6. O Diagnóstico Rápido Participativo 6.1

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6. O Diagnóstico Rápido Participativo 6.1
6. O Diagnóstico Rápido Participativo 6.1 Aspectos teóricos O Diagnóstico Rápido Participativo – DRP é uma metodologia que permite o levantamento de informações e conhecimentos da realidade da comunidade ou instituições, a partir do ponto de vista de seus membros. Promove a mobilização dos interessados em torno da reflexão sobre a situação atual e a visualização de cenários futuros. O DRP é aberto à participação, criando a oportunidade da vivência democrática, isto é, produzindo conhecimento coletivamente e criando opções para as decisões coletivas. A metodologia permite o envolvimento as pessoas e instituições não apenas como fonte das informações, mas como agentes da pesquisa. Isso lhe confere um caráter de mobilização que é fundamental para quem deseja conhecer a realidade com vistas a elaborar um programa de ação. O diagnóstico participativo se vale de diferentes fontes de informação e métodos de pesquisa, aliando dados secundários e primários na construção de um retrato atualizado da realidade. 6.2 Metodologia do Diagnóstico Participativo da bacia hidrográfica do rio Sesmaria O diagnóstico participativo da bacia hidrográfica do rio Sesmaria, que teve como referência metodológica principal o DRP, propiciou a mobilização das comunidades e instituições em torno dos objetivos e das ações do projeto como um todo, além do levantamento de dados e percepções. O DRP aconteceu em cinco etapas. A primeira etapa, destinada à sensibilização, realizou os dois encontros de apresentação da metodologia do diagnóstico participativo, em Resende e São José do Barreiro, com o objetivo principal de apresentar o projeto e, mais detalhadamente, o processo do diagnóstico participativo para os diferentes atores sociais, instituições públicas, privadas e comunitárias, que tinham potencial de contribuir 6 O Diagnóstico Rápido Participativo 2 direta ou indiretamente com o projeto. Nestes encontros, foram indicados os representantes de órgãos públicos e instituições comunitárias, que constituíram as equipes de apoio ao diagnóstico. A segunda etapa foi destinada para que a equipe da Crescente Fértil realizasse o planejamento do diagnóstico, definindo o roteiro e o cronograma das reuniões e entrevistas com informantes-­‐chave. O roteiro é a listagem detalhada os temas abordados nas reuniões e entrevistas. Ele orientou os entrevistadores para a garantia do foco na informação que se desejava levantar no diagnóstico da bacia hidrográfica do rio Sesmaria. Ao final desta etapa, foram realizadas duas reuniões com as equipes de apoio do diagnóstico, em Resende e Formoso, para apresentar o planejamento e ajustar o cronograma, garantindo que as pessoas das equipes ajudassem na mobilização dos moradores para as reuniões. Na terceira etapa, foram realizadas todas as reuniões (entrevistas semiestruturadas do DRP) e entrevistas com informantes-­‐chave para o levantamento das percepções e informações. Estas reuniões utilizaram as técnicas do DRP: mapa, linha do tempo, história oral, diagrama de bolas, matriz de produção, travessia e Fofa. Esta etapa aconteceu no mês de outubro de 2012, entre os dias 10 e 18, de forma intensiva nos dois municípios, realizando um total de dezoito reuniões, com a participação direta de 194 pessoas (78 em Resende e 116 em São José do Barreiro). Nesta etapa, também foram aplicados questionários com os participantes das reuniões, com o objetivo de complementar o diagnóstico participativo. Na quarta etapa, a equipe da Crescente Fértil dedicou-­‐se à relatoria e sistematização das informações levantadas para a devolução dos resultados aos representantes dos produtores, moradores e órgãos públicos, que foram realizados em Resende e Formoso, nos dias 5 e 6 de fevereiro de 2013. Nestes encontros, os participantes realizaram a validação e ajustes no diagnóstico. A quinta e última etapa consistiu na elaboração do relatório final do diagnóstico participativo. É importante lembrar que o levantamento dos dados secundários também foi realizado nesta etapa, sendo um documento constituinte do diagnóstico socioeconômico da bacia hidrográfica do rio Sesmaria. 6 O Diagnóstico Rápido Participativo 3 6.3 Contribuições do DRP ao diagnóstico da bacia do rio Sesmaria As reuniões do diagnóstico participativo permitiram a construção de um cenário abrangente sobre os principais problemas e os potenciais para a construção de diretrizes para a recuperação ambiental da bacia. Uma primeira constatação deste diagnóstico está relacionada às condições ambientais da bacia hidrográfica, que segundo os entrevistados, o rio Sesmaria, encontra-­‐
