Subsídios para uma possível classificação dos instrumentos Csound

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Subsídios para uma possível classificação dos instrumentos Csound
Subsídios para uma possível classificação dos instrumentos Csound
por Pablo Sotuyo Blanco
Tópicos:
1. Introdução e objetivos
2. Revisão bibliográfica
2.1 Sistemas históricos de classificação instrumental
2.2 Aproveitamento conceitual do trabalho de Herrera et al.
2.3 Estudo e crítica à Tipologia dos Objetos Musicais (exemplificado no
Solfège de l’Objet Sonore) de Pierre Schaeffer
2.4 Conjuntos de Instrumentos Csound e critérios de organização
3. Considerações preliminares e proposta de classificação
3.1 – Etapas do processo experimental
3.2 – Parâmetros de classificação
3.3 – Tabela proposta
4. Bibliografia
Subsídios para uma possível classificação dos Instrumentos Csound
Pablo Sotuyo Blanco1
1. Introdução e Objetivos
Na criação musical, um dos problemas que o compositor pode se colocar é o da
escolha instrumental. Embutido na sua própria cultura, o sujeito apelaria, em termos
gerais, aos instrumentos que lhe permitam produzir os tipos de sons que a sua idéia
requer.
No âmbito da música criada e/ou manipulada por computador, o Csound é
talvez, a ferramenta mais potente no desenvolvimento de instrumentos que permitam a
síntese dos sons e a geração dos eventos sonoro-musicais mais variados.
Visto o crescente número de Instrumentos Csound2 (IC) que vêm surgindo nos
últimos tempos e a maneira como eles são apresentados ao usuário final, propõe-se
neste trabalho, estabelecer uma possível classificação [surgida a partir do som
produzido, e não apenas da forma em que o referido som é gerado, sintetizado ou
1
Formado em Composição pela Escola Universitária de Música (Montevidéu, Uruguai).
Doutorando em Composição pelo PPGMUS da UFBA.
2 Limita-se o termo “Instrumento Csound” (ou IC) para este trabalho, à dupla de arquivos .orc e
.sco que são utilizados na síntese sonora, tendo cada um deles o mesmo nome (ex: violino.orc;
violino.sco), excluindo aqueles que foram desenvolvidos em contextos composicionais mais complexos
como as obras musicais realizadas com o Csound.
manipulado], para que a escolha do compositor iniciante no Csound, seja cada vez
menos penosa e menos afastada do pensamento musical.
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Sistemas de classificação instrumental
Na história da cultura ocidental foram desenvolvidos vários sistemas de
classificação dos instrumentos musicais, porém o critério geral de classificação é o do
material de construção do instrumento, o da forma com que o som é produzido e o da
forma de execução. A seguinte tabela mostra um panorama geral dos sistemas surgidos
a partir do século XIX:
Autores
Data
Mahillon
1893
Hornbostel-Sachs
1914
Schaeffner
1936
Dräger
1948
Hood
1982
Se aplicados ao nosso objetivo, fica claro que os IC entrariam na categoria
electrófonos3, e dentro dessa classe, deveríamos especificar a forma com que o som é
produzido. Disto resultaria, aproximadamente, uma categoria para cada unidade
geradora de som e as suas possíveis combinações, o que deixaria uma extensa lista de
classes com pouco mais de um ou dois IC em cada uma delas. Deve-se então procurar
3
Segundo o sistema geral ampliado a partir do proposto por Hornbostel e Sachs.
uma classificação cujo critério seja o som produzido e não a forma com que esse som é
produzido.
Neste ponto, então, abrem-se duas possibilidades de dar forma ao nosso
trabalho, na procura de ferramentas para classificação de sons de uso e função musical:
a) desenvolvimento e uso de ferramentas de classificação automáticas (baseadas em
diversos processos computacionais); b) desenvolvimento e uso de ferramentas de
classificação não automáticas (embora claramente sistemáticas e baseadas em processos
empíricos de observação e estudo das características de cada som produzido).
