Arquitetura arrojada

Transcrição

Arquitetura arrojada
WAY
Papéis de parede
Românticos, orientais,
clássicos, florais...
Eles estão de volta
para decorar os mais
diversos ambientes
Viva a sua casa
Queijo e vinho
Aprenda aqui como
servir essa dupla
imbatível do inverno
com muito estilo
Arquitetura
arrojada
Com espaços amplos,
iluminação privilegiada, passarela
superior e vista para a Mata Atlântica,
esta casa é o refúgio dos sonhos
12
13
Sumário
40
Edição 5
14
42
SEÇÕES
Carta ao Leitor
As razões deliciosas para curtir a sua casa durante
a temporada mais fria do ano.
Correio Way
Mensagens de leitores com dúvidas, sugestões de
matérias e outros comentários.
Modernidade
Novos aparelhos de som reúnem o que há de
melhor em tecnologia e design.
Casa Verde
Produtos à base de madeira certificada, shopping
bags, mandalas de papel kraft... Lindos objetos
que respeitam a natureza.
Os Eleitos
Renda-se à graça e originalidade de uma seleção
incrível dos bonecos de toy art.
12
INSPIRAÇÃO
06
08
10
12
14
Arte por toda parte
Móveis brasileiros antigos e
quadros e esculturas de artistas
consagrados compõem o criativo
apartamento do arquiteto William Maluf.
O arquiteto Arthur Casas construiu uma
belíssima residência no meio da Mata
Atlântica, que se transformou em seu
refúgio e espaço para trabalhar.
A felicidade mora aqui
Na casa da artista plástica Isabelle
Tichuband, cores, quadros e materiais
diferentes criam um ambiente
descontraído e alegre. No fundo do
quintal encontra-se o ponto alto da
casa: um ateliê todo envidraçado.
Conheça a luminária Alodri, feita artesanalmente
com papel de arroz plissado e inspirada no
conhecido estilo das lanternas orientais.
66
Alta tecnologia e total sustentabilidade
são as características do prédio
comercial da Gafisa, em São Paulo,
o Eldorado Business Tower.
44
10
22
DECORAÇÃO
16
Convite ao prazer
Valorizadas pelos novos empreendimentos
imobiliários, as varandas são o espaço ideal
para os momentos de descanso e de diversão.
Saudação ao inverno
Cercada pela floresta
Verde e inteligente
Objeto de Desejo
38
22
Três propostas interessantes para lareiras,
recurso que não só afugenta o frio como
ainda rende boas idéias de decoração.
36
Conforto total no banheiro
38
pelo mundo
Com a cara da estação
Mudanças estratégicas de objetos, enfeites
e cores transformam uma sala típica de verão
em um ambiente totalmente invernal.
Múltiplas sensações
De volta à moda, os papéis de parede ajudam
a dar uma cara nova e original aos ambientes.
54
Os bons companheiros
A combinação imbatível do queijo com
o vinho é a pedida ideal para encontros com
os amigos e até jantares românticos.
Escultura a céu aberto
O Hotel Marqués de Riscal, situado
no norte da Espanha, encanta pela
arquitetura arrojada inspirada pelo vinho.
CASA
30
Dicas inteligentes para organizar esse
local de relaxamento com capricho,
ordem e funcionalidade.
40
42
44
50
60
Capa
Detalhe da sala,
da passarela
superior e do
escritório da casa
da matéria “Cercada
pela Floresta”, em
Iporanga, São Paulo.
Fotos de Marco
Antonio e produção
Tiago Cappi.
LLiV
Editorial
Valorize sua casa
Caro leitor,
O inverno é a época em que ficar em casa se torna um programa
ainda mais atraente. É aconchegante deitar no sofá, ouvir música,
acender a lareira e tomar um vinho. Pode ser na companhia dos
amigos, da família, dos filhos... O que vale mesmo é a convivência
em um ambiente bonito e confortável.
Para ajudá-lo na estimulante e divertida tarefa de transformar sua casa,
WAY deste mês traz várias reportagens sobre objetos, móveis e acessórios
que fazem a diferença. Exemplos? Na seção Modernidade, você vai
encontrar aparelhos de som incríveis para cada cômodo da sua casa.
Em Os Eleitos, selecionamos vários Toys Art, brinquedos com status de
objeto de arte que decoram e encantam.
Esta edição traz também duas matérias surpreendentes sobre o mundo
moderno. Uma delas revela como os criadores do Edifício Eldorado
Business Tower construíram o quarto prédio mais verde e inteligente
do mundo. Outra matéria mostra toda a ousadia arquitetônica do
hotel Marqués de Riscal, na Espanha, localizado entre as cidades
medievais da Rioja. Viaje conosco para esses destinos!
Equipe Way
WAY
Correio Way
Viva a sua casa
Brunch delicioso
Adorei as idéias da última Way para receber
bem. As receitas, sugestões de cardápios e
os detalhes da decoração são de bom gosto.
Essa matéria me inspirou a convidar os
amigos para passar um domingo em casa
num clima de descontração e aconchego.
Isabela M. Castro, São Paulo, SP
Projeto incrível
A nova Way está o máximo! Gostei das
sugestões de decoração, dos ambientes
fotografados, dos objetos modernos e das
propostas arquitetônicas. O projeto gráfico
está lindo; e as matérias, cheias de boas
idéias para deixar a minha casa e de outros
leitores mais charmosas e requintadas.
Parabéns a toda a equipe!
Clarice dos Santos Gouveia, São Paulo, SP
Eu e minha família, finalmente, vamos
realizar o sonho de morar num sítio,
no interior de Minas Gerais. Como
nascemos e vivemos sempre na capital
paulista, nosso estilo é bem urbano
e estou sem idéias de como decorar
o local. Adoraria ver nas páginas da
Way soluções criativas para esse tipo
de ambiente. Desde já, obrigada!
Cibele Menezes da Cunha, São Paulo, SP
Achei incrível a casa sobre as águas da
Suécia, na Way número 4. A paisagem do
local, a arquitetura e o espaço interno da
residência são um convite ao bem-estar e
à modernidade. Fiquei sonhando com o dia
em que terei condições para viver num
local assim. Simplesmente maravilhoso!
Júlio da Silva Correia, Rio de Janeiro, RJ
Que tal vocês publicarem nas próximas
edições uma supermatéria sobre piscina?
Nela, pode ter informações de como
cuidar da piscina, que tipo de azulejo
usar, as cadeiras e os estofados legais
para usar em volta, copos especiais
para servir drinques para quem toma
sol, projeto de paisagismo ao redor
da piscina, e muito mais. Estou
aguardando!
Silvia G. Porcini, Rio de Janeiro, RJ
Revista excelente
Caros senhores, parabéns pela excelente
revista Way. Sou adquirente de uma
unidade do empreendimento Enseada
das Orquídeas e desde a aquisição passei
a receber a Way. Ocorre que só passei a
recebê-la a partir da segunda edição.
Como eu gostei muito da revista, quero
solicitar-lhes o envio do primeiro exemplar.
Rubem Prado Hoffmann Jr., por-email
Colaboradores
Christiane Mattos Calvo, Claudia Furini Pantiga,
Erika Fugiwara, Natalia Martins Bezerra de Menezes, Renata
Kac, Renata Brasileiro Lima e Tatiana Machado.
GAFISA – www.gafisa.com.br – 0800-7733500
Gostei muito das estampas florais,
listradas e lisas sugeridas para forrar
sofás, publicadas na última Way. Esse é
o tipo de recurso econômico que produz
efeitos incríveis em qualquer sala.
Inês Gomes Fermi, Salvador, BA
Um pedido
Sou fã do trabalho desse famoso arquiteto
há muitos anos e fiquei feliz ao ver a
reportagem que mostra ambientes da casa
dele. Para variar, o Armentano conseguiu
ótimas soluções para cada ambiente, unindo
elementos modernos com outros antigos.
Marcelo A. Vieira, Porto Alegre, RS
Responsáveis pela revista
Gerência Nacional de Marketing e Vendas
José Carlos C. Cunha
Gerência de Marketing Institucional
Débora Girardi de P. Rapoport e André Luiz Chagas Pereira
Belas estampas
Cenário flutuante
João Armentano
Um sítio original
Correções
• Na revista Way 4, na página 45,
o tecido em cima da cadeira é o
Arabesco Bordado, que custa R$ 98.
• O arquiteto e designer Sergio
Rodrigues não foi o criador da Oca,
no Parque do Ibirapuera, como foi
publicado na revista Way 4. Este,
na verdade, é o nome de sua famosa
loja de design de interiores.
Para participar desta seção,
mande um e-mail para
[email protected]
DIRETORIA
Diretor-Geral
Frederic Zoghaib Kachar
Diretor Editorial
Paulo Nogueira
Diretor de Mercado Anunciante
Gilberto Corazza
Diretora Editorial Adjunta
Cynthia de Almeida
Diretor de Criação
Saulo Ribas
Redatora-Chefe
Roberta Ristow
Editor de Arte
Rodolpho Vasconcellos
Assistente de Redação
Denise Maiauskas
Colaboraram nesta edição
Editoras Heloísa Noronha e Vera Ligia Rangel
Chefe de Arte Carolina Pérez Ferrés
Arte Catherina Borelli Figueiredo e Cristiane Pino
Revisão Luiz Volpi
Colaboradores Adriana Setti, Alain Brugier, Beatriz
Marques Dias, Carlos Piratininga, Débora Caruso, Dulla,
Flávia Benvenga, Juliana Motter, Luís Alberto Nogueira,
Luis Gomes, Marco Antonio, Paulo Varella, Regiane Mancini,
Silvia Goichman, Tiago Cappi, Viviane Gonçalves e Xico Buny
A revista Way é uma publicação trimestral distribuída
gratuitamente, produzida e editada pela Editora Globo S/A
sob encomenda da Gafisa.
Impressão Globo Cochrane Gráfica e Editora
modernidade
Ouvir música é sempre
relaxante e divertido. Por isso,
Way separou para você os
melhores equipamentos para
cada espaço da sua casa
Por Luis Alberto Nogueira e Débora Caruso
PRÁTICO E
MODERNO
Um dos designs mais
reconhecidos da Bang
& Olufsen, O BeoSound
1 ganha nova cor:
verde. Este compacto
e portátil sistema de CD
e rádio integrados, com
um auto-falante, é ideal
para dar um toque
moderno à cozinha.
Preço sob consulta.
Direto do estúdio
Álbuns estão sendo lançados em DVD com qualidade
de áudio superior à do CD. Este aparelho da LG é a pedida
para levar sua banda favorita para a sala. Permite pausar e
retroceder a programação ao vivo do rádio. Por R$ 1.899.
10
BALADA
CASEIRA
O iPulse, sistema de som para
iPod com luzes coloridas e alto-falantes
integrados, lembra o jogo Genius, dos anos 70.
Pode enfeitar o quarto e criar uma festa particular.
Por R$ 999, da Sharper Image.
Fotos: Divulgação
Som
na caixa
Aparelho
portátil
Com um som potente,
o BeoSound 3 Bang
& Olufsen pode ser
carregado para todos
os locais, inclusive
o banheiro. Tem um
design retrô e alto
falantes com ótima
performance. Toca
rádio FM e gravações
de cartões de
memória. Preço
sob consulta.
Tamanho ideal
O Flat Áudio System, da Philips, cabe perfeitamente em cima da
cômoda ou em alguma prateleira no quarto. Possui porta de CD frontal
com visor luminoso e permite a gravação de músicas em dispositivos USB ou
MP3 players. Tem controle de som digital e timer automático. Por R$ 699.
BEM POTENTE
Tem a maior
potência dos
mini systems da
Sony (880 W). Possui
quatro efeitos de
som: borbulhante,
metalizado, com
várias vozes e retardo
na saída de som. As
músicas no formato
MP3 são aprimoradas
pelo MP3 Booster.
Boa opção para a
sala. Por R$ 2.499.
Vários
formatos
O mini system
da LG pode ficar
tranqüilamente no seu
criado-mudo ou em
alguma parte aberta
do closet. O cubo
sonoro executa vários
formatos (CD, CD-R,
CD-RW, MP3 CD, WMA
CD) e tem conexão USB.
E mais seis modos de
equalização. Por R$ 399.
Músicas do iPod
Discreto e compacto, este aparelho da Philips é ideal para
colocar em alguma prateleira ou canto do banheiro. Ele permite
ouvir as músicas do seu iPod com alta qualidade de som, bastando
conectá-lo à base. Tem tela de cristal líquido, luz de fundo e função
despertador. Por R$ 799.
NOSTÁLGICO
para quem não
abre mão de seus
antigos LPs e gosta de
dar um ar bastante retrô
à decoração da sala, o
micro system Nostalgia
GF290, da Teac, é uma
ótima alternativa. Bem
compacto, mede 44 x
26 x 34,5 cm e pesa
8,5 kg. Toca também CD,
possui tape deck e tem
uma potência em W RMS
de 5 x 5. À venda na
Fnac, por R$ 1.099.
Bonitos e
eficientes,
os aparelhos
têm vários
recursos
tecnológicos.
E ainda
funcionam
como objetos
de decoração
Básico
clean
Este micro system, da Sony, é ótimo para quem deseja ouvir
música enquanto cozinha sem precisar de muito espaço.
