Amostra Digital

Transcrição

Amostra Digital
4º./5º.
ano
Formada em História (UEl) e Pedagogia (Cesulon, atual Unifil),
com especialização em ensino de Geografia (UEl).
Mestre em Educação (Unimep) e Doutora em Educação (Unicamp).
Docente do Departamento de Educação da Universidade
Estadual de Londrina.
Atuou como professora e assessora pedagógica de História
e Geografia no Grupo de Apoio Técnico-Pedagógico
da Secretaria Municipal de Educação do Município de Londrina.
Volume
único
MANUAL DO PROFESSOR
HISTÓRIA Magda Madalena Tuma
Nova
edição
VIVER É DESCOBRIR
História do
aranA
1ª. edição – São Paulo – 2011
Viver é Descobrir História do Paraná
Copyright © Magda Madalena Peruzin Tuma, 2011
Todos os direitos reservados à
EDITORA FTD S.A.
Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP
CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000
Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970
Internet: <www.ftd.com.br>
E-mail: [email protected]
DIRETORA EDITORIAL
Silmara Sapiense Vespasiano
EDITORA
Débora Lima
Editores assistentes
Armando Alves de Lima
Poliana F. Asturiano
ASSISTENTES DE PRODUÇÃO
Ana Paula Iazzetto
Lilia Pires
Assistente editoriaL
Cláudia Casseb Sandoval
PreparadorEs
Geuid Dib Jardim
Lucila Vrublevicius Segóvia
Revisoras
Bárbara Borges
Juliana Ribeiro
COORDENADOR DE PRODUÇÃO EDITORIAL
Caio Leandro Rios
editor DE ARTE e projeto gráfico
Roque Michel Jr.
Capa: Claudio Cuellar
Foto da capa: Jardim Botânico, Curitiba. Thomaz Vita Neto/Pulsar
Ilustrações que acompanham o projeto:
AMJ Studio
Cartografia: Sonia Vaz
ICONOGRAFIA
Pesquisa: Elizete Moura Santos
Graciela Naliati
Thaisi Lima
Assistente de pesquisa: Cristina Mota
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Diagramação: Andréa Wolf Gowdak e
Isabel Cristina Corandin Marques
Tratamento de imagens: Vânia Ap. Maia de Oliveira
Gerente de produção gráfica
Reginaldo Soares Damasceno
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Tuma, Magda Madalena
Viver é descobrir — história do Paraná, 4o. /5o. ano :
volume único / Magda Madalena Tuma. — 1. ed. — São
Paulo : FTD, 2011.
Nova edição.
ISBN 978-85-322-7860-9
ISBN 978-85-322-7861-6
1. Paraná – História (Ensino fundamental) I. Título.
11-03336
CDD-372.898162
Índices para catálogo sistemático:
1. Paraná : História : Ensino fundamental
372.898162
Sumário
Capítulo 1 – O tempo e o documento na história da vida
Você já observou que as pessoas são diferentes umas das outras? ............................. 5
Falando de você ......................................................................................................................................... 6
O tempo de vida medido .................................................................................................................... 8
Calendário egípcio ............................................................................................................................. 8
Calendário romano ........................................................................................................................... 8
Calendário asteca ............................................................................................................................... 9
Calendário cristão gregoriano ..................................................................................................... 9
Fotografias e pinturas: fontes para a história ............................................................................. 11
Capítulo 2 – O direito de ser diferente
Olhares sobre as diferenças ................................................................................................................ 14
Os Carijó ................................................................................................................................................. 15
Os Guarani .............................................................................................................................................. 16
Os Kaingang ........................................................................................................................................... 19
Os Xetá .................................................................................................................................................... 21
A situação atual .................................................................................................................................... 26
O dia a dia das crianças indígenas ................................................................................................... 28
Capítulo 3 – A diversidade na formação da sociedade brasileira
A vida em sociedade (as regras e as leis na vida dos cidadãos) .................................... 31
Constituição Federal ......................................................................................................................... 32
Planejar e administrar .............................................................................................................................. 35
De Comarca de Paranaguá a estado do Paraná ..................................................................... 37
Diferentes cidadãos formam a sociedade brasileira .............................................................. 39
O cidadão brasileiro indígena ...................................................................................................... 40
Todos temos direito de sonhar .................................................................................................. 42
Sonhos de outras crianças do Brasil ........................................................................................ 44
Capítulo 4 – Outros povos que formaram o Brasil
Os europeus e o seu encontro com os habitantes da América .................................... 47
A ocupação espanhola no Paraná ............................................................................................. 52
As encomiendas ............................................................................................................................................ 53
As reduções ........................................................................................................................................... 55
Capítulo 5 – A ação portuguesa para a ocupação do território do Paraná
A ocupação do litoral e do Primeiro Planalto .......................................................................... 60
Ouro nos ribeirões de Paranaguá ............................................................................................. 60
A vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais ............................................................................. 65
A ocupação do Segundo e do Terceiro Planalto ..................................................................... 68
Tropeirismo no Paraná .................................................................................................................... 68
A vida nas fazendas dos Campos Gerais .............................................................................. 71
Capítulo 6 – Trabalho transformado em exploração
A exploração de uma pessoa pela outra: escravidão ............................................................ 74
O trabalho escravo atual ................................................................................................................ 76
Africanos escravizados ............................................................................................................................ 79
Resistir para viver: os quilombos ............................................................................................... 82
Escravidão no Paraná .............................................................................................................................. 83
As crianças escravizadas ........................................................................................................................ 85
As mulheres escravizadas ..................................................................................................................... 86
viver é descobrir - história do paraná
3
Capítulo 7 – O século XIX e as mudanças para o Brasil
A Corte portuguesa chegou! O Brasil deixou de ser uma colônia ............................ 88
Brasil independente – Brasil Império ............................................................................................ 90
As relações de trabalho no Brasil imperial ................................................................................ 90
O trabalho das mulheres no século XIX ............................................................................. 93
A vida das crianças no século XIX .......................................................................................... 95
Os imigrantes .............................................................................................................................................. 97
A vida dos imigrantes no Brasil ................................................................................................. 99
Os imigrantes no Paraná ...................................................................................................................... 102
Movimentos migratórios internos .................................................................................................. 105
O problema da terra ....................................................................................................................... 105
Trabalhadores do campo na cidade ........................................................................................ 108
Capítulo 8 – A ocupação continua – séculos XIX e XX
A ocupação do norte do Paraná .................................................................................................... 110
A ocupação do oeste do Paraná ..................................................................................................... 114
A ocupação do sudoeste do Paraná ............................................................................................. 116
A exploração da erva-mate na ocupação paranaense ....................................................... 119
Os engenhos ........................................................................................................................................ 121
A concorrência da erva estrangeira ....................................................................................... 121
A situação atual ................................................................................................................................... 122
A exploração da madeira paranaense ......................................................................................... 124
Capítulo 9 – A organização política da República Federativa do Brasil
A República e as mudanças .................................................................................................................128
O estado do Paraná no início da República ..............................................................................130
Capítulo 10 – Mudanças no século XX (trabalho e industrialização)
A industrialização brasileira e os trabalhadores no início do século XX ................. 134
As principais causas para o desenvolvimento das indústrias .................................... 135
A situação dos operários .............................................................................................................. 136
Os avanços tecnológicos e a mudança do cotidiano no século XX .......................... 142
A indústria no Paraná ............................................................................................................................. 145
Capítulo 11 – A arte na diversidade
A arte dos indígenas ................................................................................................................................147
A arte dos africanos ................................................................................................................................149
A arte faz parte da cultura paranaense .......................................................................................150
Alguns talentos paranaenses ...............................................................................................................152
Historiadores .........................................................................................................................................152
Escritores .................................................................................................................................................152
Pintores .....................................................................................................................................................153
Cinema ......................................................................................................................................................153
Escultura ...................................................................................................................................................153
Música ........................................................................................................................................................153
Sugestões de leitura .................................................................................................................................... 154
Glossário ................................................................................................................................................................. 156
Apêndice I
Os símbolos do Paraná ...................................................................................................................167
Paraná – Divisão dos municípios ...............................................................................................169
Municípios do Paraná .......................................................................................................................170
Apêndice II
Brasil – Divisão política ......................................................................................................................... 173
América do Sul – Divisão política ................................................................................................... 174
Bibliografia.............................................................................................................................................................. 175
4
viver é descobrir - história do paraná
Capítulo 1
O tempo e o documento
na história de vida
Você já observou que as pessoas são diferentes
umas das outras?
Elas podem ter a cor da pele e a dos olhos diferentes, podem ser altas ou baixas,
umas têm cabelos longos, outras não têm cabelos... Algumas pessoas são comunicativas, riem alto, e outras costumam rir baixinho, para que ninguém perceba sua
presença. Algumas falam pouco, mas há também aquelas que contam longas histórias
aprendidas na vida ou em livros e que nos fazem viajar, sem sairmos do lugar...
Assim como as pessoas são diferentes, as sociedades que elas formam também
são diferentes umas das outras. Conhecer pessoas diferentes e sociedades diferentes
nos ajuda a conhecer melhor o mundo em que vivemos.
Mas como era e como é o “jeito de viver” das pessoas no planeta Terra?
Será que podemos conhecer todos os “jeitos de viver” das diferentes sociedades?
Como conhecer as sociedades em seu passado?
Conhecer tudo isso pode ser um pouco difícil, mas é preciso começar.
Que tal começar pela história da sociedade em que vivemos, o estado do
Paraná?
O melhor é
começar falando
de você.