Na primeira opção surgem logo uma série de trabalhos acadêmicos entre os que
se destacam os desenvolvidos por Lejaren Hiller4; os desenvolvidos pela Universidade
de Waikato5; e por Herrera, Amatriain, Batlle e Serra, da Universidade Pompeu Fabra.6
É mister destacar que, o trabalho desnvolvido no Instituto Audiovisual da Universidade
Pompeu Fabra, apresenta uma revisão crítica das técnicas de classificação de sons
segundo os modelos desenvolvidos até hoje, e da que aproveitaremos alguns dos
conceitos colocados nele.
Na segunda opção, os trabalhos desenvolvidos por Pierre Schaeffer e a equipe do
atual Groupe des Recherches Musicales, surge como uma opção válida a ser analisada,
criticada e eventualmente adaptada.
4
Veja-se a bibliografia do referido compositor e pesquisado, disponibilizado on-line pela
Universidade
de
Buffalo,
no
endereço
eletrônico
<
http://ublib.buffalo.edu/libraries/units/music/spcoll/lhbiblh.html>.
5
Disponíveis
no
endereço
eletrônico
da
WEKA
Project
Publication:
<http://www.cs.waikato.ac.nz/~ml/publications/>.
6
Perfecto Herrera, Xavier Amatriain, Eloi Batlle e Xavier Serra. “Towards Instrument
Segmentation for Music Content Description: A Critical Review of Instrument Classification
Techniques”. Paper apresentado no Music IR 2000, e disponibilizado na Internet no endereço
<http://ciir.cs.umass.edu/music2000/papers/herrera_paper.pdf> [10 de Novembro de 2000].
2.2 Aproveitamento conceitual do trabalho de Herrera et al.
No artigo apresentado no congresso International Symposium on Music
Information Retrieval (Music IR 2000),7 os autores revisam em forma analítica as
diferentes técnicas já propostas à comunidade para a classificação automática de
instrumentos musicais.8 Nessa procura, eles observam a existência de classes
verdadeiras, aceitas com anterioridade à classificação, e dentro dos limites do
culturalmente aceito, separando as técnicas em função de como o som se apresenta,
isto é, em situações do tipo monofônico ou outras mais complexas (polifônico, entre
outras). Como veremos, faremos uso dos conceitos em negrito, em diversas fases do
nosso trabalho.
2.3 Estudo e crítica à Tipologia dos Objetos Musicais (exemplificado no
Solfège de l’Objet Sonore) de Pierre Schaeffer
Na procura dos critérios tipológicos que lhe permitiram estabelecer o quadro
geral da classificação dos objetos musicais presente no Capítulo XIV item 16 do seu
Tratado de los Objetos Musicales, o próprio Schaeffer reconhece as limitações e
arbitrariedades que toda tentativa neste sentido traz embutidas. Segundo ele:
“La elección de estos criterios quizá sea lo más difícil en
la aproximación que intentamos. Hemos empleado muchos años
y cambiado muchas veces de sistema, pero digamos de entrada
que esta elección sólo puede ser arbitraria y dar lugar a una
tipología entre otras.”9
7
Organizado na cidade de Plymouth entre o 23 e o 25 de Outubro de 2000, pela Universidade de
Massachusetts (EUA).
8
Entendendo a idéia de Instrumento Musical, como sinônimo do som produzido pelo
instrumento musical, já que o objeto de estudo é “any kind of sound file or sound stream”.
9
Pierre Schaeffer. Tratado de los objetos musicales. Versión española de Araceli Cabezón de
Diego. Madrid: Alianza, 1988. p.228
“Hemos abandonado la idea de una clasificación física
basada en variables independientes y preferimos un juego a la
vez “psicológico” y pragmático, fundado en nociones más
matizadas y directamente implicadas en la percepción musical o
música. Ahora proponemos un segundo abandono: el de la
esperanza de clasificar el objeto de una vez por todas en una
casilla determinada de nuestro futuro cuadro. De hecho pensamos
que el principio de nuestra clasificación permite asignar al mismo
objeto diversas casillas, según la intención de la escucha. La
búsqueda de una tipología “absoluta” es ilusoria”10
Iniciando o seu trabalho a partir de um critério essencialmente musical
(utilizando as mesmas palavras usadas por Schaeffer), estabelece como ponto de partida
o da altura segundo seja ela fixa, variável, ou complexa, redefinindo e evidenciando
então, toda uma série de conceitos (como os de massa, feitura, duração, variabilidade,
equilíbrio e originalidade, entre outros) e as inter-relações existentes entre eles. Deve-se
reconhecer o caráter cultural a priori da referida escolha, podendo a mesma recair, da
mesma maneira, sobre o timbre, a duração, ou mesmo a intensidade (amplitude).
