Sonhos e desafios da geração Y - Online UNISANTA
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Sonhos e desafios da geração Y - Online UNISANTA
JORNAL-LABORATÓRIO DO QUARTO ANO DE JORNALISMO DA FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO DA UNISANTA ANO XVIII - N° 139 - MAIO /2013 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - SANTOS (SP) Sonhos e desafios da geração Y Rê Sarmento A vida noturna agitada aparece como a marca principal da juventude de hoje, conhecida como geração Y ou Millenium. Mas essa é uma falsa impressão ou apenas a sua faceta mais visível. Tecnologicamente mais bem preparado que seus pais e avós, o jovem do século XXI está também preocupado com o seu futuro, lutando não só por direitos sociais como assumindo responsabilidades. É o que mostra esta edição dedicada à geração que representa o futuro da Nação. Coletiva Editorial Com a palavra, os jovens... Santos tem um contingente idoso elevado. A terceira idade escolhe a cidade porque pensa em desfrutar de anos tranquilos, com qualidade de vida. Mas é preciso chamar atenção para outra faixa etária, porque é lá que está o futuro da nação. O que os jovens podem aguardar para os próximos anos? Em primeiro lugar, precisam correr atrás dos seus direitos. Muitos deles já foram adquiridos, como a livre expressão da escolha sexual, mas ainda há muito que se discutir. A legalização da maconha e do aborto são só alguns exemplos. Eles estão abertos às oportunidades e o mundo espera por eles. Nas próximas páginas, os jovens falam sobre as perspectivas, medos e anseios da geração mais tecnológica de todos os tempos. Uma bailarina que virou produtora Jéssica Branco Beatriz López Jornalista tido como referência de resistência da profissão na época do Regime Militar conversa com futuros colegas de profissão sobre os tempos sombrios vividos no Brasil Daiane Zanellato “Os meios de comunicação ficaram com medo, foram coniventes ao Regime Militar”. Assim o jornalista Audálio Dantas iniciou sua palestra aos alunos de jornalismo da Universidade Santa Cecília. Ele menciona essa passagem referindo–se aos tempos de Ditadura, regime que comandou o Brasil de 1964 a 1985. Além da palestra com os futuros colegas de profissão, o jornalista aproveitou para apresentar publicações de sua autoria como Tempo de Reportagem, Repórteres e As duas guerras de Vlado Herzog, este último que conta a história do jornalista preso, torturado e morto pelos militares, Vladimir Herzog. Dantas contou histórias vividas em seu tempo de “pés sujos”, quando trás. “Não poderíamos ficar em silêncio”, emocionou-se. Em protesto ao falecimento de Herzog, foi realizada uma missa ecumênica na Catedral na Praça da Sé, em São Paulo (SP), que caracterizou o primeiro grande movimento da sociedade civil contra a Ditadura Militar. Mesmo com 383 barreiras policiais envoltas na cidade, cerca de oito mil pessoas se reuniram na manifestação. “Nenhuma ditadura consegue persistir quando existe ao menos um pouco de sentimento de liberdade”, ressaltou Dantas. Ainda sobre a morte e o livro escrito sobre Vlado Herzog, Dantas assumiu uma admiração em relação à presidenta Dilma Rousseff. “Mais de 40 anos depois, uma mulher instalou em nosso país a Comissão da Verdade e, somente agora, a sociedade resolveu depoimentos e só agora acho que está tudo certo, esta tudo aqui”. Jornalista liberal, Dantas destacou em sua palestra a liberdade de expressão e disse que a ditadura foi um dos momentos mais cruéis que viveu. Apesar de nunca ter sido preso, ele contou como era escrever para os jornais, já que as redações recebiam ordens do Governo Militar do que poderia ou não ser publicado. “A vantagem para quem não se escondia da ditadura é que os militares eram burros e nós conseguíamos escrever ‘entre linhas’, tudo o que desejávamos”. E continuou: “A grande massa não entendia, mas direcionávamos nosso discurso para os grandes líderes da época, que também eram contra a falta de liberdade”. A noite de palestra também foi marcada por frases que fizeram a Jéssica Branco Com apenas 23 anos e quatro de profissão, Thais Rozo é mais um exemplo de ex-aluna da UNISANTA que prosperou na carreira. A aluna, que sonhava em trabalhar em jornal impresso acabou apaixonada por televisão assim que fez o seu primeiro e único estágio. A jornalista fez da TV Tribuna a sua segunda casa e hoje atua na emissora como produtora de reportagem. A série de matérias mais recentes que produziu, sobre o carnaval santista, é uma das suas maiores paixões na atualidade. E ela não nega, pois nunca teve qualquer interesse pelo assunto. Thais Rozo tinha apenas 15 anos e dava aulas de balé, quando descobriu o interesse pelo Jornalismo. Foi uma professora de português que incentivou a jovem, porque disse que ela era extrovertida e escrevia bem. Na época estudante, ela ansiava por nutrição, mas percebeu que se daria bem em outra área. Aos 17 entrou pela primeira vez nos portões da UNISANTA e ficou apaixonada pelo complexo educacional. “Aquilo era muito diferente do que eu tinha no Ensino Médio. Sempre estudei na mesma sala, com apenas 12 alunos. Eu queria mesmo uma mudança”, contou. Quando entrava no terceiro ano da faculdade enviou o currículo para vários veículos e logo imaginou que seria escolhida pelo Jornal A Tribuna, que era sua principal opção. E Thais se enganou! Foi chamada pelo diretor de jornalismo da TV Tribuna, afiliada Globo na Baixada Santista e Vale do Ribeira, Eduardo Silva, para fazer estágio. Durante este período prático trabalhou no setor de arquivo de imagens da emissora e, quando estava no quarto ano de Jornalismo foi para a produção. “O ritmo é muito intenso, mas ao mesmo tempo apaixonante e requer atenção. Qualquer coisa que colocamos na mídia é visto por muita gente e rapidamente, a televisão é muito vista. Eu já cometi um erro em uma pauta que rendeu até polícia. Precisamos tomar muito cuidado porque mexemos com a vida das pessoas o tempo todo”, ressaltou a jornalista. Em palestra, Dantas abre porões da ditadura Thais: paixão pela televisão Quando acabou o período de estágio, ela ainda ficou mais três meses como freelancer e outros três desempregada. Até que foi contratada como produtora de reportagem quando uma vaga foi aberta. E emocionada ela contou como foi o dia de sua contratação. “Quando eu fui chamada para estagiar fiquei maravilhada, mas nada se compara ao que senti quando o Eduardo me ligou. Foi o dia mais feliz da minha vida até hoje”. Para Thais, um bom produtor de reportagem precisa saber um pouco de tudo, principalmente quando ele não é especializado em uma só editoria. E mesmo com um jornal no ar, é preciso pensar no que vai ser produzido no dia seguinte. Segundo ela, o tempo na redação de um telejornal diário não para nunca. O mais gratificante, para a jornalista, é ver a matéria que você ajudou a construir no ar. “É mágico ver aquilo que saiu da sua cabeça nas telas”, disse. Seu trabalho especial mais recente foi a série sobre o carnaval de Santos. E a jornalista que nunca teve interesse pelo samba, foi parar até na passarela. “No ano passado, a escola Império da Vila homenageou a TV Tribuna e eu fui para a Passarela Dráuzio da Cruz desfilar Nunca senti algo parecido com aquilo. É uma energia imensa”, relata. Thais já cobriu dois anos e logo mais, ela e a equipe vão pensar no terceiro. Começa cedo, como no mundo carnavalesco. No futuro, ela espera prosperar ainda mais. “Quero continuar me aprimorando naquilo que faço. Quem sabe um dia ser uma produtora especial, ou até mesmo uma editora de texto, não é?”. Audálio Dantas destacou o trabalho da Comissão Nacional da Verdade na apuração dos crimes praticados pela ditadura a maioria dos jornalistas ia a campo para buscar notícias e fatos concretos de pessoas que foram presas e assassinadas pelo Regime. Indignação A indignação de Audálio Dantas ficou visível quando se referiu à morte do jornalista Vladmir Herzog. Ele contou que, em outubro de 1975, 11 jornalistas haviam sido mortos e sepultados em silêncio, mas o assassinato de Herzog não foi deixado para dar valor aos acontecimentos ditatoriais”, resumiu. Foi a partir desta comissão que Dantas teve acesso aos documentos da Agência de Informações do Governo Militar. O jornalista foi questionado sobre a demora do lançamento do livro e explicou. “Tenho esse projeto desde 1976, mas tive um bloqueio emocional e temia não ser fiel ao que realmente aconteceu. Comecei a escrever em 2010, consegui mais de 50 maioria dos estudantes refletirem como “Jornalista não é missionário, mas tem um compromisso com a verdade” e “É sempre possível que a verdade prevaleça no jornalismo”. Ele ainda mencionou as novas tecnologias como a segunda revolução depois de Gutemberg, mas ressaltou que é preciso ter bom senso ao utilizar esse meio de comunicação. “Temos uma mídia que desinforma, que omite informações”. Análise do professor Os alunos da Faculdade de Artes e Comunicação tiveram uma bela oportunidade de participar de uma palestra seguida de coletiva com uma das referências do jornalismo brasileiro: o escritor, ex-presidente do sindicato da categoria e ex-deputado federal Audálio Dantas. O tema central foi o assassinato de Vladimir Herzog no DOI-CODI em São Paulo e a repressão contra jornalistas durante o golpe militar. Os textos de Daiane Zanellato e Gustavo de Sá sintetizam bem o teor da palestra e o espírito da coletiva. (Francisco La Scala Júnior) “Militares devem ser julgados” Gustavo de Sá O jornalista Audálio Dantas, que presidiu o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo (SJSP) por três anos durante a Ditadura Militar no Brasil, espera que os antigos militares sejam julgados. “É preciso que não nos esqueçamos daquele período (o regime militar), que foi o mais repressivo e perigoso para os cidadãos de toda a história de nosso País”, afirmou, durante palestra aos alunos de Jornalismo da Universidade Santa Cecília (UNISANTA). Dantas comemorou o aniversário de um ano da criação da Comissão Nacional da Verdade, que visa investigar violações de direitos humanos ocorri- encontrado morto na carceragem do DOI-CODI de São Paulo, no dia 25 de outubro de 1975. Considerando que o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa foi comemorada em 3 de maio, Audálio Dantas comentou sobre as dificuldades de se escrever textos durante o regime militar. “Era preciso buscar palavras e usar artifícios verbais para passar Lançamento Durante o encontro com os estu- a mensagem nas entrelinhas”, recordantes, o jornalista realizou o lança- dou. “Nenhuma ditadura, em nenhum mento de seu mais recente livro, As duas guerras de Vlado Herzog, onde lugar do mundo, conseguiu se sustenreconstitui todos os detalhes da pri- tar com o mínimo de liberdade de insão do jornalista Vladimir Herzog e formação”, afirmou Dantas. Apesar disso, como o próprio jorlevanta novas questões sobre a versão nalista definiu, “a ditadura era forte, oficial da sua morte. Vlado, como era chamado, foi mas era burra”. das entre 1946 e 1988 por agentes do Estado. “A lei que institui a comissão não foi criada antes porque faltou coragem ao Fernando Henrique Cardoso e ao Lula quando governaram o Brasil. Ainda bem, mesmo após tanto tempo, uma atitude foi tomada pela presidente Dilma para apurar esses casos”. EXPEDIENTE - Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação da UNISANTA - Diretor da FaAC: Prof. Humberto Iafullo Challoub Coordenador de Jornalismo: Prof. Dr. Robson Bastos – Responsáveis Prof. Dr. Adelto Gonçalves, Prof. Dr. Fernando De Maria e Prof. Francisco La Scala Júnior. Design Gráfico e diagramação: Prof. Fernando Cláudio Peel - Fotografia: Prof. Luiz Nascimento – Redação, fotos, edição e diagramação: alunos do 4º ano de jornalismo – Editora de foto: Rê Sarmento Primeira página: Natacha Negrão - Coordenador de Publicidade e Propaganda: Prof. Alex Fernandes - As matérias e artigos contidos nesse jornal são de responsabilidade de seus autores. Não representam, portanto, a opinião da instituição mantenedora – UNISANTA – UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA – Rua Oswaldo Cruz, nº 266, Boqueirão, Santos (SP). Telefone: (13) 32027100, Ramal 191 – CEP 11045-101 – E-mail: [email protected] 2 Edição e diagramação: Daniel