Revista Repesca 3.1 - Engenharia de Pesca

Transcrição

Revista Repesca 3.1 - Engenharia de Pesca
Revista Brasileira de
REPESCA
ISSN
1980-587X
Engenharia de Pesca
Volume 3, número 1 - janeiro de 2008
Pesca, Aqüicultura, Tecnologia do Pescado e Ecologia Aquática
X Expediente
Y Catalografia
Z Editorial
[ Artigos
" Científicos
# Técnicos
y Resenhas
\ Normas para
Publicação
] Contatos
REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA
VOLUME 3, NÚMERO 1, 2008
Veja:
Nova espécie de molusco no Brasil
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Eds.: José Milton Barbosa e Haroldo Gomes Barroso
EXPEDIENTE
DIRETOR
COMISSÃO EDITORIAL
Haroldo Gomes Barroso - UEMA
Alex Augusto Gonçalves - UFRGS
EDITORES
Angelo Brás Callou - UFRPE
Antônio Diogo Lustosa Neto - Consultor
José Milton Barbosa - UFRPE
Athiê Jorge Guerra dos Santos - UFRPE
Haroldo Gomes Barroso - UEMA
Fábio Diniz - Embrapa/PI
EDITORES ADJUNTOS
Adierson Erasmo de Azevedo - UFRPE
Emerson Soares - UFAL
ASSISTENTES DE EDIÇÃO
Manlio Ponzi Junior - UFRPE
Rogério Bellini - Netuno
Webmaster
Junior Baldez - UEMA
Revisão do texto
Fábio Hazin - UFRPE
Fernando Porto - UFRPE
Heiko Brunken - Hochschule Bremen, Alemanha
Israel Aniceto Cintra - UFRA
Joachim Carolsfeld - World Fisheries Trust, Canadá
Leonardo Teixeira de Sales - UFPI
Luiz de Souza Viana - EMATER/PR
Maria do Carmo Figueredo Soares - UFRPE
Maria do Carmo Gominho Rosa - Unioeste
Maria Nasaré Bona - UFPI
Maria Raquel Coimbra - UFRPE
Neiva Maria de Almeida - UFPB
Paula Gênova de Castro - Instituto de Pesca/SP
Adierson Erasmo de Avezedo - UFRPE
Paulo de Paula Mendes - UFRPE
José Milton Barbosa - UFRPE
Raimundo Nonato de Lima Conceição - UFC
Rosângela Lessa - UFRPE
Sérgio Macedo Gomes de Mattos - SEAP/PE
Sérgio Makrakis - Unioeste
Sigrid Neumann Leitão - UFPE
Vanildo Souza de Oliveira - UFRPE
Walter Maia Junior - UFPB
__________________________________________________________________________________
Curso de Engenharia de Pesca
Universidade Estadual do Maranhão
Departamento de Pesca e Aqüicultura
Universidade Federal Rural de Pernambuco
2
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
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sem autorização dos Editores.
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Printed in Brazil
Ficha catalográfica
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central – UFRPE
R454
Revista Brasileira de Engenharia de Pesca
Nacional / editores José Milton Barbosa, Haroldo Gomes
Barroso -- São Luís, Ed. UEMA, 2008.
V.3, n.1 : 128p. : il.
Semestral
1. Pesca 2. Aqüicultura 3. Ecossistemas Aquáticos,
4. Pescados – Tecnologia I. Barbosa, José Milton II. Barroso
Haroldo Gomes III. Universidade Estadual do Maranhão
CDD 639
3
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
ISSN-1980-587X
REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA
Volume 3
Janeiro, 2008
A
Número 1
EDITORIAL
Engenharia de Pesca passa por um crescimento rápido e
inesperado, de forma que breve teremos novos profissionais diplomados
em universidades de diversos Estados da Federação. Certamente, esse
crescimento é uma afirmação do Engenheiro de Pesca enquanto
profissional e retrata a importância do setor pesqueiro para o crescimento
de nosso país. No entanto, observa-se, em alguns setores de nossa classe,
a preocupação com a qualidade da formação desses novos profissionais,
especialmente pela necessidade de Engenheiros de Pesca doutores para
formar os corpos docentes das instituições mantenedoras dos novos
cursos. Assim, como temos poucos doutores disponíveis na nossa
profissão, cabe a nós que atuamos na área acadêmica e de pesquisa
apoiar os cursos mais novos, inteirando-nos de suas necessidades,
orientando seus coordenadores, participando de projetos de pesquisa e
extensão, bem como ministrando palestras e disciplinas, como
professores
convidados.
Em
suma,
devemos,
institucional
e
individualmente, ter compromisso na formação dos novos Engenheiros
de Pesca que certamente se engajarão no engrandecimento do setor
pesqueiro nacional, ocupando com competência os espaços que nos são
de direito.
A caminhada continua...
José Milton Barbosa
Editor Chefe
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Sumário
Atenção: Para abrir click em “”
I - ARTIGOS CIENTÍFICOS
Comments on species of Solariella and Lamellitrochus (Trochidae, Tolariellinae) from the
continental slope of northeast Brazil, with the description of a new species
José Carlos Nascimento de BARROS; Poliana Clara Pereira dos SANTOS; Jonata de
Arruda FRANCISCO
Influencia de los eventos climáticos El Niño y La Niña en la comunidad de Chaetognatha de
las aguas superficiales del océano Pacifico colombiano.
6
30
Xiomara Franchesca GARCÍA DÍAZ; Lucia Maria de Oliveira GUSMÃO; Yimmy HERRERA
Recrutamento e sucessão ecológica da macrofauna incrustante em substratos no porto do
Recife - PE, Brasil.
Patrícia Paula Coelho Felipe NERY; Sigrid Neumann LEITÃO; Mucio Luiz Banja
FERNANDES; Andréa Karla Pereira da SILVA; Adilson de Castro CHAVES
Desenvolvimento de um produto de valor agregado: camarão empanado corte butterfly
Alex Augusto GONÇALVES; Patrícia Ambros GOMES
Fatores bióticos e abióticos que influenciam o desenvolvimento de branconeta (Crustacea:
Anostraca)
José Patrocínio LOPES; Cibele Soares PONTES; Arrilton ARAÚJO; Miguel Arcanjo dos
SANTOS- NETO
51
62
76
II - ARTIGOS TÉCNICOS
The creation of a shipwreck park off the coast of Pernambuco, Brazil
Douglas Cavalcanti dos SANTOS; Fábio Vieira HAZIN; Alessandra Fonseca FISHER;
Fernando Nascimento FEITOSA; Maria Elisabeth de ARAÚJO
Avaliação da pesca através do banco de estatística e SIG na região de Santarém, Estado do
Pará, Brasil.
91
98
Emerson Carlos SOARES; César Valdenir TEIXEIRA; Anselmo Cristiano de OLIVEIRA;
Marcelo PARISE; Willer Hermeto Almeida PINTO
Informações econômicas sobre a pesca de linha-de-mão e rede-de-emalhar no Estado de 108
Pernambuco, Nordeste do Brasil.
Sérgio Macedo Gomes de MATTOS
III - RESENHAS
Maravilhas e descaso ambiental na Amazônia
José Patrocínio LOPES
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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
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CONTATOS
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I – ARTIGOS CIENTÍFICOS
COMMENTS OF SPECIES OF SOLARIELLA AND LAMELLITROCHUS (TROCHIDAE,
SOLARIELLINAE) FROM THE CONTINENTAL SLOPE OF NORTHEAST BRAZIL, WITH
THE DESCRIPTION OF A NEW SPECIES
José Carlos Nascimento de BARROS*; Poliana Clara Pereira dos SANTOS; Jonata de Arruda
FRANCISCO
Laboratório de Malacologia, Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural
de Pernambuco
*E-mail: [email protected]
Abstract - Five species of Solariella and three species of Lamellitrochus were identified from
the continental shelf and slope of Northeast Brazil, and were revised based on
morphology, the original descriptions and type material. Solariella quinni sp. n. is
described based on its conchology, presenting wide incidence in coastal areas of
Pernambuco off the state. Among the species known thus far for the Eastern Atlantic,
S. quinni shows affinities with Solariella cristata Quinn, 1992 for having a conical,
turbinate shell, deep umbilication, weakly convex base and spiral ornaments
developed on the body whorl, but may be separated for showing 3 spiral cords on the
1st whorl, compared to 4 to 5 spiral cords in S. cristata. S. quinni is considered
endemic to Northeast Brazil.
Keywords: Solariellinae, Solariella, Lamellitrochus, deep sea, Brazil.
COMENTÁRIOS SOBRE ESPÉCIES DE SOLARIELLA AND LAMELLITROCHUS
(TROCHIDAE, SOLARIELLINAE) DO TALUDE CONTINENTAL DO NORDESTE DO
BRASIL, COM DESCRIÇÃO DE UMA ESPÉCIE NOVA
Resumo - Cinco espécies de Solariella e três espécies de Lamellitrochus foram identificadas na
plataforma e talude continental Nordeste do Brazil, e revisadas com base na
morfologia, descrições originais e material tipo. Solariella quinni sp. n. é descrita
com base em seus caracteres conquiológicos, apresentando ampla incidência nas
áreas ao largo do estado de Pernambuco. Entre as espécies conhecidas no Atlântico
Oriental, S. quinni apresenta afinidades com Solariella cristata Quinn, 1992 quanto
ao formato cônico, umbílico profundo, base fracamente convexa e ornamentos
espirais bem desenvolvidos sobre a volta do corpo, mas pode ser separado por
apresentar 3 cordas espirais sobre a 1st volta, comparada a 4 ou 5 cordas espirais de
S. cristata. S. quinni é considerada endêmica do Nordeste do Brasil.
Palavras chaves: Solariellinae, Solariella, Lamellitrochus, mar profundo, Brasil.
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INTRODUCTION
The genus Solariella was established by Wood (1842) based on a fossil species, S.
maculata, from the Crag Formation of England (Quinn, 1979) and was the first known genus for
the Upper Cretaceous (Cossmann, 1918, and Davies, 1935, both apud Hickman & McLean,
1990). Species are broadly distributed among all oceans and latitudes, living on unconsolidated
sediment in cold waters along the coast. Lamellitrochus was established by Quinn, 1991, for a
group of 8 species of the East Atlantic and is distinguished from Solariella for presenting
conical-turbinate shells with angular whorls, ornamentation formed by lamelliform axial ribs
that become obscure or absent on the body whorl, a strong, rounded shoulder, strong tubercles
that are lamelliform or conical, a smooth or tuberculate peripheral cord and a strong basal cord.
Most authors (Cossmann, 1918; Thiele, 1924; Davies, 1935; Wenz, 1938) have
considered Solariella to be among the Margaritinae. Finlay (1926) apud Hickman & McLean
(1990), transferred some species of Solariellinae to the Calliostomatidae (Thiele, 1924).
Conchological characters are related to the Umboniinae and Margaritinae subfamilies, which
can be described based on the morphology of the soft parts and the characteristics of the radulae
(Hickman & McLean, 1990).
Specimens from both genera were richly represented in sediment of the Continental
Slope of Northeast Brazil, where these groups have been little known due to a lack of
prospecting studies in deep waters. Only the "Challenger" Expedition (1873-1876) referenced
species in this region. Among the works that followed, we can highlight the surveys of Watson
(1886); Quinn (1979, 1991, 1992); Clench & Aguayo (1939); Dall (1889); Lopes & Cardoso
(1958).
ABBREVIATIONS
ANSP: Academy Natural Science of Philadelphia;
DMNH: Delaware Museum of Natural History, Wilmington, Delaware;
IOUSP: Oceanographic Institute of the Universidade de São Paulo;
LMUFRPE: Malacology Laboratory of the Universidade Federal Rural de Pernambuco, PE,
Brazil;
MCZ: Museum of Comparative Zoology, Harvard University;
MHNC: Museum aus Haus der Natur Cismar, Brawschwainn;
MNRJ: Nacional Museum of Rio de Janeiro, RJ, Brazil;
MZUSP: Museum of Zoology of the Universidade de São Paulo, SP, Brazil;
UMML: Rosenstiel School of Marine and Atmospheric Science, University of Miami, Miami,
Florida.
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SYSTEMATICS
Class Gastropod Curvier, 1797
Subclass Prosobranchia M. Edwards, 1848
Order Archaeogastropoda, Thiele, 1925
Superfamily Trochoidea Rafinesque, 1815
Family Trochidae Rafinesque, 1815
Generic and subfamily diagnoses were based on Hickman & McLean (1990) and Quinn (1991).
Species descriptions were obtained from Quinn (1979 and 1991), Dall (1889) and Watson
(1886).
Subfamily Solariellinae Powell, 1951
References: Abbott (1974): 40; Clench & Aguayo (1939): 190; Dall (1889a): 44; Dall (1889b):
378-381; Hickman & McLean, 1990, p.111, figs. 72-75; Lopes & Cardoso (1958): 59-64;
Powell, 1951, p.102; Quinn, 1979, p.37-43; Quinn (1991): 81-91; Quinn (1992): 50-54; Rios
(1994): p.35.
Solariellinae [Trochidae] Powell, 1951 [Type genus: Solariella Wood, 1842]; Minoliinae
[Trochidae] Kuroda, Habe & Oyama 1971 [Type genus: Minolia A. Adams, 1860].
Type genus: Solariella Wood, 1842 [= Machaeroplax Friele, 1877].
Genus Solariella S. V. Wood, 1842
Margarita Leach, 1814 (partim); Machaeroplax Friele, 1877.
References: S. V. Wood (1842): 531; Quinn (1979): 37.
Type species: Solariella maculata S. V. Wood, 1842; pelo monótipo.
Type location: Formação Crag da Inglaterra (fóssil).
Diagnosis: Shell small, generally less than 10 mm high, trochoid, with tubular whorls, usually
widely umbilicate, umbilicus often bounded by a strong nodular keel. Sculpture of spiral cords
and collabral striae, or almost smooth.
Remarks: Genus established for the fossil Solariella maculata Wood, 1842. Solariella, since all
Margarita [= Margarites Gray, 1847] being separated from the catch; has in turn been used as a
depository of miscellaneous species. Many of the species assigned to Solariella can be placed in
Calliotropis, Dentystila or Microgaza (Quinn, 1991).
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Solariella quadricincta Quinn, 1992 (Figures 1 - 7)
References: Quinn, 1992: p.50-51, figs. 1- 4.
Type material: Holotype, USNM n◦. 859437.
Type location: Margarita Island, Venezuela, 11º22.5’N, 64º08.6’W, 60 m.
Material examined: Lt = 4.1 mm , Wt = 4.3 mm, La = 1.9 mm, Wa = 1.7 mm, Wp = 0.36 mm,
Wu = 1.3 mm, 4 ¾ whorls MHNC n◦. 64508: [01], Dredging 08, 11°58,7’ S, 36°49,2’ W,
01.XI.00, Sergipe (SE) Brazil, 100m; MNRJ n◦. 10581: [01], Dredging 17, 03°45,4’ S, 33°12,6’
W, 15.X.01, Ceará (CE) Brazil, 159 m; MZUSP n◦. 77077: [01], Dredging 03, 09°28’ S,
35°04’ W, 25.IX.99, Alagoas (AL) Brazil, 175 m; LMUFRPE n◦.500: [01], Dredging 21, 04°15’
S, 37°12’ W, 09.XI.01, CE, Brazil, 177 m.
Remarks: Shell moderately large in size, conical-turbinate, with emerged nucleus, smooth,
terminating with the emergence of the axial ribs of the 1st whorl, 4.1 mm x 4.3 mm, light
coloration with brown spots and streaks (starting at the suture) on the spiral cords and platform
below the suture. Protoconch very small, about 1 whorl. Teleoconch with 4 ¾ whorls, tubular,
strongly shouldered. 1st whorl ornamented by weak axial ribs that are distributed from suture to
suture and by a spiral cord above the suture a bit stronger than the ribs. 2nd whorl with the
formation of the platform below the suture, shoulder and peripheral keel intercalated by broad
axial ribs, which form thin nodules in the intersections. Penultimate whorl ornamented by 3
spiral cords. Spiral cords of the penultimate whorl are strong, the middle of which is lower and
narrower than the others, all with a weak appearance. Body whorl with a flat suture, bordered by
a fine, axially tuberculate spiral cord. Spiral cords are present on this whorl, the thinnest of
which is placed below the shoulder. Platform below the suture ornamented by fine axial threads.
The interspaces of the subsutural platform are intercalated by strong axial ribs; this platform is
broad, flattened, with an adapical elevation from the shoulder to the subsutural cord. Shoulder
strongly tuberculate, forming whitish rounded tubercles, displayed spirally. Region below the
shoulder with a secondary spiral cord that is narrower than the others and weakly nodular.
Peripheral cord with spirally developed tubercles, smaller than those found on the shoulder. The
region below the peripheral cord is narrower than the area below the shoulder and equally
ornamented by axial threads. Basal cord with a smoother appearance than the previous cords,
emerging from the suture on the body whorl. Base convex, strongly ornamented by 3-4 strong
spiral cords, basal cord closer to the circumbilical cord. Circumbilical cord strongly tuberculate,
terminating below the outer lip, interspaces with fine spiral threads, umbilicus broad,
corresponding to approximately 30% of the maximum width. Umbilicus funnel-shaped, with
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convex inner walls, ornamented by 4-6 strong spiral cords. Aperture sub-circular, inner lip
concave. Outer lip fine and angular at the terminations of the axial cords of the body whorl.
Figures 1 a 7 - Solariella quadricincta, 4.1 x 4.3 mm: 1, ventral view; 2, dorsal view; 3, anterior
view; 4, aperture; SEM: 5, protoconch and 1st whorl, 200x; 6, posterior view, 43x;
7, subsutural plataform and shoulder, 80x.
Comments: Solariella quadricincta shows affinities with S. carvalhoi and apparently also with
Solariella staminea Quinn, 1992 from the Davis Seamont, 60 m; all presenting 4 strong,
subequal spiral cords corresponding to the primary spiral cords on the body whorl, which all
present a more distinctly nodular shoulder and the surface of the whorls covered entirely by
axial growth threads. S. quadricincta resembles S. carvalhoi for presenting 1 nuclear whorl, subcircular aperture with concave inner lip and angular outer lip, but S. quadricincta has an
emerged nucleus with a teleoconch of 5 ½ whorls (5-6 in S. carvalhoi), the 1st whorl displaying
only one strong cord crossed by weaker axial ribs, the 2nd whorl forming shoulder, peripheral
cord and axial ribs with nodules, suture forming a narrow channel bordered by a tuberculate
cord, base adorned with 3-4 strong, raised spiral cords (4-5 low spiral cords with axial nodules
only in the interspaces), umbilicus with convex walls ornamented with 4-6 spiral cords that are
broader and stronger than in S. carvalhoi, and weakly tuberculate. In S. carvalhoi, the umbilicus
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is narrower, the inner wall is convex, but with 5-7 spiral cords. The transition from the nuclear
whorls to the teleoconch in S. quadricincta corresponds to the emergence of the axial ribs,
whereas in S. carvalhoi this transition is only marked by growth threads.
Geographic distribution: Northeast Venezuela, Northeast Brazil (this study).
Bathymetry: 26 to 175 m.
Solariella carvalhoi Lopes & Cardoso, 1958 (Figures 8-14)
References: Lopes & Cardoso (1958), p. 59-61, figs. 1-3; Abbott (1974), p.41; Quinn, 1992,
p.515, figs. 5, 6; McGinty (1962); Rios (1994), p.35, pr. 10, fig. 105.
Type material: Holotype, IOUSP, n◦ 11-XI-56.
Type location: Brazil (Sao Paulo), 31°35'08"S, 50°50'W, 57 meters.
Material examined: Lt = 4.2 mm , Wt = 5.1 mm, La = 2 mm, Wa = 2.2 mm, Wp = 0.2 mm, Wu
= 1.7 mm, 4 ½ whorls. MHNC n◦. 64517: [01], Dredging 05, 10°41,1’ S, 36°19,1’ W, 27.X.00,
Alagoas (AL); Brazil, 130 m; MZUSP n◦. 77075: [01], Dredging 02, 09°07’ S, 34°53’ W,
17.IX.99, Alagoas (AL) Brazil, 104 m; [01], Dredging 03, 09°28’ S, 35°04’ W, 25.IX.99,
Alagoas (AL), Brazil, 175 m.
Remarks: Shell small, conical - low turbinate, convex contour, slightly iridescent appearance,
brown spots on the spiral cords and subsutural platform measuring 4.2 mm x 5.1 mm, 4 ½
whorls. Protoconch with 1 whorl, smooth, nucleus partially immersed. 1st whorl of glossy
aspect, ornamented by fine growth threads. 2nd whorl adorned with 3 spiral cords crossed by
axial threads, which form a fine reticulum. Body whorl has a very narrow sutural area, forming a
canalicule between the nodules of the axial ribs of the platform below the suture and the region
above the suture, corresponding to the space below the peripheral cord of the subsequent whorls.
Platform below the suture broad and ornamented by low axial ribs with smooth interspaces,
crossed by 2 spiral threads closer to the suture, the innermost of which is ornamented by fine
tubercles. Shoulder of a finely undulated appearance with the formation of spirally developed
tubercles, which are stronger than those found on the spiral cords of the body whorl. The
interspace between the shoulder and the peripheral cord divided nearly in the middle by a poorly
tuberculate sub-shoulder cord. Between the cord below the shoulder and the peripheral cord
there is a spiral ornament, with the presence of 2 spiral threads equidistant from the peripheral
cord. The space between the shoulder and the peripheral cord is twice as large as the space
between the peripheral cord and the basal cord. Peripheral cord finely nodular, the space below
the peripheral cord is reticulated. Basal cord similar to the peripheral cord. Base convex, with 411
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5 spiral cords of same appearance, flattened and obscurely tuberculate. Basal interspaces entirely
ornamented by axial nodules. Circumbilical cord strongly ornamented by axial nodules.
Umbilicus broad, funnel-shaped. Intraumbilical region ornamented by 5-7 nodular spiral cords
with interspaces ornamented by spiral threads, umbilical wall convex. Aperture sub-circular,
inner lip amply concave. Outer lip angular.
Figures 8 a 14 - S. carvalhoi: 08, ventral view; 09, dorsal view; 10, anterior view; 11, aperture;
SEM: 12, protoconch; 13, protoconch and 1st whorl, 230x; 14, posterior view
and part of body whorl, 30x.
Comments: Solariella carvalhoi Lopes & Cardoso, 1958 is the oldest species of this group. It is
described for the southeastern Brazilian coast and can be separated from its congener Solariella
quadricincta Quinn, 1992 for having 4 spiral cords on the body whorl, the uppermost being
subsutural and more weakly nodular. The 2nd whorl presents 3 spiral cords crossed by axial
threads forming a clear reticulum; the base is ornamented by 4-5 spiral cords with axially
nodular interspaces. The circumbilical cord is tuberculate as it is in S. quadricincta, but the
nodules are lower and less rounded. The subsutural area of S. carvalhoi is smaller than that of S.
quadricincta, being a bit smoother in the latter and adorned by a subsutural spiral cord next to
the suture, whereas S. carvalhoi has 2 subsutural cords that are more distant from the suture. S.
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carvalhoi lives on sandy substrate and in calcareous algae between depths of 8 and 66 m (Rios,
1994).
Geographic distribution: Cuba; Brazil: Amapá, Alagoas (this study), Rio de Janeiro, São Paulo
and Santa Catarina.
Bathymetry: 8 to 175 m.
Solariella quinni new species Barros & Pereira (Figures 15-21)
Type material: Holotype, MZUSP, n◦. 77083.
Type location: Pernambuco, Brazil, 51-71m.
Material examined: Lt = 6 mm , Wt = 5.9 mm, La = 2.1 mm, Wa = 2.5 mm, Wp = 0.2 mm, Wu
= 0.7 mm, 5 ¾ whorls. MZUSP: [01], Holotype n◦ 77083, 08°09’ S, 34°34’ W, 19.XII.2004,
Pernambuco (PE) Brazil, gravel bottom, 69-71m; n◦ 77084/ 77085, [02], paratypes, 08°11’S,
34°36’ W, 19.XII.2004, Pernambuco (PE), Brazil, gravel bottom, 51-60m; n◦. 77082: [01],
specimen, 08°11’ S, 34°34’ W, 18.XII.04, Pernambuco (PE), Brazil, gravel bottom, 66-71m;
ANSP n◦. 413511: [02], specimens, 08°09’ S, 34°34’ W, 18.XII.04, Pernambuco (PE), Brazil,
gravel bottom, 69-71m; LMUFRPE n◦. 503: [05], specimens, 08°11’ S, 34°34’ W, 18.XII.04,
Pernambuco (PE), Brazil, gravel bottom, 66-71m; MHNC n◦. 64503: [02], specimens, 08°11’ S,
34°36’ W, 18.XII.04, Pernambuco (PE), Brazil, gravel bottom, 51- 60m; MNRJ n◦.10578/10579
: [02], paratypes , 08°09’ S, 34°34’ W, 18.XII.04, Pernambuco (PE), Brazil, gravel bottom, 6971m.
Diagnosis: Conical-turbinate, body whorl weakly widened, shell with raised appearance. Suture
reentrant, forming channel. Platform below the suture forming nodules, with 3-5 fine spiral
threads. Shoulder with thinner tubercles or smooth appearance. Region below the shoulder with
2 spiral cords. Peripheral cord nodular, with the subperipheral area adorned by 2 fine spiral
cords. Basal cord smooth. Circumbilical cord weakly tuberculate. Umbilicus narrow.
Description: Shell conical-turbinate, 6 mm x 5.9 mm, angular contour, without nacre, base lightcolored with tan streaks and spots, 5 ¾ whorls, shouldered. Protoconch small and smooth, about
one whorl. 1st whorl with 3 spiral cords and the presence of the shoulder below the suture. 2nd
whorl and subsequent whorls a bit more reticulated, 4 spiral cords making up the shoulder. Body
whorl ample and broad. Suture reentrant, forming a channel in whorls 3 and 4, between the
smooth abapical cord and the cord below the strongly nodular suture. The abapical cord forms
the peripheral cord on the body whorl. Platform below the suture strongly ribbed, forming
adapical nodules and the lower part crossed by 3 to 5 fine spiral threads. The axial ornament is
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always stronger in this region. Shoulder weakly forming tubercles that are weaker than those
below the suture or has a smoother appearance, however no specimen has a secondary cord that
is stronger than the shoulder. Region between the shoulder and the peripheral cord with the
presence of 2 spiral cords of the same appearance, which can vary from fine to broad, in the
latter case sub-equal to the shoulder and the peripheral cord. Platform with 2 spiral cords.
Between these sub-shoulder secondary spiral cords there are microscopic spiral threads.
Peripheral cord weakly nodular or smooth, but in both cases similar to the shoulder. Region
below the peripheral cord with 2 sub-equal fine spiral cords. Base broad, slightly convex and
ornamented by 10-12 spiral cords, the two innermost of which a bit more weakly tuberculate.
Circumbilical cord weakly tuberculate, bordered by a small spiral groove. Intraumbilical region
ornamented by 8-12 fine spiral threads intercalated by a fold that is a bit more reinforced.
Umbilicus very narrow, corresponding to 11% of the maximum width; funnel-shaped and very
sharp. Peristome strong. Inner lip concave, with a final reinforcement on the collumella due to
the termination of the circumbilical cord. Aperture sub-circular with posterior thinning. Outer lip
fine. Axial streaks on the platform below the suture and in the region between the shoulder and
the peripheral cord.
Geographic distribution: Pernambuco, Brazil.
Bathymetry: 51 to 71 meters.
Comments: Among the Solariella described thus far for the Atlantic, Solariella quinni sp n.
presents greater affinities with Solariella cristata Quinn, 1992, p. 52, fig. 7-8, which present a
solid conical-turbinate shell, are deeply umbilicated, with a narrow umbilicus, tan streaks, base
weakly convex and developed spiral ornaments on the body whorl; but are easily distinguished
as S. quinni has 3 spiral cords on the 1st whorl (4-5 spiral cords in S. cristata), a ample, broad
body whorl adorned by 4 primary spiral cords, 3-5 secondary spiral cords below the suture, 2
weaker spiral cords below the shoulder and 2 weak cords below the peripheral cord; a total of
11-13 irregular spiral cords on the body whorl (there are 14 subequal spiral cords in S. cristata);
the 2nd whorl is reticulated, form by 4 spiral cords crossed by axial ribs; the base is ample,
slightly convex, with 10-12 spiral cords, the 2 innermost being weaker. In S. cristata, the base is
equally convex, but composed of 7-10 spiral cords. S. quinni also presents a weakly nodular
circumbilical cord, separated from the other basal cords by a deep spiral groove. The umbilicus
is narrow in both species, with 8-12 spiral threads and a strong upper fold in S. quinni, and 4-6
nodular spiral cords in S. cristata. The width of the umbilicus ranges from 30 % of the
maximum width in S. cristata to 11 % in S. quinni. Despite the occurrence of particular affinities
of these species with S. carvalhoi and S. quadricincta, there are very profound differences,
which basically regard the presence of very developed spiral ornaments in S. quinni.
14
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Figures 15 a 21 - Solariella quinni sp. n.: Paratype 1, 5.1 x 5.2 mm: 15, ventral view; 16 dorsal
view; 17, anterior view; 18, aperture; SEM: 19, nucleous of protoconch,
650x; 20, protoconch and 1st whorl, 200x; 21, posterior view and part of body
whorl, 23x.
15
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Solariella lubrica (Dall, 1881) (Figures 22-28)
Margarita lubrica Dall, 1881; Margarita iridea Dall, 1889.
References: Dall, 1881, p.44; Dall, 1889, p.382; Quinn, 1979, p.42, figs. 68-74; Abbott, 1974,
p.41, fig. 290; Rios, 1994, p.36, pr. 10, fig. 109.
Type material: Holotype, USNM n◦. 95061.
Type location: Margarita lubrica Dall, 1881 - Cuba (North of Havana), “Blake”, Est. 2, 23°14’
N, 82°25’ W, 1472 meters.
Material examined: Lt = 3.1 mm , Wt = 2.7 mm, La = 1.1 mm, Wa = 1.3 mm, Wp = 0.28 mm,
Wu = 0.36 mm, 4 1/8 whorls. LMUFRPE n◦. 504: [01], Dredging 31, 10o06’ S; 35º46’ W;
Alagoas (AL), Brazil, 16.XII.2001, muddy bottom, 720 m; MHNC n◦. 64519: [01], Dredging
11, 08°46,5’ S, 34°44,5’ W, 18.XI.00, Pernambuco (PE), Brazil, 690 m; MNRJ n◦. 10580: [01],
Dredging 09, 08°45,1’ S, 35°44,9’ W, 12.XI.00, Pernambuco (PE), Brazil, 500 m; MZUSP n◦.
77076: [01], Dredging 31, 10o06’ S; 35º46’ W; 16.XII.01, Alagoas (AL), Brazil, muddy bottom,
720 m.
Remarks: Shell small, 3.1 mm x 2.7 mm, contour conical, inflated, glossy with intense pink
color when alive to nacre white when dead, with 4 1/8 whorls. Protoconch small, polished, with
globose nucleus, emerged, with fine spiral striae, 1 ¼. 1st whorl with the formation of a
subsutural tuberculate spiral cord, which forms a narrow platform between the suture and this
cord. Tubercles are ornamented by 2 fine spiral threads. Body whorl inflated and smooth. Base
strongly convex, with the presence of a funnel-shaped umbilicus, which is bordered by 1-2
tuberculate cicumbilical cords and strong, short axial plications originating from the tubercles
and going to the base. Intraumbilical region formed by strong axial folds, umbilicus narrow and
deep. Aperture circular, with a dorsal narrowing. Inner lip concave, weakly reflected to the
umbilicus. Outer lip fine.
Geographic distribution: Florida Straights, Gulf of Mexico, Southern Caribbean, Brazil: Alagoas
(this study) and Rio Grande do Sul.
Bathymetry: 155 to 5633 m.
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Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Figures 22 a 28 - Solariella lubrica, 3.1 x 2.7 mm: 22, ventral view; 23, dorsal view; 24, anterior
view; 25, intraumbilical region and aperture; SEM: 26, posterior view and
shoulder of body whorl, 450x; 27, nucleous of protoconch, 450x; 28, dorsal
view of protoconch, 230x.