Trabalhando então a partir de três critérios do tipo: a) morfológico; b) temporal; e c)
estrutural, Schaeffer apresenta os eixos nos que cada um deles se desdobra. Para o
morfológico, estabelece o eixo da massa-feitura; para o temporal o da duração-variação;
concluindo para o estrutural, com o do equilíbrio-originalidade. É com esses três eixos
que constrói um quadro “multidimensional” do tipo que apresenta o Exemplo 1:
10
idem, p.231
Exemplo 1: Quadro de recapitulação tipológica proposta por Schaeffer
Da observação do quadro precedente, confirmamos que o “epicentro” do mesmo
é “le domaine des objets convenable, dont nous sentons instinctivement qu’ils sont
propice au musical” 11 (e que envolve as células dos N, dos X e dos Y) a partir do qual
definiu as fronteiras exteriores seguindo os critérios dos três eixos mencionados
anteriormente.
Não perdendo de vista o valor histórico dos resultados obtidos por Schaeffer,
eles apresentam certas limitações em relação ao objetivo deste trabalho, pois se procura
estabelecer tipologias que permitam a classificação dos sons a partir de categorias
existentes e culturalmente aceitas, como as de Altura, Duração, Intensidade e Timbre.
11
Pierre Schaeffer et Guy Reibel. Solfège de l’objet sonore. 3ème CD. Faixa 22. Paris: INAGRM, 1998.
Da observação e estudo acusmático dos sons produzidos pelos diferentes IC, iremos
questionando as definições tradicionais e redimensionando o alcance de cada uma delas.
Quando faz menção aos “objetos convenientes”, deve-se fazer a ressalva de que
isso pode variar de compositor para compositor, de idéia musical para idéia musical,
sem deixar de conter, em cada caso, o grau de coerência necessário e suficiente para redefinir o quadro todo. Sem deixar de aproveitar as pesquisas desenvolvidas por
Schaeffer e a equipe do GRM assim como os conceitos expostos, aos fins do presente
trabalho, qualquer IC deveria poder-se classificar sem interessar uma finalidade musical
preconcebida.
2.4 Conjuntos de Instrumentos Csound e critérios de organização
A linguagem Csound utiliza basicamente um programa compilador e dois
arquivos de texto com extensões predefinidas do tipo *.sco e *.orc. O primeiro deles
(.sco) foi batizado a partir da abreviatura da palavra que denomina a partitura em inglês
(score) enquanto o segundo (.orc) o foi a partir da que denomina a orquestra
(orchestra). Em termos gerais cada um deles contém a informação correspondente aos
conceitos tradicionais referidos. No arquivo .orc estabelecem-se as rotinas que
permitirão a geração do sinal digital, enquanto no arquivo .sco se inserem aquelas que o
manipulam.
Levando em consideração o anterior, procurou-se informação sobre
trabalhos semelhantes ao presente, não se encontrando nenhum até hoje.
No universo dos IC existem basicamente três tipos de conjuntos: a) as Coleções
(como as de Cook, Mikelson, Comanjuncosas, entre outros) com critérios variáveis
(porém não sistemáticos) de organização interna; b) os Catálogos (como o de Amsterdã)
com critérios mais sistemáticos de organização; e c) os Tutoriais (como os da Eastman
School of Music; do Hamel ou do próprio Csound Book) com um critério
fundamentalmente pedagógico.
Os critérios de organização surgem a partir da observação de: a) as classes e
categorias propostas na disponibilização dos conjuntos de IC; b) as ordens dos IC
propostas na disponibilização; e c) o nome com que foram definidos os IC.
O Exemplo 2 apresenta a lista dos conjuntos de IC presentes nas fontes
pesquisadas12:
Exemplo 2: Lista das Coleções e Catálogos
Conjunto de IC
Comanjuncosas
Pavan & Noorden
Eastman School
Perry Cook
Hamel
Hans Mikelson
DX7 13
Gather-ACCCI
Molyneux
Csound Book14
Eric Lyon
Dodge & Jerse
Risset
Sumy & Rossing
Pinkston
Smaragdis
Varo & Pinkston
Beck LSU (S)
Beerman BGSU (S)
Boulanger Berklee (S)
Miranda Glasgow (S)
Vercoe MIT (S)
Fredrics
Martin Dupras
Varga-Istvan
Pinkston Class Ex.
