Jovens participaram da Conferência da Juventude
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Jovens participaram da Conferência da Juventude
ANO 3 - Nº 31 • Edição Mensal - Novembro/2015 O Jornal de Santa Rosa de Lima - A Capital da Agroecologia. Jovens participaram da Conferência da Juventude Território Rural Serra Mar Pág. 2 2 Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio TERRITÓRIO Onde anda a Juventude Rural Serra Mar Com o objetivo de reconhecer e potencializar as formas de expressão juvenil, combater o preconceito e subsidiar a elaboração do Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural, foi realizada em Santa Rosa de Lima, no último dia 10 de outubro, a Conferência de Juventude do Território Rural Serra Mar. Igualdade e Diversidade; Educação; Território e Mobilidade; Segurança e Paz; Saúde; Direito a Comunicação; Meio Ambiente; Cultura; Trabalho; Esporte e Lazer; e Participação foram os temas de debate. Cerca de trinta jovens participaram do evento. nos de 30 jovens. Duas dezenas deles de Santa Rosa de Lima, a maioria estudantes do Curso de Licenciatura em Educação do Campo (UFSC), uma dezena de jovens do município de Rio Fortuna, um jovem de Anitápolis (também estudante da EduCampo), outro de Braço do Norte e outro ainda de Curitibanos. O público se completava com a mesa de autoridades. Público na Conferência. Mudar o território; rejuvenescer os Encantos A manhã foi preenchida com recepção e credenciamento, solenidade de abertura e a palestra “As várias formas de mudar o Território”, proferida por Marta Régis Fogaça, gestora de turismo da Instância de Governança Encantos do Sul e gerente do Núcleo de Turismo e Desenvolvimento da ADRAM/Regional Encantos do Sul. Marta falou das inúmeras oportunidades disponíveis no território e ressaltou que “as mudanças devem partir daqui, deste território, a partir de cada um. Temos que nos sentir pertencentes, fazermos juntos e que sejamos a mudança que nós queremos do mundo”. Após uma roda de conversa, foi servido o almoço colonial. Depois da pausa para descanso, a tarde foi dedicada às discussões dos eixos temáticos e a elaboração das propostas. Embora o número de jovens tenha sido pequeno, o nível das propostas reflete a qualidade dos debates. A partir de onze eixos foram apresentadas 68 propostas (ver página ao lado) que servirão de base para a elaboração do Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural que será lançado pela presidenta Dilma, em 2016. As propostas foram levadas à Conferência Estadual, realizada em Lages, no dia 30, 31 outubro e 1º de novembro. Foram eleitos delegados titulares para representar o Território Rural Serra Mar os jovens Júnior Alberton e Kelli Buss e delegados suplentes, Halethéa Zacanini e Antony Josué Corrêa. Empoderar a juventude Finalizado o evento, a palestrante Marta Regis falou à reportagem sobre a Conferência. Para ela, foi uma oportunidade para: “trazer à tona os anseios dos jovens e posicioná-los no Plano Nacional de Juventude. Além disso, valorizar nossos potenciais e, principalmente, empoderar estes jovens que querem resultados imediatos. Seus pleitos são para agora. Cabe a nós, caminharmos com eles e vermos como realmente podemos ajudar”. Os jovens estão sozinhos Marta lamenta o número pequeno de jovens participantes e pondera, “com isso, vê-se que prefeituras ou entidades..., que ninguém está envolvido com os jovens. Os jovens estão sozinhos”. Por outro lado, “diante do todo”, continua, “a conferência acontecer aqui dentro do Território está ótimo. Em Santa Catarina poucos territórios a fizeram”. Mais de trinta municípios, menos de 30 jovens Na avaliação dos organizadores a participação de jovens e lideranças foi bem abaixo da expectativa. Dos 34 municípios que compõem o Território Rural Serra Mar, do Litoral até as Encostas da Serra Geral, participaram do evento pouco me- Os jovens necessitam de apoio Luciano Philippi, um dos responsáveis diretos pela organização da Conferência, falou à reportagem d’O Ronco do Bugio e fez um balanço da Conferência. “A baixa participação dos jovens se dá porque eles não sabem ainda a importância dessas atividades para a construção de políticas públicas”. Para Luciano, a sociedade também embaraça “com ferramentas de anti valores, como por exemplo a mídia, que só passa o que é ruim e vai gerando uma apatia e descrença das coisas. Os jovens são atingidos de forma direta pela sociedade de consumo e quem trabalha com estas perspectivas precisa que os jovens não apareçam, assim continuam sendo massa de manobras. Eles mantêm os jovens invisíveis para a sociedade”. Luciano defende que os jovens necessitam de muito apoio, “eles precisam orientação para acreditar nos valores e ter esperança de um mundo melhor”. O bom, o belo e o justo Luciano destaca que os jovens que participaram da conferência “foram educados de um outro jeito. Aproveitam oportunidades como o Cedejor, a EduCampo, a Acolhida, a Agreco. E nós, juntamente com estes jovens, estamos fazendo nossa parte na construção do Plano Nacional da Juventude e Sucessão Rural. Este plano será apresentado pela presidente Dilma Rousseff em 2016”. Luciano conclui, “isto é Cidadania. Gerar esperança para os jovens e educá-los para o desenvolvimento de valores e virtudes, o bom, o belo e o justo”. Os jovens não sabem a importância Leandro Assing, jovem, estudante do EduCampo e membro da comissão organizadora da Conferência, também concedeu entrevista ao Ronco e avalia os resultados. “A participação não foi de forma expressiva, muito pelo contrário, tivemos poucos jovens envolvidos. Mas não foi por falta de convite. Passamos convidando nas turmas do Ensino Médio, divulgamos nas rádios, jornais, internet, facebook, email, WhatsApp. Convidamos diversas entidades do território, prefeituras, secretarias de juventudes, Epagri, Amurel. A divulgação foi feita de forma bastante ampla, no entanto não tivemos a participação que esperávamos. O jovem compactua a mesma opinião dos organizadores. “Penso que os jovens do nosso território não possuem o conhecimento e discernimento do quanto eventos desse porte são importantes para a vida deles”. Leandro pondera que os jovens não têm interesse em participar porque “moram numa região muito privilegiada”. “Temos acesso a muitas coisas sem precisar “brigar” por isso. Vivemos em um território bastante evoluído social e economicamente, diferentes de outros lugares do Brasil, onde os jovens precisam ir às ruas para conseguir direitos, benefícios que nós temos facilmente aqui”. Tem muita coisa boa Para o jovem, as palestras foram “bem interessantes”. “Vimos como o nosso território é rico em cultura, belezas naturais, turismo, infraestrutura e desenvolvimento. Uma região onde se encontra tudo que se precisa, seja para viver, trabalhar ou descansar. Nos fez refletir sobre a região e nos ensinaram a valorizar o que temos por perto. Afinal, tem muita coisa boa acontecendo que não conseguimos enxergar”. Temos que construir nosso futuro Na opinião de Leandro, “o ponto mais forte” da Conferência foi o debate e a elaboração das propostas. “Foi uma tarde bastante produtiva, que se estendeu mais que o programado. A intenção era finalizar às três da tarde, mas os debates estavam tão ricos que esticamos até às cinco”. O jovem cita uma frase, dita na Conferência pelo Secretário Municipal de Juventude Joel Vandresen, que lhe chamou atenção, “Sempre falam que a juventude é o futuro. A Juventude não é o futuro, é o presente”, e com isso completa, “não podemos deixar que outros decidam o que é melhor para nós. Sabemos o que precisamos e o que queremos e devemos lutar para que sejamos ouvidos”. Para Leandro é fácil dizer que os jovens são o futuro. “Mas quando será esse futuro? Por isso precisamos aproveitar as oportunidades que temos hoje e construirmos nosso futuro”. Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio Eixos de debate e propostas I EIXO: DIREITO À CIDADANIA, À PARTICIPAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA E À REPRESENTAÇÃO JUVENIL 1- Promover que cada município tenha uma secretaria da juventude e um conselho de juventude e dotação orçamentária própria; 2- Incentivar a participação juvenil na representação política brasileira, seja a nível municipal, estadual ou federal; 3- Promover seminários com os prefeitos das Secretarias de Desenvolvimento Regional – SDR, com objetivo de apresentar a eles as demandas e propostas da juventude; 4- Criação de um fundo municipal para as Secretarias de Juventude; 5- Facilitar o acesso dos jovens às políticas públicas, como moradia, educação, saúde, lazer, cultura, geração de trabalho e renda, crédito e Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER. II EIXO: DIREITO À EDUCAÇÃO 1- Fortalecimento da Pedagogia da Alternância como proposta para a Educação; 2- Potencializar estratégias de formação de nível médio, pós-médio e técnico para os jovens; 3- Repensar o currículo da educação para atender as necessidades e demandas dos jovens de municípios rurais; 4- Fortalecer e ampliar as EFA (Escola Família Agrícola) para todos os municípios; 5- Levar o conhecimento acerca da Educação do Campo à população nacional; 6- Fortalecer e criar cursos voltados à realidade da região nos Centros de Educação Profissional (CEDUP); 7- Ampliar e fortalecer a formação de professores tendo em vista a Educação do Campo nas escolas; 8- Implantar a Educação do Campo em todas as escolas dos territórios rurais; 9- Garantir, na alimentação escolar, os 30% provenientes da agricultura familiar e ampliar o exigido em lei a participação dos municípios e estados. III EIXO: DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO, AO TRABALHO E À RENDA 1- Fortalecer os mercados institucionais e retomar urgentemente o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, na modalidade Doação Simultânea, com foco na agricultura familiar, povos tradicionais e quilombolas. E ampliar os valores por Declaração de Aptidão ao Pronaf – DAP. Estimulando a juventude na produção de alimentos e a sucessão rural; 2- Permitir que cada território (dos 239 registrados e reconhecidos no Brasil) possua uma chamada pública de Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER, focado no trabalho com a juventude; 3- Fortalecer o Pronaf Jovem; 4- Realizar o zoneamento regional a fim de facilitar o acesso ao crédito fundiário; 5- Ampliar e permitir o acesso à realização de cursos, como o Pronatec e Pronacampo, voltados à Agricultura Familiar para os territórios e gerenciados pelas organizações (associações, cooperativas, etc.) da Agricultura Familiar; 6- Criação de cursos de capacitação como, por exemplo, nota fiscal eletrônica, a fim de permitir maior domínio dos recursos tecnológicos e facilitar a vida dos agricultores, em especial, dos jovens agricultores. IV EIXO: DIREITO À DIVERSIDADE E À IGUALDADE 1- Promover intercâmbios entre os povos e comunidades tradicionais com a finalidade de troca de experiências e vivências; 2- Construção e divulgação de materiais audiovisuais sobre as diversidades dos territórios e regiões, a fim de promover o turismo e a valorização dos povos, das culturas, etc.; 3- Promover acampamentos de juventude buscando a interação, o conhecimento e o respeito as diversidades (cultural, dos povos, etc.) dos territórios; 4- Promover campanhas, a nível nacional, contra o preconceito e a discriminação de negros, índios, LGBTTI e demais. V EIXO: DIREITO À SAÚDE 1- Incluir temas como: consumo de álcool, tabaco e outras drogas; e a saúde sexual e reprodutiva, nos planos e projetos de educação nas escolas; 2- Ampliar e promover parcerias com as unidades de saúde, em especial a Estratégia Saúde da Família – ESF, para a continuação do programa Saúde na Escola; 3- Realizar campanhas nacionais de conscientização e prevenção das doenças, voltadas ao cuidado com o corpo; 4- Desenvolver projetos nas escolas e universidades de regaste dos saberes populares, em especial das plantas medicinais; 5- Promover estratégias para combater o uso a curto, médio e longo prazo dos agrotóxicos; 6- Fortalecer nas escolas o consumo saudável (sabor e saber); 7- Implantar projetos e programas que possibilitem o regaste dos conhecimentos e da produção própria de sementes e alimentos da Agricultura Familiar. VI EIXO: DIREITO À CULTURA 1- Promover e apoiar os grupos de danças tradicionais; 2- Levar o cinema ao campo para todos os municípios do Brasil; 3- Promover pontos de cultura nos municípios; 4- Implantar museus e casas de cultura nos municípios; 5- Estimular a criação de grupos de artesanatos, a fim de preservar os conhecimentos sobre os trabalhos manuais locais, regionais, territoriais; 6- Ampliar programas de incentivo à leitura, como as bibliotecas itinerantes nos municípios; 7- Oportunizar, aos jovens, aulas de teatro, cursos de danças e opções de lazer. VII EIXO: DIREITO À COMUNICAÇÃO E À LIBERDADE DE EXPRESSÃO 1- Fornecer a todos os municípios do território nacional acesso à internet e telefonia móvel; 2- Incentivar e promover programas voltados à juventude nas rádios comunitárias das cidades; 3- Implantar cursos e salas de informática nos municípios a fim de permitir o acesso à tecnologia, aos jovens e a população; 4- Elaborar vídeos sobre diversos temas envolvendo os territórios rurais existentes no Brasil; 5- Incentivar e divulgar os municípios com potenciais, a nível nacional, com espaços para realização de filmagens de televisão, filmes, propagandas, entre outros; 6- Garantir a neutralidade da rede (internet); a liberdade de expressão; e o combate ao discurso de ódio no ambiente virtual. VIII EIXO: DIREITO AO DESPORTO E AO LAZER 1- Fornecer suporte, estruturas e equipamentos as escolas, a fim de promover os diferentes esportes e a atividade física; 2- Oportunizar aos profissionais que orientem a população à prática de esportes e demais atividades físicas; 3- Apoiar a nível municipal, estadual e federal, as práticas esportivas existentes no país; 4- Promover Políticas Públicas apoiem as atividades de lazer público, como shows, festivais, campeonatos, entre outros. Diretor: Sebastião Vanderlinde Diretora: Mariza Vandresen Estrada Geral Águas Mornas, s/n. CEP 88763-000 Santa Rosa de Lima - SC. Redação: (48) 9621-5497 Comercial: (48) 9944-6161 E-mail: [email protected] IX EIXO: DIREITO À SUSTENTABILIDADE E AO MEIO AMBIENTE 1- Promover campanhas a fim de conscientizar a população sobre a importância de separar os resíduos sólidos. E realizar a instalação de lixeiras identificativas nos municípios; 2- Implantar política reversa (logística reversa) nas empresas; 3- Desenvolver programas e projetos de incentivo as energias renováveis no Brasil; 4- Criar, incentivar e implantar programas de preservação do conhecimento em relação a agrobiodiversidade das sementes crioulas no Brasil; 5- Incentivar e implantar nos municípios o paisagismo produtivo e a viveiragem, a fim de promover o embelezamento e a sustentabilidade; 6- Promover o turismo agroecológico integrado no território; 7- Implantar formas de pagamento pelos serviços ambientais promovidos pelos agricultores familiares que cumprirem com as regras de preservação do novo Código Florestal Brasileiro. X EIXO: DIREITO AO TERRITÓRIO E À MOBILIDADE 1- Proporcionar a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação – CNH, aos 16 anos de idade, válida por 2 anos. Após completar 18 anos de idade, com histórico que comprove e garanta a boa conduta, seja possível obter a CNH definitiva. 2- Criar os Comitês Territoriais de Juventude, nos Colegiados de Desenvolvimento Territoriais. 3- Promover programas de parcerias entre os poderes públicos municipais e estaduais, a fim de garantir a infraestrutura das malhas viárias municipais e estaduais; 4- Criar espaços de passeios públicos (calçadas) e ciclovias nas ligações intermunicipais; 5- Realizar a sinalização informativa nos municípios; 6- Garantir acessibilidade aos diferentes espaços; 7- Promover programas de consórcios entre municípios, a fim de diminuir os custos com pavimentações asfálticas; 8- Permitir o acesso as Políticas Públicas voltadas à agricultura e juventude rural através dos territórios rurais existentes no Brasil; 9- Fortalecer o turismo integrado. XI EIXO: DIREITO À SEGURANÇA PÚBLICA E AO ACESSO A JUSTIÇA 1- Implantar programa que vise à reestruturação agrária no país; 2- Realizar Políticas Públicas justas aos povos atingidos por barragens; 3- Fortalecer e ampliar os programas de reabilitação de menores infratores. Outras questões apontadas pelos jovens, que devem ser discutidas a nível nacional, são referentes aos movimentos de temas estratégicos para o país e que geram impacto sobre a vida da juventude: 1. Movimento da preservação da água; 2. Movimento para o melhor uso dos recursos naturais; 3. Movimento contra a redução da maioridade penal; 4. Movimento contra a lei da terceirização (o projeto de lei 4330/2004, que regulamenta contratos de terceirização no mercado de trabalho); 5. Movimento contra o Projeto de Lei 4148/08, do deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), que acaba com a exigência do símbolo da transgenia nos rótulos dos produtos com organismos geneticamente modificados (OGM), como óleo de soja, fubá e outros produtos derivados. Fundado em 10 de maio de 2013, dia do 51º aniversário de Santa Rosa de Lima Jornalista Responsável e Editora: Mariza Vandresen Diretor-executivo (Circulação, Comercial, Financeiro, Publicidade e Planejamento): Sebastião Vanderlinde Colaborador (voluntário): Wilson (Feijão) Schmidt 3 COMUNIDADE NOVA FÁTIMA Rafael May | Marieta Oenning Bittencourt Jantar Dançante Como de costume, todos os anos, no mês de outubro, nossa comunidade realiza uma festa. O objetivo é lembrar a última aparição de Nossa Senhora de Fátima. Neste ano foi organizado um jantar dançante, que aconteceu no último dia 24. Embora não seja costume “tirar prendas” nesta comemoração, algumas pessoas fizeram doações espontâneas. O baile estava bem animado. Os que gostam de dançar, tiveram música até as duas da manhã. Os