Possui entrada para MP3 e CD. Sintoniza 20 emissoras FM e 10
AM e tem uma função que reforça os sons graves. Por R$ 799.
Onde Encontrar Bang & Olufsen: (11) 3082-8277; LG: 0800-7075454; Philips: (11) 6097-2333 ou
0800-550425; Sharper Image: (11) 3061-3551; Sony: (11) 3677-1080; Teac: (à venda na Fnac) (11) 3579-2000.
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Casa Verde
Corbis
Idéias
Pequeno gesto,
grande atitude
Cultive um jardim: ele enriquece
o solo, absorve a água da chuva
— evitando enchentes —, oferece
alimento e pouso para passarinhos
e ainda leva frutas e verduras
orgânicas para a sua mesa.
Corbis
A linha Java une a nobreza
do alumínio com a
madeira teca, extraída de
fonte renovável: Acima, o
aparador duplo, R$ 1.980
12
BONS CATÁLOGOS
A oferta de produtos de madeira
certificada, felizmente, já é tão grande
que mereceu a confecção de dois
catálogos para orientação ao consumidor.
Consultando, você poderá escolher
produtos com base na certificação e
ter a garantia de que foram produzidos
com o menor impacto social e ambiental
possível. Os dois guias estão disponíveis
na internet. O primeiro foi produzido pela
Forest Stewardship Council (FSC), e pode
ser acessado no endereço www.fsc.org.br.
O segundo é uma ferramenta desenvolvida
pela Escola de Administração da Fundação
Getúlio Vargas, com o apoio do Banco Real.
Consulte: www.catalogosustentavel.com.br
estilo durável
A madeira de reflorestamento
teca (ou Tectona grandis) alia
beleza e durabilidade. Muito
utilizada por empresas do ramo
naval, é resistente às intempéries
e também a fungos e cupins.
A boa noticia é que a Tidelli,
especializada em móveis para
áreas externas, lançou a linha
Java, uma alusão à paradisíaca
ilha na Indonésia, com móveis
para varandas e jardins feitos
de madeira teca. Ao todo,
são dez itens, incluindo sofás,
poltronas pufes, mesas de
centro e aparadores. SAC:
0800-2864008.
www.tidelli.com.br
Xico Buny
Por Beatriz Marques Dias
Luminária da
TAG Home, por
R$ 315 (modelo
com 15 cm
de altura)
Sacolas DO BEM
Consumidores do mundo todo usam de 500 bilhões a
1 trilhão de sacolas plásticas por ano, o que significa o
descarte de 1 milhão de unidades por minuto em todo
o planeta. O problema é que essas embalagens são feitas
de polietileno, derivado do petróleo, altamente poluidor,
que leva mais de cem anos para se degradar na natureza.
No Brasil, 9,7% de todo o lixo é constituído de sacolinhas
plásticas. Você pode fazer a diferença e minimizar esse
impacto ambiental se passar a recusar embalagens
plásticas – ou usá-las com parcimônia. Em vez disso,
tenha em casa a sua própria sacola, feita de pano ou de
qualquer material reutilizável, para carregar suas compras.
Uma boa sugestão são as shopping bags da Benedixt.
Preços: R$ 101 a grande, e R$ 76 o modelo infantil.
Tel. (11) 3081-5606 e outros endereços espalhados pelo
Brasil. Site: www.benedixt.com.br.
Na arte de Domingos
Totora, a natureza é a fonte
inesgotável de inspiração:
centro de mesa, R$ 335;
mandalas, de R$ 330 a R$ 888
DIRETO DA FAZENDA
Antigos postes de luz de madeira descartados
em fazendas, que teriam como destino virar
entulho ou ser incinerados, estão sendo
reciclados para se transformarem em lindas
luminárias, produzidas pela TAG Home.
A base pode ser natural ou tingida de
branco ou preto. A altura e as cúpulas são
customizadas de acordo com a necessidade
do cliente. Tel. (11) 3064-7106, SP.
“O segredo não é correr
atrás das borboletas,
mas sim cuidar do jardim
para que elas venham
sempre até você.”
Mario Quintana, poeta
Centro Mesa vazado 100% Kraft - Arango. Foto Xico Buny
Produtos com madeira certificada, arte
que preserva o meio ambiente e dicas para
decorar com estilo e respeito à natureza
Fotos Divulgação. Preços pesquisados em maio de 2008 e sujeitos a alteração.
ecológicas
reduto das plantas
A dupla de ceramistas e paisagistas fluminense Annie
Luporini e Beatriz Vidal, da Barro & Arte, leva em conta as
formas orgânicas de cada planta ou vegetação para criar
seus vasos de barro, simulando as variadas nuances das
pedras naturais. O resultado são ricas composições, ideais
para jardins internos ou pequenos espaços, que recriam
o hábitat das plantas. “As composições são perfeitas para
ambientes urbanos, onde não há terra”, diz Beatriz Vidal.
Barro & Arte: tel. (21) 2471-7769.
Arte consciente
O mineiro Domingos Totora aprendeu muito cedo em Maria da Fé, Minas
Gerais, que atos simples transformam a vida em valores e que arte e a
preservação do meio ambiente são idéias inseparáveis. Com a reciclagem
do papel kraft, o artista cria objetos e esculturas de nuances sempre terrosas,
que aliam beleza e funcionalidade. Mas para Totora o ofício é mais que um
trabalho, é uma maneira de realizar sonhos e transformar pessoas. É assim com
os 20 colaboradores que trabalham no ateliê do artista. Em sua maioria jovens
entre 18 e 24 anos, para quem a arte tem papel libertador. Na Arango, Praça
Villaboim, 99, Higienópolis, SP. Tel. (11) 3666-1013, SP. www.arango.com.br
13
OS ELEITOS
mundo cão
Importado da
Argentina e
confeccionado
com lã, Perros
é um cachorro
original e
divertido. Na
Benedixt, R$ 111.
Que figura!
Será que ele
saiu de um filme
de terror? Não
importa!
O Gloomy Bear
Less Blood é uma
graça. Design de
Mori Chack, na
The Toy, R$ 90.
Duende
Ele não parece
um duende
cibernético? Com
esparadrapo na
testa e cachecol,
O Ice Boot é da
Kid Robot, R$ 35,
na Livraria Pop.
Vamos
brincar?
Febre no mundo inteiro,
os toys art são bonecos
customizados que
divertem e decoram
Por Vera Lígia Rangel
Fotos Dulla
Produção Regiane Mancini
URSO REBELDE
Na testa o
Anarqee Glow
Smoke Bear tem
o símbolo do
anarquismo e seu
corpo parece de
gelo. Da Toy2R,
na Conceito Firma
Casa, R$ 75.
14
HAZmAPO
Com jeito de
robô e cheio
de desenhos
modernos, o
boneco da UNKL
faz sucesso
na estante.
Na Livraria
Pop, R$ 90.
Onde Encontrar: A Lot Of: (11) 3068-8891; Agá Presentes: (11) 3812-1910; Benedixt: (11) 3081-8606; Coleciona Brinquedos: (11) 3062-2226;
Sandy
A charmosa
garota veste
roupa de cacto,
um grande
símbolo de
proteção. Da
Tokidoki, na Doc
Dog, R$ 152.
Fenômeno da arte
pop, o Toy Art
ajuda a resgatar
lembranças da
infância e também
ironiza o estilo de
vida da sociedade
contemporânea.
Tudo com muita
criatividade!
Muito fofo
Quick Bear tem
um jeito bem
charmoso com
seu crachá vip
e corpo azul
listrado. Da
Design Room, na
A Lot Of, R$ 126.
BICUDO
Ícone do grafite,
ele representa
a cidadania e o
ativismo. Este
foi customizado
pelo artista
Ricardo Teixeira.
A Lot Of, R$ 250.
romântico
Com óculos estiloso e desenho de coração
no rosto, o Mole – Happy Tree Friends é da
Mondo Media. Na The Toy, R$ 35.
vaquinha brava
Mozzarella lidera a Moofia, empresa que exporta
leite para escolas, e defende os bons garotos.
R$ 260, na Coleciona Brinquedos.
viajante
Os chiques, tranqüilos e calmos Waapos
viajam pelo mundo, trazendo boa sorte.
Da Argentina, na Benedixt, R$ 231.
MACACO
Com cara de caveira e braços bem
maleáveis, o Monskey Stelly é pura diversão.
Da Monskey, na Agá Presentes, R$ 25.
Mr. BUMPER
Supercolorido e bem gordinho, este simpático
mostrinho faz a alegria de adultos e crianças. Da
Stragenco, na Livraria Pop, R$ 250.
DA FRANÇA
Esta é a sexta edição do Munny I’m French
by Kid Robot. Customizado por designers
franceses. Na Livraria Pop, R$ 42.
dr. cientista
Da Série
Cabeçudos, é
manufaturado
com isopor de
embalagens de
eletrodomésticos.
Da Mutante
Brinquedos,
na O Design
Animado, R$ 85.
HERÓI CHINÊS
Cabelo
espetado,
sobrancelha
arqueada e
roupas sinistras.
É o estilo de
Voltaire, da
Toy2R, na The
Toy. R$ 50.
Conceito Firma Casa: (11) 3068-0380; Doc Dog: (11) 3081-0684; Livraria Pop: (11) 3081-7865; O Design Animado: (11) 3815-6841; The Toy: (11) 7674-0243.
15
Morar Bem
Arte por toda parte
Esculturas extravagantes, obras assinadas por
décadas compõem um universo rico, colorido
renomados artistas brasileiros e móveis antigos de diferentes
e incomum no apartamento do arquiteto William Maluf, em São Paulo
Por Heloísa Noronha
Fotos Alain Brugier
V
ACERVO recheado
O living principal concentra o maior número de obras de arte.
William Maluf tem apreço especial
pela imagem de São Sebastião,
de origem portuguesa. 16
isitar o apartamento do
arquiteto William Maluf,
de São Paulo, significa,
para quem tem um olhar
sensível, tirar a sorte grande. São 380
m², divididos em 14 ambientes, em
que a arte – especialmente a brasileira
– está presente em todos os cômodos.
Não podia ser diferente: o foco no mobiliário com história e em obras nacionais é o mote principal do trabalho
de William à frente de seu escritório,
o Studio Jacarandá. Além dos objetos
comprados em viagens e em endereços
selecionados da capital paulista e do
Rio de Janeiro, ele possui boa parte do
acervo de Lina Bo Bardi e Pietro Maria
Bardi, responsáveis, entre outras criações, pela fundação do Museu de Arte
de São Paulo (Masp). Assim, é possível
contemplar quadros de Mário Bueno,
Israel Pedrosa e Miguel dos Santos, entre outros. “Uma peça que vale a pena
mencionar é uma imagem de São Sebastião de origem portuguesa, do século 17”, conta o arquiteto.
A obra está na parede do living
principal, que ilustra a abertura desta
reportagem. Oriundos da Bahia e de
Pernambuco, outros santos pequenos
sob o armário antigo expressam, segundo William Maluf, mais o desejo
de criar um estilo estético diferenciado
do que um sentido religioso, de fato.
Nesse ambiente ainda se destaca o sofá
com estofado de couro preto e madeira
jacarandá, original da década de 60, do
renomado Sergio Rodrigues – nomereferência em design no Brasil. O mix
com o estilo contemporâneo do sofá de
tom cru, com a mesa de centro e o pufe
17
Morar Bem
Painel alegórico
Na sala de jantar, realce no belo
painel de azulejos criado pelo
artista italiano Guido Totoli. A
imagem representa uma alegoria
a Baco, o deus do vinho. Os
tijolos à vista com pintura branca
provocam um efeito com textura
interessante. O lustre anos 60 é
de murano. Completam o cenário
a grande mesa de mármore e o
aparador e as cadeiras de bambu
laqueados com tinta vermelha.
de couro, do Studio Jacarandá, forma
um visual moderno e colorido.
A decoração, de um modo geral, é
calcada no couro dos estofados, nos móveis antigos e brasileiros de diferentes
épocas (como um carrinho de chá dos
anos 70), na madeira laqueada de branco nos pisos dos cômodos íntimos e sociais e no uso de pastilhas nas áreas de
serviço e na cozinha. Não há uma peça
ultramoderna ou com design pouco
convencional. A modernidade, na concepção de William Maluf, é justamente
misturar elementos antigos e brasileiríssimos com um faro perfeito e um olhar
experiente. Resultado: um apartamento
cheio de personalidade e alma.
Na sala de jantar, a imponente mesa
de mármore faz contraponto com o
aparador e as cadeiras de bambu laqueados de vermelho. Na parede de tijolos
brancos, o painel de azulejos do artista italiano Guido Totoli homenageia
Baco, o deus do vinho. O lustre de murano é dos anos 60. A iluminação do
apartamento, aliás, foi toda embutida
no forro de gesso, com spots dirigíveis
para os quadros e os lustres italianos. A
sala de jantar tem também dois enormes espelhos (2,60 m altura x 1,40 m
largura) com moldura de madeira forrada com veludo. Eles foram colocados
Coleção em destaque
As paredes claras e o piso de madeira com
laca branca, por todo o apartamento, realçam o
colorido dos quadros e as formas e texturas das
esculturas e dos castiçais antigos. Apaixonado
por arte, o arquiteto William Maluf tem uma
coleção incrível, composta, em grande parte,
de peças do acervo de Lina e Pietro Maria Bardi.
