voz operaria - Memórias Reveladas

Transcrição

voz operaria - Memórias Reveladas
U- AH tío x^.o. et-ij flcP-H/3,. L
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. . ..
ORGAO CENTRAL
VOZ OPERARIA
Múmero X X X I I I — Novembro de 1967
DO
PARTIDO COMUNISTA
NCr. $ 0,10
BRASILEIRO
Manifesto do Comitê Central do PCB
Os 50 Anos da União Soviética Comprovam
0 Triunfo Mundial do Socialismo
A classe operária! Aos
dores!
trabalha-
A todos os lutadores pela paz
mundial, pela liberdade, pela independência nacional e pelo progresso social!
Aos comunistas
nosso Partido!
e aos amigos de
A 7 de novembro próximo, os
povos do mundo inteiro comemoram
o 50." aniversário do triunfo da gloriosa Revolução Russa, que assinalou o inicio de uma nova época no
desenvolvimento da sociedade humana — a época da passagem do
capitalismo ao socialismo, a época
8o triunfo do marxismo-leninismo
em escala mundial.
Passados cinqüenta anos, já se
pode avaliar em toda sua magnitude o alcance e as conseqüências
da primeira revolução proletária
triunfante, que acabou na Rússia
com a dominação dos latifundiários
e capitalistas e dos monopólios estrangeiros. Nem a invasão dos exércitos das potências imperialistas
após a vitória, nem a criminosa sabotagem articulada contra a consolidação do poder revolucionário, nem
ai agressão nazifascista durante a
Segunda Guerra Mundial — nada
Conseguiu impedir a construção vitpriosa do socialismo e seu avanço
no sentido da criação das bases materiais da sociedade comunista, a
nova sociedade que tem a missão
histórica de "libertar todos os homens da desigualdade social, de todas as formas de opressão e exploração e dos horrores da guerra, e
de garantir no mundo a Paz, o
Trabalho, a Liberdade, a Igualdade, a Fraternidade e a Felicidade
a todos os povos."
les que pretenderam, durante anos
seguidos, ocultar ou deturpar os fatos.
dial. A poltica leninista de paz e
de luta pela coexistência pacífica
entre Estados de regimes sociais diferentes contribui decisivamente para salvaguardar a paz no mundo —
é a serviço da paz mundial que
está o crescente poderio dos povos
soviéticos.
classe, de opiniões filosóficas e sentimentos religiosos, unâmo-nos como democratas e patriotas para lutar juntos contra o regime militaNa União Soviética, como aconrista reacionário que nos oprime a
tece com as demais nações socialisserviço do explorador estrangeiro,
tas, foram liquidadas definitivamencontra a atual ditadura, pela conte as calamidades sociais que flagequista das liberdades democráticas
lam todos os povos do mundo cae de um governo que as garanta,
pitalista: as crises econômicas, a
Intransigentemente fiel aos ensi- abrindo caminho para a completa
inflação, a falta de trabalho, o namentos de Lênin, o Estado so- libertação de nosso povo da domianalfabetismo, a miséria, a fome. viético, ao mesmo tempo que não nação imperialista e para a liquiEm seus cinqüenta anos de luta e admite a intervenção nos assuntos dação do monopólio da propriedade
construção,
converteu-se a União internos de outros povos, apoia fir- da terra pelos latifundiários.
Soviética em grande potência socia- memente todos os povos que lutam
lista.
pela liberdade e a independência
Dirigimo-nos particularmente à
nacional. Com seu apoio têm con- classe operária c a todos os trabaü s salários reais sobem continua- tado o povo heróico do Vietnam, lhadores, das cidades e do campo,
mente: aumentaram de 6 1 % , entre para enfrentar a brutal e vergonho- concitandoKjs a que se organizem,
1954 e 1964. E' constante a dimi- sa agressão da maior potência imfortaleçam suas organizações e innuição dos preços dos artigos de perialista, e o valoroso povo de
consumo popular. O aluguel de ca- Cuba, para construir vitoriosamen- tensifiquem as lutas em defesa de
sa não excede a 4 ou 5% do sa- te o socialismo a menos de 200 qui- seus direitos e interesses. E' neceslário recebido pelo chefe de famí- lômetros do território norte-americano.
(Continua na 2* página)
lia. As condições de habitação melhoram cada vez mais: de 1958 a
Torna-se cada vez mais claro pa1965,
foram entregues ao povo cerra os povos de todo o mundo o
ca de 80 milhões de residências
contraste entre a política de paz
novas. A assistência médica e farda União Soviética e a política
macêutica é gratuita. O nível de
reacionária e agressiva dos impevida média, que era de 32 anos
rialistas, em primeiro lugar dos
antes da Revolução, passou a 70
anos na atualidade. A jornada de imperialistas dos Estados Unidos.
trabalho foi reduzida a 7 horas (6
Amigos e camaradas!
horas, no subsolo e para menores
de 18 anos). E já foi adotada a
Para a classe operária e demais
semana de cinco dias" de trabalho
forças progressistas de nosso país,
e dois de repouso. A instrução é
estímulo saber
gratuita. iOfo dos operários e 23% constitui poderoso
dos camponeses possuem instrução que na dura luta que sustentamos
média ou superior. Atualmente, são contra o opressor norte-americano e
graduados 125 mil engenheiros. E a reação interna temos de nosso laa União Soviética já conta com do a gloriosa e invencível União
mais de 400 mil cientistas.
Soviética.
i
São estes alguns êxitos dos povos
soviéticos, files confirmam as previsões dos fundadores do socialismo científico e fazem da União
Soviética o foco luminoso para o
A contribuição heróica dos povos
qual se voltam todos os povos que
soviéticos à vitória mundial sobre
lutam contra a miséria e o atraso,
o nazifascismo fêz ruir as calúnias
contra a opressão imperialista e a
dos porta-vozes do imperialismo e
exploração dos latifundiários e cada reação contra o regime soviético.
pitalistas, pelo progresso social, por
E os êxitos dos povos soviéticos,
um mundo livre da exploração do
tanto no terreno do desenvolvimenhomem pelo homem.
to econômico e social, como no âmbito das ciências, da técnica e da
Mas os povos voltam-se para a
cultura em geral, desmascararam a União Soviética também porque nepropaganda venenosa de todos aque- la vêem o baluarte da paz mun-
Os comunistas do Brasil, que sei
orgulham de sempre ter compreendido e avaliado com acerto o
papel histórico do Estado soviético
e de glorioso Partido Comunista da
União Soviética, comemoram com
júbilo a passagem do 50." aniversário da Grande Revolução Socialista de Outubro. E se dirigem ao
povo brasileiro,
conclamando-» à
unidade e à ação, à luta pela liberdade, pela independência, pelo
progresso social.
Unâmo-nos todos, acima de divergências políticas,
de posições de
Bt/HJiWo •n-o-t»,fcSMÍi„x
Manifesto
doCC
do PCB
Mensagem do Comitê Central do PCB Sôbreo^
|
50° Aniversário da Revolução Russa
Queridos camaradas:
(Continuação da 1* página,)
sário combater com firmeza e pôr
abaixo a política salarial da ditadura, que procura descarregar exatamente sobre os ombros dos que
trabalham, aumentando suas privações e sofrimentos, o peso das dificuldades que o pais atravessa,
Dirigimo-nos a todas as pessoas
amantes da paz, que avaliam os
horrores de uma guerra termonuclear e- contra ela lutam, e apelamos para que juntos intensifiquemos em nosso país a luta contra
uma Terceira Guerra Mundial, exigindo a cessação dos bombardeios
americanos na República Democrática do Vietnam e a retirada das
tropas invasoras do Vietnam do
Sul. Com a nossa solidariedade ativa ao ; 3vo vietnamita, contribuiremos pL a apagar o mais perigoso
foco de guerra mundial. Ao mesmo temp i, é indispensável que nos
mantenhamos vigilantes em solidariedade ao povo cubano, que continua ameaçado de intervenção armada pelo governo dos Estados Unidos.
Para todos nós, latino-americanos, defender a Revolução Cubana é lutar por nossa própria independência, é combater o inimigo
comum e sua poltica de intervenção nos países da América Latina.
Os cinqüenta anos do Estado Soviético comprovam o triunfo mundial do socialismo. O capitalismo
está moribundo e seus estertores não
poderão impedir a vitória dos povos que lutam pela emancipação nacional e social, pela conquista do
novo mundo do comunismo, livre
para todo o sempre da exploração
do homem pelo homem.
Salve a Grande Revolução Socialista de Outubro!
Viva a unidade internacional do
proletariado e dos povos do mundo inteiro!
Outubro de 1967
O Comitê Central do
Partido Comunista Brasileiro
Os comunistas de todo o Brasil, certos de que traduzem os sentimentos d a
classe operária e demais forças progressistas de nosso país, festejam com alegria e profunda emoção o 50.° aniversário d a Grande Revolução Socialista de
Outubro e enviam felicitações as mais
calorosas ao Partido Comunista d a União
Soviética e,. por seu intermédio, aos povos soviéticos.
Evocamos neste momento a figura
gigantesca de Lênin e lembramos seus
companheiros do glorioso Partido Bolchevique que levou o proletariado à vitória
em 1917. Recordamos os gloriosos filhos
do povo soviético que rechaçaram os intervencionistas imperialistas, seus irmãos
que construíram a nova sociedade socialista e os mártires e heróis da grande
epopéia d a .Guerra Pátria, que libertou
a humanidade do nazifascismo.
Os grandes êxitos dos povos soviéticos no terreno econômico e social, suas
vitórias espetaculares no âmbito das ciências, d a técnica e d a cultura em geral,
multiplicam nossas forças, elevam nosso
ânimo combativo,. estimulam-nos para o
comberte contra o opressor imperialista,
contra os latifundiários e grandes capitalistas, p a r a a luta histórica de nosso povo pela paz mundial, pela independência, pelas liberdades e pelo progresso
soclial.
Saudámos com vivo entusiasmo a firmeza com que o Estado Soviético aplica
a política leninista de paz e de luta pela
coexistência pacífica entre Estados de regimes sociais diferentes, assim como o
superior desinteresse com que nos seus
cinqüenta anos de vida tem apoiado a
a todos os povos que lutam contra os
agressores imperialistas, pela liberdade e
pelo progresso.
i
Os comunistas do Brasil, que se orgulham de terem sempre compreendido
e avaliado com acerto o papel histórico
do Estado Soviético e do Partido Comunista d a União Soviética, tudo continuarão fazendo para intensificar a luta do
povo brasileiro em defesa da paz mundial, contra a política reacionária e
agressiva dos círculos imperialistas, pela
imediata liquidação dos focos de guerra,
desenvolvendo para tanto a solidariedade ao heróico povo do Vietnam.
Ao festejarmos a data histórica do
triunfo d a Grande Revolução Socialista
de Outubro, que assinala o início de uma
nova época no desenvolvimento d a sociedade — a época do triunfo do marxismo-leninismo em escala mundial, estamos certos de q u e novos e decididos
passos serão dados pelos comunistas de
todo o mundo no sentido d a coesão e
unidade do movimento comunista internacional, condição das mais importantes
para que seja salvaguardada a paz mundial e acelerada a marcha dos povos
no caminha do socialismo.
Salve a Grande Revolução Socialista ,
de Outubro!
Viva a solidariedade internacional f
do prefetariade!
Viva a União Soviética, baluarte da
paz mundial!
Pela unidade do movimento comunista internacional!
Glória eterna ao grande Lênin!
O COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO
COMUNISTA BRASILEIRO.
Destituição do
Comitê Estadual de São Paulo
O Comitê Estadual de São Paulo
aprovou, por maioria, uma resolução
em que afirma não respeitar e nem reconhecer nenhuma das decisões tomadas
pelo Comitê Central em sua última reunião.
E' evidente que, com essa decisão,
a maioria do Comitê Estadual de São
Paulo viola, sob diversos aspectos, os
Estatutos e assume uma atitude antipartidária, procurando impedir que as resoluções do Comitê Central sejam transmitidas à organização do Partido no Estado de São Paulo e levadas à prática.
Diante desses fatos e de acordo com
a autorização para que adote e aplique
todas as medidas necessárias ao cumprimento das decisões tomadas pelo Comitê Central, a Comissão Eexcutiva resolve:
b)
Destituir o Comitê Estadual de
São Paulo.
Nomear uma comissão encarreg a d a de dirigir, temporariamente, a organização partidária no
Estado de São Paulo, tendo em
vista a normalização d a atividade do Partido no Estado e o
cumprimento das Resoluções do
Comitê Central.
Suspender de seu cargo de
membro do Comitê Central, até
a próxima reunião, o camarada
Toledo.
Outubro de 1967
c)
A Comissão Executiva do Comitê
Central do Partido Comunista Brasileiro.
I
8R. fit»Í,fJo X°>0. £5i, A c / H/3,0.3
Guevara:
Exemplo de Lealdade e Abnegação
À Causa da Libertação dos Povos
A humanidade progressista e revolucionária lamenta a perda de «Che» Guevara. Argentino de origem, o heróico comandante guerrilheiro dedicou sua
vida à luta pela libertação dos povos d a América
Latina. Com a gloriosa revolução cubana — íoi um
dos 84 integrantes do grupo que de desembarque
do Granma — «Che» Guevara adquiriu projeção continental, como combatente corajoso e audaz, comandante hábil e experimentado, e teórico d a luta de
guerrilhas nas condições do continente americano.
.«Che» Guevara tombou lutando com bravura em
defesa dos interesses do povo boliviano, contra a s
forças reacionárias locais e seus amos, os imperialistas norte-americanos. Mas não morreu no campo
de batalha. Foi covarde e friamente assassinado por
oficiais bolivianos e seus conselheiros militares dos
Estados Unidos. Esse crime desperta revolta e indignação. Ferido nas pernas e feito prisioneiro, «Che»
Guevara foi assassinado vinte e quatro horas depois.
Seu cadáver, exposto à curiosidade pública, apresentou ferimentos à b a l a n a garganta, nos pulmões e em
pleno coração. Posteriormente, depois de ter a s mãos
amputadas, o cadáver desapareceu, sendo negado à
própria familia do morto.
Aí está um retrato de corpo inteiro d a selvageria
e d a bestialidade das forças armadas dos Estados
Unidos e de seus serviçais latino-americanos. Acostumados a massacrar e assassinar friamente milhares
de patriotas em todas a s partes do mundo, do Vietnam a São Domingos, da Indonésia aos «guetos» negros dos próprios Estados Unidos, essas forças do
obscurantismo não se detêm diante do mais hediondo
crime quando se trata de defender os interesses dos
frustes e monopólios ianques e das oligarquias que
lhes servem.
Com razão Guevara proclamara serem os Estados Unidos «o grande inimigo do gênero humano».
O exemplo de lealdade e abnegação à causa d a libertação dos povos, dado por Guevara, continuará
vivo no coração, na memória e n a ação de milhões
de outros combatentes pela libertação nacional e o
socialismo. Contra o imperialismo norte-americano e
seus agentes se unirão, sem dúvida, num processo
que seguirá seu curso normal e atenderá às particularidades de cada país e à s tradições de cada povo, os combatentes d a s Américas. Isto representa uma
garantia de que, cedo ou tarde, sejam quais forem
os sacrifícios impostos aos povos, a revolução nacional-libertadora e o socialismo triunfarão.
A luta contra o arrocho salarial é uma luta política
MAURO
Os governos dos países capitalistas são obrigados a intervir com
maior vigor na economia e o Estado
vai agindo cada vez mais diretamente a serviço dos patrões, transformando-se numa espécie de superpatrão. Em nosso país, com a instituição da ditadura militar reacionária e entreguista, esta forma adquiriu aspectos violentos. Sob a bandeira do combate à inflação, o governo descarrega em cima dos assalariados todo o peso das dificuldades que o país atravessa. Milhões
de operários, empregados e servidores são as principais vtimas da política antiinflacionária da ditadura,
que tem como cerne de seu plano
econômico e financeiro impedir que
os trabalhadores conquistem melhores reajustes salariais.
Antes da abrilada de 64, os trabalhadores, gosando de maiores liberdades, obtinham, com lutas, melhores reajustes salariais, assim como
outras vantagens, nos acordos negociados diretamente com o patronato. E. avançando nesse terreno, já
conseguiam reajustes
antecipados,
objetivando resguardar seu salário
real, seu poder aquisitivo. A mercadoria força de trabalho tinha então
melhor curso e, assim, condições
de melhor remuneração.