Paiva PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013 “O problema principal do jovem é com a autoestima” O psicoterapeuta Arlindo Salgueiro é especialista no atendimento aos jovens a partir da puberdade, com orientação familiar e vocacional Natasha Albert Natasha Albert Arlindo Salgueiro, formado em Psicologia e Pedagogia pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), é psicoterapeuta desde 1974. Possui títulos de especialista em Psicologia Clínica e Psicologia Organizacional outorgado pelo Conselho Regional de Psicologia do Estado de São Paulo. É também membrofundador da Escola de Pais em Santos, da Associação dos Psicólogos de Santos e do Movimento Curso Intensivo de Vivência no Casamento, em 1980. Foi diretor da Clínica Psicológica e Centro de Estudos Existência & Análise; diretor-científico da Associação dos Psicólogos de Santos; conselheiro titular do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente de Santos e conselheiro da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santos. Nesta entrevista, ele explica as principais dificuldades que o jovem enfrenta hoje em dia. PI – O senhor formou, em meados dos anos 60, a primeira comunidade jovem ligada à Igreja Católica. Qual era o seu objetivo com a juventude daquela época ? Salgueiro – Em 1964, houve um golpe de Estado, que deixou muitos jovens da época reprimidos e recatados. Quando vi que os jovens estavam dessa maneira, fui buscar a minha igreja e trabalhar com a juventude. Foram jovens que, graças a essa comunidade, puderam desenvolver as suas ideias, despertar estímulos e criar uma visão social. Hoje, muitos dos jovens daquela época são grandes figuras na sociedade. Temos que ser protagonistas, fazer a nossa história na sociedade. Primeira Impressão – É normal o jovem procurar primeiro um psicólogo antes de procurar os próprios pais? Arlindo Salgueiro – Chega um determinando momento da vida de um jovem em que ele começa a processar as suas escolhas; por isso, os pais têm dificuldade e precisam ter maturidade para conseguir acompanhá-lo. Nesse momento, é importante a figura de um profissional, de um terapeuta, que tenha recursos, experiências e vivências para conseguir ajudar o adolescente nessa transformação e formação do caráter. ‘ PI – Quais são as maiores dificuldades que os jovens Rapazes e moças devem estabelecer vínculos afetivos. Assumir as suas responsabilidades” feminino. Quando existem insegurança e imaturidade, é mais fácil eu me relacionar com o mesmo sexo do que com um sexo diferente, porque o sexo diferente representa um desafio. Quando me relaciono com o mesmo sexo, estou me relacionando comigo mesmo, relacionando-se com meu espelho. Não existe nada pronto no ser humano e a identidade é um processo, uma conquista. Arlindo Salgueiro recomenda que o jovem mantenha princípios como a dignidade e cuide mais de sua privacidade decorrência, haverá problemas de depressão, que levam os jovens a buscar a droga para aplacar isso. As drogas representam uma fuga errada diante da dificuldade dos jovens de se apropriarem de si mesmos, de se conceituarem como ser. Atualmente, estamos vivendo uma crise existencial. Por isso, idealizei o Movimento Pró-memória de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), o patriarca da Independência. PI – No que a figura do José Bonifácio pode ajudar na vida dos jovens de hoje? Salgueiro – Idealizei esse movimento para que tenhamos um trazem para dentro do seu esteio, uma figura importante que consultório? possa nos dar esse lastro, de quem Salgueiro – Atendo aos jovens a possamos nos orgulhar. Ele abordou partir da puberdade, a partir dos todos os aspectos desde a identidade 14 anos. Trabalho com o sentido nacional e também trabalhou todas vocacional, orientação familiar, as questões da inclusão social. insegurança com relação à identidade Temos muita coisa a aprender e à própria vida. Mas o problema nos livros de José Bonifácio. Esse principal é com a auto-estima. Em homem tem que nos alicerçar, ele PI – O que o senhor gostaria de aconselhar à juventude? Salgueiro – Rapazes e moças devem estabelecer vínculos afetivos. Assumir as suas responsabilidades. Ser uma só pessoa em todos os lugares, aquele que você é em casa tem que ser em qualquer lugar. Não podemos mais deixar que a dignidade venha a ficar em ‘ não é um personagem do passado, PI - Uma das polêmicas que mas é ainda alguém do presente e mais envolvem os jovens de hoje vai continuar sendo do futuro. é a escolha da sexualidade. Como entender o homossexualismo na PI - Como o senhor define os juventude? adolescentes, a juventude nos dias Salgueiro – Tudo no ser humano atuais? é conquista, nada está pronto, Salgueiro – A palavra inclusive, a nossa identidade sexual adolescência vem do latim que é obtida a partir da interação adolescere, que quer dizer adoecer. com os nossos pais e com os valores Então, na verdade, o adolescente é determinados pela cultura. Então, um adoentado, o que não significa ninguém nasce, do ponto de vista que ele esteja doente, mas que não psíquico, homem ou mulher, isto é, está ainda bom, não está saudável, o ser humano nasce biologicamente está no meio, porque ele ainda não é masculino ou feminino. Mas, visto um adulto pleno nem é uma criança. pelo ponto psíquico, no processo Ou seja, ele ainda está amadurecendo de identidade, através de Édipo, a e essa questão de amadurecer é interação da família e a inclusão na que faz a grande diferença. O que sociedade é que vão determinar. aprendemos, primeiro, é através da interação com os nossos pais, que PI – Em que momento o homem são grandes modelos para nós; em ou a mulher “fica” homossexual? segundo lugar, com a sociedade e a Salgueiro – Na adolescência, cultura em que estamos inseridos. A na puberdade, dos 10 aos 14 anos, escola também deve fazer parte da todos nós somos bissexuais, estamos educação e formação do caráter de na fase da afirmação. Nessa fase, um jovem. o nosso corpo muda e eu preciso me afirmar como ser masculino ou As drogas representam uma fuga errada diante da dificuldade dos jovens de se apropriarem de si mesmos” segundo lugar. A perda da própria privacidade está por todos os lados, o jovem deve ter pudor, guardarse mais. Enfim, devemos colocar cadeado na nossa vida e manter os princípios. Edição e diagramação: Daniel Paiva PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013 3 Descriminalização da maconha divide opiniões O debate em torno do tema gera manifestações recorrentes, polêmicas e acaloradas entre os jovens Créditos, créditos Leandro Marçal Entre as drogas consideradas ilegais, a maconha é a que tem menos rejeição pela sociedade, o que faz com que muitos usuários, especialistas, autoridades e pessoas comuns defendam a descriminalização de seu uso ou até mesmo a sua legalização, coibindo o tráfico nos moldes atuais, pois o uso seria permitido. Considerada uma droga “leve” e, por muitos, até mesmo defendida por supostamente não trazer tantos prejuízos à saúde, a erva é tema de debates recorrentes e acalorados. O Primeira Impressão foi às ruas para saber qual a opinião da juventude sobre o tema. Entre os entrevistados, há usuários, pessoas radicalmente contra a descriminalização da droga e até mesmo quem a experimentou, tornando o debate ainda mais rico. O resultado é que a maioria defende uma regulamentação da maconha de uma forma que ela fosse permitida da mesma forma que outras drogas que tantos prejuízos (financeiros e na saúde pública) trazem à sociedade, como o álcool e o cigarro. Usuários fumam maconha em locais públicos apesar da proibição de achar que há outros assuntos mais importantes a serem debatidos”. – Stephanie Domingues, 20 anos, operadora de Microcomputadores. “Tenho alguns amigos que fumam e não gosto que eles usem maconha quando estou com eles. Mesmo assim, sou a favor da legalização da droga, pois nunca vi nenhum usuário fazer mal a ninguém. Não vejo problema nenhum nisso. Acho que chegará um dia em que não haverá restrições quanto ao consumo de maconha no Brasil”. – Thiago Rocha, 21 anos, autônomo. Confira as opiniões “Cada um sabe o que quer para “O problema de uma possível descriminalização do uso de maconha é si; por isso, sou totalmente a favor que as crianças teriam a chance de usar da descriminalização da maconha. a droga cada vez mais cedo e, por não Se queremos nos igualar a países de terem uma opinião formada, teriam primeiro mundo, esse é um aspecto mais propensão a usar drogas mais pe- que deveria ser imitado. Afinal, não sadas. Só não sou a favor de uma legali- conheço ninguém que tenha algum zação do uso da maconha por isso, além prejuízo à saúde por fumar maconha. Mas essa descriminalização ainda vai demorar muito para acontecer”. – Gabriel Melo, 23 anos, desempregado. “Sou a favor da descriminalização da maconha por ser uma droga que não gera comportamentos violentos, como o álcool, por exemplo. É claro que tudo em excesso é prejudicial à saúde, mas isso independe da maconha ser lícita ou não. Nunca vi maconha gerar câncer ou violência, diferente do álcool e do cigarro”. – André Bandeira, 22 anos, estudante de Engenharia Elétrica. “Não vejo problema em ter amigos que fumam maconha, mas ela é um caminho fácil para se chegar a drogas mais pesadas. Não acho que ela vai ser liberada, pois os prejuízos à saúde são maiores do que os das drogas lícitas”. Cesar Macedo, 22 anos, estudante de Engenharia Civil. Alunos de Publicidade produzem nova logomarca Alyson Gonçalo O jornal Primeira Impressão está de cara nova. Nesta edição, dedicada ao universo dos jovens, o logomarca de um dos melhores jornais-laboratórios do País passou por uma mudança gráfica. Tudo graças à interação entre os cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), que se uniram para dar uma cara ainda mais jovial ao trabalho. Entre diversas propostas elaboradas pelos alunos de Publicidade e Propaganda, três chamaram a atenção e chegaram à final da disputa. Com o propósito de modificar e apresentar um novo formato gráfico ao periódico, o projeto “Impressão Única” foi o ganhador. O veredito sobre o vencedor foi decretado por professores de ambas as disciplinas. “Dentre vários trabalhos, este foi o projeto de que mais gostamos. Quando falamos em impressão digital (que ilustra o novo logotipo), pensamos em algo exclusivo. Esta é a nossa forma de pensar em relação ao jornal, que fornece um trabalho de grande importância no Brasil”, disse Luiz Gustavo Rodrigues, professor de Publicidade e Produção Gráfica, que coordenou os trabalhos ao lado do professor Aristides de Medeiros Brito Junior. Ao longo de 17 anos de publicação, a logomarca passou por diversas mudanças. A primeira produção gráfica ocorreu em 1996, quando o impresso ainda era produzido numa redação com máquinas de escrever. Ao longo dos anos, ele foi se aprimorando e, em 2010, ocorreu a última padronização, nas cores cinza e preta, já apresentando importantes mudanças em relação ao pioneiro. Para os próximos anos, a tendência do jornal é crescer ainda mais na 4 Jéssica Branco Iluminação pública insuficiente amplia a sensação de insegurança Educação é a melhor opção contra violência Eduardo Corrêa parte gráfica, gerando um dinamismo visual aos leitores. A interação entre os cursos já se faz presente nas edições. A ideia é realizar um trabalho em conjunto, que procura agregar ainda mais alunos da UNISANTA. “Mais uma vez os cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda Edição e diagramação: Suellen Brandão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013 se uniram para realizar um projeto em conjunto. Essa interação enriquecerá ainda mais o nosso trabalho impresso. Já conversei com coordenadores de outras áreas e pretendemos fazer uma parceria para divulgar ainda mais o trabalho feito por nossos alunos”, completou Rodrigues. No Brasil, durante a última década, a criminalidade aumentou entre jovens de 16 a 25 anos. Muitas pessoas sugerem mudança na legislação, como a diminuição da maioridade penal de 18 para 16 anos. A juíza Silvana Borges, que há 22 anos trabalha como assessora da presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo, explica que, ao contrário do que se acredita, a reclusão desses jovens não seria a melhor saída, já