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Página 6 Produtores defendem uso sustentável de áreas de butiazais Um estudo feito pela Embrapa Clima Temperado deve ser o divisor de águas no assunto que envolve a preservação do butiazal de Tapes, o maior em extensão contínua do Rio Grande do Sul, e a criação de gado realizada na região. Colocada em prática no mês de junho, a técnica, que foi desenvolvida no Uruguai há mais de duas décadas, consiste no manejo do gado de forma integrada com a regeneração do local. De acordo com a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, Rosa Lia Barbieri, que encabeça o projeto desde o seu início, a localidade vem sendo estudada há quatro anos e agora é a hora de pôr em prática tudo o que foi levantado. O local analisado fica dentro da propriedade da família Barros e foi selecionado com base em análises feitas através de imagens de satélite. Com estes dados em mãos, a Embrapa pretende fazer uma espécie de rodízio com o gado em áreas pré-determinadas pelos pesquisadores. O rebanho é retirado da área escolhida durante o período do inverno para ser recolocado no local na primavera, onde permanece até o outono. Esta técnica permite a regeneração do campo nativo e o crescimento de novas mudas de butiá sem precisar interromper a pecuária. “Verificamos que este método é o que demonstra melhor resultado, tanto para a produção pecuária como para a regeneração desta área de preservação”, diz Rosa Lia. Os resultados da iniciativa serão monitorados nos próximos anos. “Vamos fazer isso durante oito anos para permitir que as plantas jovens atinjam uma grande quantidade de fibras e possam se desenvolver ple- Estudo feito pela Embrapa Clima Temperado auxilia no manejo sustentável da pecuária. namente”, explica Rosa Lia. Um dos administradores da fazenda onde o experimento será feito, Rodrigo Correa de Barros diz que este espaço de regeneração dentro da propriedade é totalmente necessário. “Os butiás que estão ali são árvores centenárias e elas precisam deste processo para continuar existindo”, diz Barros, filho da proprietária da área em que está sendo realizado o estudo. O conjunto de árvores da família das palmeiras, que ocupa uma área de 800 hectares, é o que sobrou da vegetação que ocupava grandes extensões no Estado há milhares de anos. O assessor técnico do Sistema Farsul, Ivo Lessa comenta que esta forma de adequação encontrada permite continuar produzindo e preservando ao mes- mo tempo. O local escolhido para dar início ao projeto piloto possui cerca de 40 hectares e uma densidade de plantas que fica em torno de 50 buitiazeiros por hectare. Rosa Lia explica que depois destes oito anos a área volta para o manejo normal do gado e se aplica esse método na próxima área a ser regenerada. O Pampa e o Gado: produzir mais, sem prejudicar o meio ambiente Incentivar a pecuária sustentável na Metade Sul do Estado, produzindo mais, sem prejudicar o meio ambiente. A discussão desse tema ganha força com a realização da quinta etapa do seminário “O Pampa e o Gado”, no início do mês de julho, no Parque do Sindicato Rural de Lavras do Sul. O encontro é, segundo o presidente do Sindicato Rural de Lavras do Sul, Francisco Abascal, o principal painel do Estado que trabalha o meio ambiente e a pecuária de forma conjunta. “Nosso município é o que possui a maior área de pasto nativo conservada. Então, é lógico que temos que debater sobre uma pecuária que seja sustentável e mais produtiva ao mesmo tempo”. A programação do evento traz à tona dois temas importantes para a pecuária gaúcha: o capim-annoni e a transferência de tecnologia, com experiências feitas dentro do Estado, em Santa Catarina e em outros países como o Uruguai. Para o diretor administrativo da Farsul, Francisco Schardong, a discussão vem em bom momento, no qual a soja avança sobre áreas de pecuária e de arroz no sul do Estado. “Ela resgata a história da pecuária do Rio Grande do Sul para os dias de hoje, mostrando que a região conservou seu habitat, e suas pastagens com os melhoramentos que foram apresentados”. Origem do capim annoni Originária do continente africano, a invasora foi introduzida em solo gaúcho na década de 1950. E o que era visto como uma solução naquela época, hoje vem trazendo vários prejuízos aos produtores rurais. Para o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Naylor Perez, esta espécie de capim tende a dominar o ambiente onde se encontra, o que diminui a biodiversidade das pastagens nativas. “O trabalho de nossa equipe de pesquisa é de viabilizar o controle desta espécie para conservar a vegetação nativa. Para isso, construímos a máquina Campo Livre, que é muito eficiente no controle de químico de plantas invasoras”, diz. O município de Lavras do Sul tem cerca de 80% de seu Dani Moreira território coberto por pasto nativo. A criação de bovinos no Estado ocorre predominantemente em campos naturais. Esse aspecto explica a tradição gaúcha no setor, que se desenvolveu nos campos sulinos, composto pelo Bioma Pampa, identificado por características únicas no mundo. Abascal explica que estes fatores motivam o Pampa e o Gado. “O seminário surgiu como um debate para multiplicar tecnologia e para preservar os campos nativos. Seminário O Pampa e o Gado debate assuntos da pecuária gaúcha E hoje ele é um evento além fronteiras. Nossas essências são do Pampa e do gado. E quando se fala em meio ambiente, temos que levar isso na medida certa”. Representantes da Fepagro, Ufrgs, Unipampa, Embrapa Pecuária Sul, Sebrae e Epagri (Lages/SC) participaram dos dois dias do encontro. O seminário “O Pampa e o Gado” é uma promoção do Sindicato Rural de Lavras do Sul e conta com o apoio da Farsul, Senar, Sebrae, através do Programa Juntos para Competir, e da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Estado do Rio Grande do Sul.
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