informe sobre o verão 2014-2015

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informe sobre o verão 2014-2015
INFORME SOBRE O VERÃO 2014-2015
1. INTRODUÇÃO
A estação do verão inicia-se no dia 21 de dezembro de 2014 às 20h03 e vai até as 19h45 do dia 20 de março
de 2015. No Paraná, historicamente, ela é bastante chuvosa. As frentes frias que se deslocam pela Região Sul
do país provocam chuvas frequentes, mas estes sistemas meteorológicos não são os únicos provedores das
chuvas para as diferentes regiões paranaenses. Há os aglomerados de nuvens que, dependendo de suas
dimensões e organização, podem causar chuvas rápidas, por vezes acompanhadas de rajadas de ventos
fortes e muitos raios. Em meteorologia estes núcleos são tratados como sistemas convectivos de mesoescala –
SCM, que na prática provocam as conhecidas “chuvas de verão”. As nuvens podem se formar a partir da
influência local (relevo, aquecimento e ventos locais, etc) bem como fazer parte de uma instabilidade que
ocorre em escala mais abrangente, além dos limites do Estado.
Nesta época do ano as massas de ar que atuam na região, em sua grande maioria, são continentais, estáveis
e muito quentes. Quando essas massas de ar se estabelecem por um período mais prolongado, possibilitam
aumento ainda mais intenso das temperaturas.
Os mapas a seguir mostram a distribuição das precipitações e das temperaturas médias de janeiro a março no
Paraná.
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2. MONITORAMENTO DAS CONDIÇÕES OCEÂNICAS
Em agosto, as condições oceânicas indicavam a presença de El Niño de fraca intensidade na faixa equatorial
do Oceano Pacífico. No Oceano Atlântico Sul os valores de anomalias de Temperatura da Superfície do Mar TSM apresentavam-se positivos.
Em setembro, os valores de anomalia de TSM permaneceram mais elevados do que o normal na faixa
equatorial do Oceano Pacífico, porém, houve diminuição na intensidade das anomalias nas áreas próximas à
Costa Oeste da América do Sul desde agosto até meados de setembro de 2014. No Oceano Atlântico Sul, a
região próxima ao Uruguai permaneceu com anomalias positivas.
Em outubro não foram observadas grandes mudanças nas condições oceânicas. As anomalias positivas de
TSM na região do Pacífico Equatorial permaneceram presentes, configurando a presença do fenômeno El Niño
(de fraca intensidade).
Na semana de 23 a 30 de novembro a anomalia de temperaturas do Pacífico equatorial manteve-se nos
mesmos moldes observados em setembro, com leve aquecimento das águas subsuperficiais, configurando um
El Niño fraco.
A maioria dos modelos numéricos de previsão climática para o trimestre (novembro-dezembro/2014janeiro/2015) prevê a presença desse fenômeno, porém, ainda com baixa intensidade. Entre 4 e 11 de
dezembro de 2014 os valores de anomalias positivos de TSM no Oceano Atlântico Sul permaneceram com
valores positivos e se propagaram um pouco mais para Leste em relação à última semana.
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3. TEMPERATURA E PRECIPITAÇÃO
3.1 TEMPERATURA
O monitoramento das temperaturas médias nas estações meteorológicas automáticas do Simepar atualizadas
até novembro deste ano indicou uma tendência de que 2014 ficará entre os mais quentes desde o início de
coleta dos dados a partir de 1997.
A seguir são apresentados os gráficos organizados para oito regiões do Paraná, nos quais à esquerda são
comparados os dados deste ano em relação à média, média do ano mais quente (2002) até o ano passado e
média dos últimos cinco anos. Nos gráficos à direita são mostrados os desvios em relação à média.
Julho foi o mês que apresentou a menor variação dentre todas as comparações em relação à média. Os meses
restantes apresentaram grandes variações. Em todas as regiões este ano iniciou com janeiro e fevereiro
superando todos os registros do histórico. Entretanto, em março esta tendência não se confirmou. A partir de
julho as temperaturas deste ano voltaram a aumentar e os destaques para os meses de agosto, setembro e
outubro ficaram para as regiões Noroeste, Oeste, Sudoeste e Sul, que apresentaram crescimento bem
acentuado nos valores médios de temperaturas. Já em novembro a tendência de crescimento acentuado das
temperaturas em relação à média não se confirmou. Ou melhor: todas as regiões apresentaram aumentos
muito próximos da média.
