Sonhos e desafios da geração Y - Online UNISANTA

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Sonhos e desafios da geração Y - Online UNISANTA
JORNAL-LABORATÓRIO DO QUARTO ANO DE JORNALISMO DA FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO DA UNISANTA
ANO XVIII - N° 139 - MAIO /2013 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - SANTOS (SP)
Sonhos e desafios
da geração Y
Rê Sarmento
A vida noturna agitada aparece como a marca principal da juventude
de hoje, conhecida como geração Y ou Millenium. Mas essa é uma falsa
impressão ou apenas a sua faceta mais visível. Tecnologicamente mais
bem preparado que seus pais e avós, o jovem do século XXI está também
preocupado com o seu futuro, lutando não só por direitos sociais como
assumindo responsabilidades. É o que mostra esta edição dedicada à geração que representa o futuro da Nação.
Coletiva
Editorial
Com a palavra,
os jovens...
Santos tem um contingente idoso elevado. A terceira
idade escolhe a cidade porque pensa em desfrutar de anos
tranquilos, com qualidade de vida. Mas é preciso chamar
atenção para outra faixa etária, porque é lá que está o futuro da nação. O que os jovens podem aguardar para os próximos anos? Em primeiro lugar, precisam correr atrás dos
seus direitos. Muitos deles já foram adquiridos, como a livre
expressão da escolha sexual, mas ainda há muito que se discutir. A legalização da maconha e do aborto são só alguns
exemplos. Eles estão abertos às oportunidades e o mundo
espera por eles. Nas próximas páginas, os jovens falam sobre
as perspectivas, medos e anseios da geração mais tecnológica
de todos os tempos.
Uma bailarina que
virou produtora
Jéssica Branco
Beatriz López
Jornalista tido como referência de resistência da profissão na época do Regime Militar
conversa com futuros colegas de profissão sobre os tempos sombrios vividos no Brasil
Daiane Zanellato
“Os meios de comunicação ficaram com medo, foram coniventes ao
Regime Militar”. Assim o jornalista
Audálio Dantas iniciou sua palestra
aos alunos de jornalismo da Universidade Santa Cecília. Ele menciona essa
passagem referindo–se aos tempos de
Ditadura, regime que comandou o
Brasil de 1964 a 1985.
Além da palestra com os futuros
colegas de profissão, o jornalista aproveitou para apresentar publicações de
sua autoria como Tempo de Reportagem, Repórteres e As duas guerras de
Vlado Herzog, este último que conta a
história do jornalista preso, torturado e morto pelos militares, Vladimir
Herzog.
Dantas contou histórias vividas
em seu tempo de “pés sujos”, quando
trás. “Não poderíamos ficar em silêncio”, emocionou-se.
Em protesto ao falecimento de
Herzog, foi realizada uma missa ecumênica na Catedral na Praça da Sé,
em São Paulo (SP), que caracterizou
o primeiro grande movimento da sociedade civil contra a Ditadura Militar. Mesmo com 383 barreiras policiais envoltas na cidade, cerca de oito
mil pessoas se reuniram na manifestação. “Nenhuma ditadura consegue
persistir quando existe ao menos um
pouco de sentimento de liberdade”,
ressaltou Dantas.
Ainda sobre a morte e o livro escrito sobre Vlado Herzog, Dantas assumiu uma admiração em relação à presidenta Dilma Rousseff. “Mais de 40
anos depois, uma mulher instalou em
nosso país a Comissão da Verdade e,
somente agora, a sociedade resolveu
depoimentos e só agora acho que está
tudo certo, esta tudo aqui”.
Jornalista liberal, Dantas destacou em sua palestra a liberdade de
expressão e disse que a ditadura foi
um dos momentos mais cruéis que
viveu. Apesar de nunca ter sido preso, ele contou como era escrever para
os jornais, já que as redações recebiam ordens do Governo Militar do
que poderia ou não ser publicado. “A
vantagem para quem não se escondia
da ditadura é que os militares eram
burros e nós conseguíamos escrever
‘entre linhas’, tudo o que desejávamos”. E continuou: “A grande massa
não entendia, mas direcionávamos
nosso discurso para os grandes líderes
da época, que também eram contra a
falta de liberdade”.
A noite de palestra também foi
marcada por frases que fizeram a
Jéssica Branco
Com apenas 23 anos e quatro
de profissão, Thais Rozo é mais
um exemplo de ex-aluna da
UNISANTA que prosperou na
carreira. A aluna, que sonhava
em trabalhar em jornal impresso
acabou apaixonada por televisão
assim que fez o seu primeiro e
único estágio. A jornalista fez
da TV Tribuna a sua segunda
casa e hoje atua na emissora
como produtora de reportagem.
A série de matérias mais recentes
que produziu, sobre o carnaval
santista, é uma das suas maiores
paixões na atualidade. E ela não
nega, pois nunca teve qualquer
interesse pelo assunto.
Thais Rozo tinha apenas
15 anos e dava aulas de balé,
quando descobriu o interesse pelo
Jornalismo. Foi uma professora
de português que incentivou a
jovem, porque disse que ela era
extrovertida e escrevia bem. Na
época estudante, ela ansiava
por nutrição, mas percebeu que
se daria bem em outra área.
Aos 17 entrou pela primeira vez
nos portões da UNISANTA e
ficou apaixonada pelo complexo
educacional. “Aquilo era muito
diferente do que eu tinha no
Ensino Médio. Sempre estudei
na mesma sala, com apenas 12
alunos. Eu queria mesmo uma
mudança”, contou.
Quando entrava no terceiro
ano da faculdade enviou o
currículo para vários veículos
e logo imaginou que seria
escolhida pelo Jornal A Tribuna,
que era sua principal opção. E
Thais se enganou! Foi chamada
pelo diretor de jornalismo da
TV Tribuna, afiliada Globo
na Baixada Santista e Vale do
Ribeira, Eduardo Silva, para
fazer estágio. Durante este
período prático trabalhou no
setor de arquivo de imagens da
emissora e, quando estava no
quarto ano de Jornalismo foi para
a produção. “O ritmo é muito
intenso, mas ao mesmo tempo
apaixonante e requer atenção.
Qualquer coisa que colocamos na
mídia é visto por muita gente e
rapidamente, a televisão é muito
vista. Eu já cometi um erro
em uma pauta que rendeu até
polícia. Precisamos tomar muito
cuidado porque mexemos com a
vida das pessoas o tempo todo”,
ressaltou a jornalista.
Em palestra, Dantas
abre porões da ditadura
Thais: paixão pela televisão
Quando acabou o período de
estágio, ela ainda ficou mais três
meses como freelancer e outros
três desempregada. Até que foi
contratada como produtora de
reportagem quando uma vaga foi
aberta. E emocionada ela contou
como foi o dia de sua contratação.
“Quando eu fui chamada para
estagiar fiquei maravilhada, mas
nada se compara ao que senti
quando o Eduardo me ligou. Foi
o dia mais feliz da minha vida até
hoje”.
Para Thais, um bom produtor
de reportagem precisa saber um
pouco de tudo, principalmente
quando ele não é especializado
em uma só editoria. E mesmo
com um jornal no ar, é preciso
pensar no que vai ser produzido
no dia seguinte. Segundo ela,
o tempo na redação de um
telejornal diário não para nunca.
