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4º./5º. ano Formada em História (UEl) e Pedagogia (Cesulon, atual Unifil), com especialização em ensino de Geografia (UEl). Mestre em Educação (Unimep) e Doutora em Educação (Unicamp). Docente do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina. Atuou como professora e assessora pedagógica de História e Geografia no Grupo de Apoio Técnico-Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação do Município de Londrina. Volume único MANUAL DO PROFESSOR HISTÓRIA Magda Madalena Tuma Nova edição VIVER É DESCOBRIR História do aranA 1ª. edição – São Paulo – 2011 Viver é Descobrir História do Paraná Copyright © Magda Madalena Peruzin Tuma, 2011 Todos os direitos reservados à EDITORA FTD S.A. Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 Internet: <www.ftd.com.br> E-mail: [email protected] DIRETORA EDITORIAL Silmara Sapiense Vespasiano EDITORA Débora Lima Editores assistentes Armando Alves de Lima Poliana F. Asturiano ASSISTENTES DE PRODUÇÃO Ana Paula Iazzetto Lilia Pires Assistente editoriaL Cláudia Casseb Sandoval PreparadorEs Geuid Dib Jardim Lucila Vrublevicius Segóvia Revisoras Bárbara Borges Juliana Ribeiro COORDENADOR DE PRODUÇÃO EDITORIAL Caio Leandro Rios editor DE ARTE e projeto gráfico Roque Michel Jr. Capa: Claudio Cuellar Foto da capa: Jardim Botânico, Curitiba. Thomaz Vita Neto/Pulsar Ilustrações que acompanham o projeto: AMJ Studio Cartografia: Sonia Vaz ICONOGRAFIA Pesquisa: Elizete Moura Santos Graciela Naliati Thaisi Lima Assistente de pesquisa: Cristina Mota EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Diagramação: Andréa Wolf Gowdak e Isabel Cristina Corandin Marques Tratamento de imagens: Vânia Ap. Maia de Oliveira Gerente de produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Tuma, Magda Madalena Viver é descobrir — história do Paraná, 4o. /5o. ano : volume único / Magda Madalena Tuma. — 1. ed. — São Paulo : FTD, 2011. Nova edição. ISBN 978-85-322-7860-9 ISBN 978-85-322-7861-6 1. Paraná – História (Ensino fundamental) I. Título. 11-03336 CDD-372.898162 Índices para catálogo sistemático: 1. Paraná : História : Ensino fundamental 372.898162 Sumário Capítulo 1 – O tempo e o documento na história da vida Você já observou que as pessoas são diferentes umas das outras? ............................. 5 Falando de você ......................................................................................................................................... 6 O tempo de vida medido .................................................................................................................... 8 Calendário egípcio ............................................................................................................................. 8 Calendário romano ........................................................................................................................... 8 Calendário asteca ............................................................................................................................... 9 Calendário cristão gregoriano ..................................................................................................... 9 Fotografias e pinturas: fontes para a história ............................................................................. 11 Capítulo 2 – O direito de ser diferente Olhares sobre as diferenças ................................................................................................................ 14 Os Carijó ................................................................................................................................................. 15 Os Guarani .............................................................................................................................................. 16 Os Kaingang ........................................................................................................................................... 19 Os Xetá .................................................................................................................................................... 21 A situação atual .................................................................................................................................... 26 O dia a dia das crianças indígenas ................................................................................................... 28 Capítulo 3 – A diversidade na formação da sociedade brasileira A vida em sociedade (as regras e as leis na vida dos cidadãos) .................................... 31 Constituição Federal ......................................................................................................................... 32 Planejar e administrar .............................................................................................................................. 35 De Comarca de Paranaguá a estado do Paraná ..................................................................... 37 Diferentes cidadãos formam a sociedade brasileira .............................................................. 39 O cidadão brasileiro indígena ...................................................................................................... 40 Todos temos direito de sonhar .................................................................................................. 42 Sonhos de outras crianças do Brasil ........................................................................................ 44 Capítulo 4 – Outros povos que formaram o Brasil Os europeus e o seu encontro com os habitantes da América .................................... 47 A ocupação espanhola no Paraná ............................................................................................. 52 As encomiendas ............................................................................................................................................ 53 As reduções ........................................................................................................................................... 55 Capítulo 5 – A ação portuguesa para a ocupação do território do Paraná A ocupação do litoral e do Primeiro Planalto .......................................................................... 60 Ouro nos ribeirões de Paranaguá ............................................................................................. 60 A vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais ............................................................................. 65 A ocupação do Segundo e do Terceiro Planalto ..................................................................... 68 Tropeirismo no Paraná .................................................................................................................... 68 A vida nas fazendas dos Campos Gerais .............................................................................. 71 Capítulo 6 – Trabalho transformado em exploração A exploração de uma pessoa pela outra: escravidão ............................................................ 74 O trabalho escravo atual ................................................................................................................ 76 Africanos escravizados ............................................................................................................................ 79 Resistir para viver: os quilombos ............................................................................................... 82 Escravidão no Paraná .............................................................................................................................. 83 As crianças escravizadas ........................................................................................................................ 85 As mulheres escravizadas ..................................................................................................................... 86 viver é descobrir - história do paraná 3 Capítulo 7 – O século XIX e as mudanças para o Brasil A Corte portuguesa chegou! O Brasil deixou de ser uma colônia ............................ 88 Brasil independente – Brasil Império ............................................................................................ 90 As relações de trabalho no Brasil imperial ................................................................................ 90 O trabalho das mulheres no século XIX ............................................................................. 93 A vida das crianças no século XIX .......................................................................................... 95 Os imigrantes .............................................................................................................................................. 97 A vida dos imigrantes no Brasil ................................................................................................. 99 Os imigrantes no Paraná ...................................................................................................................... 102 Movimentos migratórios internos .................................................................................................. 105 O problema da terra ....................................................................................................................... 105 Trabalhadores do campo na cidade ........................................................................................ 108 Capítulo 8 – A ocupação continua – séculos XIX e XX A ocupação do norte do Paraná .................................................................................................... 110 A ocupação do oeste do Paraná ..................................................................................................... 114 A ocupação do sudoeste do Paraná ............................................................................................. 116 A exploração da erva-mate na ocupação paranaense ....................................................... 