XXVI CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2016
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XXVI CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2016 Cinquenta Anos de Zootecnia no Brasil Santa Maria - RS, 11 a 13 de maio de 2016 Protocolos para medidas de interceptação luminosa em Brachiaria decumbens cv. Basilisk utilizando o LAI-20001 Protocols for light interception measurements in Brachiaria decumbens cv. Basilisk using LAI-2000 Júlio César Mioto2, Bruna Scalia de Araújo Passos 3, Oswaldo José Izidio de Almeida4, Jéssica Daniella Coldebello 5, Sila Carneiro da Silva6, Valdo Rodrigues Herling7, Junior Cesar Avanzi 8 e Lilian Elgalise Techio Pereira9 Projeto de pesquisa conduzido sem apoio financeiro. Graduação em Zootecnia, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), Campus Fernando Costa, Universidade de São Paulo, Pirassununga, São Paulo, Brasil. Bolsista FAPESP. 3 Mestrado em Qualidade e Produtividade Animal, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), Campus Fernando Costa, Universidade de São Paulo, Pirassununga, São Paulo, Brasil. 4 Graduação em Zootecnia, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), Campus Fernando Costa, Universidade de São Paulo, Pirassununga, São Paulo, Brasil. Bolsista PUnB. 5 Graduação em Zootecnia, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), Campus Fernando Costa, Universidade de São Paulo, Pirassununga, São Paulo, Brasil. Bolsista PIBIC/CNPq. 6 Departamento de Zootecnia, Escola Superio de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, São Paulo, Brasil. 7,8 Departamento de Zootecnia, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), Campus Fernando Costa, Universidade de São Paulo, Pirassununga, São Paulo, Brasil. 9 Professor Doutor, Departamento de Zootecnia, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), Campus Fernando Costa, Universidade de São Paulo, Rua Duque de Caxias Norte, 225 - CEP 13635-900, Pirassununga, São Paulo, Brasil. Autor para correspondência. E-mail: [email protected] 1 2 Resumo: Para padronizar o número de leituras acima e abaixo do dossel em experimentos em parcelas utilizando o LAI-2000, foram determinados os efeitos de quatro protocolos de medida na interceptação luminosa (IL) e área da folhagem (AF) em pastos de Brachiaria decumbens cv. Basilisk. Os protocolos avaliados foram: P1x5: uma estação de medida, composta por 1 leitura acima do dossel e 5 ao nível do solo; P1x10: uma estação de medida composta por 1 leitura acima do dossel e 10 ao nível do solo; P2x5: duas estações de medida, compostas por 1 leitura acima do dossel e 5 ao nível do solo; P2x10: 2 estações de medida, compostas por uma leitura acima do dossel e 10 ao nível do solo. As avaliações foram realizadas em novembro de 2015, em cinco parcelas (80m²) no momento em que os dosséis atingiram 95% IL, por dois avaliadores treinados. Os tratamentos foram distribuídos em um delineamento em blocos completos casualizados, sendo o avaliador considerado o bloco. Não houve efeito de protocolo de medida (P>0,10) nos valores de IL e AF. Contudo, os protocolos P1x5 e P2x10 demonstraram maior coeficiente de variação (CV) e maior erro-padrão da média (EPM), enquanto a adoção dos protocolos P1x10 ou P2x5 resultou em menores valores para CV e EPM com relação à AF e IL. Os protocolos P1x10 e P2x5 foram considerados os mais apropriados para minimizar os erros e o coeficiente de variação das medidas IL e AF em pastos de Brachiaria decumbens cv. Basilisk. Palavras–chave: área da folhagem, estratégias de amostragem, gramíneas tropicais Abstract: In order to standardize the number of readings above and unde-canopy for field experiments in plots using LAI-2000, the effects of four measurement protocols on the light interception (LI) and foliage area (FA) in Brachiaria decumbens cv. Basilisk swards were determined. The following protocols were evaluated: P1x5: one measurement station comprised by one reading above and five under canopy; P1x10: one measurement station comprised by one reading above sward and ten under canopy; P2x5: two measurement stations comprised by one reading above and five under canopy; P2x10: two measurement stations comprised by one reading above and ten under canopy. Readings were taken by two trained evaluators in November 2015, in five plots (80 m²) at the time when swards reached 95% of LI. For both experiments, treatments were distributed in a randomized complete block design and evaluator was considered the block. There was no effect of protocols (P>0.10) on LI and FA measurements. However, the protocols P1x5 and P2x10 showed higher coefficient of variation (C.V.) and standard