Nutrição e crescimento de microrganismos

Transcrição

Nutrição e crescimento de microrganismos
NUTRIÇÃO E CULTIVO DE
MICRORGANISMOS
Microbiologia FFI 0751
Profa. Dra. Ilana Camargo
1
Nutrição e cultivo dos microrganismos
Crescimento microbiano
Fases de crescimento
Medidas do crescimento
Fatores necessários para o crescimento
Fatores físicos
Fatores químicos
Relações dos microrganismos com o oxigênio
Nutrientes
macronutrientes
micronutrientes
Meio de cultura
2
1
Metabolismo e crescimento das bactérias
Aminoácidos
Obter ou Sintetizar
Carboidratos
Lipídios
Em geral, as bactérias necessitam de uma fonte de
carbono e nitrogênio, uma fonte de energia, água e
vários íons para seu crescimento.
3
Fatores necessários para o crescimento
Fatores físicos:
temperatura, pH, pressão
osmótica
Crescimento
microbiano*
* Crescimento microbiano:
em
microbiologia, refere-se ao aumento
do número de células.
Fatores químicos: fontes
de carbono, nitrogênio,
enxofre, fósforo,
oligoelementos, oxigênio,
fatores orgânicos de
crescimento (vitaminas,
aminoácidos, purinas,
pirimidinas).
4
2
Crescimento microbiano
• É o aumento no número de células.
• Importante seu conhecimento para o desenvolvimento, por
exemplo, de métodos de controle.
• Depende de reações químicas
• As principais reações de síntese celular são reações de polimerização que
originam as macromoléculas a partir de monômeros.
• Acúmulo de macromoléculas no citoplasma  novas estruturas
Parede celular
Membrana citoplasmática
flagelos...
Reação de transpeptidação
Glicolase – sintetiza ligações glicosídicas
5
Hiramatsu, The Lancet, 2001.
Crescimento microbiano
• Fissão binária: modo mais comum de reprodução bacteriana
• Outros modos: brotamento (Hyphomicrobium)
Células natatórias (expansivas)
Formação de roseta
6
http://marjanbiology.mihanblog.com/post/156
3
Crescimento microbiano
Células natatórias (expansivas)
Pedúnculo
7
Crescimento microbiano
Fissão Binária
MinC
FtsZ
MinD
ZipA
FtsA
?
MinE
8
4
Crescimento microbiano
Fissão Binária
Cromossomo, cópias de ribossomos
complexos macromoleculares,
monômeros e íons inorgânicos
Cromossomo, cópias de ribossomos
complexos macromoleculares,
monômeros e íons inorgânicos
Tempo que demora para ocorrer = tempo de geração
9
Crescimento microbiano
Fissão Binária
•Proteínas Fts: formam o divisomo,
‘aparelho’ de divisão da célula
(Filamento termossensível).
•Divisomo: acredita-se que coordena a
síntese da nova membrana
citoplasmática e da parede celular em
ambas as direções – célula alongada.
Contraste de fase
Coloração do nucleoide
Coloração específica para FstZ
•Término da síntese de DNA é o ‘sinal’
para a formação do anel FtsZ, que fica
no espaço entre os nucleóides
duplicados.
O anel FtsZ e a divisão celular. (a) Visão em corte de um bacilo, com o anel FtsZ. (b) Ciclo celular de
E. coli, mostrando o surgimento e o desaparecimento do anel FtsZ. Madigan et al., 2004. 10
5
Crescimento microbiano
Divisão celular
Anel FtsZ é formado no espaço
entre os nucleoides duplicados,
em uma posição central facilitada
pelas proteínas MinC, MinD e
MinE.
Proteínas Min migram de um pólo
ao outro da célula impedindo a
formação do anel nos pólos.
 MinE desloca MinC e D
FstZ sofre despolimerização
promovendo a invaginação dos
componentes da parede para
formar o septo e separar as
células filhas
11
Crescimento microbiano
 Ação das
penicilinas!!
12
6
Crescimento microbiano
Divisão celular
Resumo das proteínas envolvidas na divisão, na localização da produção da
parede celular e na manutenção da forma celular
13
Crescimento microbiano
Divisão celular – Padrões de crescimento de parede celular
14
7
Crescimento microbiano
Divisão e forma celular
Archaea
Proteínas do tipo MreB e FtsZ
Há fortes paralelos entre os processos de divisão celular e
determinantes morfológicos de todos os procariotos.
