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BiMestral
o estudante
José Luís Peixoto
outubro 2010 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
bandas, tunas, festas
e desporto universitário
07
Quim
Barreiros
análise
de um
fenómeno
EDITORIAL
imagem de capa José Miguel Soares
Todos os editoriais do início do ano lectivo
falam do início do ano lectivo. É uma pe­
na, mas nós vamos falar mesmo é do Quim
Barreiros. Para quem conhece mal a nossa
revista, pode parecer estranho, assim como
se aparecesse um smiley no nosso editorial.
:-) Mas nós somos uma revista com sorri­
sos. Só não somos nem queremos ser um
jornal de traques engraçados e de palermi­
ces do dia-a-dia, daqueles que acham que
os leitores são todos atrasados mentais e
que é preciso escrever para esse nível. Na
Aula Magna achamos que os nossos leito­
res não são atrasados mentais. Talvez seja
esse o segredo do sucesso que temos tido
entre os estudantes.
Sim, é um facto, os melhores alunos de
Física Teórica e de cursos demasiado com­
plicados para dizer o nome também fre­
quentam os mesmos eventos académicos
que o Quim Barreiros. A teoria de que os
es­tudantes só querem borga e cervejas foi
so­bretudo muito útil para um certo consen­
so que – bom ou mau – se foi criando na so­
ciedade em torno de os estudantes terem de
pagar propinas. Isto é, foi uma teoria muito
útil para o equilíbrio das finanças públicas.
Mas não é verdade. Os estudantes que vão
ao Quim Barreiros não são bêbedos destra­
vados nem meninos ricos do papá que não
precisam de estudar. São pessoas saudáveis
que, fora os excessos de ocasião e as depen­
dências excepcionais, gostam de se divertir.
São estudantes como os melhores.
Lamentamos desiludir, mas a imagem
do estudante que só estuda, que só ouve
música ligeira e que só festeja entre a fa­
mília, é uma imagem, essa sim, de algum
atraso. Lamentamos desiludir, mas já a ve­
lha sabedoria chinesa alertava para as pro­
babilidades de os jovens demasiado bem
comportados resultarem em adultos delin­
quentes. E, com efeito, não é difícil encon­
trar exemplos de meninos bem compor­
tados cuja pacatez de aldeia fez deles uma
espécie de sociopatas quase ilustres, cujos
estudos não trouxeram qualquer proveito
à ciência, mas décadas de atraso para o
país que teve a má sorte de os ver nascer.
Afinal, por que é que o mesmo aluno
que anda a ler o Einstein e o Aristóteles autores que quase ninguém mais lê senão
estudantes - vai à noite dançar e cantar
coisas tão brejeiras que as leitoras das mais
ordinárias revistas de fofocas não consen­
tiriam ouvir? Não é moda de agora, é uma
tendência estabilizada desde os anos oiten­
ta. Porquê? Fomos aprender.
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e fotos. Inscreve-te em www.aulamagna.pt
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Escrevem 07
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aulamagna
aulamagna 03
De como a vida também
é feita de bacalhau
anfiteatro
José Veloso Salgado / Museu da Cidade
Centenário da U-Lisboa
aulamagna 04
A Abertura Solene do Ano
Académico 2010/2011, que
se realiza no próximo dia 11
de Outubro, às 19 horas, na
Au­la Magna da U-Lisboa, é
o primeiro acto público das
co­me­morações dos 100 anos
da U-Lisboa, que se prolon­
gará por todo o ano lectivo.
Apanhando a bo­leia das co­
memorações do Cen­­tenário
da República, com a qual está
intimamente ligada, a UL ce­
lebra assim várias dé­ca­das de
conhecimento e for­mação.
Isso mesmo está pa­ten­te nos
objetivos: «Com estas come­
morações pretende-se re­­forçar
a coesão da Uni­ver­sidade,
divulgar o seu pa­tri­mó­nio
cultural, mu­seo­lógico e cien­
tífico e projetar o seu nome e
projetos de futuro no seio da
sociedade».
Agenda
Aveiro
U-Aveiro
1º Encontro Nacional de Jovens
Investigadores em Educação
2010: desafios teóricos e
metodológicos
O ENJIE 2010 dirige-se a toda
a comunidade académica e
científica. Este encontro tem como
principal objectivo fomentar
a discussão sobre alguns dos
desafios mais recentes na área da
Educação.
Sex, 08/10/2010 - 09:15 - Sáb,
09/10/2010 - 18:00
Inscrição: 50 euros
Org: Centro de Investigação
Didác­­tica e Tecnologia na For­ma­
ção de Formadores da U-Aveiro
Lisboa
U-Lusíada
R. da Junqueira, nº 194
Aldeias do Xisto: O Renascer Exposição de fotografia
A exposição fotográfica «Aldeias
do xisto: o renascer», decorre na
sala de exposições da U-Lusíada
de Lisboa. É uma homenagem
ao importante legado que as
24 aldeias do xisto representam
para o património cultural
português.
Seg, 13/09/2010 - Sex,
15/10/2010
De seg a dom das 10h às 22h
Sala de Exposições
F-Ciências da U-Lisboa
Museu de Ciência da U-Lisboa
Rua da Escola Politécnica, 56
+351 21 392 18 08
2.º Ciclo de Palestras - Ciência
em Português 2010
A FCUL apresenta o 2º Ciclo de
Palestras – Ciência em Português,
a decorrer entre o dia 17 de
Setembro e o dia 10 de Dezembro.
Cada palestra ficará a cargo de
um orador.