que o sistema penitenciário no Brasil é falho e, dificilmente, auxilia na recuperação do detento. Para ela, a educação de base com uma sociedade mais justa se constituiria no melhor caminho. “Falta um modelo. Muitos jovens começam a vida sem um espelho para a vida. A família ajuda, mas um bom sistema educacional talvez seja a chave para uma melhor conduta desses jovens”, explica Silvana. A juíza relembra de um caso de sucesso, ocorrido durante os anos 90, de um detento que conseguiu a reabilitação, após ser preso por furto e assalto a mão armada e que, durante a sua passagem pela prisão, ensinou os outros presos a pintar, arte que ele mesmo já havia esquecido. “O primeiro nome dele era Alexandre, na época eu era advogada, e foi muito bom vê-lo com aquele curso de pintura para os outros detentos”, conta. Problemas sociais Para a professora Maria Cristi- na Lundin, formada em Ciências Sociais há mais de 30 anos, entre os fatores que levam os jovens a cometer crimes ou atos de violência estão algumas deficiências na formação do seu caráter. Ela cita os problemas sociais e a falta de emprego e de estudos como fatores que levam o jovem a se reunir em determinados grupos em que a violência e o consumo de drogas não são atos rotineiros, mas podem ser. “As drogas levam muitas pessoas a formar um determinado grupo social em que a violência acaba sendo o sustento delas. A índole do individuo, porém, pode ser o fator determinante para o caráter da pessoa”, ressalva. Na Baixada Santista, os crimes menores vêm se tornando cada vez mais comuns, levando a população a procurar ter mais cuidado nas ruas, principalmente à noite. O estudante de Engenharia Química, Luiz Fernando Spinelli, de 22 anos, escapou de uma tentativa de assalto no centro de São Vicente, quando dois ciclistas o abordaram na calçada. “Não sei se estavam armados, mas, quando vi a movimentação deles, entrei em uma das lojas e me misturei com as pessoas. Foi por pouco”, recorda. O estudante ainda comenta que, no Brasil, esse tipo de situação já se tornou corriqueira nas regiões metropolitanas. “Espero que a situação não piore”, diz, lembrando que, no interior do País, ainda dá para sentir maior segurança nas ruas. “Já em qualquer região metropolitana a tendência é se sentir cada vez mais inseguro”, finaliza. Jéssica Branco Gravidez precoce, um desafio social A ausência de educação sexual contribui para o aumento de jovens grávidas Rejane Sarmento A adolescência é um período de vida que merece atenção redobrada, pois a transição entre a infância e a idade adulta resulta em amadurecimento do sistema reprodutivo, podendo provocar mudanças, acompanhadas das alterações hormonais, sociais e culturais, que impõem limites para ambos os sexos. Os fatores de risco da gravidez na adolescência, em alguns casos, estão associados ao convívio familiar, negligência em relação ao uso dos preservativos e métodos anticoncepcionais pelos adolescentes. A educação sexual constitui um fator determinante na prevenção da gravidez na adolescência, contribuindo para o Muitas vezes, jovens mães não estão preparadas para a maternidade, mas, engravidam por negligência em relação aos métodos contraceptivos desenvolvimento de competências e adaptações de comportamentos bio-psico-socialmente saudáveis responsáveis e gratificantes.Teles Fontoura da Silva, 30 anos, nasceu quando sua mãe, Soilamar Fontoura da Silva, 48 anos, residente na cidade de Viamão/ RS, era uma adolescente de apenas 17 anos. Crescendo sem a presença do pai, ele diz sempre ter tido uma excelente relação com a mãe. "Minha mãe é muito trabalhadora, muito responsável, uma supermãe e amiga acima de tudo", diz. Teles lembra a luta diária de muito trabalho de Soilamar para construir sozinha a casa onde moram e manter uma sobrevivência digna para ambos. "Ela sempre foi muito presente em todos os momentos da minha vida e, mesmo tendo de trabalhar fora diariamente, jamais deixou de ser dedicada, carinhosa e companheira", garante. Impossibilitado de trabalhar, em virtude de um acidente de carro, Teles hoje vê a preocupação da mãe, com relação a sua saúde e futuro. Ele conta que não teria coragem de ser pai na época atual e tampouco quando era adolescente. "O mundo hoje está muito diferente. Mais difícil do que na época em que nasci". Teles recorda ainda que numa reunião na escola, alguns colegas perguntaram se sua mãe era sua irmã mais velha. Para ele, foi um susto e Soila, como é chamada, sentiu-se feliz e envaidecida. "Ela é um exemplo de mulher, de mãe, de pessoa, por ser muito guerrei- Iniciação sexual é cada vez mais cedo Natacha Negrão Dados recentes do Ministério da Saúde confirmam que o número de adolescentes grávidas cresceu muito em consequência da má distribuição de renda, da criminalidade e das drogas. No entanto, outros estudos em nível nacional apontam uma iniciação sexual cada vez mais precoce, colocando em risco a situação social, econômica e psicológica das mães, que engravidam com idade abaixo de 17 anos. Camile* tem 12 anos e está grávida de 4 meses. O pai desta criança que irá nascer tem 18 anos e terminou o namoro ao saber da gestação. Ela está com medo em relação à gravidez porque sabe que ainda é muito jovem para assumir este compromisso. “Sei que é minha responsabilidade cuidar dessa criança, mas espero desde já que ela pense bem antes de tomar decisões erradas como eu...”, disse. Certamente, ela não é a primeira nem a única a passar por esta situação no Brasil. Cada vez mais o questionamento cresce: “como isso vai acontecer com uma criança, que deveria apenas estar preocupada em estudar?” Em contraponto a esta realidade, há histórias parecidas em que os protagonistas conseguiram manter o relacionamento. É o caso de Adriana e Matheus, que começaram a namorar quando tinham 14 anos, tiveram o primeiro filho aos 17 e, hoje, com 23 anos, estão esperando mais um filho. “Nós nos amamos e tínhamos certeza do que queríamos desde o começo”, disse Matheus. Segundo o casal, o fato de a família deles apoiar o relacionamento contribuiu muito para que durasse. “Antes de eu saber que estava grávida do meu primeiro filho, queríamos terminar, mas nossas famílias nos deram forças e ficamos firmes até hoje”, disse Adriana. Antigamente, as mulheres eram praticamente prometidas para seus futuros maridos, tinham casamentos arranjados pela família e, em alguns casos, o casal nem chegava a namorar. Quando os casais começavam a namorar, só podia ser na frente dos pais e de mãos dadas apenas. Com o passar do tempo, até mesmo depois do namoro ser liberal em relação à família, surgiu o termo “ficar”, como se fosse para fazer um teste antes de namorar firme. Entre os jovens, o “ficar” é comum, pelo fato de não terem compromisso com a pessoa e ainda poder contar para a turma como foi o beijo. Hoje a ideia predominante é que apenas beijar não basta, mas é preciso ter uma relação sexual também. A partir daí, muitos garotos e garotas se tornam pais cada vez mais cedo. Isso talvez aconteça por falta de conversa dos familiares com seus filhos ou por falta de instrução e/ou estrutura da própria família, mas também há casos em que a família ensina e educa e, mesmo assim, os filhos não assimilam onde está o problema. O casal Guilherme e Marina está junto desde os 15 anos e hoje com 22 está de casamento marcado para agosto. Como se conheceram na igreja evangélica que frequentam, eles dizem que só terão a primeira relação sexual depois do casamento, conforme pedem os ensinamentos da Bíblia. “Somos jovens e temos muito tempo ainda para aproveitar as coisas da carne. Há coisas mais importantes, como a cumplicidade, para nos levar ao casamento”, disse Marina. Guilherme disse que já sofreu preconceito por ser “virgem” na faculdade, mas acredita que vale a pena esperar: “As pessoas que falam sobre a castidade como se fosse a coisa mais absurda do mundo não sabem que não é apenas o sexo que mantém um relacionamento firme”. A maioria da religiões critica os relacionamentos precoces, principalmente o catolicismo e o protestantismo, defendendo que a iniciação sexual deve ser feita na vida adulta, após o casamento. Contudo, não é apenas o fator religioso que afeta o relacionamento, pois há também fatores psicológicos, familiares e sociais que condenam um namoro com atividade sexual antes do casamento. Mesmo com o processo cultural cada vez mais democrático pelo qual o País passou, falar sobre sexo na família ainda é um tabu. Cada vez mais os veículos de comunicação têm pressionado as pessoas a ter essa abertura para discutir o assunto, já que é dada grande importância aos jovens, especialmente quando se discute como será um futuro próximo entre pais e filhos. ra e não desistir em todas as situações difíceis que passamos". Idade da avó Em 1998, aos 16 anos, Francis Santos Neves, residente na praia dos Ingleses em Florianópolis/SC, deu à luz ao seu primeiro filho, Lucas Neves Cammarata Nisinaga. Hoje com 15 anos de idade, o estudante Lucas Neves, conta que crescer ao lado da mãe ainda adolescente foi normal. Entretanto o jovem diz estranhar a mãe de alguns de seus amigos em relação a sua. "Parece que elas têm a idade da minha avó". Lucas não lembra de ter tido dificuldade de relacionamento e convivência no seu meio familiar. "Não sofri nenhum tipo de negligência. Eu ‘ não tenho apenas uma mãe, mas também tenho uma amiga". Para Suely Fernandes da Silva, 35 anos, residente em Santos, a maternidade chegou mais cedo, aos 14 anos. Seu filho, Virgilio Almeida Cardoso Neto, 21 anos, estudante, conta que crescer ao lado da mãe adolescente foi bem normal, pois quando era pequeno, não via diferença nenhuma. Virgílio acredita que hoje em dia é muito normal encontrar situações semelhantes a sua. Entretanto, quando tinha entre 12 e 14 anos enfrentou alguns desafios. "Os meus amigos ficavam zoando e falando da minha mãe, por ela ser muito jovem e bonita". Entretanto, com o passar dos anos, ele diz que foi se acostumando com os elogios. Nós nos amamos e tínhamos certeza do que queríamos desde o começo” Matheus, pai aos 17 anos Jéssica Branco __________________________ * Os nomes dos personagens desta reportagem são fictícios, já que todos pediram para que o anonimato fosse Hoje em dia, os jovens “ficam” sem compromisso de namoro preservado. Edição e diagramação: Desirée Soares PRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 2013 5 Questão do aborto ainda provoca polêmica Juliana Sousa A palavra aborto gera polêmica ao ser mencionada. Seja contra ou favor, expor a opinião sobre o tema sempre provoca questionamentos e julgamentos. Atualmente no Brasil, o aborto é considerado crime e só é legalizado em duas situações: quando o feto foi gerado em decorrência de estupro ou quando a gestação é de risco para a mãe. No exterior, existem países cuja prática é legalizada, como, por exemplo, Estados ‘ ‘ ‘ ‘ Unidos e Inglaterra. No Brasil, as mulheres buscam clínicas clandestinas para realizar o aborto. São lugares sem a condição mínima de higiene – aumentando as chances de infecção - e sem autorização para efetuar tal procedimento, o que aumenta os riscos para a mãe. O aborto vai muito além do que a simples questão de legalizá-lo ou não. Especialistas afirmam que o ato de abortar pode gerar na mulher problemas psicológicos que vão acompanhá-la por toda a vida, sentimentos de culpa, depressão, síndromes e até mesmo sequelas resultantes do procedimento. Os métodos utilizados são o procedimento químico e o cirúrgico. No primeiro, o feto é expelido com o auxílio de medicamentos. Já no segundo, o conteúdo do útero é removido por aspiração (processo de sucção eliminando o feto e a placenta) ou curetagem (que consiste na raspagem da camada interna do útero, com o auxílio da cureta, Eu sou a favor do aborto em caso de estupro. A mulher não tem culpa de ter sofrido esse tipo de abuso, e não tem culpa de engravidar. Toda vez que olhar para a criança, vai se lembrar do que aconteceu. Nos demais casos eu sou contra” Alba Macedo, esteticista Eu sou contra o aborto, pois acredito que se a “sementinha” está lá é porque tem que ser desenvolvida. Acredito também que se o aborto for legalizado, surgirão casos banais. Tirar a vida de um ser humano é desumano” Kelly Medina, relações