O mais gratificante, para a
jornalista, é ver a matéria que
você ajudou a construir no ar.
“É mágico ver aquilo que saiu da
sua cabeça nas telas”, disse. Seu
trabalho especial mais recente
foi a série sobre o carnaval de
Santos. E a jornalista que nunca
teve interesse pelo samba, foi
parar até na passarela. “No ano
passado, a escola Império da Vila
homenageou a TV Tribuna e eu
fui para a Passarela Dráuzio da
Cruz desfilar Nunca senti algo
parecido com aquilo. É uma
energia imensa”, relata. Thais já
cobriu dois anos e logo mais, ela e
a equipe vão pensar no terceiro.
Começa cedo, como no mundo
carnavalesco.
No futuro, ela espera prosperar
ainda mais. “Quero continuar
me aprimorando naquilo que
faço. Quem sabe um dia ser uma
produtora especial, ou até mesmo
uma editora de texto, não é?”.
Audálio Dantas destacou o trabalho da Comissão Nacional da Verdade na apuração dos crimes praticados pela ditadura
a maioria dos jornalistas ia a campo
para buscar notícias e fatos concretos
de pessoas que foram presas e assassinadas pelo Regime.
Indignação
A indignação de Audálio Dantas
ficou visível quando se referiu à morte do jornalista Vladmir Herzog. Ele
contou que, em outubro de 1975, 11
jornalistas haviam sido mortos e sepultados em silêncio, mas o assassinato de Herzog não foi deixado para
dar valor aos acontecimentos ditatoriais”, resumiu.
Foi a partir desta comissão que
Dantas teve acesso aos documentos
da Agência de Informações do Governo Militar. O jornalista foi questionado sobre a demora do lançamento do
livro e explicou. “Tenho esse projeto
desde 1976, mas tive um bloqueio
emocional e temia não ser fiel ao que
realmente aconteceu. Comecei a escrever em 2010, consegui mais de 50
maioria dos estudantes refletirem
como “Jornalista não é missionário, mas tem um compromisso com
a verdade” e “É sempre possível que
a verdade prevaleça no jornalismo”.
Ele ainda mencionou as novas tecnologias como a segunda revolução depois de Gutemberg, mas ressaltou que
é preciso ter bom senso ao utilizar esse
meio de comunicação. “Temos uma
mídia que desinforma, que omite informações”.
Análise do professor
Os alunos da Faculdade de Artes e Comunicação tiveram uma bela oportunidade de
participar de uma palestra seguida de coletiva com uma das referências do jornalismo
brasileiro: o escritor, ex-presidente do sindicato da categoria e ex-deputado federal Audálio Dantas. O tema central foi o assassinato de Vladimir Herzog no DOI-CODI em
São Paulo e a repressão contra jornalistas durante o golpe militar. Os textos de Daiane
Zanellato e Gustavo de Sá sintetizam bem o teor da palestra e o espírito da coletiva.
(Francisco La Scala Júnior)
“Militares devem ser julgados”
Gustavo de Sá
O jornalista Audálio Dantas, que
presidiu o Sindicato dos Jornalistas
do Estado de São Paulo (SJSP) por
três anos durante a Ditadura Militar
no Brasil, espera que os antigos militares sejam julgados. “É preciso que
não nos esqueçamos daquele período
(o regime militar), que foi o mais repressivo e perigoso para os cidadãos
de toda a história de nosso País”,
afirmou, durante palestra aos alunos
de Jornalismo da Universidade Santa
Cecília (UNISANTA).
Dantas comemorou o aniversário
de um ano da criação da Comissão Nacional da Verdade, que visa investigar
violações de direitos humanos ocorri-
encontrado morto na carceragem do
DOI-CODI de São Paulo, no dia 25 de
outubro de 1975.
Considerando que o Dia Mundial
da Liberdade de Imprensa foi comemorada em 3 de maio, Audálio Dantas comentou sobre as dificuldades de
se escrever textos durante o regime
militar. “Era preciso buscar palavras
e usar artifícios verbais para passar
Lançamento
Durante o encontro com os estu- a mensagem nas entrelinhas”, recordantes, o jornalista realizou o lança- dou.
“Nenhuma ditadura, em nenhum
mento de seu mais recente livro, As
duas guerras de Vlado Herzog, onde lugar do mundo, conseguiu se sustenreconstitui todos os detalhes da pri- tar com o mínimo de liberdade de insão do jornalista Vladimir Herzog e formação”, afirmou Dantas.
Apesar disso, como o próprio jorlevanta novas questões sobre a versão
nalista definiu, “a ditadura era forte,
oficial da sua morte.
Vlado, como era chamado, foi mas era burra”.
das entre 1946 e 1988 por agentes do
Estado. “A lei que institui a comissão
não foi criada antes porque faltou coragem ao Fernando Henrique Cardoso
e ao Lula quando governaram o Brasil.
Ainda bem, mesmo após tanto tempo,
uma atitude foi tomada pela presidente Dilma para apurar esses casos”.
EXPEDIENTE - Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação da UNISANTA - Diretor da FaAC: Prof. Humberto Iafullo Challoub Coordenador de Jornalismo: Prof. Dr. Robson Bastos – Responsáveis Prof. Dr. Adelto Gonçalves, Prof. Dr. Fernando De Maria e Prof. Francisco La Scala Júnior. Design Gráfico
e diagramação: Prof. Fernando Cláudio Peel - Fotografia: Prof. Luiz Nascimento – Redação, fotos, edição e diagramação: alunos do 4º ano de jornalismo – Editora de foto:
Rê Sarmento Primeira página: Natacha Negrão - Coordenador de Publicidade e Propaganda: Prof. Alex Fernandes - As matérias e artigos contidos nesse jornal são de
responsabilidade de seus autores. Não representam, portanto, a opinião da instituição mantenedora – UNISANTA – UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA – Rua Oswaldo Cruz,
nº 266, Boqueirão, Santos (SP). Telefone: (13) 32027100, Ramal 191 – CEP 11045-101 – E-mail: [email protected]
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Edição e diagramação: Daniel Paiva
PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013
“O problema principal do
jovem é com a autoestima”
O psicoterapeuta Arlindo Salgueiro é especialista no atendimento aos jovens a partir da puberdade,
com orientação familiar e vocacional
Natasha Albert
Natasha Albert
Arlindo Salgueiro, formado
em Psicologia e Pedagogia
pela Universidade Católica
de Santos (UniSantos), é
psicoterapeuta desde 1974.
Possui títulos de especialista em
Psicologia Clínica e Psicologia
Organizacional
outorgado
pelo Conselho Regional de
Psicologia do Estado de São
Paulo.
É
também
membrofundador da Escola de Pais
em Santos, da Associação
dos Psicólogos de Santos e do
Movimento Curso Intensivo
de Vivência no Casamento, em
1980. Foi diretor da Clínica
Psicológica e Centro de
Estudos Existência & Análise;
diretor-científico da Associação
dos Psicólogos de Santos;
conselheiro titular do Conselho
Municipal dos Direitos da
Criança e Adolescente de Santos
e conselheiro da Sociedade
Portuguesa de Beneficência de
Santos.
Nesta entrevista, ele explica
as principais dificuldades que o
jovem enfrenta hoje em dia.
