1 mudanças nas populações de louros em conseqüência da

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1 mudanças nas populações de louros em conseqüência da
MUDANÇAS NAS POPULAÇÕES DE LOUROS EM CONSEQÜÊNCIA DA
EXPLORAÇÃO FLORESTAL NA FAZENDA RIO CAPIM, PARAGOMINAS, PA1
ADRIANA DO SOCORRO GOMES DE MELO 2
JOÃO OLEGÁRIO PEREIRA DE CARVALHO 3
O conhecimento de florestas naturais é de grande importância, principalmente quando se trata
de definir qual o método mais adequado para utilização de seus produtos. Dentre as diversas
famílias existentes nas florestas nativas destacamos a Lauraceae, que caracteriza-se por seus
indivíduos que são geralmente arbóreos ou arbustivos, exibindo-se na forma de árvores ou
arvoretas (com exceção do gênero Cassyta que se apresenta como cipós e lianas). Duas das
principais características desta família são a de apresenta um cheiro forte característico,
normalmente agradável, e a presença de lenticelas espalhadas pelo tronco (Brito et al., 2001).
Esta família apresenta grande importância econômica, pois muitas de suas espécies são
fornecedoras de madeira de excelente qualidade, de óleos aromáticos (linalol) e de substâncias
muito utilizadas na indústria alimentar e medicinal. Gêneros como Aniba, Licaria, Nectandra,
Ocotea, dentre outros, são de grande valor econômico (Joly, 1975), e na região amazônica são
conhecidos vulgarmente como louros. Este trabalho objetivou a caracterização do efeito da
colheita nos indivíduos de louro, em uma floresta de terra firme na região de Paragominas,
PA. Os resultados obtidos geraram informações que ampliaram o conhecimento sobre as
populações de louros. A pesquisa foi realizada em 108 hectares, na Fazenda Rio Capim,
propriedade da empresa Cikel Brasil Verde Madeiras Ltda., no município de Paragominas,
PA, onde a precipitação anual varia de 1.766 a 2.100 mm, com temperatura média de 27,2 °C
e umidade relativa do ar entre 80 e 85%, com clima “Aw”, segundo Köeppen. A topografia é
plana a suavemente ondulada e o solo é do tipo Latossolo Amarelo. A vegetação da área
estudada é do tipo floresta ombrófila densa. Foram estabelecidas, aleatoriamente, 36 parcelas
de 0,25 ha, subdivididas em 25 subparcelas de 10 m X 10 m, onde foram medidas as árvores
(DAP = 10 cm). Foram realizadas duas medições nas parcelas permanentes: em 2003, antes
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Estudo desenvolvido pelo Projeto Peteco (Embrapa/CNPq), com apoio da Cikel Brasil Verde
Madeiras Ltda., do Projeto Bom Manejo (Embrapa/CIFOR/ITTO) e do CNPq.
2
Engenheira Florestal, Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA. Belém, PA. Fone: (91)
3233-0779/ 8821-9198. Email: [email protected]
3
Engenheiro Florestal, D. Phil., Embrapa Amazônia Oriental, Bolsista do CNPq. Belém, PA. Email:
[email protected]
1
da colheita da madeira e em 2004, após a colheita. Mediu-se o diâmetro do indivíduo a 1,30 m
do solo ou em outra posição no fuste, livre de sapopemas ou qualquer outro impedimento.
Calcularam-se a abundância, a freqüência, a dominância (área basal) e o volume. No
inventário realizado em duas ocasiões (2003 antes da colheita, e em 2004 depois da colheita)
na área de estudo, ocorreram 15 espécies de louros: Aniba burchellii Kosterm.; Aniba
canelilla (Kunth) Mez.; Licaria aritu Ducke; Licaria brasiliensis (Nees) Kosterm.; Licaria
sp.; Nectandra cuspidata Nees & Mart.; Nectandra sp.; Ocotea acutangula (Miq.) Mez.;
Ocotea caudata (Nees) Mez.; Ocotea costulata (Nees) Mez.; Ocotea glomerata (Nees) Mez.;
Ocotea opifera Mart.; Ocotea petalanthera (Meiss.) Mez.; Ocotea sp.; Sextonia rubra (Mez)
van der Werff. Nenhuma dessas espécies foi colhida. Considerando apenas as medições do
ano de 2004 (após a colheita), as espécies Licaria sp. e Nectandra sp. não mais ocorreram na
área. Antes da colheita, foram registrados 79 (8,78 indivíduos.ha -1 ) indivíduos arbóreos de
louros, após a colheita esse número baixou para 76 (8,44 indivíduos.ha -1 ). As duas espécies
que mais se destacaram em abundância foram Ocotea costulata (3,22 indivíduo.ha -1 ) e Ocotea
glomerata (1,56 indivíduo.ha -1 ), que mantiveram o mesmo número de indivíduos durante os
dois anos em que foram realizadas as medições. Verificou-se também que as espécies de
Licaria sp. e Nectandra sp. apresentaram um indivíduo, cada uma, antes da colheita e esse
indivíduo não foi mais registrado após a colheita, este fato é atribuído a morte natural desses
indivíduos. A espécie Sextonia rubra durante a primeira medição (2003) apresentava quatro
indivíduos, e apenas três durante a segunda, resultando em uma redução em sua abundância
de 0,11 indivíduo por hectare, devido a danos ocorridos durante a colheita. Em 2003, Ocotea
costulata foi a espécie mais freqüente (3,00%), seguida por Ocotea glomerata (1,56%). Em
2004 essas espécies mantiveram a mesma freqüência, contudo verificou-se uma redução na
freqüência de Sextonia rubra de 0,11%. A área basal total dos louros, aumentou 0,075 m².ha -1
na segunda medição (2004), devido ao crescimento em diâmetro ocorrido em todos os
indivíduos que permaneceram vivos após a colheita. Os indivíduos das espécies Licaria sp. e
Nectandra sp. não foram mais registrados na área após a colheita, porém não influenciaram na
área basal total. O volume das espécies seguiu a mesma tendência da área basal, considerando
que a fórmula utilizada para os cálculos foi em função do diâmetro. Portanto, o volume total
também apresentou um pequeno aumento, devido ao incremento em diâmetro ocorrido no
período. Com relação à distribuição diamétrica dos louros na Fazenda Rio Capim, nos anos de
2003 e 2004, observou-se que as populações mostraram-se em equilíbrio, por apresentar um
maior número de indivíduos nas classes diamétricas inferiores, mesmo com pequenas
oscilações em algumas classes (70,0cm – 7,99cm e 90,0cm – 99,9cm). Observou-se, também,
2
que a redução de plantas ocorrida após a colheita se deu nas três primeiras classes diamétricas
(5,0cm – 29,9cm). Em relação à distribuição do volume (indivíduos com DAP = 20 cm),
verificou-se que a classe de diâmetro que apresentou maior volume foi a de 90,0 cm – 99,9
cm, seguida pela de 100 cm – 109 cm, mostrando a existência de um bom estoque
volumétrico para corte. Contudo, a quantidade desses indivíduos aptos ao corte é bastante
reduzida sugerindo que mesmo havendo volume disponível para corte, os indivíduos devam
permanecer
na
área,
principalmente
por
questões
reprodutivas.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS (BRITO, J. M. de; SOUZA, M. A. D. de; HOPKINS, M. J G. Apostila
de Identificação florística. 2001. 33 p.; JOLY, A. B.Botânica: introdução à taxonomia
vegetal. 2 ed. São Paulo: Editora Nacional, Ed. Universidade de São Paulo, 1975. v. 4. il.)
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