deus não me enviou para operar maravilhas; Ele me
enviou para pregar a vós. Meu Senhor seja louvado! Serei mais do que algum homem enviado
como mensageiro’’. Do começo ao fim ele resistiu a todas as tentativas de deslumbramento de
sua pessoa, ''Eu jamais disse que tenho os tesouros de Deus, de que conheça o incognoscível, ou
de que sou um anjo... Eu não sou senão o portador da mensagem de Deus à humanidade.'' Se é
preciso procurar sinais, que estes não sejam de grandeza de Muhammad, mas de Deus, e para
ver tais sinais basta a qualquer um apenas abrir seus olhos. Os corpos celestes que mantém suas
órbitas tranqüilas no firmamento, a incrível ordem do universo, a chuva que cai para aliviar a
terra ressecada, as palmeiras arqueadas pelo peso dos frutos dourados, os navios que deslizam
pelos mares carregados com as graças para o homem, podem estas coisas ser obra de deuses de
pedra? Que cretinos clamam por sinais, quando a criação tem tantos! Em uma idade de
credulidade, Muhammad ensinava o respeito pela ordem incontroversível que deveria despertar
a ciência muçulmana antes da cristã.’’ (10)
E eis como o célebre historiador Lane-Poole, resume o caráter do Profeta Muhammad
Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele):
(que a
"Ele que, sozinho, enfrentou anos seguidos o ódio do seu povo, e é o mesmo que jamais foi o
primeiro a retrair a mão no cumprimento; adorado pelas crianças, pois jamais passou por um
grupo dos pequeninos sem lhes dar um sorriso com seus maravilhosos olhos e sem lhes dirigir
uma palavra suave, na sua voz macia cujo timbre tornava sua bondade ainda mais bondosa....
Ele era um desses poucos felizardos que conseguiram a suprema alegria de tornar uma grande
verdade na fonte de todo seu viço de vida. Ele foi o mensageiro do único Deus; e jamais, até o
fim de sua vida, esqueceu-se de quem era, ou da mensagem que era o âmago de todo o seu ser.
Ele trouxe a nova ao seu povo com uma imensa dignidade proveniente da consciência da sua
grande responsabilidade, combinada com a mais suave humildade cujas raízes surgiam do
conhecimento de suas próprias fraquezas."(11)
O Major A. G. Leonard alude à sinceridade do Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de
Deus estejam sobre ele); e à verdade de sua mensagem com as seguintes palavras em seu livro;
''Islam, Her Moral and Spiritual Value'':
"O leitor deve de pronto reconhecer que Muhammad não era nenhum mascate espiritual
ordinário, nenhum andarilho, vulgar a preencher o tempo, e sim um dos espíritos mais
profundamente sinceros e determinados de todas as épocas ou tempos. Um homem que não era
só grande, mas um dos maiores, o mais verdadeiro, dentre os homens que jamais foram
produzidos pela humanidade. Grande, ou seja, não apenas como um projeta, mas como um
patriota e um estadista; edificador material tanto quanto espiritual que construiu uma grande
nação, um grande império, e mais do que a todos esses, uma Fé ainda maior. Verdadeiro porque
ele era honesto para com ele próprio, para com seu povo, e acima de tudo para com seu Deus.
Reconhecendo isto, ele (o leitor) reconhecerá que o Islam é um culto profundo e verdadeiro, que
busca elevar seus devotos das profundezas da ignorância humana aos reinos mais altos da Luz e
da Verdade." (12)
Finalmente, eis o que Lamartine, um dos maiores poetas da França, escreveu sobre a grandeza de
Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele):
"Jamais algum homem se propôs, voluntária ou involuntariamente, a uma meta mais sublime,
sendo esta meta sobre-humana: subverter as superstições que haviam- se colocado entre o
homem e seu Criador, trazer Deus ao homem, e o homem a Deus; restabelecer a idéia racional e
sagrada da divindade no meio do caos dos então existentes deuses materiais e desfigurados da
idolatria. Jamais homem algum empreendeu uma tarefa tão superior à força humana com tão
parcos recursos, pois ele não possuía na concepção e também na execução de tão imenso
projeto, nenhum instrumento além de si mesmo, e nenhuma outra ajuda senão a de um punhado
de homens que habitavam um canto do deserto. Finalmente, jamais algum homem realizou
revolução tão imensa e duradoura em todo o mundo, pois em menos de dois séculos após o seu
surgimento, o Islam, pela fé e pelas armas, reinava sobre toda a Arábia, e havia conquistado,
em nome de Deus, a Pérsia, o Khorasan, a Transaxônia, a Índia Ocidental, a Síria, a Abissínia,
todo o continente conhecido do Norte da África, numerosas ilhas do Mediterrâneo, a Espanha, e
uma parte da Gália (França).”
"Se a grandeza de propósitos, carência de recursos e resultados espantosos fossem os três
critérios de medida do gênio humano, quem ousaria comparar qualquer outro grande
personagem da história moderna com Muhammad? Os homens mais famosos criaram tão
apenas armas, leis, e impérios. Eles fundaram, quando muito, não mais que poderes materiais
que no mais das vezes desintegravam-se diante dos seus próprios olhos. E este homem, moveu
não apenas a exércitos, leis, impérios, povos e dinastias, mas a milhões de homens de um terço
do mundo habitado naquela época; e mais que isso, ele moveu os altares, os deuses, as religiões,
as idéias, as crenças e as almas. Fundamentando-se em um Livro, do qual cada letra tornou-se
lei, ele criou uma nacionalidade espiritual que mesclou num conjunto de povos de todas as
línguas e raças. Ele deixou para nós como característica indelével dessa nacionalidade
muçulmana, o ódio aos deuses falsos e em seu lugar a paixão pelo Deus único e Espiritual. Tal
patriotismo vingador contra a profanação do Céu forjou a virtude dos seguidores de
Muhammad; a conversão de um terço da terra ao seu dogma foi o seu milagre; ou melhor
dizendo, este não foi o milagre de um homem mas sim o da razão. A idéia da unicidade de Deus
proclamada no seio de fabulosos, mas esgotadas teogonias, foi por si só, um milagre, pois, ao
ser pronunciada por seus lábios, destruiu todos os antigos templos dos ídolos e incendiou um
terço do mundo. Sua vida, suas meditações, suas revoltas heróicas contra as superstições do seu
país, e sua ousadia em desafiar as fúrias da idolatria; sua firmeza em suportá-las por quinze
anos em Makkah, sua aceitação do papel de alvo do escárnio público e de quase ter-se tornado
vítima dos seus conterrâneos; tudo isso, e mais a sua incessante pregação, sua batalha contra
desvantagens imensuráveis, sua fé no êxito, e sua segurança sobre-humana diante do infortúnio,
sua moderação na vitória, sua ambição inteiramente, dedicada à idéia única e desprendida de
qualquer pretensão de criar um império; sua incessante devoção à prece, suas conversações
místicas com Deus, sua morte e seu triunfo após a morte; todas essas coisas afirmam não uma
impostura mas a uma convicção decidida. Foi essa convicção que deu a ele a força para
restabelecer um dogma. Este dogma era baseado em duas noções, na unicidade de Deus e na
imaterialidade d'Ele; a primeira noção dizendo o que é Deus; e a segunda dizendo o que Ele
não é. ‘’Filosofo, orador, apóstolo, legislador, guerreiro, conquistador, de idéias,
institucionalizador de dogmas racionais, de um culto sem imagens; fundador de vinte impérios
terrenos e de um império espiritual, este foi Muhammad’’. No que respeita a todos os padrões
pelos quais se possa medir a grandeza humana, podemos seguramente perguntar: há algum
homem maior que ele?"(13)
Historicidade
As comparações são as vezes odiosas, mas mesmo que tivéssemos tal inclinação, em pouco
tempo descobriríamos que o Jesus dos Evangelhos e o Profeta Muhammad (que a Paz e
Bênção de Deus estejam sobre eles); não se prestam a nenhuma comparação.
Pois que, enquanto o Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele); é
um personagem inteiramente histórico, tendo sido preservado cada detalhe de sua vida em livros
de Tradições (Hadith) verificados pela crítica, e pela história, a vida e o caráter de Jesus (que a
Paz e esteja sobre ele); estão envoltos em mistério.
Há eruditos que descartam totalmente a existência histórica de Jesus (que a Paz e esteja sobre
ele); e o vêem como um personagem mitológico. Mas mesmo que consideremos este como um
ponto de vista extremado, e concedamos, como fazem os muçulmanos, de que uma pessoa
chamada Jesus (que a Paz e esteja sobre ele); realmente nasceu na Palestina alguns anos antes do
início da era Cristã e se proclamou o esperado Messias dos judeus, nossas informações a respeito
dele são tão fragmentárias e incertas, que não surge em nossas mentes nenhuma imagem clara da
sua vida e personalidade.
Existem dúvidas sobre a data, o lugar e a maneira do seu nascimento; não há nada conhecido
sobre os primeiros trinta anos de vida dele; e há divergências sobre a questão de sua morte. Os
Evangelhos nos falam de pouco mais que dois anos da vida dele e mesmo assim, de uma maneira
que dificilmente suporta um exame crítico-histórico.
No capítulo anterior, citamos que o Dr. C. J. Cadoux, Professor de História da Igreja em Oxford,
escreveu que muitos dos estudiosos e comentaristas modernos vêem com desesperança qualquer
tentativa de separar os fatos historicamente válidos da matéria legendária ou mítica contido pelos
Evangelhos e daí reconstruir a história de Jesus de tais resíduos históricos.
Modelo Completo
Apesar de, com base no Alcorão, eu ver as personalidades de Jesus e do Profeta Muhammad
(que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre eles); como sendo igualmente devotas, puras, nobres
e inspiradoras, (me parece que) Jesus (que a Paz esteja sobre ele); não teve a oportunidade de se
tornar um modelo perfeito para os homens de todos os caminhos da vida como o foi o Profeta
Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele).
Não temos nenhuma dúvida de que se Jesus (que a Paz esteja sobre ele); tivesse tido tal
oportunidade, ele teria se comportado exatamente como fez o Profeta Muhammad (que a Paz
e Bênção de Deus estejam sobre ele); porque ambos eram profetas do mesmo Deus.
Jesus nunca casou e por isso, não pôde se tornar um marido e um pai ideal. Ele não venceu aos
seus inimigos e por isso não teve oportunidade para mostrar como um vencedor deveria se
comportar para com seus inimigos vencidos que não haviam poupado esforços para aniquilá-lo a
ele e aos seus seguidores.
Ele não teve seus perseguidores à sua mercê e por isso não teve ocasião para mostrar a
verdadeira moderação e misericórdia. Jesus não ascendeu ao poder para poder se tornar um
modelo de governante e juiz benevolente e justo.
Devemos nos voltar para o Profeta Muhammad e não a Jesus (que a Paz e Bênção de Deus
estejam sobre eles); se quisermos ver o quadro de uma vida matrimonial idealmente feliz e
devota e de um governante sábio, justo e benevolente a quem nada conseguia corromper ou
desviar do objetivo de promover o melhoramento material e moral do seu povo.
O Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele); participou de ambas
as fases, a das perseguições e a do êxito. Ele demonstrou uma rara paciência, fortaleza, coragem
e amor pelos seus inimigos quando pregador perseguido da religião e nas horas da mais profunda
melancolia, e um autocontrole e misericórdia incomparáveis ao ver os seus inimigos desarmados
à sua mercê.
Jesus (que a Paz esteja sobre ele); não teve chance para por em prática muitos dos seus preceitos
e ensinamentos. Por exemplo, ele aconselhava aos seus seguidores a vender suas vestes e
comprar espadas (Lucas 22:36), mas ele não pôde demonstrar a eles o uso correto da espada.
Para resistir à violência e à agressão, às vezes isto se torna o nosso dever principal, por exemplo,
quando homens, mulheres e crianças indefesos são assassinados e lhes é negada a liberdade de
acreditar a praticar a religião de sua escolha, por fanáticos e tiranos.
Foi o Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele); quem mostrou
como um verdadeiro soldado de Deus, protetor das vítimas da intolerância e da violência cruel,
deve se comportar no campo de batalha e nos momentos de derrota e de triunfo.
A vida de Jesus (que a Paz esteja sobre ele); parece transcorrer paralelamente à do Profeta
Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele); no início, mas Jesus (que a Paz
esteja sobre ele); não viveu o suficiente para dar forma prática aos seus ensinamentos e para
elaborar as implicações sociais da sua mensagem.
Ele não teve a oportunidade para alargar seus ensinamentos para abranger a todas as situações da
vida e de promover as imensas reformas sociais que o Profeta Muhammad (que a Paz e
Bênção de Deus estejam sobre ele); operou.
O homem moderno, que precisa levar uma vida de filho, marido, pai, operário pobre, cidadão,
vizinho, defensor desprezado de novas idéias e costumes, e vítima da intolerância religiosa e
política, de homem em posição de autoridade, de líder bem-sucedido de homens, de soldado, de
homem de negócios, de juiz, e de governante, encontrará no Profeta Muhammad (que a Paz e
Bênção de Deus estejam sobre ele); um modelo completo que lhe servirá em todas as
circunstâncias e caminhos da vida.
As Doutrinas Do Islam e do Cristianismo
O Cristianismo, como é compreendido e professado pelos cristãos tanto das correntes católicoromana como das protestantes, abrange os Três Credos, como seja, o dos Apóstolos, o Nicêno e
o dos Atanasianos.
As doutrinas cardiais do Cristianismo são:
(1) a Trindade;
(2) a Divindade de Jesus;
(3) a condição Divina de Filho (de Deus) de Jesus;
(4) o Pecado
Original;
(5) a Redenção.
A religião do Islam não tem lugar para nenhum desses dogmas. Ela crê na Unicidade de Deus
em contraposição ao Deus Trino do Cristianismo. Ela considera a divinização cristã de Jesus
como uma reversão ao paganismo. De acordo com o Sagrado Alcorão, Jesus (que a Paz esteja
sobre ele); não era uma encarnação de Deus e sim um Profeta ou Mensageiro de Deus, e, como
todos os profetas (incluindo o Profeta Muhammad), ele era integralmente humano.
O Islam também rejeita a condição de Filho Divino de Jesus. Ele pode ser chamado de filho de
Deus no mesmo sentido que todos os seres humanos probos podem ser chamados filhos de Deus,
mas não em nenhum sentido literal ou especial. Da mesma forma, o Islam rejeita os dogmas do
Pecado Original, o Sacrifício Vicarial e a Redenção.