Com o golpe de abril e as modificações arbitrárias que a ditadura introduziu na legislação do trabalho, os trabalhadores, ao reivindi-
car reajustes
salariais, chocam-se
não apenas com o patronato, mas
diretamente com o governo. E* o
Estado -que, através das leis 47254923 e decretos 13 e 17, institui
o arrocho salarial e, com a lei 4330,
proibe o direito do exercício de
greve.
O Estado dita, através do coronel
Passarinho, que "os servidores federais não receberão em 1967 nenhum reajuste, que os reajustes salariais não podem ultrapassar a
13%
e que anulará os acordos salariais dos bancários do Estado do
Rio, de São Paulo e de Mato Grosso", porque os mesmos ultrapassaram os índices forjados e estabelecidos pelo Conselho Nacional de Política Salarial.
Vemos, assim, que o Estado, ao
mesmo tempo que permite a liberação dos preços, está confiscando os
salários dos trabalhadores. Acentuase, em conseqüência, a queda do
salário real. Vejamos os dados seguintes, divulgados pelo "Correio da
Manhã" de 19-3-67: "Os 22 produtos alimentícios, que custavam 2370
minutos de trabalho em abril de
64, passaram, em março de 67, a
custar 3350 minutos". Comprova-se,
portanto, a queda do poder aquisitivo das massas. Todas as mercadorias tiveram, após o golpe de abril,
seus preços praticamente liberados.
E os preços subiram c continuam
subindo. Mas a mercadoria força de
trabalho foi rigidamente controlada
BRITO
pelo governo, que fixa os limites
da elevação do seu preço, isto é, dos
salários. E esses limites são sempre
inferiores à elevação dos preços das
demais mercadorias. Dai a grita crescente contra o arrocho salarial. E
note-se que o esfomeamento dos trabalhadores é considerado a grande
vitória da "revolução"! Ao defender
furiosamente a política salarial do
governo, assim afirmou, a 5-10-67,
em editorial, o "Jornal do Brasil":
"a liquidação desta política é enfraquecer a revolução na sua base vitoriosa".
A movimentação contra o arrocho salarial ganha corpo. Com o
término dos acordos salariais, vem
tomando força a pressão dos trabalhadores sobre os Sindicatos. Federações e Confederações. A Convenção Nacional dos Bancários constituiu-se, com suas resoluções, num
grito de alerta. Os bancários da
Guanabara realizaram grande assembléia e colheram milhares de assinaturas em documento entregue
ao governo. As Confederações Nacionais dos Trabalhadores trataram
do assunto em diversas reuniões e
entregaram ao governo um memorial contra o arrocho salarial. Foi
convocado o Encontro^ Nacional dos
Trabalhadores, para os dias 13 e
15, na Guanabara. Essa movimentação repercutiu nos órgãos legislativos e na imprensa, preocupando os
Passarinhos e os João Wagner da
CNTI.
A Campanha que se inicia e as
pequenas vitórias parciais já conseguidas na luta contra o arrocho
salarial são fatos que demonstram
a justeza das afirmações de nosso
Partido de que é possível infligir
derrotas à ditadura e romper a "legalidade" consentida quando, mesmo com todas as restrições e dificuldades, nos ligamos às massas e
lutamos por suas reivindicações.
Já antes de abril de 64, nós, os
comunistas, subestimávamos as lutas salariais, porque partíamos de
que as mesmas só tinham caráter
econômico. Agora para fazer avançar o processo político, devemos nos
convencer de que a luta salarial
sofreu profundas modificações. Ao
lutar por melhores salários, os trabalhadores chocam-se não apenas
com o patronato, mas diretamente
com a política da ditadura, com
seus planos econômicos e financeiros, que são orientados pelo FMI
e que favorecem os interesses do
imperialismo e de seus sócios. Combatendo o conformismo e a descrença que a ditadura procura incutir nos trabalhadores e seus dirigentes, devemos colocar o centro
de nossa atividade nos locais de
trabalho nas cidades e no campo,
fortalecendo ao mesmo tempo o nosso Partido c as entidades sindicais,
que a ditadura tenta esvasiar transformando-as em órgãos assistenciais
e de resreação.
g&ANjrVo XVO.ESijAcP.M/i-.H
IDÉIAS RUSSAS
MONT1ERO
Na reportagem de Adolfo Agorio sobre a Rússia existe um trecho
sobremodo interessante relativo à
questão sexual.
Lénin, esse ôgre na opinião dos
franceses, ainda há de dar o seu
nome ao século como o maior reformador social de todos os tempos. Nenhuma criatura operou em
maior escala, nem foi mais radical
em suas idéias. Semeou como um
deus, e até ao derradeiro momento de vida presidiu ao novo estado
de equilíbrio social que implantou
na Rússia. O tempo irá aos poucos
corrigindo sua obra; a adaptação
far-se-á; mas ninguém lhe tirará a
glória de ter arquitetado o dia de
amanhã.
vinte séculos de helenismo e outros
tantos de civilização cristã — isto
é, de despotismo d o galo.
Houve um formidável sacolejo
de forças psicológicas adormecidas,
vento que varreu e ventilou o ambiente, desde o lar às mais complexas formas de atividade coletiva.
A mulher liberta-se da servidão
conjugai. O s direitos dos dois cônjuges equiparam-se sob um severo
regime de responsabilidade e deveres mütuos. A união livre, controlada pelo Estado, não significa a
anarquia sexual que pintam os escribas anti-russos a serviço do cômodo status-quo capitalístico. Essa
anarquia sexual existe sim, no regime burguês da mentira monogâmica sem divórcio, monstruoso M o loch que só funciona à custa do
mais cruel lubrificante: a prostituição.
O casamento na Rússia repousa
O caudal de diatribes e infâmias unicamente no amor, e é mais duque os lesados esguicham sobre seu radouro que o alicerçado no dinome e difundem pelo mundo in- nheiro. Recorda Agório o assomteiro, passará, como passam os en- bro de um seu companheiro de viaxurros. Onde está hoje a massa for- gem ao verificar o número ínfimo
midável de libelos impressos na de divórcios russos. N o entanto, se
Grã-Bretanha contra o ôgre de é fácil casar, mais fácil ainda é diCórsega? Napoleão, no entanto, vorciar; para o primeiro ato basta
purificado, brilha na história como o comparecimento dos dois intereso Perseu de uma Corgona: o di- sados perante o oficial civil; para
o segundo basta o comparecimenreito divino.
to de um.
Ê assim que a humanidade camiA humanidade se divide em duas
nha — napoleõnicamente, lenines- classes: os que possuem imaginacamente, aos sacões. A prudência, çãoção e os que a não possuem. O s
tão preconizada pelo artritismo dos imaginativos idealizam e, como idemarqueses de Maricá, é virtude que alizam, raro alcançam a felicidade
apenas conserva, como o vinagre — tanto o real é inimigo do ideal.
conserva o pepino, mas nãb cria Vem daí que os imaginativos são
coisa nenhuma.
em regra infelizes no nosso regime sexual.
N o que diz' respeito à mulher,
Lénin aparece como o seu messias.
N a Rússia não. Mine. de Bavary
Libertou-a da escravidão domésti- não se suicida. Solta o primeiro
ca, aboliu o preconceito da sua in- marido, inservível por insuficiência
ferioridade, pô-la em situação de glandular (devia ser isto), e vai
ocupar todos os cargos da repú- sucessivamente casando até enconblica, desde o comissariado do po- trar o eleito da sua fantasia. E
v o até o juizado. O regime de acha, pois a s almas andam aos paigualdade dos sexos é perfeito, pois. res, a afinidade eletiva é um fato
Lênin destruiu o formidável acer- e o tudo é que a sociedade não as
vo de injustiças acumuladas em impeça de se reunirem.
Solidariedade ao Vietnam
E Defesa da Paz Mundial
Realizou-se em julho último, em
Estocolmo, a Conferência Mundial
de Solidariedade ao Vietnam. Iniciativa da Sociedade Sueca de Paz
e Arbitragem, teve o patrocínio de
importantes organizações pacifistas
mundiais, como a Confederação Internacional pelo Desarmamento e
a Paz, o Escritório Internacional da
Paz, o Conselho Mundial da Paz,
o Movimento Internacional de Reconciliação e a Conferência Cristã
pela Paz.
Além dos patrocinadores, trabalharam na organização da Conferência a Liga Internacional de Mulheres pela Paz e a Liberdade, a
Anistia Internacional, o Comitê In-
ternacional de Consciência pelo
Vietnam e cerca de 80 Comitês
Nacionais de Paz do mundo inteiro.
Entre as personalidades que
participaram ativamente de seus
trabalhos, destacamos o professor
Gunna Mydal, alta expressão da
cultura sueca, e o líder pacifista
norte-americano, Prêmio Nobel da
Paz, Martin Luther King.
A Conferência obteve
grande
êxito. N o sentido organizativo, seu
ponto alto foi a constituição de um
Comitê de Continuação da Conferência de Estocolmo, que realizou
sua primeira reunião em setembro
último. Nessa reunião, entre outras
resoluções, foi aprovado um pro-
•— Por que motivo, disse uma
dama russa a Agorio, havemos de
trazer sapatos apertados, que nos
magoem o pé, se trocando os podemos tê-los cômodos? Ora, o nosso coração nãb merece menos que
o nosso pé, além de que as feridas nele abertas são de muito maior
duração.
Quem sofre com o regime russo
é o homem. Perde a liberdade de
borboletear de mulher em mulher,
clandestinamente, qual um besouro
luético, sem nenhuma conseqüência
funestra para seu egoísmo. N ã o
mais se regala com o sadismo de
fazer mãe a uma virgem e largála à sua triste sorte, sob os olhares
complacentes do status-quo.
Sua
responsabilidade torna-se absoluta.
O código bolchevista, que n o fundo é a lógica reação do pobre espezinhado contra o rico prepotente, garante todos os direitos da maternidade. A s obrigações do homem não são neste caso para com
a mulher, e 'sim para com a mãe.
A o fundar as bases da família nova, quis Lênin poupar ao seu país
o espetáculo degradante da mulher
desamparada no seu transe mais
nobre, convertida em máquina de
aborto e infanticídios, escrava do
regime social que faz dela um objeto de compra e venda, um semovente reduzido a campo de experiência dos monstruosos apetites e
abomináveis paixões, não digo masculinas, mas homescas.
A mulher trabalha livremente e
possui igual ao homem a iniciativa no amor. Pode escolher à vontade. Nenhuma barreira se opõe
aos impulsos do seu coração. Contribui para a manutenção da sociedade conjugai e assim afirma a sua
independência e justifica os seus direitos.
N ã b há na Rússia essa classe de
mulheres que vivem em absoluto
às costas do marido, qual ostras
n o espeque. M a s difícil ainda é
ver-se o contrário disso, como, por
exemplo, o chopim da nossa organização atual.
LOBATO
O problema do celibato, conseqüentemente, desaparece. A solteirona o é por anomalia de temperamento, já que nada a impede de
afrontar a experiência matrimonial.
N o nosso regime, a cuja monstruosidade não atentamos porque o cão
não atenta à coleira quando a recebe
desde o nascer, milhões e milhões
de pobres criaturas mirram no tormento da castidade à força, ao lado de outros milhões que se rebolcam nos prostíbulos, devoradas,
umas, de histerismos vários e outras de variadíssimas sífilis, para
que Monsieur Homais, de braço dado ao conselheiro Acácio, possa
sentenciar gravemente:
— "O casamento é uma instituição divina. N ã o lhe toqueml"
Os homens e as mulheres na Rússia não se olham como inimigos,
oscilantes entre o amor e o ódio,
pólos da mesma exaltação sentimental; não enchem as folhas com
o escândalo diário do seu engalfinhamento, de seus tiros de revólver, de suas facadas. Olham-se co
mo companheiros, iguais nos d e t e res. E como apesar desta soberania de si mesmo, e desse culto reflexivo da própria responsabilidade
diz Agorio que nada perderam do
encanto feminino, é justo que fechemos os portos aos navios russos
que trazem em barris tais idéias.
. Viriam perturbar a deliciosa lambança sexual, leda e cega, em que
vivemos, com um olho nos bismutos e outro nos macacos de Vornoff...
70. 0
Aniversário
De Jeronimo
A. Alvarez
O proletariado e o povo argentinos comemoraram em outubro último o 70." aniversário de nascimento de Jeronimo Armedo Alvarez,
secretário-geral do Partido Comunista da Argentina.
grama de trabalho para o corrente
Combativo e respeitado lutador
ano, assinalando as seguintes datas revolucionário, o camarada Arnedo
comemorativas:
Alvarez goza,
merecidamente, da
estima e da admiração de milhões
21 de outubro — Dia de Solida- de seus compatriotas.
riedade ao Vietnam;
O nosso Partido, que sempre
10 de dezembro — Dia dos Di- manteve os mais estreitos laços frareitos do Homem;
,
ternais com o Partido irmão da Ar20 de dezembro <— Aniversário gentina, manifesta-se inteiramente
de fundação da F N L do Vietnam. solidário com as manifestações de
O Comitê de Continuação espe- carinho por motivo do 70.° aniverra que nessas datas as organiza- sário do camarada Alvarez. Em noções internacionais, por intermédio me de nosso Comitê Central, foi
de suas filiadas, façam realizar as enviada ao camarada Arnedo Alvamais diversas manifestações de masrez e ao Partido Comunista da Arsas em defesa, da paz.
gentina, mensagem de felicitações.
V O Z O P E R A R I A - Novembro de 1967 _ página 4
&KH*jtíO
AVO.B^ACp.ll/^y.S
Reforçar Ideologicamente o Partido
HÜ
Para Enfrentar a Indisciplina e a Divisão
Quando a luta de classes se
aguça, como é atualmente o caso
no Brasil, a dinâmica de sua ação
repercute em cheio sobre as principais forças econômicas e políticas
da sociedade, pondo-as em movimento contraditório. As fileiras de
nosso Partido não ficam imunes à
sua ação
za, nos quais predominam concepções extremadas próprias à pequena
burguesia radical.
A r» 1 ~ J r- -.- r^ . 1
,. p A . ^ o l u ç a o do Comitê Central
™ a U n l d a d f d o P a r t i d o , com
T
- P r ° P " e d a d e invoca como expllCaÇa
° P"" ° meSm° fenomen°'
uma
fundamentação teórica que vale a pena r e l e m b r a r : . . . " a maior
participação de outras forças so• . . V
,. ,
,
\
Bm
""''
P a r , l c u l a r d e a m P l o s se"
tores da
Pequena burguesia urbana,
nas lutas antiimperialistas e democráticas aprofundou sua influência
ideoiógica nessas Iutas. Essa
influ.
_
militante. No momento é essa uma
tarefa vivificante da qual ninguém
sição a maioria dos divergentes, pois
se pode alheiar.
entre eles predominam os desin,-,. ,
.
. . „ . , .
£• dentro do próprio Partido, ba- formados. os perplexos e os que se
seados na sabedona coletiva, que apoiam em atitudes emocionais.
encontraremos o alento necessário Aqueles que têm posição definida
a
essa luta. O bom senso partidário, e conseqüente de divergência e fraas concepções proletárias, são aves- cionismo, representam um grupo insignificante, comparado ao grosso
sos as
posições radicais e sem base,
do Partido. Os êxitos que já vêm
c 8 im aci ncia fren,e
s
E' falo notório, comprovado pela
!J«*E" ,
P «
*
sendo conseguidos através do trabaexperiência do movimento comunisdificuldades, ao brilho superficial
lho esclarecedor promovido pelo Coda
ta ao longo de toda sua evolução,
* atitudes espalhafatosas e ao
mitê Central mostra o quanto é veque no auge dos processos demoaventuremsmo das soluções de derídica tal afirmação.
cráticos e libertadores se produz um
sespero, apontadas como heroísmo.