PI – O senhor formou,
em meados dos anos 60,
a primeira comunidade
jovem ligada à Igreja
Católica. Qual era o seu
objetivo com a juventude
daquela época ?
Salgueiro – Em 1964,
houve um golpe de Estado,
que deixou muitos jovens
da época reprimidos e
recatados. Quando vi que
os jovens estavam dessa
maneira, fui buscar a
minha igreja e trabalhar
com a juventude. Foram
jovens que, graças a essa
comunidade,
puderam
desenvolver as suas ideias,
despertar estímulos e criar
uma visão social. Hoje,
muitos dos jovens daquela
época são grandes figuras
na sociedade. Temos
que ser protagonistas,
fazer a nossa história na
sociedade.
Primeira Impressão – É
normal o jovem procurar
primeiro um psicólogo antes de
procurar os próprios pais?
Arlindo Salgueiro – Chega
um determinando momento
da vida de um jovem em
que ele começa a processar
as suas escolhas; por isso,
os pais têm dificuldade e
precisam ter maturidade para
conseguir acompanhá-lo. Nesse
momento, é importante a figura
de um profissional, de um
terapeuta, que tenha recursos,
experiências e vivências para
conseguir ajudar o adolescente
nessa transformação e formação
do caráter.
‘
PI – Quais são as maiores
dificuldades que os jovens
Rapazes e moças
devem estabelecer
vínculos afetivos.
Assumir as suas
responsabilidades”
feminino. Quando existem
insegurança e imaturidade,
é mais fácil eu me relacionar
com o mesmo sexo do que
com um sexo diferente,
porque o sexo diferente
representa um desafio.
Quando me relaciono
com o mesmo sexo, estou
me relacionando comigo
mesmo, relacionando-se
com meu espelho. Não
existe nada pronto no ser
humano e a identidade é um
processo, uma conquista.
Arlindo Salgueiro recomenda que o jovem mantenha princípios como a dignidade e cuide mais de sua privacidade
decorrência, haverá problemas de
depressão, que levam os jovens a
buscar a droga para aplacar isso.
As drogas representam uma fuga
errada diante da dificuldade dos
jovens de se apropriarem de si
mesmos, de se conceituarem como
ser. Atualmente, estamos vivendo
uma crise existencial. Por isso,
idealizei o Movimento Pró-memória
de José Bonifácio de Andrada e
Silva (1763-1838), o patriarca da
Independência.
PI – No que a figura do José
Bonifácio pode ajudar na vida dos
jovens de hoje?
Salgueiro – Idealizei esse
movimento para que tenhamos um
trazem para dentro do seu esteio, uma figura importante que
consultório?
possa nos dar esse lastro, de quem
Salgueiro – Atendo aos jovens a possamos nos orgulhar. Ele abordou
partir da puberdade, a partir dos todos os aspectos desde a identidade
14 anos. Trabalho com o sentido nacional e também trabalhou todas
vocacional, orientação familiar, as questões da inclusão social.
insegurança com relação à identidade Temos muita coisa a aprender
e à própria vida. Mas o problema nos livros de José Bonifácio. Esse
principal é com a auto-estima. Em homem tem que nos alicerçar, ele
PI – O que o senhor
gostaria de aconselhar à
juventude?
Salgueiro – Rapazes e
moças devem estabelecer
vínculos afetivos. Assumir
as suas responsabilidades.
Ser uma só pessoa em
todos os lugares, aquele
que você é em casa tem que
ser em qualquer lugar. Não
podemos mais deixar que a
dignidade venha a ficar em
‘
não é um personagem do passado,
PI - Uma das polêmicas que
mas é ainda alguém do presente e mais envolvem os jovens de hoje
vai continuar sendo do futuro.
é a escolha da sexualidade. Como
entender o homossexualismo na
PI - Como o senhor define os juventude?
adolescentes, a juventude nos dias
Salgueiro – Tudo no ser humano
atuais?
é conquista, nada está pronto,
Salgueiro
–
A
palavra inclusive, a nossa identidade sexual
adolescência vem do latim que é obtida a partir da interação
adolescere, que quer dizer adoecer. com os nossos pais e com os valores
Então, na verdade, o adolescente é determinados pela cultura. Então,
um adoentado, o que não significa ninguém nasce, do ponto de vista
que ele esteja doente, mas que não psíquico, homem ou mulher, isto é,
está ainda bom, não está saudável, o ser humano nasce biologicamente
está no meio, porque ele ainda não é masculino ou feminino. Mas, visto
um adulto pleno nem é uma criança. pelo ponto psíquico, no processo
Ou seja, ele ainda está amadurecendo de identidade, através de Édipo, a
e essa questão de amadurecer é interação da família e a inclusão na
que faz a grande diferença. O que sociedade é que vão determinar.
aprendemos, primeiro, é através da
interação com os nossos pais, que
PI – Em que momento o homem
são grandes modelos para nós; em ou a mulher “fica” homossexual?
segundo lugar, com a sociedade e a
Salgueiro – Na adolescência,
cultura em que estamos inseridos. A na puberdade, dos 10 aos 14 anos,
escola também deve fazer parte da todos nós somos bissexuais, estamos
educação e formação do caráter de na fase da afirmação. Nessa fase,
um jovem.
o nosso corpo muda e eu preciso
me afirmar como ser masculino ou
As drogas representam uma fuga errada
diante da dificuldade
dos jovens de se apropriarem de si
mesmos”
segundo lugar. A perda da própria
privacidade está por todos os lados,
o jovem deve ter pudor, guardarse mais. Enfim, devemos colocar
cadeado na nossa vida e manter os
princípios.
Edição e diagramação: Daniel Paiva
PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013
3
Descriminalização da
maconha divide opiniões
O debate em torno do tema gera manifestações recorrentes, polêmicas e acaloradas entre os jovens
Créditos, créditos
Leandro Marçal
Entre as drogas consideradas ilegais, a maconha é a que tem menos
rejeição pela sociedade, o que faz com
que muitos usuários, especialistas,
autoridades e pessoas comuns defendam a descriminalização de seu uso
ou até mesmo a sua legalização, coibindo o tráfico nos moldes atuais, pois
o uso seria permitido.
Considerada uma droga “leve” e,
por muitos, até mesmo defendida por
supostamente não trazer tantos prejuízos à saúde, a erva é tema de debates recorrentes e acalorados.
O Primeira Impressão foi às
ruas para saber qual a opinião da
juventude sobre o tema. Entre os entrevistados, há usuários, pessoas radicalmente contra a descriminalização
da droga e até mesmo quem a experimentou, tornando o debate ainda
mais rico.
O resultado é que a maioria defende uma regulamentação da maconha
de uma forma que ela fosse permitida
da mesma forma que outras drogas
que tantos prejuízos (financeiros e na
saúde pública) trazem à sociedade,
como o álcool e o cigarro.
Usuários fumam maconha em locais públicos apesar da proibição
de achar que há outros assuntos mais
importantes a serem debatidos”. – Stephanie Domingues, 20 anos, operadora
de Microcomputadores.
“Tenho alguns amigos que fumam
e não gosto que eles usem maconha
quando estou com eles. Mesmo assim,
sou a favor da legalização da droga,
pois nunca vi nenhum usuário fazer
mal a ninguém. Não vejo problema nenhum nisso. Acho que chegará um dia
em que não haverá restrições quanto
ao consumo de maconha no Brasil”. –
Thiago Rocha, 21 anos, autônomo.