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3.2 PRECIPITAÇÃO
SETEMBRO
Setembro apresentou vários episódios de precipitações intensas e registros de muitos danos provocados por
chuvas, ventos fortes e granizo. Logo no início do mês uma frente fria provocou temporais no Paraná. No dia 2,
segundo a Defesa Civil Estadual do Paraná, chuva e granizo afetaram mais de 10 mil pessoas. O levantamento
mostrou que 14 municípios das regiões Noroeste, Oeste, Centro-Oeste, Sudoeste, Centro-Sul e nos Campos
Gerais tiveram 2.612 casas danificadas. No dia 6 uma nova frente fria provocou chuvas em todas as regiões
paranaenses. Entre os dias 18 e 21 precipitações abundantes atingiram os setores Oeste, Sudoeste e Sul do
Estado. No dia 24 temporais voltaram a incidir sobre o Paraná, provocando em Cafelândia a queda de quatro
torres de transmissão de energia elétrica de Furnas.
Entre os dias 24 e 28 volumes significativos de chuvas foram novamente registrados sobre as regiões Oeste,
Sudoeste, Central e Sul da Norte. Neste período, entre Cianorte e Pitanga, as chuvas acumuladas variaram
entre 130 e 160 milímetros.
No final do mês, entre os dias 28 e 30 ocorreram novas precipitações, porém causadas por sistemas
meteorológicos de menor escala e, consequentemente, foram chuvas mal distribuídas e de curta duração.
Na figura a seguir divulgam-se dois mapas que mostram os totais acumulados mensais e os desvios em
relação à média histórica (anomalia). Os maiores volumes acumulados se concentraram entre o Oeste,
Sudoeste e Centro-Oeste. Nesse mês as chuvas foram inferiores à média apenas entre a Serra do Mar e o
Litoral, no Leste do Estado.
OUTUBRO
Outubro iniciou com chuvas que atingiram, principalmente, os setores Central, Noroeste e Norte. As chuvas
retornaram ao Estado nos dias 6 e 7 com o deslocamento da primeira frente fria. No dia 14 a segunda frente
fria se deslocou sobre o Sul do país. No Paraná este sistema frontal passou pelo Oceano Atlântico, mas
induziu a formação de muitos aglomerados de nuvens que causaram chuvas rápidas em todas as regiões
paranaenses.
No dia 17, linhas de instabilidade atingiram as regiões Central, Sudeste e Metropolitana de Curitiba. No dia 19
chuvas de curta duração cobriram todas as regiões.
No dia 24 ocorreram chuvas generalizadas e com volumes acumulados diários significativos no Centro e no
Norte. No dia 26 as chuvas se concentraram ao longo da divisa com o Estado de Santa Catarina.
Entre os dias 30 e 31 uma terceira frente fria passou pelo Paraná e causou chuvas em todas as regiões.
Diferentemente do que foi registrado em setembro, os volumes acumulados mensais foram baixos
comparativamente à média. O mapa dos desvios da precipitação observada em relação à média mostra que
em todas as regiões paranaenses a média não foi superada.
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NOVEMBRO
Em novembro foram registrados quatro eventos de frentes frias, nos dias 4, 18, 22 e 25. Os sistemas frontais
não produziram chuvas abundantes. A segunda frente fria - no dia 18 - foi a que produziu as precipitações mais
significativas (moderadas) e que atingiu todas as regiões. Nos dias restantes as precipitações foram produzidas
por áreas de instabilidade as quais, em sua quase totalidade, foram produzidas pela intensificação de uma
baixa pressão entre a Bolívia e o Centro-Norte do Paraguai. A partir desta região se formaram pequenas linhas
de instabilidade e aglomerados de nebulosidade que se deslocaram em direção ao Paraná. A figura a seguir
mostra que o total acumulado mensal mais significativo se concentrou ao longo da bacia hidrográfica do
Paranapanema. No mapa à direita desta figura estão os desvios em relação à média (anomalia). Destaque
para os extremos Oeste e Leste onde choveu menos que a média. Contudo, de uma maneira geral, novembro
encerrou com valores acumulados muito próximos à média.
4. TENDÊNCIA CLIMÁTICA PARA O VERÃO
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou a previsão climática em consenso com o Instituto
Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST/Inpe), Centro Nacional de
Pesquisas da Amazônia (Inpa), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)
com a participação dos centros estaduais de meteorologia, baseada na análise das condições diagnósticas
oceânicas e atmosféricas e dos modelos dinâmicos e estatísticos de previsão climática sazonal.
