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Estudantes do Povo
Órgão Informativo do Movimento Estudantil Popular Revolucionário - Nº 12 - Junho de 2010 - www.mepr.org.br - Tel.: (31) 3222.0216 - Preço: R$ 1,00
Abaixo a farsa da Conciliação Nacional:
Punição para
os criminosos
de guerra do
regime militar!
Iara Iavelberg
Nascida em São Paulo, 1944
Militante do MR-8
Assassinada pela polícia em 1971
Honestino Monteiro Guimarães
Nascido em Itaberaí-GO, 1947
Presidente da UNE em 1968
Preso e assassinado em 1973
Telma Regina Cordeiro Corrêa
Nascida no Rio de Janeiro em 1947
Estudante de Geografia da UFF em 1968
Assassinada na Guerrilha do Araguaia em 1974
Emmanoel Bezerra
Nascido em Praia de Caiçara-RN
Dirigente do PCR
Torturado até a morte em 1973
Stuart Edgart Angel Jones
Nascido em Salvador/BA, 1946
Miltante do MR-8
Preso e torturado até a morte em 1971
Greves, ocupações e Grécia ferve
protestos estudantis
Os estudantes brasileiros continuam se organizando e lutando contra as burocracias universitárias e rompendo com
o parasitismo das correntes oportunistas no movimento estudantil. A tendência é que as mobilizações aumentem e
sacudam todo o país. Página 5
Assassinada na Guerrilha do Araguaia em 1974
Helenira Rezende de Souza
Nascida em São Paulo, 1944
Estudante de Letras na USP
Assassinada na Guerrilha do Araguaia em 1972
Estudantes vão ao campo
Vários estudantes de Pernambuco foram ao campo para ver de
perto a luta dos camponeses. O MEPR apóia e propagandeia a Revolução Agrária e assim, em todos os anos, o movimento organiza
idas ao campo. Página 8
Leia nesta edição:
Editorial: Punição para os torturadores!...........Página 2
Golpes contra ensino
O imperialismo segue atacando o ensino e impondo seus
mandos e desmandos. Projetos como Enem, ProUni, Reuni e outros fazem parte do pacote de ataques. Página 6
Walquíria Afonso da Costa
Nascida em Uberaba/MG, 1947
Estudante de Pedagogia na UFMG
Depoimentos de militantes revolucionários.....Página 4
Milhões de gregos respondem à crise
com pedras, paus, molotovs e tudo que
o capitalismo merece. Página 11
Revolução na Índia avança..................................Página 9
Homenagem a Idalísio Aranha...........................Página 12
Honra e Glória aos Heróis do nosso Povo
Editorial
A juventude brasileira exige:
Punição exemplar para torturadores
e criminosos do regime militar fascista!
No dia 29 de abril último, por 7 votos a 2, o Supremo Tribunal Federal,
órgão máximo da “justiça” brasileira
(o mesmo que advogou em defesa do
banqueiro Daniel Dantas, lembram?),
confirmou a anistia para torturadores, rechaçando sua punição. Ou
seja, manteve tudo como está. A candidata pelo PT Dilma Roussef logo
correu aos monopólios de imprensa
para afirmar seu acordo com referida
decisão, dizendo-se contra qualquer
tipo de “revanchismo”...Exatamente
as mesmas palavras pronunciadas por
Nelson Jobim e os chefes dos clubes
militares quando da polêmica envolvendo o demagógico 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, vírgula por
vírgula, letra por letra!
Fala-se em “Anistia ampla, geral
e irrestrita”. Mentira. É fato histórico
que após a aprovação da Lei 6683 de
1979 apenas 17 prisioneiros políticos
foram libertados imediatamente, ficando outros 35 sob avaliação1. Centenas
e milhares de bravos e honestos lutadores continuaram penando nas masmorras, enquanto nas ruas o povo seguia
sofrendo todas as agruras e misérias
da mais brutal opressão e superexploração. Quem de fato se beneficiou da
tal Anistia, como de todas as Leis de
Anistia aprovadas simultaneamente
em vários países latino-americanos,
foram os governos militares que, em
causa própria, as formularam e aprovaram. Igualmente se beneficiaram os
vis carrascos cujas mãos ainda pingavam sangue dos mais valorosos filhos,
militantes e quadros revolucionários
gerados pelo povo brasileiro em décadas de luta, aniquilados pela contrarevolução no Poder. E, com estes, em
solene acordo, se beneficiaram todos
os renegados, traidores, delatores, arrivistas e oportunistas de todo tipo
que, dizendo-se “perseguidos” e de
“esquerda” (aproveitando-se da comoção popular existente, à época, contra
o gerenciamento militar) desde então
se alçavam para cumprir a tarefa que
hoje desempenham com esmero: gerenciar esse velho e genocida Estado
brasileiro.
Todos os dias e a todo o momento
centenas e milhares de pessoas, negras
e pobres em sua imensa maioria, dão
entrada no sistema carcerário brasileiro, já superlotado, por delitos como
2 - Estudantes do Povo
furto e pequenos assaltos. Uma verdadeira campanha de terror é conduzida
pelos monopólios de imprensa para
justificar o armamento até os dentes
das polícias, e milhões de reais foram
gastos para produzir e botar em circuito
um filmezinho aonde a prática de tortura perpetrada por agentes do Estado
não é apenas admitida, mas verdadeiramente glorificada. No Espírito Santo
seres humanos são presos em containeres abarrotados aonde a temperatura
ambiente pode chegar 60º. No campo,
os exércitos particulares de pistoleiros
(muitos desses policiais militares) torturam e executam barbaramente ativistas camponeses; nas grandes cidades
programas do governo federal como
PRONASCI e PAC das favelas financiam as políticas de criminalização e
extermínio da pobreza. Tudo isso com
o beneplácito e patrocínio de toda a
corja de renegados e revisionistas, capitaneados por PT e Pecedobê, tendo
à testa o operário-padrão do FMI, sr.
Luis Inácio.
Perguntamos: É possível sustentar
que, do ponto de vista das massas, o
que existe é uma democracia, e não
a mais brutal e impiedosa ditadura e
espoliação do nosso povo, que revela
toda a sua face de cruel gendarme ao
menor sinal de revolta e organização
dos explorados e oprimidos? É possível sustentar tal “democracia” sem
passar do campo dos ingênuos ao dos
mais sórdidos mentirosos? Definitivamente, acreditamos que não.
À juventude, às novas gerações,
cabe o papel de desmascarar a fundo
toda essa farsa. Devemos dizer em
alto e bom som que não Anistiamos
nem Anistiaremos os algozes de nosso
povo, não só os do passado, mas tampouco os do presente. Devemos dizer
que o sistema de poder, e todo o aparato repressivo e ideológico da reação,
permanecem intactos, não se alterando
uma polegada sequer da estrutura de
nosso país desde o regime militar até
os dias de hoje. E com eles segue justa
e válida também a bandeira desfraldada pelos bravos jovens que nos antecederam de conclamar ao nosso povo a
justeza da REBELIÃO, da LUTA REVOLUCIONÁRIA, porque às jovens
gerações caberá não apenas desmascarar essa velha ordem: caberá sobretudo, e principalmente, sepulta-la, junto
aos operários e camponeses de nosso
país, junto aos povos revolucionários
de todo o mundo!
Opor à Farsa das Eleições
a Propaganda da Revolução! *
Com o dito acima entramos em
cheio no problema da farsa eleitoral.
Sim, porque exatamente nesse momento, todos, absolutamente todos os
partidos desde os abertamente reacionários até os ditos “socialistas” e até
mesmo “comunistas” desatam a pedir
votos, legitimando abertamente essa
ditadura sobre as massas que aí está.
Devemos entender que, ao lado de
outras falácias mais utilizadas pelo imperialismo como o discurso de “direitos humanos”, “ecologia” etc., e mais
inclusive que todos estes, as eleições
são atualmente um instrumento central para a legitimação de sua dominação. Qual a primeira medida tomada
pelo imperialismo ao invadir o Iraque
e seqüestrar e assassinar o presidente
daquele país? Qual a medida adotada
também em Honduras, recentemente,
quando do golpe militar de Tegucigalpa? Convocação de eleições! Por que?
Ora, porque trata-se de um, entre tantos recursos, lançado mão pelas classes
reacionárias, a fim de jogar poeira nos
olhos dos povos sobre sua real situação, a fim de ludibria-los e quebrantar
sua resistência. E, como todos esses
recursos, podem também ser descartados, segundo determinem os interesses
daqueles que os manipulam.
Quem são os verdadeiros financiadores de campanha eleitoral no Brasil? São exatamente os empreiteiros,
banqueiros, industriais monopolistas e
latifundiários que sempre dominaram
esse país, que se locupletam com as
benesses do velho Estado e que, claro,
cobram seu preço junto ao eleito. Trata-se de um jogo de cartas marcadas, aonde quem tem mais dinheiro
ganha. Nas duas tentativas de reeleição à presidência da República (FHC
em 1998 e Lula em 2006) os candidatos obtiveram êxito; nas eleições para
prefeito em 2004 o índice de reeleitos
foi de 72,7% e, no mais recente pleito
para a escolha de governadores (2006)
tal índice subiu à 73,7%2. O que pode
explicar esses índices senão o enorme
poder econômico (através de licitações) e político (todos os tipos de tráficos de influência) que o gerenciamento
do aparato estatal, em seus diferentes
níveis, propicia para quem o usufrui?
Há aqui alguma ilusão com a “participação popular” ou com o “poder das
urnas”, nesse processo notória e ostensivamente corrupto até à medula? Não
há como fugir.
Devemos sim erguer nossas consignas de Boicote à Farsa Eleitoral.