Solariella amabilis (Jeffreys, 1865) (Figures 29-35)
Not Trochus cinctus sp. n, Philippi, 1836; Margarita elegantula nom. nud, Jeffreys 186;
Trochus amabilis Jeffreys, 1865; Trochus affinis nom. nud – Jeffreys MS, Friele 1874;
Machaeroplax affinis sp. n.- Jeffreys MS, Friele, 1877a; Machaeroplax hidalgoi sp. n. Fischer,
1882; Trochus amabilis var. n. affinis, Jeffreys, 1883.
References: Philippi, 1836, p.185, pl. 10; Jeffreys, 1865, p.300; Friele 1874, p.303; Friele 1877a,
p.313; Fischer, 1882, p.51; Jeffreys, 1883, p. 97; Fretter & Graham, 1977; Quinn, 1979, p.36,
figs. 51-54; Warén, 1993, p.161-162, figs. 2A, B, 7B, 8D.
Type material: Syntype, USNM, n◦ 179512.
Type location: T. amabilis, Shetland, Northeast Unst, 155-175 m.
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Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Material examined: Lt = 2.3 mm , Wt = 2.4 mm, La = 1.1 mm, Wa = 1.1 mm, Wp = 0.2 mm,
Wu = 0.8 mm, 6 whorls. MHNC n◦. 64520: [01], Dredging 19, 03°30’51’’ S, 37°59’28’’ W, CE,
Brazil, 07.XI.01, 384 m; MZUSP n◦. 78952: [01], Dredging 06, 10°41,4’00’’ S, 36°18,7’00’’ W,
AL, Brazil, 28.X.00, 365m.
Remarks: Shell conical-turbinate, with angular shoulder, 2.3 mm x 2.4 mm, translucent when
recently dead and without nacre, 3 ¾ whorls. Protoconch small, nucleus a bit inflated and
emerged, with spiral threads on the surface of the protoconcha, with 1 whorl. 1st whorl
ornamented exclusively by 4 spiral (micro) cords, with the emergence of the platform below the
suture. 2nd whorl with 4 spiral cords crossed by fine axial ribs that form small nodules on the
cords. The uppermost cord is limited to the platform below the suture. On the 3rd whorl the sharp
axial ribs become more raised and are crossed by the shoulder below the suture, by a cord below
the shoulder and by the peripheral cord. There is a spiral cord below the suture on the platform,
which form nodules in the intersections with the axial ribs. Shoulder finely tuberculate where
these nodules coincide with the axial ribs coming from the platform below the suture. Region
below the shoulder with a thinner secondary cord, bordered by fine spiral threads from above to
below. Peripheral cord thin and smaller than the shoulder, with minute, spirally developed
nodules. Space between the shoulder and the peripheral cord is twice as large as the space
between the peripheral and basal cords. Region below the peripheral cord and shoulder entirely
covered by thin axial ribs. There are about 9 microscopic spiral threads in the region below the
peripheral cord. Basal cord lower and smoother than the peripheral cord, with the formation of
obscure nodules. Base conical, strongly convex, adorned by 5 spiral cords similar in appearance
to the basal cord, the innermost of which a bit stronger and flatter than the others. Circumbilical
cord strongly tuberculate axially. Umbilicus narrow, funnel-shaped. Umbilical aperture
narrowed. Intraumbilical region ornamented by 6 spiral cords interrupted by axial lamellae
coinciding with the nodules of the circumbilical cord; on the innermost side of this cord there is
a small depression or spiral groove, which develops to the outer part of the columella, forming a
v-shaped reentrance in this region. Aperture quadrangular, inner lip concave, outer lip fine,
strongly angular upwardly.
Comments: Solariella amabilis (Jeffreys, 1865) has been discussed by a number of authors
(Dall, 1889, Friele 1874, Warén, 1993) and all are unanimous in reporting the Nordic
distribution or, at most, a Mediterranean distribution, for most of the specimens collected, with a
bathymetric distribution between 150 and 800 m. S. amabilis is one of the first valid names of
recent European species. The shells collected off the Brazilian coast exhibit a typical pattern
presented by S. amabilis with the strong, sub-equal relatively smooth shoulder and peripheral
18
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Figures 29 a 35 - S. amabilis, 2.3 x 2.4 mm: 29, ventral view; 30, dorsal view; 31, anterior view;
SEM: 32, suture and shoulder of body whorl, 100x; 33, protoconch of 1st
exemplar, 330x; 34, protoconch of 2nd exemplar, 250x; 35, axial and spiral
ornament of body whorl, 120x.
cord, body whorl with thin axial ribs starting at the platform below the suture forming nodules
on the shoulder, sharp carinae with nodules that are smaller than those of the shoulder and are
spirally developed; pronounced carinae; the region below the suture is ample and flat; the region
below the shoulder has evident spiral cords (which are not well pronounced in the Brazilian
material).
Geographic distribution: North Atlantic and Northeast Brazil: Alagoas and Ceará (this study).
Bathymetry: 155 to 800 m.
Genus Lamellitrochus Quinn, 1991
References: Quinn, 1991, p. 81-91.
Type species: Margarita lamellosa Verril & Smith, 1880.
Type location: Barbados, at 220 m.
19
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Atlantic species included: Solariella lamellosa (Verril & Smith, 1880), Lamellitrochus
pourtalesi (Clench & Aguayo, 1939); Lamellitrochus inceratus Quinn, 1991; L. carinatus
Quinn, 1991; L. suavis Quinn, 1991; L. filosus Quinn, 1991; L. fenestratus Quinn, 1991 and L.
bicoronatus Quinn, 1991.
Remarks: All shells are distinguished from all other solariellinae genera by their strongly
angular whorl profiles and distinctive macro and microsculpture.
Lamellitrochus inceratus Quinn, 1991 (Figures 36-42)
Calliostoma tiara Watson 1879: Dall, 1889a: 365;
Solariella amabilis Jeffreys 1865: Dall, 1889a: 378, 379;
Solariella lamellosa (Verril & Smith, 1880): Quinn, 1979: 40-42, figs. 61, 62.
References: Quinn, 1991, p. 88-90, figs. 25-27, 36.
Type material: Holotype, USNM n◦. 94946.
Type location: Albatross sta. 2644, 25º40’N, 80º00’W, off Cape Florida, Key Biscayne, Florida,
at 353 m.
Material examined: Lt = 5.8 mm, Wt = 5.5 mm, La = 1.9 mm, Wa = 1.9 mm, Wp = 0.28 mm,
Wu = 2.1 mm, 6 whorls. ANSP n◦. 413512: [02], Dredging 07, 11°35,5’ S, 37°12,3’ W, Sergipe
(SE), Brazil, 30.X.00, 510 m; LMUFRPE n◦. 508: [10], Dredging 10, 09°04,7’ S, 34°51,2’ W,
17.XI.00, Alagoas (AL), Brazil, 520 m; MHNC n◦. 64509: [02], Dredging 04, 08°42,1’00’’ S,
34°44,1’00’’ W, Pernambuco (PE), Brazil, 25.III.00, 465 m; MNRJ n◦. 10586: [05], Dredging
31, 10o06’ S; 35º46’ W, Alagoas (AL), Brazil, muddy bottom, 16.XII.01, 720 m; MZUSP n◦:
77073: [05], Dredging 11, 08°46,5’ S, 34°44,5’ W, 18.XI.00, Pernambuco (PE), Brazil, 690 m.
Remarks: Shell small, reaching 5.8 mm x 5.5 mm, conical-turbinate, peripherally carinate
(similar to a keel), frequently umbilicate, white, lower side with fine nacre and outwardly with a
porcelain coating. Protoconch 0.325 mm of maximum width, 1 whorl. Teleoconch with 6
whorls, with one higher segment, forming a carinate keel; first whorl with strong, smooth axial
lamellae extending from suture to suture, quickly becoming restricted to the shoulder and
peripheral cord on the subsequent whorls; rather weak micro-pustules covering the entire surface
of the first 2 whorls; first whorl with 2 to 4 weak spiral threads, two of which interact with the
axial lamellae to form an angulation below the tuberculate suture and peripheral cord; 0-5 very
weak spiral threads between the angulation below the suture and the peripheral cord. Base
flattened, surrounded by a strong, smooth spiral cord; 5- 11 weak, flattened, smooth spiral cords
20
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
between the basal cord and the strong tuberculate circumbilical cord; umbilicus amply open,
41% of the maximum width of the shell, funnel-shaped and its walls have 0-4 weak spiral cords
and weak axial wrinkles. Aperture oblique, circular; Lips narrow; Peristome complete.
Figures 36 a 42 - Lamellitrochus inceratus, 5.8 x 5.5 mm: 36, ventral view; 37, dorsal view; 38,
anterior view; 39, protoconch, 180x (SEM); 40, spiral ornament of body whorl;
41, part of base and aperture; 42, intraumbilical region.
Comments: According to Quinn (1991), Lamellitrochus inceratus presents affinities with the
Atlantic species Lamellitrochus suavis Quinn, 1991, recorded for Barbados-Antilles, for having
a conical-turbinate contour and similarities in the shape of the sculpture, but Lamellitrochus
suavis is much smaller and presents little relation to other Atlantic species, except for the group
Lamellitrochus Quinn, 1991. As a means of quick recognition, the following descriptive
characteristics are attributed, which do not appear in the original description: the protoconch is
ornamented by microscopic spiral threads; the spiral threads may by absent between the
peripheral and basal cords, and if present (a maximum of 2 threads starting at the 4th whorl), it is
due to the dissolution of calcium carbonate; after the basal cord, there are 6 adjacent spiral
cords; a 7th spiral cord may be absent and, when present, it is located near the tuberculate cord;
the circumbilical cord presents 15-24 tubercles, and the central part of the base is often smooth;
the inner lip is reflected on perfect specimens, especially on the median portion. This is the first
21
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
record of the species for the Southern Atlantic and the 2nd occurrence of the genus
Lamellitrochus Quinn, 1991. Among the known species, it presents a strong affinity with
Lamellitrochus pourtalesi (Clench & Aguayo, 1939), in the conical-turbinate contour, strongly
pustulous ornamentation and the strongly canaliculate suture, but is easily distinguished by the
direction of the ornaments on the first post-embryonic whorl, which are typically axial in L.
inceratus and spirally developed in. The spiral angle is more acute in L. inceratus and the
protoconch in L. pourtalesi has a much more inflated nucleus. The base in L. pourtalesi is much
more conical, the basal threads are more raised and ornamented by many raised axial threads;
the umbilicus is distinct in both species, being broader, deeper and reaching the inner part of the
protoconch in L. inceratus. In L. pourtalesi, the umbilicus has a broad inner spiral cord that
culminates in the projection of the inner lip, which is reflected, giving a more reinforced
appearance to the aperture. A very evident angulation formed on the outer lip corresponds to the
termination of the shoulder, the peripheral cord and the basal cord. The tubercles on the shoulder
are more rounded and axially developed in L. inceratus; in L. pourtalesi, the shoulder has
spirally developed nodules that are a bit smaller in comparison with L. inceratus. The region
below the shoulder is relatively smooth, flat and ample in L. pourtalesi, whereas this region is
ornamented by 0-5 weak spiral threads in L. inceratus.
Geographic distribution: Southern Georgia, Florida Straights (Florida Cape to Dry Tortugas),
Havana and Honda Bay - Cuba; Yucatan Channel, Old Providence Island, Southeast Cuba,
North Porto Rico and the Lesser Antilles from the Dominican Republic to Santa Lucia;
Northeast Brazil (this study).
Bathymetry: from 250 to 500 meters.
Lamellitrochus pourtalesi (Clench & Aguayo, 1939) (Figures 43-49)
Margarita amabilis Jeffreys 1865; Solariella pourtalesi Clench & Aguayo, 1939.
References: Clench & Aguayo 1939, p.190, pl. 28 fig. 02; Quinn, 1979, p.42, figs. 63-64;
Type material: Holotype, MCZ n◦. 135.108.
Type location: “Atlantis” Station n◦ 2993 (N. Lat 23° 24; W. Long. 80° 44´) off Cardenas,
northern Cuba, 1276 m.
Material examined: Lt = 7.5 mm , Wt = 6.5 mm, La = 2.8 mm, Wa = 2.7 mm, Wp = 0.4 mm,
Wu = 2 mm, 5 ¼ whorls. ANSP n◦. 413514: [04], Dredging 11, 08°46,5’ S, 34°44,5’ W,
Pernambuco (PE), Brazil,18.XI.00, 690 m; LMUFRPE n◦. 507: [05], Dredging 27, 06°14’ S,
34°52’ W, Rio Grande do Norte (RN) Brazil, 26.XI.01, 500 m;. MHNC n◦. 64522: [03],
Dredging 31, 10°06’ S, 35°46’ W, Alagoas (AL), Brazil, 16.XII.01, 720 m; MNRJ n◦. 10584:
22
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
[06], Dredging 04, 08°42,1’00’’ S, 34°44,1’00’’ W, PE, Brazil, 25.03.00, 465 m; MZUSP
n◦.77072: [05]: Dredging 10, 09°04,7’ S, 34°51,2’ W, Alagoas (AL), Brazil, 17.11.00, 520 m;
[04], Dredging 12, 04°17,6’ S, 33°13,2’ W, Ceará (CE), Brazil, 07.X.01, 550 m.
Remarks: Shell small, reaching 7.5 mm x 6.5 mm, conical-turbinate, relatively flat, angled
contours, white, with pinkish spots on the spiral, pattern strongly nacre, 5 ¼ whorls. Protoconch
globose, with emerged nucleus, probably with spiral micro-sculpture, 1 whorl. 1st half of the 1st
whorl without axial ribs, with the upper part presenting incipient ribs. 2nd whorl ornamented by
strong axial ribs crossed by 3-4 weaker spiral lines, the uppermost of which forms the shoulder
and tubercles are formed in the intersections with the axial ribs; on the following whorls the
axial ornaments become less evident and the spiral ornaments become more conspicuous with
the development of tubercles, especially on the shoulder and peripheral cord, which are conical,
sharp and axially elongated. Platform very narrow between the shoulder and suture and the
region between shoulder and the suture is very narrow; the region between the shoulder and the
peripheral keel is broader and smoother. Peripheral cord weakly tuberculate, tubercles smaller
than those found on the shoulder. Region between the peripheral and basal cords is smooth.
Basal cord emerging above the suture of the outer lip, smooth. Body whorl ornamented
essentially spirally, with smooth interspaces, but ornamented by axial growth threads. Below the
shoulder there is a fine spiral cord, weakly nodular and closer to the shoulder than to the
peripheral cord. Formation of rectangular interspaces on the 2nd and 3rd whorls. Suture weakly
reentrant, forming a broad channel between the shoulder and peripheral cord on the spiral. Body
whorl ornamented adapically by the strongly tuberculate shoulder. Base conical, with 2-7 thin,
smooth spiral cords, the innermost of which has a finely tuberculate appearance. Circumbilical
cord strongly tuberculate, terminating at the lower part of the columella. Intraumbilical region
adorned by axial growth folds but, on the upper part of the narrowed umbilicus, with a strong
spiral fold and concave inner lip strongly reflected on its middle portion over the umbilical fold.
Aperture sub-circular, weakly angles at the termination of the peripheral keel. Columella fragile,
mouth roundly arched.
Comments: Among occurrences in the Southern Atlantic, the species that relates most closely to
Lamellitrochus pourtalesi appears to be Lamellitrochus inceratus. Both were related by Quinn
(1991), as was discussed earlier. The two Atlantic species -- Lamellitrochus fenestratus Quinn,
1991 and Solariella amabilis (Jeffreys, 1865) -- present affinities in the general contour of the
amply conical shell, the ornamentation pattern on half of the 1st post-nuclear whorl and the
tabulation of the whorls. In comparison to L. fenestratus, the teleoconch in L. pourtalesi is
larger, with 5 ¼ whorls (4.6 in L. fenestratus); the shoulder is equally nodular, but the nodules
23
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Figures 43 a 49 - Lamellitrochus pourtalesi, 7.5 x 6.5 mm: 43, ventral view; 44, dorsal view; 45,
anterior view; 46, aperture; SEM: 47, protoconch with transition area, 180x; 48,
microesculpture of protoconch, 1000x; 49, ornament of body whorl , 160x.
are smaller and the area below the shoulder is slightly convex; it does not present a strong spiral
ornamentation as that exhibited by L. fenestratus. In L. pourtalesi, there is a cord below the
obscurely nodular shoulder. The distance from the peripheral cord to the basal cord corresponds
on both of the species, but the peripheral cord in L. fenestratus has much stronger tubercles. The
base is conical and developed, which is similar to L. pourtalesi, but the circumbilical cord
presents a double row of nodules. L. pourtalesi, L. fenestratus and S. amabilis present a
protoconch with fine spiral threads and the initial half of the 1st whorl with 4 spiral threads,
which probably unites them into a group with affinities; the nucleus of L. pourtalesi resembles
that of S. amabilis than that of L. fenestratus, but it is much more inflated in L. pourtalesi than
in either of the other two species. The teleoconch in L. pourtalesi resembles that in S. aff.
amabilis, especially with regard to the tabulation of the whorls, the depth of the suture and the
strongly tuberculate ornamentation, is easily distinguished from S. amabilis for possessing a
strongly tuberculate shoulder. The nodules found on the teleoconch of L. pourtalesi are axially
developed, whereas in S. aff. amabilis they are minute and spirally developed. The two species
resemble one another also in the distribution of the space below the shoulder and the region
24
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
below the peripheral cord; in both cases, the upper region is twice as large as the lower region,
but these two regions are covered in thin axial ribs only in S. aff. amabilis; in L. pourtalesi, there
are only spiral ornaments.
Geographic distribution: Florida (Eastern); Yucatan Straights; Cuba (North of Havana, North of
Matanzas); Antilles Sea; Northeast Brazil (this study).
Bathymetry: 293 to 2276 meters.
Lamellitrochus carinatus Quinn, 1991 (Figures 50 - 56)
References: Quinn, 1991, p. 84-85, figs. 7-12.
Type material: Holotype, DMNH n.º 179393.
Type location: SW of Egmont Key, Florida, 366-421 m.
Material examined: Lt = 2.1 mm , Wt = 2.8mm, La = 0.8 mm, Wa = 0.9 mm, Wp = 0.2 mm,
Wu = 0.7 mm, 3 ¾ whorls. ANSP n◦. 413515: [03], Dredging 24, 04°51’40’’ S, 35°08’01’’ W,
24.11.01, CE, Brazil, 384 m; LMUFRPE n◦. 509: [10], Dredging 29, 06°13’22’’ S, 34°52’20’’
W, RN, Brazil, 26.11.01, 223 m; MHNC n◦. 64512: [02], Dredging 28, 06°13’39’’ S, 34°51’37’’
W, RN, Brazil, 26.11.01, 340 m; MNRJ n◦. 10585: [05], Dredging 04, 08°42,1’00’’ S,
34°44,1’00’’ W, PE, Brazil, 25.03.00, 465 m; MZUSP n◦. 77074: [10], Dredging 07, 11°35,5’ S,
37°12,3’ W, Sergipe (SE), Brazil, 30.X.00, 510 m; [05], Dredging 18, 02°05’ S, 41°05’ W,
30.X.2001, Ceará (CE) – Piauí, Brazil, 390 m.
Remarks: Shell with very small dimensions: 2.1 mm x 2.8 mm, conical, flattened, 3 ¾ whorls.
Protoconch microscopic (0.26 mm), white, smooth, 1 whorl; with nucleus partially immersed.
The axial ribs emerge at the suture next to the protoconch and terminate at the suture below. 1st
whorl of the teleoconch strongly ornamented by raised axial ribs that predominate in relation to
the 2 obscure spiral cords. 2nd whorl with the shoulder and peripheral cord more evident, with
the presence of a cord above and below the peripheral cord, the one below may be absent.
Formation of stronger pustules on this whorl and the following whorls. The presence of 1-4
weak spiral threads between the shoulder and the peripheral cord and 0-2 weak spiral threads
between the peripheral and basal cords. Body whorl inflated, with convex contour or angular
whorl, ornamented by raised, slightly prosocline axial ribs that emerge from the suture and
extend abapically to near the basal cord, becoming thinner and inconspicuous after the
peripheral cord. Suture a bit constricted; region below the suture ornamented solely by the
dorsal portion of the axial ribs or with the presence of a spiral cord that is weaker than the
shoulder, dividing the pustules in this region through the middle. Presence of either weak or
25
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
very strong nodules in this region of the shoulder. Platform below the suture either very narrow
or as broad as the region below the shoulder. Peripheral cord strong, undulated and ornamented
either by weak or strong tubercles aligned spirally. Basal cord entirely smooth. Base slightly
convex, with 4-7 spiral cords between the basal cord and the circumbilical cord; circumbilical
cord strongly tuberculate with tubercles that are either raised and strong or low and weak.
Intraumbilical region ornamented by axial cords crossed by 4-8 fine spiral threads coinciding
with the tubercles of the circumbilical cord; umbilicus broad, corresponding to 36 % of the
maximum width. Aperture rounded. Inner lip concave, slightly reflected. Outer lip fine and with
an inner thickening sheltering its internal part.
Geographic distribution: North Carolina, Florida, Cuba, Porto Rico, Antigua and Barbados;
Trinidad Island and Northeast Brazil (this study).
Bathymetry: 100 to 200 meters.
Figures 50 a 56 - Lamellitrochus carinatus, 2.1 x 2.8 mm: 50, ventral view; SEM: 51, dorsal
view; 52, anterior view; 53, axial and spiral ornament of body whorl,
100x.54, protoconch, 180x; 55, ornament of nucleous, 370x; 56, dorsal view
of protoconch, 350x.
26
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Comments: Lamellitrochus carinatus Quinn, 1991, is the most distinct species of Lamellitrochus
described until the present, showing affinities with the genus Brookula Iredale, 1912, especially
with regard to the conical-flattened shape of the teleoconch and the strong, ribbed, reticulated
pattern. However, the species of Lamellitrochus are easily separated from this genus for having
evident cords and shoulder, constituting strong spiral ornamentation in relation to axial
ornamentation. The Brazilian forms are generally smaller than those of the Type material,
occasionally presenting a reduced number of spiral ornaments, from 1-4 weak spiral threads in
the region below the shoulder (1-7 threads in the Holotype) and 0-2 weak spiral threads in the
region below the peripheral cord (0-4 spiral threads in the Holotype). The base is weakly convex
in both forms, but the intraumbilical region is adorned by 4-8 fine spiral threads (1- 7 in the
Holotype) crossed by axial cords.
KEY FOR SOLARIELLA AND LAMELLITROCHUS:
1-
Adult shells small to medium sized, deeply umbilicate, conical, conical-globose and
conical-turbinate, with strong spiral and secondary axial ornamentation; base convex or
flattened, with smooth intraumbilical region and never strongly reticulated _______________ 2
1´- Adult shells of microscopic size, with broad umbilicus, conical-flattened shape, base slightly
convex; with strongly reticulated intraumbilical region ____________ Lamellitrochus carinatus.
2- Base strongly flattened or conical, with rounded aperture, body whorl with strong spiral
ornamentation and secondary or equally strong axial ornamentation, forming pustules _______ 3
2´- Shell conical-globose, base conical and strongly convex, body whorl inflated and smooth,
ornamented by a tuberculate subsutural spiral cord _____________________ Solariella lubrica
2-
Region below the shoulder smooth or ornamented spirally and/or axially, equal to or
greater in size than the region below the peripheral cord, umbilicus broad, with spiral
ornamentation, basal ornamentation present, first post-embryonic whorl without axial cords __ 4
3´- Area below the shoulder with smooth appearance or with up to five spiral threads,
approximately equal in size to the area below the peripheral cord, tubercles rounded and axial,
umbilicus broad, smooth and deep, obscure basal threads, first post-embryonic whorl with axial
cords ____________________________________________________ Lamellitrochus inceratus
4 - Area below the shoulder with smooth appearance, broader than the area below the peripheral
cord, umbilicus broad, with an intraumbilical spiral cord, first post-embryonic whorl with strong
spiral ornamentation ______________________________________ Lamellitrochus pourtalesi
4´- Area below the shoulder spirally and axially ornamented, umbilicus broad and deep or
narrow and deep, with various inner spiral threads, first post-embryonic whorl with fine growth
threads and spiral ornamentation _________________________________________________ 5
27
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
5- Region below the shoulder broader than the area below the peripheral cord, thin secondary
cord, circumbilical cord strongly tuberculate, shoulder nodular and axial ribs on the body whorl
_____________________________________________________________ Solariella amabilis
5´- Region below the shoulder broader than the area below the peripheral cord, with a weaker
secondary cord that can be absent, circumbilical cord smooth or with weak nodules ________ 6
6- Base conical, slightly convex, with 10 to 12 weak spiral cords, the innermost weak and the
circumbilical
cord
weakly
nodular,
forming
a
periumbilical
spiral
groove
___________________________________________________________ Solariella quinni sp n.
6´- Base conical, strongly convex, with strong spiral cords ranging from three to five and a
strongly tuberculate circumbilical cord forming a groove, umbilicus broad, convex walls, with
four to six strong spiral cords, weakly tuberculate ___________________________________ 7
7- Umbilicus broad, with convex walls, four to six strong spiral cords, weakly tuberculate, base
with three to four strong, raised cords, circumbilical cord tuberculate __ Solariella quadricincta
7´- Umbilicus medium-sized, internally constricted, convex walls, with five to seven strong
spiral cords, base with four to five strong spiral cords, circumbilical cord with strong axial
nodules ______________________________________________________ Solariella carvalhoi
ACKNOWLEDGMENTS
We are grateful to Mr. Enilson Cabral, fishery´s engineer from the Research and
Management Center for Fishing Resources of the Northeast Coast - CEPENE/IBAMA, for his
considerable efforts in the collection of the samples from sediment taken from the Continental
Slope of Northeast Brazil. We would also like to thank Dr. Luiz Ricardo Lopes de Simone, from
the Zoology Museum of the Universidade de Sao Paulo – MZUSP, Dr. Paulo Márcio Sousa
Costa, from the National Museum of Rio de Janeiro and Dr. Ricardo Silva Absalão, from the
Universidade Federal do Rio de Janeiro, for the critical reading of the manuscript and for
sending literature that gave sustainability to the conchological comments regarding the species,
and also Mr. Alexandre Dias Pimenta, from the Laboratory of the National Museum of Rio de
Janeiro and Mr. Rainer Jonas, from the Gesellschaft für Biotechnologische Forschung – GBF,
for sending us literature. We would also like to thank the Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, for the financial support given to the
development of the identification work of the malacofauna from the Continental Slope of
Northeast Brazil.
28
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
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29
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
INFLUENCIA DE LOS EVENTOS CLIMATICOS EL NIÑO Y LA NIÑA EN LA
COMUNIDAD DE CHAETOGNATHA DE LAS AGUAS SUPERFICIALES DEL OCÉANO
PACÍFICO COLOMBIANO.
Xiomara Franchesca GARCÍA DÍAZ* ; Lucia Maria de Oliveira GUSMÃO;
Yimmy HERRERA
Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco
*E-mail: [email protected]
Resumen - Buscando determinar posibles indicadores biológicos de los eventos climáticos El Niño y la
Niña, fueron analizadas la composición, abundancia y distribución de los quetognatos de las
aguas superficiales del océano Pacifico colombiano (6°16’00”N - 1°18’00”N; 77°27’00”W 84°00’00”W). Los organismos fueron colectados durante 5 cruceros oceanográficos
realizados entre los años 1998 y 2000 (mayo-junio/1998; octubre/1998; mayo/1999; mayojunio/2000 y noviembre-diciembre/2000) mediante arrastres superficiales horizontales con
una red de plancton estándar de 65 µm de ojo de malla. La abundancia y distribución de
los quetognatos fue relacionada con temperatura, salinidad, clorofila-a, circulación
superficial del mar y nutrientes disueltos (amonio, nitrito, nitrato, fosfato y silicato),
variables obtenidas simultáneamente en los cruceros oceanográficos. Para determinar
posibles bioindicadores se realizó un diagrama de dispersión y un análisis de agrupamiento
(Cluster). Se identificaron 19 especies, de las cuales las más abundantes fueron Sagitta
enflata, S. hexaptera, S. regularis y S. zetesios. Se consideró a Pterosagitta draco como una
especie potencialmente indicadora del evento climático El Niño y a Sagitta minima del
evento La Niña, en el Pacifico colombiano. La clorofila-a indicó indirectamente, la mayor
disponibilidad alimentar para los quetognatos durante el periodo La Niña. La relación entre
la salinidad y la distribución de las especies, permitió determinar a Pterosagitta draco y
Sagitta pacifica como especies de aguas oceánicas y Sagitta bedoti y S. robusta de aguas
costeras del océano Pacifico colombiano.
Palabras clave: zooplancton, bioindicadores, biomasa fitoplanctónica, nutrientes, circulación superficial.
Abstract - Looking identify possible biological indicators of climatic events El Niño and La Niña, the
Chaetognath composition, abundance and distribution of colombian Pacific ocean
superficial waters (6°16’00”N - 1°18’00”N; 77°27’00”W - 84°00’00”W) were analyzed.
The organisms were collected during five oceanographic expeditions made between 1998
and 2000 (May-June/1998; October/1998; May/1999; May-June/2000 and NovemberDecember/2000) through horizontal and superficial hauls using a standard net of 65 µm
mesh size. The abundance and distribution of Chaetognath community were related with
temperature, salinity, chlorophyll-a, superficial circulation and dissolved nutrients
(ammonium, nitrite, nitrate, phosphate and silicate), variables obtained simultaneously
during the expeditions. Possible bioindicators using dispersion diagram and correlations of
cluster analysis were determined. Nineteen species were identified, and the most abundant
were Sagitta enflata, S. hexaptera, S. regularis and S. zetesios. One potential indicator of El
Niño in colombian Pacific was Pterosagitta draco and of La Niña was Sagitta minima.
Chlorophyll-a indicated indirectly the high trophic availability for chaetognaths in La Niña
weather event. The relationship between salinity and species distribution determined
Pterosagitta draco and Sagitta pacifica off oceanic waters and Sagitta bedoti and S. robusta
off coastal waters by Pacific ocean colombian waters.
Keywords: zooplankton, bioindicators, phytoplanktonic biomass, nutrients, superficial
circulation.
30
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
INTRODUCCIÓN
El filo Chaetognatha es un grupo destacado dentro de la comunidad zooplanctónica
marina. Es predador activo de numerosos invertebrados y larvas de peces y, a su vez, es parte de
la dieta de algunos peces considerados de alto interés comercial. Por esta razón cumple un papel
ecológico importante en las redes tróficas y puede constituir un buen indicador de potencial
pesquero (Boltovskoy, 1981). Este filo también es comúnmente usado como indicador
hidrobiológico, debido a la estrecha relación existente entre su distribución y las masas de agua,
su significativa abundancia en los ecosistemas marinos y su simplicidad taxonómica (PierrotBults & Chidgey, 1988).
Numerosos trabajos enfocados en la distribución y abundancia de los quetognatos y su
relación con las características oceanográficas, sustentan su utilización como indicadores
biológicos. La distribución de especies como Sagitta enflata, S. hexaptera, S. pacifica y
Pterosagitta draco, es aparentemente independiente de las variaciones ambientales, por lo cual
son consideradas de carácter euritípico (Bieri, 1957, 1959; Sund & Renner, 1959; Sund, 1961,
1964; Alvariño, 1961, 1976; Boltovskoy, 1981; Pierrot-Bults & Chidgey 1988; Casanova,
1999). Sin embargo, existe un numeroso grupo de especies estenotípicas, cuya distribución está
relacionada con los movimientos de corrientes, temperatura del agua y concentración salina.
El océano Pacífico colombiano posee características climatológicas, geológicas e
hidrológicas que caracterizan la composición faunística de sus ecosistemas. El conocimiento de
la biodiversidad y su relación con las condiciones ambientales es una de las principales
herramientas para describir los ecosistemas en condiciones normales y detectar alteraciones por
causas naturales o antropogénicas. La manifestación de estas alteraciones, tanto en el océano
como en la atmósfera, trae consigo consecuencias en el medio natural, generando en muchas
ocasiones impactos socioeconómicos sobre los países afectados (IDEAM, 2002).