15
Crescimento microbiano
Divisão e forma celular –
procariotos x eucariotos
Procariotos
MreB
Estruturalmente relacionada com
Eucariotos
Actina
FtsZ
Tubulina
Crescentina
Queratina
16
8
Crescimento populacional
O aumento do número de células também pode ser medido pelo
aumento da massa microbiana
Taxa de crescimento:
variação de número de células ou da massa celular por
unidade de tempo;
Geração:
intervalo em que uma célula origina duas novas;
Tempo de geração:
tempo necessário para que uma população dobre de número
(Tempo de duplicação);
17
Crescimento populacional
progressão geométrica de
quociente 2
Coordenadas
logarítmicas
Coordenadas
aritméticas
Conversão do número de células de uma
população em uma expressão
logarítmica desse número.
Representação gráfica logarítmica (linha pontilhada) e aritmética
(linha contínua) da curva de crescimento de uma população
18em
fase de crescimento exponencial.
9
Crescimento populacional
O padrão de aumento
populacional, em que o
número de células é
duplicado a cada período de
tempo, é denominado
crescimento exponencial.
Escala aritmética: difícil de obter
informações sobre a taxa de crescimento
Construir Gráficos semilogarítmicos
19
Tempo de geração
•Tempo de Geração: intervalo de tempo em que uma célula origina duas novas células ou
tempo necessário para uma população dobrar de número.
Muitas das bactérias estudadas apresentam tg de 1 a 3 h (pode variar de 10 min a >24h).
• Tg de E. coli = 20 min
• 20 gerações (~7 horas), 1 célula torna-se em > 1 milhão de células!
•Tg pode ser influenciado pelas condições de cultivo (tipo de meio, temperatura, etc.).
20
10
Tempo de geração
•Há uma relação entre o número de células inicialmente presentes em uma cultura e o
número presente após algum tempo de crescimento exponencial
N=No.2n
log N = log N0 + n log2
n = (log N - log N0) / log 2
n= log N – log No /0,301
n= 3,3 (logN – log N0)
onde N= número final de células, No= número inicial de células, n= número de gerações.
tg = t/n
onde tg= tempo de geração, t= tempo de crescimento (horas ou minutos de
crescimento exponencial) e n= número de gerações, como determinado acima.
21
Taxa de crescimento*
É o número de gerações formadas, por unidade de tempo,
de uma cultura em crescimento exponencial ou variação no
número ou massa por unidade de tempo.
Constante de taxa de crescimento
K = ln2/tg = 0,693/tg (h-1)
*Esse termo também é descrito como a velocidade de
crescimento específico e representado por m.
No caso anterior
K = 0,693/0,5 =1,386
22
11
Fases do crescimento de uma população
Curva de crescimento típica de uma população bacteriana, a partir de
uma cultura em batelada* (Madigan et al., 2004).
* Cultura que se desenvolve em um volume fixo de meio de cultura.
23
Fases do crescimento de uma população
Contagem do número de células
ao longo do período de
incubação pelo método a ser
mostrado a seguir!!
24
12
Fases do crescimento de uma população
25
Fases do crescimento de uma população
Curva de crescimento típica de uma população bacteriana, a partir de
uma cultura em batelada* (Madigan et al., 2004).
* Cultura que se desenvolve em um volume fixo de meio de cultura.
26
13
Fases do crescimento
LAG
•
Pouca ou ausência de divisão celular.
•
Síntese enzimática e de moléculas variadas.
•
Pode ser curta ou longa, dependendo das
condições fisiológicas do inóculo.
•
Aumento na quantidade de proteínas, no peso
seco e no tamanho celular
27
Fases do crescimento
EXPONENCIAL OU Log
•
Crescimento exponencial das células – Tempo de Geração
constante – linha reta no gráfico.
•
Fase que as células estão mais “saudáveis” – utilizadas
para estudos enzimáticos e de outros componentes
celulares.
•
Taxa de crescimento exponencial (número de gerações
por unidade de tempo) de uma população pode ser
influenciada pelas condições de cultivo, por exemplo.
28
14
Fases do crescimento
ESTACIONÁRIA
•
Não há crescimento líquido da população, ou seja, o número de
células que se divide é equivalente ao número de células que
morrem (crescimento críptico).
•
Síntese de vários metabólitos secundários (antibióticos e algumas
enzimas). Também pode ocorrer a esporulação das bactérias.
•
•
Alterações de fenótipo por quorum sensing (processo de
comunicação celular mediado pela densidade populacional).
