EM SELMA, 70 MIL REEDITAM A MARCHA

Transcrição

EM SELMA, 70 MIL REEDITAM A MARCHA
EM SELMA, 70 MIL REEDITAM A MARCHA
José Raimundo Gomes da Cruz
Procurador de Justiça de São Paulo aposentado
“Tanto Reeb quanto Liuzzo eram brancos
e seu apoio aos negros não era aceito pela
Ku Klux Klan. A morte de Reeb é retratada
no filme Selma, que este ano concorreu ao
Oscar” (Claudia Trevisan “Em Selma, 70 mil
reeditam marcha”. O Estado de S. Paulo. 9/3/15)
O texto do Estadão citado relembra a mencionada morte de Reeb: “ele foi espancado
até à morte depois de sair de um restaurante da cidade na noite de 9 de março de 1965. Horas
antes, havia participado da segunda tentativa de realização da marcha a Montgomery”.
Um pouco de História, mais adiante: “No dia 7 de março de 1965, um grupo de 600
ativistas que pretendia marchar de Selma a Montgomery foi brutalmente atacado pela polícia
depois de cruzar a ponte Edmund Petrus, a mesma que foi retomada pelos que ontem
celebraram seu sacrifício. A data ficou conhecida como Domingo Sangrento.”
Dias depois, a morte de Reeb e a violência policial “comoveram a opinião pública
americana e levaram o presidente Lyndon Johnson a enviar ao Congresso o projeto da Lei do
Direito de Voto, no dia 15 de março”.
Em 9 de março, a marcha liderada por Martin Luther King Jr., já cruzada a ponte,
resolveu aguardar “autorização judicial para seguir adiante. A caminhada acabou tendo início
no dia 21, quando 2,5 mil pessoas saíram da Capela Brown, em Selma. No dia 25, cerca de 25
mil pessoas saíram da Capela Brown, em Selma. No dia 25, cerca de 25 mil pessoas
caminharam até às escadarias da Assembléia Legislativa do Alabama, em Montgomery”.
Sobrevivente da grande marcha, agora com 90 anos de idade e em cadeira de rodas,
Corine Crayton relembra com emoção o “assassinato do líder do movimento pelos direitos
civis, em 1968”.
Além do filme Selma, rápida visita ao Google acrescenta outros títulos: Um Grito de
Liberdade (Cry Freedom, sobre Steve Biko); Faça a coisa certa e Blambloozed, de Spike
Lee; Atraiçoados, de Costa Gravas; Mississipi em chamas (Mississipi burning); Beloved (Bem
amada, com Oprah e Danny Glover); Nascimento de uma Nação; Fantasmas do passado;
Homens de Honra; A verdadeira história de Lena Baker (fatos reais); Uma história
americana (com Whoopi Goldberg e Sissi Spacek); No calor da noite (Oscar, 1957); Homens
de Honra; Quase deuses; A Cor Púrpura (dir. Steven Spielberg, com Whoopi Goldberg e
Danny Glover); Crash, no limite; Tempo de matar; Amistad; Django; O massacre de
Rosewood (1997); A história de uma lenda (Fruevel Station); O mordomo e Doze anos de
escravidão (dois filmes de 2013).
Não convém esquecer A Biografia de Nelson Mandela nem Winnie Mandela.
Algum pioneirismo com a atriz coadjuvante Hattie Mc Daniel, com Oscar pelo filme
...E o vento levou. Ela pôde receber o prêmio, mas não assistir à pré-estreia.
Alguns anos depois, Canção do Sul, com inserções de desenhos animados.
Da página 118, do meu livro Cinema, Verdade e Fantasia (São Paulo : 2012), trago
mais uma importante contribuição do cinema para o tema da luta pelos direitos civis nos
EUA:
O Cine Pathé apresentava, no princípio de 1965, um festival de filmes. Filas enormes,
a Maria Lúcia e eu, no período inicial do nosso casamento, morando no apartamento dos
Mendes, na Rua Santa Rita Durão, entramos na fila para o filme Os vitoriosos. Tratava-se de
filme all star, quer dizer, com elenco de muitos atores e atrizes famosos, entre os quais,
George Peppard, Elli Wallach, Romy Schneider, John Wayne, Robert Mitchum, Rosana
Schiafino, Georges Hamilton, Richard Chamberlain e Elke Sommer. Em preto-e-branco, o
filme mostrava, em tópicos sucessivos, cenas do Movietone, noticiário cinematográfico muito
comum nos anos 40 e 50, e depois episódios do imediato pós-guerra, com graves contradições
entre os noticiários sobre a vitória dos aliados, em 1945, e certas práticas, como a caça aos
macacos: soldados norte-americanos brancos esfaqueando e matando companheiros de farda
negros ou o oficial francês eliminando sumariamente soldados alemães que se entregavam
como prisioneiros.