No entanto, a modéstia revolucionáafluxo nas fileiras dos partidos opeAo travar a luta em defesa da
ria, o trabalho paciente e organirários, num reconhecimento incisivo
de que eles sao o elemento mais sezador objetivando o surgimento de unidade do Partido e da pureza de
guro para a vitória de tais bandei- e n c i a s e e x e r c e u e s e e x e r c e s o b r e uma correlação de forças favoráveis nossa filosofia, não devemos nos coras. Em contrapartida, nos momen- o Partido. E encontrou no interior
e o despertar das massas e sua ati- locar em atitude de proselitismo,
tos de aguda luta de classes, pro- mesmo do Partido, entre militantes
vização consciente não excluem, an- em que predominam os longos debaduz-se geralmente o fenômeno in- e dirigentes ideologicamente débeis,
tes supõem, abnegação c coragem. tes retóricos (é para esse terreno
verso. A luta de classes submete as campo fértil para se desenvolver",
Devemos ainda recorrer às ricas que nos querem levar), mas sim
fileiras do Partido a uma forte tenTais elementos teóricos, além de
experiências de nosso passado re- cempreender que essa luta deve ser
são ideológica. Não se trata somente necessários, nos capacitam a melhor
cente, às lutas internas de 1955 e ligada à atividade partidária nordo abandono das posições de van- apreender as origens mais profunmal, que ela deve fundir-se com os
1960 com um sentido que, em alguarda da parte de certos dirigen- das das concepções estranhas ao marnosses esforços para impulsionar as
guns aspectos, se assemelham às
tes e militantes, mas sobretudo do xismo-leninismo e nos possibilitou
lutas de nosso povo e tornar vitoatuais, quando concepções radicais
riosa a orientação política do Parafloramento de concepções alheias à combatê-las com mais eficácia. Copequeno-burguesas e dogmáticas tentido.
filosofia marxista-leninista, de vaci- mo deve ser travado esse combate?
taram impor-te às nossas fileiras e
lações causadas pelos entrechoques Em primeiro lugar, deve fugir a
levar-nos por falsos caminhos. SouNas atuais circunstâncias, deveda sociedade em constante transfor- todo espontaneismo c ser alvo d e .
,
,,
• .,
.
_
.
bemos entrenta-las, leva-las de ven- mos mais do que nunca capacitarmaçao c de manifestações eivadas de cuidadosa preparação, em toaos os . .
.
,
, .
,
.
...
„
cida, saímos airosamente da prova e nos de que a disciplina e a uniradicalismo ou, pelo contrário, de escalões, a iniciar-se pelo Comitê
com um Partido enrijecido na luta. dade são requisitos indispensáveis à
dependência.
Central.
Devemos nos preparar para travar existência e à atividade do Partido.
O surgimento de tais contradições uma luta ideológica longa e difícil, Sujeito a grupos e à orientação diO fenômeno adquire aspecto mais
ser encarado
grave porque dele se apossa o ini- n a o
Çomo u m a pois as dessa natureza não se resol- versas, êle será impotente para limigo de classe, cujo poderoso apare- c a t a s , r o f e V"1 se a b a t e s o b r e ° P a r " vem por decretos, não correspondem derar lutas de envergadura e presa
u
U C possa
u lho de propaganda trata de apro- tido,
" " " ' apesar
" P " " 1 udo
"mal
" " 4que
P" 6 8 " ,ini' a fenômenos casuais, passageiros e fácil da reação.
c i a l m e n t e causar
mas sim com
um
fundá-lo e de explorá-lo, em todos
<
°
locais, mas se relacionam com cornA luta pela aplicação da última
os seus aspectos. Por acaso a gran- f e n o m e n o explicável que, se bem p l e x o s p r o b I e m a S ) a l g u n s d e contexResolução do Comitê Central é hoje
ao fortaleci
de imprensa, cuja técnica habitual t r a l a d o ' d e v e condaz"
- tura internacional, que não- deixam
inseparável da luta pela unidade
consiste em ignorar-nos como força m e n t 0 0 r g a r U C O e l d e o l ° g ' c ° d ° *V- de ter reflexos entre nós e que ree a coesão do Partido. Aí está,
tido.
presentam um certo estímulo aos
poltica atuante, não esteve há pousem dúvida, uma boa oportunidade
A luta interna não pode ser en- e q u i v o c a d o s e a o í r a c ionismo.
co tempo repleta de noticiário capara fazer de nosso Partido um inscarada como um atributo ou um
lunioso e propositalmente confusioprivilégio da direção. Defender o
E' necessário utilizar-se da argu- trumento político, não só capaz de
nista a respeito da nossa luta interPartido, como organização revolu- mentação política, sem distribuir ad- repelir as concepções pseudo-revolucionãria do povo brasileiro e de jetivos o epítetos, não confundindo cionárias da pequena burguesia raAssim, não há por que se admirar seu proletariado, da indisciplina, do divergentes com divisionistas. Com dical, mas ainda capaz de derrotar
que o nosso Partido seja palco de ai- fracionismo e da liquidação, é de- paciência, tato e argumentação, po- a ditadura e de implantar o sociaguns acontecimentos dessa nature- ver precípuo e sagrado de todo demos ganhar para uma justa po- lismo em nossa terra.
Ceará: Latifundiário Mata Camponeses e Fica Impune
CEARA (Do Correspondente) —
O interior deste Estado foi palco,
recentemente, de mais um crime
de morte, praticado por filhos de
um rico proprietário de terras contra dois pobres e indefesos camponeses. Tudo aconteceu no sítio Saco
da Telha, a 12 quilômetros da cidade de Cedro, onde os indivíduos
Carlos e Nilo, filhos do latifundiário Jucá Gomes de Araújo, mataram de emboscada o camponês José
Modesto Cordeiro e seu filho, moradores das terras pertencentes àqueles senhores.
ANTECEDENTES
fevereiro de 1942, juntamente com
o resto da família. Naquele ano,
Aborino recebeu um pedaço de terra que nada produzia. Com o seu
trabalho e a ajuda de toda a família, conseguiu amainar a terra, passando a produzir algodão, milhão e
feijão.
Depois de alguns anos, c em face
da atividade sindical desenvolvida
por Aborino entre os camponeses, o
latifundiário passou a provocá-lo, jogando pedras sobre sua casa, espancando seus animais domésticos e
lançando fezes dentro da cacimba
de onde extraíam água para beber.
Por fim, o latifundiário exigiu que
Aborino abandonasse suas terras.
As vtimas desse crime, José MoCom paciência e humildade, Abodesto Cordeiro, mais conhecido por
Aborino. e seu filho de 22 anos, rino pediu que lhe fosse paga a
viviam no sítio Saco da Telha desde indenização dos 25 anos de serviço,
dentro da lei, e êle não faria questão em deixar a terra. Como o latifundiário Jucá Gomes desejasse ficar com tudo, sem lhe dar um centavo, Aborino procurou o dr. Vicente Cândido Neto, delegado Regional do Trabalho, que lhe garantiu
que êle não podia ser expulso da
terra sem receber a respectiva indenização. Mas ficou só nas palavras.
Nenhuma providência adotou.
MORTE E IMPUNIDADE
Voltando ao sítio onde morava
com sua família, o camponês José
Modesto Cordeiro e seu filho foram
barbaramente
assassinados,
numa
emboscada preparada pelo latifundiário Jucá Gomes de Araújo, e
executada pelos seus dois filhos.
Isso ocorreu no dia 30 de maio
último.
A polícia de Cedro, sabedora do
perverso homicídio, somente veio a
prender os criminosos no dia 6 de
julho. Um dos assassinos, Carlos
Araújo, que é casado, passou apenas cinco dias na prisão, sendo solto por influência de políticos locais.
O outro está próximo a sair.
Enquanto isso, dona Maria Dolores, viúva de Aborino, foi expulsa da sua casa e da terra trabalhada pelo marido, com oito filhos menores, a mãe velha e o
pai cego. Camponeses de várias regiões do Estado, através de suas
organizações sindicais, estão a exigir punição para os perversos criminosos e indenização para a família das vítimas.
VOZ OPERARIA — Novembro de 1967 — página 5
B&ANjfto xi.o.esíj/\cP. ^(ijp.t
Representando
de
nosso
nesto
Cintra
rência
Revolução
histórica
Socialista
seguir,
damos
venção
do
a
publicada
daquela
íntegra
interCin-
no n.° 10 de
1967,
de
colô-
desenvolvimento
capitalista
que,
Ernesto Cintra
parti-
antigas
no
A Revolução c
extremamente
processo
de
li-
imperialista,
passam a u m desenvolvimento não-
A
da
de
em
bertação do domínio
Grande
Ernesto
camarada
inclusive
precário,
examinada
nacionais
cresce,
número
econômico
In-
de Outubro.
antiimperialistas,
o
nias,
recen-
da
e
democráticas,
cular,
Confe-
"Revista
na qual foi
significação
e
Er-
da
pela
dais
Central
camarada
internacional,
realizada
ternacional",
tra,
Comitê
o
participou
teórica
temente
a
o
Partido,
capitalista, isto é, a u m
desenvol-
vimento que — com o apoio econômico-social
dos
paises
do
sistema
Abriu Um Nov
socialista mundial e sob a proteção
revista.
da solidariedade de combate do proletariado das grandes metrópoles caA
Grande
de
Revolução
Outubro
abriu
um
Socialista
ciclo
pitalistas,
novo
na história da humanidade, a nova
em
nopólios
sagem
—
ao
luta
abre
contra
os
mo-
caminho
à
pas-
socialismo.
Na História de
época que vivemos, de transição do
capitalismo
ao
Todo
socialismo.
esse
últimos
No
curto
anos
prazo
desde
de
então
cinqüenta
transcorrido,
grandioso
cinqüenta
deixar
avanço
anos
qualquer
não
dúvida
dos
pode
sobre
as
o
luminosas perspectivas que se abrem
avanço da revolução socialista mun-
à humanidade trabalhadora nas pró-
dial foi verdadeiramente
A
pátria primeira
grandioso.
do
proletária,
do, a União Soviética, que permaneceu
durante
quase
três
décadas
como único Estado socialista na face
da
Terra,
enfrentou
vitoriosa-
mente nesse período o cerco capitalista, e m
tempos
tempos de guerra e
de
paz,
construiu
a
em
nova
sociedade socialista, e avança agora
na edificação da base
técnico-mate-
ximas décadas, e que já se
podem
antever, nos dias de hoje,
quando
se considera o acelerado agravamento, que se está verificando, de todo
o
complexo
de
contradições
que
tas em cheque pelas atividades
sionistas
assumem
sua expressão mais
e
geral
desenvolve
mundial,
o
em
capitalista
sistema
oposição
mundial
do homem pelo
socialista
ao
de
homem.
leninista
deste
tempos, o sistema
com
Esses
o
culto
à
personalidade
são
Partido
dar
os fatores
Comunista
o seu
decidido
que
levam
Brasileiro
apoio
à
a
idéia
de
cipal de nossa época — a contradi-
cia mundial
ção entre os dois sistemas mundiais
tas e operários, assim como a pron-
opostos.
tificar-se a colaborar, na medida de
E ' essa realidade que explica
o
ameaçador aguçamento da agressividade do imperialismo norte-america-
convocação
ra,
de
limitadas
para
uma
Conferên-
dos partidos
a
comunis-
possibilidades
preparação
mais
ade-
quada e eficaz possível dessa Conferência.
talismo, que tenta deter e dar volta
através
Somos de opinião que, dentro do
estrito
respeite
das mais brutais formas de repres-
teresses
do
im-
são, da instauração
da
surgimento
de
forças
e de
de regimes
terror por
toda
de
parte
que
realização
tendo
em
aos
superiores
ditam
da
a
in-
necessidade
Conferência,
consideração
Aqui
embo-
no, gendarme internacional do capiatrás ao processo histórico,
colonial
o
de
último.
últimos
Decompôs-se e ruiu, nos
perialismo,
sistema
exploração
ei-
dirigentes
chineses liderado por Mao Tse-Tung
suas
Desde há dois decênios surgiu e
de
no agravamento da contradição prin-
rial da sociedade comunista.
se
grupo
e que conduz a linha antimarxlsta-
marcam, na atual situação do mundo, a crise geral do capitalismo
do
mas
também
a
desejaríamos
destacar
que
isso nos parece particularmente verdadeiro e m
relação
à
política
de
E
tanto
mais
ao princípio
coexistência
porque,
e
pacífica.
nestes
últi-
mos tempos, certos círculos da frente geral
antiimperialista,
que
aliás
não perdem oportunidade para proclamar-se marxistas e que a si mesmos se rotulam de "verdadeiramen-
mais de meia centena de novos Es-
onde domina, da intervenção arma-
urgência
tados politicamente
da, do genocídio, da
ves questões postas na ordem-do-dia
festando contra a linha leninista de
pela
coexistência
independentes.
da
O movimento
porâneo —
comunista
contem-
fruto do Grande Outu-
bro, fruto da comprovação
prática,
dada
verdade
do
por essa
lcninismo
vitória,
como
da
rialismo
e
rias —
das
revoluções
proletá-
estendeu-se a todos os rin-
cões do mundo, constituindo-se
em
' esclarecida e potente vanguarda
do
movimento operário internacional
e
de
Mundial,
uma
da
e
Terceira
imolação
da
humanidade no horror inaudito du-
de enfrentarem-se
própria
as gra-
vida, ela deverá
con-
vocar-se dentro do menor prazo pos-
complexa
novos
nal,
de
gama
caráter
suscitados,
mundial
de seu
de
e
pelas
pelas
classes e
internacio-
ver
vitória das lutas de libertação
lado,
cionalista
pelo
socia-
novas
e,
que
seu
dever
proletário,
e
internaexpressão
desabrochamento
da
cional. Ou, no mínimo, como versão
posição
mesma tese, que ela é simples e ex-
independente
movimento
no
seio
comunista
do
mundial,
mais
adocicada
clusivamente
uma
e
sinuosa
política
dos
posições pro-
tem a ver somente
libertação nacional, em campeão da
viçais
gramáticas
consubstancia-
tados e que, sendo assim, é
grande causa humana da paz mun-
da sua velha tática de
de
ramente
dial, de todos os movimentos
da
povos
oprimidos
pela
vêm
adotando
nas
e
táticas
Declarações
57
e
60,
estranha
que
com esses Esao
intei-
movimento
—
de cuja elaboração participou e que
operário e de libertação nacional no
livremente aprovou, tal como o fi-
resto do mundo.
so
to
zeram os demais partidos
e
nas
melhores
ação política
A hegemonia
do proletariado
na
a demagogia
das
das
só podem ser enfrentados com êxi-
tempo.
com
emprego
combinação
e
questão
gressistas e revolucionários de nos-
pro-
violência
no
princípios
da
dos Es-
a burguesia imperialista e seus ser-
dos
e
na-
consciente, ao mesmo tempo, de sua
tados socialistas, uma
luta
luta
áo desenvolvimento
guiar toda a sua atividade à basc
da
a
nociva
de
comunista,
se
contra-revolucionária,
ze, nosso Partido considera seu de-
perspectivas
formas
negam-se
apoiá-la na prática. Difunde-se, com
problemas
ulterior desenvolvimento
outro,
e
mani-
pleno
próprio avanço da revolução
lista
pacífica
se
ao
de
um
vêm
reali-
geral,
de
revolucionários'*,
falsa,
Até que a Conferência
A
te
insistência, que esta é uma política
sível.
m a catástrofe termonuclear.
desenvolvimen-
to do marxismo na época do impe-
provocação
Guerra
preparação
condições
organizada
e
pela
crescen-
tas e operários de todo o mundo.
temente conjugada das grandes mas-
revolução burguesa na época do im-
sas, em âmbito mundial. E tal ação,
perialismo — que surge como
é
tese
claro,
só
pode
lograr-se
atiavés
Fruto da generalização teórica da
experiência
viva
do
da ação comum esclarecida e corre-
operário
e
comunista
primeira
ta dos partidos comunistas e operá-
término
da
Segunda
vez, sob a direção do Partido boi-
rios,
dial,
chevique
em
século, e
se
realiza
pela
e nos limites
de
um
só
isto
é,
duma
ação
seus fundamentos
elaborada
como
desen-
aqueles
podem
movimento
a
Guerra
princípios
e precisam
partir
e
do
Mun-
posições
ser agora apro-
das
massas
re-
volvimento atual da teoria marxista-
fundados,
volucionadas
da
velha
Rússia
pa-
leninista
tados, desenvolvidos em suma, pre-
ra
de
Outubro —
país,
a
na
marcha
vitória
verteu-se e m hegemonia
nal do proletariado na ampla
te das
revoluções
con-
internacio-
agrárias
fren-
antifeu-
—
questão
vez, se apresenta
que, por
sua
indissolüvelmente
ligada ao fortalecimento possível e
necessário da unidade e coesão
do
movimento comunista mundial, pos-
Não
pósito
do
teórica com Lênin, nos albores
comunis-
enriquecidos,
complemen-
cisamente porque foram e estão sendo
no
essencial
confirmados
pela
nova prática acumulada nos últimos
dez anos.