error of the mean (S.E.M.), for both LI and FA, while lower values were Página - 1 - de 3 XXVI CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2016 Cinquenta Anos de Zootecnia no Brasil Santa Maria - RS, 11 a 13 de maio de 2016 registered in P1x10 and P2x5. The protocols P1x10 and P2x5 were considered mostly appropriated to minimize C.V. and S.E.M. of LI and FA measurements in Brachiaria decumbens cv. Basilisk swards. Keywords: foliage area, sampling strategies, tropical grasses Introdução Os protocolos de campo adotados para obtenção de medidas de interceptação luminosa (IL) podem variar segundo a forma de tomada das medidas (pontos aleatórios, distribuídos em linhas transectas, entre touceiras ou entre linhas), número de estações de leitura ou número de medidas abaixo do dossel em cada estação de leitura. Segundo Bréda (2003) a adoção da estratégia de amostragem (protocolos de medida) adequada é crucial para a confiabilidade dos resultados. Protocolos específicos e precauções devem ser adotadas levando em conta a altura do dossel e estratificação vertical (e.g. florestas), dimensões da parcela, arranjo de plantas e cobertura do solo (e.g. plantas isoladas, dosséis homogêneos, culturas implantadas em linha). Embora existam definições na literatura acerca de protocolos de medida para culturas implantadas em linha (Wilhelm et al., 2000), como trigo, sorgo e soja, dosséis de coníferas e florestas, a estratégia de amostragem para essas culturas nem sempre é passível de ser aplicada em pastagens. Isso ocorre porque dosséis de plantas forrageiras possuem distribuição e ocupação do solo distintas daquelas verificadas em culturas implantadas em linhas ou florestas. Nesse sentido, é necessário definir protocolos de campo a serem adotados em pastagens, uma vez que a interceptação luminosa é um importante critério para adoção de metas de manejo do pastejo adequadas. Baseado no exposto, o objetivo deste trabalho consiste em avaliar o efeito do número de estações de leituras e medidas abaixo do dossel em cada estação de leitura, utilizando-se o analisador de dossel LI-COR modelo LAI–2000 em pastos de Brachiaria decumbens cv. Basilisk, com vistas à definição e padronização de protocolos de campo para experimentos em parcelas. Material e Métodos O experimento foi conduzido em área pertencente à Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA-USP), Campus Fernando Costa, Pirassununga, SP, Brasil. A Brachiaria decumbens cv. Basilisk foi estabelecida em parcelas de 80m² (10 x 8 m). Os dosséis foram manejados sob lotação intermitente, sendo a condição pré-pastejo definida como o momento em que os dosséis interceptavam 95% da radiação incidente. As avaliações foram realizadas em novembro de 2015, em cinco parcelas na condição pré-pastejo, por dois avaliadores previamente treinados. Foram testados os seguintes protocolos: a) P1x5: 1 estação de medida composta por 1 leitura acima do dossel e 5 ao nível do solo; b) P1x10: 1 estação de medida composta por 1 leitura acima do dossel e 10 ao nível do solo; c) P2x5: 2 estações de medida cada uma composta por 1 leitura acima do dossel e 5 ao nível do solo; d) P2x10: 2 estações de medida cada uma composta por 1 leitura acima do dossel e 10 ao nível do solo. A seleção das estações de leitura teve como critério a condição média do dossel, a partir da estimativa visual de altura, cobertura do solo e massa de forragem. Como cuidados para minimizar erros, evitou-se tomar medidas em condições de precipitação ou com presença de céu aberto e luz solar direta (LI-COR, 1992), e assegurou-se que não existiam componentes morfológicos sobrepondo-se a lente do aparelho. As variáveis analisadas foram a interceptação luminosa (IL), área da folhagem (AF) e erro-padrão da área da folhagem (SEL). Valores de SEL são obtidos pelo aparelho e correspondem ao erro-padrão da área da folhagem, considerando as médias estimadas em cada medida abaixo do dossel (LI-COR, 1992). Os tratamentos (4 protocolos de medição) foram distribuídos em um delineamento de blocos completos casualizados, sendo o avaliador considerado o bloco. A análise estatística foi realizada por meio de modelos lineares mistos, com o PROC MIXED do SAS ® (Statistical Analysis System), versão 9.4 para Windows®. Os efeitos de protocolo de medida e avaliador foram considerados fixos e o efeito da parcela foi considerado aleatório. As médias foram estimadas pelo LSMEANS e a comparação entre elas, quando necessário, foi realizada pelo procedimento “PDIFF”, baseado no teste “t” de Student ao nível de significância de 10%. Resultados e Discussão Não houve efeito de protocolo de medida (P>0,10) nos valores de IL e área da