Da mesma forma que o debate à respeito da Punição dos torturadores não
pode parar por aí, mas serve a colocar
o Balanço Histórico do movimento
revolucionário do nosso país na mesa
e daí tirar as lições para dar maiores
e mais certeiros golpes na reação daqui por diante, também o momento
das eleições podres e corruptas deve
ser aproveitado para desmascarar o
caráter burocrático-latifundiário desse velho Estado e do partido único da
reação (em suas diferentes siglas) que
o sustenta. Devemos dizer que a única
verdadeira e autêntica Democracia que
pode existir é aquela aonde o Poder é
exercido total e inflexivelmente pelas
massas populares, baseado na aliança operário-camponesa, dirigida pelo
Proletariado, e que tal Poder não nasce das urnas mas unicamente da luta
revolucionária sem quartel. Assim o
prova toda a experiência da construção socialista no século XX, assim o
comprovam todas as guerras populares
e lutas revolucionárias e de libertação
em curso no mundo hoje (como o poderoso processo revolucionário na Índia, por exemplo) e assim será igual e
inevitávelmente em nosso País. Como
temos dito sempre, bem-vinda seja a
tempestade!
Notas:
1 - Belisário dos Santos Júnior,
“Enganos e a Lei de Anistia”.
2 - Fonte: Consultoria Legislativa da
Câmara dos Deputados.
* Para melhor aprofundamento sobre
tema, consultar o Roteiro de Boicote às
Eleições, estudo difundido pela Frente
Revolucionária de Defesa dos Direitos
do Povo.
Lei de Anistia
A Lei de Anistia, o PNDH-3 e a
farsa da “Conciliação Nacional”
No final de 2009 uma polêmica
tomou conta do cenário nacional: o
governo de PT/PcdoB, a título de promover a “reconciliação nacional” (conciliação é mesmo a palavra predileta
dessa gente), propôs o Terceiro Plano
Nacional de Direitos Humanos que,
dentre dezenas de outros pontos, sugeria a constituição de uma “Comissão da
Verdade e conciliação” que, originalmente, se propunha a “investigar violações de direitos humanos no contexto
da repressão política”. Tal Plano, na
verdade, nada mais significou que, por
um lado, uma antecipação do debate
eleitoral (visto que Dilma Roussef será
certamente atacada por sua atuação na
resistência armada ao regime militar)
e, por outro, talvez nesse aspecto mais
que em todos os demais, fica escancarada a traição vergonhosa do atual governo Luis Inácio a qualquer interesse
das massas de nosso povo e a farsa que
é a tal “democracia” no Brasil.
Viemos com este artigo nos somar
às inúmeras vozes democráticas que
exigem a punição exemplar de todos
torturadores e criminosos do regime
militar. Nós, como estudantes, não perdoamos e não perdoaremos tais crimes,
não esqueceremos as centenas de jovens egressos do movimento estudantil
seqüestrados, torturados, assassinados
simplesmente por exercer seu direito
de lutar contra um regime de terror e
traição nacional, e por uma nova sociedade! Não cansaremos de nos bater
por justiça e temos certeza que não está
longe o dia em que o povo brasileiro
fará pesar sobre alguns dos mais odiosos carrascos que teve de enfrentar a
sua inapelável vingança.
A auto-anistia
do regime militar
Sabe-se muito bem que o término
do regime militar no Brasil constituiuse, na prática, como mera concertação
no seio das classes dominantes. E foi
precisamente nesse contexto de transição muito lenta e muito gradual que
foi proposta e aprovada, pelo governo militar e em seu interesse, a lei nº
6683 de 28 de agosto de 1979, a tão
famosa Lei de Anistia.
A lei de anistia em questão concede seus benefícios “a todos quantos,
no período compreendido entre 2 de
setembro de 1961 e 15 de agosto de
1979, cometeram crimes políticos ou
conexos com estes, crimes eleitorais,
aos que tiveram seus direitos políticos
suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de Fundações vinculadas ao Poder Público,
aos servidores dos Poderes Legislativo
e Judiciário, aos militares e aos dirigentes e representantes sindicais, com
fundamento em Atos Institucionais ou
Complementares”. Estabelece ainda
que “A lei considera, ainda, conexos, para os seus efeitos, os crimes de
qualquer natureza relacionados com
crimes políticos ou praticados por
motivação política”. (grifo nosso). E
é precisamente esse conexo que é até
hoje interpretado e utilizado pelos juristas da estirpe de um Gilmar Mendes
para justificar a impunidade dos torturadores, como se pudesse haver algum
tipo de conexão entre agentes do Estado e militantes que se insurgem para
derruba-lo!
A 13 de agosto de 2008 mais de
trezentos juristas dentre os mais destacados advogados, promotores e juízes
de todo o país lançaram um Manifesto aonde arrasam as posições dos que
sustentam a não-punição de torturadores e protagonistas de crimes de guerra
e crimes de lesa-humanidade. Nesse
Manifesto, em sete pontos, se diz, dentre outras coisas, que: “Os cidadãos
brasileiros que se insurgiram contra
o regime militar, e por contestar a
ordem vigente praticaram crimes de
evidente natureza política, foram processados em tribunais civis e militares
e, em muitos casos, presos e expulsos
do país mesmo sem o devido processo
legal. Além disso, quando presos, sofreram toda sorte de arbitrariedades
e torturas. Depois de julgados, foram anistiados pela lei de 1979 e pela
Constituição. Por que os crimes dos
agentes públicos, que nem sequer podem ser caracterizados como crimes
políticos, devem receber anistia sem o
devido processo?”.(Grifo Nosso).1
O papel do oportunismo
Quais têm sido as ações do governo
do sr. Luis Inácio, nos últimos oito anos,
no sentido da punição dos torturadores e
criminosos do regime militar? O que tem
feito o operário-padrão do FMI e seus
comparsas revisionistas do Pecedobê
com relação à abertura dos arquivos do
gerenciamento militar? E na apuração dos
crimes de guerra perpetrados no comba-
te à Guerrilha do
Araguaia?
Em maio de
2005 o próprio
Luis Inácio assinou a lei 11.111.05
que, na linguagem
jurídica, “disciplina o acesso a documentos públicos
de interesse particular, coletivo ou
geral”. Segundo
esta, documentos
que o Poder Executivo avalie como
do mais alto grau
de sigilo poderão
ter um prazo de
ocultamento de 30
Presidente Lula e o Ministro da Defesa Nelson Jobim
anos, renováveis
fazem o pacto da canalhice
por mais 30 (como
já dispunha a Lei 8159, de 08 de janeiro
Nunca Mais publicou um manifestode 1991) e, mesmo após esse prazo (de
denúncia relatando que no dia 4 daquele
60 anos!), a abertura de tais arquivos não
mês o Ministro da Defesa Nelson Jobim
se dará de maneira automática, mas sim
(logo quem!) convocou os familiares de
mediante o parecer de uma Comissão de
mortos e desaparecidos políticos para uma
Averiguação e Análise de Informações Sireunião em Brasília, a fim de comunicar a
gilosas. Na verdade, não apenas o goverdesignação de um grupo responsável por
no oportunista do sr. Luis Inácio impediu
levar a termo os trabalhos de investigaa abertura dos arquivos militares por mais
ção e localização dos restos mortais dos
seis décadas, como abriu de par em par as
guerrilheiros mortos no Araguaia. A coor-
Foto de Emmanuel Bezerra dos Santos,
morto em 1973, encontrada no DOPS/SP.
janelas que permitem a sua prorrogação
infinita! A propósito, apenas para que o
leitor forme uma idéia mais concreta do
que estamos falando, ainda nos dias de
hoje existem arquivos de 1870, que remetem a acordos assinados após o término
da Guerra do Paraguai, que permanecem
vedados ao público!
Em junho de 2009 o grupo Tortura
Foto de Maria Regina Lobo Leite Figueiredo, morta em 1972, encontrada no ICE/RJ.
denação do grupo foi entregue ao general
Mário Lúcio Alves de Araújo, o mesmo
que em entrevista ao jornal “O Norte de
Minas” havia dito, por ocasião do aniversário do golpe de 1964, que “(...) há
exatos 44 anos o Exército brasileiro atendendo a um clamor popular foi às ruas
contribuindo substancialmente e de maneira positiva, impedindo que o Brasil se
Estudantes do Povo - 3
tornasse um país comunista”. 2
Não é necessário torcer palavras para
constatar que esse 3º PNDH é fruto do
mesmo governo oportunista que recuou
e, ao faze-lo, insuflou a ofensiva da extrema-direita nesse país, o mesmo governo
que renovou por no mínimo sessenta anos
o caráter sigiloso dos mais importantes
e esclarecedores documentos do período
militar (exatamente aqueles considerados
de “mais alto grau de sigilo”), o mesmo
governo que nomeou uma comissão militar chefiada por um declarado apoiador
do golpe de 64 para investigar os crimes
cometidos pelas Forças Armadas no Araguaia. Os familiares dos heróicos combatentes que de armas nas mãos se rebelaram contra a contra-revolução no poder, e
seus companheiros que não capitularam,
esperam é não um esquálido e acovardado “direito à memória e reconciliação”
mas sim a punição exemplar dos criminosos e torturadores do regime militar,
como prevê toda a legislação nacional
e internacional, como fizeram em muito
maior amplitude nossos vizinhos latinoamericanos, e o que o povo brasileiro, as
massas exploradas e oprimidas, operários, camponeses e estudantes, mulheres
e homens, esperam e almejam é não uma
fétida “reconciliação nacional”, impossível pelo simples fato de que é irrealizável
a conciliação entre opressores e oprimidos, entre os assassinos e as suas vítimas
(uma vez que, de fato, às últimas não é
dado direito à conciliação alguma, pois
já estão mortas!) mas esperam sim justiça, esperam sim vingar e punir os seus
algozes.
Em Conclusão Os milhares de jovens, jovens
como nós, que lutaram não contra
esse ou aquele general instalado em
Brasília, mas sim contra a dominação
do imperialismo, da grande burguesia
e do latifúndio, os milhares que lutaram por uma nova democracia e pelo
socialismo, devemos dizer, estavam
certos em fazê-lo! A missão deles não
foi cumprida com o fim do gerenciamento militar, ou com as “Diretas”,
mas segue pendente até os dias atuais.