Mobiliário com história
William prioriza a decoração focada
no contraste entre a arte e o mobiliário.
A maioria dos móveis é brasileira,
produzidos em diferentes épocas.
O carinho de chá, por exemplo, é da
década de 70 e serve como móvel auxiliar na sala de jantar.
18
Morar Bem
atrás de duas estátuas portuguesas para
refletir e ampliar todo o ambiente.
Espaços amplos e pé-direito alto
também caracterizam o imóvel – um
bom exemplo dessa combinação é a
sala de tevê e música, com sofá e poltronas pretos e uma grande estante de
alvenaria com prateleiras de laminado
branco. O rack, de madeira e horizontal, deixa à mostra centenas de CDs,
prova de que a música é outra grande
paixão do arquiteto. Nos momentos
em que busca inspiração para seus projetos, William Maluf gosta de se refugiar na biblioteca (antes, uma varanda),
sentar-se à poltrona listrada – de autoria do Studio Jacarandá – e folhear
algum livro de sua coleção de obras exclusivas sobre arquitetura e decoração.
O espaço abriga duas estantes brancas,
forradas com tecido branco e verde, e
uma escrivaninha brasileira antiga,
além de vários quadros e vasos.
O vermelho, cor recorrente no trabalho do expert, tinge as paredes do
quarto principal e do quarto de hóspedes. O efeito é acolhedor e realça,
de uma maneira bastante inusitada, o
grande número de quadros e de peças
de decoração – estatuetas, abajures,
caixinhas... O banheiro-suíte do quarto principal também tem uma parte
da parede com tijolos à vista – pintados
de branco para suavizar o ambiente.
As paredes são forradas até 1 metro
(de baixo para cima) com lambril de
madeira pintado de branco – o mesmo
tom dos armários sob a cuba. O tampo
de mármore carrara italiano dá o toque
luxuoso, enquanto pequenos quadros
dispostos entre as prateleiras e nas paredes provam que a arte e a beleza podem ser apreciadas em qualquer lugar.
Ambiente predileto
A varanda transformada em biblioteca
para livros de decoração e arquitetura é o canto favorito de William Maluf. A poltrona listrada leva a assinatura de
seu escritório, o Studio Jacarandá. O espaço conta ainda com uma bela
escrivaninha brasileira antiga.
20
Espaço de lazer
Ambientes amplos e pé-direito alto são as principais
características do imóvel de 380 m². A sala de tevê
e música oferece comodidade para receber os
amigos. Todos os estofados têm couro preto. A
estante, projetada pelo morador, é de alvenaria,
com prateleiras de laminado branco. Enfeites
comprados em viagens dão o tom da decoração.
Apuro nos
detalhes
O banheiro está
ligado diretamente ao
quarto. As paredes são
forradas com lambril
de madeira pintado de
branco, até a altura de
1 metro. Depois, até o
teto, predomina a cor
vermelha. Os tampos
são de mármore
carrara italiano. Tijolos
aparentes, no mural
pintado de branco,
dão um toque
diferente às prateleiras.
Tom quente
Enquanto as salas têm cores claras, nos quartos
(como o de hóspedes, acima) predominam as
cores avermelhadas – uma constante no trabalho
de William Maluf. Imagens orientais, em contraste
com figuras de santos, expressam mais um sentido
estético do que religioso, segundo o arquiteto. A quantidade de obras de arte do apartamento
impressiona, inclusive nos cômodos íntimos.
21
Arquitetura e design
Cercada
pela floresta
A bela paisagem intocada da
Mata Atlântica foi o que definiu
todo o projeto deste refúgio, um
verdadeiro paraíso
Por Beatriz Marques Dias Fotos Marco Antonio
Produção Tiago Cappi
F
oi em Iporanga, condomínio sofisticado do Guarujá,
em São Paulo, que o arquiteto Arthur Casas construiu
a casa de seus sonhos. Quando se deparou com a exuberância da Mata Atlântica, não por acaso declarada
patrimônio mundial da humanidade, o arquiteto decidiu que
ali seria o seu refúgio para todas as temporadas do ano.
Na forma de dois cubos simétricos que acolhem um espaço
central totalmente aberto, o arquiteto concretizou o objetivo
de incorporar a beleza da natureza exterior à cena interna.
“Eu sempre quis uma casa no meio da floresta, num lugar
onde eu pudesse relaxar e recarregar minhas energias”, explica Arthur, que terminou a obra em 2005.
Nesta residência, o espaço interno tem um pé-direito alto,
vedado por portas deslizantes e transparentes e pelas janelas
de vidro contínuas, que vão de um lado a outro da fachada. Os painéis de vidro de 12 milímetros, com 5,5 metros
de altura, foram confeccionados especialmente para o lugar,
assim como os caixilhos de alumínio e vários outros itens.
Para contrastar com a visão da natureza, que, por definição,
apresenta-se de forma selvagem e caótica, a casa é simples, simétrica e quase que minimalista. A integração dos espaços amplia
o convívio e aumenta a interação com o exterior. O grande living
22
23
Arquitetura e design
5. comunicação total
A passarela, no andar superior, faz a
ligação entre os dois blocos da área íntima
1
2
3
24
1. vISTA DESLUMBRANTE
No fundo da casa, cercada por portas
transparentes e janelas de vidro, avistase a exuberância da Mata Atlântica.
3. ESPAÇOS ABERTOS
A amplidão dos vãos e a quase ausência
de barreiras, com a mata ao fundo, dão
uma sensação de liberdade.
2. Madeira resistente
O aconchegante cumaru, de alta
resistência, está em toda parte, inclusive
no piso da residência, criando um bom
contraste com os móveis claros.
4. DEGRAUS QUASE FLUTUANTES
Da sala espaçosa, bem iluminada e repleta
de livros de arte, chega-se ao andar superior
por meio de uma escada moderna de
madeira cumaru, sem corrimão.
O pé-direito alto, as grandes
transparências e a integração
entre os espaços foram as
soluções encontradas para
incorporar a área externa ao
ambiente interno com charme
4
se une com a cozinha e com o escritório, tudo sem divisões. Não é à toa
que a mesa de jantar e a da cozinha são uma só. A delimitação entre os
dois espaços acontece apenas no piso: madeira, na área social, e porcelanato, na cozinha. “O detalhe é que há um pequeno rebaixamento na
área da cozinha que garante uma altura confortável para a preparação
dos alimentos”, explica Arthur.
A amplidão dos vãos, a proximidade com a mata virgem e a quase ausência de barreiras no ambiente, tudo isso somado cria uma sensação deliciosa de liberdade para os moradores. A floresta é o limite! O aconchegante
cumaru está em toda parte. Nos pisos, no revestimento das fachadas, nos
decks... “Poderia ser até outro tipo de madeira, o importante para mim era
criar uma situação de total adaptação com a floresta”, conta o arquiteto,
acrescentando que escolheu o cumaru por causa de sua alta resistência.
Com um visual de perder o fôlego de tão bonito, nada poderia quebrar
o encanto. Todos os elementos arquitetônicos privilegiam a simplicidade
25
Arquitetura e design
6. DIVISÃO INTELIGENTE
A área interna da casa e a
externa são separadas por
enormes portas deslizantes.
7. Hora do Lazer
No fundo da casa, o grande
e confortável terraço é um
convite ao descanso, à leitura
e aos banhos de sol.
6
8. Trabalho inspirador
Ligado ao grande living sem
divisões, o escritório do
arquiteto Arthur Casas tem
iluminação natural de sobra
e uma paisagem inspiradora,
ao fundo, que invade o
ambiente por meio das
enormes janelas de vidro.
8
7
de formas. Por isso, a escada que leva ao pavimento superior tem degraus
de madeira – o cumaru também está presente aqui –, que praticamente
flutuam no ar. O mesmo se pode dizer da delicada passarela, no andar
superior, que faz a comunicação entre os dois blocos da área íntima. É ela
que liga a suíte principal com a ala onde estão o quarto de hóspedes e a
suíte da filha do casal.
O controle da temperatura não é problema ali. Se nos dias quentes a ventilação natural dá conta do recado – o ar-condicionado foi
instalado apenas nos dormitórios –, nos dias frios as portas de vidro
podem ser fechadas, vedando perfeitamente o espaço interno, porém,
sem privar ninguém do magnífico visual.
O espaço ganha ainda mais aconchego com a lareira metálica, que
praticamente levita sobre a sala de estar. Item providencial para o inverno, Arthur a encomendou especialmente dos Estados Unidos. Alguns
degraus abaixo desse ambiente fica a hidromassagem, que simula quase
um banho de rio. Quem entra ali pode até mesmo tocar de leve nas folhagens da Mata Atlântica, num sublime diálogo com a natureza.
O grande terraço voltado para a floresta chama a atenção. Junto a
ele, o deck elevado faz as vezes de um belvedere – pequeno mirante. O
lugar é um convite aos banhos de sol, à leitura, ao convívio e à contemplação. À noite, um telão retrátil, embutido sob a passarela, é baixado,
fazendo surgir um cenário diferente, de entretenimento.
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27
14
15
Estilo de vida
A felicidade
mora aqui
Apaixonada pela Espanha, Isabelle usa um xale e pentes que trouxe do país. Assim ela
parece ter saído da tela ao fundo, pintada por seu pai, Emile Tuchband. A mistura entre
a mesa moderna e as cadeiras antigas traz aconchego e deixa o ambiente interessante
1
2
De tempos em tempos a artista plástica Isabelle Tuchband recria todo
o visual de seu lar, em uma rua arborizada de São Paulo. Paredes são
pintadas, móveis ganham uma nova cara, ambientes são construídos.
Tudo num clima de alegria e descontração!
Por Beatriz Marques Dias Fotos Marcos Antonio Produção Tiago Cappi
L
ogo à entrada da residência de Isabelle Tuchband, o vaso de cerâmica debruçado sobre o muro denuncia o temperamento da dona
da casa. Nele a artista grafou as palavras “meigo, doce, leve”. De
fato, ao ultrapassar o portão, descortina-se o mundo de Isabelle.
Um mundo todo colorido, onde a alegria brota em cada canto. Olhando
bem, o local mais parece uma bela casa de sítio, com quintal grande e árvores por toda parte. É daqueles lugares mágicos que nem parecem estar
a poucos quilômetros do centro de São Paulo.
Começamos nossa visita pelo ateliê, uma construção toda envidraçada.
Ela não existia quando Isabelle se mudou para lá, no princípio de 1999.
É nesse lugar que a artista passa horas do seu dia criando sem parar. Ela
mostra a grande tela com a figura feminina que pintou naquela manhã,
uma encomenda que como tantas outras já tem uma futura dona. No espaço, o número de telas, cerâmicas e desenhos é de perder a conta. Dentro
de um vaso dourado e decorado com figuras femininas, marca registrada
da artista, pincéis e tintas estão prontos para passear, dando vida àqueles
tantos tipos de suporte. A arte de Isabelle é assim: soa como um presente,
toca na alma, tem o tom da celebração.
No terreno comprido e retangular também não existia a cabana de
madeira que ela construiu há alguns anos para ser a lavanderia da casa.
Isabelle conta que ela foi erguida em apenas 15 dias. “Meu marido tinha
ido para Nova York e, quando voltou, a cabana já estava quase totalmente
pronta, só faltava o telhado”, conta, orgulhosa de seu feito. A cabana de
madeira, o ateliê envidraçado e a casa de alvenaria revelam uma mistura
30
de volumes e materiais surpreendente, que mostra a personalidade múltipla e toda a espontaneidade da artista plástica.
Vamos então para o interior da casa: nesse lugar, todos os móveis e
objetos contam uma história especial. Remetem a momentos do coração,
a memórias afetivas. É o caso da grande tela com a cena flamenca que
inunda a sala de jantar com suas cores vibrantes, uma lembrança do pai
de Isabelle, o pintor e arquiteto Émile Tuchband. Nascido em Paris, ele
se apaixonou pelo Brasil e por aqui fincou raízes até sua morte, em 2006.
Suas telas de cores explosivas refletiram a paisagem do país que o acolheu,
e a intensidade com que levava a vida. Isabelle conta com orgulho que,
entre tantas realizações, o pai colaborou com Marc Chagall na pintura do
teto da Ópera de Paris, em 1962. Com um professor desses dentro de casa,
a arte de Isabelle evoluiu naturalmente.
Uma das máximas de Isabelle Tuchband é uma frase que ela ouviu de
Liz Taylor: “Mudar é viver; viver é mudar”, que se aplica também ao seu
conceito de lar. A casa da artista está em constante movimento, em permanente mutação. Um dos seus truques, como ela mesmo diz, é “vestir
a casa”, o que significa operar verdadeiras transformações usando tecidos:
seda, veludo, algodão... tanto faz. “A única exigência é de que eles sejam
puros, o que faz toda a diferença na decoração”, explica.