119 Os engenhos ........................................................................................................................................ 121 A concorrência da erva estrangeira ....................................................................................... 121 A situação atual ................................................................................................................................... 122 A exploração da madeira paranaense ......................................................................................... 124 Capítulo 9 – A organização política da República Federativa do Brasil A República e as mudanças .................................................................................................................128 O estado do Paraná no início da República ..............................................................................130 Capítulo 10 – Mudanças no século XX (trabalho e industrialização) A industrialização brasileira e os trabalhadores no início do século XX ................. 134 As principais causas para o desenvolvimento das indústrias .................................... 135 A situação dos operários .............................................................................................................. 136 Os avanços tecnológicos e a mudança do cotidiano no século XX .......................... 142 A indústria no Paraná ............................................................................................................................. 145 Capítulo 11 – A arte na diversidade A arte dos indígenas ................................................................................................................................147 A arte dos africanos ................................................................................................................................149 A arte faz parte da cultura paranaense .......................................................................................150 Alguns talentos paranaenses ...............................................................................................................152 Historiadores .........................................................................................................................................152 Escritores .................................................................................................................................................152 Pintores .....................................................................................................................................................153 Cinema ......................................................................................................................................................153 Escultura ...................................................................................................................................................153 Música ........................................................................................................................................................153 Sugestões de leitura .................................................................................................................................... 154 Glossário ................................................................................................................................................................. 156 Apêndice I Os símbolos do Paraná ...................................................................................................................167 Paraná – Divisão dos municípios ...............................................................................................169 Municípios do Paraná .......................................................................................................................170 Apêndice II Brasil – Divisão política ......................................................................................................................... 173 América do Sul – Divisão política ................................................................................................... 174 Bibliografia.............................................................................................................................................................. 175 4 viver é descobrir - história do paraná Capítulo 1 O tempo e o documento na história de vida Você já observou que as pessoas são diferentes umas das outras? Elas podem ter a cor da pele e a dos olhos diferentes, podem ser altas ou baixas, umas têm cabelos longos, outras não têm cabelos... Algumas pessoas são comunicativas, riem alto, e outras costumam rir baixinho, para que ninguém perceba sua presença. Algumas falam pouco, mas há também aquelas que contam longas histórias aprendidas na vida ou em livros e que nos fazem viajar, sem sairmos do lugar... Assim como as pessoas são diferentes, as sociedades que elas formam também são diferentes umas das outras. Conhecer pessoas diferentes e sociedades diferentes nos ajuda a conhecer melhor o mundo em que vivemos. Mas como era e como é o “jeito de viver” das pessoas no planeta Terra? Será que podemos conhecer todos os “jeitos de viver” das diferentes sociedades? Como conhecer as sociedades em seu passado? Conhecer tudo isso pode ser um pouco difícil, mas é preciso começar. Que tal começar pela história da sociedade em que vivemos, o estado do Paraná? O melhor é começar falando de você. AMJ Studio Mas sabe de uma coisa? viver é descobrir - história do paraná 5 Falando de você Para se apresentar, você vai uti- Captura via esc âne r lizar o registro ou a certidão de nascimento, que é o primeiro documento que todo cidadão brasileiro precisa ter. nele encontramos a escrita correta do nome da pessoa, o lugar onde ela nasceu, o nome de seus pais, avós e outros dados. observe o registro de nascimento ao lado. conhecendo o seu registro de nascimento, você pode saber um pouco mais sobre você e sua família. vamos começar? ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1. Em uma folha de papel, posicionada verticalmente: a) Escreva o seu nome completo, a data de nascimento e a sua idade. b) Descreva como é a sua aparência física (cor da pele, dos olhos, dos cabelos e altura). c) Desenhe o seu autorretrato. 2. Com o(a) professor(a) e os(as) colegas, façam um varal na sala de aula e pendurem os autorretratos, da esquerda para a direita, começando pelo aluno mais velho da turma. AMJ Studio Para descobrir quem é o mais velho, ou seja, quem nasceu primeiro, comecem comparando o ano de nascimento. Para aqueles que nasceram no mesmo ano, comparem o mês de nascimento (quem nasceu em janeiro é mais velho que quem nasceu em fevereiro e assim por diante). Para aqueles que nasceram no mesmo ano e no mesmo mês, comparem o dia de nascimento. Professor(a): A rememoração e a ordenação temporal favorecem o diálogo entre o presente e o passado. Atente para tal aspecto. Leia mais no Manual do Professor, página 28. 6 viver é descobrir - história do paraná 3.Após a montagem do varal da turma, escreva em seu caderno: Professor(a): Veja uma sugestão de atividade complementar no Manual do Professor, página 29. a) Qual é a diferença de idade entre o colega mais novo e o mais velho da sala? Esclareça quantos são os dias e meses de diferença entre eles. b) Quantos na sala têm a mesma idade? Qual foi o critério usado para saber a idade de cada um e a diferença de idade entre vocês? c) Qual é o ano em que a maioria dos alunos da sala nasceu? d)Qual é o mês do ano em que a maioria dos alunos nasceu? e) Quem é o aluno mais alto da sala? Ele é o mais velho? f) A idade faz diferença para a altura? g) Compare seu autorretrato com uma fotografia recente e verifique o que é parecido e o que é diferente entre o seu desenho e a fotografia. 4. O registro de nascimento também é o documento utilizado para a confecção da carteira de identidade. Compare as informações da sua carteira de identidade e de seu registro de nascimento e verifique se são as mesmas. 5.Existem documentos que são obrigatórios para todas as pessoas. Pergunte a seus pais: a) Quais são os documentos que todos os brasileiros devem ter? Professor(a): Consulte o Manual do do Professor, página 31. b)Quais são os documentos que os brasileiros podem ter? Para que servem? 6.Faça em seu caderno a linha do tempo de sua vida. Comece escrevendo os anos desde seu nascimento até o ano em que estamos. Escreva a idade correspondente a cada ano de sua vida que deverá ser representado por 1 (um) centímetro. Observe o exemplo da linha de tempo de uma criança nascida em 2004: Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Idade nasceu 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Escreva em sua linha do tempo, abaixo do ano de nascimento e da idade correspondente, as informações pedidas a seguir: a) Ano em que você nasceu e no qual foi feito seu registro de nascimento. b) Nome do município e do estado onde você nasceu. c) Ano em que você entrou na escola. d) Ano de um acontecimento feliz de que você não se esquece. viver é descobrir - história do paraná 7 7.Escreva um fato que ocorreu antes e outro que ocorreu depois desse acontecimento feliz. 8.Pesquise o que acontecia no Brasil (ou no mundo) na década em que você nasceu e informe que fontes você utilizou em sua pesquisa. 