folhagem. Contudo, os protocolos P1x5 e P2x10 demonstraram maior coeficiente de variação (CV) e maior erro-padrão da média (EPM), enquanto as medidas realizadas com os protocolos P1x10 e P2x5 resultaram em menores valores para CV e EPM com relação à AF e IL (Tabela 1). O SEL variou de acordo com o protocolo de leitura (P=0,0506), sendo que maiores valores foram registrados para o protocolo P1x5, com valores menores e similares entre si para os demais protocolos (Tabela 1). Esses resultados demonstram que poucas leituras tomadas abaixo do Página - 2 - de 3 XXVI CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2016 Cinquenta Anos de Zootecnia no Brasil Santa Maria - RS, 11 a 13 de maio de 2016 dossel (P1x5) resultam na obtenção de medidas mais dispersas, com maiores erros associados e, portanto, menos confiáveis. Embora o protocolo P2x10 tenha demonstrado resultados similares a P2x5 e P1x10 com relação ao SEL, a tomada de um número grande de leituras em parcelas com tamanho similar ao deste experimento (80 m²) implica na consideração de áreas do dossel discrepantes entre si, além de demandar maior tempo para realização das leituras. Portela et al. (2011), utilizando parcelas de tamanho similar ao deste experimento (80 m²), avaliaram duas estações de leitura, compostas por uma leitura acima e cinco abaixo do dossel, em pastos de Brachiaria decumbens cv. Basilisk. Contudo, Pedreira et al. (2007) descrevem a utilização de quatro estações de leitura, compostas por uma leitura acima e cinco abaixo do dossel, em pastos de Brachiaria brizantha cv. Xaraés, em unidades experimentais de 120 m². De forma geral, a literatura descreve similar número de medidas abaixo do dossel tomadas em cada estação de leitura, independentemente da espécie forrageira avaliada. Contudo, para espécies que formam touceiras, a variabilidade natural entre pontos pode exigir que um maior número de estações de leitura seja tomado para minimizar os erros experimentais. Em adição, com base nas descrições da literatura, quanto maior o tamanho da unidade experimental, maior é o número de estações de leitura adotado. Tabela 1 – Medidas de área de folhagem, interceptação luminosa e erro-padrão das medidas de área da folhagem (SEL) segundo os protocolos de avaliação em dosséis de Brachiaria decumbens cv. Basilisk: P1x5 = 1 estação de medida composta por 1 leitura acima do dossel e 5 ao nível do solo; P1x10: 1 estação de medida composta por 1 leitura acima do dossel e 10 ao nível do solo; P2x5: 2 estações de medida cada uma composta por 1 leitura acima do dossel e 5 ao nível do solo; P2x10: 2 estações de medida cada uma composta por 1 leitura acima do dossel e 10 ao nível do solo. Protocolos P1x5 P1x10 P2x5 P2x10 Área da folhagem Média 4.11 4.02 4.15 4.12 Coeficiente de variação 11.77 6.81 7.77 13.52 Erro-padrão da média 0.153 0.086 0.102 0.180 Interceptação luminosa (%) Média 95.4 95.7 95.0 94.9 Coeficiente de variação 1.95 1.24 1.55 2.55 Erro-padrão da média 0.59 0.04 0.46 0.77 SEL Média 0.190 A 0.147 B 0.135 B 0.132 B Coeficiente de variação 44.79 25.06 22.96 13.74 Erro-padrão da média 0.0269 0.0116 0.0098 0.0057 Letras maiúsculas comparam médias entre protocolos de avaliação (Teste ‘t’ de Student, P<0,10). Conclusões Para minimizar os erros e o coeficiente de variação das medidas de interceptação luminosa e área da folhagem em dosséis estabelecidos de Brachiaria decumbens cv. Basilisk, deve-se utilizar uma estação de medida, composta por 1 leitura acima do dossel e 10 ao nível do solo (P1x10) ou 2 estações de medida, cada uma composta por 1 leitura acima do dossel e 5 ao nível do solo (P2x5). Literatura citada BRÉDA, N. J. J. Ground-based measurements of leaf area index: a review of methods, instruments and current controversies. Journal of Experimental Botany, v. 54, n. 392, pp. 2403-2417, 2003. LI-COR. LAI-2000 Plant Canopy Analyzer. 1992, 175p. Disponível em: <http://www.sfrc.ufl.edu/courses/BOT6935/Handouts/LAI-2000_Manual.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2015, PORTELA, J.N.; PEDREIRA, C.G.S.; BRAGA, G.J. Demografia e densidade de perfilhos de capim braquiária sob pastejo em lotação intermitente. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.46, n.3, p.315-322, 2011. PEDREIRA, B.C.; PEDREIRA, C.G.S.; DA SILVA, S.C. Estrutura do dossel e acúmulo de forragem de Brachiaria brizantha cv. Xaraés em resposta a estratégias de pastejo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, n.2, p.281-287, 2007. WILHELM, W.; RUWE, K.; SCHLEMMER, M.R. Comparison of three leaf area index meters in a corn canopy. Crop Science, v. 40, 2000. Página - 3 - de 3
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