AMJ Studio
Mas sabe
de uma coisa?
viver é descobrir - história do paraná
5
Falando de você
Para se apresentar, você vai uti-
Captura via esc
âne
r
lizar o registro ou a certidão de
nascimento, que é o primeiro documento que todo cidadão brasileiro
precisa ter. nele encontramos a escrita correta do nome da pessoa, o lugar
onde ela nasceu, o nome de seus pais,
avós e outros dados. observe o registro de nascimento ao lado.
conhecendo o seu registro de
nascimento, você pode saber um
pouco mais sobre você e sua família.
vamos começar?
➤
AT I V I D A D E S
➤
1. Em uma folha de papel, posicionada verticalmente:
a) Escreva o seu nome completo, a data de nascimento e a sua
idade.
b) Descreva como é a sua aparência física (cor da pele, dos olhos,
dos cabelos e altura).
c) Desenhe o seu autorretrato.
2. Com o(a) professor(a) e os(as) colegas, façam um varal na sala de
aula e pendurem os autorretratos, da esquerda para a direita, começando
pelo aluno mais velho da turma.
AMJ Studio
Para descobrir quem é o mais velho, ou seja, quem nasceu primeiro,
comecem comparando o ano de nascimento. Para aqueles que nasceram
no mesmo ano, comparem o mês de
nascimento (quem nasceu em janeiro
é mais velho que quem nasceu em
fevereiro e assim por diante). Para
aqueles que nasceram no mesmo
ano e no mesmo mês, comparem o
dia de nascimento.
Professor(a): A rememoração e a ordenação temporal favorecem
o diálogo entre o presente e o passado. Atente para tal aspecto.
Leia mais no Manual do Professor, página 28.
6
viver é descobrir - história do paraná
3.Após a montagem do varal da turma, escreva em seu caderno:
Professor(a):
Veja uma
sugestão
de atividade
complementar
no Manual
do Professor,
página 29.
a) Qual é a diferença de idade entre o colega mais novo e o mais
velho da sala? Esclareça quantos são os dias e meses de diferença entre eles.
b) Quantos na sala têm a mesma idade? Qual foi o critério usado
para saber a idade de cada um e a diferença de idade entre vocês?
c) Qual é o ano em que a maioria dos alunos da sala nasceu?
d)Qual é o mês do ano em que a maioria dos alunos nasceu?
e) Quem é o aluno mais alto da sala? Ele é o mais velho?
f) A idade faz diferença para a altura?
g) Compare seu autorretrato com uma fotografia recente e verifique o que é parecido e o que é diferente entre o seu desenho
e a fotografia.
4. O registro de nascimento também é o documento utilizado para a
confecção da carteira de identidade.
Compare as informações da sua carteira de identidade e de seu registro de nascimento e verifique se são as mesmas.
5.Existem documentos que são obrigatórios para todas as pessoas.
Pergunte a seus pais:
a) Quais são os documentos que todos os brasileiros devem ter?
Professor(a):
Consulte o
Manual do
do Professor,
página 31.
b)Quais são os documentos que os brasileiros podem ter? Para
que servem?
6.Faça em seu caderno a linha do tempo de sua vida. Comece escrevendo os anos desde seu nascimento até o ano em que estamos. Escreva a
idade correspondente a cada ano de sua vida que deverá ser representado
por 1 (um) centímetro. Observe o exemplo da linha de tempo de uma
criança nascida em 2004:
Ano
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Idade
nasceu
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Escreva em sua linha do tempo, abaixo do ano de nascimento e da
idade correspondente, as informações pedidas a seguir:
a) Ano em que você nasceu e no qual foi feito seu registro de nascimento.
b) Nome do município e do estado onde você nasceu.
c) Ano em que você entrou na escola.
d) Ano de um acontecimento feliz de que você não se esquece.
viver é descobrir - história do paraná
7
7.Escreva um fato que ocorreu antes e outro que ocorreu depois
desse acontecimento feliz.
8.Pesquise o que acontecia no Brasil (ou no mundo) na década em
que você nasceu e informe que fontes você utilizou em sua pesquisa.
9.O calendário ajudou você a localizar algumas das informações de
que necessitou? Por quê?
O tempo de vida medido
Uma das informações que você pesquisou no seu registro de nascimento foi a
data em que nasceu: o ano, o mês e o dia. Para escrever essa data, a pessoa que fez o
registro consultou um dos instrumentos de medida de tempo mais usados: o calendário. Você sabia que o calendário usado atualmente nem sempre foi assim?
Muito tempo atrás, as pessoas organizavam suas atividades usando como referência apenas a luminosidade do dia e a escuridão da noite. Com o passar do tempo,
começaram a perceber outros aspectos da natureza que se repetiam regularmente
e passaram a utilizá-los para organizar suas atividades.
Perceberam, por exemplo, que as plantas têm um ciclo que é muito influenciado
por fenômenos como frio, calor, chuva, seca etc. Perceberam, também, que muitas
frutas só apareciam em determinadas épocas do ano.
Esses e outros fenômenos que se repetiam regularmente foram sendo utilizados
para marcar o tempo e confeccionar os calendários.
Várias sociedades criaram seus próprios calendários, elaborados de acordo com
seus conhecimentos e suas necessidades. Hoje se conhecem o calendário egípcio, o
asteca, o romano, o cristão, o chinês, o muçulmano, o judeu e muitos outros.
➤Calendário egípcio
O calendário dos egípcios é um dos mais antigos que se conhece. Ele tinha
365 dias, divididos em 11 meses de 30 dias e 1 mês de 35 dias, chamado de epagômenos. Os egípcios não davam nome aos meses, que eram identificados como “o
primeiro”, “o segundo” etc.
➤Calendário romano
Os romanos eram guerreiros e conquistadores. Em suas incontáveis conquistas,
incorporaram muitos conhecimentos dos povos conquistados, os quais usaram para
organizar um calendário próprio.
8
viver é descobrir - história do paraná
Mariângela Haddad
Representação de um calendário romano em forma de zodíaco, dividido
em doze partes iguais, que representam os meses. Os meses recebiam
nomes de deuses e imperadores romanos e eram representados por
figuras. Ao lado do zodíaco, escreviam-se os números romanos de 1 a 30,
que representavam os dias. Para identificar o mês e o dia correntes, havia
um orifício nas bordas de cada figura ou número, no qual se colocava um
pino de metal ou de madeira.
os astecas possuíam um calendário detalhado e ricamente ilustrado. o ano tinha 360 dias, divididos
em 18 meses de 20 dias e um mês
de 5 dias, chamados “dias vazios” ou
“dias fora do tempo”.
Macduff Everton/The Image Works/
TopFoto/Keystone
➤ Calendário asteca
Calendário asteca
esculpido em pedra.
➤ Calendário cristão gregoriano
o calendário que utilizamos atualmente é um calendário cristão, que recebeu
esse nome porque inicia sua contagem a partir do nascimento de Jesus cristo. por
exemplo, se você nasceu no ano de 2003, quer dizer que nasceu 2003 anos depois
do nascimento de cristo.
viver é descobrir - história do paraná
9
Editoria de arte
para diferenciar os eventos que ocorreram antes do nascimento de cristo dos que ocorreram depois dele, foi criada a sigla a.c. (antes de cristo). por
exemplo, o filósofo grego sócrates nasceu em 469 a.c., ou seja, 469 anos antes
de cristo nascer.
Nascimento
de Jesus Cristo
Século I
Século I
Século II
200
100
Século II
100
Ano I
a.C.
200
d.C.
o calendário cristão passou por várias mudanças e correções desde que foi
criado. a última reforma ocorreu em 1582, a pedido do papa Gregório Xiii. a partir
de então, esse calendário passou a ser conhecido como gregoriano. observe o
calendário gregoriano para o ano de 2013.
AMJ Studio
2013
observe algumas medidas de tempo que foram determinadas nesse calendário:
• Um dia tem 24 horas.
• Uma semana tem 7 dias.
• Um mês tem 30 ou 31 dias, com exceção para o mês de fevereiro, que tem
28 ou 29 dias (ano bissexto).
• Um ano é um período de 12 meses.
• Uma década é um período de 10 anos.
• Um século é um período de 100 anos.
• Um milênio é um período de 1000 anos.
10
viver é descobrir - história do paraná
➤
AT I V I D A D E S
➤
1.Responda:
a) Por que o nosso calendário é chamado de gregoriano?
b)Por que o ano bissexto foi criado e como ele é?
2.Verifique a data de nascimento de seus pais e avós e calcule:
a) A idade de seus pais quando você nasceu e a diferença de idade entre você e eles.
b)E em relação aos seus avós? Quantos anos você é mais novo
do que eles?
c) Há quantos anos você faz parte do dia a dia de seus pais?
3.Cite uma diferença e uma semelhança entre o calendário gregoria-
no e o calendário egípcio.
Fotografias e pinturas: fontes para a história
Professor(a): Consulte
o Manual do Professor,
página 34.
As fotografias e as pinturas (telas, aquarelas, desenhos), assim como outras
obras de arte (esculturas e monumentos, por exemplo), os diversos documentos escritos, os objetos, as construções, entre outros, são fontes históricas. Ou
seja, elas nos dão informações sobre as pessoas e as sociedades do tempo em
que foram feitas. No entanto, para que as fontes históricas nos deem todas as
informações de que necessitamos, devemos conhecer, por exemplo, quando, por
quem e para que foram feitas.
Com relação às fotografias e às pinturas, para usá-las como fontes históricas,
devemos conhecer:
• quem tirou a foto ou fez a pintura;
• quando foi feita (o ano, a década, o século ou até o milênio);
• o lugar representado;
• o que está sendo representado (um almoço, uma reunião, um passeio, uma
batalha, uma caçada etc.);
• quem aparece;
• o que aconteceu antes e depois da realização da foto ou da pintura.
viver é descobrir - história do paraná
11
➤
AT I V I D A D E S
➤
1. Fotografias são documentos.
Autor desconhecido. Arquivo do Estado de São Paulo, SP
Olhe com atenção a fotografia abaixo.