Anfiteatro Manuel Valadares
Entrada livre
5 de Outubro | O centenário da República confunde-se com o da U-Lisboa
O que é que a geoquímica
isotó­pica nos diz sobre o ar que
respiramos?
Oradora: Fátima Africano, Cen­tro
de Geologia, F-Ciên­cias
Sex, 17/09/2010 - 18:30
Contribuição da Química
nas áreas de investigação
da Malária e das doenças
neurodegenerativas
Oradora: Maria M. M. Santos,
iMed, F-Farmácia da U-Lisboa
Sex, 01/10/2010 - 18:30
Qualidade alimentar e susten­
ta­bilidade sob o olhar da So­
cio­lo­gia
Oradora: Monica Truninger,
I-Ciências Sociais da U-Lisboa
Sex, 15/10/2010 - 18:30
Novos Modelos no Estudo de
Parkinson
Oradora: Ana Dulce Correia,
I-Fisiologia, F-Medicina da
U-Lisboa
Sex, 29/10/2010 - 18:30
A subida do nível do mar: o
que nos dizem os marégrafos,
satélites e modelos climáticos
Oradora: Susana Barbosa,
Instituto D. Luís da U-Lisboa
Sex, 12/11/2010 - 18:30
ES-Comunicação Social
do IP-Lisboa
Campus de Benfica do IPL Perto da ES-Educação do IPLisboa
VII Arraial Escsito - ESCS Setembro de 2010
O Arraial da ESCS de Setembro
é um evento de recepção ao
caloiro, organizado pela AE da
ES-Comunicação Social do IPLisboa. Contará com a presença
de nomes sonantes na comunidade
académica como Quim Barreiros,
Dj Diego Miranda, Klepth e Nu
Soul Family.
Sex, 24/09/2010 - 17:00 - Dom,
26/09/2010 - 04:00
1 dia: 8 euros, 2 dias: 14 euros
Org: AE da ES-Comunicação
Social do IP-Lisboa
F-Letras da U-Lisboa
Alameda da Universidade
Colóquio ‘Cancioneiro Geral de
Garcia de Resende: um livro à
luz da História’
Este colóquio assume-se como
o ponto de partida para uma nova
etapa nos estudos sobre a poesia
do Cancioneiro Geral. O leque de
intervenientes pretende potenciar
o estudo desta importante
compilação produzida entre
1451 e 1516.
Seg, 11/10/2010 - Ter, 12/10/2010
Anfiteatro III
Inscrição: 10 euros
Org: Centro de Estudos Com­pa­
ratistas da F-Letras da U-Lisboa
III Curso de Egiptologia Outubro a Dezembro de 2010
O III Curso Livre de Egiptologia
ministrado pelo Centro Histórico
da Faculdade de Letras de Lisboa
destina-se não só aos alunos,
como a todos os interessados. Este
curso é composto por dez sessões
com a duração de duas horas
cada. Decorrerá de 6 de Outubro
a 9 de Dezembro de 2010. Com os
professores Luís Manuel de Araújo
e José Varandas
Quarta, 1 Setembro, 2010 Quinta, 9 Dezembro, 2010
Das 18h às 20h
Org: Centro de História da
F-Letras da U-Lisboa
U-Lusófona de Humanidades
e Tecnologias
Campo Grande, nº 376
ETVCE 2010 - 1st International
Conference on Eye Tracking,
Visual Cognition and Emotion
Congresso internacional sobre
tecnologia de eye tracking,
cognição visual e emoção.
Serão ainda estudadas relações
e aplicações em áreas como a
Linguística, computação afectiva,
realidade virtual, usabilidade ou
Marketing. O evento inclui uma
oficina (workshop) e acesso a
equipamentos de eye tracking.
Qua, 13/10/2010 - 23:00 - Qui,
14/10/2010 - 23:00
Auditório Agostinho da Silva
Inscrições: entre 15 e 125 euros
Org: CEPCA, CICANT, FP/
ULHT
III Seminário de Educação
Inclusiva 2010
«História»,
«pa­trimónio»,
«en­sino e cultura» e «a ciên­cia e
inovação» são os qua­tro vectores
do plano de ac­­­ti­vidades, que in­
clui a re­qua­­lificação já em curso
da Alameda da Universidade,
um vasto plano editorial, uma
en­ci­clopédia virtual, exposi­
ções, ci­clos de ci­­nema e uma
grande con­fe­rência interna­
cional, in­ti­­tu­lada History of
European Universities, uma
or­ga­ni­zação conjunta da UL e
do In­ter­national Committee
of His­to­rical Sciences. Haverá
tam­bém um jantar-convívio
com antigos alunos, ini­ciativas
orga­nizadas pelas associações
de estudantes e uma festa da
Refundação, que as­sinala o de­
creto de 22 de Março de 1911
que deu origem à UL, a partir
do Estudo Geral, criado em
1288/90. Em www.aulamagna.
pt poderá acompanhar o calen­
dário destes eventos, à medida
que forem sendo agendados.
Este seminário dirige-se a todos
os interessados na temática da
educação inclusiva e nos efeitos
que esta tem na nossa sociedade.
Para além de debates com diversos
convidados, terão ainda lugar
alguns momentos musicais e
de dança.
Sex, 22/10/2010 - 13:30 - Sáb,
23/10/2010 - 18:30
Auditório Agostinho da Silva Edifício C
IS-Economia e Gestão
da U-Técnica de Lisboa (ISEG)
Rua do Quelhas, 6
+351 21 392 58 00
UECE Lisbon Meetings 2010
- Game Theory and Applications
A conferência contará com
oradores como Pierre-André
Chiappori (Columbia University),
Matthew O. Jackson (Stanford
University) e Myrna Wooders
(Vanderbilt University).