As doutrinas fundamentais do Islam são:
(1) a Unicidade de Deus;
(2) a crença nos Profetas escolhidas por Deus entre todos os povos do mundo;
(3) a crença nas revelações enviadas por Deus aos profetas, para esclarecerem os seres humanos
a verdade e ensinarem a probidade;
(4) a inerente pureza (sem pecados) da natureza humana e a capacidade do homem de ilimitado
progresso moral e espiritual (através da fé em Deus e obediência fiel aos ensinamentos
iluminados dos profetas);
(5) responsabilidade pessoal pelos próprios atos;
(6) a Vida após a morte;
(7) a igualdade e irmandade universal da humanidade.
A Trindade
A doutrina da Trindade divide a Deidade em três Pessoas Divinas separadas e distintas: Deus o
Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O credo Atanasiano declara:
"Há uma pessoa que é o Pai, outra que é o Filho, e outra que é o Espírito Santo. Mas a Deidade
do Pai, do Filho e do Espírito Santo é uma só; a Glória é igual, a Majestade co-eterna... O Pai é
Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. E, no entanto, eles não são três Deuses, mas um
só Deus... Portanto, somos compelidos pela declaração cristã a reconhecer em cada pessoa ser
ela Deus e Senhor, também somos proibidos pela religião católica de dizer que estes sejam três
Deuses, três Senhores."
Isto é obviamente uma auto-contradição. É o mesmo que dizer que um mais um, mais um são
três, mas que são ao mesmo tempo um. Se existem três pessoas divinas separadas e distintas e
cada urna delas é Deus, então é por- que há três Deuses.
A Igreja Cristã reconhece a impossibilidade de conciliar a crença em três seres Divinos, com a
unicidade de Deus, e conseqüentemente declara que a doutrina da Trindade é um mistério, no
qual a pessoa deve acreditar cegamente. Eis o que escreve o Reverendo J. F. De-Groot no seu
livro "Catholic Teaching" (Ensinamento Católico):
"A Mais Sagrada Trindade é um mistério no sentido mais estrito da palavra. A razão sozinha
não pode provar a existência de um Deus Triuno, é a Revelação que o ensina. E mesmo depois
que a existência do mistério nos foi revelada, permanece impossível para o intelecto humano
entender como Três seres têm só uma única Natureza Divina.“
É bastante estranho que o próprio Jesus (que a Paz esteja sobre ele); jamais sequer mencionou a
Trindade. Ele ou não sabia ou nada disse sobre existirem três Pessoas Divinas na Deidade. A
concepção dele de Deus não era em nada diferente à dos profetas israelitas anteriores, que
sempre haviam pregado a Unicidade e nunca a Trindade de Deus. Jesus (que a Paz esteja sobre
ele); não fez senão ecoar os profetas que o antecederam quando disse:
"O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, é Israel: Jeová, nosso Deus, é um só Jeová;
e tens de amar a Jeová teu Deus, e de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua
mente, e de toda a tua força." (Marcos 13: 29 e 30).
Ele acreditava em Um Ser Divino, Um Deus, como é evidente do ditado que segue:
"É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a Ele que tens de prestar serviço sagrado."
(Mateus 4: 10).
A doutrina da Trindade foi cunhada pelos cristãos cerca de trezentos anos depois de Jesus (que a
Paz esteja sobre ele); Os quatro Evangelhos Canônicos, escritos entre os anos 70 e 115 da era
Cristã, não contém qualquer referência à Trindade. Nem Paulo, que introduziu muitas idéias
estrangeiras no Cristianismo sabia de qualquer coisa sobre o Deus Triuno.
A New Catholic Enciclopedia (Nova Enciclopédia Católica), que ostenta o Nihil Obstat e o
Imprimtur que indicam a aprovação oficial (da Igreja), admite que a doutrina da Trindade era
desconhecida aos primeiros cristão e de que ela foi formulada no final do quarto século.
"É difícil, na segunda metade do século 20, oferecer uma narração clara, objetiva e honesta da
revelação, da evolução doutrinária e da elaboração teológica do mistério da Trindade. O debate
Trinitário, tanto pelos católicos-romanos, como por outros, tem um delineamento algo incerto.
Duas coisas aconteceram. Há o reconhecimento por parte dos exegetas e teólogos bíblicos,
incluindo um número sempre crescente de católicos-romanos, de que não se deve falar do
Trinitarismo no Novo Testamento sem uma autenticação mais séria. Há também o
reconhecimento bastante paralelo por parte dos historiadores do dogma e dos teólogos
sistemáticos, de que quando se fala de um Trinitarismo não-corroborado, está-se transferindo o
período das origens do Cristianismo para, digamos, o final do século quatro. Foi somente nesta
época que aquilo a que poderíamos chamar de dogma Trinitário definitivo ‘’um Deus em três
seres" foi assimilado decisivamente na vida e no pensamento cristão." (14)
Um pouco mais adiante a mesma Enciclopédia (página 299) diz ainda mais decididamente:
"A formulação ‘’um Deus em três’’ não estava solidamente integrada à vida cristã e na sua
profissão de fé antes do final do século 4. No entanto, é precisamente essa formulação que
reivindicou o título de dogma Trinitário. Entre os padres apostólicos nada havia que sequer
remotamente se aproximasse de tal pensamento ou perspectiva. "
Portanto, a doutrina da Trindade não foi ensinada por Jesus, não é encontrada em lugar algum da
Bíblia (quer no Antigo quer no Novo Testamento), era completamente estranha ao pensamento e
perspectiva dos primeiros cristãos; tendo-se tornado parte da fé cristã mais para o final do quarto
século.
Considerado também racionalmente, o dogma da Trindade é insustentável. Ele não é apenas algo
além da razão, como é também repugnante a esta. Como dissemos antes, a crença nos três seres
Divinos é incompatível com a unicidade de Deus. Se existem três seres distintos e separados,
então devem existir três essências distintas e separadas, já que cada pessoa é inseparável de sua
essência.
Portanto, se o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus, então, a não ser que o Pai, o
Filho e o Espírito Santo sejam três declinações distintas, eles devem ser três Essências distintas,
e conseqüentemente, três Deuses distintos. Outrossim, as três Pessoas Divinas ou são infinitas ou
finitas. Se infinitas, então existem três Infinitos distintos, três Onipotentes, três Eternos, e
portanto, três Deuses.
Se eles são finitos, então somos levados ao absurdo de conceber um Ser Infinito como tendo três
modos finitos de subsistência ou três seres que são separadamente finitos que conjuntamente
formam um infinito. O fato' é que se os Três seres são finitos, então nem o Pai, nem o Filho, nem
mesmo o Espírito Santo é Deus.
A doutrina da Trindade foi desenvolvida em conseqüência da divinização de duas criaturas, Jesus
e o misterioso Espírito Santo, e a associação deles com Deus, como seus parceiros na Divindade
ou Figura Divina. Tal como é explicada na literatura cristã, ela (a Trindade) representa a
personificação separadamente de três atributos de Deus.
Quer seja considerada do ponto de vista histórico ou de outro qualquer, constitui uma regressão
da teologia racional para a mitologia. Visto que na raiz de todas as mitologias está a tendência
irracional da mente humana de divinizar grandes personagens e personificar as forças e atributos
impessoais passando a representá-los como seres Divinos.
O Islam ensina a pura e simples Unicidade de Deus, Ele apresenta uma concepção de Deus que
está liberta de fantasias antropomórficas ou mitológicas. Ele afirma a unicidade de Deus e diz
que Ele não tem parceiros na Sua Deidade. Ele é só uma pessoa e só uma essência - os dois
sendo inseparáveis e indistintos.
Ele é o Auto-Suficiente, de Quem tudo depende, e Quem não depende de ninguém. Ele é o
Criador e Provedor de tudo, o Boníssimo, o Todo-Poderoso, o Onisapiente, o Amantíssimo, o
Misericordioso, o Eterno e o Infinito. Ele nem gerou nem foi gerado. Nada pode se originar d'Ele
e tornar-se Seu igual na Divindade:
"Dize: Ele é Deus, o Único; Deus! O Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado. E ninguém é
comparável a Ele." (Alcorão Sagrado 112:1 ao 4).
"Vosso Deus é Um só. Não há mais divindade além d'Ele, o Clemente, o
Misericordiosíssimo. Na criação dos céus e da terra, na alternação do dia e da noite; nos
navios que singram o mar para o benefício do homem; na água que Deus envia do céu, com
a qual vivifica a terra, depois de haver sido árida e onde disseminou toda espécie animal;
na mudança dos ventos; nas nuvens submetidas entre o céu e a terra, (nisso tudo) há sinais
para os sensatos”. (Alcorão Sagrado 2:163 e 164).
"Deus! Não há mais divindade além d'Ele, Vivente, Subsistente, a Quem jamais alcança a
modorra ou o sono; Seu é tudo quanto existe nos céus e na terra. Quem poderá interceder
junto a Ele sem Sua anuência? Ele conhece tanto o passado como o futuro e eles (os
humanos) nada conhecem de Sua ciência, senão o que Ele permite. Seu Trono abrange os
céus e a terra, cuja preservação não O abate, porque é o Ingente, o Altíssimo.” (Alcorão
Sagrado: 2:255).
A Divindade de Jesus
O segundo dogma cristão é o da Divindade de Jesus, O credo atanasiano afirma:
"Outrossim, é necessário para a salvação eterna que ele (o homem) acredite piamente na
encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo.”
Os cristãos (tanto os católicos-romanos como os protestantes) acreditam que Jesus é Deus por
toda a eternidade, a Segunda Pessoa da Divina Trindade; de que há quase dois mil anos atrás
resolveu aparecer em um corpo humano e foi gerado da Virgem Maria.
O autor do Ensinamento Católico, afirma a Divindade de Jesus nas seguintes palavras:
"Este ensinamento sobre a divindade de Cristo, encontrada em tantos lugares da escritura,
sempre foi proclamada pela Igreja como uma das verdades mais importantes da fé católica. O
Concilio de Nicéia, que foi o primeiro Concílio Geral depois do fim das perseguições,
solenemente condenou Arius, que havia contestado que Cristo não era Deus e sim uma criatura
(humana)."(15)
O autor protestante de The Truth of Christianity (A verdade do Cristianismo), expressa sobre este
assunto como segue:
"Evidentemente, esta expressão, o Filho de Deus, significava para ele (João) e presumivelmente
também para os outros escritores do Novo Testamento, que a usam com freqüência, que Cristo
era veramente Deus - Deus o Filho - no sentido mais pleno e mais completo." (16)
Ele falava de Deus como:
"Meu Pai e o vosso Pai, e meu Deus e o vosso Deus." (João 20:17)
Estas palavras de Jesus relatadas na Bíblia demonstram que Jesus tinha a mesma relação a Deus
que qualquer outro homem. Ele era uma criatura de Deus.
Em sua agonia na Cruz, Jesus exclamou:
"Eloi, Eloi, lamma sabachthani? que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?" (Marcos 15:34)
Pode alguém imaginar tais palavras sendo pronunciadas por Deus? O que temos aí é o grito de
um homem indefeso e agonizante dirigido ao seu Criador e Senhor. Deus é o objeto do nosso
culto, o Ser Supremo a quem nós criaturas dirigimos nossas preces. Não podemos imaginar Deus
dirigindo súplicas a outrem. E no entanto, a respeito de Jesus (que a Paz esteja sobre ele); está
escrito nos Evangelhos:
"E tendo mandado voltar a multidão, ele subiu por uma montanha sozinho, para rezar."
"E bem cedo pela madrugada, saiu, e indo para um lugar solitário, aí rezou." (Marcos 1:35).
"E ele retirava-se para lugares ermos e fazia oração." (Lucas 5: 16).
O fato é que Jesus (que a Paz esteja sobre ele); jamais alegou ser Deus, mas tão-somente um
profeta ou mensageiro de Deus. Ele era um homem a quem Deus havia revelado Sua mensagem
para transmitir aos outros homens. No dizer de suas próprias palavras:
"Jesus disse-lhes: Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão. Mas agora procurais
matar-me, a mim, que sou um homem que vos disse a verdade que ouvi de Deus." (João 8:39 e
40)
"Ora a vida eterna é esta: Que te conheçam a Ti como um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo,
a quem enviaste." (João 7:3)
Estas palavras de Jesus (que a Paz esteja sobre ele); provam, primeiro, que só há um Ser Divino e
que Jesus (que a Paz esteja sobre ele); nada sabia da Trindade ("a Ti, como um só Deus
verdadeiro"); segundo, que Jesus (que a Paz esteja sobre ele); não tinha pretensão de ser Divino,
pois ele se referia a um Ser outro que não ele próprio "Ti"como o único Deus; terceiro, que Jesus
(que a Paz esteja sobre ele); só se afirmava ser um mensageiro de Deus ("a Jesus Cristo (como) a
quem enviaste.").
Assim como a da Trindade, a doutrina da Encarnação também foi desenvolvida muito depois de
Jesus. Na verdade, podemos rastrear as etapas da divinização gradual de Jesus (que a Paz esteja
sobre ele). No "Q" ele era visto como um profeta de Deus, como um ser humano e nada mais; no
"Urmarcus" houve urna tentativa de jubilar a sua pessoa e atribuir-lhe muitos milagres; em obras
do primeiro e segundo séculos ele era apresentado como um poderoso anjo; e finalmente, no
prefácio do Evangelho de João e outras obras dos terceiro e quarto séculos, ele foi feito Deus.
Nos Credos Nicenos (ano 325 da era Cristã), contestavam-se os cristãos que ainda negavam a
divindade de Jesus:
"Eu creio em ... um Senhor Jesus Cristo, o único Filho gerado de Deus. Nascido do Pai antes de
todos os tempos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro originado do Deus verdadeiro.
Gerado e não criado; da mesma essência que a do Pai."
A razão recusa-se a aceitar um homem nascido de urra mulher, que tenha passado por todas as
vicissitudes, desconhecimentos e limitações humanas, e que só gradativamente cresceu em
estatura, poder e sabedoria, como todos os outros seres humanos, como Deus. Impor as
limitações humanas a Deus e crer na Sua encarnação num corpo humano é negar a perfeição de
Deus.
O dogma da Encarnação foi introduzido no Cristianismo, como tantas outras noções cristãs,
assimilado do paganismo. Nas mitologias pré-cristãs, freqüentemente encontramos heróis sendo
considerados como um Deus. Os hindus, mesmo hoje, cultuam seus antigos heróis, Rama e
Krishna, como encarnações de Vishnu, a segunda pessoa da Trindade hindu.
O Islam libertou seus seguidores da dependência de tais superstições, rejeitando o dogma da
Encarnação. O Sagrado Alcorão rejeita a divindade de Jesus com as seguintes palavras:
"São blasfemos aqueles que dizem: Deus é o Messias, Filho de Maria, ainda quando o
mesmo Messias houvera dito: Ó Israelitas, adorai a Deus, Que é meu Senhor e o vosso.’’