E como é isso na prática? Bem, Isabelle tem três capas para o sofá: uma
azul, uma crua e uma floral. De acordo com o dia e com seu estado de
espírito, o estofado muda totalmente de cara. À noite, quando recebe para
um jantar, por exemplo, a estampa de flores muitas vezes é a escolhida.
1. A mesa moderna,
assinada por Eero Saarinen,
é enfeitada por castiçais
coloridos Vista Alegre,
trazidos de Portugal, e
pelo vaso com flores.
Esse último foi feito pela
própria Isabelle Tuchband
2. Na entrada da casa,
chama a atenção a
chapeleira, que é na
verdade um tronco de uma
cameleira. Ela foi resgatada
de uma demolição pela
artista na rua onde mora
Estilo de vida
Um dos truques
preferidos da artista
para renovar o visual
da casa é trocar as
cúpulas das luminárias
e abajures. O lustre
de cristal italiano, da
Dominici, por exemplo,
tem dois jogos...
No living, o sofá
está vestido com
sua capa crua.
As almofadas
diferentes junto
com as cadeiras
de palha, a
mesinha chinesa
e as muitas telas
são pura alegria
32
Na suíte do casal, a
cabeceira foi feita
pela artista com um
antigo baú vindo do
Líbano que estava
sem utilidade. Os
quadros e bichinhos
de pelúcia deixam o
ambiente convidativo
A mesma idéia vale para as almofadas, que transformam o astral do ambiente e, de quebra, emprestam-lhe aconchego.
Forrar abajures e luminárias é outra diversão da artista. O lustre de
cristal italiano, da sala de estar, tem dois jogos de cúpulas. Quando se
cansa de um deles, é só trocar. Recentemente, a luminária sobre a mesinha
lateral chinesa – uma preciosidade do século 19 - também teve seu tecido
alterado. Ganhou um revestimento trazido especialmente de Damasco.
“Lá é que estão os tecidos mais lindos do mundo”, conta. “Quando estive
naquele lugar, alucinei com as estampas e texturas”, diz, lembrando de seu
enorme entusiamo na passagem pela Síria.
Isabelle também é entusiasta da mistura de móveis clássicos e modernos. Esse é o caso das cadeiras Luis XV e da papeleira francesa do século
19, que estão no mesmo ambiente da mesa contemporânea, um clássico do
design assinado por Eero Saarinen. De resto, as peças vão e vêm, como é
o caso da imagem de Nossa Senhora do Bom Parto dada por uma amiga,
na época que Isabelle estava grávida do pequeno Max. Nascimento bemsucedido, a imagem pôde então seguir seu rumo, indo parar na casa de
outra futura mãe que necessitava de apoio espiritual.
33
Estilo de vida
Os pincéis de diferentes
espessuras são colocados
dentro de uma cerâmica feita
pela própria Isabelle, adornada
por figuras femininas. Eles estão
prontos para preencher as telas
com suas cores vivas, uma marca
registrada do trabalho da artista
No quintal, o ateliê
envidraçado e a casa de
alvenaria revelam uma mistura
de volumes e materiais
interessante e surpreendente
Além disso, alguns achados e peças recicladas personalizam os ambientes. É o caso da chapeleira que fica diante da porta de entrada. Sua origem
foi uma árvore de camélia que um dos vizinhos da rua derrubou sem dó.
Isabelle a resgatou de lá, já um tronco sem vida. Trouxe para casa e eis que
o desenho natural da peça falou por si, trazendo uma nova utilidade.
O mesmo se deu quando a artista decidiu fazer uma cabeceira para a
cama de casal. “Desmontei um antigo baú do Líbano e aí foi só colocá-lo
na parede do quarto”, conta. E não é que ficou o máximo? A sombrinha
34
vinda da Tailândia que faz as vezes de cúpula para o lustre da sala de
jantar é outro objeto que coloca graça e personaliza o ambiente. Para arrematar o conjunto, as paredes dos ambientes estão sempre recebendo novas
cores. A sala de jantar acabou de ser pintada de verde folha, ficando os
batentes das portas amarelos e o teto azul. Na cozinha, o rosa ofereceu um
ar doce ao ambiente. Mas será que é tão fácil assim misturar tantos tons?
Como não errar? “O importante é deixar fluir o lado criança que existe em
cada um de nós”, ensina com sabedoria.
Como o ateliê é todo envidraçado, a
artista pode pintar suas telas e fazer
suas cerâmicas desfrutando da gostosa
paisagem externa. O lugar mais parece
uma casa de sítio, para deleite da família
Ambientes
Hora de contemplar
O paisagista Ricardo Pessuto
e a arquiteta Shênia Nogueira
conceberam um “jardim das
delícias” contemporâneo, ideal
para os momentos de descanso e
relaxamento. O deck de madeira e
a chaise-longue merecem destaque.
Convite ao prazer
Em alta hoje em dia, as varandas permitem várias disposições de móveis
e objetos e são um bom espaço para os momentos de ócio ou de lazer
Por Heloísa Noronha Fotos Luis Gomes Produção Silvia Goichman
E
Lugar de convívio
O estilo balinês dos móveis
principais atrai os olhares na
proposta de Débora Aguiar.
A arquiteta apostou no uso do
ambiente para reuniões informais
e incluiu uma mesa de refeições
e uma churrasqueira.
36
las aumentam a luminosidade natural dos apartamentos, desafiam o senso estético na hora de decorá-las, cumprem muito
bem a função de ajudar as pessoas a manter o contato com a
natureza e, bem aproveitadas, podem se tornar o ambiente mais
gostoso do apartamento. Valorizadas pelo mercado imobiliário – são o
chamariz nº 1 de muitos prédios em construção –, as varandas têm merecido destaque nos escritórios de design de interiores e de paisagismo nos
últimos tempos. Versão moderna dos convencionais jardins de inverno,
elas estão cada vez mais convidativas. Para ilustrar essa tendência, escolhemos dois projetos bem distintos, mas que falam a mesma linguagem
quando o tema é bom gosto e total aproveitamento do espaço. A arquiteta
Shênia Nogueira, por exemplo, privilegiou o uso de materiais naturais,
como a madeira de demolição no deck e as fibras naturais na chaise-longue de couro sintético Saccaro, para decorar um espaço de 20 m², integrado ao living de um apartamento de 300 m². A natureza se impõe: entre
as plantas escolhidas para o ambiente estão phoenix, Levistonea chinensis,
aspargo, nolina e agave. De acordo com Ricardo Pessuto, paisagista responsável pelo projeto, essas espécies se harmonizam perfeitamente com
as varandas, são resistentes às mudanças de condições climáticas e não
necessitam de manutenção periódica. Toda fechada com vidro, a varanda
tem uma bela vista para o bairro do Tatuapé e o Jardim Anália Franco,
na zona leste de São Paulo. A junção do piso de granito com a parede de
tijolos exibe um apelo rústico sutil, completado pelos vasos vietnamitas.
Essa varanda é um refúgio de descanso e contemplação.
Já o projeto da arquiteta Débora Aguiar tem traços sofisticados e o
objetivo claro de reunir pessoas – basta prestar atenção na mesa baixa
redonda, nas poltronas étnicas e na mesa e nas cadeiras para refeições,
tudo da marca Arredatori. Com 38 m² de extensão, em um apartamento
de 300 m², a varanda tem mármore travertino com deck de madeira e não
é fechada com vidro. Há um toldo vertical de plástico resistente e incolor,
colocado em ação (ou não) conforme a necessidade dos moradores.
Integrada às salas de estar e jantar, a varanda conta com uma churrasqueira com pia, garantia certa de almoços inesquecíveis. Para criar um
clima intimista no inverno, há lanternas em pontos estratégicos. A iluminação fica ainda por conta de lâmpadas AR 70, ideais para o pé-direito
alto da construção. Charme extra: o uso de bambu mossô. O resultado
remete à exótica cultura balinesa e torna a varanda um ambiente propício
a um repouso merecido ou a um alegre encontro.
Onde Encontrar
Débora Aguiar: (11) 3889-5888; L’Oeil: (11) 3085-3211; Ricardo Pessuto: (11) 2093-0515; Saccaro: www.saccaro.com.br; Shênia Nogueira: (11) 2293-3179/6193-0498.
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Soluções
Menos sóbria
Pintados com pátina branca, os tijolos
dão cara nova à tradicional lareira
quadrada (1,20 m x 1,20 m). Tons fortes
na decoração, móveis claros e o quadro
estrategicamente posicionado quebram
a sobriedade do ambiente.
Saudação ao
inverno
Design
diferenciado,
uso de vários
tipos de
madeira e
integração total
à decoração
são o segredo
das lareiras
que esbanjam
estilo e
personalidade
Por Heloísa Noronha
Fotos Luís Gomes
Produção Silvia
Goichman
Puro requinte
Embutida na imensa parede
revestida de madeira
sucupira, a lareira criada
por Fernanda Marques atrai
todos os olhares neste
projeto sofisticado. O piso
é do mesmo material.
38
N
ada mais gostoso do que espantar o friozinho, a dois ou na companhia da família e dos amigos, sentindo o calor aconchegante
que vem de uma lareira. Esqueça, porém, o convencional apelo
rústico desse tipo de projeto. Hoje vale a pena investir em composições inusitadas, em que a lareira é incorporada totalmente à decoração,
sem causar conflito estético. A madeira – material em alta, ultimamente
– aparece com freqüência. Os clássicos tijolos, é claro, ainda são imbatíveis,
mas ganham arrojo com uma pintura especial, por exemplo.
Conhecida por seu trabalho com traços contemporâneos, a arquiteta
Fernanda Marques desenhou um projeto em que coloca a lareira como o
ponto de destaque da sala. Com as medidas de 100 cm x 70 cm, além de
um espaço exclusivo de 70 cm x 70 cm para as lenhas, ela surge embutida
na parede à base de madeira sucupira – o mesmo material que reveste o
piso do ambiente. O conjunto é surpreendente e sofisticado. Indireta, a
iluminação é feita por focos de luz que criam múltiplos efeitos sobre a madeira, realçando a lareira. “O resultado combina com o perfil da família,
um casal na faixa dos 40 anos com filhos adolescentes que adoram curtir
bons momentos juntos”, comenta Fernanda Marques.
Já a lareira concebida por Paula Gambier fica no segundo andar de uma
cobertura, em um espaço que reúne sauna, bar, piscina e gazebo. “A idéia
foi agregar toda a parte de lazer em um único pavimento. Escolhi a madeira
freijó para a lareira porque ela tem caráter decorativo e ainda exala um clima
de aconchego”, diz a arquiteta. A estante (do mesmo material), a iluminação
indireta e o piso de cerâmica rústica completam o cenário de sonhos para
assistir a um bom filme com os amigos mais queridos, nas noites frias.
O mix entre os estilos clássico e moderno foi a aposta da arquiteta
Lica Cukier, que investiu nos tradicionais tijolos para revestir a lareira
– o diferencial é que eles foram patinados de branco. “O formato do
cômodo faz com que a área de home theather e a sala fiquem integradas e possam usufruir da mesma lareira”, explica a arquiteta. O assoalho de ipê e a laca branca dos móveis contribuem para a amplitude
do ambiente, assim como a decoração em tons neutros. O toque de
modernidade fica por conta das almofadas de cores vibrantes de Nelita
Turcato e do quadro pregado junto à lareira. “É tendência e fica muito
bonito e original”, garante Lica.
total aconchego
Integrada à área de lazer
no segundo piso de uma
cobertura, a lareira de Paula
Gambier tem 2,80 m x 1,70 m
e é feita de madeira freijó.
O piso de cerâmica
rústica garante a sensação
de conforto.
Onde Encontrar: Fernanda Marques: (11) 3849-3000;
Lica Cukier: (11) 3079-5080; Paula Gambier: (11) 3846-1989/3848-9743.
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Boas idéias
Com a cara
Truques básicos como mudar enfeites, trocar cores
de almofadas e jogar uma manta por cima de uma
poltrona deixam a sala com um ar de verão ou
invernal. Inspire-se nas nossas propostas!
Por Heloísa Noronha Fotos Carlos Piratininga Produção Débora Caruso
Q
uem adora novidades e costuma
se cansar rapidamente da decoração da própria casa pode, com
práticas transformações, dar cara
nova à sala em cada estação do ano. Para ilustrar esta reportagem, incrementamos um ambiente-base da decoradora Christina Hamoui,
no show-room da Artefacto, em São Paulo, com
objetos que remetem ao verão e ao inverno. Os
móveis são os mesmos, nas duas propostas.
40
Como na temporada de frio as pessoas se tornam mais caseiras, predispostas a curtir as delícias do lar e a receber amigos e parentes para
um bom papo madrugada adentro, aumentar
a sensação de conforto é essencial. O primeiro
passo é fazer bom uso das cores que já existem
em cada espaço da sua residência. Se no verão
quanto mais luminoso o ambiente, melhor, no
inverno o objetivo é criar uma atmosfera aconchegante. Isso é possível com nuances acinzen-
Frescor do verão
Papel de parede de material
vinílico, marca francesa
Casamance, Wallpaper. Sofás,
poltronas, pufe, mesas laterais
e de centro e almofadas de
seda pura e linho, Artefacto.
