Relatório final
Transcrição
Relatório final
Contributos do SIGRE para o Desenvolvimento Socioeconómico e Ambiental de Portugal Relatório final Destinatário: Desenvolvido por: [Dezembro de 2012] Página | 1 Relatório final Estudo desenvolvido para a SPV Intervenientes na Avaliação de Ciclo de Vida: Coordenação operacional do projeto: Paulo Ribeiro Ambiente, aspetos específicos da sócioeconomia e elaboração do relatório: Paulo Ribeiro, Ana Lopes e Inês Costa 3 Drivers – Engenharia, Inovação e Ambiente Lda. Av. 5 de Outubro, nº 124, 4º 1050-061 Lisboa, Portugal Tel: (+351) 216 026 334, Fax: (+351) 309 817 274 E-mail: [email protected] Internet: http://www.3drivers.pt Créditos das imagens e figuras no relatório: 3 Drivers, se não especificado. Data do documento: Coordenação científica do projeto: Paulo Ferrão Dezembro de 2012 Impacte económico: João Rodrigues, Alexandra Marques e Tiago Domingos Caracterização das empresas e emprego: Miguel Amaral, Miguel Preto Disclamer: Instituto Superior Técnico (IST) Centro de Estudos em Desenvolvimento, Tecnologias e Políticas de Desenvolvimento (IN+) [O conteúdo deste documento é da autoria dos seus autores, sendo que as conclusões expressas podem não coincidir necessariamente com a posição oficial da entidade que adjudicou o estudo.] Av. Rovisco Pais, 1 1049-001 Lisboa Tel: (+ 351) 218 417 732, Fax: (+351) 218 496 156 E-mail: [email protected] Internet: in3.dem.ist.utl.pt Página | i Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal, Relatório Final ÍNDICE NOMENCLATURA XI GLOSSÁRIO XIII SUMÁRIO EXECUTIVO XVII 1 INTRODUÇÃO 1 1.1 Âmbito e Objetivos do Relatório 1 1.2 Organização do Relatório 2 2 ANÁLISE DE BIBLIOGRAFIA RELACIONADA COM OS CONTRIBUTOS AMBIENTAIS, ECONÓMICOS E SOCIAIS DA GESTÃO DE RESÍDUOS 5 2.1 Considerações Iniciais 5 2.2 Contributos Ambientais 5 2.2.1 Enquadramento 5 2.2.2 Setor de Gestão de Resíduos 8 2.2.3 Gestão de Resíduos de Embalagens 2.3 14 Contributos Económicos 24 2.3.1 Enquadramento 24 2.3.2 Setor de Gestão de Resíduos 24 2.3.3 Gestão de Resíduos de Embalagens 33 2.4 Contributos Sociais 37 2.4.1 Enquadramento 37 2.4.2 Setor de Gestão de Resíduos 37 2.4.3 Gestão de Resíduos de Embalagem 42 3 AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SIGRE 43 3.1 Âmbito e Objetivos da Avaliação 43 3.2 Metodologia Utilizada 43 3.3 Resultados 49 3.3.1 Impactes e Benefícios Ambientais da Gestão de Resíduos Urbanos de Embalagens (Sistema Urbano) 49 3.3.2 Impactes e Benefícios Ambientais da Gestão de Resíduos Não Urbanos de Embalagens (Sistema eXtra-Urbano) 59 3.3.3 Balanço Global do SIGRE 65 4 AVALIAÇÃO ECONÓMICA DO SIGRE 71 4.1 Considerações Iniciais 71 4.2 Embaladores Aderentes ao SIGRE 71 4.2.1 Âmbito e objetivos da avaliação 71 4.2.2 Metodologia utilizada 71 4.2.3 Resultados 72 4.3 Empresas de Recolha, Triagem e Retoma/Reciclagem dos Resíduos de Embalagens 74 Página | iii Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 4.3.1 Âmbito e objetivos da avaliação 74 4.3.2 Metodologia utilizada 74 4.3.3 Resultados 76 4.4 Impacte Económico da Gestão de Resíduos de Embalagens em Portugal 79 4.4.1 Âmbito e objetivos da avaliação 79 4.4.2 Metodologia utilizada 80 4.4.3 Resultados 83 5 AVALIAÇÃO SOCIAL DO SIGRE 89 5.1 Enquadramento Geral 89 5.2 Caracterização das Empresas de Recolha, Triagem e Retoma/Reciclagem dos Resíduos de Embalagens 89 5.2.1 Âmbito e objetivos da avaliação 89 5.2.2 Metodologia utilizada 90 5.2.3 Resultados 90 5.3 Empregos Associados à Gestão de Resíduos de Embalagens 95 5.3.1 Âmbito e objetivos da avaliação 95 5.3.2 Metodologia utilizada 95 5.3.3 Resultados 97 5.4 Impacte dos Projetos de Responsabilidade Social Promovidos pela SPV 98 5.4.1 Âmbito e objetivos dos projetos 98 5.4.2 Meios utilizados 99 5.4.3 Resultados 100 6 AVALIAÇÃO INTEGRADA DOS RESULTADOS AMBIENTAIS, ECONÓMICOS E SOCIAIS 103 6.1 Considerações Iniciais 103 6.2 Resultados Ambientais 103 6.2.1 Redução das Emissões de GEE 103 6.2.2 Redução do Consumo de Energia 104 6.2.3 Redução do Consumo de Água 105 6.2.4 Redução das Emissões de Substâncias Acidificantes 106 6.3 Resultados Económicos 106 6.3.1 Número e Volume de Vendas das Empresas Aderentes 106 6.3.2 VPV pago pelas Empresas Aderentes 107 6.3.3 Estrutura do Capital Social e Volume de Vendas e de Empresas Parceiras no SIGRE 108 6.3.4 Efeito Multiplicador do SIGRE ao Nível do Valor Acrescentado 108 6.3.5 Efeito Multiplicador do SIGRE ao Nível dos Salários 109 6.3.6 Efeito Multiplicador do SIGRE ao Nível do Volume de Negócios 109 6.3.7 Redução do Valor Acrescentado pela Ausência de Promoção da Reciclagem 109 6.4 Resultados Sociais 110 6.4.1 Número e Características dos Trabalhadores das Empresas Parceiras SPV no SIGRE 110 6.4.2 Empregos Associados à Atividade de Gestão de Resíduos de Embalagem 110 6.4.3 Impacto dos programas de responsabilidade social 111 Página | iv Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 7 CONCLUSÕES FINAIS 113 8 REFERÊNCIAS 117 ANEXO A – DESCRIÇÃO METODOLÓGICA DETALHADA DA AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA (ACV) REALIZADA AO SIGRE 123 Aspetos Gerais 123 Data e Contexto da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) 123 Conformidade com Documentos e Normas de Referência 123 Antecedentes - Estudos de ICV e ACV Anteriores 123 Objetivos da Análise 124 Aplicações Pretendidas 124 Limitações Iniciais Relacionadas com os Objetivos 124 Razões para o Desenvolvimento do Estudo e Contexto da Decisão 125 Públicos-Alvo 126 Existência de Afirmações Comparativas 126 Entidade Promotora do Estudo, Equipa de Projeto e Outras Partes Interessadas 126 Âmbito do Estudo 128 Sistema em Análise e Sua Função 128 Unidade Funcional do Estudo 129 Fluxos de Referência 129 Tipo de Metodologia ICV 130 Fronteiras do Sistema 130 Critérios de exclusão para Inclusão de Inputs e Outputs 132 Critérios para a ICV 133 Critérios para a AICV 138 Modificações em Relação ao Âmbito Definido Inicialmente 139 Inventário do Ciclo De Vida (ICV) 139 Procedimentos de Recolha de Dados 139 Descrição Qualitativa e Quantitativa dos Processos Unitários 140 Fontes Bibliográficas 145 Procedimentos de Cálculo 145 Validação dos Dados 146 Análise de Sensibilidade para Refinação das Fronteiras do Sistema 146 Substituição Específica ou Procedimentos de Alocação para Processos Multifuncionais 146 Tabela de Inventário 147 Avaliação de Impactes no Ciclo De Vida (AICV) 147 Considerações Iniciais 147 Métodos Utilizados 147 Elementos Opcionais da AICV 148 Processos Excluídos da Análise 148 Apresentação dos resultados 148 Considerações finais 148 Interpretação dos Resultados Identificação das Questões Significativas 149 149 Página | v Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Controlo de Integralidade 150 Controlo de Coerência 150 Análise e Controlo de Sensibilidade 150 Análise de Incerteza 150 Pressupostos e Limitações 152 Conclusões e Recomendações 153 ANEXO B - TABELA DE INVENTÁRIO DO SIGRE 155 ANEXO C – TABELA DE RESULTADOS DE CARACTERIZAÇÃO PARA TODAS AS CATEGORIAS DE IMPACTE DO MÉTODO ILCD 2011 (V.1.1) 175 ANEXO D – CÁLCULOS AUXILIARES PARA A AVALIAÇÃO INTEGRADA DOS RESULTADOS AMBIENTAIS, ECONÓMICOS E SOCIAIS 177 I. Carbono | GEE | Alterações climáticas 177 II. Acidificação 178 III. Energia 178 IV. Água 179 ANEXO E – QUADROS DE MULTIPLICADORES E DE ALAVANCAGEM 181 ANEXO F - ANÁLISE DE INCERTEZA DOS MULTIPLICADORES E DA ALAVANCAGEM ESTIMADOS 191 Página | vi Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal, Relatório Final ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1.1 – A inserção da Economia Verde nos três pilares do Desenvolvimento Sustentável 1 Figura 2.1 – Extração de materiais ao nível global, em 109t por ano 6 Figura 2.2 – Ligações existentes entre o uso de recursos naturais e a produção de resíduos numa economia 7 Figura 2.3 – Potencial contributo da reciclagem para o consumo do respetivo material (ano base 2006) 10 Figura 2.4 – Emissões da GEE na Europa dos 27 entre 1990 e 2008, em CO2 equivalentes 12 Figura 2.5 – Evolução prevista para as emissões da GEE na UE27 até 2020 segundo um cenário de Business-as-usual 13 Figura 2.6 – Balanço das emissões de GEE na gestão e tratamento de RSU 13 Figura 2.7 – Tendência de crescimento da produção de resíduos de embalagem e o PIB na UE15 entre 1998 e 2008 15 Figura 2.8 – Produção total de resíduos de embalagens na União Europeia (kg/hab.ano) 15 Figura 2.9 – Consumo per capita de embalagens de diferentes materiais na EU15, 1998-2006 (kg/hab.ano) 16 Figura 2.10 – Taxas de reciclagem de resíduos de embalagens em 1998 e 2008 17 Figura 2.11 – Fluxo de resíduos de embalagens gerados e recuperados 18 Figura 2.12 – Impactes da reciclagem de resíduos de embalagens 23 Figura 2.13 – Volume de negócios da reciclagem de 7 tipos de materiais nucleares 26 Figura 2.14 – Valor do comércio interno e externo de alguns materiais recicláveis 27 Figura 2.15 – Evolução dos preços de alguns materiais secundários, baseados nas estatísticas de comércio intra e extracomunitário 28 Figura 2.16 - Produtividade aparente do trabalho da indústria de reciclagem 30 Figura 2.17 – Rendimentos e custos associados à gestão de resíduos de embalagens pelos SMAUT 36 Figura 2.18 – Custos unitários de recolha seletiva e triagem por material de embalagem e volume de resíduos de embalagens recolhidas 36 Figura 2.19 - Pessoal ao serviço em ambiente por principal atividade económica (2010) 38 Figura 2.20 - Pessoal ao serviço em funções de ambiente por nível profissional e atividade económica (2010) 39 Figura 3.1 – Ciclos de vida dos Resíduos de Embalagens Urbanos geridos pela SPV 46 Figura 3.2 – Ciclos de vida dos Resíduos de Embalagens Não Urbanos geridos pela SPV 47 Figura 3.3 - Importância relativa de cada processo unitário para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 50 Figura 3.4 - Importância relativa de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 52 Figura 3.5 - Importância relativa de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos, valores por t de material reciclado (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 53 Figura 3.6 - Importância relativa de cada processo para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens de plástico em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 54 Figura 3.7 - Importância relativa de cada processo para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens de Papel/Cartão em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 55 Figura 3.8 - Comparação relativa de diferentes cenários de gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 57 Figura 3.9 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (Consumo de energia) 58 Figura 3.10 - Importância relativa de cada processo unitário para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 60 Figura 3.11 - Importância relativa de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 62 Figura 3.12 - Comparação relativa de diferentes cenários de gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 63 Figura 3.13 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (Consumo de energia) 64 Figura 3.14 - Importância relativa de cada processo unitário para o resultado ambiental do SIGRE em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 66 Figura 3.15 - Importância relativa de cada material para o resultado ambiental do SIGRE em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 67 Figura 3.16 - Comparação relativa de diferentes cenários de gestão do SIGRE em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 68 Figura 3.17 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental do SIGRE em 2011 (Consumo de energia) 69 Figura 4.1 - Evolução do número de “Empresas SIGRE” (2000-2009) 76 Figura 4.2 - Evolução do número de ”Empresas SIGRE” e “Não SIGRE” com mesmo CAE entre 2000-2009 77 Figura 5.1 - Número médio de trabalhadores por empresa no SIGRE, em 2000-2009 91 Figura 5.2 - Força de trabalho em empresas parceiras da SPV no SIGRE, em 2000-2009 91 Página | vii Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Figura 0.1 – Diagrama simplificado do Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos de Embalagens Figura 0.2 - Diagrama simplificado do Sistema de Gestão de Resíduos Não Urbanos de Embalagens Figura 0.3 - Análise de incerteza ao cenário baseline do SIGRE (Caracterização) Página | viii 131 131 152 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal, Relatório Final ÍNDICE DE TABELAS Tabela 2.1 – Principais metas e objetivos existentes na legislação europeia referente a resíduos 8 Tabela 2.2 – Estimativas da poupança de recurso naturais pela reciclagem de resíduos 10 Tabela 2.3 - Poupança de emissões de GEE e consumo de energia pela reciclagem de vários materiais 11 Tabela 2.4 – Preferência ambiental global de várias opções de gestão de resíduos tendo em conta estudos de ACV realizados 14 Tabela 2.5 – Quantidade de resíduos de embalagens gerados e reciclados em 2009 na EU27 17 Tabela 2.6 – Resíduos de embalagens geridos no contexto da responsabilidade da SPV no quadro do SIGRE 19 Tabela 2.7 – Percentagem da produção global que é utilizada para o fabrico de embalagens 19 Tabela 2.8 - Estimativas da reciclagem de materiais na UE por fluxo de resíduos selecionados em 2006 20 Tabela 2.9 – Impactes ambientais evitados associados com um cenário de reciclagem em que a taxa de reciclagem da UE é idêntica à taxa de reciclagem atual do Estado-Membro mais avançado nesta matéria, por material 23 Tabela 2.10 – Volume de negócios do setor da reciclagem 25 Tabela 2.11 – Evolução dos valores médios em Euros/t de diferentes recicláveis baseados nas estatísticas de comércio intra e extracomunitário 28 Tabela 2.12 – Dados gerais das entidades produtoras de bens e serviços de ambiente por atividade económica 29 Tabela 2.13 – Distribuição do volume de negócios das entidades produtores de bens e serviços de ambiente por atividade económica segundo o tipo de mercado 29 Tabela 2.14 – Multiplicadores da indústria de reciclagem e reutilização nos EUA e comparação com outras indústrias 31 Tabela 2.15 – Multiplicadores para o Estado do Missouri, Tipo I 32 Tabela 2.16 - Multiplicadores para o Estado do Missouri, Tipo II 32 Tabela 2.17 – Impactes anuais de um cenário de reciclagem mais elevado do que o atual na UE 35 Tabela 2.18 – Crescimento do emprego nos sub-setores das eco-indústrias na União Europeia entre o período 2000 e 2008 38 Tabela 2.19 - Pessoas ao serviço nas entidades produtoras de bens e serviços de ambiente por atividade económica, segundo o sexo e nível profissional 40 Tabela 2.20 – Multiplicadores da criação de empregos diretos relacionados com a reciclagem de materiais 41 Tabela 2.21 – Empregos diretos criados por t de material reciclado 42 Tabela 3.1 - Contribuição de cada processo unitário para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 49 Tabela 3.2 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 51 Tabela 3.3 – Análise comparativa de diferentes cenários de gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 56 Tabela 3.4 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (Consumo de energia) 57 Tabela 3.5 - Análise comparativa de diferentes cenários de gestão dos resíduos urbanos de embalagens (Consumo de energia) 59 Tabela 3.6 - Contribuição de cada processo unitário para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 60 Tabela 3.7 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 61 Tabela 3.8 – Análise comparativa de diferentes cenários de gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 62 Tabela 3.9 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (Consumo de energia) 64 Tabela 3.10 - Análise comparativa de diferentes cenários de gestão dos resíduos não urbanos de embalagens (Consumo de energia) 65 Tabela 3.11 - Contribuição de cada processo unitário para o resultado ambiental do SIGRE em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 65 Tabela 3.12 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental do SIGRE em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 67 Tabela 3.13 – Análise comparativa de diferentes cenários de gestão do SIGRE em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 68 Tabela 3.14 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental do SIGRE em 2011 (Consumo de energia) 68 Tabela 3.15 - Análise comparativa de diferentes cenários de gestão do SIGRE em 2011 (Consumo de energia) 70 Tabela 4.1 – Enquadramento económico dos embaladores aderentes ao sistema gerido pela SPV 73 Tabela 4.2 - CAE das empresas parceiras da SPV que foram caracterizadas 75 Tabela 4.3- Evolução do número de empresas do SIGRE (2000-2009) 76 Tabela 4.4 – Evolução do capital social, nº de estabelecimentos e volume de vendas das “Empresas SIGRE” e ”Empresas Não SIGRE” em 2000-2009 (valores médios por empresa) 78 Tabela 4.5 – Evolução do capital social, nº de estabelecimentos e volume de vendas das “Empresas SIGRE”, desagregadas por tipo de operador, em 2000-2009 (valores médios por empresa) 79 Página | ix Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 4.6 - Interacção entre os setores do SIGRE e o resto da economia nacional 81 Tabela 4.7 - Multiplicadores de tipo I (Euro/Euro), do SIGRE e a ele associados e representativos da economia portuguesa (por ordem decrescente de multiplicador de VAB) 83 Tabela 4.8 - Desagregação do multiplicador de tipo I do SIGRE por ramo de atividade (Euro/Euro), por ordem decrescente de multiplicador de VAB 85 Tabela 4.9 - Alavancagem do SIGRE por ramo de atividade (milhões de Euros), por ordem decrescente de alavancagem em VAB. 86 Tabela 5.1 – Evolução do número de trabalhadores das empresas parceiras da SPV no SIGRE, em 2000-2009 (valores médios por empresa) 90 Tabela 5.2 – Evolução do número de trabalhadores das empresas parceiras da SPV no SIGRE, desagregadas por tipo de operador, em 2000-2009 (valores médios por empresa) 90 Tabela 5.3 - Estatísticas descritivas dos trabalhadores das empresas parceiras da SPV no SIGRE, em 2000-2009 (valores médios) 92 Tabela 5.4 – Estatísticas descritivas dos trabalhadores em empresas parceiras da SPV no SIGRE, desagregadas por tipo de operador, em 2000-2009 (valores médios) 94 Tabela 5.5 – Estimativa do número de empregos associados à gestão dos resíduos de embalagens do SIGRE 97 Tabela 5.6 - Resultados globais do projeto “2 causas por uma causa” 100 Tabela 5.7 - Resultados globais da 1ª fase do projeto “Reciclar é Dar e Receber” 100 Tabela 5.8 - Resultados globais da 2ª fase do projeto “Reciclar é Dar e Receber” 101 Tabela 6.1 - Benefício ambiental do SIGRE em 2011 (emissões de CO2eq evitadas) 103 Tabela 6.2 - Benefício ambiental do SIGRE relativamente ao cenário de encaminhamento dos resíduos para aterro (emissões de CO2eq evitadas) 104 Tabela 6.3 – Benefício ambiental do SIGRE relativamente ao cenário de encaminhamento dos resíduos para incineração (emissões de CO2eq evitadas) 104 Tabela 6.4 - Benefício ambiental do SIGRE em 2011 (consumo de energia primária total evitado) 105 Tabela 6.5 - Benefício ambiental do SIGRE em 2011 (consumo de energia primária fóssil evitado) 105 Tabela 6.6 - Benefício ambiental do SIGRE em 2011 (consumo de água evitado) 106 Tabela 6.7 – Benefício ambiental do SIGRE em 2011 (emissões de SO2e evitadas) 106 Tabela 6.8 – N.º de empresas que reportaram a colocação de embalagens no mercado em 2010 106 Tabela 6.9 – Volume de vendas das empresas aderentes à SPV em 2010 [principais setores] 107 Tabela 6.10 – Valor Ponto Verde pago pelas empresas aderentes à SPV em 2010 107 Tabela 6.11 – Características médias das empresas parceiras da SPV no SIGRE em 2009 108 Tabela 6.12 – Efeito multiplicador do Tipo I do SIGRE ao nível do valor acrescentado 108 Tabela 6.13 - Efeito multiplicador do Tipo I do SIGRE ao nível dos salários 109 Tabela 6.14 - Efeito multiplicador de Tipo I do SIGRE dao nível do volume de negócios 109 Tabela 6.15 – Diminuição do valor acrescentado num cenário sem SIGRE 110 Tabela 6.16 – Características médias dos trabalhadores das empresas parceiras da SPV no SIGRE, em 2009 110 Tabela 6.17 – Estimativa funcional dos empregos associados à gestão dos resíduos de embalagens do SIGRE 111 Tabela 6.18 – Investimento inerente às campanhas de solidariedade social da SOV 111 Tabela 0.1 – Públicos-alvo 126 Tabela 0.2 – Equipa responsável pelo estudo de ACV 127 Tabela 0.3 – Partes interessadas 128 Tabela 0.4 – Resíduos geridos no âmbito do SIGRE em 2011 (t) 129 Tabela 0.5 – Características dos processos de reciclagem 135 Tabela 0.6 – Consumos energéticos associados aos processos de reciclagem 136 Tabela 0.7 – Emissões de GEE evitadas devido à reciclagem de vários materiais (t CO2 eq /t resíduo) 137 Tabela 0.8 – Emissões de GEE evitadas/produzidas devido à valorização energética de vários materiais (t CO2 eq evitadas/t resíduo) 137 Tabela 0.9 - Métodos de recolha de dados 140 Tabela 0.10 - Balanço de massas dos principais processos unitários considerados na modelação do Sistema Urbano (cenário Baseline 2011) 144 Tabela 0.11 - Balanço de massas dos principais processos unitários considerados na modelação do Sistema Não Urbano (cenário Baseline 2011) 145 Tabela 0.12 - Fontes de informação 145 Tabela 0.13 - Análise de incerteza ao cenário baseline do SIGRE 151 Tabela 0.1 - Multiplicadores de tipo I (euro/euro), ordenados por código de CAE 181 Tabela 0.2 - Desagregação do multiplicador de tipo I do SIGRE por ramo de atividade (Euro/Euro) 184 Tabela 0.3 - Alavancagem do SIGRE por ramo de atividade (milhões de Euros) 187 Página | x Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal, Relatório Final NOMENCLATURA ACV Análise de Ciclo de Vida CV Ciclo de Vida GEE Gases com Efeito de Estufa ICV Inventário de Ciclo de Vida IES Institute for Environment and Sustainability ILCD International Reference Life Cycle Data System IN+ Centro de Estudos em Inovação, Tecnologias e Políticas de Desenvolvimento do Instituto Superior Técnico (IST) ISO International Organization for Standardization IST Instituto Superior Técnico GEE Gases com Efeito de Estufa JRC Joint Research Centre LCA Life Cycle Assessment OGR Operador de gestão de resíduos ONGA Organizações Não-governamentais de Ambiente SMAUT Sistema Multimunicipal, Intermunicipal e Autarquia Página | xi Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal, Relatório Final GLOSSÁRIO Aderente Empresas que passam à Sociedade Ponto Verde a responsabilidade de gestão dos resíduos de embalagem associados à sua atividade Afirmação comparativa Alegação ambiental relativa à superioridade ou equivalência de um produto em relação a um produto concorrente que desempenhe a mesma função; Alocação Imputação dos fluxos de entrada ou saída de um processo ou sistema de produto entre o sistema de produto em estudo e um ou mais outros sistemas de produto; Análise de incerteza Procedimento sistemático para quantificar a incerteza introduzida nos resultados do inventário do ciclo de vida, devida aos efeitos cumulativos da imprecisão do modelo, da incerteza e da variabilidade dos dados; Análise de sensibilidade Procedimentos sistemáticos para estimar os efeitos das escolhas efetuadas, em relação aos métodos e dados, no resultado de um estudo; Aspeto ambiental Elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o ambiente; Avaliação Elemento no seio da fase de interpretação do ciclo de vida pretendido para gerar confiança nos resultados da avaliação do ciclo de vida; Avaliação de impacte do ciclo de vida (AICV) Fase da avaliação do ciclo de vida com o objetivo de compreender e avaliar a magnitude e significância dos impactes ambientais potenciais para um sistema de produto ao longo do seu ciclo de vida; Avaliação do ciclo de vida (ACV) Compilação e avaliação das entradas, saídas e dos impactes ambientais potenciais de um sistema de produto ao longo do seu ciclo de vida; Categoria de impacte Classe que representa questões ambientais dignas de preocupação à qual os resultados de inventário de ciclo de vida poderão ser atribuídos; Ciclo de vida Etapas consecutivas e interligadas de um sistema de produto, desde a obtenção de matérias-primas ou sua produção a partir de recursos naturais até ao destino final; Controlo de coerência Processo que verifica se os pressupostos, métodos e dados são aplicados de modo coerente ao longo do estudo e se estes estão de acordo com a definição do objetivo e do âmbito antes que se retirem as devidas conclusões; Controlo de integralidade Processo que verifica se a informação das fases de uma avaliação de ciclo de vida é suficiente para se alcançarem conclusões de acordo com a definição do objetivo e do âmbito; Página | xiii Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Controlo de sensibilidade Processo que verifica se a informação obtida de uma análise de sensibilidade é relevante para se alcançarem conclusões e para que se façam recomendações; Co-produto Qualquer de dois ou mais produtos oriundos do mesmo processo unitário ou sistema de produto; Critérios de exclusão Especificação da quantidade de fluxo de material ou energia ou do nível de significância ambiental associado aos processos unitários ou sistema de produto a serem excluídos de um estudo; Emissões e descargas Emissões para o ar descargas para a água ou solo; Energia de alimentação Calor de combustão de uma matéria-prima que não é utilizada como fonte de energia para um sistema de produto, expresso em termos de poder calorífico superior ou de poder calorífico inferior; Energia de processo Entrada de energia necessária para operar o processo ou equipamento num processo unitário, excluindo as entradas de energia para produção e fornecimento da própria energia; Entrada Fluxo de produto, material ou energia que entra num processo unitário; Entrada auxiliar Entrada de material utilizada no processo unitário que produz o produto, mas que não constitui parte dele; Fator de caracterização Fator derivado de um modelo de caracterização que é aplicado para converter um resultado atribuído do inventário do ciclo de vida à unidade comum do indicador de categoria; Fluxo de produto Produtos que entram de ou saem para outro sistema de produto; Fluxo de referência Medida das saídas de processos de um dado sistema de produto necessária para cumprir a função expressa pela unidade de referência; Fluxo elementar Material ou energia que entra no sistema em estudo que tenha sido extraído do ambiente sem transformação prévia humana, ou material ou energia que sai do sistema em estudo e que é libertado para o ambiente sem subsequente transformação humana; Fluxo energético Entrada para ou saída de um processo unitário ou sistema de produto, quantificada em unidades de energia; Fluxo intermédio Fluxo de produto, material ou energia que ocorre entre processos unitários do sistema de produto em estudo; Página | xiv Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Fronteira do sistema Conjunto de critérios que especificam que processos unitários são parte de um sistema de produto; Impacte final por categoria Atributo ou aspeto do ambiental natural, saúde humana ou recursos, que identifica uma questão ambiental que causa preocupação; Indicador de categoria de impacte Representação quantificável de uma categoria de impacte Interpretação do ciclo de vida Fase da avaliação do ciclo de vida na qual os resultados, quer do inventário, quer da avaliação de impacte, ou de ambas, são avaliados de acordo com o objetivo e âmbito definidos, com vista à obtenção de conclusões e recomendações; Inventário de ciclo de vida (ICV) Fase da avaliação do ciclo de vida que envolve a compilação e quantificação de entradas e saídas para um sistema de produto ao longo do seu ciclo de vida; Matéria-prima Material primário ou secundário que é utilizado para produzir um produto; Mecanismo ambiental Sistema de processos físicos, químicos e biológicos para uma determinada categoria de impacte, que alia os resultados do inventário de ciclo de vida aos indicadores de categoria e aos impactes finais por categoria; Parte interessada Indivíduo ou grupo preocupado com ou afetado com o desempenho ambiental de um sistema de produto, ou pelos resultados da avaliação do ciclo de vida. Processo Conjunto de atividades inter-relacionadas ou que interagem entre si, que transforma entradas em saídas; Processo unitário O menor elemento considerado no inventário do ciclo de vida para o qual os dados de entrada e saída são quantificados; Produto Qualquer bem ou serviço; Produto intermédio Saída de um processo unitário que constitui uma entrada para outros processos unitários que requer transformação posterior dentro do sistema; Qualidade dos dados Característica dos dados relacionados com a sua capacidade para satisfazer requisitos estabelecidos; Resíduo Substâncias ou objetos que o detentor tem intenção de ou é obrigado a rejeitar; Resultado do inventário do ciclo de vida Conjunto de informação resultando do inventário do ciclo de vida que cataloga os fluxos que atravessam a fronteira do sistema e que constitui o ponto de partida para avaliação de impacte do ciclo de vida; Página | xv Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Revisão crítica Processo que visa assegurar a coerência ente a avaliação do ciclo de vida e os princípios e requisitos das Normas Internacionais sobre a avaliação do ciclo de vida; Saída Fluxo de produto, material ou energia que sai de um processo unitário; Sistema de produto Conjunto de processos unitários com fluxos elementares e de produto, desempenhando uma ou mais funções definidas, e que modelam o ciclo de vida do produto; Transparência Apresentação aberta, completa e compreensível de informação; Unidade funcional Desempenho quantificado de um sistema de produto para utilização como unidade de referência; Página | xvi Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal, Relatório Final SUMÁRIO EXECUTIVO Nos últimos três anos, o conceito da “Economia Verde” (Green Economy), definida pela UNEP em 2010 como “a melhoria do bem-estar humano e da equidade social, em conjugação com a redução significativa dos riscos ambientais e escassez ecológicas”, ganhou uma elevada notoriedade e passou para a agenda política atual. São exemplos os recentes comunicados do grupo de países do G20, (UNEP, 2011) e as discussões na United Nations Conference on Sustainable Development, realizada no mês de Junho de 2012. Numa Economia Verde, o crescimento da riqueza e do emprego são conjugados com a redução das emissões de gases com efeito de estufa e de outros impactes ambientais, melhorando-se a eficiência energética e a utilização de recursos e prevenindo-se a perda de biodiversidade e serviços associados. A atividade de gestão de resíduos em geral, e a reciclagem em particular, são elementos fundamentais para a prossecução de uma “Economia Verde”, por potenciarem uma gestão mais de eficiente dos recursos naturais e reduzirem os impactes ambientais da extração de novos recursos naturais e assegurarem a disponibilidade de recursos essenciais às nossas economias (EEA, 2011a). Neste contexto, a SPV lançou um projeto de investigação intitulado “Contributos do SIGRE para o Desenvolvimento Socioeconómico e Ambiental de Portugal”, com o objetivo principal de avaliar os contributos diretos e indiretos da gestão de resíduos de embalagens efetuada no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE) aos níveis ambiental, económico e social no nosso país e, deste modo, quantificar o contributo da gestão de resíduos de embalagens no conceito da “Economia Verde”. Relativamente aos aspetos ambientais, avaliaram-se os impactes e os benefícios que advêm da gestão destes resíduos, com especial enfoque nos relacionados com a produção de Gases com Efeito de Estufa (GEE) e no consumo de materiais primários e de energia, que foram calculados através da metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV). Da avaliação realizada, constatou-se que no global e para as categorias de impacte ambiental estudadas, o SIGRE apresenta um balanço ambiental positivo, ou seja, os impactes gerados pelas diversas atividades de recolha, triagem, transporte, tratamento e valorização de resíduos são suplantados pelos impactes evitados devido à recuperação de materiais e energia obtidos pelos processos de valorização dos resíduos, com especial enfoque na sua reciclagem. Por exemplo, estima-se que em 2011 a gestão dos resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE gerido pela SPV permitiu evitar a emissão de 116 kt CO2 eq, o que é equivalente ao carbono sequestrado por 2 198 km de área florestal com pinheiros bravos ou as emissões geradas pelo consumo de eletricidade de 124 mil agregados familiares em Portugal. Em relação à contribuição por tipo de material para o desempenho do SIGRE, verifica-se que os materiais mais relevantes são tipicamente o vidro e o papel/cartão, dependendo da categoria de impacte em questão, facto a que não é alheio a elevada quantidade de resíduos destes materiais que foram encaminhados para reciclagem em 2011. Página | xvii Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Por outro lado, comparando-se o desempenho do SIGRE com o desempenho potencial de dois cenários hipotéticos associados a diferentes destinos finais, nomeadamente a incineração e o aterro, verifica-se que a configuração atual do SIGRE é a única que apresenta um resultado ambiental positivo em todas as categorias de impacte consideradas. Por exemplo, a nível da emissão de GEE, o atual modelo de gestão de resíduos de embalagens permitiria evitar a emissão de 396.240 t CO 2 eq em 2011, face a um modelo onde os resíduos de embalagens teriam sido recolhidos indiferenciadamente com os outros resíduos e encaminhados para incineração. No que respeita à avaliação económica, calculou-se o enquadramento dos embaladores aderentes ao sistema e das empresas responsáveis pela recolha, triagem, tratamento e retoma/valorização dos resíduos de embalagens e calculou-se o impacte económico do SIGRE na economia nacional. Tal foi realizado através de várias metodologias, sendo de destacar a utilização da Análise de Entradas-Saídas (AES) na determinação do impacte económico do SIGRE. Em relação ao enquadramento económico dos embaladores aderentes ao sistema gerido pela SPV, verifica-se que a maior parte dos embaladores se enquadram em setores ligados às indústrias transformadoras (46%), seguidos das empresas ligadas ao comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos (36%) e agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca (9%). No total, as cerca de 12 mil empresas aderentes representam apenas 0,9% do número de empresas existentes em Portugal, mas geram, no mínimo, 31,4% do volume de vendas das empresas não financeiras no nosso país. A adesão ao SIGRE é realizada mediante o pagamento do Valor Ponto Verde (VPV), que em 2010 totalizou 71,8 Milhões de Euros, ou seja, apenas 0,08% do total de custos com fornecimentos de serviços externos (FSE) das empresas nacionais ou a 0,1% do volume de vendas das empresas aderentes ao SIGRE. No que respeita às empresas parceiras da SPV que efetuam a recolha, triagem e retoma/reciclagem dos resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE, verificou-se que estas tinham, em média, um capital social de 2,3 milhões de Euros e geravam um volume de vendas médio de 11,7 Milhões de Euros, em 2009. Neste último aspeto, tal significava que estas empresas apresentavam um valor de vendas 6,4 vezes superior à média agregada dos setores económicos a que pertencem. Finalmente, verificou-se que as atividades de gestão de resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE apresentam um impacte económico significativo, considerando tanto os seus impactes diretos, como indiretos. Por exemplo, quanto ao valor acrescentado, o impacte do SIGRE encontra-se no terço superior dos ramos de atividade com maior efeito multiplicador a nível nacional, sendo que, por cada Euro de valor acrescentado no SIGRE são gerados adicionalmente 1,25 Euros de valor acrescentado no resto da economia (efeito multiplicador do tipo I de 2,25). Por outro lado, por cada Euro de salários são adicionalmente pagos 1,30 Euros de salários no resto da economia e por cada Euro de volume de negócios circulam adicionalmente na economia 1,04 Euros de volume de negócios. A alavancagem total do SIGRE, entendida como o valor monetário dos efeitos indiretos dos vários ramos de atividade que integram o SIGRE nos restantes setores da economia, é de 147 milhões de Euros de VAB, 80 milhões de Euros de salários e 391 milhões de Euros de volume de negócios. Página | xviii Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Por outro lado, tendo em conta o atual panorama relacionado com a gestão de resíduos de embalagens no SIGRE, que é gerido pela SPV, procurou-se adicionalmente avaliar as consequências económicas de um cenário alternativo em que não ocorreria separação e reciclagem de resíduos de embalagens, sendo estes resíduos geridos indiferenciadamente. Neste caso, estimou-se que tal cenário alternativo implicaria uma redução de PIB de 71 milhões de Euros. Quanto às questões sociais, tipificaram-se os empregos existentes nas parceiras da SPV no SIGRE, responsáveis pela recolha, triagem, tratamento e retoma/reciclagem de resíduos de embalagens e estimaram-se os empregos associados à gestão de resíduos de embalagens. Adicionalmente, analisaram-se os resultados de diversos projetos de responsabilidade social promovidos pela SPV, com o intuito de contribuir para uma sociedade mais justa e sustentável e que extravasam o âmbito obrigatório de atuação da SPV. A avaliação do contributo social da SPV foi realizada sobretudo tendo em conta informação bibliográfica existente. Verificou-se que as empresas que colaboram com a SPV no SIGRE tinham em média, em 2009, 67 trabalhadores, representando no total 7.095 empregos, o que equivalia, por exemplo, a 0,23% dos empregos remunerados das empresas não financeiras em Portugal. O trabalhador típico dessas empresas é homem, português, com 40 anos de idade e com 8,5 anos de escolaridade. Comparando com o universo de empresas que apresentam os mesmos CAE que as empresas parceiras da SPV, verifica-se por exemplo, que o seu salário médio era superior em 52%. Em termos dos empregos diretos associados à gestão de resíduos de embalagens, estima-se que este número ascenda a mais de dois mil e trezentos trabalhadores, o que equivale a 0,08% do emprego nas empresas não financeiras em Portugal. Destes, 83% dizem respeito à gestão dos resíduos urbanos de embalagens, sobretudo ligados às atividades de recolha seletiva e triagem, 15% à gestão de resíduos não urbanos de embalagens e apenas 2% encontram-se ligados à SPV. No que respeita aos projetos de responsabilidade social, a SPV suportou nos últimos anos duas grandes causas – a prevenção do cancro de mama e a ajuda a criança carenciadas. Assim, em conjunto com a Associação Laço foram angariados 409 mil Euros, que foram utilizados para comprar duas unidades de rastreio de cancro de mama. Por outro lado, em conjunto com a Associação Entrajuda foram angariados, no global, cerca de 450 mil Euros que serviram, até agora, para construir 55 salas de aula e apoiar 4.500 crianças carenciadas. Tendo em conta os resultados obtidos, conclui-se que a gestão dos resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE gerido pela SPV enquadra-se por excelência no conceito da Economia Verde, dado que potencia uma gestão mais de eficiente dos recursos naturais, contribuindo para a redução dos impactes ambientais da extração de novos recursos e para a disponibilidade de recursos essenciais às nossas economias, criando ao mesmo tempo oportunidades de negócio e valor acrescentado e promovendo a criação de emprego. Página | xix Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal, Relatório Final 1 INTRODUÇÃO 1.1 ÂMBITO E OBJETIVOS DO RELATÓRIO Nos últimos três anos, o conceito da “Economia Verde” (Green Economy), definida pela UNEP em 2010 como “a melhoria do bem-estar humano e da equidade social, em conjugação com a redução significativa dos riscos ambientais e escassez ecológicas”, ganhou uma elevada notoriedade e passou para a agenda política atual. São exemplos os recentes comunicados do grupo de países do G20, (UNEP, 2011) e as discussões na United Nations Conference on Sustainable Development, realizada no mês de Junho de 2012. Numa Economia Verde, o crescimento da riqueza e do emprego são conjugados com a redução das emissões de gases com efeito de estufa e de outros impactes ambientais, melhorando-se a eficiência energética e a utilização de recursos e prevenindo-se a perda de biodiversidade e serviços associados (figura 1.1). Figura 1.1 – A inserção da Economia Verde nos três pilares do Desenvolvimento Sustentável Fonte: Adaptado de EEA (2011a). A atividade de gestão de resíduos em geral, e a reciclagem em particular, são elementos fundamentais para a prossecução de uma “Economia Verde”, por potenciarem uma gestão mais de eficiente dos recursos naturais e reduzirem os impactes ambientais da extração de novos recursos naturais e assegurarem a disponibilidade de recursos essenciais às nossas economias (EEA, 2011a). Página | 1 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Neste contexto, a SPV lançou um projeto de investigação intitulado “Contributos do SIGRE para o Desenvolvimento Socioeconómico e Ambiental de Portugal”, com o objetivo principal de avaliar os contributos diretos e indiretos da gestão de resíduos de embalagens efetuada no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE) aos níveis ambiental, económico e social no nosso país e, deste modo, quantificar o contributo da gestão de resíduos de embalagens no conceito da “Economia Verde”. Ao nível ambiental avaliaram-se os impactes e os benefícios que advêm da gestão de resíduos de embalagens, com especial enfoque na produção de Gases com Efeito de Estufa (GEE), e nos consumos de materiais primários e de energia, os quais foram calculados através da metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV). Ao nível económico, avaliou-se o enquadramento económico dos embaladores aderentes ao sistema e das empresas responsáveis pela recolha, triagem, tratamento e retoma/valorização dos resíduos de embalagens e calculou-se o impacte económico do SIGRE na economia nacional. Tal foi realizado através de várias metodologias, sendo de destacar a utilização da Análise de Quadros Entradas-Saídas económicos ou, simplesmente, Análise de Entradas-Saídas (AES) na determinação do impacte económico do SIGRE. Ao nível social, tipificam-se os empregos associados às empresas parceiras da SPV que efetuam a recolha, triagem, tratamento e retoma/reciclagem de resíduos de embalagens e estimaram-se os empregos associados à gestão de resíduos de embalagens. Adicionalmente, analisam-se os resultados de diversos projetos de responsabilidade social promovidos pela SPV com o intuído de contribuir para uma sociedade mais justa e sustentável e que extravasam o âmbito obrigatório de atuação desta empresa. A avaliação do contributo social da SPV foi realizado sobretudo tendo em conta informação bibliográfica existente, sendo de destacar neste caso a utilização da base de dados “Quadros de Pessoal” do INE. Deste modo, no presente relatório apresentam-se os resultados obtidos no âmbito do projeto promovido pela SPV e que foi desenvolvido pela 3 Drivers – Engenharia, Inovação e Ambiente, Lda. em colaboração com o Instituto Superior Técnico (IST). 1.2 ORGANIZAÇÃO DO RELATÓRIO O presente documento encontra-se dividido em 8 capítulos, que se descrevem de seguida: Capítulo 1 – “Introdução”, no qual se descreve o âmbito e os objetivos do trabalho realizado, bem como a estrutura do presente relatório. Capítulo 2 – “Análise Bibliográfica Relacionada com os Contributos Ambientais, Económicos e Sociais da Gestão de Resíduos”, onde se analisam estudos existentes que identificam e estimam os contributos ambientais, económicos e sociais da gestão de resíduos, em geral, e da gestão de resíduos de embalagens, em particular. Capítulo 3 – “Avaliação Ambiental do SIGRE”, no qual se apresentam os contributos ambientais do SIGRE, bem como a metodologia utilizada na avaliação. Capítulo 4 – “Avaliação Económica do SIGRE”, no qual se apresentam alguns contributos económicos do SIGRE, bem como as metodologias utilizadas na avaliação. Capítulo 5 – “Avaliação Social do SIGRE”, onde se apresentam os contributos sociais do SIGRE, bem como as metodologias utilizadas na avaliação. Página | 2 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Capitulo 6 – “Avaliação Integrada dos Resultados Ambientais, Económicos e Sociais”, no qual se apresentam os principais resultados identificados em capítulos anteriores de uma forma integrada e mais tangível para o cidadão comum. Capítulo 7 – “Conclusões Finais”, no qual se identificam as principais conclusões do projeto realizado. Capítulo 8 – “Referências”, onde se identificam os documentos citados no presente relatório, bem como os documentos de onde se extraíram dados utilizados na avaliação ambiental, económica e social realizada. Anexos – Onde se apresenta outra informação, que sendo relevante, se considerou não dever fazer parte do corpo principal do relatório, nomeadamente a descrição detalhada da metodologia utilizada na ACV do SIGRE. Página | 3 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal, Relatório Final 2 ANÁLISE DE BIBLIOGRAFIA RELACIONADA COM OS CONTRIBUTOS AMBIENTAIS, ECONÓMICOS E SOCIAIS DA GESTÃO DE RESÍDUOS 2.1 Considerações Iniciais No presente capítulo realiza-se uma análise bibliográfica de estudos e projetos que incidem sobre os contributos económicos, sociais e ambientais da gestão de resíduos, em geral, e de resíduos de embalagens, em particular. Para esse efeito, recorreu-se à análise de relatórios e estudos do domínio público e a informação bibliográfica existente em bases de dados científicas. Verificou-se que não existem muitos estudos abrangentes relacionados com os contributos ambientais, económicos e sociais da gestão de resíduos e da gestão de resíduos de embalagens. A maioria dos estudos identificados encontra-se sobretudo relacionada com o setor da gestão de resíduos e com a reciclagem em termos globais e focam-se normalmente em aspetos particulares, como por exemplo, nas emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) e no número de trabalhadores em empresas de reciclagem. Deve salientar-se, no entanto, que os resultados dos estudos existentes relativamente ao setor de gestão de resíduos, como um todo, permitem balizar os contributos relacionados com a gestão dos resíduos de embalagens, dado que em muitos casos a importância específica da gestão de embalagens é bastante significativa no setor de gestão de resíduos, como é o caso, por exemplo, da reciclagem de vidro de embalagem face à reciclagem de vidro global. Noutros casos, os resultados identificados apontam para que as diferenças existentes entre os dois âmbitos não sejam muito significativas, como por exemplo é o caso das características dos empregos das empresas que efetuam a recolha e reciclagem de resíduos de embalagens face ao universo global das empresas que atuam no setor. O presente capítulo centra-se na análise dos impactes globais da cadeia de valor relacionada com a gestão dos resíduos. Neste contexto, dados bibliográficos específicos relacionados com processos unitários, como por exemplo, os consumos energéticos, as eficiências de operação e o nº de trabalhadores afetos à triagem dos resíduos de embalagens, foram compilados por forma a colmatar lacunas de informação existentes relativamente ao SIGRE e para servir de comparação com os resultados obtidos no âmbito do projeto, mas não são relevantes no contexto deste capítulo. Desta forma, nas secções seguintes apresentam-se os principais resultados e conclusões da análise bibliográfica realizada. 2.2 Contributos Ambientais 2.2.1 Enquadramento As economias são construídas à volta da utilização e transformação de recursos naturais. Estes compreendem recursos renováveis, como a biomassa, a madeira e o papel e recursos não renováveis, como sejam os metais e outros minerais. Durante o último século, o aumento do nosso padrão de vida foi alicerçado no aumento do consumo de recursos naturais da natureza. A extração de recursos naturais aumentou num fator de 8 (EEA, 2012a), sobretudo à custa dos recursos não renováveis (ver figura 2.1), mas significou igualmente um aumento da produção de resíduos, que acarretou consequências ambientais negativas. Página | 5 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Este aumento exponencial aconteceu mesmo num quadro de terciarização das economias mais desenvolvidas, que consomem mais recursos direta ou indiretamente que economias em desenvolvimento. Figura 2.1 – Extração de materiais ao nível global, em 109t por ano Fonte: Com base em UNEP (2012b) e Kausmann et al. (2009). Os problemas ambientais relacionados com os resíduos não estão diretamente associados à sua produção per si, apesar de esta ser uma medida importante da eficiência com que a economia usa os seus recursos e produz bens e produtos úteis (Ribeiro, 2008). As questões mais relevantes surgem quando os resíduos não são reaproveitados e constituem assim desperdícios do sistema económico, sendo devolvidos de volta ao ambiente e quando a gestão de resíduos não é realizada de forma adequada originando impactes ambientais elevados (e.g. levando à mobilização para o ambiente de substâncias perigosas) (Ribeiro, 2008). De facto, a utilização dos recursos naturais e a produção de resíduos são duas faces da mesma moeda. Os resíduos são um recurso potencial quando são reutilizados, reciclados ou valorizados. Os resíduos que são eliminados constituem uma perda de recursos (EEA, 2012a). Na figura 2.2 apresenta-se a interrelação entre o uso de recursos naturais e a produção de resíduos numa economia, segundo uma 1 perspetiva de Análise do Fluxo de Materiais (AFM) . 1 Material Flow Analysis (MFA), em inglês, que é uma ferramenta que tem como a unidade de análise a economia de um país ou região, sendo que se analisa o metabolismo dessa região estudando as entradas, as saídas e o comportamento do stock de materiais na economia (Ribeiro, 2008). Página | 6 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Figura 2.2 – Ligações existentes entre o uso de recursos naturais e a produção de resíduos numa economia Fonte: EEA (2012a). Atualmente e em termos globais, a sociedade contemporânea é ainda ineficiente na forma como usa os seus recursos. As sociedades atuais produzem uma grande quantidade de resíduos e emissões para a atmosfera e água e uma parte significativa dos produtos e materiais utilizados na economia são devolvidos à natureza, sendo que apenas uma fração reduzida é reintroduzida no sistema económico (Ribeiro, 2008). De modo a capturar o potencial de recursos associados aos resíduos e a reduzir os impactes ambientais da gestão de resíduos na Europa, a União Europeia introduziu o conceito da hierarquia da gestão de resíduos e definiu como estratégia transformar-se numa sociedade de reciclagem (EEA, 2012a). A promoção da reciclagem foi concretizada em diversas iniciativas legislativas específicas, de que a Diretiva relativa a Embalagens é um exemplo, como ilustrado na tabela 2.1. Página | 7 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 2.1 – Principais metas e objetivos existentes na legislação europeia referente a resíduos Veículos em fim de vida Ano Objetivo de recolha Taxa de recolha Objetivos de reciclagem 2006 100% 85% 80% incluindo reutilização 2015 100% 2005 2006 REEE 2016 (proposto) Resíduos de Embalagens Min. 4kg por habitante por ano 65% do colocado no mercado ou 85% dos resíduos gerados 2008 Pilhas e acumuladores 60% 55% dos quais 50% metal, 60% vidro, papel/cartão, 22,5% plásticos e 15% madeiras. 100% das baterias recolhidas 2011 65% para baterias de chumboácido; 75% para nickel-cádmio e 50% para outras 25% 2016 45% 2015 Separar a recolha para pelo menos o papel, metal e os vidros e plásticos. 2020 Construção e demolição Resíduos municipais biodegradáveis 85% incluindo reutilização Reutilização e/ou reciclagem de veículos no mínimo em 85% 50-80% incluindo reutilização, dependendo da categoria de REEE 2009 2012 Papel, metal, vidro e plástico de origem doméstica e outros resíduos domésticos semelhantes. 95% Reciclagem de veículos de 95% 70-80% dependendo da categoria de REEE 50% Reutilização, reciclagem ou recuperação de 70% (em peso) dos resíduos não perigosos 2020 2006 ou 2010 Redução para 75% do valor de referência de 1995 no envio para aterro. 2009 ou 2013 Redução para 50% do valor de referência de 1995 no envio para aterro. 2016 ou 2020 Redução para 35% do valor de referência de 1995 no envio para aterro. Pneus usados 2006 Eliminação dos aterros De seguida enquadra-se o atual panorama relacionado com os resíduos em geral, e os resíduos de embalagem, em particular, discutindo-se os atuais níveis de produção, reciclagem e valorização e os impactes ambientais associados à sua gestão. 2.2.2 Setor de Gestão de Resíduos 2.2.2.1 Produção Atualmente, estima-se que sejam produzidos na UE27 2,7 mil milhões de toneladas de resíduos (EEA, 2 2012b), equivalentes a 5,2 t/hab.ano , sendo que a maior parte são resíduos minerais resultantes das indústrias de extração de recursos naturais e de construção (EEA, 2010). Em Portugal, a capitação de produção de resíduos é menor, sendo que, em 2010, ascendeu a 3,2 t/hab.ano (INE, 2011). 2 Eurostat, Waste statistics, http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/waste/data/main_tables, consultado em 23 de Maio de 2012. Página | 8 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Ao nível Europeu, na maior parte dos países da União Europeia, a produção de resíduos tem vindo aparentemente a crescer ou, no melhor dos casos, a estabilizar (EC, 2011). Por exemplo, no que concerne os resíduos urbanos, que representam 7% do total de resíduos da União Europeia, a produção cresceu 16% entre 1999 e 2007, o que significou uma dissociação relativa entre o crescimento económico e a produção deste tipo de resíduos. Atualmente, a produção estabilizou na ordem dos 524 kg/hab.ano, valor que se verificou em 2008, apesar de existirem grandes diferenças entre Estados Membros, com as capitações a oscilarem entre cerca de 400 kg/hab.ano e os 800 kg/hab.ano (EC, 2011). Um estudo da União Europeia estimou que a produção de resíduos aumentaria cerca de 7% entre 2008 e 2020, caso não fossem aplicadas políticas de prevenção de resíduos adicionais (EC, 2011), o que diz bem sobre a relevância dos esforços realizados a este nível. 2.2.2.2 Reciclagem e Valorização Ao nível europeu tem-se vindo a assistir a uma mudança importante ao nível da gestão de resíduos. Em comparação com o passado, os resíduos são cada vez mais reciclados e valorizados, fruto das políticas europeias e nacionais, como por exemplo, as que estabeleceram metas e instrumentos para a reciclagem e valorização de resíduos, as taxas de deposição em aterro ou as restrições à eliminação de certos tipos de resíduos. Outro aspeto que contribuiu para esta evolução foram os aumentos dos preços das matérias-primas e da energia, que potenciam a reciclagem e valorização dos resíduos em detrimento da sua eliminação (EEA, 2010). No entanto, verifica-se que a eliminação de resíduos é ainda dominante a nível europeu. Em 2008, o Eurostat estima que foram eliminados 55% dos resíduos produzidos, tendo sido valorizados os restantes 3 45% . Destes, a maior parte foram valorizados através de reutilização ou reciclagem, sendo que a UNEP estima que atualmente 38% do total de resíduos produzidos na União Europeia tenha estes destinos (UNEP, 2012b). A situação existente entre os Estados-Membros é bastante díspar, sendo que, por exemplo, em 2006, 98% do total de resíduos eram eliminados na Bulgária, enquanto na Dinamarca e Bélgica esse número era inferior a 10% (EEA, 2010). Em Portugal, em 2010, a eliminação de resíduos ascendeu a 47% (INE, 2011). 2.2.2.3 Impactes e Benefícios Ambientais Redução do Consumo de Recursos Naturais A reciclagem dos resíduos gerados pelas atividades económicas é importante, dado que permite, em geral, evitar o consumo de recursos extraídos da natureza, e os impactes associados a esses processos. De igual forma, a valorização energética dos resíduos permite evitar o consumo de outros tipos de recursos energéticos, como sejam os combustíveis fosseis (UNEP, 2012b). Por outro lado, uma grande parte da reciclagem de materiais encontra-se ligada aos recursos não renováveis, como sejam os metais (EEA, 2011a), pelo que, através da redução do consumo desses recursos se promove a extensão das suas reservas (stocks). 