organizadores agradecem mais uma vez a colaboração da equipe e a presença dos convidados. Chuva de granizo Na tarde do último dia 15 de outubro, algumas regiões da nossa comunidade foram atingidas por chuvas de granizo. A primeira pancada veio por volta das 13:30 horas, com pedras pequenas. Uma chuva que durou cerca de dez minutos e deixou muitos gramados esbranquiçados por miudinhas pedras de gelo. Meia hora depois, outra pancada, desta vez com pedras bem maiores. Passados alguns minutos, mais uma, também com enormes pedras. Algumas propriedades tiveram danos nos telhados. Felizmente, não houveram grandes prejuízos. Aos grandes mestres No dia 15 de outubro comemoramos o Dia do Professor. Claro que muita gente já sonhou um dia ser professor. Muita gente na infância também já brincou de “escolinha”, de ser o “mestre”. Pena que poucos tenham seguido a carreira e pena que poucos tem essa belíssima vocação de ensinar. Por isso, tiramos o chapéu ao professor que tem a vocação como alma. Isso é uma grandeza singular. A ti professor, queremos dizer que a tua sabedoria é tecida pela vida. Mesmo não sendo valorizado, são anos de trabalho árduo, dedicação incansável, ensinamento, persistência. Acima de tudo, uma incansável luta por um amanhã melhor para os teus alunos, para o teu país, para o mundo. Sabemos que ouves o teu coração e assim segues sempre, confiante nas sementes que plantastes. Parabéns a todos estes professores! O Ronco do Bugio é uma publicação mensal da Editora O ronco do bugio. Só têm autorização para falar em nome do O Ronco do Bugio os responsáveis pela Editora que constam deste expediente. Diagramação e Arte: Qi NetCom - Anselmo Dandolini Distribuição: Editora O Ronco do Bugio Tiragem desta edição: 1000 exemplares Circulação: Santa Rosa de Lima (entrega gratuita em domicílio). Dirigida, também, a prefeituras, câmaras e veículos de comunicação do Território das Encostas da Serra Geral e a órgãos do Executivo e Legislativo estadual e federal. 4 Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio COMUNIDADE RIO DO MEIO Ana Beatriz Kulkamp | Diana Kulkamp | Karine Neckel Santa Catarina em festa Os moradores de Santa Catarina convidam você e sua família para participar da grandiosa festa em honra a padroeira da comunidade, Santa Catarina. O evento será realizado no dia 22 de novembro de 2015. Programação: 10h00min - Missa 12h00min - Almoço 13h00min- Início do torneio de futebol de salão na grama. Valor da inscrição R$ 100,00 por equipe Premiação: O prêmio será percentual ao valor total arrecado nas inscrições. Aos ganhadores: 1º Lugar: 25% 2º Lugar: 20% 3º lugar: 10% Aos perdedores: 1º Lugar: 15% 2º Lugar: 10% Durante todo o dia, serviços de bar e lanchonete. Contamos com sua presença para alegrar ainda mais nossa festa. Juventude e Sucessão rural Foi muito legal participar da Conferência Territorial de Juventude do Território Rural Serra Mar em Santa Catarina, que aconteceu em Santa Rosa de Lima, no último dia 10 de outubro. Durante todo o dia discutimos diversos assuntos relacionados diretamente a juventude. Foi muito bom poder colocar nossas ideias e nossos anseios. Estamos bem contentes, pois colaboramos na construção e no fortalecimento da Política Nacional de Juventude. Nossas propostas servirão para compor o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural que será lançado em 2016 pela presidenta Dilma Rousseff. Por: Jane C. Smith e Mariza Vandesen Nesta edição queremos dar destaque a belíssima Araponga. Ave símbolo do Estado de Santa Catarina que está na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Classificada como uma espécie Vulnerável - Ameaçada de Extinção, a ave está na Lista Vermelha por dois fatores principais: ser procuradíssima pelo “mercado das gaiolas”, por causa de seu canto e coloração característicos e a crescente destruição de seu habitat natural. Araponga Também conhecida como Ferreiro ou Ferrador, a Araponga é uma ave da Família cotingidae. Significativamente importantes, as aves pertencentes e essa família estão entre as mais eficientes disseminadoras das plantas cujos frutos se alimentam. Isso porque, ao passar pelo trato digestivo destas aves, as sementes têm seu poder germinativo maximizado. Preservar a Araponga em seu habitat natural é mais que preservar uma ave, é preservar a biodiversidade. Se nada fizermos esta ave está fadada a extinção. Vamos proteger a Araponga. Não vamos deixar que o “mercado das gaiolas” e o habitat seja destruído. Não podemos perder esse patrimônio. Curiosidades O nome científico da Araponga Araponga macho e araponga fêmea. (imagens da internet) Procnias nudicollis significa: (do grego) prokinas = personagem da mitologia que se transformou em andorinha; (do latim) nudus, nudis = nu, sem penas; e collis = pescoço, “ave que possui o pescoço sem penas”. Identificação A Araponga é de fácil identificação. Possui a cabeça achatada, boca alargada e ampla e bico curto. Os machos são inteiramente brancos, exceto a cabeça e garganta que são nus e de cor verde acobreada, onde se implantam raras cerdas pretas. O bico é preto e pés pardos e tem em média 27 cm. A fêmea adulta tem a parte superior verde oliva, com a cabeça cinza e a parte inferior amarela com es- trias amarelo esverdeado e cinzento, a garganta é cinzenta, onde entremeiam-se estrias negras, possui tamanho menor que o macho. Hábitos Alimentam-se de frutas, bagas suculentas e insetos. O macho elege certos galhos de árvores, que são usados por muitos anos, para sua cerimônia de canto, que pode atrair várias fêmeas. Seu canto é um estridente grito agudo e metálico (tééinn), lembrando o som de um ferreiro batendo o martelo em uma bigorna. Informações: [email protected] ou pelo fone: 9621-5497 Campanha Recicle CDL na escola A CDL/Anitápolis, com apoio do NDL/Santa Rosa de Lima e da Secretaria Municipal de Educação, este ano, aderiu ao concurso nacional Recicla CDL na Escola. Voltado para estudantes do 1º ao 9º ano, matriculados na rede municipal de ensino. Dividido nas categorias, Desenho e Redação, os estudantes foram desafiados a soltar a imaginação sobre o tema: Se você tivesse superpoderes, o que você faria para a preservação do Planeta? Premiação: Os primeiros colocados receberão um kit escolar contendo mochila, caderno, estojo de lápis, canetas, bonés e camisetas. A premiação será entregue aos ganhadores no dia 4 de dezembro, no Ginásio Municipal, a partir das 8:00 horas. Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio 5 6 Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio CULTURA O sonho de dançar na Oktoberfest foram intensificados nas últimas quatro semanas antes da apresentação. Eram dois, por semana. “Na quinta, de uma da tarde até às duas. E à noite, ensaios com duração de até duas horas e meia. ” Edson conta que foi bem exaustivo. “Eu, que sou jovem, cansava. Imagina eles”. “Sorriso, posição de entrada, cabeça, alinhamento... Foi tudo corrigido, nas últimas semanas”. Grupo Terceira Idade do Gemüsefest volkstanzgruppe em Blumenau. Desde o momento em que foi convidado para assumir a coordenação do Gemüsefest volkstanzgruppe, Edson (Mentira) Baumann tinha um sonho: levar o grupo de dança da Gemüsefest para a maior festa alemã das américas, a Oktoberfest. “Tarefa que parecia impossível”, como ele conta. A realização se tornou mais próxima quando o jovem participou, no início deste ano, de uma formação para instrutores de dança alemã, na cidade de Blumenau. Aquelas despesas foram custeadas pela Prefeitura de Santa Rosa de Lima, na qual ele é funcionário. Lá, Edson conheceu os responsáveis pelas apresentações de dança na Oktoberfest. “Perguntei qual a possibilidade de nós dançarmos, falei do grupo e eles ficaram interessados”. “Depois disso, fomos conversando, trocando ideias, músicas. De repente...”, entusiasma-se Edson, “veio o convite para irmos dançar lá! Na Oktober!!! Dois grupos: Adulto e Terceira idade”. Fazer conhecer um município de raízes alemãs na maior festa germânica As categorias escolhidas são compostas por seis e oito casais, respectivamente. A dificuldade de Edson seria levantar recursos para levar os 28 dançarinos até a Blumenau, distante 338 quilômetros. A primeira e óbvia alternativa foi buscar apoio na administração municipal. Afinal, o grupo de dança pertence ao patrimônio cultural de Santa Rosa de Lima e é mantido com recursos públicos. Para convencer os apoiadores, Edson se valeu de um bom argumento: “divulgar o município de Santa Rosa de Lima e nossa cultura na maior festa alemã das Américas”. Parcial... limitado... cortado em capítulos Sim, a prefeitura aceitou levar. Mas, apenas, uma categoria: a Adulto. Para Edson ficou a difícil incumbência de comunicar ao grupo recusado. Não imaginava ele, que teria o apoio dos “excluídos”. “Eu falei para os idosos e eles decidiram pagar, por conta própria”. Tudo certo? Mais um triste anúncio. A prefeitura decidira cortar gastos. “E uma das medidas foi não viabilizar a viagem, que parecia confirmada, do Adulto. Lá foi Edson