é,
naturalmente,
determo-nos
nosso pro-
demoradamente
aqui no exame dessa questão. Mas
não nos podemos furtar ao dever de
dizer
algo
nossa
própria
a respeito,
fundado
experiência
mais
na
re-
cente como Partido. E m nosso País
tais teses são manejadas por certos
líderes
de
grupos
pequena-burguesia
ultra-esquerdistas,
desesperados
ante
nacionalistas
radical,
mais
as
ou
da
líderes
menos
dificuldades
momentâneas ou as derrotas temporárias que
inevitavelmente
acompa-
BR/W *ío Ai'0.Èsí ; ACP-4/3,p.V
ie Outubro
fo Ciclo
Í Humanidade
ao socialismo e que, como tal, ela
concorre para facilitar a luta da
classe operária e seus aliados pelo
socialismo nas metrópolis capitalistas
e a luta pela libertação nacional nos
países dominados pelo imperialismo,
e, em segundo lugar, cria condições
favoráveis para a solidariedade e o
apoio concreto, sob várias formas,
da classe operária e dos trabalhadores em geral do mundo capitalista à construção econômico-social nos
países do socialismo.
nham o processo geral de avanço
do movimento revolucionário mundial.
Esses pseudo-marxistas usam aquelas teses como instrumento de sua
real ideologia anticomunista, antisoviética, antiinternacionalista. Por
trás de suas (rases altissonantes, ultra-revolucionárias, eles propugnam
de (ato a linha reacionária do isolamento dos países socialistas em
relação ao resto do mundo, a política aventureira que tenderia a desembocar numa batalha frontal entre
o mundo socialista e o mundo capitalista em condições que seriam
as mais desfavoráveis para o mundo
socialista e para a classe operária
internacional,
uma conduta cujo
fundo real é oportunista, pois significa, ante a incapacidade de fazer
face à dificuldades da ação revolucionária no próprio país e de superá-las, pretender que os países socialistas "façam a revolução" nesta
ou naquela parte do mundo, '"derrotem" assim o imperialismo, e "facilitem" por essa via a tais oportunistas chegarem ao poder nos seus
países. . .
Montados nessa concepção teórica falsa, cética, da perspectiva revolucionária, tais pessoas atacam a
política de coexistência pacífica.
Dentro da estreileza do seu horizonte idealista nacionalista-burguês,
elas não podem vêr que, ao contrário, essa política, conduzida como
luta permanente pela vigência dos
princípios que a definem, é expressão viva da política internacional
revolucionária da classe operária, na
época da transição do capitalismo
A política de coexistência tem como base a convicção cientificamente fundamentada de que, através da
luta de classes em nossa época, o regime capitalista cederá e já começou a ceder o seu lugar histórico ao novo regime social, o socialismo, c de que as relações econômicas e sociais em geral entre os
dois sistemas constituem uma necessidade objetiva que, pelos próprios imperativos do desenvolvimento histórico, servem essencialmente
e em última análise ao avanço do
regime novo, superior, o socialismo.
Por outro lado, se, como igualmente ensinou Lênin, desenvolvendo
a Marx e Engels, a condição para
que a classe operária se forme e
eduque como classe de vanguarda
e conquiste o poder é lutar em todas as frentes da luta de classes,
tomando posição
concreta, ativa,
diante de todas as classes e camadas sociais, relacionando-se, em suma, com o conjunto da vida social,
em todos os seus múltiplos aspectos, e sobre eles agindo revolucionàriamente, então se compreende que
a conquista do poder político por
este ou aquele destacamento mais
avançado do proletariado cria, por
sua vez, uma situação qualitativamente nova e de imenso potencial
para o prosseguimento daquela ação
revolucionária multiforme, em primeiro lugar e principalmente para
os destacamentos da classe operária
que chegaram ao poder, mas também, e em decorrência disso, para
o proletariado em seu conjunto, como classe, internacionalmente.
0 primeiro e mais brilhante e
fecundo exemplo histórico, nesse terreno, expressão viva do internacionalismo proletário, foi precisamente
a posição assumida pelo Poder soviético na própria alvorada do seu
surgimento, há cinqüenta anos atrás,
ao dirigir-se ao proletariado e aos
povos oprimidos do mundo, assim
como a todos os governos, propondo
o estabelecimento da paz imediata,
sem anexação, como forma de pôr
fim à sangueira da primeira guerra imperialista mundial.
Desde então, eporque (oi em geral sempre adequadamente realizada,
a política de coexistência teve um
peso importante, muitas vezes decisivo, na evolução positiva da correlação mundial das forças de classe. Às vésperas da última guerra
mundial, sua manifestação mais audaz foi a assinatura, pela União
Soviética, do pacto de não-agressão
e amizade com o Estado capitalista
alemão sob o governo nazista. Quando, nesse aspecto, a poltica de coexistência foi negada, através da
agressão nazista à União Soviética,
ela se reafirmou em seguida, em
nível mais alto, como aliança militar efetiva entre o Estado socialista e os Estados capitalistas da Inglaterra, Estados Unidos e outros.
Essas posições táticas da União Soviética, assumidas estritamente no
quadro da linha de coexistência pacífica e como cumprimento dessa
linha, tiveram significação decisiva
para todo o curso e o desfecho vitorioso da guerra dos povos em prol
da liberdade, para salvar o mundo
da dominação do terror nazista.
A linha de coexistência pacífica
entre Estados de diferente regime
social é expressão da independência
de classe do proletariado no poder,
é uma forma particular da luta revolucionária de classe do proletariado mundial, na época de transição.
Ela é inseparável da mais aguda
vigilância de classe, do preparo ininterrupto da defesa contra a agressão
imperialista, contra a guerra imperialista, e essa preparação abrange
necessariamente o avanço da unidade internacional militante da classe operária, de sua mobilização e
organização em todas as frentes da
luta de classes, o avanço da luta
de libertação nacional dos povos oprimidos e escravizados pelo imperialismo, o que, tudo, por sua vez,
é facilitado pela política de coexistência pacífica.
Nos países dominados pelo imperialismo, a luta pela reivindicação
democrática e progressista do estabelecimento de relações com os países socialistas ou, se elas já foram
estabelecidas, a luta pela sua manutenção, pela consolidação e crescente* ampliação dessas relações, é
parte integrante inseparável da luta pela libertação nacional. Não é
por outro motivo que o imperialismo norte-americano tudo tem feito, durante anos e anos, para impedir ou dificultar as relações dos
países latino-americanos com os
países do campo socialista, para isso apoiando-se nas camarilhas reacionários dominantes em nossos
países.
As forças democráticas, progressistas e revolucionárias do Brasil, todo o povo brasileiro, sentem como
um profundo golpe na soberania
pátria, nos interesses mais altos de
sua luta libertadora, a rutura de
relações com Cuba socialista, imposta pelo Departamento de Estado
norte-americano através da ditadura militar reacionária e entreguista
instaurada no Brasil em abril de
1964. Mas sentem, ao mesmo tempo, como poderoso estimulo ao prosseguimento de sua luta, o (ato de
que o imperialismo norte-americano
e seus agentes já não tiveram, entretanto, condições para impor a
rutura de relações com a União
Soviética e demais países socialistas
europeus, e de que, ao contrário,
essas relações, apesar da reação ditatorial, estão se ampliando no campo
econômico, científico, cultural, artístico, etc.
Na plataíorma que o Partido Comunista Brasileiro apresenta para a
luta ombro a ombro de todas as forças patrióticas e populares de nosso
País pela derrota da ditadura militar
e a instauração de um governo democrático, (igura a reivindicação do
povo brasileiro de que nosso País
mantenha relações
soberanas com
todos os países. O conteúdo concreto mais imediato desse ponto da
plataforma é o restabelecimento de
relações com Cuba, estrela do socialismo nas terras da América.
Camaradas.
Seja-nos permitido concluir agradecendo à nossa qverida Revista Internacional o honroso convite endereçado ao Partido Comunista Brasileiro para participar desta alta
reunião de estudo. O nosso Partido
orgulha-se de ser íilho do Grande
Outubro e considera que sua mais
elevada e eletiva homenagem ao
cinqüentenário que aqui comemoramos é o esforço que está desenvolvendo para. através do trabalho em
curso do seu debate, dar mais um
passo adiante na sua formação como vanguarda marxista-leninista do
proletariado, no Brasil.
BR AH, Rio XV 0.Esij t\cf. M/i/p.S
A Revolução e a Revolução de Regis Debray
SIMAO
III — O CAUDILHO
Para a revolução segundo Debray não há necessidade de partido. Um grupo guerrilheiro autônomo, que independente de qualquer
classe ou agrupamento social definidos, lança-se à luta sob a chefia
de um líder, enquadrado numa disciplina militar. A êle incorporamse os que aceitam previamente essa liderança pessoal e essa obediência de caserna. O s objetivos, o
programa e todas as ações práticas
da guerrilha são ditados por esse
tipo particular de caudilho, que se
apoia ou não, a seu critério, num
estado-maior de chefes de segunda
categoria. Esse corpo de comando,
com a vitória da revolução, transforma-se no partido no poder. Ao
povo cabe o papel de aderir a esse
exército triunfante.
"Em nenhum lugar — diz Debray — a guerrilha pretendeu formar um novo partido; ela visa, antes, apagar em seu seio todas as
distinções de partidos ou de doutrinas entre os combatentes." ( . . . )
"Finalmente, o futuro exército do
povo engendrará o partido"; ( . . . )
"no essencial, o partido é aquele
pequeno exército". ( . . . ) "Em suma (cabe à guerrilha) romper toda dependência orgânica com os
partidos políticos e colocar-se em
lugar das vanguardas políticas falidas." ( . . . ) "A guerrilha não pode suportar nenhuma dualidade
fundamental de funções ou podêres. Che Guevara compele à unidade, até o ponto de aspirar que
os chefes militares ou políticos
( . . . ) sejam reunidos, se possível,
numa só pessoa. Mas seja ela pessoal, como ocorreu com Fidel, ou
colegiada, o importante é que a
direção seja homogênea, política e
militarmente."
Nessa concepção militarizada e
caudilhesca da revolução, não há
tampouco lugar para uma teoria
de organização. O caudilho se impõe ou não, por sua própria influência e ação pessoais; não precisa
de teoria. A teoria, em tais casos,
tem como função erigir certos critérios e princípios de organização
que sejam aceitos por todo um grupo social, que ao mesmo tempo se
subordinem e sirvam à consecução
dos objetivos políticos desse grupo
e se tornem obrigatórios para todos os membros do grupo. Ela permite então ao grupo organizar-se
para a luta por seus objetivos, definir os direitos e deveres de cada
um de seus membros, criar e destituir seus diversos escalões dirigentes e controlar a ação deles,
para que esta ação atenda sempre
aos seus interesses comuns.
Nada disso é necessário, naturalmente, se a organização não se
subordina a uma classe ou grupo
social determinados, se é criada e
dirigida por um ou alguns indivíduos, que impõem a ela suas concepções e objetivos próprios e obrigam-na a uma obediência de caráter militar. O fato de que esses
caudilhos, ou candidatos a tal, se
autonomeiem porta-vozes de todo
o povo nada .altera, no caso; poderão inclusive chegar efetivamente
a essa condição, em determinadas
circunstâncias,
mas
continuarão
sendo caudilhos, cuja organização
se apoia n o povo, mas não é o
próprio povo organizado. E por
não sê-lo, e enquanto persistir em
nSo-sêlo, estará condenada a afastar-se do povo, pois viverá na dependência dos interesses e concepções de classe dos caudilhos e não
será dotada dos mecanismos de organização que a capacitem a ser,
com fidelidade, reflexo e instrumento das aspirações e da luta desse povo que ela pretende representar.
Enquanto descreve um sistema
de direção para a guerrilha, Debray é coerente com sua concepção caudilhesca do processo revolucionário. Sua direção é autonomeada, imposta de cima para baixo, independente de qualquer controle externo, auto-suficiente. N ã o
precisa de teoria, normas ou princípios de organização. "Os princípios n ã o servem aí para nada",
diz êle. O s chefes decidem tudo.
Mas êle não se limita a preconizar
uma técnica de luta que imponha
ao povo "este grupo (o guerrilheiro) de origem pequeno-burguesa como Direção Política". Quer
também combater o principal obstáculo que encontra para impor essa hegemonia pequeno-burguesa ao
movimento revolucionário no Continente: os partidos comunistas.
Com esse fim, êle se perde numa
discussão alongada sobre métodos
de direção, na qual não poupa calúnias, impropérios e inverdades a
propósito do movimento comunista.
PARTIDO E DEMOCRACIA
BONJARD1M
nizações de bases, com a responsabilidade suprema de dirigir e orientar a vida de todo o partido, são
elementos inseparáveis de uma organização que procura reunir e somar os combatentes mais ativos do
povo e precisa ligar suas antenas
ao sentimento e ã sabedoria, das
mais amplas massas do povo em
geral, e da classe operária em particular. A direção coletiva e centralizada, a subordinação dos órgãos de direção inferiores aos superiores, a obrigatoriedade do cumprimento das decisões tomadas coletivamente, a disciplina igual para todos os membros são, por outro lado, o meio de permitir que a
vida diária do partido seja de fato dirigida por seu congresso, através do coletivo dirigente eleito por
êle, e de possibilitar que a ação do
partido em conjunto seja compatível com a natureza da luta a que
êle se destina e tenha a necessária
eficácia.
Naturalmente, o mais perfeito e
mais justo esquema de organização
está sujeito a vícios e deformações
pois quem põe em prática são homens viciados e deformados por séculos de tradição cultural em que
a vaidade, a ambição pessoa, a hipocrisia e outros defeitos de caráter ganharam muito mais força que
seus antônimos. Deles os homens
não se desembaraçam com facilidade, mesmo quando dedicam toda
a sua vida à construção de uma
sociedade mais justa e mais humaUm partido comunista, orientado na. E o partido, uma organização
pelos princípios d o marxismo-leni- consagrada à luta por uma revolunismo( nada tem de fato a ver com ção que, em última instância, fará
o conceito pequeno-burguês da re- com que vigorem padrões éticos
volução feita por um "punhado de mais corretos na vida social, sofre
heróis", defendido por Debray. a influência da sociedade que o
Parte de uma concepção radical- gera, e dos padrões éticos baixos
mente oposta, na qual a revolução que nela têm campo livre.
é feita pelas massas e é condicioViolações de todo tipo às nornada por toda uma série de fato- mas e princípios de organização de
res objetivos e subjetivos. É o par- nosso Partido, estranhas às finalitido de urna classe determinada, o dades e ao espírito do Partido, mas
proletariado, e tem como missão por enquanto inseparáveis da ação
histórica constituir a vanguarda dos homens que o constituem, ocorrevolucionária dessa classe, educá- rem e continuarão ocorrendo, com
la, organizá-la, prepará-la para a resultados nefastos para vida da
revolução e conduzi-la c vitória na organização, posto que implicam
revolução, juntamente com outras no amortecimento de seu espírito
classes e camadas sociais que a ela revolucionário, em manifestações
se aliam. Para cumprir essa missão tais como o carreirismo, o mandosua, o partido deve estar estreita- nismo.^o temor à responsabilidade
mente vinculado à sua classe, pro- individual, o espírito de rotina, etc.
cura nela os elementos mais ativos O melhor que se pode esperar, nese conscientes, fundar nela suas raí- se terreno, é que um dia o homem
zes mais profundas. Deve êle pró- seja inteiramente expurgado de víprio organizar-se de modo a ga- cios e imperfeições de caráter; mas
rantir que sua política e sua dire- ai, não haverá mais necessidade de
ção reflitam o pensamento e os in- partido. Enquanto essa sociedade
teresses da classe que êle repre- nova e harmonizada não vem, o que
senta, e não os deste ou daquele se pode fazer é reprimir a manifesgrupo de pessoa. Isto é indispensá- tação dessas imperfeições humanas,
vel para que êle seja efetivamente utilizando para isto as próprias nora encarnação do encontro do mo- mas e princípios de organização do
vimento operário expontâneo com Partido, lutando pela sua vigência
o movimento socialista consciente, plena, para que o conjunto do Parseja de fato o encontro fecundo da tido zele pela sua mais completa
prática e da teoria revolucionárias. observância por parte de cada coO s princípios de organização co- munista, individualmente, e dos dimuns aos partidos comunistas vi- versos organismos nos diversos nísam assegurar que o partido aten- veis de direção.
da à sua finalidade. O exercício
da democracia interna é uma conEssa luta está se travando em todição imprescindível. A garantia do o movimento comunista interdo direito à opinião individual, do nacional, e em nosso Partido tamdireito de cada membro votar e bém. Particularmente após o X X
ser votado para qualquer posto di- Congresso do P C U S , que questiorigente, do direito do conjunto do nou o condenou o que se veio a
partido ã influência e acessos di- chamar de sistema do culto a perretos a o seu congresso nacional, sonalidade, cm cujas entranhas se
eleito diretamente pelas suas orga- instaurou de forma generalizada a
violação de algumas normas bási-
cas da vida partidária, o movimento comunista em conjunto tem desenvolvido um esforço consirerável
e frutífero para restaurar a democracia em seus seio, normalizar as,
relações entremos comunistas e entre os diversos partidos e com isso
ganhar vitalidade e representatividade. Nosso Partido, especialmente, empenha-se em corrigir os erros
que marcaram fundamente sua existência, n o período citado, que influenciaram negativamente na formação de numerosos quadros e deixaram manchas difíceis de apagar
em toda a sua atividade. Graças a
esse esforço, pôde o Partido vencer as cadeias que o confinavam no
âmbito estreito de uma seita doutrinária, para caminhar n o sentido
de cumprir seu verdadeiro papel
de partido político dirigente de
massas, onde se juntam, se educam
e se aprimoram os lutadores mais
combativos e dedicados de nosso
povo, onde o conhecimento mais
avançado da sociedade se reúne à
classe mais avançada da sociedade,
para construir a sociedade mais
avançada.