3 Eurostat, Treatment of waste by NUTS 1 regions, consultado em 23 de Maio de 2012. Página | 9 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Apesar de nas economias europeias ainda se verificarem muitas ineficiências na utilização de recursos, em termos gerais, os níveis de reciclagem atualmente praticados para alguns materiais cobrem já uma parte importante da sua procura (EEA, 2011a), de que os metais ou o papel/cartão são exemplos. No entanto existe espaço para evolução, como se mostra na figura 2.3, onde se apresenta o potencial de reciclagem dos resíduos existentes atualmente na EU27, por material, face ao seu nível de consumo pela economia. Figura 2.3 – Potencial contributo da reciclagem para o consumo do respetivo material (ano base 2006) Fonte: Adaptado de EEA (2012c). A redução do consumo de recursos naturais através da reciclagem de materiais, pode ser altamente benéfica, particularmente quando a extração de determinados materiais a partir de recursos naturais tem elevados impactes ambientais. Por exemplo, os metais exigem a extração de uma quantidade muito elevada de minerais da crosta terrestre para a obtenção de 1 kg de material primário puro, como se indica na tabela 2.2. Tabela 2.2 – Estimativas da poupança de recurso naturais pela reciclagem de resíduos Categoria Aço e ferro Alumínio Quantidade reciclada (kt) Fator* Poupança (kt) 77.700 4 310.800 3.100 9 27.900 Cobre 900 100 90.000 Chumbo 600 33 19.800 Zinco 700 19 13.300 10.700 1 10.700 769.200 1 769.200 Vidro Agregados Plástico Papel Madeira Outros Total 4.500 1 4.500 44.200 1.1 48.620 21.700 1 21.700 119.200 1 119.200 1.052.500 Fonte: Com base em BIO Intelligence et al. (2011b). Página | 10 1.435.720 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Adicionalmente, devido à procura de recursos naturais continuar a aumentar e dada a dependência da União Europeia na sua importação, prevê-se que o papel da reciclagem será cada vez mais importante no espaço europeu (EC, 2011). Emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) As emissões de GEE do setor como definidas pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) compreendem as emissões diretas dos aterros, da incineração sem recuperação de energia, do tratamento de águas residuais e do tratamento biológico (IEEP et al., 2011). Tendo por base este âmbito, estima-se que as emissões diretas de Gases com Efeito de Estufa (GEE) do setor dos resíduos na EU27 tenham representado 2,8% do total de emissões ocorridas em 2007, tendo decrescido 30% desde o ano de 1995 (EC, 2011). A gestão adequada dos resíduos contribui para a redução das emissões globais de GEE inerentes às atividades humanas, sendo que esta redução é alcançada de duas formas: Através da redução das emissões diretas relacionadas com a eliminação e valorização de resíduos, mais concretamente com o aterro de resíduos (sobretudo por se evitar a produção de metano), mas igualmente pela redução das emissões diretas relacionadas com as atividades de incineração e reciclagem, para além do transporte dos resíduos. Pelo aumento das emissões evitadas, que representam os benefícios da valorização de recursos (utilização dos resíduos como materiais secundários e substituição de recursos energéticos) (EEA, 2011b). Por exemplo, na tabela 2.3 apresenta-se a poupança de emissões de GEE e consumo de energia associados à reciclagem de alguns materiais. Tabela 2.3 - Poupança de emissões de GEE e consumo de energia pela reciclagem de vários materiais Tipo de material Poupança de energia (%) Poupança de emissão de gases de efeito de estufa (kg CO2 eq/t material reciclado) Poupança no preço do carbono (USD) por 1000 t de material reciclado (US$ 13,4/t de CO2eq) Aço 62-74 1.512 20.260 Papel 40 177 2.372 Fonte: Com base em Ecorys (2009). Por exemplo, considerando apenas as emissões provenientes da gestão dos resíduos urbanos, que compreendem as embalagens, verifica-se que o principal responsável pelas emissões diretas a nível europeu é o aterro de resíduos. Já a reciclagem de resíduos permite evitar emissões da produção de materiais primários. De realçar que tal é alcançado sobretudo pela reciclagem de resíduos de embalagens. Numa lógica de ciclo de vida, considerando o período entre 1995 e 2008, verifica-se que as emissões relacionadas com a gestão de resíduos urbanos decresceram substancialmente, tendo esse decréscimo sido devido à redução das emissões diretas com a sua gestão, mas igualmente pelo aumento dos benefícios da valorização desse tipo de resíduos, com especial enfoque na reciclagem (ver figura 2.4). Página | 11 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final As principais forças motoras que catalisaram essa mudança foram a Diretiva Aterros, dado terem-se introduzido metas de redução da quantidade de resíduos biodegradáveis colocados em aterro (reduzindo-se as emissões de metano) e as Diretivas Embalagens e Diretiva Quadro de Resíduos, que potenciaram o aumento dos níveis de reciclagem dos RSU como um todo (EEA, 2012b). Figura 2.4 – Emissões da GEE na Europa dos 27 entre 1990 e 2008, em CO2 equivalentes Fonte: Adaptado de EEA (2010a). Com o aprofundamento da implementação da atual legislação europeia de resíduos, espera-se mesmo que a médio prazo a gestão de RU na UE passe a ter contribuição líquida negativa para as emissões globais de GEE, ou seja, que as emissões evitadas pela valorização de resíduos sejam superiores às emissões diretas associadas à gestão dos mesmos, conforme se ilustra na figura 2.5 (EEA, 2012b). A redução esperada das emissões do setor de gestão de resíduos constituirá uma parte relevante das metas de redução climáticas da Europa para 2020. Página | 12 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Figura 2.5 – Evolução prevista para as emissões da GEE na UE27 até 2020 segundo um cenário de Business-as-usual Nota: Cenário Business-as-usual, que estima a evolução das emissões de GEE com base apenas na concretização das politicas de resíduos existentes atualmente. Fonte: Adaptado de EEA (2012b). Em Portugal, a consolidação dos sistemas de gestão de resíduos urbanos, nomeadamente com o aumento esperado das taxas de reciclagem e valorização, implica uma melhoria dos impactes ambientais relacionados com a emissão de GEE, embora os cenários existentes apontem para que em 2020 o balanço liquido das emissões seja ainda negativo. Segundo a análise realizada no âmbito do PERSU II, a reciclagem é a componente com maior potencial de redução indireta de emissões (0,41 t CO2 eq/treciclada), valor mais elevado que os da incineração com recuperação de energia (0,18 t CO 2 eq/tincimerada) e da substituição de fertilizantes devido à compostagem (0,02 t CO 2 eq/tvalorizada) (MAOTDR, 2007). Figura 2.6 – Balanço das emissões de GEE na gestão e tratamento de RSU Fonte: Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos PERSU II Página | 13 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Outras Consequências Ambientais A reciclagem de resíduos, para além de contribuir para reduzir a extração de recursos naturais e evitar igualmente a emissão de GEE associadas a estes processos, permite em muitos casos reduzir outros tipos de impactes ambientais, como sejam os relacionados com a formação de oxidantes fotoquímicos, com a acidificação ou com a eutrofização. Por outro lado, a reciclagem apresenta normalmente vantagens sobre outras formas de valorização e eliminação de resíduos. Por exemplo, uma revisão bibliográfica a estudos de Avaliações de Ciclo de Vida (ACV) concluiu que a reciclagem era a opção preferível para a maior parte dos materiais face à incineração e o aterro dos resíduos (ver tabela 2.4). Tabela 2.4 – Preferência ambiental global de várias opções de gestão de resíduos tendo em conta estudos de ACV realizados Reciclagem VS Incineração Material Reciclagem VS Aterro Reciclagem Incineração Sem preferência Reciclagem Aterro Sem preferência Papel e cartão 22 6 9 12 0 1 Vidro 8 0 1 14 2 0 Plástico 32 8 2 15 0 0 Alumínio 10 1 0 7 0 0 Aço 8 1 0 11 0 0 6 0 0 65 2 1 Madeira Agregados Total 80 16 12 Fonte: Com base em BIO Intelligence (2011). Por este facto, a reciclagem foi colocada no 3º lugar da hierarquia de gestão de resíduos da União Europeia, a seguir à prevenção e reutilização (EEA, 2011a). 2.2.3 Gestão de Resíduos de Embalagens 2.2.3.1 Produção De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, os resíduos de embalagens provenientes das habitações e fontes comerciais representam cerca de 3% do total de resíduos gerados na União Europeia. A produção destes resíduos tem vindo a crescer, apesar de existir uma dissociação relativamente ao crescimento económico, como se pode constatar da análise da figura 2.7. Página | 14 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Figura 2.7 – Tendência de crescimento da produção de resíduos de embalagem e o PIB na UE15 entre 1998 e 2008 Fonte: Com base na Agência Europeia do Ambiente (2011). Generation of packaging waste and GDP in the EU-15, CSI017, www.eea.europa.eu/pt, site consultado em 23/05/2012. Em termos médios, em 2008, a capitação na União Europeia dos resíduos de embalagem produzidos rondava os 164 kg/hab.ano, tendo diminuído ligeiramente em relação ao ano 2000, conforme se ilustra figura 2.8. No entanto, a produção per capita varia bastante entre os Estados Membros, desde 41 kg/hab.ano na Bulgária, até 245 kg/hab.ano na Irlanda (EC, 2011). Figura 2.8 – Produção total de resíduos de embalagens na União Europeia (kg/hab.ano) Fonte: BIO Intelligence (2011) Em Portugal, considerando apenas os resíduos de embalagens geridos no âmbito do SIGRE, a capitação em 2010 foi de 114 kg/hab.ano (SPV, 2012). Página | 15 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Em termos da produção de resíduos por material, os materiais com maior geração de resíduos são o papel/cartão, seguidos do vidro, embora o plástico seja cada vez mais utilizado, tendo aumentado 40% entre 1997 e 2006 (EEA, 2012c), como se pode inferir pela análise da figura 2.9 que apresenta o consumo aparente per capita de diferentes materiais de embalagens na UE. Em Portugal a situação é semelhante, sendo que, no entanto em 2011, os quantitativos de resíduos de embalagens de vidro geridos no âmbito do SIGRE foram ligeiramente superiores aos do papel/cartão (SPV, 2012). Figura 2.9 – Consumo per capita de embalagens de diferentes materiais na EU15, 1998-2006 (kg/hab.ano) Fonte: Adaptado de BIO Intelligence et al. (2011b). 2.2.3.2 Reciclagem e Valorização Em 2009, segundo dados do Eurostat, 62,5% dos resíduos de embalagens produzidos na União 4 Europeia (EU27) foram reciclados, tendo 12% sido encaminhados para valorização energética . As taxas de reciclagem variam bastante de Estado Membro para Estado Membro, conforme se ilustra na figura 2.10, embora para a generalidade dos países estas taxas tenham vindo a aumentar ao longo do tempo, com a exceção de alguns países, como a Alemanha. 4 Segundo dados disponíveis no site do Eurostat. Site consultado http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/environment/data/main_tables Página | 16 em 23 de Maio de 2012. Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Figura 2.10 – Taxas de reciclagem de resíduos de embalagens em 1998 e 2008 Fonte: BIO Intelligence (2011). O material com maior taxa de reciclagem é o papel/cartão na UE, tendo em 2009 sido alcançada uma taxa de reciclagem de 83%, que correspondeu igualmente à maior quantidade de material processado a nível europeu (25 Mt), como se pode verificar pela análise da tabela 2.5. Tabela 2.5 – Quantidade de resíduos de embalagens gerados e reciclados em 2009 na EU27 Reciclagem Tipo de Resíduo de Embalagens Resíduos Gerados (kt) Reciclagem (kt) Valorização Taxa de reciclagem (%) Valorização (kt) Taxa de valorização (%) Papel Cartão 29.789 24.828 83 27.019 91 Vidro 16.016 10.827 68 10.827 68 Plástico 14.602 4.697 32 8.718 60 Madeira 11.392 4.294 38 7.257 64 Metais 4.543 Total 76.565 3.158 47.838 70 63 3.176 57.117 70 75 Fonte: Com base em dados do Eurostat. Site consultado em 23 de Maio de 2012. http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/environment/data/main_tables Em Portugal, os quantitativos reciclados têm vindo a aumentar ao longo do tempo, bem como as taxas de reciclagem alcançadas. Na figura 2.11 apresentam-se os fluxos de resíduos de embalagens gerados, reciclados e valorizados entre 2006 e 2010 a nível nacional. Página | 17 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Figura 2.11 – Fluxo de resíduos de embalagens gerados e recuperados Fonte: INE (2012). Considerando apenas os resíduos de embalagens geridos no âmbito da responsabilidade da SPV no quadro do SIGRE, estima-se que no total tenham sido encaminhados para reciclagem 711 kt de resíduos 5 de embalagens, de um total de 1.198 kt de resíduos de embalagens geridos (tabela 2.6). Tal significa uma taxa de reciclagem global de 64% e de valorização de 70%. Considerando apenas os resíduos urbanos de embalagens, a taxa de reciclagem ascende a 46% e a de valorização a 54%. 5 Para o fluxo urbano, os quantitativos mencionados para resíduos reciclados, valorizados organicamente e energeticamente dizem respeito a resíduos de embalagens que foram efetivamente sujeitos a estas operações, tendo por base as declarações dos vários SMAUT e Retomadores. No caso dos quantitativos relativos ao aterro de resíduos de embalagens, estes valores foram estimados tendo em conta o potencial de geração de resíduos urbanos de embalagens no âmbito da SPV (859.391 t), acrescidos de 1.474 t de resíduos de embalagens de madeira que foram geridos efetivamente em acréscimo à responsabilidade da SPV e os quantitativos efetivamente encaminhados para os restantes destinos. No caso do fluxo não urbano, os resíduos geridos no âmbito do SIGRE foram calculados tendo em conta os resíduos efetivamente encaminhados para reciclagem segundo os OGR intervenientes no sistema (318.281 t), acrescidos de 18.542 t de resíduos relativos aos materiais madeira, vidro e outros que resultaram do consumo de embalagens que se estima que contribuíram financeiramente para o SIGRE, mas que desconhece-se o seu tipo de destino final. Página | 18 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 2.6 – Resíduos de embalagens geridos no contexto da responsabilidade da SPV no quadro do SIGRE Fluxo / Material (t) Aço Alumínio Papel e Cartão Madeira Plástico Vidro Outros Total Fluxo urbano Reciclagem 18.676 840 4.516 104.907 47.933 210.422 0 387.295 0 0 0 5.401 0 0 0 5.401 0 0 215 27.105 42.715 0 0 70.036 26.302 7.938 0 83.333 91.608 186.949 2.004 398.133 44.978 8.778 4.732 220.746 182.256 397.371 2.004 860.865 30.294 503 38.013 216.895 25.840 6.736 0 318.281 0 0 11.757 0 0 6.280 505 18.542 Total 30.294 503 49.769 216.895 25.840 13.016 505 336.823 Total Fluxo Urbano + Fluxo Não Urbano 75.272 9.281 54.501 437.641 208.096 410.387 2.509 1.197.688 Valorização orgânica Valorização energética Aterro Total Fluxo Não Urbano Reciclagem Destino desconhecido Fonte: Com base em dados fornecidos pela SPV, considerando o sistema de gestão de resíduos urbanos de embalagens e o sistema eXtra-Urbano. 2.2.3.3 Impactes e Benefícios Ambientais Redução do Consumo de Recursos Naturais A reciclagem de resíduos de embalagens é bastante relevante no contexto da redução do consumo de recursos naturais que são utilizados para fabricar os diferentes materiais de embalagem. Existem materiais, como o vidro e os plásticos, em que uma parte significativa da sua produção global se destina ao fabrico de embalagens, como se pode constatar da tabela 2.7. Consequentemente, os resíduos de embalagens produzidos constituem uma fração bastante significativa da totalidade de resíduos desses materiais disponíveis para serem reciclados. Tabela 2.7 – Percentagem da produção global que é utilizada para o fabrico de embalagens % do material utilizado para embalagem Plásticos 38% Vidro 60% Alumínio 16% Observações e fontes BIO Intelligence et al. (2011a) Mesmo no caso de outros tipos de materiais com um mais variado leque de aplicações, como por exemplo, os metais ferrosos, os resíduos de embalagens representam uma fração importante dos resíduos reciclados na União Europeia, segundo os dados disponíveis e ilustrados na tabela 2.8. Página | 19 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 2.8 - Estimativas da reciclagem de materiais na UE por fluxo de resíduos selecionados em 2006 Material reciclado sob a política existente (t) C&D VFV Embalagens REEE Total Metal 9.989.944 4.294.855 3.600.212 1.169.576 19.054.587 Metal ferroso 9.989.944 3.842.765 2.788.713 1.063.251 17.684.673 Metal não ferroso Alumínio Vidro Agregados Plástico Papel Madeira Total 452.090 811.499 106.325 1.369.914 - - 604.453 - 604.453 11.233.183 - 11.233.183 - 209.788.824 - - 209.788.824 - 4.994.972 - 4.838.694 531.626 10.365.292 - - 30.509.027 - 30.509.027 9.989.944 - 5.323.356 - 15.313.300 234.763.684 4.294.855 55.504.472 1.701.202 296.264.213 Fonte: Com base em BIO Intelligence (2011). De seguida detalham-se algumas características relacionadas com a reciclagem dos diferentes materiais: Metais Os metais são vitais para a economia global e podem classificar-se como metais ferrosos e não ferrosos, fazendo parte destes últimos o alumínio, o cobre ou o zinco. Atualmente, os resíduos de embalagens representam aproximadamente 1,3% das entradas de metais na economia Europeia (EC, 2011). A maioria dos metais pode ser reciclada qualquer número de vezes sem uma diminuição percetível da qualidade. A taxa de reciclagem dos resíduos de embalagens metálicos situou-se nos 70% em 2009, segundo dados do Eurostat. No caso específico da taxa de reciclagem de latas de alumínio na Europa, esta estima-se em cerca de 60% (Ecorys, 2009), sendo que o tempo de residência na economia das embalagens deste material situase entre 0,3 e 0,8 anos (UNEP, 2010). Segundo dados da European Environmental Agency (EEA), a 3 reciclagem de uma tonelada de alumínio permite poupar 1,3 t de resíduos de bauxite, 15 m de água de 3 refrigeração, 0,86 m de água de processo, evitando igualmente a emissão de 11 kg de SO2, para além de 2 toneladas de CO2 (Ecorys, 2009). Este setor pode ainda ser gerador de diversas atividades de subsistência, como no Brasil, onde se estima que cerca de 700 mil as pessoas que desenvolvem atividades de reciclagem de latas de alumínio, sobretudo no setor informal, o que contribui para que o país tenha uma taxa de reciclagem destas embalagens bastante elevada (UNEP, 2011). Página | 20 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Vidro O vidro pode ser refundido de modo a fabricarem-se novos produtos de vidro sem perda de propriedades físicas ou da sua qualidade. O vidro colorido não pode ser transformado em vidro transparente, mas pode ser reciclado em produtos de vidro coloridos. Outras aplicações alternativas de vidro reciclado incluem a filtragem de água e os agregados (BIO Intelligence et al., 2011a). Plásticos A produção global de plásticos em 2009 foi estimada em cerca de 245 Mt, sendo que 25% destes foram produzidos na UE (BIO Intelligence, 2011). Para além das garrafas de PET, que podem ser recicladas na sua forma prévia (closed-loop recycling), as opções de reciclagem dos plásticos envolvem usualmente um down-cycling, onde os polímeros são transformados em produtos de menor qualidade. As maiores aplicações dos plásticos reciclados são os filmes e sacos para o setor da distribuição, fibras para o fabrico de produtos para habitações e os materiais de construção. O PEBD e o PEAD podem ser reciclados para aplicações de embalagem. O PVC é difícil de ser reciclado e atualmente não existem operações de reciclagem em larga escala para o PVC de pós-consumo (BIO Intelligence et al., 2011a). Madeira As opções de reciclagem de madeira pós-consumo dependem sobretudo da qualidade da madeira em si (e.g. decaimento, contaminações, etc.). A madeira recolhida e adequada para reciclagem é limpa e processada de modo a remover contaminantes e é posteriormente fragmentada em lascas que podem ser utilizados em várias aplicações, como no fabrico de contraplacados, arquitetura paisagística ou na criação de animais (BIO Intelligence et al., 2011a). Papel/cartão A reciclagem de papel/cartão usado envolve a sua repolpagem, operação que quebra as fibras e posteriormente a crivagem, seguida de limpeza e destintagem. Dependendo da qualidade das fibras recicladas, a pasta de papel pode ser utilizada para fabricar novos produtos de papel e cartão, ou misturada com fibras virgens para a produção de melhores “grades”. As fibras recicladas deterioram-se com o tempo e não podem ser recicladas indefinidamente, tendo de ser misturadas com fibras virgens (BIO Intelligence et al., 2011a). O papel pode ser reciclado no máximo até oito vezes (EEA, 2011b). No papel/cartão utilizado em embalagem, mais de 70% é proveniente da reciclagem (73.5% em 2008) (Ecorys, 2009). Emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) As emissões de gases com efeito de estufa relacionadas com o fabrico e consumo de embalagens na Europa representam uma fração significativa do total de emissões de GEE anuais. Um estudo realizado em 2003 refere que as embalagens representavam nessa altura cerca de 2% das emissões totais de GEE na EU15, correspondente a cerca de 80 milhões de toneladas de CO 2 eq. Página | 21 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final A quota-parte das embalagens relativamente a outros impactes ambientais, como a acidificação da atmosfera, a emissão de partículas finas e a eutrofização, seriam de uma magnitude comparável (EC, 2006a). Ao nível europeu, o mesmo documento refere que a reciclagem e a valorização energética dos resíduos de embalagens gerava uma poupança nas emissões de GEEE na ordem das 25 milhões de toneladas de 6 7 CO2 equivalente e de recursos de cerca de 10 milhões de toneladas de equivalente de petróleo , em comparação com um cenário onde todas as embalagens seriam enviadas para deposição em aterro ou incineração sem valorização energética, o que corresponderia a cerca de 0,6% das emissões totais de GEE de países como a Dinamarca, a Irlanda ou a Suécia (EC, 2006a). Outras Consequências Ambientais Para além da redução da emissão de GEE, existem outros benefícios ambientais derivados da reciclagem dos materiais de embalagem. Nesse contexto, segundo um estudo desenvolvido para a União Europeia que analisou os impactes da Diretiva Embalagens, a reciclagem de embalagens pode ser classificada, com um grau de certeza relativamente elevado, entre as opções mais eficientes em termos de custos para a redução das emissões de CO2 e de outros impactos ambientais (EC, 2006a). Um outro estudo realizado para a União Europeia estimou os impactes de maiores níveis de reciclagem dos resíduos de embalagem, tomando como cenário que para cada material seria alcançado um nível de reciclagem idêntico ao existente ao atualmente no Estado-Membro da UE mais avançado nessa matéria (BIO Intelligence, 2011). Nesse cenário, que pressupõe um maior índice de reciclagem, para além das vantagens económicas que 8 advêm de evitar da produção de materiais primários , foi estimado que permitiria uma poupança elevada de combustíveis fósseis, para além da depleção de recursos naturais e das emissões de GEE (figura 2.12). 6 Cerca de 1 milhão de toneladas em resultado direto da Diretiva Embalagens. Cerca de 3 milhões de toneladas em resultado direto da Diretiva Embalagens. 8 Considerando a diferença de preços entre meteriais primários e materiais reciclados. 7 Página | 22 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Figura 2.12 – Impactes da reciclagem de resíduos de embalagens Fonte: BIO Intelligence (2011). Para o cenário referido, a redução do impacte ambiental nas referidas categorias de impacte encontram-se referidas na tabela 2.9. O plástico é o material com maior potencial de redução do seu impacte ambiental, através da sua reciclagem. Tabela 2.9 – Impactes ambientais evitados associados com um cenário de reciclagem em que a taxa de reciclagem da UE é idêntica à taxa de reciclagem atual do Estado-Membro mais avançado nesta matéria, por material Emissão de GEE evitada (t CO2 eq) Consumo de recursos novos evitados Combustíveis fósseis evitados (tep) 74.823 750 38.781 Plástico 8.797.013 106.280 5.431.320 Papel e cartão 4.524.490 4.963 134.312 Metais 3.568.870 26.796 1.048.554 N.D. N.D. N.D. Material Reciclado Vidro Madeira Benefícios totais 16.965.196 138.789 6.652.967 Fonte: Com base em BIO Intelligence (2011). Página | 23 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 2.3 Contributos Económicos 2.3.1 Enquadramento A gestão de resíduos e a reciclagem constituem subsetores importantes das eco-indústrias, que contribuem para o Produto Interno Bruto (PIB) europeu e para o comércio intra e extra comunitário (EEA, 2011a). Em particular, a reciclagem providencia novas oportunidades económicas, potencialmente criando mercados para novos produtos e serviços (EC, 2011). A reciclagem permite que os recursos se mantenham na economia num processo fechado (closed-loop), mudando o paradigma de desenvolvimento económico que tem vindo a ser assente num modelo económico linear, baseado na depleção de recursos naturais e da produção de resíduos (EEA, 2011a). Nos parágrafos seguintes apresentam-se alguns impactes económicos relacionados com a gestão de resíduos, em geral, e de resíduos de embalagens, em particular. 2.3.2 Setor de Gestão de Resíduos 2.3.2.1 Estrutura do Mercado As indústrias de gestão de resíduos e reciclagem encontram-se bem estabelecidas ao nível europeu. Segundo dados do Eurostat, em 2006, a UE27 detinha 5.170 instalações de incineração com recuperação de energia, 3.897 instalações de incineração, 50.682 instalações de reciclagem e 10.286 aterros (IEEP et al., 2011). Por outro lado, existiam aproximadamente 15.500 empresas dedicadas à reciclagem (Ecorys, 2009b). A indústria é caracterizada por uma estrutura piramidal, com um número limitado de grandes empresas e uma base alargada de pequenas empresas (Ecorys, 2009b). Estima-se que aproximadamente 95% destas empresas são PME (IEEP et al., 2011). O primeiro grupo foca-se no processamento e na entrega dos materiais reciclados, enquanto as pequenas empresas encontram-se orientadas para a recolha e triagem dos resíduos (Ecorys, 2009b). Como os materiais reciclados são matérias-primas, os clientes procuram boa qualidade a um bom preço. Tipicamente, apenas as grandes empresas investem em I&D, especialmente com o objetivo de desenvolver melhores processos de reciclagem que permitam produzir materiais reciclados “mais puros” que podem ser vendidos a um preço mais elevado (Ecorys, 2009b). O processamento dos resíduos recolhidos é geralmente capital intensivo. Os investimentos necessários para estabelecer uma unidade de reciclagem são elevados. No entanto, genericamente, após a construção das unidades de reciclagem, os custos salariais são uma importante fração dos custos totais, tal como acontece com a energia. Adicionalmente, a recolha e a triagem de resíduos envolve uma quantidade considerável de mão-de-obra (Ecorys, 2009b). No entanto, a forma como os resíduos são recolhidos e triados pode variar entre países e regiões, dependendo dos preços unitários dos fatores de produção. Por exemplo, o Eurostat estima que, em 2006, em termos médios, os custos com pessoal representaram 10% dos custos totais da indústria de reciclagem, variando entre 1,6% na Bulgária e 20% no Luxemburgo e em França (Ecorys, 2009b). Página | 24 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Em Portugal, segundo dados do INE, existiam 1292 empresas dedicadas à gestão de resíduos em 2010 e 410 empresas ligadas à produção de materiais e produtos reciclados. Estas empresas representavam 9 10 respetivamente 71% e 27% do total de empresas ligadas à gestão da poluição e gestão de recursos . 2.3.2.2 Volume de Negócios, Custos Incorridos e Rendimentos Obtidos Um estudo realizado pela Ecorys, baseado em dados do Eurostat, estima que o volume de negócios associados à gestão de resíduos e à reciclagem de materiais na Europa representou, em 2008, um volume de negócios de 147 mil milhões de euros, o que significa em termos agregados 46% do volume de negócios das eco-indústrias identificadas nesse estudo, que incluem adicionalmente, a distribuição de água, a gestão de águas residuais, as energias renováveis, o controle da poluição atmosférica, a biodiversidade, entre outras (Ecorys, 2009a). Desta fatia, a maior parte estava relacionada com a gestão de resíduos (92 mil milhões de euros), sendo o restante relativo à reciclagem de materiais (55 mil milhões de euros) (Ecorys, 2009a). A reciclagem dos materiais apresentou a segunda maior taxa de crescimento das eco-indústrias, apenas atrás das energias renováveis, tendo no período 2004-2008 apresentado uma taxa de crescimento anual de 17% (EEA, 2011a) (ver tabela 2.10). Tabela 2.10 – Volume de negócios do setor da reciclagem 2004 Volume de negócios da reciclagem de sete materiais nucleares na UE (M€, preços atuais) VAB dos setores industriais, de produção de eletricidade e de gestão de resíduos da UE (M€, preços atuais) Volume de negócios da reciclagem de sete materiais nucleares relativamente ao VAB dos setores industriais, de produção de eletricidade e de gestão de resíduos da UE (%) VAB total da UE (M€, preços atuais) Volume de negócios da reciclagem de sete materiais nucleares relativamente ao VAB total da UE (%) 2006 2007 2008 2009 32.535 47.008 56.082 60.524 37.229 1.930.790 2.113.325 2.221.800 2.243.801 1.919.044 1,69 2,22 2,52 2,7 1,94 9.490.958 9.877.205 10.405.157 11.011.791 11.188.957 0,34 0,48 0,54 0,55 0,33 O setor da reciclagem é atualmente é dominado por 7 tipos de materiais nucleares (EEA, 2011a): Vidro. Papel e cartão. Plásticos. Ferro e aço. Cobre, alumínio e níquel. Metais preciosos. Outros metais. 9 Atividades de prevenção, medição, redução, eliminação, correção dos efeitos da poluição e de qualquer outro dano ao ambiente, nomeadamente à atmosfera, solos, rios assim como problemas associados à gestão dos resíduos, poluição sonora e ameaças aos ecossistemas. Notas: Excluem-se medidas tomadas por razões de higiene e segurança dos locais de trabalho ou as que visam o aumento da eficiência (por exemplo a redução de matérias-primas) ou rentabilidade da produção e melhoria da qualidade dos produtos e/ou serviços (INE, 2011. 10 Gestão de recursos de modo sustentável como a conservação de recursos naturais que estão sujeitos a esgotamento pelo consumo humano, visando a limitação ou minimização do seu uso. Notas: Refere-se ao aproveitamento da energia renovável, poupança de energia, gestão da água potável, entre outras atividades (INE, 2011). Página | 25 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final A maior parte do volume de negócios induzido pela reciclagem de materiais na Europa diz respeito à reciclagem de ferro e aço, seguida de outros metais não ferrosos e do papel/cartão, como se pode identificar pela análise da figura 2.13. O setor da reciclagem encontra-se a crescer e em desenvolvimento, uma vez que o consumo de bens não tem diminuído (EEA, 2011a). No entanto, em termos Europeus e dado que para alguns tipos de resíduos as taxas de reciclagem alcançadas são elevadas, o espaço de manobra para a evolução é limitado (Ecorys, 2009b). Figura 2.13 – Volume de negócios da reciclagem de 7 tipos de materiais nucleares Segundo a Agência Europeia do Ambiente, o volume de negócios duplicou entre 2004 e 2008, tendo as exportações destes materiais aumentado devido ao crescimento das economias asiáticas, o aumento da oferta de materiais recicláveis no mercado e a implementação das Diretivas europeias relativas a resíduos, incluindo da Diretiva Embalagens. Neste contexto, a importância da exportação tem aumentado relativamente às importações (ver figura 2.14). Página | 26 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Figura 2.14 – Valor do comércio interno e externo de alguns materiais recicláveis Fonte: (EEA, 2011a). No entanto, o setor encontra-se muito dependente da evolução dos preços unitários das mercadorias nos mercados internacionais (ver tabela 2.11 e figura 2.15). Por exemplo, devido à crise iniciada em 2008, ocorreu nessa altura uma quebra dos preços de várias matérias-primas, que se refletiu nos preços dos materiais secundários e que originou uma diminuição acentuada do volume de negócios do setor em 2009 face aos anos anteriores. Página | 27 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 2.11 – Evolução dos valores médios em Euros/t de diferentes recicláveis baseados nas estatísticas de comércio intra e extracomunitário 2004 Preços médios em EUR/t Vidro 2006 2007 2008 2009 Para fora da EU Dentro da EU Para fora da EU Dentro da EU Para fora da EU Dentro da EU Para fora da EU Dentro da EU Para fora da EU Dentro da EU 158 36 89 42 83 39 103 43 101 47 Papel e cartão 94 94 102 94 116 118 119 120 82 84 Plástico 251 319 310 424 307 454 293 441 208 295 1.015 1.242 1.832 2.134 1.521 2.207 1.543 1.991 1.222 1.412 199 257 273 322 378 393 371 456 241 245 43.591 28.372 44.262 41.543 25.844 41.581 63.659 37.304 129.119 30.150 1.012 921 2.255 1.610 2.724 1.723 2.358 1.519 1.484 1.132 Cu, Al, Ni Ferro e Aço Metais preciosos Outros Metais Fonte: Com base em ETC/SCP (2011). Figura 2.15 – Evolução dos preços de alguns materiais secundários, baseados nas estatísticas de comércio intra e extracomunitário Fonte: Adaptado da EEA (2012c). Em Portugal, o volume de negócios relacionado com as atividades de gestão de resíduos e os materiais e produtos reciclados ascenderam a 2683 milhões de Euros em 2010, concentrados maioritariamente nas empresas com CAE relacionado com a valorização de resíduos metálicos (CAE 38321), comércio por grosso de sucatas e de desperdícios metálicos (CAE 46771) e tratamento e eliminação de outros resíduos não perigosos (CAE 38312), como se pode analisar da análise da tabela 2.12. Página | 28 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 2.12 – Dados gerais das entidades produtoras de bens e serviços de ambiente por atividade económica Fonte: INE (2011). A maior parte do volume de negócios das empresas ligadas à gestão de resíduos e reciclagem está concentrada no mercado nacional, como se depreende da análise da tabela 2.13. Tabela 2.13 – Distribuição do volume de negócios das entidades produtores de bens e serviços de ambiente por atividade económica segundo o tipo de mercado Fonte: INE (2011). Página | 29 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 2.3.2.3 Valor Acrescentado A UNEP estima que o setor de gestão de resíduos, no seu todo, tenha representado em 2011, 0,16% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, ou seja, cerca de 108 mil milhões de dólares, podendo triplicar em valor até 2050 (UNEP, 2011). Ao nível Europeu, verificam-se grandes diferenças entre os Estados Membros, que estão patentes na figura 2.16. Estas diferenças refletem em grande parte os salários existentes nos vários países. Caso se ajustasse a produtividade do trabalho para contabilizar tais diferenças, a situação mudaria bastante, com alguns dos novos membros da UE a apresentarem os maiores índices ajustados de produtividade do trabalho (Ecorys, 2009b). Figura 2.16 - Produtividade aparente do trabalho da indústria de reciclagem Fonte: Adaptado de Ecorys (2009b). Por tonelada de resíduo, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) varia consoante a localização e as operações a que os resíduos são sujeitos. Por exemplo, um estudo realizado na Califórnia estimou que em 1999 o VAB relacionado com a eliminação de resíduos sólidos em aterro ascendia a 144$/t, enquanto a valorização desses resíduos significava um VAB de 290 $/t (Goldman and Ogishi, 2001). 11 Em termos dos efeitos multiplicadores da reciclagem de resíduos, de referir em primeiro lugar que existem diferentes tipos de multiplicadores económicos (NRC, 2001). Por exemplo, os multiplicadores do Tipo I identificam o valor das transações diretas e indiretas relativamente ao valor das transações diretas (e.g. o rendimento de um setor e todos os outros rendimentos das compras efetuadas por esse setor aos seus fornecedores). Os multiplicadores do tipo II identificam o valor de todas as transações económicas (diretas, indiretas e induzidas) que são estimuladas na economia pela indústria em estudo, incluindo as despesas efetuadas pelos empregados da cadeia de valor associada ao setor em análise, relativamente ao valor das transações diretas (NRC, 2001). Ao nível do setor de reciclagem de resíduos, existem alguns estudos que realizaram essa análise, sobretudo nos Estados Unidos e Austrália, debruçando-se ao nível económico, mas igualmente a nível do emprego. 11 Termo frequentemente utilizado quando se refere os efeitos económicos ou os impactes económicos (igualmente efeito multiplicador) (NRC, 2001) Página | 30 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Por exemplo, o estudo citado anteriormente do NRC avaliou os multiplicadores associados à reciclagem nos Estados Unidos e comparou-os com o de outras indústrias. Na tabela 2.14 apresenta-se essa comparação, tendo sido estimado um efeito multiplicador de 2,43 (tipo I) e 3,82 (tipo 2) para o valor acrescentado bruto, sendo que informação mais detalhada para várias operações relacionadas com a reciclagem de resíduos encontra-se disponível no referido estudo. Tabela 2.14 – Multiplicadores da indústria de reciclagem e reutilização nos EUA e comparação com outras indústrias Produção Setores Emprego Rendimento pessoal Valor acrescentado Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II 1,7 2,36 2,18 3,55 2,33 3,56 2,43 3,82 Agricultura 1,9 2,82 1,51 2,11 2,01 3,29 2,08 3,42 Minas 1,54 2,31 1,97 3,93 1,63 2,66 1,46 2,2 Construção 1,9 3,02 1,84 3,16 1,84 3,01 2,17 3,93 Manufatura 1,97 2,9 2,65 4,87 2,3 3,78 2,39 4,04 Transportes, comunicação e utilidades 1,56 2,41 1,87 3,54 1,69 2,8 1,55 2,43 Comércio grossista 1,44 2,41 1,57 2,91 1,44 2,37 1,38 2,26 Comércio a retalho 1,34 2,37 1,13 1,59 1,24 2,02 1,25 2,08 Finanças, seguros e imobiliária 1,38 1,98 1,67 3,01 1,57 2,6 1,33 1,83 Serviços 1,51 2,79 1,31 2,17 1,35 2,21 1,46 2,7 Governo 1,14 2,51 1,06 1,88 1,06 1,72 1,08 2,01 Reciclagem e reutilização Fonte: Com base em NRC (2001). Verifica-se que os multiplicadores obtidos para as indústrias de reciclagem e reutilização excedem frequentemente os multiplicadores da maioria dos outros grandes setores, à exceção do setor da indústria. A este estudo seguiram-se outros de caráter regional no mesmo país, com resultados consistentes. Por exemplo, para o Estado do Missouri estimaram-se vários multiplicadores (do Tipo I e Tipo II) para atividades relacionadas com a reciclagem de resíduos, que se podem analisar na tabela 2.15 e 2.16. Página | 31 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 2.15 – Multiplicadores para o Estado do Missouri, Tipo I Fonte: EIERA (2005) Tabela 2.16 - Multiplicadores para o Estado do Missouri, Tipo II Fonte: EIERA (2005) Página | 32 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Outro estudo, desta vez para a Austrália e desenvolvido pelo Australian Council of Recyclers (ACOR), verificou que o multiplicador variava bastante com o tipo de material. Deste modo, por cada dólar australiano criado pela reciclagem de alumínio, 1,08 dólares adicionais eram criados indiretamente (multiplicador do tipo I de 2,08). Caso se tivesse em conta as despesas induzidas pelos consumidores, o valor subia para 1,52 dólares (multiplicador do tipo I de 2,52). O alumínio era o material com maior efeito multiplicador do tipo II, acima do plástico (2,15), madeira (2,09), metais (2,07), papel genérico (1,96), cartão canelado antigo (1,85) e vidro (1,61) (Insidewaste, 2008). Finalmente, de referir que todas as referidas avaliações foram realizadas com base na técnica de Análise de Entradas-Saídas (AES), tendo-se concluído que a indústria da reciclagem contribui de forma significativa para a economia através dos seus efeitos indiretos. Em relação à reciclagem em Portugal não se conhece nenhuma aplicação específica de AES, existindo no entanto diversos estudos relacionados com outros temas. Particularmente, em Portugal a AES foi utilizada no passado para analisar a aplicação de políticas públicas. Exemplo disso é o estudo realizado pelo Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais (DPP) do Ministério do Ambiente e Planeamento Regional, que avaliou o impacte dos apoios do QREN na economia portuguesa (Dias e Lopes, 2011). O único estudo compilado de AES sobre gestão de resíduos em Portugal foi realizado por Barata (2010), que analisou os processos de geração e tratamento de resíduos e observou, por exemplo, que o setor da construção é dos mais importantes geradores de resíduos sólidos no país e que a economia portuguesa é responsável pela geração de 82,8% dos seus resíduos sólidos, sendo o restante gerado em países de onde as importações portuguesas são provenientes. 2.3.3 Gestão de Resíduos de Embalagens 2.3.3.1 Estrutura de Mercado Em geral, a função de substituição de produtos e serviços do ponto de vida da procura, bem como os requisitos legais existentes levam a que exista uma diferença apreciável entre a recolha de resíduos de embalagens domésticos e a recolha do mesmo tipo de resíduos das atividades comerciais e industriais. Desta forma, a organização do mercado a nível dos vários países da UE é distinta para ambos os tipos de resíduos de embalagens (DG Competition, 2005). Tipicamente, a recolha e triagem dos resíduos de embalagens domésticos é realizada por entidades com caráter público, em circuitos integrados na recolha dos resíduos urbanos. Neste aspeto, existem importantes economias de rede a nível da recolha de resíduos de embalagens domésticas (DG Competition, 2005). Mesmo neste tipo de embalagens, os custos associados à recolha, triagem e valorização dos resíduos normalmente representam uma pequena fração dos custos totais dos produtos (DG Competition, 2005) Por outro lado, os resíduos de embalagens das atividades comerciais e industriais são frequentemente recolhidos e triados em conjunto com outros tipos de resíduos industriais, sendo que, como existem menos economias de rede do que no caso dos resíduos de embalagens domésticos, é mais fácil aparecerem estruturas de recolha alternativas às existentes (DG Competition, 2005). Página | 33 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Em geral, os materiais triados com vista à sua reciclagem fazem parte de mercados distintos (e.g. vidro, papel, metal), que para além dos resíduos de embalagens integram outros tipos de resíduos do mesmo material (e.g. RCD). O âmbito destes mercados pode ser predominantemente nacional mas igualmente internacional, dado que cada vez mais estes mercados são globais (DG Competition, 2005). O âmbito geográfico depende não só da dimensão dos Estados-Membros e das indústrias ai presentes (por exemplo, Estados-Membros de pequena dimensão podem não ser autossuficientes a nível da reciclagem dos resíduos de embalagens), mas igualmente dos custos de transporte e do material em questão, dado que, por exemplo, a nível Europeu o fluxo intracomunitário de papel/cartão é mais significativo que o de vidro (DG Competition, 2005). 2.3.3.2 Volume de Negócios, Custos Incorridos e Rendimentos Obtidos No início da primeira década do sec. XXI, a UE encomendou um estudo para avaliar os impactes da Diretiva Embalagens publicada em 1994. Tendo por base as taxas de reciclagem alcançadas em 2001 nos países da UE, os custos estimados com a gestão de resíduos de embalagens apontavam para cerca de 6,6 a 6,8 milhões de Euros. O mesmo estudo avaliou os custos hipotéticos da gestão dos resíduos de embalagens realizados através de aterro, tendo concluído que seriam pouco inferiores (cerca de 6,1 mi milhões de Euros). Por outro lado, os custos diretos relacionados com a aplicação da Diretiva de Embalagens representavam apenas um incremento de cerca de 3% face aos custos esperados caso não existisse diretiva de embalagens (GHK, 2006). O estudo desenvolvido pela GHK refere um aumento de custos de 227 milhões de Euros atribuíveis à Diretiva para o ano base de 2001 (GHK, 2006), variando a extensão e a forma de distribuição destes custos por vários atores consoante o Estados Membros. No entanto, de referir que o mercado evoluiu bastante em 10 anos. Por exemplo, por um lado, os custos relacionados com a eliminação de resíduos são mais elevados, dado que em muitos países esta opção foi fortemente restringida, por exemplo, pela adoção de taxas de aterro. Por outro lado, as quantidades de embalagens recicladas aumentaram, bem como os preços de mercado de alguns materiais reciclados (ver subcapítulo 3.2). Passada uma década, um novo estudo desenvolvido para a União Europeia centrou-se no impacte da gestão de resíduos de embalagens. Nesse estudo foi comparado a atual cenário de reciclagem na EU27, com um cenário hipotético em que as taxas de reciclagem médias da UE por material seriam idênticas à máxima taxa apresentada por um dos Estados-Membros (BIO Intelligence, 2011). Nesse cenário, o acréscimo de materiais reciclados resultantes do incremento das taxas de reciclagem na UE pode significar uma poupança de 7,5 mil milhões de Euros por ano, correspondente a 15,2 12 Euros/hab.ano, caso se tenha em conta a substituição das matérias-primas pelos materiais reciclados (BIO Intelligence, 2011). A desagregação por material é apresentada na tabela 2.17, sendo que a maior poupança adviria do evitar da produção de plásticos e papel/cartão a partir de recursos naturais. 12 Considerando a diferença de preços entre meterias primários e materiais reciclados. A variação da qualidade dos materiais reciclados (pelo aumento da quantidade de resíduos enviados para reciclagem) não foi tida em conta, nem a volatilidade dos preços dos materiais reciclados e materiais primários. Página | 34 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 2.17 – Impactes anuais de um cenário de reciclagem mais elevado do que o atual na UE Tipo de material Total reciclado no cenário de "elevada taxa de reciclagem" (t) Vidro Plástico (HDPE/PET) Papel e Cartão Metal (alumínio e aço) Madeira Total Toneladas adicionais recicladas comparativamente à situação atual da EU (t) Rendimentos mínimos por material comparativamente à situação atual (€, preços de 2011, excl. VAT) 16.694.124 5.674.005 141.850.125 € 8.373.068 3.846.986 4.031.449.482 € 29.993.779 4.720.705 2.841.864.530 € 4.677.323 1.341.352 526.681.725 € 10.323.559 5.180.221 //// - - 7.541.845.862 € Fonte: BIO Intelligence (2011). Em Portugal, um estudo desenvolvido pelo IST analisou a reciclagem dos resíduos de embalagem em Portugal, centrando-se na reciclagem das embalagens do fluxo urbano. Para tal, baseou-se nos custos e receitas incorridos pelos SMAUT, utilizando duas perspetivas diferentes (EIMPack, 2011). A primeira perspetiva (económica), para além de considerar as receitas provenientes da SPV, tem em conta outras receitas, nomeadamente as transacções diretas com os recicladores e os subsídios de investimento (e.g. ao nível da triagem). Ao contrário da segunda perspetiva (financeira), tem igualmente em consideração, os benefícios relacionados com os custos evitados pela recolha seletiva e reciclagem dos resíduos, nomeadamente dos custos de recolha indiferenciada e dos custos de tratamento dos resíduos que são evitados (e.g. aterro). Estas últimas componentes foram estimadas em 49 €/t recolhido e 53,9 €/ttratado, respetivamente, com base em inquéritos realizados aos SMAUT e pela análise dos 13 relatórios anuais destas entidades (EIMPack, 2011). Já no que concerne aos custos, são considerados os custos operacionais relacionados com a recolha seletiva e a triagem, a depreciação dos equipamentos e bens alocados a estas atividades e o retorno do 14 capital devido aos investimentos realizados nos equipamentos e infraestruturas. Por o outro lado, o estudo não contabilizou os valores líquidos relacionados com a retoma das embalagens pela SPV e seu encaminhamento para recicladores e operadores de gestão de resíduos e ainda as mais-valias obtidas na cadeia de valor a jusante (EIMPack, 2011). A análise concluiu que os SMAUT em termos médios beneficiam em 260 €/t de resíduos de embalagem recolhidos, que correspondem a 369 €/t de resíduos encaminhados para reciclagem, segundo uma perspetiva económica, ou seja, contabilizando os impactes evitados da recolha indiferenciada e tratamento dos resíduos. Estes benefícios reduzem-se quando se utiliza uma perspetiva financeira, onde os custos evitados não são considerados (EIMPack, 2011). 13 Tendo ainda em conta as eficiências de “triagem” das embalagens: Vidro – 95%, Papel – 93%, outros materiais – 63% Considerando um tempo de vida útil de 9,6 anos, um custo do capital de 6,0%, uma taxa de imposto de 20,3%, um custo de dívida de 4,6% e uma percentagem de 19% de capitais próprios da estrutura do capital. 14 Página | 35 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Figura 2.17 – Rendimentos e custos associados à gestão de resíduos de embalagens pelos SMAUT Fonte: Adaptado de EIMPack (2011) Tendo em conta os resultados do estudo, os autores referem que o financiamento da indústria via VPV deve ser discutido, sendo que, caso se utilize uma perspetiva económica, os custos associados estão sobreavaliados, podendo descer em 43%. Por outro lado, caso se considere que a indústria deve ser inteiramente responsável pela gestão dos resíduos de embalagem (incluindo os custos inerentes à recolha indiferenciada e tratamento dos resíduos de embalagens não encaminhados para reciclagem, os VPV devem subir em média 35% (EIMPack, 2011). De referir que os resultados diferem consoante os SMAUT analisados, refletindo aspetos tão díspares como as diferenças entre os materiais de embalagem recolhidos seletivamente, a dimensão e densidade populacional existente, etc. Por exemplo, na figura 2.18 apresentam-se custos unitários de recolha seletiva e triagem por tipo de material para vários SMAUT, pelo que se pode verificar as diferença existentes, que são mais expressivas para resíduos provenientes do ecoponto amarelo (embalão) (EIMPack, 2011). Figura 2.18 – Custos unitários de recolha seletiva e triagem por material de embalagem e volume de resíduos de embalagens recolhidas Fonte: Adaptado de EIMPack (2011). Página | 36 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 2.4 Contributos Sociais 2.4.1 Enquadramento Um dos principais desafios atualmente para os decisores políticos que pretendem transformar a suas economias é a criação de emprego. De acordo com a Organização Mundial do Trabalho (OMT), ao nível mundial serão necessários 600 milhões de novos postos de trabalho nos próximos 10 anos de modo a sustentar o crescimento e manter a coesão social (ILO, 2012). A transição para uma Economia Verde requer o investimento em capital humano e social através de políticas adequadas de emprego. Neste contexto, a necessária transformação das economias dos vários países no sentido da Economia Verde cria um grande potencial para a criação de novos empregos (UNEP, 2012a). Procurar estratégia Alemã, referida no Editorial do Expresso de 16 de Junho. As oportunidades de criação líquida de emprego no âmbito da Economia Verde derivam da criação de novos mercados, como sejam a nível da gestão e reciclagem de resíduos e do facto das cadeias de valor nos setores verdes serem muitas vezes mais longas e diversificadas que nos setores convencionais, como é o caso das energias renováveis vs. energia fóssil. Tal origina a criação de empregos indiretos a jusante e a montante e igualmente efeitos induzidos através do aumento da procura (UNEP, 2012a). 2.4.2 Setor de Gestão de Resíduos 2.4.2.1 Nº de Trabalhadores Ao nível mundial, a UNEP estima em pelo menos 20 milhões de empregos em atividades ligadas à gestão de resíduos, com 15 milhões de pessoas no mundo desenvolvido a depender da recolha de resíduos para a sua subsistência (UNEP, 2011). O setor da gestão de resíduos, em geral, e o subsetor da reciclagem em particular, tiveram um crescimento muito acentuado em termos de emprego, acompanhando a preocupação da sociedade na resolução deste problema (UNEP, 2011). Por exemplo, as indústrias de reciclagem nos EUA passaram de 8 mil empresas em 1967, que empregavam 79 mil pessoas e geravam 4,6 biliões de dólares em receitas, para mais de 56 mil empresas no ano 2000, que empregavam 1,1 milhões de pessoas e geravam 236 biliões de dólares em receitas. Na China, estimam-se em cerca de 10 milhões os empregos atuais relacionados com as atividades de reciclagem (UNEP, 2011). Ao nível europeu, considerando em conjunto os dois subsetores de materiais reciclados e gestão de resíduos descriminados do estudo Ecorys (2009), os empregos diretos ascenderam a 1,979 milhões em 2008. O crescimento médio anual desde o ano 2000 cifrou-se em 7,9%, sendo superior no subsetor dos materiais reciclados (10,6%), conforme ilustrado na tabela 2.18 (Ecorys, 2009). Em conjunto, os dois subsetores referidos perfaziam em 2008 cerca de 58% do emprego das ecoindústrias da União Europeia, sendo que os materiais reciclados representavam 15% do total. Até 2020 é estimado que a criação de empregos no setor da reciclagem pode significar mais meio milhão de trabalhadores (EC, 2011). Página | 37 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 2.18 – Crescimento do emprego nos subsetores das eco-indústrias na União Europeia entre o período 2000 e 2008 Emprego (2000) Emprego (2008) Emprego: Taxa de crescimento anual (%) Gestão de resíduos 844.766 1.466.673 7,14 Abastecimento de água 417.763 703.758 6,74 Gestão de resíduos de água 253.554 302.958 2,25 Materiais recicláveis 229.286 512.337 10,57 Outros 129.313 193.854 5,19 Energias Renováveis 49.756 167.283 16,37 Poluição ambiental 22.600 19.067 2,1 Biodiversidade 39.667 49.196 2,73 Solo e leitos freáticos 14.882 18.412 2,7 4.176 7.565 7,71 2.005.763 3.441.103 6,98 Vibração e Ruído Total 15 Ao nível nacional, com base em dados do INE relativos a Portugal, em 2010 existiam cerca de 16.527 empregos ligados a atividades de gestão de resíduos, o que representava 52% do total dos empregos na área do ambiente das entidades produtoras de bens e serviços de ambiente (32.066 pessoas). A maior parte dos empregos na área da gestão de resíduos encontra-se relacionada com os CAE 38112 Recolha de outros resíduos não perigosos e 38212 - Tratamento e eliminação de outros resíduos não perigosos (ver figura 2.19). Figura 2.19 - Pessoal ao serviço em ambiente por principal atividade económica (2010) Fonte: INE (2011). 15 Considerando os CAE de atividade centrais do ambiente: 22112 - Reconstrução de pneus, 38111 - Recolha de resíduos inertes, 38112 - Recolha de outros resíduos não perigosos, 38120 - Recolha de resíduos perigosos, 38211 - Tratamento e eliminação de resíduos inertes, 38212 - Tratamento e eliminação de outros resíduos não perigosos, 38220 - Tratamento e eliminação de resíduos perigosos, 38311 - Desmantelamento de veículos automóveis, em fim de vida, 38312 - Desmantelamento de equipamentos elétricos e eletrónicos, em fim de vida, 38313 - Desmantelamento de outros equipamentos e bens, em fim de vida, 38321 Valorização de resíduos metálicos, 38322 - Valorização de resíduos não metálicos, 39000 - Descontaminação e atividades similares, 46771 - Comércio por grosso de sucatas e de desperdícios metálicos, 46772 - Comércio por grosso de desperdícios têxteis, de cartão e papéis velhos e 46773 - Comércio por grosso de desperdícios de materiais, n.e. Página | 38 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 2.4.2.2 Características dos Empregos Existentes A nível nacional, a maior parte das pessoas afetas à gestão de resíduos eram operários (66%), seguidas de administrativos (12%), encarregados (11%), quadros (6%) e finalmente dirigentes (5%). A fração de pessoal afeto a funções de operação é superior na gestão de resíduos relativamente a outras funções de ambiente, como se ilustra na figura 2.20. Figura 2.20 - Pessoal ao serviço em funções de ambiente por nível profissional e atividade económica (2010) Fonte: INE (2011). Por outro lado, a força de trabalho é maioritariamente constituída por Homens (80%). Apenas a nível dos quadros e administrativos é que existe uma situação relativamente equilibrada em termos de género, sendo que a nível de encarregados e operários a proporção de homens para cada mulher é de 6,7 Homens/Mulher. Na tabela 2.19 apresenta-se a quantidade de Pessoas ao serviço nas entidades produtoras de bens e serviços de ambiente por atividade económica, segundo o sexo e nível profissional. Página | 39 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 2.19 - Pessoas ao serviço nas entidades produtoras de bens e serviços de ambiente por atividade económica, segundo o sexo e nível profissional Fonte: INE (2011). 