Luminária e abajur Vivi, com
base de vidro transparente,
sensor de luz e cúpula de
tecido branco, Puntoluce.
Tapete, By Kamy.
Vaso bege de porcelana,
bandeja de rattan redonda,
copos coloridos, jarra de vidro
transparente, fruteira pequena
de porcelana e cinzeiro
de porcelana, L’Oeil. Vaso
transparente, Roberto Simões.
Flores, Ofício das Flores.
da estação
tadas e terracotas nas paredes. Não é preciso
pintar toda a sala – um bom papel de parede
pode dar vida nova ao espaço, conforme a necessidade de seus moradores.
Também vale a pena colocar em prática o
recurso das cores em almofadas. Em tons vibrantes e enérgicos como verde, laranja e amarelo, elas remetem aos dias quentes de verão e
deixam o ambiente mais alegre. Já as nuances
terrosas e escuras convidam ao repouso, a se
esparramar no sofá para ler um livro, tomar
um chá quentinho ou ver um filme – cenas
típicas de inverno. Os tecidos também têm
papel fundamental: basta prestar atenção no
efeito de uma manta de cashmere jogada sobre
uma poltrona. Trocar um tapete de sisal ou
com fios de seda por um felpudo, de lã, também sinaliza a mudança de estação.
Na hora de escolher os objetos decorativos,
os materiais fazem uma boa diferença. Enquanto no ambiente de verão o modelo de abajur apresenta vidro transparente com cúpula
branca, no de inverno, é cromado, mais sóbrio
e sofisticado. Vasos transparentes ou escuros,
copos de tons claros ou xícaras de chá, luminárias, cortinas, tapetes, toalhas de mesa... Existem, enfim, infinitas possibilidades para dar
uma identidade ao ambiente. Por último, não
podemos esquecer das flores: lírios combinam
com verão; rosas, com inverno. As orquídeas,
porém, estão super em alta e ficam lindas na
sala em qualquer época do ano.
Inverno Mais sóbrio
Papel de parede Wallpaper
Omexco, Wallpaper.
Sofás, poltronas, pufe,
mesas laterais e de centro
e almofadas de linho
lisas, listradas e bordadas,
Artefacto. Luminária e
abajur Goa cromado de
policarbonato injetado,
Puntoluce. Tapete, By Kamy.
Vaso preto de cerâmica, L’Oeil.
Manta GEM sobre a poltrona,
Trousseau. Vaso preto de
cerâmica, jogo de chá com
bandeja e cinzeiros, L’Oeil.
Onde Encontrar
Artefacto: (11) 3061-5855; By Kamy: (11) 3081-1266; Christina Hamoui: (11) 3071-0006; L’Oeil: (11)
3085-3211; Ofício das Flores: (11) 3079-3425; Puntoluce: (11) 3062-2899; Wallpaper: (11) 3062-2899.
41
42
para a temporada. Entre os materiais estão
em alta os texturizados, os vinílicos e os de
TNT (conhecidos por “tecido não tecido”,
feitos à base de polipropileno).
E, para finalizar o tema, algumas vantagens: os papéis de parede são mais duráveis
que a pintura e costumam ser colocados em
pouco tempo – às vezes, em um único dia. A
limpeza e a conservação dependem de cada
tipo de material, mas, em geral, basta usar
um pano úmido sobre a superfície.
Onde Encontrar Andréa Araújo: (11)
3083-7687; Bacco’s: (11) 3825-2302; Bucalo:
(11) 3064-2397; Celina Dias: (11) 30620466; Chambret: (11) 3085-9574; Hoshino:
(11) 3031-3966; Secrets de Famille: (11)
3083-7949; Tribes: (11) 3034-6108; Urban:
[email protected]; Wallcovering:
(11) 2295-4422; Wallpaper: (11) 3062-2899.
FLORAL Fundo azul com ramos de flores
douradas, The Carlisle Company, Bucalo,
R$ 480 (rolo)
RÚSTICO Com fundo bege e desenhos
de folhas, Shanghâti, Celina Dias,
R$ 300 (rolo)
Vaso margarida, Secrets de Famille, R$ 169
Porta-vela de cerâmica Chambret, R$ 173
Potiche, Andréa Araújo, R$ 170
Máscara mexicana, Andréa Araújo, R$ 197
ORIENTAL Desenho oriental com fundo
bege e desenhos de cerejeiras, The Carlisle
Company, Bucalo, R$ 470 (rolo)
ELEGANTE Com fundo azul-marinho e
desenhos florais, Ralph Lauren, Celina Dias,
R$ 300 (rolo)
ÉTNICO De material vinílico, com fundo
marrom e desenhos de mandalas douradas,
marca francesa Casamance, álbum London,
Wallpaper, R$ 430 (rolo)
CLÁSSICO De TNT com listras irregulares
beges e cinzas, marca belga Omexco, álbum
Disco, Wallpaper, a partir de R$ 110 (metro)
Camponês e gueixa de porcelana, Hoshino, R$ 170 (cada um)
Q
uem achou que eles estavam
ultrapassados errou feio. Distantes há algum tempo dos
projetos dos designers de interiores, os papéis de parede voltam à cena em
grande estilo. Com cores modernas e diversos
materiais, são um revestimento de fácil aplicação e podem dar um toque diferente a qualquer ambiente. Combinados com os objetos e
os móveis certos, reforçam, inclusive, algum
estilo de decoração (romântico, clássico, masculino, etc.). Alguns proporcionam a sensação
de profundidade, tornando um determinado
espaço maior e até mais aconchegante.
Motivos orientais, florais, arabescos, retrôs e listrados são as padronagens do momento, segundo Rômulo Russi, docente do
curso técnico Design de Interiores, do Senac
São Paulo. Ele aponta o roxo, o dourado, o
palha, o preto e o cinza como opções de tons
EXTRAVAGante Desenhos de arabescos
em preto e branco, Eiffinger, álbum
Supernova, Wallcovering, R$ 550 (rolo)
ROMÂNTICO Fundo azul-acinzentado com
estampa floral cinza, Warner Wallcoverings,
álbum Glamour Home, Celina Dias, R$ 300 (rolo)
TEXTURIZADO De material vinílico, com folhas
marrons, Warner Wallcoverings, álbum Glamour
Home, Celina Dias, R$ 300 (rolo)
Travessa de porcelana (R$ 29,50) e bolas
decorativas (R$ 172,70, conjunto com quatro)
Por Heloísa Noronha Fotos Carlos Piratininga Produção Débora Caruso
EXÓTICO Com fundo branco e arabescos
rosa e lilases, Eiffinger, álbum Twilight,
Wallcovering, R$ 550 (rolo)
Castiçal Noviembre, Andréa Araújo, R$ 98
Múltiplas
sensações
Cada vez mais elaborados e com motivos
variados, os papéis de parede ajudam a criar um
clima diferente em qualquer ambiente da casa
Lanterna marroquina, Urban, R$ 63
Bule de porcelana com alça de madeira, Tribes, R$ 278
ACONCHEGO Com fundo dourado e
desenhos de galhos e flores brancas, The
Carlisle Company, Bucalo, R$ 480 (rolo)
Caixa chinesa de madeira, Andréa Araújo, R$ 198
VINTAGE Toile de Jouy com fundo creme e
desenhos vermelhos, Laura Ashley, Bucalo,
R$ 270 (rolo)
Passarinhos de cerâmica, Andréa Araújo, R$ 42 (cada um)
MODERNO Com estampa de bolas,
Eiffinger álbum Twilight, Wallcovering,
R$ 550 (rolo)
Vaso Shiny, Andréa Araújo, R$ 86
Vaso Karo de cerâmica, Andréa Araújo, R$ 197
Castiçais de porcelana Isis (R$ 108 cada um) e pingentes
de cristal (R$ 157 cada um), Secrets de Famille
tendências
JAPONÊS Terracota com textura de
fios dourados, Shanghâti, Celina Dias,
R$ 300 (rolo)
43
Receber bem
Ambiente: Débora Aguiar
bom gosto à mesa
Jogo americano de palha, R$ 64
o par, e pacote de guardanapo
xadrez com quatro, R$ 88, Again;
prato de sobremesa, R$ 39, e
bowl com pé, R$ 45, Loeb; jarra
de vidro com alça de prata, R$ 186,
Pepper; travessa de cerâmica,
R$ 85, e prato vazado, R$ 72,
Helvétia House; decantador para
vinho, R$ 40, Bacco´s; taça de
vinho, R$ 24, R$ 26 e R$ 64 (nas
cores verde, violeta e vermelha)
e taça para água, R$ 21, R$ 26
e R$ 36 (nas cores violeta, verde
e vermelha), L´Oeil.
Por Juliana Motter
Fotos Carlos Piratininga
Produção Silvia Goichman
Queijo e vinho são uma ótima
pedida para os dias frios. Bem
combinados, garantem uma
recepção chique, despretensiosa
e o melhor: superprática
44
Os bons
companheiros
B
aixas temperaturas convidam a ficar em casa, comer
coisas gostosas e bater papo com os amigos. Se a idéia
de um petit comitê de inverno aquece a alma, mas falta
disposição para tirar a pantufa e encarar as panelas,
aposte na praticidade de uma recepção com queijos e vinhos.
Informal e de fácil execução, não requer grandes planejamentos. Basta dar uma passada rápida num bom supermercado (de
preferência aquele com uma grande variedade de laticínios e
uma boa adega), providenciar queijos diversos, vinhos que combinem e acompanhamentos que vão bem com a dupla (pães,
patês, frutas frescas, frutas secas, castanhas, geléias). Depois é
só servir, ali mesmo na sala de estar, para poder degustar sem
pressa em clima de aconchego no sofá.
Como escolher queijos e vinhos
O ideal, para que a degustação não fique monótona, é servir
pelo menos cinco tipos de queijo, de diferentes texturas e sabores. Para assegurar essa variedade é importante saber diferenciar um queijo do outro. De modo geral, eles costumam ser
classificados de acordo com o tipo de leite (vaca, ovelha, cabra,
búfala, etc.); a textura (duros, semiduros, moles, macios, etc.); o
grau de maturação (maturado, curado, etc.); e a intensidade de
aroma e sabor. E o vinho? Qual combina melhor com cada queijo? É fundamental que o sabor do vinho realce o do queijo e
vice-versa. Assim, queijos de sabor mais forte devem ser acompanhados por vinhos mais encorpados; e os queijos mais leves,
acompanhados por vinhos suaves. Veja a seguir:
45
Queijos azuis (gorgonzola, roquefort,
bleu d’auvergne, bleu de bresse, bleu de ges).
Apresentam veios azul-esverdeados, textura
irregular, aroma intenso e sabor picante. Eles
combinam com tintos leves italianos (valpolicella, bardolino, barbera), mas também podem ser servidos com vinhos doces como o
sauternes e o moscatel português.
Queijos semiduros (emmenthal,
gruyère, queijo-de-minas curado, provolone,
gouda, edam). Têm a chamada massa cozida e casca dura. Os três primeiros podem
ser combinados com vinhos tintos de médio
corpo e pouco tânicos. O provolone pode ser
1
Acerte na conta
Calcular previamente quanto cada convidado
consome de queijo, vinho e acompanhamentos
é uma forma de planejar a compra e evitar
desperdício – ou pior, a falta.
• Queijo: 400 gramas
• Vinho: 1 garrafa
• Pães: 200 gramas
• Castanhas, frutas frescas e secas: 200 gramas.
servido com um chianti ou um tinto mais
encorpado. Já os holandeses gouda e edam
fazem boa parceria com um shiraz do Novo
Mundo (Austrália ou África do Sul). Também combinam com cabernet sauvignon
chileno e tannat do Uruguai.
Queijos duros (parmesão, grana padano, parmiggiano regiano, pecorino). Devem ser reservados para o fim,
pois como têm sabor intenso, podem
encobrir o gosto dos demais queijos. Em
geral, queijos duros vão bem com barolo
e bordeaux jovens. O grana padano e o
parmiggiano regiano também podem ser
harmonizados com cabernet sauvignon
reserva bem tânico. Já o pecorino, feito
com leite de ovelha, vai bem com um
malbec argentino, de corpo médio.
1.Queijo macio
Uma boa opção para
servir o queijo brie é
colocá-lo no réchaud
(R$ 136), da Pepper.
2.Para os pães
Prática e charmosa, a
cesta de tecido florido
pode acomodar
todos os tipos de
pão e torradas que
acompanham os
queijos e vinhos.
Da Loeb (R$ 69).
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Conjunto de quatro facas para queijo com base, R$ 69, Bacco´s.
bert, saint paulin, coulommiers, etc.).
Geralmente têm o interior tenro e casca
mais dura, muitas vezes esbranquiçada.
São queijos gordurosos, com intenso aroma e sabor. Para acompanhá-los, a melhor
opção são os vinhos brancos estruturados
como chardonnay ou sancerre. Também
vão bem aqui tintos leves e pouco tânicos
(beaujolais e cote du rhone), champanhe ou
cabernet sauvignon maduro.
2
Não basta tirar o queijo da embalagem,
cortar e servir. Existem algumas regras que
aumentam e muito seu potencial gustativo
e melhoram a apresentação. Confira:
• Os queijos não devem ser servidos fatiados
ou cortados em cubos, pois isso prejudica a
textura e o sabor. Sirva as peças inteiras,
acompanhadas de uma faca para cada tipo,
para não misturar os sabores.
