Caderno Prof-5-Cultura

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Caderno Prof-5-Cultura
C U LT U R A A M A Z Ô N I CA
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N O I N Í C I O E R A O N A D A . Os deuses esconderam as tintas nas árvores, nos animais
e na terra, e guardaram para si o encantamento da tapiragem nas aves. E esperaram...
Ainda era tudo escuro, e ao mesmo tempo que foi criado o Sol e a Lua, Kúat e Iaê, os
deuses da sabedoria mostraram a natureza como horizonte do homem, para que, convivendo com ela, o homem aprendesse a amá-la e a respeitá-la. A pele pintada era
para dar vida à vida, cor às cores, para mostrar a alegria do existir e a razão do viver.
Através da mutação das penas, um pouco da incomparável beleza da aves saiu do céu.
O sonho dos homens de voar nunca se realizou materialmente, mas em espírito eles
alçaram vôo junto aos deuses, e os deuses sorriam, acreditando no homem...
SINOPSE DO VÍDEO
seres encantados como o mapinguari e o uirapuru, um pás-
sentido de irmandade presente na Marujada. Dentro do
Senhora de Nazaré e da importância desta festa para as
saro com um canto muito especial.
teatro os integrantes dançam os três ritmos característicos
famílias paraenses. No dia da festa, as famílias se reúnem
da festa: retumbão, mazurca e o xote.
para celebrar com um farto banquete de comidas típicas.
Do canto do uirapuru, vamos para outros cantos: Belém do
Nosso apresentador Almir Gabriel, um artista que canta e
Pará e o som do Carimbó. Grande parte das danças amazôni-
Um jovem aprendiz da arte de confeccionar rabecas conta
Nosso apresentador nos leva para a cozinha e a mesa de
nos encanta com a força da cultura amazônica, viaja pela
cas é uma mistura das tradições indígenas e africanas. O
sobre o processo de trabalho e tem seu produto aprovado
uma dessas famílias, e nos revela os segredos da mandioca
região nos revelando seus sons, suas lendas, danças e
músico Nilson Chaves e o nosso apresentador nos contam e
por um experiente músico da Marujada, garantindo a
e do preparo do pato no tucupi.
tradições que fazem parte desse rico universo cultural.
cantam, enquanto um grupo dança, as origens, histórias e
continuação dessa tradição através da transmissão de
No Espaço Cultural São José Liberto – Casa do Artesão,
passos de várias dessas danças como o Bangüê – conhecido
saberes entre diferentes gerações.
Almir Gabriel apresenta a importância do barro na cultura
como a dança do engenho; a Ciranda do Norte – de origem
Junho é um mês especial na região. A Amazônia fica pare-
amazônica, com destaque para a cerâmica marajoara.
portuguesa e muito popular em Tefé (AM); o Lundu – uma
cida com o Nordeste: fogueiras, fogos, quadrilhas, comidas
Mestre Arlindo conta a lenda do Muiraquitã e os segredos da
dança bastante sensual; o Siriá – que lembra os movimentos
típicas e muitas festas nas ruas. Neste período acontecem
confecção deste e outros símbolo culturais regionais em
do siri; e o Marabaixo, ritmo mais representativo da cultura
as festas juninas e o Boi-bumba, que em Parintins ganhou
balata – látex extraído da balateira, árvore da família da
negra. Os grupos de danças folclóricas ajudam a manter viva
até bumbódromo – um estádio construído especialmente
seringueira. A maioria das lendas Amazônicas nasceu da
essas tradições e a divulgar a cultura amazônica.
para esta festa que é uma das mais famosas da região.
CONTEÚDOS DO VÍDEO
> MISCIGENAÇÃO CULTURAL
> ARTESANATO
> LENDAS REGIONAIS
> DANÇAS E RITMOS REGIONAIS
tradição indígena. Elas procuram explicar a origem da vida e
No segundo bloco, vamos até Bragança, no Pará, conhe-
As festas religiosas são uma forte expressão do domínio
da natureza através dos mitos de transformação, nos quais
cer a Marujada. É no Teatro Museu da Marujada que o pres-
do catolicismo na Amazônia. A devoção nordestina conquis-
> TRANSMISSÃO DE SABERES
o herói morre para se transformar em um elemento da
idente da festa nos explica o significado das roupas utili-
tou feriados e grandes festas, a mais popular e que atrai o
> FESTAS RELIGIOSAS
natureza. A lenda do guaraná contada no programa é um
zadas, do trabalho dos organizadores – o capitão e a capitoa –
maior número de pessoas é a do Círio de Nazaré. Almir
exemplo dessas lendas. Uma amazônida nos conta sobre os
dos instrumentos utilizados – violino, banjo e tambor – e do
Gabriel nos conta a lenda da imagem da Santa de Nossa
> CULINÁRIA REGIONAL
Diante da enorme diversidade, de paisagem e visões, existe uma unidade natural produzida pela
MERGULHANDO NO TEMA
floresta e pela água, onde está a camada mais profunda da formação cultural, em que se assenta
uma possível identidade amazônida. Subsiste um mesmo espírito e uma mesma atitude nos
nativos desta vasta região: o encantamento diante da natureza. É ele quem marca o desenho de um
vaso, a trama da tecelagem, o formato de uma canoa, o ritmo da fala, da música e da dança, a força
das lendas, a veracidade das histórias.
Falar em poucas páginas sobre a cultura amazônica é como aparar a chuva com uma cuia.
Iniciaremos destacando os diferentes olhares lançados sobre a floresta, tanto a partir de quem nela
originalmente habitava, passando pelos que chegavam de fora, para percebermos as diferentes
visões de mundo que ali coexistiram, deixando marcos culturais em uma Amazônia que se constituiu, depois, na Amazônia que, afinal, existe hoje: brasileira em sua maior parte.
HERANÇAS
CULTURAIS
OS POVOS ANTIGOS
Os povos nativos são a matriz cultural primeira, a base de todos os saberes mais tarde herdados
pelos imigrantes que se adaptaram à floresta. Deles vem o conhecimento das técnicas e dos mate-
PA R A S A B E R M A I S
Para saber mais sobre herança cultural, mergulhe
no Capítulo 4, “História da
Ocupação da Amazônia”, neste
Caderno.
riais básicos para a habitação e transporte, a tecelagem, a cerâmica, os cuidados com a saúde, a
alimentação. É impossível calcular a perda de conhecimentos decorrente da dizimação em massa
que resultou na extinção de muitos povos indígenas.
OS EUROPEUS
Os europeus deixaram sua marca na floresta e ao mesmo tempo ficaram marcados por ela.
Causaram profundas modificações na cultura dos povos indígenas à medida que tentaram catequi-
CASA FLUTUANTE , Japurá, 1865.
Na pagina à esquerda, fronstispício
alegórico de Viagem filosófica, no
qual supostamente, Alexandre
Rodrigues Ferreira aponta o mapa
do rio Amazonas.
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sá-los ou submetê-los aos ditames de uma nova ordem. Sobre a diversidade de línguas amazônicas,
FAMÍLIA DE CABOCLOS em frente à
prevaleceu uma nova linguagem falada, de origem Tupi, que auxiliava na incorporação dos índios à
casa com telhado de palha.
empresa colonial: nova língua, novos costumes: o uso obrigatório de roupas, a substituição dos rituais
tradicionais pelos da nova religião, o trabalho organizado e dirigido, a produção para exportação.
Tem início o processo de mestiçagem que deu origem a uma nova população e aà cultura cabocla.