(Alcorão Sagrado 5:72).
"O exemplo de Jesus, ante Deus, é idêntico ao de Adão, a quem Ele criou da Terra; então
lhe disse: Seja e foi." (Alcorão Sagrado 3:59).
De acordo com o Livro Sagrado do Islam, Jesus (que a Paz esteja sobre ele); foi um Profeta de
Deus, sem pecados, puro e devoto, como todos os outros profetas, mas um ser humano, não mais
que isso.
"Ele (Jesus) lhes disse: Sou o servo de Deus, o Qual me concedeu o Livro e me designou
profeta." (Alcorão Sagrado 9:30).
O ponto de vista islâmico é o de que os profetas, todos eles, foram seres humanos que, por
virtude da devoção deles à verdade e a uma vida sem pecados, tornaram-se dignos de serem
escolhidos por Deus como Seus mensageiros.
Eles haviam-se identificado tão completamente com Deus que em tudo que diziam ou faziam,
cumpriam a Vontade d'Ele. A mensagem que eles deram aos homens não era proveniente deles e
sim de Deus. Deus comunicou a Sua palavra a eles, para que pudessem formular as suas vidas de
acordo com ela e tornarem-se exemplos para os seus semelhantes. O Profeta Muhammad
afirmou:
"Dize-lhes. Sou tão-somente um mortal como vós, a quem tem sido revelado que vosso Deus
é um Deus único. Consagrai-vos, pois, a Ele e implorai-Lhe perdão!" (Alcorão Sagrado
41:6).
A Condição Divina de Filho (de Deus)
O terceiro dogma cristão é o de que Jesus era o Filho de Deus num sentido especial e exclusivo.
Este dogma também não é coerente com os ditos e ensinamentos de Jesus (que a Paz esteja sobre
ele). Na Bíblia, essa expressão foi usada também em relação a muitos dos outros profetas
anteriores. Por exemplo, Israel foi chamado de "Filho de Deus" num dos livros de Moisés(que a
Paz esteja sobre ele):
"E tu lhe (ao Faraó) dirás: Assim disse o Senhor, Israel é Meu filho, Meu primogênito." (Êxodo
4:22).
Nos Salmos, o mesmo título foi atribuído a Davi (que a Paz esteja sobre ele):
"Eu promulgarei o decreto: pois o Senhor me há dito, És o Meu Filho, neste dia Eu te gerei." (I
Salmos 2:7).
Um pouco mais adiante na Bíblia, Salomão também é chamado de Filho de Deus:
"Ele edificará uma casa para o Meu nome e ele será Meu filho, e Eu serei seu Pai, e Eu
estabelecerei o trono do seu reino sobre Israel para sempre." (I Livro das Crônicas 22:10).
Esta frase não significou nada mais que aproximidade a Deus pelo amor. O próprio fundador do
Cristianismo disse que todo aquele que cumprisse a vontade do Pai Celeste era um filho de Deus.
Era o realizar uma vida de devoção e de comportamento bondoso e misericordioso que tornava
um homem digno de ser chamado de filho de Deus. Não é isso que Jesus diz nos seguintes
ditos(?):
"Amai os vossos inimigos... para que sejais filhos do vosso Pai que está nos Céus... " (Mateus
5:44-45).
"Bem-aventurados são os pacificadores; pois eles serão chamados filhos de Deus." (Mateus 5:9
- Sermão da Montanha).
Estes ditos não deixam qualquer dúvida em nossa mente quanto ao que essa frase representa a
Jesus(que a Paz esteja sobre ele). Em vista disso, não há nenhum justificativa para se ver Jesus
como Filho de Deus em um sentido exclusivo ou distinto.
Jesus chamava-se em geral de "filho do homem",' mas quando se referia a si próprio como "filho
de Deus", o era, sem dúvida, no mesmo sentido com que Adão, Israel, Davi e Salomão (que a
Paz esteja sobre eles); haviam sido chamados filhos de Deus antes dele e com o qual ele havia
falado daqueles que tem amor no coração e convivem em paz com os seus semelhantes dizendoos "filhos de Deus".
As seguintes observações de Jesus reforçarão ainda mais a interpretação de que era somente num
sentido metafórico que ele se denominava ser um filho de Deus:
"Jesus respondeu-lhes: Não está escrito na vossa lei. Eu disse: Vós sois deuses?. Se Ele chamou
de deuses aqueles a quem fora revelada a palavra de Deus, e a Escritura não pode ser
renegada; dizeis a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, Blasfemas, por eu ter dito que sou
filho de Deus." (João 10:34-36).
Jesus estava evidentemente se referindo ao Salmo 81, versículos 6 e 7:
"Tenho,dito: Sois deuses; e todos vós sois filhos do Altíssimo. Mas morreres como homens e
caireis como um dos príncipes."
Como os juízes e profetas da antiguidade eram chamados "deuses" somente em sentido
metafórico, também assim Jesus se chamava de "filho de Deus". Está claro que para Jesus o
termo "filho de Deus" não possuía qualquer significado especial além daquele que a linguagem
da Bíblia lhe permitia. Não há nenhum caso que individualize Jesus como o Filho de Deus em
um sentido especial ou literal, como o fizeram os cristãos.
O Sagrado Alcorão, numa linguagem enérgica rejeita o dogma de que Jesus era o Filho de Deus
num sentido literal ou exclusivo. Ele diz:
"E eles dizem: Deus teve um filho! Glorificado seja! Pois a Deus pertence tudo quanto
existe nos céus e na terra, e tudo está consagrado a Ele." (Alcorão Sagrado 2:116).
"É inadmissível que Deus tenha tido um filho. Glorificado seja! Quando decide uma coisa,
basta-Lhe dizer: Seja! e é." (Alcorão Sagrado 19:35).
A razão e o bom senso estão mais uma vez do lado do Islam. A filosofia nos diz que nenhum ser
que possa gerar um outro de si para que este exista como um indivíduo separado e se torne igual
e parceiro dele, pode ser considerado como perfeito. Atribuir um filho a Deus seria negar a
perfeição de Deus.(17)
O Pecado Original
O quarto dogma cristão é o do Pecado Original, ao qual está intimamente relacionado o quinto
dogma da Redenção.
O cristianismo declara que, por desobedecer a ordem de Deus de não comer do fruto proibido do
saber, Adão (que a Paz esteja sobre ele); pecou. O pecado de Adão (que a Paz esteja sobre ele); é
herdado por todos os seus descendentes: portanto, todos os seres humanos nascem pecadores. O
requisito da justiça de Deus é de que se pague o preço de cada pecado. Deus não pode nem
permitirá que sequer um único pecado passe sem punição. E a única coisa que poderá redimir um
pecado é o derramamento de sangue. Como diz Paulo:
"E sem efusão de sangue não há remissão." (Hebreus 9:22).
Mas esse sangue deve ser perfeito, sem pecados e incorruptível. "Como o pecado original, sendo
contra Deus, era de proporção infinita, exigia reparação infinita”.Assim, Jesus, o Filho de Deus,
que velo dos céus, derramou seu sangue sagrado e sem pecado, sofrendo uma agonia
indescritível, e morreu para expiar a culpa dos pecados do homem. Como Jesus era um Deus
infinito, só ele podia pagar o preço infinito de pecado. Ninguém pode ser salvo a não ser que
aceite Jesus Cristo como seu redentor. Todos estão condenados a sofrer eternamente no inferno
por causa de sua natureza pecaminosa, a não ser que aceite a redenção dos seus pecados através
do sacrifício do sangue de Jesus Cristo. (18)
Estes dogmas estão divididos em três partes:
(1) O Pecado Original;
(2) a crença de que a justiça de Deus exige a expiação pelo derramamento de sangue como a
penalidade por esse pecado;
(3) a crença de que Jesus expiou os pecados dos homens com a sua morte na cruz e que a
salvação caberá somente àqueles que acreditarem no seu sacrifício vicarial;
No que diz respeito à primeira parte, DeGroot escreve:
"As Escrituras nos ensinam que o pecado de Adão passou para todos os homens (excetuada
Nossa Abençoada Senhora). Pois que nas palavras de - São Paulo: ‘’Pois, assim como pelo
pecado de um só (Adão) incorreram todos os homens da condenação, assim pela justiça de um
só (Cristo) recebem todos os homens a justificação que dá a vida. Porque, assim como pela
desobediência de um só homem (Adão), muitos se tornaram pecadores, assim, pela obediência
de um só (Cristo), muitos virão a ser justos.’’(Epístola aos Romanos 5:18-19). Essas palavras
tornam claro que todos os homens herdaram o pecado de Adão." (19)
Corno muitas outras crenças cristãs, a doutrina do Pecado herdado também não encontra nenhum
respaldo nas palavras de Jesus nem dos profetas que houveram antes dele. Eles ensinaram que
todo homem é responsável por seus próprios atos; as crianças não serão punidas pelo pecado do
pai. Por exemplo, está escrito no Livro do Profeta Jeremias (que a Paz esteja sobre ele):
"Naqueles dias não se ouvirá mais dizer: os país comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos
ficaram botos. Mas cada um morrerá por sua própria iniqüidade; todo o homem que comer uvas
verdes, a este é que ficarão botos os dentes." (Profecia de Jeremias 31:29-30).
O Profeta Ezequiel(que a Paz esteja sobre ele); também rejeitou o dogma do Pecado Original
com palavras quase idênticas:
"E me veio mais uma vez a palavra do Senhor que disse, o que pretendes com o converter em
provérbio esta parábola sobre a terra de Israel em que se diz: Os pais comeram as uvas em
agraço e os dentes dos filhos é que se acham botos? Assim como Eu sou, disse o Senhor Deus,
não se passará mais ocasião de usar este provérbio em Israel. Eis que todas as almas são
Minhas, assim como a alma do pai, também a alma do filho Me pertence; a alma que pecar, esta
é que perecerá. Se um homem for justo e proceder conforme o que é lícito e correto, se não tiver
comido nos montes, nem tiver levantado os olhos para os ídolos da casa de Israel, se não houver
pervertido a mulher do seu próximo, e não tiver se juntado com uma mulher menstruada, nem
houver oprimido a ninguém, e devolver o penhor ao seu devedor, se não houver prejudicado a
ninguém pela violência, houver dado pão aos famintos, e houver coberto com vestes aos nus,
aquele que não houver emprestado com usura, e não receber mais do que emprestou; que tenha
afastado sua mão da iniqüidade, e decidido com justiça entre um homem e outro, tem caminhado
conforme os Meus preceitos, e respeitado Meus mandamentos, para que procedesse de acordo
com a verdade; este é justo, e viverá com certeza, diz o Senhor Deus... o filho não suportará a
iniqüidade do pai, nem o pai sofrerá pela iniqüidade do filho; a probidade do justo recairá
sobre ele, e a impiedade do ímpio recairá sobre este. Mas se o ímpio renunciar a todos os
pecados que houver cometido, e guardar os Meus preceitos, e fizer aquilo que é lícito e correto,
ele certamente viverá e não perecerá." (Profecia de Ezequiel 28. 1 a 19 e 20 e 21).
Que o próprio Jesus considerava as crianças inocentes e puras ao invés de nascidas no pecado,
está claro do que se relata ter ele dito:
"Deixai vir a mim as criancinhas, e não os impedis, pois é de tais que é o reino de Deus. Em
verdade vos digo, Todo aquele que não merecer o reino de Deus como criança, não entrará
nele." (Marcos 10: 14 e15).
O Islam condena o dogma do Pecado Original o considera as crianças puras e sem pecado ao
nascerem. O pecado, diz ele, não é herdado, mas algo que cada um adquire por si ao cometer
aquilo que não deveria e não fazer aquilo que deveria.
Considerado também racionalmente, seria o cúmulo da injustiça condenar toda a raça humana
por um pecado cometido a milhares de anos pelos primeiros progenitores. Pecado é uma
transgressão voluntária da lei de Deus ou da lei do lícito e do ilícito. A responsabilidade ou culpa
correspondente a ele devem recair tão-somente na pessoa que o comete, e não aos seus filhos (ou
descendentes).
O homem nasce com um livre arbítrio, com a inclinação e a capacidade tanto para o mal como
para combater este e praticar o bem. É somente quando, como pessoa adulta e capaz de distinguir
entre o certo e o errado, ele usa erradamente a sua liberdade e se deixa seduzir por uma tentação,
que o pecado nasce nele.
Que muitos homens e mulheres têm resistido e vencido-as más inclinações e tem passado suas
vidas em harmonia com a Vontade de Deus, está claro dos registros de todas as nações. A
própria Bíblia menciona a Enoc, Noé, Jó, João o Batista (que a Paz esteja sobre eles); e muitos
outros como tendo sido perfeitos e probos e entre os que eram tementes a Deus e abstêm-se do
mal.
É o cúmulo da misantropia e do cinismo considerar as crianças pecaminosas desde o nascimento.
A que ponto pode o homem se tornar irracional e empedernido por acreditar no dogma do
Pecado Inerente, está demonstrado pelo ditado teológico de Santo Agostinho, de que todas as
crianças não batizadas estão condenadas a queimar eternamente no fogo do inferno. Até
recentemente, as crianças não batizadas não eram enterradas em cemitérios consagrados do
Cristianismo, porque se acreditava terem elas morrido no pecado mortal.
A própria base da doutrina da redenção, que é a crença no Pecado Original, tendo sido
demonstrada equívoca pela autoridade de Jesus Cristo bem como pela razão, a superestrutura
dogmática construída a partir dela também deve ser falsa. Mas consideremos o esquema cristão
de salvação um pouco mais amplamente.
A Justiça de Deus
A segunda parte da doutrina cristã da redenção é a de que a justiça de Deus exige que se pague
um preço pelo pecado original e por outros pecados do homem. Se Deus fosse perdoar um
pecador sem puni-lo, isto seria uma negação da Sua justiça. O Reverendo W. Goldsack escreve
assim a esse respeito:
"Deveria estar claro como o dia a qualquer um que Deus não pode quebrar a Sua própria lei;
Ele não pode perdoar um pecador sem antes aplicar-lhe uma punição apropriada. Pois se Ele
assim fizesse, quem o chamaria de Justo e Igualitário?" (20)
Esse ponto de vista demonstra a ignorância total da natureza de Deus. Deus não é um simples
juiz ou rei. Ele é, como o Alcorão O descreve: "Soberano do Dia do juízo". Ele não só é justo,
mas também Clemente e Misericordioso. Se Ele encontra algum bem em um homem ou vê que
ele está sinceramente arrependido, e que tem uma vontade sincera de eliminar o mal que há
dentro dele, então Ele pode perdoá-lo por suas falhas e pecados completamente.