Qui, 04/11/2010 - 14:00 - Sáb,
06/11/2010 - 18:00
Inscrições: entre 100 e 300 euros
Org: ISEG e UECE - Research
Unit on Complexity and
Economics
Porto
IPAM Matosinhos - Instituto
Português de Administração
de Marketing de Matosinhos
Av. da Republica, nº 594
Call for papers: Kids Marketing
- Trends on children consumer
behavior and marketing to kids
A Revista Portuguesa de Mar­
ke­ting e o Instituto Português
de Administração de Marketing
orga­nizam a Conferência Kids
Marketing – Trends on Children
Consumer Behaviour and Mar­
keting to Kids. A data limite para
o envio de participações será o dia
31 de Outubro.
Qui, 17/06/2010 - Dom,
31/10/2010
F-Engenharia da U-Porto
Rua Dr. Roberto Frias
+351 22 508 14 00
Qualidade das Tecnologia da
Informação e Comunicações -
7.ª QUATIC 2010 - Conferência
Internacional
Vai decorrer no Porto a 7.ª
Conferência Internacional sobre
a Qualidade das Tecnologia da
Informação e Comunicações –
QUATIC 2010 (ou 7th
International Conference on
the Quality of Information and
Communications Technology).
Certificação, padronização,
análise e melhoramento de
processos são alguns dos temas
abordados.
Qua, 29/09/2010 - Sáb,
02/10/2010
Entre 100 a 700 euros
6th International Conference
on Technology and Medical
Sciences - 2010
A FEUP apresenta a 6th
International Conference on
Technology and Medical Sciences
que decorrerá de 21 a 23 de
Outubro e onde estarão presentes
diversos oradores convidados.
Qui, 21/10/2010 - Sáb,
23/10/2010
Inscrições:: 400 euros, estudantes:
250 euros
Org: FEUP, IDMEC/IST
(Institute of Mechanical
Engineering), INEGI (Instituto
de Engenharia Mecânica e Gestão
Industrial), ABCM (Associação
Brasileira de Engenharia e
Ciências Me­câ­ni­cas)
Vila Real
U-Trás-os-Montes e Alto Douro
I Fórum de Investigação
Farmacológica 2010 - UTAD
A AEMV-UTAD realiza, no
próximo dia 6 de Outubro,
um Fórum sobre Investigação
Farmacológica, onde será
abordada a sua aplicação à Saúde
Humana e Animal.
Qua, 06/10/2010 - 09:00 - 17:30
Auditório 1.01 - Complexo
Pedagógico
Entrada livre
Org: AE de Medicina Veterinária
da U-Trás-os-Montes e Alto
Douro
CORTAR O NOSSO CO2
EM 10% NUM ANO
É simples: cada um reduz as suas emissões de CO2
em 10% durante um ano. Você, eu, os seus vizinhos,
o seu emprego, a escola dos seus filhos, a junta de
freguesia, o café da esquina, o hospital, a faculdade.
Estaremos todos a ajudar-nos mutuamente à medida
que tomamos os primeiros passos em direcção a uma
sociedade sustentável.
Não se preocupe se 10% parecer demasiado difícil.
Dar-lhe-emos dicas práticas para tornar os seus hábitos
de vida mais amigos do ambiente (e da sua carteira).
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Cortar as nossas emissões em 10%
aula
aula
magna
magna066
José Miguel Soares
Anfiteatro
Festas académicas
O que é que
o Quim Barreiros tem?
texto Luís Ricardo Duarte
Pedro Gil
M iguel cunhal
Presidente da Associação
Académica da U-Lusíada de Lisboa
O segredo do Quim Barreiros é fácil de explicar:
está na sua simplicidade
e humildade. Vamos tê-lo no nosso arraial
do caloiro, nos próximos dias 15 e 16 de
Outubro, e mais uma vez sentimos isso.
Quando telefonamos é ele que atende o
telefone. Fala connosco de uma forma
directa, sem exigências megalómanas.
E os concertos cumprem sempre as expectativas, com as músicas que todos
querem ouvir. Ele não é uma estrela das
festas dos estudantes. É «a» estrela.
Manuel Rui Gomes
Organizador do primeiro
Arraial do grelado
e Antigo Presidente da AE-ISCAP
D.R.
Corria o ano de 1988 quando Manuel Rui
Gomes, então com 23 anos, foi incumbi­
do de organizar uma festa que encerrasse
com chave de ouro a terça-feira da Queima
das Fitas do Porto, ou seja, o dia do corte­
jo académico. O estudante do ISCAP (ISContabilidade e Administração do Porto)
costumava frequentar a Feira da Vandoma
– a mais popular da cidade –, onde ouvia,
com frequência, as trauteáveis canções de
Quim Barreiros. Daí até ao convite para
actuar no Pavilhão dos Desportos (tam­
bém conhecido como Palácio de Cristal),
no primeiro Arraial do Grelado, foi um
pequeno passo.
Esta foi a estreia do músico de Vila Praia
de Âncora perante uma plateia maioritaria­
mente universitária, que o viria a adoptar
como a nenhum outro artista. Desde o fi­
nal dos anos 1980 que Quim Barreiros var­
re as universidades de Norte a Sul do país,
especialmente nas semanas de Queima das
Fitas e das recepções aos caloiros. A Aula
Magna foi tentar perceber o que explica
este verdadeiro case study.