Alunos de
um Jardim
da Infância
(1908).
Agora, compare como você e seus colegas se vestem hoje com as
roupas que as crianças vestiam antigamente.
2. Para que você entenda melhor o que uma fotografia pode nos
contar sobre o passado, as pessoas e os lugares, assim como o que ela
não conta, faça as atividades abaixo:
a) Procure uma fotografia de quando você era bebê e verifique:
• Como é a roupa que você está usando?
• Qual é a cor dos seus cabelos? E dos olhos?
• Você está sozinho ou há alguém com você? Quem?
• Que mudanças ocorridas em você chamam mais atenção?
b) Descubra conversando com sua família:
• a data e o lugar onde foi tirada a foto;
• o que acontecia e o nome das pessoas com quem você estava;
• quem tirou a foto;
• o que aconteceu naquele dia, antes e depois da foto, que
não aparece nela.
Esta atividade ajuda você a conhecer mais sobre o momento de sua
vida que foi registrado na fotografia e a perceber quanta coisa a fotografia deixa de registrar.
12
viver é descobrir - história do paraná
3.Faça uma pesquisa sobre a sua vida e escreva em seu caderno
tudo aquilo que lembrar e que descobrir sobre você. Conversar com seus
pais, avós, tios, vizinhos e amigos ajudará muito. Fotos, roupas e brinquedos usados por você também ajudarão em sua pesquisa.
4.Após escrever sobre suas descobertas, leia com atenção, pense em
como você é agora e responda em seu caderno:
a) Você mudou?
b) Quais são as diferenças entre o que você é hoje e como você era?
c) O que mais chamou sua atenção?
d)Em que você não mudou?
5.Forme dupla com um colega e conte as descobertas sobre sua
história e ouça as descobertas dele.
• Escreva em seu caderno algumas diferenças entre vocês e também em que são parecidos.
6.Contem para os colegas da turma suas descobertas e ouçam as de
seus colegas. Divirtam-se com a alegria de se conhecerem melhor.
7.Para conhecer a história de outras sociedades e a história das pes-
soas, utilizamos várias fontes históricas. Conheça exemplos de algumas
dessas fontes:
• escritas (jornais, registros de nascimento, registros de imóveis,
revistas, livros);
• orais (depoimentos, entrevistas de pessoas relacionadas a determinados acontecimentos);
• audiovisuais (imagens e sons que fazem parte de filmes, documentários, assim como do cotidiano, registros sonoros de canções e musicais);
• imagens (registradas em pinturas, desenhos e fotografias);
• materiais (objetos como enfeites, roupas, móveis, monumentos, moradias e outros tipos de construção).
Agora, responda. Na pesquisa que você fez sobre sua vida:
a) Você utilizou fontes orais, escritas, audiovisuais, imagens e
materiais?
b)Por que escolheu essas fontes?
c) Como você encontrou e onde estavam essas fontes?
d)Quando foram feitas as fontes utilizadas?
8.Monte com seus colegas uma exposição das fontes históricas utili-
zadadas por toda a turma na pesquisa. Bom trabalho e boas descobertas!
viver é descobrir - história do paraná
13
Capítulo 2
O direito de ser diferente
Digital Vision/Getty Images
Olhares sobre as diferenças
Rosa Gauditano/Studio R
Crianças são
sempre crianças,
não importam as
diferenças.
Acima, crianças brincam
em parquinho (década
de 2000). Ao lado,
crianças xavantes, no
Mato Grosso (1999).
Somos todos parecidos e também muito diferentes. ignorar, desrespeitar ou
desvalorizar as diferenças pode gerar discriminação e violência.
Foi o que aconteceu no continente americano com a chegada dos colonizadores
europeus, a partir do século Xv. os valores de indígenas e europeus eram diferentes,
e os europeus não respeitaram essas diferenças.
os Krahô, que vivem no estado de tocantins, explicam as diferenças entre seu
povo e os colonizadores e a violência sofrida pelo seu povo a partir da colonização
europeia da seguinte forma: “há muito tempo, o herói criador do mundo ofereceu
aos indígenas a possibilidade de escolher entre o arco e a flecha e a espingarda. eles
escolheram o arco e a flecha. por esse engano, os brancos ficaram com as armas de
fogo, com as quais destruíram os povos indígenas”.
a explicação dos Krahô para a violência que os povos indígenas sofreram e ainda
sofrem não significa que eles não lutaram para que sua cultura, suas terras e seus
direitos fossem respeitados. eles lutaram e ainda lutam muito.
14
viver é descobrir - história do paraná
➤
AT I V I D A D E
➤
Procure em revistas, jornais, livros, sites ou noticiários da TV informações sobre a situação atual de um grupo indígena brasileiro. Anote
algumas informações importantes que caracterizam esse grupo, como
nome, língua, crenças, local onde vive, tipo de moradia, festas e rituais.
Anote, também, a situação atual desse grupo em relação aos seus
direitos.
Lembre-se de informar o nome da(s) fonte(s) de pesquisa (livro, jornal, site etc.), a data e o local da publicação.
Os grupos indígenas que você e seus colegas pesquisaram são uma pequena
amostra da imensa diversidade indígena do Brasil. A língua é um bom exemplo dessa
diversidade. Atualmente, ainda existem cerca de 180 línguas e dialetos falados pelos
indígenas no Brasil.
No espaço hoje conhecido como Brasil, desde muito antes de os colonizadores
europeus chegarem, já viviam muitas sociedades indígenas, como os Tupinambá, os
Xavante, os Bororo, os Tupi-Guarani, entre outros. No espaço do atual estado do
Paraná, habitavam indígenas carijós, guaranis, kaingangs e xetás, calculados em cerca
de 200 mil pessoas.
As sociedades indígenas tinham costumes e línguas diferentes entre si, diferentes
dos europeus que chegaram naquela época e diferentes dos nossos atuais.
Essa diferença de costumes e valores entre indígenas e europeus foi motivo de
agressões sofridas pelos indígenas. Por exemplo: para os indígenas, as matas eram
muito importantes para a manutenção do modo de vida deles e deviam ser cuidadas e preservadas. Para os europeus, as matas representavam uma possibilidade de
exploração e de riqueza com a venda da madeira e outros produtos. Para explorar
a riqueza vegetal, os europeus não hesitaram em afugentar, atacar e até matar os
indígenas.
➤Os Carijó
Um dos primeiros povos indígenas com quem os europeus tiveram contato no
século XVI (1501-1600) foram os Carijó, que viviam no litoral sul do Brasil, desde
Cananeia, no atual estado de São Paulo, até o Rio Grande do Sul.
Os Carijó geralmente eram amigáveis e receberam muitos europeus em suas aldeias, fornecendo alimentos e guias para suas viagens. Eles praticavam escambo (troca de mercadorias) com os espanhóis e com os portugueses de São Vicente e Santos.
viver é descobrir - história do paraná
15
Em carta escrita em 1549, o padre jesuíta Manuel da Nóbrega contou aos seus
superiores que os Carijó eram generosos e tinham também grande facilidade para
aprender a língua e aceitar a religião de portugueses e espanhóis.
Mais tarde, ao descobrir que podiam ser presos e escravizados e que teriam de
mudar suas crenças e seu modo de vida, os Carijó passaram a reagir à presença europeia e muitos foram mortos ou fugiram para o interior. Em meados do século XVII
(1601-1700), os Carijó estavam extintos. Por terem desaparecido tão rapidamente,
pouco sabemos hoje sobre sua história e cultura. Acredita-se que pertenciam a algum subgrupo guarani.
➤
AT I V I D A D E S
➤
1.O espanhol Alvar Nuñes Cabeza de Vaca conheceu os Carijó
na ilha de Santa Catarina, no atual estado de Santa Catarina. Ele deu
muitos presentes aos Carijó para convencê-los com mais facilidade a
acompanhá-lo como guias em sua viagem pelo interior do território.
Em sua opinião:
• Pelas informações que você leu sobre os Carijó, eles acompanharam a expedição de Cabeza de Vaca apenas pelos presentes
que receberam?
2.O que aconteceu com o povo carijó? Por que não temos muitas
informações sobre eles hoje em dia?
3.Copie o mapa político do Brasil atual (página 173) e faça o seguinte:
a) cubra a linha do litoral com lápis de cor azul;
Professor(a): O
trabalho com
mapas contribui
para que a
criança avalie as
mudanças das
configurações
espaciais no
tempo. Veja
no Manual do
Professor a
importância deste
tipo de trabalho.
b)escreva os nomes dos estados e do oceano que banha o Brasil;
c) escreva em cada lateral do mapa a direção cardeal correspondente (dica: esta informação consta do mapa original);
d)pinte os estados onde viviam os indígenas carijós. Lembre-se
de fazer a legenda para essa informação. Guarde esse mapa
para as próximas atividades.
➤Os Guarani
Os Guarani são falantes da língua guarani, da família linguística tupi-guarani.
Quando os europeus aqui chegaram, no século XVI, os Guarani habitavam uma
extensa faixa litorânea que se estende do sul do atual estado de São Paulo até o
16
viver é descobrir - história do paraná
He
r
be
rt
Ba
ld u
s.
Ac
oP
er v
lín io
sa
Ayro
. LIS A - U
SP, SP
rio Grande do sul, o interior da região centro-sul – correspondente aos atuais estados de
Mato Grosso do sul, são paulo, paraná,
santa catarina e rio Grande do sul – e os
atuais paraguai e bolívia, países vizinhos
do brasil. hoje em dia, estão presentes
também na argentina.
sua história anterior à chegada
dos europeus ao continente americano é marcada por inúmeros movimentos migratórios saindo da região
central do brasil em direção ao leste.
como resultado dessas migrações, muitos grupos guaranis chegaram ao litoral,
onde se estabeleceram.