El evento El Niño - Oscilación del Sur - (ENOS) es un fenómeno atmosférico-oceánico
que afecta, entre otros, a los países localizados en la franja del Pacífico sureste con una
periodicidad de 2 a 7 años (Arntz & Fahrbach, 1996). La fase cálida del ENOS, denominada El
Niño, se caracteriza por traer consigo el calentamiento de las masas de agua, el hundimiento de
la termóclina y el aumento del nivel del mar, frente a las costas norte del Perú, Ecuador y sur de
Colombia (Mauna De Los Reyes, 1994). La fase fría del ENOS conocida como La Niña
corresponde a la ocurrencia de aguas sub-superficiales y superficiales frías en los sectores
central y este del océano Pacífico tropical (García & Hernández, 2000).
El Centro de Control de Contaminación del Pacífico (CCCP) es un instituto de
investigación oceanográfica que tiene dentro de sus objetivos estudiar las condiciones oceánicas,
biológicas e hidrológicas del Pacífico Colombiano y, adicionalmente, monitorear la ocurrencia
31
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
de los eventos climáticos El Niño y La Niña en esa área, como parte del proyecto ERFEN
(Estudio Regional del Fenómeno El Niño) realizado en conjunto por los países del Pacífico
oriental suramericano. Dentro de este proyecto, el estudio de la distribución y composición del
filo Chaetognatha y su relación con las variables fisicoquímicas y ambientales, amplían el
conocimiento existente sobre la biota zooplanctónica del Pacífico colombiano.
MATERIAL Y MÉTODOS
TRABAJO DE CAMPO Y ANÁLISIS DE DATOS
Las estaciones de colecta hacen parte de una red de trabajo utilizada semestralmente por el
Centro de Control de Contaminación del Pacífico (CCCP) para la realización de las
expediciones PACÍFICO-ERFEN (Figura 1). La red estuvo localizada entre las latitudes
1°18’00” y 6°18’00” Norte y longitudes 77°27’00” y 84°00’00” Oeste y comprende un total de
38 estaciones en las cuales fueron colectados datos fisicoquímicos (temperatura, salinidad y
nutrientes) y fueron realizadas colectas biológicas (plancton y clorofila-a).
9N
9N
7N
PANAMA
5N
3N
1N
8N
SUR AMERICA
7N
N
84 w
82 w
80 w
78 w
Golfo de
Panamá
17
76 w
25
6N
1
10
B. Solano
19
5N
107
91
75
59
43
27
3
12
Baudó
36
21
5
SECTOR CENTRAL
4N
3N
109
93
R. San Juan
77
61
45
I. Malpelo
111
95
79
63
29
38
47
14
B/Ventura
23
31
7
16
I. Gorgona
2N
113
97
81
65
49
33
R. Naya
R. Patía
Tumaco
COLOMBIA
R. Mira
1N
R. Baudó
C.Corrientes
60 MN
0
111 Km
84w
83w
82w
81w
80w
79w
78w
77w
76w
Figura 1 - Estaciones de colecta de las expediciones oceanográficas realizadas entre 1998 y 2000
en el océano Pacífico colombiano.
32
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
En este trabajo se analizaron las muestras correspondientes a 5 expediciones
oceanográficas PACÍFICO-ERFEN (Mayo 9 - Junio 3/1998; Octubre 16 – 29 / 1998; Mayo 6 25 / 1999; Mayo 9 - Junio 1 / 2000 y Noviembre 19 - Diciembre 6 / 2000). Para la obtención de
los parámetros fisicoquímicos temperatura y salinidad superficial, fue utilizado un CTD (marca
Seabird Electronics tipo SEACAT 19-01). Para la determinación de clorofila-a y nutrientes se
tomaron muestras de agua superficial con una botella Niskin de 5 litros de capacidad. La
determinación de las concentraciones de clorofila-a, amonio (NH4+), nitrito (NO2-), nitrato
(NO3), ortofosfato (PO4-3) y silicato (SiO3-2), se basaron en las metodologías de Strickland &
Parsons (1968).
Las muestras de plancton fueron colectadas con una red cónica estándar de 1,2 m de
longitud, 50 cm de diámetro de boca, y malla de 65 µm, con um flujometro (Marca Khalsico)
adaptado en la boca de la red. Los arrastres fueron horizontales y superficiales realizados en
forma circular a una velocidad de 3 nudos durante 10 minutos. Las muestras fueron preservadas
con formalina al 10% neutralizada con tetraborato de sodio.
Los resultados de circulación superficial del mar, para cada periodo, fueron realizados
utilizando el método de las corrientes de densidad desarrollado por Sandstrom & HellandHansen (1903) con base en la teoría de la circulación de Bjerkness. Con esta información se
elaboraron gráficas de topografía dinámica en el programa SURFER ®8.
En laboratorio, los quetognatos fueron separados de las muestras para la realización del
conteo e identificación de los individuos. Se determino la densidad (ind 1000m-3), abundancia
relativa (%) y frecuencia de las especies encontradas en cada estación y periodo de muestreo.
Con la información obtenida, fueron determinados los índices de riqueza (Hill), diversidad
(Shanon-Wiener) y de equitabilidad (Pielou). Se calculó el índice de especificidad (H'2=Σ(Pi.Log2Pi); Pi=n2/N; n2: número de individuos de cada especie por periodo, N: número total
de individuos por periodo) para determinar especies estenotípicas (especies con distribución
limitada) y euritípicas (especies con amplia distribución) (Ramirez, 1999). Fue realizado un
análisis de agrupamiento (Cluster) con el método de Weighted Pair-group Method, Arithmetic
Average (WPGMA) y coeficiente de Bray-Curtis como índice de similaridad utilizando el
programa NTSYS ®2.1.
RESULTADOS
CONDICIONES OCEANOGRÁFICAS
La temperatura superficial del mar presentó valores superiores a la temperatura promedio
del océano Pacifico colombiano (OPC) en mayo de 1998 (
= 29,6; DS = 0,4; N = 17) y
conservó valores cercanos a la media (27 a 27,4°C) en los otros muestreos (Fig 2a). Esas altas
33
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
temperaturas encontradas en mayo de 1998 indicaron la intrusión de aguas calidas por la región
oeste del OPC. En los meses posteriores, fueron observadas las menores temperaturas en el
extremo sureste del OPC y las mayores en el extremo noroeste.
La distribución de la salinidad superficial presentó un patrón de valores que diferenció
tres franjas paralelas a la línea de costa: una franja costera próxima a la línea de costa (24-30
UPS), una de aguas intermedias (30-32 UPS) y una región de aguas oceánicas (32-36 UPS). En
los muestreos realizados en el primer periodo del año (entre mayo y junio de 98/99/00), el
gradiente de salinidad fue pequeño con variaciones poco marcadas entre aguas oceánicas y
costeras, generando salinidades medias altas para esos periodos (Fig 2b). Por el contrario, en los
muestreos realizados en el segundo período del año (oct/98 y nov-dic/00), el gradiente fue más
amplio (Fig 2b) debido al patrón de precipitaciones en el OPC (Régimen monomodal, con
menores precipitaciones en el segundo semestre del año). Durante mayo de 1999 se observó un
aumento atípico en las precipitaciones causado por el evento La Niña, que modificó el patrón de
salinidad (
= 31,6; DS = 1,8; N = 20).
Las mayores concentraciones superficiales de nitrato (valores superiores a 1µmol L-1)
fueron registradas en los dos muestreos de 1998, durante el mes de mayo en aguas oceánicas y
durante octubre en aguas intermedias (Fig 2c). Durante los otros cruceros analizados, las
concentraciones fueron bajas con valores entre 0,1 y 1µmol L-1.
Las concentraciones de nitrito fueron predominantemente bajas, con valores entre 0,01 y
0,6µmol L-1 (Fig 2d). Las mayores concentraciones fueron encontradas durante mayo de 1999
en todo el OPC durante la ocurrencia del evento climático La Niña (
= 5,2; DS = 6,8; N = 20).
Las concentraciones de amonio en el OPC oscilaron entre 0,1 y 0,8 µmol L-1 (Fig 2e). Sin
embargo, durante mayo de 1998 y mayo de 2000, se encontraron las concentraciones mas
elevadas de todo el periodo de muestreo con valores superiores a 1 µmol L-1 (Fig 2e).
Las concentraciones de fosfato fueron predominantemente bajas en todo el periodo de
muestreo, con valores entre 0,1 y 0,9 µmol L-1 (Fig 2f). De la misma forma que la concentración
de amonio, las mayores concentraciones fueron encontradas durante mayo de 1998 y mayo de
2000, en las áreas oceánica e intermedia respectivamente.
Las concentraciones de silicato oscilaron entre 0,1 y 80,74 µmol L-1 en todo el periodo en
estudio (Fig 2g).Las mayores concentraciones fueron encontradas en el sector intermedio del
OPC durante mayo de 1998 y en el sector oceánico durante mayo de 2000, con valores
superiores a 60 µmol L-1.
34
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
a.
b.
32
34
UPS
TSM (°C)
30
28
26
22
may-98
oct-98
may-99
may-00
nov-dic 00
c.
may-99
may-00
nov-dic 00
may-98
oct-98
may-99
may-00
nov-dic 00
20
18
10
µmol NO2¯ L¯¹
µmol NO3¯ L¯¹
oct-98
22
12
8
6
4
16
14
12
10
8
6
4
2
2
0
0
may-98
oct-98
may-99
may-00
nov-dic 00
f.
8
1
0,8
µmol PO4¯³ L¯¹
6
µmol NH4+ L¯¹
may-98
d.
14
4
2
0,6
0,4
0,2
0
0
may-98
oct-98
may-99
may-00
nov-dic 00
g.
may-98
oct-98
may-99
may-00
nov-dic 00
may-98
oct-98
may-99
may-00
nov-dic 00
h.
90
5
80
4,5
4
70
60
mgCl-α m¯³
µmol SiO3¯² L¯¹
30
26
24
e.
38
50
40
30
3,5
3
2,5
2
1,5
20
1
10
0,5
0
0
may-98
oct-98
may-99
may-00
nov-dic 00
Figura 2 - Valores máximos, mínimos y promedio de las variables oceanográficas superficiales del
océano Pacifico colombiano en los cinco periodo durante 1998 y 2000. 2a Temperatura
(°C). 2b Salinidad (UPS). 2c Nitrato (µmol L-1). 2d Nitrito (µmol L-1). 2e Amonio
(µmol L-1). 2f Fosfato (µmol L-1). 2g Silicato (µmol L-1). 2h Clorofila-a (mg m-3).
Las concentraciones superficiales de clorofila-a oscilaron entre 0 y 4,92 mgCl-a m-3 (Fig
2h). De forma general, en las épocas de bajas temperaturas, se observaron sectores de altas
concentraciones en frente de la Ensenada de Tumaco y la Isla Gorgona (Figura 1), y bajas
35
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
concentraciones en el resto del OPC. Este patrón fue modificado únicamente en mayo de 1999,
en el cual se presentaron altas concentraciones en todo el OPC (
= 4,58; DS = 0,23; N = 20).
Los mapas de la circulación superficial del mar permitieron determinar de forma general,
un movimiento ciclónico localizado principalmente en el norte del área de estudio, el cual
cambió su posición longitudinal dependiendo de la época de muestreo (Figura 3). El único
periodo en el que no se evidenció este patrón de circulación fue en octubre de 1998 (evento La
Niña), donde se observó principalmente la formación de movimientos anticiclónicos (Figura
3b).
PANAMA
PANAMA
8N
8N
f.b.OCT
OCT98
98
e.a. MAYO
MAYO 98
98
B. Solano
6N
B. Solano
6N
C. Corrientes
C . Corrientes
I. Malpelo
I. Malpelo
Baudo
Baudo
4N
4N
B/ventura
B/ventura
C
O
L
O
M
B
I
A
I. Gorgona
2N
Tumaco
W 84W
82W
80W
84W
2N
Tumaco
76W
80W 84W
78W
82W
78W 82W
76W 80W
PANAMA
h. d.MAYO
MAYO- 00
00
g. MAYO - 99
c. MAYO 99
B. Solano
6N
i.e. NOVDIC 00
NOV-DIC
00
B. Solano
6N
C . Corrientes
I. Malpelo
I. Malpelo
I. Malpelo
Baudo
Baudo
Baudo
4N
4N
B/ventura
B/ventura
I. Gorgona
2N
Tumaco
80W
78W
C
O
L
O
M
B
I
A
B. Solano
6N
C. Corrientes
C . Corrientes
4N
76W
8N
8N
82W
78W
PANAMA
PANAMA
8N
84W
C
O
L
O
M
B
I
A
I. Gorgona
I. Gorgona
2N
76W 84W
Tumaco
82W
80W
78W
C
O
L
O
M
B
I
A
B/ventura
I. Gorgona
2N
Tumaco
76W 84W
82W
80W
78W
C
O
L
O
M
B
I
A
76W
Figura 3 - a-e Circulación superficial del mar obtenida para los muestreos de 1998 a 2000
realizados en el océano Pacifico colombiano, basada en alturas dinámicas con
referencia de 500 db.
COMUNIDAD DE CHAETOGNATHA
Se identificaron en total 19 especies de quetognatos en las aguas superficiales del OPC.
Durante el único muestreo realizado bajo condiciones El Niño (mayo 1998) se encontraron 11
especies, dentro de las cuales Sagitta enflata y S. pulchra alcanzaron los mayores valores de
abundancia (Tabla 1). Durante la ocurrencia del evento La Niña, los Quetognatos estuvieron
representados por 15 especies en octubre de 1998 y por 13 en mayo de 1999 (Tabla 1).
36
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Las especies dominantes durante ese periodo fueron S. enflata e S. hexaptera. Durante el
periodo de condiciones normales (mayo y nov-dic 2000), se encontró el mayor número de
especies con mayor abundancia de S. enflata y S. zetesios. Además de esas dos especies, las
especies con mayores dominancias fueron S. neglecta y S. regularis en mayo y S. robusta en
nov-dic de 2000. De acuerdo con lo observado, S. enflata fue una especie frecuente y abundante
en el OPC, independientemente de las variaciones ambientales ocurridas durante el periodo de
muestreo.
S. pulchra, S. regularis, S. hexaptera, S. zetesios, S. robusta y S. neglecta fueron especies
que aunque fueron encontradas con abundancias relativas inferiores a las alcanzadas por S.
enflata, obtuvieron valores representativos en algunas de las épocas de muestreo (Tabla 1). La
abundancia relativa de S. pulchra fue favorecida durante condiciones El Niño, S. hexaptera
durante La Niña e S. zetesios, S. robusta y S. neglecta durante condiciones normales.
Tabla 1 - Abundancia relativa (AR) y frecuencia (F) de las especies del filo Chaetognatha
encontradas en las aguas superficiales del Pacifico colombiano, durante las colectas
realizadas entre los años de 1998 y 2000.
ESPECIES
CHAETOGNATHA
COD.
Sagitta enflata
Sagitta hexaptera
Sagitta pacifica
Sagitta bedoti
Sagitta regularis
Sagitta zetesios
Kronhitta pacifica
Pterosagitta draco
Sagitta pulchra
Sagitta decipiens
Sagitta peruviana
Sagitta minima
Kronhitta subtilis
Sagitta bipunctata
Sagitta robusta
Sagitta ferox
Sagitta fridereci
Sagitta neglecta
Sagitta tasmanica
Juveniles no
identificados
TOTAL ESPECIES
19
mayo / 98
El Niño
oct / 1998
La Niña
AR
F (%)
(%)
mayo / 99
La Niña
AR
F (%)
(%)
mayo / 2000
AR
F (%)
(%)
nov – dic / 2000
AR
F (%)
(%)
AR (%)
F (%)
Sen
She
Spa
Sbe
Sre
32,6
4,98
6,08
7,18
7,18
82
24
24
29
24
28,85
11,27
8,56
9,29
4,89
70
41
26
33
15
41,1
11,34
7,3
7,69
7,47
100
90
55
70
65
29,48
1,28
0,69
0,03
10,47
95
41
5
3
73
34,30
6,39
6,00
0,16
6,35
100
72
11
6
67
Sze
Kpa
Pdr
Spu
Sde
Spe
Smi
3,31
4,97
6,08
11,6
9,39
6,63
12
24
24
47
29
24
1,22
1,33
2,12
10,2
2,14
7,06
0,47
10
15
25
80
25
50
10
82
45
14
9
-
14,65
1,46
-
100
44
-
Ksu
Sbi
Sro
Sfe
Sfr
Sne
Sta
-
7
11
11
33
11
33
15
18,08
0,47
1,60
0,10
-
-
1,34
2,69
2,82
7,59
4,12
7,89
4,04
1,27
1,33
4,05
-
4
7
19
-
0,56
-
10
-
0,10
5,10
6,50
4,10
17,80
1,10
9
55
45
50
50
23
0,06
0,07
10,06
3,12
6,12
9,35
0,15
11
11
89
33
83
89
17
juv
-
-
-
-
-
-
3,10
36
1,76
67
11
15
37
13
15
14
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
La diversidad especifica del filo Chaetognatha (Figura 4) presentó bajos valores en todo el
periodo de estudio (<2 bits-1). Las menores diversidades fueron encontradas durante mayo de
1998 en condiciones El Niño. Se observó un incremento en los muestreos de octubre de 1998 y
mayo de 1999 durante condiciones La Niña. En condiciones normales, la diversidad disminuyó
durante el primer periodo del año y aumentó en nov-dic, donde se observaron los valores
máximos. Los valores de equitabilidad presentaron el mismo patrón que los valores de
diversidad, oscilando entre 0 en las estaciones en que dominó una única especie y 0,73 en las
1,80
1,00
1,60
0,80
1,40
0,60
1,20
0,40
1,00
0,20
0,80
J' (1/bits)
H´(1/bits)
estaciones en que las abundancias relativas fueron más equitativas (Figura 4).
0,00
mayo 98
El Niño
oct 98
mayo 99
mayo 00
nov-dic 00
La Niña
PERIODO
Diversidad (Shannon)
Equitabilidad (Pielou)
Figura 4 - Valores de Diversidad (H') y Equitabilidad (J’) por periodo de muestreo de las
especies de quetognatos encontradas en las aguas superficiales del Pacifico
colombiano entre 1998 y 2000.
El análisis de agrupamiento (Cluster) de las especies (coeficiente de similaridad de 92%)
permitió determinar la formación de tres grupos (Figura 5). El Grupo I fue formado por las
especies Pterosagitta draco, Kronhitta pacifica y S, decipiens, S. bipunctata y S. minima. El
Grupo II estuvo formado por S. enflata, S. hexaptera, S. pulchra, S. pacifica, S. bedoti, S.
peruviana, S. regularis, S. robusta, S. zetesios, S. neglecta, S. ferox y S. friderici. El Grupo III
agrupo dos especies: S. tasmanica y Kronhita subtilis.
El diagrama de dispersión entre el índice de Especificidad (H'2) de las especies
encontradas en el periodo comprendido entre 1998 y 2000 y el número de muestras en las cuales
cada especie se presentó, permitió determinar de forma general el carácter euritípico y
estenotípico de los quetognatos y explicar la agrupación observada en el cluster (Figura 6).
38
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
De acuerdo con los resultados, S. enflata fue la especie con características euritípicas mas
marcadas, al encontrarse con altas abundancias en 93 de las 103 muestras colectadas. Las
especies S. hexaptera, S. regularis e S. zetesios presentaron altas abundancias en
aproximadamente la mitad de las muestras colectadas (42 a 56), considerándolas también de
carácter euritípico. Por el contrario, las especies Pterosagitta draco, S. decipiens, S. bipunctata,
S. minima, S. ferox, S. tasmanica y Kronitta subtilis, presentaron una clara tendencia
estenotípica al presentarse en pocas muestras. De acuerdo con lo establecido por Ramirez
(1999), las posibles especies indicadoras, serian las que se encuentran en pocas estaciones con
altas abundancias, por lo tanto, las especies que reúnen estas características son: Pterosagitta
draco e S. decipiens.
Pdr
Kpa
Sde
Sbi
Smi
Sen
She
Spu
Spa
Sbe
Spe
Sre
Sro
Sze
Sne
Sfe
Sfr
Sta
Ksu
Pdr
0,92
1.00
0.75
0.50
0.25
Coeficiente
GRUPO I
Especies
Estenotípicas
oceánicas
GRUPO II
Especies
Euritípicas
GRUPO III
Especies
Estenotípicas
0.00
Figura 5 - Análisis de agrupamiento (Indice de similaridad de Bray Curtis) de las especies del
filo Chaetognatha encontradas en las aguas superficiales del océano Pacifico
colombiano (OPC) entre 1998 y 2000 (Valor cofenético, r = 0,77).
Comparando el análisis de agrupamiento y en el diagrama de especificidad, podemos
observar que los Grupos I y III corresponden a las especies consideradas Estenotípicas, y dentro
del Grupo II se encuentran las especies consideradas Euritípicas (Figura 5 y 6). Las únicas
especies que presentaron diferencias fueron: K. pacifica (Grupo I) que en el diagrama de
especificidad no fue considerada ni Estenotípica ni Euritípica, y S. ferox (Grupo II) que fue
considerada Estenotípica.
39
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
5
Sen
4,5
4
ESPECIFICIDAD (H'2)
Sze
3,5
Spe
3
Sro
She
Especies Euritípicas
Spu
Sbe
Sne Spa
Kpa
Pdr
2,5
Sfr
Sre
Sde
Sfe
2
Sta
1,5
Smi
Sbi
1
Ksu
0,5
Especies Estenotípicas
0
0
10
20
30
40
50
60
Número de muestras
70
80
90
100
Figura 6 - Diagrama de dispersión entre la Especificidad (H'2) y el número de estaciones en que
las especies del filo Chaetognatha se presentaron en el periodo entre 1998 y 2000.
Se establecieron rangos de temperatura superficial del mar (TSM) (variable más
representativa de la ocurrencia de los eventos climáticos El Niño y La Niña) y salinidad
(variable relacionada con la distribución oceánica y costera de los quetognatos) para cada
especie. Rueda, Beltrán-León, Delgado & Velasco (1992) establecieron rangos bajos (24 –
25,9°C), medios (26 – 27,9°C) y altos (28 – 31°C) de temperatura y bajos (24 – 28,9), medios
(29 – 31,9) y altos (32 – 36) de salinidad, de acuerdo con valores históricos observados en el
OPC. Las especies S. enflata, K. pacifica, S. zetesios, S. regularis y P. draco se presentaron en
rangos térmicos amplios (en los tres rangos de temperatura) en todos los periodos de muestreo,
pudiendo considerarse especies euritérmicas para el OPC (Figura 5a). S. hexaptera, S. decipiens
y S. pulchra se encontraron principalmente en rangos altos de temperatura. K. subtilis, S.
bipunctata y S. minima, presentaron los menores rangos con valores básicamente medios (Figura
7a).
En cuanto a la salinidad, las especies cuya distribución en el OPC fue independiente de los
valores de salinidad fueron S. enflata, S. decipiens, S. pulchra, S. hexaptera, S. pacifica, S.
zetesios y S. regularis. Las especies S. tasmanica y P. draco se encontraron en rangos altos de
salinidad. Por el contrario, S. bipunctata y S. minima se encontraron en aguas con salinidades
medias y bajas (Figura 7b).
40
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
TEMPERATURA SUPERFICIAL DEL MAR (ºC)
25
24
26
27
28
30
29
31
Sagitta enflata
Kronhitta pacifica
Sagitta zetesios
Sagitta regularis
Sagitta ferox
Sagitta fridereci
Sagitta tasmanica
Pterosagitta draco
Sagitta neglecta
Sagitta robusta
Sagitta pacifica
Sagitta bedoti
Sagitta peruviana
Sagitta hexaptera
Sagitta pulchra
Sagitta decipiens
Kronhitta subtilis
Sagitta bipunctata
Sagitta minima
TSM BAJAS
TSM MEDIAS
TSM ALTAS
SALINIDAD SUPERFICIAL DEL MAR
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
Sagitta enflata
Kronhitta pacifica
Sagitta zetesios
Sagitta regularis
Sagitta ferox
Sagitta fridereci
Sagitta tasmanica
Pterosagitta draco
Sagitta neglecta
Sagitta robusta
Sagitta pacifica
Sagitta bedoti
Sagitta peruviana
Sagitta hexaptera
Sagitta pulchra
Sagitta decipiens
Sagitta bipunctata
Sagitta minima
Kronhitta subtilis
SAL BAJAS
SAL MEDIAS
SAL ALTAS
Figura 7 - Rangos de temperatura (a-arriba) y salinidad (b-abajo) superficial dentro de los cuales
se encontraron las especies del filo Chaetognatha encontradas en el océano Pacifico
colombiano, durante colectas realizadas entre 1998 y 2000.
DISCUSIÓN
Las condiciones ambientales del OPC entre 1998 y 2000 alternaron entre varios períodos
climáticos. El evento El Niño ocurrió entre marzo de 1997 y finalizó en abril de 1998, siendo
unos de los eventos de mayor intensidad de los últimos años. Posteriormente, fue observado un
evento La Niña entre junio de 1998 que se mantuvo hasta el primer semestre de 1999 (Camacho,
Pineda, Medina, Quiceno & Tchansev, 2000; IDEAM, 1998a, 1998b). Posteriormente, no fue
41
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
observado ninguno de los dos eventos climáticos, pudiéndose considerar un periodo de
condiciones normales.
Cada evento presentó variaciones en la temperatura superficial del mar determinadas
principalmente por la hidrodinámica del OPC. La salinidad superficial, la concentración de
clorofila-a y de nutrientes, fueron variables que estuvieron asociadas al régimen anual de
precipitaciones.
EL NIÑO
El periodo bajo condiciones El Niño se caracterizó por altas temperaturas superficiales en
todo el OPC relacionadas, principalmente, con el patrón de circulación superficial. Por el sector
oeste del OPC, entre las latitudes 3 y 5°N, se observó el ingreso de un flujo de agua (Figura 7a),
que presentó temperaturas superiores a 27,8°C. Este ingreso de aguas cálidas estuvo relacionado
con el fortalecimiento de la Contracorriente Norte Ecuatorial durante la fase cálida del ENOS,
causado por la disminución en la intensidad de los vientos alisios del sureste (IDEAM, 1998a).
Las concentraciones de amonio fueron altas durante este periodo. El amonio es la forma
dominante del nitrógeno cuando no se presenta una mezcla vertical de aguas, concordando con
la ausencia de surgencias debido al fortalecimiento de la Contracorriente Norte Ecuatorial
(Arnzt & Fahrbach, 1996). La utilización de proteínas como reserva energética en ausencia de
alimento por parte de los organismos heterótrofos (Ryley & Chester 1989), también puede
indicar la relación observada entre altas concentraciones de amonio y bajos valores de clorofilaa, siendo el amonio producto de las excretas de los organismos, y la clorofila-a indicadora de la
abundancia fitoplanctónica.
LA NIÑA
Durante el periodo bajo condiciones La Niña, la circulación superficial del OPC no fue un
factor determinante de las variables oceanográficas. Según Wirtky (1965) las aguas frías del
extremo sureste del OPC son producto de la influencia de la Corriente Costera del Perú sobre el
límite sur de la Contracorriente Norte Ecuatorial, que forma la Corriente de Colombia. Sin
embargo, la corriente costera del Perú se encuentra con dos barreras físicas importantes que
impiden su influencia en la Ensenada de Panamá. La primera es el perfil costero de América del
sur, desplazando sus aguas en dirección del Pacifico central (Aproximadamente a los 15° de
latitud sur) antes de alcanzar aguas colombianas. La segunda es el desplazamiento oeste-este de
la Contracorriente Norte Ecuatorial. Por está razón los valores de temperatura durante este
periodo fueron semejantes a los observados en condiciones normales.
Sin embargo, las concentraciones de clorofila-a fueron altas en todo el OPC (>4mg m-3),
lo que en otros periodos es observado solamente en áreas de afloramientos locales. Teniendo en
42
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
cuenta que en el Pacífico este, concentraciones superiores a 1mg m-3 indican áreas de alta
productividad (Forsbergh & Joseph, 1964), está condición seria considerada atípica en aguas
ecuatoriales. Las regiones en el OPC en las que son comúnmente observadas estas
concentraciones son la zona costera, como resultado del aporte de nutrientes de origen fluvial y
alrededor de islas por surgencia topográfica (Riley & Chester, 1999). El incremento de los
valores mensuales medios de precipitación, principalmente en el litoral norte y centro del OPC,
favoreció la mayor descarga de nutrientes provenientes de los diversos ríos que desembocan en
el litoral, favoreciendo el proceso de fertilización de las aguas. Este seria un proceso que
solamente influenciaría aguas costeras, por lo cual las altas concentraciones encontradas en
aguas oceánicas pudieron ser causadas por procesos químicos de regeneración de nutrientes o
procesos físicos de turbulencia que contribuyeron con la mezcla de aguas profundas y
superficiales durante este periodo.
CONDICIONES NORMALES
En la mayoría del OPC Las temperaturas medias fueron características durante este
periodo (26 a 27,9°C). Bajas temperaturas fueron observadas en el extremo sureste del OPC y
altas en el sector noreste. Las concentraciones de Clorofila-a probablemente estuvieron
relacionadas con la hidrodinámica y topografía locales, observando los sectores de mayor
concentración en frente de la Ensenada de Tumaco en mayo y en el sector de la Isla Gorgona en
nov-dic de 2000.
Durante este período se puede observar más claramente el desplazamiento de la Corriente
de Colombia, con un ingreso de aguas con bajas temperaturas y altas salinidades por el extremo
sur. El gradiente de salinidad muestra altas salinidades en la franja costera y bajas en la región
oceánica, asociado al régimen de pluviosidad. Dos sectores con altas concentraciones de
clorofila-a fueron observados frente a la Ensenada de Tumaco y la Isla Gorgona.
CONDICIONES CLIMÁTICAS VS. CHAETOGNATHA
Se observó una
relación directa entre las concentraciones de clorofila-a y la
concentración de nitrito, observándose altos valores de estas variables durante condiciones La
Niña y bajos durante El Niño. Fue observada una relación inversa entre TSM, salinidad y
Clorofila-a con la concentración de los nutrientes amonio, fosfato y silicato. Bajas
concentraciones de nutrientes son encontradas cuando altas densidades de fitoplancton los
utilizan en los procesos metabólicos (Ryley & Chester, 1989). La disminución en la
concentración de silicio es el resultado del crecimiento de la comunidad fitoplanctónica,
principalmente de diatomáceas (Longhurtst & Pauly, 1987). Entre los compuestos nitrogenados
utilizados para la síntesis de proteínas por el fitoplancton, el amonio es el de mayor asimilación
43
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
(Arnzt & Fahrbach, 1996) y, por el contrario, el nitrito no es utilizado preferiblemente por esta
comunidad.
La concentración de clorofila es uno de los principales indicadores de biomasa
fitoplanctónica y por lo tanto de producción primaria en los océanos. Por esta razón, una alta
disponibilidad de fitoplancton genera condiciones tróficas favorables para el zooplancton
herbívoro y para los niveles tróficos subsecuentes. La dieta principal de los quetognatos son los
copépodos (considerados componente dominante del plancton), los que a su vez se alimentan
básicamente de
fitoplancton y microzooplancton (Casanova, 1999). Por lo tanto, la
concentración de clorofila-a puede ser un indicador indirecto de la disponibilidad alimentar para
consumidores secundarios como los quetognatos, siendo el periodo La Niña el que generó
mejores condiciones para herbívoros y predadores.
Entre las 19 especies de quetognatos encontradas, 7 se presentaron indiferentemente en
todos los periodos de muestreo. Entre ellas S. hexaptera, S. pacifica y S. bedoti se encontraron
relacionadas con áreas de altas concentraciones de clorofila-a y nitrito. S. enflata a pesar de ser
la especie dominante y con mayor frecuencia en el área, se encontró mejor representada en
aguas con temperaturas y salinidades altas. S. enflata es una especie epiplanctónica tropicalsubtropical (Casanova, 1999) que, de acuerdo con los rangos de temperatura y salinidad, podría
ser considerada euritérmica, eurihalina y de amplia distribución en el OPC.