9.O calendário ajudou você a localizar algumas das informações de que necessitou? Por quê? O tempo de vida medido Uma das informações que você pesquisou no seu registro de nascimento foi a data em que nasceu: o ano, o mês e o dia. Para escrever essa data, a pessoa que fez o registro consultou um dos instrumentos de medida de tempo mais usados: o calendário. Você sabia que o calendário usado atualmente nem sempre foi assim? Muito tempo atrás, as pessoas organizavam suas atividades usando como referência apenas a luminosidade do dia e a escuridão da noite. Com o passar do tempo, começaram a perceber outros aspectos da natureza que se repetiam regularmente e passaram a utilizá-los para organizar suas atividades. Perceberam, por exemplo, que as plantas têm um ciclo que é muito influenciado por fenômenos como frio, calor, chuva, seca etc. Perceberam, também, que muitas frutas só apareciam em determinadas épocas do ano. Esses e outros fenômenos que se repetiam regularmente foram sendo utilizados para marcar o tempo e confeccionar os calendários. Várias sociedades criaram seus próprios calendários, elaborados de acordo com seus conhecimentos e suas necessidades. Hoje se conhecem o calendário egípcio, o asteca, o romano, o cristão, o chinês, o muçulmano, o judeu e muitos outros. ➤Calendário egípcio O calendário dos egípcios é um dos mais antigos que se conhece. Ele tinha 365 dias, divididos em 11 meses de 30 dias e 1 mês de 35 dias, chamado de epagômenos. Os egípcios não davam nome aos meses, que eram identificados como “o primeiro”, “o segundo” etc. ➤Calendário romano Os romanos eram guerreiros e conquistadores. Em suas incontáveis conquistas, incorporaram muitos conhecimentos dos povos conquistados, os quais usaram para organizar um calendário próprio. 8 viver é descobrir - história do paraná Mariângela Haddad Representação de um calendário romano em forma de zodíaco, dividido em doze partes iguais, que representam os meses. Os meses recebiam nomes de deuses e imperadores romanos e eram representados por figuras. Ao lado do zodíaco, escreviam-se os números romanos de 1 a 30, que representavam os dias. Para identificar o mês e o dia correntes, havia um orifício nas bordas de cada figura ou número, no qual se colocava um pino de metal ou de madeira. os astecas possuíam um calendário detalhado e ricamente ilustrado. o ano tinha 360 dias, divididos em 18 meses de 20 dias e um mês de 5 dias, chamados “dias vazios” ou “dias fora do tempo”. Macduff Everton/The Image Works/ TopFoto/Keystone ➤ Calendário asteca Calendário asteca esculpido em pedra. ➤ Calendário cristão gregoriano o calendário que utilizamos atualmente é um calendário cristão, que recebeu esse nome porque inicia sua contagem a partir do nascimento de Jesus cristo. por exemplo, se você nasceu no ano de 2003, quer dizer que nasceu 2003 anos depois do nascimento de cristo. viver é descobrir - história do paraná 9 Editoria de arte para diferenciar os eventos que ocorreram antes do nascimento de cristo dos que ocorreram depois dele, foi criada a sigla a.c. (antes de cristo). por exemplo, o filósofo grego sócrates nasceu em 469 a.c., ou seja, 469 anos antes de cristo nascer. Nascimento de Jesus Cristo Século I Século I Século II 200 100 Século II 100 Ano I a.C. 200 d.C. o calendário cristão passou por várias mudanças e correções desde que foi criado. a última reforma ocorreu em 1582, a pedido do papa Gregório Xiii. a partir de então, esse calendário passou a ser conhecido como gregoriano. observe o calendário gregoriano para o ano de 2013. AMJ Studio 2013 observe algumas medidas de tempo que foram determinadas nesse calendário: • Um dia tem 24 horas. • Uma semana tem 7 dias. • Um mês tem 30 ou 31 dias, com exceção para o mês de fevereiro, que tem 28 ou 29 dias (ano bissexto). • Um ano é um período de 12 meses. • Uma década é um período de 10 anos. • Um século é um período de 100 anos. • Um milênio é um período de 1000 anos. 10 viver é descobrir - história do paraná ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1.Responda: a) Por que o nosso calendário é chamado de gregoriano? b)Por que o ano bissexto foi criado e como ele é? 2.Verifique a data de nascimento de seus pais e avós e calcule: a) A idade de seus pais quando você nasceu e a diferença de idade entre você e eles. b)E em relação aos seus avós? Quantos anos você é mais novo do que eles? c) Há quantos anos você faz parte do dia a dia de seus pais? 3.Cite uma diferença e uma semelhança entre o calendário gregoria- no e o calendário egípcio. Fotografias e pinturas: fontes para a história Professor(a): Consulte o Manual do Professor, página 34. As fotografias e as pinturas (telas, aquarelas, desenhos), assim como outras obras de arte (esculturas e monumentos, por exemplo), os diversos documentos escritos, os objetos, as construções, entre outros, são fontes históricas. Ou seja, elas nos dão informações sobre as pessoas e as sociedades do tempo em que foram feitas. No entanto, para que as fontes históricas nos deem todas as informações de que necessitamos, devemos conhecer, por exemplo, quando, por quem e para que foram feitas. Com relação às fotografias e às pinturas, para usá-las como fontes históricas, devemos conhecer: • quem tirou a foto ou fez a pintura; • quando foi feita (o ano, a década, o século ou até o milênio); • o lugar representado; • o que está sendo representado (um almoço, uma reunião, um passeio, uma batalha, uma caçada etc.); • quem aparece; • o que aconteceu antes e depois da realização da foto ou da pintura. viver é descobrir - história do paraná 11 ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1. Fotografias são documentos. Autor desconhecido. Arquivo do Estado de São Paulo, SP Olhe com atenção a fotografia abaixo. Alunos de um Jardim da Infância (1908). Agora, compare como você e seus colegas se vestem hoje com as roupas que as crianças vestiam antigamente. 2. Para que você entenda melhor o que uma fotografia pode nos contar sobre o passado, as pessoas e os lugares, assim como o que ela não conta, faça as atividades abaixo: a) Procure uma fotografia de quando você era bebê e verifique: • Como é a roupa que você está usando? • Qual é a cor dos seus cabelos? E dos olhos? • Você está sozinho ou há alguém com você? Quem? • Que mudanças ocorridas em você chamam mais atenção? b) Descubra conversando com sua família: • a data e o lugar onde foi tirada a foto; • o que acontecia e o nome das pessoas com quem você estava; • quem tirou a foto; • o que aconteceu naquele dia, antes e depois da foto, que não aparece nela. Esta atividade ajuda você a conhecer mais sobre o momento de sua vida que foi registrado na fotografia e a perceber quanta coisa a fotografia deixa de registrar. 12 viver é descobrir - história do paraná 3.Faça uma pesquisa sobre a sua vida e escreva em seu caderno tudo aquilo que lembrar e que descobrir sobre você. Conversar com seus pais, avós, tios, vizinhos e amigos ajudará muito. Fotos, roupas e brinquedos usados por você também ajudarão em sua pesquisa. 4.Após escrever sobre suas descobertas, leia com atenção, pense em como você é agora e responda em seu caderno: a) Você mudou? b) Quais são as diferenças entre o que você é hoje e como você era? c) O que mais chamou sua atenção? d)Em que você não mudou? 5.Forme dupla com um colega e conte as descobertas sobre sua história e ouça as descobertas dele. • Escreva em seu caderno algumas diferenças entre vocês e também em que são parecidos. 6.Contem para os colegas da turma suas descobertas e ouçam as de seus colegas. Divirtam-se com a alegria de se conhecerem melhor. 7.Para conhecer a história de outras sociedades e a história das pes- soas, utilizamos várias fontes históricas. Conheça exemplos de algumas dessas fontes: • escritas (jornais, registros de nascimento, registros de imóveis, revistas, livros); • orais (depoimentos, entrevistas de pessoas relacionadas a determinados acontecimentos); • audiovisuais (imagens e sons que fazem parte de filmes, documentários, assim como do cotidiano, registros sonoros de canções e musicais); • imagens (registradas em pinturas, desenhos e fotografias); • materiais (objetos como enfeites, roupas, móveis, monumentos, moradias e outros tipos de construção). Agora, responda. Na pesquisa que você fez sobre sua vida: a) Você utilizou fontes orais, escritas, audiovisuais, imagens e materiais? b)Por que escolheu essas fontes? c) Como você encontrou e onde estavam essas fontes? d)Quando foram feitas as fontes utilizadas? 8.Monte com seus colegas uma exposição das fontes históricas utili- zadadas por toda a turma na pesquisa. Bom trabalho e boas descobertas! viver é descobrir - história do paraná 13 Capítulo 2 O direito de ser diferente Digital Vision/Getty Images Olhares sobre as diferenças Rosa Gauditano/Studio R Crianças são sempre crianças, não importam as diferenças. Acima, crianças brincam em parquinho (década de 2000). Ao lado, crianças xavantes, no Mato Grosso (1999). Somos todos parecidos e também muito diferentes. ignorar, desrespeitar ou desvalorizar as diferenças pode gerar discriminação e violência. Foi o que aconteceu no continente americano com a chegada dos colonizadores europeus, a partir do século Xv. os valores de indígenas e europeus eram diferentes, e os europeus não respeitaram essas diferenças. os Krahô, que vivem no estado de tocantins, explicam as diferenças entre seu povo e os colonizadores e a violência sofrida pelo seu povo a partir da colonização europeia da seguinte forma: “há muito tempo, o herói criador do mundo ofereceu aos indígenas a possibilidade de escolher entre o arco e a flecha e a espingarda. eles escolheram o arco e a flecha. por esse engano, os brancos ficaram com as armas de fogo, com as quais destruíram os povos indígenas”. a explicação dos Krahô para a violência que os povos indígenas sofreram e ainda sofrem não significa que eles não lutaram para que sua cultura, suas terras e seus direitos fossem respeitados. eles lutaram e ainda lutam muito. 