Causas: esgotamento de nutrientes essenciais, acúmulo de produtos
de excreção em concentrações inibitórias, alterações no pH.
29
Fases do crescimento
MORTE OU DECLÍNIO
•
Número de células mortas excede o de células vivas.
•
Na maioria dos casos, a taxa de morte é inferior à taxa de
crescimento exponencial.
•
A contagem total permanece relativamente constante,
enquanto a de viáveis cai lentamente. Em alguns casos há
a lise celular.
30
15
Fases do crescimento de uma população
Há maior
aumento de
tamanho do que
de número de
viáveis
Na fase de declínio/morte
algumas podem sofrer lise
e diminuir levemente a DO!
Quando se conta viáveis a
“queda” na reta é mais
acentuada!
31
http://web2.mendelu.cz/af_291_projekty2/vseo/stranka.php?kod=4638
Cultura contínua: quimiostato
•Sistema de fluxo ao qual um
volume constante de meio
fresco é continuamente
adicionado, sendo o mesmo
volume de meio removido.
•Equilíbrio do sistema (steadystate): quando o número de
células e a quantidade de
nutrientes permanece
constante.
32
16
Medidas do crescimento microbiano
contagens de
viáveis
Diretas
contagens de
células totais
Medidas do
crescimento
microbiano
Indiretas
verificação da
turbidez
33
Medidas diretas do crescimento microbiano
Contagem em placa
Contagem das células viáveis
Parte de três princípios:
-Cada colônia é originada de uma única bactéria
-Inóculo original é sempre homogêneo
-Não existe agregação de células
Desvantagem: precisa de um período de incubação (24h)
24 horas
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Medidas diretas do crescimento microbiano
Contagem de viáveis
Primeiro passo: diluição seriada
Como a cultura pode ter um número elevado de células, ao semear 100uL desta
cultura na superfície de um meio sólido em placa, poderá haver fusão das
colônias dificultando a contagem do número de colônias.
10-1
10-2
10-3 ...
35
Medidas diretas do crescimento microbiano
Contagem de viáveis
Segundo passo: inoculação / semeadura
Método de semeadura por
Profundidade
(pour plate)
Método de semeadura por
espalhamento
Até secar!!
Métodos de semeadura em placa para contagem de bactérias viáveis.
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18
Contagem de viáveis
Segundo passo: inoculação / semeadura
37
Medidas diretas do crescimento microbiano
Contagem em placa após diluição seriada
Procedimento de contagem de viáveis
por meio de diluições em série da
amostra e o método de semeadura em
profundidade (pour plate).
Madigan et al., 2004.
Intervalo ideal para contagem:
30 a 300
unidades formadoras de colônias (UFC).
Resultado:“UFC/mL da cultura original”
Dificulta contagem,
Contagem errônea devido à saturação
que impede o crescimento de algumas
colônias
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19
Medidas diretas do crescimento microbiano
Contagem de viáveis
Contagem em placa
1 L de água
9 UFC/L de amostra
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Medidas diretas do crescimento microbiano
Contagem em placa
Contagem de bactérias utilizando o método de filtração. MEV de superfície de
membrana de filtro com bactérias (esquerda). Membrana em placa de Petri,
mergulhada em meio líquido Endo, seletivo para Gram negativo (direita).
.
Tortora et al., 2005
40
20
Medidas diretas do crescimento microbiano
Contagem microscópica direta, utilizando a câmara de contagem Petroff-Hausser.
Tortora et al., 2005.
41
Anomalia da contagem de placas
Contagens microscópicas diretas de amostras revelam muito
mais organismos que aqueles recuperados em placas de
qualquer meio de cultura.
?
No microscópio há a contagem de células viáveis e mortas
Solo e água – existem microrganismos que não crescem em cultura
Diferentes microrganismos necessitam de diferentes exigências
nutricionais e de condições de crescimento diferentes
Mesmo que use diferentes meios de cultura, não é garantido que contará
todos os microrganismos presentes!
42
21
Medidas diretas do crescimento microbiano
Número mais provável
Quanto maior o número de bactérias em uma amostra, maior
será o número de diluições necessárias para eliminar totalmente
o crescimento nos tubos contendo meio de cultura
Utilizado para contar microrganismos que não crescem em meios
sólidos
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Medidas diretas do crescimento microbiano
Método do número mais provável (NMP). À esquerda, série de diluições do método.
À direita, tabela do NMP que permite calcular o número estatisticamente provável de
bactérias presentes na amostra. O índice de 110 NMP/100mL indica que 95% das
amostras de água que apresentam esse resultado contém entre 40 – 300 UFC
Tortora et al., 2005.