Confira as opiniões
“Cada um sabe o que quer para
“O problema de uma possível descriminalização do uso de maconha é si; por isso, sou totalmente a favor
que as crianças teriam a chance de usar da descriminalização da maconha.
a droga cada vez mais cedo e, por não Se queremos nos igualar a países de
terem uma opinião formada, teriam primeiro mundo, esse é um aspecto
mais propensão a usar drogas mais pe- que deveria ser imitado. Afinal, não
sadas. Só não sou a favor de uma legali- conheço ninguém que tenha algum
zação do uso da maconha por isso, além prejuízo à saúde por fumar maconha.
Mas essa descriminalização ainda vai
demorar muito para acontecer”. –
Gabriel Melo, 23 anos, desempregado.
“Sou a favor da descriminalização
da maconha por ser uma droga que
não gera comportamentos violentos,
como o álcool, por exemplo. É claro
que tudo em excesso é prejudicial à
saúde, mas isso independe da maconha ser lícita ou não. Nunca vi maconha gerar câncer ou violência, diferente do álcool e do cigarro”. – André
Bandeira, 22 anos, estudante de Engenharia Elétrica.
“Não vejo problema em ter amigos que fumam maconha, mas ela é
um caminho fácil para se chegar a
drogas mais pesadas. Não acho que
ela vai ser liberada, pois os prejuízos
à saúde são maiores do que os das drogas lícitas”. Cesar Macedo, 22 anos,
estudante de Engenharia Civil.
Alunos de Publicidade
produzem nova logomarca
Alyson Gonçalo
O jornal Primeira Impressão
está de cara nova. Nesta edição, dedicada ao universo dos jovens, o logomarca de um dos melhores jornais-laboratórios do País passou por uma
mudança gráfica. Tudo graças à interação entre os cursos de Jornalismo e
Publicidade e Propaganda da Universidade Santa Cecília (UNISANTA),
que se uniram para dar uma cara ainda mais jovial ao trabalho.
Entre diversas propostas elaboradas pelos alunos de Publicidade e Propaganda, três chamaram a atenção e
chegaram à final da disputa. Com o
propósito de modificar e apresentar
um novo formato gráfico ao periódico, o projeto “Impressão Única” foi
o ganhador. O veredito sobre o vencedor foi decretado por professores de
ambas as disciplinas.
“Dentre vários trabalhos, este
foi o projeto de que mais gostamos.
Quando falamos em impressão digital (que ilustra o novo logotipo),
pensamos em algo exclusivo. Esta é
a nossa forma de pensar em relação
ao jornal, que fornece um trabalho de
grande importância no Brasil”, disse
Luiz Gustavo Rodrigues, professor de
Publicidade e Produção Gráfica, que
coordenou os trabalhos ao lado do
professor Aristides de Medeiros Brito
Junior.
Ao longo de 17 anos de publicação,
a logomarca passou por diversas mudanças. A primeira produção gráfica
ocorreu em 1996, quando o impresso
ainda era produzido numa redação
com máquinas de escrever.
Ao longo dos anos, ele foi se aprimorando e, em 2010, ocorreu a última
padronização, nas cores cinza e preta,
já apresentando importantes mudanças em relação ao pioneiro.
Para os próximos anos, a tendência do jornal é crescer ainda mais na
4
Jéssica Branco
Iluminação pública insuficiente amplia a sensação de insegurança
Educação é a melhor
opção contra violência
Eduardo Corrêa
parte gráfica, gerando um dinamismo
visual aos leitores.
A interação entre os cursos já se
faz presente nas edições. A ideia é realizar um trabalho em conjunto, que
procura agregar ainda mais alunos da
UNISANTA.
“Mais uma vez os cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Edição e diagramação: Suellen Brandão
PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013
se uniram para realizar um projeto em conjunto. Essa interação
enriquecerá ainda mais o nosso
trabalho impresso. Já conversei
com coordenadores de outras áreas e pretendemos fazer uma parceria para divulgar ainda mais o
trabalho feito por nossos alunos”,
completou Rodrigues.
No Brasil, durante a última década, a criminalidade aumentou
entre jovens de 16 a 25 anos. Muitas
pessoas sugerem mudança na legislação, como a diminuição da maioridade penal de 18 para 16 anos.
A juíza Silvana Borges, que há
22 anos trabalha como assessora da
presidência do Tribunal de Justiça
de São Paulo, explica que, ao contrário do que se acredita, a reclusão
desses jovens não seria a melhor
saída, já que o sistema penitenciário no Brasil é falho e, dificilmente,
auxilia na recuperação do detento.
Para ela, a educação de base
com uma sociedade mais justa se
constituiria no melhor caminho.
“Falta um modelo. Muitos jovens
começam a vida sem um espelho
para a vida. A família ajuda, mas
um bom sistema educacional talvez
seja a chave para uma melhor conduta desses jovens”, explica Silvana.
A juíza relembra de um caso de
sucesso, ocorrido durante os anos
90, de um detento que conseguiu
a reabilitação, após ser preso por
furto e assalto a mão armada e
que, durante a sua passagem pela
prisão, ensinou os outros presos a
pintar, arte que ele mesmo já havia
esquecido. “O primeiro nome dele
era Alexandre, na época eu era advogada, e foi muito bom vê-lo com
aquele curso de pintura para os outros detentos”, conta.
Problemas sociais
Para a professora Maria Cristi-
na Lundin, formada em Ciências
Sociais há mais de 30 anos, entre os
fatores que levam os jovens a cometer crimes ou atos de violência estão
algumas deficiências na formação
do seu caráter.
Ela cita os problemas sociais
e a falta de emprego e de estudos
como fatores que levam o jovem a
se reunir em determinados grupos
em que a violência e o consumo de
drogas não são atos rotineiros, mas
podem ser. “As drogas levam muitas
pessoas a formar um determinado
grupo social em que a violência acaba sendo o sustento delas. A índole
do individuo, porém, pode ser o fator determinante para o caráter da
pessoa”, ressalva.
Na Baixada Santista, os crimes
menores vêm se tornando cada vez
mais comuns, levando a população
a procurar ter mais cuidado nas
ruas, principalmente à noite.
O estudante de Engenharia Química, Luiz Fernando Spinelli, de 22
anos, escapou de uma tentativa de
assalto no centro de São Vicente,
quando dois ciclistas o abordaram
na calçada. “Não sei se estavam armados, mas, quando vi a movimentação deles, entrei em uma das lojas
e me misturei com as pessoas. Foi
por pouco”, recorda.
O estudante ainda comenta que,
no Brasil, esse tipo de situação já se
tornou corriqueira nas regiões metropolitanas. “Espero que a situação não piore”, diz, lembrando que,
no interior do País, ainda dá para
sentir maior segurança nas ruas.
“Já em qualquer região metropolitana a tendência é se sentir cada vez
mais inseguro”, finaliza.
Jéssica Branco
Gravidez
precoce,
um
desafio
social
A ausência de educação
sexual contribui para o
aumento de jovens grávidas
Rejane Sarmento
A adolescência é um período de
vida que merece atenção redobrada, pois a transição entre a infância
e a idade adulta resulta em amadurecimento do sistema reprodutivo, podendo provocar mudanças,
acompanhadas das alterações hormonais, sociais e culturais, que impõem limites para ambos os sexos.