14 viver é descobrir - história do paraná ➤ AT I V I D A D E ➤ Procure em revistas, jornais, livros, sites ou noticiários da TV informações sobre a situação atual de um grupo indígena brasileiro. Anote algumas informações importantes que caracterizam esse grupo, como nome, língua, crenças, local onde vive, tipo de moradia, festas e rituais. Anote, também, a situação atual desse grupo em relação aos seus direitos. Lembre-se de informar o nome da(s) fonte(s) de pesquisa (livro, jornal, site etc.), a data e o local da publicação. Os grupos indígenas que você e seus colegas pesquisaram são uma pequena amostra da imensa diversidade indígena do Brasil. A língua é um bom exemplo dessa diversidade. Atualmente, ainda existem cerca de 180 línguas e dialetos falados pelos indígenas no Brasil. No espaço hoje conhecido como Brasil, desde muito antes de os colonizadores europeus chegarem, já viviam muitas sociedades indígenas, como os Tupinambá, os Xavante, os Bororo, os Tupi-Guarani, entre outros. No espaço do atual estado do Paraná, habitavam indígenas carijós, guaranis, kaingangs e xetás, calculados em cerca de 200 mil pessoas. As sociedades indígenas tinham costumes e línguas diferentes entre si, diferentes dos europeus que chegaram naquela época e diferentes dos nossos atuais. Essa diferença de costumes e valores entre indígenas e europeus foi motivo de agressões sofridas pelos indígenas. Por exemplo: para os indígenas, as matas eram muito importantes para a manutenção do modo de vida deles e deviam ser cuidadas e preservadas. Para os europeus, as matas representavam uma possibilidade de exploração e de riqueza com a venda da madeira e outros produtos. Para explorar a riqueza vegetal, os europeus não hesitaram em afugentar, atacar e até matar os indígenas. ➤Os Carijó Um dos primeiros povos indígenas com quem os europeus tiveram contato no século XVI (1501-1600) foram os Carijó, que viviam no litoral sul do Brasil, desde Cananeia, no atual estado de São Paulo, até o Rio Grande do Sul. Os Carijó geralmente eram amigáveis e receberam muitos europeus em suas aldeias, fornecendo alimentos e guias para suas viagens. Eles praticavam escambo (troca de mercadorias) com os espanhóis e com os portugueses de São Vicente e Santos. viver é descobrir - história do paraná 15 Em carta escrita em 1549, o padre jesuíta Manuel da Nóbrega contou aos seus superiores que os Carijó eram generosos e tinham também grande facilidade para aprender a língua e aceitar a religião de portugueses e espanhóis. Mais tarde, ao descobrir que podiam ser presos e escravizados e que teriam de mudar suas crenças e seu modo de vida, os Carijó passaram a reagir à presença europeia e muitos foram mortos ou fugiram para o interior. Em meados do século XVII (1601-1700), os Carijó estavam extintos. Por terem desaparecido tão rapidamente, pouco sabemos hoje sobre sua história e cultura. Acredita-se que pertenciam a algum subgrupo guarani. ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1.O espanhol Alvar Nuñes Cabeza de Vaca conheceu os Carijó na ilha de Santa Catarina, no atual estado de Santa Catarina. Ele deu muitos presentes aos Carijó para convencê-los com mais facilidade a acompanhá-lo como guias em sua viagem pelo interior do território. Em sua opinião: • Pelas informações que você leu sobre os Carijó, eles acompanharam a expedição de Cabeza de Vaca apenas pelos presentes que receberam? 2.O que aconteceu com o povo carijó? Por que não temos muitas informações sobre eles hoje em dia? 3.Copie o mapa político do Brasil atual (página 173) e faça o seguinte: a) cubra a linha do litoral com lápis de cor azul; Professor(a): O trabalho com mapas contribui para que a criança avalie as mudanças das configurações espaciais no tempo. Veja no Manual do Professor a importância deste tipo de trabalho. b)escreva os nomes dos estados e do oceano que banha o Brasil; c) escreva em cada lateral do mapa a direção cardeal correspondente (dica: esta informação consta do mapa original); d)pinte os estados onde viviam os indígenas carijós. Lembre-se de fazer a legenda para essa informação. Guarde esse mapa para as próximas atividades. ➤Os Guarani Os Guarani são falantes da língua guarani, da família linguística tupi-guarani. Quando os europeus aqui chegaram, no século XVI, os Guarani habitavam uma extensa faixa litorânea que se estende do sul do atual estado de São Paulo até o 16 viver é descobrir - história do paraná He r be rt Ba ld u s. Ac oP er v lín io sa Ayro . LIS A - U SP, SP rio Grande do sul, o interior da região centro-sul – correspondente aos atuais estados de Mato Grosso do sul, são paulo, paraná, santa catarina e rio Grande do sul – e os atuais paraguai e bolívia, países vizinhos do brasil. hoje em dia, estão presentes também na argentina. sua história anterior à chegada dos europeus ao continente americano é marcada por inúmeros movimentos migratórios saindo da região central do brasil em direção ao leste. como resultado dessas migrações, muitos grupos guaranis chegaram ao litoral, onde se estabeleceram. Mulher guarani fotografada em 1950, na região Sul do Brasil. segundo alguns estudiosos, esses movimentos migratórios foram motivados pela busca da “terra sem mal”, que acreditavam estar localizada na direção em que o sol aparece (leste). por habitarem grandes extensões da faixa litorânea, os Guarani estão entre os primeiros grupos indígenas que mantiveram contato com os exploradores e colonizadores europeus que vieram para a américa do sul no início do século Xvi. além de caçadores e coletores, os Guarani também eram agricultores e cultivavam o milho, a mandioca, a batata-doce. também coletavam e cultivavam algumas ervas medicinais. com eles, os não índios aprenderam a técnica da coivara. suas aldeias eram formadas por grandes moradias retangulares, cobertas com folhas de palmeira, que abrigavam várias gerações de uma mesma família. a população de uma aldeia guarani podia chegar a centenas de pessoas. o chefe da aldeia, ou cacique, deveria gozar de prestígio e respeito entre seu povo, mostrando qualidades como sabedoria e coragem, pois esperava-se que convivesse em harmonia com todos e defendesse a aldeia de perigos. seu sucessor era seu filho mais velho ou o membro mais forte da família. outra figura importante na cultura guarani era o paí ou karaí, o chefe espiritual ou religioso, que tinha o poder de falar com os espíritos e curar doenças. viver é descobrir - história do paraná 17 O respeito aos mais velhos é uma característica da cultura guarani que permanece até os dias atuais. Além de ser muito procuradas para dar conselhos, as pessoas mais velhas eram a memória do povo e transmissoras dos costumes e das tradições aos mais novos. Os Guarani sempre foram muito religiosos, e essa religiosidade se expressa em tudo o que fazem: no trabalho diário, nas brincadeiras das crianças, nas festas etc. Eles estão sempre ligados ou em busca da força espiritual do deus Ñanderu, que criou tudo o que existe na Terra: as matas, os animais, as águas, a terra em que plantam etc. Para os Guarani Mbya, Ñanderu também criou o Sol, que, por sua vez, criou o primeiro Guarani. Além disso, ele ilumina a Terra e fornece a energia para que o planeta possa ter vida. Os Guarani dividem-se em subgrupos – Ñandeva, Mbya e Kaiowá – entre os quais há diferenças nas formas linguísticas (dialetos ou variações da língua guarani), nos costumes, nas práticas rituais, na organização política e social e na orientação religiosa. ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1.No mapa do Brasil que você usou nas atividades passadas, pinte os estados onde viviam e vivem os Guarani. Use uma cor ou outro recurso diferente do usado para os Carijó. Lembre-se de completar a legenda com esse novo dado. Professor(a): Além das cores, podem ser usados os hachurados, que se sobrepõem às cores sem prejuízo do entendimento. 2.Copie o mapa da América do Sul (página 174) e pinte os países citados no texto: Paraguai, Bolívia e Argentina. 3.Qual era a importância das pessoas idosas para os Guarani? 4.Compare o modo como essas pessoas eram tratadas pelos Guarani e como são tratadas hoje em dia e dê sua opinião. 5.Escreva duas diferenças entre suas crenças ou de sua família e as crenças guaranis. 6.Informe: a) A opinião de alguns estudiosos sobre o nomadismo do povo guarani. b)Alguns aspectos do modo de viver dos Guarani em relação à moradia, alimentação e medicina. c) Por que a prática da coivara pelos indígenas não trazia problemas ao meio ambiente como trazem as queimadas praticadas pelos grandes proprietários de terras. 18 viver é descobrir - história do paraná ➤ Os Kaingang Indígenas kaingangs retratados por Johann Moritz Rugendas no início do século XIX. viver é descobrir - história do paraná Rugendas. Séc. XIX. Coleção particular os Kaingang são um povo pertencente à família linguística jê. no século Xviii (1701-1800), habitavam uma extensa área, delimitada, ao norte, pelo rio tietê (são paulo) e, ao sul, pelo rio ijuí (rio Grande do sul). para os Kaingang, o território é um espaço sagrado, pois dependem totalmente dele para sobreviver e é nele que estão enterrados seus antepassados. segundo o mito de origem kaingang, após um grande dilúvio, os irmãos Kaimé e Kairu saíram do interior de uma serra onde haviam se protegido e passaram a criar todos os seres da natureza e as regras de conduta para os seres humanos. Kaimé criou as onças e as antas; Kairu criou as cobras e os veados, por exemplo. as criações dos dois irmãos deram origem ao sistema de metades dos Kaingang, que persiste ainda hoje. segundo esse sistema, todos os seres da natureza, incluindo os seres humanos, possuem a marca de uma das metades e as características a elas associadas, tais como: forte/fraco, alto/baixo, impetuoso/persistente. por esse sistema, os casamentos devem ser feitos entre pessoas das metades opostas, os Kaimé devem se casar com os Kairu e vice-versa. os filhos pertencem à metade do pai. os Kaingang geralmente tinham um lugar fixo de moradia e outros temporários. sua moradia fixa localizava-se preferencialmente em local alto e descampado, próximo do qual faziam suas roças de milho, abóbora, feijão e amendoim. na fase de crescimento dos cultivos, eles se mudavam temporariamente para outros locais, como as margens dos rios onde pescavam ou próximo dos pinheirais, onde coletavam o pinhão. no tempo certo, retornavam à aldeia para fazer a colheita. na alimentação dos Kaingang, o pinhão tinha grande impor tância. com ele, faziam pães, caldos e outros alimentos. além disso, alimentavam-se de frutos silvestres, mel e animais de caça, como o cateto, o quati, o macaco, a anta, entre outros. o favo de mel e a cera de abelha também eram utilizados na impermeabilização de cestos nos quais armazenavam mel, bebidas e outros produtos. 