44
22
Medidas do crescimento microbiano
contagens de
viáveis
Diretas
contagens de
células totais
Medidas do
crescimento
microbiano
Indiretas
verificação da
turbidez
45
Medidas indiretas do crescimento microbiano
Espectrofotômetro
46
23
Medidas indiretas do crescimento microbiano
Medidas turbidimétricas do crescimento microbiano por espectrofotômetro ou fotômetro.
Madigan et al., 2004.
47
Medidas indiretas do crescimento microbiano
(b) Curva de crescimento típica, obtida em unidades Klett ou densidade óptica (DO), de dois
organismos que apresentam diferentes velocidades de crescimento. Qual organismo está
crescendo mais rapidamente ?(calcule o n, tg e m). (c) Relação entre o número de células, ou
peso seco, e as medidas de turbidez.
48
24
Fatores necessários para o crescimento
Fatores físicos:
temperatura, pH, pressão
osmótica
Crescimento
microbiano*
Fatores químicos: fontes
de carbono, nitrogênio,
enxofre, fósforo,
oligoelementos, oxigênio,
fatores orgânicos de
crescimento (vitaminas,
aminoácidos, purinas,
pirimidinas).
* Crescimento microbiano: em
microbiologia, refere-se ao aumento no
número de células.
49
Fatores que influenciam a atividade enzimática:
1. Temperatura: A altas temperaturas, as enzimas sofrem desnaturação e
perdem suas propriedades catalíticas; A baixas temperaturas, a taxa de
reação diminui;
2. pH: pH no qual a atividade enzimática é máxima é conhecido como pH
ótimo.
3. Concentração do substrato: Dentro de limites, a atividade enzimática
aumenta com o aumento da concentração do substrato.
50
25
Efeito da temperatura na taxa de crescimento
(Madigan et al., 2004).
Taxa de crescimento = variação do número de células
ou da massa celular por unidade de tempo
Temperaturas cardeais: mínima, ótima e máxima
(variáveis nos diferentes microrganismos)
51
Temperatura
• Temperatura de crescimento pode ser mínima, ótima e máxima. Maioria
cresce em um intervalo de 30oC entre mínima e máxima.
• Psicrófilos: profundezas de oceanos e regiões polares (algas clorofíceas e
diatomáceas).
• Mesófilos: Temperatura ótima entre 25 e 40oC. Maioria das bactérias.
• Termófilos Temperatura entre 45 e 80oC. Fontes termais, camadas superiores
de solos que sofrem intensa radiação solar, esterco e silo em fermentação.
• Hipertermófilos: Temperatura ótima superior à 80oC. Fontes termais, como as
do Parque Yellowstone. Principalmente membros de Archaea.
Relação da temperatura com as taxas de crescimento. As temperaturas ótimas
de cada organismo estão indicadas. (Madigan et al., 2004).
52
26
Adaptações moleculares à psicrofilia:
• Enzimas ativas em baixas temperaturas apresentam maior
quantidade de estruturas secundárias em alfa-hélice
(estrutura mais flexível).
• Conteúdo elevado de ácidos graxos insaturados, que auxilia
na manutenção do estado semi-fluido.
Obs.: Adição de crioprotetores (glicerol 10%) ao meio ajuda
na preservação de culturas em baixas temperaturas (-70 a 196oC).
Adaptações moleculares à termofilia:
• Lipídeos da membrana ricos em ácidos graxos saturados – geram ambientes altamente
hidrofóbicos colaborando para estabilidade da membrana citoplasmática.
• Proteínas termoestáveis tendem a formar núcleos altamente hidrofóbicos,
diminuindo a tendência ao desdobramento.
• DNA girase reversa em Archaea: promove um superenovelamento positivo do DNA, mais
termoestável.
• Outras proteínas termoestáveis ajudam a manter a dupla fita do DNA unida.
• Membrana citoplasmática em monocamada lipídica nas Archaea (estruturalmente mais
53
resistente que a bicamada).
pH
pH ótimo de crescimento refere-se ao pH do meio externo; o pH intracelular deve
permanecer próximo à neutralidade.
•Maior parte das bactérias cresce
entre pH 6,5 e 7,5.
•Acidófilos: muitos fungos (pH
ótimo em torno de 5 ou inferior),
vários gêneros de Archaea.
•Alcalifílicos: muitas espécies de
Bacillus e algumas arquéias (que
também são halofílicas).