Mulher guarani
fotografada em 1950, na
região Sul do Brasil.
segundo alguns estudiosos, esses movimentos migratórios foram motivados pela
busca da “terra sem mal”, que acreditavam estar localizada na direção em que o sol
aparece (leste).
por habitarem grandes extensões da faixa litorânea, os Guarani estão entre os
primeiros grupos indígenas que mantiveram contato com os exploradores e colonizadores europeus que vieram para a américa do sul no início do século Xvi.
além de caçadores e coletores, os Guarani também eram agricultores e
cultivavam o milho, a mandioca, a batata-doce. também coletavam e cultivavam
algumas ervas medicinais. com eles, os não índios aprenderam a técnica da
coivara.
suas aldeias eram formadas por grandes moradias retangulares, cobertas com folhas de palmeira, que abrigavam várias gerações de uma mesma família. a população
de uma aldeia guarani podia chegar a centenas de pessoas.
o chefe da aldeia, ou cacique, deveria gozar de prestígio e respeito entre seu
povo, mostrando qualidades como sabedoria e coragem, pois esperava-se que convivesse em harmonia com todos e defendesse a aldeia de perigos. seu sucessor era
seu filho mais velho ou o membro mais forte da família. outra figura importante na
cultura guarani era o paí ou karaí, o chefe espiritual ou religioso, que tinha o poder de
falar com os espíritos e curar doenças.
viver é descobrir - história do paraná
17
O respeito aos mais velhos é uma característica da cultura guarani que permanece até os dias atuais. Além de ser muito procuradas para dar conselhos, as pessoas
mais velhas eram a memória do povo e transmissoras dos costumes e das tradições
aos mais novos.
Os Guarani sempre foram muito religiosos, e essa religiosidade se expressa em
tudo o que fazem: no trabalho diário, nas brincadeiras das crianças, nas festas etc. Eles
estão sempre ligados ou em busca da força espiritual do deus Ñanderu, que criou
tudo o que existe na Terra: as matas, os animais, as águas, a terra em que plantam etc.
Para os Guarani Mbya, Ñanderu também criou o Sol, que, por sua vez, criou o primeiro Guarani. Além disso, ele ilumina a Terra e fornece a energia para que o planeta
possa ter vida.
Os Guarani dividem-se em subgrupos – Ñandeva, Mbya e Kaiowá – entre os quais
há diferenças nas formas linguísticas (dialetos ou variações da língua guarani), nos costumes, nas práticas rituais, na organização política e social e na orientação religiosa.
➤
AT I V I D A D E S
➤
1.No mapa do Brasil que você usou nas atividades passadas, pinte
os estados onde viviam e vivem os Guarani. Use uma cor ou outro recurso diferente do usado para os Carijó. Lembre-se de completar a legenda
com esse novo dado. Professor(a): Além das cores, podem ser usados os hachurados, que se
sobrepõem às cores sem prejuízo do entendimento.
2.Copie o mapa da América do Sul (página 174) e pinte os países
citados no texto: Paraguai, Bolívia e Argentina.
3.Qual era a importância das pessoas idosas para os Guarani?
4.Compare o modo como essas pessoas eram tratadas pelos Guarani
e como são tratadas hoje em dia e dê sua opinião.
5.Escreva duas diferenças entre suas crenças ou de sua família e as
crenças guaranis.
6.Informe:
a) A opinião de alguns estudiosos sobre o nomadismo do povo
guarani.
b)Alguns aspectos do modo de viver dos Guarani em relação à
moradia, alimentação e medicina.
c) Por que a prática da coivara pelos indígenas não trazia problemas ao meio ambiente como trazem as queimadas praticadas
pelos grandes proprietários de terras.
18
viver é descobrir - história do paraná
➤ Os Kaingang
Indígenas kaingangs
retratados por Johann
Moritz Rugendas no
início do século XIX.
viver é descobrir - história do paraná
Rugendas. Séc. XIX. Coleção particular
os Kaingang são um povo pertencente à família linguística jê. no século Xviii
(1701-1800), habitavam uma extensa área, delimitada, ao norte, pelo rio tietê (são
paulo) e, ao sul, pelo rio ijuí (rio Grande do sul).
para os Kaingang, o território é um espaço sagrado, pois dependem totalmente
dele para sobreviver e é nele que estão enterrados seus antepassados.
segundo o mito de origem kaingang, após um grande dilúvio, os irmãos Kaimé e
Kairu saíram do interior de uma serra onde haviam se protegido e passaram a criar
todos os seres da natureza e as regras de conduta para os seres humanos. Kaimé
criou as onças e as antas; Kairu criou as cobras e os veados, por exemplo.
as criações dos dois irmãos deram origem ao sistema de metades dos Kaingang,
que persiste ainda hoje. segundo esse sistema, todos os seres da natureza, incluindo
os seres humanos, possuem a marca de uma das metades e as características a elas
associadas, tais como: forte/fraco, alto/baixo, impetuoso/persistente.
por esse sistema, os casamentos devem ser feitos entre pessoas das metades
opostas, os Kaimé devem se casar com os Kairu e vice-versa. os filhos pertencem à
metade do pai.
os Kaingang geralmente tinham um lugar fixo de moradia e outros temporários.
sua moradia fixa localizava-se preferencialmente em local alto e descampado, próximo do qual faziam suas roças de milho, abóbora, feijão e amendoim. na fase de crescimento dos cultivos, eles se mudavam temporariamente para outros locais, como
as margens dos rios onde pescavam ou próximo dos pinheirais, onde coletavam o
pinhão. no tempo certo, retornavam à aldeia para fazer a colheita.
na alimentação dos Kaingang, o pinhão tinha grande impor tância. com ele,
faziam pães, caldos e outros alimentos. além disso, alimentavam-se de frutos
silvestres, mel e animais de caça, como o
cateto, o quati, o macaco, a anta, entre
outros. o favo de mel e a cera de abelha
também eram utilizados na impermeabilização de cestos nos quais armazenavam
mel, bebidas e outros produtos.
19
Gerson Sobreira/TerraStock
a responsabilidade de preparar a maioria dos alimentos era das mulheres, com
exceção da carne de caça, que era preparada pelos homens.
o chefe da aldeia tinha posição de destaque nas festas e funerais, mas, no restante do tempo, não tinha qualquer privilégio e trabalhava como todos os demais
membros do grupo. com sua morte, era sucedido pelo filho, desde que esse fosse
aceito pelos demais membros do grupo.
os primeiros contatos dos Kaingang com os não índios se deram no século
Xvii (1601-1700), com as missões e reduções jesuíticas. Mas foi no final do século Xviii (1701-1800) que esse contato foi efetivo e realmente prejudicial aos
indígenas. a região dos campos de Guarapuava, que habitavam, passou a ser cobiçada por interesses políticos e econômicos, e os Kaingang eram um obstáculo à
realização desses interesses. em 1810, o governo imperial enviou uma expedição
militar à região, dando início à guerra contra os Kaingang. essa guerra se amparava
numa Carta Régia, de 1809, que determinava o povoamento daquela região.
os resultados desses ataques foram a reclusão dos indígenas em aldeamentos, a escravização e muitas mor tes. além disso, muitos se dispersaram, fugindo
dos ataques; alguns aceitaram a presença dos brancos em suas terras enquanto
outros resistiram à invasão, provocando a divisão entre eles e colocando uns
contra os outros.
atualmente os Kaingang ocupam cerca de 30 áreas reduzidas, distribuídas sobre
seu antigo território, nos estados de são paulo, paraná, santa catarina e rio Grande
do sul, com uma população aproximada de 33 mil pessoas (Funasa, 2009).
Gerson Sobreira/TerraStock
Reserva Indígena
Apucaraninha, no município de
Tamarana, PR (2010).
Feira de artesanato,
em Londrina, PR, que exibe o
artesanato da Comunidade
Kaingang de Tamarana (2010).
20
viver é descobrir - história do paraná
➤
AT I V I D A D E S
➤
1.Localize num mapa do Brasil atual o território dos Kaingang, de
acordo com a descrição do texto. Dica: localize inicialmente os rios Tietê
(SP) e Ijuí (RS). Agora responda: por quais estados atuais esse território
se estendia?
2.Em duplas, releiam com atenção o texto sobre os Kaingang e ano-
tem o que ele informa sobre:
a) território;
b)mito de origem;
c) alimentação;
d)chefe da aldeia;
e) contato com os não índios.
3.Faça um quadro comparativo anotando as semelhanças e diferen-
ças entre os Kaingang e os Guarani apontadas nos textos.
4.Converse com os colegas sobre o seguinte: Por muito tempo, di-
vulgou-se a ideia de que as terras do atual Paraná eram desabitadas antes
da chegada dos colonizadores. Depois da leitura dos textos deste capítulo, como você contestaria essa ideia? Professor(a): Fique atento(a). Esta atividade propicia que
os alunos expressem o modo como pensam, o que será de
grande auxílio na escolha de suas opções pedagógicas.
➤Os Xetá
Os Xetá, cuja língua pertencia à família linguística tupi-guarani, foram o último
grupo indígena do Paraná a entrar em contato com a civilização de não índios à
sua volta.
Eles habitavam o noroeste do Paraná, na região conhecida como Serra dos Dourados, ao longo da margem esquerda do rio Ivaí até sua foz, no rio Paraná. Nessa região, hoje estão instalados os municípios de Umuarama, Cruzeiro do Oeste e Icaraíma.
Apesar de a presença dos Xetá em território paranaense ser conhecida desde
a década de 1940, eles eram arredios. O contato com não índios ocorreu em 1954
por iniciativa dos próprios Xetá, que se viam ameaçados em sua sobrevivência em
razão da ocupação de seu território por plantações, principalmente de café, criação
de gado e loteamentos.