P. draco es una especie epiplanctónica tropical-subtropical (Pierrot-Bults & Chidgey,
1988; Casanova, 1999), considerada de amplia distribución en aguas del Atlántico mexicano
(Mille & Carrillo 1999) y del OPC (Cely & Chiquillo 1993). Durante La Niña y el período
normal se encontró en todo el intervalo de temperatura y principalmente en aguas con alta
salinidad, por lo cual su distribución estuvo asociada a aguas oceánicas. Sin embargo, durante El
Niño se observó un desplazamiento de esta especie a la región costera, debido al predominio, en
todo el OPC, de aguas oceánicas con altas salinidades y a la disminución de las precipitaciones
durante ese periodo. Alvariño (1976) reportó esta especie en el litoral del OPC durante la
ocurrencia de El Niño de 1966, razón por la cual su aparición en la región costera podría ser un
buen indicador de la ocurrencia de un evento cálido en su fase temprana.
K. pacifica se encontró en todas las áreas de muestreo en un amplio rango de temperatura
y salinidad sin un patrón definido de distribución. Sund & Renner (1959) registraron esta
especie epiplanctónica ausente de la Corriente del Perú y de California, por lo que su
distribución puede estar relacionada con el ingreso de la Contracorriente Norte Ecuatorial al
OPC. Sin embargo, al igual que S. decipiens y S. peruviana durante El Niño, época de la mayor
influencia de las aguas cálidas de la Contracorriente Norte Ecuatorial, se encontró en el sector
costero sur y centro, en donde se obtuvieron las menores temperaturas.
44
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
S. peruviana se encontró en rangos de temperatura medios y de salinidad altos. Durante
condiciones El Niño se registró en la zona costera; durante la Niña amplió su distribución y
durante condiciones normales se ausentó del OPC. Sund (1964) describe esta especie como
indicadora de aguas ecuatoriales tropicales y sugiere que su presencia en aguas peruanas, está
relacionada con el ingreso hacia el sur de la Contracorriente del Perú, que desplaza aguas cálidas
ecuatoriales.
S. decipiens fue observada con mayores abundancias en la zona costera sur del OPC
durante El Niño; posteriormente, se encontró en todo el OPC durante La Niña y desapareció
durante condiciones normales. Sin embargo, no presentó un patrón definido de distribución en el
OPC.
S. regularis se presentó en todas las temperaturas y salinidades, viéndose favorecida por
temperaturas medias y salinidades altas. En el océano Pacífico, es una especie raramente
registrada en la Corriente del Perú y de California, por lo cual su presencia generalmente indica
una intrusión de aguas de origen ecuatorial (Bieri, 1957, 1959; Sund & Renner, 1959; Sund,
1961, 1964).
S. hexaptera es una especie mesoplanctónica tropical-subtropical (Pierrot-Bults &
Chidgey, 1988; Casanova, 1999), que predominó en áreas con valores medios de temperatura y
fue encontrada en aguas oceánicas de alta salinidad, principalmente durante los periodos de
mayor pluviosidad y durante el evento La Niña.
S. bedoti se encontró en aguas con temperaturas entre medias y altas, y con mayor
abundancia en aguas con bajas salinidades exhibiendo un carácter costero, modificado
únicamente durante La Niña, al distribuirse de todo el OPC. Cely & Chiquillo (1993) reportaron
también esta especie en aguas costeras.
S. pacifica se presentó en todas las épocas de muestreo, distribuida en amplios rangos de
temperatura y salinidad, principalmente en el sector oceánico central del OPC. En este estudio,
su abundancia se vio favorecida durante condiciones La Niña. Arboleda (1988) y Cely &
Chiquillo (1993) la reportaron como una especie oceánica en al OPC en periodos de condiciones
normales, al igual que lo reportado en este estudio. Alvariño (1976) y Cabrera (1995)
detectaron, en el OPC, el incremento en sus abundancias durante condiciones El Niño.
La abundancia relativa y frecuencia de S. pulchra se vio favorecida en aguas con altas
temperaturas sin limitaciones por los valores de salinidad. Esta especie se encuentra mejor
distribuida en el sector oeste del OPC y ausente de la región sur en donde generalmente son
encontradas aguas frías, por esta razón su distribución puede estar relacionada con el ingreso de
la Contracorriente Norte Ecuatorial en el OPC. Alvariño (1976) observó ese patrón de
distribución durante la ocurrencia de El Niño de 1966.
45
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Los individuos colectados de S. tasmanica corresponden al único reporte de esta especie
en el OPC. Bieri (1959) registró a Sagitta sp. en aguas intermedias del Pacífico tropical como
una especie probablemente correspondiente a S. tasmanica; Pierrot-Bults & Chidgey (1988)
reportan esta especie como oceánica y epipelágica, comúnmente encontrada en el sur del océano
Pacífico, por lo cual este trabajo ampliaría la distribución de esta especie a aguas tropicales.
S. ferox se relacionó con el ingreso de aguas frías por el sector sur durante condiciones
normales, y se ausentó durante El Niño y La Niña. Gómez & López-Peralta (2002) reportaron
esta especie durante condiciones La Niña, por lo cual su distribución puede estar relacionada
con aguas de bajas temperaturas y altas salinidades.
S. neglecta y S. fridereci se presentaron exclusivamente durante condiciones normales con
distribuciones y abundancias semejantes. Se encontraron principalmente en aguas costeras, en
los sectores donde fueron observados sectores de altas concentraciones de clorofila-a. La
especie S. neglecta es considerada una especie ecuatorial y centro-oeste en el Pacífico y
relacionada con áreas influenciadas por aguas continentales (Bieri, 1959; Cely & Chiquillo,
1993). S. fridereci fue registrada previamente como una especie nerítica de aguas superficiales
(Hossfel, 1996) y presente en aguas del Golfo de Panamá (Bieri, 1959, Sund & Renner, 1959).
S. zetesios es considerada una especie de profundidad con amplia distribución (Casanova
1999), relacionada con aguas de bajas temperaturas (Alvariño, 1976; Cely & Chiquillo, 1993). A
pesar de encontrarse en todos los períodos de muestreo con amplia distribución, sus mayores
abundancias estuvieron relacionadas con aguas frías oceánicas, por lo que podría pensarse que
su presencia en superficie puede estar relacionada con áreas de surgencias locales.
S. robusta se encontró en aguas con bajas salinidades, distribuyéndose principalmente en
el sector costero y favorecido en los periodos con mayores precipitaciones. En aguas del OPC,
había sido reportada como nerítica y rara por Arboleda (1988).
S. minima fue la única especie que se presentó exclusivamente durante el evento La Niña.
S. minima se caracteriza por ser epiplanctónica y presentar una distribución bilateral subtropical
(Casanova, 1999), siendo reportada en el OPC únicamente a 100m de profundidad (Alvariño,
1976). Su presencia en aguas superficiales puede ser un indicador de los posibles afloramientos
locales observados durante el evento La Niña.
S. bipunctata considerada epiplanctónica y tropical-subtropical (Bieri, 1959; Pierrot-Bults
& Chidgey, 1988; Casanova, 1999), se presentó con bajos valores de abundancia y frecuencia en
estaciones costeras durante El Niño y el comienzo de La Niña.
K. subtilis presentó bajas abundancias y frecuencias en todos los periodos de muestreo,
mostrando ser una especie estenotípica en el OPC. Sus poblaciones se relacionan generalmente
con profundidades intermedias, presentándose en superficie solamente cuando ocurren ascensos
46
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
de agua (Bieri, 1959; Sund, 1961, 1964). Su presencia en el sector oceánico durante La Niña,
donde se observó un giro ciclónico generalmente relacionado con ascensos de aguas (Rodríguez
& Schneider 2003) al igual que en nov-dic de 2000 en el sector costero norte, podría señalarla
como una posible especie indicadora de de surgencias en el OPC.
Los resultados obtenidos permitieron determinar la modificación de la distribución y
abundancia de algunas especies del filo Chaetognatha en condiciones normales, durante la
ocurrencia de los eventos climáticos El Niño y La Niña.
CONCLUSIONES
Durante condiciones cálidas El Niño, las especies Pterosagitta draco, que en condiciones
normales se presentó en aguas oceánicas, y S. hexaptera y S. zetesios de amplia distribución en
todo el OPC, se desplazaron al sector costero sur del área de estudio. Este sector se caracterizó
por presentar las menores temperaturas que fueron las más favorables para estas especies ante
las modificaciones oceanográficas causadas por El Niño en el Pacifico colombiano.
Los índices de diversidad, equitabilidad y riqueza, ratificaron la influencia de condiciones
El Niño sobre la comunidad de quetognatos, disminuyendo el número de especies y aumentando
la dominancia de especies termófilas. En condiciones La Niña y normales, los índices
aumentaron, favoreciendo la equitabilidad de las especies y la presencia de especies comunes en
aguas frías.
Se observaron dos especies que pueden tenerse en cuenta en futuros estudios como
indicadores de El Niño y La Niña en el Pacifico Colombiano. Pterosagitta draco, cuya presencia
en aguas costeras puede indicar la ocurrencia temprana del evento El Niño y S. minima que se
presentó exclusivamente durante el evento La Niña.
AGRADECIMIENTOS
Los autores agradecen al Centro de Control de Contaminación del Pacífico, por facilitar
las muestras e información para este estudio. Al Ing. Oceanólogo Alex René Pineda por la
información de circulación superficial del océano Pacífico colombiano. Al Biólogo Marino
Julian Uribe Palomino, a la ingeniera ambiental y oceanógrafa Ph.D. Sigrid Neumann Leitão y
al oceanógrafo Ph.D. Manuel Flores por las sugerencias y aportes.
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50
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
RECRUTAMENTO E SUCESSÃO ECOLÓGICA DA MACROFAUNA
INCRUSTANTE EM SUBSTRATOS NO PORTO DO RECIFE - PE, BRASIL.
Patrícia Paula Coelho Felipe NERY¹; Sigrid Neumann LEITÃO²*;
Mucio Luiz Banja FERNANDES¹; Andréa Karla Pereira da SILVA¹; Adilson de Castro
CHAVES¹
1
Depto de Ciências Naturais, Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata
2
Depto de Oceanografia, Universidade Federal Pernambuco.
*Email: [email protected]
Resumo - O padrão de assentamento de organismos bentônicos em diferentes substratos no
Porto do Recife (PE-Brasil) foi estudado em coletas quinzenais entre março e junho
de 2004. Foram utilizados dois coletores, cada um contendo cinco placas com
diferentes substratos (metal, madeira, vidro, acrílico e polietileno). O primeiro
coletor foi destinado ao estudo do recrutamento e o segundo ao estudo da sucessão
ecológica. Os resultados mostraram para ambos coletores o predomínio inicial de
Cirripedia, seguido por alta taxa de mortalidade. A placa de metal foi a que
apresentou menores taxas de colonização. Os dados obtidos foram possivelmente
afetados pelo forte processo de eutrofização do rio Capibaribe e do próprio Porto do
Recife.
Palavras-chave: Assentamento de larvas, Bioincrustação, Colonização, Substratos artificiais.
ECOLOGICAL RECRUITMENT AND SUCCESSION OF THE INCRUSTANT
MACROFAUNA IN SUBSTRATES AT THE PORT OF RECIFE - PE, BRAZIL.
Abstract - The settlement pattern of benthonic organisms in different substrate at the Port of
Recife (PE-Brazil), was studied each fifteen days interval from March to June 2004.
Two collectors with five plates each (metal, wood, glass, acrylic, and polyethylene)
were tested. The first collector was used to recruitment research and the second to
ecological succession. The results show to both collectors an initial domain of
Cirripedia followed by a highly mortality rate. The metal plate presented lowest
colonization. The collected data were possibly affected by the Capibaribe river and
Port of Recife eutrophication process.
Key words: Larvae settlement, Bioincrustration, Colonization, Substrate artificial.
51
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
INTRODUÇÃO
A comunidade de organismos incrustantes ou “fouling” resulta do processo de
colonização de uma superfície sólida, viva ou morta (Wahl, 1989). Sobre esta superfície se
estabelecem os organismos incrustantes que numa constante transformação, pela ação dos
parâmetros bióticos e abióticos evoluem para uma comunidade denominada “sucessão” (Seed,
1969). Considera-se que a sucessão é uma modificação direcional observada na composição da
comunidade ao longo do tempo e a simples ocupação de um substrato natural ou artificial por
organismos incrustantes é conhecida como recrutamento (Margalef, 1974).
O recrutamento de organismos bentônicos marinhos é definido como o número de novos
indivíduos que assentam e sobrevivem no substrato (Keough & Downes, 1982; Keough, 1988;
Caley et al., 1996); no caso de organismos com larva planctônica, implica na transformação de
seu hábito de vida para o bentônico, bem como a sobrevivência até o momento do assentamento
(Absalão, 1993). A forma como o substrato é colonizado indica os padrões de suprimento de
larvas, as escolhas das larvas pelo tipo de substrato e as taxas de mortalidade pós-assentamento
(Menge & Sutherland, 1976; Done, 1982; Keough & Downes, 1982; Keough, 1988; Absalão,
1993).
Conhecer como uma comunidade se estabelece e como as larvas são recrutadas é de
fundamental importância em programas de manejo ambiental. Contudo, poucos são os estudos
sobre comunidades incrustantes no Nordeste brasileiro, principalmente em áreas portuárias onde
existe o perigo das bioinvasões ou colonização por espécies exóticas, trazidas em água de lastro
ou no casco de navios. Farrapeira et al. (2007) citam que regiões portuárias de grandes cidades
litorâneas, como o Porto do Recife, são sujeitas à introdução de espécies exóticas, como
conseqüência de constantes atracações de navios vindos de várias regiões do Brasil e do mundo.
O Porto do Recife recebe uma média anual de 491 atracações de navios, além disso se
caracteriza por forte poluição orgânica, que afeta a capacidade e a forma de assentamento dos
organismos. Desta forma, foi desenvolvida a presente pesquisa para a área do Porto do Recife, a
qual objetivou verificar: a) o padrão de assentamento de organismos bentônicos de acordo com
diversos tipos de substratos; b) o padrão de colonização primária e secundária sob a interferência
de poluição orgânica; c) a presença de espécies exóticas.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida no Porto do Recife localizado na região metropolitana
(Recife, Pernambuco) nas margens das desembocaduras dos rios Capibaribe e Beberibe (8º03'22'
S e 34º51'57' W). De acordo com os processos de sedimentação do Porto do Recife, pode-se
distinguir três zonas, uma composta por sedimentos de areia grosseira (Zona do Pina), outra
52
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
composta por lama fina (Zona do Porto) e a terceira que é a zona de transição ou central
(Ottmann & Coutinho, 1963; Mabessone & Coutinho, 1970).
As amostragens foram realizadas quinzenalmente no Porto do Recife durante o período
de março a junho de 2004. Em cada coleta foram obtidos dados abióticos referentes à
temperatura (termômetro de mercúrio), transparência (Disco de Sechii) e salinidade
(refratômetro). Dados da precipitação pluviométrica foram obtidos no Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET).
Foram utilizadas 40 placas de diferentes materiais (metal, madeira, vidro, acrílico e
polietileno) cada uma com 20 cm de comprimento, 10 cm de largura e 0,4 cm de espessura,
sendo postas uma ao lado da outra a uma distância de 5 cm (Figura 1). Foram imersos dois
coletores, cada 1 com 5 placas ou painéis, que se caracterizaram por experimentos 1 e 2,
respectivamente e que permaneceram presos à parte interna do Porto do Recife durante o
período de estudo, numa profundidade média de 1 m a partir da superfície.
Figura 1 - Suporte de alumínio com as cinco placas estudadas no Porto do Recife, em 2004.
O experimento 1 foi destinado ao estudo do recrutamento, sendo todas as cinco placas
retiradas a cada amostragem e substituídas por outras placas limpas (Figura 2). Foram feitas sete
coletas, totalizando 35 placas. Após as coletas, as placas eram acondicionadas em sacos
plásticos, individualmente, devidamente etiquetados e encaminhados ao Laboratório de Estudos
Ambientais (LEA) da Universidade de Pernambuco (UPE). No experimento 2, as placas de cada
tipo de material, no total de 5, tiveram caráter cumulativo, destinadas ao estudo da sucessão
ecológica. Neste experimento, após análise detalhada os painéis eram devolvidos ao local de
estudo.
53
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Figura 2 - Placas do recrutamento, sendo retidas para posterior leitura no Porto do Recife, em
2004.
Em laboratório, foram feitas leituras nas placas, pelo método de contatos, com a ajuda de
um estereomicroscópio (Figura 3).
Figura 3 - Placa de acrílico com placa reticulada de nylon para a leitura da mesma no Porto de
Recife, em 2004.
Foram calculadas a abundância relativa, a diversidade de espécies (Shannon, 1948) e a
eqüitabilidade (Pielou, 1969), sendo que os dois últimos foram aplicados apenas para o estudo
da sucessão ecológica.
54
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A diversidade das comunidades incrustantes tanto de substratos naturais como
artificiais, bem como a sua biomassa, variam de acordo com as condições ambientais de cada
local (Silva et al., 1980). Nas regiões tropicais, nas quais a temperatura da água é mais elevada e
com pouca variação sazonal, quando comparada com águas de regiões temperadas, observa-se
um contínuo processo de colonização por parte dos organismos incrustantes, o que proporciona
uma rápida sucessão ecológica e, conseqüentemente, uma elevada biomassa. A temperatura da
água do porto do Recife variou de 22ºC a 27ºC, decrescendo de abril a junho (Figura 4), mas
mantendo o padrão característico para áreas tropicais, não tendo sido fator limitante à
30
30
25
25
20
20
15
15
10
10
5
5
0
Salinidade (ups)
Tem peratura (oC)
colonização das espécies.
Temperatura
Salinidade
0
30/3/2004 6/4/2004 13/4/2004 27/4/2004 11/5/2004 25/5/2004 8/6/2004 22/6/2004
Figura 4 - Temperatura e salinidade da área do Porto do Recife, PE em 2004.
Dentre os fatores físicos que interferem nas populações incrustantes, Straughan (1967)
verificou que a salinidade atua diretamente na distribuição das espécies na fixação das larvas,
como também na mortandade de indivíduos mais velhos. A salinidade da água oscilou bastante
ao longo do período de estudo. Durante as baixa-mares variou de 4 em junho a 23 em março,
enquanto que nas preamares o mínimo foi de 13 em abril e o máximo de 25 em março,
caracterizando-se a área como um sistema estuarino (Figura 4). A salinidade foi influenciada
diretamente pela pluviometria que variou na área de 160 mm em março a 540 mm em junho,
afetando diretamente a comunidade com mortalidade acentuada, principalmente de Cirripedia.
Associado às maiores precipitações pluviométricas observou-se uma redução na transparência
da água, que variou de 0,30 m (junho) a 1,30 m (março), estando os baixos valores relacionados
à grande quantidade de material em suspensão, resultantes da maior pluviometria.
55
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Em todas as placas do Experimento 1 foram registrados representantes dos filos
Cnidaria, Mollusca (Bivalvia e Gastropoda), Annelida (Polychaeta) e Crustacea (Cirripedia,
Decapoda e Isopoda), além de algas filamentosas. Foi registrada também a presença da espécie
exótica Mytilopsis leucophaeta (Conrad, 1831). Este mexilhão é natural da América do Norte,
com ocorrência registrada desde o Texas até Nova York (Castgna & Chanley, 1973). No Brasil,
seu primeiro registro foi na zona estuarina adjacente ao Porto do Recife, até os rios Tejipió e
Capibaribe (Souza et al., 2005).
O espaço para fixação é um dos fatores limitantes para as espécies sésseis, no qual
freqüentemente existe uma espécie competidora dominante, capaz de excluir outras espécies
(Coe & Allen, 1937). As placas de recrutamento (Experimento 1) apresentaram resultados
semelhantes com colonização inicial feita por cirrípedes (Chthamalus sp.), chegando a alcançar
na placa de vidro 100% de cobertura. Esta espécie iniciou a colonização com altas densidades
nas 5 placas e foi decrescendo até o final do experimento. Verificou-se, assim, um denso
recrutamento inicial de Cirripedia, seguido por alta taxa de mortalidade em decorrência
possivelmente de fortes precipitações pluviométricas, e subseqüente colonização por outros
grupos de organismos. Dentre os outros organismos, foi representativo em todas as placas o
bivalve exótico Mytilopsis leucophaeta.
Bastida (1968) afirma que normalmente as fases iniciais da colonização de organismos
incrustantes nos substratos submersos na água são compostas predominantes por bactérias,
protozoários, diatomáceas e algas. Persoone (1968) divide em duas fases iniciais a colonização
dos substratos: a película inicial, constituída por bactérias e detritos; e o recobrimento primário,
constituído por protozoários, diatomáceas, bactérias, detritos, e por reduzida quantidade de
macroorganismos. O recobrimento secundário designaria as comunidades incrustantes que se
desenvolvem sobre os substratos, quando submersos por períodos prolongados. No presente
trabalho, a fase inicial da colonização não foi abordada, contudo observações microscópicas
evidenciaram a presença de inúmeros microorganismos, dentre os quais microalgas e
protozoários.
Gastropoda ocorreu apenas nas placas de vidro e polietileno no fim do experimento.
Cnidária (hidróides) esteve sempre presente, porém com abundância muito baixa. Os decápodes
ocorreram em baixas densidades nas placas de madeira e vidro no início do experimento, na
placa de acrílico no meio do experimento e na placa de polietileno no final do experimento.
Isopoda só foi registrado em densidades baixas em placa de madeira no fim do experimento.
Quanto aos painéis da sucessão ecológica (Experimento 2), os resultados foram
semelhantes aos das placas de recrutamento com predomínio de Chthamalus sp. (Figura 5),
chegando a alcançar 100% de cobertura na placa de acrílico.
56
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Metal
100%
anêmona
80%
hidróide
60%
vazio
alga
40%
M. leucophaeta
20%
Chthamalus sp.
0%
30.03.04
13.04.04
27.04.04
11.05.04
25.05.04
08.06.04
22.06.04
Madeira
100%
anêmona
80%
hidróide
60%
vazio
alga
40%
M. leucophaeta
Chthamalus sp.
20%
0%
30.03.04
13.04.04
27.04.04
11.05.04
25.05.04
08.06.04
22.06.04
Vidro
100%
anêmona
80%
hidróide
60%
vazio
alga
40%
M. leucophaeta
Chthamalus sp.
20%
0%
30.03.04
13.04.04
27.04.04
11.05.04
25.05.04
08.06.04
22.06.04
Acrílico
100%
anêmona
80%
hidróide
60%
vazio
alga
40%
M. leucophaeta
20%
0%
Chthmalus sp.
30.03.04
13.04.04
27.04.04
11.05.04
25.05.04
08.06.04
22.06.04
Polietileno
100%
anêmona
80%
hidróide
60%
vazio
alga
40%
M. leucophaeta
20%
0%
Chthamalus sp.
30.03.04
13.04.04
27.04.04
11.05.04
25.05.04
08.06.04
22.06.04
Figura 5 - Abundância relativa dos principais grupos da comunidade “fouling”, nos cinco painéis
da sucessão ecológica durante todo o estudo, no Porto do Recife em 2004.
57
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
No presente estudo os nutrientes não foram avaliados, contudo estudos realizados para
esta área por Feitosa et al. (1999), revelam quantidades bem elevadas de nitrito, nitrato e fosfato.
Quando se observa os cinco tipos de placas estudadas, evidencia-se que em todas houve uma
presença de algas filamentosas as quais têm maior poder de fixação no acrílico e no vidro
(Figura 6). Os hidroides colonizam melhor o vidro, enquanto Chtamalus sp. é favorecido pelo
substrato de madeira. Mytilopsis leucophaeta só conseguiu colonizar as placas de polietileno,
vidro e madeira, enquanto a placa de metal foi a mais difícil de ser colonizada, apresentando
maiores quantidades de espaços vazios não colonizados.
acrílico
polietileno
Alga filamentosa
Hidróide
vidro
Chthamalus sp.
M. leucophaeta
vazio
madeira
metal
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Figura 6 - Freqüência de ocorrência dos principais grupos da comunidade “fouling” da área do
Porto do Recife (PE-Brasil) em 2004.
A diversidade específica com base nos painéis da sucessão ecológica ao longo do estudo
mostrou-se baixa (Tabela 1), e esperava-se um aumento no final do experimento, pois a
diversidade aumenta com o transcorrer do desenvolvimento da comunidade (Odum, 1969).
Entretanto, a carga de poluição orgânica que a área portuária recebe é muito alta,
favorecendo o desenvolvimento de espécies oportunistas (r-estrategistas). A eqüitabilidade
também foi baixa devido ao predomínio de Chthamalus sp. e Mytilopsis leucophaeta, indicando
comunidade desequilibrada, típica de ambientes instáveis e poluída. Pelos dados obtidos,
observa-se que a área está bastante impactada, fato que deve ter tido maior efeito no processo de
recrutamento e sucessão.
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Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Tabela 1 - Diversidade de espécies dos vários tipos de placas na sucessão ecológica em
substratos no Porto do Recife, em 2004.
Data
Metal
Madeira
Vidro
Acrílico
Polietileno
30/03
0,844
0,096
0,096
0,000
0,096
13/04
1,313
1,705
1,366
1,467
1,369
27/04
1,445
1,693
1,599
1,188
1,305
11/05
1,053
1,392
1,612
1,056
2,225
25/05
1,192
0,795
1,025
0,794
1,260
08/06
1,042
0,523
1,046
0,742
1,928
22/06
0,000
0,167
1,707
0,167
1,570
CONCLUSÕES
Há similaridade no tipo de assentamento de larvas nas cinco placas de recrutamento,
predominando inicialmente Chthamalus sp., seguido por Mytilopsis leucophaeta.
Poucos filos tiveram sucesso em colonizar a área indicando local sob estresse ambiental,
com grande quantidade de material em suspensão.
A placas de metal é a que apresenta as piores condições de assentamento e sucessão.
Os índices de diversidade específica e eqüitabilidade foram baixos, indicativo de forte
desequilíbrio ambiental, onde a poluição tem efeito negativo no assentamento das comunidades
bentônicas.
Foi registrada presença de espécie exótica.
A precipitação pluviométrica afetou negativamente o recrutamento de Chthamalus sp.
AGRADECIMENTOS
Ao Laboratório de Estudos Ambientais (LEA), pelos equipamentos disponibilizados e a
Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata (FFPNM), pela infra-estrutura
oferecida.
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61
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO DE VALOR AGREGADO: CAMARÃO
EMPANADO CORTE BUTTERFLY
Alex Augusto GONÇALVES1*; Patrícia Ambros GOMES2
1
Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
2
Engenheira de Alimentos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos
*
Email: [email protected]
Resumo - Os produtos de pescado, como o camarão, têm atraído atenção considerável como
importante fonte de nutrientes para a dieta humana. O crescimento da produção de
camarão cultivado no Brasil vem aumentando em ritmo acelerado nos últimos anos.
No entanto, o Brasil limita-se a exportar camarão congelado e beneficiado sem
nenhum processamento tecnológico de agregação de valor. Assim, torna-se
necessário diversificar a base de produtos para permanecer competitivo, tanto nas
exportações como no mercado interno. O objetivo deste trabalho foi elaborar um
produto diferenciado no mercado brasileiro, que agregue valor ao camarão,
utilizando ingredientes de baixo custo e tecnologia simples para a produção do
produto “Camarão Empanado Corte Butterfly”. Foram desenvolvidos dois tipos de
produtos com coberturas de coloração laranja e amarela. A matéria-prima, in natura
e o produto elaborado foram submetidos às análises microbiológicas, não sendo
detectado nenhum microrganismo patógeno nas amostras. A caracterização físicoquímica do produto desenvolvido comprovou que é protéico, com baixo valor
lipídico e baixas calorias (50 kcal/unidade). A análise sensorial (teste de preferência)
indicou a aceitação de produto. Os testes comprovam que o produto desenvolvido é
uma nova e rentável alternativa para o mercado brasileiro carente de novidades
produzidas a partir de camarão.
Palavras-chave: agregação de valor, camarão, corte butterfly, empanado.
DEVELOPMENT OF A VALUE-ADDED PRODUCT: BREADED BUTTERFLY SHRIMP
Abstract - Seafood products, like a shrimp, have attracted considerable attention as important
sources of nutrients in the human diet. The growth of cultivated shrimp production in
Brazil has increasing rapidly in the last few years. However, Brazil limit to export
shrimp without any processing technology of value aggregation. Thus, it is necessary
to diversify the base of products to remain competitive, both in exports and in the
internal market. The purpose of this study was preparing a differentiated product in
the Brazilian market, which aggregating value shrimp, using ingredients of low cost
and simple technology for the production of “Breaded Shrimp (Cut Butterfly)”. Two
types of breading (orange and yellow) were developed. The raw material (in natura)
and the final product were submitted to microbiological analysis and any
microorganism pathogens were detected. The physicochemical characterization
showed that product is proteic, with low lipid content and low calories (50 kcal/unit).
The sensory analysis (preference test) indicated the product acceptance. Tests
showed that the product developed is a new and profitable alternative to the Brazilian
market which needy of news produced from shrimp.
Key words: Value aggregation, shrimp, cut butterfly, breaded.
62
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
INTRODUÇÃO
A produção de camarão cultivado no Brasil vem crescendo em ritmo acelerado nos
últimos vinte anos, devido ao desenvolvimento tecnológico presente em toda a cadeia produtiva,
conforme dados da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC, 2003).
O camarão branco, Litopenaeus vannamei, foi introduzido no continente americano em
1985, e tornou-se a espécie mais importante das fazendas de camarão nos países banhados pelo
oceano Pacífico, sendo distribuído ao longo da costa do Pacífico da América do Sul e Central
(Chamberlain, 2003; Valente, 2003; Wang & Chen, 2004).
Durante os últimos anos a produção de camarão cultivado no Brasil priorizava o mercado
interno comercializando “camarão inteiro fresco conservado em gelo”, mas passou a encontrar
dificuldades para o escoamento da sua produção, dando início às primeiras exportações (Koarna,
2005). Rocha (2003) completa que para haver realmente um incremento na produção de
camarões no Brasil, é preciso a participação do setor público para garantir os avanços
tecnológicos do setor.
A plataforma tecnológica da atividade, segundo Briggs et al. (2004) inclui melhoramento
genético, programa de biossegurança, nutrição, programa de qualidade (certificação,
rastreabilidade e selo) e programa de valor agregado.
As exportações atuais do camarão cultivado brasileiro consistem principalmente de
matérias-primas básicas (camarão em bloco congelado, sem cabeça e com cabeça), que por sua
vez serão re-processados nos países importadores. A agregação de valor no camarão não requer
aquisição de grandes equipamentos e investimentos, pois pode ser representada pela
diversificação na apresentação de produtos a partir de matéria-prima local, como coco, farinha
de mandioca e farinha de milho, produtos extremamente baratos (Rocha, 2003; 2007).
Conseqüentemente, é fundamental que o profissional da área de alimentos vislumbre uma
grande oportunidade de desenvolvimento de pesquisas e produtos, sugerindo produtos
inovadores e lucrativos, reconhecendo que o ordenamento e a sustentabilidade da carcinicultura
nacional constituem desafios que mexem com a criatividade do setor.
A agregação de valor há muito tempo tem sido dominada por indústrias de reprocessamento nos países desenvolvidos, onde estão localizados os mercados para estes
produtos (Béné; Cadren & Lantz, 2000). No entanto, segundo a ABCC (2003a e b) e Rocha
(2004), esta situação está mudando a favor dos países produtores da matéria-prima devido aos
seguintes fatores: i) altos custos de processamento nos principais mercados; ii) menor acesso a
fontes consistentes de matéria-prima de qualidade; iii) maior pressão nas margens de lucro nos
países desenvolvidos; iv) melhores unidades de processamento nos países produtores; v)
63
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
proximidade e disponibilidade de matéria-prima bem como custos de processamento
relativamente mais baratos nos países produtores; vi) melhores garantias de qualidade e
segurança alimentar por autoridades competentes nos países produtores.
Para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação-FAO, a
agregação de valor em países emergentes é um fator de custo que deve ser analisado pela
seleção e manuseio cuidadosos da matéria-prima; segurança de oferta confiável; embalagem e
apresentação meticulosa; transporte cuidadoso; e pronta-entrega (Béné, Cadren & Lantz, 2000;
Josupeit, 2004).
Esses fatores normalmente requerem investimento em pesquisa de mercado e na
construção de relacionamento comercial através da cadeia de marketing (Rocha, 2007). Uma das
estratégias da ABCC é mostrar aos produtores as possibilidades de produtos com valor
agregado, para que o Brasil possa começar com êxito seu programa de agregação de valor ao
camarão (Tabela 1).
