No 8 - Dezembro / 2003 - Clube Excursionista Carioca
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No 8 - Dezembro / 2003 - Clube Excursionista Carioca
8 - C.E.C. É notícia nB i g - W a l l n o C.E.C. Informativo do Clube Excursionista Carioca É notícia Ano 57 - No 8 -Dezembro/2003 Honório, O Mestre IOGI. (foto do CBM 2003) 4Alta Sociedade • Ao pedir para "voar" na frente em uma caminhada, Hernando "Nitrogênio Líquido" observa: - Eu me canso quando ando devagar. • O Honório deveria ser escolhido o esportista do ano... Quando estava discorrendo sobre esportes que já praticou, ele comentou: - já fiz até natação fora d'água! • Jeje, preocupado com uns escaladores manda: "Ai, cuidado! Esses malucos são Clube Excursionista Carioca Fundado em 21 de fevereiro de 1946 Rua Hilário de Gouveia, 71 / 206 Copacabana - Rio de Janeiro CEP: 22040-020 Tel: 2255-1348 Internet: www.carioca.org.br Reuniões sociais às quintas a partir de 20:30hs doidos!" • Durante a reunião de diretoria a Teresa avisa: "Alguém precisa trocar a lâmpada do banheiro que ela está FURADA!” • Jerônimo liga pro Bernardo e fica surpreso porque o cara atendeu sério... Achando aquilo estranho, resolve perguntar: “Que foi Bernardo que você está sério, está trabalhando muito?” O cara manda a seguinte resposta, com um ar cansado: “Alguém tem que produzir nesse pais, e o meu trabalho é D 4". “Depois da resposta percebi que em nada poderia ajudá-lo, pedi desculpas por interromper em momento tão inoportuno, e desliguei.” • Honório acorda no acampamento do CBM e começa sua sessão de ioga. Quando questionado devido aos estranhos exercícios ele justifica: "Estou alongando o baço." G a r r a f ã o 2 - C.E.C. É notícia 4Por dentro do CEC • No mês de outubro, alguns sócios do Carioca se encontraram na Espanha. Adrian DT ficou uma temporada em Zaragoza e Miguel Freitas e Cris Ana passaram rapidinho por lá. Eles foram fazer uma caminhada no "Parque Nacional de Ordesa y Monte Perdido", que fica nos Pirineus, na região de Aragon Espanha. Só que no dia que o Miguel e a Cris estiveram lá, não parava de chover e a caminhada foi curtinha... Mas quem se deu bem foi o Adrian, que fez uma caminhada que saindo do refúgio de Goriz (2200m de altitude) até um acidente geografico chamado "Brecha de Rolando" (2600m), que parece uma janela no paredão de pedra que é a fronteira entre Espanha e França (foto da capa). “São aproximadamente 3h de caminhada a partir do refúgio, que mesmo no início do outono (12 de outubro), tem um clima muito frio (acima dos 2500m é normal encontrar neve e a temperatura de noite no refugio fica por volta dos 5 graus). A caminhada para a "Brecha de Rolando" foi no dia seguinte a subida ao Monte Perdido (3350m), o mais alto do parque. Escolhi fazer a caminhada da Brecha pois na subida ao Monte Perdido passei muito frio e peguei uma boa gripe, a ainda teria que descer até o carro depois. A caminhada do carro até o refúgio é muito bonita e demora umas 4h.....” (Adrian) C.E.C. É notícia - 7 • Grande churrasco de fim de ano do CEC! Este ano vamos ter uma comemoração especial. Sendo próximo do final do ano, vamos todos de branco a virada de ano, de preferência com a camisa do CEC (que está a venda no clube por 15 reais). No churrasco teremos a entrega dos diplomas dos novos guias do CEC, a premiação do ranking de guias e participantes, o tradicional amigo oculto além dos certificados de conclusão do circuito “Zé Carioca”. O churrasco será no dia 21/12 no Forte da Urca, a partir das 12h. O custo por pessoa será de R$25,00 (criança paga meia!). • Ranking dos guias (parcial): 1-Alfredo Neto (198), 2 - Bernardo (98), 3 - Cris Jorge (66), 4 - Adrian (64), 5 - Miguel Rego (63) • Ranking dos participantes: 1-Dengoso (65), 2 -Mariana F. (39), 3 - Claudão (38), 4 - Jorginho (36), 5- Marcelo Roberto (35) C.E.C. É notícia Uma publicação do Clube Excursionista Carioca Editor: Cláudio Martins Colaboradores: Miguel Freitas Kate Benedict Capa: Adrian no Parque Nacional de Ordesa - Espanha, outubro de 2003 escorregávamos como nos primeiros dias... :o)) As montanhas da Serra, vistas do rio