Pode-se ficar mais ou menos satisfeito com os resultados desse esforço, mas não se pode duvidar que
a luta pela observância dos princípios básicos de organização do
Partido é o único meio de sanar as
seqüelas dos erros passados, de repelir os vicios e deformações que
cada comunista traz e continuará
trazendo para o Partido e para
ajustar a própria organização partidária às condições e exigências
novas que se v ã o criando a cada
dia. O pior que se poderia fazer,
no caso, seria ceder às concepções
militaristas de Debray.
Aí se revela outro aspecto profundamente reacionário dessa teoria que se pretende muito revolucionária. Embora a revolução que
êle perconiza nada tenha a ver
com a luta de classe, com o proletariado e com o partido comunista,
Debray investe contra o partido e
critica neste precisamente "a pletora de comissões, secretariado»,
congressos, conferências, reuniões
e assembléias", ou seja, tudo aquilo que permite o exercício da democracia no partido. Para seu gosto, o partido devia subordinar-se
ao caudilhismo, a uma disciplina
ainda mais incompatível com a sua
natureza do que a militar. Esta última,, de um modo ou de outro, é
com efeito regulamentada por leis
que não são feitas pelos militares e
são teoricamente válidas para todos
eles, enquanto o caudilho é a sua
própria lei, é ao mesmo tempo autor e árbitro do cumprimento da
lei. N ã o se inventaria método melhor para atiçar aquilo mesmo que
se quer combater: a arbitrariedade,
o mandonismo, o desencadeamento
das ambições pessoais, o carreirismo.
PARTIDO E DISCIPLINA
Cada coisa em seu lugar. O centralismo democrático do partido
nunca foi e jamais será empecilho
ao cumprimento da disciplina militar, quando e onde esta e necessária. Ao contrário, a experiência
tem mostrado que os comunistas
são sempre os soldados mais disciplinados, quando integram um
exército ou outra qualquer organização militar revolucionária, mes(Continua na 9* página)
Bft AMftfOjPI-O-
BUjALp.Ufapft
A Revolução e a Revolução de Regis Debray
(Conclusão da 8" pág.)
mo nos casos em que tal organização não é dirigida pelo partido. Há
aí uma distinção entre o soldado e
o membro do partido, que Debray
não enxerga, ou não quer enxergar. Enquanto soldado, o comunista se obriga e se limita a cumprir
as ordens de seus comandantes; enquanto membro do partido, na organização partidária a que pertence, êle é igual a todos em direitos
e deveres.
Debray levanta outros pretextos
para exercitar seu anticomunismo.
Alguns são infantis. Alega por
exemplo que "existe na América
Latina um elo profundo entre biologia e ideologia", o que é um modo bizarro de dizer uma coisa certa — que a guerrilha exige juventude dos que a fazem <— e um disparate: é preciso ser jovem para
ser revolucionário. Só não explica
porque diabo o partido não pode
ter jovens e não pode mandá-los
à guerrilha, quando isto é necessário. Afirma também que "não se
pode pretender formar quadros revolucionários nas escolas de formação teórica", o que convém à
sua concepção praticista e obscurantista de revolução, mas é uma
maneira de condenar a si próprio
à inutilidade, pois êle não faz outra coisa senão tentar a elaboração
de uma teoria para uso de revoducionários, e teoria se estuda em livros e escolas. Algumas alusões caluniosas que Debray dirige aos
partidos comunistas, apresentandoos como dirigidos por gente acomodada, medrosa ou incapaz, tamrada. A própria reação se encarrega de desmenti-lo, ao evidenciar
que vê nos comunistas seus inimigos mais temíveis, centralizando
neles o fogo de sua repressão policial. Em toda a América Latina,
contam-se aos milhares os militantes comunistas presos, perseguidos,
condenados a duras penas de prisão por motivo de sua atividade patriótica e não, certamente, por estarem acomodados ao regime burguês.
H á entretanto um argumento que
Debray esgrima com certa aparência de verdade. Diz êle que o êxito da guerrilha exige a autonomia
de sua direção, a fusão "na serra"
da direção militar e política do
movimento, já que a subordinação
dos guerrilheiros a uma direção
política externa envolve o perigo
de queda parcial ou total dessa direção nas mãos da polícia e coloca-a na dependência de canais de
comunicação
sempre
arriscados.
M a s a verdade nisso é só aparente.
O erro de Debray está outra
vez em subordinar o político ao
militar. Êle concebe a guerrilha como um fim, que se autojustifica e
auto-satisfaz, enquanto, na verdade, e no caso específico, ela é instrumento de uma luta política, de
um movimento democrático e de
libertação nacional, constituído por
todo um conjunto de classes sociais
e correntes políticas, e deve por isso subordinar-se à direção unificada desse movimento, tal como as
demais frentes de luta que a êle
obedecem. Isto efetivamente acarreta problemas de comunicação e
vigilância, mas a solução está em
frente e resolver adequadamente
esses problemas, e não em separar
a guerrilha do movimento a que
ela deve servir.
I
Debray repete o seu concerto de
uma nota só — o exemplo cubano
— para apoiar sua tese. De fato,
no caso de Cuba a direção política
e a direção militar do movimento
contra Batista, na fase final e decisiva, se concentraram na Serra
Maestra. Isto ocorreu, entretanto,
não por qualquer exigência inerente à guerrilha, mas porque Fidel Castro, pessoalmente, conquistou uma posição de liderança política inconteste do movimento democrático e, na ocasião, se encontrava na Serra, dirigindo também
a guerrilha. Para esse exemplo singular, entretanto, há toda uma série de precedentes que tornam caracterizada e generalizada a situação inversa. N a China, no Vietnam, na Argélia, e t c , para só falar dos movimentos democráticos e
de libertação nacional, ocorreram
e ocorrem lutas armadas dirigidas
por frentes políticas — nas quais
sempre o partido comunista é a força mais importante — cuja direção é distinta e subordinante do
comando direto da corporação armada; isto não impede e, ao contrário, favorece o êxito da luta em
que se empenha essa organização
militar.
A concepção pequeno-burguesa.
aristocrática, subjetivista do processo revolucionário é assim, sempre,
a mola mestra das teses de Debray, tanto na questão das formas
de luta quanto no problema da direção da luta. E também neste último aspecto sua filiação ao blanquismo é evidente. " D o fato de que
Blanqui" — diz Engels — "concebe toda revolução como uma reviravolta levada a cabo por uma pequena minoria de revolucionários
decorre a necessidade da ditadura
depois da vitória da insurreição, e
ditadura, é claro, não de toda uma
classe revolucionária, o proletariado, mas do pequeno grupo de pessoas que fizeram a revolução e
que,
por sua vez, já eram antes
elas próprias submetidas à ditadura de uma ou algumas pessoas."
Antes da vitória, a ditadura dos
caudilhos; depois da vitória, a ditadura do "partido formado na
guerrilha" — eis Debray, cem anos
atrás.
Trata-se assim de uma velha e
batida canção, que Debray apresenta com ares de novidade. Êle
não renova, repete; não avança,
regride.
PARTIDO E UNIDADE
N ã o é com prazer que nós, comunistas, desviamos nossa atenção
para a polêmica com outras forças patrióticas e democráticas. Nosso emepnho é pela unidade contra
o inimigo comum. Partimos de que,
para derrotar esses inimigos ferozes e poderosos que são os imperialistas e seus cúmplices, é imprescindível dedicar à luta contra eles
todas as nossas energias, todos os
esforços conjugados das diversas
correntes que desejam a emancipação nacional e o progresso social.
O desgosto é maior quando somos obrigados a criticar e censurar um combatente que está preso
e ameaçado de pesadas penas, senão de morte, como é o caso atual
de Regis Debray. A solidariedade
que merece a sua condição de perseguido político se reforça ainda pela
simpatia que desperta a sua demonstração de sinceridade, ao tentar ver,
na prática, a validade de suas idéias.
N ã o obstante as condições atuais
da Bolívia serem favoráveis ao
desenvolvimento da luta guerrilheira,
segundo
a
apreciação
do Partiro Comunista Boliviano e
das diversas correntes patrióticas
locais, essa atitude coerente de Debray possibilita a êle inclusive,
aprender com essa grande mestra
que é a prática, e compreender o
.caráter arbitrário e subjetivista de
seus esquemas continentais de revolução.
Mas o debate é necessário, porque se trata aí da defesa de nosso
Partido, como organização de luta
imprescindível ao proletariado, e
da colocação em termos justos da
questão da unidade do movimento
antiimperialista e democrático na
América Latina.
O s partidos comunistas têm demonstrado com fatos, através dos
anos, no mundo inteiro, na América Latina e em nosso país, em particular, que vêem na unidade de
todas as correntes patrióticas e democráticas um fator essencial para
o êxito de sua luta comum. E combatem toda concepção excluisivista e monopolista dessa unidade, inclusive e em primeiro lugar as que
ocorram entre suas próprias fileiras, na cabeça de elementos equivocados que vêem no Partido uma
espécie de "concessionário da revolução", em qualquer etapa e
quaisquer
circunstâncias. Embora
nos orientemos pelo princípio de
que a revolução socialista forçosamente se desenvolve, para ter êxito, sob a hememonia do proletariado e sob a direção do partido revolucionário marxista-leninista, e
embora lutemos para que essa hegemonia e essa direção se exerçam em processos revolucionários
anteriores, a fim de que a revolução se desenvolva mais rapidamente e com maiores benefícios para
os trabalhadores, não colocamos a
hegemonia do proletariado e a direção do Partido como condições
prévias, cuja aceitação impusesse mos a nossos aliados potenciais,
para participarmos de um movimento identificado com os interêses
do povo e da nação.
Para nós, o curso dos acontecimentos e a vontade das massas é
que decidirão qual o partido que
tem efetivamente condições de assumir a direção da luta do povo.
Demos já exemplos dramáticos de
que compreendemos a possibilidade da ocorrência de movimentos de
libertação nacional e democráticos
dirigidos por outras forças políticas,
e a necessidade de integrarnos a esses movimentos, mesmo
quando são dirigidos por forças
hostis ao partido comunista. Nossos camaradas egípcios, durante
vários anos, apoiaram e defenderam o governo de Nasser contra
a violência imperialista sob o peso
da mais feroz e brutal repressão
que o próprio Nasser dirigia contra eles. Em nosso pais mesmo,
embora em condições menos críticas, temos exemplos semelhantes.
Demos e sustentamos — para citar
apenas dois casos — nosso apoio
às candidatura de Lott, à Presidência da República, e de Brizola, ao
governo do Rio Grande do Sul,
apesar do repúdio público e calunioso que os candidatos opuseram
ao nosso apoio.
Um dos elementos da unidade,
entretanto, é o respeito mútuo das
diversas forças que se unem. O anticomunismo "de esquerda" só pre-
judica o esforço comum. Se é possível a um movimento nacional e
democrático vencer e chegar inclusive a medidas de caráter socialista sob a direção de forças não proletárias, a atitude de exclusão ou
de hostilidade em relação aos comunistas não favorece essa vitória
apenas favorece os inimigos imperialistas e reacionários.
Debray procura servir a esse anticomunismo "de novo tipo". Para
apoiar sua aspiração de que as
massas "aceitem esse grupo de origem pequeno-burguesa como Direção Política", êle não só inventa
um esquema revolucionário que
possibilite a hegemonia pequenoburbuesa e para isso prescinda da
ação organizada, consciente e objetivamente condicionada das próprias massas, como ainda abre uma
campanha furiosa de calúnias e disparates contra os partidos comunistas e conclama abertamenee à
cisão desses partidos.
A defesa da unidade, da autonomia e da independência de nosso
Partido, entre as diversas correntes nacionalistas e democráticas do
pais e no movimento comunista internacional, é para nós, comunistas, um ponto de princípio, do
qual não transigimos. Ações e atitude como a de Debray podem impressionar a alguns apressados ou
imaturos, mas são rejeitadas pelo
conjunto do Partido, por todos os
verdadeiros comunistas.
Nosso Partido não reconhece a
ninguém o direito de distribuir cartas de valentia revolucionária. Sabemos e dizemos que a luta contra o
imperialismo e, particularmente, contra a ditadura que atualmente infelicita a nação brasileira, exigirão de
todo o povo e, em particular, de
nós, comunistas, as mais duras provas, grandes privações, heroísmo e
audácia revolucionária. N ã o brincamos de guerrilha, mas quando
julgamos oportuna a adoção dessa
ou outra forma de luta armada nos
lançamos a ela, realmente, não ficamos em promessas e exaltações
vazias. Desde que foi fundado nosso Partido esteve à frente de todas
as lutas armadas em que, de um
modo ou de outro, se envolveram
os interesses do movimento progressista no país. Da única exceção, e
maior luta armada de nossa história nacional recente, a Coluna
Prestes, surgiu o líder que depois
se tornou Secretário-Geral e glória de nosso Partido.
Mas não cederemos ã aventura,
não levaremos nosso movimento
aos alçapões que lhe arma o inimigo. N ã o nos empolgaremos por
concepções tiradas artificialmente
de experiências alheias — e muito
menos de experiências em que proporções de dezenas ou milhares
contam nos acontecimentos. E m
nosso vasto e complexo país os
números começam a contar nas casas de centenas de milhares e de
milhões. Em nosso pais gigantesco
e franzino, opulento e miserável,
moderno e atrasado, soberbo e oprimido, não há lugar para soluções
fáceis e roupas feitas. O nosso próprio povo, e só êle, encontrará em
si mesmo, em sua energia, em sua
inventiva e seu espirito revolucionário, com o apoio e o estímulo
dos outros povos, os meios e caminhos de sua libertação. Nós, comunistas, escolhemos ficar com o
povo; à frente dele, mas sempre
com êle onde êle estiver.
fc*./Wj*i'0
XVo-ESi ; rtcP. t J/5 ; o. \u
A Grande Revolução de Outubro
E Sua Repercussão no Brasil
A vitória da Revolução de Outubro teve uma repercussão profunda
e muito diversificada na vida do
povo brasileiro. Ela proporcionou a
todas as forças políticas e sociais
interessadas no desenvolvimento democrático e na emancipação do país
um ponto de referência novo, indicador do caminho para a reconstrução da sociedade e a libertação
nacional. Criou as condições para
a extinção da forte influência anarquista que dominava no movimento
operário e socialista. Estimulou a
criarão do Partido marxista-leniniscriação uo 1 «iruuu muriuio ™IUIÜ»
ta, vanguarda da classe operaria e
principal organização dirigente da
luta revolucionária de nosso pOTO.
do novo regime e mesmo algumas
declarações de Lênin e Trotski, atravês das quais os elementos nacionais
progressistas poderiam discernir a
verdade e manifestar-se a favor da
revolução.
Pavel, dirigiu ainda em 1917 uma
série de cartas à imprensa burguesa
em defesa da Revolução de Outubro. Em fevereiro de 1919, reuniu
estas cartas em livro, sob o ütulo —
"A Revolução Russa e a Imprensa .
Outros escritores que tomaram,
desde o início, o partido da revolução russa: Fábio Luz, José Oiticica, Evaristo de Morais, Domingos
Ribeiro Filho, José Martins, Carlos
Dias, ^ Antônio ^ ^Canelas,^ Afonso
Schmidt, Edgard Leuenroth, Otávio
Brandão (primeiro tradutor do ^Manifesto Comunista), Everardo Dias
. .
" _
_.
(primeiro tradutor de Dez Dias que
Abalaram o Mundo)
ladrilheiros,
imemarmoristas
5^—
. , . , , , . , « „ , , , . ;industriários,
„j„a„;;^^
oleiros,
comerciários,
metalúrgicos, eletricistas, chapeleiros, padeiros, empregados em farmácias e hospitais etc. O movimento durou vários dias e terminou vi^
^Ao
raador
do
fr
8
^
mu^ado uma
lei
fixando
^ 8 n 0 r a s o dia de trabalho.