Os fatores de risco da gravidez na
adolescência, em alguns casos, estão
associados ao convívio familiar, negligência em relação ao uso dos preservativos e métodos anticoncepcionais pelos adolescentes. A educação
sexual constitui um fator determinante na prevenção da gravidez na
adolescência, contribuindo para o
Muitas vezes, jovens mães não estão preparadas para a maternidade, mas, engravidam por negligência em relação aos métodos contraceptivos
desenvolvimento de competências e
adaptações de comportamentos bio-psico-socialmente saudáveis responsáveis e gratificantes.Teles Fontoura
da Silva, 30 anos, nasceu quando sua
mãe, Soilamar Fontoura da Silva, 48
anos, residente na cidade de Viamão/
RS, era uma adolescente de apenas
17 anos. Crescendo sem a presença
do pai, ele diz sempre ter tido uma
excelente relação com a mãe. "Minha
mãe é muito trabalhadora, muito
responsável, uma supermãe e amiga
acima de tudo", diz. Teles lembra a
luta diária de muito trabalho de Soilamar para construir sozinha a casa
onde moram e manter uma sobrevivência digna para ambos.
"Ela sempre foi muito presente em
todos os momentos da minha vida e,
mesmo tendo de trabalhar fora diariamente, jamais deixou de ser dedicada, carinhosa e companheira", garante. Impossibilitado de trabalhar,
em virtude de um acidente de carro,
Teles hoje vê a preocupação da mãe,
com relação a sua saúde e futuro.
Ele conta que não teria coragem
de ser pai na época atual e tampouco quando era adolescente. "O
mundo hoje está muito diferente.
Mais difícil do que na época em
que nasci". Teles recorda ainda que
numa reunião na escola, alguns colegas perguntaram se sua mãe era
sua irmã mais velha. Para ele, foi
um susto e Soila, como é chamada,
sentiu-se feliz e envaidecida.
"Ela é um exemplo de mulher, de
mãe, de pessoa, por ser muito guerrei-
Iniciação sexual é
cada vez mais cedo
Natacha Negrão
Dados recentes do Ministério da
Saúde confirmam que o número de
adolescentes grávidas cresceu muito
em consequência da má distribuição de
renda, da criminalidade e das drogas.
No entanto, outros estudos em nível
nacional apontam uma iniciação sexual
cada vez mais precoce, colocando em
risco a situação social, econômica e
psicológica das mães, que engravidam
com idade abaixo de 17 anos.
Camile* tem 12 anos e está grávida
de 4 meses. O pai desta criança que
irá nascer tem 18 anos e terminou
o namoro ao saber da gestação. Ela
está com medo em relação à gravidez
porque sabe que ainda é muito jovem
para assumir este compromisso. “Sei
que é minha responsabilidade cuidar
dessa criança, mas espero desde já que
ela pense bem antes de tomar decisões
erradas como eu...”, disse.
Certamente, ela não é a primeira
nem a única a passar por esta
situação no Brasil. Cada vez mais o
questionamento cresce: “como isso
vai acontecer com uma criança, que
deveria apenas estar preocupada em
estudar?” Em contraponto a esta
realidade, há histórias parecidas em
que os protagonistas conseguiram
manter o relacionamento.
É o caso de Adriana e Matheus,
que começaram a namorar quando
tinham 14 anos, tiveram o primeiro
filho aos 17 e, hoje, com 23 anos,
estão esperando mais um filho. “Nós
nos amamos e tínhamos certeza do
que queríamos desde o começo”, disse
Matheus. Segundo o casal, o fato de a
família deles apoiar o relacionamento
contribuiu muito para que durasse.
“Antes de eu saber que estava grávida
do meu primeiro filho, queríamos
terminar, mas nossas famílias nos
deram forças e ficamos firmes até
hoje”, disse Adriana.
Antigamente, as mulheres eram
praticamente prometidas para seus
futuros maridos, tinham casamentos
arranjados pela família e, em alguns
casos, o casal nem chegava a namorar.
Quando os casais começavam a
namorar, só podia ser na frente dos
pais e de mãos dadas apenas. Com o
passar do tempo, até mesmo depois do
namoro ser liberal em relação à família,
surgiu o termo “ficar”, como se fosse
para fazer um teste antes de namorar
firme.
Entre os jovens, o “ficar” é comum,
pelo fato de não terem compromisso
com a pessoa e ainda poder contar para
a turma como foi o beijo.
Hoje a ideia predominante é que
apenas beijar não basta, mas é preciso
ter uma relação sexual também. A
partir daí, muitos garotos e garotas se
tornam pais cada vez mais cedo. Isso
talvez aconteça por falta de conversa
dos familiares com seus filhos ou por
falta de instrução e/ou estrutura da
própria família, mas também há casos
em que a família ensina e educa e,
mesmo assim, os filhos não assimilam
onde está o problema.
O casal Guilherme e Marina está
junto desde os 15 anos e hoje com
22 está de casamento marcado para
agosto. Como se conheceram na igreja
evangélica que frequentam, eles dizem
que só terão a primeira relação sexual
depois do casamento, conforme pedem
os ensinamentos da Bíblia. “Somos
jovens e temos muito tempo ainda
para aproveitar as coisas da carne.
Há coisas mais importantes, como
a cumplicidade, para nos levar ao
casamento”, disse Marina.
Guilherme disse que já sofreu
preconceito por ser “virgem” na
faculdade, mas acredita que vale a
pena esperar: “As pessoas que falam
sobre a castidade como se fosse a coisa
mais absurda do mundo não sabem
que não é apenas o sexo que mantém
um relacionamento firme”.
A maioria da religiões critica
os
relacionamentos
precoces,
principalmente o catolicismo e o
protestantismo, defendendo que a
iniciação sexual deve ser feita na vida
adulta, após o casamento. Contudo,
não é apenas o fator religioso que afeta
o relacionamento, pois há também
fatores psicológicos, familiares e
sociais que condenam um namoro com
atividade sexual antes do casamento.
Mesmo com o processo cultural
cada vez mais democrático pelo qual
o País passou, falar sobre sexo na
família ainda é um tabu. Cada vez
mais os veículos de comunicação
têm pressionado as pessoas a ter essa
abertura para discutir o assunto, já que
é dada grande importância aos jovens,
especialmente quando se discute como
será um futuro próximo entre pais e
filhos.
ra e não desistir em todas as situações
difíceis que passamos".
Idade da avó
Em 1998, aos 16 anos, Francis
Santos Neves, residente na praia dos
Ingleses em Florianópolis/SC, deu à
luz ao seu primeiro filho, Lucas Neves
Cammarata Nisinaga. Hoje com 15
anos de idade, o estudante Lucas Neves, conta que crescer ao lado da mãe
ainda adolescente foi normal. Entretanto o jovem diz estranhar a mãe de
alguns de seus amigos em relação a
sua. "Parece que elas têm a idade da
minha avó".
Lucas não lembra de ter tido dificuldade de relacionamento e convivência no seu meio familiar. "Não
sofri nenhum tipo de negligência. Eu
‘
não tenho apenas uma mãe, mas também tenho uma amiga".
Para Suely Fernandes da Silva, 35
anos, residente em Santos, a maternidade chegou mais cedo, aos 14 anos.