A ação dos não índios nas terras xetás não parou e foi extremamente prejudicial a esse grupo indígena. Muitos deles foram mortos por armas de fogo ou
viver é descobrir - história do paraná
21
Vladimir Kozák. Acervo Museu Paranaense
por envenenamento; outros morreram por doenças transmitidas pelos não índios,
como gripe, sarampo e pneumonia. as moradias foram queimadas, e muitas crianças foram raptadas.
no final da década de 1950, eles já estavam praticamente extintos.
Indígenas xetás fotografados por
Vladimir Kozák (década de 1950).
em 1961, com a criação do parque nacional das sete Quedas, os Xetá tiveram
seu direito à terra reconhecido. Mas, com a extinção desse parque, em 1981, o compromisso com os Xetá foi ignorado.
em 1997, oito Xetá (três mulheres e cinco homens) viviam em terras indígenas
de outras etnias localizadas no paraná. apenas três deles falavam a língua de seu
povo. naquele mesmo ano, eles se encontraram em curitiba, no evento “encontro
Xetá: sobreviventes do extermínio”. na ocasião, foi elaborado um documento que
solicitava, entre outras reivindicações, o reconhecimento de seus descendentes com
o registro de seus nomes indígenas, a devolução de suas terras e uma indenização
pela tragédia que aconteceu com seu povo.
Muitas das crianças raptadas cresceram longe de seu grupo e se casaram com
indígenas de outras etnias e com não índios. assim, há estimativas que elevam para
42 o número de descendentes dos Xetá por parte de mãe ou de pai.
22
viver é descobrir - história do paraná
➤
AT I V I D A D E S
➤
1. Converse com um colega sobre a seguinte questão:
Na opinião de vocês, por que a existência dos Xetá foi observada
pelos não índios somente no século XX (década de 1940), enquanto os
outros indígenas que viviam no território do atual Paraná foram contatados alguns séculos antes disso?
2. Responda:
a) Por que os Xetá eram um empecilho para fazendeiros, colonos
e até para governantes?
b) Quais foram as formas de agir dos invasores do território xetá
e qual foi a consequência disso para os indígenas?
3. Explique com suas palavras o significado do nome do evento
ocorrido em 1997: “Encontro Xetá: Sobreviventes do Extermínio”.
4. Localize no mapa político do Paraná (página 169), os municípios
que ocupam atualmente o território dos Xetá.
Outro tempo no espaço brasileiro:
o manto dos Tupinambá
Inúmeros grupos indígenas viviam no litoral do Brasil quando os euTheodor de Bry. 1592. Coleção particular
ropeus aqui chegaram no século XVI. Entre eles, o mais numeroso que se
tem notícia eram os Tupinambá. Eles eram falantes
da língua tupinambá, também conhecida como tupi
antigo, do tronco linguístico
tupi, e ocupavam regiões litorâneas desde o Maranhão
até o Rio de Janeiro.
Homens tupinambás dançam em
um ritual religioso. No centro, estão
os líderes espirituais, que vestem
mantos de penas da ave guará.
Gravura de 1592.
viver é descobrir - história do paraná
23
Os Tupinambá tiveram atuação marcante na história do primeiro século de colonização portuguesa do Brasil. Eram tantos os falantes da língua
tupinambá que essa língua passou a ser usada por portugueses e outros
europeus que frequentavam o litoral brasileiro ou que habitavam as regiões
litorâneas. Os religiosos também aprendiam o tupinambá para catequizar
os indígenas na língua deles. O jesuíta José de Anchieta até escreveu uma
gramática dessa língua.
Apesar dessa presença numerosa e marcante, na metade do século XVII,
os Tupinambá foram dados como extintos.
Uma curiosidade da cultura tupinambá é um manto que cobria seus
líderes espirituais durante os rituais, como se pode ver na imagem da página
anterior.
Um desses mantos está em Paris (França) e é considerado importante
documento histórico por apresentar um capuz bordado com miçangas. Como os indígenas não produziam
miçangas, a existência delas indica a possibilidade de
o manto ter sido feito por indígenas que faziam trocas
com europeus antes de 1500.
Ed Viggiani/Folhapress
Esse manto, chamado de guará abacu, parecia uma capa e cobria a
pessoa até a altura dos joelhos. Era feito com penas vermelhas da ave guará,
presas numa trama de fibras naturais.
Os outros mantos tupinambás que se têm notícia
também estão em museus europeus na Itália, Bélgica e
Dinamarca.
Manto tupinambá do século XVI em exposição na
Mostra do Redescobrimento – Brasil + 500,
realizada em São Paulo (2000).
Outro tempo no espaço da América do Sul:
a sociedade inca
No extremo oeste da América do Sul, na região da cordilheira dos Andes, existiu uma civilização extremamente organizada, com cidades, construções monumentais em pedra, campos de cultivo irrigados, exército e milhões de habitantes. Era a sociedade inca, que existiu de 1200 a meados do
século XVI, quando os conquistadores espanhóis chegaram à América.
24
viver é descobrir - história do paraná
Os incas eram ótimos agricultores, arquitetos, engenheiros e construtores. Ainda hoje, a beleza e a técnica avançada de suas construções com
enormes blocos de pedra, perfeitamente encaixados sem o uso de argamassa, causam admiração e espanto.
Em seu auge, por volta de 1450, o império se estendia a regiões hoje pertencentes a Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina. A capital
era a cidade de Cuzco, no atual Peru.
Os incas eram governados por um imperador, chamado de Sapa Inca
– ou simplesmente Inca – que era visto como filho do deus Sol, a principal
divindade incaica. Todos os habitantes pagavam tributos e trabalhavam em
benefício do Inca. O imperador, por sua vez, tinha a responsabilidade de
garantir a produção de alimentos para todos os habitantes.
Corel Stock Photo
Um ataque do explorador espanhol Francisco Pizarro, em 1534, deu
início à destruição do império inca. O que restou dessa grande civilização
ainda pode ser visto
em Machu Picchu, no
Peru, por exemplo.
Vista aérea das ruínas
da cidade inca de
Machu Picchu, no Peru
(década de 1990).
➤
AT I V I D A D E S
➤
1. Em um atlas, localize a Europa e a América do Sul e os países europeus e sul-americanos citados nos textos sobre os Tupinambá e o império inca. Escolha um desses países e faça uma pesquisa sobre ele com
seu grupo. Depois, apresente o resultado da pesquisa aos outros colegas
da classe.
2. Formando dupla com um colega, discutam e escrevam a visão
de vocês sobre o que aconteceu com os povos indígenas no continente
americano a partir de 1500.
viver é descobrir - história do paraná
25
➤A situação atual
Atualmente, a população indígena que vive no Paraná é de cerca de 9 mil
pessoas, divididas entre os Guarani, Kaingang e Xetá, sendo a maioria Kaingang.
Grande parte dessa população vive nas dezessete Terras Indígenas (TIs) demarcadas e administradas pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
Paraná – Reservas indígenas atuais
ran
Pa
MATO GROSSO
DO SUL
Rio I v
a
nem
Barão de
Antonina
a
Legenda
Laranjinha
í
R
io
Trópico de
Capricórnio
pa
á
Rio Paran
a
Reservas
indígenas
São
Jerônimo
da Serra
Apucaraninha
Rio
Pinhalzinho
I ta
Mococa
Limites
estaduais
ra
ré
Fronteiras
internacionais
Ivaí
PARAGUAI
Ri
o
Faxinal
Pi
qu
iri
Queimadas
SÃO PAULO
Marrecas
Tekoha Añetete
Rio das Cobras
R i o I g u açu
Rio da Areia
ARGENTINA
Mangueirinha
Palmas
N
L
O
Rio
S
Fonte: Assessoria de Assuntos Indígenas. Governo do Paraná, 2005.
Igu
aç
u
Ri
o Iguaçu
R i o Ne
gr
SANTA CATARINA
50ºO
o
Ilha da
Cotinga
OCEANO
ATLÂNTICO
0
48
quiIômetros
Sonia Vaz
Ocoí
Apesar das grandes dificuldades, como pequena extensão das terras para as necessidades indígenas e poucos recursos, as TIs representam segurança para a sobrevivência física e cultural dos povos indígenas. Atualmente, muitos vivem da produção
de pequenas roças, da criação de animais, da venda de artesanato produzido pelas
mulheres e do trabalho como boias-frias, atividade que muitas vezes os levam a abandonar seus próprios roçados.
As dificuldades que encontram para sobreviver criaram um sentimento de coletividade na defesa das terras e da natureza, na preservação da língua, da religião, do
modo de pensar e de agir.
As TIs têm escolas com professores índios que alfabetizam as crianças na língua
guarani ou kaingang. Isso também tem contribuído para a valorização dos conhecimentos tradicionais e para a preservação da identidade cultural.
26
viver é descobrir - história do paraná
Gerson Sobreira/TerraStock
Gerson Sobreira/TerraStock
Construções na Reserva
Indígena Apucaraninha,
dos Kaingang, no
município de Tamarana,
PR (2010).
Rio Tibagi na Reserva
Indígena Apucaraninha,
dos Kaingang, no
município de Tamarana,
PR (2010).
a constituição brasileira de 1988, artigo 231, reconhece os direitos dos indígenas às suas terras tradicionais, à sua cultura e às suas tradições, mas as leis que
asseguram esses direitos ainda precisam ser aprovadas, caso do novo Estatuto dos
Povos Indígenas.
➤
AT I V I D A D E S
➤
1. Explique como os governantes do Brasil e do Paraná agiam em
relação ao direito dos indígenas à terra e quais foram as consequências
desse desrespeito para os indígenas do Paraná.
2. Responda:
a) Quais são os povos indígenas que vivem no estado do Paraná
atualmente?
b) O que são as TIs? O que elas representam para os indígenas?
c) O que as crianças indígenas aprendem nas escolas das TIs?
viver é descobrir - história do paraná
27
3. Converse com seus colegas:
• Em sua opinião, é importante que as crianças indígenas sejam
alfabetizadas na língua delas? Por quê?