públicas O aborto só se torna plausível a partir do momento em que alguém é violentada sexualmente. As pessoas devem ter responsabilidades sobre seus atos. Se uma pessoa não tem condições ou simplesmente não quer a criança, existem milhares de programas de adoção esperando por um filho” Verônica Zauli, estudante Aborto para mim tem o mesmo peso que homicídio.Sendo minha religião cristã, eu acredito que quem dá a vida e quem tira a vida é Deus. Até mesmo em casos de estupro, a criança não tem culpa do ocorrido. Um filho é um presente de Deus, algo precioso, símbolo de amor e cuidado” Cristiane Challoub Cristiane Challoub 6 Rodrigo Monteiro A juventude, prin cipalmente a adolescência, é conhecida como a fase da vida onde não existem preocupações, a época da rebeldia. Esse pensamento, atrelado aos crimes graves realizados por menores infratores que aparecem na mídia, leva parte da população a pensar na juventude como o período mais difícil, mais complexo da vida. Segundo a assistente social Cintia Olivieri, a adolescência realmente é uma fase complicada, porém a parcela de crimes praticados por menores é ainda pequena. “Aproximadamente 70% dos crimes são cometidos por maiores, mas quando você está na rua e vê um adolescente vindo, você não o vê como antigamente. Dependendo da característica da vestimenta, você já tem uma visão preconceituosa”. Para ela, no entanto, a juventude está marginalizada e por diversas razões. Uma é a ausência muitas vezes dos pais, que, por terem de trabalhar fora, se distanciam dos filhos. Nesse sentido, da dos da Vara Infracional da Infância e Juventude de Belo Horizonte (MG), divulgados em 2010, revelam que das infrações cometidas por adolescentes 27,2% se referem ao tráfico de drogas. “O adolescente é apanhado no tráfico de drogas. Ele não se sente um infrator, ele está em um sistema de produção. Normalmente, esses adolescentes não se sentem infratores. Eles estão trabalhando fazendo tantos pinos (de cocaína) por hora e acreditam não estar fazendo mal para ninguém”, afirma Cintia, que trabalha há aproximadamente dez anos com adolescentes infratores. Por isso, acrescenta: “Não forço ninguém, usa quem quer é o que nós mais ouvimos”. Davi Lopes, engenheiro civil DST: falta de informação e responsabilidade Consideradas um dos problemas de saúde pública mais comuns, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) atingem grande parte da população mundial. Muitas vezes, por algumas das patologias serem assintomáticas, os portadores de DST não têm ciência da doença e, por isso, acabam infectando outras pessoas. No Brasil, de acordo com os dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano são constatadas 937 mil pessoas com sífilis, 1.541.800 com gonorreia, 640.900 com herpes genital e 685.400 infectadas pelo HPV. Recordista em casos — porém, com o nome pouco um instrumento cirúrgico). Por ser um assunto delicado, o aborto deve ser tratado com cautela. Algumas mulheres decidem pelo aborto convictas do que estão fazendo e sem alimentar nenhum tipo de culpa; outras, porém, quando optam por realizá-lo, desconhecem os procedimentos e o que é feito com o feto. Em outros casos ainda, a mulher é obrigada ou influenciada pelos familiares ou pelo próprio parceiro em decidir pelo aborto. Adolescência infratora ou rebelde? Bruno Pompeu: os jovens têm comportamento sexual permissivo conhecido —, a clamídia infecta 1.967.200 pessoas ao ano. Segundo o clínico da Prefeitura Municipal de Santos e do Hospital Guilherme Álvaro, Bru- Edição e diagramação: Natacha Negrão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013 no Pompeu, estima-se que de 40 a 60% das mulheres tenham essa doença, que pode causar gravidez ectópica (ocorre fora do útero, mais precisamente na trompa de Falópio), aborto e corrimento. De acordo com Pompeu, as doenças transmitidas pela população sexualmente ativa continuam em ascensão. “Com a mudança de costumes, os jovens têm um comportamento sexual muito permissivo”, destaca o médico. A grande preocupação dos jovens, segundo Pompeu, é a gravidez e não as patologias que podem ser contraídas no ato sexual. O profissional comenta que a maioria realiza as preliminares sem o uso do preservativo e, apenas quando estão próximos à ejaculação, utilizam a camisinha. “Isto é errado! Eles devem criar a consciência de que a contração de doenças não acontece apenas com a penetração”, ressalta o médico. “Há mistura de droga e sexo e, no meio desta confusão, os jovens não sabem com quem tiveram relação”, diz. “A partir disso, acabam contraindo alguma doença e nunca descobrem quem foi o transmissor”, acrescenta. Na atualidade, DST não é apenas um problema dos mais jovens, mas, também, dos idosos. Com o uso dos medicamentos para disfunção erétil, houve aumento de relação sexual e, consequentemente, a vida sexual da terceira idade transformou-se em ativa. Para modificar este parâmetro, Bruno Pompeu entende que as campanhas municipais deveriam ser mais dinâmicas: propagandas televisivas, e matérias esclarecedoras em jornais e revistas, além de enfermeiras em escolas com o intuito de tirar dúvidas sobre o uso de preservativos e destaque para datas como, o Dia do HIV e da Sífilis. Vinícius Morales Não é novidade que boa parte dos jovens tem vontade de, pelo menos uma vez na vida, morar fora do País, nem que seja por alguns poucos meses. A experiência é capaz de trazer maturidade, total independência e, principalmente, a possibilidade de interagir com novas pessoas e uma cultura totalmente diferente daquela conhecida em seu país. E, com o intercâmbio, isso ficou cada vez mais palpável. As empresas especializadas na prática criam planos e programas cada vez mais atrativos para que os jovens tenham experiências de vida memoráveis, com um custo cada vez mais barato. Existem diversos tipos diferentes de intercâmbios. Dentre os mais comuns estão o intercâmbio educacional, quando o jovem viaja com o intuito de concluir ou dar continuidade em curso de Ensino Médio ou superior; o cultural, quando o adolescente viaja para aperfeiçoar ou aprender uma nova língua; o intercâmbio de turismo, que como o próprio nome já diz, é o que leva as pessoas única e exclusivamente para a prática de turismo; e o Au Pair, que é aquele em que jovens se candidatam para trabalhar como babás, entre outros. Dentre esses jovens que sempre sonharam em ter a experiência de morar fora, Juliana Christo Marcello, de 21 anos, conseguiu o seu objetivo. Em 2013, seu sonho foi realizado da maneira que ela sempre quis: trabalhar no sistema Au Pair e, ao mesmo tempo em que adquiria a proficiência no inglês e conhecia um novo país, poderia ganhar seu próprio dinheiro. Morando em Washington DC, capital dos Estados Unidos, desde março, ela já se mostra deslumbrada com esses poucos meses de estadia. “Posso dizer que nunca imaginaria estar aqui. Até hoje eu ainda acho muito estranho levar as crianças para escola e ter o Senado americano como fundo. Tudo ainda é um sonho, ainda não sei se é porque ainda está no começo de tudo. Aqui você aprende a lidar com todo o tipo de situação sozinha, sem poder ligar para os seus pais e pedir ajuda. Acho que a sensação de ser ‘livre’, de se sentir viva, é a mais importante”, conta. Mas engana-se quem imagina que foi algo planejado há bastante tempo e que foi amadurecendo com o passar dos anos. A ideia de morar fora sempre existiu, mas a decisão de que era aquilo que ela queria mesmo só veio depois de uma conversa com uma amiga próxima. “Eu sempre tive vontade de fazer intercâmbio, mas a minha condição financeira nunca permitiu. Conheci o programa de Au Pair há uns dois anos, conversando com uma amiga. Ela me disse que iria fazer e me mostrou todas as informações sobre o programa, já que eu nunca tinha ouvido falar disso. Como sempre cuidei dos meus primos, vi que não teria ‘ Aqui você aprende a lidar com todo o tipo de situação sozinha, sem poder ligar para os pais e pedir ajuda Juliana Marcello, babá Sonho de viver fora motiva jovens a cruzar fronteiras Cada vez mais comum, a prática do intercâmbio exige maturidade e independência por parte de quem planeja morar sozinho em um país desconhcido Fotos: Arquivo Pessoal Juliana Marcello hoje está nos Estados Unidos, onde aprende inglês, conhece o novo país e ganha seu próprio dinheiro dificuldade em vir para cá e cuidar de criança. Foi como unir o útil ao agradável”. Esse desejo de trabalhar fora também aconteceu com Henrique Ferreira. Após morar por alguns meses no Canadá por meio de um intercâmbio, Ferreira conquistou uma vaga para trabalhar em um dos lugares mais conhecidos do mundo e desejo de visitação de nove entre dez crianças: Walt Disney World, em Orlando, Flórida. A conquista desse emprego não veio fácil. O jovem, também de 21 anos, passou por uma série de entrevistas para provar que queria de fato trabalhar no local e que realmente sabia falar inglês. Depois de todos os testes, veio a confirmação pelo Correio. “Cheguei em casa e vi que havia uma carta em um envelope da Disney. Quase chorei de tanta alegria”, conta, emocionado. Em Orlando, Ferreira morou em um alojamento para jovens providenciado pela própria empresa e, no Canadá, morou na casa de uma família que se inscreveu para receber jovens intercambistas. “Foi a melhor coisa da minha vida! Indico o intercâmbio a todos que vêm me fazer perguntas a respeito. Quem tiver possibilidade faça sem pensar duas vezes. Quem não tiver poupe um pouco do salário para pagar as despesas. Gosto de dizer que minha vida se dividiu em duas partes: antes e depois do intercâmbio”, finaliza. E é justamente essa mudança de vida que Crystiani Coelho e Silva, 26 anos, está buscando. Prestes a embarcar a qualquer momento, ela não vê a hora de pisar em solo americano. “Estou em fase de fechamento do processo, mas, com certeza, ao ser concluído, poderei aproveitar tudo de bom que essa experiência vai me dar”. A decisão de fazer o intercâmbio partiu da necessidade de aperfeiçoar seu inglês para uma melhor inserção no mercado de trabalho. Encarregada de Departamento Pessoal, Crystiani vê na língua inglesa um possível diferencial entre possíveis concorrentes na hora de Ao lado de sua ‘família’ canadense, Henrique morou naquele país graças ao intercâmbio que durou alguns meses... ...até ser contratado para trabalhar na Walt Disney World, em Orlando, na Flórida, local dos sonhos de muita gente disputar uma vaga de emprego, tanto que seus pais mostram total apoio. “O incentivo deles é total, pois sabem que estou indo atrás daquilo que necessito para o meu crescimento tanto pessoal quanto profissional”. E quando questionada se não tem minha vida profissional e pessoal, por medo de ficar com saudade da família, que não continuar por lá?”, finaliza. ela não hesita. “Vou morar nos Estados Unidos até quando o intercâmbio me permitir, que é o prazo de dois anos. Se as oportunidades forem favoráveis à Edição e diagramação: Natacha Negrão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013 7 Alimentação balanceada é a melhor opção Jovens se descuidam da alimentação por conta da vida agitada e isso pode ocasionar doenças na vida adulta Joyce Serra A correria do mundo moderno leva muitos jovens a não conseguirem levar uma vida saudável. Para quem estuda e trabalha, é difícil conciliar uma alimentação balanceada com a correria do dia a dia. A solução, muitas vezes, é buscar algo prático, abrindo mão de alimentos mais benéficos.Os alimentos orgânicos são hoje uma das opções mais saudáveis do mercado. Afinal, são cultivados sem o uso de substâncias agrotóxicas, como fertilizantes ou pesticidas e antibióticos ou hormônios nos casos de origem animal. De acordo com a nutricionista Tânia Simões Assis, hoje é possível encontrar esses alimentos em supermercados já identificados.Segunda ela, os jovens demoram a se preocupar com uma alimentação mais saudável. “Eles preferem os fast food, por serem mais rápidos e também por conta do alto custo dos produtos orgânicos”, diz. Tânia ainda explica que geralmente os jovens só passam a se preocupar com o que comem após os 30 anos. A assistente social Débora Nobre, 38 anos, não tinha este tipo de preocupação com a alimentação durante sua adolescência, mas há dois anos passou a consumir os