E, ao cabo e ao fim, a luta pela punição dos torturadores e criminosos do
regime militar, a luta contra o sigilo
de ferro dos arquivos, serve a revelar
que os criminosos seguem atuando e
os porões seguem funcionando. Serve
a colocar na mesa o balanço histórico
e, ao contrário do que faz a esquerdalha arrependida, não fazer uma defesa
envergonhada ou chorosa dos nossos
bravos companheiros, mas sim exortar que o caminho que eles seguiram
estava, no que toca às suas sinceras
motivações, correto. E que a bandeira
vermelha por eles empunhada nos conclama a segui-la empunhando altiva e
reluzente, hoje e no futuro.*
R
O
D
RA
U
T
R
TO
O Coronel Brilhante Ustra é um dos chefes
das torturas e mortes
Notas:
1 - Retirado de www.mndh.org.br.
2 - Jornal “O Norte de Minas”, 31 de
março de 2009.
* Ver versão completa do presente artigo
no sítio do MEPR (www.mepr.org.br).
Trechos de depoimentos de militantes
revolucionários que combateram o regime militar
(Todas as entrevistas foram retiradas do Jornal A Nova Democracia)
Élio Cabral
(Militante das Ligas Camponesas, preso e
torturado pelo regime militar fascista)
“Como presidente da Associação
de Anistiados Políticos não posso deixar de mencionar essa questão: aqueles que torturaram, esses assassinos,
“gorilas” do regime militar não podem ficar impunes, eles tem que pagar.
Eu já lutei e enfrentei uma vez e tenho
disposição para fazer tudo novamente.
Não vamos ceder”.
revelar o que viveram e passaram nas
masmorras. Isso forçará a abertura
dos arquivos militares. Somente a mobilização popular poderá cumprir o
papel de revelar a todos o que ocorreu e quiçá alcançar o que se vê em
outros países como a Argentina, onde
alguns desses criminosos foram para
a cadeia”.
Dirce Machado
(Militante do Partido Comunista do Brasil, foi uma das lideranças da heróica resistência armada camponesa em Trombas
e Formoso. Encarcerada pelos gorilas
de 64, foi torturada juntamente com seu
marido e seu irmão)
fundou juntamente com Mário Alves o
esta conciliação abjeta que Luiz Inácio
PCBR (Partido Comunista Brasileiro
trança com os torturadores. Várias veRevolucionário) e tomou parte ativa na
zes tive oportunidade de estar frente a
luta armada contra o regime militar. Prefrente com Luiz Inácio da Silva. Hoje,
so e torturado pelo regime, permaneceu
se tivesse essa oportunidade, eu coencarcerado por quase
locaria a mão sobre o
(...)Quanto a mim, não seu ombro, olharia nos
uma década. Atualaceito nem me conformo, seus olhos e diria: Luiz
mente é vice-presidente
seguirei com minha mi- Inácio você é um fraco,
do Centro Brasileiro
litância revolucionária e um farsante. Quanto a
de Solidariedade aos
exijo a apuração completa mim, não aceito nem
Povos)
“
e punição exemplar para
todos os torturadores e criminosos de guerra do regime militar.(...)
“Foi aí, dentro da
prisão, que eu passei a ter consciência
Alípio de Freitas
do que é a covardia:
(Secretário de Organização das Ligas
os oficiais do exército e seus comanCamponesas,quando do golpe de 64.
dados a torturarem as pessoas muiMilitou na resistência armada ao regime
tas vezes debaixo
“Eu os vi torturando
fascista. Preso e brutalmente torturado
meu marido e meu ir- (...)Meu marido com a da maior gozação,
em 1970, foi mantido encarcerado por
gargalhadas
mão a poucos metros de cara toda ensanguentada, com
quase dez anos)
mim. Eu virava o rosto, amarraram ele pelos pés, e xingamentos sem
mas eles puxavam meu numa árvore e começaram ter nenhuma con“É nosso dever divulgar o nome
descendência com o
cabelo pra eu ver o que a puxar.(...)
desses torturadores, colocar em um
ser humano que ali
eles estavam fazendo.
jornal o nome, os crimes, as torturas
estava, impotente e
Tem hora que a gente
(...). Os torturadores cometeram seus
sem a mínima condição de esboçar a
perde o raciocínio, né? Meu maricrimes contra a humanidade e manmenor reação. Já havia lido sobre as
do com a cara toda ensanguentada,
tiveram-se no poder desde lá até os
atrocidades do exército brasileiro em
amarraram ele pelos pés, numa árvore
dias de hoje, eles estão sendo anistiarelação aos paraguaios, ao povo de
e começaram a puxar.
dos por quê? O cabo
Canudos e aos povos indígenas, mas
Eles
tinham
dito
que
Anselmo estava para (...)Os torturadores comeao sofrer na própria pele a covardia
ser aposentado como teram seus crimes contra matariam meu marido
dos militares nas dependências do
‘mar e guerra’. Isso a humanidade e mantive- enforcado. Quando eu
Doi-Codi é que eu vim, realmente, a toolhei,
enforcado
pelos
seria um prêmio para ram-se no poder desde lá
mar consciência do grau de perversão
pés (?!), eu não aguenum delator! Mas o até os dias de hoje(...)
e covardia extremos de que eles são
tei e dei uma gargalharesponsável pelo seu
capazes (...) Como preso e torturado
da. Aí eles me bateram.
processo era ligado à
pelo regime militar e como alguém que
O
plano
deles
era
me
fazer
ficar
de
joditadura. Eu tenho feito conferências,
viu desaparecer os melhores filhos do
elhos, chorando, implorando, isso eles
palestras e debates por toda parte. Há
povo brasileiro sob o suplício covarde
não conseguiram nunca”.
centenas de pessoas que passaram por
dos que se achavam no poder à époisso, exilados, presos, entre outros.
ca, e ainda se acham hoje, infensos a
José Maria Oliveira
Eles devem falar. Essas pessoas tem
qualquer tipo de punição, não admito
(Militante do PCB quando do golpe,
o arquivo, o testemunho vivo. Devem
“
4 - Estudantes do Povo
“
me conformo, seguirei
com minha militância
revolucionária e exijo
a apuração completa e
punição exemplar para
todos os torturadores e criminosos de
guerra do regime militar”.
Waldir Tavares
(Operário ferroviário, participou do processo de Reconstrução do Partido Comunista do Brasil em 1962)
“A Lei de anistia de 1979 não representa nada. O que foi feito em favor
dos anistiados deveu-se ao empenho
das comissões de companheiros que
acompanhavam todos os tribunais e
denunciavam na cara deles as prisões
e as torturas. As famílias sofreram perseguição e sofrem até hoje(...)A anistia
foi um remendo. Lutaremos até o fim
para que todo o processo seja público e que os culpados sejam revelados,
punidos”.
Rebelar-se
é justo!
www.mepr.org.br
Movimento Estudantil
Primeiro Semestre de Lutas
Enquanto oportunistas de todo
tipo, cães de guarda dos governos e
das reitorias que são, decretavam,
em 2007-2008, após a onda de manifestações e ocupações de reitorias
em universidades de todo o Brasil contra o demagógico projeto do
REUNI (uma das facetas principais
da contra-reforma universitária encomendada pelo Banco Mundial e
aplicada com esmero pelo governo
oportunista de PT/Pecedobê), a vitória dos setores burocrático-reacionários das universidade e a derrota
dos estudantes, nós dizíamos: alto lá,
senhores!
Olhando o quadro atual das universidades, impõe-se a constatação de que
os estudantes brasileiros seguem se
organizando e lutando, derrotando ao
mesmo tempo as burocracias universitárias e a camisa-de-força imposta
pelas diferentes correntes oportunistas. Em que pese a ausência de uma
direção unificada para esse processo,
fator que é um importante limitador, a
tendência é que as mobilizações sigam
ocorrendo e, como um rastilho de pólvora, sacudam todo o país. É o que tem
ocorrido e que seguirá ocorrendo.
ciou suas saudações foi surpreendido
por militantes do MEPR, estudantes
de pedagogia da UFMG, UEMG, PUC
e estudantes secundaristas da União
Colegial de Minas Gerais (UCMG).
O Ministro mentiroso teve de ouvir
a denúncia sobre o processo movido
contra 8 estudantes por participarem
de combativa manifestação em frente
ao MEC, em 2006.
UNIR: Greve x Fascismo
Greve na UNIR, campus Rolim de Moura
Em 22 de fevereiro os estudantes da
Universidade Federal de Rondônia decretaram greve no campus de Rolim de
Moura. Os estudantes denunciavam as
precárias condições de ensino, como a
falta desde biblioteca até água potável
para o consumo! Após 15 dias de combativa greve, boa parte das demandas
estudantis foram atendidas.
Durante o processo de greve os setores
mais reacionários da
universidade não contiveram seu ódio aos manifestantes e chegaram
ao ponto de ameaçar a
vida da professora da
Faculdade de Educação Marilsa Miranda de
Souza. O fato foi amConfronto entre manifestantes e a polícia na UnB
plamente denunciado
pelo DCE da UNIR e o
Centro
Brasileiro
de Solidariedade aos
UFMG: MEPR mela festa do
Povos-CEBRASPO lançou uma carta
Ministro Fernando Haddad
aberta contra tais ameaças e a escalada
fascista na universidade. O documento
contou com adesão de numerosas entidades e setores da intelectualidade
brasileira (ver Carta completa e assinaturas no sítio do MEPR).
Greves Estudantis
Intervenção do MEPR em visita de ministro
No dia 20 de abril esteve na Faculdade de Educação (FAE) da UFMG
para fazer a abertura do XV ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e
Prática de Ensino, o ministro cara de
Pau, Fernando Haddad. Logo que ini-
Unimonte - No dia 16 de abril,
em assembléia, os estudantes da UNIMONTES (Montes Claros) decidiram
aderir à Greve iniciada por servidores
e professores em apoio a suas justas
reivindicações e, principalmente, para
impulsionar a luta em defesa da educação pública e gratuita, por condições
básicas de ensino, pesquisa, extensão e
assistência estudantil.