Spjut
Fischman
12
Tipo
Coleção (A)
A
Tutorial (B)
A
B
A
A
Catálogo (C)
A
B
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
B
A
A
Critério de organização
Não Hierárquico (1)
1
Pedagógico (2)
1
2
1
1
Numérico – Hierárquico (3)
1
2
1
Alfabético (4)
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
Foi exigido um mínimo de vinte IC para ser incluído na lista anterior, pois são muitos os
nomes envolvidos com a criação musical em Csound. As fontes pesquisadas foram o Csound Book de
Richard Boulanger [Cambridge (Mass.): MIT Press, 2000] e as coletas de IC feitas por Pedro Kröger,
tendo sido as duas, atualizadas por pesquisas feitas na Internet pelo autor deste trabalho, até o dia 30 de
Novembro de 2000.
13
Conjunto original desenvolvido por Jeff Harrington e modificado por Doug Walter e por
Sylvain Marchand.
14
Tutorial organizado por Richard Boulanger para o CD que acompanha o livro.
Sendo o único caso encontrado, estudou-se o caso específico do Catálogo de
Amsterdã. O próprio Gather (que fez a atualização do referido catálogo), em relação ao
critério utilizado, expõe que:
“All instruments have been programmed adopting
one style, with strong emphasis on documentation and
transparency. The corpus of instruments is systematically
subdivided into a hierarchy of main groups and subgroups
according to synthesis technique or topic.”
A versão 1.2 do referido catálogo contém aproximadamente 80 IC
documentados entre os que se incluem os vinte e cinco instrumentos desenvolvidos nos
Laboratórios Bell por Risset, e os aproximadamente outros cinqüenta e cinco IC que
focalizam vários aspectos da síntese de som por software. Estudando o critério
explicitado, conferimos que ele é único, sendo do tipo hierárquico-numérico, frisando a
forma ou a técnica como o som é produzido ou controlado, característica geral a todos
os conjuntos estudados.
3. Considerações preliminares e proposta de classificação
3.1 – Etapas do processo
O processo que foi estabelecido para o presente trabalho, toma como ponto de
partida o estudo de duas das três características comuns a todos os instrumentos
musicais: a contrução e as suas possibilidades sonoras. A terceira característica, isto é, o
material do ressoador, não será levado em consideração por ser única a todos os
instrumentos: o alto-falante.
O estudo da construção dos IC passa pelo estudo das unidades de geração e/ou
controle utilizadas no mesmo, assim como a forma em que elas se relacionam para
cumprir seu objetivo. Desta observação primária, podem-se separar dois tipos de IC: a)
os que produzem som; e b) os que apenas modificam um som pré-gravado ou pré-
gerado (i.e. reverbs, espacializadores, envelopes, entre outros). Estes últimos, em geral,
utilizam um arquivo de som (i.e. .WAV; .AIFF, etc.) ou um arquivo de análise (do tipo
PVOC ou PVANAL).
Uma vez estabelecido a qual dos tipos pertence o IC, define-se a área de
incidência, que estará limitada aos valores dos campos tipo P, presentes nos arquivos
.sco, pois é deles que o “compositor” se aproveitará para produzir os sons musicais
necessários para criar sua peça. Conseqüentemente, define-se o arquivo .orc (por
inteiro) e as funções de tabela presentes no arquivo .sco, como áreas intocáveis pois
delas dependem as características gerais do IC.
Definida, então, a área de incidência, se procede ao estudo das possibilidades
sonoras do IC. O mesmo se articulou segundo os passos seguintes:
1. compilação do IC, procurando-se corrigir os possíveis erros de sintaxe. Se os
eventuais erros não forem corregíveis, se rotula como possuidor de erros, e se
procura outro IC que não possua erros.
2. audição do som produzido pelo IC segundo foi apresentado à comunidade
Csound pelo próprio autor do IC.