• Outro cuidado importante: ao servir, não
deixe os queijos muito próximos uns dos
outros, para evitar eventuais interferências.
• Para que os sabores apareçam e a textura
seja a ideal, os queijos devem ser degustados
em temperatura ambiente, portanto, se eles
estiverem na geladeira, tire pelo menos uma
hora antes de servir.
• Os queijos não precisam necessariamente ficar em tábuas. Colocá-los em pratos de
diferentes estampas é supercharmoso. Opte
por um serviço americano: deixe pratos (de
sobremesa, para não ocupar muito espaço)
empilhados sobre a mesa e disponha os talheres ao lado para que cada um se sirva.
• Queijos como brie e cammenbert ficam
ótimos levemente derretidos. Uma dica é
levá-los ao forno por minutos antes de servir
ou utilizar um prato com um réchaud. O
acessório, vendido em lojas de utilidades domésticas, mantém o queijo quentinho.
• Brie e cammembert combinam muito
com geléias de framboesa e damasco. Passe
uma camada sobre o queijo ou sirva junto,
em pequenos bowls.
4
• Em vez de colocar os queijos na mesa de
jantar, o que torna a ocasião mais formal,
sirva-os sobre a mesa de centro, de preferência ao alcance de quem está sentado no sofá.
Isso deixa a recepção mais intimista.
Os vinhos
Não é preciso ser sommelier para servir um
vinho. Basta seguir algumas regras básicas:
• Abra a garrafa de vinho 15 minutos antes
de servi-lo, para oxigenar.
• Os vinhos brancos devem ser servidos bem
frios; e os tintos, normalmente a uma temperatura entre 18ºC e 20ºC.
• Deixe as garrafas sobre a mesa, próximas
dos queijos com os quais harmonizam.
• Sirva água (com e sem gás) em jarras de
vidro. Para dar um toque refrescante, mergulhe ervas frescas como hortelã e menta.
• Taças de bojo maior são mais elegantes do
que as taças pequenas. Não se preocupe em
ter taças iguais; misturar tamanhos e cores
dá um efeito bem interessante. E ainda evita
que se confunda os tipos de vinho.
cremes e quiches
Em dias muito frios, você pode incluir pratos
quentes como cremes e quiches no menu
de queijos e vinhos. O ideal e que sejam
neutros (palmito, espinafre, alho-poró) ou à
base de um queijo leve para não conflitar
com o sabor dos ingredientes principais. As
sopas podem ser servidas em réchaud para
não esfriarem. Já a quiche fica inteira na mesa,
para que os convidados se sirvam.
3
Zabuton (almofadas), R$ 85, Futon Company.
Queijos macios (brie, cammem-
Os queijos
Jogo americano de sarja, R$ 55, taças de vinho, R$ 62,
taça para água, R$ 74, e prato raso (aparelho com 12 peças), R$ 340, da L´Oeil,
prato de sobremesa (conjunto com 12), R$ 400, Helvétia House.
sit, mascarpone, cream cheese, ricota, cottage, feta e alguns queijos de cabra). Sendo os
mais leves, são ideais para abrir a degustação. Com eles combinam os vinhos brancos
secos, frescos, com boa acidez e aromáticos,
como o riesling e o moscatel. Rosés também harmonizam bem aqui.
Como servir
Travessa de cerâmica, R$ 85, Helvétia House.
Queijos frescos (minas frescal, til-
Placa de queijo de vidro, R$ 47, e conjunto de garfinhos, R$ 35, ambos da Pepper.
Receber bem
3. Decoração
calorosa
Frio pede
aconchego e
a decoração
da casa pode
contribuir
muito para
uma recepção
mais afetiva.
A iluminação,
por exemplo,
é fundamental
para que os
convidados
se sintam
confortáveis
e acolhidos. Aposte em luzes indiretas (de
abajures, arandelas, velas) em vez de lustres,
que têm luz mais forte e agressiva. Providencie
almofadas, futons e mantas para que as pessoas
possam ficar bem acomodadas e aquecidas.
Uma idéia interessante é disponibilizar pantufas
para que os convidados possam tirar o sapato
e ficar bem à vontade.
4. ENCONTRO ROMÂNTICO
Uma noite de queijo e vinho é uma das melhores
opções para o encontro de namorados.
Nesse caso, vale a pena investir em pequenas
surpresas, como deixar um presentinho em cima
do prato do convidado tão especial. Pode ser
uma miniatura para coleção, uma foto sua, algo
que tenha um significado especial para vocês.
A música deve acompanhar esse clima – vale
colocar clássicos e sucessos da MPB, jazz e
blues. Os pratos e os copos podem ter motivos
florais e detalhes bem delicados.
Onde Encontrar
Again: (11) 3662-3372; Bacco´s: (11) 3825-2302;
Futon Company: (11) 3083- 6212;
Helvétia House: (11) 3559-8449; Loeb: (11) 3891-1010;
L´Oeil: (11) 3897-8787; Pepper: (11) 3073-0333.
47
Receber bem
Castanhas deliciosas
Pistache, castanha-do-pará, castanha de caju, avelãs, macadâmia, nozes
e outras oleaginosas são complementos ideais para queijos e vinhos,
tanto que os mestres queijeiros utilizam castanhas na fabricação dos
queijos especiais, para aromatizá-los. Elas podem ser servidas in natura ou
levemente tostadas. Ou ainda fazer parte de receitas criativas.
Nozes picantes
Ingredientes
• 1 clara
• 1 colher (sopa) de água
• 2 xícaras (chá) de nozes
• 1 colher (chá) de sal
• 1 colher (chá) de gengibre em pó
• ½ colher (chá) de pimenta-da-jamaica
• ½ colher (chá) de pimenta-de-caiena
• ½ colher (chá) de páprica picante
Que pães devem acompanhar queijos e vinhos? Os especialistas recomendam
dar preferência aos de sabores neutros e suaves. Inclua uma variedade deles:
com sementes, com nozes, com cereais. Pães integrais, de centeio e pretos
combinam bastante. Torradas neutras e biscoitos tipo água-e-sal fazem boa
parceria com os queijos, especialmente os moles. O pão sueco também vai
muito bem e pode ser feito em casa.
Pão sueco
Ingredientes
• 1 copo de iogurte natural desnatado cremoso
• ½ copo de açúcar mascavo
• ½ copo de óleo de canola ou de girassol
• ½ copo de gergelim branco ou preto
• 1 colher (sopa) de canela em pó
• 1 pitada de sal
• 1 copo de fibra de trigo
• 2 copos de farinha de trigo
Modo de preparo
Em uma tigela, coloque o iogurte, o açúcar, a canela e o óleo. Misture bem para
dissolver o açúcar. Acrescente o gergelim, o sal e a fibra. Junte a farinha de trigo
até obter uma massa firme. Divida a canela em 16 pedaços e faça bolinhas.
Sobre uma superfície lisa, espalhe o gergelim e a fibra de trigo e abra cada
bolinha no formato de um disco bem fino. Coloque em assadeira e leve ao
forno preaquecido à temperatura média (180ºC), por cerca de 5 minutos. Vire
os pães e deixe o mesmo tempo para que assem do outro lado.
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Frutas diversas
Frutas frescas e secas harmonizam muito bem
com queijos e vinhos, além de ajudar a limpar
as papilas gustativas entre um queijo e outro.
As vermelhas como morango, cereja e
framboesa combinam muito com uma noite
desse tipo. Frutas secas como damasco, pêra,
ameixa e uvas-passas também não podem
faltar em uma boa mesa de queijos e vinhos.
Damasco
com cream cheese
Ingredientes
• 50 damascos
• 150 g de cream cheese
• 3 colheres (sopa) de gergelim preto
Modo de preparo
Corte os damascos horizontalmente até a
metade para que possam ser recheados.
Coloque cerca de 1 colher (chá) de cream
cheese no meio de cada damasco e aperte
levemente. Com a própria colher, alise a borda
de cream cheese. Espalhe o gergelim num
prato e empane cada damasco pressionando
o cream cheese nas sementes. Sirva em
seguida, acompanhado dos queijos.
Queijo derretido
Para dar um ar mais romântico à noite de queijo e vinho,
nada melhor do que fazer uma raclete. Ela é perfeita
para ser servida à luz de velas e criar um ambiente mais
íntimo. Acompanhada de pães e geléias, é uma ótima
opção para as noites frias.
Prato de sobremesa, R$ 39, Loeb; espátula de raclete, R$ 466, Pepper;
minibows para geléia, R$ 178, Bacco´s.
Pães suaves
Preaqueça o forno a 150ºC. Numa tigela, bata levemente a clara e a água
com um garfo até espumar. Acrescente as nozes e misture bem. Transfira
para uma peneira e deixe escorrer o excesso. Coloque todos os temperos
num saco plástico limpo, feche e agite bem para misturar. Coloque
as nozes e agite novamente para empaná-las com o tempero. Numa
assadeira, espalhe as nozes e leve ao forno por 15 minutos. Chacoalhe a
assadeira de vez em quando para que as nozes assem por igual. Desligue
o forno e deixe por mais 30 minutos. Sirva quente ou morno. Se sobrar,
coloque num recipiente com tampa e conserve em local seco e arejado.
Bowl com pé, R$ 45, Loeb.
Modo de preparo
Raclete com mix de geléias
Ingredientes
• 800 g de queijo suíço (emmenthal e gruyère)
• ½ pacote de pão preto sem casca
• 8 colheres (sopa) de geléia de pimenta
• 8 colheres (sopa) de geléia de framboesa
• 8 colheres (sopa) de geléia de damasco
Modo de preparo
Corte o queijo em fatias de 0,5 cm de espessura e
arrume no prato em que será servido. Coloque as geléias
em pequenos potinhos e leve à mesa. Quando seu
namorado ou marido já estiver sentado, ligue o aparelho
de raclete e coloque os pedaços de queijo na grelha
para que derretam. Coma com o pão (que pode ser
previamente tostado no forno) e as geléias.
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Q
ual mulher não gosta de tomar um banho relaxante,
tendo tudo que precisa à mão, enxugar-se com uma toalha felpuda, passar seus cremes, perfume, fazer uma
maquiagem... enfim, curtir todo o ritual de beleza em
um banheiro impecável? Se ela não precisar dividir esse território com
ninguém, melhor ainda! Ali poderá usar e abusar do espaço para acomodar exatamente tudo que necessita. Mas como avisa a jornalista
Beth Lima, em seu livro Como Arrumar a Casa (editora Record), um
delicioso manual de bem-viver: “Água e bagunça não combinam!”.
Portanto, mantenha tudo bem guardado e protegido em caixinhas, de
preferência, transparentes. Estas, aliás, são a dica de ouro, segundo a
organizadora profissional Anna Celidonio: “No banheiro, o segredo é
agrupar os objetos de mesma natureza, que muitas vezes são miúdos,
e não deixar nada solto, tanto na bancada quanto nas gavetas e prateleiras. Nesses locais devem ser guardadas apenas algumas toalhas de
rosto e de mão, com o objetivo de se fazer a reposição diária”.
Uma boa sugestão de Beth – que já conheceu casas de muitas celebridades na Europa para fazer suas reportagens como correspondente em
Londres da TV Globo – é personalizar o banheiro, pois “se trata de um cômodo tão usado que precisa expressar nossa individualidade”. Ela ensina
alguns toques de sofisticação. Um deles é enfeitar uma bancada espaçosa
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MAIS COMODIDADE
Os cremes, espuma
e pincel de barba são
colocados em uma
bandeja de vime sintético,
que fica ao lado do kit
de banheiro. Organiza
e enfeita o ambiente.
Conforto
total no
banheiro
Arquitetura: Débora Aguiar. Bandeja Baths com utensílios de barba La Façon. Kit de banheiro
Bacco’s. Bandeja Baths. Toalhas Mundo do Enxoval. Tapete Baths.
Arquitetura: Paula Andrade - ALN Arquitetos. Bandeja Utilplast. Kit de banheiro Baths. Pote floral Utilplast. Tapete Baths.
Copinho de vidro rosa com flores em relevo Espaço Receber. Caixa “Bain” Andréa Araújo. Maleta Baths. Caixas organizadoras Bacco’s.
Organização
Para muitos homens e
mulheres, esse espaço
funciona também para o
relaxamento. Que tal arrumá-lo
com capricho e inteligência?
Por Flávia Benvenga
Fotos Carlos Piratininga
Produção Débora Caruso
ORGANIZADOR
& BANDEJA
À esquerda,
organizador de
acrílico, da Baths,
acomoda os itens
de maquiagem.
À direita, bandeja
de madeira, da
Ultilplast, fica sobre
a bancada e separa
os produtos usados
no dia-a-dia.
Caixinhas
práticas
Esmaltes, cremes,
filtros solares,
óleo para banho
e outros produtos
são agrupados em
caixinhas de acrílico
transparente,
da Bacco´s.
Conservação especial
Se você é amante de perfumes, não caia na tentação de
deixar a sua coleção exposta no banheiro. Mantenha ali
apenas alguns vidros de uso diário. Assim como os remédios,
eles são produtos sensíveis à umidade e ao calor e,
por isso, exigem cuidados de armazenamento.