UnB - Após o anúncio feito pela reitoria da UnB de que cortaria da folha
de pagamento de servidores e professores uma gratificação que corresponde
a 26% do salário (imaginem!), esses
entraram em greve no dia 9 de março.
A greve unificada de estudantes, servidores e professores durou mais de dois
meses enrentando toda a intrasigência
do governo federal. Os estudantes tiveram importante participação na jornada
de lutas, imprimindo, além das suas
próprias bandeiras, a combatividade
própria ao movimento estudantil.
UFT - Na semana de 11 de maio os
estudantes de Serviço Social da Universidade Federal de Tocantins deflagraram combativa greve em defesa de
seu estágio supervisionado. Os estudantes da cidade de Miracema reivindicam transportes que lhes permitam
acesso ao referido estágio (uma vez
que, muitas vezes, têm de cursá-lo em
outras cidades) e aumento da quantidade e do valor pago pelas bolsas.
Estudantes de Serviço social da UFT
em greve
A USP segue com muitas
lutas e greves!
Em Assembléia realizada no dia
Greve na USP
18 de março os estudantes da USP
resolveram ocupar uma das sedes administrativas da Coordenadoria de
Serviço e Assistência Social da USP
(COSEAS).Os estudantes, moradores
do CRUSP (Conjunto Residencial da
USP) e candidatos sem vaga à moradia
apresentaram uma pauta de reivindicações que incluía, dentre outros ítens,
mais vagas na moradia, transparência
nos processos seletivos para os programas de permanência e o fim das expulsões e da vigilância sobre os estudantes
que habitam a residência universitária.
No último dia 29 de abril foi a vez
dos funcionários deflagrarem greve. O
REItor da USP, João Grandino Rodas,
não tardou em anunciar o corte de ponto dos grevistas e as ações de perseguição.
Estudantes da UFMT
ocupam reitoria
Estudantes ocupam reitoria da UFMT
Após vários dias de greve e ocupação da reitoria da UFMT pelos estudantes, esses encerraram o movimento
em 23 de abril, obtendo importantes
vitórias. A reitora se comprometeu a
reformar o restaurante universitário e
concluir a construção da Casa do Estudante, no campus de Cuiabá. Quanto
à falta de professores, principal reivindicação da greve, até o momento não
houve ainda uma definição.
Greves de professores em São
Paulo e em Minas Gerais
No dia 8 de março professores
e funcionários da rede pública de
educação de São Paulo decretaram
greve, exigindo melhores condições de trabalho. A rede, que conta
com 220 mil professores e 5 milhões de funcionários, teve uma
expressiva paralisação da ordem
de 80%. No dia 26 de março o governador José Serra enviou a tropa de choque da PM para agredir
professores e funcionários durante
manifestação. A categoria, longe
de se intimidar, respondeu lançando paus e pedras contra a gendarmaria do Estado.
No dia 8 de abril foi a vez dos
professores da rede estadual de Minas Gerais iniciarem o movimento
grevista por melhores condições
de trabalho e salário. A resposta
do Estado não tardou: o Tribunal
de Justiça decretou a ilegalidade
da greve enquanto que o governo
estadual cortou o ponto da categoria. A resposta dos professores foi
manter suas reivindicações e dar
prosseguimento à luta.
Estudantes do Povo - 5
Ensino
Novos ataques do governo Banco Mundial/Lula
aprofundam a contra-reforma no ensino básico
Dos dias 28 de março a primeiro de
abril de 2010 realizou-se em Brasília
a Conferência Nacional de Educação
(Conae), com o suposto objetivo de
“debater” e “estabelecer” as diretrizes
do novo Plano Nacional de Educação
– PNE - a ser implementado nos próximos dez anos. Como sempre, praticamente ignoradas pelos monopólios
de imprensa foram as manifestações
de trabalhadores do ensino de diferentes áreas e níveis ocorridas durante a
Conferência. Assim como são intencionalmente ignoradas e criminalizadas as inúmeras mobilizações e greves
de profissionais do ensino e estudantes, que ocorrem por todo o país contra
as mesmas medidas e políticas propaladas pelo governo como a panacéia
para o ensino público.
Há vários anos o MEPR tem se unido a diferentes setores do povo como
estudantes, professores, servidores
públicos e movimentos classistas independentes do governo na árdua tarefa de denunciar toda a demagogia do
governo Banco Mundial/Lula em suas
sucessivas investidas de passar como
“democrático”, “moderno” e “inovador” a continuidade da política iniciada por FHC de desmonte, precarização,
privatização e desnacionalização do
ensino público. Neste sentido, acreditamos ser de suma importância, nos
dias atuais, confrontar alguns dados
omitidos e/ou falsificados pelo governo com a verdadeira política para
o ensino público no Brasil, particularmente para a “Educação Básica”,
contida entre outras medidas na
unificação do vestibular por meio do
ENEM, na Lei do Piso Salarial Nacional (11.738/2008) para professores e na reestruturação curricular do
Ensino Médio nas escolas públicas.
O que os índices e estatísticas
oficiais escondem...
O Brasil fechou o ano de 2009 com
PIB (total de bens e serviços produzidos no país) de R$ 3,143 trilhões.
Deste total, mais de 35% foram para
amortizações e pagamento de juros da
dívida pública (quase R$ 380 bilhões
para os bancos!), enquanto que o governo destinou somente 2,88% para o
ensino; 0,45% para Ciência e Tecnologia; 0,06% para Cultura; e 0,01%
para Desporto e Lazer.
O que a gerência Luiz Inácio, o PT
6 - Estudantes do Povo
e o conjunto da frente de “esquerda”
eleitoreira fazem de tudo para esconder com seus discursos e estatísticas
distorcidas é que o governo BM/Lula
mantém até hoje os vetos de FHC ao
Plano Nacional de Educação (PNE).
Ou seja, PT/UNE/CUT que tanto “lutaram” pela aplicação de 10% do PIB
em “educação”, que “resistiram” à
diminuição deste índice para 7% na
aprovação do PNE no congresso, e
que, sobretudo denunciaram e “lutaram” contra o veto de FHC a este índice, mantém agora os mesmos parcos
investimentos no ensino, não ultrapassando os ínfimos 4% do PIB. (E o
que esperar “do cara” de Obama e do
FMI?).
Outros dados reveladores da situação
caótica do ensino público no país são os
alarmantes índices de analfabetismo: o
governo e oportunistas fazem a propaganda de que 95% dos estudantes em
idade entre sete e quatorze anos estão
matriculados, mas ocultam que destes,
menos da metade concluem o ensino
fundamental. Segundo dados do INAF
(Instituto Nacional de Analfabetismo
Funcional) o analfabetismo funcional
atinge cerca de 68% da população (ou
seja, aquelas pessoas que lêem, mas
não compreendem ou não são capazes
de utilizar eficazmente a língua escrita),
que se somados aos 7% considerados
totalmente analfabetos, representam
75% da população brasileira.
Enfim, após oito anos do gerenciamento petista, dez anos de Plano
Nacional de Educação – PNE - e três
anos do Plano de Desenvolvimento da
Educação (PDE) a realidade continua
inalterada: salas de aula superlotadas,
estudantes insatisfeitos, professores
mal remunerados e em péssimas condições de trabalho. Dados do Censo da
“Educação Básica” de 2007 confirmam
que a precariedade está espalhada pelo
Brasil, das 166.240 escolas públicas
de “Educação Básica”, 71% não têm
biblioteca; 77% estão sem quadra de
esportes; 13% não contam com água
filtrada; e 8% sequer têm esgoto.
A falácia da Lei do Piso
Salarial Nacional...
A lei 11.738/2008, conhecida como
a lei do piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério
público da “Educação Básica”, foi
sancionada em 16 de Julho de 2008. O
PM paulista reprime combativa manifestação dos professores
monopólio de imprensa insuflou grande expectativa para os profissionais da
“Educação Básica”, constantemente
desfavorecidos com seus salários e remunerações achatados e sem qualquer
perspectiva de reajustes dignos.
Mas, afinal, o que diz a referida lei?
Façamos os apontamentos iniciais da
lei, atentando para os pontos principais:
Primeiramente, é importante deixar
claro que a lei se refere apenas aos profissionais do magistério, ou seja, aqueles que desempenham tarefas estritamente pedagógicas, não abrangendo o
pessoal de secretaria e os auxiliares de
serviços gerais.
E depois, o que é ainda mais grave, a lei fala em “piso salarial nacional”, sendo o valor mínimo deste piso
de R$950,00, referente à 40 horas semanais, colocada como carga horária
máxima (para até este valor). Assim,
“os vencimentos iniciais referentes às
demais jornadas de trabalho serão, no
mínimo, proporcionais ao valor mencionado” (parágrafo 3º do art. 2º ). Ou
seja, em Minas Gerais, por exemplo, os
profissionais não receberão R$ 950,00
mas R$ 570,00, já que a carga horária no Estado é de 24 horas semanais.
(Ou alguém imagina que o governo,
que não paga nem o que é obrigatório,
pagará, por 24 horas, o que a lei define
que deveria pagar por 40 horas?).
Somente para termos uma idéia,
o valor do salário mínimo (!) calculado pelo DIEESE (Departamento
Intersindical de Estatísticas e Estu-
dos Sócio-econômicos) com base na
Constituição deveria estar em torno
de R$ 2.159,65 (valor relativo ao custo de vida em março de 2010), ou seja
mais que o dobro do estabelecido pelo
governo (R$ 950). Esta é a verdadeira
face da valorização do magistério promovida pela gerência Luiz Inácio.
O ENEM e a restrição do
conhecimento nos currículos
do Ensino Médio
A imposição da reformulação nacional dos currículos no Ensino Médio na rede pública e a unificação do
vestibular por meio do ENEM compõem um mesmo conjunto de ataques
ao ensino. Tais medidas são parte do
demagógico PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação e têm como
lógica a restrição do acesso ao conhecimento, visando adaptar a formação
na etapa final da “Educação Básica” às
necessidades do mercado.