E a isto, por um esforço de imaginação, quer-se chamar de violação da justiça d'Ele. Afinal, o
único motivo apropriado para punir é o de conter o mal e reformular o ofensor. Punir uma pessoa
por seus pecados passados, depois que ela tenha se arrependido e se reformulado, é um sinal de
vingança e não de justiça. Um Deus, cuja "justiça" requeira compensação de cada deslize e
pecado do homem, não é melhor que Shylock. (21)
O Deus que nós adoramos, o Criador e Provedor de todos os mundos, é o Deus do amor e da
misericórdia. Se Ele prescreve uma lei e um caminho, e exige-lhes obediência, não será para o
bem d'Ele, mas sim para o bem da humanidade. E se Ele pune um homem pelas faltas e pecados
deste, não o faz para Sua própria satisfação ou compensação, como proclama o dogma cristão,
mas sim para conter o mal e purificar o pecador.
O próprio Inferno é como um hospital, onde os que estão espiritualmente doentes, aqueles que
estão acometidos pelas doenças da malícia, do ódio, do egoísmo, da insensibilidade, da falsidade,
da desonestidade, da ganância, da obscenidade, da arrogância etc., são curados através do fogo
do sofrimento e do remorso.
Mas aqueles que tem o anseio persistente de praticar o bem e os sinceramente arrependidos
encontrarão Deus sempre pronto a perdoar-lhes as falhas e pecados sem exigir qualquer
compensação por isso ou de quem quer que seja. Não foi isto que o Profeta Ezequiel proclamou
nos versículos da Bíblia que citamos acima? E não foi isto o que Jesus pregou nas suas belas
parábolas sobre a Ovelha Desgarrada, a Moeda Perdida e o Filho Pródigo?
Podemos atribuir a origem da doutrina que diz que a não ser que cada pecado seja compensado e
alguém seja punido terá sido violada a justiça de Deus, ao homem que ensinou-nos a rezar a
Deus com estas palavras: "Perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos
devedores"?
Perdoar um pecador depois de puni-lo, ou a alguém em seu lugar, não é de maneira alguma
perdão. Deus pode e perdoa as faltas e pecados daqueles em quem Ele vê a verdadeira bondade e
aqueles que renegaram às suas iniqüidades e se reformularam, sem puni-los ou a quem quer que
seja no lugar deles, e isto não contraria a justiça de Deus. Na verdade, esta é a única verdadeira
clemência. Por isso, encontramos no Alcorão:
"Dize: Ó servos Meus, que se excederam e que queiram se converter! Não desespereis da
misericórdia de Deus; certamente, Ele perdoará a todos os pecados, porque Ele é o
Indulgente, o Misericordiosíssimo. E voltai contritos a vosso Senhor e submetei-vos a Ele
antes que vos açoite o castigo subitamente, sem c perceberdes." (Alcorão Sagrado 39:53 e
54).
"Quem cometer uma má ação ou se condenar e então (se arrepender), implorar o perdão
de Deus, sem dúvida achá-Lo-á Indulgente, Misericordiosíssimo. Quem cometer um
pecado, fá-lo-d em prejuízo próprio, porque Deus é Sapiente, Prudentíssimo." (Alcorão
Sagrado 4:110 e 111).
A Redenção Pelo Sangue
A terceira parte do dogma cristão da Redenção é de que Jesus (que a Paz esteja sobre ele); terá
expiado a culpa pelo pecado original e outros dos homens, com a sua morte na cruz do Calvário,
e de que a salvação não pode ser almejada sem crença no poder salvador do sangue dele. Isto é o
que lemos na Primeira Epístola de Pedro:
"Sabendo que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver... não a preço de coisas
corruptíveis de ouro ou de prata, mas pelo precioso sangue de Cristo, corno dum cordeiro sem
nódoa e imaculado" (I Epístola de Pedro 1:18-19).
E eis o que dois modernos apologistas cristãos (um protestante e um católico romano)
escreveram:
"Passamos agora para a doutrina da Redenção, que é a de que a morte de Cristo fora em certo
sentido um sacrifício pelo pecado, e, portanto reconciliou Deus o Pai e o homem pecador. E
apesar de não estar explicitamente dito nos Credos, está implícito nas palavras foi crucificado
também por nós, e que sofreu para a nossa salvação" (22)
"Desde que Cristo, Deus e homem tomou a Si os nossos pecados (por Sua morte na cruz) para
redimi-los pela compensação da justiça ultrajada de Deus, Ele é o Mediador entre Deus e o
homem." (23)
Esse dogma não só é uma negação da misericórdia de Deus, como também da Sua justiça. Exigir
o preço em sangue para perdoar os pecados dos homens é mostrar uma falta completa de
compaixão, e punir um homem que não é culpado pelo pecado de outrem, queira este ou não
(assumir a culpa), é o cúmulo da injustiça.
Os apologistas cristãos tentam justificar isso dizendo que Jesus (que a Paz esteja sobre ele);
submeteu-se voluntariamente à morte para expiar os pecados dos homens. A isto a nossa
resposta é:
Primeiramente, não é historicamente correto dizer que Jesus havia vindo voluntária e
deliberadamente para morrer pelos pecados dos homens. Lemos na Bíblia que ele não queria
morrer na cruz. Pois quando soube que seus inimigos estavam urdindo contra a sua vida, ele
declarou que a sua alma se entristecia profundamente diante da morte", pediu aos seus discípulos
para o protegerem dos seus inimigos, e orou a Deus:
" ... Abba, Pai, todas as coisas Te são possíveis; afasta de mim este cálice; porém, não (faze) o
que eu quero, mas o que tu queres". (Marcos 14:36).
Segundo, não concebemos como o sofrimento e morte de um homem pode expiar os pecados de
outros. Parece-nos algo com o médico que arrebenta a sua própria cabeça para curar a dor de
cabeça dos seus pacientes. A idéia do sacrifício vicário ou substituto é ilógico, sem sentido e
injusto.
Em terceiro lugar, a idéia de derramar sangue ser necessário para apaziguar a ira de Deus foi
introduzida no Cristianismo da imagem que o homem primitivo tinha de Deus como sendo um
demo todo-poderoso. Não vemos nenhuma ligação entre pecado e sangue. O que é necessário
para lavar o pecado não é o sangue, mas sim o arrependimento, remorsos, empenho persistente
contra as más inclinações, desenvolvimento de uma maior simpatia pela humanidade e uma
determinação de cumprir a Vontade de Deus tal qual revelada a nós através dos profetas. Diz o
Alcorão:
"Nem suas carnes nem seu sangue chegam até Deus; outrossim, alcança-O a vossa
piedade." (Alcorão Sagrado 22:7)
A doutrina da Redenção transforma a Primeira Pessoa da Divindade em um tirano sedento de
sangue para mostrar o amor abnegado da Segunda Pessoa. A um crítico imparcial, o sacrifício da
Segunda Pessoa parece tão deslocado e sem sentido quanto a exigência da Primeira Pessoa
parece cruel e sádica.
Arthur Weigall faz a seguinte exegese significativa da doutrina da Redenção:
"Não podemos mais aceitar a pavorosa doutrina teológica de que por alguma razão mística era
necessário um sacrifício apaziguador. Ela insulta ou a nossa concepção de Deus como TodoPoderoso, ou então a nossa concepção d’Ele como Amantíssimo. O célebre Dr. Cruden
acreditava que para o fim desse sacrifício "Cristo sofreu terríveis dores infligidas por Deus", e
isto, é claro, é um ponto de vista que nos enoja o pensamento moderno e a que se pode chamar
de doutrina hedionda, não inteiramente divorciada das tendências sádicas da natureza primitiva
do homem. Na realidade, ela é de origem pagã, sendo, de fato, talvez a relíquia mais óbvia do
barbarismo na Fé." (24)
O plano cristão de salvação é não só moral e racionalmente insano, como também não encontra
respaldo nas palavras de Jesus. Pode-se dizer que Jesus tenha sofrido pelos pecados dos homens
no sentido de que, para extirpá-los da ignorância para a luz, ele incorreu na ira dos malfeitores e
foi por estes torturado; mas isto não quer dizer que sua morte tivesse sido uma redenção pelos
pecados dos outros e de que somente aqueles que acreditam no sangue dele devam ser
perdoados. Jesus veio socorrer os homens do pecado pelos seus ensinamentos e pelo exemplo de
sua vida piedosa, mas não por deliberadamente morrer por eles na cruz e oferecer seu sangue
como expiação dos seus pecados.
Quando certa vez um jovem se acercou dele e lhe perguntou, "Bom Mestre, que devo fazer para
alcançar a vida eterna?" ele nada mencionou sobre seu sacrifício conciliador nem o poder
redentor do seu sangue. A resposta dele foi igual a de todos os outros profetas. Pois ele disse:
"Por que me chamas de bom? não há nenhum bom senão um, que é Deus; mas se quiseres entrar
na vida (eterna), guarda os mandamentos." (Mateus 19:17).
"Guarda os mandamentos"; este, de acordo com Jesus, era o caminho para a vida eterna. A
Salvação não se conseguiria senão acreditando em Deus, evitando o mal e praticando o bem, e
não por aceitar Jesus como o redentor e crer na reconciliação pelo seu sangue.
O dogma da Redenção não é aceito pelos muçulmanos porque:
(1) o homem não nasceu no pecado;
(2) Deus não exige nenhum preço para o perdão dos pecadores;
(3) a idéia do sacrifício vicário ou substituto é injusta e cruel.
Ao pecarmos, não ferimos a Deus, mas a nós mesmos. A nódoa do pecado em nossas almas pode
ser removida, não pelo sofrimento ou morte de alguma outra pessoa, quer seja esta voluntária ou
não, mas pelo nosso próprio arrependimento, renegação do mal e prática do bem.
E assim, quando Adão, após o ato de desobediência, arrependeu-se e submeteu-se inteiramente a
Deus, seu pecado foi perdoado. Nem é herdado o pecado de Adão pelos seus descendentes, nem
exigiu o sofrimento e morte de Jesus Cristo para ser perdoado. A verdade é que Jesus não morreu
na cruz afinal. A doutrina da Redenção é uma negação da justiça e da misericórdia de Deus.
O Islam rejeita esse dogma. Ele declara que o perdão dos pecados não pode ser obtido pelo
sofrimento e sacrifício de quem quer que seja, humano ou divino, mas somente pela graça de
Deus e pelo nosso sincero e persistente empenho em combater o mal e praticar o bem.
"Nenhum pecador arcará com culpa alheia, e que o homem não obtém senão o fruto de seu
proceder, e que seu proceder será examinado." (Alcorão Sagrado 53: 38 ao 40).
"Quem se encaminha, o faz em beneficio próprio; e quem se desvia, o faz em seu prejuízo, e
nenhum pecador arcará com culpa alheia." (Alcorão Sagrado 17:15).
O Islam promete a salvação (que na religião significa alcançar a proximidade de Deus e o
desenvolvimento de toda a bondade no homem) a todos aqueles que crêem em Deus e praticam o
bem:
"Qual! Aqueles que se submetem a Deus e são caritativos obterão a recompensa em seu
Senhor e não serão presa do temor nem se atribularão." (Alcorão Sagrado 2:112).
Islam: Uma Religião Coerente
Examinamos assim algumas das mais importantes doutrinas do Cristianismo, que fazem parte
dos credos tanto protestantes quanto católico-romanos. Nosso exame nos levou à conclusão de
que as doutrinas da Trindade, da Divindade de Jesus, da condição de Filiação Divina de Jesus, do
Pecado Original e da Redenção, não são coerentes com os ensinamentos de Jesus (que a Paz
esteja sobre ele). Esses dogmas formularam-se muito depois de Jesus (que a Paz esteja sobre
ele), como resultado da influência pagã. Esses dogmas mostram que o Cristianismo se desviou
consideravelmente da religião de Jesus (que a Paz esteja sobre ele).
O Islam é uma renovação e uma reafirmação da religião de Jesus (que a Paz esteja sobre ele) e de
todos os outros profetas. A religião revelada aos profetas de diversas nações foi a mesma, mas ao
longo do tempo, ela foi mal interpretada e misturou-se com superstições, degenerando em
práticas mágicas e rituais sem sentido. A concepção Deus, o âmago mesmo da religião, foi
rebaixado pela:
(a) tendência antropomórfica de fazer de Deus uma imagem em forma humana e com paixões
humanas;
(b) pela associação de outras pessoas com o único Deus na sua Divindade (como no Hinduismo e
no Cristianismo);
(c) pela divinização dos anjos (ex.: os Vedas do Hinduísmo, os Yazatas no Zoroastrianismo e,
talvez, também o Espírito Santo, no Cristianismo);
(d) por transformar os profetas em avatars ou encarnações de Deus (ex.: Jesus Cristo no
Cristianismo, Buda no Budismo, Mahayana, Krishna e Rama, no Hinduísmo);
(e) pela personificação dos atributos de Deus em pessoas divinas separadas (a Trindade Cristã de
Pai, Filho e Espírito Santo, a Trimurti Hindu de Brahma, Vishnu e Shina, e a Amesha Spentas do
Zoroastrianismo).
O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele); criticou todas essas
tendências teológicas irracionais e restabeleceu a pureza prístina da concepção de Deus como a
Realidade Eterna (as-Samad), o Criador e Provedor de todos os mundos (Rabb-ul-Alamin), o
Clemente (ar-Rahman), o Misericordioso (ar-Rahim), o Remissório (al-Ghaffir), o TodoPoderoso (al-Azi'z), o Sapiente (al-Alim), o Sagrado (al-Quddus), o Munificente (al-Wasi).
Ele purgou a religião das superstições, erros e cerimônias sem-sentido, ampliando o seu alcance
para torná-la uma fonte de inspiração e orientação para toda a raça humana, e uniu os povos de
todas as raças, cores e nações numa única irmandade universal.
O Islam é uma religião sem mitologia. Seus ensinamentos são simples e racionais. Seu recurso e
apelo é à razão e à consciência humanas. A verdade da doutrina Islâmica da Unicidade e
Bondade de Deus nos é transmitida através do estudo e da contemplação do cosmos, onde
divisamos a unidade que permea para manter coesa a manifesta diversidade, pelos ensinamentos
de todos os profetas, pelas experiências dos místicos de todas as religiões e nações, e finalmente
pelas apologias dos Trinitários, que, apesar de suas crenças em três Pessoas Divinas, declaram
existir somente um único Deus.