Voltemos, por isso, a recuar até 1988:
foi pedido a Manuel Rui Gomes que des­
se «largas à imaginação». A contratação
de Quim Barreiros foi um verdadeiro
golpe de asa. «Tivemos muito sucesso.
Queríamos fazer algo mais abrangente do
que um baile de gala ou do que as festas
que se realizavam no Coliseu ou no Rivoli.
O interior do pavilhão estava um inferno,
completamente a abarrotar. No final, o te­
soureiro não sabia o que havia de fazer ao
dinheiro”, recorda.
As razões para a escolha do músico, cuja
popularidade estava até então limitada às
comunidades imigrantes e às festas nas al­
Para contratar o Quim
Barreiros, em 1988, tive­
mos de ir almoçar com ele a Vila Praia de
Âncora. Quis conhecer-nos, para ver se
éramos gente de con­fiança. No dia do
concerto fomos jan­tar com os músicos
e entramos no Pa­lácio de Cristal num
Opel Corsa. Foi qua­se impossível, com
tanta gente. Tivemos de ir buscar bilhetes de festas de outros anos porque todas as expectativas foram superadas.
deias, foram simples: «As noites de cortejo
são aquelas em que os estudantes chegam
à noite mais entusiasmados, porque já be­
beram um bocado. Queríamos algo alegre,
divertido e não havia dinheiro para um
grande nome. Aquele cantor do ‘bacalhau’
e das ‘picadas de enfermeiro’ pareceu-me
perfeito». A comissão responsabilizou-se
pelo jantar, montagem do palco e por um
cachet de 120 contos (600 euros). O músi­
co tocou durante «quase cinco horas, com
breves pausas para se refrescar». A receita
ultrapassou os 2.000 contos (10 mil euros) e
terão participado mais de 6.000 estudantes.
«Lembro-me que, na quinta-feira seguinte,
estava a entrar na discoteca Indústria e só
se ouvia falar nisso», remata.
Mais de 22 anos
depois, Quim Barreiros ainda é sinónimo
de casa cheia, a troco de um cachet que
está longe de ser astronómico. «Ele tem o
hábito de perguntar quantas pessoas estão
previstas e estabelecer um critério justo. O
que cobra para uma grande Queima, como
no Porto ou em Coimbra, não é o mesmo
que em Viseu, onde pode pedir uns 6.000
euros», revela António Santana, da produ­
tora Estratégia, que já trabalha há 12 anos
com o músico. Isto explica, em parte, o
grande número de concertos que consegue
angariar, alguns deles até na mesma noite.
Fernando Alvim, locutor e apresentador
televisivo que já partilhou vários cartazes
de festas académicas com Quim Barreiros,
tem uma teoria muito particular: «Tenho a
ideia que, depois da Guerra no Iraque, ele
começou a imitar o Saddam Hussein e ar­
ranjou sósias. Só isso explica que faça três
concertos no mesmo dia».
Ainda assim, as comissões de festas fi­
cam invariavelmente satisfeitas: «Quem
compra o espectáculo vê toda a gente ani­
mada e a sala cheia. Provavelmente, é o
artista que mais concertos vende no país.
Há queimas das fitas que são estrutura­
das em volta do dia em que ele vai tocar.
Custos moderados
aulamagna 07
O cantor de A garagem da vizinha é a prioridade número um de quase
todos os organizadores de festas académicas do país. Como se explica
este verdadeiro fenómeno que arrasta multidões? Fomos conhecer
o seu modus operandi e descobrimos que, afinal, as letras picantes
até podem ter ajudado os estudantes a libertar-se de alguns tabus
Gonçalo Filipe Mata
Quem compra o
espectáculo vê toda
a gente animada e a sala
cheia. Provavelmente,
é o artista que mais
concertos vende no país
aulamagna 08
Para mim, só tem paralelo com os Xutos &
Pontapés: são duas instituições que não se
discutem», resume António Santana.
O profissionalismo é outro ponto de hon­
ra: Quim Barreiros não admite que os seus
músicos bebam antes de entrar em palco.
«Peca por excesso [risos]. Fora isso, é uma
pessoa íntegra, acima de qualquer suspei­
ta. Para grande felicidade minha, 70 a 80
por cento das vezes em que ponho música
numa festa académica entro depois dele
em palco. Isso dá-me uma casa garantida e
um nível de álcool muito acima do permi­
tido por lei», brinca Fernando Alvim.
Começámos pela
rama e vamos agora ao fulcro da questão.
Já se percebeu como é que Quim Barrei­
ros, hoje com 63 anos, descobriu um novo
público no meio académico e a razão pela
qual é o mais desejado nas festas académi­
cas. Mas, como é que um músico conheci­
do por ser brejeiro granjeou tanta simpatia
entre um público onde supostamente se
integra a futura elite intelectual do país?
«É quase kitsch gostar dele. A questão
das letras não importa para nada», obser­
va Alvim. «Não são músicas sofisticadas,
mas não se esquecem. Ele inventou e criou
refrões que ficam na cabeça», considera
Manuel Rui Gomes, que hoje é director
de duas fábricas destinadas à produção de
envelopes. «Um carisma muito próprio,
humilde. É um artista que se dedica a dar
autógrafos, a tirar fotos, não virar as costas
ao público», acrescenta António Santana.
É habitual começar os concertos com duas
frases simples: «Já sabem como é que eu
funciono. Eu toco e vocês podem cantar e
dançar como vos apetecer». E quem nunca
cantou ou dançou Mestre de culinária ou A
cabritinha que atire a primeira pedra.