alimentos orgânicos. Durante uma visita à sua irmã no Paraná, ela conheceu uma feira que só vende produtos livres de agrotóxicos e adquiriu este hábito para sua vida. “Aqui em Santos é difícil encontrar locais que vendam estes alimentos”, afirma. “Quando acho é em supermercados grandes e os produtos possuem um preço muito elevado. Mas são mais saudáveis e com muito mais sabor”, acrescenta Débora.A auxiliar de limpeza Jéssica Oliveira, 21 anos, tem o seu dia a dia agitado, sem tempo suficiente para cuidar de uma alimentação balanceada. “Saio cedo de casa e minha primeira refeição é no terminal de ônibus, com uma coxinha e um suco de máquina”, conta Jéssica, que trabalha o dia inteiro, chegando em casa às 21 horas, depois de comer muita fritura no decorrer do dia, por ser mais prático. O nutrólogo Walter Makoto explica que o ideal é manter uma dieta bem equilibrada, com consumo de frutas, saladas, proteínas, carboidratos e lipídios. O fast food é gorduroso e o consumo desses alimentos pode causar diabetes precoce, problemas de hipertensão e índices de colesterol alto. Makoto também destaca que o consumo exagerado de alimentos industrializados pode contribuir para a produção de células cancerígenas. Apesar da vida corrida, a estudante Walkíria Vaz, 23 anos, tenta manter um cardápio equilibrado. “Não como alimentos orgânicos em razão do preço alto, mas procuro manter uma dieta equilibrada. Evito frituras, comidas gordurosas e opto sempre por sucos naturais”, conta. Temakeria A nova tendência que também vêm fazendo a cabeça de jovens é a comida japonesa. É notável na região o aumento de tamakerias lotadas por jovens que optam por este tipo de alimentação. A cozinha oriental é considerada saudável por utilizar muitos peixes crus e a não utilização de sal, que causa retenção de líquidos. “A comida japonesa é saudável, porém devese tomar cuidado com a higiene na preparação dos pratos e verificar se o local possui licença da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, já que são servidos alimentos crus, a fim de evitar contaminação”, explica Tânia. Os molhos que também acompanham os pratos devem ser consumidos com moderação. “O molho shoyu, além de calórico, contém muito sal”, assinala. Rodrigo Monteiro, 20 anos, estudante de Psicologia, diz que é difícil abrir mão do molho. “Estamos acostumados no Brasil com comida bem temperada e, por isso, o shoyu é como um tempero da comida japonesa”, completa. Ainda de acordo com Tânia, para quem gosta da cozinha oriental, o ideal é optar pelo prato da forma que ele é produzido, pois já é preparado com pouco sal e de forma saudável. Joyce Serra A ingestão de legumes, frutas e verduras é ideal para uma alimentação saudável e para evitar problemas futuros ‘ Nas academias, a busca pelo corpo perfeito Mônica Barreto Mônica Barreto Curvas torneadas, magreza, corpo perfeito. Tudo isso faz parte de uma sociedade contemporânea que cultua o corpo. Na conjuntura atual, a busca por uma boa imagem atinge homens e mulheres, principalmente jovens, independente de classe social. As academias vivem abarrotadas de pessoas e existe até um termo muito usado para definir os frequentadores assíduos, os famosos “ratos de academias”. A mídia é considerada a grande vilã que expõe constantemente modelos de portes avantajados e esculpidos que acabam por influenciar grande parte da população. Nonato de Souza Andrade conta que o incentivo para a prática de exercícios físicos em academias surgiu através de um amigo. No primeiro ano, diz, a prática lhe trouxe satisfação, mas hoje já são dez anos de atividades. Para Andrade, o segredo para um corpo perfeito está sobretudo em uma boa alimentação e exercícios físicos adequados. Em seu cardápio pessoal, ele procura ter uma boa conduta alimentar: cortou refrigerantes, massas e frituras e trocou o jantar pelo pão integral, enquanto as frutas tornaram-se sua grande aliada. Segundo o esportista, a busca pelo corpo torneado fazendo uso de anabolizantes para ter resultados rápidos é pura leviandade. Este tipo de droga é destinado para uso veterinário e, quando entra em contato com as células, traz aumento dos músculos, além de oferecer sérios riscos para a saúde. Um exemplo é o do cantor baiano Netinho, que, recentemente, 8 Apesar de a sociedade cobrar muito das pessoas uma estética diferenciada, busco um corpo malhado para me sentir bem comigo mesmo” Nonato Andrade, estudante Andrade: alimentação e exercícios adequados levam ao corpo ideal deu entrada em um hospital com fortes dores no estômago e com sangramento no fígado. Segundo os médicos que o atenderam, as consequências foram devidas ao uso de anabolizantes. Edição e diagramação: Desirée Soares PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013 Qualidade de vida Nonato explica que não se preocupa em adquirir rapidamente um físico todo torneado, pois o que importa para ele é qualidade de vida, além do prazer de se sentir bem e gozar de boa saúde. A única coisa de que faz uso é o suplemento alimentar que o ajuda a adquirir mais massa e força. De segunda a sexta-feira, após voltar do trabalho, ele disponibiliza uma hora e meia aos exercícios em uma academia perto de sua casa. Com empenho e dedicação, procura seguir as dicas de seu personal trainer para não ter nenhum problema com rompimento de tendões e ligamentos. De acordo com ele, o resultado é mais energia e disposição para trabalhar. O fato de gostar de frequentar academias não se resume em um problema de autoestima. “Apesar de a sociedade cobrar muito das pessoas uma estética diferenciada, busco um corpo malhado para me sentir bem comigo mesmo”, diz. Para quem está começando em uma academia, ele deixa um recado: treinar bem sem fazer uso de anabolizantes que não trazem benefícios algum, além de ter uma boa alimentação. Vigorexia Um transtorno que tem afetado as pessoas que buscam obter um corpo perfeito é a vigorexia, transtorno psíquico que, mesmo quando a pessoa já está bastante forte, faz com que ela se veja magra. Foi o que aconteceu com R.B.O., que há mais de 14 anos frequenta as academias todos os dias. Às vezes, passava mais de duas horas malhando pesado e, quando chegava em casa, continuava, pois se olhava no espelho e a visão que tinha era de que nada havia mudado. A ansiedade por um corpo perfeito fez com que aumentasse o tempo de exercícios e passasse a injetar anabolizantes fazendo ciclos de um mês e, muitas vezes, escondido no banheiro de sua casa. Ele conta que hoje a facilidade para se conseguir o produto é muito fácil, pois não existe uma lei específica que impeça a venda para qualquer pessoa. Basta ir a uma loja de produtos veterinários e adquiri-lo. Segundo R.B.O, o aumento de sua musculatura deve-se também a uma boa alimentação e exercícios pesados. “É preciso ter muito cuidado quanto ao uso de anabolizantes, pois cada organismo reage de um jeito”, explica. Nos três anos em que faz ciclos alternados de anabolizantes, os efeitos colaterais que teve até agora foram espinhas, além de calvície que, para sua tristeza, foi dada como irreversível. Diante dos riscos, R.B.O. reconhece que sempre bate o medo. “Mas o preço da vaidade sempre me acaba convencendo”, finaliza. Investindo no futuro Número de jovens que se preocupa com planos de previdência privada ou de saúde tem crescido Arquivo Pessoal Vagner Lima Foi-se o tempo em que os jovens não estavam nem aí com o futuro. Hoje, desde cedo se preocupam com a saúde financeira na hora de se aposentar. Aproveitando essa fatia de mercado crescente, os bancos oferecem planos e produtos voltados ao público jovem. Especialistas recomendam que a renda ao final do período produtivo seja de menos 70% da renda atual, já que os filhos estarão crescidos e a casa própria estará quitada. É consenso entre especialistas a quantia certa para poupar: divida sua idade por 2. Se tem 30 anos, deve poupar mensalmente 15% do salário; se tem 40 anos, poupe 20% do salário. Gisele Aparecida é gerente de banco e conta que atende em sua mesa a muitos jovens interessados em investir em planos que lhes rendam uma aposentadoria segura. “Os produtos de previdência privada destinados ao público em geral ainda apresentam custos elevados, principalmente os de administração. Não recomendo produtos que tenham mais que 1% de taxa anual, e dá para pesquisar e encontrar o que cabe no bolso. O problema da maioria dos jovens é que eles não se preocupam em poupar para o futuro nem procuram saber mais sobre esse assunto”, diz. Wellington Mendes da Silva tem 25 anos e há dois decidiu fazer um plano de previdência privada. “Achei interessante os juros que o banco aplicava, uma porcentagem boa para o rendimento, e uma forma de poupança que posso disponibilizar quando precisar, ou usar para uma futura aposentadoria”, explica. Ele é o único na família que tem plano de previdência. “Eles preferem aplicar algum dinheiro que lhes sobram em poupança simples, ou investir em bens”. Silva está feliz com o plano e não pretende desistir dele tão cedo, pois acredita que lhe trará benefícios no futuro. “Gasto por volta de R$ 60 mensais, que não pesam no meu orçamento. Não penso em usar esse dinheiro em outra coisa. Os rendimentos que terei com o plano me interessam, além de vislumbrar a aposentadoria lá na frente”. O jovem recomenda aos amigos que façam como ele. “Procurem o banco que ofereça o melhor rendimento, informe-se sobre o plano e seus benefícios É muito interessante preocuparmos com o futuro”. Saúde também conta Ter um plano de saúde também é um investimento, não só para quando o peso da idade chegar, mas também para se prevenir, caso alguma surpresa indesejada bata à porta. Pesquisa recente mostra que ter um deles é o maior desejo da ascendente classe C. No Brasil, 47 milhões de pessoas são beneficiárias de planos de saúde privada – 30 milhões fazem parte do plano de empresas – mas o número de usuários únicos tem crescido. Nesse caso, conta a vantagem de quanto mais jovem mais barata é a mensalidade. Flavia dos Santos tem 23 anos. Desde os 17 resolveu bancar do próprio bolso um plano de saúde, porque nem sempre na rede pública recebe o atendimento que necessita. “Às vezes, você precisa ir ao médico e tem que pagar por alguma especialidade que não tem no posto de saúde. Quando isso acontece, acaba tendo de ir para a rede particular. Fiz o convenio porque é bom até para facilitar exames e internações”, conta. Flávia mora com a mãe, que também tem plano de saúde, e conta que gasta aproximadamente R$ 200 por mês. “Já pensei em usar o dinheiro que invisto hoje no plano para outras coisas para mim, mas não desisto pelo fato de que é minha saúde que está em pauta, e com saúde não se brinca. Penso em fazer futuros tratamentos e, quando eu tiver meus filhos, um plano de saúde poderá ajudar, pois não ponho tanta fé no atendimento do SUS”, explica. “Costumo recomendar aos meus amigos que também façam planos. Saúde hoje em dia é tudo”. Preocupada com o futuro, Flavia tem plano de saúde desde os 17 anos Escolha seu plano Como a aposentadoria, por idade ou tempo de serviço oficial só garante o pagamento de no máximo R$ 1.430 mensais, a previdência privada é indicada para quer ter renda superior a esse valor. A previdência privada consiste em duas fases: a primeira é a de acúmulo de capital e a segunda é a de recebimento dos benefícios. No Brasil há dois tipos de previdência: a aberta, que pode ser contratada por qualquer pessoa, e a fechada, para empresas. Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) - Recomendado para pessoas com renda mais alta, pois o valor pago ao plano pode ser abatido no Imposto de Renda (desde que esse valor represente até 12% de sua renda bruta anual). Porém, quando o dinheiro é sacado, o imposto pago é referente ao total que havia no fundo. Por exemplo, se esse valor for de R$ 500 mil, o imposto será cobrado sobre ele. Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) - A diferença para o PGBL é que não pode ser abatido no Imposto de Renda. Porém, quando o dinheiro é sacado, o imposto cobrado é referente ao que o dinheiro investido rendeu. Por exemplo, se a quantia é de R$ 500 mil, mas o rendimento que houve ao longo do plano foi de R$ 200 mil, o imposto cobrado será referente a este último valor. É indicado para quem têm renda menor e que, por isso, declaram imposto nos formulários simplificados ou nem declaram imposto. Plano tradicional de Previdência - Tem a garantia de uma rentabilidade mínima e correção monetária no período da aplicação. Se aplica a variação do IGP-M acrescido por juro de 6%. Nesse tipo de plano, pode-se abater até 12% da renda bruta na declaração do Imposto de Renda. Os rendimentos são repassados apenas em parte, que varia de 50 a 85% do total conseguido. Têm taxas de carregamento - aplicadas sobre a contribuição - de até 10%. Inteligência não-artificial Raíssa Ribeiro Ao avaliar os ganhos de uma intensa rotina de estudos, o universitário de Direito Fábio Mascarenhas, considerado como um nerd pelo seu bom desempenho escolar, aponta que a busca pelo conhecimento melhorou, inclusive, a timidez que o acompanha: “Depois de ter começado a estudar me tornei menos tímido e tenho mais facilidade para dialogar e tomar posições”, conta. Além desse aspecto pessoal, o estudante, no ano passado, passou em sete vestibulares, seis deles em Engenharia: Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Universidade Federal do Pampa, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Universidade Santa Cecília e Universidade Paulista. E ainda: Economia, na Universidade de São Paulo (USP), sua segunda escolha na Fuvest. O seu objetivo era cursar Engenharia na USP, mas não houve quarta chamada. Então, optou pela universidade paranaense. Estudou um semestre em Curitiba, mas não se identificou com o curso. Com a greve dos professores das faculdades federais, prestou Direito na Universidade Mackenzie e na PUC-SP. Obteve bolsa integral nas duas e escolheu a primeira. Já no primeiro ano do curso conseguiu estágio no Tribunal de Justiça de São Paulo e monitoria em Linguagem Jurídica na mesma instituição de ensino. Outra estudante que é considerada nerd, Emile Casasco, também já foi recompensada pelos seus esforços. Desde o ensino médio recebe bolsas integrais. E na Faculdade de Biologia, por força do trabalho de pesquisa que desenvolveu sobre a conservação da semente da uvaia, fruta brasileira da família da pitanga, obteve bolsa com menção honrosa na Universidade Federal do ABC. Algo visto pelo orientador Danilo da Cruz Centeno como fruto de um trabalho muito bem feito. Ela também sempre foi uma boa esportista. E representou a cidade de Praia Grande nas modalidades de handebol e xadrez entre 2004 e 2012. Como resultado recebeu bolsa durante os três anos do ensino médio no Colégio Novo Mundo. Quanto à estudante de Engenharia Química da FEI Júlia Ferreira, as fotos no Facebook não mentem. Está estudando em Ohio, Estados Unidos, no Instituto de Tecnologia Rose-Hulman. Tudo custeado - estudo, alimentação, Arquivo Pessoal Julia está estudando em Ohio, nos EUA, com toda despesa bancada pelo Ciência sem fronteiras, patrocinado pelo Governo Federal hospedagem, transporte, passagem de ida e volta, plano de saúde - pelo programa governamental brasileiro Ciências sem fronteiras. Devido as notas boas, foi selecionada na universidade como um dos alunos com bom desempenho para participar do programa. “Todo o esforço teve muito reconhecimento, mas o maior deles foi ter conseguido a bolsa (de um ano) no Ciências sem fronteiras”, garante. Desde que foi para os Estados Unidos, Júlia já esteve em sete estados. Conheceu Las Vegas, o Grand Canyon, o Capitólio, Times Square e até acampou. Mesmo assim, foi destaque nos estudos: seu nome apareceu na lista preparada pela reitoria dos principais alunos. O que contará muito na hora de estagiar na América. Mas, antes disso, Julia estudou em colégio bilíngue em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde tornou-se fluente em espanhol e inglês. Prestou o Exame Nacional do Ensino Médio e o exame de proficiência em língua inglesa da Universidade de Cambridge, onde passou com nota B. Muito a aprender Os ganhos com os estudos não são apenas financeiros, mas pessoais. Para Fábio Mascarenhas o conhecimento traz respeito, admiração e bons contatos. Além disso, lhe proporcionou uma visão mais altruísta. “Procuro disseminar aquilo que aprendo e saber que tenho muito a aprender”. Ele acredita que o mundo contemporâneo tenha uma perspectiva cada vez mais tecnológica e teme que a ciência seja utilizada somente para a obtenção de lucros. “Faltam pessoas com brilho nos olhos”, completa. Emile segue o mesmo raciocínio. Segundo ela, se o estudante não faz dos estudos um simples acúmulo de conteúdo, é possível utilizá-la para além da vida acadêmica. Foi exatamente o que fez. Deu algumas aulas de Biologia para uma amiga com dificuldade. ”Acho que fiquei mais feliz que ela ao saber que o desempenho dela melhorou de uma forma muito significativa”, comenta. Outro aprendizado é o autoconhecimento. Ela acredita que é importante compreender o próprio limite, saber o quanto pode doar de si. “Já tive crise de estafa e estresse, mas foi bom por um lado. Aprendi que devo respeitar os limites que a mente e o corpo me impõem, pois ambos precisam de descanso. Foi válido passar pela experiência para saber que devo evitá-la”. Nem tão estudiosos A princípio, nenhum dos três foi sempre tão estudioso. Júlia se intitula curiosa; Emile começou a se dedicar mais pelo desafio da experiência universitária. Já Mascarenhas resolveu recuperar o tempo perdido. “A partir da metade do segundo ano do ensino médio, exercitei o autodidatismo, li até o início dos vestibulares 30 livros didáticos, cursei Contabilidade na Escola Técnica, fiz curso pré-vestibular e me esforcei na escola”, revela. Ser chamado de nerd ou CDF já fez parte da rotina deles. Júlia, por exemplo, era alvo de piadas quando tirava boas notas na oitava série. Contudo, Mascarenhas pensa ser normal que uma pessoa que não o conheça o imagine como alguém com ideias, opiniões e conceitos chatos sobre tudo. “Entendo que isso seja uma vivência comum com alguém que estude tanto, porém no âmbito universitário entendo que pouquíssimos devam ter essa concepção, pois as ideias e os ideais são muito parecidos com os meus”, finaliza. Edição e diagramação: Natacha Negrão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013 9 Livros digitais estimulam e atualizam leitura entre os jovens Com a popularização dos leitores de e-books, jovens ampliam contato com a literatura Jessica Branco Gustavo Pereira Já imaginou ter uma biblioteca inteira à sua disposição ao alcance de um simples toque? Essa ideia já deixou de ser um absurdo há tempos, com a chegada dos e-readers. Leves e portáteis, esses aparelhos têm capacidade de armazenar centenas de livros, que antes disputavam espaço nas estantes. Com a chegada da empresa de comércio virtual Amazon ao Brasil, em dezembro do ano passado, uma realidade que pertencia apenas a alguns países chegou até aqui. Junto com ela veio o Kindle, o leitor oficial de e-books da empresa. De olho na concorrência, outra empresa do ramo de comércio literário, a Livraria Cultura, resolveu se unir à uma empresa canadense de tecnologia e investir em seu próprio e-reader: o Kobo. A estudante de Tecnologia Mecânica, Bruna do Nascimento Figueredo, 21 anos, foi uma das pessoas que resolveu experimentar essa nova forma de leitura e adquiriu um Kindle. “Já queria um há algum tempo. Depois de ler depoimentos e ver pessoas que tinham e gostavam, eu achei que seria uma boa ideia comprar. Os principais motivos foram ter acesso a livros grátis, os clássicos disponibilizados pela própria Amazon, e também a obras muito mais baratas que as versões impressas”. Para quem gosta de estar em contato com o livro físico, inclu- wos livros físicos. “Sinto que hoje, com todas essas tecnologias, fico meio isolado. Você consegue quase tudo com um toque”, revela o estudante de Jornalismo, Guilherme Lucio da Rocha, 19 anos. Apesar de ser fã de tecnologia, Guilherme Lucio da Rocha acredita que os e-books não irão superar os livros físicos sive, alguns modelos reproduzem certas características como a coloração da página, a marcação de trechos favoritos e até a possibilidade de virar a página e ouvir o som característico que o movimento produz. Isso sem falar na possibilidade de consultar o significado de palavras na própria tela e compartilhar com os amigos nas redes sociais as frases marcantes, classificação e avanço na leitura. Mas as vantagens não ficam apenas na área do entretenimento. Pela grande exigência de livros que seu curso apresenta, o estudante de Psicologia, Fabio Yuri Tamashiro, 19, adquiriu um e-reader este ano. “Com ele você pode ter vários livros em um local só, assim ajudando quem precisa andar com muitos livros na mochila e, no meu caso, ainda tem a iluminação que já vem do aparelho, que ajuda a ler em ambientes mais escuros, como o fretado ou no quarto antes de dormir”. Outro fato que está ajudando na popularização dessa nova forma de leitura é o fato de os jovens Secretaria quer descentralizar atividades culturais Onã Tolentino A descentralização das ações do programa Fábrica Cultural é prioridade da Secretaria de Cultura de Santos (Secult), que objetiva aproximar as atividades da pasta da população. Para isso, foi criado o projeto Portos de Cultura. “Tratam-se de unidades de programas da secretaria que se utilizam de próprios municipais ou de entidades conveniadas para a elaboração de cursos gratuitos”, explica o secretário de Cultura, jornalista Raul Christiano Sanchez. Os cursos incluem teatro, dança, música, artes integradas e visuais. Além das oficinas, que já eram mantidas pela Secult, os portos agregarão novos cursos que eram realiza- 10 dos pela Oficina Patrícia Galvão, do Governo do Estado. Essas atividades são de nível avançado e para quem já possui conhecimento e experiência na área desejada. O programa também trará apresentações artísticas, como cinema ao ar livre, peças de teatro, espetáculos de dança, apresentações de orquestras, exposições de artes visuais e lançamentos de livros. “Colocando a cultura próximo das pessoas, em todos os lugares da Cidade, formamos público para todos os equipamentos culturais”, afirma o secretário. O ponto chave do projeto é a proposta de que as unidades sejam localizadas em áreas mais carentes de Santos. Atualmente, três portos já foram implementados: na Vila Gilda, Morro São Bento e Caruara. estarem cada vez mais próximos da tecnologia. “Hoje eu até consigo passar mais tempo longe do computador, mas do celular, não! Com ele eu consigo acessar uma informação, e-mail e conversar em qualquer hora ou lugar com alguém”, confessa a estudante de Produção Multimídia, Juliana Freiman Velasco, 28 anos. O mais curioso é que, mesmo com toda essa paixão pelo novo, tecnológico e facilitador, todos os entrevistados concordam em uma coisa: os e-books nunca vão superar Sucesso nas estantes Nos últimos anos, com a facilidade de acesso na internet, vários canais de resenhas literárias têm surgido no Youtube. Nos vídeos, os críticos, que ficam conhecidos como “vloggers” ou “vlogueiros” exibem suas coleções, comentam sobre as últimas leituras ou discutem sobre temas relacionados à literatura. Alguns dos mais famosos, como o canal Cabine Literária, criado por Danilo Leonardi, 26 anos, chega a atingir 75 mil visualizações por mês. Além disso, a rede social de leitores brasileiros já chegou a 420 mil usuários cadastrados no fim do ano passado. Só por esse número já dá para notar que existem muitos leitores no Brasil. E o que esse pessoal anda lendo? Segundo uma enquete rápida, observando os mais lidos nas redes sociais de leitores Skoob e entre alguns estudantes entrevistados, vê-se que os jovens têm lido realmente de tudo. Embora os romances de ficção e fantasia como as sagas Harry Potter, Crepúsculo e As Crônicas de Gelo e Fogo façam bastante sucesso, ainda há espaço para clássicos da literatura nacional e internacional como Dom Casmurro e O Grande Gatsby. Onã Tolentino Será um total de dez unidades do programa por diferentes pontos de Santos. Já estão sendo planejados Portos de Cultura na área do Mercado Municipal, Estuário e no centro. Zona Noroeste A inauguração do Centro de Cultura Popular da Zona Noroeste, que funcionará no Sambódromo de Santos, está prevista para junho. O equipamento terá cinema e auditório