comunicar a triste notícia “Antes que se criasse muita expectativa do grupo’, eles disseram”. Edson recorda: “O grupo já sabia que ia. Então, ficar de fora foi muito frustrante para eles”. Uns R$500 por casal O casais da melhor idade queriam “representar Santa Rosa” de qualquer jeito e mantiveram sua disposição de pagar para ir divulgar o município. Edson articulou tudo: transporte, hotel, alimentação. Fretou um micro-ônibus, “mais confortável”, com 25 lugares. A lotação foi completada com mais meia dúzia de acompanhantes. “Foi uma forma de aliviar os custos”, disse o responsável pelo Gemüsefest volkstanzgruppe. Cada casal desembolsou, inicialmente, R$ 330,00. Sabiam que a alimentação não estava incluída. Assim, a maioria acabou gastando em torno de R$500,00. “Eles compraram presentes, comeram bem e, é claro, tomaram ‘alguns’ chopes”, conta Edson. Intensivo e exaustivo, para representar bem Os ensaios das duas coreografias que seriam apresentadas Em Blumenau e na Vila Germânica O responsável pelo grupo de dança estava ansioso com a viagem. “Foi a primeira vez em que viajávamos para tão longe. E era a nossa primeira apresentação lá na Oktober”. Ele conta que o tempo do percurso e a ansiedade foram amenizados com rodas de chimarrão, músicas, cantorias, piadas e muitas brincadeiras. Na chegada ao hotel, após se acomodarem, se prepararam para passear na Vila Germânica. Assistiram ao desfile, que acabou sendo interno, devido às grandes chuvas que assolavam a região. Visitaram lojas de artesanato, saborearam culinária típica alemã, assistiram e se mexeram ao som das bandas. Às dez horas, toque de recolher e retorno ao hotel. O grande dia Na manhã seguinte, após o café e a organização das bagagens, o grupo retornou à Vila Germânica. Era o dia da grande apresentação. O evento era exclusivo para apresentações de grupos da terceira idade. Rio de Janeiro, Santa Rosa de Lima, São Bonifácio e Blumenau estavam representados. Estima-se que cerca de cinco mil pessoas estavam no pavilhão. Três emissoras de televisão cobriam, ao vivo, o evento. “O tio Adolfo e a tia Deta deram entrevista. Em outro momento, fomos chamados por uma emissora para ser fundo na abertura da matéria. Teve bastante destaque”, anuncia Edson. “Foi fantástico! No desfile interno de brasões, Seu Lindolfo Assing e Dona Rainilda desfilaram por Santa Rosa de Lima, representando o município e o grupo de dança”. Leve como em um ensaio “Era um sonho meu e de todo mundo dançar na Oktoberfest. Quando tu entras pela primeira vez, dança e sai tudo perfeito: posição e alinhamento perfeito, todo mundo sorrindo sem nada dar errado”. Edson completa com a voz embargada, “com os aplausos de umas cinco mil pessoas de pé! “Tem que ser forte para não chorar”. O jovem respira fundo e continua, “é muita emoção! Eu estava bem nervoso. Tinha que dar tudo certo. Tínhamos que garantir a vaga para a próxima vez. Entramos com aquele sorriso, com aquela calma. Eu só me dei conta que estava dançando na Oktoberfest, na segunda música. Aí caiu a ficha. Foi lindo! Todo mundo acertando a coreografia perfeitamente. Me emocionei. Chorei. Foi fantástico! Olhar o grupo e ver a nossa melhor idade ali representando Santa Rosa de Lima com um sorriso. Dançaram ‘leves’, como se fosse apenas mais um ensaio”. Somos uma família Para Edson esta realização foi consolidada com muita dedicação, “minha e do grupo. Não é fácil se apresentar na Oktoberfest. Tem uma certa pressão para tu entrares. Mas depois de se apresentar lá, com certeza outros convites virão”. O grupo já foi convidado para se apresentar na Oktober em 2016. O jovem diz que “não é um instrutor”. “Eu sou um integrante, igual a eles. Talvez com mais responsabilidade. Mas todo mundo dá palpite, dá ideia. Saímos juntos, fazemos jantares juntos... Criou-se um laço de amizade muito forte. Nós chegamos ao consenso de que somos uma família. Por isso, nós conseguimos estar lá. E claro, eu particularmente agradeço e compartilho esta conquista também com o Celso [Heidemann] que me deu esta oportunidade, há cinco anos, quando me convidou para coordenar o grupo”. Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio 7 Meine Meinung Minha Opinião Wilson Feijão Schmidt Auf Wiedersehen Começo, nesta edição d’O Ronco, minhas despedidas do privilégio de ser (e de ter sido) lido por uns poucos santarosalimenses. Um tributo Como todos devem estar lembrados, colocar minha “pena” ao serviço do município teve início com um pedido do nosso eterno e querido Odair Baumann. Bastante doente, ele me pediu que assegurasse a continuidade da coluna que ele inaugurou e manteve em um jornal regional. Não preciso lembrar, o que custaram, ao “Oda”, os sacrifícios e represálias que ele sofreu, durante um bom tempo, em função da independência e da correção que ele assegurou àquele espaço de Santa Rosa de Lima na mídia do vale do Rio Braço do Norte. A ruptura unilateral, por “grana”, e a sua consequência Tempos depois disso, o pequeno jornalista, proprietário daquele jornal regional, aceitou a chantagem do novo mandante do poder público municipal de Santa Rosa de Lima e, em troca de trinta dinheiros (que, como era esperado, ele não recebeu), cortou a minha colaboração. Naquele período, eu já avaliava que Santa Rosa de Lima merecia seu próprio jornal. Desafiei, portanto, a jornalista do município e lideranças locais a editar e distribuir um jornal comunitário em todos os domicílios de todas as comunidades santarosalimenses. Um jornal, como está na capa da primeira edição, “feito na comunidade, pela comunidade, para a comunidade. Um jornal cujo objetivo principal é a informação, mas que trabalhará sempre na perspectiva da formação de seus leitores”. Um jornal de Santa Rosa de Lima, “pensado como um bem cultural voltado aos santarosalimenses”. Com data de validade. Ou, fui apenas um “jornalista iogurte” Quando fiz tal desafio, me coloquei à disposição para contribuir com o Canal SRL. Deixei claro aos “minhocas” (os que são da terra), que esse “estrangeiro” (como insistem meus detratores) só contribuiria até final de 2015. Por que essa data? Porque meus planos eram de, a partir de janeiro de 2016, viver pelo menos um ano fora do Brasil. O tempo passou e esses planos mudaram, especialmente pelo maravilhamento trazido pela companhia e pelo afeto do meu neto Rodrigo. A decisão em relação ao jornal, contudo, se manteve e se mantem. Sempre afirmei aos meus parceiros essa decisão, em nome de um princípio: o jornal é de Santa Rosa de Lima e dos santarosalimenses. E não pode e não deve precisar de mim. Uma pequena história, com bom material a ser guardado para pesquisas e reflexões Revendo as 31 edições do agora O Ronco do Bugio, creio que o desafio foi positivo e que o resultado é enorme e muito significativo. Faço questão de lembrar um trecho do Editorial de chegada do Jornal de Santa Rosa de Lima: O Canal SRL veio para servir melhor ao interesse dos leitores de Santa Rosa de Lima. Isso não significa querer ser simpático com todo mundo. Isso não quer dizer que, para não ser tachado de chato ou de criador de casos, o jornal irá tolerar o intolerável e aceitar o inaceitável. É preciso que o jornal estimule uma postura crítica. É importante que contribua para transformar. [...] Nossa lealidade é com a sociedade santarosalimense e não com a opinião pública dominante. Os interesses da sociedade são permanentes e são diferentes daqueles dos que ocupam o poder e procuram, a partir dele e por diversos meios, moldar a opinião pública. Por isso, o Canal SRL buscará constantemente a independência dos poderes locais e tratará sempre de se apoiar nas empresas de pequeno porte que marcam a economia santarosalimense, assim como na sociedade civil organizada do município. O resultado dessa trajetória é a própria mudança de nome. Foram os leitores que a impuseram. Porque eles só se referiam ao jornal como “O Ronco”. Em outra parte do Editorial, os responsáveis pelo jornal, afirmavam: Como os donos dos veículos de comunicação buscam, a qualquer preço, a audiência, a publicidade e, sobretudo, o dinheiro, a informação acaba distorcida. Na verdade, a maioria das novidades veiculadas pela imprensa está no grau zero da informação. As partes normais da vida são omitidas das notícias justamente porque são normais. A Editora O ronco do bugio e o Canal SRL sabem que a maioria das coisas que acontecem aqui em Santa Rosa de Lima são rotineiras. Julgam, no entanto, que vale a pena escrever sobre elas. Há quem me diga que tem guardadas todas as edições do jornal. E eu, com pouca modéstia, digo que a coleção vale a pena, porque é um bom retrato da história do município. Minha tentativa de contribuição: o Patrimônio Pois bem, em trinta edições d’O Ronco, eu assegurei a sessão Patrimônio Santarosalimense, valorizando homens e mulheres do município, suas histórias e lições de vida, seus conhecimentos tradicionais, que vão se perdendo, sem que ninguém faça nada. Há dias, vendo um filme sobre os índios brasileiros, uma fala do jornalista Washington