Seu filho, Virgilio Almeida Cardoso
Neto, 21 anos, estudante, conta que
crescer ao lado da mãe adolescente
foi bem normal, pois quando era pequeno, não via diferença nenhuma.
Virgílio acredita que hoje em dia é
muito normal encontrar situações semelhantes a sua. Entretanto, quando
tinha entre 12 e 14 anos enfrentou alguns desafios. "Os meus amigos ficavam zoando e falando da minha mãe,
por ela ser muito jovem e bonita".
Entretanto, com o passar dos anos,
ele diz que foi se acostumando com os
elogios.
Nós nos amamos e
tínhamos certeza do que
queríamos desde o
começo”
Matheus, pai aos 17 anos
Jéssica Branco
__________________________
* Os nomes dos personagens desta
reportagem são fictícios, já que todos
pediram para que o anonimato fosse Hoje em dia, os jovens “ficam” sem compromisso de namoro
preservado.
Edição e diagramação: Desirée Soares
PRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 2013
5
Questão do aborto ainda
provoca polêmica
Juliana Sousa
A palavra aborto gera polêmica ao ser mencionada. Seja
contra ou favor, expor a opinião
sobre o tema sempre provoca
questionamentos e julgamentos.
Atualmente no Brasil, o aborto é
considerado crime e só é legalizado em duas situações: quando
o feto foi gerado em decorrência
de estupro ou quando a gestação
é de risco para a mãe.
No exterior, existem países cuja prática é legalizada,
como, por exemplo, Estados
‘
‘
‘
‘
Unidos e Inglaterra. No Brasil, as
mulheres buscam clínicas clandestinas para realizar o aborto.
São lugares sem a condição mínima de higiene – aumentando as
chances de infecção - e sem autorização para efetuar tal procedimento, o que aumenta os riscos
para a mãe.
O aborto vai muito além
do que a simples questão de legalizá-lo ou não. Especialistas afirmam que o ato de abortar pode
gerar na mulher problemas psicológicos que vão acompanhá-la
por toda a vida, sentimentos de
culpa, depressão, síndromes e até
mesmo sequelas resultantes do
procedimento.
Os métodos utilizados
são o procedimento químico e o
cirúrgico. No primeiro, o feto é
expelido com o auxílio de medicamentos. Já no segundo, o conteúdo do útero é removido por
aspiração (processo de sucção
eliminando o feto e a placenta)
ou curetagem (que consiste na
raspagem da camada interna do
útero, com o auxílio da cureta,
Eu sou a favor do aborto em caso de estupro.
A mulher não tem culpa de ter sofrido esse
tipo de abuso, e não tem culpa de engravidar.
Toda vez que olhar para a criança, vai se lembrar do que aconteceu. Nos demais casos eu
sou contra”
Alba Macedo, esteticista
Eu sou contra o aborto, pois acredito que se a
“sementinha” está lá é porque tem que ser desenvolvida. Acredito também que se o aborto
for legalizado, surgirão casos banais. Tirar a
vida de um ser humano é desumano”
Kelly Medina, relações públicas
O aborto só se torna plausível a partir do
momento em que alguém é violentada sexualmente. As pessoas devem ter responsabilidades sobre seus atos. Se uma pessoa não
tem condições ou simplesmente não quer a
criança, existem milhares de programas de
adoção esperando por um filho”
Verônica Zauli, estudante
Aborto para mim tem o mesmo peso que
homicídio.Sendo minha religião cristã, eu
acredito que quem dá a vida e quem tira a
vida é Deus. Até mesmo em casos de estupro,
a criança não tem culpa do ocorrido. Um filho
é um presente de Deus, algo precioso, símbolo de amor e cuidado”
Cristiane Challoub
Cristiane Challoub
6
Rodrigo Monteiro
A juventude, prin
cipalmente a adolescência,
é conhecida como a fase
da vida onde não existem
preocupações, a época da
rebeldia. Esse pensamento,
atrelado aos crimes graves
realizados por menores infratores que aparecem na
mídia, leva parte da população a pensar na juventude
como o período mais difícil,
mais complexo da vida.
Segundo a assistente
social Cintia Olivieri, a adolescência realmente é uma
fase complicada, porém a
parcela de crimes praticados por menores é ainda pequena. “Aproximadamente
70% dos crimes são cometidos por maiores, mas quando você está na rua e vê um
adolescente vindo, você não
o vê como antigamente. Dependendo da característica
da vestimenta, você já tem
uma visão preconceituosa”.
Para ela, no entanto,
a juventude está marginalizada e por diversas razões.
Uma é a ausência muitas vezes dos pais, que, por terem
de trabalhar fora, se distanciam dos filhos.
Nesse sentido, da
dos da Vara Infracional da
Infância e Juventude de
Belo Horizonte (MG), divulgados em 2010, revelam
que das infrações cometidas
por adolescentes 27,2% se
referem ao tráfico de drogas.
“O adolescente é
apanhado no tráfico de drogas. Ele não se sente um
infrator, ele está em um sistema de produção. Normalmente, esses adolescentes
não se sentem infratores.
Eles estão trabalhando fazendo tantos pinos (de cocaína) por hora e acreditam
não estar fazendo mal para
ninguém”, afirma Cintia,
que trabalha há aproximadamente dez anos com
adolescentes infratores. Por
isso, acrescenta: “Não forço
ninguém, usa quem quer é o
que nós mais ouvimos”.
Davi Lopes, engenheiro civil
DST: falta de informação e responsabilidade
Consideradas um dos
problemas de saúde pública mais
comuns, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) atingem
grande parte da população mundial. Muitas vezes, por algumas
das patologias serem assintomáticas, os portadores de DST não
têm ciência da doença e, por isso,
acabam infectando outras pessoas.
No Brasil, de acordo com
os dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
a cada ano são constatadas 937
mil pessoas com sífilis, 1.541.800
com gonorreia, 640.900 com herpes genital e 685.400 infectadas
pelo HPV. Recordista em casos
— porém, com o nome pouco
um instrumento cirúrgico).
Por ser um assunto delicado, o aborto deve ser tratado
com cautela.
Algumas mulheres decidem pelo aborto convictas do
que estão fazendo e sem alimentar nenhum tipo de culpa; outras,
porém, quando optam por realizá-lo, desconhecem os procedimentos e o que é feito com o feto.
Em outros casos ainda, a mulher
é obrigada ou influenciada pelos
familiares ou pelo próprio parceiro em decidir pelo aborto.
Adolescência
infratora
ou rebelde?
Bruno Pompeu: os jovens têm comportamento sexual permissivo
conhecido —, a clamídia infecta
1.967.200 pessoas ao ano.
Segundo o clínico da Prefeitura Municipal de Santos e do
Hospital Guilherme Álvaro, Bru-
Edição e diagramação: Natacha Negrão
PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013
no Pompeu, estima-se que de 40
a 60% das mulheres tenham essa
doença, que pode causar gravidez ectópica (ocorre fora do útero, mais precisamente na trompa
de Falópio), aborto e corrimento.
De acordo com Pompeu, as doenças transmitidas pela população sexualmente ativa continuam
em ascensão. “Com a mudança
de costumes, os jovens têm um
comportamento sexual muito
permissivo”, destaca o médico.
A grande preocupação dos jovens, segundo Pompeu, é a gravidez e não as patologias que
podem ser contraídas no ato sexual.