Por ocasião das manifestações públicas no Rio de Janeiro, a 1." de
maio de 1918, os trabalhadores canocas aprovaram por aclamação um
documento no ^ qual manifestavam
"a sua profunda simpatia pelo poA repressão a todos esses movi
vo russo, neste momento em luta
aberta e heróica contra o capita,
, .
r
çao do governo jamais
solucionou
as questões.
Foi
hsmo . No 1." de maio de 1919,
^ 1 5 ^período
0 , 4 , ! ^ ,que
^ o proletariado conesse
outra grande manifestação de masmeçou a compreender o papel poto
qual sefoi dizia:
"O proletariasas,noquando
aprovado
documenlítico que lhe cabia desempenhar
__ Janeiro,
J * • . U A reunido
1_» em
1~
t
do
do Rio1 de
na vida nacional, e também foi
massa na praça pública e solidánesse período que ficou patente a
rio com as grandes demonstrações
l^ík
(^TíWlUlí^Tltíl
incapacidade do anarquismo de se
dos trabalhadores neste 1.° de maio,
t » M lTXi/T l l l l C l l l v F
manter à frente de um movimento
envia uma saudação especial aos
revolucionário.
proletariados russo, húngaro, germâ'
.
nico e protesta solenemente contra I l r ) í * l * í l 1*1 f )
Nessa época, começaram a orqualquer intervenção militar burmr
ganizar-se os primeiros grupos coguesa tendo por fim atacar a obra
influência «•
da «revolução
passo inicial para a criaSob
Através de sua imprensa, as cias- revolucionária tão auspiciosamente
"JV,U a• »""">='":"»
» T « » ^ - » -munistas,
7""U«£"
ses dominantes brasileiras manifes- encetada na Rússia",
russa, intensificou-se o movimento Çao do PCtí.
operário brasileiro, embora sob a
taram uma atitude de reserva e
de franca hostilidade às novas fôrAlguns periódicos, característica- orientação dos anarquistas, conse
ças que assumiam o poder na Rús- mente anarquistas, publicaram ar- guindo algumas vitórias como mesia. Para a imprensa burguesa, a tigos e documentos sobre a Revo- lhoria de condições de trabalho, direvolução russa era uma "estranha lução. O semanário "Spartacus", do m i n uição da jornada e aumento de
revolução". Essa mesma imprensa Ri 0 de Janeiro, publicou em agosto salários,
revelava uma oposição aos ""líderes de 1919 "A mensagem aos trabaN o mesmo ano de
maximalistas", como eram chama- lhadores americanos" e, alguns me1917, violenta
Em 1919, já havia surgido um
dos Lênin, Trotski e outros. Refe- ses mais tarde, outro trabalho de 6 r e v e . a b a l o u .° ^ t a d o d e S S o P a u l ° "Partido Comunista", denominação
foi a primeira greve geral de imprópria p o r q n e t conforme A s t r o .
ria-se comumente a Lênin como Lênin
*A democracia burguesa
"ridículo agitador". Era favorável a e a democracia proletária". O órgão a m b , t o estadual- Os grevistas che- j u d o Pe re ira, "tratava-se na realiKerensky, considerando uma traição da Federação dos Trabalhadores de f aram a t o m a r c o n t a d a cidade de dade de uma organização tipicaao pacto de Londres a assinatura da Pernambuco, "A Hora Social", em ? a o P a l d o e ° governo se manifestou mente anarquista, e a sua denomipaz de Brest-Litovsy. "Resta aos novembro de 1919 publicou o texto '"eapaz de dominar o movimento, n a ç ã o d e "parado comunista" era
aliados a esperança de que os par- da primeira Constituição Soviética. d e n a d a valendo o estado de sitio u m p u r o r e fl e X o, nos meios operátidários de Kerensky reapareçam Em São Paulo, o semanário em lín- decretado pelo governo federal para r i o s brasileiros, da poderosa influoportunamente, evitando à Rússia a gua italiana "Alba Rossa" estam- t o d o ° P aIS ência exercida pela revolução promaior das desgraças, a paz sepa- pou, em sua edição de 1." de maio
D L
letária triunfante na Rússia, que
h m
1918
n
rada", dizia o "Diário Popular", de de 1919, um artigo de Lênin sobre
< ,° • * * houve uma s c s a b i a d L r i g i d a ^ ^ COmunistas
rande
r eve
São Paulo, do dia 4-12-1917.
a pa* de Brest-Litovski e um apelo &
&,
* • operários têxteis, d a q u e i e ^
0
qae
n5„ „
sabia
de Máximo Gorki aos trabalhadores c o m a a d e s a o d e dlv ersos sindica- a o c e r t o f
QS c o m u n i s t a s
e
A imprensa burguesa acreditava d e t ò d o s M p a í s e s
tos A greve alastrou-se pelas ei- „ a c h a v a m a { r e n t e ^ revolução
ou pretendia fazer acreditar que
uades circunvizinhas
Este movi- r u s s a e r a m m a n d s t a s , n 5 o a n a r .
aquela era uma situação anormal
mento, durante o qual houve cho- q u istas"
e passageira, que o povo russo não
quês violentos e mortes de lado a
aceitaria a orientação de Lênin e
lado deveria estender-se a outros
0 Congresso de fundaca0 do PCB
outros, porque estavam destinados
Estados, e alguns de seus lideres ( o i n o ü c i a d o
*Movi.
U
revista
a cair. "Mesmo abstendo-nos de convisavam a tomada do poder pela m e n t(K Comunista, n." 7, de junho
tar com a provável reação popular
classe operaria, para o que elabo- d e i 9 2 2 . O Congresso reuniu-se a
contra Lênin e seu bando, não é
raram o chamado programa maxi- 25, 26 e 27 de março de 1922.
verossímel que o pretenso governo
Foram numerosos os intelectuais malista de governo .
^ H a v i a u r g ê n c i a n a org anização do
rnsso consiga ultrapassar a etapa de da época que se manifestaram vio•
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partido e m " T ^ da *
J
-ao
simples armistício . No mesmo co- lentamente contra a revolução rust-m bao Paulo, no mesmo 1918, J „ i y r
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' a o IV Congresso da Internacional
mentano, dizia o Diano Popular sa. Porem, numerosos intelectuais o proletariaao prosseguiu em sua d e M o s c o u „ 0 ^.^ deveriam fazerde 6-12-1917: "Embora francamen- progressistas revelaram seu entusias- luta contra a burguesia capitalista, s e representar os romunistas do
te colocada no caminho da traição, mo e suas simpatias pelo grande nacional e estrangeira. Houve gre- J}rasil" lê-se na citada revi
eles conseguiram escalar o poder acontecimento do século.
ves em fábricas de tecidos, na Light,
Logo após a sua fundação, o
baseando-se em princípios e teorias,
e principalmente entre os ferroviá- Partido Comunista Brasileiro foi leagora são obrigados a pôr em práLima Barreto, o maior deles, rios da São Paulo Railway.
galmente registrado como sociedade
rica sob pena de perderem toda a grande jornalista e romancista, sencivil. A fundação do PCB passou
sua influência sobre as massas po- sível
ao drama
do Brasil,
foi varias
Em greves,
Pernambuco
verificaram-se
um dos
maioressocial
entusiastas
da Kedestacando-se
a da j.«v.orn»v,i^„ ™.s„
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despercebida,
então, na imprensa
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voluçao de Outubro, chegando a es- TUnião
Cosmopolita, que reunia os ! , „ „ „ „ , .
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Burguesa e nas correntes majontacrever: Sena capaz de deixar-me trabamadores
da Pernambuco Tran- r i a s d a
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matar para implantar aqui o regime way, que tomou grandes proporções. m a ç a Q posteriormente, como prinmarxista . Nos_ seus artigos ded.caE m p r i n c í p i o s d e junho de 1919, cipal organização revolucionária do
dos a revolução russa atualmente i r r o m
uma
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de
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rtido
diri
te da
classe
reunidos no livro Bagatelas , vibra, c i .
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va com Lênin, tendo escrito a seu ^ndes de Salvador, Bahia, trans- operaria viria constituir-se numa
respeito: "Este é o grande homem formando-se posteriormente em gre- prova marcante e definitiva da indo nosso tempo, que preside com V e geral com a adesão de emprega- fluência que a luta dos revolucioApesar de que
todoseo fazia
bloqueio
e des- * - a u a c , a u m a . í 1 8 ™ * r a n s o r - dos
em hotéis,
cafés, pedreiros,
restaurantes,
russos
exerceu sobre a vida
virtuamento
ao noticiácarroceiros,
choferes,
car- nários
de nosso
povo.
rio referente à grande revolução de
Na falta de uma imprensa opeoutubro, saíram na própria impren- rária, o nosso querido Astrogildo
V O Z OPERARIA — Novembro de 1967 — página 10
sa burguesa os planos de governo Pereira, sob o pseudônimo de Alex
Influência
Opinião
Das Classes
Dominantes
Fundação
Do Partido
Opinião dos
Intelectuais
Opinião
Dos
Trabalhadores
BR AN, mo x«*-o. es, AcP. ^fa
p.U
Contradições no Desenvolvimento
Econômico de Pernambuco
ANDRÉ
Pernambuco atravessa ura dos
piores. períodos da sua história,
mergulhado numa crise que está
levando ao desespero as massas
trabalhadoras. Se é geral, em todo
o país, o desemprego, os baixos
salários, o alto custo de vida etc,
em conseqüência da política seguida pela ditadura, Pernambuco não
poderia ser uma exceção. Ao contrário, aqui esses fenômenos tomam
caráter mais agudo, em virtude de
vivermos numa área mergulhada,
permanentemente, no atraso econõmico e social.
Há, no nodeste, prrincipalmente
em Pernambuco, um franco desenvolvimento industrial. Mas, como
se processa esse desenvolvimento?
Quem dél? se beneficia? Estas são
as questões que se colocam nas bôcas e nas cabeças de todos que viyem nesta sofrida região. A Igreja, através de seus bispos, já denunciou as injustiças provocadas
por êss,e desenvolvimento unilateíal. A Ação Católica Operária
( A C O ) , ligada ao clero, denunciou-o em manifesto de enorme repercursão, chamando-o de "Nordeste, desenvolvimento sem Justi?a •
' d
Surgem em Pernambuco novas e
novas unidades industriais, enquanto uma série de outras industrias se
modernizam e se ampliam, com a
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ajuda da S U D E N E . Dito isso, têmse a impressão que se amplia o mercado de força de trabalho. Porem
isso não se dá. Essa é uma das
grandes contradições do desenvol.vimento que se processa em Pernambuco: Cresce o número de unidades industriais, paralelamente aumente o desemprego. As unidades
industriais criadas não absorvem a
mão-de-obra disponível. A crescente instalação de unidades fabris é
acompanhada de uma crescente
marginalização social das massas
trabalhadoras. Isso, em virtude do
desnível existente e da tecnologia
utilizada pelos setores empresar i a j s e a m ão-de-obra de que disp o m o s . £ s s e processo de desenvolvimento não tem condições de
abranger, direta nem indiretamente, a nova fôrça-de-trabalho decorr e n t e do próprio crescimento do Estado, do êxodo rural que se eleva
de ano para ano e da emigração
d o s Estados vizinhos. Essa polític a seguia pela S U D E N E tem contribuido para acelerar o processo
de desemprego. Ao contrário do
q u e se quer fazer crer, essa política não visa melhorar as condições
de vida das populações pernambucanas, mas atender aos interesses
a burguesia e de grupos econõmic o s norte-americanos,
Pl*PÇfiQ
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Políticos no
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Cálculos responsáveis
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cerca de 500 o numero de pátrio,
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tas paraguaios presos nas masmorras da ditadura Stroessner, não obstante os constantes desmentidos do
ditador. Entre as centenas das vit; m „. ™_ „„ „ „ .
• -íunias que se encontram nos car•
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ceres da mais sanguinária ditadura
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da America do Sul, estão os dinpentes do Partido Comunista Pa,
» .- • \M j
raguaio. camaradas Antônio Maidano! Júlio Rojas e Alfredo Alcorta,
vivendo a maioria na mais absoNosincomunicabilidade.
últimos dias do mês de julho
luta
o jornal católico COMUNIDAD, que
se edita em Assunção publicou uma
carta dos presos polt.cos d.ng.da a
l-onvencao Constituinte, agrupamene
....
... . ,
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o político consUtuido por parlamentares e pessoas de confiança do
governo para legitimar a perpetui3 , • V . 6
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dade do ditador no poder que, entre
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on'ras coisas, denuncia: Desde o
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mes de marco
deste. ano estamos
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submetulos a regime de completa
incomun.cabil.dade, pr.vados mclus.ve de mantermos contato com nose no,vas
* e s p o s a s - Mhos):maes
•
E mais adiante frisam os compaqúôncia paraguaios
das torturas
nheiros
quee da
em prolonconsegada permanência em calabouços
herméticos, verdadeiro panteão para
09 vivos, necessitamos urgente de
assistência médica, pois é evidente
o desgaste de nossa saúde".
As conseqüências dessa política
a v j S t a de todas aquelas pessoas que visitem o Recife. Cresce
o número de pedintes e de crianças
abandonadas e desasjustadas.
A. fome, a nudez, as doenças endêmicas e a mortalidade infantil
adquirem caráter mais agudo. Esse
é um dos resultados práticos da ditadura de entreguistas e de traidores da pátria, em relação a Pernambuco e ao nordeste, em geral.
Enquanto
isso, através da
S U D E N E e do Banco do Nordeste, qrupos empresariais nacionais e
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estranqeiros, pelas mais deversas
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formas, recebem grandes e vana„
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itraste. Este consiste entre a p o i dar e 3 C Í 0 n á r i a e anti-social
i n s t i t u i c a o , hoje prãticamen"• ,
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te dominada por grupos
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ros. de um lado; de outro lado a
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existência, em seu seio, de um
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numeroso grupo de técnicos, ecodiversos
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acentuado
patriótico, cujas energias estão
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treguista e antioperário do govêry
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S U D E N E
Esse caráter contraditório, antisocial, que se imprime ao desenvolvimento no nordeste está acumulando um potencial enorme de Con-
SANTANA
flitos sociais que começam a estou- liberais, artezães, enfim, esse imenrar num ou noutro lugar. Por exem- so contingente que costumanos chaplo, no setor da indústria têxtil, nos mar de camada médias urbanas.
três últimos anos se assinalou uma
A desinflação, em nome da qual
grave crise com redução de jorna- a ditadura há mais de três anos
da de trabalho, eliminação de tur- vem impondo sacrifícios inauditos
nos de trabalho, demissões em mas- ao nosso povo. é um blefe. A insas, congelamento de salário, não flação prossegue e prosseguirá porpagamento do Décimo Terceiro Sa- que o mal é de estrutura e este
lário, e até redução pura e simples não foi nem será tocada por essa
de salários. N a Fábrica de Maca- camarilha que está no poder.
xeira, do grupo Othon Bezerra de
Diante disso não é difícil preverMelo, uma das maiores do Estado, se um aguçamento geral das lutes
no decorrer de um mês foram jo- sociais em Pernambuco. Há, porgados na rua cerca de 700 operá- tanto, um amplo campo para atuarios, com indenizações feitas na ção das forças políticas que lutam
base de 40 e 50 por cento, pagas à contra a ditadura, contra o impeprestação (a longo prazo). A ale- rialismo e por um novo poder efegação da companhia era a crise do tivamente democrático.
setor por falta de mercado e de financiamento. Recentemente, esse
mesmo grupo passou a receber ajuda da S U D E N E , o estoque de tecido foi vendido e a o que se fala
grandes e vantojosas encomendas
foram recebidas, mas as demissões
continuam, principalmente dos operários mais antigos, como uma decorrência da lei do Fundo de Garantia e da automatização da f á - D _ _ _ , , _ . . __.- -.-»•
:• • •''
brica.
rorque e como elevemos
Ê nesta empresa precisamente
'
onde os operários têm demonstra#
do com atos, o seu descontenta- f f l f l & t f l l l l *
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mento. desde os operários têm de- v v l l D U U 1 X
\f
monstrado com atos, o seu descon- --^
. . —
tentamento, desde os primeiros me- f £ 1 1 * 1 1 0 0
RO* a
ses de 1966 quando realizaram um
movimento de pressão para receber
(Continuação da 12* página)
o Décimo Terceiro mês correspondente a o ano anterior. Grande rpar. ,
. . . ,
,
...