19 Gerson Sobreira/TerraStock a responsabilidade de preparar a maioria dos alimentos era das mulheres, com exceção da carne de caça, que era preparada pelos homens. o chefe da aldeia tinha posição de destaque nas festas e funerais, mas, no restante do tempo, não tinha qualquer privilégio e trabalhava como todos os demais membros do grupo. com sua morte, era sucedido pelo filho, desde que esse fosse aceito pelos demais membros do grupo. os primeiros contatos dos Kaingang com os não índios se deram no século Xvii (1601-1700), com as missões e reduções jesuíticas. Mas foi no final do século Xviii (1701-1800) que esse contato foi efetivo e realmente prejudicial aos indígenas. a região dos campos de Guarapuava, que habitavam, passou a ser cobiçada por interesses políticos e econômicos, e os Kaingang eram um obstáculo à realização desses interesses. em 1810, o governo imperial enviou uma expedição militar à região, dando início à guerra contra os Kaingang. essa guerra se amparava numa Carta Régia, de 1809, que determinava o povoamento daquela região. os resultados desses ataques foram a reclusão dos indígenas em aldeamentos, a escravização e muitas mor tes. além disso, muitos se dispersaram, fugindo dos ataques; alguns aceitaram a presença dos brancos em suas terras enquanto outros resistiram à invasão, provocando a divisão entre eles e colocando uns contra os outros. atualmente os Kaingang ocupam cerca de 30 áreas reduzidas, distribuídas sobre seu antigo território, nos estados de são paulo, paraná, santa catarina e rio Grande do sul, com uma população aproximada de 33 mil pessoas (Funasa, 2009). Gerson Sobreira/TerraStock Reserva Indígena Apucaraninha, no município de Tamarana, PR (2010). Feira de artesanato, em Londrina, PR, que exibe o artesanato da Comunidade Kaingang de Tamarana (2010). 20 viver é descobrir - história do paraná ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1.Localize num mapa do Brasil atual o território dos Kaingang, de acordo com a descrição do texto. Dica: localize inicialmente os rios Tietê (SP) e Ijuí (RS). Agora responda: por quais estados atuais esse território se estendia? 2.Em duplas, releiam com atenção o texto sobre os Kaingang e ano- tem o que ele informa sobre: a) território; b)mito de origem; c) alimentação; d)chefe da aldeia; e) contato com os não índios. 3.Faça um quadro comparativo anotando as semelhanças e diferen- ças entre os Kaingang e os Guarani apontadas nos textos. 4.Converse com os colegas sobre o seguinte: Por muito tempo, di- vulgou-se a ideia de que as terras do atual Paraná eram desabitadas antes da chegada dos colonizadores. Depois da leitura dos textos deste capítulo, como você contestaria essa ideia? Professor(a): Fique atento(a). Esta atividade propicia que os alunos expressem o modo como pensam, o que será de grande auxílio na escolha de suas opções pedagógicas. ➤Os Xetá Os Xetá, cuja língua pertencia à família linguística tupi-guarani, foram o último grupo indígena do Paraná a entrar em contato com a civilização de não índios à sua volta. Eles habitavam o noroeste do Paraná, na região conhecida como Serra dos Dourados, ao longo da margem esquerda do rio Ivaí até sua foz, no rio Paraná. Nessa região, hoje estão instalados os municípios de Umuarama, Cruzeiro do Oeste e Icaraíma. Apesar de a presença dos Xetá em território paranaense ser conhecida desde a década de 1940, eles eram arredios. O contato com não índios ocorreu em 1954 por iniciativa dos próprios Xetá, que se viam ameaçados em sua sobrevivência em razão da ocupação de seu território por plantações, principalmente de café, criação de gado e loteamentos. A ação dos não índios nas terras xetás não parou e foi extremamente prejudicial a esse grupo indígena. Muitos deles foram mortos por armas de fogo ou viver é descobrir - história do paraná 21 Vladimir Kozák. Acervo Museu Paranaense por envenenamento; outros morreram por doenças transmitidas pelos não índios, como gripe, sarampo e pneumonia. as moradias foram queimadas, e muitas crianças foram raptadas. no final da década de 1950, eles já estavam praticamente extintos. Indígenas xetás fotografados por Vladimir Kozák (década de 1950). em 1961, com a criação do parque nacional das sete Quedas, os Xetá tiveram seu direito à terra reconhecido. Mas, com a extinção desse parque, em 1981, o compromisso com os Xetá foi ignorado. em 1997, oito Xetá (três mulheres e cinco homens) viviam em terras indígenas de outras etnias localizadas no paraná. apenas três deles falavam a língua de seu povo. naquele mesmo ano, eles se encontraram em curitiba, no evento “encontro Xetá: sobreviventes do extermínio”. na ocasião, foi elaborado um documento que solicitava, entre outras reivindicações, o reconhecimento de seus descendentes com o registro de seus nomes indígenas, a devolução de suas terras e uma indenização pela tragédia que aconteceu com seu povo. Muitas das crianças raptadas cresceram longe de seu grupo e se casaram com indígenas de outras etnias e com não índios. assim, há estimativas que elevam para 42 o número de descendentes dos Xetá por parte de mãe ou de pai. 22 viver é descobrir - história do paraná ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1. Converse com um colega sobre a seguinte questão: Na opinião de vocês, por que a existência dos Xetá foi observada pelos não índios somente no século XX (década de 1940), enquanto os outros indígenas que viviam no território do atual Paraná foram contatados alguns séculos antes disso? 2. Responda: a) Por que os Xetá eram um empecilho para fazendeiros, colonos e até para governantes? b) Quais foram as formas de agir dos invasores do território xetá e qual foi a consequência disso para os indígenas? 3. Explique com suas palavras o significado do nome do evento ocorrido em 1997: “Encontro Xetá: Sobreviventes do Extermínio”. 4. Localize no mapa político do Paraná (página 169), os municípios que ocupam atualmente o território dos Xetá. Outro tempo no espaço brasileiro: o manto dos Tupinambá Inúmeros grupos indígenas viviam no litoral do Brasil quando os euTheodor de Bry. 1592. Coleção particular ropeus aqui chegaram no século XVI. Entre eles, o mais numeroso que se tem notícia eram os Tupinambá. Eles eram falantes da língua tupinambá, também conhecida como tupi antigo, do tronco linguístico tupi, e ocupavam regiões litorâneas desde o Maranhão até o Rio de Janeiro. Homens tupinambás dançam em um ritual religioso. No centro, estão os líderes espirituais, que vestem mantos de penas da ave guará. Gravura de 1592. viver é descobrir - história do paraná 23 Os Tupinambá tiveram atuação marcante na história do primeiro século de colonização portuguesa do Brasil. Eram tantos os falantes da língua tupinambá que essa língua passou a ser usada por portugueses e outros europeus que frequentavam o litoral brasileiro ou que habitavam as regiões litorâneas. Os religiosos também aprendiam o tupinambá para catequizar os indígenas na língua deles. O jesuíta José de Anchieta até escreveu uma gramática dessa língua. Apesar dessa presença numerosa e marcante, na metade do século XVII, os Tupinambá foram dados como extintos. Uma curiosidade da cultura tupinambá é um manto que cobria seus líderes espirituais durante os rituais, como se pode ver na imagem da página anterior. Um desses mantos está em Paris (França) e é considerado importante documento histórico por apresentar um capuz bordado com miçangas. Como os indígenas não produziam miçangas, a existência delas indica a possibilidade de o manto ter sido feito por indígenas que faziam trocas com europeus antes de 1500. Ed Viggiani/Folhapress Esse manto, chamado de guará abacu, parecia uma capa e cobria a pessoa até a altura dos joelhos. Era feito com penas vermelhas da ave guará, presas numa trama de fibras naturais. Os outros mantos tupinambás que se têm notícia também estão em museus europeus na Itália, Bélgica e Dinamarca. Manto tupinambá do século XVI em exposição na Mostra do Redescobrimento – Brasil + 500, realizada em São Paulo (2000). Outro tempo no espaço da América do Sul: a sociedade inca No extremo oeste da América do Sul, na região da cordilheira dos Andes, existiu uma civilização extremamente organizada, com cidades, construções monumentais em pedra, campos de cultivo irrigados, exército e milhões de habitantes. Era a sociedade inca, que existiu de 1200 a meados do século XVI, quando os conquistadores espanhóis chegaram à América. 24 viver é descobrir - história do paraná Os incas eram ótimos agricultores, arquitetos, engenheiros e construtores. Ainda hoje, a beleza e a técnica avançada de suas construções com enormes blocos de pedra, perfeitamente encaixados sem o uso de argamassa, causam admiração e espanto. Em seu auge, por volta de 1450, o império se estendia a regiões hoje pertencentes a Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina. A capital era a cidade de Cuzco, no atual Peru. Os incas eram governados por um imperador, chamado de Sapa Inca – ou simplesmente Inca – que era visto como filho do deus Sol, a principal divindade incaica. Todos os habitantes pagavam tributos e trabalhavam em benefício do Inca. O imperador, por sua vez, tinha a responsabilidade de garantir a produção de alimentos para todos os habitantes. Corel Stock Photo Um ataque do explorador espanhol Francisco Pizarro, em 1534, deu início à destruição do império inca. O que restou dessa grande civilização ainda pode ser visto em Machu Picchu, no Peru, por exemplo. Vista aérea das ruínas da cidade inca de Machu Picchu, no Peru (década de 1990). ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1. Em um atlas, localize a Europa e a América do Sul e os países europeus e sul-americanos citados nos textos sobre os Tupinambá e o império inca. Escolha um desses países e faça uma pesquisa sobre ele com seu grupo. Depois, apresente o resultado da pesquisa aos outros colegas da classe. 