3. modificação dos diversos parâmetros com a finalidade de observar o
comportamento sonoro do IC segundo o parâmetro estudado, isto é:
a. procurando os limites na produção de alturas, durações (incluindo a
geração de impulsos), timbres, intensidades, etc.
b. observando as eventuais relações entre os parâmetros modificáveis.
4. registro dos resultados numa tabela na qual se incluem algumas das células do
quadro do Schaeffer (os centrais: X, N, Y).
3.2 – Parâmetros de classificação
Tendo estabelecido anteriormente os dois tipos gerais de IC (Musical e
Controle); e sendo o som o ponto focal do presente estudo, os quatro parâmetros
tradicionais que o procuram definir, foram analisados em forma critica, como
conseqüência da observação dos sons produzidos. É aqui onde se conjulgam os
trabalhos revisados anteriormente.
Partindo então do conceito de feitura (Fei) proposto por Schaeffer, tem-se uma
divisão em duas categorias: a) sustentado (S); b) iterativo (It). Uma terceira categoria (a
dos impulsos e/ou os grãos) segundo as pesquisas apresentadas por Schaeffer,
funcionaria como pivot entre as duas anteriores. Neste trabalho definiremos essa
categoria como uma potencialidade a ser estudada em todos os casos, isto é, a
potencialidade do IC gerar um som o mais breve passível de ser ouvido.
Eis então que o parâmetro Altura (Alt) (ponto inicial da tipologia proposto por
Schaffer para os objetos sonoros), perde a subdivisão tradicional de determinada e
indeterminada, assim como a de definida e complexa (segundo Schaeffer), para ganhar
as de: a) tonal (T) ou não tonal (N); e b) estável (E) ou móvel (M). Também se
estudaram os limites da altura (superior e inferior) que cada IC pode gerar.
Por sua vez, o parâmetro Timbre (Tim) se subdivide em: a) homogêneo (Homo)
e heterogêneo (Hete) (em função da sensação geral de permanência ou mudança que o
som apresenta). Em função do modelo utilizado pelo criador de cada IC, se especifica se
ele é acústico (Ac) ou eletrônico (El). Por sua vez, os que estão relacionados ao modelo
acústico, se subdividem em dois tipos: a) orquestral (O) (com a conseqüente separação
nas famílias instrumentais, isto é, Madeiras (Ma); Metais (Me); Percussão (P); Cordas
(Co); Vozes (Vo); e Teclados (Te)); e b) concreto (C) (que corresponde, por exemplo,
ao ruído do vento).
A Intensidade (Int), tradicionalmente expressa pela dinâmica ou pela amplitude,
se subdivide em fixa (ou constante) (F) e variável (V) (no sentido de controlável ou
modificável).
Finalmente, a Duração (Dur) se subdivide em fixa (ou constante) (F) e variável
(ou controlável) (V).
Quando qualquer dos parâmetros anteriores apresente alguma dependência ou
relação que condicione o próprio funcionamento, a mesma será expressa oportunamente
(tipo duração dependente da altura, intensidade dependente do envelope, etc.).
3.3 – Tabela proposta
Depois de ter testado os passos anteriores com um número de IC escolhidos em
forma randômica entre os conjuntos anteriormente definidos, chegou-se ao desenvolvimento de um banco de dados, cujo conteúdo está sendo apresentado sob forma de
FrontEnd que permite a escolha de um determinado subconjunto dos IC Musicais a
partir da escolha feita pelo usuário, das características dos parâmetros tradicionais. A
figura seguinte mostra como três IC tipo podem aparecer tabulados.
Fei
Dur
Int
S I F V F V
1 1
1
1
2
2 2
2
3 3 3 3 3 3
Alt
Tim
Homo
Ac
T N E M
O
C
Ma Me P Co Vo Te
1
1
1
2
2
2 2
3 3 3 3 3 3
3 3 3 3
1 - IC do tipo instrumento de madeira (incluindo saxofones)
2 – IC do tipo gerado pelo algoritmo desenvolvido por Karplus-Strong.
3 – IC imaginário que pode fazer praticamente tudo via campos “p”.
El
2
3
Hete
3
Como se pode observar, um mesmo IC pode deixar espaços em branco, sendo
apenas tabulado nas ocorrências observadas, ou prencher todos os espaços, como no
caso imaginário (porém possível) do IC 3 da tabela.
4. Bibliografia
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