O destino da produção de camarão em 2006 foi de 34.500 toneladas para o mercado
interno (53,1%) e de 30.500 toneladas para o mercado internacional (46,9%). A projeção para o
ano de 2007 é de 45.500 ton (70%) para mercado interno e 19.500 (30%), para o exterior
(Rocha, 2007).
Tabela 1 - Produtos com valor agregado
PRODUTO
a) Pull Vein
b) Peeled Undeveined
(PuD)
c) PuD Tail Off
d) PuD Tail On
e) Peeled and
Deveined (P&D)
f) Corte Butterfly
g) Cocktail e Sushi
h) Tempura
i) Cooked Shrimp
j) Breaded Shrimp
(camarão empanado)
l) Camarão Empanado
Corte Butterfly
(produto proposto)
CARACTERÍSTICAS
a veia do dorso do camarão é retirada
o camarão é descascado e com vísceras, consiste em camarões sem cabeça,
selecionados, classificados, descascados, com vísceras e congelados.
retirada do último segmento da carapaça do camarão e o telson
caso possua o telson
o camarão é descascado e eviscerado (camarões selecionados e
classificados, sem cabeça, sem pele, eviscerado e congelados). O P&D é
preferido pelos consumidores norte-americanos que tendem a rejeitar o
aspecto das vísceras
é feito um corte profundo no camarão no seu dorso até o último segmento
e a carne é espalmada se assemelhando a uma borboleta
os pratos são vendidos prontos, já montados, porém não são disponíveis no
Brasil
tipo de empanado onde os agentes de fermentação química - mistura de
bicarbonato de sódio com um ou mais ácidos, que quando hidratados,
liberam CO2 – são adicionados ao líquido de empanamento
o produto é vendido cozido pronto para consumir
o camarão recebe o empanamento com coberturas de diferentes cores e
texturas
o camarão recebe corte dorsal profundo até o último segmento e a carne é
espalmada se assemelhando a uma borboleta e em seguida é empanado
64
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Nesse contexto, abre-se uma oportunidade no mercado nacional para a agregação de
valor aos produtos oriundos da carcinicultura brasileira. Segundo Rodrigues (2004) e Rocha
(2007), a mão-de-obra, representa mais de 50% dos custos de produção de uma unidade de
beneficiamento no Brasil, daí um dos principais motivos para perda de competitividade
brasileira frente a outros paises, como a Tailândia, por exemplo, na produção de camarão com
valor agregado.
Segundo Silveira (2003), a técnica de empanamento adiciona valor e conveniência para
uma matéria-prima considerada nobre ou um produto reconstituído. O autor explica que o
processo tradicional de obtenção do empanado de pescado consiste das seguintes operações:
preparo da matéria-prima; condimentação; pré-enfarinhamento; aplicação do líquido de
empanamento; aplicação da farinha de cobertura e congelamento. Existem variações conforme o
tipo de produto a ser produzido industrialmente.
A diversificação de produtos e variáveis envolvidas no processo de obtenção de produtos
empanados faz cada aplicação de produção única. Cada operação tem uma razão específica e
todos adicionam ao produto peso, que se trata da cobertura aderida ao mesmo, rendimento de
empanamento ou “pick up” (Silveira, 2003; GL, 2005).
O objetivo deste trabalho é elaborar um produto diferenciado no mercado brasileiro que
agregue valor à matéria-prima básica produzida e exportada atualmente, utilizando ingredientes
essencialmente nacionais, de preços relativamente baixos e de tecnologia simples para a
produção do produto elaborado Camarão Empanado Corte Butterfly.
MATERIAL E MÉTODOS
PREPARO DO CAMARÃO
As amostras congeladas de camarão Liptopenaeus vannamei, sem cabeça, fornecidas
pela empresa Natubrás Pescados Ltda. (Piçarras, SC), foram inicialmente descongelagas (24h a
2-4°C), selecionados por tamanho, padronizados em lotes de 38 peças/kg e em seguida,
descascados (Figura 1) até o último segmento do cefalotórax (telson). Pesou-se todo o produto
sem casca, para depois no final do processo, calcular o rendimento.
Realizou-se uma limpeza manual de cada unidade de camarão em água corrente.
Preparou-se a solução de salmoura a 3% e em seguida, foi feito a imersão dos camarões na
proporção de 1:3 (camarão: salmoura), com a finalidade de remoção dos resíduos do líquido
intestinal e para o enrijecimento do tecido muscular, para facilitar o corte butterfly. O tempo de
imersão na salmoura foi de 30 minutos.
65
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Camarão congelado
Camarão descongelado
Descascamento
Camarão descascado
(detalhe último segmento com casca)
Figura 1 – Preparo do camarão (descongelamento e descasque)
Após o processo de descasque e limpeza, foi feito o corte espalmado (Figura 2) no dorso
do camarão (corte butterfly).
Corte do camarão na forma butterfly
Corte butterfly
Figura 2 - Corte butterfly
PREPARO DO EMPANADO
Preparou-se o líquido de empanamento (batter) na proporção 1:3 (pó:água) e a seqüência
de empanamento do produto (Figura 3): pré-empanamento (pré-dusting), depois a imersão no
batter (battering) e por último a aplicação da farinha de cobertura (breading).
66
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Pré-dusting
Battering
Breading
Breading
Figura 3 - Seqüência do empanamento do camarão
Para elaborar o produto empanado foram utilizados dois tipos de coberturas (breading)
com colorações diferentes (amarelado e alaranjado) e granulometria iguais, com a finalidade de
verificar a aceitabilidade do consumidor (Figura 3 e 4).
Camarão empanado (alaranjado)
Camarão empanado (amarelado)
Figura 4 - Camarão empanado
Os produtos empanados foram levados imediatamente ao ultrafreezer à -30ºC por 24h,
onde foram pesados novamente.
ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA
As análises realizadas de pH, umidade, proteínas, lipídios e cinzas foram feitas no
camarão in natura e no empanado, em triplicata, conforme descrito por Adolfo Lutz (1985).
67
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA
As análises microbiológicas de S. aureus, Salmonella e Coliformes foram realizadas no
camarão in natura e no empanado, de acordo com metodologia descrita por Silva et al. (2007) e
com os padrões exigidos pela legislação (Brasil, 2001).
ANÁLISE SENSORIAL
Foi utilizado o método afetivo mediante um teste hedônico, que consistiu de uma escala
hedônica de nove pontos, que variava de gostei muitíssimo (9 pontos) até desgostei muitíssimo
(1 ponto) (Teixeira; Meinert & Barbetta, 1987; Dutcosky,1996).
Utilizaram-se provadores não treinados (n = 30) para cada análise. As amostras foram
fritas a uma temperatura de 180°C (Figura 4). Os provadores receberam as amostras ainda
quentes para a degustação.
Os resultados foram analisados estatisticamente através do teste bilateral “t” de Student
para amostras dependentes. No final do trabalho fez-se o cálculo de rendimento a fim de
verificar a viabilidade na agregação de valor no camarão.
Fritura
Amostras de camarão frito
Amostras de camarão frito
Figura 5 - Seqüência do preparo das amostras para análise sensorial
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS
Os valores encontrados nas análises físico-químicas de umidade, proteínas, lipídios,
cinzas e carboidratos estão demonstrados na Tabela 2, para camarão in natura e empanado.
68
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Tabela 2 - Resultados das análises físico-químicas do camarão in natura e empanado
*
Composição
In natura
(Média ± D.P.; n =3)
Empanado
(Média ± D.P.; n =3)
pH
7,3 ± 0,09
7,6 ± 0,17
Umidade (%)
78,0 ± 0,07
63,46 ± 0,50
Proteína (%)
19,0 ± 0,15
13,33 ± 0,62
Lipídeos (%)
0,33 ± 0,02
0,46 ± 0,05
Cinzas (%)
1,62 ± 0,03
1,21 ± 0,21
Carboidratos (por diferença)
1,05 ± 0,07
20,52 ± 0,85
Calorias (kcal/100g)
83* (22/pç)
191* (52/pç)
Cálculo baseado na fórmula: Calorias = Proteína x 4 kcal + Carboidrato x 4 kcal + Lipídios x 9 kcal
De acordo com Contreras-Guzmán (1994), o valor de pH entre 7,0 e 8,5 é característico
de crustáceos (pH alcalino). Esta característica se deve a capacidade osmótica e de regulação
interna da quantidade de sais absorvida pelo organismo destes crustáceos que liberam amônia.
O teor de umidade encontrado no camarão in natura e no produto empanado está dentro
do limite esperado, que é de 60 à 80%, estando de acorrdo com dados da literatura (Machado,
1989; Rosa & Nunes, 2003; Sriket et al, 2007).
De acordo com Lampila (1992), normalmente é esperado um conteúdo de umidade do
pescado comercial inferior a 80%. Qualquer valor superior pode indicar um pré-tratamento
desse pescado, por exemplo, com o aditivo fosfato (Gonçalves, 2005).
Yanar & Celik (2006) e Sriket et al (2007) sugerem em seus estudos que a carne de
camarão é uma fonte excelente de proteína, ácidos graxos e minerais.
O valor protéico encontrado está dentro do esperado para camarões, segundo Franco
(1999) e sendo o maior constituinte presente, indica que o produto pode ser uma boa fonte de
aminoácidos, o que corrobora como o estudo de Sriket et al (2007) onde encontraram valores
semelhantes de proteína para a mesma espécie de camarão (18,8 ± 0,23).
Dados publicados por Franco (1999), demonstram que o percentual de lipídeos em
camarão é de aproximadamente 0,8% (camarão in natura e empanado) ficando acima dos
valores encontrados nesse trabalho. Pode-se atribuir tal fato às diferenças de espécies existentes
entre o camarão analisado neste trabalho com o camarão citado em tabelas nutricionais.
Para Rosa & Nunes (2003) e Sriket et al (2007), diferenças na composição centesimal
são atribuídas a vários fatores, como a espécie analisada, o estágio de crescimento, sazonalidade
e alimentação.
Nesse sentido, pelo fato do camarão utilizado nas análises experimentais ser de cultivo, e
que recebem uma alimentação balanceada, pode conter uma quantidade menor de lipídios, o que
69
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
pode comprovar o baixo valor quando comparado com os dados da literatura (Karakoltsidis;
Zotos & Constantinides, 1995; Rosa & Nunes, 2003; Sriket et al, 2007)..
ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS
Os resultados das análises microbiológicas do camarão in natura e do produto empanado
estão na Tabela 3.
Tabela 3 - Resultados das análises microbiológicas
Legislação Brasileira*
(Brasil, 2001)
Análises Microbiológicas Realizadas
AMOSTRAS
S.aureus
(UFC/g)
Camarão in
natura
Camarão
Empanado
Coliformes
S.aureus
Salmonella/25g
(NMP/g)
(UFC/g)
Totais Fecais
Coliformes
Salmonella/25g
(NMP)
1,3x102
<3
<3
Ausência
5x102
102
Ausência
< 102
<3
<3
Ausência
5x102
102
Ausência
* Regulamento Técnico sobre Padrões Microbiológicos para Pescado Pré-cozidos, Empanados, Refrigerados ou
Congelados
Na análise microbiológica (S. aureus) da amostra in natura, houve a caracterização de
colônias típicas pretas com halo brilhante em apenas uma placa de Ágar BP, na diluição 10-1.
Constatou-se através de contagem, 30 colônias típicas.
Silva et al. (2007) afirma que outras espécies não patogênicas do gênero Staphylococcus
podem produzir colônias semelhantes também. Por isso, é importante realizar o teste de
atividade de coagulase para confirmar a presença de S. aureus. No entanto, na realização de
prova bioquímica para coagulase não houve coagulação da amostra, demonstrando assim,
ausência de S. aureus.
Já na análise feita no produto empanado, não houve formação de colônias típicas de S.
aureus. Este resultado atesta que a manipulação do produto foi feita adequadamente, como
também indica que as lavagens sucessivas realizadas no camarão foram efetivas para diminuir a
microbiota do crustáceo, já que houve formação de colônias na amostra in natura.
Na análise de salmonela não houve formação de colônias típicas nas placas de Ágar
Xilose Lisina Desoxiciolato (XLD) e Ágar Bismuto Sulfito (BS), o que demonstra ausência de
Salmonella nas amostras in natura e do produto empanado.
No teste presuntivo e contagem de coliformes totais, não houve formação de gás em
nenhuma das diluições contendo o Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) e nos tubos contendo
Caldo Lactosado Verde Brilhante (VB), indicando que não há presença de coliformes na
amostra in natura. Pode-se atribuir este valor negativo ao fato do camarão analisado ser oriundo
da carcinicultura onde há provavelmente um maior controle qualidade para contaminações. O
70
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
mesmo resultado foi encontrado na amostra do produto empanado, atestando as adequadas
condições higiênicas de manipulação, em ambos os casos.
ANÁLISE SENSORIAL DO PRODUTO DESENVOLVIDO
Dutcosky (1996) demonstra o teste de preferência pode ser considerado como uma das
mais importantes etapas da análise sensorial, pois representa o somatório de todas as percepções
sensoriais e expressa o julgamento, por parte do consumidor, sobre a qualidade do produto.
Através dos resultados dos testes de preferência entre as amostras, pôde-se verificar que
a maior distribuição das pontuações outorgadas pelos julgadores, para cada amostra (Figura 5)
estavam acima do conceito “Gostei Regularmente”, indicando que as amostras obtiveram uma
boa aceitabilidade na degustação.
As médias das notas atribuídas pelos julgadores foram analisadas estatisticamente através
de um teste bilateral “t” de Student e encontra-se na Tabela 4.
14
C a m a rã o e m p a n a d o la ra n ja
C a m a rã o e m p a n a d o a m a re lo
Notas dos provadores
12
10
8
6
4
2
Gostei muitíssimo
Gostei muito
Gostei regularmente
Gostei ligeiramente
Indiferente
Desgostei ligeiramente
Desgostei regularmente
Desgostei muito
Desgostei muitíssimo
0
Figura 5 - Distribuição das notas atribuídas pelos provadores na análise sensorial realizada no
produto.
Tabela 4 - Resultados do teste “t” de Student.
Amostras
Provadores (n)
Média ± Desvio Padrão
Camarão empanado amarelo
30
7,73 ± 1,11
Camarão empanado laranja
30
7,90 ± 0,99
* diferença significativa se p<0,05
71
Probabilidade*
0,5312
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Os resultados (Tabela 4) mostram que ambas as amostras foram aceitas pelos
provadores, pois as notas ficaram acima de 7 (que corresponde ao conceito de Gostei
Regularmente), entretanto, não foi encontrada diferença significativa (95%) entre as amostras,
ou seja, não houve uma preferência por uma determinada amostra, mesmo alterando a cobertura
do empanado.
Também não houve rejeição em nenhuma amostra, e dentre os comentários descritos
pelos painelistas, destaca-se o fato de ser um produto nunca experimentado anteriormente e a
forma inédita de apresentação do camarão - corte borboleta (butterfly), corroborou
positivamente com a análise.
RENDIMENTO
Tendo em vista que a causa propulsora para o desenvolvimento do produto proposto
neste trabalho foi a agregação de valor, constatou-se além do valor sensorial agregado ao
produto, o ganho de peso adquirido na matéria-prima in natura (Tabela 5).
Tabela 5 - Comparação de peso inicial e final do camarão
Tipo de apresentações
Peso (g)
Rendimento (%)
Camarão c/ casca
792,60
100
Camarão s/ casca
688,20
86,83 (perda de 13,17%)
1.466,60
210,2 (ganho de 110,2%)
Camarão empanado
Assim, ocorre o aumento de 184,96% de peso sobre o peso inicial. Ainda, se comparado
com o camarão sem casca e limpo, o percentual de aumento de peso salta para 213%, mostrando
novamente a agregação de valores ao produto final.
A agregação de valor ao camarão, além de melhorar o nível de preço do produto, cria
possibilidades de crescimento do mercado. Assim sendo, a qualidade exigida pelos mercados
consumidores dependerá da transparência com a qual está sendo desenvolvida, da
rastreabilidade e confiança que a indústria e produto possam inspirar aos mercados
consumidores.
É pertinente diversificar a base de produtos para permanecer competitivo, tanto nas
exportações como no mercado interno. Na maioria dos países produtores de camarão, os
produtores e exportadores não pode restringir-se a vender apenas matéria-prima in natura ou
beneficiado (sem cabeça e/ou casca), visto que os preços no mercado internacional para
produtos crus não processados estão fracos e as margens de lucro continuam a diminuir (Rocha,
2007).
72
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
A ABCC (2003a, b) diz que a crescente demanda tem criado várias oportunidades para o
marketing de produtos semi-processados e de produtos novos por parte de países em
desenvolvimento. Ao mesmo tempo, os importadores estão mais dispostos a comprar mais
produtos processados.
CONCLUSÕES
A situação atual do mercado justifica a necessidade de desenvolver produtos de valor
agregado no Brasil no menor prazo possível, o que pode compensar alguns prejuízos derivados
de exportação de matéria-prima a preço baixo. A indústria também exige a diversificação de
mercado para evitar dependência de mercados internacionais limitados.
Neste trabalho verificou-se que é possível desenvolver um produto com valor agregado
utilizando insumos de baixo custo e mão-de-obra não especializada.
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Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO DE
BRANCONETA (CRUSTACEA: ANOSTRACA)
José Patrocínio LOPES1*; Cibele Soares PONTES2; Arrilton ARAÚJO3; Miguel Arcanjo dos
SANTOS-NETO1
1
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
2
3
Universidade Federal Rural do Semi-Àrido
Departamento de Fisiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
*
Email: [email protected]
Resumo - Fatores bióticos e abióticos nos viveiros de cultivo da Estação de Piscicultura da
CHESF e da região de Paulo Afonso, Bahia que influenciam no desenvolvimento de
Dendrocephalus brasiliensis Pesta, 1921 foram investigados mediante
monitoramento realizado em quatro viveiros de cultivo, no período de dezembro de
2004 a novembro de 2005. Para os fatores bióticos e abióticos referentes à qualidade
da água dos viveiros estudados, o monitoramento, foi realizado em duas épocas do
ano (maio e outubro) coincidindo com os períodos chuvoso e seco, respectivamente.
O manejo dos viveiros que incluiu adubação orgânica e química e complementação
dos níveis de água dos viveiros fez com que as variáveis limnológicas se situassem
dentro de limites toleráveis para os crustáceos em estudo possibilitando aos mesmos
crescimentos em peso e comprimento e reprodução dentro de padrões normais. As
águas dos viveiros pesquisados apresentaram de um modo geral condições bióticas e
abióticas propícias ao desenvolvimento do microcrustáceo branconeta, D.
brasiliensis.
Palavras-chave: Crustáceo, Anostraca, Cultivo.
BIOTIC AND ABIOTICS FACTORS THAT INFLUENCE THE DEVELOPMENT OF
BRANCONETA (CRUSTACEAN: ANOSTRACAN)
Abstract - Biotic and abiotics factors in the ponds cultivation of the Station Fish farming of
CHESF and of Paulo Afonso's area, Bahia State that influence in the development
of Dendrocephalus brasiliensis Pesta, 1921, they were investigated by monitoring
accomplished in four ponds in the period of December from 2004 to November of
2005. For the biotic and abiotics factors regarding the quality of the water of the
ponds studied, the monitoring, was accomplished in two times of the year (May and
October) coinciding with the rainy and dry periods, respectively. The handling of
the ponds that included organic and chemical manuring and complementation of the
levels of water of the ponds did with that the variables limnological if they placed
inside of tolerable limits for the crustaceans in study making possible inside to the
same growths in weight and length and reproduction of normal patterns.
Keywords: Crustacean, Anostracan, Cultivation.
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INTRODUÇÃO
Os viveiros abrigam comunidade de produtores primários (fitoplâncton, perifiton e
macrófitas aquáticas) heterótrofos (zooplâncton, vermes, larvas de insetos e anfíbios, além de
peixes), e decompositores (bactérias e fungos, principalmente), que colonizam o ambiente na
medida em que os cultivos vão se desenvolvendo (Boyd, 1984 apud Silva, 1996).
O conhecimento básico dos processos que ocorrem nesses ambientes é de suma
importância para o desenvolvimento e manejo produtivo de muitos organismos inclusive a
branconeta Dendrocephalus brasiliensis Pesta, 1921, principalmente pelo hábito alimentar desse
animal, que nasce e cresce rapidamente nos viveiros logo após seu enchimento, isto num período
tão curto que não se sabe ainda se é possível ocorrer a mineralização dos adubos e formação do
fitoplâncton nesse espaço de tempo. Observa-se que as águas expostas aos fertilizantes
orgânicos adquirem sua cor escura e em média de três ou quatro dias ficam totalmente claras,
pela ação filtradora desses pequenos crustáceos, conforme observado na Estação de Piscicultura
de Paulo Afonso (EPPA), da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF).
Com relação aos parâmetros físico-químicos, os Phyllopoda (Branchiopoda: Crustacea)
são muito resistentes às variações, não tendo um padrão associado a estes parâmetros. Os fatores
ambientais favoráveis ao desenvolvimento de D. brasiliensis, como por exemplo, viveiros rasos,
umidade relativa do ar, precipitação pluviométrica, temperatura do ar entre outros, contribuem
com o bom desenvolvimento desses animais na EPPA, criando provavelmente microhabitats
ideais à espécie, assemelhando-se com as poças (rasas) temporárias normalmente encontradas
em vários estados da região semi-árida do nordeste brasileiro, como no Rio Grande do Norte,
Pernambuco, Paraíba, Bahia e Piauí, necessárias à ocorrência da espécie em pauta.
O presente trabalho objetivou analisar as condições ambientais (umidade relativa,
temperatura do ar, precipitação pluviométrica, temperatura da água dos viveiros, pH, oxigênio
dissolvido na água, transparência, alcalinidade e dureza totais, turbidez e nutrientes) na região de
Paulo Afonso - Bahia e na água dos viveiros da EPPA e, em seguida, verificar suas influências
sobre o desenvolvimento de D. brasiliensis nestes ambientes aquáticos.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Estação de Piscicultura da CHESF e da região de Paulo
Afonso, Bahia, com utilização de quatro viveiros de 2000m2 cada.
Os fatores climatológicos (umidade relativa do ar, precipitação pluviométrica e
temperatura do ar), do período de dezembro de 2004 a novembro de 2005, foram obtidos na
Estação de Meteorologia da CHESF em Paulo Afonso. As amostras de água para análise de
alcalinidade, dureza total, turbidez, nutrientes, foram coletadas em vários pontos dos viveiros,
77
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
durante duas etapas: a primeira no mês mais representativo do inverno (maio), quando as
temperaturas são baixas a segunda etapa no verão (outubro), quando as temperaturas são
elevadas. Para cada período foram realizadas três coletas. Depois de coletadas, as amostras
foram misturadas, homogeneizadas e acondicionadas em garrafas e colocadas no freezer para
posterior deslocamento até o Laboratório de Limnologia da Universidade Federal Rural de
Pernambuco, para análise. Foi coletada água diretamente da fonte de abastecimento e
posteriormente a cada dois dias diretamente nos viveiros. As demais variáveis como:
temperatura da água, potencial hidrogeniônico, oxigênio dissolvido na água e transparência da
água, foram efetuadas diretamente nos viveiros.
Para a determinação da alcalinidade total, expressa em mg/L de CaCo3, empregou-se a
metodologia descrita por Felföldy et al., (1987), utilizando-se o HCL 0,1 N. A dureza total
expressa em mg/L, foi determinada a partir das concentrações de Ca+2 e Mg +2 na água; para isto
utilizou-se o método descrito por Felföldy et al. (1987).
A turbidez (Nephelometric Turbidity Units - NTU) foi realizada no Laboratório de
Limnologia da UFRPE, com utilização de um turbidímetro de bancada.
A temperatura da água foi aferida diariamente com um termômetro de máxima e mínima,
submergido a uma profundidade de 0,40 m.
O pH água foi obtido em perfil vertical em cada estação de coleta, mediante o uso de um
analisador multiparâmetro. O oxigênio dissolvido na água foi analisado através de um oxímetro.
Transparência da água foi estimada através de disco de Secchi, entre 10 e 11h. Para
determinação do nitrito, empregou-se a metodologia descrita por Bendochneider & Robinson
(1952), apud Golterman et al. (1978). Para determinação do nitrato, empregou-se a metodologia
descrita por Mackereth et al. (1978) e para determinação da amônia, utilizou-se a metodologia
de Koroleff (1976). O ortofosfato foi determinado através da metodologia da America Public
Health Association (APHA, 1995).
As amostras do plâncton depois de coletadas foram fixadas em formol a 4% e
encaminhadas ao Laboratório de Limnologia do Departamento de Pesca da UFRPE para análise.
As amostras foram coletadas a partir de 60 L de água filtrada em rede cônico-cilíndrica de um
metro de comprimento com malha de 30 µm e copo próprio para acondicionamento do material.
Estas foram fixadas em formol neutralizado e acondicionadas em potes de 250 mL, de modo a
obter-se uma concentração de 5% após o armazenamento.
A abundância de zooplâncton foi determinada a partir da contagem de uma sub-amostra de
10 mL empregando uma câmara de Bogorov, sob microscópio estereoscópico.
A densidade final foi expressa em organismos por litro (org./L), através da expressão da
American Public Health Association (APHA, 1995).
78
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N.º Org./Litro = C x V1/ V2 x V3.
Sendo: C = Números de organismos contados; V1 = Volume da amostra concentrada (mL);
V2 = Volume da amostra contado (mL)m e V3 = Volume da amostra filtrada (L).
As amostras de água foram coletadas a uma profundidade de 0,30 m às 9,00 h. Para o
cálculo da clorofila a foram coletadas com 48 h após enchimento dos viveiros e a cada dois dias.
O material foi encaminhado ao laboratório. Neste local as amostras foram filtradas usando-se
filtros tipo Milipore de 47 mm e 0,45 µm de porosidade, com auxílio de uma bomba de vácuo
mantida no máximo a 0,5 atm de pressão.
As análises foram realizados segundo a técnica de Nush, 1980 cuja fórmula é a
seguinte:
Cl a = (27,9. D.665.v)/V = µg/L
Sendo: Cl a é igual a concentração de clorofila a total expressa em µg/L, D665 = E665 – E750;
v = volume de etanol a uma concentração de 80% e V= volume da amostra filtrada
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A umidade relativa do ar variou de 51 e 84%, a temperatura do ar de 22,2 e 28,6 mm e a
precipitação pluviométrica de 4,0 e 280,1 mm, durante o período de dezembro de 2004 a
novembro de 2005 (Tabela 1).
Tabela 1- Umidade relativa do ar, temperatura do ar e precipitação pluviométrica para o período
de dezembro de 2004 a novembro de 2005.
Ano
Mês
2004
2005
Dez.
Jan.
Fev.
Mar.
Abr.
Maio
Jun.
Jul.
Ago.
Set.
Out.
Nov.
Temperatura do ar
(oC)
28,5
28,6
28,4
28,1
26,3
24,7
23,5
22,2
22,6
25,1
27,1
28,1
Umidade relativa do
ar (%)
51
54
60
63
72
84
83
83
78
63
53
53
Fonte: Estação de Meteorologia da CHESF
79
Pluviometria (mm)
4,0
22,5
71,3
280,1
112,8
169,5
86,4
71,0
44,2
5,9
0,2
16,8
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
A umidade relativa do ar, referente nos meses de maio a agosto apresentou os maiores
valores e nos meses de outubro a dezembro, os menores valores com uma média de 52,33±1,15.
Dados da precipitação pluviométrica ocorrida em Paulo Afonso mostraram que nos meses de
março a junho ocorreram as maiores precipitações pluviométricas nesta localidade, com uma
média mensal de 162,2±86,04 mm. A pluviometria mínima foi de 0,2 mm ocorrida no mês de
outubro e o maior índice pluviométrico ocorreu no mês de março com 280,1 mm. A temperatura
do ar apresentou maiores índices nos meses de outubro a março com uma média de 28,13±0,54
o
C e as mais baixas temperaturas nos meses de maio a agosto com uma média de 23,25±1,10 oC.
As concentrações de oxigênio dissolvido, apresentadas na tabela 2, mostram as
oscilações ocorridas no inverno (mês de maio), nos viveiros A, B, C e D. Como pode ser
observado estes valores variaram entre os viveiros de 7,20 a 8,75 mg/L com média de 7,83±0,08
mg/L no mês de maio (inverno). No mês de outubro (verão) a variação foi semelhante oscilando
entre 7,20 a 8,60 mg/L com uma média de 7,92±0,10 mg/L. Estes valores foram obtidos em um
local de aproximadamente 0,50 m de profundidade.
Tabela 2 - Oscilação de oxigênio durante no inverno.
Viveiro
Dia
14
A
7,80
B
8,75
C
8,50
D
8,00
15
8,00
8,40
8,20
8,10
16
8,20
8,10
8,00
8,40
17
8,00
7,00
7,80
8,20
18
7,80
8,00
7,40
8,00
19
7,50
7,80
7,40
7,80
20
7,40
7,50
7,20
8,00
21
8,00
7,40
7,50
7,90
22
7,35
7,50
8,20
7,80
23
8,00
8,00
8,00
7,60
24
7,50
7,50
8,00
8,00
25
7,50
7,20
7,80
7,50
Na figura 1, observa-se que os valores médios de pH da água dos viveiros, durante o
inverno foram de 8,49±0,10. Para o verão, os resultados foram similares com média de
8,42±0,12.
80
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
9,5
Evolução (ao longo do mês)
9
8,5
8
7,5
7
14/5
15/5
16/5
17/5
18/5
19/5
20/5
21/5
22/5
23/5
24/5
25/5
tempo
Viv. 12
Viv.13
Viv.14
Viv.15
Figura 1- pH da água dos viveiros durante o período de inverno.
Viveiros: A=12; B=13; C=14 e D=15
As variações diárias de temperatura da água dos viveiros A, B, C e D no período de
inverno, são apresentadas na figura 2. Neste período, a temperatura mínima foi de 26 oC
encontrada em todos os viveiros e a máxima de 28 ºC com média de 26,35±0,27 ºC entre eles.
No verão as temperaturas oscilaram entre 26 e 31 oC com média de 28,70±0,31 oC para todos os
viveiros.
28,5
28
27,5
Evolução (ao longo do mês)
27
26,5
26
25
24,5
24
23,5
14/5
15/5
16/5
17/5
Viv. 12
18/5
19/5
Viv. 13
20/5
Viv. 14
21/5
22/5
23/5
24/5
Viv. 15
Figura 2 - Variações diárias de temperatura da água dos viveiros durante o inverno.
Viveiros: A=12; B=13; C=14 e D=15
81
25/5
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
A transparência das águas dos viveiros A, B, C e D, no inverno, foi baixa (em torno de
0,10 m) no início do cultivo, aumentando rapidamente a partir do quinto dia e permanecendo
alta até o final do cultivo. A transparência média entre os viveiros neste período foi de
39,39±3,89 cm e no verão de 38,58±1,83 cm.
A alcalinidade total nos viveiros manteve-se entre 41 e 63 mg/L de CaCO3. Esta
estabilidade foi observada em todos viveiros envolvidos durante o inverno. No verão, foi
observada uma variação entre 34 e 50 mg/L de CaCO3.
A dureza total da água permaneceu durante o período de cultivo entre 7,615 a 16,032
mg/L de Ca (inverno) e 6,73 e 12,02 mg/L de Ca (verão). A turbidez da água durante o cultivo,
apresentou resultados semelhantes. Na primeira semana permaneceu entre 5.26 a 10.69 UNT.
Na segunda semana permaneceu entre 3,20 a 3,67 UNT (inverno) e 2,95 a 6,25 para o início de
cultivo no verão e 2,96 a 3,65 UNT na segunda semana do referido período.
As taxas de nitrito nos viveiros estudados durante o período de cultivo, apresentaram-se
baixas com valores entre 0,100 a 0,621µg/L na primeira semana de cultivo, caindo para valores
inferiores na semana seguinte (inverno). No verão, esses valores ficaram em torno de 0,70 a 1,00
µg/L. As taxas de nitrato também foram baixas durante o cultivo. Seus valores ficaram entre
0,209 a 0,390 µg/L (inverno). No verão esses valores estabeleceram-se entre 0,011 a 0,211 µg/L.