Novaes me chamou a atenção. Ele dizia mais ou menos o seguinte: “O índio se basta. Ele é autossuficiente. Ele sabe fazer tudo o que vai precisar ao longo da sua vida. Sabe fazer a casa dele. Sabe fazer a roça dele; sabe plantar e colher. Sabe fazer os instrumentos de trabalho que precisa: o arco, a flecha, a canoa. E sabe fazer a esteira e a rede, para descansar. Sabe identificar as espécies no ambiente que servem de alimento ou de medicamento”. Isso me fez pensar nos velhos e sábios santarosalimenses, a maioria descendentes do colono “branco”, alemão, que eu tive o privilégio de entrevistar e de aprender com eles. Pergunto aos jovens leitores: o que vocês sabem, hoje, disso tudo? Sabem, até, procurar na internet sobre todas as coisas. Mas, fazer, criar, construir... Isso é outra coisa! Por isso, conversem com os idosos. Valorizem os conhecimentos deles. Peçam às escolas situadas no município para que os idosos sejam convidados a contar as vivências deles e façam verdadeiras aulas magnas de história e de cultura. Minha contribuição – a Meine Meinung Ser colunista de opinião é sempre difícil. Ainda mais em um município em que tudo é transformado em um Fla X Flu, onde há pouco espaço para a reflexão e para o bom senso. Essa polarização em dois “lados” fabrica “fanáticos” e “torcidas”. E não cidadãos que se posicionam com base em argumentos. O pior é que não são as práticas que separam os dois lados. Ao contrário, do ponto de vista da anti-cidadania, eles são muito parecidos. Talvez, as minhas opiniões tenham sido responsáveis pelo atual “manda-chuva” local pressionar pequenos comerciantes para não anunciar no jornal do município. Fez e faz isso, especialmente, com quem é ou pretende ser fornecedor da administração pública. Talvez tenha sido o medo do que iria ser escrito nesse jornal que fez o “manda-chuva” atual gastar muito dinheiro dos santarosalimenses para sustentar um folheto de propaganda do município de origem dele (que também é “estrangeiro”), desde que aquele “panfleto” só dissesse coisas agradáveis e publicasse fotos em que só aparecesse quem, para ele, deveria aparecer. Meu objetivo era contribuir para a reflexão. Sinceramente, anos depois, somando a experiência em dois jornais, creio que não valeu a pena. Infelizmente para mim, tudo continua tão igual e tão raso como antigamente. Especialmente, a forma como os santarosalimenses encaram a “coisa”, o dinheiro e o poder públicos. E isso não se limita aos que assumem funções públicas no Executivo ou no Legislativo. Também inclui aqueles que acham que podem se locupletar em organizações da sociedade civil, beneficiando-se, em nome de muitos, de recursos que também são públicos, mas são apropriados privada e exclusivamente. Assim, minha despedida chega em boa hora. Afinal, essa coluna não fazia bem a mim. E a nada servia! Assim, Auf Wiedersehen! O convívio contínua A partir de janeiro de 2016, continuarei vindo para Santa Rosa de Lima, que não acredito, mais, ser, de fato, a Capital da Agroecologia. Agora, como mais um “urbano” e sitiante, que vem admirar as paisagens, deleitarse com o que sobrou dos recursos naturais, fazer compras no Mercado do Diego e da Marialva e na Padaria do Gilberto e da Paulinha, adquirir frutas e ovos com agricultores orgânicos. E, acima de tudo, conviver com os bons amigos que fiz, nesses dezessete anos de convivência. Além de tudo, gosto muito de ficar, em paz, com minha companheira e com meus livros, na minha “estufa”, nas Águas Mornas. E, juntos, resolvemos deixar bem cuidadas, para o nosso querido neto, as nascentes e a mata nativa daquele pedacinho do Planeta Terra. Kelin Dutra | Ivonete Walter Dutra | Milena Dutra COMUNIDADE RIO DOS ÍNDIOS Tempo ruim Segundo os mais velhos, o clima por aqui mudou muito este ano. Todos reconhecem que este tempo chuvoso, tão prolongado, e estas temperaturas, tão baixas, são bem atípicos para este período. Isso tem causado muitos prejuízos e inconvenientes. Para aqueles que precisam plantar e colher, para aqueles que precisam trabalhar “fora” e dependem de deslocamento nestas estradas, para os estudantes. Todos estão a mercê das fortes chuvas e tempestades. Colheita comprometida Na roça, os agricultores enfrentam um grande problema em relação ao plantio do milho. Que já deveria ter sido plantado, mas a chuva não dá trégua. Os agricultores que já plantaram, inclusive alguns mais de uma vez, estão preocupados, pois não veem a semente germinar. E quando germina, o desenvolvimento é muito fraco. Além de que, como não teve um inverno rigoroso, muitas pragas não morreram e parecem estar mais fortes, afetando muito as plantas. Estrada esburacada Com as chuvas, esse é um dos problemas mais visíveis, a manutenção das estradas. Mal dá tempo de arrumar e já vem a chuva para estragar tudo de novo. Pedimos aos motoristas que tomem cuidado, pois em alguns locais existem perigos eminentes, como este registrado no dia 02 de novembro, na estrada geral Rio dos Índios. A cabeceira da ponte está ruindo e abre um grande buraco. Dos males o menor Apesar disso, devemos agradecer por não estarmos em situações como de outras cidades de Santa Catarina e do país, que sofrem com as inundações e temporais. Novembro azul Outubro Rosa passou e chega a campanha Novembro Azul, que promove o debate sobre a prevenção do câncer de próstata. Por isso, lembramos aos leitores que no próximo dia 12 de novembro, as 19:00hs, haverá uma palestra bem interessante com o psicólogo Elder Gonçalves. Ele vai abordar assuntos relacionados aos cuidados com a saúde do homem. 8 Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio ENTREVISTA 9 Finep faz visita técnica a Projetos de Óleos Essenciais O analista de projetos da Finep, Daniel Soares (ver Box), esteve em Santa Catarina para conhecer ‘in loco’ o andamento do “Projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de uma cadeia produtiva de óleos essenciais orgânicos”, que resultou do Prêmio Finep Inovação de 2011. A visita técnica aconteceu entre os dias 14 e 16 de outubro. Na Capital O início foi em Florianópolis. Daniel Soares foi recebido na sede da Universidade Federal de Santa Catarina, parceira e co-executora na iniciativa de desenvolvimento sustentável. Em reunião com os coordenadores do projeto na UFSC, professores Antônio Monarim e Wilson (Feijão) Schmidt, o analista conheceu as articulações realizadas pela Universidade Federal com outras instituições e laboratórios de pesquisa, visando o sucesso dessa ação de P&D. Nas Encostas da Serra Geral Nos dois dias seguintes, o programa foi uma visita direta ao Centro de Formação em Agroecologia Jean Yves Griot (CFAE), que tem sede em Santa Rosa de Lima e é o executor do projeto. Além de conversar com os dirigentes do CFAE e técnicos envolvidos nos trabalhos de campo, Daniel Soares teve a oportunidade de visitar e conversar com agricultores familiares de cinco propriedades participantes dos experimentos com óleos essenciais. Ao final do programa de visitas e antes de deixar Santa Rosa de Lima, levando na bagagem diversos produtos orgânicos, o analista da Finep falou à reportagem d’O Ronco do Bugio. Leia, a seguir, os principais pontos. Uma visão geral “Senti uma boa vontade e considerando o que está sendo feito até agora, vejo uma boa perspectiva para o projeto. Senti que a maioria [dos agricultores] está gostando do projeto, mas está muito na expectativa do que vai acontecer na prática. Espera-se que o projeto dê certo, que seja efetivamente uma nova oportunidade de geração e renda e diversificação da produção.” Sobre o município “Tive uma impressão muito boa. Uma cidade pequena, mas organizada. Me chama atenção a organização dos agricultores locais, não só da Agreco, mas todo o universo que foi construído em volta dela: Cresol, CooperAgreco, Acolhida na Colônia, Centro de Formação em Agroecologia... É um exemplo de que pequenos agricultores familiares organizados conseguem transformar uma realidade numa cidade que, embora pequena, está em um universo bem maior. Se eles tivessem atomizados, cada um na sua, certamente não teriam conseguido acessar recursos públicos e transformar uma realidade que estava posta. Achei bem interessante”. Trocando ideias O intercâmbio de informações entre produtores é uma ferramenta promotora de desenvolvimento por possibilitar a disseminação de tecnologias desenvolvidas no cotidiano produtivo. A busca por essa troca de experiências foi o que motivou os agricultores Dauri e Adelir Floriano, Isaltino Bonetti e Valdemar Schimidt a visitar, acompanhados pelos agrônomos Joana Bett e Charles Antonio Herdt, a produção de tomates de Lourenço Lunardi no município de Tubarão. Comparando e aprendendo A visita, que ocorreu no dia 30 de outubro, objetivou conhecer o manejo do tomate na propriedade que possui tradição no cultivo há anos. O produtor buscou responder questionamentos acerca de adubação, irrigação, sanidade, condução, estrutura e conformação das estufas, entre outras atividades que desenvolve durante as safras. Os visitantes