O ENEM molda os currículos do ensino médio aos ditos “eixos cognitivos
comuns a todas as áreas”, restringindo o acesso do jovem ao conjunto dos
conhecimentos científicos elementares
que deveriam lhe propiciar uma sólida
formação geral, uma vez que quando
o estudante ainda no 1° e ou 2° ano do
ensino médio começa a ter acesso às
noções elementares de física, química,
biologia, geografia, história etc., têm
de decidir, prematuramente, pela especialização em determinada área.
Estudantes secundaristasfazem protesto contra a adesão da UFMG ao ENEM em maio de 2010
Um bom exemplo disto é a tradicional Escola Estadual Governador Milton
Campos, em Belo Horizonte, aonde o
aluno matriculado no 2° ano que opta
pela área de “ciências humanas” não
tem aulas de física, química e biologia (ou estas disciplinas são reduzidas)
e já os que optam pelas “ciências da
natureza” não têm aulas de geografia
e história (ou as têm reduzidas). Além
do que as aulas de educação física foram abolidas, sendo retomadas apenas
após mobilização estudantil.
A demagógica ênfase dada ao “raciocínio” pelo ENEM com seus referidos “eixos cognitivos...” serve para
encobrir e legitimar o rebaixamento
do Ensino Médio nas escolas públicas. Com a adaptação dos currículos
no Ensino Médio ao ENEM, o conhecimento fica fragmentado em áreas do
conhecimento em detrimento de uma
formação integral. Como afirma o professor Roberto Leher, da Faculdade de
Educação da UFRJ: “as ditas provas
de ’raciocínio’ do ENEM, a pretexto
da democratização, vêm promovendo
um rebaixamento da agenda de estudos que terá conseqüências muito negativas para a “Educação Básica””.
Segundo a própria LDB em seu
Art. 35, parágrafo IV, o “Ensino Médio” tem como finalidade: “a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando a teoria com a prática,
no ensino de cada disciplina”. No entanto, a reestruturação curricular no
Ensino Médio vai no sentido oposto,
uma vez que ao fragmentar os conhecimentos em áreas estanques, impede
o desenvolvimento do conhecimento
científico.
O ENEM é mais um ataque à
autonomia e democracia nas
escolas e universidades
Desde a década de 60 com as grandes mobilizações contra os acordos
MEC/USAID os estudantes brasileiros
lutam pelo fim do vestibular e o livre
acesso ao ensino superior. O governo
BM/Lula e seus capachos da UNE/
UBES afirmam cinicamente que com
a unificação do vestibular por meio
do ENEM estão dando continuidade a
esta histórica bandeira do movimento
estudantil. Desta maneira, buscam esconder o óbvio, ou seja, de que o vestibular é um instrumento de seleção que
existe justamente porque o acesso ao
ensino superior não é assegurado pelo
Estado.
Mudar a forma do vestibular ao invés de criar mais universidades públicas é a forma encontrada pelo governo
para tentar enganar o povo com mais
uma medida demagógica que só favorece o setor privado. Inscreveram-se
para fazer o ENEM 2009 quase 4,5
milhões de estudantes, no entanto,
as universidades públicas não oferecem mais do que 300.000 vagas.
Enquanto dados do próprio MEC demonstram que o maior número de faculdades (92,5%) e de centros universitários (96,7%) estão vinculados ao
setor privado e que as universidades
privadas já representam 47,5% do total
das vagas no ensino superior.
O mais democrático com relação
ao acesso ao ensino superior é o livre
acesso, mas uma vez que há a necessidade de se fazer processos seletivos,
estes devem ficar a cargo das instituições de ensino superior. A unificação
do vestibular por meio do ENEM é um
ataque à autonomia e democracia nas
universidades e escolas públicas. Com
o ENEM o próprio processo seletivo
das instituições públicas é privatizado, realizado por empresas contratadas
pelo MEC, o que possibilita ao setor
privado o controle direto sobre o ingresso dos estudantes nas universidades. Desta maneira, a iniciativa privada controla de uma só vez não apenas
o acesso ao ensino superior, mas ainda os currículos das escolas, que são
adaptados às necessidades impostas
pela prova única do ENEM.
Com a aplicação de uma prova única em todo o território nacional o governo chega ao absurdo de contrariar
todos os princípios políticos, éticos e
mesmo pedagógicos ao desconsiderar
completamente as “condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento” (Art. 27 parágrafo II da
LDB).
Na prática, o governo quer formar
estudantes que estejam aptos a ingressar nas “uni-esquinas”, pagando por
uma formação aligeirada, ou nas universidades federais do REUNI - Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais, isto é, em verdadeiros escolões com salas superlotadas e falta
de professores, sem investimento em
laboratórios, bibliotecas e toda infraestrutura necessária ao pleno funcionamento de uma universidade onde haja,
de fato, a produção de conhecimentos
voltados aos interesses nacionais e populares.
Derrotar os ataques do Banco
Mundial contra a escola
pública: Lutar por um
ensino que sirva ao povo!
Não há como compreender a reestruturação curricular para o Ensino
Médio, a unificação do vestibular por
meio do ENEM e a Lei do Piso Sala-
tar o ensino aos interesses dos monopólios. Neste sentido, a ingerência do
Banco Mundial contida no Plano Nacional de Educação – PNE, Plano de
Desenvolvimento da Educação - PDE
e suas “reformas” para a “Educação
Básica” se expressam na expansão burocrática da oferta do ensino público
acompanhada do corte de investimentos, no favorecimento do setor privado
e na reelaboração das estruturas escolares e acadêmicas, incluído os currículos, segundo os interesses do capital
monopolista internacional.
O acesso ao conjunto dos conhecimentos acumulados pela humanidade,
assim como o de uma formação integral para as crianças e jovens, onde os
filhos do povo tenham o estudo teórico
associado às atividades culturais, artísticas, esportivas e à formação profissional é um direito democrático. O caminho para a resistência do movimento
estudantil independente e combativo,
assim como de todos aqueles que defendem o ensino público e gratuito é o
de resistir aos ataques do governo e de
lutar pela conquista de uma escola pública e gratuita de tempo integral, que
propicie aos jovens brasileiros uma
sólida formação básica e profissional,
em sua dimensão humana, tecnológica
e científica.
Aulas no banheiro em escola estadual no Rio de Janeiro
rial Nacional, entre outros ataques ao
ensino público, sem levar em conta a
intrínseca relação entre estas medidas
dentro do contexto da “reforma” do
ensino imposto pelo Banco Mundial
e promovido pelos governos de plantão desde a década de 90, a partir do
nefasto Consenso de Washington. As
políticas do governo BM/Lula para a
“Educação Básica” representam a continuidade da “reforma” iniciada por
FHC na década passada.
A realidade concreta dos últimos
anos demonstra que a fim de dar sobrevida a sua economia, abalada desde
a estrutura pela crise financeiro-econômica, o imperialismo necessita adap-
Referencias bibliográficas:
- Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação - MOCLATE
http://moclate.blogspot.com/ - Sind. Nac. dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - ANDES
http://www.andes.org.br - ENEM: que é comodificado é mercadoria, de Roberto Leher, disponível
em http://www.correiocidadania.com.
br/content/view/3831/9/ - Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais - INEP
http://www.inep.gov.br/ Estudantes do Povo - 7
Movimento Camponês
Visita às Áreas
Revolucionárias
O MEPR se propõe a propagandear e apoiar a luta pela Revolução Agrária, e é assim que
todos os anos o movimento organiza a ida ao campo de estudantes para conhecer de perto
a luta dos camponeses pobres contra o latifúndio. Seguem relatos de estudantes que foram
ao campo em Pernambuco.
“Peri - Peri é do Povo! A luta pelo
direito de produzir o próprio alimento
esbarra no direito ilegal e injusto adquirido historicamente pelo latifúndio,
que se apossou da terra. O poder e a
ganância dos fazendeiros recebe apoio
incondicional de uma mídia vendida que
criminaliza os que lutam pelo direito à
terra. Enquanto isto, a violência contra
os camponeses é observada de maneira calma e tranqüila pelos três poderes
que compõem o nosso Estado de Direito.
(...) Por isto quero dizer: companheiros
de Peri-Peri se o latifúndio está contra
vocês, se o Estado na amplitude dos três
poderes é contra vocês, se a mídia é
contra vocês, vale a pena estar do lado
de vocês. Afinal quem tem tantos ‘bons’
inimigos só pode ser nosso Amigo...”
(Angela Freitas Maciel, Ciências sociais, UFPE)
“Nestas visitas o que vimos foram
muitas plantações, casas com tijolos feitos pelos próprios camponeses,
crianças brincando na Escola Popular,
muita alegria e esperança de um futuro
melhor. Conhecemos homens e mulheres
de muita garra, trabalhadores, conscientes e firmes (...) É triste saber que
tanto suor e tantas horas de dedicação
e trabalho vieram abaixo em poucos minutos pelo trator do latifundiário. Mais
revoltante ainda foi saber das ameaças
dos pistoleiros e do assassinato de um
apoiador da luta de Peri-Peri. Por isto,
voltamos aqui para trazer apoio a estas
famílias que além de perderem tudo que
plantaram e construíram estão sofrendo
ameaças e perseguições constantes”
(Escrito por estudantes da UFPE).
Escola Popular
8 - Estudantes do Povo
“Visitei algumas vezes os acampamentos da Ligas dos Camponeses para
melhor conhecer o trabalho e a luta do
movimento. Como integrante do Grafiola, coletivo que trabalha a comunicação
a serviço das movimentações populares,
tive [e ainda tenho] a oportunidade de
registrar as histórias, o cotidiano, os
ideais e a admirável organização da
LCP. Conheci pessoas simples, humildes
e trabalhadoras, com força e determinação suficientes para lutar pelos seus
direitos, dar valor verdadeiro a terras
que eram exploradas pela ganância dos
poderosos e fazer valer a máxima: terra
para quem nela trabalha!”
(Gabriel Muniz, Cinema, UFPE)
“O latifúndio é enorme. Nunca havia
tido nenhum contato com o latifúndio,
e o espaço, de fato, me surpreendeu.