• Adição de sais de fosfato
(KH2PO4) em meios de cultura
funcionam como tampão para
neutralizar, por exemplo, ácidos
produzidos por bactérias em
crescimento.
A escala de pH. (Fonte: Madigan et al., 2004).
54
27
Pressão osmótica
Os microrganismos que tem necessidades específicas de NaCl
para seu crescimento ótimo podem ser :
• halófilos discretos: [ ] baixas – 1 a 6%
• halófilos moderados: [ ] moderadas – 6 a 15%
• halófilos extremos: [ ] altas – 15 a 30%
Efeito da concentração do íon sódio no crescimento de
microrganismos com diferentes tolerâncias ou necessidades de sal. 55
(Madigan et al., 2004).
Pressão osmótica
plasmólise
Inibição do crescimento no momento em que a
membrana plasmática se separa da parede celular.
Preservação de alimentos!!!
56
28
Relações dos microrganismos com o oxigênio
Aeróbios estritos ou obrigatórios
Aeróbios
Microaerófilos
Aeróbios facultativos
Obrigatórios
Anaeróbios
Aerotolerantes
57
Oxigênio
• Formas tóxicas de oxigênio, todos subprodutos formados na
redução do O2 a H2O durante a respiração:
• ânion superóxido (O2-)
• peróxido de hidrogênio (H2O2)
• radical hidroxil (OH∙)
Quatro reações de redução de O2 a água pela adição sequencial de
elétrons. Todos os intermediários formados são reativos e tóxicos
à célula, exceto a água.
Madigan et al., 2004.
58
29
Para defesa algumas bactérias produzem
algumas enzimas:
-Superóxido desmutase (SOD): enzima produzida em
bactérias aeróbias, anaeróbias facultativas crescendo
aerobiamente e anaeróbios aerotolerantes que
neutraliza os radicais superóxidos livres (O2-)
O2- + O2- + 2H+
H 2O 2 + O 2
59
-Catalase:
O peróxido de hidrogênio (H2O2) produzido também é tóxico
devido ao ânion peróxido (O22-)!!!!
A enzima catalase neutraliza a ação deste ânion, convertendo o
peróxido de hidrogênio em água e oxigênio:
2H2O2
2H2O + O2
60
30
-Peroxidase:
Outra enzima que neutraliza o peróxido de hidrogênio:
H2O2 + H+ + NADH
2H2O +NAD+
Organismos anaeróbios obrigatórios não produzem nem
catalase, nem superóxido dismutase.
São super sensíveis ao oxigênio, provavelmente devido ao
acúmulo de radicais livres.
61
Relações dos microrganismos com o oxigênio
Microrganismos variam quanto suas necessidades ou tolerância
ao oxigênio
-
Aeróbios
– microrganismos
capazes
de utilizar
o
Oxigênio molecular, O2. (Ar contém 21% de O2)
-Produzem mais energia a partir do uso de nutrientes.
- Aeróbios
estritos
microrganismos
que
ou
obrigatórios:
necessitam
de
O2
São
os
para
sua
sobrevivência.
62
31
Relações dos microrganismos com o oxigênio
- Microaerófilos
Aeróbias
necessitando
de
O 2,
mas
em
concentrações
menores do que a encontrada no ar.
São
sensíveis
aos
radicais
superóxidos
ou
peróxidos,
produzidos em concentrações letais quando em condições
de altas concentrações de oxigênio.
Condições ótimas em geral: 5% O2, 10% CO2 e 85% N2
63
Relações dos microrganismos com o oxigênio
- Aeróbios facultativos
Podem utilizar o O2 quando disponível, mas na sua ausência,
são
capazes
de
continuar
seu
crescimento
através
da
respiração anaeróbia ou da fermentação.
A eficiência na produção de energia diminui quando o O2 não
está disponível.
Exemplo: Escherichia coli
Outras bactérias substituem o oxigênio, durante a respiração
anaeróbia, por aceptores de elétrons como os íons nitrato.
64
32
Relações dos microrganismos com o oxigênio
Alguns microrganismos não são capazes de respirar oxigênio:
Anaeróbios
Obrigatórios
Aerotolerantes
- Anaeróbios obrigatórios ou estritos
São microrganismos que não utilizam o O2 para reações
de produção de energia.
O2 pode ser um produto danoso para muitos destes.
Crescem com 2 a 8% O2
Exemplo: Gênero Clostridium = tétano e botulismo
65
Relações dos microrganismos com o oxigênio
- Anaeróbios aerotolerantes
Toleram a presença do oxigênio, mas não podem utilizá-lo
para seu crescimento.