...E OS EUROPEUS TROUXERAM OS AFRICANOS
Na região do Pará e Amapá, os negros formaram quilombos ou mocambos (comunidades formadas por negros que fugiam da escravidão embrenhando-se na floresta), que exerceram especial
importância na formação cultural da Amazônia. Algumas dessas comunidades foram assimiladas
pelo crescimento das vilas e cidades e se misturaram às populações urbanas. Outras buscaram o
isolamento e o contato com os índios.
“BRASIL CABOCLO”
Na metade do século XIX, temos uma nova base cultural estabelecida. A parte leste da região
amazônica começa a ser aquilo que Darcy Ribeiro chamaria de “Brasil caboclo”. O índio fornecia
uma base étnica sobre a qual mestiçavam-se colonos europeus e escravos africanos. A língua geral
de origem Tupi, ensinada pelos jesuítas, foi substituída pelo português, língua do povo colonizador.
O LEITE DAS ENTRANHAS
O ciclo da borracha trouxe, principalmente, os sírio-libaneses, mas vieram também italianos,
franceses, portugueses e ingleses em grande número, e todos diversificaram os serviços nas
cidades, trazendo para elas os ares da modernidade.
São bem conhecidas as narrativas de exibição da riqueza e ostentação pelos seringalistas, os
AMAZÔNIA: IDENTIDADE BRASILEIRA
quais queimavam dinheiro para acender charutos importados, em Manaus e Belém. As cidades
Entre a formação do Grão-Pará e a conquista do Acre se formou uma identidade brasileira,
fervilhavam de novidades e construções suntuosas. O luxuoso Teatro Amazonas é o símbolo desta
cheia de contradições e lacunas. Mas foi nos períodos de paz, de estagnação econômica, de
época. Nele se apresentavam artistas europeus: companhias teatrais da França e cantores líricos
estancamento das migrações, períodos em que predominava o isolamento das comunidades
da Itália. Em direta oposição social viviam os seringueiros, em condições bastante precárias.
nos ermos da floresta, que a diversidade cultural se assentou e compôs os traços específicos
Na crise da borracha, nas décadas de 1920 e 30, as cidades viram o luxo dar lugar à decadência.
de cada lugar. Formou-se, assim, uma identidade amazônida forte e capaz de resistir.
Os seringueiros e extrativistas em geral, que se adaptaram à vida na floresta, ampliaram consideravelmente o conhecimento da biodiversidade amazônica. Recuperaram-se práticas e conheci-
V I V E R N A F LO R E S TA
mentos que os seringueiros traziam do Nordeste, além de incorporar os conhecimentos da agri-
Sendo a essência da cultura amazônica a identificação com a floresta, a adaptação física ao
cultura indígena.
ambiente e o imaginário que nele se elabora, os povos nativos são a matriz cultural primeira. Os
índios sabiam construir, navegar, plantar, fabricar tudo de que necessitavam. Sabiam onde
A F LO R E S TA E O “ M I L A G R E ” E C O N Ô M I C O
encontrar comida e remédio. Conheciam a floresta e seus segredos. E tinham suas histórias do
Para as atividades empreendedoras, financiadas pelo governo militar, a floresta era um empeci-
começo do mundo e da origem de cada coisa que nele existe. Desenvolveram a chamada ‘cultura
lho. Os povos que a habitavam, suas culturas e modos de vida, eram considerados parte de um
atraso que devia ser superado. Nessa lógica, a região precisava de outro povo, que não quisesse se
adaptar à natureza, mas modificá-la. O resultado foi uma urbanização acelerada e a perda de parte
da diversidade biológica e cultural.
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de floresta tropical’.
O saber nativo foi colocado a serviço da colonização. Ao longo dos séculos, os novos povos
amazônicos foram adaptando e recriando não só a tecnologia mas também a mitologia.
Vamos ver um pouco dessas formas de morar, navegar, plantar, pescar, festejar...
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EXEMPLOS DE HABITAÇÕES
MORAR
ribeirinhas presentes na
Na floresta não há proteção sólida, a família humana está sujeita às intempéries e aos ciclos da
região amazônica.
natureza. As soluções encontradas na construção das moradas revelam o desenvolvimento de uma
arquitetura e uma engenharia cabocla de grande inventividade.
H A B I TA Ç Ã O I N D Í G E N A
Cada povo tem a sua forma de morar, pode ser num tapiri, para abrigo rápido, ou a maloca, com
muitas famílias ou outras estruturas. A paxiúba, a palha, a amarração de envira são alguns exemplos de matérias e técnicas utilizadas pelos indígenas. Hoje algumas tribos da Amazônia moram
em casas de alvenaria.
PA R A S A B E R M A I S
Para saber um pouco mais
sobre a habitação indígena,
mergulhe no Capítulo 6, “Povos Indígenas e Comunidades
Tradicionais” do Caderno 3.
CASA RIBEIRINHA
Elevadas bem acima do solo, para escapar da umidade e proteger dos insetos e animais peçonhentos, erguem-se as casas em altas palafitas, que exigem assoalho durável e firme. Nem toda madeira é
adequada a esse fim, mas as que são, dependem de instrumentos de corte, serragem e encaixe, tecnologia que só foi chegando aos poucos, com a regularização do transporte e a expansão do comércio.
CASARÃO NORDESTINO
Reproduziu-se o casarão nordestino: varanda, telhado de quatro águas, beiral, pé-direito elevado. Foram construídas inicialmente nas sedes dos seringais, depois nos entrepostos comerciais,
mais tarde transformados em cidades.
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CASA FLUTUANTE
Nas cidades em rápido crescimento, como Manaus, em que o comércio é intenso nas margens
CASA FLUTUANTE, um tipo de
habitação da Amazônia e uma
de rios largos e profundos, desenvolveu-se a casa flutuante. Construída sobre grossos troncos e
grande embarcação normalmente
amarrada em árvores ou estacas fincadas no barranco, esse misto de casa e barco em geral é
utilizada paa transportes de
também um misto de moradia e comércio, para aproveitar o fluxo e os serviços junto ao rio.
passageiros
NAVEGAR
À antiga sabedoria de navegar e fazer barcos juntaram-se a experiência indígena a que os
nordestinos traziam da Europa, numa longa linhagem que remonta aos fenícios.
Na graduação por tamanho está a hierarquia do saber necessário à construção do ubá, barco
leve, para viagens rápidas e pescarias, feito pelo caboclo com a técnica indígena de escavar as
árvores ou dobrar-lhes a casca. As canoas maiores, utilizadas para o transporte da produção e da
família, geralmente precisam ser encomendadas aos mais habilidosos na carpintaria. O batelão é
para o comércio, tem armação mais intrincada e é feito por mestres artesãos e seus aprendizes em
grandes oficinas. De ordem diversa são as chatas, os gaiolas e os navios, grandes embarcações
para o transporte de passageiros e grande quantidade de carga, fabricados nos estaleiros de
grandes empresas.
FAZER
UM MUNDO DE COISAS
Brota das mãos amazônidas uma infinidade de objetos e instrumentos, feitos de palha, cipó e
madeira: remo, pilão, cestos, potes, caixas, espremedor, flecha, arado...
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Nos seringais desenvolveram-se técnicas bastante elaboradas de impermeabilização dos
tecidos. O saco ‘encauchado’ ou emborrachado, ou seja, recoberto por uma fina camada de caucho ou borracha para impedir a passagem da água, é o antecessor do que hoje se conhece como
‘couro vegetal’. Era usado principalmente como sacola de viagem, para guardar roupas, objetos
ou mercadorias que não podiam sofrer a ação da água: documentos, lanterna e rádio de pilhas,
tabaco, etc.