Soberbo, são magníficas e estarão na minha memória para sempre. Quando chegamos à estrada, ainda andamos dois 2 km e meio até o posto Garrafão, serra acima... “Aí não é mole não!!!” Em todas as minhas escaladas, aprendo muito, seja com alunos, profissionais ou escaladores e com as circunstâncias apresentadas em cada local. Na nossa escola, temos o slogan: “Escalar não se aprende da noite para o dia”. E as montanhas nos ensinam isso... Elas também não perdoam... Cresci e aprendi bastante nessa viagem. Uma empreitada dessas necessita de muito empenho e vontade. Se as coisas não saem como esperado, é necessário contorná-las e querer continuar. Às vezes, chegamos ao nosso limite e perguntamos o que estamos fazendo ali, mas a recompensa pelo êxito depois, supera tudo. Quando formamos uma equipe para uma expedição como essa, temos que estar em sintonia e com objetivos somente naquele projeto. Quando a prioridade de um de nós passa a ser outra, mudamos toda a história da expedição e aí, nem sempre é possível atingir nossos objetivos. Com certeza, nós três aprendemos muito e refletimos bastante depois de nossa aventura. Outras escaladas virão e vamos nos divertir muito ainda, outras expedições virão também. Na próxima temporada estarei lá e espero contar com a torcida e energia de todos os meus amigos de novo. Para, no ano que vem, quem sabe, ligar para vocês do cume e brindar com a grande garrafa da Serra dos Órgãos. Obrigado a todos e boas escaladas... 4Por Dentro da Montanha experiências e estudos de caso encontra-se a escalada. Compreendendo a relevância desta questão, as federações do Rio de Janeiro (FEMERJ), São Paulo (FEMESP) e Paraná (FEPAM) organizaram um Grupo de Trabalho com o objetivo de preparar e apresentar junto aos órgãos gestores de Unidades de Conservação (UC) uma proposta para a abordagem da questão da prática de escalada em UC’s. Este grupo de trabalho é composto por escaladores ligados de alguma forma à temática ambiental e/ou a gestão de Unidades de Conservação, e conta com representantes de 5 Unidades da Federação. Foi realizado um seminário sobre Escalada em UC’s no Rio, nos dias 22 e 23 de novembro. O evento contou com a participação de montanhistas de SP, PR, SC, RS, ES, MG, DF, BA, e Rio, representantes de diversas UC’s, do Ibama e do Ministerio do Meio Ambiente. • Foi lançado um novo guia, o Guia de Escaladas em Rocha do Anhangava. O guia está à venda nas lojas do ramo ou através do email da Marumby Montanhismo (R$ 15,00 + despesas postais): [email protected] • A FEMERJ está em contato com a Gerência do Patrimônio da União para conseguir oficializar um acesso às aderências do Sumaré. Este assunto vem sendo tratado pelo IBAMA e pela Prefeitura do Rio de Janeiro, a pedido da FEMERJ. Existem certos procedimentos que são lentos mas obrigatoriamente devem ser seguidos, de qualquer forma, o processo está sendo encaminhado. • Encontra-se em processo de discussão no IBAMA a elaboração de diretrizes para as atividades de turismo nos Parques Nacionais e, entre as atividades pioneiras para análise de Flávio Carneiro CEC-AGUIPERJ-FEMERJ Centro de Escalada LIMITE VERTICAL C.E.C. É notícia - 3 6 - C.E.C. É notícia decidido passar a noite ali e encordar a parede daquele ponto para cima. Quando a Kika começou a subir junto ao haulbag, sua perna começou a doer por causa de um pequeno estiramento ou fadiga muscular e ela me pediu para descermos. Fiquei muito triste e dei por encerrada minha subida àquela montanha. Olhava para cima e uma seqüência de fendas fabulosas me esperava, mas, naquele momento, não pensei duas vezes e desci sem ressentimentos com a Kika. Ela foi muito guerreira. Conversamos muito após a descida, que nos deu um pouco de trabalho, mas foi bem segura e tranqüila. Tivemos que abandonar, cada um, um prussik, para podermos rapelar das chapeletas. Chegando à base com todos os equipamentos, ligamos para o Adrian, avisando que havíamos descido e precisávamos de ajuda para descer o rio, pois estávamos pesados e cansados. Fomos para a caverna muito pesados. Tomei vários tombos durante esse percurso (rsrrs)... Ao