O profissional comenta
que a maioria realiza as preliminares sem o uso do preservativo
e, apenas quando estão próximos
à ejaculação, utilizam a camisinha. “Isto é errado! Eles devem
criar a consciência de que a contração de doenças não acontece
apenas com a penetração”, ressalta o médico. “Há mistura de
droga e sexo e, no meio desta
confusão, os jovens não sabem
com quem tiveram relação”, diz.
“A partir disso, acabam
contraindo alguma doença e nunca descobrem quem foi o transmissor”, acrescenta.
Na atualidade, DST não
é apenas um problema dos mais
jovens, mas, também, dos idosos.
Com o uso dos medicamentos
para disfunção erétil, houve aumento de relação sexual e, consequentemente, a vida sexual da
terceira idade transformou-se em
ativa.
Para modificar este parâmetro, Bruno Pompeu entende
que as campanhas municipais
deveriam ser mais dinâmicas:
propagandas televisivas, e matérias esclarecedoras em jornais
e revistas, além de enfermeiras
em escolas com o intuito de tirar
dúvidas sobre o uso de preservativos e destaque para datas como,
o Dia do HIV e da Sífilis.
Vinícius Morales
Não é novidade que boa parte dos
jovens tem vontade de, pelo menos
uma vez na vida, morar fora do País,
nem que seja por alguns poucos
meses. A experiência é capaz de trazer
maturidade, total independência e,
principalmente, a possibilidade de
interagir com novas pessoas e uma
cultura totalmente diferente daquela
conhecida em seu país. E, com o
intercâmbio, isso ficou cada vez mais
palpável.
As empresas especializadas na
prática criam planos e programas
cada vez mais atrativos para que os
jovens tenham experiências de vida
memoráveis, com um custo cada vez
mais barato. Existem diversos tipos
diferentes de intercâmbios. Dentre
os mais comuns estão o intercâmbio
educacional, quando o jovem viaja com
o intuito de concluir ou dar continuidade
em curso de Ensino Médio ou superior;
o cultural, quando o adolescente viaja
para aperfeiçoar ou aprender uma nova
língua; o intercâmbio de turismo, que
como o próprio nome já diz, é o que leva
as pessoas única e exclusivamente para
a prática de turismo; e o Au Pair, que
é aquele em que jovens se candidatam
para trabalhar como babás, entre
outros.
Dentre esses jovens que sempre
sonharam em ter a experiência de
morar fora, Juliana Christo Marcello,
de 21 anos, conseguiu o seu objetivo.
Em 2013, seu sonho foi realizado da
maneira que ela sempre quis: trabalhar
no sistema Au Pair e, ao mesmo tempo
em que adquiria a proficiência no
inglês e conhecia um novo país, poderia
ganhar seu próprio dinheiro.
Morando em Washington DC,
capital dos Estados Unidos, desde
março, ela já se mostra deslumbrada
com esses poucos meses de estadia.
“Posso dizer que nunca imaginaria
estar aqui. Até hoje eu ainda acho
muito estranho levar as crianças para
escola e ter o Senado americano como
fundo. Tudo ainda é um sonho, ainda
não sei se é porque ainda está no
começo de tudo. Aqui você aprende
a lidar com todo o tipo de situação
sozinha, sem poder ligar para os seus
pais e pedir ajuda. Acho que a sensação
de ser ‘livre’, de se sentir viva, é a mais
importante”, conta.
Mas engana-se quem imagina que
foi algo planejado há bastante tempo
e que foi amadurecendo com o passar
dos anos. A ideia de morar fora sempre
existiu, mas a decisão de que era aquilo
que ela queria mesmo só veio depois
de uma conversa com uma amiga
próxima. “Eu sempre tive vontade
de fazer intercâmbio, mas a minha
condição financeira nunca permitiu.
Conheci o programa de Au Pair há
uns dois anos, conversando com uma
amiga. Ela me disse que iria fazer e me
mostrou todas as informações sobre
o programa, já que eu nunca tinha
ouvido falar disso. Como sempre cuidei
dos meus primos, vi que não teria
‘
Aqui você aprende a
lidar com todo o tipo
de situação sozinha,
sem poder ligar para
os pais e pedir ajuda
Juliana Marcello, babá
Sonho de viver fora motiva
jovens a cruzar fronteiras
Cada vez mais comum, a prática do intercâmbio exige maturidade e independência por parte de
quem planeja morar sozinho em um país desconhcido
Fotos: Arquivo Pessoal
Juliana Marcello hoje está nos Estados Unidos, onde aprende inglês, conhece o novo país e ganha seu próprio dinheiro
dificuldade em vir para cá e cuidar
de criança. Foi como unir o útil ao
agradável”.
Esse desejo de trabalhar fora
também aconteceu com Henrique
Ferreira. Após morar por alguns
meses no Canadá por meio de um
intercâmbio, Ferreira conquistou
uma vaga para trabalhar em um dos
lugares mais conhecidos do mundo e
desejo de visitação de nove entre dez
crianças: Walt Disney World, em
Orlando, Flórida.
A conquista desse emprego não
veio fácil. O jovem, também de
21 anos, passou por uma série de
entrevistas para provar que queria
de fato trabalhar no local e que
realmente sabia falar inglês. Depois
de todos os testes, veio a confirmação
pelo Correio. “Cheguei em casa e vi
que havia uma carta em um envelope
da Disney. Quase chorei de tanta
alegria”, conta, emocionado.
Em Orlando, Ferreira morou
em um alojamento para jovens
providenciado pela própria empresa
e, no Canadá, morou na casa de
uma família que se inscreveu para
receber jovens intercambistas. “Foi
a melhor coisa da minha vida! Indico
o intercâmbio a todos que vêm me
fazer perguntas a respeito. Quem
tiver possibilidade faça sem pensar
duas vezes. Quem não tiver poupe
um pouco do salário para pagar as
despesas. Gosto de dizer que minha
vida se dividiu em duas partes: antes
e depois do intercâmbio”, finaliza.
E é justamente essa mudança de
vida que Crystiani Coelho e Silva,
26 anos, está buscando. Prestes a
embarcar a qualquer momento,
ela não vê a hora de pisar
em solo americano. “Estou em
fase de fechamento do processo,
mas, com certeza, ao ser concluído,
poderei aproveitar tudo de bom que
essa experiência vai me dar”.
A decisão de fazer o intercâmbio
partiu da necessidade de aperfeiçoar
seu inglês para uma melhor
inserção no mercado de trabalho.
Encarregada de Departamento
Pessoal, Crystiani vê na língua
inglesa um possível diferencial entre
possíveis concorrentes na hora de
Ao lado de sua ‘família’ canadense, Henrique morou naquele país graças ao intercâmbio que durou alguns meses...
...até ser contratado para trabalhar na Walt Disney World, em Orlando, na Flórida, local dos sonhos de muita gente
disputar uma vaga de emprego, tanto
que seus pais mostram total apoio. “O
incentivo deles é total, pois sabem que
estou indo atrás daquilo que necessito
para o meu crescimento tanto pessoal
quanto profissional”.
E quando questionada se não tem minha vida profissional e pessoal, por
medo de ficar com saudade da família, que não continuar por lá?”, finaliza.
ela não hesita. “Vou morar nos Estados
Unidos até quando o intercâmbio me
permitir, que é o prazo de dois anos.