ESTRANHOS
SABORES
A primeira adaptação à floresta, por ser necessidade primária de sobrevivência, deu-se na alimentação. O que comer? Como obter o alimento? Como prepará-lo? A base é a mesma: costumes
indígenas transformados pelas influências de portugueses, árabes e, principalmente, brasileiros
do Nordeste. Os sabores são variadíssimos. A floresta fornece tudo
FRUTOS
Cupuaçu, graviola, bacuri, pupunha, cajá, a lista é enorme. Domesticadas, essas frutas estão
localizadas onde vivem os seringueiros, no roçado das aldeias indígenas e nos quintais das periferias urbanas. As frutas amazônicas, em geral, são ácidas e suculentas. Boa parte delas só pode ser
FIQUE POR DENTRO
Influência árabe. Pratos
como quibe, tabule, esfiha,
cafta podem ser encontrados em qualquer residência,
nos botecos ou tabuleiros nas
ruas. A esfiha ganhou recheios
variados: galinha, camarão e
palmito. No Acre, ela é vendida
nas ruas, junto com o quibe
frito, o quibe de arroz que o
povo chama de “quebe”.
consumida na forma de suco ou creme, com açucar ou outro tipo de adoçante.
ARTESANATO de Capim Dourado
OBJETOS DE USO
realizado por uma ribeirinha da
Adornos: colares, pulseiras, chapéus, enfeites para o cabelo... a mão é movida pela paciência
Comunidade Mumbuca, na região
de Jalapão, em Tocantins.
para lidar com material mais miúdo: sementes, dentes, ossos, plumas. O inverno ajuda com longas tardes de chuva em que não se pode sair para o roçado, caçada ou pescaria e a melhor opção
é sentar no chão da casa e dedicar-se a esses pequenos ‘luxos’.
CERÂMICA
A argila domina o solo da região, está oculta sob a floresta, e adquire formas e cores exuberantes
nas mãos de índios e caboclos. É bastante conhecida a cerâmica da Ilha de Marajó, mas os povos
ceramistas já se espalhavam pela região toda há centenas de anos. Ainda se encontram nos sítios
arqueológicos urnas mortuárias e objetos rituais dos povos antigos. Herdada deles ou trazida pelos
imigrantes, a cerâmica utilitária está em toda parte: nos potes para armazenar água, pratos, panelas,
vasilhas para guardar frutas e outros alimentos, cinzeiros, castiçais etc. Há também uma rudimentar cerâmica de construção.
TECELAGEM
Disseminado entre os povos indígenas, ainda hoje muitos plantam o algodão; e extraem tinturas da
floresta para fabricar redes, roupas, sacolas, adornos para os braços e cabelos, tipóia para carregar
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ÍNDIA CARAJÁ tecendo um
crianças. As técnicas de fiação e fabricação de tecidos ficaram restritas às populações indígenas; os
tapete. Artesanato típico da
imigrantes, de todas as épocas, limitaram-se ao tratamento de tecidos comprados no comércio.
Amazônia.
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PA R A S A B E R M A I S
Para saber mais sobre os produtos extraídos da floresta, mergulhe no Capítulo 8,
“Desenvolvimento sustentável”, Caderno 3.
PA L M E I R A S
As palmeiras são a segunda principal fonte de alimentação da Amazônia – contam mais de cem
espécies nativas, entre as quais o açaí-de-touceira (conhecido por açaí), o babaçu, a pupunha, o
buriti, a bacaba e o tucumã. Os vinhos formam um capítulo especial. A maioria provém de
palmeiras: bacaba, patoá, buriti, mais conhecido de todos é o açaí. A pasta roxa extraída dos seus
caroços maduros serve de base para o suco consumido de diversas formas doces e salgadas.
PA R A D A R Á G U A N A B O C A
O café da manhã, mais conhecido como “quebra-jejum”, sempre tem derivados da macaxeira (mandioca).
O destaque é a tapioca, feita da goma, fina, enroladinha, com manteiga e leite de castanha. Tem também o péde-moleque: farinha de tapioca, açúcar, ovos, manteiga, sal, cravo, erva-doce. A massa assim preparada é
enrolada em folha de bananeira e levada ao forno para assar.
O almoço é peixe assado. Tucunaré ou tambaqui na brasa. No estado do Amazonas há fartura de pirarucu, conhecido como o bacalhau amazônico pelo processo de conservação utilizando o sal. Outro prato comum é o jaraqui
COCO
Os óleos, muitas vezes chamados de “leite”, são usados como tempero ou molho. Provêm dos
diversos tipos de coco, como o ouricuri e o babaçu. Dentre todos destaca-se o da castanha, comercialmente denominada castanha-do-pará.
com farinha e molho de pimenta, por ser um peixe mais acessível. No Amapá é o gurijuba, um peixe robusto do
litoral que os amapenses preparam de diversas maneiras, inclusive defumado ou salgado como o pirarucu.
O jantar é peixe cozido, de preferência a caldeirada: pedaços grandes de peixe, em muito caldo com cebola,
tomate, pimentão e cheiro-verde. Acompanhamento obrigatório é o pirão, feito com o próprio caldo e farinha de
mandioca.
CAÇA
Um lanche ao final da tarde? Só pode ser um tacacá, uma espécie de sopa que dizem ser fortemente afrodi-
Com a urbanização e a disseminação da pecuária, o hábito de caçar e o consumo da carne de ani-
síaca: caldo de tucupi, folhas e flores de jambu, goma de macaxeira e um punhado de camarões. Com sal e,
mais da mata restringiram-se às comunidades rurais mais isoladas. Para estas, animais como a
claro, muita pimenta. O tacacá está nas ruas de qualquer cidade, vendido em bancas e barraquinhas. É servido
paca, o veado e a anta, aves como a nambu e o jacu, quelônios como o jabuti e o tracajá são ainda
em cuias (cabaças) de coité, raspadas e pintadas com cores fortes e desenhos que lembram motivos indígenas.
o alimento preferido e, no seu preparo, concentra-se toda a sua arte culinária.
Nas festas, pratos especiais: pato no tucupi acompanhado com a farinha d’água. Também no tucupi, a rabada
de boi com arroz. Pirarucu “de casaca”, com farofa de ovos e banana comprida. Jabuti no leite da castanha, com
PESCA
os miúdos separados em forma de farofa, servida no próprio casco.
No “sertão das águas” que é a Amazônia, mesmo nas grandes cidades a tradição culinária
expressa-se no pescado – o peixe é o prato amazônico. São milhares de espécies diferentes e
incontáveis as maneiras de levá-las à mesa. No litoral, Pará e Amapá tem-se a opção do peixe de
TA B U S A L I M E N TA R E S
água salgada e outras iguarias, especialmente o camarão e o caranguejo.
Em toda parte, na Amazônia, há interdições do tipo “mulher grávida não deve comer carne de
animal morto em tais ou quais condições”, ou alertas sobre as conseqüências de caçar fêmeas que
estejam prenhas ou amamentando, ou ainda os perigos de negar um pedaço da caça ao compadre
ou parente que esteja necessitando etc. etc. Todos esses tabus revelam, no fundo, uma ética das
relações sociais: o que é certo, o que é errado nos relacionamentos entre vizinhos, parentes e
povos distintos. Revelam ainda os códigos de relacionamento com a natureza, o manejo da fauna,
o respeito aos ciclos da vida.
A G R I C U LT U R A
O que se come como acompanhamento chamado de “mistura” vem da agricultura, principalmente das raízes. Há vários tipos de raízes, mas a rainha delas é a mandioca, que, cozida ou assada, com ela se faz de tudo: caldo, goma, doces, bolo e, é claro, a farinha. Motivo de orgulho dos
amazônidas, as farinhas da mandioca são especialidades locais. No Pará, a farinha d’água, grossa
e azeda; no Acre a farinha fina, seca, temperada em algumas regiões com cocão e safroa.