. seio do proletariado urbano e rute deles se concentraram no escntório, com revezamento. Foram inú- ral tem que ser feito o mais sigiteis as ameaças da gerência, de losamente possível, pois é a raiz da
chamar a polícia e o IV Exército. revolução que se crava no próprio
O movimento foi imediatamente vi- sustentáculo do inimigo de classe,
torioso. Desde então, o desconten- as empresas capitalistas. Este tanto
tamento dos têxteis daquelas em- pode ser feito de dentro como de
presas se evidencia de várias ma- fora para dentro, mobilizando quaneiras, inclusive com uma parali- dros, organizações e órgãos dirigenzação parcial contra a redução de tes e todo o seu aparelho de prosalário, também coroada dê êxito. paganda, de material e de ação para
este objetivo.
Conclusão: A necessidade de
Esse desenvolvimento anti-social
construir o Partido no seio dos
está aguçando um o u t o fenômeno
trabalhadores emana da necessida— os ambulantes do Recife. São
de de conduzir o proletariado na
crea de 15 mil os vendedores amluta para desempenhar a sua tarebulantes das ruas da capital perfa histórica, de classe emergente
nambucana, vitimas do desemprego
nova, revolucionária e conseqüente;
e do subdesenvolvimento da região.
provém da necessidade de poder
N o curto período do governo Miestabelecer as alianças de classes
guel Arraes, quando as forças pobásicas e secundárias e da conquislíticas progressistas e populares
ta da hegemonia no processo de
exerciam certa influência no aparelibertação nacional e social em conlho de Estado, esse problema era
fronto com a burguesia conciliadotratado através do diálogo entre
ra e vacilante e a pequena burguesindicatos da corporação e homens
sia aventureira, foquista e anarquisdo governo, quer do Estado, quer
ta. Os caminhos e os meios para
do município doRecife. Atualmeno êxito deste objetivo consistem em
te, para atender certos grupos do
derrotar política, ideológica e orcomércio, o o-efeito Augusto Lugânicamente os conceitos e métodos
cena. seguindo a nerma geral da
fracionistas e liquidacionistas, reviditadura, reprime com violência os
sionistas « anarquistas oriundos da
ambulantes. Daí os freqüentes chopressão ideológica imperialista, das
quei entre esses vendedores e a
classes dominantes decadentes e dos
policia e o "rapa" da Prefeitura
setores radicais pequeno-burgueses;
do Recife.-Os ambulantes defendem
e defender o Partido, a sua unio sagrndo direito à vida e ao gadade, apoiados no centralismo e na
nh^1 honesto do pão para suas fademocracia.
mílias.
Os métodos para garantir o êxito
Referimo-nos apenas a têxteis e desta tarefa são: a planificação, o
ambulantes especificamente. Mas, a controle sistemático, a mobilização
verdade é que há uma imensa mas- e justa distribuição das forças do
sa
de
descontente^
que
não Partido. do-~ quadros a fim de derse resume, apenas, a operários e rotar a repressão da ditadura e forpequenos comerciantes. Ela envol- talecer o Partido com o objetivo de
ve servidores públicos federais, es- que seja cumprida a missão lii-tótaduais e municipais, profissionais rica que lhe é destinada.
BR /VWjA'0 XT-O. ESí,ACP.M(i J p.l>.
Porque e como devemos
Construir o Partido no Seio do Proletariado
Na atualidade, a estrutura do
proletariado brasileiro se estende a
começar de os operários fabris, de
construção, dos transportes e comunicações, das minas e da produção
energética — que expressam o cerne da classe, por assim dizer —
até os comerciários, funcionários e
o pessoal assalariado no setor cultural. Esta estratificação contribui
para a falta de hemogeneidade em
suas fileiras e leva a tentativa de
o pessoal do setor terciário a se sobreporem ao núcleo fabril na liderança da classe. 0 1 empregados
urbanos e rurais devem estar atingindo a cifra de mais de dez milhões de pessoas. Representam u m
peso específico de valor inestimável no cómputo da população e m
geral, e da economicamente ativa
em particular.
ral fundamentalmente apoiados nesta
classe, os objetivos programéticos
do Partido terão maior probabilidade de êxitos. Esta é outra razão
porque é imprescindível que o Partido seja construído no seio da
classe operária.
Na política do Partido desempenha papel decisivo a estratégia e a
tática das alianças de classes e camadas. O proletariado, por ser uma
classe inconciliável com os seus exploradores e incompatível com o golpismo e aventureirismo burguês e
pequeno-burguês, é o que mais se
apresta para justas alianças. A partir do primórdio de seu surgimento
nutre suas fileiras com
homens
vindos do campo; tende sempre a
se aliar com o campesinato. Esta
representa a frente única fundamental na política do Partido. Tal
O proletariado é a classe emer- aliança fortalece o proletariado. Segente na sociedade brasileira, em cunda também ao Partido.
detrimento das classes arcaicas em
descenso que tendem a desaparecer
Na dinâmica do desenvolvimento
juntamente com as estruturas em industrial e cultural e ante a exdecadência. O proletariado é a clas- plosão dos centros
demográficos,
se que se acha ligada à grande pro- emergem com ímpeto as camadas
dução de valores; à revolução in- médias urbanas e a , burguesia nadustrial e tecnológica de nossa épo- cional. Estas disputam a liderança
ca.
E' a classe mais revolucioná- do processo, tanto com as classes
ria que a^pjra 'à libertação nacio- arcaicas, decadentes, sustentadas pelo
nal e social. Afirma Lênin: "Só
imperialismo, como ainda a disputam
uma classe determinada, a saber:
com o proletariado. Esta disputa se
os operários urbanos e e m geral os
desenvolve objetivamente na estraoperários industriais das fábricas e
tificação do proletariado e se refleoficinas, está em condições de dite nas fileiras do Partido. A perigir toda a massa de trabalhadores
quena burguesia tenta impor ao proe exploradores, na l u t a . . . " .
letariado a sua ideologia, a sua política e os seus métodos. O golpisO Partido só pode desempenhar mo e o foquismo — duas faces da
seu papel de vanguarda, isto é, de mesma moeda — constituem refleorientador e dirigente revolucioná- xos destes atritos que atuam no
rio das massas se tiver as suas prin- terreno político, ideológico e orgâcipais bases estruturadas e em ação nico do Partido. Uma condição esno . seio do proletariado, em suas sencial para que o Partido realigrandes concentrações empresariais. ze justas alianças de classe, sem
Esta constitui uma das razões por- conciliar com a burguesia nem se
que devemos construir o Partido no prosternar ante a pequena burgueseio da classe operária. Construído sia é construir fortes bases no meio
nestas condições, o PCUS foi aque- do proletariado.
le que dirigiu a revolução e que
comemora este mês os 50 anos de
socialismo
A
vitorioso.
tática
tido,
e a estratégia
exigem
que
se
do
Par-
construa
o
Partido no seio da classe mais conseqüente. 0
principal
elemento
tá-
tico do Partido é ligar-se às massas,
e
exercer
dirigi-las.
social
as
Nenhum
expressa
massas
letariado.
classe
influência
do
outro
tão
povo
em
estas
estrato
autenticamente
como
Liderando
operária
sobre
o
pro-
parcelas
qualquer
da
local
de trabalho ou de vivência das massas,
o Partido tem as condições ade-
quadas para a função de
das grandes
dirigente
massas.
O principal elemento da estratégia do Partido é conduzir com êxitos as massas na atual etapa histórica de libertação para alcançar
socialismo. O proletariado
mente
meta
é
a classe revolucionária
de
libertação
é
a
o
exatacuja
liquidação
da exploração do homem pelo homem. Baseando a nossa política ge-
U m dos instrumentos decisivos
para construir u m Partido de ação,
dirigente das grandes massas entre
o proletariado é a justa linha política. Uma política marxista-leninista que se estriba no princípio
marxista-Ieninista do papel das massas na revolução; e não no grupo
de heróis; uma política que considera revolucionária a classe de proletários — de acordo com Marx
e Engels — e não os setores radicais da pequena burguesia. Uma
política que prenuncia a função de
vanguarda revolucionária do partido
da classe operária e não o foco de
grupo isolado das massas do país;
uma política que parte do estado
real do processo histórico do país,
considerando as respectivas etapas e
fases e não de acordo com os desejos da pressa pequeno-burguesa
que tende a omitir etapas, a aventuras e divisões entre as forças que
se opõem à ditadura, principalmente da classe operária e das esquerdas.
A política do Partido — que
não permite o isolamento do proletariado, que possibilita a sua unidade e o estabelecimento de alianças
com as forças fundamentais e conjecturais e a conquista da hegemonia — é aquela cujas linhas
gerais foram plasmadas no V Congresso.
Atualmente ela prossegue
em elaboração para o V I Congresso.
Esta política e a ação política de
massas e seus êxitos estimulam a
construção do Partido; e derrotarão
por fim as conciliações e capitulações diante da pequena burguesia é
propicia as condições para que o
proletariado possa desempenhar seu
papel histórico na sociedade brasileira. Este é o instrumento fundamental para que seja construído o
Partido nas fileiras do proletariado, a curto e a longo prazo.
Um outro instrumento para a
construção do Partido entre o proletariado é a clareza de objetiva,
neste sentido, no âmbito nacional,
estadual, municipal, distrital e local. A dinâmica da luta de classes
exige plano e controle sistemático
de sua execução, considerando os
inimigos que o proletariado enfrenta e que desejam a sua divisão e
destruição, que hoje se estende a
certas camadas pequeno-burguesas e
forças políticas de esquerda; a luta
ideológica e a defesa da unidade da
classe operária e do Partido assum e m proporções muito maiores do
que em qualquer outra época histórica. Sem u m plano multifacético e
u m controle sistemático é muito difícil, e talvez impossível, construir
o Partido nas empresas.
Esta tarefa de mais alto sentido
revolucionário não pode ser considerada como sendo de algumas
pessoas, de uma frente do Partido
ou de u m organismo. E' u m objetivo essencial, permanente e integral,
portanto, de todo o Partido, de todos os organismos e órgãos dirigentes do Partido. Somente
um
trabalho coordenado global dos militantes pode levar a bom êxito este
empreendimento. Os militantes e a
massa de quadros do Partido demonstraram ao longo de nossa história que somos capazes de vencer
todas as tentativas divisionistas e
liquidacionistas do Partido, tanto as
que vêm de fora ou de dentro. A
reconstrução do Partido após o golpe de abril e a derrota dos esquerdistas que tentaram arrastar o Partido para aventuras golpistas e os
que tentaram desmoralizá-lo, indicam a existência em todos os escalões de u m núcleo de quadros
conscientes do processo de luta interna e do amadurecimento do Partido. Unificadas
a vontade e a
ação dos quadros e militantes, a tarefa da construção do Partido no
seio do proletariado conta com todas as probabilidades de êxitos a
curto e a longo prazo.
mento nas empresas constitue u m
elo decisivo n o momento. U m Partido forte nas empresas fornece elementos para melhores êxitos na aplicação integral do centralismo democrático. Daí a importância de uma
distribuição adequada das forças do
Partido com vistas para este objetivo.
Neste sentido, a distribuição dos
quadros tem uma importância de
realce. Os quadros são a grande
arma com a qual o Partido conta
para sua defesa, construção e fortalecimento.
Quando se considera tão importante a construção do Partido na
empresa, bem como n u m distrito
ou município, e para lá se destacam quadros, é u m sintoma que
há compreensão na prática do significado do papel do proletariado na
revolução e do Partido como vanguarda da classe revolucionária.
O trabalho da construção de bases partidárias entre o proletariado
urbano e rural não é viável se se
deseja realizá-lo de sopetão, de golpe. As concepções golpistas pequenoburgueses se insinuaram n o decorrer
do processo histórico da formação
do Partido. Estas ainda se manifestaram na interpretação e aplicação
da linha do V Congresso, como entrave à luta ideológica contra os
remanescentes das concepções oriundas do sistema do culto à personalidade. Não são recentes estes traços ideológicos estranhos ao proletariado e à sua teoria marxista-Ieninista.
Estas concepções golpistas
da pressa e do radicalismo pequeno-burguês tiveram curso florescente principalmente na época da vigência do sistema do culto. da personalidade
e das linhas políticas
dogmáticas e sectárias. N o terreno
orgânico se manifestaram na pressa em construir bases nas empresas e ainda na maior pressa de acioná-las e pô-las a descoberto, possibilitando assim ao inimigo a sua
liquidação.
Aquelas concepções
o
desligamento
dros operários
da
sencadeamento
de lutas
Esta tarefa exige uma justa disdas
organismos
Todas
as
forças,
dos órgãos
dirigentes
tarefas
do
do
e
Partido.
Partido
são
necessárias e úteis. Contudo, a cada
elos
momento
que
existem
arrastam
a
os
do
Partido
o
corrente.
seu
quade-
prematuras
repercussão segundo as necessidades
da orientação radical golpista, a vaidade pequeno-burguesa
tismo
e o baluar-
coxo.
Uma
condição
imprescindível
para alcançar êxitos neste empreendimento
consiste
concepções
em
tanto espon\aneistas
mente
derrotar
ideológicas
teoria foquista
como
históricas
renovadoras,
golpistas
e
atual-
estribadas
antioperária
partido, segundo
as
estranhas,
e
a qual quem
na
antifaz
a revolução é o comunista, o herói
e não as massas.
chamados
Na
defesa e no fortalecimento da construção
de
produção, o
desligadas das massas, como as de
liquidacionistas,
tribuição
determinaram
prematuro
enraiza-
O trabalho revolucionário de erigir
poderosas
bases
proletárias
(Continua na 11* p á g i n a )
no
6K AW,RÍo XI- D. £$ij
AtP.^/jjp.tf
V
Nota Política
da
Comissão Executiva
Suplemento Especial de "VOZ OPERÁRIA*
1967
-
E.R AN, Cio x°l• o • Esí, ACP. H fi
i
1. Acentua-se o descontentamento popular e já se verificam, com maior freqüência,
manifestações de resistência e oposição à
ditadura. A classe operária, apesar dos enormes obstáculos criados ao desenvolvimento
da atividade sindical pela constante intervenção dos agentes policiais e do Ministério
do Trabalho, formula suas reivindic içõe»,
protesta contra o "Fundo de Garan'i%",
manifesta-se disposta a lutar contra a política salarial da ditadura e começa, nos
principais centros industriais, a unir suas
forças para a ação. Os trabalhadores do
campo iniciam a reorganização dos seus
sindicatos e procuram resistir ao nã-j cumprimento das leis trabalhistas por parte dos
fazendeiros, já tendo havido greves de longa duração na indústria canavieira do Nordeste, ao mesmo tempo que surgem algamas lutas de posseiros. Os servidores públicos reorganizam suas forças, dispostos a
lutar contra a penúria em que se cocuntram. Cresce a combatividade dos estudantes que lutam contra o acordo MEC-USAlD
e enfrentam com firmeza a brutal repressão policial. São cada vez mais numerosas as manifestações patrióticas contra o
opressor imperialista, cresce o ódio popular
aos assassinos do povo vietnamita, sendo
queimadas, em diversos lugares, bandeiras
dos Estados Unidos e vaiado, em Brasília,
o Embaixador dos Estados Unidos. Amplos
setores da população, tendo à frente intelectuais, jornalistas e personalidades de destaque, inclusive sacerdotes católicos, tomam
posição contra a legislação reacionária da
ditadura, reclamam sua revogação, assim
como a anistia geral, o término dos IPMs
e a liberdade para os presos e perseguidos
políticos.
2 . Com a posse do sr. Costa e Silva
na presidência da República tentaram, porém, as forças reacionárias que usurpam
o Poder — militares traidores e outros agentes do imperialismo — ampliar a base social da ditadura, anunciando mudanças na
política econômico-financeira, a pacificação
do país e medidas no sentido da democratização do regime. O sr. Costa e Silva, cuja
candidatura foi imposta pelos setores mais
reacionários das Forças Armadas, assumiu,
por sua vez, compromissos com diversos
setores da burguesia. Ampliou, assim, a
base política do governo, do qual participam representantes daqueles setores —• como o sr. Magalhães Pinto e outros — que
se haviam afastado do governo Castelo
Branco, embora tivessem participado ativamente do golpe de 64 e defendam o atual
regime, que lhes permite a crescente exploração dos trabalhadores. Para favorecer
aos mesmos setores das classes dominantes,
certas mudanças foram introduzidas na política da ditadura. Foi criticada a política
econômico-financeira do sr. Roberto Campos, a qual, como se diz no "Programa
de Diretrizes Básicas" do atual governo,
"não logrou alcançar o resultado desejado,
seja quanto à retomada do desenvolvimento, seja quanto à contenção da inflação".