Os valores de ortofosfato nos viveiros A e B apresentaram valores superiores a 200 µg/L.
Nos viveiros C e D ficaram entre 77,179 e 136,198 µg/L (inverno). No verão, durante os 15 dias
de cultivo, esses valores apresentaram os seguintes resultados: um mínimo de 13,620 µg/L para
o viveiro C e um máximo de 140,733 µg/L para o viveiro A.
A concentração de amônia da água dos viveiros, apresentou-se um pouco acima do
recomendado (20 µg/L), com valores entre 14,497 e 41,715 µg/L no inverno. No verão estes
valores oscilaram entre 1,701 a 4.734 µg/L. .
As análises das amostras, para os quatro viveiros no inverno, apresentaram os seguintes
resultados: com relação ao fitoplâncton, demonstraram que existe diferença entre a flora
algológica dos viveiros A e B do ponto de vista quantitativo. O viveiro A esteve representado
pelas seguintes divisões: Chlorophyta com quatro espécies; Cyanophyta com Oscillatoria
communis e Bacyllariophyta com Fragillaria crotonensis, Melosira sulcata, Pinularia sp. e
Surirela sp. O viveiro B apresentou apenas a divisão Chlorophyta com Arthosdesmus identatus,
Cosmarium humile, Pediastrum simplex e Planktosphoria gelatinosa.
Os viveiros C e D neste período apresentaram-se inferiores aos viveiros A e B no que se
refere ao número de espécies. O viveiro C apresentou apenas três espécies de Chlorophyta e uma
de Bacyllariophyta. O viveiro D apresentou três espécies de Chlorophyta somente no final do
82
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
cultivo. A Cyanophyta Oscillatoria communis e as Bacillariophytas Fragillaria crotonensis,
Melosira sulcata e Surirela sp. também estiveram presentes somente no final do cultivo.
As divisões Bacyllariophyta e Chlorophyta estiveram presentes nos viveiros A, B e na
amostra de água de abastecimento, embora diferindo em relação às densidades entre viveiros. O
viveiro C não apresentou fitoplâncton na primeira coleta (14/05). O viveiro D esteve
representado apenas pela divisão Cyanophyta, através de Oscillatoria communis. Além de
Cosmarium humile (Chlorophyta), as espécies mais freqüentes foram Melosira sulcata
(Bacyllariophyta) e Pediatrum simplex (Chlorophyta).
No verão, a divisão Chlorophyta esteve presente durante os 15 dias de cultivo, porém em
menor diversidade de espécies ao final do cultivo. As espécies das divisões Cyanophyta e
Bacillariophyta apresentaram pequena representatividade do início ao final do cultivo, porém
com maior representatividade nos viveiros C e D (Tabs. 3 e 4).
Tabela 3 - Número de organismos/L do fitoplâncton por divisão identificados nos viveiros
durante o inverno de 2005.
Coleta
Organismo/L
Dia
Viveiro
Chlorophyta
14
A
B
C
D
1900
1600
A
B
C
D
2500
2500
4600
A
B
C
D
2100
2500
1700
850
1600
1700
20
25
Cyanophyta
Bacillariophyta
4500
400
400
1600
2260
A diversidade de espécies fitoplanctônicas foi baixa em todos os viveiros nos dois
períodos.
A comunidade fitoplanctônica no verão apresentou-se praticamente semelhante em número
de organismos, tendo também a divisão Chlorophyta dominante e com o surgimento de
Euastrum oblongum e Staurastrum gracillinum. A divisão Bacillariophyta apresentou Surirela
sp. e a divisão Cyanophyta com Anabaena crotonensis. Observou-se também uma rápida
redução em número de organismos decorridos sete dias do início do cultivo.
83
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Tabela 4 - Número de organismos/L do fitoplâncton por divisão identificados nos viveiros
durante o verão de 2005.
Coleta
Organismo/L
Dia
Viveiro
Chlorophyta
Cyanophyta
1
A
B
C
D
2600
600
1800
1400
1200
A
B
C
D
1000
A
B
C
D
1800
8
13
400
2400
Bacillariophyta
4600
1200
2200
1400
400
400
400
600
400
2200
600
2200
800
Os grupos da comunidade zooplanctônica identificados nos viveiros A, B, C e D, e na
fonte de abastecimento de água, durante o inverno e verão e com suas respectivas proporções
são apresentadas nas tabelas 5 e 6 respectivamente.
Tabela 5 - Número de organismos/L do zooplâncton por grupo nos respectivos viveiros e na
fonte de abastecimento durante o inverno de 2005.
Coleta
Organismo/L
Dia Viveiro Copepoda Rotifera Cladocera Ostracoda Anostraca
Nematoida
14
A
B
C
D
63,38
9,59
60,05
262,70
2,09
300,24
3,34
5,00
0,00
0,83
0,00
0,00
0,30
2,92
4,17
0,42
5,01
3,34
26,28
12,93
31,28
6,26
11,68
2,09
20
A
B
C
D
817,75
706,85
59,64
32,52
0,00
25,02
0,83
0,42
10,84
98,00
2,50
2,29
0,00
11,68
12,51
3,34
0,83
0,00
2,21
0,85
1,25
0,83
1,25
2,50
25
OBS.:
A
79,65
1,25
15,85
16,68
0,00
1,67
B
45,45
12,51
58,38
301,49
0,00
0,00
C
39,19
1,25
0,42
30,44
1,19
0,00
D
24,19
2,50
0,83
8,34
0,78
0,00
Em 14/05/2005, foi verificado na amostra da água de abastecimento dos viveiros
relacionados na Tabela 5, a presença de 0,83 Rotifera/L e 0,83 Cladocera/L.
84
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Tabela 6 - Número de organismos/L do zooplâncton por grupo nos respectivos viveiros e na
fonte de abastecimento durante o verão de 2005.
Coleta
Dia
Organismo/L
Viveiro Copepoda
Rotifera
Cladocera Ostracoda Anostraca Nematoida
1
A
B
C
D
24,61
17,52
35,03
15,85
1,25
2,09
0,83
1,25
0,83
0,42
0,83
0,00
0,00
0,00
0,42
0,00
12,93
0,42
2,09
4,17
1,67
0,83
0,42
1,25
8
A
B
C
D
17,93
25,02
70,90
26,69
4,17
16,27
2,51
0,83
3,34
8,34
1,25
2,09
0,00
0,42
0,42
0,00
0,00
0,00
0,00
2,11
0,00
0,00
0,00
0,00
13
A
B
C
D
19,18
14,17
12,51
3,37
6,68
14,59
17,10
5,00
0,42
2,50
1,67
0,42
0,00
2,09
17,51
0,42
0,00
0,56
1,67
1,27
0,00
0,00
0,83
0,83
No inverno, foi verificado a presença de sete grupos do zooplâncton. O grupo dominante
no viveiro A, foi Copepoda, com média de 63,62 organismos/L, sendo composto na maioria por
Cyclopoida ovados (26,27 org./L), seguidos por Copepoditos (16,68 org./L). No viveiro B, o
domínio foi Rotifera ovados com 300,24 org./L. O viveiro C apresentou dados semelhantes ao
viveiro A, com o domínio de Copepoda (60,05 org./L) compostos na maioria por Cyclopoida
ovados (27,52 org./L). O viveiro D apresentou domínio de Copepoda, porém com número de
organismos superior aos demais viveiros (246,03 org./L).
A água colhida diretamente da fonte de abastecimento (entrada d’água dos viveiros),
apresentou-se praticamente isenta de organismos, sendo presenciado Rotifera e Cladocera
jovens, com um total de 0,83 org./L para cada viveiro.
Na coleta realizada em 20/05/01, ocorreram os sete grupos zooplanctônicos, notando-se
ainda domínio de Copepoda, precisamente nos viveiros A e B com média de 715 org./L para
ambos os viveiros, composto basicamente por náuplios. Na terceira coleta realizada em
25/05/05, treze dias após início de enchimento dos viveiros, nota-se grande redução no número
de organismos em todos os viveiros.
Como pode ser observado, o zooplâncton no período de inverno foi quantitativamente
mais elevado que no período de verão, tendo Copepoda dominado nos dois períodos seguido por
Rotifera. Com referência a presença de branconeta nas amostras retiradas para análise, os
resultados foram os seguintes: Na coleta inicial (14/05) 48 h após o início do enchimento dos
viveiros, teve-se a presença de 5,01; 3,34; 25,74 e 12,93 org./L respectivamente para os viveiros
85
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
A, B, C e D. Na segunda coleta (20/05), os resultados foram: 0,83; 0,00; 2,21 e 0,85 org./L
respectivamente para os viveiros A, B, C e D. Na terceira e última coleta (25/05), foi verificado
a presença de branconeta somente nas amostras dos viveiros C e D com valores de 1,19 e 0,78
org./L respectivamente. Na terceira coleta realizada em 25/05/05, treze dias após início de
enchimento dos viveiros, nota-se uma grande redução no número de organismos em todos os
viveiros.
Na comunidade zooplanctônica, da coleta inicial no verão, foi verificado a presença de
sete grupos do zooplâncton, coincidindo com os resultados encontrados durante o inverno. O
grupo dominante no viveiro A foi de Copepoda, com média de 24,61 organismos por litro,
inferior a 63,62 organismos/L, encontrada no inverno. No viveiro B, o domínio foi também de
Copepoda enquanto no inverno foi de Rotifera ovados com 300,24 org./L. O viveiro C
apresentou dados semelhantes ao viveiro A, com o domínio de Copepoda (35,86 org./L) inferior
aos encontrados no inverno (60,05 org./L). O viveiro D apresentou domínio de Copepoda,
porém com número de organismos reduzido (15,85 org./L) em relação aos encontrados no
inverno (246,03 org./L).
Na segunda coleta realizada em 08/10/05, continuam presentes os sete grupos
zooplanctônicos, notando-se ainda domínio do grupo Copepoda, em todos viveiros com média
de 35,13 org./L contra 715 org./L para ambos os viveiros no inverno. Na terceira coleta
realizada em 13/10/05, quinze dias após início de enchimento dos viveiros, nota-se grande
redução no número de organismos em todos os viveiros, com média de 12,40 org./L contra
47,12 encontrados no inverno.
Os valores de clorofila a nos primeiros dias de cultivo ficou entre 47 e 92 µg/L.
Decorridas 72 horas do enchimento dos viveiros estes valores baixaram consideravelmente
ficando em torno de 0,558 µg/L.
As precipitações pluviométricas no período chuvoso apresentaram valores médios de
127,33±86,12 e no período seco de 20,12±26,43. Estes períodos marcantes de cheias e estiagens
formam lagoas temporárias que constituem o habitat principal dos dendrocefalídeos (Lopes,
2002).
A dureza reflete principalmente o teor de íons de cálcio e magnésio que estão
combinados a carbonato ou bicarbonato, podendo estar também combinados com sulfatos e
cloretos (Esteves, 1998). Acompanhada periodicamente, a dureza teve tendência de permanecer
estável em todos os cultivos, com valores entre 7,615 a 16,032 mg/L de Ca. O que a classifica
com mole. A turbidez permaneceu praticamente estável com algumas variações entre 3,110 a
6,620 UNT. Os prováveis responsáveis pela turbidez da água foram principalmente as partículas
suspensas (detritos orgânicos e inorgânicos) resultados das adubações efetuadas no início do
86
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
cultivo, já que aporte de material carreado pelas chuvas não foi considerado em virtude da
escassez destas no período estudado. Os compostos dissolvidos responsáveis pela cor verdadeira
da água provavelmente não tiveram resultados que influenciassem numa maior turbidez, em
virtude da filtração constante do fitoplâncton pelas branconetas cultivadas.
A concentração de nitrito foi baixa em todos os viveiros no período de cultivo. Quanto
ao nitrato (NO3) as concentrações foram baixas em todos os viveiros. Isto se deve também em
virtude das baixas concentrações de nitrito, pois este é transformado pelas bactérias em nitrato.
A taxa deste nutriente não deve exceder 100 mg/L. Os resultados da análise dos viveiros não
alcançaram 2 mg/L.
O ortofosfato (PO4) ou fósforo dissolvido na água deve apresentar uma taxa de
concentração máxima permitida de 200µg/L. Os viveiros A e B em estudo apresentaram
concentrações altas, com valores compreendidos entre 315,283 e 352,603 µg/L no início do
cultivo e com valores semelhantes ao final. Os viveiros C e D apresentaram valores normais no
início do cultivo 136,198 e 77,179 µg/L e 95,427 e 33,303µg/L no final respectivamente. Os
altos valores desse fósforo nos viveiros A e B deveu-se provavelmente a maior concentração de
matéria orgânica em decomposição aliada ao fato destes viveiros apresentarem solos mais
argilosos influenciando na maior concentração de matéria orgânica.
A concentração de amônia da água dos viveiros apresentou-se um pouco acima do
recomendado (20 µg/L), com valores entre 14,497 e 41,715 µg/L no inverno. No verão estes
valores oscilaram entre 1,701 a 4.734 µg/L, portanto dentro da faixa recomendada, isto deveu-se
ao controle nas adubações, como também ao menor número de organismos do zooplâncton,
incluindo D. brasiliensis, que apresentou menor biomassa que no experimento anterior.
Os viveiros C e D receberam as mesmas quantidades de adubação orgânica, no entanto
em virtude da textura dos seus solos pode ter influenciado na concentração de matéria orgânica
e, por conseguinte na concentração do fósforo. Outro fator também dessa alta taxa de fosfato
deve-se ao fato do consumo das algas pelas branconetas imediatamente após eclosão, evitando
assim a utilização do fosfato pelas algas. Isto entra em contradição com o descrito por
Gonçalves (2001), que diz: “O experimento 1, com 10 org./L, teve índices de fosfato menores
que o experimento 3, com 40 org./L, conseqüência da maior remoção das algas pelos animais
do experimento 1”.
No inverno (14 a 25/05), a temperatura oscilou entre 26 a 29
o
C, houve um
desenvolvimento maior de Copepoda, Cladocera e Rotifera, estando de acordo com as faixas
ideais de temperatura descritas por Sipaúba-Tavares & Rocha, (2001). A temperatura média no
início do cultivo foi de 26 oC, aumentando gradativamente e estabelecendo-se em torno de 29 oC
até o final do experimento. Tais temperaturas coincidem com as identificadas por Walsche et al.
87
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
(1991) como as melhores para Streptocephalus proboscideus, da mesma família de
Dendrocephalus brasiliensis, segundo Gonçalves (2001). A temperatura da água observada no
verão (01 a 15/10), variou entre 26 e 30 oC.
O pH, no período do cultivo, este permaneceu na faixa compreendida entre 8 a 8,5 não
sendo ideal para Rotifera, Copepoda e Cladocera, segundo Sipaúba-Tavares & Rocha (2001).
No entanto, nesta faixa de pH, teve-se um bom desenvolvimento de Rotifera, Cladocera,
Copepoda, Ostracoda, Nematoda e principalmente D. brasiliensis. Sendo o gás carbônico um
dos principais elementos que interfere no pH das águas, quando retirado pelas algas para a
realização da fotossíntese, eleva o pH a níveis insuportáveis para diversas espécies aquáticas. Os
organismos animais do meio aquático, no entanto contribuem para o suprimento deste gás,
através da respiração.
O oxigênio é um gás muito pouco solúvel em água, variando a solubilidade entre 14,6
mg/L a 0 oC até 7,6 mg/L a 30 oC, dependendo da pressão (altitude) e sais dissolvidos Esteves,
(1998). Os valores encontrados nos viveiros do presente estudo variaram entre 7,20 e 8,75 mg/L,
isto a uma temperatura média de 27 oC. A manutenção de níveis adequados de OD é essencial à
sobrevivência dos organismos aquáticos, pois a imensa maioria dos consumidores numa cadeia
ecológica são estritamente aeróbicos.
A comunidade fitoplanctônica, apesar do alto teor de fósforo presente em todos os
viveiros, foi baixa com domínio da divisão Chlorophyta especialmente Pediastrum simplex com
1.200 organismos/L. As divisões Cyanophyta e Bacillariophyta apresentaram-se também com
baixas densidades de organismos/L. Este baixo número de organismos provavelmente deveu-se
a herbivoria ou grayzing promovida pelos organismos do zooplâncton, principalmente D.
brasiliensis. Em virtude desse pequeno número de organismos fitoplanctônicos aliado também
às adubações orgânicos justifica-se o alto teor de fósforo presente nas águas dos viveiros.
Na terceira coleta realizada em 25/05/05, notou-se uma grande redução no número de
organismos em todos os viveiros. Tal redução pode está associada à longevidade dos
organismos, pois esta considerada desde o momento da libertação do ovo na bolsa incubadora
até a morte do adulto, varia com a espécie e com as condições ambientais. Tanto a longevidade
como o tempo que decorre entre duas mudas consecutivas estão relacionados de uma maneira
aproximada inversa com a temperatura. Em Daphnia magna, por exemplo, a longevidade foi em
média 108, 88, 42 e 26 dias a 8, 10, 18 e 28 oC, respectivamente (Wetzel, 1983). No presente
estudo foi verificado um a longevidade de 70 dias para branconeta a uma temperatura de 28 ºC.
A longevidade também é afetada pela disponibilidade de alimento, aumentando normalmente
com a diminuição do consumo alimentar, perto da situação de fome que tem como resultado a
morte rápida. Portanto, nesta última coleta, as branconetas, já com treze dias de vida e em
88
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
grandes quantidades, com certeza dominaram o ambiente, filtrando algas, bactérias e outras
formas de alimento como detritos orgânicos, contribuindo assim para redução dos demais
organismos aquáticos nos viveiros. Tais resultados confirmam o descrito por Gonçalves (2001),
que conseguiu ter uma significativa redução na turbidez da água de efluentes em aquários com a
presença de D. brasiliensis.
A maior abundância de branconeta, desde o início de cultivo, nos viveiros C e D onde
ocorreram nascimentos de forma natural e sem controle, ocasionou uma maior densidade de
organismos/L, o que provavelmente influenciou em uma biomassa composta de pequenos
animais, interferindo também na produção de cistos. Nas últimas coletas o número de
organismos por litro foi diminuído em virtude do tamanho dos animais que se deslocam com
mais facilidade evitando-se de serem capturados na hora da coleta da água para análise
Quanto a clorofila a, os valores encontrados nos primeiros dias de cultivo (média entre
47 a 92 µg/L) foram relativamente altos quando comparados com os citados por Tavares (1995).
Contudo decorrido 72 horas do enchimento dos viveiros estes valores baixaram
consideravelmente ficando em torno de 0,558 µg/L. O número de algas presentes nos viveiros
estudados têm uma relação direta com a clorofila e indireta com a turbidez que depende de
outros organismos e sólidos em suspensão. Verificou-se que os valores de clorofila diminuem à
medida que D. brasiliensis aumentam em tamanho, reduzindo a massa fitoplanctônica do
ambiente aquático. Tais resultados estão de acordo com os obtidos por Gonçalves (2001) em
aquários com D. brasiliensis, quando comparados com os resultados dos aquários sem esses
animais, devido à remoção das algas. As análises realizadas demonstraram que as águas dos
viveiros pesquisados apresentaram de um modo geral condições bióticas e abióticas propícias ao
desenvolvimento do microcrustáceo branconeta, D. brasiliensis.
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90
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
II - ARTIGOS TÉCNICOS
THE CREATION OF A SHIPWRECK PARK OFF THE COAST OF PERNAMBUCO,
BRAZIL
Douglas Cavalcanti dos SANTOS1*; Fábio Vieira HAZIN2; Alessandra Fonseca FISHER2;
Fernando Nascimento FEITOSA1; Maria Elisabeth de ARAÚJO1
1
2
Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Oceanografia
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Pesca e Aqüicultura
*Email: [email protected]
Abstract - Sinking solid structures in marine environment to create artificial reefs has been
developed in several countries of the world aiming to recovery impacted areas in
coastal zone, increase subaquatic tourism, fisheries enhancement and develop
scientific researches. This short paper intend to describe the sinking proceedings of
three vessels, off the coast of Pernambuco, and creation of a shipwrecks park with
the purpose to increase diving activities in the State and to develop scientific
researches.
Key words: Shipwreck, Artificial Reefs, Coastal Management, Continental Shelf.
CRIAÇÃO DE PARQUES DE NAUFRÁGIOS NA COSTA DE PERNAMBUCO, BRAZIL
Resumo - O afundamento de estruturas sólidas em ambiente marinho para criação de recifes
artificiais vem sendo desenvolvido em vários países do mundo objetivando
recuperar áreas costeiras impactadas, incrementar o turismo subaquático, aumentar
pescarias e desenvolver pesquisas científicas. O objetivo desta nota científica é
descrever os procedimentos de afundamento de três embarcações na costa de
Pernambuco e criação de um parque de naufrágios com a finalidade de incentivar as
atividades de mergulho no Estado e desenvolver pesquisas científicas.
Palavras-chave: Naufrágio, Recifes Artificiais, Gerencialmento Costeiro, Plataforma
Continental.
91
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
INTRODUCTION
The sinking of decommissioned ships to create artificial reefs is becoming increasingly
common worldwide (Seaman & Seaman, 2000). In Pernambuco, a State located in northeast
Brazil, the first ship intentionally sunk to create an artificial reef was a tug boat, in 1998. Since
then, five more vessels found the same destiny, aiming mainly at the creation of new diving
spots. Within a few months in the sea floor, sunken vessels become coated with a variety of
marine organisms, from barnacles to algae, attracting small fish, which, in turn, lure larger
predators (Grossman et al., 1997; Bohnsack et al., 1997; Claudet & Pelletier, 2004). The rich
marine life associated to those shipwrecks, as well as their beautiful and mysterious aura which
have inspired human imagination for centuries, make them a perfect place for diving. Already
being the Brazilian coastal state with the largest number of shipwrecks, with calm, warm and
transparent waters almost all year round, the sinking of these ships has helped to strengthen even
more Pernambuco’s natural vocation for diving and ecotourism.
In this context, the State Association of Dive Companies, together with the two federal
universities located in Pernambuco State, Universidade Federal Rural de Pernambuco and
Universidade Federal de Pernambuco, decided to lead a project to sink 3 decommissioned tug
boats, named Taurus, Saveiros and Mercurius, under controlled conditions, for both commercial,
as well as scientific purposes. Before sinking, the 3 vessels underwent a thorough preparation,
which strictly followed the guidelines contained in Brazilian Navy rule NORMAM-07
(DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS, 1998), as well as those compiled by Gulf States
Marine Fisheries Commission, of the United States of America (USFWS, 1997). The main
objective was to create an opportunity to study the process of colonization of these structures
since the very beginning, helping, at the same time, to foster the tourism industry in Pernambuco
State, by creating new and exciting diving alternatives.
The research project was conceived in a multidisciplinary way, in order to cover the
different facets of the marine environment, including its physical (currents), chemical
(hydrology), geological (morphology and sediments), and biological (colonization and
succession of periphyton and ichthyofauna) aspects. The scientific staff, composed by sete
Ph.D., seis M.Sc., and quatro graduate students, belonging to both universities aforementioned,
included biologists, fishing engineers, oceanographers, environmental managers, as well as
divers.
In order to get authorization to sink the ships, from federal and state environmental
authorities, respectively, IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Brazilian Institute for the Environment and Renewable Natural Resources)
92
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and CPRH- Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (State Agency for the
Environment and Water Resources), as well as from the Brazilian Navy, a so-called Simplified
Environmental Study – SES was prepared, in conformity to the federal rules 001/86 and 237/97,
of CONAMA-Conselho Nacional do Meio Ambiente (National Council for the Environment).
Besides including a thorough evaluation of the sinking sites, the SES also devised the mitigation
measures needed to minimize the possible environmental impacts resulting from the project. On
the other hand, the SES also estimated the potential benefits, not only socio-economic but also
environmental.
The SES was based on abiotic and biotic data, obtained through water and sediment
samples, as well as from photograph records, collected from the sinking sites. The exact spots,
about 12Km offshore, between the isobaths of 20 and 30m, were chosen upon consideration of
several factors, including: distance to natural reefs (the largest possible); maritime traffic (the
least possible); proximity of Recife Port (in order to facilitate touristic usage); etc.
All the 3 vessels were sunk in front of Recife on May 3rd, 2006, with a broad press
coverage. Two of them, namely Saveiros and Mercurius, had exactly the same size (29.1m) and
shape, whilst the third one, named Taurus, was a bit smaller, measuring 24.35m. Saveiros and
Mercurius were placed at the same depth, within a 800m distance from each other, one of them
being open to sport diving and the other one being closed to it. This strategy was pursued in
order to allow an estimation of the impact of diver’s presence on the colonization process, in
general, but particularly on the occurrence of large predators near to structures (Figure 1; Table
1).
Figure 1 - Ilustrative map of the Pernambuco coast with the shipwrecks locations.
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Table 1 - Description of the three vessels geographical location.
Shipwreck
Taurus
Saveiros
Mercurius
Geographical coordinates
8º04’193”S
34º45’196”W
8º03’800”S
34º44’000”W
8º04’200”S
34º45’200”W
Depth
24m
30m
30m
Distance from the Coast
6,74 miles
7,93 miles
8,04 miles
For the proceding of towing from port to the sinking site, the ships were tied together,
stern to bow, in line, 30 m away from each other (Figures 2 and 3). By the time the last-of-therow vessel reached its resting place, it was disconnected from the others and immediately
anchored, to make sure it would not drift away from the originally planned position. After that,
all bottom valves were entirely open to let it sink, a process that took about 15 minutes. The
sinking of the three vessel took, in all, six hours, without any noteworthy incident (Figure 4).
Immediately after the vessels had sunken, the exact geographical position was recorded by a
GPS, and a diving team was sent to make photographic and audiovisual record of the shipwreck
site. All the 3 vessels, after sunk, stood in a straight position on the sea floor, standing on their
keels.
T au rus
len gth 24,35
M erc urius
len gth 29,10
S aveiros
len gth 29,10
L ength c able = 3 0 m
T otal leng th of th e tow d evic e = 2 00 m
Figure 2 - Sketch of the vessels transport procedure.
Figure 3 - The three vessels been towing to their sinking sites.
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Figure 4 - Detail of the concrete ballast used to anchor the vessels in their sink point.
There is a heated, ongoing, debate whether artificial reefs can serve as a useful tool to
enhance productivity of coastal marine ecosystems (Seaman & Seaman, 2000; Alencar et al.,
2003) or if they merely act as fish aggregating devices, therefore aggravating the fishing effort
on already overfished commercially important fish stocks (Bohnsack, 1989; Polovina, 1991;
Munro & Balgo, 1995). In the case of Pernambuco State, however, due to a legal particularity
which prohibits commercial fishing around shipwrecks (Law number 23.394/2001), either be it
natural or intentional, such a debate is, to a large extent, settled, turning only to the actual
capacity of official authorities to duly enforce such prohibition.
CONCLUSIVE COMMENTS
In this context, it is noteworthy that the FAO code of conduct for responsible fisheries, in
its Article 8.11.1, clearly requests States to develop policies for increasing stock populations and
enhancing fishing opportunities through the use of artificial structures, placed with due regard to
the safety of navigation, on or above the seabed or at the surface (FAO, 1995). Likewise,
IBAMA recently published Normative Instruction 125, of October 18th, 2006 (IBAMA, 2006),
establishing new procedures for the creation of artificial reefs in Brazilian Coast. The presently
existing legal framework, therefore, both domestically and internationally, should provide a
sound guidance for the implementation and development of artificial reefs initiatives in Brazil.
The expectation of the present research project, therefore, is to generate data, under a holistic
approach, that might increase the present knowledge on the biological and oceanographic
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aspects of the use of decommissioned ships as artificial reefs, including its environmental and
socioeconomic impacts as well as benefits, in order to help the construction of an increasingly
adequate public policy on this regard.
ACKNOWLEDGEMENTS
We would like to thanks IBAMA, CPRH, Navy of Brazil, Captaincy of Ports,
Pernambuco’ Marine Firemen Corp. and Wilson Son's Marine Agency for the supports.
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AVALIAÇÃO DA PESCA ATRAVÉS DO BANCO DE ESTATÍSTICA E SIG NA REGIÃO
DE SANTARÉM, ESTADO DO PARÁ, BRASIL.
Emerson Carlos SOARES1*; César Valdenir TEIXEIRA2 ; Anselmo Cristiano de OLIVEIRA2;
Marcelo PARISE2; Willer Hermeto Almeida PINTO2
1
2
Universidade Federal de Alagoas, Polo Penedo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisProVárzea/Ibama
*Email: [email protected]
Resumo - No ambiente amazônico existe um grande número de variáveis que influenciam o
gerenciamento da pesca, portanto o aprimoramento de um sistema de desembarque
torna-se essencial na condução de políticas públicas corretas direcionadas ao setor
pesqueiro. Neste contexto, a estatística pesqueira juntamente com um sistema de
Informações geográficas (SIG) tem aperfeiçoado o conhecimento sobre a dinâmica
de pesca na região de Santarém/PA, através de análises de variáveis pesqueiras por
intermédio de um modelo de setorizacão e espacialização de dados para a região,
envolvendo informações sobre espécies capturadas, captura por unidade de esforço
(CPUE) e produção total. Com os dados de captura de pescado proveniente das
regiões ou setores de pesca foi possível entender a origem e as áreas mais
produtivas em termos de espécies, correlacionar a distribuição da ictiofauna com a
morfologia e o tipo de ambiente aquático, além de compreender quais as unidades
referenciais de manejo, impulsionando medidas adequadas às ações de ordenamento
da pesca na região do baixo Amazonas.
Palavras-chave: Setorização, Espacialização, SIG, Estatística Pesqueira, Santarém.
FISHERY EVALUATION THROUGH STATISTIC AND GIS IN SANTAREM REGION,
STATE OF PARÁ, BRAZIL
Abstract - In the Amazon environment there is a large number of factors and variables that
influence fisheries management, so the upgrade of a disembark system becomes
essential in the conduction of correct public policies towards the fishery sector. In
this context, fisheries statistics together with a geographic information system (GIS)
has improved the knowledge about the dinamic of fisheries in the Santarem region,
through the analisys of fisheries variables by a sectorization and spatialization
model of data for the region, envolving informations about the captured species,
capture per unit effort (CPUE) and total production. With the data of fishery
captures, from regions or sectors, it was possible to understand the origin and the
most productive areas in terms of species, correlaction the ictiofaunal distribuition
with the morphology and the type of aquactic enviroment, and also to understand
which management units can be identified as reference leading to adequate
measures towards fisheries management in the lower amazon region.
Key words: Sectorization, Spatialization, GIS, Fisheries Statistics, Santarém.
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INTRODUÇÃO
A pesca na Amazônia é uma atividade tradicional com grande potencial para o
desenvolvimento social e econômico das populações amazônicas, esta atividade possui papel
destacado quando comparada com as demais regiões do país, devido à diversidade de espécies
exploradas, percentual de pescado capturado e pela alta correlação das populações ribeirinhas
com este ramo de atividade (Ruffino et al., 2005, 2006). Entretanto, existe um grau de
desconhecimento quanto à quantidade da ictiofauna habitando os diversos ambientes aquáticos
amazônicos, alguns autores (Gouding, 1980), estimam uma diversidade entre 2.000 e 3.000
espécies. Apesar da riqueza da ictiofauna, o esforço da pesca tradicional é empregado sobre um
número diminuto de espécies, quando relacionado com o universo de captura, sendo que este
percentual mais explorável, já se encontra em estado de sobreexplotação (Isaac et al., 2003;
Freitas, 2003; Petrere, 2004; Ruffino et al., 2005, 2006).
As pescarias no baixo, médio e alto Amazonas, podem ser caracterizadas de duas formas:
comercial, que tem maior produtividade e capacidade de pesca, e a pesca menos
profissionalizada, de menor escala praticada pelos ribeirinhos (Ruffino, et al., 2004). Entretanto,
de um modo geral, a pesca distingui-se como tipologicamente artesanal, com utilização de
diversos apetrechos e com baixa tecnologia empregada, mas com destacado papel na economia e
sustentabilidade das comunidades amazônicas.