puderam observar o comportamento da cultura tanto em campo como em cultivo protegido e comparar as dificuldades verificadas com relação ao clima predominante nos dois municípios. Visitar ao invés de capinar “Valeu mais a pena visitar a propriedade e conhecer a forma de conduzir a cultura do Seu Lourenço do que ficar em casa trabalhando no úni- O projeto para criar as bases de uma cadeia produtiva de óleos essenciais orgânicos “Estou satisfeito com o que vi. O projeto está sendo realizado a contento e vai cumprir com seu objetivo. Minhas impressões são bem boas. As ações de pesquisa, os ensaios, permitiram mapear como as plantas se desenvolvem, qual o potencial de cada uma, quanto rende de óleo, o preço a ser alcançado. Vai ter toda base técnica para montar um plano de negócios para implantação efetiva de uma cadeia produtiva de óleos essenciais. Esse é o papel da Finep!” A “inspeção” ao projeto “Inicialmente não gosto quando as pessoas chamam as visitas técnicas de ‘inspeção’. É apenas uma visita de acompanhamento técnico. É fundamental ter estado no local, ter visto as plantas, ter conversado com as pessoas envolvidas. Isso me dá subsídios para permanecer acompanhando o projeto até o final da execução dele. Além do que, pode haver demanda de remanejamento financeiro e, muitas vezes, só a justificativa no papel acaba sendo pobre em termos de informação. Ver a realidade local dá mais subsídios para fazer essas análises. Ter estado aqui faz com que a gente da Finep olhe o projeto com outros olhos”. Os prazos “O projeto teve a prorrogação de um ano e a previsão atual é que A Finep e seu analista Vinculada ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, a Agência Brasileira de Inovação (Finep) é a financiadora de estudos e projetos de pesquisa e desenvolvimento em inovação. Daniel Soares é analista no Departamento de Tecnologia para o Desenvolvimento Urbano e Mudanças Climáticas (DURB), que recebe e analisa projetos de todo o Brasil. Na vertente mais urbana, nas áreas de habitação de interesse social e saneamento ambiental. Já na vertente mais rural, projetos ligados à agricultura familiar e a sistemas agroflorestais. ele encerre seu plano de execução físico/financeiro em julho de 2016. Essa extensão do prazo original é bem comum. Os projetos têm um horizonte padrão de 24 meses, mas sempre acabam se estendendo. Encerrada esse prazo, o CFAE terá 60 dias para prestar contas. Nada impede que resultados continuem sendo gerados depois disso. O que não ocorrer mais são ‘empenhos’ financeiros”. O valor “Eu costumo dizer que R$ 500 mil é muito dinheiro no bolso de qualquer pessoa física, mas quando a gente fala de um projeto que trabalha numa área geográfica relativamente grande, que tem muita compra de insumos, despesas com diárias, viagens, combustível, compra de carro etc., R$ 500 mil não é tanto dinheiro. Dentro da Finep, esse é considerado um projeto de porte pequeno”. A transparência “Folheei alguns exemplares d’O Ronco do Bugio e vou levar para a Finep um exemplar da edição em que foi publicada uma prestação de contas, do projeto, para a comunidade. Vou anexar na pasta do projeto e fazer um comentário. O que a gente cobra é a prestação de contas para nós, como órgão financiador. Achei muito interessante a iniciativa do CFAE de fazer a prestação de contas também para a comunidade que é o grupo alvo do projeto. Os beneficiários finais saberem quanto tem de recurso e como eles estão sendo aplicados é muito importante. Não só aumenta a transparência do recurso público, como pode, também, aumentar o engajamento das pessoas, ao perceberem que é uma iniciativa séria, que não tem desvios ou má fé no uso dos recursos. Aumenta muito a credibilidade e tem um efeito técnico. Na medida em que o agricultor confia, ele se engaja mais. Achei bem interessante e importante”. co dia de sol em semanas”, foram as palavras do agricultor Valdemar Schimidt, que acredita que os conhecimentos adquiridos com a saída a campo serão importantes para ajudar a pensar o modelo mais adequado de estufa a ser implantado em sua propriedade. Fortalecimento de técnicas relevantes “Um dia assim não é tempo perdido e sim conhecimento adquirido, pois são pequenos pontos observados que podem fazer a diferença na produção. Muitas vezes, quando nós técnicos falamos, não faz sentido para o produtor, mas a visitação mostra detalhes que muitas vezes não são valorizados e que posteriormente passam a ser reconhecidos como essenciais”, enfatiza o engenheiro agrônomo Charles Antonio Herdt. Processamento e qualidade Na oportunidade os agricultores puderam visi- tar também a agroindústria dos atomatados em Gravatal, que pertence a família de Lourenço Lunardi, e entender o processo pelo qual os tomates que saem das suas lavouras passam até se tornarem deliciosos molhos. “ Compreender o beneficiamento dos produtos faz parte do desenvolvimento do senso de valorização por parte dos agricultores que veem o seu tomate, produzido com cuidados especiais e de forma orgânica, transformado num produto de qualidade com maior valor agregado”, destaca a engenheira agrônoma Joana Bett. 10 Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE Guardiões de sementes Nesta edição, O Ronco do Bugio volta a participar do esforço realizado pelo Núcleo de Estudos em Agroecologia da Licenciatura em Educação do Campo da UFSC (NEA-EduCampo). Professores, estudantes e supervisores da turma de Santa de Rosa de Lima, todos bolsistas do Pibid Diversidade UFSC, estão mobilizados no projeto. As ações, financiadas pelo CNPq e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, procuram identificar, valorizar e divulgar o trabalho de conservação de sementes crioulas realizado por agricultores familiares do nosso município. Esses moradores do interior prestam um grande serviço à sociedade, ao preservar espécies e variedades de plantas que foram cultivados há muito tempo em nossas terras. Com as mudanças na agricultura e a própria regressão dessa atividade, esse material genético está se perdendo. E esta perda poderia ter sido completa e irrecuperável se não fosse o esforço de gente como Salete Blasius Heidemann. Por isso, o que ela fez e faz precisa ser conhecido e reconhecido na Capital da Agroecologia. Dizem que eu não sou colona. Mas eu sou é Colona! Entrevista com Salete Blasius Heidemann. Por Rosângela Bonetti Vanderlinde, Giulieth Schmitz e Halethéa Zacanini, da Licenciatura em Educação do Campo*, da Universidade Federal de Santa Catarina. * Essa matéria jornalística foi realizada como atividade do Programa de Iniciação à Docência – Pibid-Diversidade; e do Núcleo de Estudos em Agroecologia – NEA EduCampo. é auxiliar de serviços no Centro Educacional infantil. Foi, antes e por muitos anos, professora de uma escola multisseriada naquela comunidade. Com o fechamento da escola, precisou passar a trabalhar a 24 quilômetros de sua propriedade. Por isso, ela ainda precisa se afirmar como “colona”. E nós queríamos falar, justamente, com essa agricultora e guardiã de sementes. “Porque, aqui no lugar, acho que só quem faz roça somos nós”. Ademar e Salete mostram sementes crioulas. Nascida na Santa Bárbara, Salete sempre morou lá. Chegamos à propriedade dela, ao “Pé da Serra”, por volta de 13:30 horas. Sabíamos que este é o horário em que a funcionária pública municipal chega em casa, depois do trabalho, “na praça”. Hoje, Salete Salete casou-se com Ademar Heidemann, que é natural da comunidade de Rio dos Índios. O marido também é funcionário público, exercendo a função de motorista de ônibus escolar, na linha Santa Bárbara -Praça. O casal tem dois filhos e, juntos, constituem uma típica família rural pluriativa, que trabalha um período como funcionários públicos e outro, como agricultores, na propriedade que é vizinha à do “Seu” Remi Bonetti. Eles não são parentes dele, mas, como muita gente naquela pequena comunidade e por serem muito amigos, se referem “àquela figura” como “o Nono”. A acolhida à reportagem foi muito calorosa. Salete falou sempre com muita naturalidade e com muita propriedade do trabalho que ela e seu marido exercem em benefício de toda a sociedade: a preservação de duas variedades tradicionais de milho. O milho Palha-roxa “A gente planta o milho Palha-roxa. Ele dá a espiga com palha roxa e o grão é mais arroxeado. A gente não planta muito. Planta só para não perder essa qualidade de milho. Ele tem os grãos mais grados, que gente quer guardar no freezer para fazer receitas com milho verde. Para fazer cozido, ele também é melhor. É um grão mais macio”. Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio O milho Comum “E, planta também o milho Comum, que é aquele que, antigamente, todo mundo plantava. Quanto mais ‘no cedo’ plantar, melhor eles dão. Se plantar muito ‘no tarde’, ele dá aquelas bonecas grandonas, dá só sabugo e não dá grão”. Melhor para o consumo “Se eu pudesse, eu plantava só dessa variedade [tradicional]. Porque ele dá melhor. E porque para os usos de consumo ele é melhor. Se você quer cozinhar uma espiga, ele tem o grão mais macio. Você quer fazer uma farinha, ele dá uma farinha bem diferente. Com a do milho híbrido, você faz um pão de milho, ele fica mais seco. Faz uma polenta, ela fica mais seca. Com o nosso milho, a polenta e o pão de milho ficam melhores, com uma consistência melhor. Tudo é mais gostoso!” Com o Cravo e o Cabo-frio, parou “Antes, a gente plantava também. Parou porque era muito... E porque aqui é um lugar que dá muito vento e quando esses milhos, que dão o pé muito alto, estavam quase no ponto de colheita, no ponto de assar, o vento derrubava tudo e a gente não chegava a colher nada. O Cabo-frio que eles diziam é um grão bem vermelhinho, mais miudunho e bem firme. Aquilo para tratar as galinhas, meu Deus do céu... É o melhor para a produção. Não sei se é porque ele tem mais vitamina. Mas, plantar só para guardar, daqui a pouco tu ocupas a tua terra toda, o tempo não ajuda e lá se foi teu ano. Às vezes, tu desanimas. A semente híbrida para tu comprar já é um preço absurdo. A gente não planta só dessa qualidade – Palha-roxa e Comum – porque é muito arriscado. Tem ano que tu plantas tudo e colhe tudo, tem ano que tu plantas, vem um vento serrano e vira tudo, tu não colhes nada. O vento faz tipo um redemoinho... Ele roda. Pega o milho viçoso e alto e vira”. Vantagens “[O tradicional] é um milho que quase não bicha. Pode deixar ele na palha, no paiol, por um bom tempo e não dá aquele gorgulho. Enquanto o outro [híbrido], é assim: colheu e dentro de dois meses tu não bateu e guardou, já está tudo cheio...” Tu não gastas “Esse milho aí [o tradicional], onde não for terra muito fraca, ele dá. Se tu planta numa terra queimada, tu planta e colhe. Tu não gasta adubo... Tu não gasta ureia... Tu não gasta nada! Simplesmente planta ele, cuida para não vir mato e colhe. Aquele outro [híbrido], já não dá. Tudo tem que estar botando produto químico, esterco, tudo o que precisa colocar”. Com a Lua “Eu sou bastante desse ponto de plantar nas luas certas. Eu sou muito da Lua e eles riem de mim, dizendo que as coisas se planta na Terra e não na Lua. Até o Nono ri de mim, mas eu olho para a Lua antes de plantar na terra. Para o milho, tem que plantar mais na minguante. Já para tudo que tu plantas que dá dentro do chão, tu tens que plantar na lua cheia. É assim com o aipim, a batata doce. A batatinha, dá mais juntinho e batata mais redonda. Para o aipim, se tu plantas muito na força da lua crescente, ele dá aqueles fiapos compridos e secos... Lá adiante é que vai dar a raiz. Tudo mais dura, que metade tu não aproveitas. Se tu plantas cebola ‘no cedo’ e na lua crescente, ela floresce tudo. Planta mais ‘no tarde’ e na lua cheia e ela dá tudo aquelas cabecinhas mais redondinhas e mais bonitinhas”. “Ele não é um milho exigente de terra muito forte. Em qualquer terra, ele dá bem.” “A gente planta para o consumo. Já é vantagem porque não precisa comprar, né?” Para o trato “Para tratar as criações, a gente não planta mais. Porque é um pé que dá muito alto e qualquer vento vira tudo. Por isso, a gente planta o híbrido, que é mais baixo e dá o pé mais forte. A gente só não planta mais porque dá uma despesa grande, dá trabalho, porque você tem que cuidar... E, quando está quase no ponto de colher, vem aquele ventão serrano e lá se foi... Então, planta esse para o nosso consumo e o híbrido para se garantir”. 11 Sementes são armazenadas em baldes fechados para evitar o “gorgulho”. Salete também é guardiã de sementes de feijão 12 Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio Espaço d’Acolhida Na edição de novembro o Espaço da Acolhida quer prestar sua homenagem a uma grande mulher: Thaise Guzzatti. Há quase 20 anos, ela se desafiou a gerar um marco no desenvolvimento sustentável das Encostas da Serra Geral e na vida dos agricultores. Asim nasceu a Acolhida na Colônia. Foram muitas batalhas. Que valeram e sempre vão valer a pena. Hoje, é uma rede de Associações Acolhida espalhadas por Santa Catarina e, até, pelo estado do Rio de Janeiro. Thaise, queremos te desejar muito sucesso e muitas felicidades. E que continues com essa energia e com essa garra que são a sua marca registrada. Parabéns! Thaise com seus pais e filhos. Roda de cantoria no aniversário de Thaise. REUNIÃO REGIONAL No dia 10 de novembro de 2015, às 14:00 horas. Os associados da Acolhida na Colônia da Regional das Encostas da Serra Geral estarão reunidos na Pousada Cristine, Santa Rosa de Lima para discutirem diversos assuntos importantes para a Associação. Na pauta estarão: a escolha de quatro representantes para fazerem parte da diretoria da Federação; encaminhamentos do Projeto SC Rural; sinalização turística; assistência técnica; sistema de reservas online e outros assuntos. Todos as associados estão convidados à participar desta importante atividade da Acolhida na Colônia. saúde uma tenda e ali foi a concentração. A programação iniciou com alongamento e aquecimento coordenados pelo coordenador do curso de Educação Física da Unibave, Para a caminhada, equipe de apoio e segurança não faltou. As participantes foram acompanhadas por uma ambulância da Secretaria de Saúde e seguidas por uma viatura da Polícia Militar de Santa Rosa de Lima. Mulheres participam da Caminhada Rosa Pela segunda vez consecutiva, a Secretaria Municipal de Saúde e Assistência Social e a Farmácia Santa Rosa promovem a Caminhada Outubro Rosa. Nesta edição, o evento também contou com a participação de voluntários da Unibave (Universidade Barriga Verde). O percurso escolhido foi do Centro de Santa Rosa de Lima até a Pousada Cristini, na comunidade de Dois Irmãos. Segundo a Farmacêutica Suziani Bau- mann, o objetivo do evento é alertar a população, em especial as mulheres, sobre o câncer de mama. Concentração Na Praça municipal, a Unibave instalou Confraternização A recepção na pousada Sítio da Cristini foi na beira da piscina, onde foi servido um café colonial. A música ao vivo ficou por conta de Vanderlei (Carteiro) Mendes. Entre as quase cinquenta mulheres participantes da Caminhada Rosa também foram sorteados vários brindes doados pela Farmácia Santa Rosa, pela Secretária de Saúde e pela Cresol Encostas da Serra. Ano que vem tem mais A organização já fez planos para o ano que vem e pretende trazer outras atividades e atrativos complementares. Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio 13 14 Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio Gut in das Bild Bem na foto Emerson Stefens [email protected] Descendentes de Erich Marx Stolberg Von Wilke, alemão que aportou no Brasil por volta de 1900, reuniram-se na Pousada Cristini para comemorar o 6º Encontro da Família Wilke. Na ocasião comemoraram também o aniversário da neta mais velha do imigrante, Valda Wilke Vandresen, que completou 78 anos de idade. Muita saúde e paz para esta grande família. COMUNICADO Lucas Gabriel Schmidt completou nove anos no dia 2 de novembro. Ele recebe os parabéns dos avós, papais, tios, padrinhos, primos e amiguinhos. Felicidades garoto! Eduardo Dutra comemora mais um aniversário no dia 1º de novembro e recebe os cumprimentos dos familiares e amigos. Felicidades garotão! Teresinha Ferreira completa mais uma primavera no dia 4 de novembro. Comemora a data com o desabrochar de suas hortênsias, que cultiva com tanto amor. Receba os cumprimentos de seus familiares e amigos. Parabéns e felicidades! Informamos a todos os associados e moradores que a partir deste mês, a advogada Camila Mendes Pilon Ricken irá atender no Sindicato/SINTRAF todas as quintasfeiras, no período da manhã. Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio esporte total 15 COMUNIDADE MATA VERDE Ana Maria Vandresen Exercite seu corpo e sua mente Hoje a regra é geral, praticar exercícios físicos regularmente. Nos consultórios médicos são indicações persistentes e todos nós sabemos que isso ajuda a prevenir e melhorar muitas doenças. Para lembrar, vou listar 10 benefícios adquiridos com a atividade física: Kátia Vandresen | Ronaldo Michels Ponte sobre o rio Dos Índios Na edição de setembro publicamos em nossa coluna que a Defesa Civil do Estado concluía a instalação da ponte pré-moldada sobre o Rio dos Índios, aqui na comunidade de Mata Verde. Findada aquela etapa, restava o aterramento das cabeceiras, tarefa de responsabilidade da Prefeitura de Santa Rosa de Lima. Quais seriam os motivos? Passados dois meses, a ponte ainda não está à disposição da população. Falta exatamente o que compete a administração municipal, o aterramento das cabeceiras. É fato que o tempo não tem colaborado muito. Mas muitos moradores comentam que já houve tempo suficiente e momentos propícios para a conclusão deste trabalho. Será que falta vontade política? Ou seriam os “cortes” anunciados pela gestão municipal? A Comunidade aguarda ansiosa pelo término dessa importante obra que garantirá maior segurança ao tráfego de veículos no local, principalmente os de carga. Grupo de caminhada no Salão Comunitário. 