O milho faz o encontro da ancestralidade indígena com a tradição nordestina: come-se com sal,
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ANTA, um dos animais da
assado na fogueira ou cozido. Mas usa-se também para fazer mingau, farinha, bolo, canjica,
Amazônia mais caçados
pamonha (doce ou salgada). Assim como a mandioca e o amendoim, pode ser transformado em
para alimentação.
caiçuma, bebida de leve teor alcoólico dependendo do tempo de fermentação.
Cocão e safroa
Cocão > coco comprido e
pequeno, fruto de uma palmeira. Pode ser ralado e
torrado junto com a farinha,
ou usado como óleo. É altamente combustível e utilizado,
por exemplo, na defumação do
couro vegetal.
Safroa > variação regional de
açafrão (urucum). Pó avermelhado extraído da polpa do urucum, utilizado como tempero
culinário.
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De tudo se planta na várzea, na agricultura cíclica que aproveita a fertilização feita pela
enchente do rio. Mas a fartura nas casas e nos mercados, nos meses do verão amazônico, vem
A lista da farmácia verde é interminável, e ainda assim é apenas uma mínima parte revelada de
um tesouro ainda maior.
da melancia e do feijão-de-praia, um feijão branco e macio com muitas variedades, de acordo
com o tamanho.
MEDICAMENTOS
Para completar: o tempero. Muita pimenta: de cheiro, murupi, malagueta... os amazônidas
Alguns já são consagrados, como o óleo da copaíba, potente antibiótico natural, e o chá da
gostam da comida ardendo. Em cima da mesa há sempre um frasco com molho de pimenta, mis-
quina-quina, utilizado no tratamento da malária. Outros só agora estão se tornando conheci-
turando de vários tipos (e cores) na acidez do tucupi.
dos, como a resina extraída do sapo campu pelos caboclos do alto Juruá, um purgativo de
aplicação múltipla.
FIQUE POR DENTRO
C O S M É T I C O S E P R O D U T O S PA R A H I G I E N E
São tinturas para a pele, como as do urucum e do jenipapo; óleos para cabelo com essências
O tucupi é o sumo azedo da
mandioca, em que ela revela
seu passado de planta venenosa antes da domesticação. Sua coloração varia de
verde-amarelado a cinza-escuro
e o cheiro, fortíssimo, é inconfundível. É usado em vários pratos pelo seu sabor forte, geralmente associado às folhas de
jambu, que também têm gosto
levemente apimentado.
diversas; perfumes, sabonetes, cremes, todo tipo de produtos que encontram uso numa região
difusa entre a saúde e a beleza.
O
JEITO DE FAL AR
Embora subsistam várias línguas indígenas, o português é dominante, e as variações de sotaque
não chegam a criar grandes dificuldades de comunicação. Este domínio guarda uma clara matriz
nordestina. A fala rústica dos sertanejos, resultado de quatro séculos de adaptação da língua portuguesa ao contato com índios e escravos africanos, ao mesmo tempo cheia de palavras e
expressões arcaicas, penetrou nos ermos da floresta e nos vilarejos à beira d’água, tornando-se
mais macia e úmida no ritmo lento da vida cabocla. O falar amazônida é descansado, com vogais
abertas e alongadas.
D A PA L AV R A FA L A D A À PA L AV R A C A N TA D A
A matriz nordestina sobrepôs-se às demais, disseminando o forró, o xote e outros ritmos marALGUNS PRODUTOS feitos a partir
cados pela batida do tambor e a harmonia da sanfona. Mas, no Pará e Amapá, pela proximidade
de plantas e ervas consideradas
com o Caribe e a presença dos negros, fixaram-se outros ritmos, igualmente quentes e sensuais,
medicinais
como o carimbó e seus semelhantes ou derivados.
O RÁDIO
A
FARMÁCIA VERDE
Meio de comunicação e entretenimento, mas também de expansão cultural e domínio político, o
Um elemento essencial na adaptação das populações à floresta e na formação cultural
rádio tornou-se onipresente na Amazônia. É o correio popular pelo qual as pessoas mandam reca-
amazônica é o manejo da biodiversidade nos cuidados com a saúde. Os povos da floresta desen-
dos aos seus parentes, é por onde o povo se informa sobre o preço das mercadorias, sobre as
volveram um saber especial no cultivo e uso das plantas medicinais. Os pajés indígenas conheciam
mudanças na política, sobre as modas. O rádio trouxe o mundo para perto de todos.
os segredos das ervas e das práticas, dietas e rituais de cura. No contato com eles, atualizou-se no
ambiente amazônico a tradição dos rezadores e raizeiros nordestinos. Na floresta, eles eram os
BRINCADEIRAS E CANTIGAS DE RODA
médicos e farmacêuticos.
Pelas brincadeiras de criança as influências das matrizes se espalharam. Mesmo que sucessi-
Mas os cuidados do dia-a-dia, a administração da saúde na família, foram tarefas assumidas
vas gerações permanecessem sem escola, a manja seca e a manja d’água, o 31 alerta, a bandei-
pelas mulheres. Elas desenvolveram a arte sutil da resistência em condições adversas. As mais
rinha, o baleado, todos esses inventivos jogos fizeram e fazem parte do universo infantil amazônico.
velhas e sábias assumiam a condição de parteiras e rezadeiras.
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COISAS
DO OUTRO MUNDO
ILUSTRAÇÕES de animais
Os mitos indígenas explicam a origem das coisas, o surgimento do mundo, do dia e da noite, do
encantados feitas pelos
índios Ticuna.
rio e das gentes. São, em sua maioria, mitos de transformação: o herói morre para transformarse em alimento ou remédio, como no caso da macaxeira e várias ervas medicinais. Ou se transmuta em pássaro, peixe, onça, povoando a terra com a variedade de seres vivos. Em muitos casos,
após transformado, é responsável pela aquisição de um conhecimento: cerâmica, tecelagem,
canções, etc. Os mitos europeus narram as histórias de heróis vencedores, que passam por dificuldades e voltam triunfantes. A mistura desses mitos com o cristianismo gerou histórias que permaneceram na fronteira entre a crença e a superstição, alimentando o sincretismo religioso e, às
vezes, tornando-se folclore, gerando a grande variedade de “causos” e lendas de um povo que
gosta de contar histórias.
PA R A S A B E R M A I S > As lendas são desdobramentos dos mitos originais, sua forma mais comum de disseminação. Superficialmente parecem crendices, mas em seu conjunto e combinadas entre si, tecem uma rede
de significados que compõem uma visão de mundo e orientam o comportamento. Revelam, no fundo, uma ética
ordinários. Pode desaparecer e aparecer em outro local, brilhar com uma luz estranha, socorrer
das relações sociais: o que é certo, o que é errado nos relacionamentos entre vizinhos, parentes, povos distin-
uma pessoa em perigo, mostrar o caminho, confundir seus perseguidores, curar um ferimento ou
tos e com a natureza – o manejo da fauna, o respeito aos ciclos da vida.
doença e até falar ou transmitir com o pensamento uma mensagem importante. De todos os
encantados, o mais conhecido, admirado e temido é o boto.
A quantidade de lendas existentes nesta região é enorme. Vamos mencionar aqui apenas
algumas delas.