Para o Estado do Paraná, a previsão climática para os meses de dezembro de 2014, janeiro de 2015 e
fevereiro de 2015 indica a ocorrência de precipitações próximas à média climatológica, podendo haver grande
variabilidade espacial e temporal nas chuvas (áreas em cor cinza no mapa a seguir).
A previsão para as temperaturas para o trimestre indicou valores normais a acima da normal climatológica em
todo o território brasileiro.
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5. CLIMA E AGRICULTURA
A seguir são apresentados mapas quinzenais do período setembro a novembro de 2014, mostrando a
porcentagem de água disponível no solo à esquerda e o déficit ou excesso no período correspondente à direita.
Esses mapas são resultantes do balanço hídrico diário e são interpretados da seguinte maneira:
Água disponível no solo
É calculada em relação ao percentual máximo de umidade que o solo consegue reter, denominado
Capacidade de Campo. Quando o solo está plenamente abastecido na camada explorada pelas raízes das
culturas, ele está na Capacidade de Campo e a água disponível é 100%. As culturas têm diferentes níveis de
tolerância à baixa umidade do solo. De acordo com as faixas de água disponível no solo podem-se interpretar
os resultados como segue:
0 - 25%
Crítico para o desenvolvimento das culturas
25 - 50%
Baixo, podendo ocorrer prejuízos para culturas anuais
50 - 75%
Satisfatório para a maioria das culturas
75 - 100%
Satisfatório para todas as culturas
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Déficit/excesso hídrico
Valores negativos representam déficit hídrico no solo e indicam a quantidade de água necessária para repor a
umidade do solo na Capacidade de Campo.
Valores positivos representam excesso hídrico e indicam a quantidade de água a ser drenada para que a
umidade do solo volte à Capacidade de Campo.
Em um mesmo mapa podem ocorrer déficit e excesso hídrico, dependendo da distribuição das chuvas no
período analisado.
SETEMBRO
OUTUBRO
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NOVEMBRO
Na primeira quinzena de setembro a situação era de déficit hídrico em praticamente todo o Estado, devido à
falta de chuvas nos meses anteriores. Com as precipitações ocorridas na segunda quinzena desse mês, a
água disponível no solo se regularizou e possibilitou o início de plantio da safra de primavera-verão e a
brotação das pastagens e cultivos perenes. No entanto a irregularidade e a escassez das chuvas, aliadas a
temperaturas elevadas, principalmente no mês de outubro e parte de novembro, causaram dificuldades aos
agricultores nas culturas anuais. A Região Norte foi a mais afetada pelo déficit hídrico, permanecendo o mês de
outubro e a primeira quinzena de novembro com água disponível para as plantas em níveis críticos.
A cultura do milho - que neste ano apresentou redução de área e se concentrou mais nas regiões Centro-Sul e
Sudoeste - passou pelo período mais crítico ainda na fase de crescimento vegetativo na maioria das lavouras,
mas pode haver quebras no rendimento devido a ataques de pragas e redução de população de plantas.
As lavouras de soja que foram implantadas a partir do final de setembro e em outubro tiveram dificuldades de
estabelecimento, necessitando replantio em alguns casos. No Norte o plantio foi concluído somente no final da
época recomendada pelo zoneamento devido à baixa umidade do solo. Esta realidade poderá provocar o
atraso no plantio do milho safrinha no próximo ano. Com a retomada das chuvas, embora ainda de forma
irregular, as lavouras vêm se recuperando e - dependendo das condições nos próximos meses - poderá haver
rendimentos satisfatórios.
Diante dos cenários de chuvas próximas à média, porém com riscos de irregularidades, associados a
temperaturas elevadas que aumentam a evapotranspiração, os agricultores que praticam o plantio direto de
qualidade têm melhores condições de sofrer menores danos de eventuais veranicos.
Os cuidados com as práticas de conservação dos solos devem ser mantidos e aprimorados, pois não se
descarta a ocorrência de precipitações intensas neste período, conforme vem ocorrendo nos últimos anos.
SIMEPAR/IAPAR
Glossário
Evapotranspiração da cultura é a associação da perda natural de água da superfície do solo por evaporação e das plantas por
transpiração. Na prática é computada a soma dos dois processos, devido à dificuldade de medi-los separadamente.
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