4. Os Guarani sempre ensinaram às crianças os cânticos tradicionais
de sua cultura. Alguns desses cânticos estão gravados no CD Ñande Reko
Arandu – Memória viva Guarani e são cantados por crianças guaranis
de aldeias dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Capa do CD Ñande
Reko Arandu, cantado
por crianças guaranis.
Projeto Memória Viva Guarani –
Ñande Reko Arandu
Conheça a capa do CD.
• Peça a alguém de sua família para lhe ensinar uma música tradicional, como um cântico religioso, uma cantiga de roda ou uma
cantiga popular, por exemplo, e compartilhe-a com os colegas
da classe.
5. Dividam a classe em dois grupos: um grupo pesquisa o artigo
231 da Constituição, que se refere aos direitos dos povos indígenas, e o
outro pesquisa o Estatuto dos Povos Indígenas. Depois, apresentem suas
conclusões para a classe e discutam o conteúdo e a importância desses
documentos para a preservação da cultura indígena.
O dia a dia das crianças indígenas
O nascimento de uma criança indígena sempre foi motivo de alegria tanto
no passado como nos dias atuais. as mães nunca se separavam do bebê e o levavam para todos os lugares aonde iam. as irmãs mais velhas, os tios e os avós
ajudavam a cuidar da criança, que crescia acompanhando a família em todos os
afazeres do dia a dia. assim, ela crescia brincando e aprendendo sua língua, sua
história, as técnicas de trabalho e as maneiras de agir em diferentes situações.
28
viver é descobrir - história do paraná
Ro
sa
Ga
ud
it a
no
/
St
ud
io
R
o castigo físico de crianças era desconhecido pelos indígenas, que ficaram assustados quando conheceram esse tipo de ação entre os
não índios.
Crianças indígenas yanomâmis
colhendo mandioca na aldeia Demini,
no estado de Roraima (1991).
Rosa Gauditano/Studio R
os pais confeccionavam brinquedos com palha, barro ou madeira; eram miniaturas
dos objetos de uso cotidiano, como cestos, redes, arco e flecha, miniaturas de animais
e bonecas feitas com sabugo de milho. também faziam dobraduras de palha representando aves, macacos e sapos. enquanto os pais faziam esses brinquedos, iam ensinando
as crianças a desenvolverem habilidades para elas mesmas confeccionarem seus instrumentos de caça e pesca no futuro. por isso era comum ver crianças em canoas flechando peixes em companhia dos pais. as meninas aprendiam com a mãe a arte de torrar
farinha, trançar palhas, fazer cerâmica, cuidar de crianças, plantar e colher.
Crianças indígenas xavantes
no estado do Mato Grosso, MT (1999).
aprendendo a sobreviver na floresta, no campo ou no mar, sem muito “faz de
conta”, as crianças cozinhavam, caçavam, pescavam, coletavam e transportavam o que
podiam de acordo com a idade.
viver é descobrir - história do paraná
29
Escola para crianças
indígenas guaranis no
estado de São Paulo
(2006).
➤
AT I V I D A D E S
➤
1. Responda:
a) Como as pessoas mais velhas ajudam na educação das crianças
indígenas?
b) Como eram os brinquedos das crianças indígenas? Quem os
confeccionava?
c) O que os meninos aprendiam? E as meninas?
d) Como as crianças indígenas brincam atualmente?
2. Como é o dia a dia das crianças não índias que você conhece? Em
que ele é parecido e em que ele é diferente do dia a dia das crianças
indígenas?
3. Em sua opinião, as crianças indígenas atuais vivem como as do
passado? Por quê? Converse com seus colegas.
30
viver é descobrir - história do paraná
Rosa Gauditano/Studio R
com as mudanças que aconteceram no espaço indígena, muitas crianças indígenas atuais convivem também com outras brincadeiras e brinquedos. por exemplo,
meninas kaiapós utilizam tinta de jenipapo para fazer desenhos e pinturas corporais
da sua tradição cultural em bonecas de plástico. os meninos, pouco a pouco, deixam
de brincar com a peteca que faziam com palhas de milho para jogar futebol.
Mas nem por isso essas crianças deixam de ser guaranis, kaingangs, xetás ou kaiapós. nas terras indígenas existem escolas onde as crianças aprendem, além da língua
portuguesa, outros conteúdos sobre a história e a cultura de seu povo. seus professores são indígenas bilíngues (falam português e
kaingang, por exemplo)
e pessoas idosas, que
participam das atividades transmitindo o que
recordam das lendas e
tradições de seu povo.
Capítulo 3
A diversidade na formação
da sociedade brasileira
A vida em sociedade
(as regras e as leis na vida dos cidadãos)
Observe estas duas ilustrações.
— lÁ em casa eXisTe
uma reGra: TOdOs
almOçam JunTOs, na
mesma hOra!
B
Ilustrações: AMJ Studio
A
na ilustração a, a menina diz que na sua casa existe uma regra: “todos almoçam juntos, na mesma hora!”.
essa regra é importante para a família dela, mas pode não ser importante para
outras famílias.
na ilustração b, a placa de trânsito indica uma lei: “é proibido estacionar”. essa
lei proíbe que carros estacionem no local indicado. ela vale para todos os motoristas;
quem não seguir essa lei será punido com multa.
você percebeu a diferença que existe entre uma regra e uma lei?
as regras nem sempre valem para todas as pessoas que formam a nossa sociedade (como as regras de um jogo de futebol, por exemplo, que não valem para o
jogo de voleibol). Já as leis valem para todas as pessoas (cidadãos).
vamos dar outro exemplo: é lei que todos os pais registrem seus filhos ao
nascerem. esse é um direito que todas as crianças brasileiras têm e que os pais devem respeitar.
viver é descobrir - história do paraná
31
as leis surgiram para proporcionar bom relacionamento entre as pessoas que
vivem em sociedade.
você já pensou se, por exemplo, todos os motoristas parassem seus carros onde
bem entendessem? Que confusão seria nas grandes cidades!
➤ Constituição Federal
Captura via escâner
existem muitos tipos de leis e de regras com os quais
nós convivemos diariamente. no brasil existe um conjunto de leis fundamentais que se chama constituição da
república Federativa do brasil, ou simplesmente constituição Federal.
na constituição Federal estão as leis mais importantes da sociedade brasileira, pois nela estão definidas:
• a garantia dos direitos individuais e coletivos da
sociedade, ou seja, a garantia de que todos os cidadãos têm os mesmos direitos;
• a garantia de que os cidadãos têm o direito de
escolher seus governantes por meio do voto em
eleições livres;
• as regras de ação dos governantes (presidente da república, governadores
de estado, prefeitos, vereadores, deputados, senadores, militares, juízes, funcionários públicos em geral).
a atual constituição da república Federativa do brasil é de 1988 e foi elaborada
por brasileiros eleitos para representar o povo na “assembleia constituinte”.
a constituição Federal determina que o poder dos nossos governantes está
dividido em poder executivo, poder Legislativo e poder Judiciário. observe o quadro:
Três Poderes
32
no município
no estado
no país
Poder Executivo
(administra de
acordo com as leis)
prefeito
Governador
presidente
Poder Legislativo
(elabora leis
e fiscaliza a
administração
do poder
executivo)
vereadores
(câmara Municipal)
deputados
estaduais
(assembleia
Legislativa)
deputados federais
e senadores
(câmara dos
deputados e
senado Federal)
Poder judiciário
(fiscaliza e faz
cumprir as leis)
Poder Judiciário
(não há)
Juízes (tribunais
estaduais)
Juízes (supremo
tribunal Federal)
viver é descobrir - história do paraná
Cedido pela Assembleia Legislativa do Paraná
Os representantes dos Poderes
Executivo e Legislativo são eleitos
pelo povo. Os representantes do
Poder Judiciário são admitidos por
concursos públicos.
Deputados estaduais do Paraná em reunião
na Assembleia Legislativa, em Curitiba,
PR (2008).
➤
AT I V I D A D E S
➤
1. Escreva duas regras que existem em sua família. Depois, reúna-se
com mais dois colegas e encontrem as diferenças e as semelhanças
entre as regras das três famílias. Professor(a): Situações sobre as quais a criança reflete e expõe sua
realidade contribuem para a compreensão das diferenças.
2. Em grupo, pesquisem na Constituição Federal os artigos 226 e
227, que dizem respeito à família e à criança, e:
a) copiem um dos parágrafos dos artigos que vocês consideram
importantes para a vida das crianças índias e não índias;
b) apresentem para a turma o parágrafo da Constituição escolhido;
c) agora, com a turma, discutam a importância do artigo que a
maioria considerou muito importante.
3. Faça uma pesquisa e descubra:
a) o nome de um vereador do município onde você mora, de um
deputado estadual e de um deputado federal de nosso estado;
b) um projeto de lei de autoria de cada um deles. Comente esses
projetos e verifique se eles foram aprovados.
4. Escreva uma carta para um representante eleito em quem sua família votou comunicando o que você está achando das ações dele.
5. Pesquise em variadas fontes, como revistas, livros, jornais, pessoas
da família e de seu bairro ou internet, para descobrir se há leis que podem melhorar a vida das pessoas, mas que não são cumpridas. Discuta
suas descobertas com os colegas na sala de aula.
6. Que benefício você acha que precisa se tornar lei para favorecer
a população? Organize com seus colegas uma campanha na escola pedindo apoio a essa lei. Encaminhem a reivindicação para a Câmara dos
Vereadores do seu município.
VIVER É DESCOBRIR - HISTÓRIA DO PARANÁ
33
Constituições do Brasil
O Brasil já teve várias Constituições.
A primeira foi promulgada em 1824 (pelo governo imperial) e foi substituída pela primeira Constituição da República em 1891.