> O Boto
Apresenta-se nas noites de festa, como um cavalheiro elegante e bem vestido, que fala pouco
mas dança muito bem e seduz as moças com seu olhar intenso. Não tira jamais o chapéu, para não
A N I M A I S E N C A N TA D O S
revelar o furo que tem no alto da cabeça, única parte animal que não consegue transformar em
Onça, veado, anta, alguns tipos de pássaros ou de macacos podem “encantar-se” ou ser a forma
humana. Pode levar uma moça à loucura a ponto de fazê-la atirar-se no rio. Pode deixá-la grávida
provisoriamente assumida por um “encantado”. Nessas ocasiões, o animal revela poderes extra-
e sumir; o filho terá o poder de transformar-se em boto, ou ter habilidades especiais na dança, ou
PA R A S A B E R M A I S
Para saber mais sobre outras
lendas, mergulhe nas páginas de abertura dos capítulos.
nas artes da sedução.
> O Mapinguari
É o mais assustador dos seres da mata. Muito temido pelos caçadores, pode aturdi-los com gritos ou pedidos de ajuda e atacam os que se aproximam. Parece um macaco gigante, ereto sobre
duas pernas. Tem só um olho, no meio da testa, e uma boca gigantesca que se estende até a barriga. É mais fácil escapar dele se o vento estiver soprando de forma favorável, pois tem um cheiro
horrível, que dizem sair de um buraco no ventre e pode ser sentido a grande distância.
O B J E TO S E N C A N TA D O S
Estes objetos servem para dar sorte, tirar feitiço, provocar sonhos, etc. Um desses amuletos é o
ILUSTRAÇÕES feitas pelos
120
muiraquitã, em referência às histórias de índias guerreiras, as Icamiabas, que fabricavam com o
índios Ticuna sobre a lenda
barro verde do fundo do lago amuletos em forma de animais, especialmente o sapo. No Pará, a
do Curupira, o dono da mata,
lenda se propaga na forma de artesanato, comércio e atração turística. Sem deixar de ser, para a
que mora na sumaúma.
população local, um sinal de sorte.
121
F E S TA S J U N I N A S
FESTA DO BOI-BUMBÁ realizada no
É quando a tradição nordestina mostra-se mais forte. Nos dias dos santos, há uma fogueira na
mês de junho em Parintins/AM.
frente de cada casa. Por toda parte organizam-se arraiais e quadrilhas. Encena-se o casamento
caipira, legítimo teatro popular, com suas falas em versos, seus personagens caricatos e seu
humor escrachado em que se disfarça a crítica aos poderes do Estado, da Igreja e dos coronéis.
MARABAIXO
É mais que uma festa, um calendário festivo e religioso criado pelos negros no Amapá. As festas
homenageiam o Divino Espírito Santo e foram trazidas pelos escravos para Macapá no século XVIII,
quando da construção da fortaleza de São José. A tradição, passada aos descendentes, fixou-se na
Vila de Curiaú, a 8 km de Macapá.
DEUS
NA FLORESTA
Durante a gênese cultural da Amazônia, a religião católica foi a dominante, praticamente uma
religião oficial. O catolicismo popular trazido do Nordeste, com seu gosto por grandes festas, procissões, velas acesas, promessas e ex-votos, alcançou grande espaço entre o povo. O calendário é
pontuado pelos santos: padroeiros das cidades, milagrosos, íntimos de seus devotos, eles conquistaram feriados oficiais e longos festejos com caráter oficial. Além dos santos juninos, o povo venera os que lhe socorrem nas aflições: São José, São Sebastião, São Francisco e Maria que, com suas
diversas denominações – de Nazaré, da Glória, da Conceição, das Dores – tornou-se a padroeira de
NA
BATIDA DO TAMBOR
toda a Amazônia.
Mitos e lendas, originados numa relação de mágico encantamento com a natureza, foram aos
poucos sendo banidos pela religião dominante. Algumas vezes, os rituais pagãos da fertilidade ou
SANTOS NATIVOS
dos ciclos da natureza, da colheita e do pescado encostaram-se às festas religiosas e se perpetu-
São mártires das diversas guerras e conflitos ou vítimas de injustiças. São líderes messiânicos,
aram sob a forma de comida, dança e cantos. Os que não foram incorporados como parte de algu-
curadores e até líderes religiosos regulares, que se tornaram venerados como os santos católicos.
A MARUJADA, dança típica
ma tradição religiosa, mesmo minoritária e perseguida como os ritos afro-brasileiros, refugiaram-
Muitos vilarejos veneraram velhos padres católicos que se tornaram líderes espirituais e foram
do Pará, “ao vivo” e em
se nas festas populares.
considerados santos após a morte.
representação pictórica.
Algumas festas e danças típicas da Amazônia têm origem nas tradições e costumes indígenas,
porém apropriados e reinterpretados pelas populações urbanas. Outras remontam à colonização
portuguesa, são mais formais em suas vestimentas e regulamentos, guardam alguns arcaísmos na
língua e na musicalidade, que remontam às tradições ibéricas. No Pará, e sobretudo no Amapá,
sobrevive a tradição dos negros, com fortes laços religiosos. E por toda a parte os nordestinos
deixaram sua marca.
Cavalhada, Festa de São Tiago, Marujada, Boi-Bumbá, são algumas das festas realizadas nos
diferentes cantos da Amazônia. Cada uma com sua história, umas sobrevivem às mudanças do
tempo, outras incorporam as mudanças e se modificam dentro de um processo natural.
Em Parintins, no interior do Amazonas, o boi-bumbá ganhou um desdobramento inusitado,
transformando-se numa atração turística que reúne milhares de pessoas. Nos últimos três dias de
junho, ocorrem as apresentações dos bois que dividem a cidade: o Garantido e o Caprichoso,
ambos fundados em 1913. No ano de 1988, foi construído um “bumbódromo” e a festa ganhou
características de grande espetáculo, semelhante aos desfiles de carnaval no Rio de Janeiro.
122
123
PA R A S A B E R M A I S
O CÍRIO DE NAZARÉ
De todas as manifestações religiosas da Amazônia, a mais antiga e tradicional, e que atrai maior
número de pessoas é a do Círio de Nazaré.
O círio tem origem em 1700. Conta-se que um caboclo chamado Plácido encontrou a imagem
D E S A F I O S PA R A O D E S E N V O LV I M E N T O S U S T E N TÁV E L
da santa às margens do igarapé Murutucu e instalou-a num altar em sua casa. No dia seguinte,
a imagem havia retornado, misteriosamente, às margens do igarapé. Depois disso, até as tentativas do governador de mantê-la no palácio sob severa vigilância foram frustradas: a santa
sempre retornava ao local onde fora encontrada. Ali, construiu-se uma primeira capela e
nasceu a devoção.
O VINHO DOS ESPÍRITOS
Uma religiosidade nova, profundamente identificada com a Amazônia, nasceu em sua porção mais
ocidental. São as doutrinas religiosas da ayahuasca. A palavra é de origem quéchua e significa “vinho
dos espíritos”, uma bebida sagrada usada pelos sacerdotes do império Inca em seus rituais e capaz
de proporcionar visões e uma intensa experiência mística. Feita com um cipó (jagube) e as folhas de
um arbusto da floresta (chacrona), a bebida disseminou-se entre os povos indígenas do Brasil, Peru,
Bolívia, Venezuela e até do Equador. No Brasil, gerou um fenômeno religioso de grandes proporções.
Na convivência com os índios, os seringueiros do Acre aprenderam a preparar a ayahuasca e a
usavam principalmente para curar suas enfermidades. Em 1912, chegou ao Acre um jovem negro
nascido no interior do Maranhão chamado Raimundo Irineu Serra e ele conheceu um pequeno grupo
que se reunia para tomar a ayahuasca com intenção de obter experiências religiosas mais avançadas.