2.4.2.3 Efeitos Relacionados com a Criação de Empregos A gestão de resíduos em geral, e a reciclagem em particular, são elementos importantes de criação de emprego a nível global, sendo que, como estes empregos representam uma fonte de rendimentos para trabalhadores que usualmente têm baixos níveis de educação, são igualmente um importante elemento de redução da pobreza. No entanto, em muitos países, muitos dos empregos relacionados com as atividades de gestão de resíduos e reciclagem ainda não cumprem os requisitos básicos de trabalho decente (UNEP, 2011). A força de trabalho que sustenta o setor da reciclagem, em geral, contribui para a resolução de um ou mais problemas ambientais (e.g. mitigação das alterações climáticas ou a prevenção da poluição). Estes trabalhadores devem ser portanto considerados como uma categoria de agentes de mudança de que as políticas ambientais e económicas dependem e o seu valor acrescentado deve ser mais claramente e extensivamente reconhecido (UNEP, 2011). Por outro lado, existe um crescente conjunto de evidências que a indústria de reciclagem gera um maior número de empregos e de níveis salariais mais elevados (EEA, 2011a) que o aterro e a incineração de resíduos para a mesma quantidade de material processado (UNEP et al., 2008). Por exemplo, um estudo na Califórnia estimou que a indústria de reciclagem tinha naquele Estado o dobro do impacte económico que o aterro de resíduos, sendo que a reciclagem de uma tonelada de resíduos gerava em salários e vencimentos um montante de 101 dólares superior ao aterro (CIWMB, 2003). Outro estudo norte-americano, referente às cidades Baltimore, Washigton D.C e Richmond, estimou que a reciclagem de resíduos apresentava um potencial de geração de emprego 10x superior à eliminação dos resíduos (UNEP et al., 2008). Página | 40 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Apesar da recolha de resíduos, sua segregação e reprocessamento serem atividades intensivas em trabalho, o efeito global na criação líquida de emprego não pode ser generalizado. Por exemplo, Porter refere que os empregos criados pelas atividades de reciclagem substituem empregos a montante na economia, relacionados com a extração de recursos naturais (Porter (2002) citado em UNEP (2011)). É o caso dos empregos envolvidos na extração de matérias-primas da natureza e serviços associados, dado que a reciclagem reduz a necessidade da extração de recursos naturais. No entanto, o balanço na criação líquida de emprego aparentemente é positivo. Por exemplo, no estado da Carolina do Norte nos EUA, estima-se que por 100 empregos criados na reciclagem de resíduos, 13 empregos são perdidos a nível da eliminação de resíduos e extração de recursos naturais (UNEP, 2011).Outro aspeto relevante é o facto de a reciclagem não gerar apenas empregos diretos, mas igualmente ter um efeito multiplicador 16 a nível da geração de empregos indiretos e induzidos. Uma compilação dos multiplicadores do Tipo I e 17 do Tipo II referidos na literatura encontram-se identificados na tabela 2.20. Com base no efeito multiplicador da criação de empregos diretos no setor da reciclagem e ainda, com estimativas para o potencial de crescimento dos empregos diretos pelo incrementar das taxas de reciclagem (ver tabela 2.21), um estudo dos Friends of the Earth estimou que, caso seja alcançada uma taxa de reciclagem de 70% para os principais materiais, na UE27 serão criados 322 mil novos empregos diretos, 161 mil empregos indiretos e 80 mil empregos induzidos, o que perfaz um potencial total de criação de 563 mil novos empregos (Friends of the Earth, 2010). Tabela 2.20 – Multiplicadores da criação de empregos diretos relacionados com a reciclagem de materiais Estudo Ernst and Young (2006) - UE EPA (2002) - US Scottish Executive (2009) Escócia Access Economics (2009) – IOWA, US Access Economics (2009) – Austrália Tipo II 1,22 - Recolha de materiais recicláveis 1,13 1,77 Fabrico de materiais reciclados 2,48 4,11 media do setor de reciclagem 2,18 3,53 Industria não especificada, incluindo reciclagem 1,36 1,63 Setor de produção de vidro - 1,80 Setor da construção - 1,93 Setor de produção de papel/cartão Friends of the Earth (2010) - UE Tipo I Recolha e reciclagem de resíduos - 2,64 Valores considerados para o setor da reciclagem 1,5 1,75 Reciclagem de plásticos 2,53 - Reciclagem de alumínio 2,39 - Reciclagem de outros metais 2,48 - Reciclagem de vidro 1,69 - Reciclagem de madeira 1,65 - Setor de gestão de resíduos 1,84 Fonte: Com base no estudo Friends of the Earth (2010). Nota: Os setores de produção de vidro, construção e produção de papel/cartão estão ligados à reciclagem em circuito fechado, pelo que podem ser utilizados como indicador para o efeito multiplicador da reciclagem desses materiais. 16 Que calcula o emprego indireto a jusante e a montante na cadeia de valor resultante da criação direta de emprego no setor da reciclagem. 17 Que calcula o total de empregos induzidos, incluindo pela despesa realizada pelos trabalhadores direta ou indiretamente envolvidos no setor da reciclagem. Página | 41 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 2.21 – Empregos diretos criados por t de material reciclado Rácio de trabalhos criados por kt de material reciclado Material reciclável LEPU (2004) Cascadia (2009) Taxa assumida para a EU27 Vidro 0,75 2,6 0,75 Papel 3,5 1,8 1,8 Plástico 15,6 9,3 9,3 Ferro e aço 5,4 - 5,4 Alumínio 11 11 Madeira 0,75 0,75 Têxtil Bioresíduos Média 5 8,5 5 1,3 0,4 0,4 6,2 5 4,9 Fonte: Friends of the Earth (2010). 2.4.3 Gestão de Resíduos de Embalagem 2.4.3.1 Nº de Trabalhadores O estudo realizado para avaliar a primeira fase do impacte da Diretiva de Embalagens ao nível europeu (UE15) estimou em 42 mil os empregos a tempo inteiro criados direta e indiretamente devido à recolha, reciclagem e valorização de embalagens. Apesar de não ser possível contabilizar o número de empregos que são perdidos pelo facto dos resíduos não serem eliminados, o mesmo estudo concluiu que é provável que o balanço tenha sido neutro ou ligeiramente positivo (EC, 2006a). 2.4.3.2 Características dos Empregos Existentes Na análise realizada não se encontrou informação que pudesse ser utilizada para avaliar as características dos empregos especificamente relacionados com a gestão de resíduos de embalagens. No entanto, tendo em conta a estrutura do mercado, em que na maior parte dos resíduos de embalagens são recolhidos e valorizados de forma análoga com outros resíduos com as mesmas origens/características, poderá assumir-se que as características dos empregos existentes serão semelhantes às do setor da reciclagem em geral (ver capítulo 5.3). 2.4.3.3 Efeitos Relacionados com a Criação de Empregos Acresce ao referido no ponto anterior, que os efeitos relacionados com a criação de empregos devido à gestão de resíduos de embalagens devem ser semelhantes aos efeitos verificados para o setor da reciclagem em geral (ver capítulo 5.3). Página | 42 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal, Relatório Final 3 AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SIGRE 3.1 Âmbito e Objetivos da Avaliação O Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE), foi criado pela Sociedade Ponto Verde (SPV) por forma a dar cumprimento às suas obrigações ambientais e legais, através da organização e gestão de um circuito que garante a retoma, valorização e reciclagem de resíduos de embalagens não-reutilizáveis (www.pontoverde.pt, consultado em 3 de Outubro de 2012). Atualmente, o SIGRE compreende dois subsistemas com modelos de gestão distintos: Sistema de gestão de resíduos urbanos de embalagens. Sistema de gestão de resíduos não urbanos de embalagens (sistema eXtra-Urbano). No sistema de gestão de resíduos urbanos de embalagens, a SPV estabelece parcerias com os Sistemas Municipais e/ou suas Empresas Concessionárias (SMAUT), que efetuam a recolha seletiva e triagem dos resíduos de embalagens separados pelo consumidor na sua área de intervenção. Posteriormente esses resíduos são encaminhados para reciclagem através das parcerias existentes com os Retomadores PréQualificados. Os resíduos de embalagens remanescentes são encaminhados para valorização orgânica ou energética ou eliminados em aterros de resíduos sólidos urbanos. No caso do sistema Extra-Urbano, a SPV estabelece uma parceria com Operadores de Gestão de Resíduos (OGR) que procedem à recolha seletiva, triagem e encaminhamento para reciclagem desses resíduos, que são produzidos em indústrias e empresas de comércio e serviços. No caso concreto da avaliação realizada, em primeiro lugar estudaram-se separadamente os dois referidos subsistemas e com base nos resultados obtidos, posteriormente analisou-se o SIGRE de forma integrada. Os objetivos principais da avaliação foram os seguintes: 1. Produzir informação sobre os impactes e benefícios ambientais (balanço ambiental) da gestão de resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE, considerando as principais entradas (recursos e energia) e saídas (emissões e resíduos) por unidade funcional definida. 2. Verificar quais os aspetos (processos unitários, materiais, etc.) mais relevantes em termos de impacte ambiental, no contexto da gestão de resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE. Uma vez que se pretendeu avaliar o balanço ambiental da gestão de resíduos embalagens, consideraram-se não só os impactes associados à recolha, triagem, transporte, tratamento e valorização dos referidos resíduos, mas igualmente os impactes ambientais evitados através da substituição de materiais primários por materiais secundários e energia obtidos dos processos de valorização (avoided impacts). 3.2 Metodologia Utilizada Para a avaliação ambiental do SIGRE utilizou-se a metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV). A Avaliação de Ciclo de Vida (Life Cycle Assessment (LCA), em inglês) é a compilação e avaliação das entradas e saídas e dos potenciais impactes ambientais de um produto através do seu ciclo de vida (ISO 14040:2006). Página | 43 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final A ACV, que é baseada na 1ª e 2ª leis da termodinâmica (Ferrão, 1998) tem como objetivos, entre outros, fornecer um quadro de interações de uma atividade com o ambiente, contribuir para o entendimento da natureza interdependente e global das consequências ambientais das atividades humanas e providenciar aos agentes decisores informações que identifiquem oportunidades de ecoeficiência (EEA, 1997 ; Daniels e Moore, 2002). A ACV permite igualmente ajudar indivíduos, empresas, indústrias e governos a subirem na complexa curva de aprendizagem relativamente aos impactes ambientais de produtos e serviços, em mudar a sua cultura de modo a que comecem a pensar e encarar sistemas, processos e produtos em termos de ciclo de vida (life-cycle thinking) e a alterar algumas ideias erradas enraizadas no senso comum do público em geral (Allenby, 1999 ; Heiskanen, 2000). A metodologia de ACV inclui quatro fases principais, que se inter-relacionam entre si (ISO 14040:2006). 1. Definição do objetivo e do âmbito da análise. 2. Inventário dos processos envolvidos no ciclo de vida analisado, com enumeração das entradas e saídas do sistema. 3. Avaliação dos impactes ambientais associados às entradas e saídas do sistema. 4. Interpretação dos resultados das fases de inventário e avaliação, tendo em consideração os objetivos do estudo. No caso concreto da avaliação da gestão de resíduos é necessário considerar algumas particularidades desta atividade, uma vez que o objeto em análise não é um produto como na ACV tradicional, mas apenas a fase de fim de vida associada a um determinado tipo de resíduo (produto em fim de vida ou cabaz de produtos em fim de vida) (Conssoni et al., 2005): A Unidade Funcional é definida à entrada do sistema considerado (unidades de massa a serem tratadas) e não à saída do sistema em análise, como numa ACV tradicional para um determinado produto (neste caso a unidade funcional é, por exemplo, uma unidade de massa do produto considerado). A sequência dos processos a analisar começa quando os materiais/produtos se convertem em resíduos e termina quando os resíduos são colocados e inertizados em aterro, saem do sistema económico em emissões para o ambiente (e.g. emissões atmosféricas e aquosas) ou quando entram novamente no ciclo de vida de outros produtos através da reciclagem. Ao invés de avaliar os efeitos das alterações nos processos de produção, o objetivo da ACV é comparar diferentes estratégias de gestão de resíduos. Entre a informação que é necessário compilar para avaliação da gestão de resíduos conta-se, por exemplo (Ribeiro, 2008): As características e quantidades de resíduos a tratar em cada cenário. o e.g. caracterização material, fração de carbono biogénico e não biogénico, humidade, poder calorífico, etc. As características técnicas de cada processo unitário relativo à gestão de resíduos. o e.g. eficiências, consumos energéticos, consumo de materiais, produtos e subprodutos produzidos e seus destinos, custos unitários, etc. Página | 44 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final As emissões associadas a cada processo unitário. o e.g. emissões atmosféricas diretas do processo (CO2, CH4, etc.). As características da logística utilizada. o e.g. tipo de transporte utilizado entre cada processo, distâncias percorridas, quantidade de combustível utilizado, etc. No caso da avaliação realizada ao SIGRE, tendo em conta os seus objetivos e âmbito, a Unidade Funcional selecionada para a avaliação foi o total de resíduos de embalagens geridos pela SPV no âmbito do SIGRE em 2011, o que pressupõe o cabaz de resíduos geridos neste ano (ver capítulo 2.2.3). Consideraram-se neste âmbito as embalagens cuja responsabilidade de gestão tenha sido transferida pelos embaladores para a SPV (através do Valor Ponto Verde), independentemente de a SPV ser ou ter sido responsável financeiramente por essa gestão. Desta forma, consideram-se incluídos no âmbito da Unidade Funcional, por exemplo, os resíduos urbanos de embalagens que foram recolhidos indiferenciadamente e encaminhados para aterro. Adicionalmente, considerou-se ainda no âmbito da SPV os resíduos que foram efetivamente geridos e encaminhados para reciclagem/valorização em 2011, embora em acréscimo à responsabilidade de gestão da SPV, dado terem origem em embalagens que não contribuíram financeiramente para o SIGRE. É por exemplo o caso dos resíduos de embalagens de metais, que foram reciclados numa quantidade bastante superior à responsabilidade de gestão da SPV, calculada com base nas declarações dos embaladores. O modelo de ciclo de vida para o cálculo dos impactes ambientais diretos e indiretos associados ao SIGRE é fundamentalmente do tipo “attributional model” ou seja, o modelo de ciclo de vida é desenvolvido de acordo com os processos unitários existentes. No entanto, especificamente para o cálculo dos impactes evitados pela reciclagem de resíduos de embalagens e sua valorização orgânica e energética, recorreu-se a uma abordagem consequencial. Neste contexto, tendo por base o contexto de decisão do presente estudo de ACV, cuja classificação de acordo com a metodologia do ILCD Handbook (JRC/IES, 2010) é “C – Accounting/Monitoring", as regras para subdivisão de processos e multifuncionalidade utilizadas são preferencialmente procedimentos de substituição via expansão do sistema, mas independentes da quantidade absoluta das co-funções não 18 requeridas que serão substituídas . Os dados de base utilizados para a modelação do sistema em análise foram, em primeira análise fornecidos pela SPV, sendo específicos do SIGRE. No entanto, por forma a colmatar lacunas de informação, utilizaram-se igualmente dados bibliográficos de origem variada, com especial enfoque em publicações cientificas e nas bases de dados de ACV, nomeadamente a Ecoinvent 2.2 e ELCD 2.0. Por outro lado, tendo em consideração o âmbito e objetivos do estudo e dado que no SIGRE participam mais de 130 entidades distintas responsáveis pelas várias operações de gestão, optou-se por caracterizar os processos unitários mais importantes recorrendo-se a valores médios para as entradas e saídas dessas operações de acordo com a realidade nacional, ao invés de modelar especificamente e individualmente as operações realizadas por cada uma das entidades parceiras do SIGRE. 18 Regras semelhantes aos de estudos classificados como “A - Micro-level decision support”. Página | 45 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Neste contexto, a modelação foi realizada tendo por base os seguintes processos unitários: Recolha seletiva Recolha indiferenciada Triagem Reciclagem Incineração Tratamento mecânico Valorização orgânica Aterro No caso dos processos unitários de valorização, englobou-se no seu âmbito o transporte dos resíduos de embalagens desde a sua origem (triagem, incineração, tratamento mecânico) até ao destino propriamente dito, quando aplicável. Por outro lado, a modelação foi realizada para cada família de material de embalagem, tendo então sido desenvolvidos 7 ciclos de vida distintos para cada um 2 subsistemas do SIGRE analisados (ver figuras 3.1 e 3.2). Nesse sentido, modelou-se o fim de vida dos resíduos das embalagens de: Aço Alumínio Madeira Papel/cartão Plásticos Vidro Figura 3.1 – Ciclos de vida dos Resíduos de Embalagens Urbanos geridos pela SPV Nota: Árvore de ciclo de vida com base nos impactes da categoria Alterações climáticas, valores de caracterização, cut-off de 5% Página | 46 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Figura 3.2 – Ciclos de vida dos Resíduos de Embalagens Não Urbanos geridos pela SPV Nota: Árvore de ciclo de vida com base nos impactes da categoria Alterações climáticas, valores de caracterização, cut-off de 1% Para cada uma das famílias, tratou-se de forma distinta a valorização de materiais específicos, nomeadamente de aço seletivo e escórias ferrosas (aço), alumínio seletivo e escórias não ferrosas (alumínio), ECAL e papel/cartão (papel/cartão) e EPS, filme plástico, outros plásticos, PEAD, PET e plásticos mistos (plásticos). No que respeita à avaliação de impactes, analisaram-se os impactes diretos e indiretos do SIGRE recorrendo-se preferencialmente a 5 categorias de impacte ambiental, nomeadamente: Alterações Climáticas (AC) Formação de Oxidantes Fotoquímicos (FOF) Acidificação Terrestre (AT) Depleção de Recursos Hídricos (DRH) Depleção de Recursos Naturais (DRN) A avaliação do impacte nas referidas categorias foi realizada com base nos fatores de caracterização estabelecidos no método ILCD 2011 Midpoint, versão 1.01 (de Setembro de 2012), do Joint Reseach Center da Comissão Europeia e que denotam, segundo esta entidade, o melhor conhecimento científico atual acerca cada uma das categorias de impacte. Página | 47 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Adicionalmente às categorias descritas anteriormente, para análise específica do balanço energético associado a cada subsistema e cenário utilizou-se o método Cumulative Energy Demand, v. 1.08 (de 2010), desagregando-se os resultados nas seguintes categorias: Energia não renovável, fóssil. Energia não renovável, nuclear. Energia não renovável, biomassa. Energia renovável, biomassa. Energia renovável, vento, solar, geotérmica. Energia renovável, hídrica. Este método foi publicado pelo Swiss Centre for LCI no âmbito da base de dados Ecoinvent v.2.0 e expandido pela PRe Netherlands para incluir outras matérias-primas existentes no Software Simapro 7.3. O método não contempla fatores de normalização. Para ambos os métodos utilizados, consideram-se os valores médios e globais de caracterização obtidos, não se tendo procedido à normalização ou ponderação de categorias de impacte ambiental. Finalmente, de referir que o estudo de ACV realizado teve por base os requisitos das normas ISO 14040:2006 e ISO 14044:2006, publicadas em 2006, e cuja versão portuguesa é a norma ISO 14040, datada de 2008 (NP EN ISO 14040:2008, 2008). Por outro lado, em 2010 foi publicado o documento: “The International Reference Life Cycle Data System (ILCD) Handbook – First edition”, pelo Institute for Environment and Sustainability (IES) do Joint Research Centre (JRC) da Comissão Europeia, com o objetivo de estabelecer a melhor prática em termos de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) e a base para assegurar a qualidade e consistência de dados, métodos e avaliações de ciclo de vida (JRC/IES, 2010). O ILCD Handbook segue as normas ISO 14040:2006 e ISO 14044:2006, completando-as nos aspetos em que estas normas são mais genéricas e podem dar origem a diferentes interpretações e, deste modo, colocar em causa a consistência e a qualidade dos estudos de ACV. Nesse sentido, procurou-se seguir este referencial, bem como as disposições constantes num documento posterior do JRC, direcionado para a realização de ACV no setor da gestão de resíduos “Supporting Environmentally Sound Decisions for Waste Management” (JRC, 2011). Deste modo, por forma a respeitar os requisitos constantes nos documentos acima referidos, em anexo apresentam-se os vários elementos metodológicos associados à avaliação realizada de forma mais detalhada. Os resultados do estudo que se apresentam de seguida refletem portanto este conjunto de escolhas metodológicas, sendo que a sua comparação em termos agregados com outros estudos deve ser realizada com as devidas ressalvas, dado que podem ter por base pressupostos diferentes, como por exemplo, refletirem um volume e cabaz de resíduos de embalagens diferentes ou centrarem a sua atenção em aspetos particulares da gestão de resíduos de embalagens (e.g. urbanas). Página | 48 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 3.3 Resultados 3.3.1 Impactes e Benefícios Ambientais da Gestão de Resíduos Urbanos de Embalagens (Sistema Urbano) 3.3.1.1 Alterações Climáticas, Formação de oxidantes fotoquímicos, Acidificação terrestre, Depleção de recursos hídricos e Depleção de recursos naturais Contribuição por tipo de processo unitário Os impactes e benefícios ambientais por tipo de material nas categorias alterações climáticas, formação de oxidantes fotoquímicos, acidificação terrestre, depleção de recursos hídricos e depleção de recursos naturais e que são resultantes da gestão do subsistema de resíduos urbanos de embalagens, são apresentados na tabela 3.1 tendo por base o ano de 2011. Os resultados apresentados incluem as emissões diretas e indiretas decorrentes do funcionamento do sistema, ou seja, incluem por exemplo, as emissões diretas resultantes da deposição de resíduos de embalagens em aterro, bem como as emissões indiretas decorrentes do consumo de energia nas operações de triagem de resíduos de embalagens. Por outro lado, têm em conta a gestão das várias famílias de resíduos de embalagens, nomeadamente de alumínio, aço, madeira, papel/cartão, plástico, vidro e outros materiais. Como referido anteriormente no capítulo 3.2, consideraram-se incluídas no âmbito da análise as embalagens cuja responsabilidade de gestão tenha sido transferida pelos embaladores para esta entidade (através do Valor Ponto Verde), independentemente da SPV ser ou não ser responsável financeiramente por essa gestão. Desta forma, consideraram-se incluídos no âmbito da unidade funcional, por exemplo, os resíduos urbanos de embalagens que foram recolhidos indiferenciadamente e encaminhados para aterro. Foi igualmente contabilizado o benefício ambiental decorrente da reciclagem de resíduos e da produção de energia nos processos de valorização energética e incineração de resíduos. Tabela 3.1 - Contribuição de cada processo unitário para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Categoria de impacte Unidade Recolha seletiva Recolha indiferenciada Triagem Incineração TM Reciclagem Valorização orgânica Aterro Total Alterações climáticas kg CO2 eq 2,3E+07 8,6E+06 1,6E+06 9,7E+07 3,3E+05 -1,8E+08 -1,5E+05 5,1E+07 -3,98E+06 Formação de oxidantes fotoquímicos kg NMVOC eq 1,3E+05 7,0E+04 1,2E+04 3,0E+04 4,0E+03 -1,1E+06 -7,9E+01 9,1E+04 -7,29E+05 Acidificação terrestre mol H+ eq 1,1E+05 5,7E+04 1,1E+04 -9,5E+02 3,2E+03 -2,2E+06 -6,3E+02 8,1E+04 -1,93E+06 m3 H2O 6,9E+03 2,4E+03 2,0E+03 2,0E+04 1,0E+02 -3,9E+05 -4,8E+01 4,3E+03 -3,55E+05 kg Sb eq 6,0E-03 2,0E-03 1,5E-04 -5,5E-04 3,9E-05 -1,2E+01 -1,7E-03 -2,5E-04 -1,20E+01 Depleção de recursos hídricos Depleção de recursos naturais Página | 49 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Da análise realizada, verifica-se que, no global e para as 5 categorias de impacte apresentadas, a gestão dos resíduos urbanos de embalagens no SIGRE apresenta um benefício ambiental, ou seja, os impactes gerados pelas diversas atividades de recolha, triagem, transporte, tratamento, eliminação e valorização de resíduos são contrabalançados pelos impactes evitados devido à recuperação de materiais e energia nos processos valorização. Pela análise figura 3.3, que apresenta a importância relativa de cada processo unitário para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011, fica patente que é a reciclagem de resíduos de embalagens que fundamentalmente origina este resultado em todas as categorias de impacte. Caracterização, importância relativa (%) 100% 75% 50% 25% 0% -25% -50% -75% -100% Alterações climáticas Recolha indiferenciada Valorização orgânica Formação de oxidantes fotoquímicos Aterro Recolha seletiva Acidificação terrestre Depleção de recursos Depleção de recursos hídricos naturais Incineração Triagem TM Reciclagem Figura 3.3 - Importância relativa de cada processo unitário para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Assim, a reciclagem dos resíduos urbanos de embalagens no âmbito do SIGRE significou, por exemplo, uma redução nas emissões de GEE em cerca de 184 kt CO2 eq em 2011. O benefício ambiental decorrente da reciclagem deve-se sobretudo à redução do consumo de recursos naturais devido à incorporação dos materiais secundários obtidos no fabrico de novos produtos. De referir que o valor apresentado é o resultado do balanço dos impactes gerados pela reciclagem dos resíduos de embalagens (e.g. consumo de gás natural para fundir o vidro, consumo de eletricidade para fragmentar os resíduos de embalagens de aço que são introduzidos no forno de arco elétrico, etc.) e dos benefícios associados pela incorporação dos materiais secundários em novos produtos. Da análise da figura 3.4, fica igualmente patente que no caso da categoria alterações climáticas, o benefício ambiental que é obtido pela reciclagem é no entanto contrabalançado em grande parte pelos impactes gerados nas restantes atividades de gestão. Página | 50 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tal deve-se a duas situações distintas. Em primeiro lugar, as embalagens que são encaminhadas para reciclagem e, igualmente para outros tipos de valorização, são provenientes de uma cadeia de valor a montante, que inclui atividades que geram impactes ambientais, como sejam a recolha seletiva e a triagem (e.g. devido ao consumo de combustíveis, eletricidade, etc.) e que não têm associado um benefício ambiental, dado que este ocorre apenas quando os resíduos de embalagens são valorizados. Das operações de montante, a operação mais relevante é a recolha seletiva das embalagens para a maior parte das categorias de impacte. Em segundo lugar, existem operações valorização/eliminação que apesar de originarem benefícios ambientais devido à produção de energia elétrica, considerando as várias famílias e quantidades de materiais geridos, apresentam um resultado ambiental líquido negativo, dado que os impactes associados a essas operações são superiores aos benefícios que geram. Este é o caso da incineração e do aterro de resíduos. As explicações para tal facto são apresentadas na secção seguinte, onde se analisa a contribuição de cada material para o resultado ambiental do SIGRE. Deste modo, considerando os benefícios e os impactes das diversas operações de gestão, estima-se que a gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 tenha significado um benefício ambiental aproximado de cerca de 3,9 kt CO2 eq. Contribuição por tipo de material Analisando os impactes e benefícios ambientais da gestão de resíduos urbanos de embalagens por tipo de material em 2011, verifica-se que a generalidade dos vários materiais de embalagens apresenta um resultado ambiental positivo nas diversas categorias de impacte analisadas, conforme se pode verificar pela análise da tabela 3.2. Tabela 3.2 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Categoria de Impacte Alterações climáticas Unidade Aço Alumínio Madeira Papel Cartão Plásticos Vidro Total kg CO2 eq -1,6E+07 -8,8E+06 -6,9E+05 2,9E+07 7,5E+07 -8,1E+07 -3,88E+06 kg NMVOC eq -2,3E+04 -1,6E+04 -7,1E+03 -2,4E+04 -6,6E+04 -5,9E+05 -7,29E+05 Acidificação terrestre mol H+ eq -6,7E+04 -4,7E+04 -9,6E+03 -1,2E+05 -1,1E+05 -1,6E+06 -1,93E+06 Depleção de recursos hídricos m3 H2O -2,4E+04 -5,5E+03 -1,7E+03 -1,1E+05 -2,1E+04 -1,9E+05 -3,55E+05 Depleção de recursos naturais kg Sb eq 3,1E-04 -3,0E-03 -9,6E-05 -1,2E+01 2,0E-03 -7,1E-02 -1,20E+01 Formação de oxidantes fotoquímicos Analisando a importância relativa de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011, que se encontra patente na figura 3.4, verifica-se que o material que mais contribui para o benefício global do SIGRE é o vidro, com exceção da categoria de depleção de recursos naturais, onde o bom desempenho do sistema se deve sobretudo ao papel/cartão, de acordo com método ILCD 2011 do Joint Research Center, embora o resultado absoluto de caracterização seja bastante reduzido (ver tabela anterior), o que pode influência a análise. Página | 51 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Caracterização, importância relativa (%) 100% 75% 50% 25% 0% -25% -50% -75% -100% Alterações climáticas Aço Formação de oxidantes fotoquímicos Aluminio Madeira Acidificação terrestre Papel/Cartão Depleção de recursos hídricos Plásticos Vidro Depleção de recursos naturais outros Figura 3.4 - Importância relativa de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) A contribuição do vidro no desempenho ambiental do sistema varia entre 55% e os 80%, à exceção da categoria depleção de recursos naturais, onde é relativamente residual. A relevância do vidro em termos do desempenho ambiental do SIGRE em 2011 é fruto da combinação de dois fatores: Por um lado, dos elevados quantitativos deste material que foram geridos em 2011 face a outros materiais (397 kt num total de 861 kt geridos) e por outro, do benefício unitário resultante da reciclagem de cada unidade de massa deste material, que por exemplo, relativamente à categoria alterações climáticas, se estimou em 435 kg CO2eq/t de embalagem reciclada. De referir que, neste último aspeto se considerou um cenário conservativo para os benefícios da reciclagem de cada um dos materiais, como referido em anexo. Por outro lado, caso se compare a reciclagem dos vários materiais em termos unitários (por exemplo, por t reciclada), verifica-se que a importância relativa de cada material varia consoante a categoria de impacte, sendo de destacar a importância dos metais, especialmente do alumínio, devido sobretudo à redução do consumo de energia face à produção de alumínio primário (ver igualmente capítulo 2). Página | 52 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Caracterização, importância relativa (%) 100% 75% 50% 25% 0% -25% -50% -75% -100% Alterações climáticas Aço Formação de oxidantes fotoquímicos Aluminio Madeira Acidificação terrestre Papel/Cartão Depleção de recursos hídricos Plásticos Vidro Depleção de recursos naturais outros Figura 3.5 - Importância relativa de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos, valores por t de material reciclado (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Por outro lado, da análise da figura 3.4 verifica-se igualmente que os plásticos e o papel/cartão apresentam um impacte ambiental negativo na categoria alterações climáticas. Para melhor evidenciar o impacte ambiental associado à gestão destas duas frações de resíduos urbanos de embalagens, de seguida efetua-se uma análise específica da sua gestão. Na figura 3.6 observa-se que a operação de gestão dos resíduos de embalagens de plásticos que maior impacte representou na categoria de impacte alterações climáticas foi a incineração, em consequência das emissões associadas à combustão deste tipo de materiais. Neste caso, apesar da incineração destes resíduos originar energia elétrica que é injetada na rede elétrica nacional e, consequentemente, evitar a produção de eletricidade por outras fontes e respetiva a emissão de GEE, o facto é que se mobiliza para a atmosfera carbono não biogénico (na forma de CO2), dado os plásticos serem produzidos a partir de combustíveis fósseis. Em temos líquidos, 19 na análise realizada constatou-se que o balanço é negativo , tendo em conta as quantidades e tipologias de resíduos de embalagens de plástico que são incineradas no SIGRE. Por outro lado, tendo em consideração os quantitativos que foram reciclados em 2011, verifica-se que os benefícios ambientais que advêm da reciclagem dos resíduos urbanos de embalagens de plásticos não são suficientes para contrabalançar os impactes adversos da incineração e de outras operações de gestão na categoria alterações climáticas. 19 Ver descrição da metodologia empregue para o cálculo das emissões evitadas em anexo. Página | 53 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Caracterização, importância relativa (%) 100% 75% Recolha indiferenciada 50% Aterro 25% Incineração 0% TM Valorização orgânica -25% Recolha seletiva -50% Triagem Reciclagem -75% -100% Alterações climáticas Formação de oxidantes fotoquímicos Acidificação terrestre Depleção de recursos hídricos Depleção de recursos naturais Figura 3.6 - Importância relativa de cada processo para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens de plástico em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Centrando a análise na gestão dos resíduos de papel/cartão, verifica-se pela análise da figura 3.6 que o impacte negativo na categoria de alterações climáticas decorre, sobretudo, da deposição em aterro, sendo este processo uma fonte líquida de emissões de GEE, mesmo considerando a produção de eletricidade a partir do biogás gerado. A explicação reside no facto de o carbono existente nos resíduos de papel/cartão e que tem origem biogénica, acabar igualmente por ser mobilizado para atmosfera, embora com um atraso temporal 20 apreciável . Se a libertação do carbono para a atmosfera se desse apenas na forma de CO 2, esta seria neutra em termos de alterações climáticas, devida à origem biogénica do carbono. A questão reside no facto que as emissões de GEE provenientes do papel/cartão em aterro contêm 21 ainda uma fração apreciável de outros gases , nomeadamente de metano (CH4) que é um poderoso gás com efeito de estufa, mesmo tendo em consideração os sistemas existentes para a captura e incineração de biogás produzido ao longo do ciclo de vida do aterro. Tendo em consideração o exposto, verifica-se portanto que de modo a melhorar ainda mais o resultado ambiental do SIGRE na sua componente urbana é fundamental aumentar o nível de reciclagem dos plásticos (que se situou em 26% em 2011), bem como reduzir o encaminhamento de papel/cartão para aterro (que se estimou em 38% em 2011). 20 21 Ao contrário do que sucede com incineração de resíduos. Por exemplo, através de emissões difusas. Página | 54 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Caracterização, importância relativa (%) 100% 75% Recolha indiferenciada 50% Aterro 25% Incineração 0% TM Valorização orgânica -25% Recolha seletiva -50% Triagem Reciclagem -75% -100% Alterações climáticas Formação de oxidantes fotoquímicos Acidificação terrestre Depleção de recursos hídricos Depleção de recursos naturais Figura 3.7 - Importância relativa de cada processo para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens de Papel/Cartão em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Comparação da gestão do SIGRE em 2011 com cenários alternativos Adicionalmente à análise dos impactes e benefícios ambientais da gestão dos resíduos urbanos de embalagens no âmbito do SIGRE em 2011, compararam-se os resultados obtidos com dois cenários hipotéticos em que a gestão dos resíduos de embalagens produzidos seria realizada de forma diferente. Neste contexto, comparou-se a gestão de 2011 (denominada Baseline 2011), com os seguintes cenários: No “Cenário aterro”, onde considerou-se que todos os resíduos urbanos de embalagens seriam recolhidos indiferenciadamente e encaminhados para aterro. No “Cenário Incineração”, considerou-se que todos os resíduos urbanos de embalagens seriam recolhidos indiferenciadamente e encaminhados para incineração (mass burn). A avaliação foi realizada para o mesmo cabaz e quantidades de resíduos que efetivamente foram geridos em 2011 no âmbito do SIGRE e tendo por base as mesmas tecnologias, constituindo-se portanto “what-if scenarios” internos de modo a avaliar os benefícios/impactes da atual gestão de resíduos urbanos de embalagens, face a cenários extremos da configuração do SIGRE. De referir que por uma questão de simplificação, na análise realizada não têm em conta as implicações não lineares que tais cenários poderiam acarretar a nível da infra-estrutura tecnológica (e.g. construção de novos aterros, incineradores, etc.). Neste contexto, os resultados obtidos são apresentados na tabela 3.3 e figura 3.8. Página | 55 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 3.3 – Análise comparativa de diferentes cenários de gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Categoria de impacte Alterações climáticas Unidade Baseline 2011 Cenário Aterro Cenário Incineração kg CO2 eq -3,9E+06 1,3E+08 2,9E+08 kg NMVOC eq -7,3E+05 3,3E+05 6,7E+04 mol H+ eq -1,9E+06 2,8E+05 -5,3E+05 Depleção de recursos hídricos m3 H2O -3,6E+05 1,4E+04 1,1E+04 Depleção de recursos naturais kg Sb eq -1,2E+01 3,1E-03 -3,1E-02 Formação de oxidantes fotoquímicos Acidificação terrestre Pelo exposto na tabela 3.3 verifica-se que o “Cenário Baseline 2011” é o único que apresenta um resultado ambiental positivo em todas as categorias de impacte, sendo que o “Cenário Incineração” apresenta um impacte ambiental positivo nas categorias acidificação terrestre e depleção de recursos naturais. Por outro lado, o “Cenário Aterro” apresenta um impacte ambiental negativo em todas as categorias de impacte. Por exemplo, no que respeita à categoria alterações climáticas, o “Cenário Baseline 2011” acarreta a redução das emissões de GEE equivalente a cerca de 3,9 kt CO2 eq, enquanto os cenários “Aterro” e “Incineração” representariam, respetivamente, a emissão de cerca de 130 e 290 kt CO2 eq. Ao nível da depleção de recursos hídricos, o padrão é semelhante, verificando-se que o “Cenário Baseline 2011” 3 representa uma poupança de 0,36 hm de água, enquanto os cenários “Aterro” e “Incineração” apresentam um consumo líquido de água. Por outro lado, estabelecendo um ranking dos cenários analisados, verifica-se que em primeiro lugar surge o cenário Baseline 2011, seguido do “Cenário Incineração” e finalmente do “Cenário Aterro” (ver figura 3.8). A exceção é a categoria de impacte alterações climáticas, onde a ordem destes últimos se encontra invertida. Tal deve-se essencialmente aos aspetos mencionados anteriormente, relacionados com a gestão dos resíduos de embalagens de plástico e papel/cartão. No caso das embalagens de plástico, de referir adicionalmente que no “Cenário Aterro” as emissões de GEE são relativamente diminutas, dado que este tipo de embalagens é de difícil degradação. Deste modo, explica-se em grande parte a diferença existente com o “Cenário Incineração”, onde os resíduos de embalagem sofrem um processo de combustão, originando fundamentalmente CO2 mas igualmente outros gases com efeito de estufa. Página | 56 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Caracterização, importância relativa (%) 100% 75% 50% 25% 0% -25% -50% -75% -100% Alterações climáticas Formação de oxidantes fotoquímicos Baseline 2011 Acidificação terrestre Cenário Aterro Depleção de recursos hídricos Depleção de recursos naturais Cenário Incineração Figura 3.8 - Comparação relativa de diferentes cenários de gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 3.3.1.2 Consumo de energia renovável e não renovável Contribuição por tipo de material Os impactes e benefícios ambientais por tipo de material no consumo de energia primária que é resultante da gestão do subsistema de resíduos urbanos de embalagens, tendo por base o ano de 2011, são apresentados na tabela 3.4. Tabela 3.4 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (Consumo de energia) Categoria de impacte Unidade Aço Alumínio Madeira Papel/Cartão Plásticos Vidro Total Energia não renovável, fóssil MJ -2,3E+08 -8,7E+07 -2,3E+07 -1,8E+08 -1,1E+09 -1,1E+09 -2,69E+09 Energia não renovável, nuclear MJ -8,7E+06 -2,5E+07 -6,9E+06 -1,6E+08 -1,2E+08 -2,8E+08 -6,02E+08 Energia não renovável, biomassa MJ 4,9E+01 -4,7E+02 -1,5E+01 -1,9E+06 3,2E+02 -1,1E+04 -1,87E+06 Energia renovável, biomassa MJ 4,6E+06 -5,4E+05 -7,4E+07 -1,6E+09 -8,8E+07 -2,5E+08 -1,99E+09 Energia renovável, vento, solar, geo MJ 6,7E+06 1,8E+04 1,7E+05 -2,1E+07 -2,2E+07 -8,9E+05 -3,75E+07 Energia renovável, hídrica MJ 9,7E+06 -2,5E+07 -4,7E+05 -1,1E+08 -5,1E+07 -3,2E+07 -2,14E+08 Total MJ -2,2E+08 -1,4E+08 -1,0E+08 -2,1E+09 -1,4E+09 -1,6E+09 -5,53E+09 Página | 57 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Pela análise da tabela 3.4 pode verificar-se que o papel/cartão é o material cuja gestão no SIGRE implica maior benefício ambiental em termos de consumo de energia primária, sendo que a gestão do vidro e dos plásticos se traduz igualmente num benefício ambiental da mesma ordem de grandeza, embora menor. Deste modo, considerando a gestão dos vários tipos de materiais geridos em 2011, no total estima-se que o SIGRE tenha significado nesse ano uma redução do consumo de energia primária de 5.535 TJ, que se explica sobretudo devido à reciclagem dos vários tipos de resíduos, mas igualmente pela produção de energia elétrica que advém da incineração dos mesmos e ainda da queima de biogás em aterro. Em termos do consumo de energia evitado, verifica-se que no caso do papel/cartão este tem origem sobretudo na energia renovável proveniente da biomassa (ver figura 3.9). As principais origens do benefício ambiental advêm do processo de reciclagem, que evita o fabrico de papel a partir de material virgem e consequentemente da energia associada a esse fabrico, mas igualmente da energia associada ao próprio material (energia de alimentação). Em relação ao vidro e aos plásticos, o consumo de energia evitado é sobretudo do tipo não renovável e fóssil e tem origem na energia de processo associada ao fabrico dos materiais de embalagens a partir matérias-primas, que são evitadas pela reciclagem dos referidos materiais. No caso dos plásticos, reflete ainda a energia de alimentação do próprio material, dado que este é proveniente de combustíveis fósseis (petróleo). 5,0E+08 Caracterização (MJ) 0,0E+00 -5,0E+08 -1,0E+09 -1,5E+09 -2,0E+09 -2,5E+09 -3,0E+09 Energia não renovável, fóssil Aço Energia não renovável, nuclear Aluminio Madeira Energia não renovável, biomassa Papel/Cartão Energia renovável, biomassa Plásticos Energia renovável, vento, solar, geo Vidro Energia renovável, hídrica outros Figura 3.9 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos urbanos de embalagens em 2011 (Consumo de energia) Comparação da gestão do SIGRE em 2011 com cenários alternativos Por outro lado, comparando os cenários de gestão dos resíduos urbanos de embalagens através de aterro e de incineração com a gestão efetiva destes resíduos em 2011 (cenário Baseline 2011), verificase que os dois primeiros cenários apresentam pior desempenho. Página | 58 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Enquanto que se estima que o SIGRE tenha representado uma redução do consumo de energia primária de 5.535 TJ em 2011, no “Cenário Incineração” o valor estimado seria de 3.400 TJ e no “Cenário Aterro” existiria um consumo liquido de energia, na ordem dos 560 TJ. Neste caso, o valor deve-se não só à energia consumida na recolha e aterro dos resíduos (e.g. combustíveis fósseis), mas igualmente devido ao desperdício de energia associada aos próprios materiais (energia de alimentação). Tabela 3.5 - Análise comparativa de diferentes cenários de gestão dos resíduos urbanos de embalagens (Consumo de energia) Categoria de impacte Unidade Baseline 2011 Cenário Aterro Cenário Incineração Energia não renovável, fóssil MJ -2,7E+09 5,9E+08 -2,1E+09 Energia não renovável, nuclear MJ -6,0E+08 4,8E+07 -2,8E+08 Energia não renovável, biomassa MJ -1,9E+06 4,8E+02 -4,9E+03 Energia renovável, biomassa MJ -2,0E+09 -2,4E+07 -1,9E+08 Energia renovável, vento, solar, geo MJ -3,7E+07 -1,5E+07 -2,0E+08 Energia renovável, hídrica MJ -2,1E+08 -3,7E+07 -5,9E+08 Total MJ -5,5E+09 5,6E+08 -3,4E+09 3.3.2 Impactes e Benefícios Ambientais da Gestão de Resíduos Não Urbanos de Embalagens (Sistema eXtra-Urbano) 3.3.2.1 Alterações Climáticas, Formação de oxidantes fotoquímicos, Acidificação terrestre, Depleção de recursos hídricos e Depleção de recursos naturais Contribuição por tipo de processo unitário Os impactes e benefícios ambientais por tipo de processo unitário nas categorias alterações climáticas, formação de oxidantes fotoquímicos, acidificação terrestre, depleção de recursos hídricos e depleção de recursos naturais que são resultantes da gestão do subsistema de resíduos não urbanos de embalagens (subsistema eXtra-Urbano), tendo por base o ano de 2011, são apresentados na tabela 3.6. De realçar que a cadeia de valor associada à gestão dos resíduos do subsistema eXtra-Urbano é mais simples que a cadeia de valor associada aos resíduos urbanos de embalagens. Por outro lado, tendo em consideração os quantitativos de resíduos da responsabilidade da SPV, verifica-se que o destino final destes resíduos foi principalmente a reciclagem, existindo uma quantidade diminuta de resíduos de vidro e madeira que se desconhece o seu destino. Neste contexto, como explicado em anexo aquando da descrição detalhada dos pressupostos utilizados na avaliação, optou-se por um cenário conservador para modelar a gestão destes quantitativos, pelo que se considerou que seriam tratados e eliminados em aterro. Deste modo, os resultados ambientais desagregados por tipo de processo unitário que se apresentam na tabela 3.6, apenas incidem nos processos de reciclagem e aterro, sendo que em ambos os casos se incluem os impactes associados ao transporte dos resíduos de embalagens desde o seu produtor (indústria e empresas de comércio e serviços) e ainda no caso do aterro, dos refugos dos próprios processos de reciclagem. Página | 59 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 3.6 - Contribuição de cada processo unitário para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Alterações climáticas Formação de oxidantes fotoquímicos Acidificação terrestre Depleção de recursos hídricos Depleção de recursos naturais Unidade Recolha seletiva Recolha indiferenciada Triagem Incineração TM kg CO2 eq - - - - - -1,4E+08 - 3,1E+07 -1,12E+08 kg NMVOC eq - - - - - -6,3E+05 - 3,3E+04 -6,02E+05 mol H+ eq - - - - - -9,1E+05 - 1,9E+04 -8,87E+05 m3 H2O - - - - - -3,3E+05 - 1,3E+03 -3,33E+05 kg Sb eq - - - - - -2,5E+01 - -1,5E-04 -2,50E+01 Reciclagem Valorização orgânica Aterro Como seria de esperar, a reciclagem apresenta um benefício ambiental em todas as categorias de impacte, enquanto a deposição em aterro tem impacte negativo em todas as categorias à exceção da depleção de recursos naturais, embora neste caso marginalmente. Por exemplo, na categoria alterações climáticas a reciclagem no subsistema eXtra-Urbano permite evitar a emissão de 140 kt CO2 eq, enquanto a deposição em aterro tem como consequência a emissão de 31 kt CO2 eq, ou seja cerca de 22% das emissões evitadas com a reciclagem. Na figura seguinte apresenta-se a importância relativa de cada processo unitário para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (figura 3.10). 100% Caracterização, importância relativa (%) Categoria de impacte 75% Recolha indiferenciada 50% Aterro 25% Incineração 0% TM Valorização orgânica -25% Recolha seletiva -50% Triagem Reciclagem -75% -100% Alterações climáticas Formação de oxidantes fotoquímicos Acidificação terrestre Depleção de recursos hídricos Depleção de recursos naturais Figura 3.10 - Importância relativa de cada processo unitário para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Página | 60 Total Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Contribuição por tipo de material Na tabela 3.7 apresentam-se os impactes e benefícios ambientais do subsistema eXtra-Urbano por tipo de material em 2011. Como se pode observar, a totalidade dos materiais apresenta um resultado ambiental positivo na maior parte das categorias de impacte, que é devido ao elevado nível de reciclagem existente. Relativamente à categoria alterações climáticas, a gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 originou uma redução das emissões de GEE correspondentes a 112 kt CO2eq, devido sobretudo à reciclagem do papel/cartão, seguida do aço e dos plásticos (ver figura 3.11). Tabela 3.7 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Categoria de impacte Alterações climáticas Unidade Aço Alumínio Madeira Papel Cartão Plásticos Vidro Total kg CO2 eq -3,37E+07 -5,52E+06 2,30E+06 -4,68E+07 -2,54E+07 -2,93E+06 -1,12E+08 kg NMVOC eq -8,10E+04 -1,14E+04 -6,45E+04 -3,00E+05 -1,23E+05 -2,18E+04 -6,02E+05 Acidificação terrestre mol H+ eq -1,53E+05 -3,01E+04 -8,84E+04 -4,37E+05 -1,25E+05 -5,27E+04 -8,87E+05 Depleção de recursos hídricos m3 H2O -4,85E+04 -3,48E+03 -1,55E+04 -2,53E+05 -5,80E+03 -6,67E+03 -3,33E+05 Depleção de recursos naturais kg Sb eq -2,90E-04 -1,89E-03 -1,25E-03 -2,50E+01 5,71E-04 -2,34E-03 -2,50E+01 Formação de oxidantes fotoquímicos Como referido anteriormente, os resultados obtidos são uma conjugação dos quantitativos efetivamente geridos neste subsistema e do impacte/benefício unitário associado a cada tipo de processo por unidade de massa deste material. Tomado o exemplo do papel/cartão e a sua reciclagem, 22 verifica-se que por unidade de massa este processo permite evitar 216 kg CO2 eq / t reciclada , valor inferior por exemplo ao dos plásticos que se estimou em 982 kg CO2eq / t reciclada. No entanto, como foi reciclada uma quantidade bastante superior de papel/cartão, em termos agregados, foi a gestão deste material que permitiu uma maior redução de emissões de GEE associadas ao SIGRE. 