para apresentações de teatro, dança, oficinas e workshops. Algumas das atividades serão voltadas para a organização do Carnaval da Cidade, com oficinas de capacitação, confecção de alegorias e fantasias, com o objetivo de dar suporte às escolas de samba. Edição e diagramação: Suellen Brandão e Daniel Paiva PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013 O secretário Raul Christiano aposta na descentralização dos espaços culturais Jogos da Unisanta promovem integração entre os jovens Evento reuniu mais de 3 mil pessoas por dia e bateu recorde de inscrições Tatyane Brito Os Jogos da UNISANTA completaram 30 anos. A competição universitária, a mais importante do Estado de São Paulo, tem tradição e movimenta por edição um seleto grupo de estudantes que buscam no evento diversão, lazer e, principalmente, a integração do estudo com o esporte. As competições esportivas entre cursos e faculdades reuniram atletas, baterias e torcidas, gerando confraternização entre todos os envolvidos. Os gritos de guerra, embalados com euforia, encheram, mais uma vez, o ginásio de alegria. Criados por meio de uma brincadeira com o público interno da UNISANTA, os Jogos evoluíram muito em 30 anos. Neste ano, o evento teve mais de 3 mil frequentadores por dia e superou o número de inscrições: foram 237 equipes de 33 faculdades da Baixada Santista, divididas em 23 modalidades esportivas. Isso corresponde a cerca de 10% a mais do que no ano passado, quando 216 equipes foram inscritos. O pró-reitor administrativo da Universidade, Marcelo Teixeira, destacou que a principal meta dos Jogos é a mesma desde o início de sua criação: permitir a integração entre os jovens e incentivar a prática do esporte. “Fizemos a primeira edição com o objetivo de incentivar o estudo conciliando a prática com o esporte. Dessa forma, a integração juvenil foi inevitável e isso ajudou para o sucesso da competição. Com isso, resolvemos abrir as inscrições também para as outras universidades. Deu certo”, destacou o pró-reitor, lembrando que, a cada edição, os Jogos vão superando o número de inscrições. “Batemos o recorde. Isso mos- Jéssica Branco tar o que aprendemos diariamente nas salas de aula. Eu me inscrevi e estou ralando muito. Está sendo muito divertido”, disse Jéssica Alves, aluna do segundo ano de Jornalismo e fotógrafa dos Jogos. O Jornal dos Jogos, um boletim impresso diário que mantém informado os alunos, tornou-se uma oportunidade para treinar esses estudantes. Para muitos futuros profissionais de Jornalismo, a experiência é importante porque promove um contato direto com o dia a dia de uma redação. “Nós entrevistamos, checamos informações e saímos para produzir textos fora da redação. É um exercício para aqueles que querem realmente seguir na profissão”, concluiu Os jogos são a maior referência esportiva universitária do Estado de SP Jéssica. mais animado e descontraído. O tra que o objetivo continua o A aproximação entre os joestudante frequenta as partidas vens é inevitável nas arquibanmesmo”, ressaltou. Andressa Barboza é aluna do desde que entrou na faculdade. cadas. A coluna Musa e Muso quarto ano de Jornalismo da Uni- “Foi uma sacada genial. A gente do Dia foi uma ideia desenvolviversidade Católica de Santos (Uni- fica durante cinco horas dentro de da justamente para deixar mais santos). Em todas as edições, a es- uma sala de aula parado. Quando descontraída e “bonita” cada tudante compareceu ao campus da os jogos estão rolando, optamos edição, assim como o concurso Santa Cecília para assistir às parti- por sair durante o intervalo jus- do Rei e Rainha dos Jogos, que tamente para assistir a uma par- abre as competições e ainda ofedas da sua universidade. Para ela, os Jogos são mais tida, ver qual time está ganhando, rece prêmios para os vencedores. do que uma simples disputa pelo o destaque da semana e, claro, título de campeã de uma moda- sabermos quem é a musa do dia. Comércio Tudo isso buscamos por desconlidade: é uma oportunidade de Os Jogos não são somente uma conhecer pessoas novas. “Eu fre- tração”, afirmou o jovem. mistura de alegria e festa para os quento as partidas desde que enestudantes. Eles movimentam Oportunidades trei na faculdade. Ao término de significativamente a economia loDiversão e descontração – escada aula, para descansar a mencal, lotando bares, restaurantes e te, eu e um grupo de amigos se- sas são as palavras mais utiliza- comércio. Maria Helena de Freiguimos para as partidas. Lá, era das pelos jovens para descrever tas é funcionária de um estabeimpossível não conhecer alguém os Jogos. Mas, nos dias de even- lecimento. Segundo ela, os Jogos novo. Nas arquibancadas, quan- to, os estudantes de Jornalismo aumentaram as vendas em 35% do alguém puxa assunto, o grupo vêem a competição como uma em um dia de semana que, para todo se envolve e acaba rolando oportunidade de estágio. Os jo- o seu comércio, seria fraco. “Os a conversa. Comentamos sobre o vens universitários que desejam dois primeiros dias das competijogo, quem foi o destaque da se- se profissionalizar esperam a ções foram muito bons para nós. mana e até combinamos de sair”, chegada deles para colocar em A abertura caiu numa segundaprática os conhecimentos adqui- -feira. Durante toda a semana destacou. Para Flávio Pereira, aluno do ridos. vendemos bastante”, comentou a Os alunos de Jornalismo treiterceiro ano do curso de Engecomerciante, que atuou também nharia Química da UNISANTA, nam textos, fotos e diagramação. como torcedora da equipe de futas competições deixam o campus “É uma oportunidade de exerci- sal masculino da Fefesp. Esporte é a grande aposta dos jovens santistas Caroline Menezes Conhecida por ser uma das cidades reveladoras de inúmeros atletas, Santos possui fama internacional por ter colocado nomes como Leandro Guilheiro (judô), Daniele Zangrando (judô) e, recentemente, o jovem triatleta Bruno Mateus, que está entre os 20 melhores do mundo, no cenário esportivo. Esses e tantos outros representaram ou possuem grandes chances de representar o Brasil em Olimpíadas ou Jogos Pan-Americanos. Assim como esses campeões olímpicos, cerca de 14 mil jovens santistas seguem o cami- nho do esporte, divididos em mais de 20 modalidades entre artes marciais, esportes de quadra, de campo, aquáticos e também os adaptados como basquete, vôlei e surfe, entre outros (veja quadro abaixo). Todos treinam nas escolinhas municipais esportivas de Santos e tentam garantir sua vaga em importantes competições regionais, nacionais e até mesmo internacionais. O apoio para aqueles que se destacam e demonstram que desde cedo possuem chances de seguir carreira e conquistar medalhas para o País, seja nos campos, nas quadras, nos tatames, nas areias ou até mesmo na água, vem da Fundação Pró-Esporte de Santos (Fupes), que oferece suporte médico e ajuda na formação desses atletas. O órgão da Prefeitura de Santos foi fundado em 1931 e mantém parceria com universidades da Cidade, como a Universidade Santa Cecília (UNISANTA) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que oferecem gratuitamente tratamento odontológico, nutricional e fisioterapêutico, entre outros, para aqueles que possuem bom rendimento na modalidade que praticam. De acordo com a assessoria da Secretaria Municipal de Esportes (Semes), o município possui ainda o programa Adote Um Atleta, que oferece apoio financeiro a esses atletas. Os recursos são da iniciativa privada e do próprio Município. Quanto à estrutura para treinamentos, enquanto os jovens ainda não chegam ao nível alto das competições, segundo o assessor de imprensa Felipe Coelho Mendonça, a Cidade tem planos para a construção de um novo Centro Esportivo e Cultural, na Vila Progresso, no Morro da Nova Cintra, e de ampliação e implantação de mais modalidades. Há ainda projetos para a reforma dos locais já existentes. CLASSIFICAÇÃO GERAL Feminino 74 1º Fefesp Unisanta 48 2º Medicina Santos 3º Fisioterapia Unisanta 41 4º Medicina Unimes 26 5º Engenharia Unisanta 23 6º Med. Vet. Unimonte 9 7º Biologia Unisanta 8 8º Direito Unisanta 7 8º Educação Física Unaerp 7 8º FaAC Unisanta 7 11º Administração Unisanta 5 12º Arquitetura Unisanta 0 12º Direito Unisantos 0 12º Educação Física Unifesp 0 12º Med. Veterinária Unimes 0 12º Odonto Unimes 0 12º Odonto Unisanta 0 Masculino 74 1º Fefesp Unisanta 70 2º Engenharia Unisanta 48 3º Medicina Santos 32 4º Fisioterapia Unisanta 5º Educação física Unaerp 17 16 6º Medicina Unimes 7º Administração Unisanta 12 12 7º Direito Unisanta 9 9º FaAC Unisanta 8 10º Ciências Unisanta 7 11º Logistica Fatec 12º Administração Unimes 6 6 12º Fefis Unimes 12º Med. Veterinária Unimes 6 15º Ciências da Camp. Unip 5 4 16º Comunicação Esamc 4 16º Odonto Unisanta 3 18º Adm. Unisantos 3 18º Engenharia Esamc 3 18º Logística Unaerp 21º Engenharia Unisantos 2 22º Engenharia Civil Unaerp 1 0 23º Administração Fals 23º Administração Unaerp 0 0 23º Arquitetura Unisanta 0 23º Biologia Unisanta 0 23º Direito Unisantos 0 23º Ed. Fís. Unifesp 0 23º Eng. da Prod. Unaerp 0 23º Engenharia Unip 0 23º Med. Vet. Unimonte 0 23º Odonto Unimes 23º Relações Inter. Unaerp 0 Modalidades: • • • • • • • Basquete Basquete Adaptado Biathlon Body Board Boxe Canoagem Capoeira • • • • • • • Ciclismo Futebol de campo Futebol Society Futsal Futvolei Ginástica Artística Ginástica Rítmica • • • • • • • Handebol Jiu-Jítsu Karate Muai Thay Natação Natação Adaptada Patinação • • • • • • • Polo Aquático Stand Up Surf Surf Adaptado Tênis de Mesa Triathlon Vôlei Edição e diagramação: Natacha Negrão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013 11 Beber antes pode estragar a festa Para economizar, jovens consomem bebidas alcoólicas em bares próximos ao local escolhido para a balada Giovana Fornaro Giovana Fornaro Não são só as baladas que atraem o público interessado em se divertir nos finais de semana. Bares e supermercados são pontos bem procurados entre os jovens. Costume tradicional entre os baladeiros, fazer um “esquenta” antes de ir para a boate é bebericar em algum bar perto do clube noturno escolhido. A intenção é chegar com os “motores aquecidos”, sem precisar beber muito no evento, já que os preços das bebidas são bem mais caros. O promoter Thiago Araújo Reisi, para quem a noite começa tarde e só acaba de manhã, parece ser especialista no assunto. Figura carimbada de algumas baladas do Centro de Santos, o jovem um alerta: “Para o ânimo durar até à festa, é bom evitar beber em excesso. Além disso, alterne os drinques com água para não queimar a largada", aconselha. Vanessa Castreani, 22 anos, é frequentadora assídua de baladas desde que completou a maioridade e afirma que consegue economizar com o método. “As pessoas pensam que a gente faz isso para aparecer com garrafas na mão, mas não é verdade. Hoje em dia, as casas noturnas estão assaltando seus clientes e, no mercado ou até mesmo em alguns barzinhos, as bebidas saem muito mais baratas”. Mas há quem pense diferente. Para a estudante Verônica Albertini Ribei- Geladeira cheia: consumo excessivo ro, a prática do “esquenta” não faz parte de sua rotina pré-balada. “Prefiro tomar energético para ficar acordada durante a noite, não ter ressaca e ainda lembrar de tudo no dia seguinte”. A pretexto de “esquentar os motores”, consumidores acabam ingerindo o dobro do álcool que normalmente consumiriam Riscos E por falar em ressaca, um estudo revela que quem bebe no esquema de “esquenta” tem 2,5 mais chances de se envolver em brigas e quatro vezes mais chances de consumir quantidade superior a 20 doses alcoólicas na última ocasião de uso. Esse comportamento aumenta as chances de que a pessoa alcoolizada seja sexualmente molestados. A psicóloga Juliana Cabral explica que o “esquenta”, se não controla- do, pode aumentar o risco de ressaca. “Cerca de um terço de todo o consumo alcóolico vem dessas pré-festas. O fato é que o hábito leva a pessoa a ingerir quase o dobro do álcool que consumiria durante a noite”, explica. Jovens encontram em São Paulo e no Litoral Norte diversão fora do roteiro santista Gustavo de Sá Para os jovens que não encontram na Baixada Santista a melhor opção de diversão, a alternativa mais próxima é partir para as baladas de São Paulo e do Litoral Norte. A noite paulistana é um dos destinos