Na floresta, Irineu teve uma visão com a Virgem Maria, que se apresentou como “Rainha da
Floresta” e lhe transmitiu uma doutrina baseada em hinos. Durante várias décadas, o Mestre
Irineu, como passou a ser conhecido, desenvolveu os elementos da doutrina: cânticos, bailado, fardamentos, símbolos, regras de comportamento etc. Fundou uma congregação no lugar conhecido
como Alto Santo, em Rio Branco, e batizou a bebida com o nome de Santo Daime (derivado do pedido feito pelos ayahuasqueiros: dai-me amor, dai-me saúde).
PA R A S A B E R M A I S > Outros dois mestres fundadores do Santo Daime organizaram irmandades e
desenvolveram outras linhas doutrinárias. Em 1960, o baiano José Gabriel da Costa fundou a União do Vegetal,
em Porto Velho, Rondônia. Desses centros originais, a UDV (União do Vegetal) foi o primeiro a ganhar caráter
nacional... e internacional.
As doutrinas da ayahuasca são cristãs, mas trazem evidentes influências culturais de seus fundadores negros e
recuperam aspectos importantes da religiosidade indígena. Constituem-se, assim, numa síntese original das
principais vertentes da cultura amazônica.
A população da Amazônia é hoje majoritariamente urbana. Pouco mais de 20% dela permanecem
na floresta. Essa mudança brusca alterou significativamente as bases culturais, o modo de pensar,
os valores, a relação com a natureza. Muitas das tradições e conhecimentos elaborados em quase
PALAFITAS, exemplo de uma
ocupação desordenada, em
Manaus/AM.
cinco séculos estão hoje desaparecendo ou se modificando.
Nessas cidades, a ruralidade não tem lugar. Os saberes longamente acumulados na floresta são
praticamente esquecidos. Diante da televisão, o contador de “causos” cala sua voz. O artesão fabricante de barcos vende CDs piratas na esquina. O pajé vende picolé na porta da farmácia. A “cidade
velha” é empurrada para a periferia, faveliza-se. Quando muito, é conservada como curiosidade
turística para servir à cidade nova, moderna, extensão da civilização global do consumo. O que
cresce, na cidade amazônica, é o que a assemelha às outras: shopping, supermercado, asfalto.
Trava-se, na Amazônia, a batalha decisiva da identidade.
124
125
A Ç Õ E S PA R A U M F U T U R O S U S T E N TÁV E L
ALGUMAS AÇÕES
MULHERES extrativistas desem-
Projeto Saúde e Alegria – PSA: o programa Mulher Cabola desenvolve-se no baixo Tapajós e
penham importante papel na
economia amazônica, através da
médio Amazonas, oferecendo educação e saúde materna e infantil, educação para a cidadania e
produção de castanha em Rio
geração de renda através de artesanato, recuperação do uso de pigmentos naturais, produção de
Branco/AC.
frutas secas, xaropes, sabão e xampu com materiais locais. Agentes locais multiplicadoras são formadas para garantir a continuidade dos trabalhos. Este programa foi o ganhador do prêmio
Desenvolvimento Sustentável, oferecido pelo Banco Mundial, em junho de 2002.
Natureza – WWF (AM): projeto comunitário de produção sustentável de óleos essenciais e produtos afins das mulheres de Silves. Trabalham mulheres entre 16 e 70 anos, na sua maioria até ali
sem nunca terem exercido atividades profissionais. Estão preparadas profissionalmente para produzir até cinco mil sabonetes/mês.
OAEYRG (Organização de Agricultores e Extrativistas Yawanawa): em parceria com o governo do
Acre, o projeto foi realizado a partir de um evento que teve como objetivo identificar os ricos conhecimentos da arte manifestada através de desenhos e pinturas corporais criados por mulheres e
idosos Yawanawa. Esses desenhos foram transformados em estampas que compõem a grife
Yawanawa, uma linha de ecoprodutos que busca unir a tradição com o design contemporâneo da
moda. São peças exclusivas lançadas no mercado nacional e internacional.
Os saberes tradicionais dos povos amazônicos podem, bem geridos, garantir a continuidade de
sua transmissão, preservando-os, e a garantindo a sustentabilidade de algumas comunidades.
As mulheres da Amazônia têm papel fundamental neste processo. São mulheres de dife-
COOPERATIVA de manufatura de
cupuaçu, no Acre. Nota-se a presença marcante de mulheres na
economia extrativista da Amazônia.
rentes etnias e raças, de diferentes categorias de trabalho – extrativistas, coletoras, quebradeiras de coco-babaçu, pescadoras, artesãs, agricultoras, parteiras, rezadeiras e curandeiras, pesquisadoras – que com suas diversas vivências estão se organizando em associações
e instituições que buscam discutir questões como o Desenvolvimento Humano e Sustentável
na Amazônia.
O artesanato é o grande negócio que pode crescer cada vez mais na região graças às parcerias
que vêm se formando. Grandes empresas de cosméticos estão investindo nas matérias-primas
PA R A S A B E R M A I S
Para saber mais sobre alternativas de sustentabilidade,
mergulhe no Capítulo 8, “Desenvolvimento sustentável”,
Caderno 3.
126
amazônicas, organizações não governamentais (ONGs) também estão estruturando e incentivando cooperativas e o Ministério de Meio Ambiente vem apoiando projetos que visam o desenvolvimento sustentável através do PNF (Programa Nacional de Floresta). Outra parceria que vem
crescendo é a do artesanato com designers. Os produtos resultantes têm alcançado cada vez mais
o interesse do mercado interno e externo.
127
TRABALHANDO COM O TEMA
As atividades sugeridas a se-
S U G E S TÃ O PA S S O A PA S S O
guir estão relacionadas à pro-
> ANTES DE ASSISTIR AO PROGRAMA | SENSIBILIZAÇÃO PARA O TEMA
posta metodológica de educação ambiental apresentada
I M P O R T A N T E > O número de aulas ou encontros necessários para
no caderno 1 do kit. A leitura
o desenvolvimento das etapas propostas no passo a passo dependerá
desse caderno ajudará no
das diferentes realidades e interações com os alunos.
desenvolvimento de um projeto de educação ambiental que
procura considerar, trabalhar e avaliar as particularidades de
P R I M E I R A E TA PA
cada contexto. Questionando o porquê e para que implementar
> Distribua um pouco de argila em cima de uma folha de jor-
uma proposta dessa natureza.
É importante lembrar que as atividades que se seguem são
la, esta atividade pode ser substituída por outra que incentive o con-
Q U A RTA E TA PA
> Relembre com a turma a primeira atividade e faça um para-
tato com alguma matéria-prima (palha, semente, coco e outros) e que
lelo com o programa assistido. Os diferentes fazeres arte-
proporcione aos alunos a experiência concreta de confeccionar um
sanais, a importância da continuidade desses trabalhos, as ori-
objeto e a reflexão sobre este fazer.
gens de cada ofício...
> Proponha a realização de um levantamento de informações
S E G U N D A E TA PA
sobre as produções artesanais existentes na região. Para isto
> Assista o programa com a turma.
terão que coletar informações com parentes e responsáveis na
região. Divida a turma em grupos e tarefas. Cada um irá buscar
nal, para cada aluno, e peça que a amassem bem, sentindo a
T E R C E I R A E TA PA
as informações. Ex: Secretaria de Cultura, prefeitura, ONGs,
textura, a resistência e a temperatura do material.