22 Valor que tem em conta o transporte para reciclagem. Página | 61 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Caracterização, importância relativa (%) 100% 75% 50% 25% 0% -25% -50% -75% -100% Alterações climáticas Aço Aluminio Formação de oxidantes fotoquímicos Madeira Acidificação terrestre Papel/Cartão Depleção de recursos hídricos Plásticos Vidro Depleção de recursos naturais outros_ne Figura 3.11 - Importância relativa de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Comparação da gestão do SIGRE em 2011 com cenários alternativos À semelhança do efetuado para o sistema de gestão dos resíduos urbanos, compararam-se os impactes e benefícios gerados no âmbito do SIGRE em 2011 (Baseline 2011) com dois cenários hipotéticos, associados a diferentes destinos finais (“Cenário Aterro” e “Cenário Incineração”). Os resultados obtidos encontram-se descritos na tabela 3.8. Tabela 3.8 – Análise comparativa de diferentes cenários de gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Categoria de impacte Alterações climáticas Unidade Baseline 2011 Cenário Aterro Cenário Incineração kg CO2 eq -1,1E+08 1,5E+08 -4,9E+06 kg NMVOC eq -6,0E+05 1,7E+05 -1,3E+05 mol H+ eq -8,9E+05 1,0E+05 -3,2E+05 Depleção de recursos hídricos m3 H2O -3,3E+05 7,1E+03 -3,0E+04 Depleção de recursos naturais kg Sb eq -2,5E+01 -7,4E-04 -5,4E-03 Formação de oxidantes fotoquímicos Acidificação terrestre Página | 62 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Verifica-se que caso a gestão dos resíduos no subsistema eXtra-Urbano assentasse na deposição em aterro, o benefício ambiental que se estima para o SIGRE no ano de 2011 seria totalmente revertido, passando a gestão dos resíduos não urbanos de embalagens a apresentar um balanço ambiental negativo. Tal diferença é especialmente notória ao nível da categoria alterações climáticas. Por outro lado, o cenário incineração é um cenário que apresenta resultados intermédios aos referidos anteriormente, sendo que nas várias categorias de impacte analisadas, resulta sempre num benefício ambiental, embora bastante menos favorável face ao atual panorama do SIGRE (ver figura 3.12). Caracterização, importância relativa (%) 100% 75% 50% 25% 0% -25% -50% -75% -100% Alterações climáticas Formação de oxidantes fotoquímicos Baseline 2011 Acidificação terrestre Cenário Aterro Depleção de recursos hídricos Depleção de recursos naturais Cenário Incineração Figura 3.12 - Comparação relativa de diferentes cenários de gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 3.3.2.2 Consumo de energia renovável e não renovável Contribuição por tipo de material Na tabela 3.9 apresentam-se os impactes e benefícios ambientais por tipo de material no consumo de energia primária que é resultante da gestão do subsistema eXtra-Urbano, tendo por base o ano de 2011. Pela análise da tabela pode verificar-se que o papel/cartão é o material cuja gestão resulta em maior benefício ambiental em termos de consumo de energia primária, sendo este aspeto transversal aos vários tipos de origens energéticas, com a exceção da energia não renovável fóssil, em que os plásticos neste caso assumem maior importância devido a terem origem em combustíveis fósseis (petróleo) (ver figura 3.13). Página | 63 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 3.9 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (Consumo de energia) Categoria de impacte Energia não renovável, fóssil Energia não renovável, nuclear Energia não renovável, biomassa Energia renovável, biomassa Energia renovável, vento, solar, geo Energia renovável, hídrica Total Unidade Aço Alumínio Madeira Papel/Cartão Plásticos Vidro Total MJ -4,9E+08 -5,6E+07 -2,2E+08 -7,1E+08 -9,5E+08 -3,9E+07 -2,47E+09 MJ -1,8E+07 -1,5E+07 -5,8E+07 -3,7E+08 -1,1E+08 -9,2E+06 -5,75E+08 MJ -4,5E+01 -3,0E+02 -2,0E+02 -3,9E+06 8,9E+01 -3,7E+02 -3,90E+06 MJ 7,4E+06 -3,5E+05 -6,3E+08 -3,3E+09 -3,1E+05 -8,1E+06 -3,92E+09 MJ 1,1E+07 -4,3E+04 -5,6E+05 -1,1E+07 5,8E+06 -3,1E+04 5,66E+06 MJ 1,6E+07 -1,6E+07 -7,6E+06 -1,8E+08 -3,8E+06 -1,1E+06 -1,95E+08 MJ -4,7E+08 -8,7E+07 -9,2E+08 -4,6E+09 -1,1E+09 -5,7E+07 -7,15E+09 5,0E+08 0,0E+00 Caracterização (MJ) -5,0E+08 -1,0E+09 -1,5E+09 -2,0E+09 -2,5E+09 -3,0E+09 -3,5E+09 -4,0E+09 -4,5E+09 Energia não renovável, fóssil Aço Energia não renovável, nuclear Aluminio Madeira Energia não renovável, biomassa Papel/Cartão Energia renovável, biomassa Plásticos Energia renovável, vento, solar, geo Vidro Energia renovável, hídrica outros Figura 3.13 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental da gestão dos resíduos não urbanos de embalagens em 2011 (Consumo de energia) Comparação da gestão do SIGRE em 2011 com cenários alternativos Por outro lado, comparando a gestão do SIGRE em 2011 com cenários alternativos, verifica-se que, tal como no caso da gestão dos resíduos urbanos, a valorização dos resíduos de embalagens através de incineração ou a sua eliminação através de aterro apresentam pior desempenho face ao estimado para o SIGRE nesse ano, como se pode analisar na tabela 3.10. Página | 64 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 3.10 - Análise comparativa de diferentes cenários de gestão dos resíduos não urbanos de embalagens (Consumo de energia) Categoria de impacte Unidade Baseline 2011 Cenário Aterro Cenário Incineração Energia não renovável, fóssil MJ -2,5E+09 1,4E+08 -1,3E+09 Energia não renovável, nuclear MJ -5,7E+08 2,5E+07 -1,1E+08 Energia não renovável, biomassa MJ -3,9E+06 -1,2E+02 -8,5E+02 Energia renovável, biomassa MJ -3,9E+09 -3,2E+07 -9,1E+08 Energia renovável, vento, solar, geo MJ 5,7E+06 -2,8E+07 -9,6E+07 Energia renovável, hídrica MJ -2,0E+08 -5,3E+07 -1,8E+08 Total MJ -7,2E+09 4,9E+07 -2,6E+09 3.3.3 Balanço Global do SIGRE 3.3.3.1 Alterações Climáticas, Formação de oxidantes fotoquímicos, Acidificação terrestre, Depleção de recursos hídricos e Depleção de recursos naturais Contribuição por tipo de processo Tendo em conta os resultados apresentados para a gestão dos resíduos urbanos e não urbanos de embalagens referidos nas secções anteriores, de seguida descrevem-se os resultados ambientais agregados do SIGRE, que conjugam os resultados dos dois subsistemas mencionados. Em primeiro lugar, refere-se a contribuição de cada processo unitário para as categorias alterações climáticas, formação de oxidantes fotoquímicos, acidificação terrestre, depleção de recursos hídricos e depleção de recursos naturais (ver tabela 3.11). Tabela 3.11 - Contribuição de cada processo unitário para o resultado ambiental do SIGRE em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Categoria de impacte Alterações climáticas Formação de oxidantes fotoquímicos Acidificação terrestre Depleção de recursos hídricos Depleção de recursos naturais Unidade Recolha seletiva Recolha indiferenciada Triagem Incineração TM Reciclagem Valorização orgânica Aterro Total kg CO2 eq 2,3E+07 8,6E+06 1,6E+06 9,7E+07 3,3E+05 -3,3E+08 -1,5E+05 8,2E+07 -1,16E+08 kg NMVOC eq 1,3E+05 7,0E+04 1,2E+04 3,0E+04 4,0E+03 -1,7E+06 -7,9E+01 1,2E+05 -1,33E+06 mol H+ eq 1,1E+05 5,7E+04 1,1E+04 -9,5E+02 3,2E+03 -3,1E+06 -6,3E+02 1,0E+05 -2,82E+06 m3 H2O 6,9E+03 2,4E+03 2,0E+03 2,0E+04 1,0E+02 -7,3E+05 -4,8E+01 5,6E+03 -6,89E+05 kg Sb eq 6,0E-03 2,0E-03 1,5E-04 -5,5E-04 3,9E-05 -3,7E+01 -1,7E-03 -4,0E-04 -3,70E+01 Página | 65 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Da análise da tabela 3.11, pode-se constatar que no global e para as 5 categorias de impacte apresentadas, o SIGRE apresenta um balanço ambiental positivo, ou seja, os impactes gerados pelas diversas atividades de recolha, triagem, transporte, tratamento e valorização de resíduos são suplantados pelos impactes evitados devido à recuperação de materiais e energia obtidos pelos processos de valorização dos resíduos, com especial enfoque na sua reciclagem (ver figura 3.14). Por exemplo, em 2011, a gestão dos resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE gerido pela SPV permitiu 3 evitar a emissão de 116 kt de CO2 eq e uma poupança de 0,7 hm de água. Caracterização, importância relativa (%) 100% 75% 50% 25% 0% -25% -50% -75% -100% Alterações climáticas Formação de oxidantes Acidificação terrestre Depleção de recursos Depleção de recursos fotoquímicos hídricos naturais Recolha indiferenciada Valorização orgânica Aterro Recolha seletiva Incineração Triagem TM Reciclagem Figura 3.14 - Importância relativa de cada processo unitário para o resultado ambiental do SIGRE em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Contribuição por tipo de material Em relação à contribuição por tipo de material para o desempenho do SIGRE, verifica-se que os materiais mais relevantes são tipicamente o vidro e o papel/cartão, dependendo da categoria de impacte em questão, facto a que não é alheio a elevada quantidade de resíduos destes materiais que foram encaminhados para reciclagem em 2011 (ver tabela 3.12 e figura 3.15). No caso concreto das alterações climáticas, assumem ainda importância os plásticos e o aço, sendo que no caso dos plásticos, ao contrário do aço, a sua gestão no SIGRE significa ainda uma emissão líquida de GEE dado o baixo nível de reciclagem e a quantidade deste tipo de resíduos que são incineradas no fluxo urbano. Página | 66 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 3.12 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental do SIGRE em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Categoria de impacte Alterações climáticas Unidade Aço Alumínio Madeira Papel/Cartão Plásticos Vidro Total kg CO2 eq -4,98E+07 -1,43E+07 1,61E+06 -1,83E+07 4,92E+07 -8,44E+07 -1,16E+08 kg NMVOC eq -1,04E+05 -2,78E+04 -7,16E+04 -3,24E+05 -1,89E+05 -6,15E+05 -1,33E+06 Acidificação terrestre mol H+ eq -2,20E+05 -7,70E+04 -9,80E+04 -5,59E+05 -2,36E+05 -1,63E+06 -2,82E+06 Depleção de recursos hídricos m3 H2O -7,27E+04 -8,99E+03 -1,72E+04 -3,64E+05 -2,67E+04 -1,99E+05 -6,89E+05 Depleção de recursos naturais kg Sb eq 2,13E-05 -4,92E-03 -1,35E-03 -3,69E+01 2,61E-03 -7,29E-02 -3,70E+01 Formação de oxidantes fotoquímicos Caracterização, importância relativa (%) 100% 75% 50% 25% 0% -25% -50% -75% -100% Alterações climáticas Aço Aluminio Formação de oxidantes fotoquímicos Madeira Acidificação terrestre Papel/Cartão Depleção de recursos hídricos Plásticos Vidro Depleção de recursos naturais outros_ne Figura 3.15 - Importância relativa de cada material para o resultado ambiental do SIGRE em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Comparação da gestão do SIGRE em 2011 com cenários alternativos Comparando-se os impactes e benefícios gerados no âmbito do SIGRE em 2011 (Baseline 2011) com dois cenários hipotéticos associados a diferentes destinos finais (“Cenário Aterro” e “Cenário Incineração”), verifica-se que a configuração atual do SIGRE é a única que apresenta um resultado ambiental positivo em todas as categorias de impacte consideradas (tabela 3.13). Por exemplo, ao nível das alterações climáticas, verifica-se que a gestão dos resíduos de embalagens verificada em 2011 permite poupar emissões na ordem das 400 kt CO2 eq face ao cenário de aterro das embalagens, o que equivaleria a cerca de 0,6% das emissões de GEE nacionais. Página | 67 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 3.13 – Análise comparativa de diferentes cenários de gestão do SIGRE em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) Categoria de impacte Unidade Alterações climáticas Baseline 2011 Cenário Aterro Cenário Incineração kg CO2 eq -1,2E+08 2,8E+08 2,8E+08 kg NMVOC eq -1,3E+06 5,0E+05 -6,4E+04 mol H+ eq -2,8E+06 3,8E+05 -8,5E+05 Depleção de recursos hídricos m3 H2O -6,9E+05 2,1E+04 -1,9E+04 Depleção de recursos naturais kg Sb eq -3,7E+01 2,3E-03 -3,7E-02 Formação de oxidantes fotoquímicos Acidificação terrestre Por outro lado, pode constatar-se igualmente que o “Cenário Incineração” em termos globais seria preferível ao “Cenário Aterro”, sendo que este, ao contrário dos demais, apresenta sempre um balanço ambiental negativo para todas as categorias de impacte (ver igualmente figura 3.16). Caracterização, importância relativa (%) 100% 75% 50% 25% 0% -25% -50% -75% -100% Alterações climáticas Formação de oxidantes fotoquímicos Baseline 2011 Acidificação terrestre Cenário Aterro Depleção de recursos hídricos Depleção de recursos naturais Cenário Incineração Figura 3.16 - Comparação relativa de diferentes cenários de gestão do SIGRE em 2011 (categorias AC, FOF, AT, DRH e DRN) 3.3.3.2 Consumo de energia renovável e não renovável Contribuição por tipo de material Na tabela 3.14 apresentam-se os impactes e benefícios ambientais por tipo de material no consumo de energia primária que é resultante da gestão do SIGRE, tendo por base o ano de 2011. Verifica-se que a gestão dos resíduos de embalagens resultou numa poupança de 12.700 TJ de energia primária. Tabela 3.14 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental do SIGRE em 2011 (Consumo de energia) Página | 68 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Categoria de impacte Energia não renovável, fóssil Unidade Aço Alumínio Madeira Papel/Cartão Plásticos Vidro outros Total MJ -7,2E+08 -1,4E+08 -2,5E+08 -8,8E+08 -2,1E+09 -1,1E+09 5,7E+05 -5,16E+09 MJ -2,7E+07 -4,0E+07 -6,5E+07 -5,3E+08 -2,2E+08 -2,9E+08 1,5E+04 -1,18E+09 MJ 3,3E+00 -7,7E+02 -2,1E+02 -5,8E+06 4,1E+02 -1,1E+04 1,4E+00 -5,77E+06 MJ 1,2E+07 -8,9E+05 -7,0E+08 -4,9E+09 -8,8E+07 -2,6E+08 1,8E+03 -5,91E+09 Energia renovável, vento, solar, geo MJ 1,8E+07 -2,5E+04 -3,9E+05 -3,2E+07 -1,6E+07 -9,2E+05 1,3E+03 -3,18E+07 Energia renovável, hídrica MJ 2,5E+07 -4,1E+07 -8,1E+06 -3,0E+08 -5,5E+07 -3,3E+07 4,2E+03 -4,09E+08 Energia não renovável, nuclear Energia não renovável, biomassa Energia renovável, biomassa Total MJ -6,9E+08 -2,2E+08 -1,0E+09 -6,6E+09 -2,4E+09 -1,7E+09 5,9E+05 -1,27E+10 Pela análise da tabela e igualmente da figura 3.17 pode verificar-se que o papel/cartão é o material cuja gestão no SIGRE implica maior benefício ambiental em termos de consumo de energia primária, seguido dos plásticos e do vidro. Neste último caso, tal deve-se aos resultados do subsistema urbano, dado que a quantidade de resíduos de vido que é gerido no âmbito do subsistema eXtra-Urbano é bastante diminuta. 1,0E+09 0,0E+00 Caracterização (MJ) -1,0E+09 -2,0E+09 -3,0E+09 -4,0E+09 -5,0E+09 -6,0E+09 -7,0E+09 Energia não renovável, fóssil Aço Energia não renovável, nuclear Aluminio Madeira Energia não renovável, biomassa Papel/Cartão Energia renovável, biomassa Plásticos Energia renovável, vento, solar, geo Vidro Energia renovável, hídrica outros Figura 3.17 - Contribuição de cada material para o resultado ambiental do SIGRE em 2011 (Consumo de energia) Página | 69 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Comparação da gestão do SIGRE em 2011 com cenários alternativos Adicionalmente, comparando os vários cenários de gestão dos resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE verifica-se que a configuração atual do sistema é preferível em termos energéticos ao encaminhamento dos resíduos para aterro e para incineração (ver tabela 3.15). Tabela 3.15 - Análise comparativa de diferentes cenários de gestão do SIGRE em 2011 (Consumo de energia) Categoria de impacte Baseline 2011 Cenário Aterro Cenário Incineração Energia não renovável, fóssil MJ -5,2E+09 7,2E+08 -3,4E+09 Energia não renovável, nuclear MJ -1,2E+09 7,3E+07 -3,9E+08 Energia não renovável, biomassa MJ -5,8E+06 3,6E+02 -5,8E+03 Energia renovável, biomassa MJ -5,9E+09 -5,6E+07 -1,1E+09 Energia renovável, vento, solar, geo MJ -3,2E+07 -4,3E+07 -3,0E+08 Energia renovável, hídrica MJ -4,1E+08 -9,0E+07 -7,6E+08 Total Página | 70 Unidade MJ -1,3E+10 6,1E+08 -5,9E+09 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal, Relatório Final 4 AVALIAÇÃO ECONÓMICA DO SIGRE 4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS A avaliação económica ao SIGRE foi realizada a três níveis. Em primeiro lugar, avaliou-se o enquadramento económico dos embaladores aderentes ao sistema gerido pela SPV, ou seja, compararam-se as empresas que contribuem para o financiamento do SIGRE com o universo de empresas existentes a nível nacional. Em segundo lugar, avaliou-se o enquadramento económico das empresas responsáveis pela recolha, triagem, tratamento e retoma/valorização dos resíduos de embalagens do SIGRE, tanto ao nível do subsistema urbano, como do subsistema não urbano (eXtra-Urbano). Em terceiro lugar, avaliou-se o impacte económico da reciclagem de resíduos de embalagens em Portugal, tanto ao nível direto, como indireto, nomeadamente em termos de valor acrescentado e massa salarial gerada e volume de negócios. De seguida descrevem-se as avaliações realizadas, nomeadamente em termos do seu âmbito, objetivos e metodologias empregues e apresentam-se os principais resultados obtidos. 4.2 EMBALADORES ADERENTES AO SIGRE 4.2.1 Âmbito e objetivos da avaliação O âmbito da avaliação realizada incluiu as empresas que contribuem financeiramente para o sistema gerido pela SPV, através do pagamento do Valor Ponto Verde (VPV). Com a análise realizada pretendeu-se estimar a representatividade das empresas aderentes à SPV face ao universo nacional em termos de: Volume de vendas Nº de empresas parceiras Valor Ponto Verde (VPV) despendido 4.2.2 Metodologia utilizada Para analisar comparativamente o enquadramento económico dos embaladores aderentes ao sistema gerido pela SPV com o universo de empresas existentes a nível nacional, recorreu-se a dados bibliográficos das empresas em questão. No caso da caracterização do perfil dos embaladores aderentes à SPV e que, como tal, transferem para esta empresa a responsabilidade da gestão de fim de vida das embalagens que colocam no mercado, mediante o pagamento do Valor Ponto Verde, utilizou-se uma base de dados disponibilizada pela SPV com dados específicos referentes a cada uma dos embaladores, incluindo o seu volume de vendas, tipo de atividade e quantidade de embalagens colocadas no mercado e VPV devidos. Página | 71 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Para efeitos comparativos com o universo das empresas existentes em Portugal, em primeiro lugar, os dados de caracterização das empresas embaladoras da SPV, referentes a 2010, foram agrupados por secção da CAE rev.3, cobrindo desde empresas de agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca (secção A) até às empresas ligadas a atividades das famílias empregadoras de pessoal doméstico e 23 atividades de produção das famílias para uso próprio (secção T) . Posteriormente, os resultados obtidos foram comparados com estatísticas produzidas pelo INE referentes ao universo nacional e constantes do relatório “Empresas em Portugal 2010” (INE, 2012). De referir que não foi possível obter dados detalhados para todos os embaladores SPV, nomeadamente em relação ao seu tipo de atividade e volume de vendas, sendo esta uma das limitações da análise realizada. Desta forma, estabeleceram-se dois cenários: Cenário de referência, onde de forma conservadora apenas se consideraram as empresas SPV para os quais existiam dados concretos. Cenário de “extrapolação”, estimado com base na extrapolação linear, por secção, de valores médios apurados para o universo de empresas SPV que foram efetivamente caracterizadas. Os resultados apurados para o primeiro cenário acabam por indicar o limite mínimo estimado para a importância das empresas aderentes à SPV no contexto nacional. 4.2.3 Resultados Em relação ao enquadramento económico dos embaladores aderentes ao sistema gerido pela SPV, verifica-se que a maior parte dos embaladores se enquadram em setores ligados às indústrias transformadoras (46%), seguidos das empresas ligadas ao comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos (36%) e agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca (9%). Analisando as empresas em relação ao volume de vendas associadas as estas empresas, verifica-se igualmente que estes setores são os mais relevantes, sendo que as empresas ligadas ao comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos e as indústrias transformadores representam, respetivamente, 51% e 45% do volume de vendas dos aderentes da SPV, em 2010. Por outro lado, comparando as empresas aderentes à SPV e o universo de empresas existentes ao nível nacional, verifica-se que os embaladores aderentes à SPV, cerca de 12 mil empresas, representam apenas 0,9% do número de empresas existentes em Portugal, mas geram um volume de vendas, no mínimo, de 31,4% do volume de vendas das empresas não financeiras no nosso país. Tal significa que os aderentes à SPV têm, em geral, uma dimensão bastante superior ao que é comum no nosso país. Tal deve-se, em parte, pela importância das empresas pertencentes aos setores das indústrias transformadores e de comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos, já referida anteriormente. Os embaladores aderentes à SPV representam nestes setores, respetivamente 6,7% e 1,5% do número total de empresas nacionais, mas significam em termos de volume de vendas, no mínimo, 47,4% e 29,3% do volume de vendas destes setores a nível nacional (ver tabela 4.1). Neste último caso, a discrepância entre a representatividade ao nível do número de empresas e volume de vendas, não é alheia o facto de nesta secção de CAE existirem bastantes empresas de pequena dimensão ligadas à reparação automóvel (e.g. oficinas), cuja atividade não implica a introdução de embalagens no mercado. 23 Não foram identificadas empresas aderentes à SPV e que integram a secção U da CAE rev.3 (atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais) Página | 72 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 4.1 – Enquadramento económico dos embaladores aderentes ao sistema gerido pela SPV CAE Secção % das empresas nacionais Volume de Vendas aderentes (M€) – d.e. Volume de Vendas aderentes (M€) – extrap. A - Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca 1,85% 1.085,9 2.766,5 B - Indústrias extrativas 0,83% 19,7 43,2 C - Indústrias transformadoras 6,68% 33.042,7 48.529,3 D - Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio 0,68% 3,7 4,6 E - Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição 4,40% 169,9 266,2 F - Construção 0,02% 90,8 113,5 G - Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos 1,52% 37.437,8 54.204,3 H - Transportes e armazenagem 0,44% 75,5 134,6 I - Alojamento, restauração e similares 0,15% 78,8 183,3 J - Atividades de informação e de comunicação 0,81% 614,5 1.178,6 K - Atividades financeiras e de seguros 0,02% 44,6 74,3 L - Atividades imobiliárias 0,03% 0,1 0,4 M - Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares 0,06% 142,4 272,5 N - Atividades administrativas e dos serviços de apoio 0,03% 61,8 91,7 s.d s.d s.d P - Educação 0,01% 0,2 0,4 Q - Atividades de saúde humana e apoio social 0,03% 1,1 5,7 R - Atividades artísticas, de espectáculos, desportivas e recreativas 0,02% reduzido reduzido S - Outras atividades de serviços 0,16% 20,4 108,8 T - Atividades das famílias empregadoras de pessoal doméstico e atividades de produção das famílias para uso próprio s.d. reduzido reduzido CAE Desconhecido s.d 32,0 470,4 O - Administração Pública e Defesa; Segurança Social Obrigatória Total 0,9% 72.921,8 108.448,5 Notas: d.e. – dados existentes - com base nas empresas para as quais existe registo do volume de vendas em 2010. extrap – considerando as empresas para as quais não existe registo do seu volume de vendas, através da extrapolação linear dos volumes de venda por empresa médias de cada secção. s.d. – sem dados. Reduzido – valor abaixo de 0,05M M€ ou 0,05%. Página | 73 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Por outro lado, no contexto do enquadramento económico dos embaladores aderentes à SPV, verificase que estes, em 2010, contribuíram com 71,8 Milhões de Euros para o SIGRE através do Valor Ponto Verde (VPV) (SPV, 2010). Este valor representou apenas 0,08% do total de custos com fornecimentos de serviços externos (FSE) das empresas nacionais. 4.3 EMPRESAS DE RECOLHA, TRIAGEM E RETOMA/RECICLAGEM DOS RESÍDUOS DE EMBALAGENS 4.3.1 Âmbito e objetivos da avaliação O âmbito da avaliação realizada são as empresas que efetuam a recolha, triagem e retoma/reciclagem dos resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE, tanto ao nível dos resíduos urbanos de embalagens como do sistema eXtra-Urbano. Neste último caso, tendo em consideração o modelo de gestão existente, excetuam-se do âmbito da análise os produtores de resíduos de embalagens (e.g. empresas de comércio), estando incluídas as empresas que efetuam a sua recolha para posterior reciclagem/valorização (OGR). Com a análise realizada pretendeu-se analisar a evolução e a representatividade das empresas aderentes à SPV face ao universo nacional em termos de: Nº de Empresas parceiras da SPV Capital Social Nº de estabelecimentos Volume de Vendas 4.3.2 Metodologia utilizada De modo a enquadrar as diversas empresas parceiras da SPV face às demais empresas nacionais, em primeiro lugar realizou-se um levantamento das empresas associadas à SPV desde o ano 2000 até ao ano de 2009. Embora a SPV tenha sido constituída em 1998, foi considerado que o período em análise devia ser censurado à esquerda, por forma a garantir que a análise se centraria num período em que a SPV já estava presente no mercado há pelo menos dois anos (em 2000), tendo sido já ultrapassada a fase inicial de arranque de atividade. A censura à direita deveu-se fundamentalmente à falta de dados mais recentes na base de dados utilizada para caracterizar as empresas. A SPV forneceu informação sobre as diversas empresas suas parceiras, tendo sido considerado relevante distinguir estas empresas de acordo com a sua relação com a SPV. Assim as empresas foram classificadas de acordo com a seguinte tipologia: SMAUT – entidade que efetua a recolha seletiva, triagem e tratamento dos resíduos urbanos de embalagens. Retomador – entidade que efetua a retoma dos resíduos urbanos de embalagens com vista à sua reciclagem. OGR – entidade que efetua a recolha dos resíduos de embalagens junto dos produtores não urbanos com vista à sua reciclagem futura. SMAUT/OGR – Entidade que apresenta um papel duplo como SMAUT e OGR. Retomador/OGR - Entidade que apresenta um papel duplo como Retomador e OGR. Página | 74 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final A informação facultada pela SPV foi complementada com a recolha de informação em sites especializados em informação corporativa, tendo sido dada particular relevância aos seguintes descritores: código de atividade económica (CAE), ano de início de atividade e localidade da empresa. Posteriormente, caracterizaram-se as referidas empresas utilizando para o efeito uma base de dados do INE direcionada fundamentalmente para a caracterização do mercado de trabalho, mas que detém diversas informações económicas (base de dados “ Quadros de Pessoal”). Tendo por base os resultados obtidos, finalmente compararam-se os resultados obtidos com dois grupos de referência para analisar em termos relativos as características das empresas SPV, por um lado, as empresas não associadas à SPV sem qualquer constrangimento e, por outro, as empresas não associadas à SPV cuja atividade económica coincidisse com os principais setores económicos (CAE) da lista de empresas SPV. Os CAE utilizados para caracterizar as empresas parceiras da SPV são os que constam na seguinte tabela: Tabela 4.2 - CAE das empresas parceiras da SPV que foram caracterizadas CAE Rev.2 CAE Rev.3 (2000 a 2006) (2007 a 2008) Descritivo 21120 17120 Fabricação de papel e de cartão (excepto canelado) 21211 17211 Fabricação de papel e de cartão canelados (inclui embalagens) 27420 24420 Obtenção e primeira transformação de alumínio 25210 22210 Fabricação de chapas, folhas, tubos e perfis de plástico 25220 22220 Fabricação de embalagens de plástico 26131 23131 Fabricação de vidro de embalagem 37100 38321 Valorização de resíduos metálicos 37200 38322 Valorização de resíduos não metálicos 90020 381 Recolha de resíduos 382 Tratamento e eliminação de resíduos 51532 46732 Comércio por grosso de materiais de construção (excepto madeira) e equipamento sanitário 51571 46771 Comércio por grosso de sucatas e de desperdícios metálicos 51572 46772 Comércio por grosso de desperdícios têxteis, de cartão e papéis velhos De referir que a informação recolhida representa a maior parte e as mais relevantes empresas atualmente associadas à SPV ou que tiveram associação com a SPV entre os anos 2000 e 2009, embora não tenha sido possível identificar e caracterizar a totalidade do universo das empresas no período analisado. Página | 75 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tal deveu-se ao facto do processo de identificação de algumas empresas ter sido dificultado por várias razões, nomeadamente: A existência de várias localidades associadas à empresa (por exemplo, a sede social ser numa local diferente da instalação fabril). As empresas apresentaram diferentes atividades económicas (por exemplo, existência de uma atividade económica principal e de uma ou várias atividades económicas secundárias). Existir desfasamento no início da atividade da empresa (por exemplo, fusão com uma nova empresa poderá levar a alteração do ano de constituição) ou cessação da atividade por falência ou liquidação. 4.3.3 Resultados 4.3.3.1 Evolução do N.º de Parceiros da SPV Na tabela 4.3 e figura 4.1 apresenta-se a evolução do número de empresas parceiras da SPV ao longo da última década. Podem igualmente encontrar-se na referida tabela os dados relativos às “empresas não SIGRE” existentes a nível nacional, mas que apresentam o mesmo CAE de 5 dígitos que estas. Tabela 4.3- Evolução do número de empresas do SIGRE (2000-2009) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 SIGRE (desagregadas por tipo de operador) SMAUT 13 15 15 19 20 22 23 23 24 25 2 3 3 3 4 4 4 4 4 4 Retomador 34 34 34 35 36 37 38 40 39 40 OGR 18 19 22 24 26 29 28 34 35 36 Retom. / OGR 20 24 24 25 26 29 31 31 33 33 87 95 98 106 112 121 124 132 135 138 2.605 2.752 2.884 3.024 2.970 2.998 3.020 2.995 3.005 2.860 SMAUT/OGR Total SPV Não SIGRE (dentro do mesmo universo CAE) 45 40 N.º de empresas 35 30 25 20 15 10 5 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Ano SMAUT SMAUT/OGR Retomador OGR Retom. / OGR Figura 4.1 - Evolução do número de “Empresas SIGRE” (2000-2009) Página | 76 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Como pode observar-se, o número de empresas parceiras da SPV aumentou consideravelmente ao longo da última década. De facto, o número de SMAUT aumentou cerca de 92% (de 13 para 25) enquanto que o número de OGR duplicou (de 18 para 36). Por outro lado, em termos globais, no ano 2000 foram identificadas 87 empresas ligadas à SPV, sendo que em 2009 este valor já correspondia a 138 empresas, o que se traduz num crescimento de cerca de 60%. Analisando ainda os valores da figura 4.2, pode constatar-se que a evolução do número de empresas parceiras da SPV é mais rápida do que aquelas que possuem o mesmo CAE e que estão fora do universo SPV. Assim, as empresas não-SIGRE no mesmo período de tempo cresceram apenas 10%. Figura 4.2 - Evolução do número de ”Empresas SIGRE” e “Não SIGRE” com mesmo CAE entre 2000-2009 4.3.3.2 Evolução do Capital Social, Nº de Estabelecimentos e Volume de Vendas Na tabela 4.4 encontram-se representados os dados relativos ao capital social, incluindo a sua composição, nº de estabelecimentos e volume de vendas das empresas parceiras da SPV, entre 2000 e 2010. Estão igualmente listados os dados relativos às “empresas não SIGRE”, mas que apresentam o mesmo CAE e ainda a totalidade do universo de CAE a nível nacional. Página | 77 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 4.4 – Evolução do capital social, nº de estabelecimentos e volume de vendas das “Empresas SIGRE” e ”Empresas Não SIGRE” em 2000-2009 (valores médios por empresa) 2000 Não SIGRE (todas) Não SIGRE (dentro do mesmo universo CAE) 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Cap. Social (mil €) 500,41 - 564,16 478,77 314,01 448,96 411,11 424,43 429,79 447,36 Cap. Soc. Privado Nacional (%) 98,52 98,60 98,69 98,42 98,37 98,34 98,34 98,28 98,26 98,25 Cap. Soc. Público (%) 0,13 0,19 0,21 0,21 0,17 0,19 0,19 0,20 0,19 0,19 Cap. Soc. Estrangeiro (%) 1,35 1,21 1,10 1,36 1,46 1,48 1,47 1,52 1,55 1,55 Nº Estabelecimentos 1,16 1,16 1,15 1,16 1,16 1,16 1,17 1,17 1,17 1,16 Vendas (milhões de €) 0,84 0,91 1,12 0,92 0,89 0,85 0,93 1,00 1,06 1,10 Cap. Social (mil €) 295,27 - 333,35 368,93 349,96 340,42 346,44 414,62 377,65 488,36 Cap. Soc. Privado Nacional (%) 97,98 98,26 98,22 97,44 96,74 97,15 97,29 97,62 97,63 97,75 Cap. Soc. Público (%) 0,23 0,13 0,21 0,31 0,38 0,38 0,37 0,08 0,08 0,08 Cap. Soc. Estrangeiro (%) 1,79 1,61 1,57 2,25 2,88 2,47 2,34 2,30 2,29 2,17 Nº Estabelecimentos 1,10 1,11 1,10 1,12 1,12 1,12 1,13 1,11 1,12 1,12 Vendas (milhões de €) 1,20 1,25 1,38 1,43 1,44 1,52 1,58 1,73 1,76 1,83 Cap. Social (mil €) 2216,74 2146,25 3087,09 2221,01 2428,39 2050,74 2122,29 1867,63 2253,49 2300,00 Cap. Soc. Privado Nacional (%) 87,66 90,79 87,91 79,45 79,56 80,57 80,22 80,94 81,35 79,86 Cap. Soc. Público (%) 7,75 4,09 7,57 12,68 13,80 14,14 14,49 13,74 13,44 13,78 Cap. Soc. Estrangeiro (%) 4,59 5,11 4,53 7,87 6,64 5,30 5,29 5,31 5,21 6,36 Nº Estabelecimentos 1,40 1,45 1,44 1,65 1,68 1,66 1,68 1,68 1,71 1,80 Vendas (milhões de €) 10,53 7,11 8,40 6,74 6,63 7,43 7,89 8,25 9,62 11,71 SIGRE Em termos médios, as empresas associadas à SPV apresentam um capital social consideravelmente superior às empresas não associadas à SPV mas que pertencem aos mesmos setores de atividade económica que as primeiras. Tipicamente, as empresas associadas à SPV detêm uma maior percentagem de capital estrangeiro do que outras empresas da economia portuguesa (devido aos OGR/Retomadores, ver tabela 4.5) e o mesmo se verifica no que respeita à participação pública no capital social (neste caso devido aos SMAUT-ver tabela 4.5). No que respeita à dimensão das empresas e considerando os parâmetros volume de vendas e o número de trabalhadores, pode concluir-se que as empresas associadas à SPV e ao SIGRE são maiores do que as suas congéneres (i.e., dos mesmos setores de atividade económica) e o mesmo sucede em relação ao universo de empresas nacional. As estatísticas descritivas indicam que as empresas associadas à SPV empregam entre seis a sete vezes mais trabalhadores do que as restantes empresas da economia portuguesa (ver capítulo 5). Em termos financeiros, o indicador usado aponta para uma relação entre cinco a seis vezes mais facturação (volume de vendas) das empresas associadas à SPV comparativamente com as suas congéneres não associadas. Página | 78 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 4.5 – Evolução do capital social, nº de estabelecimentos e volume de vendas das “Empresas SIGRE”, desagregadas por tipo de operador, em 2000-2009 (valores médios por empresa) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Cap. Social (mil €) 4850,07 3912,94 4437,84 3802,42 3725,85 3587,56 3652,79 3816,77 3978,21 4002,66 Cap. Soc. Privado Nacional (%) 45,75 74,07 47,57 30,71 29,58 25,60 27,81 27,59 30,70 29,42 Cap. Soc. Público (%) 54,25 25,93 52,43 63,41 65,16 69,40 67,64 67,87 64,96 66,42 Cap. Soc. Estrangeiro (%) 0,00 0,00 0,00 5,88 5,26 5,00 4,55 4,55 4,35 4,17 Nº Estabelecimentos 2,31 2,20 2,47 3,26 3,35 3,18 3,17 3,26 3,17 3,44 Vendas (milhões de €) 3,75 5,74 6,83 6,10 6,56 7,02 7,48 8,45 8,30 9,26 SMAUT Cap. Social (mil €) 3388,09 3733,24 6205,11 3831,86 3965,15 3667,45 3616,49 2908,76 4084,40 4216,09 Cap. Soc. Privado Nacional (%) 91,59 88,65 90,03 88,06 88,19 91,08 91,05 91,28 91,22 89,50 Cap. Soc. Público (%) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Cap. Soc. Estrangeiro (%) 8,41 11,35 9,97 11,94 11,81 8,92 8,95 8,72 8,78 10,50 Nº Estabelecimentos 1,29 1,35 1,38 1,31 1,33 1,32 1,34 1,33 1,36 1,35 Retomador Vendas (milhões de €) 23,29 14,16 16,60 12,80 12,87 13,24 13,76 12,55 16,37 20,88 Cap. Social (mil €) 303,28 260,90 415,79 440,94 404,08 358,86 352,21 323,39 358,00 352,06 Cap. Soc. Privado Nacional (%) 93,75 94,74 95,45 86,28 92,00 93,45 96,43 95,61 95,74 95,86 Cap. Soc. Público (%) 0,00 0,00 0,00 1,54 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Cap. Soc. Estrangeiro (%) 6,25 5,26 4,55 12,17 8,00 6,55 3,57 4,39 4,26 4,14 Nº Estabelecimentos 1,28 1,21 1,00 1,08 1,12 1,14 1,07 1,09 1,20 1,17 Vendas (milhões de €) 1,17 1,19 1,07 1,69 1,13 1,62 1,67 1,85 2,07 2,24 Cap. Social (mil €) 376,64 474,48 635,27 565,65 1419,78 627,25 762,30 785,20 812,40 826,34 Cap. Soc. Privado Nacional (%) 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 96,67 96,77 96,88 93,94 OGR Cap. Soc. Público (%) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Cap. Soc. Estrangeiro (%) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,33 3,23 3,13 6,06 Nº Estabelecimentos 1,15 1,21 1,13 1,32 1,35 1,34 1,26 1,29 1,30 1,52 Vendas (milhões de €) 2,50 3,30 5,09 3,88 4,18 6,69 7,04 9,58 10,52 13,10 Cap. Social (mil €) 212,47 641,65 650,00 1356,67 1642,50 1642,50 2100,26 2125,26 2125,26 2125,26 Cap. Soc. Privado Nacional (%) 100,00 100,00 100,00 38,33 28,75 28,75 28,75 30,00 30,00 30,00 Cap. Soc. Público (%) 0,00 0,00 0,00 60,00 70,00 70,00 70,00 70,00 70,00 70,00 Cap. Soc. Estrangeiro (%) 0,00 0,00 0,00 1,67 1,25 1,25 1,25 0,00 0,00 0,00 Nº Estabelecimentos 1,00 2,33 2,67 2,67 2,25 2,50 3,75 4,25 4,25 4,25 Vendas (milhões de €) 2,19 1,95 3,51 4,35 2,44 3,58 4,44 8,23 10,29 9,21 Retom. / OGR SMAUT/OGR 4.4 IMPACTE ECONÓMICO DA GESTÃO DE RESÍDUOS DE EMBALAGENS EM PORTUGAL 4.4.1 Âmbito e objetivos da avaliação O âmbito da avaliação realizada inclui os impactos diretos e indiretos relacionados com as atividades do SIGRE, no que respeita aos resíduos urbanos de embalagens. Com a análise realizada pretendeu-se: Identificar os efeitos diretos e indiretos no resto da economia da gestão de resíduos de embalagens através do SIGRE, relativamente a quadro indicadores: valor acrescentado, salários e volume de negócio. Página | 79 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Comparar os efeitos diretos e indiretos no resto da economia da gestão de resíduos de embalagens através do SIGRE com os de outras atividades económicas. Identificar o efeito sobre o Produto Interno Bruto (PIB) da gestão de resíduos de embalagens através do SIGRE, através da comparação da situação atual com um cenário alternativo sem SIGRE. 4.4.2 Metodologia utilizada Neste estudo, a quantificação de efeitos indiretos utiliza a Análise de Entradas-Saídas (AES) (Miller e Blair, 2009). Este domínio científico da economia foi desenvolvido por Wassily Leontief, nos anos 40. Desde então tem sido aplicado em inúmeros países ao estudo do impacto indireto de variados setores de atividade. Esta técnica permite a identificação de multiplicadores, valores que indicam o efeito direto e indireto gerado no resto da economia por um dado ramo de atividade económica. Em seguida discutem-se os conceitos de efeito direto e indireto e apresentam-se as expressões de cálculo dos multiplicadores. No decurso da sua atividade económica, uma empresa necessita de recursos, como trabalho, importações, etc. (efeitos diretos). Uma empresa efetua também compras de bens e serviços a outras empresas, as quais vão necessitar de recursos (efeitos indiretos de primeira ordem). Estas últimas por sua vez efetuam aquisições junto de outras empresas (efeitos indiretos de segunda ordem), e por aí adiante. No presente estudo são quantificados efeitos indiretos sobre três tipos de recursos: valor acrescendo bruto (VAB), salários e volume de negócios. Para cada um deles foi calculado o multiplicador de Leontief de tipo I, que indica qual a soma dos efeitos diretos e indiretos resultantes do consumo de uma unidade de recurso dum certo ramo de atividade e é calculado através da fórmula: mi = (Σj dj Lij)/di , em que dj é o coeficiente direto do ramo de atividade, que indica o consumo de recurso por volume de negócios, e Lij é um elemento da matriz inversa de Leontief, que se calcula através da seguinte expressão: -1 L = (I – A) , onde I é a matriz identidade e A é a matriz dos coeficientes técnicos, que por sua vez se calcula através da expressão: -1 A = Z [diag(x)] . A matriz Z descreve o conjunto de transações entre ramos de atividade na economia nacional. O vetor x indica o volume de vendas totais de cada ramo de atividade. A matriz Z e o vetor x, juntamente com o vetor de procura final, y, e com o vetor de valor acrescentado, v, descrevem o conjunto de transações que têm lugar na economia nacional, relacionando-se de acordo com as seguintes expressões: x = Ze + y; x' = e'Z + v', onde e é um vetor de entradas unitárias, todos os vetores estão em formato coluna e ' representa a matriz transposta. Em seguida descrevem-se os dados que compõem os elementos de Z, x, y e v. Página | 80 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Como revisto por Cruz et al. (2012), a SPV desempenha um papel crucial na estrutura de gestão de resíduos de embalagens em Portugal. A SPV cobra um valor VPV aos embaladores aderentes ao sistema para financiamento do SIGRE e utiliza as receitas resultantes desta cobrança para apoiar financeiramente os SMAUT, com o intuito de incentivar a separação dos resíduos de embalagens (este apoio pode ser desagregado em vários incentivos, VC-RS, VC-IC, VIC). Os SMAUT são responsáveis pela recolha, separação e tratamento/valorização tanto dos resíduos recolhidos seletivamente, como dos indiferenciados. Os materiais para reciclagem são leiloados pela SPV, recebendo esta (ou pagando, conforme os casos) um Valor Líquido de Retoma (VLR) dos/aos retomadores. Para além da reciclagem de resíduos urbanos, a SPV também oferece um incentivo financeiro (VIM) aos gestores de resíduos não urbanos que recolhem resíduos de embalagens diretamente das indústrias embaladoras e os encaminham para reciclagem (sistema Extra-Urbano). O modelo mínimo necessário para analisar o impacto económico do SIGRE envolve quatro classes de setores: a entidade gestora dos resíduos de embalagens (SPV), o setor de gestão de resíduos sólidos (MWS), os retomadores/recicladores (REC) e o resto da economia (ROE), que é constituído por vários setores. Este modelo está descrito na tabela 4.6, que indica quais os elementos não-nulos de Z, x, y e v. As fontes de informação e o seu processamento são descritos em seguida e os valores de base são apresentados em anexo. Tabela 4.6 - Interacção entre os setores do SIGRE e o resto da economia nacional Z ROE SPV MWS ROE A B C SPV F MWS L v' O y E G J REC REC P K Q Modelação do Resto da Economia (ROE) O setor ROE (componentes A, E e O da tabela 4.6) foi modelado usando as tabelas AES simétricas produto-por-produto de 2008 em preços básicos produzida pelo DPP (Dias e Domingos, 2011), com uma agregação de 85 setores usando a classificação oficial CAE Rev.3 de dois dígitos (INE, 2007). O investimento foi endogeneizado usando a tabela C.3 das Contas Nacionais (www.ine.pt) e a metodologia descrita em Lenzen and Treloar (2005). Modelação da Gestão de Resíduos de Embalagens (SPV) O setor SPV foi caracterizado usando o relatório de atividade e contas da empresa relativo a 2009 (SPV, 2009, p. 20). As componentes B e P são as compras da SPV a outras empresas e fatores primários; a componente F é a taxa VPV paga pelos embaladores de embalagens; a componente G é o pagamento VLR recebido dos retomadores; a componente J é o apoio financeiro ao tratamento de resíduos. Página | 81 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Modelação do Setor de Resíduos Sólidos Urbanos (MWS) O setor de resíduos urbanos (MWS) representa a recolha, triagem e tratamento de resíduos de embalagens que é efetuada nos SMAUT (e não da totalidade dos resíduos sólidos urbanos indiferenciados) que é efetuada pelos SMAUT. As entradas C, K e Q da tabela 4.6 foram modeladas a partir das fontes referidas em seguida. Cruz et al. (2012, p. 13-14) apresenta informação geral sobre os custos correntes e depreciação das operações de recolha e triagem de resíduos de embalagens. Os custos de recolha foram desagregados usando a caracterização de Lavita (2008, pp. 45-48). Os custos de triagem foram desagregados utilizando os valores médios resultantes do inquérito levado a cabo por Rodrigues (2009, p. 125). Tanto Lavita (2008) como Rodrigues (2009) são estudos de pequena escala. A estrutura de custos por eles descrita foi extrapolada para o conjunto do país utilizando informação complementar presente em SPV (2010), que descreve os fluxos físicos de resíduos envolvendo cada município. Para estimar outros fluxos não descritos nos estudos anteriormente referidos, tais como as despesas de financiamento, recursos humanos e atividades ancilares foram também utilizadas outras fontes: o relatório da ERSAR (2011), que descreve fluxos económicos para alguns serviços municipalizados; o relatório da LIPOR (2010), que fornece um relatório de contas razoavelmente detalhado; e o modelo WIO, descrito por Nakamura e Kondo (2002) e que pode ser acedido em http://www.f.waseda.jp/nakashin/WIO.html. Modelação do Setor de Retomadores (REC) Por fim, o setor REC foi tratado como um setor estritamente intermediário, que recebe fluxos físicos de resíduos separados da SPV e que entrega esses fluxos físicos ao setor produtivo correspondente, sem incorrer em despesas ou recebimentos adicionais. Deste modo, a entrada L na tabela 4.6 foi obtida diretamente a partir de SPV (2009). Nos resultados são apresentados valores para a atividade de retomadores de papel, plástico, vidro e metal (aço e alumínio), caracterizados a partir dos dados de ROE com os CAE respetivos de 17, 22, 23 e 24. Para conhecer a alavancagem específica associada à retoma destes materiais considerou-se que a fração da atividade de cada um destes setores afeta à retoma é dada pela razão entre o VLR correspondente e as aquisições intersetoriais. Por fim, nos resultados são também apresentados valores para o SIGRE no seu conjunto, sendo este compreendido como a SPV, o setor de MWS e os vários retomadores. Finalmente, tendo por base a modelação realizada, realizou-se uma análise de incerteza aos resultados obtidos, que se encontra em anexo e que mostram que os resultados obtidos são consistentes. Página | 82 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 4.4.3 Resultados 4.4.3.1 Valor acrescentado, Salários e Volume de Negócios Total A tabela 4.7 apresenta os multiplicadores de tipo I para o SIGRE e setores representativos da economia 24 portuguesa . Cada entrada da tabela indica o impacto no conjunto da economia dum efeito num setor em particular, relativamente a valor acrescentado bruto (VAB), salários e volume de negócios. Os resultados indicam que por cada Euro de valor acrescentado do setor de SIGRE, são gerados adicionalmente 1,25 Euros de valor acrescentado no resto da economia; por cada Euro de salários são adicionalmente pagos 1,30 Euros de salários no resto da economia; e por cada Euro de volume de negócios circulam adicionalmente na economia 1,04 Euros de volume de negócios. Em anexo são apresentados adicionalmente os multiplicadores para os 85 ramos de atividades económicos analisados neste trabalho. Tabela 4.7 - Multiplicadores de tipo I (Euro/Euro), do SIGRE e a ele associados e representativos da economia portuguesa (por ordem decrescente de multiplicador de VAB) Setores VAB Salários Volume de negócios Transporte marítimo 3,82 3,94 2,63 Gás natural 3,34 8,38 2,02 Produtos químicos 2,85 2,86 1,97 Produtos petrolíferos 2,34 2,81 1,26 Produtos agrícolas 2,28 2,90 2,33 Telecomunicações 2,03 3,18 2,10 Produtos metálicos 1,93 1,78 1,88 Serviços de instalação/reparação de máquinas e equipamento 1,84 1,77 1,82 Serviços imobiliários 1,79 5,30 2,50 Produtos florestais 1,43 2,10 1,66 SPV 5,35 10,11 1,99 MWS 1,32 1,31 1,65 Retomadores papel 2,84 3,07 2,33 Retomadores plástico 2,09 2,03 1,84 Retomadores vidro 2,34 2,28 2,20 Retomadores metais 3,14 3,29 1,96 SIGRE 2,25 2,30 2,04 24 Os multiplicadores do Tipo I identificam o valor das transacções diretas e indiretas relativamente ao valor das transacções diretas (e.g. o rendimento de um setor e todos os outros rendimentos das compras efetuadas por esse setor aos seus fornecedores). Página | 83 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final A análise dos multiplicadores do SIGRE oferece uma visão global do papel da gestão de resíduos de embalagens na economia. Relativamente ao efeito no valor acrescentado o SIGRE ocupa a 28ª posição, em 88 ramos de atividade económica (ver tabela em Anexo); relativamente aos salários ocupa a 25ª posição e em relação ao volume de negócios a 32ª posição. É possível dizer que este é um setor cujo impacto na economia portuguesa é significativo, pois encontra-se no terço superior dos ramos de atividade com maior efeito multiplicador. Os resultados obtidos relativos à gestão global dos resíduos de embalagens são consistentes com os apurados em outros estudos semelhantes. A tabela 2.14 mostra que o multiplicador de VAB da indústria da reciclagem e reutilização nos EUA é de 2,43, o multiplicador de salários é de 2,18 e o de Volume de Negócios é de 1,7. O SIGRE tem como componentes: a entidade gestora (SPV), a gestão de resíduos (MWS) e os retomadores dos vários tipos de materiais recuperados. Pela análise da tabela pode verificar-se, que a atividade da SPV tem um forte impacto no valor acrescentado e nos salários. Tal deve-se sobretudo ao facto da SPV limitar o seu valor acrescentado e ter um baixo número de trabalhadores em relação ao seu volume de negócios. O setor MWS tem multiplicadores inferiores a 2, porque as atividades de recolha, triagem e tratamento de resíduos dos SMAUT efetuam poucas aquisições de bens e serviços a outros ramos de atividade, relativamente às despesas com fatores primários, sobretudo trabalho e custos de financiamento. Dentro dos vários retomadores, o metal e o papel apresentam os maiores efeitos indiretos no valor acrescentado e salários. Relativamente ao volume de negócios, há uma menor variação do multiplicador por tipo de retoma. Estes resultados são consistentes com os valores da literatura revistos nas tabelas 2.15 e 2.16. A tabela 4.8 apresenta o multiplicador de tipo I do SIGRE desagregado pelos diferentes ramos da economia nacional. Relativamente ao VAB, o setor onde a atividade do SIGRE tem maior repercussão é o setor da recolha, triagem e tratamento de resíduos (MWS). Dos 2,25 Euros de VAB gerados na economia por um Euro de valor acrescentado do SIGRE, 64 cêntimos são gerados no setor MWS, 34 cêntimos no setor do papel e cartão, 12 cêntimos no setor dos artigos de borracha e plástico e 9 cêntimos nos setores de construção de edifícios e vendas para grosso. Em termos de salários, a maior influência do SIGRE é ao nível do setor MWS. Seguido pelos setores do papel e cartão e artigos de borracha e plástico. Sendo que, do efeito de 2,30 Euros que o setor do SIGRE tem nos salários, 73 cêntimos ocorrem no setor MWS, 29 cêntimos no setor do papel e cartão e 13 cêntimos no setor dos artigos de borracha. Seguidamente, o efeito do SIGRE faz-se sentir sobretudo nos setores de vendas para grosso e construção de edifícios, onde o efeito é de cerca de 10 cêntimos. Relativamente ao volume de negócios, verifica-se que o setor onde a atividade do SIGRE se repercute mais é o setor do papel e cartão, seguido pelo setor MWS. Do efeito multiplicador de 2,04 Euros de volume de negócios de cada Euro de volume de negócios do SIGRE, 41 cêntimos são gerados no setor do papel e cartão, 31 cêntimos no setor MWS, 19 cêntimos na SPV, 14 cêntimos no setor dos artigos de borracha e plástico e 11 cêntimos no setor da eletricidade. Página | 84 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 4.8 - Desagregação do multiplicador de tipo I do SIGRE por ramo de atividade (Euro/Euro), por ordem decrescente de multiplicador de VAB Setor VAB Salários Volume de Negócios MWS 0,643 0,733 0,317 Papel e cartão 0,340 0,292 0,410 Artigos de borracha e plástico 0,121 0,134 0,135 Construção de edifícios 0,089 0,101 0,083 Vendas para grosso (excepto veículos) 0,088 0,102 0,056 Eletricidade 0,075 0,033 0,111 SPV 0,070 0,037 0,191 Outros produtos minerais não metálicos (vidro) 0,069 0,075 0,064 Serviços financeiros 0,060 0,054 0,028 Engenharia civil 0,059 0,074 0,064 Transporte terrestre 0,058 0,074 0,045 Instalação/reparação de máquinas e equipamento 0,049 0,059 0,039 Produtos florestais 0,038 0,012 0,017 Duma forma global, os setores de recolha, triagem e tratamento de resíduos (MWS), papel e cartão, artigos de borracha e plástico, construção de edifícios, vendas para grosso e eletricidade são os que beneficiam mais, de forma direta e indireta, da atividade do SIGRE. Em anexo é apresentado adicionalmente o efeito desagregado do multiplicador de tipo I do SIGRE para os 85 ramos de atividades económicos analisados neste trabalho. A tabela 4.9 mostra a alavancagem efetuada pelo SIGRE em vários setores da economia, em valores absolutos. A alavancagem é entendida aqui como o valor monetário dos efeitos indiretos dum dado setor (neste caso os vários ramos de atividade que compõe o SIGRE) nos restantes setores da economia. A alavancagem total do SIGRE é de 147 milhões de Euros de VAB, 80 milhões de Euros de salários e 391 milhões de Euros de volume de negócios. Estes valores devem ser contrastados com o impacto direto do SIGRE, que é, respetivamente, de 117 milhões de Euros no valor acrescentado bruto da economia doméstica, 61 milhões em termos salariais e 377 milhões no que se refere ao volume de negócios. Página | 85 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 4.9 - Alavancagem do SIGRE por ramo de atividade (milhões de Euros), por ordem decrescente de alavancagem em VAB. VAB Salários Volume de Negócios MWS 24,78 14,83 39,37 Construção de edifícios 10,39 6,23 31,46 Vendas para grosso (excepto veículos) 10,30 6,26 21,27 Eletricidade 8,79 2,05 42,01 Serviços financeiros 7,00 3,29 10,72 Engenharia civil 6,87 4,57 24,07 Transporte terrestre 6,76 4,56 17,15 Instalação/reparação de máquinas e equipamento 5,76 3,62 14,81 Máquinas e equipamento 4,28 2,85 13,38 Papel e cartão 2,94 1,33 11,43 Produtos químicos 2,02 1,06 11,08 Combustíveis 0,85 0,33 15,61 Setor Globalmente, o setor que mais beneficia da alavancagem do SIGRE é o setor de recolha, triagem e tratamento de resíduos de embalagens (MWS). Em seguida surgem alguns ramos de atividade exteriores ao SIGRE (construção, vendas por grosso, eletricidade, etc.). Dentro dos ramos de atividades que compõe o SIGRE os retomadores de papel e cartão são o setor que mais alavancagem tem do SIGRE, a seguir a MWS. O setor onde a alavancagem de VAB é maior é MWS, com 25 milhões de Euros; o valor correspondente para salários é de 15 milhões, e ocorre também no MWS; por fim, o valor correspondente para volume de negócios é de 42 milhões e ocorre para eletricidade. 4.4.3.2 Comparação de Cenários de Gestão Resíduos de Embalagens Tendo em conta o atual panorama relacionado com a gestão de resíduos de embalagens no SIGRE, que é gerido pela SPV, procurou-se adicionalmente avaliar as consequências económicas de um cenário alternativo em que não ocorrem separação e reciclagem de resíduos de embalagens. O efeito sobre o valor acrescentado bruto desta alteração foi modelado da seguinte forma: Variação de VAB = A + B + C + D, onde cada um dos termos A, B, C e D é descritos abaixo: A (Efeito da eliminação do VPV): Na ausência do SIGRE, os embaladores já não têm de pagar o Valor Ponto Verde (VPV). Para estudar o efeito que esta redução nos custos de produção tem no consumo adicional das famílias consideraram-se dois casos-limite. Primeiro, se o preço do produto permanecer constante, o valor acrescentado das companhias embaladoras aumenta, providenciando rendimento adicional para os acionistas nacionais. Segundo, se o preço do produto refletir a redução dos custos de produção, os consumidores têm mais rendimento disponível para gastar. Assim, considerou-se que o cabaz de compras do consumidor médio se mantém Página | 86 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final inalterado e que a poupança no VPV se manifesta diretamente como um aumento do consumo médio das famílias. O aumento da procura final estimula o consumo de produtos domésticos e importados, sendo que o primeiro contribui para o valor acrescentado e o segundo não. Considerando um total de VPV de 56 milhões de Euros (SPV, 2009), o efeito líquido do aumento da procura devido à eliminação do VPV é de +45 milhões de Euros. B (Efeito dos encargos com o tratamento de resíduos indiferenciados): No cenário alternativo, é necessário considerar o destino dos resíduos de embalagens que são atualmente reciclados, e que passam a ser tratados. Considerou-se que a sua gestão seria idêntica à dos resíduos sólidos urbanos indiferenciados. Tal significa um aumento dos encargos com as operações de recolha indiferenciada e tratamento (aterro e incineração), que têm que ser suportados pelos municípios e famílias, reduzindo o rendimento disponível para consumo. De acordo com Cruz et al. (2012), o custo médio do tratamento de resíduos separados e indiferenciados é, respetivamente de 189 e 103 Euro/t. Considerando um volume total de resíduos separados a partir de SPV (2010), e uma comparticipação atual de 60 milhões de Euros da SPV às SMAUT (VC-RS, VC-CI e VIC), conclui-se que os atuais encargos das famílias com a recolha e triagem de resíduos de embalagens são de 26 milhões de Euros. No cenário alternativo estes resíduos passam ao circuito de recolha indiferenciada integralmente suportada pelas famílias, num valor de 47 milhões de Euros. Considerando que este aumento se reflete numa redução de consumo por parte das famílias de 21 milhões de Euros, o efeito sobre o VAB é de -17 milhões de Euros. C (Efeito da operação de tratamento de resíduos indiferenciados): No cenário alternativo o VAB dos setores da SPV e do MWS (no valor de 8 e 51 milhões de Euros) desaparece. Os resíduos de embalagens presentemente recolhidos de forma seletiva passarão a ter o mesmo tratamento dos RSU produzidos (SPV, 2010). Esta alteração provoca um aumento de 9% do VAB atualmente gerado pela atividade de tratamento de RSU indiferenciado. Considerando um custo de tratamento de RSU indiferenciado de 103 Euro/t (Cruz et al., 2012) e o total de RSU produzidos indicado acima, o custo total de tratamento de RSU é de 538 milhões de Euros, o que representa 21% do total de despesas do CAE 37, que engloba o tratamento de RSU. Como o VAB do CAE 37 é de 977 milhões de Euros, considerámos que o VAB de tratamento de RSU é de 202 milhões de Euros, e por consequência, a adição de 458324 toneladas de resíduos indiferenciados no cenário alternativo leva a um aumento do VAB de 18 milhões de Euros. O efeito resultante sobre o VAB é de -41 milhões de Euros. D (Efeito da eliminação da retoma de resíduos de embalagem): No cenário alternativo, os ramos de atividade que atualmente retomam resíduos de embalagens separados como fatores de produção passam a ter que obter essas matériasprimas por outras fontes. Assumiu-se que o valor de mercado de produtos secundários é semelhante àquele dos produtos principais que substituem, tomando em atenção a perda de qualidade dos produtos reciclados (Nakamura e Kondo, 2002). Considerou-se igualmente que estas matérias-primas de substituição são importadas. Assim, considerou-se uma quebra Página | 87 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final de VAB nos setores de retoma, no valor de 37, 13, 6 e 3 milhões de Euros (respetivamente para os setores de papel, plástico, vidro e metais). Estes valores foram obtidos considerando que razão entre o VAB do subsetor de retoma e o VAB do ramo de atividade mais agregado é idêntica à razão entre o VLR e o valor de trocas intersetoriais do ramo de atividade mais agregado. A retoma de papel é um subsetor do CAE 17, a retoma de plástico é um subsetor do CAE 22, a retoma de vidro é um subsetor do CAE 23 e a retoma de metais é um subsetor do CAE 24. O efeito resultante sobre o VAB é de -58 milhões de Euros. O efeito combinado destes diferentes fatores é uma redução líquida de PIB de cerca de 71 milhões de Euros no cenário alternativo (ausência de separação e reciclagem de resíduos de embalagens). Página | 88 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 5 AVALIAÇÃO SOCIAL DO SIGRE 5.1 ENQUADRAMENTO GERAL A avaliação social ao SIGRE foi realizada a três níveis. Em primeiro lugar, tipificaram-se os empregos existentes nas empresas que colaboram com a SPV na recolha, triagem, tratamento e retoma/reciclagem de resíduos de embalagens, comparando as suas estatísticas descritivas com indicadores médios nacionais. Em segundo lugar, com base nos resultados obtidos e com base em informação bibliográfica, estimaram-se os empregos que estão especificamente associados à gestão de resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE. Em terceiro lugar, identificaram-se resultados de projetos de responsabilidade social promovidos pela SPV com o intuído de contribuir para uma sociedade mais justa e sustentável e que extravasam o âmbito obrigatório de atuação da SPV De seguida descrevem-se as avaliações realizadas, nomeadamente em termos do seu âmbito, objetivos e metodologias empregues e apresentam-se os principais resultados obtidos. 5.2 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS DE RECOLHA, TRIAGEM E RETOMA/RECICLAGEM DOS RESÍDUOS DE EMBALAGENS 5.2.1 Âmbito e objetivos da avaliação O âmbito da avaliação realizada são as empresas que efetuam a Recolha, Triagem e Retoma/Reciclagem dos Resíduos de Embalagens no âmbito do SIGRE, tanto ao nível dos resíduos urbanos de embalagens como dos resíduos não urbanos. Neste último caso, tendo em consideração o modelo de gestão existente, excetuam-se do âmbito da análise os produtores de resíduos de embalagens não urbanos, estando incluindo as empresas que efetuam a sua recolha para posterior reciclagem (Operadores de Gestão de Resíduos (OGR)). Com a análise realizada pretendeu analisar-se a representatividade das empresas parceiras da SPV face ao universo nacional em termos de: Nº de trabalhadores Características dos empregos existentes, nomeadamente em termos de: o Género o Idade o Nacionalidade o Habilitações literais o Responsabilidade hierárquica o Antiguidade o Nº de experiências em outras empresas o Nível salarial Página | 89 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 5.2.2 Metodologia utilizada A metodologia utilizada, bem como as fontes de dados e as limitações associadas à avaliação são idênticas às referidas no capítulo 4.3. tendo apenas variado o tipo de informação avaliado. 