2. Formando dupla com um colega, discutam e escrevam a visão de vocês sobre o que aconteceu com os povos indígenas no continente americano a partir de 1500. viver é descobrir - história do paraná 25 ➤A situação atual Atualmente, a população indígena que vive no Paraná é de cerca de 9 mil pessoas, divididas entre os Guarani, Kaingang e Xetá, sendo a maioria Kaingang. Grande parte dessa população vive nas dezessete Terras Indígenas (TIs) demarcadas e administradas pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Paraná – Reservas indígenas atuais ran Pa MATO GROSSO DO SUL Rio I v a nem Barão de Antonina a Legenda Laranjinha í R io Trópico de Capricórnio pa á Rio Paran a Reservas indígenas São Jerônimo da Serra Apucaraninha Rio Pinhalzinho I ta Mococa Limites estaduais ra ré Fronteiras internacionais Ivaí PARAGUAI Ri o Faxinal Pi qu iri Queimadas SÃO PAULO Marrecas Tekoha Añetete Rio das Cobras R i o I g u açu Rio da Areia ARGENTINA Mangueirinha Palmas N L O Rio S Fonte: Assessoria de Assuntos Indígenas. Governo do Paraná, 2005. Igu aç u Ri o Iguaçu R i o Ne gr SANTA CATARINA 50ºO o Ilha da Cotinga OCEANO ATLÂNTICO 0 48 quiIômetros Sonia Vaz Ocoí Apesar das grandes dificuldades, como pequena extensão das terras para as necessidades indígenas e poucos recursos, as TIs representam segurança para a sobrevivência física e cultural dos povos indígenas. Atualmente, muitos vivem da produção de pequenas roças, da criação de animais, da venda de artesanato produzido pelas mulheres e do trabalho como boias-frias, atividade que muitas vezes os levam a abandonar seus próprios roçados. As dificuldades que encontram para sobreviver criaram um sentimento de coletividade na defesa das terras e da natureza, na preservação da língua, da religião, do modo de pensar e de agir. As TIs têm escolas com professores índios que alfabetizam as crianças na língua guarani ou kaingang. Isso também tem contribuído para a valorização dos conhecimentos tradicionais e para a preservação da identidade cultural. 26 viver é descobrir - história do paraná Gerson Sobreira/TerraStock Gerson Sobreira/TerraStock Construções na Reserva Indígena Apucaraninha, dos Kaingang, no município de Tamarana, PR (2010). Rio Tibagi na Reserva Indígena Apucaraninha, dos Kaingang, no município de Tamarana, PR (2010). a constituição brasileira de 1988, artigo 231, reconhece os direitos dos indígenas às suas terras tradicionais, à sua cultura e às suas tradições, mas as leis que asseguram esses direitos ainda precisam ser aprovadas, caso do novo Estatuto dos Povos Indígenas. ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1. Explique como os governantes do Brasil e do Paraná agiam em relação ao direito dos indígenas à terra e quais foram as consequências desse desrespeito para os indígenas do Paraná. 2. Responda: a) Quais são os povos indígenas que vivem no estado do Paraná atualmente? b) O que são as TIs? O que elas representam para os indígenas? c) O que as crianças indígenas aprendem nas escolas das TIs? viver é descobrir - história do paraná 27 3. Converse com seus colegas: • Em sua opinião, é importante que as crianças indígenas sejam alfabetizadas na língua delas? Por quê? 4. Os Guarani sempre ensinaram às crianças os cânticos tradicionais de sua cultura. Alguns desses cânticos estão gravados no CD Ñande Reko Arandu – Memória viva Guarani e são cantados por crianças guaranis de aldeias dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Capa do CD Ñande Reko Arandu, cantado por crianças guaranis. Projeto Memória Viva Guarani – Ñande Reko Arandu Conheça a capa do CD. • Peça a alguém de sua família para lhe ensinar uma música tradicional, como um cântico religioso, uma cantiga de roda ou uma cantiga popular, por exemplo, e compartilhe-a com os colegas da classe. 5. Dividam a classe em dois grupos: um grupo pesquisa o artigo 231 da Constituição, que se refere aos direitos dos povos indígenas, e o outro pesquisa o Estatuto dos Povos Indígenas. Depois, apresentem suas conclusões para a classe e discutam o conteúdo e a importância desses documentos para a preservação da cultura indígena. O dia a dia das crianças indígenas O nascimento de uma criança indígena sempre foi motivo de alegria tanto no passado como nos dias atuais. as mães nunca se separavam do bebê e o levavam para todos os lugares aonde iam. as irmãs mais velhas, os tios e os avós ajudavam a cuidar da criança, que crescia acompanhando a família em todos os afazeres do dia a dia. assim, ela crescia brincando e aprendendo sua língua, sua história, as técnicas de trabalho e as maneiras de agir em diferentes situações. 28 viver é descobrir - história do paraná Ro sa Ga ud it a no / St ud io R o castigo físico de crianças era desconhecido pelos indígenas, que ficaram assustados quando conheceram esse tipo de ação entre os não índios. Crianças indígenas yanomâmis colhendo mandioca na aldeia Demini, no estado de Roraima (1991). Rosa Gauditano/Studio R os pais confeccionavam brinquedos com palha, barro ou madeira; eram miniaturas dos objetos de uso cotidiano, como cestos, redes, arco e flecha, miniaturas de animais e bonecas feitas com sabugo de milho. também faziam dobraduras de palha representando aves, macacos e sapos. enquanto os pais faziam esses brinquedos, iam ensinando as crianças a desenvolverem habilidades para elas mesmas confeccionarem seus instrumentos de caça e pesca no futuro. por isso era comum ver crianças em canoas flechando peixes em companhia dos pais. as meninas aprendiam com a mãe a arte de torrar farinha, trançar palhas, fazer cerâmica, cuidar de crianças, plantar e colher. Crianças indígenas xavantes no estado do Mato Grosso, MT (1999). aprendendo a sobreviver na floresta, no campo ou no mar, sem muito “faz de conta”, as crianças cozinhavam, caçavam, pescavam, coletavam e transportavam o que podiam de acordo com a idade. viver é descobrir - história do paraná 29 Escola para crianças indígenas guaranis no estado de São Paulo (2006). ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1. Responda: a) Como as pessoas mais velhas ajudam na educação das crianças indígenas? b) Como eram os brinquedos das crianças indígenas? Quem os confeccionava? c) O que os meninos aprendiam? E as meninas? d) Como as crianças indígenas brincam atualmente? 2. Como é o dia a dia das crianças não índias que você conhece? Em que ele é parecido e em que ele é diferente do dia a dia das crianças indígenas? 3. Em sua opinião, as crianças indígenas atuais vivem como as do passado? Por quê? Converse com seus colegas. 30 viver é descobrir - história do paraná Rosa Gauditano/Studio R com as mudanças que aconteceram no espaço indígena, muitas crianças indígenas atuais convivem também com outras brincadeiras e brinquedos. por exemplo, meninas kaiapós utilizam tinta de jenipapo para fazer desenhos e pinturas corporais da sua tradição cultural em bonecas de plástico. os meninos, pouco a pouco, deixam de brincar com a peteca que faziam com palhas de milho para jogar futebol. Mas nem por isso essas crianças deixam de ser guaranis, kaingangs, xetás ou kaiapós. nas terras indígenas existem escolas onde as crianças aprendem, além da língua portuguesa, outros conteúdos sobre a história e a cultura de seu povo. seus professores são indígenas bilíngues (falam português e kaingang, por exemplo) e pessoas idosas, que participam das atividades transmitindo o que recordam das lendas e tradições de seu povo. Capítulo 3 A diversidade na formação da sociedade brasileira A vida em sociedade (as regras e as leis na vida dos cidadãos) Observe estas duas ilustrações. — lÁ em casa eXisTe uma reGra: TOdOs almOçam JunTOs, na mesma hOra! B Ilustrações: AMJ Studio A na ilustração a, a menina diz que na sua casa existe uma regra: “todos almoçam juntos, na mesma hora!”. essa regra é importante para a família dela, mas pode não ser importante para outras famílias. na ilustração b, a placa de trânsito indica uma lei: “é proibido estacionar”. essa lei proíbe que carros estacionem no local indicado. ela vale para todos os motoristas; quem não seguir essa lei será punido com multa. você percebeu a diferença que existe entre uma regra e uma lei? as regras nem sempre valem para todas as pessoas que formam a nossa sociedade (como as regras de um jogo de futebol, por exemplo, que não valem para o jogo de voleibol). Já as leis valem para todas as pessoas (cidadãos). vamos dar outro exemplo: é lei que todos os pais registrem seus filhos ao nascerem. esse é um direito que todas as crianças brasileiras têm e que os pais devem respeitar. viver é descobrir - história do paraná 31 as leis surgiram para proporcionar bom relacionamento entre as pessoas que vivem em sociedade. você já pensou se, por exemplo, todos os motoristas parassem seus carros onde bem entendessem? Que confusão seria nas grandes cidades! ➤ Constituição Federal Captura via escâner existem muitos tipos de leis e de regras com os quais nós convivemos diariamente. no brasil existe um conjunto de leis fundamentais que se chama constituição da república Federativa do brasil, ou simplesmente constituição Federal. na constituição Federal estão as leis mais importantes da sociedade brasileira, pois nela estão definidas: • a garantia dos direitos individuais e coletivos da sociedade, ou seja, a garantia de que todos os cidadãos têm os mesmos direitos; • a garantia de que os cidadãos têm o direito de escolher seus governantes por meio do voto em eleições livres; • as regras de ação dos governantes (presidente da república, governadores de estado, prefeitos, vereadores, deputados, senadores, militares, juízes, funcionários públicos em geral). a atual constituição da república Federativa do brasil é de 1988 e foi elaborada por brasileiros eleitos para representar o povo na “assembleia constituinte”. a constituição Federal determina que o poder dos nossos governantes está dividido em poder executivo, poder Legislativo e poder Judiciário. observe o quadro: Três Poderes 32 no município no estado no país Poder Executivo (administra de acordo com as leis) prefeito Governador presidente Poder Legislativo (elabora leis e fiscaliza a administração do poder executivo) vereadores (câmara Municipal) deputados estaduais (assembleia Legislativa) deputados federais e senadores (câmara dos deputados e senado Federal) Poder judiciário (fiscaliza e faz cumprir as leis) Poder Judiciário (não há) Juízes (tribunais estaduais) Juízes (supremo tribunal Federal) viver é descobrir - história do paraná Cedido pela Assembleia Legislativa do Paraná Os representantes dos Poderes Executivo e Legislativo são eleitos pelo povo. Os representantes do Poder Judiciário são admitidos por concursos públicos. Deputados estaduais do Paraná em reunião na Assembleia Legislativa, em Curitiba, PR (2008). ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1. Escreva duas regras que existem em sua família. Depois, reúna-se com mais dois colegas e encontrem as diferenças e as semelhanças entre as regras das três famílias. Professor(a): Situações sobre as quais a criança reflete e expõe sua realidade contribuem para a compreensão das diferenças. 2. Em grupo, pesquisem na Constituição Federal os artigos 226 e 227, que dizem respeito à família e à criança, e: a) copiem um dos parágrafos dos artigos que vocês consideram importantes para a vida das crianças índias e não índias; b) apresentem para a turma o parágrafo da Constituição escolhido; c) agora, com a turma, discutam a importância do artigo que a maioria considerou muito importante. 3. Faça uma pesquisa e descubra: a) o nome de um vereador do município onde você mora, de um deputado estadual e de um deputado federal de nosso estado; b) um projeto de lei de autoria de cada um deles. Comente esses projetos e verifique se eles foram aprovados. 4. Escreva uma carta para um representante eleito em quem sua família votou comunicando o que você está achando das ações dele. 5. Pesquise em variadas fontes, como revistas, livros, jornais, pessoas da família e de seu bairro ou internet, para descobrir se há leis que podem melhorar a vida das pessoas, mas que não são cumpridas. Discuta suas descobertas com os colegas na sala de aula. 6. Que benefício você acha que precisa se tornar lei para favorecer a população? Organize com seus colegas uma campanha na escola pedindo apoio a essa lei. Encaminhem a reivindicação para a Câmara dos Vereadores do seu município. VIVER É DESCOBRIR - HISTÓRIA DO PARANÁ 33 Constituições do Brasil O Brasil já teve várias Constituições. A primeira foi promulgada em 1824 (pelo governo imperial) e foi substituída pela primeira Constituição da República em 1891. Em 1930, uma revolução depôs o presidente da República Washington Luís, e Getúlio Vargas assumiu provisoriamente a presidência, enquanto uma nova Constituição estava sendo preparada. Em 1934, a nova Constituição ficou pronta, e Getúlio Vargas se tornou presidente pelo voto indireto. Em 1937, ele se tornou ditador (governo autoritário) e impôs nova Constituição; esse período foi chamado de Estado Novo, e Getúlio Vargas governou com essa Constituição até 1945, quando deixou a presidência. Em um total de sete Constituições, três (1824, 1937 e 1967) foram impostas pelo governo. As quatro restantes foram promulgadas por uma Assembleia Constituinte eleita pelo povo. Quadro representando os políticos discutindo a primeira Constituição da República, de 1891, no fim do século XIX. F. Aurélio de Figueiredo e Melo – Compromisso Constitucional (detalhe). Museu da República, RJ Em 1946, com o fim do governo autoritário, uma nova Constituição passou a vigorar. Em 1964, os militares tomaram o poder e, em 1967, mudaram novamente a Constituição. Com a saída dos militares do poder, uma nova Constituição foi promulgada em 1988 e vigora até hoje. Agora, responda: a) Qual é a diferença entre uma Constituição promulgada por uma Assembleia Constituinte e uma imposta pelo governo? b) Quais as datas de promulgação das Constituições elaboradas de forma democrática? 34 viver é descobrir - história do paraná ➤ AT I V I D A D E ➤ Você sabe planejar suas despesas? Imagine que você ganhou R$ 100,00 e deve decidir como gastá-los. Faça um planejamento do que pretende comprar, pesquise o preço e decida se quer ou não guardar algum dinheiro. Organize o resultado em um quadro como no modelo abaixo: Professor(a): Consulte o Manual do Professor, página 39. Em que vou gastar Preço Quanto vou guardar a) Formem grupos de no máximo quatro alunos, comparem os planejamentos que fizeram e verifiquem: • Vocês escolheram coisas parecidas? Quais? • Quem vai gastar o dinheiro de maneira muito diferente? Por quê? b)Discutam as diferenças e semelhanças existentes entre os planejamentos e escrevam a conclusão a que chegaram. Planejar e administrar Ao fazer essa atividade, você deve ter percebido que um planejamento é feito de acordo com o dinheiro que possuímos e com as necessidades de cada um. É assim que os governos deveriam fazer com o dinheiro que a população recolhe aos cofres públicos na forma de impostos. Administrar o país, os estados e os municípios é considerar as necessidades dos cidadãos e devolver o dinheiro dos impostos em serviços de boa qualidade. Isto é, o governo do estado, composto pelo governador e seus secretários (fiscalizados pelos deputados estaduais), deve realizar ações que tenham por objetivo beneficiar a maioria da população paranaense, e não favorecer apenas algumas pessoas ou grupos. A população do estado do Paraná, que é de 10.439.601 pessoas (segundo o censo 2010), necessita, em seu dia a dia, de serviços básicos, como educação, saúde, energia elétrica, água e esgoto, moradia, lazer, vias, meios de transporte etc. É dever do governo planejar e administrar o dinheiro público para que ele seja aplicado na geração de empregos e no atendimento ao direito dos paranaenses à saúde, à educação, à segurança e ao transporte etc. viver é descobrir - história do paraná 35 Gerson Sobreira/TerraStock Quando um prefeito ilumina uma praça ou o governador inaugura uma estrada, pode até parecer que eles estão fazendo um favor para a população. Mas não é assim. é obrigação do estado levar melhorias para a população que, para ter acesso a esses direitos, paga impostos e taxas de serviço. alguns impostos já estão embutidos nos preços das mercadorias que consumimos; o mais conhecido deles é o icMs (imposto sobre circulação de Mercadorias e serviços), o imposto que todos (ricos e pobres) pagam igualmente. Thomaz Vita Neto/Pulsar Posto móvel da Polícia Militar em Londrina, PR (2008). Estação tubo de transporte coletivo em Curitiba, PR (2007). ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1. Por que devemos pagar os impostos e as taxas cobrados pelo Estado? 2. Qual é a diferença entre taxas e impostos? 3. Pesquise na família e anote no caderno: a) Quais são os impostos e as taxas pagos por sua família? b) Qual a opinião das pessoas de sua família sobre o pagamento desses impostos e taxas? 4. Pesquise em jornais, revistas e sites notícias de ações do governo que beneficiam a população paranaense. Recorte ou imprima as notícias e monte com os colegas um painel. Professor(a): Consulte o Manual do Professor, página 39. 36 viver é descobrir - história do paraná De Comarca de Paranaguá a estado do Paraná Atualmente o Paraná é um dos estados que formam o Brasil, mas nem sempre Sonia Vaz os governantes e a população tiveram autonomia para decidir o que era melhor para os habitantes de nosso estado. Quando os exploradores europeus começaram a ocupação das terras habitadas pelos indígenas (século XVI), as terras brasileiras eram chamadas de colônia portuguesa, e quem dava as ordens eram os reis de Portugal e da Espanha. No século XVIII, a área que hoje forma o estado do Paraná fazia parte da capitania de São Paulo, recebia o nome de Comarca de Paranaguá e tinha como sede administrativa a Vila de Paranaguá. Em 1812 passou a ser chamada de Comarca de Paranaguá e Curitiba, e a sede da Comarca mudou para a Vila de Curitiba. Foi somente em 1833 que recebeu o nome de 5a Comarca da Província de São Paulo. Durante esse período, o atual estado do Paraná dependia das decisões dos governantes da capitania (depois Província) de São Paulo e, por isso, não tinha autonomia política para resolver suas necessidades. CAPITANIA DE MINAS GERAIS CAPITANIA DE MATO GROSSO R. T iet Capitania de São Paulo em 1800 ê COMARCA DE SÃO PAULO ra R. Pa R . I va í ema CAPITANIA DO RIO DE JANEIRO R. Tib Trópico de Capricórnio ná R . Pa r a n a p a n agi R. Pi qu PARAGUAI COMARCA Tibagi Castro ir i DE R. Iguaçu Curitiba Paranaguá Guaratuba PARANAGUÁ CAPITANIA DE SANTA CATARINA ARGENTINA SÃO PEDRO DO RIO GRANDE DO SUL OCEANO ATLÂNTICO N L O 0 50ºO S 105 quiIômetros Fonte: Atlas do Estado do Paraná. ITCF/Governo do Paraná, 2005. A população, insatisfeita com a situação, reclamava muito das estradas ruins que isolavam as cidades, dos impostos altos e da pouca atenção para seus problemas. Tanto que em 1811, em 1821 e em outras ocasiões, aconteceram movimentos para que a administração de São Paulo não tivesse mais autoridade sobre nossas terras, mas ela se estendeu até 1853. Foi em 19 de dezembro de 1853 que a 5a Comarca conseguiu sua autonomia e se tornou Província do Paraná. Seu primeiro presidente foi o Sr. Zacarias de Góes e Vasconcelos. Essa autonomia possibilitou que a antiga 5a Comarca, agora Província VIVER É DESCOBRIR - HISTÓRIA DO PARANÁ 37 do paraná, começasse a se organizar para desenvolver a agricultura, o comércio, a indústria, o transporte, a educação e a saúde. apa Província do Paraná em 1865 nema o Ri Trópico de Capricórnio Pa ran á Sonia Vaz Rio Para n Rio PROVÍNCIA DE SÃO PAULO Ita Tibagi ra ré PARAGUAI Castro o Ri Ri be ira Curitiba R i o I g uaç u Paranaguá Rio N egro Guaratuba OCEANO ATLÂNTICO Área contestada por Santa Catarina ARGENTINA PROVÍNCIA DE SÃO PEDRO DO RIO GRANDE DO SUL N PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA L O S 0 50ºO 60 quiIômetros Fonte: Atlas do Estado do Paraná. ITCF/Governo do Paraná, 2005. em 1889, quando o brasil deixou de ser governado por um imperador e se tornou uma república governada por um presidente, as províncias brasileiras passaram a ser chamadas de estados. os governantes dos estados passaram a ser eleitos pela população, como acontece até hoje, só que os votos não eram secretos e os analfabetos não podiam votar, ao contrário do que ocorre atualmente. ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1. Leia e calcule: a) Em 1833, o Paraná recebeu o nome de 5a Comarca da Província de São Paulo, até conquistar sua autonomia política como Província do Paraná. Quanto tempo ainda durou esse período? b) Em 1853, o Paraná passou a ter autonomia política. Há quantos anos isso aconteceu? Qual era o século? 2. Responda: a) Quais eram os principais problemas dos habitantes da 5a Comarca da Província de São Paulo? b) Por que os moradores da 5a Comarca desejavam autonomia política? 38 viver é descobrir - história do paraná Diferentes cidadãos formam a sociedade brasileira Com a proclamação da independência, em 1822, o brasil deixou de ser uma viver é descobrir - história do paraná Yvette Cardozo/Alamy/Otherimages Photodisc/Getty Images Photodisc/Getty Images Photodisc/Getty Images Jack Hollingsworth/Photodisc/Getty Images Fábio Colombini Stockdisc/Getty Images Photodisc/Getty Images colônia portuguesa e passou a ser um país independente. Quem nasce em seu território é cidadão brasileiro. o fato de ser cidadão brasileiro possibilita às pessoas a participação em decisões sociais e políticas e torna todos responsáveis pelo cumprimento das leis e pelo respeito de uns pelos outros. a condição de cidadão brasileiro está estabelecida na constituição Federal e não tem relação com as características físicas das pessoas, como você pode ver nas fotos de brasileiros abaixo: 39 o documento de identidade informa a data e o local de nascimento das pessoas (município, estado e país), mas isso é insuficiente para definir o que é “ser cidadão brasileiro”. a língua que falamos, a alimentação, as leis, o esporte preferido, o folclore, as crenças, as músicas, as datas cívicas, os fatos históricos, os símbolos, o espaço que determina o território do país e outros aspectos formam o conjunto que identifica o “cidadão brasileiro”. a formação da sociedade brasileira aconteceu e continua acontecendo com a chegada de pessoas de diversos lugares do planeta. elas vinham e vêm de sociedades diferentes, com costumes e crenças próprios, e passavam e passam a conviver com as pessoas que já moravam e moram aqui, influenciando-as e sofrendo influências. nessa troca de experiências, o país brasil e a população brasileira foram e continuam sendo formados. ➤ O cidadão brasileiro indígena Rosa Gauditano/Studio R pelo estudo dos textos do capítulo 2, vimos que desde há muito tempo o território onde vivemos e que chamamos de brasil era habitado por grupos indígenas que organizavam este espaço e lhe davam outros nomes, definindo seu território com uma história e cultura diferentes daquela construída pelos não índios. tais diferenças são reconhecidas na constituição brasileira de 1988, que garante às pessoas indígenas os seus direitos, visto que todos são cidadãos brasileiros. as pessoas indígenas têm direito também ao “registro na comunidade” onde nasceram, por exemplo. esse registro permite saber a qual tradição indígena (língua, costumes, religião, usos) a pessoa pertence, se é Kaingang, Guarani, Xetá ou outra. portanto, o registro é como uma “identificação étnica”, isto é, como uma carteira de identidade que indica de qual sociedade indígena ela é descendente. esse registro é o reconhecimento da individualidade histórica e cultural de sociedades que habitavam este espaço antes da chegada dos europeus. Este cidadão brasileiro mora em uma aldeia yanomâmi no estado de Roraima (1991). 40 viver é descobrir - história do paraná ➤ AT I V I D A D E S 1.Pesquise e anote: ➤ Professor(a): Consulte o Manual do Professor, página 40. a) Na sala de aula: • Quantos colegas nasceram no estado do Paraná? • Quantos colegas nasceram no município onde vocês moram? • Quantos colegas nasceram em outros estados brasileiros? • A maioria nasceu no estado do Paraná ou fora dele? b)Na família: • Onde seus pais nasceram? • Onde seus avós nasceram? Professor(a): O trabalho com a diversidade da origem familiar favorece o sentimento de pertencimento. Atente para este e outros aspectos que permeiam o trabalho com as noções históricas. • Onde seus bisavós nasceram? 2.Localize no mapa-múndi e no mapa do Brasil o país ou a região brasileira de origem dos seus avós. 3.Responda às seguintes questões sobre a sua família: a) Como é a alimentação e qual é a comida preferida da família? Qual a origem dessa comida? b)Qual a religião dela? c) Quais são as músicas preferidas? E o esporte preferido? d)Se seus avós ou bisavós não nasceram no Brasil, qual é a língua do país de origem deles? 4.Junte-se a dois colegas e comparem suas famílias com base nas anotações. Respondam: em que elas se parecem? Em que elas se diferenciam? 5.Comente: a) o que mais chamou a sua atenção na pesquisa que fez sobre a sua família; b)a diferença entre as famílias que mais representou novidade para você. 6.Conte uma história sobre sua família para a classe. Informe quem contou essa história para você. viver é descobrir - história do paraná 41 7.Para cantar... e fazer teatro. Eu Paulo Tatit Perguntei pra minha mãeE uma moça apareceu – Mãe, onde é que você nasceu? [...] Ela então me respondeuEla desfez a confusão. Que nasceu em Curitiba [...] Mas que sua mãe que é minha avóSe aquela moça esperta Era filha de um gaúchoNão tivesse ali passado [...] [...] Perguntei para o meu pai:Eu não teria bisavô – Pai, onde é que você nasceu?Nem bisavó nem avô Ele então me respondeuNem avó nem pai Que nasceu lá em RecifePra casar com a minha mãe. Mas seu pai que é meu avô [...] Era filho de baianoPois eu nem existiria [...] [...] E que um dia foi caçado Pelo bando de Lampião. [...] Música Eu, de Paulo Tatit, CD Palavra Cantada, 1999. • Procure conhecer a letra completa dessa canção no CD Palavra Cantada, de 1999. Depois, em folha avulsa, adapte a letra da canção à sua família. Montem um mural com todas as adaptações, para que apareçam as diferentes histórias de formação de cada família. ➤Todos temos direito de sonhar Professor(a): Consulte o Manual do Professor, página 40. O que é sonhar? Pergunta difícil de responder porque os sonhos podem ser entendidos e explicados de jeitos diferentes. Para algumas pessoas, os sonhos pertencem à imaginação, não existem de verdade e só acontecem quando dormimos. Eles nos levam para longe da realidade. Há outras pessoas que entendem que os sonhos “sonhados de olhos abertos” tornam-se desejos, expectativas, e que, procurando realizá-los, podemos mudar o que não gostamos, ir a lugares e ao encontro de pessoas que queremos conhecer ou de quem temos saudades, trazer alegria às pessoas que amamos, ajudar a mudar a vida das pessoas, da cidade e do país. 42 viver é descobrir - história do paraná Enfim, não importa se os sonhos são apenas imaginação ou se eles podem ser realidade. É preciso continuar a sonhar e a desejar, e é melhor não fazer isso sozinho, e sim compartilhando com as pessoas, pois: “Sonho que se sonha só É só um sonho que se sonha só Mas sonho que se sonha junto é realidade”. Prelúdio, Raul Seixas ➤ AT I V I D A D E S ➤ 1.Podemos contar nossos sonhos e desejos de muitas maneiras. Muitas pessoas contam seus sonhos através da poesia, da pintura, da fotografia e de muitas outras maneiras. O poeta brasileiro Murilo Araújo, que nasceu no século XIX em Minas Gerais, conta em poesia seus sonhos de menino. Conheça um deles. Sonho de herói Com um galho de bambu verde e dois ramos de palmeira eu hei de fazer um dia o meu cavalo – com asas! Subirei nele, com o vento, lá bem alto, de carreira [...] E irei até as estrelas, [...] onde nunca foi ninguém... In: Henriqueta Lisboa. Antologia poética para manter a infância e a juventude. Rio de Janeiro: MEC, 1961. Responda: a) Qual é o sonho do menino do poema? b)Como ele fará esse sonho se realizar? c) Existe um cavalo com asas na realidade? d)E no sonho? 2.Você e um(a) colega vão conversar sobre um sonho ou desejo de cada um e criar uma colagem com os materiais que escolherem para representar esse sonho. Depois criem um “Painel dos sonhos da turma”. viver é descobrir - história do paraná 43 ➤ Sonhos de outras crianças do Brasil conheça o sonho do brasileiro carlos adriano quando ele tinha 12 anos, em março de 1993, e o compartilhou com teresa corrêa de araújo: O que eu sonho?... Eu sonho é ter vida boa, andando de bicicleta pelo mundo todo. Ler eu não sei muito, não. Mas já sei escrever o meu nome, da minha mãe, dos meus irmãos... Um dia eu me cortei, saí de casa sem comer e quando levantei o facão para cortar a cana... ele cortou foi minha mão. Foi um corte feio, levei cinco pontos, mas não deixei de trabalhar, não. ana dourado e outros. crianças e adolescentes nos canaviais de pernambuco. in: Mary del priore (org.). História das crianças no Brasil. são paulo: contexto, 1999, p. 430. [...] tivessem terra, tivessem escola pra poder se criar; que tivessem direito a médico; que tivessem direito a tudo que era pra eles se criarem e aprenderem alguma coisa, pra quando fosse na velhice não estar que nem eu. Sergio Ranalli/Pulsar nesse relato, carlos adriano contou o que sonhava viver e também sobre o seu dia a dia, revelando que era uma criança que trabalhava em canaviais, no caso dele, na Zona da Mata do estado de pernambuco. todas as crianças têm o direito de brincar, estudar e sonhar em andar “de bicicleta pelo mundo todo” ou o que quiserem. o relato de carlos adriano informa que a ele foi negado o direito de “estudar” e o direito de “não trabalhar”. isso ainda acontece a milhões de crianças e adolescentes brasileiros. eles são impedidos de frequentar a escola porque têm de trabalhar em canaviais, carvoarias, plantações de laranja ou mandioca, quebrando pedras, fazendo tijolos, quase sempre sem proteção alguma contra acidentes. Muitas crianças e adolescentes trabalham para ajudar sua família. Um desses pais, que também trabalha em canaviais como cortador de cana desde os oito anos de idade e que se preocupa com seus filhos, diz o que queria para eles: idem. Trabalhadores rurais no corte da cana-de-açúcar em Nova Fátima, PR (2009). 44 viver é descobrir - história do paraná