A Aula Magna não podia deixar de ouvir
a explicação do próprio Quim Barreiros so­
bre a sua popularidade. O cantor apresenta
argumentos bastante prosaicos: «Sou um
homem do povo, corro as aldeias e vilas,
quase todas as festividades de Norte a Sul.
Quem é o meu público? São os rapazes e
raparigas de todo o país, que conhecem os
Um homem do povo
gonçalo filipe mata
Angel Rozas
Estudante Espanhol
no Doutoramento do IS-Técnico
da U-Técnica de Lisboa
Em minha opinião, é um
músico que gera um
sentimento e uma onda mui­to positivos,
graças ao seu tom humorístico. Mas
não o veria fora do contexto de um grupo de amigos, em ‘consumo individual’.
A música dele tem a capacidade de integrar as pessoas em contextos sociais,
em que se fazem amizades, se bebe um
copo e se brinca um pouco. Quando o
vi no Super Arraial do Técnico diverti-me
bastante.
Quim: A malta gosta
de sacanagem.
O namoro também
está aí. Os estudantes
gostam de brejeirices,
de paródia. A verdade
é que quando eu não
vou às festas eles ficam
chateados e protestam
Sónia Reis
raquel ferreira
Quim Barreiros o vivo no IS- Técnico| «Talvez tenha trazido mais liberdade de convívio entre rapazes e raparigas»
meus temas porque os pais ou os avós já os
ouviam. É preciso perceber que temos de
recuar até aos anos 70, quando comecei a
gravar discos». No entanto, o próprio autor
não descarta a importância dos trocadilhos,
quase sempre com uma conotação sexual:
«A malta gosta de sacanagem. O namoro
também está aí. Os estudantes gostam de
brejeirices, de paródia. A verdade é que
quando eu não vou às festas eles ficam cha­
teados e protestam». O homem que o trou­
xe pela primeira vez a uma festa académica
considera até que os jogos de palavras e as
metáforas de Quim Barreiros podem ter
proporcionado uma mini-revolução sexu­
al: «Talvez tenha trazido mais liberdade de
convívio entre rapazes e raparigas, porque
se passou a falar de determinadas coisas…»
As plateias não dão mostra de diminuir
e Quim Barreiros atribui grande parte des­
se êxito ao facto de ter sido o primeiro «a
atacar [o público universitário] e a ser con­
vidado». «Eu sou uma espécie de maestro
e eles o orfeão. Nunca tive crise, e já ando
nisto há uns 30 anos», sublinha. Porque
há sempre a tentação de repetir as recei­
tas que funcionam, o músico garante que
têm aparecido alguns imitadores «com
um chapéu na cabeça». «Nunca têm sorte,
porque o original vale sempre mais». Há
pelo menos 20 anos que o actual slogan do
acordeonista se mantém actual: «Não há
festa académica sem Quim Barreiros».
Presidente da AE
da F-Belas Artes da U-Lisboa
Não há dúvida que o
Quim Barreiros tem
uma grande popularidade entre os estudantes. As suas músicas ficam no ouvido e para as pessoas
que vão às festas é a garantia de uma
noite divertida. Os estudantes nunca ficam desiludidos. Por outro lado, as suas
letras são sempre susceptíveis de várias
leituras e interpretações... No fundo,
numa festa os jovens não receiam aproximar-se do universo popular, que é mais
simples mas também mais animado
Anfiteatro.Conta-me como foi
José Luís Peixoto
Muita liberdade. Toda
Aos 36 anos, José Luís Peixoto é um dos mais destacados
escritores portugueses, com ecos em todo o mundo. Ao longo
do ano, são muitas as universidades que visita para falar dos
seus romances, como o recém lançado Livro. E provavelmente,
sempre que entra numa faculdade ou instituto politécnico não
deixará de recordar os seus tempos de estudante (de 1992-96),
como aqui faz para a Aula Magna
texto Luís Ricardo Duarte
fotografia José Miguel Soares
O que te levou ao curso de Línguas e
Literaturas Modernas (Inglês e Alemão)
da F-Ciências Sociais e Humanas da
U-Nova de Lisboa?
aulamagna 09
Queria estudar inglês e literatura. Forceime com o alemão porque tinha interiori­
zado o conceito antigo de «curso de ger­
mânicas».
Qual foi a tua média final de curso?
11,6 - que considerei uma média excelente
porque podia ser arredondada para 12.
Eras aluno de ir a todas as aulas ou gerias com liberdade o teu estudo?
Liberdade. Muita liberdade. Toda.
Actividades extracurriculares: alguma
no currículo?
Três anos na direcção da associação de es­
tudantes. Coordenava o suplemento lite­
rário da publicação que fazíamos, o Nova
em Folha. Além disso, tive o grato prazer
de fazer parte dos fundadores do MATA Movimento Anti-Tradição Académica.
Como eram as festas no teu tempo?
Acabavam às 4 da manhã. O senhor que
guardava a chave da cantina tinha sono e
mau humor.
Participaste activamente na tua AE?
Sim, bastante.
O ano em que entraste na faculdade foi
de grande contestação às propinas. Que
memória guardas dessa luta?
Foi um tempo muito formativo para mim.
Fez-me saber que tenho de lutar por aquilo
que quero. As coisas que valem realmente
a pena são conquistadas.
Tens sido convidado por várias universidades estrangeiras, onde falas sobre os
teus livros. Vês diferenças muito grandes
em relação à realidade portuguesa?
Há sempre grandes diferenças. Os con­
tornos das universidades dependem das
latitudes. De um modo geral, acabo por
visitar muitas instituições onde a realidade
dos estudantes é mais confortável do que
em Portugal. Há ainda muitas lutas por fa­
zer nas universidades portuguesas.