Se Deus é um só, todos os seres humanos são criaturas do mesmo Deus, e são iguais perante Ele,
daí a crença Islâmica na igualdade e irmandade de todos os homens e mulheres. Se Deus é o
Criador e Provedor de todos os mundos, Ele deve prover não apenas as necessidades físicas do
homem, mas também as suas necessidades morais e espirituais, revelando ao homem o caminho
da verdade e da probidade, e daí a crença Islâmica na Revelação Divina.
Além disse, a Revelação Divina deve vir onde e quando é necessária, e para revelar a Sua
mensagem, Deus precisa escolher homens que sejam completamente devotados à verdade, levam
vidas piedosas e sem pecado, e podem inspirar outros a seguirem o caminho verdadeiro, e daí a
crença Islâmica nos Profetas de todas as nações. E finalmente, se Deus é o Deus do Bem, e Seu
Plano ao criar o mundo e tornar o homem agente moral livre, não é frívolo nem sem sentido,
deve haver uma Vida após a morte, na qual os homens poderão colher os frutos de suas crenças,
intenções e atos e continuar a maravilhosa viagem a Deus e em Deus e daí a crença Islâmica na
Outra Vida.
A famosa Orientalista Italiana, Dra. Laura Veccia Vaglieri, escreve o seguinte sobre o espírito
racional e universal do Islam, no seu livro An Interpretation of Islam (Uma Interpretação do
Islam).
"O Profeta Árabe, com uma voz que foi inspirada por profunda comunhão com seu Criador,
pregou o mais puro monoteísmo aos adoradores de fetiches e aos seguidores de um Cristianismo
e judaísmo corroídos. Ele expôs-se em conflito aberto com essas tendências regressivas da
humanidade que levaram à associação de outros seres com o Criador. No propósito de levar os
homens a crerem em um Deus, ele não os iludiu com acontecimentos que se desviassem do curso
normal da natureza os assim chama dos milagres; nem mesmo os compeliu à submissão pelo uso
de ameaças celestes que só conseguem minar a capacidade do homem de pensar. Ao contrário,
ele simplesmente os convidou, sem lhes pedir para deixar o reino da realidade, a considerarem
o universo e suas leis. Confiando na fé resultante no Deus único e indispensável, ele
simplesmente deixou os homens lerem no livro da vida. Muhammad Abdu e Ameer Ali ambos
afirmam que Muhammad se contentou em apelar à consciência íntima do indivíduo e ao juízo
intuitivo do homem."(25)
Após citar alguns versículos relevantes do Sagrado Alcorão, a douta autora continua:
"Graças ao Islam, o paganismo em suas diversas formas foi derrotado. O conceito do universo,
as práticas da religião, e os costumes de vida social foram todos liberados das muitas
monstruosidades que os degradavam, e as mentes humanas foram libertadas dos preconceitos. O
homem finalmente atingiu a sua dignidade. Ele se humilhou diante do Criador, Mestre de toda a
humanidade. O espírito foi libertado do preconceito, a vontade do homem foi libertada dos laços
que a mantinha presa da vontade de outros homens, ou outros assim chamados poderes ocultos'
sacerdotes, falsos guardiões de Mistérios, corretores da salvação, e todos aqueles que se
fingiam de mediadores entre Deus e o homem e conseqüentemente acreditavam ter autoridade
sobre a vontade dos outros, caindo todos dos seus pedestais. O homem tornou-se servo de Deus
somente e para com os outros homens ele passou a ter apenas as obrigações que um homem
livre tem para com outros homens livres. Enquanto que até então os homens haviam suportado
as injustiças das diferenças sociais, o Islam proclamou a igualdade entre todos os seres
humanos. Cada Muçulmano se distinguia de outros Muçulmanos não em razão do nascimento
ou outro qualquer fator não ligado à sua personalidade, mas somente pelo maior temor a Deus,
pela qualidade dos seus atos e por suas qualidades morais e intelectuais." (26)
O Islam é a mensagem universal da Unidade, a Unidade de Deus, a unidade de todas as religiões,
a unidade dos profetas de todas as nações, e a unidade de toda a humanidade.
Os Ensinamentos Morais do Islam e do Cristianismo
Tanto o Islam como o Cristianismo exortam seus adeptos às ações virtuosas e à vida piedosa.
Eles condenam a falsidade, a desonestidade, a hipocrisia, a injustiça, a crueldade, o orgulho, a
ingratidão, a traição, a intolerância, a luxúria, a preguiça, o ciúme, o egoísmo, a apatia, a
expressão injuriosa, a ira e a violência. Ambos prescrevem aos seus seguidores fé e confiança em
Deus, arrependimento, verdade, pureza, coragem, justiça, caridade, benevolência, simpatia,
misericórdia, autodisciplina e probidade.
As principais virtudes prescritas tanto pelo Islam quanto pelo Cristianismo podem ser reunidas
em dois grupos. Primeiro, o daquelas que impedem o homem de ferir a vida, propriedade e honra
dos outros, tais como a castidade, a honestidade, o pacifismo e a cortesia. No segundo, aquelas
que levam o homem a fazer o bem aos outros, tais como a compaixão, o perdão, a confiabilidade,
a coragem, a paciência, a simpatia, a bondade e o amor.
A seguir, proporcionaremos um breve resumo dos ensinamentos morais do Islam e do
Cristianismo na palavra das Escrituras dessas duas religiões.
Na Escritura Cristã:
Castidade:
"Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém vos digo: que todo
aquele que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já cometeu adultério com ela, em seu coração.
(Mateus 5:27 e 28)
Serenidade:
Bem aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. (Mateus 5:9)
Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, pois, prudentes como as
serpentes e simples como as pombas. (Mateus 10:16)
Cortesia:
Pois eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão, será condenado em juízo.E o que
chamar de raça (imbecil) a seu irmão será condenado no conselho. E que lhe chamar de louco,
será condenado ao fogo do inferno. (Mateus 5:22)
Honestidade:
Não cobiçarás a casa de teu próximo. Não desejarás a sua, nem o seu servo, nem a sua serva,
nem o seu boi, nem o seu jumento, nem alguma coisa que lhe pertença. (Êxodo 20:17)
A Verdade e a Justiça:
Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. (Êxodo 20:16)
Não farás acepção de pessoas, nem receberas dádivas, porque as dádivas cegam os olhos dos
sábios, e transtornam as palavras dos justos. Seguirás com justiça o que é justo, para que viva e
possuas a terra que o Senhor teu Deus te tiver dado. (Deuteronômio 16:19 a 20)
A Coragem e a Paciência:
O irmão entregara à morte o (seu) irmão e o pai (entregará) o filho, e os filhos se levantarão
contra os pais; e lhes darão a morte; e vós, por causa do meu nome, sereis odiados por todos;
aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. Quando, porém vos perseguirem numa
cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo que não acabareis de correr as cidades de Israel,
sem que venha o Filho do Homem. Não é o discípulo mais que o (seu) mestre, nem o servo mais
que o (seu) senhor... Não os temais, pois, porque nada há coberto que não se venha a descobrir,
nem oculto que não se venha, a saber. O que eu vos digo nas trevas, dizei-o às claras; e o que
vos dito ao ouvido, pregai-o sobre os telhados. E não temais os que matam o corpo, e não
podem matar a alma; mas temei aquele que pode lançar no inferno a alma e o corpo. (Mateus
10:21 ao 28)
O Perdão:
Então aproximando-se dele, Pedro disse: Senhor, até quantas vezes poderá pecar meu irmão
contra mim que eu lhe perdoe? Até setenta vezes? Jesus respondeu-lhe: Não te digo que até sete
vezes, mas até setenta vezes sete. (Mateus 18:21 e 22)
Fazer o Bem Aos Outros :
E Jesus, retomando a palavra, disse: Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas
mãos dos ladrões que o despojaram (do que levava); e, tendo-lhe feito feridas, retiraram-se,
deixando-o meio morto. Ora aconteceu que passava pelo mesmo caminho um sacerdote, o qual,
quando o viu, passou de largo. Igualmente, um levita, chegando perto daquele lugar e vendo-o,
passou adiante. Mas um samaritano, que ia a seu caminho, chegou perto dele; e, quando o viu,
comoveu-se de compaixão. E, aproximando-se, ligou-lhe as feridas, lançando nelas azeite e
vinho, e, pondo-o sobre seu jumento, levou-o a uma estalagem, e cuidou dele. E no dia seguinte
tirou dois dinheiros e deu-os ao estalajadeiro dizendo: Cuida dele, e quanto gastares a mais, eu
to satisfarei quando voltar. Qual destes três te parece que foi próximo daquele que caiu nas
mãos dos ladrões? E ele respondeu: O que usou com ele de misericórdia. Então Jesus disse-lhe:
Vai, e faze tu o mesmo. (Lucas 10:30 ao 37)
Amor e Simpatia:
Amaras o próximo como ama a ti mesmo. (Marcos 12:31)
Dou-vos um novo mandamento: Que é que, assim como eu vos amei, vos amei também aos
outros. Nisto conhecereis todos que são meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. (João
13:34 e 35)
Na Escritura Islâmica:
Castidade:
Evitai a fornicação, porque é uma obscenidade e um péssimo exemplo! (Alcorão Sagrado
17:32)
Não vos aproximeis das obscenidades, tanto pública, como privadamente. (Alcorão
Sagrado 6:151)
''O Adultério do olhar é olhar-se com olhar de cobiça para a esposa de outrem; e o adultério
da língua é o de dizer o que é proibido.'' (Dito do Profeta Muhammad que a Paz e Benção de
Deus estejam sobre ele).
''Inexoravelmente, o filho de Adão está destinado a cometer algo de fornicação; de sorte que
os olhos cometem fornicação ao olharem; os ouvidos, ao ouvirem; as mãos, ao golpearem
injustamente; as pernas ao andarem; a língua ao falar; o coração, com seus desejos e paixões,
ao sentir; e os órgãos sexuais confirmam ou desmentem tudo isso.'' (Dito do Profeta
Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele).
Serenidade:
Quem matar uma pessoa... será considerado como se tivesse assassinado toda a
humanidade; que a salvar, será reputado como se tivesse salvo toda a humanidade.
(Alcorão Sagrado 5:32)
Não há utilidade alguma na maioria dos seus colóquios, salvo nos que recomendam a
caridade, a benevolência e a concórdia entre os homens. (Alcorão Sagrado 4:114)
''Em qualquer dia da vida, as falanges (articulações) do ser humano devem oferecer uma
caridade. Para isso, o estabelecer a justiça entre das pessoas é uma caridade; ajudar um
homem a subir em sua montaria e ajuda-lo com a carga da mesma é também uma caridade; a
boa palavra é uma caridade; e por cada passo que der em direção à oração é uma caridade; e
retirar do caminho um obstáculo é também uma caridade.'' (Dito do Profeta Muhammad
que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
''O bom muçulmano é aquele de cuja língua e mãos estão a salvo as pessoas.'' (Dito do Profeta
Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
''Quereis que vos informe de um ato melhor que o jejum, a esmola e a prece? Fazer as pazes
entre um e outro; a inimizade e a malícia arrancam pelas raízes as recompensas celestes.''
(Dito do Profeta Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
Cortesia:
E não vires o rosto às gentes, nem andes insolentemente pala terra, porque Deus não estima
arrogante e jactancioso algum. E modera o teu andar e baixa a tua voz, porque o mais
desagradável dos sons é o zurro dos asnos. (Alcorão Sagrado 31:18 e 19)
Ó fiéis, que nenhum povo zombe do outro; é possível que (os escarnecidos) sejam melhores
do que eles (os escarnecedores). Que tampouco nenhuma mulher zombe de outra, porque é
possível que esta seja melhor do que aquela. Não vos difameis, nem vos motejeis com
apelidos mutuamente. Muito vil é o nome que detona maldade (para ser usado por alguém),
depois de ter recebido a fé! E aqueles que não se arrependem serão os iníquos. Ó fiéis,
evitai tanto quanto possível a suspeita porque algumas suspeitas implicam em pecado. Não
vos espreiteis, nem vos calunieis mutuamente. (Alcorão Sagrado 49:11 e 12)
''Um homem não pode ser muçulmano enquanto seu coração e língua não o forem.'' (Dito do
Profeta Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
'' Jamais entrará no Paraíso aquele que tiver em seu coração a soberbia, nem que seja do peso
de um grão de mostarda. Um homem comentou: É que a pessoa gosta de ter uma boa
vestimenta, e também umas belas sandálias! Disse o Profeta: Deus é Formoso, e adora a
Formosura! Porém, a soberbia é o desprezo pela verdade, e menosprezo para com as pessoas.''
(Dito do Profeta Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
Honestidade:
Não ambicioneis aquilo com que Deus agraciou uns, mais do que aquilo com que (agraciou)
outros, porque aos homens lhes corresponderá aquilo que ganharem; assim, também as
mulheres terão aquilo que ganharem. Rogai a Deus que vos conceda a Sua graça, porque
Deus é Onisciente. (Alcorão Sagrado 4:32)
Não consumais as vossas propriedades em vaidades, nem as useis para subornar os juizes, a
fim de vos apropriardes ilegalmente, com conhecimento, de algo dos bens alheios. (Alcorão
Sagrado 2:188)
Sede leais na medida, e não sejais dos defraudadores. E pesai com a balança justa. E não
defraudeis os humanos em seus bens, e não pratiqueis devassidão na terra, com a intenção
de corrompê-la. (Alcorão Sagrado 26:181 ao 183)
''Os justos se encontram perante Deus, sobre estratos de luz. São imparciais em suas
sentenças, mesmo que se trate de suas famílias, bem como os fiéis às responsabilidades de que
foram incumbidos.'' (Dito do Profeta Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre
ele)
A Verdade e a Justiça:
Ó fiéis, sede firmes em observardes a justiça, atuando de testemunhas, por amor a Deus,
ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos
parentes, seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja o
acusado rico ou pobre, porque a Deus incumbe protegê-los. Portanto, não sigais os vossos
caprichos, para não serdes injustos; e se falseardes o vosso testemunho ou vos recusardes a
prestá-lo, sabei que Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis. (Alcorão Sagrado 4:135)
Ó fiéis, sede perseverantes na causa de Deus e prestai testemunho, a bem da justiça; que o
ódio aos demais não vos impulsione a serdes injustos para com eles. Sede justos, porque
isso está mais próximo da piedade, e temei a Deus, porque Ele está bem inteirado de tudo
quanto fazeis. (Alcorão Sagrado 5:8)
''Nenhum homem é honesto no sentido mais verdadeiro da palavra senão aquele que é
honesto na palavra, no ato e no pensamento.'' (Dito do Profeta Muhammad que a Paz e
Benção de Deus estejam sobre ele)
A Coragem e a Paciência:
Ó fiéis, amparai-vos na perseverança e na oração, porque Deus está com os perseverantes.