Caminhamos por volta de duas horas
e não conseguimos ver todo o terreno.
Falamos das lutas que ali aconteceram
e estão para acontecer...” (Laila Aline, Psicologia, UFPE)
Comendo os frutos da Revolução Agrária
“Estar em Lagoa dos Gatos foi antes de qualquer coisa, uma experiência
de uma vida e, sobretudo, um chamado
de ação para uma vida que exige de nós
um posicionamento mais contundente
frente às mazelas impostas por este sistema corrupto de exploração humana e
aviltamento das condições de trabalho,
moradia, saúde e educação às quais o
povo sofrido das mais variadas regiões
do Brasil...”
(Bandeira, Pedagogia, UNEB Campus XIII)
Servir ao povo
de todo coração
Integração entre estudantes e camponeses
Esse apoio à luta camponesa é de
extrema importância para a continuidade e o desenvolvimento da Revolução Agrária em nosso país. E, igualmente, em contrapartida, é também
fundamental para os jovens estudantes, para a sua formação adequando o
conhecimento técnico e teórico aliado
à profunda ligação com as massas,
ensinando e sobretudo aprendendo
com elas o tempo inteiro.
Por isso é importante organizar visitas periódicas às Áreas Revolucionárias, para ali travar conhecimento e
participar ativamente do trabalho e da
luta coletivas. Por outro lado também
é importante levar delegações camponesas para dentro das universidades,
fazendo dessas autênticas caixas de
ressonância da luta de nosso povo.
Somente compartilhando da vida
do povo pobre do nosso país, e sobretudo da massa camponesa, a com
mais longa e heróica trajetória de luta,
poderemos conhecer de fato a realidade do Brasil (aquela que não aparece
na televisão) e, principalmente, brigar
por transforma-la!
Abaixo a
Criminalização
do Movimento
Camponês!
Em abril último a máxima representante
da bancada ruralista no Congresso Nacional,
a reacionária desbocada Kátia Abreu
(DEM-TO) enviou ao governo federal um
projeto nacional que visa “combater as
invasões de terra”, ou seja, institucionalizar
a criminalização da luta camponesa. No
mesmo mês a Comissão Pastoral da Terra
(CPT) divulgou dados apontando que
em 2009 ocorreram 25 assassinatos e 71
denúncias de tortura contra camponeses
em todo o país (dado que está, certamente,
subestimado).
Na verdade vive-se, sobre o atual governo
Luis Inácio, uma ofensiva reacionária sem
precedentes contra o movimento camponês.
Não bastassem esses dados da própria
CPT, a recente divulgação do índice GINI
que aponta o aumento da concentração
fundiária, o aluguel de milhões de hectares
da Amazônia para o “agronegócio” e a
expulsão desta, a ferro e a fogo, das famílias
camponesas, o Sr. Luis Inácio teve ainda
o desplante de declarar solenemente que
os usineiros eram os verdadeiros “heróis
nacionais”. Imaginem!
Tanto é assim que numa ação coordenada
do governo federal com o governo da canalha
Ana Júlia Carepa, também do PT, no Estado
do Pará, foi realizada a maior operação
de guerra desde a guerrilha do Araguaia
intitulada, curiosamente, “Operação Paz
no Campo”. Tal operação, que contou com
a cobertura sensacionalista e policial dos
monopólios de imprensa, terminou com
vários camponeses presos, torturados e já
teve 13 lideranças camponesas da região
assassinadas desde então. Recentemente o
latifúndio seqüestrou, torturou e assassinou
os coordenadores da Liga dos Camponeses
Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
Élcio Machado e Gilson Gonçalves.
Nós do MEPR exigimos punição a todos
os criminosos que têm erguido sua mão contra
o heróico movimento camponês no Brasil e
não descansaremos enquanto justiça não for
feita, o que só ocorrerá cabalmente quando
esse velho Estado burguês-latifundiário
(cujo principal fundamento é o monopólio
da terra) estiver destruído.
Servir ao povo de todo coração,
Tropa de choque da Revolução!
Viva a Revolução Agrária!
Élcio e Gilson: coordenadores da LCP
torturados e assassinados pelo latifúndio
Guerra popular
Viva a Índia Revolucionária
A Índia é um país localizado na
Ásia Meridional (faz fronteira com
Paquistão, China, Nepal...) e comporta
a segunda maior população mundial,
com mais de 1,1 bilhão de pessoas.
Sua independência foi decretada
oficialmente em 1947, mas na verdade,
este período do pós-II Guerra Mundial
representou apenas a passagem de sua
condição de colônia inglesa à de semicolônia.
Por isto mesmo, os problemas mais
elementares do povo nunca foram resolvidos. As massas continuaram submetidas ao feudal sistema de castas,
recebendo salários de fome e amargando as mais perversas mazelas sociais. Segundo dados oficiais: 27,5%
da população total vive abaixo da linha
da pobreza; quase 50% das crianças
com menos de 5 anos são subnutridas;
34,9% da população acima de 15 anos
é analfabeta; 69% da população não
conta com saneamento básico; 33%
das casas não têm energia elétrica.
Salta aos olhos, do exposto acima, a similaridade entre esse imenso
país Asiático com o Brasil, gigante
da América Latina. Similaridade essa
diametralmente oposta, naturalmente, àquela apontada pelos monopólios
de imprensa que os identifica como
“emergentes”, ou até mesmo “potências do século XXI”, etc. Na realidade,
as semelhanças repousam na condição
semifeudal e semicolonial de suas economias, no seu desenvolvimento nacional calcado em um capitalismo burocrático, ou seja, apoiado no monopólio da terra e na dominação imperialista
e em todo tipo de retrógradas relações
de produção (o que na Índia, com a manutenção do regime de castas, fica ainda mais evidente). É notória também
a completa ausência de democracia
para as massas populares, democracia
essa que somente pode ser conquistada
através da Revolução de Nova Democracia, ininterrupta ao socialismo, dirigida pelo proletariado, através do seu
Partido Comunista.
E é precisamente a existência desse
Partido, que dirige a invencível Guerra Popular há quatro décadas, o que
tem permitido os avanços em todos os
aspectos da vida do povo indiano, naquelas bases de apoio em que nasce um
novo poder. Desde a alfabetização universal, passando pela abolição do anacrônico regime de castas, a expropriação dos latifundiários e distribuição das
terras aos camponeses, a defesa dos direitos dos povos tribais, todas essas são
conquistas do processo revolucionário.
E sabemos que esse caminho trilhado
Assembléia de Mulheres em Largarh
atualmente pelo povo indiano é o único caminho possível para os povos se
libertarem.
O Partido Comunista e o
Levante de Naxalbari O proletariado indiano conformou
seu partido de vanguarda em 1925,
sob impacto da Revolução Russa, que
triunfara 8 anos antes, e em meio às
lutas de libertação nacional que sacudiam a Índia.
Ao longo dos trinta anos seguintes o
PCI participou crescentemente da vida
política da Índia mergulhada nos conflitos da luta de libertação do domínio colonial inglês, propugnando o caminho
revolucionário que pudesse conquistar
a verdadeira independência nacional.
Em meados da década de 1950 todo
o movimento comunista internacional
começava a viver um cenário bastante
complexo impactado pelos resultados
do 20º Congresso do PCUS, em 1956,
que desencadeara a restauração capitalista naquele país. Este acontecimento
provocou a mais contundente luta de
duas linhas nas fileiras do movimento
comunista ao nível mundial. Esta luta
contra o revisionismo moderno foi
vanguardeada pelo Partido Comunista da China, dirigido firmemente pelo
Presidente Mao Tsetung. A defesa da
linha proletária pelo PCCh repercutiu nos partidos comunistas de todo o
mundo.
Na Índia esta luta ideológica teve
seu maior expoente com a formação
de uma fração à esquerda liderada por
Charu Mazumdar, que promoveu uma
justa ruptura no Partido e levou a cabo
a reconstituição do Partido Comunista
da Índia (Marxista-Leninista) – PCI
(ML). Mazumdar e os demais autênticos comunistas indianos declararam
teceu um ano após o início da Grande
Revolução Cultural Proletária na China que elevou e fez acirrar ainda mais
a luta entre os verdadeiros comunistas
no mundo e seus falsificadores (revisionistas). Enquanto os revisionistas da
URSS, e seus seguidores na Índia, propunham a convivência pacífica com o
imperialismo e a possibilidade de se fazer revoluções não-violentas, os povos
tribais e os camponeses pobres da Índia
se levantavam em fúria com armas nas
mãos pela tomada do Poder político,
fazendo confrontar, na prática, os dois
caminhos para a revolução.
A repressão ao Levante de maio de
1967 foi bastante cruel e conseguiu
derrotar a sublevação alguns meses
depois. Mais de 10.000 pessoas foram
mortas pela repressão e muitos militantes do Partido foram dados como “desaparecidos”, além de inúmeros outros
torturados e assassinados - como acon-
que a direção do partido havia “traído a
causa da revolução indiana, escolhendo o caminho do parlamentarismo e a
colaboração de classes”, daí a inevitabilidade da cisão para impulsionar a
revolução na Índia
pela via da luta armada, sob forma
de Guerra Popular
Prolongada.