Em 1930, uma revolução depôs o presidente da República Washington
Luís, e Getúlio Vargas assumiu provisoriamente a presidência, enquanto
uma nova Constituição estava sendo preparada. Em 1934, a nova Constituição ficou pronta, e Getúlio Vargas se tornou presidente pelo voto indireto. Em 1937, ele se tornou ditador (governo autoritário) e impôs nova
Constituição; esse período foi chamado de Estado Novo, e Getúlio Vargas
governou com essa Constituição até 1945, quando deixou a presidência.
Em um total de sete Constituições, três (1824, 1937 e
1967) foram impostas pelo
governo. As quatro restantes
foram promulgadas por uma
Assembleia Constituinte eleita pelo povo.
Quadro representando os
políticos discutindo a primeira
Constituição da República,
de 1891, no fim do
século XIX.
F. Aurélio de Figueiredo e Melo – Compromisso Constitucional (detalhe). Museu da República, RJ
Em 1946, com o fim do governo autoritário, uma nova Constituição
passou a vigorar. Em 1964, os militares tomaram o poder e, em 1967,
mudaram novamente a Constituição. Com a saída dos militares do poder,
uma nova Constituição foi promulgada em 1988 e vigora até hoje.
Agora, responda:
a) Qual é a diferença entre uma Constituição promulgada por uma
Assembleia Constituinte e uma imposta pelo governo?
b) Quais as datas de promulgação das Constituições elaboradas de
forma democrática?
34
viver é descobrir - história do paraná
➤
AT I V I D A D E
➤
Você sabe planejar suas despesas? Imagine que você ganhou
R$ 100,00 e deve decidir como gastá-los.
Faça um planejamento do que pretende comprar, pesquise o preço e
decida se quer ou não guardar algum dinheiro. Organize o resultado em
um quadro como no modelo abaixo:
Professor(a): Consulte o Manual do Professor, página 39.
Em que vou gastar
Preço
Quanto vou guardar
a) Formem grupos de no máximo quatro alunos, comparem os planejamentos que fizeram e verifiquem:
• Vocês escolheram coisas parecidas? Quais?
• Quem vai gastar o dinheiro de maneira muito diferente? Por
quê?
b)Discutam as diferenças e semelhanças existentes entre os planejamentos e escrevam a conclusão a que chegaram.
Planejar e administrar
Ao fazer essa atividade, você deve ter percebido que um planejamento é feito
de acordo com o dinheiro que possuímos e com as necessidades de cada um.
É assim que os governos deveriam fazer com o dinheiro que a população recolhe aos cofres públicos na forma de impostos. Administrar o país, os estados e os
municípios é considerar as necessidades dos cidadãos e devolver o dinheiro dos
impostos em serviços de boa qualidade.
Isto é, o governo do estado, composto pelo governador e seus secretários (fiscalizados pelos deputados estaduais), deve realizar ações que tenham por objetivo
beneficiar a maioria da população paranaense, e não favorecer apenas algumas pessoas ou grupos.
A população do estado do Paraná, que é de 10.439.601 pessoas (segundo o
censo 2010), necessita, em seu dia a dia, de serviços básicos, como educação, saúde,
energia elétrica, água e esgoto, moradia, lazer, vias, meios de transporte etc.
É dever do governo planejar e admi­nistrar o dinheiro público para que ele seja
aplicado na geração de empregos e no atendimento ao direito dos paranaenses à
saúde, à educação, à segurança e ao transporte etc.
viver é descobrir - história do paraná
35
Gerson Sobreira/TerraStock
Quando um prefeito ilumina uma praça ou o governador inaugura uma estrada,
pode até parecer que eles estão fazendo um favor para a população. Mas não é assim.
é obrigação do estado levar melhorias para a população que, para ter acesso a esses
direitos, paga impostos e taxas de serviço.
alguns impostos já estão embutidos nos preços das mercadorias que consumimos; o mais conhecido deles é o icMs (imposto sobre circulação de Mercadorias e
serviços), o imposto que todos (ricos e pobres) pagam igualmente.
Thomaz Vita Neto/Pulsar
Posto móvel da Polícia Militar
em Londrina, PR (2008).
Estação tubo de transporte
coletivo em Curitiba, PR (2007).
➤
AT I V I D A D E S
➤
1. Por que devemos pagar os impostos e as taxas cobrados pelo Estado?
2. Qual é a diferença entre taxas e impostos?
3. Pesquise na família e anote no caderno:
a) Quais são os impostos e as taxas pagos por sua família?
b) Qual a opinião das pessoas de sua família sobre o pagamento
desses impostos e taxas?
4. Pesquise em jornais, revistas e sites notícias de ações do governo
que beneficiam a população paranaense. Recorte ou imprima as notícias
e monte com os colegas um painel.
Professor(a): Consulte o Manual do Professor, página 39.
36
viver é descobrir - história do paraná
De Comarca de Paranaguá a estado do Paraná
Atualmente o Paraná é um dos estados que formam o Brasil, mas nem sempre
Sonia Vaz
os governantes e a população tiveram autonomia para decidir o que era melhor para
os habitantes de nosso estado.
Quando os exploradores europeus começaram a ocupação das terras habitadas
pelos indígenas (século XVI), as terras brasileiras eram chamadas de colônia portuguesa, e quem dava as ordens eram os reis de Portugal e da Espanha.
No século XVIII, a área que hoje forma o estado do Paraná fazia parte da capitania de São Paulo, recebia o nome de Comarca de Paranaguá e tinha como sede
administrativa a Vila de Paranaguá. Em 1812 passou a ser chamada de Comarca de
Paranaguá e Curitiba, e a sede da Comarca mudou para a Vila de Curitiba. Foi somente em 1833 que recebeu o nome de 5a Comarca da Província de São Paulo. Durante
esse período, o atual estado do Paraná dependia das decisões dos governantes da
capitania (depois Província) de São Paulo e, por isso, não tinha autonomia política
para resolver suas necessidades.
CAPITANIA DE
MINAS GERAIS
CAPITANIA DE
MATO GROSSO
R. T
iet
Capitania
de São Paulo
em 1800
ê
COMARCA DE SÃO PAULO
ra
R.
Pa
R . I va í
ema
CAPITANIA
DO RIO
DE
JANEIRO
R. Tib
Trópico de
Capricórnio
ná
R . Pa r a n a p a n
agi
R.
Pi
qu
PARAGUAI
COMARCA
Tibagi
Castro
ir
i
DE
R. Iguaçu
Curitiba
Paranaguá
Guaratuba
PARANAGUÁ
CAPITANIA
DE SANTA
CATARINA
ARGENTINA
SÃO PEDRO
DO RIO GRANDE
DO SUL
OCEANO
ATLÂNTICO
N
L
O
0
50ºO
S
105
quiIômetros
Fonte: Atlas do Estado do Paraná. ITCF/Governo do Paraná, 2005.
A população, insatisfeita com a situação, reclamava muito das estradas ruins que
isolavam as cidades, dos impostos altos e da pouca atenção para seus problemas.
Tanto que em 1811, em 1821 e em outras ocasiões, aconteceram movimentos para
que a administração de São Paulo não tivesse mais autoridade sobre nossas terras,
mas ela se estendeu até 1853.
Foi em 19 de dezembro de 1853 que a 5a Comarca conseguiu sua autonomia
e se tornou Província do Paraná. Seu primeiro presidente foi o Sr. Zacarias de Góes
e Vasconcelos. Essa autonomia possibilitou que a antiga 5a Comarca, agora Província
VIVER É DESCOBRIR - HISTÓRIA DO PARANÁ
37
do paraná, começasse a se organizar para desenvolver a agricultura, o comércio, a
indústria, o transporte, a educação e a saúde.
apa
Província
do Paraná
em 1865
nema
o
Ri
Trópico de
Capricórnio
Pa
ran
á
Sonia Vaz
Rio Para
n
Rio
PROVÍNCIA DE
SÃO PAULO
Ita
Tibagi
ra
ré
PARAGUAI
Castro
o
Ri
Ri
be
ira
Curitiba
R i o I g uaç u
Paranaguá
Rio N
egro
Guaratuba
OCEANO
ATLÂNTICO
Área contestada
por Santa Catarina
ARGENTINA
PROVÍNCIA DE
SÃO PEDRO DO
RIO GRANDE DO SUL
N
PROVÍNCIA DE
SANTA CATARINA
L
O
S
0
50ºO
60
quiIômetros
Fonte: Atlas do Estado do Paraná. ITCF/Governo do Paraná, 2005.
em 1889, quando o brasil deixou de ser governado por um imperador e se
tornou uma república governada por um presidente, as províncias brasileiras
passaram a ser chamadas de estados. os governantes dos estados passaram a
ser eleitos pela população, como acontece até hoje, só que os votos não eram
secretos e os analfabetos não podiam votar, ao contrário do que ocorre atualmente.
➤
AT I V I D A D E S
➤
1. Leia e calcule:
a) Em 1833, o Paraná recebeu o nome de 5a Comarca da Província de São Paulo, até conquistar sua autonomia política como
Província do Paraná. Quanto tempo ainda durou esse período?
b) Em 1853, o Paraná passou a ter autonomia política. Há quantos
anos isso aconteceu? Qual era o século?
2. Responda:
a) Quais eram os principais problemas dos habitantes da 5a Comarca da Província de São Paulo?
b) Por que os moradores da 5a Comarca desejavam autonomia
política?