se poluído por esgotos domiciliares e de currais, também por lixo e carcaças de animais abatidos, assoreado, com diminuição do volume de água, sem matas ciliares e com nascentes desprotegidas. Eles informam que, apesar do rio estar preservado em alguns pontos, principalmente mais próximo à sua nascente, ele encontra-­‐se degradado na maior parte de sua extensão. No que diz respeito às enchentes do rio, o diagnóstico indica que a percepção dos moradores e instituições levanta mais dúvidas do que certezas. Ficou evidente que falta uma compreensão mais abrangente relação às causas e soluções para este problema, pois ficou explicitada a falta de consenso sobre as soluções técnicas mais adequadas e as atribuições dos órgãos de diferentes entes federativos. Os moradores e técnicos entrevistados da região urbana de Resende, que é a mais afetada pelas enchentes, indicam que a dragagem do leito e a limpeza das margens do rio seriam a soluções viáveis. A realização de um estudo hidrológico da bacia e a construção de barragens, ao longo do rio, surgiu como propostas técnicas possíveis. Sobre a percepção em relação à biodiversidade existente na bacia, ficou evidenciada a preocupação em relação grande extensão de pastagens e a ocorrência de erosão do solo, além da existência de poucas áreas de matas. Em relação à fauna, destacam que a quantidade de animais e aves tem aumentado, porém a quantidade de peixes diminuiu. Em relação às atividades econômicas, o diagnóstico confirmou um processo de transição das atividades produtivas, com o declínio da pecuária leiteira e sua substituição para a pecuária de corte, principalmente em Resende. Apesar desta constatação, observa-­‐se um interesse dos produtores para a mudança do sistema de produção da pecuária de leite no sentido da sua modernização. Segundo relatos, o cultivo do eucalipto 6 O Diagnóstico Rápido Participativo 4 tem aumentado, mas ainda não é expressivo economicamente, mas visto como uma alternativa possível. Os entrevistados indicam que o turismo e a produção agropecuária associada a este setor tem potencial para ser explorado, mas ainda necessita de planejamento e capacitação. Há uma preocupação muito grande em relação ao êxodo rural, principalmente em relação à saída das jovens e o seu desinteresse em trabalhar com atividades agropecuárias. Também, destacam a necessidade de dar visibilidade e apoiar as atividades econômicas das mulheres. No que diz respeito à percepção da população em relação aos órgãos públicos e entidades, o diagnóstico explicitou a constatação da inexistência de uma ação integrada entre eles, aliado ao fato de que estas instituições não têm a bacia hidrográfica como o foco para o planejamento de suas ações. O diagnóstico também deu visibilidade para o ponto de vista dos produtores rurais e moradores sobre as diretrizes para a recuperação ambiental da bacia hidrográfica. Eles indicam ações relacionadas à educação ambiental nas escolas e para a população em geral, sobretudo produtores rurais e moradores ribeirinhos na área urbana. O fomento e assistência técnica para a produção agropecuária é uma prioridade, sobretudo para a modernização da pecuária de leite. Destacam também a importância da elaboração de uma estratégia para o desenvolvimento do turismo. Deram uma ênfase especial para formulação de ações voltadas para as atividades econômicas das mulheres rurais e para o estímulo para a permanência das crianças e jovens na área rural. Sugerem também, apoio e orientação aos produtores rurais para preservação de nascentes, adoção de práticas de conservação do solo e para a construção de fossas sépticas. Em relação à infraestrutura, demandam por maior conservação das estradas e pela construção de estação de tratamento de esgoto em Formoso. Como já mencionado, a dragagem do leito e limpeza das margens do rio, na região urbana de Resende, é uma prioridade. Por fim, os entrevistados destacam a importância de se estimar a ação integrada entre os órgãos públicos e entidades que atuam na bacia, através da elaboração do plano integrado de recursos hídricos. 6 O Diagnóstico Rápido Participativo 5 Confecção do mapa Participantes da Linha do Tempo Sr. Sebastião, morador da região do Estalo Alunos da E. M. Francisco Tavares Rezende Montagem da Linha do Tempo Participantes da Linha do Tempo em Formoso 6 O Diagnóstico Rápido Participativo Lanche na capela de São Pedro do Estalo Participantes do Diagrama de Bolas -­‐ Formoso Explicação da dinâmica do Diagrama Mapa – região do Rio do Feio, Estrada do Campinho e Pinheirinho Aplicação do Diagrama de Bolas na Biblioteca Municipal de Resende Mulheres confeccionando o Mapa da região do Estalo 6 6 O Diagnóstico Rápido Participativo Participantes da dinâmica do Mapa, região de Formoso Estudantes da Escola Municipal Prof. Ademar Campos Matriz Fofa -­‐ Turismo 7 Participantes da Matriz de Produção em Formoso – São José do Barreiro Grupo de meninas da E.M. Prof. Ademar Campos Matriz de produção – comunidade do Sertãozinho 6 O Diagnóstico Rápido Participativo 8 Matriz Fofa – Setor do Turismo de Formoso 

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