chegarmos, ficamos pensativos e um pouco desolados. Conversamos bastante, críticas construtivas surgiram e mantivemos um bom humor para animar nossas mentes e almas. Isso confortou muito os dois e me levou a aprender muito, mesmo tendo voltado daquele ponto. A montanha é sagrada para a maioria de nós, amizades se fortalecem e se aprende muito com os erros. Naquela noite, comemos muito para aliviar o peso (rsrs)... O mais engraçado estava por vir. Estávamos os dois dormindo, quando uma lanterna bateu em nossas vistas e reclamei: O que houve Kika? Desliga isso! Olho para o lado e percebo que ela estava do meu lado e fez a mesma pergunta (rsrs)... Era o Daniel, que, acionado pelo Adrian, subiu à noitinha até a gruta em apenas 3 horas... É mole? Estava sem mochila, o rio estava mais baixo e as pedras secas... Mesmo assim, a criança é sinistrinha (rsrsss)... Foi bem agradável encontrá-lo. Daniel é um excelente montanhista da Serra, conhece muito bem aquele local, está muito forte também e é um bom amigo. Rimos bastante e fomos dormir. Ao acordar, perguntei à Kika se tinha sonhado ou o Daniel estava ali mesmo (rsrsrs)... Tomamos café, arrumamos as coisas e começamos a descida. Logo encontramos Adrian e Barão... Encontrá-los ali foi muito bom, pois desceríamos bem mais leves. Ver o Barão ali foi bem legal. Descemos o rio e tomamos banhos em alguns belos poços e cachoeiras durante o percurso, que é demais! Barão estava emocionado em voltar ali, agradeceu por estar vivo e continuamos nossa descida, agora com as pedras secas e o nível do rio bem mais baixo. Pulava-se de uma pedra para outra tranquilamente e não 4Crazy Muzungu Big-Wall no Garrafão Participantes: Adrian, Flávio Carneiro e Kika. por Flávio Olá, todos!!! Primeiramente quero agradecer a todos que torceram pelo nosso sucesso, que de alguma forma ofereceram ajuda para a nossa descida, pelas dicas ou, em caso de algo mais grave, todos que estavam dispostos a nos ajudar. Um obrigado de minha parte. A escalada ao Garrafão foi, para mim, uma experiência incrível e com grande aprendizado. O estilo bigwall exige um comprometimento grande entre a equipe e esta tem que estar preparada para os mais diversos obstáculos. A Crazy é uma escalada de 1984 e é bem exigente para quem tenta escalá-la. Saímos do Rio às 4:30 da manhã de quarta e os dois primeiros dias foram bem sacrificantes e extenuantes para toda a equipe. O bom humor prevaleceu por todo o tempo, não só na subida, mas também durante a escalada e isso é fundamental. Mas, com o rio (Soberbo) bem cheio e com as pedras molhadas e escorregadias, nossa progressão esteve bem lenta. As indicações da trilha eram bem confusas e a neblina dificultava nossa orientação. Ao final do segundo dia estávamos a uma cachoeira da entrada da trilha e resolvemos retornar, pois não achamos a saída para vencer o trecho. No terceiro dia, após um telefonema ao Sampaio, achamos a passagem para vencer aquela cachoeira. A trilha de aproximação é bem desgastante, todo o tempo subindo. Carregando haulbags, nem se fala. Em um bigwall, temos que estar dispostos a enfrentar várias dificuldades e estar em sintonia com toda equipe. Por isso, tomei a decisão de fazer a proposta de liberar o Adrian para descer (N.E.: O Adrian teria que viajar a trabalho) e 4 - C.E.C. É notícia tentar a escalada com a Kika. Mesmo sabendo que a nossa escalada se tornaria muito mais trabalhosa, decidimos (eu e Kika) continuar. O Garrafão para mim é especial, pois quase tirou a vida de um amigo e sócio. Sem contar com a beleza e magia do local, que é um dos recantos mais bonitos e imponentes que já conheci. A exuberância da mata, a rica fauna, as montanhas que cercam o lugar, entre outros fatores, fazem dali um local bem especial. Para escalar o Garrafão é necessária uma autorização especial, por ser uma área restrita do parque. O chefe de operações especiais avalia o currículo dos escaladores pretendentes. Voltando à escalada, finalmente chegamos ao nosso destino: a grutinha onde passaríamos a noite. Esta, fica à cerca de vinte minutos da base da escalada. Separamos alguns