38
viver é descobrir - história do paraná
Diferentes cidadãos formam a sociedade brasileira
Com a proclamação da independência, em 1822, o brasil deixou de ser uma
viver é descobrir - história do paraná
Yvette Cardozo/Alamy/Otherimages
Photodisc/Getty Images
Photodisc/Getty Images
Photodisc/Getty Images
Jack Hollingsworth/Photodisc/Getty Images
Fábio Colombini
Stockdisc/Getty Images
Photodisc/Getty Images
colônia portuguesa e passou a ser um país independente. Quem nasce em seu território é cidadão brasileiro. o fato de ser cidadão brasileiro possibilita às pessoas a
participação em decisões sociais e políticas e torna todos responsáveis pelo cumprimento das leis e pelo respeito de uns pelos outros. a condição de cidadão brasileiro
está estabelecida na constituição Federal e não tem relação com as características
físicas das pessoas, como você pode ver nas fotos de brasileiros abaixo:
39
o documento de identidade informa a data e o local de nascimento das pessoas
(município, estado e país), mas isso é insuficiente para definir o que é “ser cidadão
brasileiro”. a língua que falamos, a alimentação, as leis, o esporte preferido, o folclore,
as crenças, as músicas, as datas cívicas, os fatos históricos, os símbolos, o espaço que
determina o território do país e outros aspectos formam o conjunto que identifica
o “cidadão brasileiro”.
a formação da sociedade brasileira aconteceu e continua acontecendo com a
chegada de pessoas de diversos lugares do planeta. elas vinham e vêm de sociedades
diferentes, com costumes e crenças próprios, e passavam e passam a conviver com
as pessoas que já moravam e moram aqui, influenciando-as e sofrendo influências.
nessa troca de experiências, o país brasil e a população brasileira foram e continuam
sendo formados.
➤ O cidadão brasileiro indígena
Rosa Gauditano/Studio R
pelo estudo dos textos do capítulo 2, vimos que desde há muito tempo o território onde vivemos e que chamamos de brasil era habitado por grupos indígenas
que organizavam este espaço e lhe davam outros nomes, definindo seu território
com uma história e cultura diferentes daquela construída pelos não índios.
tais diferenças são reconhecidas na constituição brasileira de 1988, que garante às pessoas indígenas os seus direitos, visto que todos são cidadãos brasileiros.
as pessoas indígenas têm direito também ao “registro na comunidade” onde nasceram, por exemplo. esse registro permite saber a qual tradição indígena (língua,
costumes, religião, usos) a pessoa pertence, se é Kaingang, Guarani, Xetá ou outra.
portanto, o registro é como uma “identificação étnica”, isto é, como uma carteira de
identidade que indica de
qual sociedade indígena
ela é descendente. esse registro é o reconhecimento
da individualidade histórica e cultural de sociedades
que habitavam este espaço antes da chegada dos
europeus.
Este cidadão brasileiro
mora em uma aldeia
yanomâmi no estado de
Roraima (1991).
40
viver é descobrir - história do paraná
➤
AT I V I D A D E S
1.Pesquise e anote:
➤
Professor(a): Consulte o Manual do Professor, página 40.
a) Na sala de aula:
• Quantos colegas nasceram no estado do Paraná?
• Quantos colegas nasceram no município onde vocês moram?
• Quantos colegas nasceram em outros estados brasileiros?
• A maioria nasceu no estado do Paraná ou fora dele?
b)Na família:
• Onde seus pais nasceram?
• Onde seus avós nasceram?
Professor(a): O trabalho com a diversidade
da origem familiar favorece o sentimento de
pertencimento. Atente para este e outros
aspectos que permeiam o trabalho com as
noções históricas.
• Onde seus bisavós nasceram?
2.Localize no mapa-múndi e no mapa do Brasil o país ou a região
brasileira de origem dos seus avós.
3.Responda às seguintes questões sobre a sua família:
a) Como é a alimentação e qual é a comida preferida da família?
Qual a origem dessa comida?
b)Qual a religião dela?
c) Quais são as músicas preferidas? E o esporte preferido?
d)Se seus avós ou bisavós não nasceram no Brasil, qual é a língua do país de origem deles?
4.Junte-se a dois colegas e comparem suas famílias com base nas
anotações. Respondam: em que elas se parecem? Em que elas se diferenciam?
5.Comente:
a) o que mais chamou a sua atenção na pesquisa que fez sobre a
sua família;
b)a diferença entre as famílias que mais representou novidade
para você.
6.Conte uma história sobre sua família para a classe. Informe quem
contou essa história para você.
viver é descobrir - história do paraná
41
7.Para cantar... e fazer teatro.
Eu
Paulo Tatit
Perguntei pra minha mãeE uma moça apareceu
– Mãe, onde é que você nasceu?
[...]
Ela então me respondeuEla desfez a confusão.
Que nasceu em Curitiba
[...]
Mas que sua mãe que é minha avóSe aquela moça esperta
Era filha de um gaúchoNão tivesse ali passado
[...]
[...]
Perguntei para o meu pai:Eu não teria bisavô
– Pai, onde é que você nasceu?Nem bisavó nem avô
Ele então me respondeuNem avó nem pai
Que nasceu lá em RecifePra casar com a minha mãe.
Mas seu pai que é meu avô
[...]
Era filho de baianoPois eu nem existiria
[...]
[...]
E que um dia foi caçado Pelo bando de Lampião.
[...]
Música Eu, de Paulo Tatit,
CD Palavra Cantada, 1999.
• Procure conhecer a letra completa dessa canção no CD Palavra
Cantada, de 1999. Depois, em folha avulsa, adapte a letra da canção à sua família. Montem um mural com todas as adaptações, para
que apareçam as diferentes histórias de formação de cada família.
➤Todos temos direito de sonhar
Professor(a): Consulte o Manual do Professor, página 40.
O que é sonhar?
Pergunta difícil de responder porque os sonhos podem ser entendidos e explicados de jeitos diferentes.
Para algumas pessoas, os sonhos pertencem à imaginação, não existem de
verdade e só acontecem quando dormimos. Eles nos levam para longe da realidade.
Há outras pessoas que entendem que os sonhos “sonhados de olhos abertos”
tornam-se desejos, expectativas, e que, procurando realizá-los, podemos mudar o
que não gostamos, ir a lugares e ao encontro de pessoas que queremos conhecer
ou de quem temos saudades, trazer alegria às pessoas que amamos, ajudar a mudar
a vida das pessoas, da cidade e do país.
42
viver é descobrir - história do paraná
Enfim, não importa se os sonhos são apenas imaginação ou se eles podem ser
realidade. É preciso continuar a sonhar e a desejar, e é melhor não fazer isso sozinho,
e sim compartilhando com as pessoas, pois:
“Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade”.
Prelúdio, Raul Seixas
➤
AT I V I D A D E S
➤
1.Podemos contar nossos sonhos e desejos de muitas maneiras.
Muitas pessoas contam seus sonhos através da poesia, da pintura, da fotografia e de muitas outras maneiras.
O poeta brasileiro Murilo Araújo, que nasceu no século XIX em Minas
Gerais, conta em poesia seus sonhos de menino. Conheça um deles.
Sonho de herói
Com um galho de bambu verde
e dois ramos de palmeira
eu hei de fazer um dia o meu cavalo
– com asas!
Subirei nele, com o vento, lá bem
alto, de carreira
[...]
E irei até as estrelas,
[...]
onde nunca foi ninguém...
In: Henriqueta Lisboa. Antologia poética para manter a infância e a juventude.
Rio de Janeiro: MEC, 1961.
Responda:
a) Qual é o sonho do menino do poema?
b)Como ele fará esse sonho se realizar?
c) Existe um cavalo com asas na realidade?
d)E no sonho?
2.Você e um(a) colega vão conversar sobre um sonho ou desejo de
cada um e criar uma colagem com os materiais que escolherem para representar esse sonho. Depois criem um “Painel dos sonhos da turma”.
viver é descobrir - história do paraná
43
➤ Sonhos de outras crianças do Brasil
conheça o sonho do brasileiro carlos adriano quando ele tinha 12 anos, em
março de 1993, e o compartilhou com teresa corrêa de araújo:
O que eu sonho?... Eu sonho é ter vida boa, andando de bicicleta pelo
mundo todo. Ler eu não sei muito, não. Mas já sei escrever o meu nome, da
minha mãe, dos meus irmãos... Um dia eu me cortei, saí de casa sem comer
e quando levantei o facão para cortar a cana... ele cortou foi minha mão.
Foi um corte feio, levei cinco pontos, mas não deixei de trabalhar, não.
ana dourado e outros. crianças e adolescentes nos canaviais de pernambuco.
in: Mary del priore (org.). História das crianças no Brasil.
são paulo: contexto, 1999, p. 430.
[...] tivessem terra, tivessem escola pra poder se
criar; que tivessem direito a
médico; que tivessem direito a tudo que era pra eles
se criarem e aprenderem
alguma coisa, pra quando
fosse na velhice não estar
que nem eu.
Sergio Ranalli/Pulsar
nesse relato, carlos adriano contou o que sonhava viver e também sobre o seu
dia a dia, revelando que era uma criança que trabalhava em canaviais, no caso dele, na
Zona da Mata do estado de pernambuco.
todas as crianças têm o direito de brincar, estudar e sonhar em andar “de bicicleta pelo mundo todo” ou o que quiserem. o relato de carlos adriano informa
que a ele foi negado o direito de “estudar” e o direito de “não trabalhar”. isso ainda
acontece a milhões de crianças e adolescentes brasileiros. eles são impedidos de
frequentar a escola porque têm de trabalhar em canaviais, carvoarias, plantações de
laranja ou mandioca, quebrando pedras, fazendo tijolos, quase sempre sem proteção
alguma contra acidentes.
Muitas crianças e adolescentes trabalham para ajudar sua família. Um desses pais,
que também trabalha em canaviais como cortador de cana desde os oito anos de
idade e que se preocupa com seus filhos, diz o que queria para eles:
idem.
Trabalhadores rurais no corte
da cana-de-açúcar em Nova
Fátima, PR (2009).
44
viver é descobrir - história do paraná