Catálogo Exposições Temporárias 2014

Transcrição

Catálogo Exposições Temporárias 2014
EXPOSIÇÕES
INDIVIDUAIS
TEMPORÁRIAS
2014
O Museu de Arte de Santa Catarina (Masc) dá início à primeira
edição das exposições temporárias. Convido a todos para participarem e prestigiarem essas mostras que tanto embelezam e dão vida à
cultura de Santa Catarina.
Entendemos que a realização das exposições temporárias é uma
forma de valorizar nossos artistas e, principalmente, democratizar a
cultura ao oferecer a oportunidade de mostrar seu trabalho num dos
espaços culturais mais importantes de Santa Catarina: o Masc.
O processo de escolha dos contemplados contou com a participação de experts em arte, que podem contribuir com o desenvolvimento
da cultura no nosso estado. Portanto, tenho certeza de que vocês vão
gostar do que vão ver!
Por fim, peço que cada um de vocês que está visitando as exposições multiplique essa informação e divulgue o trabalho desses artistas, convidando um amigo ou um parente para visitar o Masc. A
entrada é grátis. E o sorriso também! Sejam bem-vindos!
Filipe Mello
Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte
masc
Visão do terceiro olho; sob esta ótica é que o
Importante ressaltar o trabalho da Comissão de
Museu de Arte de Santa Catarina (Masc) acolhe
Acervo e Pauta do Masc, que contribuiu efetiva-
e apresenta a primeira exposição temporária, se-
mente para o êxito deste edital, merecendo nos-
lecionada por meio do edital público lançado em
sos agradecimentos e aplausos. O edital resgata
novembro de 2013. Esta importante iniciativa cul-
a alma do que um Museu deve construir, e que vai
tural do governo do Estado, sob responsabilidade
além de simplesmente cumprir funções, armazenar
da Fundação Catarinense de Cultura, deixa claro
e colecionar trabalhos artísticos. Qualquer obra
o olhar atento e o incentivo que o governo promo-
tem alma quando se avoluma, quando o Museu
ve, convidando os que apreciam arte a fazerem
que a acolhe exalta suas formas, cores, leva para
uma reflexão sobre a importância da produção
debate, reforça o papel de seu autor e a veia
artística para cultura. Foram selecionados para
artística de seu criador. Promove a divulgação da
este primeiro período de exposições individuais
arte contemporânea, forma novas plateias, media
quatro artistas brasileiros:
a interação entre o artista e o público numa dinâmica que vai além das fronteiras físicas do Museu.
•B
etânia Silveira, de Santa Catarina,
com “Tellus”;
•D
enise Camargo, do Distrito Federal,
O caráter do edital e das exposições reforça as
políticas culturais do Estado e o êxito conquistado
com “E o Silencio Nagô Calou em Mim”;
pela proposta desta forma de seleção, reiterando
• F ernanda Valadares, do Rio Grande do Sul,
o papel que a Fundação Catarinense de Cultura
com “À Beira do Vazio”;
• R osana Mariotto, de São Paulo,
com “Desiderium”.
tem e assume como missão, que é o de trabalhar
em prol da arte e da cultura para que o público
possa se valer dela.
Maria Teresinha Debatin
Presidente da Fundação Catarinense de Cultura
Betânia Silveira
Denise Camargo
Fernanda Valadares
Rosana Mariotto
Tellus
E o Silêncio Nagô Calou em Mim
À beira do vazio
Desiderium
Tellus - Metrópolis
Performance 2014, BH/MG
Foto de Marisa Piazarollo
Dois de barro
Um
Como se civilizações do barro sussurrassem segredos aos ouvidos. Ocorreu-me
isso ao observar os gestos de Betânia Silveira. Porque, definitivamente, há algo
de arcaico no carregar, amassar, moldar e posicionar barro sobre superfície.
Ali a entrega do corpo à terra, a mesma que corpos divinos encenaram em
tempos idos. Não por acaso, mitos da criação dos maias, incas, iorubás,
gregos, romanos, judeus, cristãos e islâmicos se referem à metáfora do barro
para a criação do homem.
Dois
Após um longo período de estudos e práticas para seu doutoramento, Betânia
Silveira nos apresenta Tellus, composto por sete trabalhos: Tellus 1, Tellus 2,
Rastros de Ações, Amuletos da Prosperidade, Talismãs, Aceita o presente? e
Tellus-Metrópolis.