5.2.3 Resultados 5.2.3.1 Evolução do Nº de Trabalhadores Na tabela 5.1 encontram-se representados os dados relativos ao número de trabalhadores das empresas parceiras da SPV ao longo da última década. Estão igualmente listados os resultados relativos às “empresas não SIGRE”, que são empresas com o mesmo CAE das empresas parceiras da SPV mas que não efetuam a gestão de resíduos de embalagens e ainda os resultados relativos ao universo de empresas a nível nacional. Tabela 5.1 – Evolução do número de trabalhadores das empresas parceiras da SPV no SIGRE, em 2000-2009 (valores médios por empresa) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Não SIGRE (todas) 10,03 10,02 9,39 9,27 9,24 8,99 8,99 9,01 9,09 8,87 Não SIGRE (dentro do mesmo universo CAE) 10,80 10,37 9,44 9,57 10,23 10,13 10,37 9,71 9,75 9,49 SIGRE 69,92 74,01 71,73 63,75 67,02 65,84 66,15 59,40 65,16 67,34 Nota: Ter em atenção que as empresas do SIGRE variaram ao longo dos anos (ver capítulo 4). Os dados apresentados acima indicam que as empresas do SIGRE empregam em termos médios entre seis e sete vezes mais trabalhadores do que as restantes empresas da economia portuguesa. Na tabela 5.2 e figura 5.1 apresentam-se os dados sobre a evolução do número de trabalhadores nas empresas parceiras da SPV, desagregados por tipo de operador. Tabela 5.2 – Evolução do número de trabalhadores das empresas parceiras da SPV no SIGRE, desagregadas por tipo de operador, em 2000-2009 (valores médios por empresa) SMAUT Retomador 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 68,23 77,07 87,53 90,00 92,40 98,18 96,87 101,13 101,71 105,72 128,59 143,06 140,12 114,43 125,81 120,32 117,47 2007 2008 2009 94,23 113,64 109,00 OGR 13,44 13,47 11,50 12,79 11,38 12,00 14,18 14,50 15,11 17,14 Retom. / OGR 24,35 27,17 23,46 24,48 24,73 27,28 27,52 30,74 30,45 34,39 SMAUT/OGR 47,50 34,33 45,67 41,00 47,50 54,00 65,00 75,00 97,25 134,50 Nota: Ter em atenção que as empresas do SIGRE variaram ao longo dos anos (ver capítulo 4). Página | 90 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final N.º de trabalhadores (média) 160 140 120 100 80 60 40 20 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Ano SMAUT OGR SMAUT/OGR Não SPV (dentro do mesmo universo CAE) Retomador Retom. / OGR SPV Figura 5.1 - Número médio de trabalhadores por empresa no SIGRE, em 2000-2009 Pela observação da tabela 5.2 e figura 5.1, verifica-se que entre 2000 e 2009 ocorreu uma tendência de diminuição do número médio de trabalhadores nos retomadores, verificando-se a tendência inversa nos SMAUT e OGR. Se por um lado as empresas retomadoras tiveram uma diminuição do seu número de trabalhadores em cerca de 15%, por outro, os SMAUT viram o seu número de trabalhadores aumentar em 55% neste período. Estes resultados contrastam com a diminuição que ocorreu em termos médios nos setores a que pertencem as empresas parceiras da SPV no SIGRE. Em termos absolutos, como se pode verificar pela análise da figura 5.2, considerando a totalidade de empresas associadas à SPV, por tipo de atividade, verifica-se o n.º de empregos dos retomadores do SIGRE é maior que o n.º de empregos associados aos outros tipos de empresas parceiras da SPV. No entanto, este valor, apesar de ter flutuado ligeiramente, em 2009, apresentava um valor semelhante ao início da década, o que contrasta com a evolução do n.º de trabalhadores dos SMAUT parceiros do SIGRE. 5000 N.º de trabalhadores 4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Ano SMAUT Retomador Retom. / OGR SMAUT/OGR OGR Figura 5.2 - Força de trabalho em empresas parceiras da SPV no SIGRE, em 2000-2009 Página | 91 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 5.2.3.2 Características dos Empregos Existentes Na tabela 5.3 encontram-se reunidos os principais dados que caracterizam os trabalhadores das parceiras da SPV no SIGRE, bem como dos trabalhadores de empresas com o mesmo CAE destas empresas e ainda do universo de empresas a nível nacional. Tabela 5.3 - Estatísticas descritivas dos trabalhadores das empresas parceiras da SPV no SIGRE, em 2000-2009 (valores médios) 2000 Não SIGRE (todas) Não SIGRE (dentro do mesmo universo CAE) 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Género (1=mulher) 0,42 0,42 0,43 0,43 0,43 0,44 0,44 0,45 0,45 Idade 37,09 37,28 37,54 37,72 37,62 37,84 38,06 38,26 38,64 Nacional (1=PT) 0,99 0,96 0,96 0,95 0,95 0,95 0,95 0,95 0,95 Habilitações (anos) 7,41 7,74 7,90 8,07 8,31 8,59 8,77 9,00 9,20 Hierarquia (1= Aprendiz; 8=Quadro Superior) 4,09 4,17 4,17 4,17 4,14 4,17 4,20 4,23 4,27 Nº anos como Empregado 9,83 9,03 9,29 9,53 9,50 9,79 10,02 10,23 10,69 Nº de experiências em diferentes empresas 1,83 1,88 1,92 1,96 2,01 2,08 2,15 2,21 2,26 Salário por hora (€) 5,58 5,63 5,58 5,72 5,73 5,74 5,70 5,77 5,80 Género (1=mulher) 0,38 0,39 0,42 0,43 0,44 0,44 0,44 0,43 0,41 Idade 38,07 38,29 38,51 38,97 38,83 39,20 37,50 37,96 38,49 Nacional (1=PT) 0,99 0,95 0,94 0,94 0,93 0,93 0,96 0,96 0,96 Habilitações (anos) 6,43 6,64 7,01 7,12 7,30 7,46 7,56 7,71 7,87 Hierarquia (1= Aprendiz; 8=Quadro Superior ) 3,65 3,71 3,73 3,68 3,65 3,64 4,10 4,11 4,15 Nº anos como Empregado 9,55 8,85 8,90 9,34 9,40 9,78 10,92 11,32 11,86 Nº de experiências em diferentes empresas 1,90 1,94 1,97 2,08 2,15 2,23 2,42 2,51 2,57 Salário por hora (€) 4,66 4,69 4,89 5,01 5,06 5,01 4,60 4,67 4,69 Género (1=mulher) 0,20 0,20 0,21 0,20 0,20 0,20 0,21 0,22 0,21 Idade 39,58 39,28 39,32 39,73 39,24 39,23 39,27 39,64 39,87 Nacional (1=PT) 0,99 0,96 0,94 0,95 0,95 0,96 0,95 0,95 0,95 Habilitações (anos) 6,87 7,37 7,49 7,74 7,91 8,13 8,12 8,38 8,53 Hierarquia (1= Aprendiz; 8=Quadro Superior) 3,84 3,89 3,89 3,94 3,91 3,96 3,92 3,97 4,03 Nº anos como Empregado 14,14 12,89 12,35 12,72 12,43 12,47 12,18 12,78 13,04 Nº de experiências em diferentes empresas 1,90 1,92 1,97 1,96 2,09 2,15 2,26 2,27 2,40 Salário por hora (€) 7,17 7,21 7,06 7,43 7,33 7,41 7,33 7,35 7,13 SIGRE Pela análise dos dados pode verificar-se que tipicamente, as empresas parceiras da SPV empregam cerca de 21% de trabalhadores do género feminino, enquanto que as empresas do mesmo CAE destas empregam sensivelmente o dobro (42%). Apesar desta diferença muito significativa, o aspeto que mais se destaca na comparação dos perfis dos trabalhadores das empresas parceiras da SPV com as restantes empresas com o mesmo CAE prendese com as remunerações dos trabalhadores, que são consideravelmente mais elevadas nas primeiras. Um dos fatores que poderá explicar esta diferença é o facto dos trabalhadores das empresas parceiras da SPV terem maior antiguidade na empresa. Página | 92 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Outro dos aspetos reconhecidos como relevantes na economia de trabalho, que se pode observar nesta análise comparativa, consiste no facto dos trabalhadores das empresas parceiras da SPV serem em média mais velhos dos que os trabalhadores das restantes empresas com o mesmo CAE. Por outro lado, os trabalhadores das empresas integrantes do SIGRE têm igualmente maior número de anos de escolaridade do que os trabalhadores e permanecem um número médio de anos como empregado bastante superior. Finalmente, ao longo da última década verificou-se nas empresas parceiras da SPV um ligeiro aumento na contratação de trabalhadores estrangeiros e mulheres, tendência que se registou igualmente no universo das restantes empresas com o mesmo CAE. De referir que os resultados obtidos são coerentes com o âmbito mais alargado da gestão de resíduos a nível nacional, considerando outros resíduos (ver capítulo 2.3.2, por exemplo a participação na força de trabalho de mulheres). Tal deve-se ao facto de, por um lado, grande parte dos operadores do SIGRE realiza igualmente a gestão de outros tipos de resíduos e por outro, a atividade de gestão de resíduos de embalagens é muito similar à dos restantes resíduos. Na tabela 5.4 apresentam-se as estatísticas descritivas médias da força de trabalhado das empresas integrantes do SIGRE, desagregadas por tipo de operador. Pelo apresentado, por exemplo, verifica-se que os SMAUT contrataram tendencialmente mais mulheres ao longo dos últimos anos, verificando-se também uma maior contratação de trabalhadores estrangeiros. Os retomadores parecem privilegiar a contratação de trabalhadores mais velhos, tendo estas empresas os trabalhadores com maior antiguidade, ou seja, anos de experiência na própria empresa. Em termos de habilitações, verifica-se que no ano de 2000, o número médio de anos de escolaridade era superior nos OGR, sendo que no final da última década, esse aspeto alterou-se significativamente, sendo possível verificar que em 2009 os trabalhadores empregues pelos retomadores são aqueles que apresentam maiores habilitações. Página | 93 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 5.4 – Estatísticas descritivas dos trabalhadores em empresas parceiras da SPV no SIGRE, desagregadas por tipo de operador, em 2000-2009 (valores médios) 2000 Género (1=mulher) Idade SMAUT 2006 2007 2008 2009 0,16 0,17 0,18 0,18 0,19 0,20 0,21 0,21 36,68 36,56 37,42 37,75 37,97 38,48 38,94 39,34 39,99 0,96 0,96 0,96 0,96 0,97 0,96 0,96 0,97 7,65 7,67 7,65 7,79 7,89 8,01 8,07 8,14 8,17 Hierarquia (1= Aprendiz; 8=Quadro Superior) 3,87 3,61 3,63 3,51 3,63 3,64 3,67 3,73 3,86 Nº anos como Empregado 7,57 7,12 7,53 8,14 8,49 9,24 9,87 10,32 11,06 Nº de experiências em diferentes empresas 2,39 2,34 2,33 2,35 2,40 2,45 2,48 2,50 2,60 Salário por hora (€) 6,85 6,77 6,65 6,65 6,73 6,86 6,56 6,75 6,85 Género (1=mulher) 0,21 0,21 0,21 0,19 0,19 0,18 0,18 0,19 0,18 40,68 40,56 40,75 41,14 40,53 40,33 40,27 40,68 40,63 Nacional (1=PT) 1,00 0,97 0,95 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 Habilitações (anos) 6,73 7,42 7,48 7,79 7,97 8,25 8,18 8,53 8,79 Hierarquia (1= Aprendiz; 8=Quadro Superior) 3,83 3,99 3,96 4,06 4,03 4,10 4,05 4,08 4,12 16,51 15,48 15,43 15,59 15,52 15,31 14,96 15,60 15,70 Nº de experiências em diferentes empresas 1,78 1,78 1,81 1,77 1,91 1,92 2,07 2,04 2,10 Salário por hora (€) 7,52 7,74 7,64 8,13 8,00 8,13 8,37 8,20 7,87 Género (1=mulher) 0,28 0,29 0,31 0,30 0,31 0,30 0,32 0,31 0,26 35,13 33,90 34,95 35,83 35,95 36,59 36,98 37,35 37,63 Nacional (1=PT) 0,99 0,94 0,90 0,90 0,95 0,97 0,93 0,93 0,92 Habilitações (anos) 7,95 7,25 8,25 8,33 8,63 8,83 8,83 8,71 8,51 Hierarquia (1= Aprendiz; 8=Quadro Superior) 4,10 3,65 4,07 4,01 4,09 4,02 4,06 3,91 3,87 Nº anos como Empregado 7,53 6,43 7,21 7,70 8,31 8,64 8,54 8,90 9,49 Nº de experiências em diferentes empresas 2,23 2,13 2,16 2,20 2,31 2,51 2,38 2,45 2,68 Salário por hora (€) 6,18 4,96 5,75 5,86 6,03 6,57 6,59 6,40 5,52 0,22 0,27 0,31 0,29 0,28 0,27 0,28 0,28 0,27 37,45 37,43 37,74 38,02 37,60 37,49 38,16 38,16 38,71 Género (1=mulher) Idade Nacional (1=PT) 0,97 0,88 0,87 0,87 0,87 0,88 0,89 0,88 0,91 Habilitações (anos) 6,56 6,50 6,72 7,00 7,41 7,65 7,77 8,14 8,45 Hierarquia (1= Aprendiz; 8=Quadro Superior) 3,93 3,68 3,88 3,96 3,84 3,92 3,88 4,02 4,03 Nº anos como Empregado 9,03 8,31 8,47 9,09 8,81 9,38 9,88 9,97 10,95 Nº de experiências em diferentes empresas 2,02 1,97 1,91 1,99 2,11 2,25 2,40 2,40 2,60 Salário por hora (€) 5,42 4,87 5,24 5,30 5,99 5,87 5,87 6,07 6,11 Género (1=mulher) 0,17 0,17 0,18 0,26 0,27 0,27 0,29 0,29 0,27 36,51 37,02 Idade SMAUT/OGR 2005 1,00 Idade Retom. / OGR 2004 Nacional (1=PT) Nº anos como Empregado OGR 2003 Habilitações (anos) Idade Retomador 0,14 2002 36,13 36,09 36,40 36,76 36,58 36,71 38,13 Nacional (1=PT) 1,00 1,00 0,99 0,97 0,96 0,96 0,95 0,98 0,98 Habilitações (anos) 5,04 6,77 7,38 7,61 7,43 7,51 7,71 8,33 8,38 Hierarquia (1= Aprendiz; 8=Quadro Superior) 2,75 3,75 3,87 3,98 3,78 3,78 3,70 3,95 4,11 Página | 94 Nº anos como Empregado 5,49 6,25 6,93 6,80 7,57 7,80 8,29 8,68 9,86 Nº de experiências em diferentes empresas 1,95 2,13 2,23 2,25 2,34 2,42 2,39 2,74 3,00 Salário por hora (€) 3,98 5,09 5,24 6,05 6,07 5,85 5,72 5,82 6,38 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 5.3 EMPREGOS ASSOCIADOS À GESTÃO DE RESÍDUOS DE EMBALAGENS 5.3.1 Âmbito e objetivos da avaliação Nos capítulos anteriores apresentaram-se estatísticas relacionadas com o nº e as características dos trabalhadores das empresas que integram o SIGRE. Acontece que muitas das empresas do SIGRE têm outras atividades que extravasam a gestão dos resíduos de embalagens, como por exemplo os SMAUT que efetuam a gestão da totalidade dos resíduos urbanos, ou os Retomadores, que gerem outros tipos de resíduos (e.g. VFV, WEEE) ou são eles próprios fabricantes de produtos (e.g. recicladores de vidro). Neste contexto, tendo em consideração os dados obtidos anteriormente, bem como outras fontes bibliográficas, procurou-se estimar o número de empregos que estão associados diretamente à gestão dos resíduos de embalagens nas várias empresas do SIGRE. O âmbito da avaliação realizada e que se apresenta de seguida inclui igualmente os empregos associados à gestão, recolha, triagem, transporte e retoma/valorização dos resíduos de embalagens no SIGRE. Tendo por base o ano de 2009, estimou-se o número de empregos diretos associados às seguintes atividades: Gestão do SIGRE pela SPV Sistema Urbano o Recolha seletiva nos SMAUT o Triagem nos SMAUT o Recolha indiferenciada, tratamento, incineração, aterro e outras atividades não operacionais nos SMAUT o Transporte para os retomadores o Retoma das embalagens nos retomadores Sistema eXtra-Urbano o Transporte o “Retoma” das embalagens pelos OGR 5.3.2 Metodologia utilizada Como não foi possível obter dados específicos para a maior parte das atividades de gestão dos resíduos de embalagens junto das respetivas empresas associadas ao SIGRE, utilizaram-se nestes casos métodos indiretos na análise realizada, tendo por base dados bibliográficos e estimativas periciais. O método e as fontes de dados utilizadas variaram consoante o tipo de atividade, como se descreve de seguida. Gestão do SIGRE pela SPV Utilizaram-se as informações constantes no Relatório Anual e Contas de 2009 da SPV. Sistema Urbano Recolha seletiva o Em ecopontos O n.º de trabalhadores afetos à recolha de ecopontos para uma parte significativa dos SMAUT foram determinados com base em dados fornecidos pela SPV. Página | 95 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final o Para os SMAUT, para os quais não houve disponibilidade de dados, estimouse o número de trabalhadores tendo por base valores médios dos sistemas caracterizados especificamente e o n.º de ecopontos existente. Por outro lado, estimaram-se os trabalhadores associados à recolha das embalagens mesmo que esta operação seja efetuada pelos municípios, como no caso da Valorsul para a recolha seletiva. Porta-a-porta Utilizou-se um procedimento análogo à estimativa realizada para a recolha em ecopontos, sendo que, no entanto, para os casos em que não existiam dados específicos por SMAUT, extrapolaram-se os dados em falta com base na população servida em cada sistema e nas quantidades médias recolhidas porta-a-porta por habitante. Triagem o O n.º de trabalhadores afetos à triagem de resíduos de embalagens para uma parte significativa dos SMAUT foi determinado com base em dados específicos fornecidos pela SPV para esta atividade. o Para os SMAUT em que não existiam dados, estimou-se o n.º de trabalhadores tendo por base valores médios de trabalhadores por tonelada de resíduos triados, calculados com base nos sistemas caracterizados especificamente. Tratamento, incineração, aterro e outras atividades não operacionais o Para realizar a estimativa do n.º de trabalhadores associados a estas atividades teve-se em atenção o n.º total de trabalhadores de cada SMAUT associado ao SIGRE, tendo por base a base de dados do INE referente aos "Quadros de Pessoal" e ainda o n.º de trabalhadores que se estimou que estão diretamente associados à recolha e triagem dos RE (ver pontos referidos anteriormente). o Com base no diferencial obtido, procedeu-se à alocação dos trabalhadores remanescentes com base nas frações dos resíduos geridos pelos SMAUT que são embalagens ou embalagens indiferenciadas. o De referir que neste caso não se estimou a alocação dos trabalhadores dos municípios que efetuam a recolha indiferenciada dos resíduos urbanos, por falta de dados. Transporte para os retomadores o Identificou-se o nº de trabalhadores associados à atividade de transporte de mercadorias por rodovia e ainda o total de mercadorias transportadas em território nacional em 2009 (dados INE). o A estimativa do nº de trabalhadores no transporte associado ao encaminhamento de resíduos de embalagens do sistema urbano para reciclagem resulta do produto entre o nº de trabalhadores associados à atividade de transporte de mercadorias (rodovia) em Portugal e a quantidade dos resíduos de embalagens enviados para reciclagem, dividido pelo total de mercadorias transportadas por rodovia em Portugal (em toneladas). Neste aspeto, não se teve em conta os casos em que o transporte é realizado pelos próprios retomadores, considerando-se que são entidades distintas a realizar as referidas operações. Não se teve igualmente em conta o transporte dos retomadores para os locais de reciclagem propriamente ditos, quando aplicável, ou seja, quando os retomadores apenas efetuam as operações de processamento/armazenamento dos resíduos de embalagens. Retomadores o A estimativa foi obtida através de um procedimento de alocação do nº de trabalhadores dos retomadores do SIGRE (ver capítulo 5.2), com base no valor das vendas de 2009 desses retomadores (base de dados “Quadros de Pessoal”, do INE) e o Página | 96 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final valor médio de mercado dos materiais transacionados com a SPV. Apesar das suas limitações, esta metodologia foi utilizada dado de não se disporem de outros dados que permitissem utilizar métodos de extrapolação mais fidedignos. Sistema eXtra-Urbano o Transporte Utilizou-se um procedimento análogo à estimativa realizada para o transporte para os retomadores. o “Retoma” das embalagens pelo “OGR” Utilizou-se um procedimento análogo à estimativa realizada para os retomadores. A estimativa para o n.º total de empregos relacionados com a gestão dos resíduos de embalagens no SIGRE é apenas indicativa, dado o nível de incerteza associado aos dados e pressupostos utilizados. No entanto, de referir que a incerteza a nível da recolha seletiva e triagem no fluxo urbano é bastante menor, por exemplo, que a incerteza a nível da retoma destes resíduos, dado assentar em parte em dados compiladores especificamente junto dos SMAUT pela SPV. Deste modo, uma vez que as operações de recolha seletiva e triagem são as mais intensivas em mão de obra por quantidade de resíduo de embalagens geridos, dada a sua natureza intrínseca, o resultado global obtido para o n.º de trabalhadores associados às atividades de gestão consideradas permite no entanto fornecer uma indicação macro do nível de emprego direto associado ao SIGRE. 5.3.3 Resultados Na tabela 5.5 apresentam-se as estimativas relativas aos empregos diretamente relacionados com o SIGRE em 2009, desagregados por tipo de entidade e operação, obtidos tal como descrito no capítulo 5.3.2. Como pode verificar-se, estima-se que o nível de emprego direto relacionado com a gestão dos resíduos de embalagens das empresas parceiras do SIGRE ascenda a mais de 2300 postos de trabalho. Tabela 5.5 – Estimativa do número de empregos associados à gestão dos resíduos de embalagens do SIGRE SMAUT Nº de trabalhadores afetos à SPV (média – trabalhadores por empresa) Retoma dores OGR Recolha seletiva Triagem Tratamento, incineração, aterro e outras atividades não operacionais 46 713 613 306 98 72 243 276 2367 - 21 18 9 - - 5 4 - SPV Nº de trabalhadores afetos ao SIGRE Transportadores TOTAL RE Urbanos RE Não Urbanos RE Urbanos RE Não Urbanos Embora não tenha sido possível comparar o nível de emprego associado à atual configuração do SIGRE face a outros cenários em que a gestão dos resíduos de embalagens seria efetuada indiferenciadamente dos resíduos urbanos, os resultados apurados, que por um lado, indicam que a recolha seletiva e triagem dos resíduos de embalagens é muito mais intensiva em trabalho do que a recolha indiferenciada e tratamento destes resíduos por incineração/aterro e, por outro, que a reciclagem é aparentemente benéfica em comparação com o consumo de recursos primários (ver capitulo 2), permitem inferir que o SIGRE conduz à criação líquida de emprego a nível nacional. Página | 97 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 5.4 IMPACTE DOS PROJETOS PROMOVIDOS PELA SPV DE RESPONSABILIDADE SOCIAL A SPV tem sido ao longo dos seus 15 anos de existência um parceiro ativo na sociedade, interagindo com os seus stakeholders no sentido de participar em ações de cariz social e educacional, desta forma, a SPV tem desde sempre assumido a sua responsabilidade perante a comunidade onde se insere. Extravasando o objeto direto da sua atividade que, como estabelecido no capítulo anterior, tem um impacte bastante positivo nas empresas suas parceiras, o compromisso da SPV em termos de responsabilidade social estende-se por todo o país e direciona-se para um desenvolvimento sustentável sócio-ambiental. Neste sentido, e assumindo uma posição distintiva no seu setor de atividade, a SPV desenvolveu desde 2008 projetos de responsabilidade social que tiveram como objetivo apoiar causas sociais e, simultaneamente, melhorar as taxas de recolha e reciclagem dos resíduos de embalagem cuja responsabilidade de gestão é da SPV. As campanhas de solidariedade da SPV surgiram numa altura em que esta entidade quis marcar o início de uma nova etapa da sua atividade, suportada por uma colaboração crescente dos portugueses relativamente à separação dos resíduos de embalagem. 5.4.1 Âmbito e objetivos dos projetos Foram dois os principais projetos de responsabilidade social desenvolvidos pela SPV ao longo dos últimos anos. Estes tiveram como âmbito i) entrega de unidades de rastreio de cancro de mama em hospitais – Projeto “2 causas por 1 causa”; ii) construção de salas e entrega de material escolar a escolas/crianças carenciadas – Projeto “Reciclar é Dar e Receber”. 5.4.1.1 Projeto “2 causas por 1 causa” Em 2008 a SPV lançou a campanha “2 causas por 1 causa” com o objetivo de apoiar uma causa de cariz social pelo estímulo à melhoria da taxa de recolha de resíduos de embalagem. Neste projeto a SPV aliou-se à Associação Laço que é uma associação sem fins lucrativos que tem por objetivo contribuir para a prevenção, diagnóstico e tratamento do cancro da mama. A Associação Laço possui unidades fixas e móveis de rastreio do cancro da mama com capacidade para realizar diagnóstico desta doença. O país não está ainda totalmente coberto por este programa de prevenção, é por este motivo que a atividade da Laço necessita de financiamento privado para garantir a aquisição de novos equipamentos de rastreio que alarguem a sua cobertura nacional. Com esta campanha específica a SPV contribuiu para o aumento do número de mulheres portuguesas com acesso gratuito ao rastreio do cancro de mama, garantindo em simultâneo um incentivo à prossecução das metas de recolha e reciclagem de resíduos de embalagem. Esta campanha foi por isso suportada na participação de toda a população residente nos municípios que foram envolvidos na sua operacionalização. Ao projeto aderiram 23 SMAUT integrando no seu total 231 municípios, correspondentes a cerca de 9 milhões de habitantes. A SPV apoiou o desenvolvimento deste projeto sobretudo porque a Associação Laço apoia uma causa transversal à sociedade, que está presente em todas as regiões do país e que tem muita visibilidade. Desta forma, a SPV garantiu a potencial participação de um largo conjunto de pessoas que foi alertado para a questão e que, por sentir alguma proximidade com o tema, foi levado a participar. Página | 98 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final A SPV garantiu a campanha de comunicação do projeto com o objetivo de envolver nesta causa o maior número de pessoas possível. Era objetivo inicial do projeto contribuir, em 2 anos, com 400.000 Euros para a Associação Laço. 5.4.1.2 Projeto “Reciclar é Dar e Receber” O projeto “Reciclar é Dar e Receber” iniciou-se em 2009 e ainda se encontra presentemente ativo. Tal como na campanha “2 causas por 1 causa”, a SPV pretendeu com este projeto apoiar uma causa social e simultaneamente, melhorar o nível de participação das populações na recolha seletiva de resíduos de embalagem. O projeto foi construído com base numa parceria com a Associação Entreajuda que é uma instituição particular de solidariedade social que visa apoiar outras instituições em tudo o que se refere à sua organização e gestão, com o objetivo de melhorar o seu desempenho e eficiência em benefício das pessoas carenciadas. Nesta campanha a SPV ambiciona mostrar aos portugueses que a separação e depósito dos resíduos de embalagem para envio para reciclagem tem como consequência a produção e novos produtos com novas utilizações, bem como a redução do consumo de energia, água e materiais virgens. Especificamente, este projeto consistiu em aproveitar a atividade de recolha e envio para reciclagem dos resíduos de embalagem geridos pela SPV para, numa primeira fase, apoiar alunos carenciados e, numa segunda fase, apoiar um conjunto de escolas espalhadas por todo o país. A participação da Associação Entreajuda teve como objetivo a identificação das instituições que têm mais condições para receber o financiamento proveniente do projeto. Este tem sido um projeto de âmbito nacional que pretendeu apoiar alunos em todo o País. Na sua primeira fase foram oferecidos kits de material escolar aos alunos carenciados, posteriormente, a SPV aditou ao apoio dos alunos carenciados a construção de salas de estudo em diversas escolas do país. Ao longo de toda o projeto a SPV tem garantido a campanha de comunicação do projeto com o objetivo de envolver nesta causa o maior número de pessoas possível. 5.4.2 Meios utilizados 5.4.2.1 Projeto “2 causas por 1 causa” Em termos diretos, cada um dos sistemas municipais e autarquias aderentes contribuiu para esta campanha com um Euro por tonelada de embalagens recicladas em 2008-2009, provenientes da recolha seletiva (ecopontos e porta-a-porta). A SPV, por seu turno, contribuiu com 0,5 Euro por cada tonelada retomada de resíduos de embalagem. Em termos indiretos a SPV fez um investimento em campanhas de televisão e desenho de materiais de apoio distribuído num valor de cerca de um milhão de Euros. A divulgação da campanha contou com o apoio de várias figuras públicas que se associaram à SPV e à Associação Laço, são exemplos, a actriz Ana Bola e as jornalistas Rita Ferro Rodrigues e Tânia Ribas de Oliveira. 5.4.2.2 Projeto “Reciclar é Dar e Receber” As famílias apoiadas no decorrer do projeto foram definidas em colaboração com a Associação Entrajuda que trabalha diretamente com IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) que, por sua vez, trabalham diretamente com crianças carenciadas e têm a capacidade de identificar mais facilmente quem deve ser apoiado. Página | 99 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Em 2010, através e um projeto-piloto, foram apoiadas 2.000 crianças que foram identificadas pelas IPSS que trabalham com a Associação Entrajuda. A cada uma destas crianças carenciadas foi entregue um kit escolar no valor de 20 Euros, que incluía uma mochila e material escolar diverso (e.g. estojo, canetas, compasso, dossier, etc.). Durante esse ano a SPV doou vinte cinco cêntimos por cada tonelada de material de embalagem enviado para reciclagem. Foram contabilizadas todos os resíduos de embalagem: vidro, papel/cartão, plástico e metal e madeira. Na segunda fase do projeto a sua operacionalização implicou o esforço dos portugueses na separação das embalagens de vidro. Neste caso, por cada tonelada de vidro enviada para reciclagem em 20112012 a SPV entregou um Euro para a criação de salas de estudo. 5.4.3 Resultados 5.4.3.1 Projeto “2 causas por 1 causa” Em termos de resultados globais operacionais da campanha “2 causas por uma causa”, a SPV apoiou e financiou o rastreio de cerca de 34.000 mulheres em todo o país. Destas mulheres 204 foram enviadas para tratamento. Na tabela 5.6 apresentam-se os resultados globais do projeto. Tabela 5.6 - Resultados globais do projeto “2 causas por uma causa” Ação Nº Totais (2009|2010|2011) Mulheres rastreadas 34.102 Mulheres enviadas p/ tratamento 201 Em termos financeiros, angariaram-se 409 mil Euros, quantia que foi usada pela Associação Laço para comprar duas unidades de rastreio de cancro de mama. Até à data este constituiu o maior valor anual de investimento feito por uma campanha patrocinada por esta Associação. Este valor representa 0,69% do volume de negócios da SPV em 2009 e, em termos de comparação com outras associações de solidariedade representa, por exemplo, cerca de 1% do valor monetário movimentado pelo Banco Alimentar contra a Fome em 2010 ou 18% do valor anual do orçamento da Associação Abraço em 2010. 5.4.3.2 Projeto “Reciclar é Dar e Receber” A campanha está operacional desde 2010, na primeira fase foram apoiadas 2.000 crianças, tendo sido o valor de investimento de 45.000 Euros. Os seus resultados globais apresentam-se na tabela 5.7. Tabela 5.7 - Resultados globais da 1ª fase do projeto “Reciclar é Dar e Receber” Ano 2010 Página | 100 Nº de Crianças apoiadas 2.000 Valor de Investimento (€) 45.000 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final A segunda fase do projeto dura até à data de elaboração do presente relatório, teve por isso efeitos em 2011 e 2012. Relativamente ao valor do investimento da SPV no projeto, este evoluiu dos 45.000 Euros anuais em 2010 para cerca de 200 mil Euros anuais em 2011-2012, esta evolução representa um aumento de 340% no valor do investimento por parte da SPV. Os dados relativos à segunda fase da campanha constam da tabela 5.8. Tabela 5.8 - Resultados globais da 2ª fase do projeto “Reciclar é Dar e Receber” Ano Nº de Crianças apoiadas Nº Salas Construídas Valor de Investimento (€) 2011 1.077 30 230.000 2012 1.492 25 180.000 No total, e até à data, o projeto “Reciclar é dar e Receber” já representou para a SPV um investimento de cerca de 455 mil Euros. Este valor representa 0,76% do volume de negócios da SPV em 2009. Em termos de comparação com outras associações de solidariedade este representa, por exemplo, cerca de 2% do valor monetário movimentado pelo Banco Alimentar contra a Fome em 2010 ou 20% do valor anual do orçamento da Associação Abraço em 2010. Página | 101 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 6 AVALIAÇÃO INTEGRADA DOS RESULTADOS AMBIENTAIS, ECONÓMICOS E SOCIAIS 6.1 Considerações Iniciais Como demonstrado anteriormente, a SPV e suas empresas parceiras no SIGRE geram impactes positivos ao nível ambiental, económico e social. No presente capítulo apresentam-se os principais resultados obtidos de forma comparativa e integrada, de forma mais percetível, facilitando deste modo a comunicação entre a SPV e os seus diferentes públicos-alvo, nomeadamente do cidadão comum. Pretende-se igualmente fornecer indicadores que possam ser usados para estabelecer metas e objetivos de melhoria contínua das entidades parceiras do SIGRE, em geral, e da SPV em particular. 6.2 Resultados Ambientais 6.2.1 Redução das Emissões de GEE Atual gestão dos resíduos de embalagens Em termos globais, a gestão dos resíduos de embalagens no SIGRE em 2011, conjugando os subsistemas urbano e não urbano, permitiu evitar a emissão de 115.874 t CO2eq. Estas emissões são equivalentes, por exemplo, ao carbono sequestrado por 386 mil pinheiros bravos em 30 anos (ver tabela 6.1). Tabela 6.1 - Benefício ambiental do SIGRE em 2011 (emissões de CO2eq evitadas) 115.874 t CO2eq = 15.750 Peso de Consumo de eletricidade de 927 viagens à volta da terra em avião (por pax) baleias azuis 386.247 pinheiros bravos a sequestrar carbono durante 30 anos 124.302 agregados familiares em Portugal 0,16% das emissões totais de GEE em Portugal 1,56% das emissões de GEE do setor de resíduos nacional Emissões do fabrico de 321.872.086 latas de alumínio de 33 ml Emissões do fabrico de 681.611.477 garrafas de vidro de 33 ml Emissões do fabrico de 260.390.901 resmas de papel c Página | 103 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Comparação entre cenários alternativos Comparando o desempenho da atual gestão de resíduos de embalagens no SIGRE relativamente a um cenário em que estes seriam encaminhados para aterro, o atual modelo de gestão permite evitar a emissão de 400.839 t CO2eq. Estas emissões são equivalentes, por exemplo, às emissões produzidas por 54.482 viagens à volta da terra em avião (tabela 6.2). Tabela 6.2 - Benefício ambiental do SIGRE relativamente ao cenário de encaminhamento dos resíduos para aterro (emissões de CO2eq evitadas) 400.839 t CO2eq = 54.482 Peso de 3.207 1.336.131 Consumo de eletricidade de 429.993 viagens à volta da terra em avião (por pax) baleias azuis pinheiros bravos a sequestrar carbono durante 30 anos agregados familiares em Portugal Por outro lado, relativamente a um cenário em que os resíduos de embalagens seriam encaminhados para incineração, o atual modelo de gestão permite evitar a emissão de 396.240 t CO2eq. Estas emissões são equivalentes, por exemplo, ao peso de 3.170 baleias azuis (tabela 6.3). Tabela 6.3 – Benefício ambiental do SIGRE relativamente ao cenário de encaminhamento dos resíduos para incineração (emissões de CO2eq evitadas) 396.240 t CO2eq = 53.857 Peso de 3.170 1.320.801 Consumo de eletricidade de 425.059 viagens à volta da terra em avião (por pax) baleias azuis pinheiros bravos a sequestrar carbono durante 30 anos agregados familiares em Portugal 6.2.2 Redução do Consumo de Energia Relativamente à redução do consumo de energia, a gestão dos resíduos de embalagens no SIGRE em 2011 permitiu evitar o consumo de 12.688 TJ de energia primária total. Este consumo é, por exemplo, equivalente a 1,32% da energia primária consumida a nível nacional (tabela 6.4). Página | 104 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 6.4 - Benefício ambiental do SIGRE em 2011 (consumo de energia primária total evitado) 12.688 TJ = 1,32% 303.063 do consumo nacional de energia primária toneladas equivalentes de petróleo Por outro lado, traduziu-se igualmente numa poupança de 5.155 TJ de energia primária fóssil, o que é equivalente, por exemplo, ao consumo de 1,8 milhões de frigoríficos de classe A num ano (ver tabela 6.5). Tabela 6.5 - Benefício ambiental do SIGRE em 2011 (consumo de energia primária fóssil evitado) 5.155 TJ = 11.009.862 1.832.041 0,54% PC num ano, alimentados por eletricidade produzida por uma termoelétrica a carvão frigoríficos classe A do consumo nacional de energia primária 123.132 toneladas equivalentes de petróleo 396.519 t de carvão (antracite) 322.866 m3 de gás natural 6.2.3 Redução do Consumo de Água No que diz respeito ao consumo de água, a gestão do SIGRE em 2011 permitiu evitar o consumo de 3 688.716 m de água. O volume de água evitado é o equivalente a cerca de 275 piscinas olímpicas de 50 m (tabela 6.6). Página | 105 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 6.6 - Benefício ambiental do SIGRE em 2011 (consumo de água evitado) 3 688.716 m = Consumo de 10.812 Consumo de 7.652.395 Capacidade de 275 habitantes num ano em Portugal ciclos de lavagem de roupa Piscinas olímpicas 6.2.4 Redução das Emissões de Substâncias Acidificantes Em termos da redução da acidificação do meio, a gestão dos resíduos de embalagens no SIGRE em 2011 permitiu evitar a emissão de 2.150 t SO2 eq. Este valor é o equivalente às emissões geradas por 28.308 camiões num ano (tabela 6.7). Tabela 6.7 – Benefício ambiental do SIGRE em 2011 (emissões de SO2e evitadas) 2.150 t SO2eq = Circulação de 28.308 camiões por ano 6.3 Resultados Económicos 6.3.1 Número e Volume de Vendas das Empresas Aderentes Em 2010 10.748 empresas reportaram à SPV que colocaram embalagens no mercado. Este valor representa 1% do número total de empresas em Portugal. Na tabela 6.8 apresentam-se os números desagregados pelos principais setores de atividade e a sua relação com a globalidade do setor correspondente. Tabela 6.8 – N.º de empresas que reportaram a colocação de embalagens no mercado em 2010 Setor de atividade N.º de empresas Representa 10.748 1% do total de empresas existentes a nível nacional 991 2% do número de empresas desse setor Indústrias transformadoras (CAE secção C) 4.948 7% do número de empresas desse setor Empresas de comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos (CAE Secção G) 3.873 2% do número de empresas desse setor Todas as empresas que reportaram dados Empresas de agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca (CAE secção A) Página | 106 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tendo em conta as empresas para as quais existe informação concreta, o volume de vendas total estimado das empresas aderentes à SPV em 2010 foi de 72.922 Milhões de Euros. Este valor representa 31% do volume de vendas das empresas não financeiras em Portugal. Na tabela 6.9 apresentam-se os resultados desagregados pelos principais setores de atividade e a sua relação com a globalidade do setor correspondente. Tabela 6.9 – Volume de vendas das empresas aderentes à SPV em 2010 [principais setores] Setor de atividade da empresa aderente Volume de vendas [M Euros] Volume de vendas (% nacional/setorial) 72.922 31% do volume de vendas das empresas não financeiras em Portugal 1.086 24% do volume de vendas desses setores Indústrias transformadoras (CAE secção C) 33.043 47% do volume de vendas desses setores Empresas de comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos (CAE Secção G) 37.438 29% do volume de vendas desses setores Todas as empresas aderentes Empresas de agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca (CAE secção A) Realizando uma extrapolação para as empresas para as quais não existe informação sobre o volume de vendas total, mas que colocaram embalagens no mercado nesse ano, o volume de vendas total estimado ascenderia neste caso a 108.448 Milhões de Euros, o que representaria 47% do volume de vendas das empresas não financeiras em Portugal. 6.3.2 VPV pago pelas Empresas Aderentes Em 2010, o Valor Ponto Verde pago à SPV pelas empresas aderentes ao SIGRE foi de 72 Milhões de Euros. Este valor representa, por exemplo, 0,08% do total de custos com fornecimentos de serviços externos das empresas não financeiras em Portugal (tabela 6.10). Tabela 6.10 – Valor Ponto Verde pago pelas empresas aderentes à SPV em 2010 72 Milhões de Euros = 0,08% do total dos custos com FSE das empresas nacionais não financeiras 0,03% dos custos totais intermédios das empresas não financeiras 0,1% do total de vendas estimado das empresas aderentes Página | 107 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 6.3.3 Estrutura do Capital Social e Volume de Vendas e de Empresas Parceiras no SIGRE As empresas parceiras da SPV que efetuam a recolha, triagem e retoma/reciclagem dos resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE em 2009 tinham em média um capital social de 2,3 Milhões de Euros e um volume de vendas de 11,7 Milhões de Euros. Neste último aspeto, tal significava que estas empresas apresentam um volume de vendas 6,4 vezes superior ao valor médio agregado dos setores a que pertencem (tabela 6.11). Em termos do seu número, as empresas parceiras da SPV representam cerca de 11% das empresas dedicadas à gestão de resíduos e 33% das empresas ligadas à produção de materiais e produtos reciclados. Em termos do seu volume de vendas global, estima-se que este tenha-se aproximado de 1600 Milhões de Euros, o que equivale a cerca de 34% do volume de vendas das entidades produtores de bens e serviços de ambiente em Portugal nesse ano. Tabela 6.11 – Características médias das empresas parceiras da SPV no SIGRE em 2009 Nº de empresas Características das empresas parceiras da SPV 138 Rácio de comparação com o universo de empresas não SIGRE (mesmo CAE)0,048 Rácio de comparação com o universo de empresas não SIGRE (todos os CAE) Cap. Social (mil €) 2.300 4,7 5,1 Cap. Soc. Privado Nacional (%) 80 0,8 0,8 Cap. Soc. Público (%) 14 172,3 72,5 Cap. Soc. Estrangeiro (%) 6 2,9 4,1 Nº Estabelecimentos 1,8 1,6 1,6 Vendas (milhões de €) 11,7 6,4 10,6 6.3.4 Efeito Multiplicador do SIGRE ao Nível do Valor Acrescentado Por cada Euro de valor acrescentado do SIGRE, são gerados adicionalmente 1,25 Euros de valor acrescentado no resto da economia. Esse valor é, por exemplo, 11% superior ao do efeito gerado no setor das telecomunicações (ver tabela 6.12). Tabela 6.12 – Efeito multiplicador do Tipo I do SIGRE ao nível do valor acrescentado VAB = 2,25 Página | 108 0,99 X o efeito gerado no setor agrícola 1,57 X o efeito gerado no setor dos produtos florestais 1,11 X o efeito gerado no setor das telecomunicações Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 6.3.5 Efeito Multiplicador do SIGRE ao Nível dos Salários Por cada Euro de salários do SIGRE, são gerados adicionalmente 1,30 Euros de salários no resto da economia. Esse valor é, por exemplo, 10% superior ao do efeito gerado no setor dos produtos florestais (ver tabela 6.13). Tabela 6.13 - Efeito multiplicador do Tipo I do SIGRE ao nível dos salários Salários = 2,30 1,10 X o efeito gerado no setor dos produtos florestais 1,30 X o efeito gerado no setor dos serviços de instalação/reparação de máquinas e equipamento 0,82 X o efeito gerado no setor dos produtos petrolíferos 6.3.6 Efeito Multiplicador do SIGRE ao Nível do Volume de Negócios Por cada Euro de volume de negócios do SIGRE são gerados adicionalmente 1,04 Euros volume de negócios no resto da economia. Esse valor é, por exemplo, 62% superior ao do efeito gerado no setor dos produtos petrolíferos (ver tabela 6.14). Tabela 6.14 - Efeito multiplicador de Tipo I do SIGRE dao nível do volume de negócios Volume de negócios = 2,04 1,62 X o efeito gerado no setor dos produtos petrolíferos 1,23 X o efeito gerado no setor dos produtos florestais 0,97 X o efeito gerado no setor das telecomunicações 6.3.7 Redução do Valor Acrescentado pela Ausência de Promoção da Reciclagem Num cenário em que não se promovesse a reciclagem dos resíduos urbanos de embalagens no quadro do SIGRE, ou seja, em que os resíduos de embalagens seriam recolhidos e tratados indiferenciadamente, o valor acrescentado produzido a nível nacional decresceria em 71 Milhões de Euros. Este valor equivale a 80% das vendas e prestações de serviço da SPV em 2011, sobretudo originárias do VPV e do VR (tabela 6.15). Página | 109 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 6.15 – Diminuição do valor acrescentado num cenário sem SIGRE 71 Milhões de Euros = 80% ao PIB gerado em média por das vendas e prestações de serviço da SPV em 2011 0,04% do PIB nacional em 2011 4.384 pessoas em 2011 6.4 Resultados Sociais 6.4.1 Número e Características dos Trabalhadores das Empresas Parceiras SPV no SIGRE No total, as empresas parceiras da SPV no SIGRE empregam 7.095 trabalhadores, o que equivale a 0,23% dos empregos remunerados das empresas não financeiras em Portugal. O trabalhador típico é homem, português, com 40 anos de idade e com 8,5 anos de escolaridade. Comparando com o universo de empresas que apresentam os mesmos CAE que as empresas parceiras da SPV, verifica-se, por exemplo, que o seu salário médio é superior em 52% (tabela 6.16). Tabela 6.16 – Características médias dos trabalhadores das empresas parceiras da SPV no SIGRE, em 2009 Comparação com o universo de empresas com os mesmos CAE que as empresas parceiras SPV Indicador Género (1=mulher) 0,21 0,5 X Género (1=mulher) 39,87 1,0 X Idade Nacional (1=PT) 0,95 1,0 X Nacional (1=PT) Habilitações (anos) 8,53 1,1 X Habilitações (anos) Hierarquia (1= Aprendiz; 8=Quadro Superior) 4,03 1,0 X Hierarquia (1= Aprendiz; 8=Quadro Superior) 13,04 1,1 X Nº anos como Empregado Nº de experiências em diferentes empresas 2,40 0,9 X Nº de experiências em diferentes empresas Salário por hora (€) 7,13 1,5 X Salário por hora (€) Idade Nº anos como Empregado 6.4.2 Empregos Associados à Atividade de Gestão de Resíduos de Embalagem No total, estima-se que o número de empregos associados à gestão dos resíduos de embalagens do SIGRE ascenda a mais de dois mil e trezentos trabalhadores, o que equivale a 0,08% do emprego nas empresas não financeiras em Portugal. Dos empregos associados à gestão dos resíduos de embalagens, cerca de 83% dizem respeito à gestão dos resíduos de embalagens urbanos e 15% à gestão de resíduos de embalagens não urbanos (tabela 6.17). Página | 110 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 6.17 – Estimativa funcional dos empregos associados à gestão dos resíduos de embalagens do SIGRE Importância relativa (%) Tipo de empresas SPV (gestão do SIGRE) 2% Gestão de resíduos urbanos de embalagens 83% Gestão de resíduos não urbanos de embalagens 15% 6.4.3 Impacto dos programas de responsabilidade social No global, os resultados das duas principais campanhas de solidariedade desenvolvidas pela SPV é o que se apresenta na tabela 6.18. Tabela 6.18 – Investimento inerente às campanhas de solidariedade social da SOV Projeto Peso relativo ao volume de negócios da SPV 2009 (%) Comparação com a atividade do Banco Alimentar Contra a Fome em 2010 Comparação com orçamento Associação Abraço em 2010 0,69% 1% 18% 0,76% 2% 20% Página | 111 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 7 CONCLUSÕES FINAIS Nos últimos três anos, o conceito da “Economia Verde” (Green Economy), definida pela UNEP em 2010 como “a melhoria do bem-estar humano e da equidade social, em conjugação com a redução significativa dos riscos ambientais e escassez ecológicas”, ganhou uma elevada notoriedade e passou para a agenda política atual. São exemplos os recentes comunicados do grupo de países do G20, (UNEP, 2011) e as discussões na United Nations Conference on Sustainable Development, realizada em Junho de 2012. Neste contexto, a SPV lançou um projeto de investigação intitulado “Contributos SIGRE para o Desenvolvimento Socioeconómico e Ambiental de Portugal”, com o objetivo principal de avaliar os contributos diretos e indiretos que a gestão de resíduos de embalagens efetuada no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE) tem a nível ambiental, económico, social no nosso país e deste modo, elucidar de forma compreensiva e abrangente o enquadramento da gestão de resíduos de embalagens no conceito da “Economia Verde”. Ao nível ambiental avaliaram-se os impactes e os benefícios que advêm da gestão destes resíduos, com especial enfoque nos relacionados com a produção de Gases com Efeito de Estufa (GEE) e no consumo de materiais primários e de energia, que foram calculados através da metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV). Da avaliação realizada, constatou-se que no global e para as categorias de impacte ambiental estudadas, o SIGRE apresenta um balanço ambiental positivo, ou seja, os impactes gerados pelas diversas atividades de recolha, triagem, transporte, tratamento e valorização de resíduos são suplantados pelos impactes evitados devido à recuperação de materiais e energia obtidos pelos processos de valorização dos resíduos, com especial enfoque na sua reciclagem. Por exemplo, estimase que em 2011 a gestão dos resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE gerido pela SPV permitiu evitar a emissão de 116 kt de CO2 eq, o que é equivalente ao carbono sequestrado por 386 mil pinheiros bravos durante 30 anos ou as emissões geradas pelo consumo de eletricidade de 124 mil agregados familiares em Portugal. Em relação à contribuição por tipo de material para o desempenho do SIGRE, verifica-se que os materiais mais relevantes são tipicamente o vidro e o papel/cartão, dependendo da categoria de impacte em questão, facto a que não é alheia a elevada quantidade de resíduos destes materiais que foram encaminhados para reciclagem em 2011. Por outro lado, comparando-se o desempenho do SIGRE em 2011 com o desempenho potencial de dois cenários hipotéticos associados a diferentes destinos finais, nomeadamente a incineração e o aterro, verifica-se que a configuração atual do SIGRE é a única que apresenta um resultado ambiental positivo em todas as categorias de impacte consideradas. Por exemplo, a nível da emissão de GEE, o atual modelo de gestão de resíduos de embalagens permitiria evitar a emissão de 396.240 t CO2 eq em 2011, face a um modelo onde os resíduos de embalagens teriam sido recolhidos indiferenciadamente com os outros resíduos e encaminhados para incineração. Ao nível económico, avaliou-se o enquadramento dos embaladores aderentes ao sistema e das empresas responsáveis pela recolha, triagem, tratamento e retoma/valorização dos resíduos de embalagens e calculou-se o impacte económico do SIGRE na economia nacional. Tal foi realizado através de várias metodologias, sendo de destacar a utilização da Análise de Entradas-Saídas (AES) na determinação do impacte económico do SIGRE. Página | 113 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Em relação ao enquadramento económico dos embaladores aderentes ao sistema gerido pela SPV, verifica-se que a maior parte dos embaladores se enquadram em setores ligados às indústrias transformadoras (46%), seguidos das empresas ligadas ao comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos (36%) e agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca (9%). No total, as cerca de 12 mil empresas aderentes representam apenas 0,9% do número de empresas existentes em Portugal, mas geram, no mínimo, 31,4% do volume de vendas das empresas não financeiras no nosso país. A adesão ao SIGRE é realizada mediante o pagamento do Valor Ponto Verde (VPV), que em 2010 totalizou 71,8 Milhões de Euros, ou seja, apenas 0,08% do total de custos com fornecimentos de serviços externos (FSE) das empresas nacionais ou a 0,1% do volume de vendas das empresas aderentes ao SIGRE. No que respeita às empresas parceiras da SPV que efetuam a recolha, triagem e retoma/reciclagem dos resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE, verificou-se que estas tinham em média em 2009 um capital social de 2,3 Milhões de Euros e geravam um volume de vendas médio de 11,7 Milhões de Euros. Neste último aspeto, tal significava que estas empresas apresentam um volume de vendas 6,4 vezes superior ao valor médio agregado dos setores económicos a que pertencem. Finalmente, verificou-se que as atividades de gestão de resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE apresentam um impacte económico significativo, considerando tanto os seus impactes diretos, como indiretos. Por exemplo, a nível do valor acrescentado, o impacte do SIGRE encontra-se no terço superior dos ramos de atividade com maior efeito multiplicador a nível nacional, sendo que, por cada Euro de valor acrescentado no SIGRE são gerados adicionalmente 1,25 Euros de valor acrescentado no resto da economia (efeito multiplicador do tipo I de 2,25). Por outro lado, por cada Euro de salários são adicionalmente pagos 1,30 Euros de salários no resto da economia e por cada Euro de volume de negócios circulam adicionalmente na economia 1,04 Euros de volume de negócios. A alavancagem total do SIGRE, entendida como o valor monetário dos efeitos indiretos dos vários ramos de atividade que integram o SIGRE nos restantes setores da economia, é de 147 milhões de Euros de VAB, 80 milhões de Euros de salários e 391 milhões de Euros de volume de negócios. Por outro lado, tendo em conta o atual panorama relacionado com a gestão de resíduos de embalagens no SIGRE, que é gerido pela SPV, procurou-se adicionalmente avaliar as consequências económicas de um cenário alternativo em que não ocorreria separação e reciclagem de resíduos de embalagens, sendo estes resíduos geridos indiferenciadamente. Neste caso, estimou-se que tal cenário alternativo implicaria uma redução de PIB de 71 milhões de Euros. Ao nível social, tipificaram-se os empregos existentes nas empresas que colaboram com a SPV no SIGRE, através da recolha, triagem, tratamento e retoma/reciclagem de resíduos de embalagens e estimaramse os empregos associados à gestão de resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE. Adicionalmente, analisaram-se os resultados de diversos projetos de responsabilidade social promovidos pela SPV com o intuído de contribuir para uma sociedade mais justa e sustentável e que extravasam o âmbito obrigatório de atuação da SPV. A avaliação do contributo social da SPV foi realizada sobretudo tendo em conta informação bibliográfica existente, sendo de destacar neste caso a utilização da base de dados “Quadros de Pessoal” do INE. Página | 114 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Verificou-se que as empresas que colaboram com a SPV no SIGRE tinham em média, em 2009, 67 trabalhadores, representando no total 7.095 empregos, o que equivale, por exemplo, a 0,23% dos empregos remunerados das empresas não financeiras em Portugal. O trabalhador típico dessas empresas é homem, português, com 40 anos de idade e com 8,5 anos de escolaridade. Comparando com o universo de empresas que apresentam os mesmos CAE que as empresas parceiras da SPV, verifica-se, por exemplo, que o seu salário médio é superior em 52% Em termos dos empregos diretos associados especificamente à gestão de resíduos de embalagens, estima-se que este número ascenda a mais de dois mil e trezentos trabalhadores, o que equivale a 0,08% do emprego nas empresas não financeiras em Portugal. Destes, 83% dizem respeito à gestão dos resíduos urbanos de embalagens, sobretudo ligados às atividades de recolha seletiva e triagem, 15% à gestão de resíduos não urbanos de embalagens e apenas 2% encontram-se ligados à SPV. No que respeita aos projetos de responsabilidade social, a SPV suportou nos últimos anos duas grandes causas – a prevenção do cancro de mama e a ajuda a criança carenciadas. Assim, em conjunto com a Associação Laço foram angariados 409 mil Euros, que foram utilizados para comprar duas unidades de rastreio de cancro de mama. Em conjunto com a Associação Entrajuda foram angariados, no global, cerca de 450 mil Euros que serviram, até agora, para construir 55 salas de aula e apoiar 4.500 crianças carenciadas. Tendo em conta os resultados obtidos, conclui-se que a gestão dos resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE gerido pela SPV enquadra-se por excelência no conceito da Economia Verde, dado que potencia uma gestão mais de eficiente dos recursos naturais, contribuindo para a redução dos impactes ambientais da extração de novos recursos e para a disponibilidade de recursos essenciais às nossas economias, criando ao mesmo tempo oportunidades de negócio e valor acrescentado e promovendo a criação de emprego. Ainda com base no trabalho desenvolvido, crê-se que os referidos resultados constituem-se igualmente como uma informação relevante para a comunicação aos consumidores, entidades estatais e entidades parceiras do SIGRE e consolidação da posição dos seus intervenientes junto dos embaladores, para além do estrito cumprimento das disposições legais existentes. Página | 115 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 8 REFERÊNCIAS Access Economics (2009). Employment in waste management and recycling, Report by Access Economics Pty Limited for The Department of the Environment, Water, Heritage and the Arts, 2 July 2009. Allenby, B. (1999). Industrial ecology: policy framework and implementation, Upper Saddle River, Prentice Hall, NJ. APA (2011). Resíduos Urbanos em 2010, Agência Portuguesa do Ambiente, Lisboa. Axpo AG. (2010). Environmental Product Declaration: Wildegg-Brugg run-of-river Power Plant. Baden, Switzerland: Axpo AG. Barata, E. (2010). Handbook of Input-Output Economics in Industrial Ecology. In Economy-wasteenvironmental-input-output model: effects of Portuguese production and consumption (pp. 573-601). New York. USA: Springer. Barbosa e Almeida (2012). Relatório de Sustentabilidade 2011, Barbosa e Almeida, Marinha Grande. BIO Intelligence (2011), Awareness and Exchange of Best Practices on the Implementation and Enforcement of the Essential Requirements for Packaging and Packaging Waste, Draft Final Report prepared for European Commission, DG ENV, Lyon, 2011. BIO Intelligence/IFF/Vito (2011a). Analysis of the key contributions to Resource Efficiency, Final Report, project under the framework contract ENV.G.4/FRA/2008/0112, European Commission (DG ENV). Study from BIO Intelligence Service, Social Ecology Vienna (IFF) and Vito, March 2011, Lyon, 2011. BIO Intelligence/IFF/Vito (2011b). Analysis of the key contributions to Resource Efficiency, Annexes, project under the framework contract ENV.G.4/FRA/2008/0112, European Commission (DG ENV). Study from BIO Intelligence Service, Social Ecology Vienna (IFF) and Vito, March 2011, Lyon, 2011. Bovea, M. D., Powell, J. C. (2006). Alternative scenarios to meet the demands of sustainable waste management. Journal of Environmental Management, 115-132 Bullard, C. and Sebald, A. (1977). Effects of parametric uncertainty and technological change on inputoutput models. Review of Economics and Statistics, 59:75-81, 1977. Carvalho, M. (2008). Optimização de circuitos e indicadores de recolha de resíduos urbanos. Caso de estudo: Município de Almada. Dissertação de Mestrado em Engenharia do Ambiente, perfil Gestão e Sistemas Ambientais. Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa. CEPA (2011). Method for estimating greenhouse gas emission reductions from recycling, California Environmental Protection Agency, November 2011 CIWMB (2003). Diversion Is Good for the Economy: Highlights from Two Independent Studies on the Economic Impacts of Diversion in California, California Integrated Waste Management Board, California, United States, 2003. Consonni, S., Giugliano, M. e M. Grosso (2005). Alternative strategies for energy recovery from municipal solid waste. Part A: mass and energy balances, Waste Management, 25 (2) 123–135. Costa. (2010). Avaliação dos impactes ambientais da recolha de Resíduos Sólidos Urbanos através da avaliação de ciclo de vida - Caso de Estudo dos concelhos de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra. Página | 117 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Cruz, N., Simões, P., & Marques, R. (2012). Economic cost recovery in the recycling of packaging waste: the case of Portugal. Journal of Cleaner Production, 8-18. Daniels, P. e S. Moore (2002). Approaches for Quantifying the Metabolism of Physical Economies: Part I: Methodological Overview, Journal of Industrial Ecology 5(4) 69-93. DG Competition (2005). DG Competition Paper concerning issues of competition in waste management systems, Bruxels, 2005. Dias, A. M., & Domingos, E. (2011). Avaliação do impacto macroeconómico do Quadro de Referência Estratégica Nacional 2007-2013 (QREN). Lisboa. Portugal. Departamento de Prospectiva e Planeamento de Relações Internacionais. Dias, A. M., & Lopes, E. (2011). Avaliação do impacto macroeconómico do quadro de referência estratégica nacional 2007-2012 (QREN). Lisboa. Portugal. Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais. DSM Environmental Services; MSW Consultants. (2009). Recycling economic information study update: Delaware, Maine, Massachusetts, New York and Pennsylvania. Northeast Recycling Council. EC (2006a). Relatório da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu Sobre a Aplicação da Diretiva 94/62/CE relativa a Embalagens e Resíduos de Embalagens e seu Impacto no Ambiente, bem como Sobre o Funcionamento do Mercado Interno, COM(2006) 767 final, Comissão das Comunidades Europeias, Bruxelas, 2006. EC (2006b). Annex to the Report From the Commission to the Council and the European Parliament on the Implementation of Directive 94/62/EC on Packaging and Packaging Waste and its Impact on the Environment, as Well as on the Functioning of the Internal Market, Commission Staff Working Document, SEC(2006) 1579, Commission of The European Communities, Bruxels, 2006. EC (2011). Report From the Commission to the European Parliament, the Council, the European Economic and Social Committee and the Committee of the Regions on the Thematic Strategy on the Prevention and Recycling of Waste, COM(2011) 13 final, Brussels, 19/1/2011. Ecorys (2009). Study on the Competitiveness of the EU eco-industry. Ecorys. Brussels. Belgium. ECOTEC. (2002). Analysis of the EU Eco-Industries, their employment and export . ECOTEC Research and Consulting Limited. EEA (1997). Life Cycle Assessment (LCA), A guide to approaches, experiences and information sources. Environmental Issues Series No. 6, European Environment Agency, Copenhagen. EEA (2010). The European environment — state and outlook 2010 (SOER 2010), Material Resources and Waste. European Environmental Agency. Copenhagen. ISBN 978-92-9213-155-5, doi: 10.2800/58607 EEA (2011a). Earnings, jobs and innovation: the role of recycling in a green economy. EEA Report No 8/2011. European Environmental Agency. Copenhagen, ISSN 1725-9177. EEA (2011b). Waste opportunities, Past and future climate benefits from better municipal waste management in Europe. European Environmental Agency. Copenhagen, ISSN 1725-9177. EEA (2012a). Environmental Indicator Report 2012, Ecosystem Resilience and Resource Efficiency in a Green Economy in Europe. European Environmental Agency. Copenhagen. ISBN 978-92-9213-315-3, doi: 10.2800/4874, 2012. EEA (2012b). EEA Signals 2012 - Building the future we want. European Environmental Agency. Copenhagen. ISBN 978-92-9213-254-5. Página | 118 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final EEA (2012c). The European environment — state and outlook 2010 (SOER 2010), Material Resources and Waste – update 2012. European Environmental Agency. Copenhagen. ISBN 978-92-9213-314-6, doi: 10.2800/46022 EIERA (2005). Missouri Recycling Economic Information Study – MOREIS, Final Report, Environmental Improvement and Energy Resources Authority (EIERA). January 20, 2005. EIMPack (2011). The Economics of the Recycling of Packaging Waste: The Case of Portugal, EIMPack – Economic Impact of the Packaging and Packaging Waste Directive. Study commissioned by the European Investment Bank (EIB). December 2011. EPA (2002). Recycling is working in the United States. January 2002. EPA (2006). Solid Waste Management and Greenhouse Gases A Life-Cycle Assessment of Emissions and Sinks, US Environmental Protection Agency. Ernst and Young (2006), Eco Industry, Its Size, Employment, Perspectives and Barriers to Growth in an Enlarged EU. For DG Environment of the European Commission. ERSAR. (2011). Relatório anual do setor de águas e resíduos em Portugal. Volume 2 - Caracterização económica e financeira do setor. Lisboa. Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos. ETC/SCP (2011). Green economy and recycling in Europe. June 2011. European Topic Centre on Sustainable Consumption and Production, ETC/SCP working paper 5/2011 Fernandes, G. A. T. (2009). Optimização da recolha de resíduos sólidos indiferenciados no município de Sintra. Aplicação de SIG a uma Sistema de Apoio à Decisão. Dissertação de Mestrado em Bioenergia, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa. Ferrão, P. (1998). Introdução à gestão ambiental: a avaliação do ciclo de vida de produtos, Colecção Ensino da Ciência e da Tecnologia, IST Press, Lisboa. Ferrão, P., Ribeiro, P. E P. Silva (2005). A ecologia industrial e a embalagem de produtos alimentares em Portugal. ISBN: 972-774-213-0, Depósito legal: 228248/05, Celta Editores, Oeiras, Maio de 2005, 441 pp. Friends of the Earth (2010). More jobs, less waste, Potential for job creation through higher rates of recycling in the UK and EU. September 2010 Frischknecht, R., Jungbluth, N., Althaus, H.-J., Doka, G., Dones, R., Heck, T., et al. (2005). The ecoinvent Database: Overview and Methodological Framework. THE INTERNATIONAL JOURNAL OF LIFE CYCLE ASSESSMENT , 10 (1), 3-9. GHK (2006). Costs of compliance case study: Packaging & Packaging Waste Directive 94/62/EC. Final report submitted by GHK. June 2006. Giugliano et al. (2011). Material and energy recovery in integrated waste management systems. An evaluation based on life cycle assessment. Waste management, 2092-2101. Goedkoop, M., Heijungs, R., Huijbregts, M., De Schryver, A., Struijs, J., & van Zelm, R. (2009). ReCiPe 2008 - Report I: Characterisation. Netherlands: VROM. Goldman, G and Ogishi, A (2001). The Economic Impact of Waste Disposal and Diversion in California, a Report to the California Integrated Waste Management Board. Department of Agricultural and Resource Economics, University of California, Berkeley, April 2001. Gomes, P., Carvalho, J., Matos, A. (2011). “Custos e Benefícios, à escala local, de uma Ocupação Dispersa”, Anexo 5 - Custos de Sistema de Gestão de Resíduos Urbano, Projeto de Investigação PTDC/AUR/64086/2006, Aveiro, Março de 2011. Página | 119 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Heiskanen, E. (2000). Institutionalization of Life-Cycle Thinking in the Everyday Discourse of Market Actors, Journal of Industrial Ecology, 4 (4) 31-46. IEEP/Ecologic/Arcadis/Umweltbundesamt/Bio Intelligence/Vito (2011). Final Report – Supporting the Thematic Strategy on Waste Prevention and Recycling. Service Request Five Under Contract, ENV.G.4/FRA/2008/0112, 25 October 2010, final Report, FINAL REPORT. ILO (2012). Global Employment Trends 2012. International Labour Office. Geneva. ILO, 2012, ISBN 97892-2-124925-2 (web pdf). INE (2011). Estatísticas do Ambiente 2010. Instituto Nacional de Estatística I.P., Lisboa, Portugal, ISSN 0872-5276. INE (2012). Empresas em Portugal, 2010. Instituto Nacional de Estatística I.P., Lisboa, Portugal, ISSN 0872-9514 INE. (2007). Classificação Portuguesa das Atividades Económicas Rev. 3. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. Insidewaste (2008). Recycling king wears aluminum crown, March / April 2008. Iriarte et al. (2009). LCA of selective waste collection systems in dense urban areas. Waste Management, 903-914. ISO/FDIS 14040. (2006). Environmental management - Life cycle assessment - Principles and framework. France: AFNOR Standardization Unit. JRC. (2011). Supporting Environmentally Sound Decisions for Waste Management: A technical guide to Life Cycle Thinking (LCT) and Life Cycle Assessment (LCA). Ispra, Italy: European Commision. JRC/IES. (2010). ILCD Handbook: General guide for Life Cycle Assessment - Detailed Guide - First Edition. Joint Research Centre (JRC)/Institute for Environment and Sustainability (IES). Ispra, Italy: European Commision. JRC/IES. (2010). ILCD Handbook: General guide for Life Cycle Assessment - Provisions and action steps First Edition. Joint Research Centre (JRC)/Institute for Environment and Sustainability (IES). Ispra, Italy: European Commision. Krausmann, F., Gingrich, S., Eisenmenger, N., Erb, K.H., Haberl, H. and Fischer-Kowalski, M. (2009). Growth in global materials use, GDP and population during the 20th century. Ecological Economics 68(10), 2696–2705 Lavita, M. T. (2008). Circuitos de recolha seletiva multi-material porta-a-porta. Oeiras. Lahr, M. and de Mesnard, L. (2004). Biproportional techniques in input-output analysis: Table updating and structural analysis. Economic Systems Research, 16 (2):115-134, 2004. Lazarevic, D. et al. (2010). Plastic waste management in the context of a European recycling society: Comparing results and uncertainties in a life cycle perspective. Resources, Conservation and Recycling, 246-259. Lenzen, M. (2001). Errors in conventional and input-output-based life-cycle inventories. Journal of Industrial Ecology, 4 (4):127-148, 2001. Lenzen M. and Treloar G. (2004). Endogenising capital – a comparison of two methods, Journal of Applied Input-Output Analysis 10, 1-11, 2004. Página | 120 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Lenzen, M., Wood, R. and Wiedmann, T. (2010). Uncertainty analysis for multi-region input-output models - a case study of the UK's carbon footprint. Economic Systems Research, 22 (1):43-63, 2010. LIPOR. (2010). Relatório e Contas. Porto: Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto. MAOTDR (2007). Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos PERSU II, Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional. Lisboa. Merrild, H. et al. (2008). Life cycle assessment of waste paper management: The importance of technology data and system boundaries in assessing recycling and incineration. Resources, Conservation and Recycling, 1391-1398. Merrild, H. et al. (2012). Assessing recycling versus incineration of key materials in municipal waste: The importance of efficient energy recovery and transport distances. Waste Management, 1009-1018 Miler, R. E., & Blair, P. D. (2009). Input-Output Analysis: Foundations and Exten. Cambridge. UK: Cambridge University Press. Nakamura, S., & Kondo, Y. (2002). Input-output analysis of waste management. Journal of Industrial Ecology , 36-63. Nhambiú, J .(2004). Avaliação do ciclo de vida de produtos com recurso a quadros económicos de entrada-saída: aplicação a Portugal. Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2004. Niza, S. e P. Ferrão (2006). A transitional economy's metabolism: The case of Portugal, Resources, Conservation and Recycling. 46(3) 265-280. NP EN ISO 14040:2008. (2008). Gestão ambiental - Avaliação de ciclo de vida, Princípios e enquadramento (ISO 14040:2006). IPQ. NRC (2001). U.S. Recycling Economic Information Study, Final Report. Prepared for The National Recycling Coalition by R. W. Beck, Inc. for the National Recycling Coalition and funded by the Environmental Protection Agency. July 2001. Pasqualino, J. et al. (2011). The carbon footprint and energy consumption of beverage packaging selection and disposal. Journal of Food Engineering, 357-365. Pires et al. (2011). Reliability-based life cycle assessment for future solid waste management alternatives in Portugal, Journal of Life Cycle Assessment, 316–337 Prognos, IFEU, INFU (2008). Resource savings and CO2-reduction potential in waste management in Europe and the possible contribution to the CO2 reduction target in 2020, multi client study, 2008. Rhoma, F., Zhang, Z., Luo, Y and Noche, B. (2010). Environmental & Economical Optimization for th Municipal Solid Waste Collection Problems, A Modelling and Algorithmic Approach Case Study. 12 WSEAS International Conference on Mathematical Methods, Computation Techniques, Intelligent Systems (MAMECTIS'10). WSEAS Press: 205-211. Ribeiro (2008). A Ecologia Industrial e a Gestão de Resíduos em Portugal: Políticas e Ferramentas para o Fecho dos Ciclos dos Materiais. Dissertação para obtenção do Grau de Doutor em Engenharia do Ambiente, Instituto Superior Técnico (IST), Universidade Técnica de Lisboa (UTL), Lisboa, Setembro de 2008. Rigamonti et al (2009). Influence of assumptions about selection and recycling efficiencies on the LCA of integrated waste management systems. Journal of Life Cycle Assessment, 411–419 Página | 121 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Rigamonti et al. (2009b).Life cycle assessment for optimising the level of separated collection. Waste Management, 934–944. Rigamonti et al. (2010). Life cycle assessment of sub-units composing a MSW management system. Journal of Cleaner Production. Rodrigues, M. M. (2009). Estações de triagem: Caracterização e avaliação da situação nacional. Lisboa: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Santos (2011). Avaliação de Circuitos de Recolha de Resíduos Urbanos: Indicadores Operacionais. Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente, perfil Engenharia Sanitária, FCTUNL. Scottish Executive (2009). Input Output tables for the Scottish Economy. SPV. (2009). Relatório de actividades e contas 2009. Oeiras: Sociedade Ponto Verde. SPV. (2010). Relatório de actividades e contas 2010. Oeiras: Sociedade Ponto Verde. SPV. (2010). SMAUT: Caracterização dos sistemas municipais aderentes ao Sistema Ponto Verde 2010. Oeiras: Sociedade Ponto Verde. SPV. (2012). SMAUT: Caracterização dos sistemas municipais aderentes ao Sistema Ponto Verde 2011. Oeiras: Sociedade Ponto Verde. Sven Lundie, G. M. (2005). Life cycle assessment of food waste management options. Journal of Cleaner Production 13 , 275–286. Tchobanoglous, G. (1993). Integrated solid waste management – Engineering principles and management issues, MCGraw-Hill, New York et al. 1993 Technical University of Denmark. (Abril de 2010). Easewaste. Obtido em 29 de Abril de 2010, de http://www.easewaste.dk/index.php?option=com_content&task=view&id=5&Itemid=6 UNEP (2010). METAL STOCKS IN SOCIETY, Scientific Synthesis, International Panel for Sustainable Resource Management. Working Group on the Global Metal Flows. ISBN: 978-92-807-3082-1 UNEP (2011). Towards a Green Economy: Pathways to Sustainable Development and Poverty Eradication. United Nations Environmental Program. November 2011, ISBN: 978-92-807-3143-9 UNEP (2012). Green Economy, Employment, Briefing Paper. United Nations Environmental Program. Geneva. Switzerland. 2012. UNEP (2012b). GEO5 Global Environmental Outlook - Environment for the future we want. United Nations Environmental Program. Geneva. Switzerland. 2012 UNEP, ILO, IOE, and ITUC (2008). Green Jobs: Towards Decent Work in a Sustainable, Low-carbon World. UNEP, Geneva. Villanueva, A.; Wenzel, H. (2007). Paper waste – Recycling, incineration or landfilling? A review of existing life cycle assessments. Waste Management, S29-S46. Página | 122 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Anexo A – DESCRIÇÃO METODOLÓGICA DETALHADA DA AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA (ACV) REALIZADA AO SIGRE Aspetos Gerais Data e Contexto da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) A avaliação ambiental realizada no contexto do presente capítulo insere-se no projeto “Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal”, promovido pela Sociedade Ponto Verde (SPV), tendo sido desenvolvida durante o ano de 2012. Conformidade com Documentos e Normas de Referência O estudo de ACV realizado, assim bem como os seus documentos e relatórios, têm por base os requisitos das normas ISO 14040:2006 e ISO 14044:2006, publicadas em 2006, e cuja versão portuguesa é a norma ISO 14040, datada de 2008 (NP EN ISO 14040:2008, 2008). Em 2010 foi publicado o documento: “The International Reference Life Cycle Data System (ILCD) Handbook – First edition”, pelo Institute for Environment and Sustainability (IES) do Joint Research Centre (JRC) da Comissão Europeia, com o objetivo de estabelecer a melhor prática em termos de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) e a base para assegurar a qualidade e consistência de dados, métodos e avaliações de ciclo de vida (JRC/IES, 2010). O ILCD Handbook segue as normas ISO 14040:2006 e ISO 14044:2006, completando-as nos aspetos em que estas normas são mais genéricas e podem dar origem a diferentes interpretações e, deste modo, colocar em causa a consistência e a qualidade dos estudos de ACV. Nesse sentido, procurou-se seguir este referencial, bem como as disposições constantes num documento posterior do JRC, direcionado para a realização de ACV no setor da gestão de resíduos “Supporting Environmentally Sound Decisions for Waste Management” (JRC, 2011). Antecedentes - Estudos de ICV e ACV Anteriores A gestão de resíduos, em geral, e a gestão de resíduos de embalagem, em particular, têm sido alvo de atenção pela comunidade científica e vários estudos de ciclo de vida têm sido realizados neste contexto, sendo que alguns destes estudos são identificados no capítulo 2 e ainda no presente anexo, aquando da referência à modelação dos processos unitários relacionados com a gestão de resíduos de embalagens. De igual forma, a Sociedade Ponto Verde (SPV) não tem sido alheia a este facto, tendo no início do século XXI promovido um estudo compreensivo de ciclo de vida às principais embalagens de bebidas e bens alimentares e que deu origem a um livro intitulado ”A ecologia industrial e a embalagem de produtos alimentares em Portugal”, que avaliou as principais embalagens dos setores de bens alimentares e bebidas (Ferrão et al., 2004). Página | 123 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Objetivos da Análise Aplicações Pretendidas As aplicações pretendidas para o presente estudo de ACV apresentam-se de seguida por ordem de relevância: 1. Produzir informação sobre o balanço ambiental da gestão de embalagens no âmbito do SIGRE, considerando as principais entradas (recursos e energia) e saídas (emissões e resíduos) por unidade funcional definida. 2. Verificar quais os aspetos (processos unitários, materiais, etc.) mais relevantes em termos de impacte ambiental, no contexto da gestão de resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE. Limitações Iniciais Relacionadas com os Objetivos Tendo em consideração os objetivos do estudo, que enquadram o método seguido, os pressupostos considerados e os impactes analisados, nos parágrafos seguintes apresentam-se algumas limitações iniciais do estudo relacionados com os objetivos definidos. Consideração dos impactes evitados pela reciclagem e valorização dos resíduos de embalagens Tendo em conta o objetivo principal pretendido para o estudo, que é produzir informação sobre o balanço ambiental da gestão de embalagens no âmbito do SIGRE, a abordagem metodológica utilizada requer não só a avaliação dos impactes ambientais negativos das várias operações de gestão de resíduos de embalagens (e.g. recolha, triagem, aterro, etc.), mas igualmente dos impactes evitados pela produção de materiais secundários e eletricidade, que substituem outros métodos de produção, nomeadamente através de recursos naturais. Nesse sentido, de referir que alguns estudos não contabilizam esses impactes ambientais evitados (créditos) por questões metodológicas e outros, utilizam diferentes pressupostos para identificação dos materiais e características dos produtos substituídos (e.g. tipo de produtos substituídos, consideração ou não da degradação da qualidade dos materiais (downcycling), etc.). A nível dos impactes ambientais evitados, um esforço foi desenvolvido para fundamentar e utilizar cenários conservadores relacionados com a substituição dos materiais energia, de modo a não sobreavaliar as vantagens ambientais dos processos de valorização (ver secção relacionada com o Inventário de Ciclo de Vida (ICV)). Cabaz de resíduos em análise Por outro lado, a avaliação incide sobre o SIGRE, pelo que a avaliação é realizada tendo em conta o cabaz de resíduos geridos neste sistema referente a 2011 (ver secção Inventário de Ciclo de Vida (ICV)), que apesar de ter cariz nacional, não represente a totalidade das embalagens geridas em Portugal. Por outro lado é seguramente diferente do cabaz de resíduos de outros países. Categorias de impacte consideradas Dado que se pretende produzir informação ambiental do balanço ambiental do SIGRE, consideraram-se apenas algumas categorias de impacte ambiental que se considerou mais Página | 124 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final relevantes, relacionadas por exemplo, com a emissão de GEE e o consumo de água e energia, pelo que não se apresentam resultados para a totalidade de categorias de impacte existentes. Nível de detalhe do modelo desenvolvido Tendo em consideração o âmbito e objetivos do estudo e dado que no SIGRE participam mais de 130 entidades distintas responsáveis pelas várias operações de gestão, optou-se por na modelação do sistema caracterizar os processos unitários mais importantes recorrendo-se a valores médios para as entradas e saídas dessas operações de acordo com a realidade nacional, ao invés de modelar especificamente e individualmente as operações realizadas por cada uma das entidades parceiras do SIGRE. De referir que as limitações enunciadas não colocam em causa a validade do estudo à partida face às aplicações pretendidas, apenas significam que os seus resultados devem ser enquadrados no âmbito dos objetivos definidos. Deste modo, a comparação com outros estudos mais específicos, com uma vertente mais vertical (e.g. avaliação do fim de vida das embalagens de PET, desempenho ambiental de um sistema regional de gestão de resíduos, etc.) ou a generalização dos resultados para outras situações fora dos objetivos formulados (e.g. para efeitos de definição de metas de reciclagem, etc.) deve ser realizada com as devidas parcimónia e ressalvas. Razões para o Desenvolvimento do Estudo e Contexto da Decisão A decisão para a realização de uma Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) à gestão de embalagens realizada no âmbito do SIGRE partiu da equipa de projeto encarregue da avaliação dos “Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal”, que considerou que a metodologia de ACV era a indicada para dar resposta aos objetivos pretendidos para a avaliação na vertente ambiental. Nesse sentido, foram estabelecidas as aplicações pretendidas para o estudo, que como referido anteriormente, são sucintamente as seguintes, por ordem de relevância: Produzir informação sobre o desempenho ambiental da gestão de embalagens no âmbito do SIGRE. Verificar quais os aspetos mais relevantes em termos de impacte ambiental. Deste modo, tendo em conta as aplicações pretendidas, o contexto de decisão que melhor se aplica ao estudo, e que tem implicações nos métodos seguidos para as fases de ICV e AICV, é a classificação “ C – Accounting/Monitoring", na metodologia do ILCD Handbook (JRC/IES, 2010). Tal deve-se ao facto de se pretender analisar de forma retrospetiva os impactes associados à gestão de resíduos embalagens que ocorreram num determinado período de tempo (neste caso em 2011), não se pretendendo que o estudo servia de apoio à decisão, nem para análise de quaisquer consequências que o sistema em análise poderá acarretar no background system ou outros sistemas. Dado que se realiza a avaliação do SIGRE como ele existia em 2011, mas considera-se a interação deste com outros sistemas, com especial enfoque nos impactes evitados pela reciclagem e valorização energética dos resíduos de embalagens, o contexto de decisão é mais especificamente do tipo C1. Página | 125 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Públicos-Alvo Os públicos-alvo, isto é, a quem se pretende comunicar os resultados do estudo são, em primeiro lugar, os diversos stakeholders do SIGRE e que se relacionam com a SPV (entidade promotora do estudo). Estes são apresentados na tabela seguinte. Tabela 0.1 – Públicos-alvo OUTROS Stakeholders do SIGRE Entidade Sociedade Ponto Verde (SPV) Sistemas Multimunicipais e Autarquias (SMAUT) Retomadores / Operadores de Gestão de Resíduos (OGR) Agência Portuguesa do Ambiente (APA) Organizações Não-Governamentais de Ambiente (ONGA) Público em geral Tipo de relação com o promotor Entidade interna Entidades externas Entidades externas Entidades externas Entidades externas Entidades externas Tipo de audiência Técnica Técnica Técnica Técnica Não técnica Não técnica Existência de Afirmações Comparativas A análise comparativa efetuada no presente estudo é realizada sempre no âmbito do sistema em análise, o SIGRE. Deste modo e uma vez que não se pretende realizar afirmações comparativas relacionadas com superioridade ou inferioridade do SIGRE face outros sistemas congéneres, considerase não existirem afirmações comparativas na aceção das normas ISO 14040 e ISO 14044 e do documento de referência relativos a ACV do JRC ((NP EN ISO 14040:2008, 2008) e(JRC/IES, 2010)). Entidade Promotora do Estudo, Equipa de Projeto e Outras Partes Interessadas Entidade Promotora A entidade que promoveu o estudo é a Sociedade Ponto Verde (SPV), entidade que tem por missão organizar e gerir - em nome dos embaladores, fabricantes de embalagens e materiais de embalagem e distribuidores - a retoma e valorização de resíduos de embalagens, através da implementação do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE), também conhecido como Sistema Ponto Verde (www.pontoverde.pt, consultado em 3 de Outubro de 2012). Equipa de Projeto As entidades que desenvolveram o estudo na sua componente de ACV são a empresa 3 Drivers Engenharia, Inovação e Ambiente Lda. e o Instituto Superior Técnico (IST), através do Centro de Estudos em Inovação, Tecnologias e Políticas de Desenvolvimento (IN+). Ambas as entidades são entidades externas ao promotor do estudo. A 3 Drivers – Engenharia, Inovação e Ambiente é uma empresa dedicada ao trabalho de consultadoria tecnológica na área da sustentabilidade e constituída por quadros qualificados ao nível de mestrado e doutoramento. Página | 126 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final A 3 Drivers e os seus recursos humanos já desenvolveram trabalhos relacionados com a avaliação de ciclo de vida de produtos e serviços (e.g. embalagens, equipamentos elétricos, aproveitamentos hidroelétricos), estruturação, implementação e avaliação de desempenho de entidades gestoras e sistemas de gestão de resíduos (e.g. Valorcar, Valorpneu, Sogilub, Amb3E, Sigeru), avaliação tecnológica de operadores (e.g. fragmentadores de veículos em fim de vida), estudos de viabilidade tecnológica (e.g. unidade de regeneração para óleos usados), estudos no âmbito da sustentabilidade na construção (definição de indicadores, normas e boas práticas ambientais) e desenvolvimento de novas aplicações de reciclagem e valorização energética (e.g. uso de células de combustível para valorização de resíduos orgânicos). A ligação próxima a universidades e centros de investigação e desenvolvimento na área do ambiente induz uma grande flexibilidade na aquisição de competências, o que viabiliza a realização de trabalhos nos mais variados âmbitos. O Instituto Superior Técnico (IST), através do Centro de Estudos em Inovação, Tecnologias e Políticas de Desenvolvimento (IN+), tem desenvolvido atividades multidisciplinares, integrando investigação básica e aplicada ao desenvolvimento tecnológico e focado na sustentabilidade, nomeadamente na promoção do desenvolvimento socioeconómico e da qualidade do ambiente conjuntamente com a gestão de recursos energéticos. O centro inclui três laboratórios principais: o laboratório de termofluídos, combustão e sistemas energéticos, o laboratório de sistemas ambientais e o laboratório de políticas e gestão de tecnologias. O presente estudo é desenvolvido no âmbito do laboratório de sistemas ambientais. Nos últimos anos o IN+ tem-se envolvido ativamente na aplicação de metodologias de Ecologia Industrial (e.g. ACV) (de que o livro “A Ecologia Industrial e as Embalagens de Bebidas e Bens alimentares em Portugal” é um exemplo), na avaliação de fluxos de materiais para Portugal e na definição de práticas e avaliação de políticas para a gestão de resíduos, conjuntamente com diversas instituições governamentais e indústrias privadas. O IN+ encontra-se atualmente envolvido no desenvolvimento do programa MIT Portugal e no desenvolvimento de variados projetos nas áreas de Sustainable Energy Systems, Engineering Design and Advanced Manufacturing. Na seguinte apresenta-se a equipa responsável pelo desenvolvimento do estudo na sua componente de ACV. Tabela 0.2 – Equipa responsável pelo estudo de ACV Atividade Equipa técnica da ACV Recursos envolvidos Responsabilidade Paulo Ribeiro Gestão operacional LCA Project Manager Ana Lopes LCA Practicioner Paulo Ferrão Coordenação científica Entidades Relação com o promotor 3 Drivers Entidade externa IST/MIT Portugal Entidade externa Para além da equipa de projeto, colaboraram no desenvolvimento do projeto diversos elementos da SPV. Entre estes contam-se o Eng. João Letras, o Eng. Manuel Pássaro e o Doutor Mário Raposo, entre outros. Página | 127 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Partes Interessadas As partes interessadas são os indivíduos ou grupos preocupados com ou afetados com o desempenho ambiental do sistema em análise, ou pelos resultados da avaliação de ciclo de vida. Na tabela seguinte identificam-se as partes interessadas, classificando-as em termos técnicos e de relação com o promotor do estudo. Tabela 0.3 – Partes interessadas Entidade Entidades intervenientes no SIGRE (SMAUT, Retomadores, OGR, etc.) Tipo de relação com o promotor Tipo de audiência Entidades externas restritas Técnica Público Técnica Público Não técnica Entidades do Estado ligadas à gestão de resíduos (e.g. APA, ) Universidades e entidades do sistema científico nacional Futuras empresas concorrentes da SPV Organizações Não-Governamentais de Ambiente (ONGA) Público em geral Âmbito do Estudo Sistema em Análise e Sua Função O Sistema em análise é o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE), que foi criado pela Sociedade Ponto Verde (SPV) de forma a dar cumprimento às suas obrigações ambientais e legais, através da organização e gestão de um circuito que garante a retoma, valorização e reciclagem de resíduos de embalagens não-reutilizáveis (www.pontoverde.pt, consultado em 3 de Outubro de 2012). O Sistema Ponto Verde é um SIGRE dinamizado pela SPV que assenta na articulação de responsabilidades e processos entre um conjunto de parceiros. Visa valorizar e reciclar resíduos de embalagens, contribuindo para a diminuição do volume de resíduos depositados em aterro (www.pontoverde.pt, consultado em 3 de Outubro de 2012). O sistema gerido pela SPV apresenta dois subsistemas com modelos de gestão diferentes: Sistema de gestão de resíduos urbanos de embalagens. Sistema de gestão de resíduos não urbanos de embalagens (sistema eXtra-Urbano). No sistema de gestão de resíduos urbanos de embalagens, a SPV estabelece parcerias com os Sistemas Municipais e/ou suas Empresas Concessionárias (SMAUT), que efetuam a recolha seletiva e triagem dos resíduos de embalagens separados pelo consumidor na sua área de intervenção. Posteriormente esses resíduos são encaminhados para reciclagem através das parcerias existentes com os Retomadores PréQualificados. No caso da gestão de resíduos não urbanos de embalagens, a SPV estabelece uma parceria com Operadores de Gestão de Resíduos (OGR) que procedem à recolha seletiva, triagem e encaminhamento para reciclagem desses resíduos, que são produzidos em empresas de comércio e serviços e empresas industriais. Página | 128 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Unidade Funcional do Estudo Em ACV, a comparação entre dois produtos/sistemas só pode ser realizada tendo em consideração a mesma unidade, que se denomina de unidade funcional. O maior propósito da unidade funcional é servir de referência para o cálculo dos impactes ambientais, e concomitantemente, para a comparação dos vários sistemas em análise, permitindo referenciar os inputs e os outputs de um determinado processo (Sven Lundie, 2005). Tendo em conta os objetivos do estudo, a unidade funcional selecionada é o total de resíduos de embalagens geridos pela SPV no âmbito do SIGRE em 2011, o que pressupõe o cabaz de resíduos geridos neste ano (ver secção seguinte). Neste contexto, consideraram-se no âmbito da SPV as embalagens cuja responsabilidade de gestão tenha sido transferida pelos embaladores para esta entidade (através do Valor Ponto Verde VPV), independentemente da SPV seja ou tenha sido responsável financeiramente por essa gestão. Desta forma, consideram-se incluídos no âmbito da Unidade Funcional, por exemplo, os resíduos urbanos de embalagens que foram recolhidos indiferenciadamente e encaminhados para aterro. Adicionalmente, considerou-se ainda no âmbito da SPV os resíduos que foram efetivamente geridos e encaminhados para reciclagem/valorização em 2011, embora em acréscimo à responsabilidade de gestão da SPV, dado terem origem em embalagens que não contribuíram financeiramente para o SIGRE. É por exemplo o caso dos resíduos de embalagens de metais, que foram reciclados numa quantidade bastante superior à responsabilidade de gestão da SPV, calculada com base nas declarações dos embaladores. Fluxos de Referência O fluxo de referência é a medida das saídas de processos de um dado sistema de produto necessária para cumprir a função expressa pela unidade de referência, sendo portanto a realização da unidade funcional. Neste contexto, os resíduos de embalagens geridos pela SPV no âmbito do SIGRE em 2011 são caracterizados pelo seguinte cabaz de materiais: Tabela 0.4 – Resíduos geridos no âmbito do SIGRE em 2011 (t) Fluxo / Material (t) Aço Alumínio Papel e Cartão Madeira Plástico Vidro Outros Total Fluxo urbano Reciclagem 18.676 840 4.516 104.907 47.933 210.422 0 387.295 0 0 0 5.401 0 0 0 5.401 0 0 215 27.105 42.715 0 0 70.036 26.302 7.938 0 83.333 91.608 186.949 2.004 398.133 44.978 8.778 4.732 220.746 182.256 397.371 2.004 860.865 30.294 503 38.013 216.895 25.840 6.736 0 318.281 0 0 11.757 0 0 6.280 505 18.542 Total 30.294 503 49.769 216.895 25.840 13.016 505 336.823 Total Fluxo Urbano + Fluxo Não Urbano 75.272 9.281 54.501 437.641 208.096 410.387 2.509 1.197.688 Valorização orgânica Valorização energética Aterro Total Fluxo Não Urbano Reciclagem Destino desconhecido Página | 129 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final De mencionar que para o caso do fluxo urbano, os quantitativos mencionados para resíduos reciclados, valorizados organicamente e energeticamente dizem respeito a resíduos de embalagens que foram efetivamente sujeitos a estas operações, tendo por base as declarações dos vários SMAUT e Retomadores. No caso dos quantitativos relativos ao aterro de resíduos de embalagens, estes valores foram estimados tendo em conta o potencial de geração de resíduos urbanos de embalagens no âmbito da SPV (859.391 t), acrescidos de 1.474 t de resíduos de embalagens de madeira que foram geridos efetivamente em acréscimo à responsabilidade da SPV e os quantitativos efetivamente encaminhados para os restantes destinos. No caso do fluxo não urbano (sistema eXtra-Urbano), os resíduos geridos no âmbito do SIGRE foram calculados tendo em conta os resíduos efetivamente encaminhados para reciclagem segundo os OGR intervenientes no sistema (318.281 t), acrescidos de 18.542 t de resíduos relativos aos materiais madeira, vidro e outros que resultaram do consumo de embalagens que se estima que contribuíram financeiramente para o SIGRE, mas que desconhece-se o seu destino final. Tipo de Metodologia ICV Modelo de Ciclo de Vida O modelo de ciclo de vida para o cálculo dos impactes ambientais diretos e indiretos associados ao SIGRE é fundamentalmente do tipo “attributional model” ou seja, o modelo de ciclo de vida é desenvolvido de acordo com os processos unitários existentes. No entanto, especificamente para o cálculo dos impactes evitados pela reciclagem de resíduos de embalagens e sua valorização orgânica e energética, recorreu-se a uma abordagem consequencial, embora neste caso de forma conservativa. Subdivisão de Processos e Multifuncionalidade Tendo por base o contexto de decisão do presente estudo de ACV, cuja classificação de acordo com a metodologia do ILCD Handbook (JRC/IES, 2010) é “C – Accounting/Monitoring", as regras para subdivisão de processos e multifuncionalidade são preferencialmente através de procedimentos de substituição via expansão do sistema, mas independentemente da quantidade absoluta das co-funções 25 não requeridas que serão substituídas . Fronteiras do Sistema Nas figuras seguintes apresentam-se diagramas muito simplificados com as fronteiras dos sistemas de gestão de resíduos urbanos de embalagens e resíduos não urbanos de embalagens e onde se identificam os processos de foreground principais que foram considerados na análise, bem como alguns processos de background e substâncias consumidas e emitidas para o ambiente. 25 Regras semelhantes aos de estudos classificados como “A - Micro-level decision support”. Página | 130 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Figura 0.1 – Diagrama simplificado do Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos de Embalagens Figura 0.2 - Diagrama simplificado do Sistema de Gestão de Resíduos Não Urbanos de Embalagens Página | 131 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Segundo uma perspetiva de gestão, os processos de foreground são aqueles que estão sobre a influência direta do produtor do bem/serviço ou do seu consumidor ou aquele em que este tem influência. Para além dos processos de foreground, consideram-se ainda os processos de background associados aos dois subsistemas. Os processos de background compreendem os processos que são operados como parte do sistema mas que não estão sob o controlo direto ou influencia do produtor do bem ou serviço ou do seu utilizador. No caso da modelação do tipo attributional tipicamente dizem respeito aos fornecedores de 2ª linha e inferiores (JRC/IES, 2010), como por exemplo, os processos relacionados com o fabrico de gasóleo que é utilizado como combustível na recolha de resíduos. A avaliação constante do presente relatório foi efetuada com base em dados fornecidos pela SPV no que respeita nomeadamente aos fluxos mássicos para reciclagem (origem, destino, materiais, etc.) e características de algumas operações unitárias efetuadas pelos SMAUT (recolha seletiva de embalagens, triagem, etc.). Os restantes dados, com especial enfoque para os processos unitários de valorização/tratamento foram modelados tendo em conta informação bibliográfica, sobretudo de artigos científicos e bases de dados de dados ACV: Ecoinvent 2.2 e ELCD 2.0 e com base em informação proprietária da empresa 3 Drivers. Por não existir informação suficiente para a realização da modelação, ficaram excluídos da análise os seguintes itens: Transporte de resíduos desde o local de produção até ao local de recolha em ecopontos, ecocentros, etc. Fabrico e manutenção dos ecopontos. Fabrico e manutenção dos contentores de lixo. Operação das estações de transferência. Valorização orgânica em digestores anaeróbicos Critérios de exclusão para Inclusão de Inputs e Outputs Os critérios de inclusão para definir as quantidades de fluxos de materiais ou energia a incluir no âmbito das fronteiras do sistema são os considerados no âmbito da ISO 14040, que são os seguintes: Significância ambiental, ou seja, definir a inclusão das entradas que contribuem mais de uma quantidade adicional definida em relação à quantidade estimada para o impacte ambiental dos processos escolhidos inicialmente. Massa, ou seja, definir a inclusão das entradas que cumulativamente contribuem mais de uma percentagem definida da massa total de entradas do sistema de produto analisado. Energia, ou seja, definir a inclusão das entradas que cumulativamente contribuem mais de uma percentagem definida da energia total de entradas do sistema de produto analisado. Os valores de cut-off que foram considerados inicialmente são 1% de relevância ambiental, 1% da massa, 1% de energia e, por esta ordem, embora devido ao âmbito e objetivos do estudo, alguns processos unitários que estão abaixo dos valores de cut-off foram considerados (e.g. gestão de resíduos urbanos de embalagens de madeira, transporte de outros resíduos não especificados), desde que existisse informação que permitisse a modelação. Página | 132 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Critérios para a ICV Representatividade Tecnológica A informação específica sobre as tecnologias utilizadas nos processos associados ao SIGRE são as seguintes: Processos de foreground o Tecnologias identificadas na gestão de resíduos de embalagens no SIGRE, quando disponíveis. o Tecnologias médias europeias para outros. Processos de background. o Tecnologias médias europeias. Representatividade Geográfica As fronteiras geográficas dos dados adotados a nível dos vários processos são referidas de seguida e refletem as localizações específicas onde os processos ocorrem: Processos de foreground o Informação específica nacional, relacionada com a gestão de resíduos de embalagens nas suas múltiplas vertentes (recolha, triagem, reciclagem, etc.), quando disponíveis o Valores médios europeus ou de outros países europeus, quando dados nacionais não estão disponíveis ou se consideram desajustados à realidade do SIGRE. Processos de background o Energia elétrica produzida e consumida no quadro do Sistema Elétrico Nacional (SEN) e referente ao mix energético nacional. o Restantes, valores médios europeus. Representatividade Temporal Processos de foreground. o Informação sobre quantitativos geridos relativos a 2011. o Restantes: variável, dependendo do tipo de informação específica compilada. Para alguns processos, os dados mais recentes existentes são referentes a 2008. Processos de background. o Energia elétrica produzida no quadro do Sistema Elétrico Nacional (SEN) relativa ao mix energético nacional de 2010. o Restantes: variável, valores referentes à base de dados Ecoinvent 2.2 e ELCD 2.0, sempre que possível que refletissem igualmente períodos temporais mais próximos do período de referência (2011). Integração da Eletricidade Produzida Externamente ao Sistema A eletricidade consumida nas diversas operações associadas à gestão dos resíduos de embalagens no SIGRE (e.g. em triagem, na reciclagem, etc.), corresponde ao mix de produção de eletricidade no quadro do SEN, para o período mais recente para o qual foi possível caracterizar esse mix e toda a cadeia de valor específica a montante, que foi o ano de 2010. Página | 133 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final De referir que se caracterizaram as várias tecnologias produtoras de eletricidade refletindo concretamente os centros eletroprodutores existentes a nível nacional e as suas características (e.g. centrais termoelétricas de gás natural – eficiências de conversão Ep-Ef, emissões de GEE, outras emissões, etc.), bem como a tipificação da eletricidade importada de outros países, nomeadamente de Espanha. Cálculo dos créditos ambientais pela reciclagem e valorização dos resíduos de embalagens Tendo em consideração a sua relevância para os resultados da avaliação, de seguida especificam-se em detalhe os principais pressupostos utilizados relacionados com o cálculo dos créditos ambientais pela reciclagem e valorização dos resíduos de embalagens: Reciclagem: o Com base em informação da SPV sobre os quantitativos encaminhados para reciclagem no âmbito do SIGRE, por material. o Considerando eficiências de reciclagem e rácios de substituição típicos, por material, dependendo do tipo de reciclagem em questão (open route, open route com downcycling, etc.) e constantes em artigos científicos publicados em revistas com peer review. o Consumos e emissões dos processos bibliográficos com base em dados bibliográficos e constantes em artigos científicos publicados em revistas com peer review. o Os produtos substituídos dizem respeito tipicamente ao produto principal que é substituído e refletem as tecnologias de produção médias europeias. Valorização orgânica: o Com base em informação da SPV sobre os quantitativos efetivamente valorizados organicamente (papel/cartão). o Considerando eficiências de compostagem presentes na bibliografia. o A substituição de fertilizantes foi estimada com base nos teores de K, P e N típicos. Valorização energética (incineração e aterro): o Com base em informação da SPV sobre os quantitativos efetivamente valorizados energeticamente por material e estimativas próprias dos resíduos encaminhados para aterro, quer diretamente, quer indiretamente. o Considerando eficiências típicas constantes em processos médios europeus, corrigidos quando possível com base em dados específicos nacionais. A este respeito utilizaramse os processos constantes na base de dados Ecoinvent 2.2 e ELCD 2.0. o A eletricidade substituída diz respeito ao mix de eletricidade do SEN, referente a 2010. Nas tabelas seguintes apresentam-se as principais características dos processos de reciclagem modelados. Página | 134 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 0.5 – Características dos processos de reciclagem Ef. Reprocessamento (B) 1 0,84 0,8 Ef. Combinada de reciclagem (A x B) Material secundário Material evitado 0,84 Ferrous metals Pig iron 1 0,84 0,67 Ferrous metals Pig iron 1 1 0,93 0,93 Aluminium ingot Aluminium ingot from virgin aluminium 1 0,95 0,93 0,88 Aluminium ingot Aluminium ingot from virgin aluminium 1 Madeira 0,86 1 0,86 particle board Plywood 0,60 Papel/Cartão Ef. préprocessamento (A) Papel/cartão 0,86 1 0,86* Recovered cardboard Cardboard from virgin pulp 0,83 ECAL 0,86 1 0,86 Cardboard from virgin pulp 0,83 EPS 0,8 0,9 0,72 Virgin EPS lightweight soil 1 Filme plástico 0,8 0,9 0,72 Granules of LDPE Granules of LDPE from virgin materials 0,81 Outros plásticos 0,8 0,9 0,72 Granules of PP Granules of PP from virgin materials 0,81 PEAD 0,8 0,9 0,72 Granules of HDPE Granules of HDPE from virgin materials 0,81 PET 0,8 0,76 0,61 Granules of PET Granules of PET from virgin materials 0,81 Plásticos mistos 0,8 0,6 0,48 0,94 1 0,94 Plásticos Alumínio Aço Aço selectivo Escórias ferrosas Alumínio selectivo Escórias não ferrosas Vidro BIBLIOGRAFIA Recovered liquid carton packaging board Recycled EPS lightweight soil Outside furniture blocks from recycled mixed Glass cullet plastics Rácio de substituição Outside furniture blocks from wood 1 Glass from virgin materials 1 Com base em Rigamonti et al. (2009), Rigamonti et al. (2009b), Rigamonti et al. (2010) e Pires et al. (2011) e base de dados Eco-invent 2.2. ; * - cartão Página | 135 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 0.6 – Consumos energéticos associados aos processos de reciclagem En. elétrica (kWh/t de reciclado prod.) Pré tratamento En. térmica (MJ/t de reciclado prod.) - - - 600 - - 71 - - 600 - - - - - 10 4040 gás natural 69 845 gás natural 10 4040 gás natural 36,0 - - 95 239 (fóssil) + 2147 (wood) - Papel/cartão - - - 7 15 gás natural ECAL - - - 7 15 gás natural EPS 136 451 gasóleo 278 1840 gás natural Filme plástico 136 451 gasóleo 278 1840 gás natural Outros plásticos 136 451 gasóleo 278 1840 gás natural PEAD 136 451 gasóleo 278 1840 gás natural PET 136 451 gasóleo 278 1840 gás natural Plásticos mistos 136 451 gasóleo 278 1840 gás natural - 18,4 - - 5460 natural gas Alumínio Aço Aço selectivo Escórias ferrosas Alumínio selectivo Escórias não ferrosas Plásticos Papel/Cartão Madeira Vidro BIBLIOGRAFIA Fonte de energia térmica Fundição, produção, valorização En. elétrica En. térmica (MJ/t Fonte de energia (kWh/t de de reciclado térmica reciclado prod.) prod.) Com base em Rigamonti et al. (2009b), com alterações de modo a refletir com mais propriedade a realidade nacional e Eco-invent 2.2. Considera-se que os pressupostos utilizados foram, em termos gerais, conservadores. No que concerne à reciclagem, considerou-se que em certos materiais existiria downcycling, como por exemplo no papel/cartão, dado que as fibras não podem ser recicladas “infinitamente”, sendo que teve-se igualmente em consideração as eficiências de separação e de reciclagem efetiva. Por exemplo, considerando as emissões de GEE evitadas por tipo de material, verifica-se que os resultados obtidos com base nos pressupostos apresentados são, em termos gerais, mais baixos que os encontrados em outros estudos. Página | 136 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 0.7 – Emissões de GEE evitadas devido à reciclagem de vários materiais (t CO2 eq /t resíduo) Estudo Aço Estudo realizado SIGRE 0,98 PERSU II (MAOTDR (2007) Alumínio Madeira Papel e Cartão Plástico* Vidro 10,7 0,21 0,21 0,71 0,44 - 0,4 1,36 0,84 1,79 Prognos, IFEU, INFU (2008) 2,0 11,1 - 0,82 0,41 0,48 EPA (2006) 0,49 3,7 - 0,93-0,96 0,38-0,46 0,08 EPA Warm model (2012) 1,98 9,8 - 3,88 1,65 0,31 CEPA (2011) 1,7 14,0 - 1,3 1,1 - 2 0,25 Notas: Um valor negativo indica uma emissão líquida de GEE. No estudo realizado para o SIGRE, considerou-se incluído o transporte para os retomadores e que existe downcycling para alguns materiais. Os valores apresentados dizem respeito aos resíduos urbanos de embalagens e refletem o cabaz de resíduos de plástico (PET, PEAD, plásticos mistos, etc.) e papel/cartão (papel/cartão e ECAL); * Refletindo o “cabaz” de plásticos considerados nos diversos estudos. No que respeita aos impactes ambientais evitados pela produção de eletricidade na incineração e aterro de resíduos de embalagens, considerou-se a substituição do mix de eletricidade do SEN e não da tecnologia marginal, que neste caso seria o gás natural com ciclo combinado, que, por exemplo, a nível das emissões de gases com efeito de estufa apresenta um maior impacte ambiental. Por exemplo, em 2010, em Portugal, estima-se que as emissões médias nacionais diretas e indiretas por esta tecnologia ascenderam a 417 g/kWh de CO2 eq, que contrastam com as emissões de 263 g/kWh de CO2 eq 26 estimadas para o SEN (ver igualmente tabela seguinte relativamente aos fatores de emissão da incineração dos vários materiais de embalagens). Deste modo, caso se tivesse considerado a substituição do gás natural ao invés do mix de energia do SEN, o benefício ambiental do SIGRE passaria de -116 kt Co2eq em 2011, para -131 kt Co2eq. Tabela 0.8 – Emissões de GEE evitadas/produzidas devido à valorização energética de vários materiais (t CO2 eq evitadas/t resíduo) Aço Alumínio Madeira Papel e Cartão Plástico* Vidro -0,01 -0,02 0,08 0,09 -2,3 -0,01 EPA (2006) -0,01 -0,01 - -0,02 -0,56--0,77 -0,01 EPA Warm model (2012) 1,71 -0,06 - 0,54 -1,42 -0,06 Fluxo / Material (t) Estudo realizado SIGRE Notas: Um valor negativo indica uma emissão líquida de GEE. No estudo realizado para o SIGRE, os valores apresentados dizem respeito aos resíduos urbanos de embalagens e refletem o cabaz de resíduos de plástico (PET, PEAD, plásticos mistos, etc.) e papel/cartão (papel/cartão e ECAL); * Refletindo o “cabaz” de plásticos considerados nos diversos estudos e o mix de energia substituída. Tratamento dos Bens de Capital A análise realizada integra os bens de capital (e.g. fábricas, veículos de transporte, etc.) sempre que disponível informação sobre estes bens. 26 Diretas e indiretas, considerando o mix de fontes de produção desse ano e as centrais nacionais. Apenas produção, não considerando perdas por transporte e distribuição. Página | 137 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Análise de Risco e Aspetos Sociais Os impactes ambientais devido a acidentes ou outros eventos pontuais não estão incluídos na ACV. Os impactes sociais foram objeto de análise no estudo com base em outras metodologias (capítulos 5 e 6). Critérios para a AICV Categorias de Impacte, Métodos e Outros Aspetos Na realização da AICV consideram-se, preferencialmente, 5 categorias de impacte ambientais, nomeadamente: Alterações Climáticas Formação de Oxidantes Fotoquímicos Acidificação Terrestre Depleção de Recursos Hídricos Depleção de Recursos Naturais A avaliação do impacte nas referidas categorias foi realizada com base nos fatores de caracterização estabelecidos no método ILCD 2011 Midpoint, versão 1.01 (de Setembro de 2012), do JRC, da Comissão Europeia e que denotam, segundo estas entidades o melhor conhecimento científico atual acerca cada uma das categorias de impacte. Neste contexto, na versão original do referido método, estão contempladas 16 categorias de impacte ambiental. Adicionalmente às categorias descritas anteriormente, para análise específica do balanço energético associado a cada sistema e cenário, utilizou-se o método Cumulative Energy Demand, v. 1.08 (de 2010), desagregando-se os resultados nas seguintes categorias: Energia não renovável, fóssil Energia não renovável, nuclear Energia não renovável, biomassa Energia renovável, biomassa Energia renovável, vento, solar, geotérmica Energia renovável, hídrica Este método foi publicado pelo Swiss Centre for LCI no âmbito da base de dados Ecoinvent v.2.0 e expandido pela Pre Netherlands para incluir outras matérias-primas existentes no Software Simapro 7.3. O método não contempla fatores de normalização. Para cada um dos métodos utilizados efetuaram-se os passos metodológicos obrigatórios segundo as normas ISO 14040 e ISO 14044, nomeadamente a Classificação e a Caracterização de impactes. Foram considerados todos os processos incluídos na definição das fronteiras dos sistemas, nomeadamente os processos que se apresentam a seguir neste anexo na secção de Inventário de Ciclo de Vida. Para qualquer dos métodos referidos, os resultados da AICV são apresentados tendo em conta os seguintes aspetos: Inclusão de bens de capital. Exclusão das emissões de longo prazo (superiores a 100 anos). Na avaliação realizada não se utilizaram elementos opcionais da AICV. Página | 138 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Software Utilizado Para o desenvolvimento da ACV, foi utilizado o Programa Simapro, da Pré Consultants, versão 7.3.3. Comparação entre Sistemas de Produto No presente relatório avaliou-se o total de resíduos de embalagens geridos pela SPV no âmbito do SIGRE em 2011, tendo por base os diferentes destinos a que estes resíduos foram submetidos, tendo por base nas informações prestadas pela SPV. A esta avaliação denominou-se cenário Baseline 2011. Apenas para efeitos comparativos, estudaram-se dois cenários hipotéticos alternativos de gestão de resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE (quer urbanos, quer não urbanos), que se denominaram “Tudo a aterro” e “Tudo a incineração”, em que se avaliou o que seriam os impactes ambientais associados à gestão dos resíduos de embalagens geridos pela SPV no âmbito do SIGRE em 2011. Os principais pressupostos associados a cada um dos cenários são os seguintes: Cenário “Tudo a aterro”. Considerou-se que todos os resíduos urbanos de embalagens seriam recolhidos indiferenciadamente e encaminhados para aterro. No caso dos resíduos não urbanos, estes seriam igualmente encaminhados para aterro. Cenário “Tudo a incineração”. Considerou-se que todos os resíduos urbanos de embalagens seriam recolhidos indiferenciadamente e encaminhados para incineração (mass burn). No caso dos resíduos não urbanos, estes seriam igualmente encaminhados para aterro. De realçar que a avaliação foi realizada para o mesmo cabaz e quantidades de resíduos que efetivamente foram geridos em 2011 no âmbito do SIGRE gerido pela SPV e, tendo por base as mesmas tecnologias, constituindo-se portanto “what-if scenarios” internos que pretendem avaliar os benefícios/impactes da atual gestão de resíduos de embalagens no SIGRE face a cenários extremos da sua configuração. Na análise realizada não se teve em conta as implicações não lineares que tais cenários poderiam ter a nível dos sistemas de background (e.g. construção de novos