mais desejados para os jovens da Baixada devido, principalmente, à infinidade de opções: são mais de duas mil casas noturnas na cidade, de acordo com o World Cities Culture Report, levantamento que analisa as opções culturais de várias metrópoles em todo o mundo. Para se ter uma ideia do que este número representa, São Paulo é a campeã na quantidade desses estabelecimentos, desbancando cidades 12 ‘ como Xangai (1.865 casas noturnas), Nova Iorque (584) e Londres (337). "Gosto de São Paulo porque, ao contrário da Baixada, sempre há algo de novo para se fazer. Você pode sair todos os dias da semana e não repetir o programa", afirma a estudante de Comércio Exterior Renata Santana. A jovem, que mora em Santos, revela curtir a noite paulistana ao menos uma vez por mês. Em São Paulo, há casas noturnas para todos os gostos musicais, do funk ao pagode, passando por sertanejo, rock e música eletrônica. “Essa possibilidade de viajar nas músicas de diferentes estilos é o que mais me atrai”, afirma o empresário santista paulistana. Renato de Freitas, que também se Uma dica para os amantes da declara frequentador assíduo da noite música sertaneja é o Villa Mix, casa Edição e diagramação: Suellen Brandão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013 Gosto de São Paulo porque, ao contrário da Baixada, sempre há algo de novo para se fazer” Os moradores da Baixada que não quiserem “tirar os pés da praia” para curtir uma balada podem optar pelo Litoral Norte. A mais conhecida, sem dúvida, é o Sirena, localizado na praia de Maresias, em São Sebastião. A casa, que completa 20 anos em 2013, é considerada pela Renata Santana , revista Dj Mag a 8ª melhor do munestudante do. O espaço funciona durante a temporada de verão e feriados prolocalizada na Vila Olímpia, região longados, além de festas fechadas. O público frequentador costuma nobre da Capital. Em um espaço com decoração inspirada em ca- ter mais de 23 anos e é formado, princisas internacionais, tem capacidade palmente, por amantes da música elepara até 1,5 mil pessoas, em uma trônica, nos estilos deep e electro house. Para a estudante de Direito Marry área de 2 mil metros quadrados. O Villa Mix é financiado pela dupla Rua, a classificação está errada. “Não Jorge & Mateus e abre às quartas, é a 8ª melhor, mas sim, a melhor do mundo. Não há lugar melhor”, define. sextas e sábados. Roteiro das melhores baladas Com aumento de casas noturnas, Centro de Santos é agitado aos finais de semana Guilherme de Miranda O Centro de Santos, além do seu comércio, é conhecido também por sua vida noturna. Rodeado por ruas com a maior concentração de baladas da região, o lugar é destino certo de moças e rapazes que procuram diversão nos finais de semana e feriados. A Rua XV de Novembro é o ponto de partida para muitos encontros e comemorações, seja para um happy hour da turma que acabou de sair do expediente de trabalho ou para o esquenta da galera que segue para os night clubs que estão nos arredores. As baladas do Centro de Santos têm estilo dos mais diversificados. Opção é o que não falta. Desde o funk, passando pelo sertanejo, até a música eletrônica, não é difícil de identificar o que cada casa noturna costuma oferecer ao seu público. Para aqueles que gostam de dançar ao som do funk, os lugares mais indicados são as casas Cats Music e Vanity, que são conhecidas por promover shows de mcs da Cidade e, até mesmo, artistas conhecidos nacionalmente. A entrada nessas baladas custa de R$ 15 a R$ 30 para homens e mulheres. Esse valor é revertido em consumação. “Gosto muito do estilo das festas da Cats Music. Lá toca funk, mas as pessoas são educadas. Diferente do que acontece em alguns bailes funks”, diz Thamiris Farias, estudante de Pedagogia. Para os que preferem vários estilos de música em um só lugar, Rê Sarmento as baladas que melhor oferecem essa diversidade são Central City, Typographia e Coqueluche. Essas são as opções para quem aproveita de tudo um pouco. Geralmente, essas baladas promovem festas com DJs de música eletrônica e black e shows com bandas de vários estilos. O preço de entrada dessas opções é escolhido de acordo com a festa que cada casa irá promover no fim de semana. Tábata Ferreira, estudante de Administração, sempre procura ir a festas que prometem ser as melhores da região. “Gosto muito de ir a festas temáticas, como, por exemplo, festa do branco ou à fantasia. Esses tipos de festas são sempre as melhores”, garante a estudante. Esses estilos de festas costumam acontecer em casas noturnas como a Higher e a Bikkini Barista, onde o público procura música eletrônica. A Higher promove festas temáticas junto aos principais nomes da música eletrônica. As festas costumam ir até às 6 horas da manhã com vários estilos de música eletrônica. O público que mais frequenta é de jovens de 18 a 25 anos. O preço para aproveitar é de R$ 40 para mulheres e R$ 80 para homens, valor revertido em consumação. Já o Bikkini Barista é a casa noturna que promove as festas mais badaladas da Cidade. Júlio Fernandes, relações públicas da casa, garante que o sucesso do Bikkini é o diferencial nas festas promovidas. “As festas Rua XV de Novembro é o ponto de partida para muitos encontros e comemorações: happy hour da turma depois do expediente mais famosas do Bikkini são Funk You, Bikkini White Party e Bikkini Country. Na festa Funk You, os dj’s convidados da noite fazem um mix de música eletrônica com a batida do funk. Na White Party, todo mundo tem que ir vestido de branco e no Bikkini Country há o melhor do sertanejo universitário. Essas são as mais esperadas pelo público”, afirma Fernandes. O preço do Bikkini é de R$ 40 reais para mulher e R$ 80 para homem, valor convertido em consumação. Fora do circuito do Centro, a casa noturna Capital Disco é destaque em shows, festas promovidas por faculdades e a festa Liquid Love, para o público LGBT. A Capital Disco localizase na Avenida Francisco Glicério. Outra casa noturna que também não está localizada no Centro, mas que é bastante frequentada, é Moby, na avenida da praia. O Moby caiu no gosto dos santistas após a festa “O Boteco do Moby”, que acontece todo domingo, com grande variedade de estilos de músicas e shows. Os sócios e amigos Cristian Guedes, Thomaz Franseze, Guilherme Pitta e Lucas Pitta prometem trazer para Santos a Dom Room, um novo conceito em casa noturna. O nome escolhido pelos sócios remete à realeza com uma pitada de humor que lembra o espírito dos sócios. “A casa será exclusiva. O ponto alto será nossa decoração. Já na entrada o frequentador perceberá a riqueza de detalhes”, diz o sócio Cristian Guedes. O que a Dom Room terá de diferente das demais são as festas temáticas, a fusão de estilos de músicas e as festas exclusivas. A Dom Room estará localizada na Avenida Senador Feijó, com previsão de inauguração para meados de junho. “Podem aguardar uma casa que vai se preocupar com bem-estar e diversão, além de oferecer bom atendimento, ambiente, qualidade de som e atrações. O conceito é uma grande festa de Brasileiros ganham o direito ao casamento gay Sílvio Muniz Desde o dia 16 de maio, a sociedade brasileira avançou alguns passos à frente de países considerados de primeiro mundo. O avanço se deu em razão da decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que obriga os cartórios de todo País a realizar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. A decisão põe fim a uma reivindicação antiga dos homossexuais, que viam seus direitos negados. A decisão poderá ser questionada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas, enquanto isso, pessoas de todo o País começam a regularizar algo que não passava de sonho para alguns. Para o administrador John Lenon das Dores da Silva, de 22 anos, o casamento era algo que ele e seu parceiro pensavam em realizar. Juntos há mais de um ano, o casal planeja oficializar a união, contrariando familiares. “O casamento entre pessoas do mesmo sexo é passo importante dado pela sociedade. Mesmo com os preconceitos, estamos conquistando aos poucos nosso espaço e sendo respeitados. Decidi casar com o Diego quando realmente vi que ele era uma pessoa que me faria viver todos os dias amando cada dia mais.” John conta que a família de seu companheiro aceitou a decisão da união civil, enquanto a sua não recebeu a notícia como ‘ Rê Sarmento O que importa é meu caráter, cumprir as minhas obrigações de cidadão.” ele gostaria. “Minha família disse que não quer nem o convite. Meus familiares acham bonito para outras famílias, mas quando é na casa deles agem como hipócritas”, desabafa. Em Santos, o casamento civil é possível desde agosto de 2012, quando o juiz corregedor Frederico dos Santos Messias assinou uma portaria que determinava que os cartórios da Cidade oficializassem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A coordenadora nacional das Comissões da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rosangela Novaes, acredita que essa conquista é a primeira de novas reivindicações para a comunidade homoafetiva. “Nós buscamos ainda a autorização para mudança de nome em caso de travestis e transexuais e a criminalização da homofobia, que irá alterar os crimes que tiverem motivação homofóbica. São passos importantes para a conquista da cidadania dessas pessoas”. Rodrigo Castelão, jornalista Segundo a coordenadora, a Comissão da Diversidade Sexual está preparando o seu estatuto. Para a criação desse documento, são necessárias 1 milhão e 400 mil de assinaturas. O estatuto deverá conter os direitos e deveres dos homossexuais, explicados de forma legal, para garantir sua aplicação na sociedade. “Conseguimos 80 mil assinaturas. Quem quiser assinar pode acessar os sites direitohomoafetivo.com. br e estatutodadiversidadesexual. com.br”, informa. Para o jornalista Rodrigo Castelão, o casamento gay é uma conquista de direitos. “Sou a favor da união estável entre pessoas do mesmo sexo por alguns motivos. Primeiramente, pela minha sexualidade. Sou gay e acho que, assim como casais heterossexuais, tenho os mesmos direitos perante a lei. Segundo: se duas pessoas se amam e vivem duas vidas em uma, não há motivos para que a união deixe de ser reconhecida pela lei. São cidadãos, que pagam impostos, assim como qualquer Casamento gay: em Santos é possível desde agosto passado por portaria do juiz corregedor heterossexual. Acho que somos todos iguais aos olhos de Deus”. Castelão vê a decisão como uma forma de ultrapassar uma discussão de valores errados. “O que importa é meu caráter, cumprir as minhas obrigações de cidadão, pagar minhas contas e viver a minha vida da forma que quero. Tanto heterossexuais quanto homossexuais devem ter o direito de casar-se com quem quiser, ter os mesmos direitos garantidos pela Constituição. Ou seja, ter o direito de ser dependente no plano de saúde, no plano de previdência. Afinal, o que muda na relação homo para relação hetero é apenas o sexo”. O jornalista acredita que o casamento homoafetivo irá mudar mais do que a relação entre os gays. “É importante ressaltar que nenhum casal gay abandonou uma criança recémnascida. Quem faz isso são os héteros. Um homem teve que ter uma relação com uma mulher. Acho que as filas de adoção iriam diminuir, as crianças sofreriam menos na espera de pais que as amem. E a maior baboseira do mundo é dizer que o filho de um casal gay tem mais tendência à homossexualidade”. Para Castelão, o casamento gay é um passo entre muitas outras conquistas dos cidadãos brasileiros. “Se é um direito, vamos usá-lo, vamos nos casar!”, conclui . Edição e diagramação: Desirée Soares PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013 13 Mônica Barreto Rê Sarmento Ensaio Agito, shows, baladas, esporte, atividades ao ar livre, namoro, estudos, intercâmbio... Isso é apenas um pedaço do mundo dos jovens. Cheios de energia e no começo da vida, eles não têm medo de enfrentar os desafios que aparecem pela frente. Estão sempre conectados, por dentro de todas as novidades, e também participam e discutem temas polêmicos como aborto e drogas. Mas, principalmente, são portadores da esperança de dias melhores. Afinal, esta geração, conhecida como a geração Y ou Millenium, é o futuro do País. Rê Sarmento Rê Sarmento Rê Sarmento Arquivo Pessoal