(Alcorão Sagrado 2:153)
Certamente que vos poremos à prova mediante o temor, a fome, a perda dos bens, das
vidas e dos frutos. Mas tu (ó Mensageiro), anuncia (a bem-aventurança) aos perseverantes.
Aqueles que, quando os aflige uma desgraça, dizem: Somos de Deus e a Ele retornaremos.
(Alcorão Sagrado 2:155 e 156)
''A purificação é a metade da fé. O Louvarmos a Deus faz com que se encha a balança das
boas ações. E o Louvarmos e Glorificarmos a Deus faz com que se encham as coisas que há
entre os céus e a terra. A oração é uma Luz, e a claridade é uma evidencia. A paciência é
luminosidade, e o Alcorão é uma prova pró ou contra nós. Todas as pessoas começam o dia
como vendedoras de si mesmas, libertando-se ou se condenando.'' (Dito do Profeta Muhammad
que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
O Perdão:
Emulai-vos em obter a indulgência do vosso Senhor e um Paraíso, cuja amplitude é igual à
dos céus e da terra, preparado para os tementes. Que fazem caridade, tanto na
prosperidade, como na adversidade; que reprimem a cólera; que indultam o próximo.
Sabei que Deus aprecia os benfeitores. (Alcorão Sagrado 3:133 e 134)
Muitos dos adeptos do Livro, por inveja, desejariam fazer-vos voltar à incredulidade,
depois de terdes acreditado, apesar de lhes ter sido evidenciada a verdade. Tolerai e
perdoai, até que Deus faça cumprir os Seus desígnios, porque Deus é Onipotente. (Alcorão
Sagrado 2:109)
Pela misericórdia de Deus, foste gentil para com eles; porém, tivesses tu sido insociável ou
de coração insensível, eles se teriam afastado de ti. Portanto, indulta-os implora o perdão
para eles e consulta-os nos assuntos (do momento). E quando te decidires, encomenda-te a
Deus, porque Deus aprecia aqueles que (a Ele) se encomendam. (Alcorão Sagrado 3:159)
Que os tolerem e os perdoem. Não vos agradaria, por acaso, que Deus vos perdoasse?
(Alcorão Sagrado 24:22)
Ao contrário, quem perseverar e perdoar, saberá que isso é um fator determinante em
todos os assuntos. (Alcorão Sagrado 42:44)
''Quereis que vos faleis de quem estará a salvo do Inferno! Pis estará a salvo, todo aquele que
for querido pela gente, por sua benignidade, moderação e atenção aos demais.'' (Dito do
Profeta Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
''Deus é Benigno, e Lhe apraz a benignidade; por isso recompensará, pela benignidade, como
jamais recompensou pela violência ou qualquer outra coisa.'' (Dito do Profeta Muhammad
que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
''O forte não é aquele que vence a outros na luta corporal, mas sim aquele que controla o seu
temperamento.'' (Dito do Profeta Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
Fazer o Bem Aos Outros:
Tens reparado em quem nega a religião? É quem repele o órfão. E não estimula (os demais)
à alimentação dos necessitados. Ai, pois, dos praticantes das orações, Que são negligentes
em suas orações. Que as fazem por ostentação. Negando-se, contudo, a prestar obséquios!
(Alcorão Sagrado 107:1 ao 7)
Aqueles que gastam os bens pela causa de Deus, sem acompanhar a sua caridade com
exprobação ou agravos, terão a sua recompensa ao lado do Senhor e não serão presas do
temor, nem se atribularão. Uma palavra cordial e uma indulgência são preferíveis à
caridade seguida de agravos, porque Deus é, por Si, Tolerante, Opulentíssimo. Ó fiéis, não
desmereçais as vossas caridades com exprobação ou agravos como aquele que gasta os seus
bens, por ostentação, diante das pessoas que não crê em Deus, nem no Dia do Juízo Final.
(Alcorão Sagrado 2:262 ao 264)
''Todas as criaturas de Deus são Sua família, e o mais amado por Deus é aquele que procura
fazer o maior bem às criaturas de Deus.'' (Dito do Profeta Muhammad que a Paz e Benção
de Deus estejam sobre ele)
''Quais os melhores atos? Alegrar o coração de um ser humano, alimentar os familiares,
ajudar os aflitos, aliviar a tristeza dos pesarosos e reparar os males dos magoados.'' (Dito do
Profeta Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
''Não menospreze qualquer ato de bondade, inclusive o de receber o teu próximo com o
semblante alegre.'' (Dito do Profeta Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre
ele)
Amor e Simpatia:
É o Remissório, o Amabilíssimo, o Senhor do Trono Glorioso. (Alcorão Sagrado 85:14 e 15)
Quanto aos crentes que praticarem o bem, o Clemente lhes concederá afeto perene.
(Alcorão Sagrado 19:96)
Tal será. Contudo, quem enaltecer os símbolos de Deus, saiba que tal (enaltecimento)
partirá de quem possuir piedade no coração. (Alcorão Sagrado 22:32)
Quem matar uma pessoa... será considerado como se tivesse assassinado toda a
humanidade; que a salvar, será reputado como se tivesse salvo toda a humanidade.
(Alcorão Sagrado 5:32)
Adorai a Deus e não Lhe atribuais parceiros. Tratai com benevolência vossos pais e
parentes, os órfãos, os necessitados, o vizinho próximo, o vizinho estranho, o companheiro,
o viajante e os vossos servos, porque Deus não estima arrogante e jactancioso algum.
(Alcorão Sagrado 4:36)
O decreto de teu Senhor é que não adoreis senão a Ele; que sejais indulgentes com vossos
pais, mesmo que a velhice alcance um deles ou ambos, em vossa companhia; não os
reproveis, nem os rejeiteis; outrossim, dirigi-lhes palavras honrosas. E estende sobre eles a
asa da humildade, e dize: Ó Senhor meu, tem misericórdia de ambos, como eles tiveram
misericórdia de mim, criando-me desde pequenino! (Alcorão Sagrado 17:23 e 24)
''Amas a teu Criador? Ama a teu semelhante antes!'' (Dito do Profeta Muhammad
e Benção de Deus estejam sobre ele)
''Nenhum homem é um verdadeiro crente a não ser que deseje para o seu irmão
(muçulmanos) o mesmo que deseja para si mesmo.'' (Dito do Profeta Muhammad
e Benção de Deus estejam sobre ele)
que a Paz
que a Paz
''O bom exemplo que os crentes demonstram, com relação ao seu carinho, sua misericórdia e
amabilidade recíproca, é como se fosse proveniente de um só corpo. Quando um membro se
encontra indisposto todo o resto do corpo mostra sua debilidade e febre.'' (Dito do Profeta
Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
''Aquele que não demonstra compaixão para com os demais não será tratado com
compaixão.'' (Dito do Profeta Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
''Um muçulmano é irmão de outro muçulmano; nunca é injusto para com ele, nem o entrega
ao inimigo. A quem acudir um irmão necessitado, Deus o acudirá em sua ajuda; e a quem
aliviar a angústia de um muçulmano, Deus aliviara, por isso, uma de suas angústias no dia do
Juízo.'' (Dito do Profeta Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele)
''Não tenhais inveja, nem manipuleis os preços das coisas. Não vos odieis, nem vos deis as
costas. Não vos rivalizeis, prejudicando uns as vendas dos outros. Ó servos de Deus, sede como
irmãos! O muçulmano é irmão de outro muçulmano; não é injusto para com ele, não o
menospreza, nem o abandona a sua sorte. A religiosidade se encontra aqui mesmo –
demonstrou batendo no peito três vezes – demasiada maldade demonstraria uma pessoa que
menospreze o seu irmão muçulmano! Tudo o que possui um muçulmano é inviolável: seu
sangue, seus bens, sua honra.'' (Dito do Profeta Muhammad que a Paz e Benção de Deus
estejam sobre ele)
''O muçulmano tem cinco deveres diante dos demais muçulmanos: retribuir a saudação;
visitar o enfermo; acompanhar o séqüito do funeral; aceitar a um convite e rogar a Deus pela
pessoa que espirra.'' (Dito do Profeta Muhammad que a Paz e Benção de Deus estejam sobre
ele)
A Passividade Diante do Mal
Em alguns dos seus ensinamentos no entanto, o Cristianismo tende a ser unilateral e
impraticável. Por exemplo, relata-se que Jesus teria dito:
"Eu porém, digo-vos que não resistais ao (que é) mau, mas, se alguém te ferir na tua face
direita, apresenta-lhe também a outra; e ao que quer chamar-te ao juízo e tirar-te a tua túnica,
cede-lhe também a capa. E, se alguém te obrigar a dar mil passos, vai com ele mais outros dois
mil." (Mateus 5: 39 ao 41).
Esta talvez fosse uma retificação necessária do espírito emperdenido e vingativo produzido pela
obediência literal do ensinamento "olho por olho, e dente por dente". Mas pode este ensinamento
de "virar a outra face também" ser considerado universal? Pode ele ser praticado como um
preceito moral íntegro em todos os casos e circunstâncias? A passividade diante do mal quando o
alvo desse mal não é a própria pessoa mas uma outra, é um sinal de covardia e apatia.
A submissão aos opressores e tiranos não pode trazer bom resultado, e servirá somente para
aumentar o mal e as agruras humanas. Ela encorajará aqueles a explorarem e submeterem aos
outros e a aumentar a desordem e a injustiça. O Islam declara sei um mal que deve ser repelido
em todos os casos.
Se o malfeitor pode ser reformado e impedido de cometer violência e injúria pela bondade e pela
compaixão, então não há nada melhor que isso. Mas, se a bondade o faz mais ousado e atrevido
no mal que causa aos outros, então só o castigo proporcional ao crime deve ser aplicado a ele o
ensinamento do Alcorão neste sentido é também universal e aplicável a todos os casos. Diz ele:
"Jamais poderão equiparar-se a bondade e a maldade! Retribui o mal da melhor forma
possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti converter-se em íntimo amigo.’’
(Alcorão Sagrado 41:34).
"E o delito será expiado com o talião: mas, quanto àquele que indultar (possíveis ofensas
dos inimigos) e si emendar, saiba que sua recompensa pertencerá a Deus porque Ele não
estima os agressores." (Alcorão Sagrado 42:40).
O Monasticismo e o Celibato
O Cristianismo está muito voltado à vida do além Diz-se que Jesus Cristo teria falado ao povo:
"Se alguém vem, a mim, e não odeia nem a seu pai nem a sua mãe, nem às suas crianças,
irmãos, irmãs, e nem à própria vida, ele não pode ser meu discípulo." (Lucas, 14:26).
E também:
"qualquer de vós que não renuncia a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo." (Lucas
14:33).
Quando um homem disse a ele que o seguiria, mas que devia antes se lhe deixar ir enterrar o pai
falecido, atribui- se a Jesus ter dito:
"Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos." (Mateus 8:22).
Ele até teria dito às pessoas que:
"há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do reino dos céus." (Mateus 19: 12).
As conseqüências de tal ensinamento não podem ser senão a produção de hipócritas atrofiados e
deformados ao invés de seres humanos plenamente desenvolvidos.
O Islam mantém um equilíbrio sadio entre este mundo e o Outro, o Islam nos ensina que o
espírito não pode crescer esmagando o corpo, os instintos humanos não são intrinsecamente
maus. Eles não devem ser sufocados, mas sim, controlados sabiamente, canalizados e usados
propositadamente para tornar a vida do homem mais rica e melhor.
Este mundo tem uma razão de ser e um propósito, e será somente por levar uma vida normal e
produtiva neste mundo, pela apreciação e desfrute das maravilhosas graças de Deus que o
homem poderá se aproximar de Deus, servindo ao próximo e preparando-se para o outro mundo.
Álcool, Sexo e Jogo
Enquanto que, por uni lado, o Cristianismo prefere o monasticismo, pelo outro, não parece ter
em lugar algum proibido os três portões para a maioria dos crimes e pecados; o álcool, o jogo e a
exibição imprópria dos atrativos físicos.
O vinho, aliás, faz parte necessária da Santa Comunhão, e o primeiro milagre de Jesus, como é
narrado no Evangelho de João, foi a conversão da água em vinho. É no Sagrado Alcorão, que
contém um ensinamento moral completo, que esses males são proibidos e condenados. Com
relação às bebidas alcoólicas e ao jogo, o Sagrado Alcorão diz:
"Ó crentes, a bebida inebriante, os jogos de azar, a dedicação às pedras e a adivinhação
com setas de rabdomancia, são manobras abomináveis de Satanás. Evitai-os, pois, para que
prospereis. Satanás só ambiciona infundir-vos a inimizade e a rancor mediante a bebida
inebriante e o jogo de azar, bem como apartar-vos da recordação de Deus e da oração. Não
desistireis diante disso?" (Alcorão Sagrado 5: 90 e 91).
Jesus proibiu aos seus seguidores de olhar com olhos de cobiça para as esposas dos outros, mas
o islam vai mais além. Ele impede os homens e mulheres de se olharem desnecessariamente,
quer seja com ou sem cobiça, e os faz vestirem-se decentemente. Ele condena a exibição
vergonhosa dos encantos físicos com as seguintes palavras:
"Dize aos crentes que recatem seus olhares e conservem seus pudores, porque isso é mais
plausível para eles; Deus está bem inteirado de quanto fazem. Dize às crentes que recatem
seus olhares, conservem seus pudores e não mostrem seus atrativos, além dos que
(normalmente) aparecem; que cubram o colo com seus véus e não mostrem seus atrativos."
(Alcorão Sagrado 24:30 e 31).
Islam: Uma Religião Universal
O Cristianismo de Jesus (que a Paz esteja sobre ele); não estava destinado a ser uma religião
universal. Apesar de, no que diz respeito à mensagem fundamental e seus ensinamentos a
religião de Jesus (que a Paz esteja sobre ele); não ter sido diferente do Islam, ela não continha
urna orientação completa sobre todos os aspectos da vida humana e para todas as nações e
tempos.
Ao longo dos incontáveis séculos da história humana, quando as diferentes raças da
humanidade viviam num isolamento mais ou menos completo e não existiam meios rápidos de
comunicação entre uma nação e outra, Deus enviava diferentes profetas aos diferentes povos.
Jesus (que a Paz esteja sobre ele) foi um desses profetas nacionais.