Nesta mostra, o gesto e o corpo que moldam a matéria barro estão no primeiro
plano. Assim, a artista desloca o objeto em si, tão caro à tradição fetichista
da história da arte e dos museus, fazendo com que a atenção recaia sobre o
corpo e o espírito. Ao contrário do aspecto contemplativo que durante séculos
Fernando Boppré
Betânia Silveira
perpassou as artes plásticas ocidentais, eis aqui uma proposição meditativa.
Tellus - Metrópolis
Performance e Livro performance 2014, BH/MG
Foto de Marisa Piazarollo
Tellus II
Performance 2011, Fpolis/SC
Fotos de Patrícia Silveira
Dos processos de um silêncio
A matéria para esta minha fotografia são os “Brasis” que começaram a correr,
fortes, em mim, já nas festas de Cosme e Damião, acompanhada pelas mãos de
Madrinha. Madrinha era a irmã de meu pai, pessoa boa e que ajudou a nos criar.
Foi ela que me apresentou alegrias e me ensinou a seguir o som dos tambores de
origem banto e nagô.
Ali, eu era criança e comecei a acreditar em deuses que dançam. E, no tempo, fui
percebendo que são dois os modos de conviver com esse ritual – que é iniciático,
mas, aqui, é também fotográfico.
De dentro: pés no chão, saias e saiotes engomados das mulheres, a comida que
sai cheirosa e pelando da cozinha, o batuque das mãos dos instrumentistas, o
transe do povo de santo. De fora: gente chegando para a festa.
É sempre assim para quem se aproxima das manifestações culturais ainda tratadas
com temor e preconceito, mas que afirmam as profundas raízes negras na identidade brasileira. Foi assim que meus olhos se achegaram. Depois entraram para
o xirê, para a dança, para os espaços sagrados.
Ninguém é o mesmo depois de um silêncio que cala no corpo e nos dá voz. Este
©Denise Camargo
Orô
série Notas para uma imagética do candomblé
Casa das Águas, Itapevi – SP, 2008.
Na cultura religiosa de matriz africana, animais como galinhas, galos, cabritos são abatidos ritualmente na cerimônia
chamada orô, e são preparados e servidos nas festas em
louvor aos deuses, para alimentar a comunidade e seus convidados. A alimentação compartilhada se chama ajeum.
Denise Camargo
silêncio nagô calou em mim, o que cala em você?
©Denise Camargo
Curvo a cabeça, agradecida
série Notas para uma imagética do candomblé
Casa das Águas, Itapevi – SP, 2000.
Gesto de reverência: no cumprimento ritual
chamado dobale ou “bater cabeça”, os fieis
levam a cabeça ao chão em diferentes momentos dos rituais, em sinal de respeito aos
saberes e aos, hierarquicamente, mais velhos.
©Denise Camargo
Ogum
série Eu só acredito em deuses que dançam
Casa das Águas, Itapevi – SP, 1999.
As divindades dançam em roda, dentro de um sistema gestual codificado que torna sagrados os movimentos cotidianos. Apresentam-se enfeitadas com insígnias e paramentos que fazem referência a relações
míticas. Ogum realiza movimentos rápidos que simbolizam a luta, o
abrir dos caminhos. A ele está associada a atividade do ferreiro.
3º43’17”S 38º30’58”W
2014
encáustica sobre compensado naval
crédito: Marco Peres
À beira do vazio
Descarnados, os ambientes arquitetônicos revelam suas estruturas: pisos e tetos em
diálogo, colunas e vigas aparentes, paredes que se encontram, passagens que revelam novas paredes. Na pauta da representação, linhas e planos criando a ilusão
de um espaço tridimensional. E então percebemos a quietude dessas superfícies
maceradas ecoando em fragmentos de horizontes distantes. Paisagens construídas,
paisagens isoladas.
A depuração verificada na pintura de Fernanda Valadares (São Paulo, SP, 1971)
passa pela própria técnica adotada, a encáustica. Nesse processo remoto e vagaroso, em descompasso com as tecnologias e a velocidade do tempo em que
vivemos, a cera de abelha, base do pigmento, vai sendo aquecida e aplicada
sobre o suporte, camada sobre camada. Do adensamento da matéria resulta o
adensamento da pintura, que pode manifestar-se delgada e translúcida, opaca e
cremosa, lisa ou texturizada. Fernanda fez seus primeiros trabalhos em encáustica
na década de 1990, mas só a partir de 2007 passou a adotá-la sistematicamente,
regida pela temporalidade reclamada pela técnica e encontrando-se a si mesma,
espiritual, vem resgatando e refinando paisagens externas e internas, experiências
e memórias: contemplação, compreensão, essência.