Fermentam carboidratos produzindo ácido lático.
O acúmulo deste ácido inibe o crescimento da microbiota
competitiva aeróbia estabelecendo um nicho ecológico.
Exemplo: Lactobacillus
Podem tolerar o oxigênio devido a produção de SOD.
66
33
Aeróbios e
facultativos
Indispensável para aeróbios 
Enzimas que destroem espécies tóxicas de oxigênio.
Catalases (a) e peroxidases (b) são proteínas que contém
porfirina. As SOD (c) contêm metal como cobre e zinco, manganês
ou ferro. A SOR (e) catalisa a redução de um elétron de O2- a H2O2
utilizando o citocromo c reduzido como doador de elétron.
Adaptado de Madigan et al., 2004.
67
Oxigênio
Relações dos microrganismos com o oxigênio
Grupo
Relação com o O2
Tipo de
metabolismo
Exemplo
Habitat típico
Aeróbios
Obrigatórios
Exigido
Resp.aeróbia
Micrococcus luteus
Pele, poeira
Facultativos
Não exigido,
mas com
melhor
crescimento
em O2
Resp.
aeróbia,
anaeróbia,
fermentação
Escherichia coli
Intestino grosso de
humanos
Microaerofilos
Exigido, mas
em níveis
inferiores ao
atmosférico
Resp. aeróbia
Spirillum volutans
Água de lagos
Aerotolerantes
Não exigido,
sem melhor
crescimento na
presença de O2
Fermentação
Streptococcus
pyogenes
Trato respiratório
superior
Obrigatórios
Nocivo ou letal
Fermentação
ou resp.
anaeróbia
Methanobacterium
formicicum
Lodo de digestores
de esgoto,
sedimentos de lagos
anóxicos
Anaeróbios
68
Adaptado de Madigan et al., 2004.
34
Oxigênio
Representação dos tipos de crescimento bacteriano quanto à
presença de oxigênio em meio caldo tioglicolato + ágar (+
denso). (a) aeróbios obrigatórios. (b) anaeróbios obrigatórios. (c)
aeróbios facultativos. (d) microaerófilos. (e) anaeróbios
aerotolerantes.
Madigan et al., 2004.
69
Cultivo de anaeróbios
- necessidade de fervura da água para eliminar o oxigênio dissolvido.
• meio deve conter um agente redutor –tioglicolato de sódio – que se combina
com o oxigênio dissolvido residual, eliminando essa forma do meio.
2H2 + O2 2H2O
N2 , H2 ,
CO2
Jarra para cultivo de bactérias anaeróbias em placa de Petri (à esquerda): após a adição de água à
embalagem contendo o bicarbonato de sódio e boroidreto de sódio, ocorre a liberação de dióxido de
carbono e hidrogênio. Com o catalisador de paládio ocorrerá a reação entre o oxigênio e o hidrogênio,
formando a água. Câmara de anaerobiose (à direita).
Tortora et al., 2005.
70
35
Cultivo de anaeróbios
Jarra de anaerobiose. O envelope acondicionado na jarra produz uma
reação química que gera H2 + CO2. O H2 reage com o O2 da jarra, na
superfície de um catalisador de paládio, originando H2O. A atmosfera
final gerada na jarra é composta por N2, H2 e CO2.
71
Cultivo de anaeróbios
Câmara de anaerobiose
Não somente
incubar, mas
também
manipular em
atmosfera anóxica
Evacuada e preenchida com gás livre de O2
72
36
Momento III
“Aprendendo Microbiologia com Poema e Poesia”
By Ilana Camargo
http://www.icej.org.br/?p=372
Encontro com uma Drag queen verde!
Será que vai me notar?
Se isso não ocorrer, não vou chorar,
nem tampouco esporular!
Sou mesófilo e sempre estou com você.
No seu calor me sinto bem.
Vou crescer, você vai ver!!
Pode até me cortar o oxigênio,
como sou anaeróbio facultativo,
vou continuar a crescer, Oh! Gênio!
Porém, se no meu meio jogar sal,
me inibirá e te deixarei...
Não sou halófilo, afinal!
Se você quiser me ver,
me semeie em EMB e vou aparecer.
Fermento lactose e ácido forte pode ser observado.
Assim, como uma Drag queen verde,
por todos posso ser notado.
Sou bacilo Gram Negativo.
Meu nome é Escherichia coli,
e nosso encontro pode ser divertido!
74
37

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