equipos, descansamos um pouco, pegamos água (há um pequeno riacho à cerca de 3 minutos da gruta do bivaque). Fomos para a base e comecei a primeira enfiada. Um trepa mato separa a base da rocha. Aí começa uma parede bem vertical, com intermináveis furos de cliffs e chapeletas Petzl em aparente bom estado. Quando comecei a escalada, a Kika desceu para a gruta, para preparar a comida e organizar nosso bivaque. Ao terminar esse esticão, fixei a corda para o Adrian e ele veio até mim. Ligamos para todos e descemos para o C.E.C. É notícia - 5 acampamento. Na descida, nos perdemos em uma bifurcação e fomos parar do lado oposto da gruta. Gritei para a Kika, para saber sua localização e ela respondeu dizendo que estávamos perto. Nesse momento, uma enorme gritaria de macacos, a cerca de cem metros ou mais, nos intimidou e confesso que arrepiou de montão. Chegamos ao nosso acampamento e passamos a noite tranquilos no silêncio da mata. No dia seguinte, Adrian levou água para base e partiu de volta para casa. Kika e eu começamos a escalada. Rebocamos nossas coisas no haulbag (com sistem de redução com 3 roldanas), as coisas mais leves ela trazia na mochila em suas costas. Continuamos a escalada, fui até P2, que foi o ponto onde o Barão sofreu o acidente. Fiquei muito impressionado com o tamanho da queda. Fiz uma oração e agradeci por não ter tirado a vida de meu amigo. É muito alto! Tem cem metros ou mais... Impressionante. Alguém lá em cima o protegeu muito... A terceira enfiada é tenebrosa. Um trepa mato muito instável e vertical. Tudo desmoronava, segurei em um arbusto, meus pés desmoronaram, mas ele me segurou. Lembrei de um comentário do Bernardo sobre uma via no Pico Maior de Salinas, na qual ele usa um arbustinho para fazer o lance e repeti para Kika: “Quando passar, dá uma regadinha nele para mim...” Depois disso, só trepa mato, até chegar a uma corda colocada pelo Daniel para diminuir a erosão. Existe uma proposta do Daniel de abrir uma variante para se evitar esse vara mato. Isso seria importante e evitaria uma erosão desnecessária. O pior foi puxar o haulbag por ali, ficava preso em tudo e a Kika, que vinha jumareando logo ao lado, tomava banho de terra... A menina, que é loirinha, chegou marrom (rsrsrs)... Ao chegar, estava bem fraco e com muita sede e fome. Cozinhamos e nos hidratamos em um pequeno platô de terra. Um segurava a panela e o outro, o fogareiro... Com a fome que estávamos, o miojo ficou muito bom (rsrsrs)... Montamos nossas redes e dormimos pendurados em uma árvore e nos friends colocados em uma fenda. Uma noite um pouco desconfortável, mas magnífica, devido à vista e a magia do local. Eu estava meio debilitado naquele momento e a Kika trabalhou muito bem na organização de tudo. Nesses momentos, a equipe sintonizada é essencial. No dia seguinte, acordamos com um amanhecer invejável para qualquer mortal. Era nítida a cara de cansaço em nós dois, mas a expressão de felicidade de estar ali também estava estampada. Estava me sentindo muito bem e feliz. Tomamos café, organizamos tudo e partimos para a quarta enfiada. Ela resolveu tentar a guiada. As informações eram de que seria uma enfiada de quarto a quinto grau, toda em livre. Mas logo nos deparamos com uma pedra lisa e um buraco de cliff (rsrs)... Ela tentou subir em livre e caiu de bunda em um pequeno platô (rsrs)... Tudo bem, nada de mais... Fez o lance em livre e chegou em uma chapeleta, mas sentiu dores na perna e me passou a guiada. Chegando no ponto onde ela parou, encontrei logo um outro buraco de cliff, que chegava a uma fenda muito larga em V, onde nada (proteção móvel) ficava e, ao mesmo tempo, lisa demais para tentar em livre. Encontrei um pequeno batente, coloquei um cliff e subi mais um pouco. Parti em livre, usando algumas árvores para subir e proteger, até chegar em uma fenda espetacular e sólida. Fiz trechos em livre, outros em artificial... Delirando na ascensão e sonhando já com as outras enfiadas. Cheguei na parada e equalizei as chapeletas existentes. A P4 é um platô bem confortável e plano. Tinha
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