aterros, incineradores, etc.). Modificações em Relação ao Âmbito Definido Inicialmente Em relação ao âmbito definido inicialmente, não ocorreram alterações significativas em relação ao equacionado inicialmente. Inventário do Ciclo De Vida (ICV) Procedimentos de Recolha de Dados Os procedimentos de recolha de dados para construção das tabelas de inventário são apresentados na tabela 0.7. Página | 139 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 0.9 - Métodos de recolha de dados Tipo de dados Métodos aplicáveis Foreground Específicos do sistema em análise (dados SPV). Relatórios técnicos e outros documentos similares e estimativas periciais. Dados bibliográficos de referência, quando não existiam informações específicas. Ligação foreground-background Foram utilizados sobretudo dados bibliográficos de referência. Background Foram utilizados sobretudo dados bibliográficos de referência. No âmbito destes métodos, para além da recolha dos dados em si, procedeu-se à recolha de metainformação relacionada com esses dados, de modo a permitir averiguar da sua validade tendo em conta os objetivos e o âmbito do estudo e ainda, estimar o seu grau de incerteza, para efeitos de análise de sensibilidade. Descrição Qualitativa e Quantitativa dos Processos Unitários A descrição qualitativa e quantitativa dos processos unitários considerados no estudo apresenta-se de seguida. Resíduos Urbanos de Embalagens Recolha Seletiva Este processo unitário consiste na recolha de resíduos de embalagem depositados pelos produtores individuais (porta-a-porta, ecopontos e ecocentros) e respetiva entrega nas estações de triagem. O fluxo de referência utilizado foi 1 tonelada de resíduos recolhidos seletivamente. Incluiu-se na análise o consumo de combustível associado à utilização dos veículos afetos à recolha dos resíduos de embalagem depositados porta-a-porta, nos ecopontos e nos ecocentros. Foram ainda considerados neste processo unitário os consumos associados ao fabrico e manutenção dos veículos de recolha. O consumo de combustível foi calculado com base em dados fornecidos pela SPV relativa aos vários SMAUT com que tem contrato, sendo que estimou-se que o consumo associado à recolha seletiva de 6 embalagens representou no total 6,2 x 10 L, em 2011, ou seja, uma média de 15,7 L/t de resíduos recolhidos. A recolha mais eficiente estimada foi relativa ao vidro (6,1 L/t) e as menos eficientes dizem respeito aos resíduos dos contentores amarelos (plástico, aço e alumínio), que se estimou em 41,2 L/t. Estes valores foram usados em conjunto com os processos unitários de transporte existentes na base de dados Ecoinvent 2.2. para caracterizar o perfil ambiental da recolha seletiva. Excluiu-se da análise o transporte de resíduos de embalagem desde o seu local de produção até ao exterior das habitações, ecopontos e ecocentros, de onde estes são recolhidos pelos SMAUT. Também foram excluídos os processos de fabrico dos ecopontos e sua manutenção, bem como os consumos associados à operação dos ecocentros. Página | 140 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Recolha Indiferenciada Este processo unitário consiste na recolha dos resíduos urbanos de embalagens através de recolha indiferenciada, conjuntamente com os demais resíduos urbanos e sua entrega no respetivo destino (incineração, tratamento mecânico ou aterro). O fluxo de referência utilizado foi 1 tonelada de resíduos de embalagens recolhidos indiferenciadamente. Incluiu-se na análise o consumo de combustível associado à utilização dos veículos afetos à recolha dos resíduos indiferenciados depositados. Tal como na recolha seletiva, foram ainda considerados os consumos associados ao fabrico dos veículos de recolha. Para o cálculo do combustível utilizado não se consideram valores diferenciados por tipo de material, tendo-se considerado apenas a alocação de transporte relativa aos resíduos de embalagens, uma vez que os resíduos urbanos indiferenciados são constituídos por várias frações (e.g. orgânicos, embalagens, finos, etc.). Deste modo, o consumo de combustível considerado foi de 5,27 L/t (Santos, 2011, zona com 6 ecopontos), tendo-se estimado no total um consumo de 2,4 x 10 L em 2011. Estes valores foram usados em conjunto com os processos unitários de transporte existentes na base de dados Ecoinvent 2.2., para caracterizar o perfil ambiental da recolha indiferenciada. Excluiu-se da análise o transporte de resíduos indiferenciados desde o seu local de produção até aos locais onde estes são recolhidos. Foram igualmente excluídos da análise os consumos associados à operação das estações de transferência e o transporte associado à entrega e recolha de resíduos destes locais, quando existente por uma questão de otimização de logística. Finalmente, não se consideraram igualmente os consumos associados ao fabrico e utilização dos contentores onde são depositados os resíduos indiferenciados (contentores verdes). Triagem Este processo unitário consiste na triagem dos resíduos que chegam às estações de triagem por via da recolha seletiva efetuada pelos SMAUT. O fluxo de referência utilizado foi 1 tonelada de resíduos sujeitos a triagem. Foram incluídos na análise os consumos relativos à operação das estações de triagem, nomeadamente, de eletricidade, água, combustíveis e outros (e.g. óleos e lubrificantes e fita e arame para embalagem). Deste modo, para o consumo de eletricidade e outros consumíveis utilizaram-se dados internos da SPV e de Bovea (2006) e Pires et al. (2011). Esses valores foram desagregados por tipo de material, sendo que no caso do vidro, uma vez que este material tipicamente não é encaminhado para as estações de triagem, não se consideraram consumos associados à sua separação, apenas tendo-se considerado uma eficiência de separação. Neste contexto, em relação às eficiências, consideraram-se valores nacionais obtidos com base em dados específicos de alguns SMAUT fornecidos pela SPV e ainda, no caso do vidro, em dados compilados pelo projeto EIMPACK (Eimpack, 2011). Por falta de informação, não se consideraram valores diferenciados para o aço, alumínio e plástico. Neste contexto, as eficiências de triagem consideradas fora as seguintes: aço, alumínio e plástico - 76,9%, papel/cartão – 96,2%, vidro – 95%. Página | 141 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Incineração Operação de queima com recuperação de energia dos resíduos de embalagens que chegam às instalações de incineração diretamente por via da recolha indiferenciada ou indiretamente através do refugo que resulta dos processos de triagem ou do tratamento mecânico. O fluxo de referência utilizado foi 1 tonelada de resíduo sujeito a incineração. Para caracterizar esta operação consideraram-se processos unitários presentes na base de dados Ecoinvent 2.2, para os vários materiais de embalagens. Para além dos impactes ambientais da operação, consideraram-se os impactes evitados pela produção de eletricidade, cuja modelação foi realizada com base no mix de produção do SEN (ver anteriormente “Cálculo dos créditos ambientais pela reciclagem valorização dos resíduos de embalagens”). Foi excluído o transporte para aterro do refugo resultante desta operação. Não foi igualmente analisado o acréscimo de massa devido à oxidação do alumínio (escórias), nem a perda ligeira de massa no caso das escórias dos resíduos inertes (e.g. vidro), ou as cinzas não queimadas no caso dos resíduos valorizáveis. Finalmente, não foi igualmente considerado na análise o potencial de aproveitamento de calor associado à operação de queima de resíduos, tendo-se apenas considerado a eletricidade produzida. Tratamento Mecânico Operação unitária que consiste numa sequência de operações mecânicas de preparação dos resíduos recolhidos indiferenciadamente para serem valorizados e eliminados. Após este processo de tratamento mecânico, os resíduos são encaminhados para valorização orgânica, incineração ou aterro. O fluxo de referência utilizado foi 1 tonelada de resíduos sujeita a tratamento mecânico. Foram incluídos na análise o consumo de eletricidade e combustíveis associados à operação dos equipamentos utilizados nesta operação. Excluíram-se do presente processo os consumos relativos à operação de compostagem, sendo que esta é caracterizada no processo unitário como valorização orgânica. Reciclagem Processo que consiste na receção dos resíduos recolhidos seletivamente e triados (retomas) e seu aproveitamento como matéria-prima secundária em processos produtivos. O fluxo de referência utilizado foi 1 tonelada de resíduo retomado. Foi incluído na modelação deste processo unitário tanto o consumo de combustível associado ao transporte das retomas desde o seu local de origem (e.g. triagem e incineração) até aos retomadores, como todos os consumos associados ao fabrico e manutenção dos camiões utilizados na recolha, para além dos consumos e emissões associados ao processo de reciclagem em si. Finalmente, foi considerado na análise o benefício ambiental decorrente da substituição de recursos naturais por recursos secundários (impactes evitados), tendo em conta os vários materiais de embalagens. Página | 142 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final As principais características dos processos de reciclagem considerados estão referidas anteriormente aquando da apresentação da forma de “Cálculo dos créditos ambientais pela reciclagem valorização dos resíduos de embalagens”. Valorização Orgânica Processo unitário que consiste na receção dos resíduos provenientes do tratamento mecânico e sua valorização orgânica para produção de composto. O fluxo de referência utilizado foi 1 tonelada de resíduo valorizado organicamente, sendo que o único material de embalagem considerado na valorização orgânica foi o papel/cartão. Foram incluídos na análise os principais consumos associados à compostagem, bem como o transporte do composto para o seu local de aplicação e, igualmente, os consumos associados ao fabrico e manutenção dos camiões utilizados no transporte. Em termos dos primeiros, ou seja, do consumo de eletricidade, combustível, água e material estruturante, consideraram-se os valores presentes em Pires et al. (2010). A nível dos impactes evitados, foi tido em conta o benefício ambiental associado à utilização do composto em detrimento de fertilizante. Nesse aspeto, estes foram estimados com base em Rigamonti et al. (2010) e Grosso et al. (2009). Aterro Processo de deposição dos resíduos em aterro com origem nos vários processos unitários referidos anteriormente (e.g. recolha indiferenciada, incineração, refugos triagem e da reciclagem, etc.) . O fluxo de referência utilizado foi 1 tonelada de resíduos depositados em aterro. Para modelação consideraram-se os processos de deposição em aterros dos vários tipos de materiais que estão presentes na base de dados ELCD 2.0, do JRC. Neste aspeto, consideraram-se os impactes ambientais evitados resultantes da produção de eletricidade a partir do biogás de aterro, devido à degradação do papel/cartão e madeira. Na tabela seguinte apresenta-se o balanço de massas considerado para os principais processos unitários da modelação do sistema urbano. Página | 143 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Tabela 0.10 - Balanço de massas dos principais processos unitários considerados na modelação do Sistema Urbano (cenário Baseline 2011) Processos unitários Aço Alumínio Madeira Papel e Cartão Plástico Vidro Outros Total 1 Produção de RE 44.978 8.778 4.732 220.746 182.256 397.371 2.004 860.865 2 Recolha Seletiva 8.150 519 4.516 107.579 54.457 221.497 0 396.719 3 para triagem 8.150 519 4.516 107.579 54.457 221.497 0 396.719 3 Recolha Indiferenciada 36.828 8.259 215 113.167 127.799 175.874 2.004 464.146 5 Para incineração 9.201 354 194 23.546 30.386 62.201 957 126.839 6 Para TMB 8.783 1.970 21 25.911 13.475 57.709 782 108.650 9 Para aterro 18.844 5.935 0 63.710 83.938 55.965 265 228.656 8.150 519 4.516 107.579 54.457 221.497 0 396.719 543 37 0 1.221 10.399 2.729 0 14.928 4 Triagem 5 Refugo para incineração 7 Retomas da recolha seletiva 6.267 399 4.516 103.491 41.878 210.422 0 366.974 9 Refugo para aterro 1.340 83 0 2.867 2.181 8.346 0 14.817 9.744 391 215 27.105 42.715 64.929 957 146.057 0 0 215 27.105 42.715 0 0 70.036 5 Incineração 5 Valorização energética 7 Retomas da incineração (escórias) 9.744 391 0 0 0 0 0 10.135 9 Refugo para aterro 0 0 0 0 0 64.929 957 65.886 8.783 1.970 21 25.911 13.475 57.709 782 108.650 0 0 21 2.338 1.930 0 0 4.289 Retomas do PTC (TM) 2.665 50 0 1.415 6.055 0 0 10.186 Valorização orgânica 0 0 0 5.401 0 0 0 5.401 6.118 1.920 0 16.756 5.490 57.709 782 88.775 18.676 840 4.516 104.907 47.933 210.422 0 387.295 0 0 0 5.401 0 0 0 5.401 26.302 7.938 0 83.333 91.608 186.949 2.004 398.133 6 TMB Refugo para incineração Refugo para aterro 7 Reciclagem 8 Valorização orgânica 9 Aterro Resíduos Não Urbanos de Embalagens Reciclagem Os processos de reciclagem considerados são idênticos aos modelados no sistema urbano, com a exceção do transporte dos resíduos de embalagens, que foi estimado especificamente tendo em conta a origem dos resíduos e seus destinos, pelo que divergem dos estimados para o caso das retomas dos resíduos urbanos. Incineração Este processo apenas foi considerado em termos de análise de cenários. Página | 144 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Aterro Processo unitário idêntico ao descrito para os resíduos de embalagem urbanos. Tabela 0.11 - Balanço de massas dos principais processos unitários considerados na modelação do Sistema Não Urbano (cenário Baseline 2011) Processos unitários Aço Alumínio Madeira Papel e Cartão Plástico Vidro Outros Total 30.294 503 49.769 216.895 25.840 13.016 505 336.823 11 Produção de RE 15 Incineração 0 0 0 0 0 0 0 0 17 Reciclagem 30.294 503 38.013 216.895 25.840 6.736 0 318.281 19 Aterro 0 0 11.757 0 0 6.280 505 18.542 Fontes Bibliográficas Em termos de fontes de informação, os dados para os processos de foreground do sistema analisado tiveram, sempre que possível, como proveniência a SPV, enquanto que para a compilação de dados genéricos (background) utilizou-se de preferência bases de dados de ACV ou outra informação bibliográfica com carácter científico (tabela 0.10). Tabela 0.12 - Fontes de informação Tipo de processos Fontes de informação Foreground SPV Outras fontes genéricas para lacunas de dados Dados bibliográficos Ligação foreground-background Dados bibliográficos Background Fontes principais: Ecoinvent 2.2 ELCD 2.0 Outras bases de dados de LCA Revistas científicas Procedimentos de Cálculo Os consumos e as emissões utilizadas nos vários processos unitários dos sistemas urbano e eXtra-urbano são valores médios estimados para as diversas operações de gestão de resíduos urbanos (recolha, tratamento, valorização, etc.), tendo por base a informação disponível. Neste sentido, sempre que possível foram utilizados dados específicos das diversas empresas associadas do SIGRE para a obtenção das estatísticas médias descritivas dessas operações, por exemplo através de cálculo de médias ponderadas pela quantidade de resíduos processados. Página | 145 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Validação dos Dados Aquando da recolha de dados, foi compilada informação para indicar se os dados eram provenientes de medições, calculados, estimados ou resultantes da modelação, para além de serem dados de uma fonte ou valores médios de várias medições/estimativas/locais. Os dados compilados através de informações fornecidos pela SPV foram pré-avaliados com esta entidade, sendo que a equipa de ACV realizou ela própria uma avaliação desses dados, nomeadamente comparando-os com informação bibliográfica, quando disponível. Análise de Sensibilidade para Refinação das Fronteiras do Sistema Em relação às fronteiras do sistema, como referido anteriormente, não foram considerados os seguintes processos: Produção de resíduos o Encaminhamento dos resíduos para os seus locais de recolha (ecopontos, ecocentros, etc.). Recolha de resíduos o Infraestrutura de recolha (contentores) e sua manutenção. o Centrais de transferência de resíduos Valorização orgânica o Valorização por digestão anaeróbica No entanto, tendo por base os processos incluídos na análise, bem como os fluxos de massa dos diversos circuitos de gestão e os resultados ambientais obtidos, verificou-se que os processos mais importantes foram contemplados na análise, no contexto do âmbito e objetivos estabelecidos para o estudo. Substituição Específica ou Procedimentos de Alocação para Processos Multifuncionais No inventário de ciclo de vida realizado evitou-se sempre que possível a utilização de procedimentos de alocação e, igualmente, de substituição específica. Estes quando ocorreram foram marginais e em processos pouco relevantes em termos do balanço ambiental do SIGRE. Por exemplo, em termos do consumo de eletricidade proveniente do SEN, na desagregação da origem Produção em Regime Especial (PRE) - Térmica através da combustão de gás natural em co-geração, que produz como co-produtos a eletricidade e o calor, utilizou-se o processo "natural gas, burned in power plant/MJ/UCTE" da base de dados Ecoinvent 2.2, adaptado à realidade Portuguesa. Neste processo realizou-se a expansão das fronteiras do sistema de modo a contemplar a produção de calor, tendo-se considerado como “avoided product” o calor gerado, modelado com o processo “Heat, natural gás at industrial furnace > 100kW / ReR U” dado ser funcionalmente equivalente à co-função do sistema em análise. Em relação ao referido, excetua-se obviamente a expansão das fronteiras do sistema relacionada com os impactes ambientais evitados pela substituição material e energética que ocorre nos processos de valorização de resíduos, que foi já referida. Página | 146 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela de Inventário Em anexo próprio é apresentada a Tabela de Inventário do SIGRE, para o cenário Baseline 2011. Avaliação de Impactes no Ciclo De Vida (AICV) Considerações Iniciais A avaliação constante do presente relatório foi efetuada com base em dados fornecidos pela SPV no que respeita nomeadamente aos fluxos mássicos para reciclagem (origem, destino, materiais, etc.) e características de algumas operações unitárias efetuadas pelos SMAUT (recolha seletiva de embalagens, triagem, etc.). Os restantes dados, com especial enfoque para os processos unitários de valorização/tratamento foram modelados tendo em conta informação bibliográfica, sobretudo de artigos científicos e bases de dados de dados ACV: Ecoinvent 2.2 e ELCD 2.0 e com base em informação proprietária da empresa 3 Drivers. Finalmente, é de realçar que os resultados ambientais apresentados têm em conta o seguinte: Exceto informação em contrário, são relativos a resultados por unidade funcional do estudo ou seja, consideram-se a soma dos impactes diretos e indiretos. Refletem o cenário Baseline 2011 e, quando especificado, os cenários “Tudo a aterro” e “Tudo a incineração”. Contabilizam não só o impacte ambiental gerado mas igualmente o crédito ambiental obtido pela reciclagem e valorização orgânica das embalagens e produção de energia elétrica por incineração e aterro (recuperação de biogás). Métodos Utilizados Na realização da AICV consideram-se, preferencialmente, 5 categorias de impacte ambientais, nomeadamente: Alterações Climáticas. Formação de Oxidantes Fotoquímicos. Acidificação Terrestre. Depleção de Recursos Hídricos. Depleção de Recursos Naturais. A avaliação do impacte nas referidas categorias foi realizada com base nos fatores de caracterização estabelecidos no método ILCD 2011 Midpoint, versão 1.01 (de Setembro de 2012), do JRC, da Comissão Europeia e que denotam, segundo estas entidades o melhor conhecimento científico atual acerca cada uma das categorias de impacte. Adicionalmente às categorias descritas anteriormente, para análise específica do balanço energético associado a cada sistema e cenário, utilizou-se o método Cumulative Energy Demand (CED), v. 1.08 (de 2010), desagregando-se os resultados nas seguintes categorias: Energia não renovável, fóssil Energia não renovável, nuclear Página | 147 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Energia não renovável, biomassa Energia renovável, biomassa Energia renovável, vento, solar, geotérmica Energia renovável, hídrica Para cada um dos métodos utilizados efetuaram-se os passos metodológicos obrigatórios segundo as normas ISO 14040 e ISO 14044, nomeadamente a Classificação e a Caracterização de impactes. Foram considerados todos os processos incluídos na definição das fronteiras dos sistemas, nomeadamente os processos que se apresentam no capítulo 4 e 5. Elementos Opcionais da AICV Na avaliação realizada não se utilizaram elementos opcionais da AICV. Processos Excluídos da Análise Ver secção “Fronteiras do sistema”. Apresentação dos resultados Os resultados da análise apresentam-se no capítulo 3 divididos pelos dois subsistemas da SPV: Sistema de gestão de resíduos urbanos de embalagens. Sistema de gestão de resíduos não urbanos de embalagens (sistema eXtra-Urbano) Foram igualmente produzidos resultados globais, que conjugam os resultados de cada subsistema. Para cada subsistema de resíduos de embalagens apresentam-se os resultados por tipo de processo de gestão de resíduos e por tipo de material. Para comparação entre opções de gestão de resíduos, foram calculados ainda os impactes ambientais resultantes da operação dos cenários alternativos ao Baseline do SIGRE: Tudo a aterro e Tudo para incineração, já referido anteriormente neste anexo. Considerações finais Limitações dos Resultados da AICV e conclusões para a revisão/aprofundamento da avaliação Como referido anteriormente, os resultados apresentados refletem o sistema em análise ou seja o funcionamento do SIGRE em 2011 e os pressupostos e dados compilados tendo em conta o âmbito e objetivos do estudo. Por outro lado, refletem as categorias de impacte identificadas. Página | 148 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Relação entre os Resultados da AICV e os Objetivos e Âmbito do Estudo A análise realizada encontra-se em geral de acordo com o inicialmente previsto, a indisponibilidade de alguns dados não inviabilizou a utilização dos resultados da AICV para os objetivos propostos, nomeadamente: 1. Produzir informação sobre o desempenho ambiental da gestão de embalagens no âmbito do SIGRE, considerando as principais entradas (recursos e energia) e saídas (emissões e resíduos) por unidade funcional definida. 2. Verificar quais os aspetos (processos unitários, materiais, etc.) mais relevantes em termos de impacte ambiental, no contexto da gestão de resíduos de embalagens no âmbito do SIGRE. Relação dos Resultados da AICV e os Resultados de ICV Os impactes resultantes da gestão do SIGRE em 2010 decorrem do consumo de um conjunto alargado de substâncias e variam grandemente de categoria para categoria de impacte, mesmo assim é possível salientar as principais substâncias consumidas geradoras de impacte ambiental. Desta forma, pode dizer-se que, em termos gerais, as substâncias consumidas nos processos do SIGRE 2011 que geram impacte ambiental são: Petróleo utilizado para o fabrico de combustíveis não renováveis utilizados na recolha seletiva e indiferenciada de resíduos. Carvão consumido indiretamente na produção de eletricidade consumida nos processos de Triagem, Incineração, Tratamento mecânico, Reciclagem, Valorização orgânica e deposição em Aterro. Gás natural consumido indiretamente para produção de eletricidade consumida nos processos de Triagem, Incineração, Tratamento mecânico, Reciclagem, Valorização orgânica e deposição em Aterro. Emissões de GEE resultantes da incineração e aterro de resíduos, nomeadamente de CO 2 e CH4 devido, respetivamente, à incineração de plásticos e ao aterro de papel/cartão. A nível dos impactes evitados, a principal origem destes diz respeito à substituição material induzida pela reciclagem dos resíduos de embalagens, de acordo com os vários materiais. Interpretação dos Resultados Identificação das Questões Significativas A identificação das questões significativas é realizada no capítulo 3 do estudo, tendo por base uma análise de pareto aos resultados obtidos. Página | 149 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Controlo de Integralidade Para a elaboração do presente relatório foi efetuada uma análise prévia de integralidade, sendo que, como referido anteriormente, existem alguns processos que não foram incluídos na análise, nomeadamente os relacionados com a origem dos resíduos de embalagem. Apesar disto, tendo por base as informações disponíveis, bem como a informação bibliográfica recolhida, os principais processos, tanto em termos de fluxos mássicos e energéticos, como de relevância ambiental, foram incluídos na análise. Controlo de Coerência Na preparação do presente relatório realizou-se uma análise prévia de coerência de acordo com o âmbito e objetivos do estudo definidos inicialmente, desta concluiu-se que o estudo corresponde, em termos gerais, com o previsto. Assim, tanto os cálculos e como a modelação efetuada para os principais processos da ACV são coerentes e consistentes com os objetivos e o âmbito definidos inicialmente. Análise e Controlo de Sensibilidade Num projeto como o presente, fazer uma análise de sensibilidade significaria avaliar a influência de alguns pressupostos assumidos e, deste modo, verificar se as informações obtidas são suficientes para se alcançarem conclusões e efetuarem recomendações. Tendo em conta a fiabilidade da metainformação associada aos dados utilizados na presente análise, definiu-se que seria feita uma análise da sua incerteza mas não uma análise e controlo de sensibilidade. A análise de incerteza realizada encontra-se no ponto seguinte. Adicionalmente, dado que no decorrer dos trabalhos associados ao presente projeto houve a necessidade de estabelecer e analisar dois cenários alternativos de funcionamento do SIGRE (aterro e incineração), esta análise constituiu per si uma análise de sensibilidade aos resultados obtidos no cenário baseline. Análise de Incerteza Foi feita uma análise de incerteza ao cenário baseline de funcionamento do SIGRE, tendo por base a metodologia estabelecida pela base de dados Ecoinvent 2.2, também conhecida como “pedigree matrix”. Nesta metodologia, a estimativa da incerteza associada a um processo faz-se de acordo com a metainformação associada aos dados, utilizando para isso a expressão abaixo expressa (Frischknecht, et al., The ecoinvent Database: Overview and Methodological Framework, 2005). Página | 150 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Equação 1 – Cálculo da incerteza associada aos dados Estimada a incerteza associada a cada parâmetro utilizado na simulação, bem como a sua distribuição estatística associada, com base no método de Monte Carlo efetuou-se um conjunto de simulações sistemáticas para análise de incerteza, introduzindo variações nos parâmetros de entrada de acordo com o grau de incerteza existente nos dados. Tabela 0.13 - Análise de incerteza ao cenário baseline do SIGRE Categoria de impacte Unidade Baseline () Alterações Climáticas kg CO2 eq -1,18E+08 -2,18+08 [2,5% - 97,5%] -3,86E+07 Formação de oxidantes fotoquímicos kg NMVOC eq -1,33E+06 -1,80E+06 -9,68E+05 Acidificação molc H+ eq -2,81E+06 -3,52E+06 -2,26E+06 Depleção de recursos hídricos m3 água eq -6,93E+05 -8,81E+05 -5,47E+05 Depleção recursos naturais kg Sb eq -3,73E+01 -5,30E+01 -2,56E+01 Página | 151 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Figura 0.3 - Análise de incerteza ao cenário baseline do SIGRE (Caracterização) NOTA: A verde claro representa-se o intervalo dos resultados encontrados. Com um ponto representa-se o valor esperado. Pela análise da figura 0.3 pode concluir-se que nas categorias de impacte consideradas, tendo em conta o cenário baseline de funcionamento do SIGRE, a incerteza dos dados não influência o “sinal” desse balanço, assim, a conclusão de que o SIGRE apresenta um desempenho ambiental favorável não é afetada pela incerteza associada aos dados. Pressupostos e Limitações Em termos dos principais pressupostos e limitações, de salientar o seguinte: Na análise consideraram-se não só os impactes associados à recolha, triagem, transporte, tratamento e valorização dos referidos resíduos, mas igualmente os impactes ambientais evitados através da substituição de materiais primários por materiais secundários e energia obtidos dos processos de valorização (avoided impacts). O cabaz de resíduos em análise (ver unidade funcional do estudo) foi o relativo a 2011 no SIGRE. Página | 152 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Os fluxos mássicos dos sistemas de gestão de resíduos urbanos e não urbanos de embalagens dizem respeito, a nível das operações de valorização, a dados fornecidos especificamente pela SPV (resíduos encaminhados para reciclagem, resíduos valorizados energeticamente, etc.). Ao nível dos fluxos de recolha seletiva, indiferenciada e encaminhamento direto para aterro, recorreu-se a estimativas com base em diversas fontes de dados, de forma coerente e respeitando-se a regra de conservação de massa no sistema. Não se consideram os efeitos que potenciais contaminantes dos resíduos de embalagens podem ter a nível da valorização dos resíduos, sobretudo no sistema urbano (e.g. orgânicos, humidade), estando apenas de alguma forma este aspeto considerado a nível das eficiências de separação e valorização consideradas (e.g. reciclagem). Na análise utilizaram-se valores médios estimados para as várias operações de gestão de resíduos no âmbito do SIGRE, não se tendo avaliado especificamente o panorama associado à gestão de resíduos de embalagens numa dada área geográfica, sendo que os processos unitários utilizados podem variar de sistema para sistema (e.g. não existência de tratamento mecânico ou valorização orgânica). Alguns dos dados utilizados para caracterizar os processos de foreground foram obtidos da bibliografia, devido às lacunas de dados existentes. Para minimizar esta limitação utilizaram-se preferencialmente dados publicados em jornais com peer review e consideram-se cenários conservativos, por exemplo no que concerne aos impactes evitados, como é exemplo o pressuposto da substituição do mix de eletricidade do SEN pela eletricidade produzida na incineração de resíduos de embalagens de plástico. Consideram-se 6 categorias de impacte, que foi as que se consideraram mais relevantes tendo em conta o âmbito e objetivos do estudo, pelo que não se avaliou a totalidade dos aspetos ambientais associados à gestão de resíduos de embalagens. Os resultados e conclusões apresentadas no capítulo 3 e 6 referem-se ao cenário Baseline 2011 avaliado e, como tal, refletem entre outros, os pressupostos acima referidos. Após a avaliação realizada e os resultados obtidos, de referir que se considera que os pressupostos e limitações enunciadas não colocam em causa a validade do estudo face aos seus objetivos e âmbito. No entanto, de salientar que a comparação com outros estudos mais específicos, com uma vertente mais vertical (e.g. avaliação do fim de vida das embalagens de PET, desempenho ambiental de um sistema regional de gestão de resíduos, etc.) ou a generalização dos resultados para outras situações fora dos objetivos formulados (e.g. para efeitos de definição de metas de reciclagem, etc.) deve ser realizada com as devida parcimónia e ressalvas. Conclusões e Recomendações As principais conclusões face aos objetivos e âmbito do trabalho são realizados no capítulo 3 e 6 do presente relatório. Em relação às recomendações para trabalhos futuros, apresentam-se, por exemplo, as seguintes ideias. Compilar-se uma maior quantidade de informação sobre os processos de valorização dos resíduos de embalagens existentes em Portugal, com especial incidência na sua reciclagem, por exemplo em termos de: o Produtos substituídos o Eficiências de reciclagem o Consumos energéticos e de outros materiais e emissões para a natureza Página | 153 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Atualizar a informação relativa aos fluxos de massa e consumos específicos dos processos associados à recolha e tratamento de resíduos de embalagens, aumentando a sua abrangência para a totalidade dos SMAUT existentes (e.g. eficiências de triagem, consumos de combustíveis na recolha seletiva, etc.). Realizar a análise comparativa dos impactes e benefícios associados a cada área geográfica com base em dados específicos que reflitam a realizada de cada SMAU, estabelecendo o seu ranking e avaliando os aspetos fulcrais a melhorar em cada sistema. Página | 154 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Anexo B - TABELA DE INVENTÁRIO DO SIGRE Calculation: Analisar Results: Inventário Product: 1 p RE todos os materiais (of project SPV - Baseline) Método: ILCD 2011 Midpoint (v1.01) Indicador: Inventário Unidade: ? Compartimento: Todos os compartimentos Per sub-compartment: N.º Default units: Excluir processos de infraestrutura: Excluir emissões de longo prazo: N.º Sorted on item: Substância Sort order: Ascendente N.º Substância N.º Sim Compartimento Unidade Totalt 1 1-Butanol Ar kg -0,00157 2 1-Butanol Água kg -0,37645 3 1-Pentanol Ar kg -0,29348 4 1-Pentanol Água kg -0,70439 5 1-Pentene Ar kg -0,22179 6 1-Pentene Água kg -0,5323 7 1-Propanol Ar kg -2,06442 8 1-Propanol Água kg -0,94412 9 1,4-Butanediol Ar kg -0,01131 10 1,4-Butanediol Água kg -0,00452 11 2-Aminopropanol Ar kg -0,00209 12 2-Aminopropanol Água kg -0,00503 13 2-Butene, 2-methyl- Ar kg -4,92E-05 14 2-Methyl-1-propanol Ar kg -0,50645 15 2-Methyl-1-propanol Água kg -1,21547 16 2-Methyl-2-butene Água kg -0,00012 17 2-Nitrobenzoic acid Ar kg -0,00017 18 2-Propanol Ar kg -21,1385 19 2-Propanol Água kg -0,00077 20 2,4-D Solo kg -18,8552 21 4-Methyl-2-pentanone Água kg -4,21E-05 22 Acenaphthene Ar kg -0,00027 23 Acenaphthene Água kg 0,012251 24 Acenaphthylene Água kg 0,008764 25 Acetaldehyde Ar kg 889,7328 26 Acetaldehyde Água kg -7,81994 27 Acetic acid Ar kg -2730,26 28 Acetic acid Água kg -39,145 Página | 155 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Página | 156 29 Acetone Ar kg 856,795 30 Acetone Água kg -0,96518 31 Acetonitrile Ar kg -56,2076 32 Acetonitrile Água kg -0,00205 33 Acetyl chloride Água kg -0,55336 34 Acidity, unspecified Ar kg 0,001376 35 Acidity, unspecified Água kg -1077,42 36 Aclonifen Solo kg -0,79494 37 Acrolein Ar kg -0,0894 38 Acrylate, ion Água kg -0,12948 39 Acrylic acid Ar kg -0,05471 40 Acrylonitrile Água kg 0,000319 41 Actinides, radioactive, unspecified Ar Bq -36330,2 42 Actinides, radioactive, unspecified Água Bq -4994316 43 Aerosols, radioactive, unspecified Ar Bq -804877 44 Air Matéria prima kg 1,48E+08 45 Aldehydes, unspecified Ar kg -2,44162 46 Aldrin Solo kg -0,00141 47 Aluminium Ar kg -13652,1 48 Aluminium Água kg -1226,85 49 Aluminium Solo kg -6457,4 50 Aluminium, 24% in bauxite, 11% in crude ore, in ground Matéria prima kg -1677745 51 Americium-241 Água Bq 57443,61 52 Ammonia Ar kg -77333 53 Ammonia Água kg 24114,94 54 Ammonia Solo kg 145154,8 55 Ammonium carbonate Ar kg -0,30211 56 Ammonium, ion Ar kg 9,84E-05 57 Ammonium, ion Água kg -4920,9 58 Anhydrite, in ground Matéria prima kg -200,594 59 Aniline Ar kg -1,0587 60 Aniline Água kg -2,54096 61 Anthracene Ar kg 0,000305 62 Anthracene Água kg 0,006806 63 Anthranilic acid Ar kg -0,00013 64 Antimony Ar kg -17,6372 65 Antimony Água kg 581,6109 66 Antimony Solo kg -20,5271 67 Antimony-122 Água Bq -2031,55 68 Antimony-124 Ar Bq 15,10267 69 Antimony-124 Água Bq -960809 70 Antimony-125 Ar Bq -52,5863 71 Antimony-125 Água Bq -1116009 72 AOX, Adsorbable Organic Halogen as Cl Água kg 24173,84 73 Argon-41 Ar Bq -9,5E+07 74 Arsenic Ar kg -50,1228 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 75 Arsenic Solo kg -9,86621 76 Arsenic trioxide Ar kg 1,39E-06 77 Arsenic, ion Água kg -193,585 78 Arsine Ar kg 0,000115 79 Atrazine Solo kg -0,00037 80 Barite Água kg -7792,53 81 Barite, 15% in crude ore, in ground Matéria prima kg -148303 82 Barium Ar kg 5,208487 83 Barium Água kg -1857,21 84 Barium Solo kg -887,89 85 Barium-140 Ar Bq -3420,69 86 Barium-140 Água Bq -8899,21 87 Basalt, in ground Matéria prima kg -84504,1 88 Benomyl Solo kg -0,1202 89 Bentazone Solo kg -0,4057 90 Benzal chloride Ar kg -7,09E-09 91 Benzaldehyde Ar kg -0,04065 92 Benzene Ar kg -3121,92 93 Benzene Água kg -1513,39 94 Benzene, 1-methyl-2-nitro- Ar kg -0,00015 95 Benzene, 1,2-dichloro- Ar kg -0,49427 96 Benzene, 1,2-dichloro- Água kg -3,59333 97 Benzene, 1,3,5-trimethyl- Ar kg 1,06E-06 98 Benzene, chloro- Água kg -49,7589 99 Benzene, ethyl- Ar kg 108,0525 100 Benzene, ethyl- Água kg -49,0682 101 Benzene, hexachloro- Ar kg 0,130123 102 Benzene, pentachloro- Ar kg 0,337312 103 Benzo(a)anthracene Ar kg 0,000153 104 Benzo(a)anthracene Água kg 0,005613 105 Benzo(a)pyrene Ar kg -6,87395 106 Benzo(b)fluoranthene Ar kg 0,000274 107 Benzo(b)fluoranthene Água kg 0,00622 108 Benzo(g,h,i)perylene Ar kg 0,000137 109 Beryllium Ar kg -0,0746 110 Beryllium Água kg -0,44249 111 Biomass, feedstock Matéria prima MJ -30895 112 BOD5, Biological Oxygen Demand Água kg -703073 113 Borate Água kg -53,5053 114 Borax, in ground Matéria prima kg -3,63867 115 Boron Ar kg -708,792 116 Boron Água kg -696,736 117 Boron Solo kg -59,6679 118 Boron trifluoride Ar kg -8,73E-09 119 Bromate Água kg -180,566 120 Bromide Água kg -2770,43 Página | 157 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Página | 158 121 Bromide Solo kg 13,1703 122 Bromine Ar kg -188,637 123 Bromine Água kg 1410,466 124 Bromine, 0.0023% in water Matéria prima kg -3291,61 125 Butadiene Ar kg -0,18971 126 Butane Ar kg -1076,16 127 Butene Ar kg -42,0954 128 Butene Água kg -0,5871 129 Butyl acetate Água kg -0,48457 130 Butyrolactone Ar kg -0,00033 131 Butyrolactone Água kg -0,00079 132 Cadmium Ar kg -28,586 133 Cadmium Água kg 1,096095 134 Cadmium Solo kg -7,71756 135 Cadmium, 0.30% in sulfide, Cd 0.18%, Pb, Zn, Ag, In, in ground Matéria prima kg 107,8363 136 Cadmium, ion Água kg -16,7899 137 Calcite, in ground Matéria prima kg -2,1E+07 138 Calcium Ar kg -11765 139 Calcium Solo kg 510702,6 140 Calcium chloride Matéria prima kg 8,66E-06 141 Calcium fluoride waste Resíduo kg 5,501584 142 Calcium, ion Água kg -414605 143 Carbetamide Solo kg -8,12899 144 Carbofuran Solo kg -65,9 145 Carbon Solo kg 146 Carbon-14 Ar Bq -42640 3,01E+09 147 Carbon-14 Água Bq 148 Carbon dioxide, biogenic Ar kg 149 Carbon dioxide, fossil Ar kg 150 Carbon dioxide, in air Matéria prima kg 2907904 1,60E+08 1,67E+08 5,34E+08 151 Carbon dioxide, land transformation Ar kg 58089429 152 Carbon disulfide Ar kg -688,74 153 Carbon disulfide Água kg -33,684 154 Carbon monoxide, biogenic Ar kg -98290,1 155 Carbon monoxide, fossil Ar kg -1481412 156 Carbon, in organic matter, in soil Matéria prima kg -83237,9 157 Carbonate Água kg -593,417 158 Carboxylic acids, unspecified Água kg -9036,96 159 Cerium-141 Ar Bq -829,251 160 Cerium-141 Água Bq -3558,06 161 Cerium-144 Água Bq -1083,2 162 Cesium Água kg -2,06771 163 Cesium-134 Ar Bq 15917,26 164 Cesium-134 Água Bq 1875289 165 Cesium-136 Água Bq -631,484 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 166 Cesium-137 Ar Bq 167 Cesium-137 Água Bq 31895,83 5,49E+08 168 Chemical waste, inert Resíduo kg -1773,18 169 Chemical waste, regulated Resíduo kg -164366 170 Chemical waste, unspecified Resíduo kg -2638,48 171 Chloramine Ar kg -1,03094 172 Chloramine Água kg -9,19911 173 Chlorate Água kg -1666,99 174 Chloride Ar kg 3,895531 175 Chloride Água kg -1994745 176 Chloride Solo kg 215954,8 177 Chlorinated solvents, unspecified Água kg -0,92482 178 Chlorine Ar kg -752,69 179 Chlorine Água kg 33,67286 180 Chloroacetic acid Ar kg -0,34737 181 Chloroacetic acid Água kg -81,2003 182 Chloroacetyl chloride Água kg -0,0067 183 Chloroform Ar kg -1,65623 184 Chloroform Água kg -0,29862 185 Chlorosilane, trimethyl- Ar kg -0,04339 186 Chlorosulfonic acid Ar kg -0,00299 187 Chlorosulfonic acid Água kg -0,00746 188 Chlorothalonil Solo kg -7871,99 189 Chromium Ar kg -327,929 190 Chromium Água kg 17,82261 191 Chromium Solo kg 13,4405 192 Chromium-51 Ar Bq -53,1372 193 Chromium-51 Água Bq -1354288 194 Chromium VI Ar kg -7,27843 195 Chromium VI Água kg -292,733 196 Chromium VI Solo kg -78,3376 197 Chromium, 25.5% in chromite, 11.6% in crude ore, in ground Matéria prima kg -80768,3 198 Chromium, in ground Matéria prima kg 4,253367 199 Chromium, ion Ar kg 0,000412 200 Chromium, ion Água kg -61,7608 201 Chromium, ion Solo kg 4,36E-06 202 Chrysene Ar kg 0,000377 203 Chrysene Água kg 0,031678 204 Chrysotile, in ground Matéria prima kg -34,2447 205 Cinnabar, in ground Matéria prima kg -3,20011 206 Clay, bentonite, in ground Matéria prima kg -648354 207 Clay, unspecified, in ground Matéria prima kg 15827306 208 Coal, brown, in ground Matéria prima kg -2,3E+07 209 Coal, hard, unspecified, in ground Matéria prima kg -6,7E+07 210 Cobalt Ar kg -24,9811 211 Cobalt Água kg -13,8157 Página | 159 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Página | 160 212 Cobalt Solo kg 28,79467 213 Cobalt-57 Água Bq -20045,8 214 Cobalt-58 Ar Bq 25,96384 215 Cobalt-58 Água Bq -9009549 216 Cobalt-60 Ar Bq 1881,693 217 Cobalt-60 Água Bq 5365458 218 Cobalt, in ground Matéria prima kg -0,50465 219 COD, Chemical Oxygen Demand Água kg -592812 220 Colemanite, in ground Matéria prima kg -600,267 221 Construction waste Resíduo kg 26035,21 222 Copper Ar kg -416,742 223 Copper Água kg 3,141293 224 Copper Copper, 0.99% in sulfide, Cu 0.36% and Mo 8.2E-3% in crude ore, in 225 ground Copper, 1.18% in sulfide, Cu 0.39% and Mo 8.2E-3% in crude ore, in 226 ground Copper, 1.42% in sulfide, Cu 0.81% and Mo 8.2E-3% in crude ore, in 227 ground Copper, 2.19% in sulfide, Cu 1.83% and Mo 8.2E-3% in crude ore, in 228 ground Solo kg -266,878 Matéria prima kg -7097,83 Matéria prima kg -39140,9 Matéria prima kg -10382,7 Matéria prima kg -51740,7 229 Copper, in ground Matéria prima kg -47,3314 230 Copper, ion Água kg -110,637 231 Cresol Água kg 2,23E-05 232 Cumene Ar kg -800,516 233 Cumene Água kg -1923,63 234 Curium alpha Água Bq 76130,09 235 Cyanide Ar kg 91,57467 236 Cyanide Água kg -84,0144 237 Cyanoacetic acid Ar kg -0,00245 238 Cyclohexane Ar kg 0,002143 239 Cypermethrin Solo kg -9,71409 240 Decane Água kg 30,13908 241 Decane Solo kg 1,602412 242 Diatomite, in ground Matéria prima kg 0,05602 243 Dibenz(a,h)anthracene Ar kg 8,52E-05 244 Dichromate Água kg -1,98088 245 Diethanolamine Ar kg 2,41E-09 246 Diethylamine Ar kg -0,47133 247 Diethylamine Água kg -1,13121 248 Dimethyl malonate Ar kg -0,00307 249 Dimethylamine Água kg -0,47583 250 Dinitrogen monoxide Ar kg -31600,7 251 Dioxin, 2,3,7,8 Tetrachlorodibenzo-p- Ar kg 0,000671 252 Dioxin, 2,3,7,8 Tetrachlorodibenzo-p- Água kg -2,47E-09 253 Dioxins, measured as 2,3,7,8-tetrachlorodibenzo-p-dioxin Ar kg -6,63E-07 254 Dipropylamine Ar kg -0,30003 255 Dipropylamine Água kg -0,72007 256 DOC, Dissolved Organic Carbon Água kg -180871 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 257 Dolomite, in ground Matéria prima kg -4984254 258 Energy, from coal Matéria prima MJ 20809995 259 Energy, from coal, brown Matéria prima MJ 15652501 260 Energy, from gas, natural Matéria prima MJ 1,31E+08 261 Energy, from oil Matéria prima MJ 85555331 262 Energy, from peat Matéria prima MJ 31782,56 263 Energy, from uranium Matéria prima MJ 26426317 264 Energy, from wood Matéria prima MJ 608,7075 265 Energy, geothermal, converted Matéria prima MJ 266 Energy, gross calorific value, in biomass Matéria prima MJ 30810,65 5,91E+09 267 Energy, gross calorific value, in biomass, primary forest Matéria prima MJ -5770804 268 Energy, kinetic (in wind), converted Matéria prima MJ 269 Energy, potential (in hydropower reservoir), converted Matéria prima MJ -3,7E+07 4,09E+08 270 Energy, solar, converted Matéria prima MJ 4721836 271 Ethane Ar kg -580,569 272 Ethane, 1,1-difluoro-, HFC-152a Ar kg -0,16154 273 Ethane, 1,1,1-trichloro-, HCFC-140 Ar kg -0,00035 274 Ethane, 1,1,1,2-tetrafluoro-, HFC-134a Ar kg 107,4731 275 Ethane, 1,1,2-trichloro-1,2,2-trifluoro-, CFC-113 Ar kg -0,0026 276 Ethane, 1,2-dichloro- Ar kg -16,2935 277 Ethane, 1,2-dichloro- Água kg -28,7216 278 Ethane, 1,2-dichloro-1,1,2,2-tetrafluoro-, CFC-114 Ar kg -1,11565 279 Ethane, hexafluoro-, HFC-116 Ar kg -36,9772 280 Ethanol Ar kg -53,8528 281 Ethanol Água kg -6,45375 282 Ethene Ar kg -1780,24 283 Ethene Água kg -21,1198 284 Ethene, chloro- Ar kg 201,3281 285 Ethene, chloro- Água kg -0,05881 286 Ethene, tetrachloro- Ar kg -0,0009 287 Ethyl acetate Ar kg -99,0744 288 Ethyl acetate Água kg -1,20106 289 Ethyl cellulose Ar kg -0,1986 290 Ethylamine Ar kg -0,25872 291 Ethylamine Água kg -0,62093 292 Ethylene diamine Ar kg -5,53994 293 Ethylene diamine Água kg -13,2956 294 Ethylene oxide Ar kg -30,4885 295 Ethylene oxide Água kg -0,61302 296 Ethyne Ar kg -177,115 297 Feldspar, in ground Matéria prima kg -0,08036 298 Fenpiclonil Solo kg -309,867 299 Fluoranthene Ar kg 0,000992 300 Fluoranthene Água kg 0,006567 301 Fluorene Ar kg 0,003149 302 Fluoride Ar kg 3,194347 Página | 161 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Página | 162 303 Fluoride Água kg -9857,33 304 Fluoride Solo kg 3285,08 305 Fluorine Ar kg -104,152 306 Fluorine Água kg 0,023038 307 Fluorine, 4.5% in apatite, 1% in crude ore, in ground Matéria prima kg -17619 308 Fluorine, 4.5% in apatite, 3% in crude ore, in ground Matéria prima kg -12331,2 309 Fluorspar, 92%, in ground Matéria prima kg -502039 310 Fluosilicic acid Ar kg -43,0026 311 Fluosilicic acid Água kg -77,4046 312 Food biomass waste, DK Resíduo kg -0,72224 313 Formaldehyde Ar kg -7292,04 314 Formaldehyde Água kg -273,323 315 Formamide Ar kg -0,53679 316 Formamide Água kg -1,28831 317 Formate Água kg -0,54954 318 Formic acid Ar kg -376,226 319 Formic acid Água kg -0,37397 320 Furan Ar kg -106,751 321 Gallium, 0.014% in bauxite, in ground Matéria prima kg -0,00123 322 Gas, mine, off-gas, process, coal mining/m3 Matéria prima m3 -624234 323 Gas, natural, in ground Matéria prima m3 -2,8E+07 324 Glutaraldehyde Água kg -0,96204 325 Glyphosate Solo kg -134,154 326 Gold, Au 1.1E-4%, Ag 4.2E-3%, in ore, in ground Matéria prima kg -0,19455 327 Gold, Au 1.3E-4%, Ag 4.6E-5%, in ore, in ground Matéria prima kg -0,35675 328 Gold, Au 1.4E-4%, in ore, in ground Matéria prima kg -0,42715 329 Gold, Au 2.1E-4%, Ag 2.1E-4%, in ore, in ground Matéria prima kg -0,65244 330 Gold, Au 4.3E-4%, in ore, in ground Matéria prima kg -0,1617 331 Gold, Au 4.9E-5%, in ore, in ground Matéria prima kg -0,38729 332 Gold, Au 6.7E-4%, in ore, in ground Matéria prima kg -0,5996 333 Gold, Au 7.1E-4%, in ore, in ground Gold, Au 9.7E-4%, Ag 9.7E-4%, Zn 0.63%, Cu 0.38%, Pb 0.014%, in 334 ore, in ground Matéria prima kg -0,6761 Matéria prima kg -0,04051 335 Gold, in ground Matéria prima kg 8,65E-06 336 Granite, in ground Matéria prima kg 337 Gravel, in ground Matéria prima kg -0,02388 1,21E+08 338 Gypsum, in ground Matéria prima kg 339 Heat, waste Ar MJ 340 Heat, waste Água MJ 1,27E+08 341 Heat, waste Solo MJ -7470198 342 Helium Ar kg -56,5145 343 Heptane Ar kg -416,92 344 Hexamethylene diamine Ar kg 5,43E-06 345 Hexane Ar kg -3388,06 346 Hexane Água kg 2,52E-06 347 Hydrocarbons, aliphatic, alkanes, cyclic Ar kg -65,0206 508,32 5,12E+09 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 348 Hydrocarbons, aliphatic, alkanes, unspecified Ar kg -8504,05 349 Hydrocarbons, aliphatic, alkanes, unspecified Água kg -268,803 350 Hydrocarbons, aliphatic, unsaturated Ar kg -6408,58 351 Hydrocarbons, aliphatic, unsaturated Água kg -25,0651 352 Hydrocarbons, aromatic Ar kg -3677,22 353 Hydrocarbons, aromatic Água kg -1103,57 354 Hydrocarbons, chlorinated Ar kg -9,64887 355 Hydrocarbons, unspecified Água kg -3268,34 356 Hydrogen Ar kg 357 Hydrogen-3, Tritium Ar Bq 358 Hydrogen-3, Tritium Água Bq 11056,95 1,78E+10 1,24E+12 359 Hydrogen bromide Ar kg 0,015638 360 Hydrogen chloride Ar kg -22531,9 361 Hydrogen chloride Água kg 0,000466 362 Hydrogen cyanide Ar kg 0,001043 363 Hydrogen fluoride Ar kg -6376,04 364 Hydrogen fluoride Água kg 29,30976 365 Hydrogen iodide Ar kg 1,12E-05 366 Hydrogen peroxide Ar kg -0,14741 367 Hydrogen peroxide Água kg -1,69861 368 Hydrogen sulfide Ar kg -5808,12 369 Hydrogen sulfide Água kg -46,0798 370 Hydroxide Água kg -5,62368 371 Hypochlorite Água kg -47,5127 372 Indeno(1,2,3-cd)pyrene Ar kg 0,000102 373 Indium, 0.005% in sulfide, In 0.003%, Pb, Zn, Ag, Cd, in ground Matéria prima kg 1,736226 374 Iodide Água kg -589,893 375 Iodine Ar kg -40,538 376 Iodine-129 Ar Bq -2950240 377 Iodine-129 Água Bq 8308375 378 Iodine-131 Ar Bq -8,8E+07 379 Iodine-131 Água Bq -188582 380 Iodine-133 Ar Bq -8433,94 381 Iodine-133 Água Bq -5586,77 382 Iodine-135 Ar Bq -9421,65 383 Iodine, 0.03% in water Matéria prima kg -717,187 384 Iron Ar kg -357,976 385 Iron Água kg 2682,452 386 Iron Solo kg -15374,4 387 Iron-59 Água Bq -1535,93 388 Iron, 46% in ore, 25% in crude ore, in ground Matéria prima kg -5,1E+07 389 Iron, ion Água kg -43694 390 Isocyanic acid Ar kg -1,57992 391 Isoprene Ar kg -4,95366 392 Isopropylamine Ar kg -0,00014 393 Isopropylamine Água kg -0,00033 Página | 163 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Página | 164 394 Kaolinite, 24% in crude ore, in ground Matéria prima kg -295191 395 Kieserite, 25% in crude ore, in ground Matéria prima kg 396 Krypton-85 Ar Bq 8,997405 6,98E+08 397 Krypton-85m Ar Bq 2,15E+12 398 Krypton-87 Ar Bq -1,9E+07 399 Krypton-88 Ar Bq -2,1E+07 400 Krypton-89 Ar Bq -6708930 401 Lactic acid Ar kg -0,23502 402 Lactic acid Água kg -0,56406 403 Lanthanum-140 Ar Bq -292,348 404 Lanthanum-140 Água Bq -9478,45 405 Lead Ar kg -459,676 406 Lead Água kg -105,469 407 Lead Solo kg -102,088 408 Lead-210 Ar Bq 409 Lead-210 Água Bq -1,4E+07 2,53E+08 410 Lead compounds Ar kg 1,04E-06 411 Lead, 5.0% in sulfide, Pb 3.0%, Zn, Ag, Cd, In, in ground Matéria prima kg 10004,88 412 Lead, in ground Matéria prima kg 219,2249 413 Linuron Solo kg -6,12461 414 Lithium, 0.15% in brine, in ground Matéria prima kg -15,5292 415 Lithium, ion Água kg -35,3572 416 m-Xylene Ar kg -241,136 417 m-Xylene Água kg -1,38971 418 Magnesite, 60% in crude ore, in ground Matéria prima kg -7397,05 419 Magnesium Ar kg -1018,41 420 Magnesium Água kg -27274,1 421 Magnesium Solo kg 73600,58 422 Magnesium chloride Matéria prima kg 4390,518 423 Magnesium, 0.13% in water Matéria prima kg -31,0585 424 Magnesium, in ground Matéria prima kg -7,53E-05 425 Mancozeb Solo kg -10224,3 426 Manganese Ar kg -385,658 427 Manganese Água kg -1134,52 428 Manganese Solo kg -4915,23 429 Manganese-54 Ar Bq -27,2125 430 Manganese-54 Manganese, 35.7% in sedimentary deposit, 14.2% in crude ore, in 431 ground Água Bq 1356603 Matéria prima kg -10637,9 432 Manganese, in ground Matéria prima kg 37,58877 433 Mercury Ar kg -8,77958 434 Mercury Água kg -0,78496 435 Mercury Solo kg -1,94442 436 Mercury, in ground Matéria prima kg -0,00295 437 Metaldehyde Solo kg -3,54614 438 Metamorphous rock, graphite containing, in ground Matéria prima kg 22927025 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 439 Methane Ar kg 3510605 440 Methane, biogenic Ar kg -32892,4 441 Methane, bromo-, Halon 1001 Ar kg -1,62E-09 442 Methane, bromochlorodifluoro-, Halon 1211 Ar kg -0,01579 443 Methane, bromotrifluoro-, Halon 1301 Ar kg -1,02207 444 Methane, chlorodifluoro-, HCFC-22 Ar kg -0,59146 445 Methane, chlorotrifluoro-, CFC-13 Ar kg 0,04826 446 Methane, dibromo- Água kg 5,03E-07 447 Methane, dichloro-, HCC-30 Ar kg -0,93314 448 Methane, dichloro-, HCC-30 Água kg -26,3268 449 Methane, dichlorodifluoro-, CFC-12 Ar kg 0,037246 450 Methane, dichlorofluoro-, HCFC-21 Ar kg -1,92E-05 451 Methane, fossil Ar kg -927627 452 Methane, monochloro-, R-40 Ar kg -0,00997 453 Methane, monochloro-, R-40 Água kg 0,002462 454 Methane, tetrachloro-, CFC-10 Ar kg -1,2005 455 Methane, tetrafluoro-, CFC-14 Ar kg -331,157 456 Methane, trichlorofluoro-, CFC-11 Ar kg 0,357448 457 Methane, trifluoro-, HFC-23 Ar kg -0,0061 458 Methanesulfonic acid Ar kg -0,00247 459 Methanol Ar kg -2507,48 460 Methanol Água kg -55,9857 461 Methyl acetate Ar kg -4,05E-05 462 Methyl acetate Água kg -9,72E-05 463 Methyl acrylate Ar kg -0,06207 464 Methyl acrylate Água kg -1,21259 465 Methyl amine Ar kg -0,00651 466 Methyl amine Água kg -0,01562 467 Methyl borate Ar kg -0,10871 468 Methyl ethyl ketone Ar kg -98,5707 469 Methyl formate Ar kg -0,14216 470 Methyl formate Água kg -0,05676 471 Methyl lactate Ar kg -0,25801 472 Metolachlor Solo kg -44,3273 473 Metribuzin Solo kg -360,011 474 Mineral waste Resíduo kg -339,208 475 Mineral waste, from mining Resíduo kg 29021302 476 Molybdenum Ar kg -2,87019 477 Molybdenum Água kg -91,8222 478 Molybdenum Solo kg -1,0033 479 Molybdenum-99 Molybdenum, 0.010% in sulfide, Mo 8.2E-3% and Cu 1.83% in crude 480 ore, in ground Molybdenum, 0.014% in sulfide, Mo 8.2E-3% and Cu 0.81% in crude 481 ore, in ground Molybdenum, 0.022% in sulfide, Mo 8.2E-3% and Cu 0.36% in crude 482 ore, in ground Molybdenum, 0.025% in sulfide, Mo 8.2E-3% and Cu 0.39% in crude 483 ore, in ground Água Bq -3268,06 Matéria prima kg -961,534 Matéria prima kg -136,378 Matéria prima kg -103,306 Matéria prima kg -499,729 Página | 165 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Página | 166 Molybdenum, 0.11% in sulfide, Mo 4.1E-2% and Cu 0.36% in crude 484 ore, in ground Matéria prima kg -207,174 485 Molybdenum, in ground Matéria prima kg 0,035268 486 Monoethanolamine Ar kg -6,0442 487 Naphthalene Ar kg 0,032 488 Naphthalene Água kg 0,802928 489 Napropamide Solo kg -6,27384 490 Natural aggregate Matéria prima kg 23734159 491 Nickel Ar kg -229,807 492 Nickel Água kg 5,834601 493 Nickel Nickel, 1.13% in sulfide, Ni 0.76% and Cu 0.76% in crude ore, in 494 ground Solo kg -7,98539 Matéria prima kg -1387,94 495 Nickel, 1.98% in silicates, 1.04% in crude ore, in ground Matéria prima kg -192558 496 Nickel, in ground Matéria prima kg -4,36494 497 Nickel, ion Água kg -170,286 498 Niobium-95 Ar Bq -3,23039 499 Niobium-95 Água Bq -150704 500 Nitrate Ar kg -4,93163 501 Nitrate Água kg -972883 502 Nitric oxide Ar kg 0,000103 503 Nitrite Água kg -60,0617 504 Nitrobenzene Ar kg -1,41366 505 Nitrobenzene Água kg -5,66518 506 Nitrogen Ar kg 10864,94 507 Nitrogen Água kg -25454,3 508 Nitrogen oxides Ar kg -978337 509 Nitrogen, in air Matéria prima kg -136186 510 Nitrogen, organic bound NMVOC, non-methane volatile organic compounds, unspecified 511 origin Água kg -422,029 Ar kg 512 Noble gases, radioactive, unspecified Ar Bq -245132 2,96E+13 513 o-Xylene Água kg -0,00022 514 Occupation, arable, non-irrigated Matéria prima m2a -2,6E+07 515 Occupation, construction site Matéria prima m2a -105245 516 Occupation, dump site Matéria prima m2a -386127 517 Occupation, dump site, benthos Matéria prima m2a 518 Occupation, forest, intensive Matéria prima m2a 519 Occupation, forest, intensive, normal Matéria prima m2a -12506,6 8,19E+08 3,81E+08 520 Occupation, forest, intensive, short-cycle Matéria prima m2a -1447596 521 Occupation, industrial area Matéria prima m2a -420625 522 Occupation, industrial area, benthos Matéria prima m2a -95,9325 523 Occupation, industrial area, built up Matéria prima m2a -527350 524 Occupation, industrial area, vegetation Matéria prima m2a -164908 525 Occupation, mineral extraction site Matéria prima m2a -220094 526 Occupation, permanent crop, fruit, intensive Matéria prima m2a -2112102 527 Occupation, shrub land, sclerophyllous Matéria prima m2a -7805,36 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 528 Occupation, traffic area, rail embankment Matéria prima m2a -74805,2 529 Occupation, traffic area, rail network Matéria prima m2a -82716,9 530 Occupation, traffic area, road embankment Matéria prima m2a -1,7E+07 531 Occupation, traffic area, road network Matéria prima m2a 240080 532 Occupation, urban, discontinuously built Matéria prima m2a -62268,9 533 Occupation, water bodies, artificial Matéria prima m2a -685047 534 Occupation, water courses, artificial Matéria prima m2a -225733 535 Octane Ar kg 3,292155 536 Oil, crude, in ground Matéria prima kg -6,1E+07 537 Oils, biogenic Solo kg -4818,97 538 Oils, unspecified Água kg -149355 539 Oils, unspecified Solo kg -157811 540 Olivine, in ground Matéria prima kg -78,124 541 Orbencarb Solo kg -1944,05 542 Oxygen Ar kg 366252,9 543 Oxygen, in air Matéria prima kg -20448,3 544 Ozone Ar kg -1255,35 545 Packaging waste, paper and board Resíduo kg -79,2056 546 Packaging waste, plastic Resíduo kg -0,00228 547 Packaging waste, steel Resíduo kg -0,53274 548 Packaging waste, wood Resíduo kg -18,8149 549 PAH, polycyclic aromatic hydrocarbons Ar kg -158,873 550 PAH, polycyclic aromatic hydrocarbons Água kg -12,8879 551 Palladium Ar kg 2,40E-10 552 Palladium, in ground Matéria prima kg 9,10E-06 553 Particulates, < 10 um Ar kg -1209,24 554 Particulates, < 10 um Água kg -18,1989 555 Particulates, < 2.5 um Ar kg -229077 556 Particulates, > 10 um Ar kg -340363 557 Particulates, > 10 um Água