Na sequência do curso, foste professor
durante alguns anos.
Foi uma óptima experiência. Sempre achei
que seria professor durante toda a vida, mas
quando tive oportunidade de ser escritor
profissionalmente, não hesitei. Antes, não
me permitia a sonhos desse tamanho.
Sentes saudades dos tempos de estu-
dante? Equacionas a hipótese de voltar
à universidade?
Sinto saudades de todos os tempos, mas
não porque tenha vontade de voltar atrás.
Além disso, há o futuro. Constrói-se pas­
so a passo. Neste momento, não anteve­
jo essa possibilidade, mas o futuro é tão
grande.
O meio universitário dava um bom romance?
Dava e já deu bastantes. Philip Roth, Javier
Marias, etc.
O que podem os leitores esperar do teu
novo romance, Livro?
Podem esperar 264 páginas onde inscrevi
o melhor que sei fazer neste momento da
minha vida. Podem esperar um caleidos­
cópio de cores. Podem esperar frio, calor e
todas as temperaturas intermédias.
Pátio.Desporto
Competições desportivas no Ensino Superior
Uma época de ouro
O desporto universitário está bem e recomenda-se, como
se pode ver pelo currículo dos candidatos a melhor atleta
na III Gala de Desporto Universitário, que se realiza no próximo
dia 6 de Outubro. A Aula Magna entra em campo e revela-lhe
os estudantes que mais se destacaram no passado ano lectivo
AAC do­mi­na quatro das cinco nomeações:
Diogo Carvalho, campeão universitário em
200 metros estilos e em 50 metros bruços e
mariposa, Nuno Santos, campeão nacional
em Bagminton, quer em singulares, quer
em pares, e Sérgio Franco que em Rugby
7’s ganhou tudo o que havia para ganhar:
os campeonatos nacional, europeu e mun­
dial. Nas equipas, a AAC está nomeada co­
lectivamente no futsal (feminino) e no ru­
gby 7’s (feminino e masculino).
aulamagna 10
Associação Académica da U-Minho (AAUM)
Desporto universitário | Com novos apoios até onde pode ir?
texto Luís Ricardo Duarte
fotografia Maria Roque dos Santos
tário como um projeto educativo e despor­
tivo à parte, poderemos chegar ainda mais
longe», remata André Couto.
Os números falam por si. Ou melhor, as
vitórias. No ano lectivo de 2009/10, o des­
porto universitário português teve uma
das suas melhores épocas. Quem o diz é
Luís André Couto, presidente da Federação
Académica de Desporto Universitário
(FADU): «Tivemos óptimos desempenhos
in­dividuais, na continuação do que tem
acon­tecido nos últimos anos. E ao nível das
selecções uma participação a 100 por cen­
to em todas as competições eu­ropeias, sem
pôr em causa os campeonatos nacionais».
Lançadas as sementes, a FADU começa ago­
ra a colher os frutos. Ao olhar para os nome­
ados da III Gala de Desporto Universitário,
que se realiza a 6 de Ou­tu­bro, no Casino da
Figueira da Foz, rapidamente se confirma
essa mais-valia adquirida. «Com os meios
que temos, fazemos mui­to. E se no futuro
deixar de se entender o desporto universi­
Associação Académica de Coimbra (AAC)
Na III Gala de Desporto Universitário a
AAC é a instituição que mais se destaca,
com dez nomeações, incluindo treinado­res.
Para André Couto, esta é um boa no­tícia, já
que confirma o despertar da maior estrutu­
ra universitária do país: «A AAC tem um
potencial enorme e pode ser um elemento
dinamizador do despor­to estudantil». Com
forte tradição no futebol, área profissionali­
zada, a AAC teve con­tudo bons desempe­
nhos em outras modalidades. Na categoria
de melhor atleta feminina encontramos
Cátia Nunes, actual campeã nacional nos
100 e 400 metros ao ar livre e nos 400 em
pista coberta (com novo recorde), e Mar­
garida Marques que em Futsal foi Campeã
Nacional, Vice-campeã Mundial, Campeã
Europeia, nu­ma competição onde foi con­
siderada a me­lhor jogadora. Nos homens, a
A segunda instituição em destaque é a
AAUM, que segundo André Couto tem
um dos «melhores projectos desportivos
do país, não só pela participação nas várias
competições, mas também pela organiza­
ção de provas». Esse trabalho é particular­
mente visível nos quatro treinadores no­
meados e nos desempenhos coletivos em
andebol e futusal, nomeados para melhor
equipa masculina. Individualmente, Edu­
ardo Rodrigues surge na lista dos me­lhores
atletas masculinos, pelo cam­­peo­nato na­
cional de Taekwondo combates e pelas
medalhes de bronze europeia e mundial,
sempre na categoria -74kg.
Os restantes nomea­
dos dividem-se por Lisboa e Porto. A Sul,
da F-Motricidade Humana da U-Técnica
temos Ana Rita Nabiço (medalha de bronze
nos campeonatos mundiais de Taekwondo
técnica e o campeonato nacional) e Vasco
Pascoal (campeão em ténis individual e por
equipas). Na U-Lisboa, Sara Madeira fez o
pleno na natação, com vitórias nacionais
nos 50 metros livres e em mariposa, nos
100 mariposa e nos 4x50 estilos. A Norte, o
IP-Porto tem Sara Moreira como figura de
proa, depois das conquistas em atletismo (3
mil e corta-mato). E nas equipas, foi cam­
peão no futebol 11, no basqutebol e vicecampeã no futsal (este pelo IS-Engenharia).