Ele tomou partido das posições
defendidas
por
Mao Tsetung e,
em contraposição
às orientações do
PCUS revisionista, formulou o caminho da RevoluEm Largarh, massas queimam sede do revisionista PCI marxista
ção Indiana como
teceu com o próprio líder Charu Mazusendo Revolução de Nova Democracia
mdar em 1972.
ininterrupta ao Socialismo, tomando os
Esta bárbara repressão causou certa
camponeses como força principal e o
desarticulação no movimento revoluproletariado como classe dirigente da
cionário, dando origem a algumas orrevolução.
ganizações que seguiram persistindo
Esta nova formulação teórica e pona linha da Guerra Popular, contudo
lítica do PCI (ML) logo encontrou eco
como frações separadas por divergênnas massas populares indianas, resulcias em diversos problemas da revolutando no levante camponês de Naxalção na Índia.
bari (aldeia localizada no estado de
Somente em 2003 duas destas orgaBengala Ocidental) no ano de 1967.
nizações (Centro Comunista Maoísta e
O levante de Naxalbari foi protagoCentro Revolucionário Comunista da
nizado pelas massas de camponeses e
Índia) promovem sua unificação funadivasis (denominação para os povos
dando o Centro Comunista Maoísta da
tribais da Índia) que, contando com
Índia (CCMI).
a direção comunista e com o recente
Em setembro de 2004, o CCMI
Grupo Guerrilheiro do Povo, organiunifica-se com o Partido Comunista da
zação armada do Partido, realizaram
Índia (Marxista-Leninista) (Guerra Pouma verdadeira democracia com suas
pular) dando origem ao Partido Comupróprias mãos: tomaram terras dos latinista da Índia (Maoísta) – PCI(M). Esta
fundiários e distribuíram entre os camunificação representou um gigantesco
poneses sem-terra; queimaram os títusalto para o movimento comunista e
los de propriedade dos latifundiários;
a revolução no país que, desde então,
aboliram as dívidas dos camponeses
vem aumentando exponencialmenpobres e julgaram e justiçaram os inite suas ações e sua influência política
migos do povo.
entre as massas. Dos 28 Estados que
A insurreição de Naxalbari aconEstudantes do Povo - 9
compõem a Índia, totalizando uma
população de mais de 1 bilhão de
habitantes, o PCI (M) atua organizadamente em 20 (destacando-se nos
estados de Chhattisgarh, Jharkhand,
Uttar Pradesh, Asma, Uttaranchal, Kerala, Tamil Nadu, Bengala Occidental,
Gujarat, Andhra Pradesh, Madhya Pradesh, Orissa, Maharashtra, Bihar, etc.)
o que significa controle de algo em torno de 182 dos 602 distritos do país!
Daí podemos claramente entender o
grande perigo que o desenvolvimento
da Guerra Popular naquele país representa para as classes de grandes burgueses, latifundiários e para a dominação imperialista, principalmente para
os ianques. Além do grande significado e dimensão internacional enquanto
processo revolucionário na atualidade.
Levante Popular em Lalgarh
A região de Lalgarh fica localizada
no estado de Bengala Ocidental e foi
sacudida em novembro de 2008, após
a brutal repressão desencadeada pelo
Estado contra as massas pobres. A ação
sanguinolenta do Estado se deu em resposta ao ataque do Exército Guerrilheiro Popular de Libertação, dirigido pelo
PCI (M), que tentou aniquilar o ministro-chefe do estado. A ação ocorreu,
com explosões de minas terrestres, no
momento que este voltava da inauguração de uma usina siderúrgica em terras
tribais – empreendimento amplamente
rejeitado pelas massas de adivasis.
Os revisionistas do PCI (Marxista),
que há anos governam Bengala Ocidental, do qual faz parte o distrito Lalgarh,
capitanearam uma repressão ilimitada
aos camponeses da região com prisões
arbitrárias, torturas, desaparecimentos forçados e assassinatos. Contra a
violência do Estado os povos tribais
se levantaram em fúria numa onda de
protestos e enfrentamentos com as forças do Estado que se alastrou também
por outras zonas – no fim de novembro
mais de 400 aldeias já participavam
dos protestos. Tanto que no dia 1º de
dezembro de 2008 cercaram a sede
do partido revisionista incendiando-a
e destruindo-a. Ação que levou os revisionistas do Pecedobê aqui a “condenar”, compartilhando os crimes e o
medo das massas, comuns a todos os
traidores e renegados.
Em meio a este processo foi formado o Comitê Popular Contra as Atrocidades Policiais que formulou uma
Carta com 13 reivindicações, entre
elas, a anulação de falsas acusações
respondidas por pessoas do povo desde
1998; a indenização das vítimas da violência policial; e o pedido de desculpas
do ministro-chefe pela brutalidade dos
seus agentes policiais.
Em 27 de novembro de 2008 o governo teve que ceder à pressão do Comitê Popular e retirou seus 13 acampamentos policiais que ficavam instalados
nas escolas e impediam os estudantes
de terem aulas.
10 - Estudantes do Povo
Em 7 de dezembro foi feito um
acordo contemplando 10 pontos do Comitê Popular que garantiu o pagamento
de despesas médicas aos camponeses
feridos, a retirada das acusações contra
manifestantes e a libertação de estudantes detidos durante os protestos.
Mesmo depois deste acordo os meses seguintes foram de muita mobilização e protestos populares. Vários intelectuais indianos declararam seu apoio
ao movimento popular e também o movimento estudantil, secundarista e universitário, se somou nas manifestações
de rua e na solidariedade aos adivasis.
Operação Lalgarh
Em 19 de junho de 2009 o Estado
indiano iniciou uma ofensiva contra
os adivasis e o Partido Comunista da
Índia (Maoísta), que exerce a liderança
entre as massas e detem um vasto controle em Lalgarh e região. Um enorme
contingente militar invadiu as aldeias,
expulsou moradores e entrou nas casas a procura de militantes maoístas.
Também neste dia helicópteros sobrevoaram as áreas distribuindo panfletos
ordenando que as pessoas não protegessem os comunistas.
Para incrementar suas ações de repressão foi enviado um satélite, denominado Risat-2, que consegue enviar
imagens dos terrenos onde atuam os
naxalitas até mesmo após anoitecer.
O fascista Estado de Israel é quem está
fornecendo o suporte para a utilização
deste satélite. Foi também Israel quem
forneceu os drones – aviões militares
não tripulados. O exército dos USA
além de enviar tecnologia militar mais
recente, realizou treinamentos conjuntos com as forças armadas da Índia.
Como parte desta ofensiva a reação
indiana também decretou, no dia 20
de junho, que o Partido Comunista da
Índia (Maoísta) estava proibido a nível
nacional, com base na fascista Lei de
Prevenção de Atividades Ilegais.
A Operação Lalgarh tem somado
uma série de atos ilegais das forças de
repressão, tais como prisões de crianças, envenenamento de poços de água
e pilhagem de aldeias. Os povos adivasis têm respondido com muita combatividade, enfrentando forças policiais
e bloqueando estradas para dificultar
o acesso de patrulhas, além do amplo
boicote realizado pela população local
às eleições.
Manifestação Popular contra operação Caçada Verde
fauna, flora e solo, são alvo da cobiça
imperialista. Essa extensa área contém
enormes quantidades de ferro, carvão,
bauxita, manganês, ouro, diamante e
urânio. Empresas como a Vedanta, Essar Steel, Rio Tinto e Posco, há tempos
exploram e roubam essas riquezas naturais.
Agora, com o desenvolvimento da
Guerra Popular dirigida pelos comunistas, a extração de matérias-primas
está ficando cada vez mais difícil para
estas empresas que enfrentam legítimas
ações de sabotagem cotidianamente.
Segundo dados oficiais o Estado
indiano pretende que a Operação dure
até 5 anos e utilize 70.000 agentes das
forças repressivas. É um verdadeiro
plano terrorista praticado pelo Estado. Resistência à “Caçada Verde”
Por outro lado, a resistência à esta
ofensiva contra-insurgente tem sido
muito grande: protestos, greves gerais,
fechamento de estradas e confrontos
armados com as forças reacionárias indianas têm sido freqüentes. A mais estrondosa ação do EGPL ocorreu no dia
6 de abril, quando foram justiçados 76
policiais.
Para engrossar a resistência popular
inúmeros intelectuais e organizações
democráticas estão fomentando desde
o dia 19 de fevereiro de 2010 a Campanha Internacional em Oposição à
Guerra contra o Povo da Índia (ICAWPI).
O MEPR se solidariza com a luta
do povo indiano e abomina a terrorista
Operação Caçada Verde. Por isto, estamos compondo a campanha (ICAWPI) e
fazendo denúncias das atrocidades promovidas pelo Estado indiano. E estamos
convictos de que o povo indiano, sob a
direção do Partido Comunista da Índia
(Maoísta), sairá vitorioso, derrotando
mais esta operação reacionária e desenvolvendo mais e mais a Guerra Popular
fazendo avançar sua Revolução Democrática de novo tipo que marcha para o
Socialismo e o Comunismo.
Operação Caçada Verde Para reforçar sua repressão ao crescente movimento popular e comunista
e garantir o saqueio de riquezas naturais por grandes empresas mineradoras
e madeireiras o governo indiano lançou
no dia 3 de dezembro de 2009 a chamada Operação Caçada Verde.
A Operação está destinada a expulsar os milhões de adivasis que moram
nas regiões de florestas as quais, devido à altíssima riqueza contida em sua
Favela Dharavi
Rebelião na Grécia
Arde a Luta de Classes na Grécia
Quarta-feira, 5 de maio: novamente
a Grécia amanheceu completamente
paralisada por uma greve geral. Desde
hospitais e escolas até mesmo, vejam
só, as principais corporações de imprensa (televisão, rádio, jornais) aderiram à convocação feita pelas centrais
sindicais e organizações populares.
Paralisado também ficou o tráfego
aéreo, marítimo e ferroviário do país
ao passo que o trem metropolitano de
Atenas funcionou únicamente nos horários das manifestações, para garantir o comparecimento da população às
mesmas.
Quantas vezes acontecimentos
como esse, demonstrando a combatividade do povo grego, têm se repetido
nos noticiários assustados dos monopólios de impensa!
O motivo da Greve Geral foi o
anúncio, pelo governo dito “socialista”
de Carolos Papoulias, de empréstimo
de 110 bilhões de euros junto ao FMI e
à UE (dinheiro destinado aos magnatas
da Bolsa, claro), seguido de aplicação
de medidas draconianas como congelamento de salários, corte de aposentadorias e aumento de impostos!
O governo anunciou também corte de
30 bilhões de euros do orçamento nos
próximos três anos. Não é difícil imaginar quais setores mais sofrerão com
este corte.
Essa é a quarta-greve geral realizada
na Grécia somente nesse ano de 2010.