Paula Ramos
Crítica de arte, professora-pesquisadora do Instituto de Artes da UFRGS
Fernanda Valadares
no ateliê insular, janelas voltadas para o céu. Ali, num movimento físico, mental e
21º11’56”S 47º48’35”W
2014
encáustica sobre compensado naval
crédito: Marco Peres
23º33’0”S 46º41’21”W
2014
encáustica sobre compensado naval
crédito: Marco Peres
Desenho 2, 2008
técnica mista
21 x 14,5cm
Desiderium
Desiderium é um projeto que se iniciou em 2001 e foi finalizado em 2011. O trabalho “matriz” consta
de 30 peças realizadas em prata, bronze e cobre, em diversas técnicas como fundição e forja.
Partindo dele, todos os outros trabalhos foram gerados. O primeiro é um desenho realizado com
grafite sobre a parede, utilizando as próprias peças como gabarito. O segundo é um conjunto de 24
desenhos sobre papel, executados a partir da observação destes objetos. A etapa final deste projeto
é uma série com doze gravuras realizadas com processo de incisão direta sobre a chapa de cobre.
A concepção inicial do projeto Desiderium teve por base uma pesquisa em torno da joalheria antiga
e étnica, onde as joias impregnadas de valor simbólico representam mais que um adorno.
As formas destas peças evocam o sexo feminino e o seu significado. Inicialmente, estava vinculado a
amuletos de fertilidade, onde o desejo de algo que não se possui e se quer é o que fundamentava o
trabalho.
Com o decorrer do tempo, as questões presença – falta, com seus desdobramentos como existência –
memória, vida – morte, corpo – alma, tornaram-se o centro desta pesquisa. O nome Desiderium para
o projeto nasce a partir delas.
Marilena Chaui, no texto Laços do Desejo, apontando a origem da palavra desejo escreve “...
O desejo chama-se, então carência, vazio, que tende para fora de si em busca de preenchimento...”.¹
1 Novaes, Adauto (org.) O Desejo. São Paulo: Companhia das Letras; Rio de Janeiro: Funarte, 1990.
Rosana Mariotto
desiderium significa uma perda, privação do saber sobre o destino, queda na roda da fortuna incerta.
Desenho 4, 2008
técnica mista
21 x 14,5cm
Desiderium (objetos) - (detalhe), 2008
prata, cobre, bronze
dimensões variadas
Fernanda Valadares
Rosana Mariotto
Denise Camargo
Betânia Silveira
Nasceu em São Paulo, onde fez bacharelado e
licenciatura pela Faculdade Santa Marcelina. Em
2007, em busca de uma outra relação com o tempo e com o espaço, mudou-se para Porto Alegre,
RS, e começou a desenvoulver a pesquisa sobre
pintura encáustica. Vive e trabalha nessa cidade,
onde faz mestrado em poéticas visuais pelo Instituto de Artes/UFRGS. Desde então, teve trabalhos
selecionados para o I Concurso Itamaraty de Arte
Contemporânea, 64º Salão de Abril/CE e 42º
Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto. Participou de exposições coletivas importantes, entre
elas os 20 anos do MAC/RS. À Beira do Vazio
é a sua quarta exposição individual; as duas primeiras em Porto Alegre – Museu de Arte Extemporânea – em 2012 através do XIII Concurso de
Artes Plásticas Goethe Institut Porto Alegre e em
2014, Na Adega Evaporada, no Museu de Arte
Contemporânea do Rio Grande do Sul. Ainda em
2014 mostrou O Sétimo Continente através do
Programa Zip’Up da Galeria Zipper em São Paulo, com curadoria de Bruna Fetter.
Rosana Mariotto ( São Paulo, 1957) graduou-se
em Licenciatura Plena em Educação Artística pela
Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP e é
Mestre em Artes pela Universidade Estadual de
Campinas – UNICAMP. Participou de várias exposições tanto individuais como coletivas em galerias e instituições em diversas cidades do Brasil
entre elas, na Galeria de Arte do Centro Cultural
Candido Mendes no Rio de Janeiro,Galeria Sesc
Paulista em São Paulo, Museu Universitário de
Arte – MunA - em Uberlândia sendo sua última
exposição individual na galeria Graphias – Casa
da Gravura e coletiva na A Casa - Museu do Objeto Brasileiro ambas em São Paulo. É professora
nas faculdades de artes visuais da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, da Faculdade
Santa Marcelina e do Centro Universitário Belas
Artes. Ministra também uma oficina de escultura
em cerâmica no SESC Pompéia.