kg 29274,36 558 Particulates, > 2.5 um, and < 10um Pd, Pd 2.0E-4%, Pt 4.8E-4%, Rh 2.4E-5%, Ni 3.7E-2%, Cu 5.2E-2% in 559 ore, in ground Pd, Pd 7.3E-4%, Pt 2.5E-4%, Rh 2.0E-5%, Ni 2.3E+0%, Cu 3.2E+0% in 560 ore, in ground Ar kg -51200,5 Matéria prima kg -0,08629 Matéria prima kg -0,20736 561 Peat, in ground Matéria prima kg -2954976 562 Pentane Ar kg -1845,02 563 Phenanthrene Ar kg 0,010052 564 Phenol Ar kg -599,93 565 Phenol Água kg -788,118 566 Phenol, 2,4-dichloro- Ar kg -0,00558 567 Phenol, pentachloro- Ar kg -0,53893 568 Phosphate Água kg -28226,9 569 Phosphate Solo kg 110586,6 570 Phosphine Ar kg -4,60E-05 571 Phosphorus Ar kg -607,623 572 Phosphorus Água kg -1169,22 573 Phosphorus Solo kg -2688,42 Página | 167 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Página | 168 574 Phosphorus, 18% in apatite, 12% in crude ore, in ground Matéria prima kg -49114,6 575 Phosphorus, 18% in apatite, 4% in crude ore, in ground Matéria prima kg -70476,1 576 Phosphorus, in ground Matéria prima kg 0,002786 577 Pirimicarb Solo kg -0,03838 578 Plastic waste Resíduo kg -701,927 579 Platinum Ar kg -3,37E-05 580 Platinum, in ground Matéria prima kg 0,000109 581 Plutonium-238 Ar Bq -0,41946 582 Plutonium-alpha Ar Bq 3,41712 583 Plutonium-alpha Água Bq 228690,7 584 Polonium-210 Ar Bq 585 Polonium-210 Água Bq -2,4E+07 3,83E+08 586 Polychlorinated biphenyls Ar kg -0,27422 587 Potassium Ar kg -47022,5 588 Potassium Água kg 1753,064 589 Potassium Solo kg 57043,92 590 Potassium-40 Ar Bq -3131659 591 Potassium-40 Água Bq -3,8E+07 592 Potassium chloride Matéria prima kg -2,068 593 Potassium, ion Água kg -28758,8 594 Primary energy from waves Matéria prima MJ -170,887 595 Propanal Ar kg -1,79 596 Propanal Água kg -1,01973 597 Propane Ar kg -1072,29 598 Propane, 1,2-dichloro- Água kg 4,36E-09 599 Propene Ar kg -928,54 600 Propene Água kg -705,134 601 Propionic acid Ar kg 16,23152 602 Propionic acid Água kg -0,02445 603 Propylamine Ar kg -0,16999 604 Propylamine Água kg -0,40797 605 Propylene oxide Ar kg 5,993227 606 Propylene oxide Água kg 14,42439 607 Protactinium-234 Ar Bq -436878 608 Protactinium-234 Pt, Pt 2.5E-4%, Pd 7.3E-4%, Rh 2.0E-5%, Ni 2.3E+0%, Cu 3.2E+0% in 609 ore, in ground Pt, Pt 4.8E-4%, Pd 2.0E-4%, Rh 2.4E-5%, Ni 3.7E-2%, Cu 5.2E-2% in 610 ore, in ground Água Bq -8049733 Matéria prima kg -0,00405 Matéria prima kg -0,0145 611 Pumice, in ground Matéria prima kg 0,432306 612 Radioactive species, alpha emitters Água Bq 613 Radioactive species, Nuclides, unspecified Água Bq -663889 2,99E+09 614 Radioactive species, other beta emitters Ar Bq 89841392 615 Radioactive tailings Resíduo kg 616 Radium-224 Água Bq 9637,365 1,03E+08 617 Radium-226 Ar Bq -1,9E+07 618 Radium-226 Água Bq - Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 4,51E+09 619 Radium-228 Ar Bq 620 Radium-228 Água Bq 621 Radon-220 Ar Bq 622 Radon-222 Ar Bq -3823222 2,07E+08 1,38E+08 1,31E+12 623 Rejects Rh, Rh 2.0E-5%, Pt 2.5E-4%, Pd 7.3E-4%, Ni 2.3E+0%, Cu 3.2E+0% in 624 ore, in ground Rh, Rh 2.4E-5%, Pt 4.8E-4%, Pd 2.0E-4%, Ni 3.7E-2%, Cu 5.2E-2% in 625 ore, in ground Resíduo kg 4287513 Matéria prima kg -0,00129 Matéria prima kg -0,00404 626 Rhenium, in crude ore, in ground Matéria prima kg -0,0019 627 Rhodium Ar kg 2,31E-10 628 Rubidium Água kg -20,6771 629 Ruthenium-103 Ar Bq -0,70973 630 Ruthenium-103 Água Bq -689,576 631 Ruthenium-106 Água Bq 57443,65 632 Sand, unspecified, in ground Matéria prima kg 15458748 633 Scandium Ar kg -0,14093 634 Scandium Água kg -5,32738 635 Selenium Ar kg -1506,62 636 Selenium Água kg 34,89141 637 Shale, in ground Matéria prima kg -567,923 638 Silicon Ar kg -1421,31 639 Silicon Água kg -10282,6 640 Silicon Solo kg -22385,8 641 Silicon tetrafluoride Ar kg -0,52991 642 Silver Ar kg -0,02651 643 Silver-110 Ar Bq -7,03408 644 Silver-110 Água Bq -5874953 645 Silver, 0.007% in sulfide, Ag 0.004%, Pb, Zn, Cd, In, in ground Silver, 3.2ppm in sulfide, Ag 1.2ppm, Cu and Te, in crude ore, in 646 ground Matéria prima kg -4,42697 Matéria prima kg -3,16015 647 Silver, Ag 2.1E-4%, Au 2.1E-4%, in ore, in ground Matéria prima kg -0,29163 648 Silver, Ag 4.2E-3%, Au 1.1E-4%, in ore, in ground Matéria prima kg -0,66606 649 Silver, Ag 4.6E-5%, Au 1.3E-4%, in ore, in ground Silver, Ag 9.7E-4%, Au 9.7E-4%, Zn 0.63%, Cu 0.38%, Pb 0.014%, in 650 ore, in ground Matéria prima kg -0,65283 Matéria prima kg -0,43078 651 Silver, in ground Matéria prima kg 0,001488 652 Silver, ion Água kg -1,8953 653 Slag (uranium conversion) Resíduo kg 25,58018 654 Slags Resíduo kg 1090,042 655 Slate, in ground Matéria prima kg -7,98372 656 Sodium Ar kg -2215,61 657 Sodium Solo kg 528216 658 Sodium-24 Água Bq -24725,2 659 Sodium chlorate Ar kg -5,74859 660 Sodium chloride, in ground Matéria prima kg -5094706 661 Sodium dichromate Ar kg -0,53666 Página | 169 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Página | 170 662 Sodium formate Ar kg -6,82075 663 Sodium formate Água kg -16,3864 664 Sodium hydroxide Ar kg -0,54914 665 Sodium nitrate, in ground Matéria prima kg -0,20584 666 Sodium sulphate, various forms, in ground Matéria prima kg -145044 667 Sodium, ion Água kg -301695 668 Soil, unspecified, in ground Matéria prima kg 9800871 669 Solids, inorganic Água kg -361556 670 Solved solids Água kg -28172,2 671 Stibnite, in ground Matéria prima kg 0,005822 672 Strontium Ar kg -21,0464 673 Strontium Água kg -4219,66 674 Strontium Solo kg 270,8109 675 Strontium-89 Água Bq 676 Strontium-90 Água Bq -165106 2,45E+09 677 Styrene Ar kg -14,1338 678 Sulfate Ar kg -13902,9 679 Sulfate Água kg -1100562 680 Sulfate Solo kg 4197,041 681 Sulfide Água kg 820,8909 682 Sulfide Solo kg 24625,87 683 Sulfite Água kg -130,861 684 Sulfur Água kg -3595,46 685 Sulfur Solo kg -3095,41 686 Sulfur dioxide Ar kg -1419337 687 Sulfur hexafluoride Ar kg -13,6847 688 Sulfur trioxide Ar kg -11,3695 689 Sulfur, in ground Matéria prima kg -4429,27 690 Sulfuric acid Ar kg -0,1153 691 Sulfuric acid Solo kg -7,09E-05 692 Suspended solids, unspecified Água kg -171227 693 Sylvite, 25 % in sylvinite, in ground Matéria prima kg -483481 694 t-Butyl methyl ether Ar kg -5,48992 695 t-Butyl methyl ether Água kg -4,92925 696 t-Butylamine Ar kg -0,00178 697 t-Butylamine Água kg -0,00428 698 Talc, in ground Matéria prima kg -134,9 699 Tantalum, 81.9% in tantalite, 1.6E-4% in crude ore, in ground Matéria prima kg -3,47442 700 Tebutam Solo kg -14,8662 701 Technetium-99m Água Bq -75356,3 702 Teflubenzuron Solo kg -23,9992 703 Tellurium Ar kg 5,50E-05 704 Tellurium-123m Água Bq -119953 705 Tellurium-132 Tellurium, 0.5ppm in sulfide, Te 0.2ppm, Cu and Ag, in crude ore, in 706 ground Água Bq -189,221 Matéria prima kg -0,47404 707 Terpenes Ar kg -46,8408 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 708 Thallium Ar kg -0,10846 709 Thallium Água kg -0,27261 710 Thiram Solo kg -0,21325 711 Thorium Ar kg -0,16024 712 Thorium-228 Ar Bq 713 Thorium-228 Água Bq -722204 4,17E+08 714 Thorium-230 Ar Bq 715 Thorium-230 Água Bq 716 Thorium-232 Ar Bq -914490 717 Thorium-232 Água Bq -1563990 718 Thorium-234 Ar Bq -436982 719 Thorium-234 Água Bq -8051029 720 Tin Ar kg -5,29618 721 Tin Água kg 6,45E-05 722 Tin Solo kg -40,4406 723 Tin oxide Ar kg 1,09E-07 724 Tin, 79% in cassiterite, 0.1% in crude ore, in ground Matéria prima kg -191,969 725 Tin, in ground Matéria prima kg 7,33E-12 726 Tin, ion Água kg -75,8186 727 TiO2, 54% in ilmenite, 2.6% in crude ore, in ground Matéria prima kg -262473 728 TiO2, 95% in rutile, 0.40% in crude ore, in ground Matéria prima kg 0,002372 729 Titanium Ar kg 10,98 730 Titanium Água kg 0,108821 731 Titanium Solo kg -371,59 732 Titanium, in ground Matéria prima kg 12,45685 733 Titanium, ion Água kg -54,8362 734 TOC, Total Organic Carbon Água kg -183939 735 Toluene Ar kg -418,109 736 Toluene Água kg -260,884 737 Toluene, 2-chloro- Ar kg -0,41972 738 Toluene, 2-chloro- Água kg -0,87916 739 Transformation, from arable Matéria prima m2 -741,083 740 Transformation, from arable, non-irrigated Matéria prima m2 -4,8E+07 741 Transformation, from arable, non-irrigated, fallow Matéria prima m2 -203,558 742 Transformation, from dump site, inert material landfill Matéria prima m2 -1066,48 743 Transformation, from dump site, residual material landfill Matéria prima m2 -467,978 744 Transformation, from dump site, sanitary landfill Matéria prima m2 -36,332 745 Transformation, from dump site, slag compartment Matéria prima m2 10,45602 746 Transformation, from forest Matéria prima m2 -43395,3 747 Transformation, from forest, extensive Matéria prima m2 -8220772 748 Transformation, from forest, intensive, clear-cutting Matéria prima m2 -51699,5 749 Transformation, from industrial area Matéria prima m2 -214,021 750 Transformation, from industrial area, benthos Matéria prima m2 -0,04223 751 Transformation, from industrial area, built up Matéria prima m2 -25,0235 752 Transformation, from industrial area, vegetation Matéria prima m2 -42,6871 753 Transformation, from mineral extraction site Matéria prima m2 -3945,55 -2769787 1,10E+09 Página | 171 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Página | 172 754 Transformation, from pasture and meadow Matéria prima m2 -5151,98 755 Transformation, from pasture and meadow, intensive Matéria prima m2 -39553,7 756 Transformation, from sea and ocean Matéria prima m2 -12520,4 757 Transformation, from shrub land, sclerophyllous Matéria prima m2 -2787,72 758 Transformation, from tropical rain forest Matéria prima m2 -51699,5 759 Transformation, from unknown Matéria prima m2 -42762,3 760 Transformation, to arable Matéria prima m2 -2055,1 761 Transformation, to arable, non-irrigated Matéria prima m2 -4,9E+07 762 Transformation, to arable, non-irrigated, fallow Matéria prima m2 -256,73 763 Transformation, to dump site Matéria prima m2 -2976,75 764 Transformation, to dump site, benthos Matéria prima m2 -12506,6 765 Transformation, to dump site, inert material landfill Matéria prima m2 -1066,48 766 Transformation, to dump site, residual material landfill Matéria prima m2 -468,011 767 Transformation, to dump site, sanitary landfill Matéria prima m2 -36,332 768 Transformation, to dump site, slag compartment Matéria prima m2 10,45602 769 Transformation, to forest Matéria prima m2 -2461,52 770 Transformation, to forest, intensive Matéria prima m2 -5467024 771 Transformation, to forest, intensive, clear-cutting Matéria prima m2 -51699,5 772 Transformation, to forest, intensive, normal Matéria prima m2 -2608338 773 Transformation, to forest, intensive, short-cycle Matéria prima m2 -51699,5 774 Transformation, to heterogeneous, agricultural Matéria prima m2 -1985,26 775 Transformation, to industrial area Matéria prima m2 -10051,1 776 Transformation, to industrial area, benthos Matéria prima m2 -13,8137 777 Transformation, to industrial area, built up Matéria prima m2 -10688 778 Transformation, to industrial area, vegetation Matéria prima m2 -3372,61 779 Transformation, to mineral extraction site Matéria prima m2 -52863,5 780 Transformation, to pasture and meadow Matéria prima m2 -293,516 781 Transformation, to permanent crop, fruit, intensive Matéria prima m2 -29732,2 782 Transformation, to sea and ocean Matéria prima m2 -0,04223 783 Transformation, to shrub land, sclerophyllous Matéria prima m2 -1560,32 784 Transformation, to traffic area, rail embankment Matéria prima m2 -174,066 785 Transformation, to traffic area, rail network Matéria prima m2 -191,328 786 Transformation, to traffic area, road embankment Matéria prima m2 -115272 787 Transformation, to traffic area, road network Matéria prima m2 -828,417 788 Transformation, to unknown Matéria prima m2 -849,345 789 Transformation, to urban, discontinuously built Matéria prima m2 -1240,36 790 Transformation, to water bodies, artificial Matéria prima m2 -5231,59 791 Transformation, to water courses, artificial Matéria prima m2 -2680,21 792 Tributyltin compounds Água kg -6,26359 793 Triethylene glycol Água kg 1,041639 794 Trimethylamine Ar kg -7,81E-05 795 Trimethylamine Água kg -0,00019 796 Tungsten Ar kg -0,0013 797 Tungsten Água kg -9,24163 798 Ulexite, in ground Matéria prima kg -70,5601 799 Uranium Ar kg -0,15243 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 800 Uranium-234 Ar Bq -6096968 801 Uranium-234 Água Bq -9659680 802 Uranium-235 Ar Bq 277881,2 803 Uranium-235 Água Bq -1,6E+07 804 Uranium-238 Ar Bq 805 Uranium-238 Água Bq -7760707 1,37E+08 806 Uranium alpha Ar Bq 807 Uranium alpha Água Bq -2,4E+07 4,64E+08 808 Uranium, in ground Matéria prima kg -2148,09 809 Urea Água kg -1,17188 810 Used air Ar kg 1,77E+08 811 Vanadium Ar kg -248,141 812 Vanadium Água kg 0,657176 813 Vanadium Solo kg -10,636 814 Vanadium, ion Água kg 21,79047 815 Vermiculite, in ground Matéria prima kg -21,6314 816 VOC, volatile organic compounds Ar kg 5472,308 817 VOC, volatile organic compounds, unspecified origin Água kg -747,13 818 Volume occupied, final repository for low-active radioactive waste Matéria prima m3 -3,61397 819 Volume occupied, final repository for radioactive waste Matéria prima m3 -0,90848 820 Volume occupied, reservoir Matéria prima m3y -9057382 821 Volume occupied, underground deposit Matéria prima m3 -9,38341 822 Waste returned to mine Resíduo kg 173961,5 823 Waste, industrial Resíduo kg -544,911 824 Waste, nuclear, unspecified/kg Resíduo kg 106,2971 825 Waste, unspecified Resíduo kg -909,836 826 Water Ar kg 66515025 827 Water, cooling, unspecified natural origin/m3 Matéria prima m3 -8637596 828 Water, lake Matéria prima m3 -22761,2 829 Water, river Matéria prima m3 -1302221 830 Water, salt, ocean Matéria prima m3 -124138 831 Water, salt, sole Matéria prima m3 832 Water, turbine use, unspecified natural origin Matéria prima m3 -1458542 2,12E+09 833 Water, unspecified natural origin/kg Matéria prima kg 4,35E+08 834 Water, unspecified natural origin/m3 Matéria prima m3 -3002750 835 Water, well, in ground Matéria prima m3 -358782 836 Wood waste Resíduo kg -34,526 837 Wood, hard, standing Matéria prima m3 -276884 838 Wood, primary forest, standing Matéria prima m3 -535,324 839 Wood, soft, standing Matéria prima m3 -215753 840 Wood, unspecified, standing/m3 Matéria prima m3 -0,22439 841 Xenon-131m Ar Bq 842 Xenon-133 Ar Bq -9,1E+07 2,82E+09 843 Xenon-133m Ar Bq 844 Xenon-135 Ar Bq -9450697 1,17E+09 Página | 173 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Ar Bq 846 Xenon-137 Ar Bq 847 Xenon-138 Ar Bq -1,8E+07 1,46E+08 848 Xylene Ar kg -381,706 849 Xylene Água kg -210,355 850 Zinc Ar kg -1137,71 851 Zinc Água kg 17,29543 852 Zinc Solo kg -1752,43 853 Zinc-65 Ar Bq -135,879 854 Zinc-65 Água Bq -335226 855 Zinc oxide Ar kg 2,17E-07 856 Zinc, 9.0% in sulfide, Zn 5.3%, Pb, Ag, Cd, In, in ground Matéria prima kg -54639,1 857 Zinc, in ground Matéria prima kg 40,36077 858 Zinc, ion Água kg -886,81 859 Zirconium Ar kg -0,91211 860 Zirconium-95 Ar Bq -132,817 861 Zirconium-95 Água Bq -3882,15 862 Zirconium, 50% in zircon, 0.39% in crude ore, in ground Matéria prima kg -4,67179 Valores retirados da modelação no Simapro Página | 174 7,64E+08 845 Xenon-135m Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Anexo C – TABELA DE RESULTADOS DE CARACTERIZAÇÃO PARA TODAS AS CATEGORIAS DE IMPACTE DO MÉTODO ILCD 2011 (v.1.1) Calculation: Analisar Results: Avaliação de impacto Product: 1 p RE todos os materiais (of project SPV - Baseline) Método: ILCD 2011 Midpoint V1.01 Indicador: Caracterização Unidade: % Skip categories: Nunca Modo: Excluir processos de infraestrutura: Excluir emissões de longo prazo: Grupo Sorted on item: Categoria de impacte Sort order: Ascendente Categoria de impacte Unidade Total Climate change kg CO2 eq -1,2E+08 2,3E+07 8,6E+06 1,6E+06 9,7E+07 Ozone depletion Human toxicity, cancer effects Human toxicity, non-cancer effects kg CFC-11 eq -1,4E+01 3,3E+00 1,3E+00 1,5E-01 -8,0E-01 CTUh -4,4E+00 1,8E-01 5,7E-02 1,1E-01 CTUh -1,3E+02 1,3E+00 4,3E-01 2,8E-01 Particulate matter kg PM2.5 eq -6,7E+05 5,7E+03 2,6E+03 Ionizing radiation HH kg U235 eq -3,2E+07 3,3E+05 1,1E+05 Ionizing radiation E (interim) Photochemical ozone formation CTUe -2,8E+02 2,9E+00 kg NMVOC eq -1,3E+06 Acidification molc H+ eq Terrestrial eutrophication molc N eq Freshwater eutrophication Marine eutrophication N.º Sim 2) Recolha seletiva 3) Recolha indiferenciada 7) Reciclagem 8) Valorização orgânica 3,3E+05 -3,3E+08 -1,5E+05 8,2E+07 4,0E-02 -1,8E+01 -1,6E-03 2,8E-01 4,3E-01 2,3E-03 -5,6E+00 -5,1E-04 3,6E-01 -1,3E-01 1,1E-02 -1,3E+02 -3,3E-03 -1,4E-01 1,3E+03 8,7E+02 3,7E+02 -6,8E+05 -4,0E+01 2,3E+03 3,8E+04 -5,1E+04 3,7E+03 -3,3E+07 -1,9E+03 8,3E+05 9,7E-01 3,4E-01 -4,7E-01 3,4E-02 -2,9E+02 -1,3E-02 8,4E+00 1,3E+05 7,0E+04 1,2E+04 3,0E+04 4,0E+03 -1,7E+06 -7,9E+01 1,2E+05 -2,8E+06 1,1E+05 5,7E+04 1,1E+04 -9,5E+02 3,2E+03 -3,1E+06 -6,3E+02 1,0E+05 -5,2E+06 4,8E+05 2,7E+05 4,4E+04 1,1E+05 1,5E+04 -6,5E+06 -2,3E+03 3,3E+05 kg P eq 2,7E+04 2,6E+02 8,1E+01 5,3E+01 -4,5E+02 3,5E+00 -1,7E+04 -9,2E+00 4,4E+04 kg N eq -5,9E+05 4,4E+04 2,4E+04 4,0E+03 9,8E+03 1,3E+03 -7,2E+05 -5,0E+01 5,0E+04 Freshwater ecotoxicity CTUe -5,1E+08 6,8E+06 2,3E+06 1,3E+06 1,7E+08 4,3E+04 -7,0E+08 -3,1E+04 8,8E+06 Land use kg C deficit -2,9E+09 4,6E+07 1,7E+07 2,7E+06 -1,5E+05 8,1E+05 -3,0E+09 4,7E+03 -3,2E+06 Water resource depletion Mineral, fossil & ren resource depletion m3 water eq -6,9E+05 6,9E+03 2,4E+03 2,0E+03 2,0E+04 1,0E+02 -7,3E+05 -4,8E+01 5,6E+03 kg Sb eq -3,7E+01 6,0E-03 2,0E-03 1,5E-04 -5,5E-04 3,9E-05 -3,7E+01 -1,7E-03 -4,0E-04 4) Triagem 5) Incineração 6) TMB Valores de caracterização, modelo ILCD 2011 (V.1.01), retirados da modelação no Simapro. Página | 175 9) Aterro Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Anexo D – CÁLCULOS AUXILIARES PARA A AVALIAÇÃO INTEGRADA DOS RESULTADOS AMBIENTAIS, ECONÓMICOS E SOCIAIS I. Carbono | GEE | Alterações climáticas Fatores de conversão Comparação Árvores a sequestrar carbono no seu tempo de vida (emissões) Área plantada com pinheiro bravo (emissões) Quilómetros de automóvel (emissões) Circulação de um veiculo num ano (emissões) Conversão 300,00 kgCO2e / 30 anos 300.000,60 kgCO2e/ha.30anos 0,20 kgCO2e / km 39,60 kgCO2e / ano Viagens Lx-Pequim ida e volta (emissões) 2.020,00 kg CO2e / viagem Voltas à Terra de avião (emissões) 7.357,27 kgCO2e / volta Emissões anuais de um agregado familiar médio Baleias azuis (peso) Total Portuguese GHG emissions without landuse, land-use change and forestry (LULUCF) Emissões anuais de GEE do setor de gestão de resíduos Emissões geradas na produção de uma garrafa de vidro de 33 ml Emissões geradas na produção de uma lata de alumínio de 33 ml Emissões geradas na produção de uma resma de papel VPV pago à SPV 932,20 kgCO2e / ano Obs. Fonte uma árvore compensa 0,01t CO2/ano DGRF, ISA área plantada num ano DGRF, ISA lig passg; consumo médio; traj comb ligeiro passg; consumo médio; traj comb; 20.000 km/ano 1 pax; avião; Lisboa- Pequim (ida) = 9661,183 km 1 pax; avião; circunferência equatorial = 40075,16 km Emissões atribuíveis a 1 pax 3 pax; 250 kWh.mes; 10m3 gas, 3.3 kg resd The Carbon Neutral Company The Carbon Neutral Company The Carbon Neutral Company Inventário nacional florestal Inventário nacional florestal http://www.carbonneutralcalculator.com/househ oldcalculator.aspx http://www.carbonneutralcalculator.com/househ oldcalculator.aspx http://www.carbonneutralcalculator.com/househ oldcalculator.aspx Wikipédia http://en.wikipedia.org/wiki/Earth Carbonozero http://www.carbono-zero.com/ 125.000,00 kg / baleia azul varia entre 100 a 150 toneladas American Cetacean Society http://www.acsonline.org 70,60 Mt CO2eq /ano -- APA Portuguese national inventory report on greenhouse gases, 1990 - 2010, 7,41 Mt CO2eq /ano -- 360,00 g CO2e/garr 33 ml -- 170,00 g CO2e/lata 33 ml -- 445,00 g CO2e/resma papel 67.561.795 Euros --- Portuguese national inventory report on greenhouse gases, 1990 - 2010, http://www.cokecorporateresponsibility.co.uk/big Coca cola -themes/energy-and-climate-change/productcarbon-footprint.aspx http://www.cokecorporateresponsibility.co.uk/big Coca cola -themes/energy-and-climate-change/productcarbon-footprint.aspx http://www.glatfelter.com/sustainability/environ Produtor de papel - Glatfelter mental/greenhouse_gases.aspx APA SPV VPV de 2011 Página | 177 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final II. Acidificação Fatores de conversão Comparação Emissões de SO2 associadas à circulação de camiões num ano (emissões) Conversão Obs. 75,96 kgSO2 / ano Fonte EURO 5-25t; 60.000 km/ano; 15l/100km DAF -- III. Energia Fatores de conversão Comparação Consumo de eletricidade em computadores Conversão Obs. 49,92 kWh/ano Consumo de eletricidade em computadores 468,24 MJ /ano Consumo de eletricidade de um frigorifico 300,00 kWh/ ano Consumo de eletricidade de um frigorifico classe A 2.813,97 MJ /ano Fonte Potência computador económico: 41W (ativo) / 2,3W (latente) / 1,4W (desligado) assumindo uma eficiência de conversão Ep - Ef de 38,38% (central termoelectrica a carvão - Sines) Consumo de referência frigorífico Classe A – Combinado Bosch KGP 39371 assumindo uma eficiência de conversão Ep - Ef de 38,38% (central termoelectrica a carvão - Sines) UE Energy Star http://www.eu-energystar.org/pt/pt_008.shtml UE Energy Star http://www.eu-energystar.org/pt/pt_008.shtml Bosch -Bosch -http://www.pordata.pt/Portugal/Consumo+de+en DGEG/MEID ergia+primaria+total+e+por+tipo+de+fonte+de+e (2010) nergia-1130 http://www.pordata.pt/Portugal/Consumo+de+en DGEG/MEID ergia+primaria+total+e+por+tipo+de+fonte+de+e (2010) nergia-1130 Consumo de energia primária nacional 22.902.000 tep/ano -- Consumo de energia primária nacional 958.860.936.000 MJ/ano -- 41.868,00 MJ /tep -- -- -- -- -- -- Conversão tep - MJ kg de carvão (antracite) 3 m de gás natural (Argélia) Página | 178 32,00 MJ / kg carvão (antracite) 3 39,30 MJ / m gás natural -- Portal gas http://portal.gasnatural.com/docs/brr/guiadelgas natural /poder_calorifico.swf Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final IV. Água Fatores de conversão Comparação Conversão 3 Obs. Fonte INAG/MAOT - INE http://www.pordata.pt/Portugal/Consumo+de+agua+dis (2010) tribuida+pela+rede+publica+per+capita-1226 Consumo de água por habitante 63,70 m /hab.ano -- Consumo de água ciclo lavagem de máquina de lavar roupa 90,00 l/ciclo -- INAG -- Federação Internacional Natação Capacidade piscina olímpica 3 2.500,00 m / piscina http://www.inag.pt/inag2004/port/divulga/pdf/Poupeh ojeparateramanha.pdf Página | 179 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Anexo E – QUADROS ALAVANCAGEM DE MULTIPLICADORES E DE Tabela 0.1 - Multiplicadores de tipo I (euro/euro), ordenados por código de CAE Setores VAB Salários Volume de Negócios 01 Produtos da agric., prod. animal, caça e serv. relac. 2,28 2,90 2,33 02 Produtos da silvic., expl. florestal e serv. relac. 1,43 2,10 1,66 03 Produtos da pesca, aquacultura e serv. relac. 1,40 1,49 1,67 05 Hulha (inclui antracite) e linhite 0,00 0,00 0,00 061 Petróleo Bruto 0,00 0,00 0,00 062 Gás Natural produzido 0,00 0,00 0,00 Outras Extrativas 1,92 2,05 2,05 10 Produtos alimentares 3,40 2,95 2,33 11 Bebidas 3,15 3,12 2,46 12 Produtos da indústria do tabaco 1,54 1,94 1,76 13 Produtos têxteis 2,26 1,91 1,97 14 Artigos de vestuário 1,75 1,61 1,80 15 Couro e produtos afins 1,83 1,67 1,71 16 Madeira e cortiça e suas obras, excl.mobil.; obras de esp. e cest. 3,22 2,57 2,39 17 Papel e cartão e seus artigos 2,84 3,07 2,33 18 Trabalhos de impressão e gravação 1,93 1,82 2,02 19 Coque, produtos petrolíferos refinados e aglomerados de combustíveis 2,34 2,81 1,26 20 Produtos químicos e fibras sintéticas ou artificiais 2,85 2,86 1,97 21 Produtos farmacêuticos de base preparações e artigos farmacêuticos 1,81 1,81 1,88 22 Artigos de borracha e de matérias plásticas 2,09 2,03 1,84 23 Outros produtos minerais não metálicos 2,34 2,28 2,20 24 Metais de base 3,14 3,29 1,96 25 Produtos metálicos transformados, excepto máquinas e equipamento 1,93 1,78 1,88 26 Produtos informáticos, eletrónicos e ópticos 1,47 1,58 1,32 27 Equipamento elétrico 1,99 1,94 1,62 28 Máquinas e equipamentos, n.e. 1,80 1,68 1,69 29 Veículos automóveis, reboques e semi-reboques 2,24 1,87 1,57 30 Outro material de transporte 1,78 1,61 1,71 31 Mobiliário 2,01 1,71 1,95 07+08+09 Página | 181 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 32 Produtos diversos das indústrias transformadoras 1,89 1,75 1,81 33 Serviços de reparação e instalação de máq e equip 1,84 1,77 1,82 Eletricidade, vapor e água quente e fria e ar frio 3,66 5,96 3,05 352 Gás natural distribuído 3,34 8,38 2,02 36 Captação, tratamento e distribuição de água 2,23 2,42 2,48 37+38+39 Serviços de saneamento, descontaminação e valorização de materiais 2,26 2,30 2,18 41 Construção de edifícios 2,30 2,27 2,16 42 Trabalhos engenharia civil 2,78 2,70 2,44 43 Trabalhos de construção especializados 1,91 1,71 1,95 45 Vendas p/ grosso e ret. e serv. Rep. Veíc. Auto. e motoc 1,80 1,53 1,83 46 Vendas p/ grosso, excep veíc. Auto. e motociclos 1,85 1,74 1,98 47 Vendas a retalho, exc veículos automóveis e motociclos 1,55 1,51 1,82 49 Serv. transporte terrestre e por condutas (pipelines) 1,96 1,80 2,02 50 Serviços de transporte por água 3,82 3,94 2,63 51 Serviços de transporte aéreo 2,91 2,11 1,97 52 Serviços de armazenagem e auxiliares dos transportes 2,01 2,27 2,25 53 Serviços postais e de courrier 1,64 1,43 1,83 55 Serviços de alojamento 1,88 1,78 2,12 56 Serviços de restauração e similares 1,59 1,58 1,88 58 Serviços de edição 2,24 1,87 2,04 59 Serv prod filmes, vídeos e prog TV, grav som e ed músic 3,72 3,28 2,45 60 Serviços de programação e radiodifusão 3,15 2,68 2,66 61 Serviços de telecomunicações 2,03 3,18 2,10 62 Consultoria e prog informática e serviços relacionados 2,01 1,74 2,02 63 Serviços de informação 2,05 1,76 2,07 64 Serviços financeiros, exc. seguros e fundos de pensões 1,48 1,50 1,66 65 Serv seguros, resseg e f. pensões, exc. Seg soc. Obrig. 1,49 1,86 1,63 1,52 1,70 1,65 1,79 5,30 2,50 Rendas imputadas em habitação própria 1,80 n.d. 2,53 69 Serviços jurídicos e contabilísticos 1,48 1,63 1,68 70 Serv. sedes sociais; serviços de consultoria de gestão 1,83 1,82 1,92 71 Serv arquitect e de eng.; serv. de ensaios e de anál. Técn. 1,92 1,89 1,96 72 Serviços de investigação e desenvolvimento científicos 1,40 1,55 1,60 73 Serviços de publicidade e estudos de mercado 2,71 3,42 2,39 351+353 66 6801+6802 6803 Serviços auxiliares de serviços financeiros e de seguros Serviços imobiliários excluindo rendas imputadas em habitação própria Página | 182 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 74 Out serv consultoria, científicos, técnicos e similares 1,93 1,69 1,97 75 Serviços veterinários 1,55 1,88 1,73 77 Serviços de aluguer 1,95 3,44 2,31 78 Serviços de emprego 2,21 2,21 2,09 79 Serv. ag. viagens, op. Turíst. e out. serv. reservas e rel. 2,95 2,35 2,43 80 Serviços de segurança e investigação 1,21 1,13 1,36 81 Serv p/ edifícios e serv. Plant. e manutenção de jardins 1,40 1,24 1,60 82 Serv. Administr. e de apoio prestados às empresas 2,07 1,82 2,08 84 Serv. Admin. pública, defesa e seg. social obrigatória 1,42 1,29 1,74 85 Serviços de educação 1,16 1,10 1,31 86 Serviços de saúde humana 1,50 1,36 1,64 87 Serviços de apoio social com alojamento 1,63 1,43 1,86 88 Serviços de apoio social sem alojamento 1,45 1,32 1,73 90 Serviços criativos, artísticos e de espectáculo 2,43 3,18 2,20 91 Serv. bibliotecas, arquivos e museus e out. serv. culturais 1,80 1,57 2,04 92 Serviços de lotarias e outros jogos de aposta 1,60 1,89 1,81 93 Serviços desportivos, de diversão e recreativos 2,16 1,86 2,14 94 Serviços prestados por organizações associativas 2,35 1,72 2,20 95 Serv. Rep. computadores e de bens pessoais e dom. 1,69 1,44 1,86 96 Outros serviços pessoais 1,55 1,48 1,75 97 Serv. famílias empregadoras de pessoal doméstico 1,00 1,00 1,00 SPV 5,35 10,11 1,99 MWS 1,32 1,31 1,65 Retomadores n.d. n.d. 2.00 Retomadores papel 2,84 3,07 2,33 Retomadores plástico 2,09 2,03 1,84 Retomadores vidro 2,34 2,28 2,20 Retomadores metais 3,14 3,29 1,96 SIGRE 2,25 2,30 2,04 O multiplicador de tipo I dum certo recurso (VAB, salários ou volume de negócios) indica o impacto total na economia duma unidade de recurso no setor de origem. A maioria dos multiplicadores de tipo I calculados encontra na gama de valores entre 1 e 3, conforme seria de esperar. Página | 183 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Há alguns multiplicadores que são nulos (CAE 4, 5 e 6) porque não há produção nacional desses ramos de atividade. Há alguns multiplicadores que não estão definidos (n.d.) (ex. multiplicador de salários do CAE 59, ou os multiplicadores do setor REC) porque não existem efeitos diretos associados a esse ramo de atividade. Um multiplicador de tipo I tem valor muito elevado quando a utilização direta de recurso é reduzida. Por exemplo, os multiplicadores de salários dos CAE 32 e 33 são muito elevados porque na geração de eletricidade e no transporte de gás o fator trabalho é pouco significativo em relação aos restantes fatores de produção. Este efeito também se observa nos multiplicadores de VAB e salários do setor SPV. Tabela 0.2 - Desagregação do multiplicador de tipo I do SIGRE por ramo de atividade (Euro/Euro) Setores VAB Salários Volume de Negócios 01 Produtos da agric., prod. animal, caça e serv. relac. 0,003 0,002 0,002 02 Produtos da silvic., expl. florestal e serv. relac. 0,038 0,012 0,017 03 Produtos da pesca, aquacultura e serv. relac. 0,000 0,000 0,000 05 Hulha (inclui antracite) e linhite 0,000 0,000 0,000 061 Petróleo Bruto 0,000 0,000 0,000 062 Gás Natural produzido 0,000 0,000 0,000 Outras Extrativas 0,011 0,010 0,008 10 Produtos alimentares 0,002 0,002 0,003 11 Bebidas 0,000 0,000 0,001 12 Produtos da indústria do tabaco 0,000 0,000 0,000 13 Produtos têxteis 0,001 0,002 0,001 14 Artigos de vestuário 0,000 0,000 0,000 15 Couro e produtos afins 0,000 0,000 0,000 16 Madeira e cortiça e suas obras, excl.mobil.; obras de esp. e cest. 0,012 0,016 0,016 17 Papel e cartão e seus artigos 0,340 0,292 0,410 18 Trabalhos de impressão e gravação 0,005 0,006 0,004 19 Coque, produtos petrolíferos refinados e aglomerados de combustíveis 0,007 0,005 0,041 20 Produtos químicos e fibras sintéticas ou artificiais 0,017 0,017 0,029 21 Produtos farmacêuticos de base preparações e artigos farmacêuticos 0,000 0,000 0,000 22 Artigos de borracha e de matérias plásticas 0,121 0,134 0,135 23 Outros produtos minerais não metálicos 0,069 0,075 0,064 24 Metais de base 0,030 0,030 0,060 25 Produtos metálicos transformados, excepto máquinas e equipamento 0,021 0,028 0,019 26 Produtos informáticos, eletrónicos e ópticos 0,002 0,001 0,002 07+08+09 Página | 184 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 27 Equipamento elétrico 0,003 0,003 0,003 28 Máquinas e equipamentos, n.e. 0,037 0,046 0,035 29 Veículos automóveis, reboques e semi-reboques 0,013 0,021 0,026 30 Outro material de transporte 0,001 0,001 0,001 31 Mobiliário 0,002 0,003 0,002 32 Produtos diversos das indústrias transformadoras 0,001 0,001 0,000 33 Serviços de reparação e instalação de máq e equip 0,049 0,059 0,039 Eletricidade, vapor e água quente e fria e ar frio 0,075 0,033 0,111 352 Gás natural distribuído 0,005 0,001 0,014 36 Captação, tratamento e distribuição de água 0,001 0,001 0,001 37+38+39 Serviços de saneamento, descontaminação e valorização de materiais 0,025 0,026 0,020 41 Construção de edifícios 0,089 0,101 0,083 42 Trabalhos engenharia civil 0,059 0,074 0,064 43 Trabalhos de construção especializados 0,026 0,040 0,021 45 Vendas p/ grosso e ret. e serv. Rep. Veíc. Auto. e motoc 0,010 0,015 0,007 46 Vendas p/ grosso, excep veíc. Auto. e motociclos 0,088 0,102 0,056 47 Vendas a retalho, exc veículos automóveis e motociclos 0,016 0,017 0,008 49 Serv. transporte terrestre e por condutas (pipelines) 0,058 0,074 0,045 50 Serviços de transporte por água 0,001 0,001 0,001 51 Serviços de transporte aéreo 0,001 0,001 0,001 52 Serviços de armazenagem e auxiliares dos transportes 0,008 0,007 0,005 53 Serviços postais e de courrier 0,004 0,006 0,002 55 Serviços de alojamento 0,002 0,002 0,001 56 Serviços de restauração e similares 0,003 0,003 0,002 58 Serviços de edição 0,003 0,004 0,002 59 Serviços produção filmes, vídeos e progamas TV, gravação som e edição música 0,001 0,001 0,001 60 Serviços de programação e radiodifusão 0,003 0,004 0,003 61 Serviços de telecomunicações 0,010 0,004 0,007 62 Consultoria e prog informática e serviços relacionados 0,014 0,019 0,008 63 Serviços de informação 0,001 0,002 0,001 0,060 0,054 0,028 0,009 0,004 0,004 0,004 0,003 0,002 0,037 0,006 0,014 351+353 64 65 66 6801+6802 Serviços financeiros, exc. seguros e fundos de pensões Serv seguros, resseg e f. pensões, exc. Seg soc. Obrig. Serviços auxiliares de serviços financeiros e de seguros Serviços imobiliários excluindo rendas imputadas em habitação própria Página | 185 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 6803 69 70 71 72 Rendas imputadas em habitação própria 0,000 0,000 0,000 Serviços jurídicos e contabilísticos 0,019 0,014 0,009 0,023 0,024 0,013 0,018 0,020 0,012 0,008 0,006 0,004 Serv. sedes sociais; serviços de consultoria de gestão Serv arquitect e de eng.; serv. de ensaios e de anál. Técn. Serviços de investigação e desenvolvimento científicos 73 Serviços de publicidade e estudos de mercado 0,022 0,016 0,021 74 Out serv consultoria, científicos, técnicos e similares 0,003 0,004 0,002 75 Serviços veterinários 0,000 0,000 0,000 77 Serviços de aluguer 0,011 0,004 0,006 78 Serviços de emprego 0,003 0,003 0,002 79 Serv. ag. viagens, op. Turíst. e out. serv. reservas e rel. 0,001 0,001 0,001 80 Serviços de segurança e investigação 0,007 0,012 0,003 81 Serv p/ edifícios e serv. Plant. e manutenção de jardins 0,005 0,009 0,002 82 Serv. Administr. e de apoio prestados às empresas 0,019 0,028 0,013 84 Serv. Admin. pública, defesa e seg. social obrigatória 0,001 0,002 0,000 85 Serviços de educação 0,003 0,005 0,001 86 Serviços de saúde humana 0,002 0,003 0,001 87 Serviços de apoio social com alojamento 0,000 0,000 0,000 88 Serviços de apoio social sem alojamento 0,000 0,000 0,000 90 Serviços criativos, artísticos e de espectáculo 0,000 0,000 0,000 91 Serv. bibliotecas, arquivos e museus e out. serv. culturais 0,000 0,000 0,000 92 Serviços de lotarias e outros jogos de aposta 0,000 0,000 0,000 93 Serviços desportivos, de diversão e recreativos 0,001 0,001 0,000 94 Serviços prestados por organizações associativas 0,001 0,002 0,001 95 Serv. Rep. computadores e de bens pessoais e dom. 0,001 0,002 0,001 96 Outros serviços pessoais 0,000 0,000 0,000 97 Serv. famílias empregadoras de pessoal doméstico 0,000 0,000 0,000 SPV 0,070 0,037 0,191 MWS 0,643 0,733 0,317 Retomador 0,000 0,000 0,002 A soma em colunas da tabela 0.2 corresponde à linha SIGRE da tabela 0.1. Página | 186 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final Tabela 0.3 - Alavancagem do SIGRE por ramo de atividade (milhões de Euros) Setores VAB Salários Volume de Negócios 01 Produtos da agric., prod. animal, caça e serv. relac. 0,31 0,11 0,90 02 Produtos da silvic., expl. florestal e serv. relac. 4,45 0,72 6,34 03 Produtos da pesca, aquacultura e serv. relac. 0,01 0,00 0,01 05 Hulha (inclui antracite) e linhite 0,00 0,00 0,00 061 Petróleo Bruto 0,00 0,00 0,00 062 Gás Natural produzido 0,00 0,00 0,00 Outras Extrativas 1,28 0,62 3,01 10 Produtos alimentares 0,21 0,13 1,09 11 Bebidas 0,06 0,03 0,22 12 Produtos da indústria do tabaco 0,00 0,00 0,00 13 Produtos têxteis 0,15 0,12 0,56 14 Artigos de vestuário 0,01 0,01 0,02 15 Couro e produtos afins 0,02 0,01 0,06 16 Madeira e cortiça e suas obras, excl.mobil.; obras de esp. e cest. 1,40 1,00 6,04 17 Papel e cartão e seus artigos 2,94 1,33 11,43 18 Trabalhos de impressão e gravação 0,59 0,38 1,37 19 Coque, produtos petrolíferos refinados e aglomerados de combustíveis 0,85 0,33 15,61 20 Produtos químicos e fibras sintéticas ou artificiais 2,02 1,06 11,08 21 Produtos farmacêuticos de base preparações e artigos farmacêuticos 0,01 0,00 0,02 22 Artigos de borracha e de matérias plásticas 0,98 0,57 3,49 23 Outros produtos minerais não metálicos 2,40 1,37 7,19 24 Metais de base 0,76 0,38 4,77 25 Produtos metálicos transformados, excepto máquinas e equipamento 2,47 1,71 7,22 26 Produtos informáticos, eletrónicos e ópticos 0,18 0,08 0,67 27 Equipamento elétrico 0,31 0,18 1,31 28 Máquinas e equipamentos, n.e. 4,28 2,85 13,38 29 Veículos automóveis, reboques e semi-reboques 1,54 1,28 9,85 30 Outro material de transporte 0,07 0,05 0,20 31 Mobiliário 0,22 0,17 0,62 32 Produtos diversos das indústrias transformadoras 0,06 0,04 0,17 33 Serviços de reparação e instalação de máq e equip 5,76 3,62 14,81 Eletricidade, vapor e água quente e fria e ar frio 8,79 2,05 42,01 Gás natural distribuído 0,60 0,09 5,38 07+08+09 351+353 352 Página | 187 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final 36 Captação, tratamento e distribuição de água 0,17 0,08 0,36 37+38+39 Serviços de saneamento, descontaminação e valorização de materiais 2,89 1,57 7,69 41 Construção de edifícios 10,39 6,23 31,46 42 Trabalhos engenharia civil 6,87 4,57 24,07 43 Trabalhos de construção especializados 3,07 2,47 7,94 45 Vendas p/ grosso e ret. e serv. Rep. Veíc. Auto. e motoc 1,13 0,93 2,60 46 Vendas p/ grosso, excep veíc. Auto. e motociclos 10,30 6,26 21,27 1,82 1,03 2,88 6,76 4,56 17,15 47 49 Vendas a retalho, exc veículos automóveis e motociclos Serv. transporte terrestre e por condutas (pipelines) 50 Serviços de transporte por água 0,12 0,06 0,49 51 Serviços de transporte aéreo 0,07 0,07 0,37 52 Serviços de armazenagem e auxiliares dos transportes 0,97 0,41 1,78 53 Serviços postais e de courrier 0,42 0,34 0,75 55 Serviços de alojamento 0,19 0,11 0,37 56 Serviços de restauração e similares 0,38 0,21 0,72 58 Serviços de edição 0,30 0,23 0,84 59 Serv prod filmes, vídeos e prog TV, grav som e ed músic 0,12 0,07 0,47 60 Serviços de programação e radiodifusão 0,32 0,23 0,97 61 Serviços de telecomunicações 1,20 0,27 2,62 62 Consultoria e prog informática e serviços relacionados 1,58 1,15 3,20 63 Serviços de informação 0,14 0,11 0,30 7,00 3,29 10,72 1,02 0,27 1,58 0,48 0,18 0,79 4,32 0,39 5,44 Rendas imputadas em habitação própria 0,00 0,00 0,00 Serviços jurídicos e contabilísticos 2,21 0,88 3,35 2,69 1,48 5,08 2,14 1,21 4,47 0,96 0,39 1,37 64 65 66 6801+6802 6803 69 70 71 72 Serviços financeiros, exc. seguros e fundos de pensões Serv seguros, resseg e f. pensões, exc. Seg soc. Obrig. Serviços auxiliares de serviços financeiros e de seguros Serviços imobiliários excluindo rendas imputadas em habitação própria Serv. sedes sociais; serviços de consultoria de gestão Serv arquitect e de eng.; serv. de ensaios e de anál. Técn. Serviços de investigação e desenvolvimento científicos 73 Serviços de publicidade e estudos de mercado 2,57 0,99 7,87 74 Out serv consultoria, científicos, técnicos e similares 0,34 0,25 0,74 75 Serviços veterinários 0,00 0,00 0,00 77 Serviços de aluguer 1,28 0,27 2,13 78 Serviços de emprego 0,31 0,16 0,72 Página | 188 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 79 Serv. ag. viagens, op. Turíst. e out. serv. reservas e rel. 0,07 0,05 0,23 80 Serviços de segurança e investigação 0,77 0,72 0,96 81 Serv p/ edifícios e serv. Plant. e manutenção de jardins 0,59 0,56 0,92 82 Serv. Administr. e de apoio prestados às empresas 2,26 1,71 4,93 84 Serv. Admin. pública, defesa e seg. social obrigatória 0,12 0,10 0,17 85 Serviços de educação 0,34 0,32 0,40 86 Serviços de saúde humana 0,26 0,21 0,46 87 Serviços de apoio social com alojamento 0,00 0,00 0,00 88 Serviços de apoio social sem alojamento 0,00 0,00 0,00 90 Serviços criativos, artísticos e de espectáculo 0,02 0,01 0,07 91 Serv. bibliotecas, arquivos e museus e out. serv. culturais 0,00 0,00 0,01 92 Serviços de lotarias e outros jogos de aposta 0,00 0,00 0,00 93 Serviços desportivos, de diversão e recreativos 0,06 0,05 0,14 94 Serviços prestados por organizações associativas 0,10 0,11 0,28 95 Serv. Rep. computadores e de bens pessoais e dom. 0,16 0,12 0,29 96 Outros serviços pessoais 0,01 0,00 0,02 97 Serv. famílias empregadoras de pessoal doméstico 0,00 0,00 0,00 SPV 0,07 0,02 0,66 MWS 24,78 14,83 39,37 Retomador 0,00 0,00 0,63 Página | 189 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Anexo F - ANÁLISE DE INCERTEZA DOS MULTIPLICADORES E DA ALAVANCAGEM ESTIMADOS O grau de fiabilidade dos resultados dos impactes económicos do SIGRE foi avaliado através do seguinte procedimento: Atribuição duma estimativa de incerteza a cada dado de base. Integração numérica do sistema, assumindo que os erros têm distribuição normal e independente. Assumiu-se que os valores agregados (vector x) não têm erro enquanto os valores de base das componentes interiores do sistema (matriz Z e vectors y e v) têm erros estimados através da expressão: -b e(t)/t = at , onde e(t) é o erro, t é o valor de base, e a = 0.165518 e b = 0.05160 são parâmetros determinados de forma a que o erro relativo do valor de base mais baixo seja de 30% e o erro relativo do valor de base mais elevado seja de 10%. A escolha desta gama de valores reflecte o facto empírico de haver um decrescimento da incerteza com o aumento do valor de base (Lenzen, 2001) e a escolha dos valoreslimite é consistente com um estudo feito para a matriz simétrica portuguesa de 1995 (Nhambiu, 2004), e consistente com estudos internacionais (Bullard e Sebald, 1977; Lenzen et al., 2010). Os erros foram gerados assumindo uma distribuição normal e independente para cada valor de base (Lenzen et al., 2010). Para garantir que não ocorrem valores negativos mas que o valor esperado é preservado, para cada valor de base t só foram aceites realizações entre 0 e 2t. Depois de gerada uma configuração do sistema, esta foi balançada utilizando o método RAS (Lahr e de Mesnard, 2004). Utilizando a técnica de integração de Monte-Carlo, para cada configuração foram calculados os multiplicadores de tipo I analisados acima e as estimativas de incerteza foram obtidas através da estatística descritiva: E[m] = (Σj mj)/n; 2 Var[m] = (Σj (mj - E[m]) )/n, onde E[m] e Var[m] são o valor esperado e variância dum multiplicador, mj é uma realização do multiplicador a partir duma dada configuração de valores de base e n é o número de configurações. Por fim, o erro do multiplicador é dado por: 0.5 e(m) = (Var[m]) . Tendo efectuado n = 10000 realizações, obtiveram-se as estimativas de incerteza relativa (e(m)/m) apresentadas em anexo. Para o multiplicador de tipo I de cada ramo de actividade obteve-se uma incerteza relativa máxima de 13% para o VAB, 19% para os Salários e 8% para o Volume de Negócios. Os valores equivalentes para a desagregação por ramo de actividade do multiplicador de tipo I do SIGRE são de 28%, 30% e 25%. No caso da alavancagem do SIGRE os valores são 29%, 30% e 26%. Página | 191 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Incerteza relativa (%) Multiplicador de tipo I VAB Alavancagem total Volume de negócios Salários VAB Volume de negócios Salários 01 Produtos da agric., prod. animal, caça e serv. relac. 6,30 8,87 2,86 3,39 5,15 2,86 02 Produtos da silvic., expl. florestal e serv. relac. 4,90 8,51 3,87 6,39 8,57 3,87 03 Produtos da pesca, aquacultura e serv. relac. 4,31 5,99 2,92 5,15 7,98 2,92 05 Hulha (inclui antracite) e linhite 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 061 Petróleo Bruto 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 062 Gás Natural produzido 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 07+08+09 Outras Extrativas 6,17 8,21 2,68 3,67 5,94 2,68 10 Produtos alimentares 7,39 8,75 2,35 3,19 4,68 2,35 11 Bebidas 7,70 10,00 1,92 2,24 3,87 1,92 12 Produtos da indústria do tabaco 5,86 9,07 2,93 4,74 6,68 2,93 13 Produtos têxteis 7,26 6,67 2,92 4,49 6,63 2,92 14 Artigos de vestuário 5,70 5,78 2,66 4,55 6,85 2,66 15 6,00 5,98 2,96 5,19 7,62 2,96 16 Couro e produtos afins Madeira e cortiça e suas obras, excl.mobil.; obras de esp. e cest. 7,92 7,88 2,87 3,49 5,76 2,87 17 Papel e cartão e seus artigos 7,52 10,19 2,27 2,71 4,27 2,27 18 Trabalhos de impressão e gravação Coque, produtos petrolíferos refinados e aglomerados de combustíveis 6,17 6,69 2,97 3,97 6,88 2,97 8,29 11,42 2,18 7,18 8,48 2,18 7,50 9,56 2,82 4,28 5,59 2,82 21 Produtos químicos e fibras sintéticas ou artificiais Produtos farmacêuticos de base preparações e artigos farmacêuticos 6,04 7,58 2,27 3,61 6,07 2,27 22 Artigos de borracha e de matérias plásticas 6,58 8,06 2,50 4,06 5,97 2,50 23 Outros produtos minerais não metálicos 6,55 8,04 2,15 2,85 4,95 2,15 24 8,41 11,01 3,19 5,04 6,19 3,19 25 Metais de base Produtos metálicos transformados, excepto máquinas e equipamento 5,61 5,87 2,63 4,42 6,84 2,63 26 Produtos informáticos, eletrónicos e ópticos 4,20 5,87 1,93 5,92 8,02 1,93 27 Equipamento elétrico 6,46 7,74 2,58 4,89 6,72 2,58 28 Máquinas e equipamentos, n.e. 6,13 6,83 2,48 4,58 6,85 2,48 29 Veículos automóveis, reboques e semi-reboques 7,81 7,25 2,74 5,65 7,08 2,74 30 Outro material de transporte 6,85 7,11 2,63 4,85 7,35 2,63 31 7,32 6,79 2,69 4,06 6,48 2,69 6,63 7,51 2,40 4,10 6,53 2,40 33 Mobiliário Produtos diversos das indústrias transformadoras Serviços de reparação e instalação de máq e equip 5,40 6,03 2,55 4,32 6,87 2,55 351+353 Eletricidade, vapor e água quente e fria e ar frio 7,22 10,40 3,42 3,67 5,28 3,42 352 Gás natural distribuído 9,56 15,21 4,19 6,70 8,14 4,19 36 7,46 9,65 3,76 2,93 5,42 3,76 37+38+39 Captação, tratamento e distribuição de água Serviços de saneamento, descontaminação e valorização de materiais 6,54 8,18 2,83 3,18 5,41 2,83 41 Construção de edifícios 5,69 7,01 2,09 3,13 5,10 2,09 42 Trabalhos engenharia civil 6,77 8,17 2,41 3,18 4,99 2,41 43 Trabalhos de construção especializados Vendas p/ grosso e ret. e serv. Rep. Veíc. Auto. e motoc 6,10 5,66 3,03 4,78 7,13 3,03 6,42 5,42 2,55 4,11 6,69 2,55 5,37 6,05 2,08 2,96 5,39 2,08 4,54 5,27 2,30 3,45 6,05 2,30 49 Vendas p/ grosso, excep veíc. Auto. e motociclos Vendas a retalho, exc veículos automóveis e motociclos Serv. transporte terrestre e por condutas (pipelines) 5,96 6,50 2,25 3,42 5,71 2,25 50 Serviços de transporte por água 9,10 12,00 2,27 2,37 3,94 2,27 51 Serviços de transporte aéreo Serviços de armazenagem e auxiliares dos transportes 9,80 8,43 2,47 4,45 5,56 2,47 6,46 8,40 3,60 3,05 5,53 3,60 19 20 32 45 46 47 52 Página | 192 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final 53 Serviços postais e de courrier 6,61 5,50 3,05 4,36 7,20 3,05 55 Serviços de alojamento 6,41 7,41 2,56 2,82 5,48 2,56 56 Serviços de restauração e similares 4,78 5,87 2,46 3,73 6,21 2,46 58 7,99 7,90 2,40 3,09 5,54 2,40 59 Serviços de edição Serv prod filmes, vídeos e prog TV, grav som e ed músic 9,39 11,48 1,95 2,15 3,71 1,95 60 Serviços de programação e radiodifusão 9,45 10,79 2,38 2,01 3,78 2,38 61 Serviços de telecomunicações Consultoria e prog informática e serviços relacionados 6,50 9,54 3,07 3,51 5,32 3,07 6,71 6,08 2,99 3,25 6,31 2,99 8,63 8,14 3,10 3,26 6,13 3,10 3,98 4,53 2,52 4,26 7,12 2,52 5,31 7,63 2,45 4,50 6,62 2,45 5,46 7,45 2,65 4,31 6,89 2,65 9,26 15,25 7,80 4,45 11,07 7,80 8,75 11,03 6,01 4,02 0,00 6,01 Serviços jurídicos e contabilísticos Serv. sedes sociais; serviços de consultoria de gestão Serv arquitect e de eng.; serv. de ensaios e de anál. Técn. Serviços de investigação e desenvolvimento científicos 4,60 6,25 2,54 4,14 6,77 2,54 5,68 6,65 2,68 3,31 6,01 2,68 5,87 6,89 2,65 3,37 6,06 2,65 4,72 6,57 2,66 4,80 7,33 2,66 6,85 9,55 2,53 2,80 4,57 2,53 74 Serviços de publicidade e estudos de mercado Out serv consultoria, científicos, técnicos e similares 7,41 7,43 2,57 3,18 6,03 2,57 75 Serviços veterinários 6,43 9,24 3,02 4,76 7,21 3,02 77 Serviços de aluguer 7,92 11,87 4,15 3,12 6,05 4,15 78 Serviços de emprego Serv. ag. viagens, op. Turíst. e out. serv. reservas e rel. 7,72 9,47 2,62 2,73 5,32 2,62 9,37 9,69 2,22 2,19 4,36 2,22 3,76 2,40 2,77 7,99 10,03 2,77 5,50 3,61 3,18 6,42 8,66 3,18 6,69 6,31 2,91 3,26 5,93 2,91 84 Serviços de segurança e investigação Serv p/ edifícios e serv. Plant. e manutenção de jardins Serv. Administr. e de apoio prestados às empresas Serv. Admin. pública, defesa e seg. social obrigatória 4,75 4,01 2,84 4,60 6,91 2,84 85 Serviços de educação 2,62 1,70 2,17 7,45 8,91 2,17 86 Serviços de saúde humana 4,59 3,98 2,44 4,89 7,28 2,44 87 Serviços de apoio social com alojamento 6,53 5,66 2,92 4,49 7,05 2,92 88 Serviços de apoio social sem alojamento 5,43 4,67 2,98 4,95 7,44 2,98 90 8,25 11,63 2,37 2,46 4,42 2,37 91 Serviços criativos, artísticos e de espectáculo Serv. bibliotecas, arquivos e museus e out. serv. culturais 8,51 7,99 3,44 3,74 6,55 3,44 92 Serviços de lotarias e outros jogos de aposta 6,08 8,99 2,85 3,99 6,29 2,85 93 Serviços desportivos, de diversão e recreativos 7,91 7,94 2,73 2,89 5,26 2,73 94 Serviços prestados por organizações associativas Serv. Rep. computadores e de bens pessoais e dom. 10,88 7,71 2,82 3,01 5,29 2,82 6,81 5,71 2,99 4,10 7,43 2,99 5,16 5,79 2,48 4,11 7,09 2,48 62 63 Serviços de informação Serviços financeiros, exc. seguros e fundos de 64 pensões Serv seguros, resseg e f. pensões, exc. Seg soc. 65 Obrig. Serviços auxiliares de serviços financeiros e de 66 seguros Serviços imobiliários excluindo rendas imputadas 6801+6802 em habitação própria 6803 Rendas imputadas em habitação própria 69 70 71 72 73 79 80 81 82 95 96 97 Outros serviços pessoais Serv. famílias empregadoras de pessoal doméstico SPV MWS Retomador Máximo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 12,73 19,36 1,76 5,40 8,70 1,76 4,19 5,09 2,57 6,88 10,00 2,57 0,00 0,00 1,20 0,00 0,00 1,20 12,73 19,36 7,80 7,99 11,07 7,80 Página | 193 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório de Final Multiplicador do tipo I do SIGRE por ramo de actividade Volume de VAB Salários negócios Alavancagem do SIGRE por ramo de actividade Volume de VAB Salários negócios 01 Produtos da agric., prod. animal, caça e serv. relac. 15,59 18,91 11,04 17,05 18,85 14,58 02 Produtos da silvic., expl. florestal e serv. relac. 20,66 23,70 16,63 22,47 24,12 19,94 03 Produtos da pesca, aquacultura e serv. relac. 20,49 23,67 16,55 21,46 23,35 19,10 05 Hulha (inclui antracite) e linhite 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 061 Petróleo Bruto 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 062 Gás Natural produzido 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 07+08+09 Outras Extrativas 19,26 22,15 16,36 18,79 20,96 16,56 10 Produtos alimentares 19,13 22,01 15,79 20,70 22,30 18,85 11 Bebidas 15,31 18,95 10,39 16,17 18,56 13,33 12 Produtos da indústria do tabaco 27,62 30,15 24,55 28,53 30,12 26,46 13 Produtos têxteis 21,55 23,44 17,95 21,91 22,93 19,47 14 Artigos de vestuário 17,92 20,60 13,62 18,58 20,01 15,96 15 24,61 26,51 21,65 24,77 26,01 22,80 16 Couro e produtos afins Madeira e cortiça e suas obras, excl.mobil.; obras de esp. e cest. 18,11 21,02 13,91 19,52 20,91 17,14 17 Papel e cartão e seus artigos 13,45 16,45 10,66 9,80 13,15 6,02 18 12,79 16,68 6,06 13,86 16,21 10,28 15,78 19,47 10,47 14,52 17,15 11,31 16,58 19,59 12,72 17,93 19,90 15,63 21 Trabalhos de impressão e gravação Coque, produtos petrolíferos refinados e aglomerados de combustíveis Produtos químicos e fibras sintéticas ou artificiais Produtos farmacêuticos de base preparações e artigos farmacêuticos 17,82 21,20 13,48 18,52 20,63 15,90 22 Artigos de borracha e de matérias plásticas 22,99 24,51 21,19 13,41 15,81 11,15 23 Outros produtos minerais não metálicos 19,22 21,54 17,01 12,19 14,66 9,38 24 22,32 24,80 19,40 13,65 16,35 10,66 25 Metais de base Produtos metálicos transformados, excepto máquinas e equipamento 13,41 16,78 7,28 13,55 15,55 10,18 26 Produtos informáticos, eletrónicos e ópticos 16,95 20,49 12,45 17,46 19,71 14,87 27 Equipamento elétrico 15,56 19,01 10,45 15,92 18,00 13,02 28 Máquinas e equipamentos, n.e. 21,18 23,73 17,11 19,05 20,71 16,62 29 Veículos automóveis, reboques e semi-reboques 23,55 25,42 19,31 21,37 22,32 18,81 30 Outro material de transporte 17,09 20,18 11,78 17,25 19,09 13,73 31 16,55 19,15 11,17 17,39 18,76 13,95 16,92 20,25 12,03 17,43 19,49 14,45 33 Mobiliário Produtos diversos das indústrias transformadoras Serviços de reparação e instalação de máq e equip 14,68 18,15 9,25 13,90 16,10 10,67 351+353 Eletricidade, vapor e água quente e fria e ar frio 16,15 19,42 11,68 18,01 19,60 15,43 352 Gás natural distribuído 16,19 19,62 10,01 17,65 19,76 13,72 36 15,45 19,04 10,67 16,19 18,49 13,39 37+38+39 Captação, tratamento e distribuição de água Serviços de saneamento, descontaminação e valorização de materiais 17,87 20,98 14,02 17,71 19,71 15,30 41 Construção de edifícios 14,10 17,50 9,54 15,46 17,25 13,19 42 Trabalhos engenharia civil 14,03 17,27 8,42 13,34 15,25 10,26 43 Trabalhos de construção especializados Vendas p/ grosso e ret. e serv. Rep. Veíc. Auto. e motoc 14,03 16,92 7,13 13,99 15,43 10,05 15,18 17,73 9,62 16,10 17,26 12,75 12,73 16,20 7,63 13,56 15,46 11,05 15,60 18,66 11,91 16,64 18,40 14,73 49 Vendas p/ grosso, excep veíc. Auto. e motociclos Vendas a retalho, exc veículos automóveis e motociclos Serv. transporte terrestre e por condutas (pipelines) 15,07 18,24 10,71 16,66 18,27 14,32 50 Serviços de transporte por água 20,62 24,05 17,01 21,86 24,19 19,70 51 Serviços de transporte aéreo 17,66 19,47 11,70 18,28 18,90 14,29 52 Serviços de armazenagem e auxiliares dos 13,90 17,69 8,84 14,93 17,18 12,38 19 20 32 45 46 47 Página | 194 Contributos do SIGRE para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental de Portugal Relatório Final transportes 53 Serviços postais e de courrier 13,57 16,47 5,53 14,30 15,68 9,72 55 Serviços de alojamento 16,10 19,26 11,97 16,81 18,73 14,45 56 Serviços de restauração e similares 16,15 19,40 12,16 17,05 18,93 14,99 58 15,61 18,52 9,92 15,74 17,48 12,02 59 Serviços de edição Serv prod filmes, vídeos e prog TV, grav som e ed músic 15,21 18,92 9,68 15,28 17,71 11,74 60 Serviços de programação e radiodifusão 15,82 18,96 10,59 15,63 17,67 12,12 61 Serviços de telecomunicações Consultoria e prog informática e serviços relacionados 14,54 17,77 9,05 15,28 17,07 12,18 12,52 15,84 5,76 13,42 15,24 9,83 14,05 17,44 5,71 14,80 16,70 9,79 12,78 16,46 7,64 13,66 15,68 11,20 17,27 20,44 12,70 17,39 19,26 14,73 14,66 18,28 9,03 15,32 17,67 12,20 14,45 17,23 7,91 14,18 15,70 10,14 62 63 Serviços de informação Serviços financeiros, exc. seguros e fundos de 64 pensões Serv seguros, resseg e f. pensões, exc. Seg soc. 65 Obrig. Serviços auxiliares de serviços financeiros e de 66 seguros Serviços imobiliários excluindo rendas imputadas 6801+6802 em habitação própria 6803 Rendas imputadas em habitação própria 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Serviços jurídicos e contabilísticos Serv. sedes sociais; serviços de consultoria de gestão Serv arquitect e de eng.; serv. de ensaios e de anál. Técn. Serviços de investigação e desenvolvimento científicos 12,22 16,42 6,08 13,36 15,83 10,30 13,17 16,85 7,75 14,31 16,43 11,70 13,08 16,75 7,43 14,25 16,45 11,40 16,34 19,58 12,06 16,02 18,21 13,06 14,34 18,02 9,66 14,12 16,59 11,26 74 Serviços de publicidade e estudos de mercado Out serv consultoria, científicos, técnicos e similares 14,23 17,81 7,68 15,43 17,42 11,65 75 Serviços veterinários 22,35 25,23 18,50 23,65 25,38 21,05 77 Serviços de aluguer 12,75 16,39 5,52 13,65 15,74 9,65 78 Serviços de emprego Serv. ag. viagens, op. Turíst. e out. serv. reservas e rel. 12,71 17,07 5,54 13,28 16,29 9,22 15,80 18,87 9,69 16,42 18,14 12,63 15,43 17,50 7,63 16,24 16,85 11,42 14,80 16,65 6,80 15,62 16,03 10,67 12,84 15,99 6,27 14,07 15,59 10,57 84 Serviços de segurança e investigação Serv p/ edifícios e serv. Plant. e manutenção de jardins Serv. Administr. e de apoio prestados às empresas Serv. Admin. pública, defesa e seg. social obrigatória 22,86 24,59 19,62 22,86 23,58 20,82 85 Serviços de educação 18,19 19,90 13,32 19,14 19,49 16,10 86 Serviços de saúde humana 16,47 18,88 11,82 17,21 18,30 14,36 87 Serviços de apoio social com alojamento 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 88 Serviços de apoio social sem alojamento 24,74 26,65 21,34 25,42 26,25 23,16 90 17,31 21,15 12,59 17,93 20,57 14,82 91 Serviços criativos, artísticos e de espectáculo Serv. bibliotecas, arquivos e museus e out. serv. culturais 20,69 23,05 15,78 21,09 22,40 17,60 92 Serviços de lotarias e outros jogos de aposta 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 93 Serviços desportivos, de diversão e recreativos 20,28 22,63 15,95 20,29 21,63 17,39 94 Serviços prestados por organizações associativas Serv. Rep. computadores e de bens pessoais e dom. 18,56 19,67 11,80 19,38 19,13 14,62 16,07 19,11 10,64 17,33 18,93 13,88 Outros serviços pessoais Serv. famílias empregadoras de pessoal doméstico 20,05 23,08 16,44 20,17 22,06 18,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 SPV 13,19 18,02 5,15 19,30 22,23 15,33 MWS 8,55 9,62 5,30 10,51 14,26 2,97 Retomador 0,00 0,00 12,19 0,00 0,00 16,03 27,62 30,15 24,55 28,53 30,12 26,46 69 70 71 72 73 79 80 81 82 95 96 97 Máximo Página | 195