No sistema Amazônico existe uma série de fatores e variáveis que influenciam o
gerenciamento da atividade pesqueira, dentre eles destacam-se os períodos de seca e enchente
que influenciam nas migrações reprodutivas e de dispersão da ictiofauna, diversos nichos
presentes nos rios e lagos adjacentes, a grande extensão da bacia amazônica, aumento
demográfico na região de várzea, inovação das técnicas de captura, pesca de caráter difuso e a
grande quantidade de embarcações envolvidas no setor, ao qual possui grande variabilidade e
mobilidade.
Dentre os ambientes aquáticos mais importantes para pesca da bacia Amazônica, destacase a região de várzea favorece a formação de uma paisagem de complexos sistemas de rios
meândricos, este ambiente é ocupado por uma vegetação adaptada à alagação periódica e que
fornece grande parte da energia que sustenta a cadeia trófica aquática (Forsberg et al., 1993).
Neste ambiente complexo, uma das principais fontes de dados para estudos da ecologia de
peixes regional são os registros de desembarque da pesca comercial (Barthem & Fabré, 2004).
A FAO, através de documentos e reuniões técnicas, caracterizou pontos importantes para
política sustentável dos recursos pesqueiros, entre estes se destacam: a busca da sustentabilidade
ecológica e existência de órgãos que produzam informações confiáveis sobre os estoques
pesqueiros. Devido os questionamentos acima supracitados, informações de alto grau de refino
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contribuem no aprimoramento do monitoramento da atividade pesqueira, para geração de dados
confiáveis e subsidiam as discussões de ordenamento da pesca na região. Assim, a busca por um
sistema integrado e multinstitucional de compartilhamento de dados parece ser a solução para
determinar as características das pescarias na região Amazônica, pois as dificuldades
enfrentadas pelos órgãos competentes no gerenciamento da atividade pesqueira e a
complexidade geográfica da região, induziram à ocorrência de sinais de sobrepesca e a oscilação
nos desembarques que agravaram os conflitos sociais pelo uso dos recursos (Soares et al., 2005;
Ruffino et al., 2005).
A complexidade da região amazônica e o desafio de implementar um sistema moderno de
coleta de dados, visando subsidiar informações para tomadores de decisão de políticas públicas,
representa desafios de ordem técnica, operacional e institucional (Ruffino et al., 2006). O grande
volume de informações envolvidas na atividade pesqueira, a inter-relação da ictiofauna com a
várzea e a necessidade de realizar o manejo sustentável dos recursos naturais motivou o estudo
dos dados do monitoramento da pesca num Sistema de Informações Geográficas (SIG), uma
ferramenta fundamental para análise de informações pesqueiras na Amazônia. Para um melhor
entendimento das informações coletadas do desembarque pesqueiro na área piloto do projeto
Provárzea/Ibama (Santarém/PA), elaborou-se um sistema de setorização dos ambientes de pesca.
Este sistema integrou o banco da estatística pesqueira com o sistema de informações
geográficas, sendo necessário à espacialização das variáveis da pesca obtidas do banco de dados
central da estatística pesqueira. No entanto, na área de várzea da Amazônia, um dos principais
problemas para espacialização do ambientes de pesca esteve relacionado com a referência
geográfica, uma vez que os pescadores nem sempre tem informações precisas sobre os locais de
pesca e em muitas oportunidades um determinado local apresenta diversos nomes. Outra
dificuldade observada foi quando o local de pesca é um rio, por exemplo: o problema é saber
exatamente em que parte do rio ocorreu à pescaria.
Assim, este trabalho tem por objetivo, fornecer subsídios para o mapeamento do
desembarque pesqueiro na área piloto Santarém/PA, através de um modelo de setorização e
espacialização dos ambientes de pesca.
MATERIAL E MÉTODOS
ÁREA DE ESTUDO
A área definida para realização do trabalho foi a área piloto do Projeto Manejo dos
Recursos Naturais da Várzea/Provárzea/IBAMA: município de Santarém no estado do Pará
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ESTATÍSTICA PESQUEIRA
O sistema de monitoramento dos dados de desembarque pesqueiro montado pelo
ProVárzea/Ibama, consistiu de um delineamento estratégico e participativo composto pela
Universidade Federal do Amazonas – Ufam, Sociedade Civil Mamirauá – SCM, Museu
Paraense Emilio Goeldi – MPEG e o Instituto Amazônico de Manejo Sustentável de Recursos
Ambientais – IARA, abrangendo as coletas em 17 municípios no alto, médio e baixo Amazonas.
As amostragens foram baseadas no universo total de desembarques ocorridos nos locais de
coleta, onde os dados foram processados em um banco de dados relacional (Access). As
variáveis categóricas – definidas em reuniões técnicas e em ajustes de pesquisas – foram
intercambiadas e compatibilizadas, por intermédio de atributos tais como: número e data de
desembarque, código do porto de desembarque, tipo e origem da frota pesqueira, custos
inerentes à atividade pesqueira, ambientes de pesca, preço de pescado, quantidade de pescadores
embarcados e quantidade e número de espécies capturadas.
SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG)
As imagens digitais foram geradas pelo satélite Landsat-5 do sensor TM, referente à cena
228-061, 228-062 e 229-062 do ano de 2002, nas bandas 3, 4 e 5; em formato digital, com
resolução radiométrica de 8 bits equivalente a 256 níveis de cinza, resolução espacial de 30
metros e georreferenciadas.
As cartas topográficas na escala de 1: 250.000 e 1: 100.000, foram produzidas pela Divisão
de Serviço Geográfico (DSG) do Exército Brasileiro e base digital dados secundários (mapas de
vegetação, hidrografia, solo e unidades de conservação) elaborados pelo IBGE/CISCEA –
SIVAM Diretoria de Geociências 2002.
Para a consecução dos objetivos propostos e aplicação dos passos operacionais para se
chegar aos resultados previamente definidos foram utilizados os seguintes equipamentos:
traçador gráfico (plotter) jato de tinta, formato A0; programas ArcGis e Erdas Imagine; GPS
Garmin 12 canais.
MODELO DE SETORIZAÇÃO E ESPACIALIZAÇÃO DOS DADOS
O modelo proposto de espacialização do Banco de Dados da Estatística Pesqueira foi
iniciado após levantamento dos dados no banco da estatística pesqueira em Santarém/PA, na
sequência foi realizada a extração dos registros dos locais de pesca correspondentes a maior
produção pesqueira e identificados nas imagens de satélites.
Os setores de pesca no município de Santarém/PA foram definidos em função tipo de
sistema hídrico (lago/canal), localização em relação ao curso do rio principal (margem direita,
esquerda e calha principal) e morfologia dos lagos (lagos com influência de terra firme ou
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predominantemente de várzea). Nesse aspecto, o mapa dos setores de pesca passa a constituir
um modelo simbólico, onde os fenômenos do mundo real são representados por expressões
matemáticas abstratas (Haggett, 1972). Assim, estas são as unidades geográficas que fazem
contato entre o banco de dados relacional da estatística e SIG.
A setorização foi iniciada extraindo-se do banco de dados da Estatística Pesqueira (Access
for Windows), os registros dos ambientes de pesca correspondentes a maior produção pesqueira.
Por intermédio deste processo foi possível obter um índice de confiabilidade de 95% dos dados
de capturas efetuados no entorno do município estudado. Com o levantamento dessas
informações fez-se o mapeamento dos referidos locais. A Figura 1 representa o esboço da
setorização dos locais de pesca no município de Santarém/PA. Os pontos azuis representam as
localidades de pesca, enquanto os triângulos representam as comunidades adjacentes, já os
polígonos delimitam algumas ilhas e regiões de pesca.
Figura 1 - Definição dos setores de pesca no município de Santarém, Estado do Pará.
Em seguida foi realizado o trabalho de verificação in loco junto à comunidade e
entidades envolvidas com a pesca na área piloto e, posteriormente, o georeferenciamento dos
locais de pesca (Figura 2).
A setorização integrou os dados do banco de estatística associados aos nomes correlatos às
denominações regionais, de maneira a manter uma aproximação a realidade local. No município
de Santarém os setores tiveram as seguintes denominações regionais: Alenquer, Curuai, ItuquiMaicá, Monte Alegre, Rio Amazonas, Tapajós/Arapiuns e Tapará.
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Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Figura 2 - Verificação In loco das áreas de pesca em Santarém, Estado do Pará.
A estrutura usada inicialmente no mapeamento dos locais de pesca da área piloto foi a de
polígonos e pontos. Na fase final foi criado um modelo e resultado da setorização dos dados do
banco da estatística pesqueira com linguagem de programação estruturada (SQL), onde o SIG
foi integrado ao banco de dados da estatística pesqueira. O SIG se relacionou com o Sistema
Gerenciador de Banco de Dados Relacional via conexão SQL (Linguagem de programação
estruturada) gerando a produção pesqueira espacializada (Figura 3).
Figura 3 - Conexão do banco de dados da estatística pesqueira com o SIG.
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Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A espacialização dos dados pesqueiros no município estudado só foi possível devido à
definição da unidade referencial em setores (lado direito e esquerdo da calha principal do rio e
tipo de ambiente, lago), aliado a nomes regionais já conhecidos, as áreas de captura e o posterior
georreferenciamento destes locais de pesca. Além destes fatores, o refinamento do banco de
dados da estatística pesqueira permitiu uma diminuição da quantidade de ambientes e a
duplicidade destes.
Foi possível identificar entre 100 a 300 locais de pesca, que contribuíram com cerca de
90% da produção pesqueira do município.
A modelagem consiste em decompor o mundo real em uma série de sistemas
simplificados para alcançar uma visão sobre as características essenciais de um certo domínio
(Soares-Filho, 2000). Dentre os modelos testados para setorização foram cogitados o de divisão
por bacias, limites municipais, divisão censitária e o de raio de atuação da frota pesqueira. No
entanto, o que mais se adequou ao sistema de várzea foi o modelo de setor ou regiões de pesca.
DADOS PESQUEIROS ESPACIALIZADOS EM SANTARÉM
A produção oriunda dos setores de pesca da região de Santarém para os anos de 2001 a
2004 foram 3.696,0t, 3.214,9, 2.706,7 e 1.900,0t, enquanto que a produção total registrada no
porto de Santarém foi de 3.994,6, 3.423,0, 3.300,0 e 2.596,3t respectivamente (Ruffino et al.,
2002, 2005, 2006).
A diferença entre a captura de pescado setorizada e a produção desembarcada no porto
pode estar atrelado a duas hipóteses: (1) a captura é realizada em regiões diversas da bacia
Amazônica (não pertencentes ao município) e desembarcada em Santarém. Esta hipótese é
reforçada devido à frota pesqueira ter grande mobilidade chegando a percorrer grandes
distâncias atrás do pescado ou ainda que a oferta do pescado capturado nos setores de pesca seja
insuficiente para atender a demanda cada vez crescente de pescado na região de Santarém,
fazendo com que a busca pelo peixe seja realizada em outros locais de pesca mais distantes e em
locais que não pertençam à região do município de Santarém. (2) A pressão pesqueira nos
setores de pesca de Santarém nos anos de 2001 a 2004 vem provocando quedas bruscas nos
volumes de captura das principais espécies, tais como; curimatã (Prochilodus nigricans), moela
(Pimelodina flavipinnis), acari (Liposarcus pardalis), piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii)
e mapará (Hypophtalmus sp.).
Os efeitos proibitivos derivados das instruções normativas de defeso e os acordos de pesca
(instruções normativas IN 43, IN 35 e IN 29 - Ibama) instituídos nas regiões do lago Grande
Curuai, Tapará, Ituqui e Maicá, que são grandes fornecedores de pescado para a região, podem
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ter contribuído a priori para diminuição do volume de pescado na região, devido os estoques de
peixes estarem em certos períodos do ano, protegidos.
As espécies mais capturadas nas sete áreas de pesca em Santarém foram: mapará
(Hypophthalmus sp.), surubim Pseudoplatystoma coruscans, tucunaré (Cichla sp.), tambaqui
(Colossoma macropomum) e acari-bodó (Liposarcus pardalis). Juntas estas espécies
representaram cerca de 70 a 80% do volume capturado de pescado em Santarém (Figura 4).
Figura 4 - Modelo de índice de captura das cinco espécies mais representativas nas áreas de
pesca em Santarém, Estado do Pará.
Os dados de CPUE (Kg/pescador/dia) identificaram o setor Rio Amazonas/STM
(Contribuiu com a captura de espécies migradoras como dourada, piramutaba Brachyplatystoma
vaillantii e curimatã Prochilodus nigricans), com os melhores índices de produtividade
pesqueira (teste de Tukey, p<0,05), despontando como um dos principais setores de pesca da
região de Santarém, seguido do setor Lago Grande Curuai (Figura 5).
Figura 5 - Captura por unidade de esforço (CPUE) nos setores de Santarém, Estado do Pará.
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Diferentemente dos estudos realizados por Isaac et al. (2003), no presente trabalho houve
um aumento significativo da captura por unidade de esforço médio nos setores do lago grande
Curuai e Ituqui-Maicá, entretanto a produção pesqueira nos outros setores de pesca diminuiu ou
oscilou bastante nos quatro anos em análise. A explicação mais plausível é de que o maior nível
de conscientização ambiental dos ribeirinhos em defesa dos lagos, os acordos de pesca que
vigoram nestes setores desde 1992 restringiram o acesso de pescadores profissionais e
embarcações com maior capacidade de captura a estes ambientes, fazendo com que o esforço de
captura diminuísse e o rendimento da pesca por pescador obtivesse um aumento nos anos de
2001 a 2004.
COMENTÁRIOS CONCLUSIVOS
O Sistema de Estatística Pesqueira em compatibilidade com o Sistema de Informações
Geográficas (SIG) está de acordo com os novos paradigmas da gestão pesqueira, importantes
para a tomada de decisão. Este sistema abre novas perspectivas para tornar a atividade pesqueira
mais responsável, devendo ser aperfeiçoado para servir de referencial para águas interiores no
Brasil.
A definição dos setores de pesca foi uma excelente solução para viabilizar a espacialização
da estatística pesqueira, possibilitando fazer a compatibilização do banco de dados da estatística
pesqueira com os setores de pesca.
Através deste modelo de setorização foi possível fazer um reajuste no banco de dados da
estatística pesqueira, isto é, diminuição do número de locais de pesca duplicados e refinamento
dos dados através da associação entre si desses corpos d’água, antes dispersos, e agora
agregados a um determinado setor.
Por intermédio deste sistema de monitoramento é possível conhecer a origem do pescado,
e qual a contribuição (qualitativa e quantitativa) que cada setor de pesca representa no todo da
produção pesqueira desembarcada no município de Santarém/PA, aumentando assim a precisão
da análise dos dados coletados.
AGRADECIMENTOS
Ao senhor Urbano Lopes Junior (WWF), pelo apoio na execução deste trabalho e ao
Projeto ProVárzea/IBAMA.
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107
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
INFORMAÇÕES ECONÔMICAS SOBRE A PESCA DE LINHA-DE-MÃO E
REDE-DE-EMALHAR NO ESTADO DE PERNAMBUCO, NORDESTE DO BRASIL
Sérgio Macedo Gomes de MATTOS*
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da Republica
*[email protected]
Resumo - Analisaram-se os mais significativos aspectos relacionados com rendimentos, custos e lucros
que os pescadores podem ter nas pescarias de linha de mão e de rede de emalhar no Estado de
Pernambuco. Os conceitos biológicos e econômicos são hoje partes integrantes das ciências
pesqueiras, como uma ferramenta poderosa para o gerenciamento pesqueiro, objetivando
rendimentos sustentáveis. Informações econômicas foram coletadas diretamente nas
comunidades pesqueiras do litoral do Estado de Pernambuco, tabuladas em uma matriz de
dados para facilitar as análises das relações econômicas. A metodologia foi baseada em
estudos conduzidos para o mar Mediterrâneo, definido como a caixa do pescador, uma das
três caixas que compõem o modelo bio-econômico Ferramentas de Simulação de Pescarias
para o Mediterrâneo - MEFISTO. Este simula o comportamento econômico do pescador. A
entrada é o dinheiro que vem do mercado e a saída é o esforço de pesca que será aplicado pelo
petrecho na seguinte unidade de tempo, medido em número de dias de pesca X hora, a
capturabilidade do petrecho e o fator de seletividade, sobre o qual o pescador tem determinado
controle em função de seu capital. Foi possível verificar que, em Pernambuco, os lucros
obtidos com as pescarias são reinvestidos na atividade, mesmo com baixos rendimentos,
porque social e culturalmente é a única atividade que os pescadores desempenham com
maestria; o ganho financeiro dos pescadores é basicamente o rendimento das pescarias,
tentando pescar o máximo possível para aumentar a lucratividade; o sistema de parceria foi
desenvolvido dentro da estrutura econômica da pesca, que fortalece o relacionamento entre
aqueles diretamente e indiretamente envolvidos; e a baixa renda é o fator limitante que impede
o aumento do esforço de pesca, desencorajando novos barcos e re-investimentos para
aumentar a capturabilidade, e pode sugerir que as frotas da linha de mão e de rede de emalhar
estabeleceram um ponto do equilíbrio econômico.
Palavras-chave: Pesca, rendimento, equilíbrio econômico, Estado de Pernambuco.
THE ECONOMICS OF THE HAND-LINE AND GILLNET FISHERIES AT PERNAMBUCO STATE,
NORTH-EASTERN BRAZIL
Abstract - It was analyzed the most significant aspects related to revenues, costs and profits that
fishermen may incur in the hand-line and the gillnet fisheries in the State of Pernambuco.
Nowadays biologic and economic theories are well integrated in fishery science, as a
powerful tool for fishery management, aiming at sustainable yields. Economics information
were collected directly in the fishing communities of Pernambuco State littoral, being
tabulated in a matrix of data to facilitate the analyses of the intra- and inter-specific
economics relationships. The methodology was based on previous studies conducted for the
Mediterranean Sea, defined as the fisherman box, one of the three boxes that compose the
bio-economic model Mediterranean Fisheries Simulation Tools - MEFISTO. This simulates
the fisherman's economic behaviour. Its input is the money coming from the market and its
output is the fishing effort that will be applied by the gear in the following unit of time,
measured in number of fishing days X hours, the catchability of the fishing gear, and the
selectivity factor, over which the fisherman has certain control by way of function of his
capital. It was possible to verify that, in Pernambuco, the profits obtained from the fisheries
are re-invested in the activity, even with very low incomes, because socially and culturally is
the only task fishermen know; fishermen financial entry is basically the revenue that
outcomes from the activity, trying to fish as much as possible aiming at increasing
profitability; the system of share was developed inside the economic structure of the fisheries, which
strengthen relationship between those directly and indirectly involved; and low income is the limiting
factor that inhibit the increase in fishing effort, neither encouraging new entries nor limiting reinvestment to increase catchability, and may suggest that the hand-line and gillnet fleets has
established an economic equilibrium point.
Key-words: Fishery, yield, economic equilibrium, Pernambuco State.
108
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
INTRODUÇÃO
A complexidade da pesca pode ser analisada e avaliada para alcançar rendimentos
sustentáveis em longo prazo como parte da biologia pesqueira, mas quando a disponibilidade de
pescado para suprir qualquer demanda da sociedade é inerente durante o processo de análise, os
aspectos sociais e políticos são automaticamente incorporados e, a partir de então, a pesca deve
ser tratada como um comércio e melhor gerenciada e avaliada através das regras da ciência
econômica.
Como um recurso natural, os aspectos biológicos devem ser sempre considerados na
análise de pescarias, mas a pesca também deve ser um importante instrumento econômico para
aqueles envolvidos nessa cadeia produtiva, porque o pescado é parte importante da dieta humana
em muitos países, especialmente os costeiros em desenvolvimento. A operacionalização do
mercado, como enfatizado por Kula (1992), depende da existência de medidas de
regulamentação bem definidos para evitar as bases do livre acesso aos estoques pesqueiros,
porque estes são um dos recursos naturais mais vulneráveis ao livre acesso.
Muitos problemas aparecem durante uma análise econômica. Um deles é que um modelo
não mostra todas as mútuas dependências e inter-relações que existem entre diferentes pescarias,
considerando o mercado de bens e produtos. Outro pode ser a dificuldade em estabelecer e
validar os parâmetros econômicos utilizados pelo modelo, devido a sub e super-estimação dos
custos e lucros. De acordo com Franquesa & Guillén (2002), alguns parâmetros determinam o
nível de cada custo em um sistema de pesca: (1) parâmetros econômicos gerais que envolvem
frotas diversas (tal como custo do óleo diesel); (2) parâmetros técnicos e econômicos
característicos de cada frota (vetores iniciais de capturabilidade e mortalidade por pesca,
arqueação bruta, capital inicial, etc.); e (3) particularização das características de cada barco
(custos específicos, capital e capturabilidade).
Considerando que um dos pressupostos básicos é que o pescador sempre busca
maximizar os lucros obtidos com a atividade, a decisão do pescar é baseada na receita individual
de cada barco porque, em cada barco, o custo será deduzido da receita obtida pelo pescador
através da venda da captura. A diferença entre custo e receita pode levar a variadas situações,
porque da renda total obtida o pescador necessita cobrir diferentes custos, sendo a diferença
restante o lucro. Para o propósito da presente análise econômica, o termo pescador é aqui
utilizado para definir o proprietário da embarcação, que pode ser ou não um verdadeiro
pescador.
Dessa forma, o presente artigo objetiva analisar os aspectos mais significativos
relacionados a receitas, custos e lucros que podem envolver as operações de pesca para a frota
de linha de mão e rede de emalhar do Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil, que podem
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Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
subsidiar as decisões tomadas pelo pescador durante na operacionalização das pescarias e, visa
também, definir e estimar os parâmetros econômicos para o gerenciamento e a modelagem de
pescarias.
MATERIAL E MÉTODOS
Informações econômicas e organizacionais foram coletadas nas comunidades pesqueiras
de Brasília Teimosa (Colônia de Pescadores Z-01), localizada na cidade de Recife, e Piedade
(Colônia de Pescadores Z-25), localizada no município de Jaboatão dos Guararapes, ambas
localizadas no litoral do Estado de Pernambuco, considerando o foco da presente pesquisa,
sendo tabulada em uma matriz de dados para facilitar a análise das relações econômicas intra e
inter-específicas.
Para a frota de linha-de-mão, os custos detalhados das operações de pesca foram obtidos
através do acompanhamento anual de dois barcos, com informações adicionais de outros 16
barcos, por intermédio de entrevistas semi-estruturadas com o proprietário da embarcação e a
tripulação. Para a frota de rede de emalhar, as informações foram também realizadas entrevistas
semi-estruturadas, não tendo sido possível o acompanhamento detalhado de nenhuma
embarcação. Para ambas as frotas foram utilizados valores médios.
Para a análise de custos, a metodologia utilizada foi baseada em estudos prévios
conduzidos por Lleonart, Maynou & Franquesa (1999) e por Franquesa (2001), tendo sido
adaptada por Franquesa & Guillén (2002) para produzir o Relatório Econômico da Pesca da
União Européia1, aplicada a uma condição específica da pesca do mar Mediterrâneo. Para o
propósito da presente análise econômica é conveniente expressar que tal metodologia é definida
como a caixa do pescador, uma das três caixas que compõem o modelo bio-econômico
Ferramentas de Simulação das Pescarias Mediterrâneas - MEFISTO (Mediterranean Fisheries
Simulation Tools) (Franquesa & Lleonart, 2001). O arcabouço da caixa do pescador foi
adaptado e aplicado como uma função das receitas totais, visando contribuir para o
entendimento da estrutura econômica das operações de pesca das frotas de linha de mão e rede
de emalhar do Estado de Pernambuco. O mais importante objetivo é a definição dos parâmetros
econômicos, como os custos fixos e variáveis da operação de pescarias, outros custos que o
pescador pode incorrer e suas relações com a receita total. Foi simulado o comportamento
econômico do pescador considerando os possíveis lucros e os possíveis prejuízos durante o
período de um ano de operação de pesca e qual é a resposta do pescador com os resultados
obtidos das pescarias. A entrada é o dinheiro que vem da caixa do mercado, através da venda da
1
GEM-UB (Director), ICM-CSIC, IFREMER, IEO-Palma, OIKOS and LEI-DLO (2000) Quantitative analysis of the
relations which condition the North Occidental Mediterranenan Fishing System (DG XIV – MED/93/022). Final
Report.
110
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
produção, e a saída é (1) o esforço de pesca que será aplicado pelo petrecho de pesca
correspondente na seguinte unidade de tempo, medido em número de dias X hora, (2) a
capturabilidade do petrecho de pesca e (3) o fator de seletividade, os quais o pescador tem certo
controle como uma função de seu capital.
De acordo com Franquesa & Guillén (2002), considerando a “saúde financeira” do
pescador depois de um período de unidade de tempo considerada, existem 4 resultados
possíveis. A Figura 1 mostra, de forma simplificada, os possíveis resultados econômicos de
uma operação de pesca e a decisão que os pescadores podem seguir.
1. Lucros
Resultados
Econômicos
2. Crédito bancário disponível
Prejuízos
3. Crédito indisponível, mas os
custos fixos podem ser alcançados
4. Custos fixos não podem ser
alcançados
Figura 1 - Possíveis resultados econômicos do pescador.
1° Lucro - Os lucros são totalmente re-investidos. Existem limitações técnicas que estabelecem
restrições considerando a capturabilidade. O pressuposto do modelo é que o valor do capital da
frota aumenta com os investimentos. Um resultado da obtenção do lucro é, portanto, o aumento
na capturabilidade no período seguinte, para o petrecho de pesca correspondente, mantendo o
esforço de pesca no seu nível máximo. O lucro explica uma parte dos investimentos, aquele
considerado “interno”, mas os investimentos totais são também afetados por subsídios.
2° Prejuízo - Acesso ao crédito continua disponível e o pescador tentará manter o mesmo nível
de atividade através de empréstimos. Com a obtenção do crédito, o resultado é a manutenção do
esforço e da capturabilidade, mas no ano seguinte um novo custo será adicionado, o custo
financeiro, o qual é inevitável.
3° Prejuízo - Um novo empréstimo não é mais possível, mas os custos fixos, que são inevitáveis,
ainda podem ser alcançados. Caso o pescador não consiga cobrir os custos e não obterá mais
empréstimos para manter o máximo de capturabilidade e esforço de pesca, ele terá que reduzir
os custos de manutenção. Estes são necessários para manter o barco em boas condições
operacionais e sua redução significará perda de capturabilidade. Se esses custos não podem ser
cobertos, o valor do capital investido na frota despencará, com diminuição da capturabilidade.
Se os prejuízos do pescador forem mais elevados que os custos de manutenção, ele será
111
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
obrigado a reduzir outros custos, tal como os custos diários variáveis, o que reduz o esforço de
pesca.
4° Prejuízo - Os custos inevitáveis, ou os custos fixos, não podem ser cobertos. Se os prejuízos
se tornarem mais elevados que os custos fixos, o pescador não consegue manter a atividade em
níveis mínimos e encerra a pesca. Neste caso, não apenas haverá redução da capturabilidade,
mas também do esforço, pois o barco desaparece da pescaria. A diminuição do esforço de pesca
irá beneficiar os barcos remanescentes.
RESULTADOS
Em ambas as frotas o sistema é o da parceria e os custos de manutenção da embarcação e
as principais despesas da pescaria, tal como rancho, óleo diesel, óleo lubrificante, gelo, gás de
cozinha e isca (linha de mão), são subtraídas da parte do proprietário. Dessa forma, na frota de
linha de mão 50% é conhecido como a parte do barco e 50% é a parte da tripulação. Nessa frota,
os custos de desembarque são o único comum ao barco e à tripulação. Dessa forma, os 50%
pagos à tripulação, como uma espécie de salário, é dividido de acordo com a produção de cada
pescador, sendo que o petrecho de pesca (linha de mão) é responsabilidade do pescador, seu
meio de produção. Dessa forma, a parte líquida do proprietário das embarcações que operam na
pesca com linha de mão foi estimada em 25%. Maiores informações sobre essa pescaria podem
ser obtidos em Croccia (2002).
Na frota de rede de emalhar o petrecho de pesca é propriedade do armador, mas entre
10% e 15% do valor da produção é retido para os reparos necessários, percentual este ajustado
previamente entre o proprietário e a tripulação, e os 35%-40% restantes é dividido entre os
pescadores, com um percentual maior para o mestre da embarcação. Barcos com 3 tripulantes, o
mestre recebe 40% e os demais pescadores 30% cada, enquanto que nos barcos com 2
tripulantes, o mestre recebe 60%, enquanto o pescador recebe 40%). Dessa forma, a estimativa
da parte do proprietário nesse tipo de pescaria foi calculada em 37,5% (25% como parte e 12,5%
como reparo da rede). Em ambos os casos, portanto, e mesmo considerando que a rede de
emalhar é propriedade do barco, o petrecho de pesca recai sobre a responsabilidade do
pescador/tripulação.
O único custo comercial registrado para a frota de linha de mão foi o custo de
desembarque, o qual é comum ao proprietário e à tripulação, e é subtraído antes de
comercializar-se a produção. Essa tarefa, e esse custo de desembarque, é realizada pelo luteiro, o
qual recebe 10% do valor da produção. Para a frota de rede de emalhar, não foi observado esse
custo. Outros custos, entretanto, podem estar além das formalidades de controle do desembarque
da produção, e não puderam ser aqui identificados. As médias anuais dos custos fixos e
variáveis para ambas as frotas estão sumarizados na Tabela 1.
112
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Tabela 1 - Médias anuais dos custos fixos e variáveis para um barco de cada frota de linha de
mão e de rede de emalhar no Estado de Pernambuco – Brasil, no ano de 2002.
CUSTOS
Variável
BARCO DE LINHA-DE-MÃO
BARCO DE REDE DE EMALHAR
Valor (R$)
(%)
% Total
Valor (R$)
(%)
% Total
Rancho
1.471,50
26,19
24,20
885,00
18,27
16,68
Óleo diesel
1.462,50
26,04
24,06
1.860,00
38,39
35,05
Gelo
1.256,00
22,36
20,66
230,00
4,75
4,33
Gás de cozinha
452,00
8,05
7,44
49,00
1,01
0,92
Isca
283,00
5,04
4,66
-
-
-
-
-
-
1.125,00
23,23
21,20
Peças sobressalentes
230,00
4,10
3,78
230,00
4,75
4,33
Óleo lubrificante
19,50
0,35
0,32
23,40
0,48
0,44
Serviços
442,00
7,87
7,27
442,00
9,12
8,33
Total custo variável
5.616,50
100,00
92,39
4.844,40
100,00
91,28
Fixo
Valor (R$)
(%)
% Total
Valor (R$)
(%)
% Total
Manutenção
391,44
84,57
6,43
391,44
84,57
7,37
Licença do barco
26,00
5,62
0,43
26,00
5,62
0,49
Seguro do barco
45,41
9,81
0,75
45,41
9,81
0,86
Total custo fixo
462,85
100,00
7,61
462,85
100,00
8,72
CUSTO TOTAL
6.079,35
-
100,00
5.307,25
-
100,00
Reparo de rede
Obs: Salário mínimo em 2002 = R$ 240.00. Taxa de câmbio em Dezembro/2002: U$ 1.00 = R$ 3.00
Pode ser observado que os itens mais representativos nas despesas de armação da
embarcação na frota de linha, em relação ao custo total, foram: o rancho (24,20%), seguido do
diesel (24,06%) e do gelo (20,66%), juntos representando 68.92%. Apenas analisando os custos
variáveis, esses três itens representam 75% da despesa total. Já na frota de rede de emalhar, os
principais custos em relação às despesas totais de armação foram: o óleo diesel (35,05%), o
reparo das redes (21,20%) e o rancho (16,68%), representando quase 73%, enquanto que
considerando apenas os custos variáveis, esses itens alcançam quase 80%. Analisando os custos
fixos para ambas as frotas, o custo de manutenção representou 84,57% desse item, o qual
representa apenas 6,43% do custo total para a frota de linha e 7,37% na frota de rede.
Foi também observado que os barcos da frota de rede de emalhar tem custos totais
14,55% mais baixos que os barcos da frota de linha de mão, e 15,94% também mais baixos se
analisarmos apenas os custos variáveis, pois os custos fixos são os mesmos para ambas as frotas.