Ele foi o Messias dos israelitas. Eis o que o Dr. C. J. Cadoux, um autor a quem já citamos por
várias vezes, escreveu em relação a esse alcance limitado (nacional) da missão de Jesus (que a
Paz esteja sobre ele):
"A condição do Messias da qual Jesus acreditou ter sido investido, mareou-o nitidamente para
um papel nacional; e conseqüentemente, encontramo-lo restringindo suas pregações e curas e a
dos seus discípulos, ao território judeu, e até mostrando-se hesitante quando certa feita foi
solicitado a curar uma moça dos gentios. A evidente veneração de Jesus por Jerusalém, pelo
Templo e pelas Escrituras, indica,o papel especial que ele atribuía a Israel no seu modo de
pensar; e diversas características dos seus ensinamentos ilustram uma atitude parecida. Assim
ao chamar aos seus ouvintes de "irmãos" uns dos outros ( irmãos judeus) e comparando
freqüentemente os costumes deles com os "dos gentílicos", ao defender o seu ato de cura de uma
mulher no Sabbath com a alegação de que ela era "uma filha de Abraão" e fazendo amizade com
o coletor de impostos Zaqueu "porque ele também é um filho de Abraão", e ao fixar o número
dos seus discípulos especiais em doze para corresponder ao número de tribos de Israel, em tudo
isso Jesus demonstra quão fortemente ele queria imprimir uma marca judaica à sua missão." (27)
Tendo cada nação sido guiada separadamente em direção à verdade pelos profetas nacionais, a
hora estava finalmente propícia no plano de Deus de fazer surgir o Profeta Mundial e revelar a
religião universal. E assim, quando o mundo estava às vésperas de se tornar um só, Deus ergueu
o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) para representar a
mensagem essencial de todos os profetas, despida de tudo que tinha sido temporário e de
natureza limitada, e purgada todas as alterações posteriores e falsas interpretações.
Ele fundiu as tradições religiosas das diferentes nações em uma única fé e cultura universal e
uniu os povos de todas as nações e terras em uma única irmandade mundial. Ele deu ao mundo
um código completo de vida para toda a humanidade.
Para estabelecer a verdade da sua religião, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de
Deus estejam sobre ele) não recorreu a milagres, que podem conquistar uns poucos daqueles que
os testemunham, mas não convencem aos das gerações subseqüentes. O apelo de sua religião é à
razão e à consciência do homem.
Para nos convencer da verdade ele chama a nossa atenção aos fenômenos da Natureza, às lições
da história e aos ensinamentos e experiências dos profetas de várias nações. Não há nada no
Islam que seja de interesse ou benefício exclusivo para algum povo de determinada região ou
época. O Sagrado Alcorão não prescreve nada que não seja uniformemente inspirador, edificante
e praticável para os povos de todas as nações o épocas. Os ensinamentos religiosos e morais do
Islam são de uma natureza universal.
Ao considerar a proposição de que o Islam e não o Cristianismo seja a religião universal, o leitor
deverá ter em mente os seguintes fatos:
1. A missão de Jesus (que a Paz esteja sobre ele); era somente para os filhos de Israel enquanto
que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele); veio com uma
mensagem para todas as nações da terra. Jesus (que a Paz esteja sobre ele); declarou claramente:
"Eu não foi enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel." (Mateus 15:24).
Ele escolheu doze discípulos especiais para corresponder ao número das tribos de Israel e lhes
disse claramente:
"Não vades (agora) para entre os gentios, nem entreis nas cidades dos samaritanos, mas ide
antes às ovelhas perdidas da casa de Israel." (Mateus 10:5e 6)
Por outro lado, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele); desde
o início do seu ministério, dirigiu-se a toda a humanidade. Foi-lhe revelado:
"Não te enviamos senão como misericórdia para a humanidade." (Alcorão Sagrado 21:107).
"Dize: ó humanos sou o Mensageiro de Deus para todos vós; Seu é o reino dos céus e da
terra. Não há mais divindade além d'Ele." (Alcorão Sagrado 7:158).
2. O Cristianismo acredita que os israelitas são um povo eleito. Deus teria enviado Suas
revelações e Seus profetas somente a eles. Os cristãos reconhecem somente aos profetas de
Israel. A todos os outros eles olham como a impostores. Mas o Islam diz que seria uma negação
da providência universal de Deus afirmar que os profetas só provinham de uma nação.
De acordo com o Sagrado Alcorão, Deus é o Senhor e estima a todos os mundos. Ele não
discriminou entre as nações para enviar as Suas revelações. Ele fez surgir profetas entre todas as
nações do planeta. A mesma religião foi revelada a todos os profetas. Diz o Sagrado Alcorão:
‘’... não houve povo algum que não tivesse tido um admoestador." (Alcorão Sagrado 35:24).
"Cada povo teve seu Mensageiro". (Alcorão Sagrado 10:47)
"Antes de ti havíamos enviado mensageiros; a história de alguns deles te temos relatado e
há aqueles dos quais nada te relatamos." (Alcorão Sagrado 40:78).
"A princípio os povos constituíam uma só nação. Então, Deus enviou os projetas como
alvissareiros e admoestadores e enviou por eles o Livro com a verdade, para dirimir as
divergências entre os homens." (Alcorão Sagrado 2:213).
O Profeta Muhammad havia vindo para completar, não para destruir, o trabalho dos profetas
anteriores. Ele disse aos seus seguidores para acreditarem nos profetas de todas as nações:
"Dizei. Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a
Ismael, a Isaac, a Jacó, e às (doze) tribos, naquilo que foi concedido a Moisés e a Jesus, no
que foi dado aos projetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, porque
somos para Ele, muçulmanos." (Alcorão Sagrado 2:136)
O Islam é a consumação de todas as religiões. Ao aceitar os profetas e escrituras de todas as
nações, o Islam afirma a Unidade da providência universal de Deus e da universalidade da
experiência religiosa, e também procura reunir todas as raças e credos numa única e abrangente
fé e irmandade.
3. O Islam, e não o Cristianismo, proporciona uma orientação completa em todos os aspectos e
situações da vida, individual como também social, nacional assim como internacional. O próprio
Jesus (que a Paz esteja sobre ele) admitiu que ele não havia vindo com o fim de trazer uma
última ou mesmo completa mensagem divina para a humanidade, porque os tempos não eram
propícios para isso:
"Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas vós não as podeis compreender agora. Quando
vier, porém, aquele Espírito da Verdade, ele vos ensinará toda a verdade, porque não falará de
si mesmo, mas dirá tudo quanto tiver ouvido, e anunciar-vos-d coisas que estão para vir." (João
16: 12,13)
Cinco séculos depois dele, o Espírito da verdade apareceu na pessoa do Profeta Muhammad
(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele); para transmitir toda a verdade à humanidade.
Deus revelou-lhe:
"Hoje completei a vossa religião para vós e vós agraciei generosamente, e aponto o Islam
por religião." (Alcorão Sagrado 5:3).
O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele); é, assim, o
derradeiro Profeta, e a Mensagem que ele trouxe de Deus é a mensagem final e completa.
Comparemos certos aspectos das religiões de Jesus (que a Paz esteja sobre ele) e de Muhammad
(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele); para ver porque consideramos o Islam e
não o Cristianismo como a mensagem completa.
A Condição das Mulheres no Islam e no Cristianismo
Jesus (que a Paz esteja sobre ele); foi o último profeta a aparecer entre os israelitas. Ele
introduziu reformas nos ensinamentos dos profetas israelitas anteriores, onde ele sentiu que tais
reformas eram necessárias. Ele reinterpretou alguns dos preceitos religiosos de Moisés (que a
Paz esteja sobre ele); para atualizá-los às necessidades da época dele; mas outros ele manteve tal
e qual estavam.
O assim chamado Antigo Testamento da Bíblia advoga o massacre, condena a poligamia, aceita
a escravidão e ordena queimarem-se as bruxas. Jesus, que havia vindo "não para destruir a lei e
os profetas, mas para completá-la, parece não ter visto nada de errado com tais preceitos, ou,
então, não teve tempo para remediá-los. Pois que ele nada disse ou fez para humanizar as leis
mosaicas da guerra ou para abolir a escravidão ou mesmo para melhorar a condição das
mulheres. Ele não disse uma palavra contra a poligamia.
Paulo, que foi o verdadeiro fundador do Cristianismo, tal como é compreendido e aceito pelos
cristãos, considerava a mulher uma sedutora. Ele lhe atribuía toda a culpa pela queda do homem
e pela gênese do pecado na mulher. Eis o que lemos no Novo Testamento da Bíblia:
"Porque o homem não foi feito da mulher, mas a mulher do homem. E o homem não foi criado
por causa da mulher mas sim a mulher por causa do homem. Por isso a mulher deve trazer
sobre a cabeça o sinal do poder (o véu) poder por causa dos anjos." (I Corintios 11: 8 ao 10).
E eis o que alguns dos santos canonizados do Cristianismo tem dito sobre a mulher:
"A mulher é filha da falsidade, sentinela do inferno, a inimiga da paz; por causa dela Adão
perdeu o Paraíso." (São João Damasceno).
"A mulher é o instrumento de que se utiliza o Diabo para ganhar as nossas almas." (São
Cipriano).
"A mulher é a fonte do braço do Diabo, e sua voz é o chiado da serpente." (Santo Antônio).
"A mulher tem o veneno de uma áspide, a malícia de um dragão." (São Gregório o Grande).
O Sagrado Alcorão isenta a mulher da responsabilidade pela queda de Adão (que a Paz esteja
sobre ele); e restabelece sua honra e dignidade. Ele eleva a condição da mulher para torná-la
igual ao homem. Pela primeira vez na história, à mulher são dados os mesmos direitos que a
qualquer homem, pelo Islam:
"Elas (as mulheres) têm direitos sobre eles, como eles os têm sobre elas." (Alcorão Sagrado
2:228).
O homem moderno reconhece que não pode existir uma liberdade e uma dignidade verdadeiras
sem direitos econômicos. Mil e quatrocentos anos atrás, o Islam deu à mulher o direito de herdar
bens e riquezas do seu pai e do seu marido e de adquirir, possuir e dispor de riquezas como bem
lhe aprouvesse. Diz o Sagrado Alcorão:
"Aos homens corresponderá a sorte a que fizerem jus; assim também as mulheres terão
sorte igual." (Alcorão Sagrado 4:32).
"Aos filhos varões corresponde uma legítima do que tenham deixado seus pais ou parentes.
As mulheres também terão uma legitima do que tenham deixado seus pais eu parentes,
quer seja exígua ou vasta, uma quantia obrigatória." (Alcorão Sagrado 4:7).
No casamento, a mulher é considerada pelo Islam uma parceira igual e livre. O casamento no
Islam é um contrato sagrado entre um homem e uma mulher e deve haver o consentimento
expresso de ambas as partes antes de se poder celebrar o casamento. O Sagrado Alcorão descreve
a mulher como sendo uma companheira para o seu marido - objeto de amor e fonte de paz e
consolo para ele:
E, entre os Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie
para que com elas convivais; e Vos vinculou pelo amor e pela piedade. Por certo que nisto
há sinais para os sensatos." (Alcorão Sagrado 30:21).
Para imprimir de modo firme aos seus seguidores a posição exaltada e a santidade da condição
feminina, o Profeta declarou:
"O Paraíso está aos pés da mãe."
Ele disse que; "as mulheres são as metades gêmeas dos homens" e que homens e mulheres vêm
da mesma es- sência. O Islam não faz qualquer distinção entre eles no que respeita às suas
capacidades e recompensas morais e espirituais:
"Os crentes e as crentes são protetores uns dos outros. Recomendam o bem, proíbem o
ilícito, praticam a oração, pagam o zakat e obedecem a Deus e a Seu Mensageiro. Deus se
compadecerá deles, porque Deus é Poderoso, Prudentíssimo." (Alcorão Sagrado 9:71)
"A quem praticar o bem, seja homem ou mulher, e for crente, conceder-lhe-emos uma vida
agradável e o premiaremos com uma recompensa superior ao que tiver feito." (Alcorão
Sagrado 6:97).
"Quanto aos muçulmanos e as muçulmanas, aos crentes e às crentes, aos
consagrados e às consagradas, aos verazes e às verazes, aos perseverantes e às
perseverantes, aos tementes e às tementes, aos caritativos e às caritativas, aos
equadores e às jejuadoras, aos recatados e às recatadas, aos que recordam
muito a Deus e às que O recordam, Deus lhes tem destinado a indulgência e uma
magnífica recompensa." (Alcorão Sagrado 33:35)
Abolição da Escravidão
O Islam é a primeira religião a melhorar a condição dos escravos e de preparar o caminho para a
total abolição da escravatura. Como primeiro passo, o Profeta Muhammad (que a Paz e
Benção de deus estejam sobre ele); tornou dever dos muçulmanos o tratamento bondoso e
fraternal dos escravos. Eles deveriam ser considerados como membros da família:
"Vossos escravos são vossos irmãos. Portanto, se algum de vós tiver um escravo, que lhe dê o
mesmo alimento de que se serve, e o vista da mesma roupa com que se veste. E não lhe
imponha trabalhos além de suas forças para realizar, e caso alguma vez o faça, deverá ajudálo a realizá-lo." (Al Bukhari, Kitab al-Itak)
Os seguintes são apenas dois dos inúmeros versículos do Sagrado Alcorão que exortam os
homens a emanciparem seus escravos:
"E o que te fará entender o que é vencer as vicissitudes? É o libertar um cativo, ou o
alimentar, num dia de privação, ao parente órfão, ou ao indigente necessitado. É, ademais,
contar-se entre os crentes que recomendam mutuamente à perseverança e se encomendam
à misericórdia." (Alcorão Sagrado 9:12 ao 17)
"A virtude não consiste só em que orienteis vossos rostos até o levante ou o poente. A
verdadeira virtude é a de quem crê em Deus e no Dia do Juízo Final... de quem distribui
seus bens em caridade por amor a Deus, entre parentes, órfãos, necessitados, viandantes,
mendigos e em resgate de escravos." (Alcorão Sagrado 2:177).
Sendo a instituição da escravatura contrária ao ensinamento islâmico de igualdade e dignidade
do homem, o Profeta proibiu adquirir-se novos cativos de modo bastante enérgico:
"Deus falou-me dizendo: Existem três classes de homens cujo adversário serei no Dia do
Juízo Final, Primeira, a do homem que estabelece uma aliança com alguém em Meu nome e a
rompe. Segunda, o homem que escraviza um homem livre o vende e consome o seu preço.
Terceira, a do homem que emprega um homem para trabalhar, exige-lhe trabalho bem feito
mas não lhe paga o salário merecido." (Al Bukhari, Kitab al-Bai)
E finalmente, há o mandamento categórico de Deus de não somente conceder a liberdade aos
escravos mas também o de lhes dar uma parte da nossa riqueza para os reabilitar:
"Quanto àqueles dentre vossos escravos ou escravas que vos peçam a liberdade por escrito,
concedei-la, desde que os considereis dignos dela, e gratificai-os com uma parte dos bens
com que Deus vos agraciou." (Alcorão Sagrado 24:33).