Por último, a U-Porto é candidata a melhor
equipa pelo campeonato nacional de Ande­
bol e pelo 3.º lugar europeu.
Lisboa e Porto
PÁTIO.festas
O encanto da Latada
De 18 a 24 de Outubro
Miguel Cunhal
Joana Almeida
F-Medicina da U-Coimbra
Coimbra tem mais encanto na hora
das... festas. Quem o garante é Joa­
na Almeida. E fala por experência
própria. Estuda Medicina Dentá­
ria e não perde uma oportunidade
para conviver com os amigos. Na
agenda já tem marcada a próxima
Latada, que celebra a chegada de
novos alunos. Este ano, realiza-se
na semana de 18 a 24 de Outubro,
com Rui Veloso como principal
atracção, no dia 23. «É a não per­
Na agenda já
tem marcada
a próxima
Latada,
que celebra
a chegada de
novos alunos.
Este ano, com
Rui Veloso
der», diz. «Não há melhor forma
de começar uma aventura univer­
sitária». Se dúvidas houvesse em
relação ao espírito académico da
cidade, Joana Almeida recorda a
primeira recepção ao caloiro des­
te ano lectivo, que animou as noi­
tes de Coimbra na última semana
de Setembro. Houve actividades
culturais, jogos tradicionais e um
convívio/febrada. Muita música,
finos e noitadas. «Em Coimbra,
o que custa é despedirmo-nos da
noite», remata. São muitos os seus
encantos.
A noite é dos estudantes
Final de Outubro – Recepção ao caloiro de Évora
Diogo Alexandre Silva
U-Évora
O Alentejo é conhecido pela cal­
maria e pacatez mas Évora, em
tempo de aulas, foge ao estere­
ótipo. As noites começam com
jantares caseiros. Depois, seguem
para os bares, que em alguns ca­
sos, como o Tuareg, invocam me­
mórias de paragens mais exóticas.
Daí ao Capítulo é um saltinho
obrigatório. E nenhuma noite aca­
démica estará completa sem uma
última passagem pela discoteca
Em Évora,
sem os
universitários,
a cidade fica
vazia. À noite,
em cada esquina
há um estudante
Praxis. «Sem os universitários, a
cidade fica vazia. À noite, em cada
esquina há um estudante», garan­
te Diogo Alexandre Silva. E com
o início de mais um ano lectivo a
invasão nocturna é total. É preci­
so dar as boas-vindas a mais um
ano com a já tradicional Recepção
ao Caloiro, no final de Outubro.
E há música para todos os gostos,
das batidas electrónicas ao ritmo
popular. Como diz Diogo: «são
recepções muito engraçadas, com
muito convívio». E ninguém recu­
sa um pezinho de dança.
A arte de receber os caloiros
Gonçalo Filipe Mata
Marta Bruno
F-Ciências da U-Lisboa
Viver numa cidade como Lisboa,
com várias faculdades, tem a van­
tagem das festas se multiplicarem.
No entanto, Marta não hesita
quan­do lhe perguntamos qual a
me­lhor festa da cidade: «Claro
que são as que a minha faculdade
or­ganiza!» Não é que obedeçam a
algum te­ma em especial. Segundo
Marta, o que as torna assim tão
especiais é o ambiente que se vive.
«É a melhor ocasião para conviver
com amigos e colegas de curso».
Mas a cereja em cima do bolo é
uma viagem ao Bairro Alto «no
início ou no fim da festa».
Para quem chega de fresco à fa­
culdade, Marta aconselha a recep­
ção ao caloiro. Apesar de ter ido à
recepção ao caloiro quando já não
o era, elege esta festa como a oca­
sião ideal para fazer novos ami­
gos. O que não quer dizer que não
haja diversão para quem já não é
caloiro. Para todos, «é a melhor
altura para o pessoal se conhecer
e conhecer a faculdade».
A Recepção
ao Caloiro
é a melhor altura
para o pessoal
se conhecer
e conhecer
a faculdade
aulamagna 11
Gonçalo Filipe Mata
PÁTIO.Tunas
aulamagna 12
Miguel Cunhal
Samarituna | Música e consciênca social para homenagear a rainha Santa Isabel
Samarituna
Tuna Feminina da Universidade Lusófona
Evocam o espírito samarita­
no da rainha Santa Isabel e
viajam pelo país a espalhar a
boa nova das tradições aca­
démicas. Assumem um re­
pertório de música popular
e a descontração que reina
nos ensaios e concertos.
Talvez por isso digam no seu
hino, alto e em bom som,
que são «a Tuna Mais Tuna/
Alunas da Lusófona/ Só
queremos galhofa/ Somos a
Samarituna».
DATA DE CRIAÇÃO
13 de Outubro de 1996
HISTÓRIA
Foi com o objectivo de
fomentar a vida acadé­
mica da U-Lusófona de
Humanidade e Tecnologias
que nasceu a sua tuna fe­
minina. A ideia surgiu em
Maputo, durante a inau­
guração de um pólo da
Lusófona em Moçambique.
E não houve tempo a per­
der. De regresso a Lisboa,
deram os primeiros passos,
juntando vozes e instru­
mentos. À vontade de
cantar juntam uma forte
componente de responsabi­
lidade social, colaborando
com diversas iniciativas
promovidas pelas mais va­
riadas instituições.