“Sugiro organizar os remédios em caixas especiais, guardadas
de preferência dentro do armário de roupas, no quarto”,
explica Anna. O primeiro passo é jogar fora tudo que
está com o prazo de validade vencido. Depois, agrupar
os medicamentos similares e os mais usados em caixas
transparentes, com o rótulo para a frente e em local fora
do alcance de crianças. Com relação aos perfumes, os
especialistas ensinam que a conservação deles é muito
importante para manter suas propriedades e aroma.
Eles não costumam perder o cheiro, mas é comum haver
alteração (oxidação). O prazo médio de validade de uma
fragrância é de dois a três anos e, se não for corretamente
armazenada, ou seja, longe da exposição direta à luz, sol
e calor, pode durar bem menos tempo. Portanto, o melhor
é manter seus vidros dentro do armário do dormitório
ou sobre um móvel, num cantinho escuro e seco.
tUDO EM SEU LUGAR
No chão, o porta-revistas de
metal, da Baths, e o cesto duplo
de metal, tecido e rodízios para
a roupa suja, da Utilplast,
deixam o ambiente mais
arrumado e funcional.
com vasos de flores duráveis, como orquídeas, bromélias ou sempre-vivas,
expondo ainda escovas antigas de cabelo ou de roupa, com cabo de prata,
ou porta-jóias de porcelana ou de cristal. “Mostre seus perfumes de vidros
interessantes, deixando ainda espaço para velas”, recomenda.
Banheiro masculino
Desfrutar das delícias de um bom banho e demais ritos de higiene e bemestar não é privilégio feminino. Os homens cada vez mais descobrem esse
prazer e se jogam em águas perfumadas e cuidados com cabelo, barba,
bigode... Em seu livro, Beth Lima conta que o célebre primeiro-ministro
inglês Winston Churchill, nos momentos de maior tensão, ditava suas
cartas e discursos para a secretária imerso na banheira de sua mansão. Ele
estava certo, e muitos homens já sabem disso.
Conhecidos por certos desleixos cometidos no banheiro, como jogar a
roupa suja no chão, bem ao lado do cesto, os homens gostam de ter, na
mais perfeita ordem, os seus apetrechos de barba. E como a praticidade
faz parte do DNA da maioria deles, todos os demais objetos e produtos de
que precisam para ficar limpos e cheirosos também devem estar à mão.
“Seja na bancada, seja no boxe, a máxima ‘agrupar e separar por natureza
do produto’ deve ser seguida à risca”, diz Anna Celidonio. “Se a opção
é colocar sobre a bancada cremes, hidratantes, espuma de barba, loção e
desodorante, acomode tudo em uma bandeja ou cesto; num pote, coloque
o pincel e o aparelho de barba. Mas se você gosta de se barbear durante
o banho, vale investir em um espelho antiembaçante, com espaço para
colocar aquilo de que precisa.”
Onde Encontrar: Andréa Araújo: (11) 3083-7687; Bacco’s: (11) 3825-2302;
Baths: (11) 3034-5952; Débora Aguiar: (11) 3889-5888; Espaço Receber:
(11) 3034-5710 ou (54) 2101-9090; Mundo do enxoval: (11) 3064-1315;
Paula Andrade: (11) 3208-3076; Utilplast: (11) 3088-0862.
Agradecimentos: Natura, J&J, Taiff, Impala, O Boticário, Mundo do Enxoval, L’Occitane e La Façon.
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50
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Gafisa
Verde e
inteligente
O novo prédio comercial da Gafisa, em São
Paulo, o Eldorado Business Tower, é um dos
mais modernos e sustentáveis do planeta
Por Flavia Benvenga Fotos Paulo Varella
I
naugurado em novembro de 2007, o Eldorado Business Tower já se tornou um marco
na paisagem de São Paulo. O imponente edifício de vidro de 32 andares incrustado
na marginal do Rio Pinheiros é a mais completa tradução da harmonia entre modernidade e sustentabilidade. Essas duas palavras, aliás, sintetizam um dos maiores
desafios mundiais: conciliar o desenvolvimento com a proteção ambiental. Ali, a alta
tecnologia foi implementada para garantir conforto ao usuário, respeito à natureza e
redução do custo operacional. O resultado é o título de quarto empreendimento no
mundo a receber o selo Leed CS 2.0 Platinum (Leadership in Energy and Environmental Design), concedido pelo U.S. Green Building Council. A Gafisa foi
responsável pela construção, gerenciamento e consultoria; e o escritório Aflalo
& Gasperini, pelo projeto de arquitetura.
Logo no hall de entrada já se percebe algo especial: ao encostar o crachá
na catraca, na tela à frente, aparece a indicação de qual elevador a pessoa
deve tomar. “Isso permite reduzir o tempo de espera, reunir usuários
com o mesmo destino, ter maior agilidade, melhorar o tempo de trânsito, diminuir o consumo de energia e aumentar a segurança”, diz o
engenheiro da Gafisa Marco Rogério Coelho Simões. “O edifício
tem 29 elevadores, sendo 18 principais, com capacidade para
24 pessoas, e sistema de antecipação de chamadas. Eles estão
divididos em três zonas independentes, e aqueles que servem os andares mais altos atingem a velocidade de até 6
metros por segundo e são os mais rápidos do Brasil”,
afirma Simões. Ainda existe o elevador vip, que atende do quinto subsolo à cobertura; outro de segurança, com sistema antifogo; cinco, que servem
apenas às garagens; um panorâmico, localizado
próximo da entrada principal do prédio; dois
na passarela que liga a torre ao Shopping
Eldorado; e o último, de alçapão, da cobertura ao heliponto.
54
55
Gafisa
fecham automaticamente de acordo com a incidência da luz”, afirma
Simões. Dessa forma, se faz o controle da luminosidade nos escritórios,
lançando mão da iluminação natural e artificial, e, de quebra, consegue-se economizar energia. “No Eldorado, graças à introdução dessas
novas tecnologias, o custo do condomínio é praticamente a metade
daquele de um prédio do mesmo padrão”, salienta Marco.
Modernidade a longo prazo
1
2
1. Paisagismo clean
A entrada do prédio da
Gafisa tem um jardim
moderno, simples e bem
cuidado, com árvores,
nichos de plantas, pedras
ornamentais e água.
2. Bem perto
Para chegar ao Shopping
Eldorado, os visitantes
do Eldorado Businness
Tower precisam apenas
atravessar uma bonita
passarela coberta.
Essa é apenas a primeira amostra dos recursos e da sofisticação tecnológica deste que está entre os edifícios mais inteligentes do mundo. O
usuário do Eldorado Business Tower dispõe de mais uma série de itens
de conforto que atuam diretamente na proteção do meio ambiente, pois,
como frisa o engenheiro, “muitos aspectos que caracterizam um prédio
inteligente também são usados para atingir alguns critérios para a certificação verde”. A água, por exemplo, é tratada como se deve, ou seja, como
bem precioso. Quem ali trabalha tem a responsabilidade de usá-la de forma racional. As torneiras das pias possuem sensor para abrir, e as bacias
sanitárias têm válvulas com duplo acionamento, o que permite ao usuário
controlar a vazão de acordo com a sua necessidade.
Além disso, a construção é dotada de um sistema de armazenamento
e condensação da água proveniente dos aparelhos de ar-condicionado
e também de captação do fluxo através do solo. “Em edifícios convencionais, essa água costuma ser desperdiçada, mas no Eldorado existe
um reservatório e uma miniestação de tratamento”, diz Simões. Ali a
água da evaporação dos equipamentos de ar-condicionado se junta à
água da chuva, é bombeada para o sistema de filtração e de cloração e
segue para o reservatório. Essa água tratada é usada para regar as áreas
verdes, no espelho d’água, nos vasos sanitários do térreo e dos subsolos
e na lavagem do piso das garagens.
A viagem pelo prédio inteligente está apenas começando... A gigantesca torre de vidros, importados da Bélgica e Holanda, guarda
impressionantes soluções que até pouco tempo só se imaginava em
cenários de filmes. “Uma estação meteorológica, situada no edifício,
monitora o clima e informa o sistema das persianas, que abrem ou
56
Os números do edifício
• Tempo de construção: 34 meses
• Altura total do prédio: 141 metros
• Superfície total construída: 118.204,10 m²
• Andares: 32
• Dimensões dos andares: variam de 1.961 m² a 2.004 m²
• Garagens: cinco níveis inferiores e três elevados
• Vagas para carros: 1.823
• Elevadores: 29
• Velocidade máxima dos elevadores da zona elevada
(andares mais altos): 6 m/s
• Quantidade de concreto usada: 53 mil m³
• Quantidade de vidro usada: 32 mil m²
•H
eliponto: 24 m x 24 m. Pode receber helicópteros
civis com até 10 toneladas e permite também o
estacionamento de mais um helicóptero
As matérias-primas naturais, recicláveis e de fontes renováveis são um dos
principais itens que tornam esse empreendimento inteligente e “verde”.
Desde o início da obra, muitos cuidados foram tomados, como a contratação de 47% de materiais de empresas localizadas num raio de 800 quilômetros a partir de São Paulo, para ajudar na redução de emissões de
poluentes e dos custos da construção. Além disso, a Gafisa colocou em um
manual, distribuído a todos os locatários do prédio, um capítulo com dicas
para contribuir com o meio ambiente. “O edifício foi pensado para ser sustentável, e com uma tecnologia que se mantém atual, não apenas na época
da inauguração mas por, pelo menos, mais dez anos”, afirma Simões.
Uma das características mais marcantes do Eldorado é o revestimento
de suas fachadas com vidros, fixados por caixilhos de alumínio anodizado
(tratamento para que não arranhe facilmente e não oxide com o tempo).
São placas de vidro com pintura cerâmica especial, que protege a entrada
de calor e ainda pode receber a cor desejada – neste caso, branca. E placas
de vidro esverdeado, constituído de uma única camada que permite a
passagem de 70% da luminosidade. O calor fica retido nele e só é liberado
para fora quando o ar começa a resfriar.
O sistema de ventilação e de ar condicionado da torre foi desenvolvido
pela empresa japonesa Daikin, e proporciona tanto ar quente quanto
frio. Por ser dedicado a cada meio andar – no Eldorado, os pavimentos são inteiros de uma única empresa ou divididos ao meio para duas
firmas diferentes –, o usuário tem controle sobre seu consumo e custo.
“Se uma pessoa precisar trabalhar no escritório em um domingo, por
exemplo, poderá ligar o ar-condicionado da empresa através da internet,
antes de sair de sua casa”, afirma o engenheiro.
Para garantir tanta comodidade e segurança aos seus usuários, o edifício
é dotado também de uma usina autônoma de geração de energia. Assim,
em caso de alguma emergência, ou nos horários de pico, os geradores, alimentados por diesel ou por gás natural, asseguram em 100% os 5,3 MVA
que correspondem à energia total do prédio – o equivalente ao consumo
de uma cidade de cerca de 80 mil habitantes.
3
Tudo pelo meio ambiente
O Eldorado Business Tower foi projetado com a
preocupação de economizar energia, oferecer conforto
ambiental e reduzir custos com a manutenção. Para isso,
a Gafisa consultou empresas especializadas para cumprir
exigências como destinação de resíduos para reciclagem,
uso de madeira reciclada e de materiais produzidos na
região, vagas para carros de combustível menos poluente
e para bicicletas, vestiário, reciclagem de água. Ao
obedecer todas as regras, o edifício foi enquadrado na
categoria Triple A – classificação americana para prédios
dotados de sistemas de inteligência e acabamento de alto
padrão – e recebeu o selo Leed, com a avaliação platina,
a mais elevada do Green Building.
4 3. Todos os elevadores
O edifício possui 29 elevadores, sendo
18 principais, com capacidade para
24 pessoas cada um.
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4. Subida esperta
Ao encostar o crachá na catraca, na tela
à frente, aparece o elevador que se deve
tomar para determinado andar.
5. ESTACIONAMENTO
As vagas da garagem também aplicam
o conceito da preservação ao ambiente.
6. vista do jóquei
Das imensas janelas
do prédio da Gafisa
avista-se todo o jóquei
de São Paulo. Mais
do que isso, dali os
apaixonados pela
capital paulista vão
ficar deslumbrados
com a imagem do
bairro do Morumbi e de
todo o movimento
da Marginal Pinheiros.
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55
Pelo mundo
Escultura a céu
No norte da Espanha, o
Hotel Marqués de Riscal se
destaca por uma arquitetura
ousada e criativa, com
elementos que remetem à
bebida tradicional da região
Por Adriana Setti
60
aberto
A
té dois anos atrás, os 1.026 moradores da
pacata Elciego, no País Basco, ao norte da
Espanha, estavam parados no tempo. Por
suas vielas medievais, raramente se via
um turista. Na Plaza Mayor, em frente à vinoteca La
Ermita, o assunto girava sempre em torno do mesmo
tema: o vinho de fulano, a colheita de uvas de ciclano.
