Pré-sal dos pequenos negócios

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Pré-sal dos pequenos negócios
Data Inclusão: 22/09/2008
Autor: Ricardo Miranda
Fonte: Correio Braziliense
Pré-sal dos pequenos negócios
Descoberta dos grandes campos de petróleo no litoral brasileiro cria valiosas chances para
empresas de micro e médio portes que detêm tecnologia de ponta nas atividades de exploração e
produção
O estudante de teologia Darío Gaspar Nepomuceno teve uma visão. Usar a carnaúba, fibra vegetal
abundante no Nordeste, para ajudar as centenas de trabalhadores dos assentamentos rurais da
região de Assu, no centro do estado. Criada por ele, a ONG Carnaúba Viva passou nos últimos anos
por uma revolução a partir de uma idéia inovadora e criativa. A confecção de palha de carnaúba,
aprendida com os índios e até então vendida como artesanato, passou a ser usada como
revestimento nos dutos da Petrobras que conduzem o vapor ¿ e injetam pressão nos poços de
petróleo ¿ no lugar das tradicionais lâminas de alumínio.
Mais de 400 artesãos estão agora empregados tecendo palha de carnaúba para a Petrobras, um
caso inédito de ONG fornecendo "equipamento" para a multinacional do petróleo, que só tem que
impermeabilizar tudo. "Além de alimentar muitas famílias pobres que vivem na roça, a carnaúba é
vantajosa para a indústria, por ser mais barata e não ser visada por ladrões, que viviam roubando
alumínio dos dutos", explica Darío.
A criatividade tecnológica da ONG Carnaúba Viva faz parte da Rede Petro-RN, uma das ações do
convênio firmado entre Petrobras e Sebrae. No total, 6,3 mil empresas já participaram de
seminários, treinamentos e consultorias, um investimento de R$ 12 milhões no desenvolvimento de
todo tipo de apetrecho tecnológico para o setor industrial que mais cresce no país.
A hora e a vez das micro
Com as pesquisas no pré-sal bombando, empreendedores como Darío vislumbram mar de almirante
para seus negócios. As 31 rodadas de negócios feitas nos últimos três anos entre pequenos
fornecedores nacionais e grandes empresas tiveram negócios anuais estimados em R$ 1,5 milhão.
Não por acaso, Sebrae e Petrobras decidiram renovar sua próspera união até 2011.
Com 1.200 expositores, a Rio Oil&Gas revelou que, entre estandes suntuosos de multinacionais de
23 países, repletos de máquinas pesadas e modelos esbeltas, emergiram, em bom número,
bandeiras do Brasil, num mar de produtos cada vez mais sofisticados e competitivos, em áreas
como metalmecânica, refrigeração e tecnologia da informação.
Custo baixo
Na feira, 197 micro e pequenas empresas marcaram posição. Um negócio que não deve ser julgado
à primeira vista. Pequena empresa mineira, a Hydroclean desenvolveu um absorvente de óleo feito
de silicato, batizado de Oil Sorb. Um quilo do produto absorve até seis quilos de óleo, graxas e
outros compostos orgânicos, essencial no tratamento de vazamentos de pequenas a grandes
proporções, inclusive os que envolvem risco ambiental.
Similares importados do Canadá absorvem cinco vezes menos que o Oil Sorb e custam mais.
"Normalmente se relaciona vazamento de óleo a acidentes catastróficos, mas toda indústria causa
algum vazamento de óleo, no dia-a-dia", explica o professor e doutor em engenharia química da
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Jader
Martins, há sete anos à frente da Hydroclean. O produto, que parece uma ração, é um dos sucessos
da parceria Petrobras/Sebrae. "Eu brinco dizendo que fornecemos comida macrobiótica para a
indústria do petróleo", diz Jader, que agora luta para conseguir colocar o produto em escala no
mercado.
Peixe que conserta navios
Inovação genuinamente brasileira: plataformas vistoriadas por robô
Com o mar de seu Ceará a inspirá-lo, o engenheiro eletrônico Antônio Roberto Lins de Macêdo
sonhava um dia construir um robô que ajudasse pesquisas em alto-mar. Só não imaginava que,
longe de ser uma fascinação passageira, a aventura robótica se tornaria um grande negócio e que a
empresa que acabaria criando, a Armtec, seria uma das pontas de lança de um boom tecnológico
da indústria nacional impulsionado pelas descobertas de megacampos de petróleo no pré-sal, na
bacia de Santos.
¿Nosso robozinho não fica devendo a nenhum peixe¿, brinca Roberto, que exibia orgulhoso, em um
estande da Rio Oil & Gas, principal evento de Petróleo e Gás da América Latina, seu robô com
tecnologia 100% nacional, capaz de operar tanto em águas fluviais como marítimas e que pode
servir para qualquer setor da indústria naval e ambiental.
O peixe de aço pode verificar a extensão de um desastre ambiental, checar vazamentos ou danos
na estrutura de um navio e até fazer reparos, com estabilidade suficiente para enfrentar correntes
marítimas. No Brasil, esse tipo de trabalho costuma ser feito por mergulhadores, que correm risco de
vida. Produtos similares só existem no exterior a um custo que varia entre R$ 400 mil e R$ 1 milhão.
A empresa, que conta com apenas 16 funcionários em pesquisa, acredita que sue robô custará não
mais do que R$ 300 mil.
Desafios
"Sem o pré-sal, a indústria do petróleo já era um mar de oportunidades para as pequenas empresas.
Agora, com os mega-campos da Bacia de Santos, o céu é o limite", exulta Eliane Borges,
coordenadora do convênio Sebrae-Petrobras. Para as micro e pequenas empresas, o grande
desafio é trabalhar de acordo com as exigências e demandas desse rico e próspero setor. Devem se
tornar mais competitivas, como exige a Petrobras, inclusive para substituir as importações de
produtos e serviços.
"O futuro é agora. A Petrobras nunca abriu tanto as portas para o fornecedor nacional", diz Hilton
Marinho, da empresa de automação industrial TS Soluções, de Fortaleza (CE), que exibiu durante a
feira um computador de vazão de óleo e gás produzido com tecnologia de ponta. A função do
computador, desenvolvido durante um ano e meio de pesquisas, é medir a produção de petróleo e
gás ao longo da exploração.
Já a Mult Soluções, uma das participantes da Rede Petro de Sergipe, desenvolveu um equipamento
capaz de detectar diferentes tipos de gases ¿ em baixa e alta concentração ¿ durante o processo de
perfuração de um poço e que ainda manda informações em tempo real. Não existe nada parecido
com esse engenhoso sistema no mercado, o que despertou o interesse da Petrobras, que já
comprou algumas unidades.(RM)
*Os textos aqui apresentados são extraídos das fontes citadas em cada matéria, cabendo as fontes
apresentadas o crédito pelas mesmas.
http://www.sebrae-sc.com.br/noticias/default.asp?materia=16433

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