A estimativa é de que até 100 mil pessoas tenham participado das massivas
manifestações ocorridas na capital grega. E os confrontos dos trabalhadores
não se resumem à Atenas: há registros
de que outras cidades, como Salônica,
Patras e Ioanina, também são palco de
combativos protestos.
Em virtude da intensa repressão
policial os manifestantes reagiram
com as armas que têm às mãos:
pedras, paus e coquetéis molotov.
Carros e bancos foram incendiados. Durante o incêndio de um
banco três pessoas morreram e
quatro ficaram feridas. A polícia
ateniense e o governo socialdemocrata correram a acusar
os manifestantes, antes mesmo
de qualquer comprovação, esquecendo-se de mencionar
os crimes diários perpetrados contra o
proletariado e as
massas trabalhadoras
gregas que já resultaram
na morte de vários lutadores, como o
assassinato em 2008 do jovem de 16
anos Andreas Grigoropoulos pelas forças repressivas do Estado.
Na realidade a chamada “crise grega” é apenas um desdobramento (não
causa, portanto, como sustentam alguns “economistas” por aí) da crise
geral do sistema imperialista a nível
mundial, crise cujo epicentro está no
seu próprio coração: a economia ianque. O medo que os gerentes dos países que compõem a União Européia
e do USA alimentam de um suposto
“contágio” da crise econômica grega
em todo o mundo é na verdade tentativa de encobrir que tal crise nada mais
é que o aprofundamento daquela que
rebentou em fins de 2008 e que esses
mesmos gerentes e os monopólios de
imprensa juravam que era “coisa do
passado”.
Tal quadro somente pode conduzir
ao recrudescimento da luta de classes, possibilitando grandes comoções
e abalos sociais na velha ordem, cujo
Manifestação contra o assassinato, pela polícia, do jovem Andreas Grigoropoulos, em 2008
Policial grego foge de manifestantes
desfecho estará condicionado pela
existência ou não de uma vanguarda
proletária que aponte o caminho revolucionário de destruição do Estado
reacionário como único capaz de conduzir a uma autêntica independência
nacional e um regime que assegure e
aprofunde as conquistas das massas
populares. Independente de qualquer
coisa fatos como esses só se somam
aos golpes demolidores desferidos pela
vida real aos fantasiosos apologistas
do “fim da história” e outras sandices
do tipo, golpes esses que se sucedem
dia-a-dia.
Tanto que o próprio gerente grego
afirmou que o país atingiu a “beira do
abismo” e que “o que está em jogo
nos próximos dias é a manutenção da
coesão e da paz social.” Sabemos que
a “paz social” desses senhores é a escravidão capitalista, e a manutenção
desses governos que nada mais são
que comitês da Bolsa. Por tudo isso, é
motivo de muito ânimo para os jovens
revolucionários de todo o mundo a
grande onda de manifestações na Grécia e em toda a Europa, somando-se às
lutas de libertação nacional e às lutas
armadas revolucionárias em curso no
mundo hoje e que anunciam que, no
lastro mesmo da crise geral do sistema
imperialista mundial, desenvolve-se
uma segunda grande onda da revolução proletária.
Sim, o espectro do comunismo
ronda não só a Europa, senão também
todo o mundo.
Viva a luta do povo Grego!
Viva a juventude rebelde do
mundo inteiro!
Rebelar-se é Justo!
15/05/2010: Milhares de trabalhadores foram às ruas em mais um dia de Greve Geral na Grécia
Estudantes do Povo - 11
Heróis do Movimento Estudantil
Idalísio Aranha, herói do povo brasileiro e
exemplo de luta para todos os estudantes
Idalísio Soares Aranha Filho nasceu no dia 27 de agosto de 1947 na
cidade de Rubim, interior de Minas
gerais, filho de Idalísio Soares Aranha
e de Aminthas Rodrigues Pereira.
Afetivo, carinhoso, observador e de
pouca conversa, assim era Idalísio, que
também era cantador, seresteiro e tocador de violão.
Grande lutador de nosso povo, participou ativamente do movimento estudantil durante a década de 60. Quando
secundarista estudou na principal escola de Minas Gerais, Escola Estadual
governador Milton Campos (conhecida como Estadual Central) situada na
cidade de Belo Horizonte.
Entrando para o curso de Psicologia na UFMG - Universidade Federal
do Estado de Minas Gerais - participa
e dirige a grande “Luta dos Excedentes” de 68. A questão dos “excedentes”
era bastante grave à época uma vez
que o vestibular era classificatório,
ou seja, todos que superassem o mínimo de pontos tinham direito à vaga
nas universidades. Com o tempo cresceu enormemente o número de alunos
aprovados, porém o Estado não atendia mais à demanda e muitos estudantes, mesmo tendo o direito à vaga, ficavam sem ela na prática. Estes eram os
excedentes. Logo após essas grandes
mobilizações, Idalísio foi eleito presidente do Diretório Acadêmico (DA) de
Psicologia.
Junto a outros colegas e militantes
do movimento estudantil, lutou em defesa dos interesses dos estudantes, contra o corte de verbas que precarizava
cada vez mais o ensino científico; con-
tra o fechamena cidade a parto de restaurantir do campo.
tes universitáEm que perios e cortes na
sem os erros
assistência esde concepção,
tudantil; contra
apontados pelo
o acordo MEC/
grande dirigenUSAID
(que
te comunista
expandia a inPedro Pomar
tervenção dos
em seu relaEUA na elabotório “Sobre
ração das polío Araguaia”
ticas educacio(soterrado pela
nais brasileiras)
direção
ree o reacionário
visionista de
Decreto-lei
Amazonas e
477, que insticonsortes) essa
tuía a expulsão
foi uma grande militantes
de experiência
do movimento
revolucionária,
estudantil das
Idalísio Aranha, estudante da UFMG assassinado de grande vauniversidades.
lor e inapagána Guerrilha do Araguaia
Em janeiro
vel lembrança
de 1971 Idalísio e sua companheira,
na história de nosso povo.
Walkíria Afonso Costa, ambos miliJá região do Araguaia, Idalísio Aratantes do Partido Comunista do Brasil,
nha foi viver na região do Gameleira
mudam-se para a região do Araguaia
e incorporou-se ao Destacamento B
aonde o PC do B concluía os preparacomandado por Osvaldo Orlando da
tivos para a deflagração da luta armada
Costa – o Osvaldão. Na ocasião a orrevolucionária, como Guerra Popular
ganização militar do Partido dividia
Prolongada.
os Destacamentos em 3 agrupamenEm 12 de abril de 1972, os militantes
tos guerrilheiros e Idalísio compunha
do Partido Comunista e camponeses da
o “Grupo do Castanhal”, com mais 5
região iniciam o episódio que marcará
combatentes, dentre eles sua compaa história de nosso país, como a mais
nheira Walkíria.
alta tentativa já realizada até hoje em
Segundo o “Relatório Sobre a Luta
nosso país de tomada do Poder para as
no Araguaia”, produzido por Ângelo
massas populares: era a gloriosa GuerArroyo, membro da Comissão Militar
rilha do Araguaia, que se desenvoldo Partido Comunista, Idalísio tombou
veria com a participação da massa de
em combate em julho de 1972. Segue
camponeses pobres objetivando cercar
abaixo o trecho do Relatório:
Oswaldos, Tucas e Aris
Nunes, Landins, Amauris
Nada se faz em vão
E apesar da noite que disfarça
Apesar dos tiros, dos choques
Da boca que delata
Ainda nos restam as pedras
Os gritos
Os cânticos
Rendemos honras e glórias a esse
Os punhais!
Aos guerrilheiros
do Araguaia/1970
“A Comissão Militar resolveu enviar um grupo de companheiros, chefiados pelo Juca (João Carlos Haas
Sobrinho), para conseguir reatar o
contato com o Destacamento C. Faziam parte do grupo: Flávio (Ciro Flávio de Oliveira Salazar), Gil (Manoel
José Nurchis), Aparício (Idalísio Soares Aranha Filho) e Ferreira (Antônio
Guilherme Ribeiro Ribas), do Destacamento B. Esta medida se impunha
porque o Destacamento C não atendeu
aos pontos previamente estabelecidos.
Este grupo caiu numa emboscada do
Exército na Grota Vermelha a uns 50
metros da estrada. Juca levou dois tiros: um na perna e outro na coxa, mas
conseguiu, juntamente com os outros
companheiros, embrenhar-se na mata.
Ficaram parados alguns dias para que
Juca se restabelecesse. Durante esse
período, Aparício saiu para caçar e se
perdeu. Procurou a casa de um morador chamado Peri por onde sabia que
os demais iriam passar. Lá ficou à espera. O dono da casa onde se refugiou
levou-o para um barraco no mato próximo à casa. Nesse local lhe serviam a
comida. Dias depois apareceu o Exército e travou tiroteio com Aparício”.
Emboscado e mesmo ferido, Idalísio conseguiu se embrenhar na mata
e escapar ainda por dois quilômetros,
antes de ser atingido fatalmente. Mesmo o “Relatório Oficial do Ministério da Guerra”, documento em que o
podre Estado brasileiro assume suas
ações criminosas no Araguaia, destaca
que Idalísio Aranha “foi morto por ter
resistido ferozmente”.
Mesmo após seu covarde assassinato pelo exército fascista, foi ainda
julgado e condenado à prisão pelo Poder Judiciário burguês-latifundiário,
esse mesmo que até hoje mantém sua
posição anti-povo.
Idalísio foi um, dentre centenas de
jovens de uma geração, que deu sua
vida pela libertação de nosso povo e
pela Revolução. Devemos nos mirar
nestes grandes exemplos que, rejeitando o conforto e as facilidades da vida
pequeno-burguesa nas cidades, tomaram firme decisão de servir às massas
de todo o coração, inclusive no nível
mais elevado da luta de classes, que é
a luta armada.
grande combatente de nosso povo.
Manifestação dos excedentes, em 1968
Viva Idalísio Aranha! Viva os
heróis do Movimento Estudantil!

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