Por outro lado, Jesus (que a Paz esteja sobre ele); nem disse nem fez nada para emancipar os
escravos ou pelo menos melhorar a condição.
Constituição Política
Realmente o Cristianismo proporciona ensinamentos sobre aquilo que Aristóteles descrevia
como as virtudes particulares, mas é totalmente saliente na questão das virtudes políticas. O
resultado da separação da religião e da política no Cristianismo foi o surgimento do
maquiavelismo no Ocidente.
O Islam, por outro lado, sendo a última religião revelada e prevendo a eventual evolução da
humanidade, tinha que formular um código básico de orientação abrangente para todas as
atividades e relações da humanidade quer elas se enquadrem no âmbito público ou particular.
O Islam assegura justiça social e paz internacional por intermédio do controle religioso e ético
das relações e assuntos políticos, econômicos e internacionais, e pela definição dos deveres
básicos do indivíduo para com o Estado e do Estado para com o indivíduo, assim como de um
Estado para com outro Estado.
Ele estabelece alguns princípios básicos a que toda comunidade é prescrito adotar e a partir
desses dá a cada um a liberdade de desenvolver a sua estrutura de acordo com as necessidades do
tempo, desde que a superestrutura preserva os princípios básicos e se mantém dentro dos seus
parâmetros.
O primeiro principio básico do sistema político Islâmico é de que a soberania do Estado cabe a
Deus e nenhuma legislatura ou parlamento têm o direito de decretar qualquer Lei ou Ato que seja
contrário ao espírito e à letra dos mandamentos de Deus tal como contidos no Sagrado Alcorão e
aos preceitos do Profeta.
Desse modo, o Islam assegura uma justiça uniforme e preserva o estado e o destino das pessoas
de ser influenciado pelos caprichos, ou visão obtusa de legisladores, e aos grupos minoritários de
serem vitimados pela vontade brutal da maioria, bem como os interesses das pessoas como um
todo de serem ditados pela classe econômica dominante no parlamento. Diz o Alcorão:
"Dize: ó Deus, Soberano do poder! Tu concedes a soberania a quem Te apraz e a retiras de
quem desejas; exaltas a quem queres e humilhas a Teu bel-prazer. Em Tuas mãos está todo
o bem, porque Tu és Onipotente." (Alcorão Sagrado 3:26).
O segundo princípio básico é o de que todos os homens são iguais perante a Lei e diante de
Deus. Eles têm direitos políticos iguais. A mesma se aplica a todos. Em um Estado Islâmico,
ninguém, nem mesmo o chefe do estado, está acima da Lei. Pela transgressão de qualquer lei, até
o Califa pode ser intimado à corte e punido, se for estabelecida a sua culpa.
O terceiro princípio básico é o de que todos os cargos públicos, incluindo o do chefe executivo,
são custódias conferidas por confiança de Deus, e o custódio deve exercer a autoridade que lhes
corresponde como se fora por ordem de Deus e para o bem do povo. Como o Chefe do Estado é
nomeado pelo povo, ele também pode ser demovido pelo povo, se este achar que ele não está
desempenhando a administração de acordo com os mandamentos de Deus e no melhor interesse
do povo.
O quarto princípio básico é de que todos os assuntos públicos devem ser decididos pela consulta
e após levar em consideração os pareceres dos cidadãos do Estado Islâmico.
"Pela misericórdia de Deus foste compassivo para com eles. Porém, tivesses sido insaciável
ou de coração insensível, eles se teriam afastado de ti. Portanto, indulta-os, implora o
perdão para eles e aceita seus conselhos nos assuntos. E quando tomares uma decisão
encomenda-te a Deus, porque Deus aprecia aqueles que (a Ele) se encomendam." (Alcorão
Sagrado 3:159)
"Aqueles que atendem a seu Senhor, observam a oração, resolvem seus assuntos em
consulta e jazem caridade daquilo com que lhes agraciamos." (Alcorão Sagrado 42:38)
O Islam deu existência à primeira verdadeira democracia na qual não há distinção entre os que
nasceram livres e os escravos, cidadãos e servo, e nenhuma discriminação com base em raça ou
cor, ou sexo ou credo. Todos são iguais perante a lei e desfrutam dos mesmos direitos.
A Economia No Islam
No campo econômico, o Islam considera ilícita e injusta toda e qualquer renda não proveniente
do trabalho. Ele preserva a dignidade do trabalho. O Profeta disse:
"Ninguém come comida melhor do que aquele que come o produto do trabalho de suas
próprias mãos." (Al Bukhari)
Na ordem social do Islam é mínima a oportunidade de exploração do homem pelo homem, sem a
total abolição da propriedade privada ou do empreendimento, pela proibição do monopólio, do
câmbio negro, do acumulo dos juros (riba), isto é, um retorno extra, fixo, por dinheiro
emprestado para qualquer propósito. Diz o Alcorão:
"Os que praticam a usura só poderão saciar-se nela como aqueles que foi perturbada por
Satanás; isso porque disseram que a usura é o mesmo que o comércio; no entanto, Deus
consente o comércio e veda a usura." (Alcorão Sagrado 2:275).
Para reduzir a desigualdade e assegurar que todos possam dispor das necessidades básicas e
tenham igual, oportunidade na vida, o Islam impõe um tributo sobre o capital dos ricos para
beneficiar os pobres. Esse tributo, chamado Zakat, é diferente e além da caridade voluntária.
Além disso, o Alcorão contém freqüentes e repetidas exortações ao povo para que compartilhem
suas posses para o bem-estar de outros.
Ele diz que a profissão de fé e aç devoções religiosas de um homem que não esteja ativamente
engajado em obras de misericórdia são vãos e inaceitáveis para Deus. E, finalmente, por uma
criteriosa lei de heranças, o Islam faz impossível a concentração de riquezas em poucas mãos.
Ao mesmo tempo que não ignora a importância das atividades econômicas na vida humana, o
Islam condena energicamente a tendência de avaliar as pessoas pela condição financeira e social
delas. O símbolo do valor de um homem não é a sua riqueza mas sim a sua moralidade mais
elevada e sua maior participação em obras misericordiosas.
A riqueza não é um fim, mas "um meio de sustentação" para o povo. A riqueza que um homem
obtém não é exclusivamente dele. Ela é uma custódia que lhe foi confiada por Deus. Ele a
adquiriu pelo uso de faculdades dadas a ele por Deus e com a ajuda e os meios proporcionados
pela sociedade. Ele deve retribuir sua dívida para com a sociedade e gastar tanto quanto possível
daquilo que ganhou, pela causa de Deus. Acima de tudo, ao perseguir a riqueza, um homem não
deve perder de vista os valores mais altos da vida.
Liberdade Religiosa
Assim corro o Islam tornou o Estado sujeito aos mesmos princípios éticos que governam os
indivíduos e inseriu as relações internacionais no âmbito da moralidade, tornando a submissão e
exploração de uma nação por outra tão repreensível quanto a submissão e exploração de um
homem por outro, da mesma maneira o Islam ordenou se aplicasse a justiça, a igualdade e o
respeito mútuo nos assuntos e relações inter-religiosos.
Na ordem social Islâmica, todos os indivíduos e comunidades religiosas são livres para seguir a
religião de própria escolha. Nenhum indivíduo ou comunidade religiosa tem o direito de impor
seus próprios credos aos outros ou de restringir de qualquer modo o exercício de profissão,
pregação ou prática por outras pessoas da religião que mais lhes agrade. Diz o Alcorão:
‘’Não há imposição quanto à religião." (Alcorão Sagrado 2:256).
A atitude islâmica para com as relações inter-religiosas é muito mais do que a de simples
tolerância. O Islam preceitua que se creia igualmente nos fundadores de todas as grandes
religiões do mundo. Ele convida as pessoas das outras religiões a juntarem-se aos muçulmanos
para formar uma liga de fiéis para resguardar os princípios da Unicidade de Deus e a conduta
idônea.
Nos países muçulmanos, os cristãos, judeus, adeptos do Zoroastrianismo e os hindus têm
desfrutado de liberdade, liberdade essa que até recentemente, era totalmente negada aos nãocristãos na Cristandade.
A Irmandade Universal do Islam
A crença islâmica na unidade da humanidade é o corolário da doutrina da unidade de Deus. O
mesmo Deus é o Criador e Provedor de todos os homens e mulheres de todas as nações, raças,
cores, credos e culturas. E portanto, toda a humanidade pode ser considerada como a grande
família de Deus:
"Os povos constituíam uma só nação." (Alcorão Sagrado 2:213).
O Profeta Muhammad
(que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele) disse:
"Todas as criaturas de Deus são a Sua família, e o mais amado por Deus é aquele que tenta
fazer o maior bem às criaturas de Deus."
O Islam rejeita todos os critérios falsos de superioridade baseados em raça, nacionalidade, cor ou
língua. Ele torna a probidade e a boa conduta nas únicas marcas de superioridade diante de Deus:
"Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e
tribos para que vos reconhecêsseis uns aos outros. Sabei que o mais honrado dentre vós,
ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sapientíssimo e está bem inteirado."
(Alcorão Sagrado 49:13).
O Profeta do Islam, comentando o versículo acima por ocasião da última Peregrinação,
observou:
"Nenhum árabe é superior a qualquer não-árabe, nem qualquer não-árabe é superior a um
árabe; nenhuma pessoa escura é melhor que uma pessoa branca e nenhuma pessoa branca é
melhor que uma pessoa escura. O critério de honra diante de Deus é a probidade e uma vida
honesta."
Os Islam une todos os seres humanos através do amor e da simpatia para torná-los todos irmãos.
A irmandade do Islam transcende a todas as barreiras geográficas e políticas. Mesmo as
obrigações estritamente Islâmicas, tais como as orações congregacionais, o jejum, o zakat e a
peregrinação a Makkah, tem a função adicional de criar sentimentos fraternos e a igualdade entre
os vários segmentes da humanidade. Diz o Sagrado Alcorão:
"E apegai-vos todos ao vínculo de Deus e não vos dívidas; recordai-vos das Suas mercês
para convosco, porquanto éreis adversários mútuos e Ele conciliou vossos corações e, mercê
de Sua graça, converteste-vos em verdadeiros irmãos; e quando estivesses à beira do
abismo infernal, dele vos salvou. Assim, Deus vos elucida Seus versículos para que vos
ilumineis." (Alcorão Sagrado 3:103).
Verifica-se assim que o Islam proporciona ensinamentos sobre muitos assuntos e aspectos das
relações humanas sobre as quais o Cristianismo está calado. O Profeta Muhammad (que a Paz
e Benção de Deus estejam sobre ele);completou o que foi deixado incompleto por Jesus.
O Islam é a verdadeira religião de Jesus (que a Paz esteja sobre ele); revivificada por uma
revelação renovada e aperfeiçoada para abranger todos os aspectos dá ação e relação humana e
para proporcionar orientação aos povos de todas as épocas e nações.
Ela é, em resumo, uma Religião Universal. Não responde apenas aos anseios devocionais do
homem mas à, vida humana como um todo. Não nos fornece apenas uma metafísica infalível,
mas também um código abrangente e sublime de ética individual e social, um sistema econômico
sadio, uma, ideologia política justa, e muitas outras coisas além disso. Ele não é uma estrela
solitária, mas todo um sistema solar, abraçando o todo e iluminando-o.
NOTAS:
(*)
Lord Headley. A Western Awakening to Islam, (O despertar do Ocidente em direção
ao Islam; página15).
(1)
The Anti-Nicene Father (O Pai Anti-Niceno); editado por Roberts e Donaldson,
volume I - página 154 e 155).
(2)
C.J. Cadoux: The Life of Jesus (A vida de Jesus) edição Penguin Books, página 13.
(3)
C.J. Cadoux: The Life of Jesus (A vida de Jesus).
(4)
C.J. Cadoux: The Life of Jesus (A vida de Jesus).
(5)
T.G. Tucker: ( A História dos Cristãos à Luz do Conhecimento Moderno) página 320.
(6)
J.R. Dummelow: Comentary on the Holy Bible, página 16.
(7)
C.J. Cadoux: The Life of Jesus (A vida de Jesus).
(8)
Sir William Muir: The Life of Mohamet (A Vida de Muhammad), página 18.
(9)
''The Gospel of St. Barnabas'' (O Evangelho de São Barnabé), editado e traduzido de
um manuscrito encontrado na biblioteca Imperial de Viena, por Lousdale e Laura
Ragg, Oxford.
(10)
Ambos os trechos são de Huston Smith, The Religions of Man (As Religiões do
Homem), páginas 203/205/206.
(11)
Stanley Lane-Poole, The Speeches and Table-Talk of the Prophet Mohammad,
página 29.
(12)
Major A.G. Leonard, Islam, Her Moral and Spiritual Value (O Islam, Seu Valor Moral
e Espiritual), página 20 e 21).
(13)
Lamartine: Historie de la Turquie (História da Turquia), volume II-página 276 e 277;
citado por Dr. Zaki Ali em seu livro Islam in the World (Islam no Mundo).
(14)
The New Catholic Encyclopedia (1967), artigo ''The Holy trinit'' (A Sagrada
Trindade), volume XIV- página 295.
(15)
The New Catholic Encyclopedia (1967), artigo ''The Holy trinit'' (A Sagrada
Trindade), volume XIV- página 295.
(16)
W.H. Thurton: The Truth of Cristianity, página 507.
(17)
Bergson: The Creative Evolution (A Evolução Criativa), Modern Library, página 16.
(18)
God's Plan for Your Salvation (O Plano de Deua Para a Sua Salvação),Phoenx,
Arizona, EUA.
(19)
J.F. DeGroot, Catholic Theachings, página 140.
(20)
Reverendo W. Goldsack: The Atonement (A Redenção) página 5.
(21)
Personagem da peça '' O mercador de Viena'' de W. Shakespeare.
(22)
W.H. Thurton: The Truth of Cristianity, página 289.
(23)
J.F. DeGroot, Catholic Theachings, página 162.
(24)
Arthur Weigall: The Paganism in Our Christianity (O Paganismo no Nosso
Cristianismo).
(25)
Laura Veccia Vaglieri: Apologia dell Islamismo, página 30 e 31).
(26)
Laura Veccia Vaglieri: Apologia dell Islamismo, página 33 e 34).
(27)
C.J. Cadoux: The Life of Jesus (A vida de Jesus), página 81 e 82.

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