> Reflexões sobre as imagens e conteúdos do programa.
cooperativas, artesãos.
apenas algumas sugestões possíveis de estruturar o modo
> Incentive os alunos a lembrarem, enquanto amassam a
como trabalhar no cotidiano da sala de aula com esses temas,
argila, de coisas que são produzidas com ela: objetos existentes
LEITURA DE IMAGEM
Q U I N TA E TA PA
aliados a uma prática educacional que valoriza a interdiscipli-
no dia-a-dia de cada um. Que procurem lembrar se já viram
O vídeo de cultura está relacionado com o modo de vida dos ama-
> Quando todos tiverem terminado a pesquisa de campo,
naridade, a transdisciplinaridade e a expressão dos conteúdos
alguma pessoa fabricando algum tipo de cerâmica: como era, o
zônidas e revela um pouquinho dessa diversidade social.
escolha com o grupo algumas das atividades realizadas na
através de diferentes linguagens artísticas.
que produzia, os cuidados necessários...
Para trabalhá-lo com os aluno, é importante contextualizá-lo à reali-
região e organize uma visita ao local ou convide alguém de lá
dade local. Perguntas como: Quais profissões apareceram no vídeo?
para uma demonstração e conversa na escola.
Esperamos que essas sugestões de atividades se somem
ao trabalho já desenvolvido por cada instituição e educador...
que sirva como inspiração para que cada um crie e recrie da
sua forma.
Organizamos as sugestões de duas formas diferentes. A primeira segue passo a passo um processo de trabalho com uma
> Sugira que cada um escolha um desses objetos lembrados
Quais são os materiais utilizados por cada uma delas? Vocês conhe-
> Elabore com a turma um roteiro de perguntas a serem feitas
> Quando todos tiverem terminado e lavado as mãos, abra
cem alguém que exerça alguma delas?, podem ajudar o aluno a pensar
na visita. Peça que procurem contemplar todas as etapas do ofí-
uma roda de conversa, quando cada um irá mostrar o seu obje-
no vídeo e a estabelecer uma relação com sua própria realidade,
cio escolhido, desde a origem até o mercado consumidor. Caso
to e falar um pouco da sua escolha e processo de trabalho: sen-
enriquecendo a utilização do programa.
visitem uma cooperativa, procurem saber como funciona, como
sações, dificuldades, facilidades...
Outra forma de fazer a “leitura de imagem” é relembrar alguns even-
foi criada, quem ajuda e quais as vantagens e dificuldades.
para tentar confeccioná-los com a argila.
proposta determinada, na qual as etapas são cuidadosamente
> Conversem sobre as pessoas que realizam esse tipo de tra-
tos mencionados no programa: Quais festas apareceram no vídeo?
descritas exemplificando um desencadeamento de idéias. A se-
balho. Quem são, onde trabalham, para quem fazem, como
Qual o significado e as origens dessas festas? Alguma delas acontece
S E X TA E TA PA
gunda sugestão indica outras possibilidades de trabalho com o
aprenderam o ofício, quem ensina...
na sua cidade? Quais as que você mais gosta? Vocês conhecem algu-
> Após a visita ao local escolhido, converse com a turma
tema que podem complementar a proposta principal, substitui-la ou somente provocar novas idéias nos professores.
128
D I C A > Caso a sua escola não tenha possibilidade de conseguir argi-
ma outra festa que não foi representada no programa? Qual?
sobre as impressões de cada um e as respostas dadas às perguntas elaboradas por eles.
129
BIBLIOGRAFIA
> Organize com turma a visita do artesão à sua escola.
Decidam quem será convidado para participar do evento.
Confeccionem cartazes e convites para divulgar o encontro.
> Elaborar um livro de culinária da região, utilizando as receitas das famílias dos alunos.
> Confeccionar um calendário das festas amazônicas.
BENCHIMOL, Samuel. Amazônia: formação social e cultural, Manaus: Valer / Universidade do Amazonas, 1999.
CUNHA, Manuela C. e ALMEIDA, Mauro B. (orgs.). Enciclopédia da floresta – O Alto Juruá: práticas e conhecimentos das populações, São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
FRIKEL, Protásio. “Fases culturais e aculturação no Tumucumaque”, Belém: Boletim do Museu Paraense Emílio
> Crie uma pequena “comissão” de alunos, a qual deverá ir de
> Organizar um troca-troca de brincadeiras e jogos. Cada
sala em sala, explicando o evento e entregando o convite para
aluno ensinará para a turma uma brincadeira que aprendeu
as turmas.
com a sua família.
FRÓES, Vera. História do povo Juramidam. A cultura do Santo Daime, Manaus: Suframa, 1986.
> Pesquisar as danças folclóricas regionais e organizar um
O Livro da Árvores. Jussara Gomes Gruber (org.). Organização Geral dos Professores Ticuna Bilíngües,
S É T I M A E TA PA
festival de dança.
Goeldi, 1961.
Benjamin Constant, 1997
> Crie com a turma, para afixar na escola, um cartaz com o
resultado da pesquisa de campo realizada pelos alunos – o le-
I M P O R T A N T E > As atividades práticas/teóricas e a proposta
vantamento das produções artesanais existentes na região.
pedagógica sugeridas nesse capítulo mesclam conteúdos de diferentes
O título do cartaz pode ser algo como: Conheça algumas ativi-
disciplinas. Elas podem fazer parte de um projeto integrado, quando
dades artesanais de nossa região.
cada educador desenvolve suas especificidades ou ser desenvolvidas
por um único educador.
O I TAVA E TA PA
É importante elaborar um projeto de trabalho que estabeleça metas e
> A visita do artesão. Procure deixar o convidado à vontade e
objetivos, criando um encadeamento das atividades, passo a passo,
faça com que aproveitem bem a oportunidade para vivenciar
mesmo que durante o trabalho ele seja alterado. A intenção e o profunda-
atroca de saberes tradicionais dentro da escola.
mento do trabalho dependerá das prioridades e necessidades do grupo.
Outras sugestões:
> Provocar nos alunos a reflexão sobre os diferentes olhares
Esteja aberto para as propostas e demandas dos alunos, todo planejamento pode e deve ser revisto e avaliado.
e visões de mundo que passaram pela Amazônia. Como cada
forma de olhar a região produziu uma cultura diferente.
> Dividir a turma em grupos e pedir para cada um confeccionar uma miniatura de um tipo de moradia encontrada na
Amazônia.
> Procurar saber se existe algum santo nativo na região e
pesquisar a sua história.