1. Melhor disposição para as atividades do dia-a-dia. 2. Funciona mais que dieta quando assunto é perda de peso, porque a atividade física promove aceleração do metabolismo que consome calorias em repouso. 3. Regula o sono, pois libera endorfina, uma enzima que proporciona bem-estar, diminuindo a ansiedade e o estresse. 4. Inibe os resfriados, pois fortalece o sistema imunológico. 5. Diminui os riscos de câncer de mama, pois diminui os níveis de estrogênio-hormônio intimamente ligado ao cân- cer de mama. 6. Combate a osteoporose, doença dos ossos, pois fortalece a massa óssea ao impacto promovido pelo exercício no corpo. 7. Reduz o colesterol ruim (LDL). 8. Previne o Diabete, pois contribui para regular a produção de insulina 9. Controla a hipertensão, pois libera substância que causa a dilatação e o fortalecimento dos vasos sanguíneos. 10. Aumenta a libido e a performance sexual, pois melhora a autoestima e o condicionamento físico. Há mais de dois meses ponte aguarda o aterramento das cabeceiras. Com tanto benefício que a atividade física proporciona, gostaria de convidar as pessoas a participar dos grupos de Hidroginástica e Caminhada desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Saúde. Estância Frio da Serra Nem o tempo chuvoso impediu que a Estância Frio da Serra promovesse mais um torneio de laço com vaca mecânica. O evento aconteceu nos dias 30 e 31 de outubro. Mantendo a tradição gaúcha também nos territórios das Encostas da Serra Catarinense, o momento foi de festa e diversão para os amantes desse esporte. Parabéns aos organizadores, competidores e a todo público que esteve presente. Estes colunistas, que também prestigiaram o evento, torcem para que mais atrações como esta aconteçam. Claro que uma ajudinha de São Pedro, “fechando as torneiras” também seria bem-vinda. Atenção ala masculina No dia 12 de novembro, as 19:00hs, palestra com o psicólogo Elder Gonçalves. A mulherada que participou da caminhada ficou incumbida de “convencer” os maridões a participarem do evento. Brincadeiras à parte, é uma palestra muito importante, pois trata da saúde do homem. Participem. Mutirão em campo Aproveitando o feriado do dia 2 de novembro, os desportistas da comunidade da Mata Verde se reuniram para realizar a manutenção do campo de futebol suíço da Comunidade. O local, que estava “meio que abandonado”, ganhou uma nova cara. Com a manutenção também do gramado, dentro de algumas semanas o campo estará em perfeitas condições para a prática do bom e velho futebol. Nossos craques já se preparam para mostrar as habilidades. Nosso parabéns e agradecimento a todos que participaram do mutirão. Outubro Rosaaaaaaaa A Secretaria da Saúde Graziela S. Schueroff parabeniza a mulherada que participou do grupo da Caminhada Outubro Rosa. E nós que participamos agradecemos o prazer de saborear um delicioso café na Pousada Sítio da Cristini com a música ao vivo de Wanderlei Mendes. 16 Santa Rosa de Lima, Novembro/2015, O Ronco do Bugio Lei da Transparência A Lei Complementar 131, de 2009, conhecida com a Lei da Transparência, já sancionada pela Presidência da República há muito tempo, determina que todas as informações referentes à execução orçamentária e financeira da União, Estados e Municípios sejam disponibilizadas, em tempo real, em um portal na internet. Esta Lei tem o objetivo de permitir que os cidadãos possam acompanhar e fiscalizar como os gestores que deveriam ser públicos cuidam do dinheiro que é público. É dever divulgar De acordo com a Lei, as administrações têm que divulgar todos os atos praticados no decorrer da execução da despesa, no momento dos pagamentos, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado. Tem que fazer o lançamento e o recebimento de todas as receitas, inclusive referente a recursos extraordinários. Mas, e funciona? Como Macau gosta de “fuçar”, fui dar uma olhada no portal da transparência de Santa Rosa de Lima ( http://e-gov.betha.com. br/transparencia/01015-002/main.faces ). É visível que a Lei só é cumprida parcialmente. Meia sola! Meia boca! Meia verdade! As informações são imprecisas e, pior, desatualizadas. Uma parte importante dos dados que deveriam estar no portal, lá não estão. Aos olhos deste humilde porco banha, o que deveria ser uma fonte confiável para que os cidadãos tenham condições de acompanhar o andamento das contas da municipalidade serve apenas para dar um “ar” de transparência. Portal da aparência. E, não, da transparência. Há sinais claros, inclusive, que informações, depois de colocadas no portal, são “sumidas” em seguida. Um exemplo disso foi o pagamento para um “incerto” fornecedor. Ele foi colocado lá. Esteve lá. Alguns viram! Mas quando foram levantadas dúvidas sobre a suposta dívida... As informações desapareceram “misteriosamente”. E quem vai dar transparência ao portal? Sou “especialista” em lama. Sei quando ela está por perto. Mas não entendo nada de tecnologia, de internet. Por isso me pergunto: quem deveria se preocupar com a falta de informações no portal da transparência? Os cidadãos que estão sendo enganados com essa “cascata”? A Câmara de Vereadores, que é a Casa do Povo e a quem cabe fiscalizar o Executivo? O Ministério Público? Ou vai se continuar assim mesmo. Todo mundo fazendo de conta que está tudo certo. Dinheiro público é dinheiro de todos. Deve ser fiscalizado por todos. A falta de “ferramentas” é um problema. Mas e a falta de vontade? Por falar em transparência... E a nossa Câmara de Vereadores, como anda? Tem legislativos municipais na região que deram “muitos passos à frente”. Sessões transmitidas pela internet, documentos e informações no portal, cidadãos e vereadores (inclusive os de oposição) com acesso aos documentos públicos das sessões. Aqui é que as coisas demoram um pouco mais. É “precaução”? É “preocupação”? Com o que? O sigilo com o que deve ser público só em casos de exceção. Então, o que não dá para mostrar para o povo? Por que? Essas questões deveriam pautar o debate para a composição da Casa do Povo, no próximo pleito municipal. Representantes do povo devem zelar pela transparência do que é público. Os políticos são! Mas, e a sociedade? O Brasil vive um momento difícil, porém histórico. Muito se fala na exigência de transparência. Muito se ouve sobre o zelo com o dinheiro público. As emissoras de televisão nos bombardeiam, a cada dia, com esquemas de corrupção, com sistemas de desvio de dinheiro público, com métodos criativos para ganhar propinas e conseguir superfaturamentos. Como o Macau sabe que focinho de porco não é tomada, fica se perguntando: Mas essa sujeira é só lá em Brasília? Ou já contaminou toda a sociedade? Todos os entes federados? E se essas tais de apurações de escândalos, pela PF, pelo MP, pela AGU, CGU, COAF etc. chegassem aqui mais pertinho? Será que todo mundo dormiria sossegado? Será que já tem gente previdente apagando pistas? Limpeza completa Se esses processos de “lavar a jato” forem levados a sério, forem até o fim, pode haver “surpresas”. Há quem diga que quando “limparem” as coisas lá “por cima”, as ações se voltarão também para baixo. Se voltarão para governos estaduais e prefeituras. E, também, para todas pessoas e organizações que lidaram e lidam com dinheiro público. Não tenho espírito de porco, mas fico pensando naquela frase da Presidenta: “Não vai ficar pedra sobre pedra”. Isso tem um signifi- cado importante. Em bom português: zelem pelo dinheiro do povo ou poderão “ser pegos com a boca na botija”. Na lama, eu me deleito. Mas não cometo delito. Por aqui, está todo mundo fazendo tudo “limpinho”? Não surpreso, mas indignado Ando sempre preocupado em manter essa minha forma... de barril. Por isso, sempre dou minhas corridinhas pelo município. E aproveito para observar tudo por onde corro. Um desses finais de tarde, dei um “giro” pelo Rio Bravo. Nossa, a tal quadra coberta da comunidade ainda não saiu do chão. E ouvi que talvez nem saia mais. Noutro dia, subi o Morro dos Roecker e me assustei com a “paisagem lunar” que encontrei. Pavers escorregando do leito da estrada, drenagem de água entupindo e crateras se formando ao lado da pista... E o que se anuncia são muitas chuvas. Antes que venham as de verão, que todos conhecemos. No final de semana, procurando soltar os músculos dei um “trotezinho” na rua da prefeitura. Caramba, aquele esqueleto do Centro de Atendimento ao Turista continua “largado às traças”. Porco não rumina, mas... ... como ficam os cidadãos que pagam os seus impostos e todos os dias veem esses descasos? Só pode gerar revolta. A quadra do Rio Bravo parece que nunca mais vai poder ser chamada de coberta. O Morro dos Roecker que era para ser solução, parece que, logo, vai virar um problemão permanente. Aliás, alguém sabe como ficaram os pagamentos daquela obra. O Deinfra remunerou a empresa? A Prefeitura aprovou e aceitou a estrada? Assumiu que ela é a responsável pela manutenção? Resta ainda aquela carcaça do Centro de Atendimento ao Turista. Até quando teremos aquele cartão de visitas?
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