NOME
Equacionadas todas as
hipóteses, a opção recaiu
sobre a padroeira do Campo
Grande, onde fica o princi­
pal pólo da universidade. E
Samarituna é um dos muitos
cognomes da rainha Santa
Isabel, dada a sua dedicação
e bondade aos mais desfavo­
recidos.
REPERTÓRIO
Essencialmente música por­
tuguesa, tradicional e ligeira.
FESTIVAIS
Até à data, organizaram dois.
Menina e Moça, o Festival de
Tunas Femininas de Lisboa,
que em 2009 teve a sua se­
gunda edição. Participaram
várias agrupamentos, em­
bora a grande vencedora
tenha sido A Feminina, da
F-Farmácia da U-Lisboa, que
recebeu cinco prémios. Em
2008, promoveram a primei­
ra edição do Samaritana, um
encontro de tunas femininas
de Lisboa.
CONCERTOS
De Bragança a Portimão,
passando por Espanha.
Entre os concertos recentes,
destacam-se as actuações
na Semana Académica de
Lisboa, na sexta edição do
INSULA, o festival de tunas
de Ponta Delgada, na oitava
edição do Acordes, organi­
zado pela Tuna Sadina, e na
estreia do Tej & Tunas, dina­
mizado pela ESTeS La Tuna
Feminina.
HINO
«Com as capas soltas/
Somos a Tuna Mais Tuna/
Alunas da Lusófona/ Só
queremos galhofa/ Somos a
Samarituna».
ENSAIOS
Duas vezes por semana, às
terças e quintas, às 18h30, na
sala da Tuna.
Mais fotografias e informações
em www.aulamagna.pt
PÁTIO.BANDAS estudantis
Thirteen
Degrees
to Chaos
Raquel Ferreira
É malta da pesada e têm
gos­to nisso. Já tiveram al­
guns problemas com a
polícia e com alguns vi­zi­
nhos, mas não estão muito
preocupados. Sabem até
que o circuito das ban­das
de Death Metal, Pro­gressi­
ve e Hardcore não é vasto
em Portugal e que podem
vir a ter de ru­mar a outras
paragens. Por enquanto,
vão espa­lhan­do energia
em vários palcos, à medida
que vão descobrindo novos
ca­mi­nhos para o som que
procuram. A morte, o hor­
ror e a destruição po­dem ser
os temas que do­mi­nam as
músicas que criam. Mas esta
banda es­tá cheia de vida.
aulamagna 13
Raquel Ferreira
Nome
O caminho para o caos só
podia ter 13 degraus. E é
esse ambiente gótico que
marca o ambiente das suas
músicas.
Data de criação
Maio de 2006
Membros da banda
Cláudio Galante (baterista)
do IS-Técnico da U-Técnica
de Lisboa, Frederico
Severo (baixista) da
F-Ciências da U-Lisboa,
Miguel Pires (guitarrista)
da ES-Comunicação
Social do IP-Lisboa, Nuno
Dores (vocalista) do ISComunicação Empresarial e
Tiago Silva (guitarrista).
Género
Death Metal, Progressive e
Hardcore
Concertos
São muitos e em vários
sítios. E o mês de Setembro
foi particularmente agitado.
Thirteen Degrees to Chaos | À conquista dos palcos do death metal
Acaba de dar uma sequência
de três concertos, em
Pombal (com The Archaist,
Engaging the Dead e
Oath of Putrefaction), em
Setúbal (com The Archaist
e Porn Sheep Hospital) e no
Montijo (com The Archaist,
Porn Sheep Hospital e
Swallows). A actuar ao vivo
desde 2007, no currículo
têm primeiras partes de
bandas internacionais,
como os All Shall Perish,
dos Estados Unidos da
América, e No Turning
Back, da Holanda.
Discografia
Ainda a começar, apenas
têm uma maquete, em
que constam temas como
Unheard Demand ou
Brakyu, the Shapeshifter.
Integram a compilação
Attack – vol. 1, da revista
Hornsup.
Sítio na aula magna
http://www.aulamagna.pt/
bandas/thirteen-degreeschaos
Mais fotografias e informações
em www.aulamagna.pt
BAR
Não trazia promessas vãs e inesperadas na mala,
ou fundos escondidos com jóias raras.
Traria algum desespero talvez.
A vontade de acender o sol mais ardente
ou da lua lhe piscar o olho à estrela cadente.
Poderia até dissimular novidades,
os cânticos ansiosos e deslumbrantes,
ou alguma originalidade
com um cunho muito pessoal.
Advertência
E o coração no check-in
a tremer descompassadamente!
aulamagna 14
Mas nada traria além do seu sabor
ou uma gargalhada talvez irrequieta
ou o nervosismo saltitante da borboleta
que a flor fecundaria a mais fechada
e nada ofereceria à mais aberta.
Poderia até trazer os erros do costume
queimar a ilusão no pó àqueles que se retratam
detectados pela astúcia da aranha
ou pelo olhar audaz e fixo da coruja
por entre a neblina do inoportuno.
E se o sol então se incendiasse
e já nada seria igual por seu turno,
e se a lua de manto em cinzas se transformasse
na penumbra inconcebível do restolho?
Mas passou sã e salva num passo suave de partitura
por entre a multidão ansiosa e desatenta
numa calma incrédula e sem desacatos.
Ainda não tinha sido apanhada.
E em jeito de retrospectiva
vislumbrou o que lhe poderia acontecer:
Abrirem-lhe de um só golpe e certeiro
a vontade e as veias no peito
esvaziando-lhe o ar
e a razão do seu ser
despindo-o
e macabramente expondo-o
para quem o quisesse ver!
Rosa Pires
Patricia Ajuda
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