130
131
CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS
CRÉDITOS ICONOGRÁFICOS
pp. 6, 34, 60, 95, 122, 125 | Juca Martins
p. 76 | BONNE, Rigobert (1727-1794) e RAYNAL, abbé (1713-1790). Carte de la Partie Septentrional du Brasil par
Rigobert Bonne, Geneve, 1780, mapa aquarelado, 21 x 31,9 cm. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
pp. 8, 30, 36, 56, 59, 64, 65, 69, 99 | Acervo Eletronorte
p. 80 | HONDIUS, Jodocus (1563-1612). Niewe caerte van het Wonderbaer ende Sondrjcke landt Guiana, Amsterdam,
1598, gravura em metal aquarelado, 37 x 52 cm. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
pp. 15, 26, 37, 61, 126, 127 | Ricardo Azoury
p. 19 | Raiz Savaget
pp. 32, 33 | Fabio Colombini
pp. 33, 43 | Wagner Santos
pp. 35, 37, 62, 64, 68, 69 | Luiz Garrido
p. 39 | Werner Rudhart
pp. 37, 94 | Cynthia Brito
p. 40 | Samuel Iavelberg
pp. 52, 66, 117 | Leonide Principe
pp. 60 | Fabio Bonotti, Nair Benedicto
p. 93 | Nair Benedicto
pp. 112, 113 | Werner Rudhart
p. 113, 67 | Delfim Martins
p. 114 | Araquém Alcântara, César Barreto
p. 81 | Museu de Ciências Naturais da PUC Minas
p. 82 | THEVET, André. As Amazonas, gravura, in La singularitez de la France Antartique autrement nommée Amerique:
et plusiers terres et illes decouvertes de notre temps. Paris, Maurice de la Porte, 1557. Fundação Biblioteca
Nacional, Rio de Janeiro
p. 83 | FREIRE, José Joaquim. Forte São José de Marabitanas, aquarela, in FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Viagem
filosófica pelas capitanias do Grão Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá 1783-1792. Fundação Biblioteca Nacional,
Rio de Janeiro
CODINA, Joaquim José. Prospecto da Fortaleza de São Joaquim, Rio Branco, 1783, aquarela, in FERREIRA,
Alexandre Rodrigues. Viagem filosófica pelas capitanias do Grão Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá 17831792. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
p. 84 | Índios Caiapó civilizados no Pará, in LANGE, Algot. The lower Amazon: a narrative of explorations in the little known regions of the state of Pará, on the lower Amazon / with a record of archaeological excavations on
Marajó Island at the mouth of the Amazon River, and observations on the general resources of the county, by
Algot Lange... with an introduction by Frederick S. Dellenbaugh; with 109 illustrations and 6 maps, New York;
London: G.P. Putnam’s Sons, 1914. Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo
p. 85 | Tratado de limites das conquistas entre os muito altos e poderosos senhores D. João V, rey de Portugal
e D. Fernando VI, rey de Espanha, pelo qual [foi] abolida a demarcação da linha meridiana ajustada no tratado
de Tordesilhas de 7 de junho de 1494, se determina de huma e outra corôa na América Meridional...assinado em
Madrid a 13 de janeiro de 1750. Lisboa, na Officina de Joseph da Costa Coimbra, 1750, 24 cm. Fundação
Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
p. 115 | Marco Antônio Fontes
p. 86 | Anônimo, Praça da República, Belém, c. 1910. Coleção Gilberto Ferrez, Acervo Instituto Moreira Salles.
p. 118 | Mônica Barroso | Amazonia.org.br
p. 87 | HUEBNER, George. Panorama da cidade de Manaus, c.1890. Acervo Instituto Moreira Salles
p. 121 | César Barreto
p. 88 | GAUTHEROT, Marcel. Preparação do látex. Acervo Instituto Moreira Salles
p. 89 | Anúncio de Casa Aviadora e de Comissões Ferreira Penna e Cia, in Almanach Administrativo, histórico e
mercantil da Província do Amazonas, Manaus, 1884, p.12. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
BANCOS DE IMAGEM UTILIZADOS
OLHAR IMAGEM | www.olharimagem.com.br
PULSAR IMAGENS | www.pulsarimagens.com.br
KINO FOTOARQUIVO | www.kino.com.br
Anúncio da Casa de Comissões Souza Pinheiro e Cia, in Almanach Administrativo, histórico e mercantil da
Província do Amazonas, Manaus, 1884, p.22. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
p. 90 | Anúncio de G.R. Nealon, agentes de consignação, in Amazonida: atualidades, Manaus, maio 1942, ano VII,
n. 63, p. 9 e 10. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
Anúncio da Casa de Comissão Ezagui, Irmão e Cia e anúncio dos concessionários Frigidaire na Amazônia, in
Amazonida: atualidades, Manaus, maio 1942, ano VII, n. 63, p.11. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
p. 91 | CHABLOZ, Jean Pierre. Vida nova na Amazônia, 1943. Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará
CHABLOZ, Jean Pierre. Mais borracha para a vitória, s.d. Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará
CHABLOZ, Jean Pierre. Vai também para a Amazônia protegido pelo SEMTA, s.d. Museu de Arte da Universidade
Federal do Ceará
Soldados da borracha. Acervo Jean Pierre Chabloz, Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará
p. 92 | Soldados da borracha. Acervo Jean Pierre Chabloz, Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará
p. 104 | BIAR, François Auguste. Os índios da Amazônia adorando o deus Sol, óleo sobre tela, 90,2 x 116,8 cm.
Coleção Brasiliana Fundação Estudar, São Paulo
p. 108 | Fronstispício, in FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Viagem filosófica pelas capitanias do Grão Pará, Rio Negro,
Mato Grosso e Cuiabá 1783-1792. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
p. 109 | FRISCH, August. Rio Japurá, c.1865. Coleção Gilberto Ferrez, Acervo Instituto Moreira Salles
p. 111 | Família de caboclos em frente à casa com telhado de palha, in LANGE, Algot. The lower Amazon: a narrative of explorations in the little known regions of the state of Pará, on the lower Amazon / with a record of archaeological excavations on Marajó Island at the mouth of the Amazon River, and observations on the general resources
of the county, by Algot Lange... with an introduction by Frederick S. Dellenbaugh; with 109 illustrations and 6
maps, New York; London: G.P. Putnam’s Sons, 1914. Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo
p. 112 | GAUTHEROT, Marcel. Lago Janauacá, Manaus, AM, c.1944-47. Acervo Instituto Moreira Salles
p. 114, 121 | Museu Paraense Emílio Goeldi
p. 120 | Carlos Albino Santana - Ticuna; Cidberght Custódio Marques - Ticuna
p. 121 | Paulo Felipe Macário Olímpio -Ticuna; Xisto Batista Muratú - Ticuna
FICHA TÉCNICA
COORDENAÇÃO DE CONTEÚDO
Taiamã Consultoria Ambiental Ltda. - Marcia Panno
CONSULTORIA ESPECIALIZADA
Adriana Rodrigues | Música
Ana Luisa Albernaz | Ecologia dos Ecossistemas
Antonio Oviedo | Águas
Daniel Buss | Educação
Guido Gelli | Amazônia Urbana
Helena Jacobina Campos | Educação
João Meirelles | Geografia / Desenvolvimento Sustentável
Luis Menezes | Águas
Marcelo Piedrafita | Povos Indígenas
Marcos Nogueira | Música
Marcos Vinicius Simplicio das Neves | História
Mary Helena Allegretti | Comunidades Tradicionais / Áreas Legalmente Protegidas / Economia
Toinho Alves | Cultura
CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE
Vilma Guimarães e Sílvia Finguerut
COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO
Sílvia Finguerut
REDAÇÃO E METODOLOGIA DO CADERNO DO PROFESSOR
Ricardo Pontes
Daniel Buss | Consultor de Educação e Meio Ambiente
Helena Jacobina Campos | Consultora de Educação
PROJETO EDITORIAL E EDIÇÃO DE IMAGENS
19 Design | Heloisa Faria
PROJETO GRÁFICO E IDENTIDADE VISUAL
19 Design | Heloisa Faria
Elisa Janowitzer, Hugo Rafael, Claudia Berger
REVISÃO FINAL
Sonia Cardoso
PESQUISA ICONOGRÁFICA
19 design
Fernanda Carvalho | Capítulos 4 e 5
IMPRESSÃO
Ipsis Gráfica e Editora
Este Caderno faz parte do Kit do Projeto Tom da Amazônia, desenvolvido em conjunto por Fundação Roberto
Marinho, Instituto Antonio Carlos Jobim, Furnas Centrais Elétricas, Eletronorte e Eletrobrás.
Fundação Roberto Marinho
Rua Santa Alexandrina 336/1º andar 20261-232 Rio Comprido Rio de Janeiro RJ
Tel (21) 3232-8800 Fax (21) 3232-8973
Informações: Central de Atendimento ao Telespectador Tel (21) 2502-3233
[email protected]
www.tomdaamazonia.org.br

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