Alterou-se a fundamentação da política externa, que se apoiava na doutrina da inevitabilidade da guerra mundial e na descarada subordinação ao governo dos Estados
Unidos, a fim de melhor mascarar a subordinação do Brasil ao opressor norte-americano. Tudo isso contribui para criar um
clima de expectativa em mudanças favoráveis ao povo, o qual chegou a influenciar
setores das camadas médias e mesmo da
classe operária e paralisou praticamente a
oposição burguesa.
3 . O sr. Costa e Silva representa, no
entanto, as mesmas forças do golpe de abril
e tem por tarefa, na presidência da República, consolidar o regime imposto à nação e que fêz do Brasil, ponto de apoio
principal da política reacionária e agressiva dos imperialistas dos Estados Unidos
na América Latina. Seu governo, como o
de seu antecessor, é uma ditadura militar,
reacionária e entreguista, que imprime ao
desenvolvimento da economia nacional um
curso favorável aos interesses dos monopólios norte-americanos, dos latifundiários e
dos grandes capitalistas, à custa da crescente exploração das massas trabalhadoras
e da espoliação das riquezas nacionais.
•
BR />N ; Kío %<\0.
Tem sido esta efetivamente a orientação de seu governo em todos os terrenos.
E" êle o defensor intransigente da nova
Constituição fascistizante, que afasta o povo da vida política, liquida na prática as
garantias individuais, anula as conquistas
sociais dos trabalhadores, acaba com a autonomia estadual e munieipal, atribui podêres absolutos ao presidente da República e
reduz o Poder Legislativo ao papel subalterno de mero registrador das decisões do
Executivo.
Ao mesmo tempo, utiliza-se da legislação
reacionária para dar cobertura legal a violências policiais e ao arbítrio dos encarregados dos IPMs, para encarcerar trabalhadores, estudantes, intelectuais e sacerdotes.
Mobiliza milhares de policiais contra um
Congresso de estudantes. Além da famigerada Lei de Segurança, volta aos Atos Institucionais da ditadura para perseguir jornalistas e democratas em geral. Prende dirigentes sindicais que levantam as reivindicações dos trabalhadores e, apesar das
promessas demagógicas do ministro do Trabalho, intervém no movimento sindical e
procura subordiná-lo aos interesses da ditadura e dos patrões.
No terreno da política econômieo-financeira dá continuidade à orientação ditada
pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Com o chamado "Programa de Diretrizes
Básicas", procura, de fato, favorecer a determinados setores das classes dominantes.
Afirmando que a inflação é na presente
conjuntura uma "inflação de custos", arrola uma série de medidas que facultem
maiores lucros para os grandes empresários
brasileiros e os monopólios imperialistas. E'
mantida, porém a poltica salarial de brutal
redução do salário real instituída pelo sr.
Roberto Campos, política que, além de antisocial, é economicamente nociva ao desenvolvimento do país. Ao mesmo tempo que
anuncia a "reversão à tendência à estatização", o que constitui uma ameaça às empresas estatais, como a Petrobrás, o governo intensifica sua intervenção na economia
do país em benefício dos patrões e contra
a classe operária, reduzindo por lei seus
salários, restringindo o direito de greve, dificultando sua organização, procurando, enfim, impedir que a classe operária lute em
defesa de seus interesses.
No terreno da poltica externa, prossegue,
no essencial, a crescente submissão do Brasil, no campo internacional, à orientação
ditada pelo Departamento de Estado do governo de Washington. E' o que -c passa
E5Í, A C r \
H/àjp.té
na ONU, como se verificou recentemente ao
ser debatido em sua Assembléia Extraordinária o conflito no Oriente Médio. E
igualmente na OEA, onde apoia as medidas
propostas pelo governo da Venezuela, que
visam a novas e maiores provocações contra
Cuba. Como, diante da repulsa continental,
não foi possível contar na OEA com os votos necessários à constituição da chamada
Força Interamericana de Paz (FIP) —
organização militar permanente de repressão ao movimento democrático e de libertação nacional dos povos latino-americanos
—, trata a ditadura brasileira de entenderse com os "gorilas" da Argentina, do Paraguai, da Bolívia e do Peru para porem
suas respectivas Forcas Armadas em condições de atuarem coletivamente, intervindo
em qualquer país da América Latina, segundo os preceitos da "doutrina Johnson".
de intervenção armada e punitiva para salvaguardar a "ordem" a a estabilidade de
governes reacionário? e pró-imperialistas.
4. Em gritantes contrastas com a linguagem demagógica do ST. Costa e Silva,
que levanta como lema de seu govêrao
a "meta homem", ou seja, a promessa d*
bem-estar para o povo e de elevação do
nível de vida dos trabalhadores, a política
da ditadura orienta-se em benefício de um
punhado de latifundiários e grandes capitalistas, bem como dos monopólios norte-americanos, oontra os interesses da imensa maioria da população.
Agravam-se seriamente as condições de vida das massas trabalhadoras. Entre 1965
e 67, os salários reais da classe operária
caíram em mais de 40%, já que os reajustes salariais foram calculados com base
num "resíduo inflacionário" sempre muito
inferior ao efetivo encarecimento do custo
da vida. O salário mínimo teve até agora, a
partir de 1964, o aumento aproximadamente de 150%, enquanto os preços dos gêneros de primeira necessidade subiram em
mais de 250%. Instrumentos coercitivos,
como as leis 4.725 e 4.903 e os decretosleis 15 e 17, facultam à ditadura colocarse acima da Justiça do Trabalho e limitar
os reajustamentos salariais, liquidando por
completo a liberdade de contrato de trabalho entre patrões e operários. O nível de
vida das massas foi ainda agravado com o
aumento geral de impostos e taxas, de tarifas dos serviços públicos, dos transportes
urbanos e com as modificações introduzidas na lei do inquilinato, que contribuem
BR Wj K<0 XT-O. e«>i',Acp.4/3 ; p /,£
para agravar o problema da habitação para
as grandes massas urbanas.
No campo, a situação é ainda mais séria.
Além do desemprego e das perseguições, os
fazendeiros violam sistematicamente a legislação trabalhista e os preceitos mais elementares do Estatuto do Trabalhador Rural relativo ao salário mínimo, descanso semanal remunerado, férias, aviso prévio, indenização por dispensa do trabalho, etc.
Se, em São Paulo, o que se vê é o trabalhador maltrapilho, como reconhece um
ex-presidente da reacionária Associação Rural Brasileira, em declaração ao "Correio
da Manhã" (3-6-67), no interior do Nordeste são multidões famintas que invadem
cidades e povoados em busca de alimentos.
Como se diz no Memorial da Federação
dos Trabalhadores da Agricultura de Pernambuco, "com a revolução (quer dizer,
B golpe de 1964), os trabalhadores perderam de fato o salário e a terra".
Acentua-se o processo de pauperização das
camadas médias urbanas, sendo cada vez
maiores as dificuldades que enfrentam os
estudantes e de crescentes privações a situação dos servidores públicos e de amplos
setores de profissionais liberais. Os professores, por exemplo, são levados a movimentos grevistas e a demonstrações de protesto, em Minas Gerais, no Ceará e noutros
Estados, para conseguir receber seus vencimentos, que os governantes deixam de pagar por meses seguidos.
Amplos setores da pequena e média burguesia industrial o comercial são literalmente esmagados economicamente pelo processo de concentração de capital e da renda, que decorre da dominação imperialista
• é acelerado pela política econômico-financeira do governo.
A ditadura se opõe, assim, aos interesses
da esmagadora maioria da nação. Apesar
de toda a legislação reacionária em vigor
e dos esforços demagógicos que acompanharam a troca de marechais na presidência
da República, não conseguiram os generais golpistas e demais agentes do imperialismo a tão desejada e proclamada tranqüilidade política. Torna-se evidente a intromissão direta na vida política do pais dos
setores mais reacionários das Forças Armadas, que querem continuar tutelando a
nação. Aumentam as contradições dentro
do próprio governo, cuja instabilidade se
acentua.
5. O povo não pode, no entanto, alimentar ilusões no atual governo ou em
mudanças que possam ser favoráveis à democracia e aos interesses dos trabalhadores,
que decorram de simples troca de homens
no Poder. Os trabalhadores não podem também iludir-se com as promessas do governo e dos patrões. Só através da luta poderão conquistar maior participação na distribuição da renda nacional, pois não serão
as esmolas dos exploradores ou os programas e as leis da ditadura que elevarão salários e vencimentos ou poderão melhorar
o nível de vida das massas explorada?.
Os interesses da nação exigem a derrota
da ditadura e a substituição do atual regime por outro efetivamente democrático, que
permita às forças patrióticas, democráticas e
progressistas impor sua vontade à minoria
reacionária e entreguista, abrindo caminho
para a solução revolucionaria des problemas brasileiros.
O êxito da luta contra a ditadura dependerá fundamentalmente da unidade de
ação das amplas forças que são por ela prejudicadas, as quais, como assinalámos, compreendem os operários, os camponeses, os
empregados, os estudantes, os professores e
os profissionais liberais, os pequenos e médios industriais e comerciantes e demais
camadas da burguesia nacional e outros
setores das classes dominantes objetivamente prejudicados pela crescente dominação
imperialista e pela poltica da ditadura. O
movimento de resistência, de oposição e
luta ao regime fascistizante pode, assim,
adquirir enorme amplitude.
A frente única das forças antiditatoriais
será formada no curso de ações concretas
pelas liberdades democráticas, pelos interesses imediatos dos trabalhadores e de
povo em geral, em defesa da soberania nacional, pelo desenvolvimento econômico independente do país. Tendo como elo central a luta pelas liberdades democráticas, as
ações de massas devem também orientar-se
no sentido de exigir a revogação da legislação reacionária e da Constituição fascistizante, a concessão de anistia geral e liberdade para todos os presos e perseguidos
políticos.
As lutas dos trabalhadores das cidades
e do campo por suas reivindicações econômicas, pela elevação de salários, contra a
carestia da vida e contra a política salarial da ditadura tem, nas atuais condições
de nosso país, objetivamente, um caráter
político. Mas, para que possam efetivamente contribuir para a derrota da ditadura é
•
indispensável que sejam organizadas e conscientemente dirigidas. Cabe aos comunistas
a tarefa decisiva de organizar os trabalhadores nos locais de trabalho, de impulsionar suas lutas e de transformar as ações
espontâneas, que já se iniciam, em lutas
conscientes pelas suas reivindicações imediatas, desde as mais elementares, em lutas pela derrota da ditadura.
Ao mesmo tempo, é indispensável participar ativamente da vida sindical, lutando
pela liberdade e autonomia dos sindicatos,
contra o pagamento do imposto sindical,
contra o atestado de ideologia, pela livre
eleição de suas diretorias. For piores que
sejam as condições a que foram reduzidos
os sindicatos, é através deles que será possível desenvolver e consolidar a unidade de
ação da classe•iperária. A organização dós
trabalhadores nas empresas facilitará sua
mobilização para atuar nos sindicatos, criando assim condições para derrotar os policiais e provocadores infiltrados no movimento sindical e transformar os sindicatos
em instrumento de luta em defesa dos interesses dos trabalhadores.
Os trabalhadores do campo, em particular os assalariados agrícolas e os camponeses
pobres, à medida que se unem e lutam
contra a crescente exploração, iniciam a
reorganização de seus sindicatos, fechados
pela reação golpista, que tentou liquidá-los.
E' indispensável estimular essa atividade,
sendo um dever dos operários urbanos dar
a maior assistência e ajuda aos seus irmãos
do campo, tanto no terreno da organização
sindical como no da solidariedade às suas
lutas.
Na luta contra o atual regime desempenham importante papel as camadas médias
urbanas, em particular os intelectuais, diretamente interessados no progresso cultural do país, assim como a juventude estudantil, que já tem, pela sua combatividade,
uma posição de destaque na luta contra o
imperialismo norte-americano e contra a
ditadura. Ao mesmo tempo que defendem
a UNE e demais entidades perseguidas pela
reação, devem os estudantes buscar outras
formas de organização que lhes permitam
maior participação nas lutas por seus interesses específicos e pelas liberdades democráticas, bem como formas de luta que
facilitem a unidade com a classe operária,
com os camponeses e demais forças democráticas e populares.
8 * AM,Hio X^-O.-Es^ACp.q^p.l}-
6. A minoria reacionária ainda consegue manter a ditadura e levar à prática sua
política contra o povo e a nação, porque as
forças operárias, populares e democráticas
se acham desorganizadas e desunidas. Organizadas e unidas, as massas trabalhadoras,
através da ação, poderão conquistar a legalidade de fato, poderão obrigar a minoria
reacionária a recuar, terão condições para
enfrentar com êxito a violência da ditadura
e acabarão por derrotá-la. Isto exige que,
sem deixar de utilizar todas as formas legais de luta, as forças populares não se
limitem nas ações de massas aos marcos
das leis impostas pelo atual regime. Desde
que correspondam à situação concreta e ao
nível de consciência das massas e contem
efetivamente com a participação das massas, as lutas contra a ditadura são sempre
justas, quaisquer que sejam as formas que
tomem.
s
Será a organização das massas que impulsionará a unidade das forças políticas,
das correntes democráticas e progressistas.
Os comunistas dirigem-se muito especialmente às forças de esquerda, que compreendem a necessidade de transformações revolucionárias e por elas lutam, e as conclamam a unidade de ação em defesa das
reivindicações e dos direitos dos trabalhadores e do povo, contra a ditadura, a fim
de constituírem, juntamente com o Partido
Comunista, o núcleo firme e conseqüente
da ampla frente das forças antiditatoriais.
Apelando para a unidade de todos os
patriotas e democratas em torno de uma
ampla plataforma comum, que represente
os interesses comuns e seja, através do mais
amplo e livre diálogo, coletivamente elaborada, os comunistas combatem ao mesmo
tempo a tendência à passividade, a ficar
de braços cruzados à espera das ações espontâneas, e a tendência a ações aventureiras, que não levam em conta a situação
concreta e o nível de consciência das massas e que, por isso, delas se separam e dão
armas a reação.
A unidade das forças políticas contrárias
à ditadura e ao atual regime é possível,
mas não poderá resultar apenas dos entendimentos de cúpula. Deve ser conquistada
na ação, entre o povo.
r
7. A luta contra o atual regime é inseparável da luta contra o opressor estrangeiro, o imperialismo norte-americano, que
é o inimigo principal de nosso povo. E' indispensável, no momento atual, intensificar
BR AM, Rio K<\-0-
a luta contra a criminosa guerra no Vietnam, exigindo que cessem os bombardeios
da República Democrática do Vietnam e
que as tropas do imperialismo e de seus
asseclas retirem-se do território do Vietnam do Sul, e desenvolvendo em nosso pais
um amplo movimento de solidariedade ao
heróico povo vietnamita. Ao mesmo tempo,
é necessário intensificar a luta em defesa
da paz mundial, apoiando a política de paz
e coexistência pacifica da União Soviética,
em especial sua firme posição ao lado dos
povo árabes, contra a agressão dos imperialistas e seus agentes do Estada, de Israel,
pela completa eliminação das conseqüências
da agressão. Devemos saudar o vigoroso movimento contra a guerra de amplos setores
democráticos e progressistas dos Estados
Unidos e dar especial destaque e todo nosso apoio ao heróico movimento das populações negras daquele pais contra a miséria e
as discriminações raciais de que são vítimas.
K* também necessário intensificar a solidariedade ao povo cubano e a todos os
patriotas que em diversos países do Continente lutam sob as mais diversas formas,
inclusive de armas na mão, contra o imperialismo norte-americano, pela libertação
nacional e o progresso social. O apoio ao
ESijACp.
Hf$)
povo boliviano exige, neste momento, lutar
contra a agressão militar dos Estados Unidos e, muito particularmente, a participação do governo brasileiro nessa agressão.
Precisamos denunciar as diversas manifestações da dominação imperialista em nosso' país, intensificar a luta contra a OEA,
contra a participação na FIP, desmascarar o conteúdo reacionário da "ajuda"
americana, da "Aliança para o Progresso" e do pretenso mercado comum latino-americano, e exigir a saída do país dos
inúmeros espiões e agentes norte-americanos
e de suas diversas organizações, como os
chamados corpos da paz e outros.
A luta contra o imperialismo é inseparável da luta contra seus agentes e sustentáculos internos, em particular os latifundiários, e por uma reforma agrária radical.
Ao lutar contra a ditadura, os comunistas
esforçam-se por ganhar as grandes massas
para a luta pela" vitória da revolução nacional e democrática, pelo triunfo do socialismo em nosso país.
Agosto de 1967.
A Comissão Executiva do Comitê Central
do Partido Comunista Brasileiro.

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