Colagens em um caderno de português, e mais
um ou dois fatos, plantaram a Fotografia dentro
de mim. Graduada em Jornalismo (ECA-USP) e
pós-graduada pela Universidade de Navarra, firmei, na imagem, um compromisso com o mundo.
Do cotidiano no fotojornalismo e nas redações,
parti para mestrado em Ciências da Comunicação (ECA-USP), e depois o doutorado em Artes
(IA-Unicamp). No percurso, a docência no Bacharelado e na Pós-graduação em Fotografia,
do Centro Universitário Senac. Paulistana, vivo
em Brasília desde 2009 e gesto exposições,
curadorias, publicações, produtos socioculturais
que exploram questões de identidade e têm na
imagem fotográfica sua razão de ser. São vários
prêmios, textos publicados e pesquisas. Os mais
recentes são o Prêmio Brasil Fotografia 2013,
para o desenvolvimento da série Memórias da espuma rosa; e a publicação da tese Imagética do
candomblé: uma criação no espaço mítico-ritual,
de onde emergiu a exposição E o silêncio nagô
calou em mim.
(Belo Horizonte-MG) Professora no curso de Artes Plásticas na Escola Guignard-UEMG. Doutora
em Artes Cênicas(2014) pela UDESC, investigando performance e teatralidade com a argila
e a cerâmica como processo de borda e lugar
de negociação, fronteira entre artes plásticas e
cênicas. Mestre em Poéticas Visuais - ECA/USP
(2007); Especialista em Cerâmica pela UPF/RS
(1997). Selecionada para o Salão Nacional de
Cerâmica de Curitiba de 2006/10, palestrante
em congressos como: o Nacional de Cerâmica
de 2006/10; Congresso Internacional Criadores
Sobre outras Obras-CSO’2012-Fac. de Belas-Artes da Universidade de Lisboa; Simpósios e exposições individuais e coletivas em Brasil, Cuba,
Turquia e Suécia. Possui publicações na área da
cerâmica e performance. Prêmio mais recente:
Menção Honrosa na Bienal Internacional de Cerâmica Artística Aveiros-Portugal (2009).
Governador do Estado de Santa Catarina
João Raimundo Colombo
Vice-Governador do Estado de Santa Catarina
Eduardo Pinho Moreira
Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte
Filipe Freitas Mello
Presidente da Fundação Catarinense de Cultura
Maria Teresinha Debatin
Assessoria de Comunicação
Marilene Rodrigues Correia
Fernanda Peres
Márcio Henrique Martins
Diretora de Difusão Artística
Mary Elizabeth Benedet Garcia
Ficha Técnica
Administradora do Museu de Arte de Santa Catarina
Lygia Helena Roussenq Neves
Design Gráfico
Moysés Lavagnoli
Revisão
Fernanda Peres
Equipe MASC
Apoio Administrativo
Ana Lúcia Fernandes da Rosa
Daniel Rohden Speck
Felipe Antônio da Rosa
Heloísa Helena Caminha Bradacz
Ação Educativa
Eliane Prudêncio da Costa
Maria Helena Rosa Barbosa
Sérgio da Silva Prosdócimo
Conservação e Acervo
Álvaro Henrique Fieri
José Carlos Boaventura dos Santos
Ronaldo Linhares
Montagem
André Tapajós Gomes
Anézio Antônio Ramos
Itamar Pinho Alves
Sérgio Adolfo Guint
Iluminação
Edimar Nascimento
Pesquisa e Documentação
Débora Judite Fernandes Alves
Gregory Costa
Comissão de Acervo e Pauta do
Museu de Arte de Santa Catarina
Carlos Stegemann
Fernando Boppré
Heloísa Helena Caminha Bradacz
Maurício Rafael
Onor Campos Filomeno
Péricles Prade
Ronaldo Linhares
Sandra Macowiecky
Sandra Regina Ramalho e Oliveira
Soraya Bianchini
Coordenação da Comissão
de Acervo e Pauta - Masc
Lygia Helena Roussenq Neves
Secretário da Comissão
de Acervo e Pauta - Masc
Daniel Rohden Speck
Missão
Masc - Museu de Arte de Santa Catarina
“Contribuir para o fortalecimento das artes visuais em Santa
Catarina, através da preservação, documentação, pesquisa,
educação e comunicação do seu patrimônio musealizado”
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