Enfim, trivialidades da dolce vita que se leva na Rioja
Alavesa, a parte mais privilegiada da Denominação
de Origem La Rioja, a mais famosa da Espanha. Na
imensidão de vinhedos que acompanham o relevo
suave, na magnífica Sierra Cantábria, as placas onduladas de titânio violeta entrelaçadas a outras de inox
espelhado formam uma enorme e insólita escultura
sobre o hotel Marqués de Riscal.
Construído pelo todo-poderoso arquiteto canadense Frank O. Gehry, e inaugurado em setembro
de 2006, o edifício é a cereja do bolo da Ciudad del
Vino, um complexo erguido pela vinícola Marqués
de Riscal, a mais antiga da La Rioja, cujas caves
de 1858 ainda estão em funcionamento. Ocupando
uma área de 100 mil metros quadrados, essa espécie
de parque temático dedicado ao vinho tem sala de
degustação, loja, auditório e um spa de vinoterapia
arrasa-quarteirão pilotado pela marca Caudalíe, o
supra-sumo da categoria, originário de Bordeaux, a
mais emblemática região vinicultora da França.
A comparação com o edifício do Guggenheim de
Bilbao, uma das obras mais brilhantes (e excêntricas) do currículo de Gehry, é inevitável. O museu
que deu vida ao que antes era uma cidade industrial
e sem charme está a apenas 122 quilômetros dali,
também nos domínios do País Basco. No contexto da La Rioja, porém, a intenção do arquiteto foi,
com as curvas elásticas esculpidas em titânio, render uma homenagem ao vinho. Cada uma das cores
utilizadas – prateado, dourado e violeta – representa uma variante (tinto, branco e rosé) da bebida que
colocou a Rioja no mapa, enquanto as ondulações
remetem à textura e fluidez da bebida.
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Pelo mundo
arquitetura muito ousada
O arquiteto canadense Frank O. Gehry,
conhecido por sua excentricidade, criou um
hotel moderno e fora dos padrões. Com curvas
elásticas esculpidas em titânio, o edifício
homenageia o vinho, bebida apreciada na
região. Cada cor – prateado, dourado e violeta
– representa uma variante (tinto, branco e rosé).
As ondulações remetem à fluidez da bebida.
Entre o passado e o futuro
Encarnando o elo perdido entre o “Château do século 21” (como os encarregados do marketing do hotel adoram chamá-lo) e os alicerces medievais
das cidades que o rodeiam, a estrutura do edifício, que veste a escultura
metálica como se fosse um chapéu, foi erguida com a predominância de
linhas retas e paredes revestidas pela mesma pedra calcária usada na construção das casas das vilas vizinhas. Também para promover o encontro
entre passado e futuro, paredes inteiras de vidro, janelas amplas e varandas
permitem que se veja o exterior o tempo inteiro. Vista desde o lado de dentro do edifício, a igreja de San Andrés, o coração de Elciego, aparece triunfal, emoldurada pelas ondas futuristas nascidas na imaginação de Gehry.
Arquitetura pura
Um hóspede desatento pode pensar momentaneamente que, uma vez
cruzando a porta de entrada, o Marqués de Riscal se pareça com um
hotel butique como tantos outros. Mas, justamente para manter a coerência com o layout lisérgico que impera no exterior, Gehry cuidou
pessoalmente da decoração, desenhando desde as luminárias curvilíneas que mimetizam a sua obra de arte até as cabeceiras de couro que
adornam as camas de algumas suítes.
O escritório de arquitetura espanhol Javier Muñoz, que tem tradição
na construção de hotéis rurais de luxo, foi o responsável pela execução do
desenho interior projetado pelo arquiteto. Até os detalhes foram meticulosamente planejados, como as fotografias “pop-construtivistas” do fotógrafo
Rafael Levenfeld que decoram os quartos. Os retratos da antiga bodega
ganharam ares modernos com a inclusão de montagens vanguardistas que,
segundo Muñoz, refletem toda a história e a tradição da vinícola.
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Adega variada
No Marqués de Riscal, a homenagem ao vinho está presente
em cada detalhe: na arquitetura, no cardápio e na adega
incrivelmente espaçosa. Nesse último ambiente, há vários tonéis
com os mais diferentes tipos de vinho da região, para contemplar
os hóspedes de paladares mais requintados.
“O meu objetivo para esse edifício foi que o interior não seguisse nenhuma moda ou tendência atual, mas que fosse arquitetura pura”, explica Javier Muñoz. “Nosso trabalho consistiu em adaptar-nos à estrutura e tentar
ressaltá-la, porque acredito que um edifício Gehry merece ser desfrutado
plenamente e que, para isso, deve haver o mínimo possível de móveis.”
Nem sempre é fácil integrar as peças fundamentais de um hotel a um
edifício tão peculiar. As janelas, feitas de madeira africana de elondo, são
altíssimas, assimétricas e inclinadas, o que faz com que as cortinas – de
veludo bordô – “roubem” mais de um metro dos quartos quando fechadas.
Por essas e outras, há quem critique o formato da ala Gehry, que abriga 14
das 43 suítes do hotel e fica no edifício que sustenta o nó de titânio. “Para
seguir o padrão de tamanho de camas americanas, o espaço de circulação
no quarto ficou reduzido a ponto de uma pessoa não conseguir passar ao
banheiro se uma outra estiver trabalhando na escrivaninha”, diz a jornalista
especializada em arquitetura Julie Daurel, que recentemente visitou o hotel
para produzir uma reportagem para a renomada revista francesa de design
Côte Sud. “Sempre prezei a estética acima de tudo, mas nesse caso a falta de
praticidade me incomodou.”
Na ala anexa, acessível por um túnel de vidro high-tech a partir do prédio principal, a estrutura do edifício é extremamente convencional. No
entanto, compensando a ausência do metal acrobático emoldurando a paisagem, os quartos são bem maiores (os banheiros de mármore negro são
colossais!) e a vista para os vinhedos riojanos, com a linda Elciego ao fundo,
é irretocável. Assim como os quartos da ala Gehry, eles são equipados com
televisão de LCD Bang & Olufsen top de linha, cortinas controladas automaticamente, lençóis italianos com 480 fios de Rivolta Carmignani, menu
(!) de travesseiros com dez opções e outros mimos dignos de um cinco-estrelas do catálogo Luxury Collection na rede americana Starwood.
Espaços internos
Na ala Gehry, onde
encontram-se 14 das 43
suítes do hotel, as janelas
de madeira africana são
muito altas, assimétricas
e inclinadas, ladeadas
por belíssimas cortinas
de veludo bordô. Dali
é possível avistar a bela
paisagem da região.
Os quartos, por sua
vez, possuem camas de
padrão americano que
reduzem um pouco o
ambiente de circulação,
ao contrário do que
acontece na espaçosa
e luxuosa ala anexa.
Abaixo, à esquerda,
uma área espaçosa para
relaxamento, ao lado
da piscina interna e
aquecida do hotel.
Ala gastronômica
Um dos toques mais espetaculares da decoração é a adega do bar anexo
ao lobby, onde uma simples estante de madeira adquire status de obra
de arte, com suas linhas retas contrastando com elementos arredondados.
Organizadas de acordo com a cor de suas etiquetas, as garrafas de vinho do
rótulo da casa formam um efeito gráfico genial. Além da adega, o banco e
o balcão do bar foram desenhados por Gehry.
Igualmente espetacular é o terraço onde é servido o café da manhã. Mas
nem as cadeiras cor-de-laranja fosforescente idealizadas pelo arquiteto canadense conseguem roubar a cena da paisagem panorâmica da La Rioja, com
seus tapetes de vinhedos e a Sierra Cantábria ao fundo, triunfal com suas
rochas esbranquiçadas. Nesse cenário, o esplêndido desjejum tem tudo para
ser um dos melhores momentos do dia. No cardápio, uma seleção de tudo
que a Espanha tem de melhor, sempre com a bênção de alguma certificação
de origem: pão tostado na brasa com alecrim recém-colhido no campo, uma
seleção de azeites extravirgem de primeiríssima, queijos soberbos como o
Torta de Casar, o inigualável jamón Joselito e outras delícias.
Além do apoteótico café, o hotel tem dois restaurantes. O Marqués
de Riscal serve uma cozinha fusion, em que produtos da região ganham texturas e apresentações futuristas. A decoração segue a linha
minimalista, mas os detalhes fazem jus à pompa de seus pratos. As
taças de vinho, por exemplo, são Zwiesel, desenhadas por Enrico Bernardo, considerado o melhor sommelier do mundo. Já o Bistrô 1860
serve receitas tradicionais em ambiente moderninho e descontraído
(aproveitando a sala onde é servido o café da manhã). Ambos os restaurantes têm como chef executivo o riojano Francis Paniego, cujo restaurante El Portal de Echaurren, na cidade vizinha de Ezcaray, ostenta
uma estrela na bíblia sagrada da gastronomia, Michelin.
Pelo mundo
1 e 2: Laguardia
Medieval e murada, a cidade tem
ótimas opções de hospedagem
e adegas para visitação.
1
2
3: viña real
Entre Logroño e Laguardia fica
essa incrível vinicola projetada
pelo francês Phillippe Mazières.
3
4: vinícola ysios
Espetáculo de curvas aos pés da
Serra Cantábria que contrasta com
a arquitetura medieval da cidade.
4
5: santo domingo
de la calzada
Leva o nome do santo que
construiu pontes e estradas para
o Caminho de Santiago.
5
LOgroño
É a principal região
produtora de vinho
da Espanha, ideal
para caminhadas
pelo centro.
Um roteiro de carro pela La Rioja
A Espanha vive tempos de frenesi na arquitetura relacionada ao vinho. Em La Rioja, junto com a célebre vizinha Ribera del Duero, os
edifícios das vinícolas são extremamente arrojados. A maneira mais
gostosa de explorar a região é de carro, parando sem pressa nas cidadezinhas, atravessando vinhedos e fazendo uma degustação aqui e ali
(a maioria das bodegas é aberta à visitação).
Comece explorando a principal região de vitivinicultura da Espanha
pelo agradável centro de Logroño. De lá, pegue a A-124 em direção
à belíssima Laguardia. No caminho, vale fazer uma visitinha à Viña
Real (Ctra. Logroño - Laguardia, km 4,8, +34 945-625-210, cvne.
com), criação do arquiteto francês Phillippe Mazières. Depois, já em
Laguardia, veja a vinícola Ysios (Camino de la Hoya, s/n, +34 945600-640, ysios.com), um espetáculo de curvas impossíveis projetado
aos pés da Serra Cantábria pelo arquiteto popstar Santiago Calatrava.
Há quem prefira a obra de Calatrava à de Gehry. O edifício monumental contrasta com o centro da cidade, tipicamente medieval e murado,
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fundado no século 10 e estupendamente conservado. A apenas 5 quilômetros de Elciego, a cidade tem boas opções de hospedagem, como
a charmosa Posada Mayor de Migueloa (Calle Mayor de Migueloa, 20,
Laguardia, + 34 945-621-175, mayordemigueloa.com).
Continuando pela mesma estrada em direção a Cenicero, pegue a LR113 para a cidade histórica de Nájera. Dê um giro pelo centro antigo
e continue em direção a Santo Domingo de La Calzada, que recebeu o
nome do santo que construiu pontes e estradas (calzadas) para a passagem dos peregrinos do Caminho de Santiago, que corta a cidade.
Para os gourmets, é indispensável seguir pela LR-111 até Ezcaray e
provar o restaurante El Portal de Echaurren (Calle Heróes del Alcázar,
2, +34 941 354 047, echaurren.com), que elevou o chef Francis Paniego à categoria de mago dos fogões. E, para fechar com chave de ouro,
uma ótima pedida é quebrar à direita na N-20 e seguir a sinalização
pelas estradinhas secundárias por mais cerca de 10 quilômetros até
San Millán de la Cogolla, onde está o belíssimo monastério de San
Millán de Suso, construído no século 10.
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6: SAN MILLÁN DE LA COGOLLA
Pelas ruas da cidade, são comuns as
apresentações de artistas locais.
7: NÁJERA
Cidade com prédios pequenos
e um charmoso centro histórico.
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objeto do desejo
Clima
do oriente
Foto Dulla
Produção Regiane Mancini
Inspirada
nas lanternas
japonesas, esta
luminária de papel
dá um toque
de aconchego
e modernidade
aos ambientes
A
luminária Alodri, que
lembra uma biruta, é da
coleção MaMoNouchies.
Com design de Ingo
Maurer, unanimidade mundial em
design de iluminação, e Dagmar
Monbach, membro do time de criação
de seu estúdio, provoca um efeito
visual surpreendente. Apaixonados por
papel e com um profundo respeito
pelo Japão, seus autores resolveram
desenvolver uma linha de luminárias
feita artesanalmente de papel de
arroz plissado. Inspirado nas “Akari”
— lanternas japonesas — de Isamu
Noguchi, Ingo usou o MA de Maurer,
MO de Monbach e NO de Noguchi
para criar o nome Mamono desta
linha de luminárias. Apesar do estilo
semelhante, cada uma tem um desenho
único. A Alodri, especificamente,
foi produzida em 1998, com edição
limitada, e atualmente é considerada
peça de colecionador. À venda na FAZ
— (11) 3086-1661 —, por R$ 7.175.
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