As diferenças mais altas são encontradas nos seguintes itens: gás de cozinha (822,5% menor na
frota de rede); gelo (446,1% menos na frota de rede); rancho (66,3% menor na frota de rede); e
diesel (48,1% menor na frota de linha). Essas altas variações nos custos variáveis entre as frotas
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Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
analisadas sugerem diferentes estratégias de pesca, objetivando a redução de custos e o aumento
dos lucros. A frota de rede tem como espécies alvo espécies costeiras de mais baixo valor
comercial, o que indica uma estratégia operacional de pesca de baixo custo de armação,
especialmente durante a estação chuvosa, na qual os barcos retornam ao porto diariamente, em
uma operação de pesca denominada de ida-e-vinda, pescando até 6 dias na semana, estratégia
essa que economiza rancho, gás de cozinha e gelo para conservação do pescado à bordo, embora
com custos mais altos com o óleo diesel.
Por outro lado, se analisarmos as receitas totais e os lucros para cada frota, a estratégia de
pesca de ambas as frotas mostram uma rentabilidade muito próxima. A receita média anual da
frota de linha foi de R$ 18.420,00, considerando uma produção média anual de 3,8 t/barco e um
preço médio do pescado de R$ 4,85/kg (Tabela 2); enquanto na frota de rede a receita média anual
foi de R$ 12.425,00, considerando uma produção média anual de 4,0 t/barco e um preço médio do
pescado de R$ 3,10/kg (Tabela 2).
Tabela 2 - Preço de referência das espécies para fins de análise econômica, obtido através do
controle estatístico dos desembarques (IBAMA, 2003). Os preços praticados pelos
atravessadores e pelos varejistas obtidos através de entrevistas.
Categoria da Nome vulgar
Nome científico
Referência Atravessador Varejista
Espécie
(R$)
(R$)
(R$)
Alvo
Guaiúba
4,,36
5,00
7,50
Lutjanus chrysurus
Cioba
4,93
5,50
7,50
Lutjanus analis
Cavala
5,68
6,00
7,50
Scomberomorus cavala
Serra
3,69
4,50
7,00
Scomberomorus brasiliensis
Secundária
Dentão
4,76
5,50
7,50
Lutjanus jocu
Dourado
Coryphaena hippurus
4,27
5,00
7,00
Guarajuba
Caranx crysos
3,90
4,50
6,50
Ariocó
Lutjanus synagris
3,01
3,50
6,50
Outros (linha)
-
3,50
3,85
5,50
Outros (rede)
-
2,50
2,75
4,00
Isso significa que o lucro anual do proprietário de uma embarcação da frota de linha foi de
aproximadamente R$ 3.130,00, o que representa 51,5% do custo total de armação, enquanto que o
lucro de uma embarcação na frota de rede foi de aproximadamente R$ 2.770,00, representando
52,2% do custo total de armação. Em termos absolutos esse resultado indica que o lucro na frota de
linha é 11,5% mais elevado do que na frota de rede, mas em termos relativos em relação aos custos
totais de cada frota, os resultados estão bastante próximos. Em relação à receita total, a frota de linha
obteve um resultado 32,5% mais elevado e 12,7% também mais elevado em relação ao custo total.
Esses resultados indicam que uma embarcação na frota de linha tem um lucro mensal de R$ 260,00
e de aproximadamente R$ 230,00/mês em uma embarcação de rede.
114
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Uma estratégia conhecida, e que pode explicar a permanência na atividade de pesca, é que
alguns proprietários de embarcação são também atravessadores e/ou varejistas e têm uma renda
extra através da comercialização do pescado. Como atravessadores o preço do pescado
comercializado alcança, em média, 10% mais alto daquele praticado na primeira comercialização
(beira de praia). No varejo, por outro lado, o percentual de aumento no preço do pescado é, em
média, 50% mais elevado daqueles praticados na primeira comercialização.
O lucro do barco aqui analisado (lucro bruto), entretanto, é obtido da receita bruta advinda da
venda da produção após a primeira comercialização, pois não é incluído como valor da produção o
percentual estipulado de 10% ao luteiro no desembarque, uma vez que são subtraídos antes dessa
primeira comercialização. Uma das principais suposições, após esses resultados, é que o conceito de
lucro entre os pescadores resume-se à simples operação aritmética de somar e subtrair o capital
investido do lucro obtido com a venda da produção. Ou seja, não há uma compreensão sobre o
resultado do rendimento econômico líquido, a captura pó unidade de custo ou, o que é o mesmo,
qual o rendimento por unidade líquida. Há, por outro lado, um entendimento entre rendimento e
esforço de pesca e a captura por unidade de esforço.
Desses resultados, pode-se simular qual será a melhor decisão do pescador: continuar
na atividade, mesmo com os baixos rendimentos obtidos, ou passar adiante o seu meio de
produção e investir a quantia obtida em uma instituição financeira a risco zero. A simulação
considerou os valores médios, uma vez que a unidade física em análise para ambas as frotas,
a embarcação, os petrechos de pesca, os equipamentos eletrônicos de apoio à pesca, são
praticamente os mesmos, conforme demonstrado na Tabela 3.
Tabela 3 - Valores médios dos meios de produção e custo anual das operações de pesca das
frotas de linha de mão e rede de emalhar no Estado de Pernambuco (Preços em
Real brasileiro – R$).
ITEM
Valor médio do barco
Equipamentos eletrônicos
Equipamentos de pesca
Custo anual das operações de pesca
TOTAL
Linha de mão (R$)
7.000,00
1.000,00
500,00
6.100,00
14.600,00
Rede de emalhar (R$)
7.000,00
1.000,00
500,00
5.300,00
13.800,00
Com R$ 14.600,00 aplicados sem risco em uma instituição e de acordo com a Taxa
Selic (19,2%), após um ano o rendimento obtido do proprietário da embarcação de linha será
de R$ 2.803,00, ou o equivalente a R$ 233,00/mês; enquanto que com R$ 13.800,00
aplicados da mesma forma, o proprietário da embarcação de rede obterá, após um ano, R$
2.650,00, ou o equivalente a R$ 221,00/mês. Subtraindo-se a inflação no período (2002), o
resultado líquido será de R$ 861,00 (5,9%) para a frota de linha, ou R$ 71,75/mês; e R$
115
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
814,00 (5.9%) para a frota de rede, ou R$ 67,80/mês. Essa taxa de juros através da Selic
significa uma lucratividade 10,4% menor do que aquela obtida na atividade pesqueira no
caso da frota de linha de mão e 4,3% menor para a frota de rede de emalhar.
Dessa forma, concernente à saúde financeira do pescador e, ainda os quatro
resultados possíveis, temos que:
1º Lucro. Como o lucro é muito baixo, o capital é unicamente re-investido para continuar na
atividade, mas não há investimento para o aumento da capturabilidade do barco e do
petrecho de pesca;
2º Prejuízo. Até o ano de 2002 o crédito bancário, através de programas governamentais e
bancos oficiais, era extremamente limitado, tendo sido posto em prática novamente a partir
no ano de 2003. Esse resultado, portanto, não foi observado, pois nenhum proprietário
informou a obtenção de crédito bancário.
3º e 4º Prejuízos. Ainda que não tenha sido observada a diminuição do esforço de pesca, isso
deve ocorrer em longo prazo, uma vez que não há investimento na manutenção da
embarcação, o que reduz a capturabilidade. Existe, entretanto, uma redução parcial e
esporádica do esforço de pesca, com períodos mais longos (semanas) de inatividade de
algumas embarcações que não conseguem alcançar os custos de fixos (inevitáveis).
Uma vez que o controle da atividade pesqueira é extremamente difícil e que continuam
existindo várias relações e comércios informais na operacionalização da atividade pesqueira,
processos esses desconhecidos dos que não participam da comunidade, os resultados
econômicos podem estar encobertos por negociações pessoais e familiares, e as bases comerciais
são definidas internamente nesses sistemas de pesca. Isso indica que as relações comerciais são
fixadas na localidade e diretamente por aqueles envolvidos na atividade e que as receitas, ou
lucratividade, nas pescarias de linha de mão e de rede de emalhar são baixas para garantir um
investimento necessário, ou re-investimento, para manter a frota em adequadas condições para
as operações de pesca e para melhorar o sistema de pesca, mas suficiente para continuar
pescando.
DISCUSSÃO
O estudo dos recursos naturais renováveis do ponto de vista econômico, cuja produção e
os produtos gerados têm um valor comercial inerente, tem sido tema de interesse nas principais
nações pesqueiras do mundo, mas ainda é pouco explorado no Brasil. O comércio, através da
troca de bens e produtos, tem forte influência na existência das organizações de produção, a
qual, em todas as suas variadas formas de atuação, é primariamente orientada pelos bens de
116
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consumo. Ou seja, a forma como se formam os modos de produção dependem da solidez da
estrutura interna das organizações de produção.
A comercialização de produtos pesqueiros tem crescido globalmente e, mais
recentemente, também tem crescido a preocupação pela crescente demanda, a qual está
estimulando o aumento do esforço de pesca. Esse cenário também se observa nas pescarias
locais, e já foram destacadas por Mattos, Lins, Calado Neto, Mendes & Lacerda Neto (2001) o
que implica a coordenação de agentes de desenvolvimento local para a sustentabilidade da
atividade e a superação de obstáculos, em conjunto com a necessidade de intervenções
governamentais para salvaguardar o recurso e a economia local (emprego e renda).
Pescarias de pequena escala no Estado de Pernambuco sempre foram consideradas
atividades de alto risco econômico e mesmo com a escassez de estudos em economia pesqueira,
a baixa lucratividade parece ser o fator limitante para o aumento do esforço de pesca. Para o
pescador, a persistência na atividade significa a manutenção dos seus costumes, do seu
conhecimento empírico e do seu meio de vida, herdado dos seus ancestrais. De acordo com
Anderson (1977), muitos pescadores não são adequadamente qualificados para essa atividade e,
adicionalmente, eles são geograficamente isolados de outro tipo de atividade. A receita gerada
da pesca não é usualmente uma boa medida do seu custo de oportunidade, mas é apenas a
quantia necessária para mantê-los trabalhando.
Embora os aspectos sociais e culturais devam ser considerados na análise do
comportamento do pescador, no aspecto estritamente econômico Hundloe (2000) explica que a
compreensão do pescador sobre os custos e as receitas das operações de pesca é ainda limitada.
Para ele, pescador, nos custos de produção inclui-se o seu trabalho e o custo de armação, os
quais dependem do capital investido, do meio de produção e o acesso ao recurso pesqueiro e á
área de pesca. O capital físico pode vir de sua própria saúde financeira ou de empréstimos. O
agente financeiro cobrará o retorno do capital investido, mais um montante correspondente à
taxa de juros aplicada, através de um acordo contratual. Independente do sucesso da pescaria,
dos lucros obtidos ou dos prejuízos sofridos, o empréstimo deverá ser honrado, com os juros
correspondentes. Essa relação financeira é intrínseca ao sistema de pesca local e embora não se
tenha observado a cobrança explícita de juros, o empréstimo informal para a realização das
operações de pesca é uma prática comum entre os pescadores, proprietários de embarcações e
atravessadores. Entretanto, o sistema de parceria em vigor parece ser um fator que impediu, ou
limitou, a cobrança de juros nessas operações.
Zoetwey (1956), Mordrel (1972) e Bidet (1974) mencionaram que o sistema de parte, ou
parceria, estabelecidos entre as empresas de pesca, proprietários de embarcações e os pescadores
(tripulação) para a remuneração da força de trabalho a bordo é baseado no princípio de redução
117
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
do elevado risco impostos pela pesca ao capitalismo, devido à imprevisibilidade da produção
pesqueira e do mercado. Para o proprietário é uma forma de compartir os riscos com a
tripulação, especialmente para os pequenos armadores, para quem um sistema de remuneração
baseado no pagamento de salários fixos pode significar falência se uma série de resultados
negativos ocorrerem, porque o risco para grandes empresas pode ser compensado e dissolvido
entre as outras unidades de pesca. Esses autores consideram esse sistema como uma máscara
utilizada pelo capital para melhor explora essa força de trabalho, considerando uma
desvantagem para a tripulação, devido à alta oscilação nos rendimentos e às incertezas nas
forças de produção.
O sistema de parceria, assim como a idéia de igualdade no processo produtivo pode ser
um suporte ideológico encontrado pelo proprietário dos meios de produção para mascarar o
caráter capitalista submetido à força de trabalho, no qual o proprietário, geralmente, fica rico e o
pescador pobre, magnificado pelas péssimas condições de trabalho e vida a bordo. De acordo
com Diegues (1983), o fato no qual o trabalho não é incluído como um custo de produção, ou
considerado como uma mercadoria que possui um preço de venda, pode ser considerado como
um dos indicadores da presença de um meio de produção no qual alguns setores ainda não foram
invadidos pelo capitalismo de bens e produtos. Por outro lado, Ulrich, Le Gallic & Dunn (1999)
e Ulrich, Le Gallic, Dunn & Gaxuel (2002) enfatizaram que para a pesca artesanal no Canal da
Mancha o sistema de parceria encoraja e premia a eficiência na produção e a efetividade nos
custos, o qual faz com que a parte da tripulação tenha um diferencial a mais nos custos de
remuneração.
No Estado de Pernambuco, foi possível identificar que, se cada operação de pesca deve
cobrir, pelo menos, os custos comuns obrigatórios de cada barco que são compostos por
elementos heterogêneos, tais como remuneração, armação e lucro; se um percentual é partilhado
entre o armador e a tripulação; e se nesta produção capitalista a distribuição é baseada na
ideologia tríplice de custos comuns, parte do armador e parte da tripulação, o sistema permite a
reprodução de parte dos custos fixos e variáveis.
Entretanto, na medida em que a produtividade na pesca depende da habilidade e
persistência da força de trabalho e não tanto no meio de produção e, ainda, que o capitalismo
não pode controlar localmente o processo de trabalho, o sistema de parceria pode ser
considerado como uma forma de produção não-capitalista, se a atividade econômica pretende
produzir mercadoria e lucro baseada em outras formas de remuneração além do salário
(Diegues, 1983), o que pode acontecer através da valorização e fortalecimento do conhecimento
tradicional dos pescadores, porque não houve externalidades na formação desse sistema e pode
ser entendido como a forma na qual o pescador toma a sua decisão na continuidade da atividade
118
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
pesqueira. O processo de decisão do pescador elaborado por Franquesa & Guillén (2002), de
acordo com os mecanismos desenvolvidos pelos pescadores do mar Mediterrâneo Norteocidental e baseado nos trabalhos prévios desenvolvidos por Lleonart, Maynou & Franquesa
(1999), mostra que o mercado suporta esse mecanismo e as receitas totais, se forem positivas,
são convertidas em esforço de pesca para a próxima unidade de tempo, mas não para aumentar a
capturabilidade.
O mecanismo, então, desenvolvido pelas frotas de linha de mão e rede de emalhar no
Estado de Pernambuco pode ser analisado para o entendimento dos resultados econômicos
possíveis de serem alcançados. No caso de lucro, o pescador tenta maiores investimentos na
atividade para obter mais lucros. Esses investimentos podem ser limitados pelo capital
disponível ou por restrições institucionais, através de medidas de ordenamento que restringem o
aumento no número de embarcações: os recursos disponíveis são os lucros prévios obtidos da
atividade. Por outro lado, no caso de prejuízos, o pescador tenta deixar a atividade, mas procura
obter receitas do capital antes investido, o qual não tem valor alternativo.
O aumento na intensidade de pesca e na proporção de pescado retirada da natureza,
geralmente ocasionará um decréscimo na produção total do estoque explorado e poderá ameaçar
a sustentabilidade futura do recurso. Forman (1970) externou que muitas atividades econômicas
que são afetadas pelas regras de queda nos rendimentos requerem um mecanismo para a
conservação do estoque, mantendo um ponto de equilíbrio tanto da capacidade produtiva global
da comunidade como a eficiência máxima das unidades individuais. Ir além desse ponto pode
significar sobre-explotação em detrimento dos próprios pescadores, por que, como defendido
por Diegues (1983), no sistema de pesca artesanal local a característica da trajetória de expansão
da produção capitalista que ocorreram em outros setores da produção social pode ser bem
visualizada e, portanto, desenvolvem uma exploração exaustiva das duas fontes d geração de
riqueza: o mar e os pescadores. Para Anderson (1977), a única razão pela qual o pescador
continua com seu negócio forçado a utilizar métodos ineficientes é porque a pesca é capaz de
gerar uma renda individual que nenhuma entidade no setor pode reivindicar para si.
Não está claro qual é o entendimento do pescador sobre as oportunidades e
possibilidades da produção pesqueira. Considerando o seu nível de escolaridade, realmente
muito baixo, pode-se ser levado a acreditar que ele, o pescador, não tem consciência desse
processo. Aparentemente os recursos pesqueiros estão sendo utilizados comercialmente no
limite para garantir um esforço de pesca que retornará um valor igual ao custo de exploração
desses recursos. No contexto das pescarias locais analisadas pode-se observar e compreender
que cada unidade produtiva – embarcação – é mais uma geradora de esforço do que uma
119
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produtora de pescado, uma vez que ninguém consegue controlar o sucesso de uma unidade de
esforço aplicada.
Do ponto de vista econômico e considerando os objetivos a alcançar para suplantar as
dificuldades enfrentadas pelo setor pesqueiro no Estado de Pernambuco, um outro problema
encontrado é a necessidade de melhorar a qualidade do pescado e estabilizar a oferta para
varejistas e atacadistas e a necessidade de aumentar a produtividade visando a melhoria da renda
individual. Esses objetivos não são gerados devido às intervenções públicas, mas devido ao
mercado, cujas causas parecem ter conduzido esse segmento econômico a uma situação de
equilíbrio econômico, considerando também a comercialização de pescado, mas onde a
produtividade, a renda e a qualidade do pescado são baixas. Portanto, no contexto de um
mercado completamente eficiente, pode significar que o setor pesqueiro em Pernambuco já não
possui um nível social ótimo, o que, desafortunadamente, indica um retrocesso na condição
econômica do Estado.
Entretanto, pode-se aferir que a metodologia aplicada permitiu a definição e estimação
de parâmetros econômicos e os custos fixos e variáveis, bem como outros possíveis custos que o
pescador pode incorrer. Pode-se também destacar a decisão do pescador em continuar na
atividade com rendimentos tão baixos. Mesmo com a possibilidade de empréstimos, ainda é
pouco compreendido porque o pescador não investe no aumento do esforço de pesca, de acordo
com a suposição econômica na qual a maximização do valor real forçará a completa destruição
do estoque pesqueiro, caso o valor de captura desse estoque até a sua depleção for maior que o
valor de capturas sustentáveis durante todo o futuro. Talvez a suposição seja justamente de que
essa ação não seja fisicamente possível, porque o aumento do esforço não implica somente no
aumento do número de anzol, por exemplo, mas no aumento de todos os custos intrínsecos de
captura, que é o custo de promover um esforço para obter uma produção de pescado.
Embora os recursos pesqueiros sejam propriedades do Estado, o que ocorre de fato é o
acesso aberto de uso, devido às ineficiências de controle institucional, o qual leva a resultados
econômicos sub-ótimos e que uma quantidade de esforço inadequada será aplicada aos recursos
pesqueiros. Destacando-se, portanto, o conhecimento tradicional local e com poucas, ou nenhuma,
opção que escolher, os dados coletados e os resultados obtidos sugerem que a pesca, se não a
melhor opção, é uma atividade cuja decisão do pescador em investir na sua continuidade está
altamente dependente no estilo de vida social e cultural herdado e estabelecido. Do ponto de vista
individual do pescador, sua decisão operacional é racional e indica um ponto de equilíbrio
econômico.
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COMENTÁRIOS CONCLUSIVOS
A metodologia aplica parece adequada para definir e estimar os parâmetros econômicos
das pescarias de linha de mão e rede de emalhar no Estado de Pernambuco.
Os lucros obtidos das pescarias são re-investidos na atividade, considerando que do
ponto de vista social e cultura é a única atividade econômica que dominam.
Os recursos financeiros do pescador são basicamente a recita advinda das pescarias,
tentando pescar o máximo possível visando o aumento da lucratividade.
O sistema de parceria, ainda que pareça capitalista, foi desenvolvido dentro da estrutura
econômica do sistema de pesca, sem externalidades, o que fortalece os relacionamentos daqueles
envolvidos.
O baixo rendimento é o fator limitante que impede o aumento do esforço de pesca, e da
capturabilidade, tanto limitando investimentos em capturabilidade como não encorajando novas entradas
de embarcações, e pode sugerir que as frotas de linha de mão e rede de emalhar estabeleceram um ponto
de equilíbrio econômico.
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Ramón Franquesa, do Gabinete de Economia do Mar da Universidade de
Barcelona - GEM-UB, e aos Dr. Francesc Maynou e Dr. Jordi Lleonart do Instituto de Ciências
do Mar de Barcelona do Conselho Superior de Investigação Científica da Espanha – ICM-CSIC.
REFERÊNCIAS
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ZOETWEY, H. (1956). Fishermen remuneration. Economies of Fisherie. Rome: FAO.D
122
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
III - Resenha
MARAVILHAS E DESCASO AMBIENTAL NA AMAZÔNIA
José Patrocínio LOPES*
Estação de Piscicultura de Paulo Afonso (Chesf)
*E-mail: [email protected]
Resumo - A região amazônica é uma das mais bonitas do planeta, no entanto o descaso
ambiental com a região é preocupante. Nos rios Negro e Solimões é comum a
presença de garrafas pets e outros materiais jogados nas suas águas ou nas margens.
Convém aqui ressaltar que, tirando estes inconvenientes, é uma das regiões mais
bonitas do nosso Brasil. Também a população manauara é uma das mais cativantes
que já conheci. O turista ali é recebido com carinho e muita simpatia. A comida
regional também é destaque. O “pirarucu de casaca” servido nos restaurantes típicos
é inigualável. Nesta resenha, quero deixar o meu alerta aos companheiros da região e
em especial aos Engenheiros de Pesca que ali atuam para não medirem esforços na
defesa destas maravilhas que são a floresta e a bacia Amazônicas.
Palavras-chave: Impacto ambiental, Rios da Amazônia, Belezas naturais
MARVELS AND ENVIRONMENTAL DISREGARD IN THE AMAZONIA
Abstract - The Amazonia area is one of the most beautiful of the planet, however the
environmental disregard with the area is preoccupying. In the Negro and Solimões
river it is common to presence of bottles pets and other materials played in their
waters or in the margins. Suits here to stand out that, removing these
inconveniences, it is one of the most beautiful areas of our Brazil. Also the
manauara population is one of the most captivating that I already knew. The tourist
there is received with love and a lot of sympathy. The regional food is also
prominence. The “pirarucu de casaca” served at typical restaurant of the area
region is unequaled. In this review, I want to leave my alert to the companions of
the area and especially to the Fishing Engineers, that there act for us not to measure
efforts in the defense of this marvel that is our Amazonian forest and basin.
Key Words: Environmental Impact, Rivers of the Amazonia, Natural Beauties
Durante minha estadia em Manaus como participante no XV Congresso Brasileiro de
Engenharia de Pesca e, aproveitando uma manhã para conhecer as belezas da região, fiquei
constrangido com o descaso que também está ocorrendo com os nossos rios Negro e Solimões
no tocante à preservação. O que se observa logo na chegada do cais é um ambiente inóspito
(povoado de barracos, sem coleta de esgotos, que lançam seus efluentes domésticos a céu aberto
diretamente no rio Negro. Aliado a isto, nas margens deste Rio, é abundante a quantidade de
garrafas pets e outros materiais não degradáveis jogados próximos aos barcos e lanchas que ali
aguardam os turistas ou passageiros diários que trafegam esses Rios buscando em Manaus
produtos que serão utilizados ou vendidos em outras localidades como Santarém, por exemplo).
Percorrendo os rios Negro e Solimões para observar o encontro das águas, também é
comum garrrafas flutuando e entre elas os inocentes botos que constantemente sobem e saltam
fora dágua mostrando aos visitantes parte do espetacular planeta em que vivemos. Os barcos
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flutuantes que servem de moradia ou como restaurante também são utilizados na
comercialização de produtos oriundos da floresta amazônica. São gaitas enfeitadas com penas de
aves regionais ou escamas do pirarucu, pequenos porta-moedas e farinheiros confeccionados da
árvore maripiranga, cuja madeira vermelha assemelha-se ao nosso pioneiro Pau Brasil. As
talhas, em madeira, mostram a cultura da região (o caboclo, o tucunaré e a vitória-régia entre
outras) também é comum nesses locais. A trilha pela floresta é outra coisa deslumbrante.
Árvores de alturas e diâmetros exuberantes. Cipós e raízes que descem árvore abaixo em busca
do solo, que na verdade é um concentrado de matéria orgânica acumulada ao longo do tempo
formando uma grande cobertura de húmus. Nas margens do Solimões, também aliada à beleza
natural, mais garrafas pets, os incômodos sacos e copos plásticos e até televisões velhas ali
descartadas.
Visitando o mercado do peixe é fascinante a quantidade e diversidade de espécies. Ali se
encontra em abundância tucunarés, acará-açu, matrinchãs, tambaquis e enormes filés salgados
do pirarucu. Estes filés são enrolados, amarrados e vendidos a R$ 12,00 (doze reais) o quilo.
No porto, é grande a concentração de barcaças, pequenas lanchas e até navios que
transportam containers, carretas e muita gente de margem a outra por dias pelos rios afora. No
entanto, estes rios estão sofrendo pelo descaso das autoridades manauaras responsáveis pela
região. Nestes portos, até entulhos de material de construção e em grande proporção são
lançados nas proximidades. Convém aqui ressaltar que, tirando estes inconvenientes, é uma das
regiões mais bonitas do nosso Brasil. Também a população manauara é uma das mais cativantes
que já conheci. O turista ali é recebido com simpatia e muito carinho. A comida regional
também é destaque. O “pirarucu de casaca” servido nos restaurantes típicos é inigualável, assim
como o jaraqui com baião de dois tão divulgado pelos conhecedores do prato.
O comércio é um dos mais atrativo, sem esquecer do aconchego das vendedoras (lindas
nativas, a maioria com traços indígena) que tratam o cliente de “amado”, “querido” e até de
“bebê” em busca de satisfazê-lo e levá-los a comprar os seus produtos. Concluindo, quero
expressar os meus sinceros agradecimentos à população de Manaus pelo carinho e a todos que
participararam do XV Conbep, em especial a seus organizadores pela atenção proporcionada a
nós congressistas.
Não podendo esquecer que o coffee break composto de produtos regionais como suco de
cupuaçu, doces e salgados diversos: foi um dos mais saborosos já servidos num Conbep.
Nesta resenha, quero deixar o meu alerta aos companheiros da região e em especial aos
nobres Engenheiros de Pesca que ali atuam para não medirem esforços na defesa destas
maravilhas que são a floresta e a bacia Amazônicas.D
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Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA
OBJETIVO - A Revista Brasileira de Engenharia de Pesca (REPesca) tem por objetivo publicar
artigos científicos e técnicos/informativos, abordando temas de interesse na área de Recursos
Pesqueiros e Engenharia de Pesca.
INFORMAÇÕES GERAIS - Os originais devem ser redigidos em português, inglês ou espanhol, de
forma concisa, com a exatidão e a clareza necessárias à sua fiel compreensão. Devem ser
enviados à Comissão Editorial pelo e-mail: [email protected], rigorosamente de acordo com
estas normas, donde serão enviados aos consultores “ad hoc”, membros da Comissão Editorial
ou indicados pelo Editor. Os pareceres serão transmitidos anonimamente aos autores. Em caso
de recomendação desfavorável, poderá ser pedida a opinião de um outro assessor. Os trabalhos
serão publicados na ordem de aceitação, ou pela sua importância e podem ser de três tipos:
Artigos Científicos, Artigos Técnicos e Resenhas, com os seguintes itens:
Artigos Científicos - Resumo (+ Palavras-chave), Abstract (+ Keywords), Introdução, Material
e Métodos, Resultados e Discussão (estes dois juntos ou separados), Conclusões (opcional),
Agradecimentos (opcional) e Referências.
Artigos Técnicos - Resumo (+ Palavras-chave), Abstract (+ Key words), Introdução, Corpo
(desenvolvimento do assunto) Conclusões (denominados de Comentários Conclusivos ou Finais,
Considerações Finais), Agradecimentos (opcional) e Referências.
Resenhas (relatos minunciosos de fatos ou casos) - Resumo, Abstract e relato (+ Referências –
opicional).
Os nomes dos itens devem ser maiúsculos e centralizados, com um espaço acima e abaixo.
PREPARAÇÃO DE ORIGINAIS
Digitação - Os artigos com no máximo 15 páginas, incluindo tabelas e figuras, devem ser
digitado em letra Times New Roman, tamanho12, papel A4 e em espaço 1,5 (entre linhas) com
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Nomes científicos e palavras estrangeiras devem ser grafados em “itálico”.
Título - O título deve dar uma idéia precisa do conteúdo e ser o mais curto possível escrito em
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Nomes dos autores - Os nomes dos autores devem constar sempre na sua ordem direta, sem
inversões, com o sobrenome maiúsculo. Segue-se aos autores os endereços institucionais e após
o e-mail do autor correspondente.
Ciro Mendes CASTOR1*; José Mário BRAGA2; Maria da Penha PIRILO1
1
Departamento de Educação, Universidade Federal de Carolina
2
Instituto de Pesca de Carolina
*Email: [email protected]
125
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O Resumo e o Abstract (que é iniciado com o título em inglês) - devem conter as mesmas
informações e sempre sumariar resultados e conclusões. Não devem ultrapassar 300 palavras e
serem seguidos de, no máximo, cinco palavras-chaves e key-words.
REFERÊNCIAS - Baseada no APA Citation Guide (Publication Manual of the American
Psychological Association, 5th ed.).
Livro (um autor)
Bellini, C. T. (2005). Tratado de Zoogeografia do Brasil: aspectos econômicos. Ubá: Editora
Nova.
No texto: A espécie ocorre... (Bellini, 2005) ou Segundo Bellini (2005) a espécie...
(Dois autores)
Rocha, R. & J.P. Lara (Eds.) (2004). Marine fishes. Victoria: University Press.
No texto: (Rocha & Lara, 2004)
Capítulo de livro
Brito, N. & Datena, C. R. (2005). Crescimento de miracéu Astrocopus y-grecum em laboratório.
In: H. G. Barroso (Ed.). The Sea Fishes (pp.23-27). São Luís: Ed. Amazônia.
No texto: (Brito & Datena, 2005)
Artigo de Revista
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No texto: (Costa, 1957)
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No texto (dois autores): (Galvão & Café, 2002)
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No texto (três a cinco autores) (Pantaleão, Omimo, Gil & Falcão, 1947)
Koike, J., Itu, B., Marinho, A., Bitu, R. Brito, A.A. & Victor, J. (2007). A importância do bemestar. Rev. Bras. Bem-estar, 7(1):7-27.
No texto (mais de cinco autores): (Koike et al., 2007)
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No texto: (Marinho & Abe, 2001)
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No texto: (Martus, 2001)
126
Rev. Bras. Enga. Pesca 3(1), jan. 2008
Artigo on-line
FAO (2007). The world's fisheries. Acessado em 27 de setembro de 2007 em
http://www.fao.org\fi\statist\htm.
No texto: (FAO, 2007)
Correções - Os trabalhos que necessitarem de correções serão devolvidos aos autores e deverão
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nitidez quando reduzidas e agrupadas, sempre que possível. As tabelas devem ser feitas com
utilização da ferramenta Tabela do “Word”. As legendas devem ser auto-explicativas colocadas
acima nas tabelas e abaixo nas figuras. Símbolos e abreviaturas devem ser definidos nas
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127
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Haroldo Gomes Barroso
José Milton Barbosa
Diretor
Editor-Chefe
Curso de Engenharia de Pesca,
Departamento de Pesca e Aqüicultura,
Universidade Estadual do Maranhão
Universidade Federal Rural de
Pernambuco
Fone: (098) 8143 6731
E-mail: [email protected]
Fone: (81) 3320 6519 / 30761894
E-mail: [email protected]
Adierson Erasmo de Azevedo
Emerson Soares
Editor Adjunto
Editor Adjunto
Professor Catedrático
Curso de Engenharia de Pesca,
Universidade Federal Rural de
Universidade Federal de Alagoas,
Pernambuco
Polo Penedo,
Fone: (81) 8852 3067
Fone: (82) 3551 2784
E-mail:
E-mail: [email protected]
[email protected]
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