Se as oportunidades forem favoráveis à
Edição e diagramação: Natacha Negrão
PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013
7
Alimentação balanceada
é a melhor opção
Jovens se descuidam da alimentação por conta da vida agitada e isso pode ocasionar doenças na vida adulta
Joyce Serra
A correria do mundo moderno leva
muitos jovens a não conseguirem levar
uma vida saudável. Para quem estuda
e trabalha, é difícil conciliar uma alimentação balanceada com a correria
do dia a dia. A solução, muitas vezes,
é buscar algo prático, abrindo mão de
alimentos mais benéficos.Os alimentos orgânicos são hoje uma das opções
mais saudáveis do mercado. Afinal,
são cultivados sem o uso de substâncias agrotóxicas, como fertilizantes ou
pesticidas e antibióticos ou hormônios
nos casos de origem animal. De acordo
com a nutricionista Tânia Simões Assis, hoje é possível encontrar esses alimentos em supermercados já identificados.Segunda ela, os jovens demoram
a se preocupar com uma alimentação
mais saudável. “Eles preferem os fast
food, por serem mais rápidos e também
por conta do alto custo dos produtos
orgânicos”, diz. Tânia ainda explica
que geralmente os jovens só passam a
se preocupar com o que comem após os
30 anos.
A assistente social Débora
Nobre, 38 anos, não tinha este tipo
de preocupação com a alimentação
durante sua adolescência, mas há dois
anos passou a consumir os alimentos
orgânicos. Durante uma visita à sua
irmã no Paraná, ela conheceu uma
feira que só vende produtos livres de
agrotóxicos e adquiriu este hábito para
sua vida.
“Aqui em Santos é difícil encontrar
locais que vendam estes alimentos”,
afirma. “Quando acho é em
supermercados grandes e os produtos
possuem um preço muito elevado.
Mas são mais saudáveis e com muito
mais sabor”, acrescenta Débora.A
auxiliar de limpeza Jéssica Oliveira, 21
anos, tem o seu dia a dia agitado, sem
tempo suficiente para cuidar de uma
alimentação balanceada. “Saio cedo
de casa e minha primeira refeição é no
terminal de ônibus, com uma coxinha
e um suco de máquina”, conta Jéssica,
que trabalha o dia inteiro, chegando
em casa às 21 horas, depois de comer
muita fritura no decorrer do dia, por
ser mais prático.
O nutrólogo Walter Makoto explica
que o ideal é manter uma dieta bem
equilibrada, com consumo de frutas,
saladas, proteínas, carboidratos e
lipídios. O fast food é gorduroso e
o consumo desses alimentos pode
causar diabetes precoce, problemas
de hipertensão e índices de colesterol
alto. Makoto também destaca que
o consumo exagerado de alimentos
industrializados pode contribuir para a
produção de células cancerígenas.
Apesar da vida corrida, a estudante
Walkíria Vaz, 23 anos, tenta manter
um cardápio equilibrado. “Não como
alimentos orgânicos em razão do preço
alto, mas procuro manter uma dieta
equilibrada. Evito frituras, comidas
gordurosas e opto sempre por sucos
naturais”, conta.
Temakeria
A nova tendência que também
vêm fazendo a cabeça de jovens é a
comida japonesa. É notável na região
o aumento de tamakerias lotadas por
jovens que optam por este tipo de
alimentação.
A cozinha oriental é considerada
saudável por utilizar muitos peixes
crus e a não utilização de sal, que
causa retenção de líquidos. “A comida
japonesa é saudável, porém devese tomar cuidado com a higiene na
preparação dos pratos e verificar
se o local possui licença da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, já
que são servidos alimentos crus, a
fim de evitar contaminação”, explica
Tânia.
Os
molhos
que
também
acompanham os pratos devem ser
consumidos com moderação. “O molho
shoyu, além de calórico, contém muito
sal”, assinala. Rodrigo Monteiro, 20
anos, estudante de Psicologia, diz
que é difícil abrir mão do molho.
“Estamos acostumados no Brasil com
comida bem temperada e, por isso, o
shoyu é como um tempero da comida
japonesa”, completa.
Ainda de acordo com Tânia, para
quem gosta da cozinha oriental, o ideal
é optar pelo prato da forma que ele é
produzido, pois já é preparado com
pouco sal e de forma saudável.
Joyce Serra
A ingestão de legumes, frutas e verduras é ideal para uma alimentação saudável e para evitar problemas futuros
‘
Nas academias, a busca pelo corpo perfeito
Mônica Barreto
Mônica Barreto
Curvas torneadas, magreza, corpo
perfeito. Tudo isso faz parte de uma
sociedade contemporânea que cultua o corpo. Na conjuntura atual, a
busca por uma boa imagem atinge
homens e mulheres, principalmente
jovens, independente de classe social.
As academias vivem abarrotadas de pessoas e existe até um
termo muito usado para definir
os frequentadores assíduos, os
famosos “ratos de academias”.
A mídia é considerada a grande
vilã que expõe constantemente
modelos de portes avantajados e
esculpidos que acabam por influenciar grande parte da população.
Nonato de Souza Andrade conta
que o incentivo para a prática de
exercícios físicos em academias
surgiu através de um amigo.
No primeiro ano, diz, a prática
lhe trouxe satisfação, mas hoje
já são dez anos de atividades.
Para Andrade, o segredo para
um corpo perfeito está sobretudo
em uma boa alimentação e exercícios físicos adequados. Em
seu cardápio pessoal, ele procura ter uma boa conduta alimentar: cortou refrigerantes, massas
e frituras e trocou o jantar pelo
pão integral, enquanto as frutas
tornaram-se sua grande aliada.
Segundo o esportista, a busca
pelo corpo torneado fazendo uso
de anabolizantes para ter resultados rápidos é pura leviandade.
Este tipo de droga é destinado para uso veterinário
e, quando entra em contato
com as células, traz aumento
dos músculos, além de oferecer sérios riscos para a saúde.
Um exemplo é o do cantor
baiano Netinho, que, recentemente,
8
Apesar de a sociedade
cobrar muito das pessoas uma estética
diferenciada, busco
um corpo malhado para
me sentir bem comigo
mesmo”
Nonato Andrade,
estudante
Andrade: alimentação e exercícios adequados levam ao corpo ideal
deu entrada em um hospital com
fortes dores no estômago e com
sangramento no fígado. Segundo os médicos que o atenderam, as consequências foram
devidas ao uso de anabolizantes.
Edição e diagramação: Desirée Soares
PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013
Qualidade de vida
Nonato explica que não se preocupa em adquirir rapidamente um físico
todo torneado, pois o que importa para
ele é qualidade de vida, além do prazer
de se sentir bem e gozar de boa saúde.
A única coisa de que faz uso é o
suplemento alimentar que o ajuda
a adquirir mais massa e força. De
segunda a sexta-feira, após voltar do trabalho, ele disponibiliza
uma hora e meia aos exercícios em
uma academia perto de sua casa.
Com empenho e dedicação, procura seguir as dicas de seu personal trainer para não ter nenhum problema com
rompimento de tendões e ligamentos.
De acordo com ele, o resultado é mais
energia e disposição para trabalhar.
O fato de gostar de frequentar academias não se resume em
um problema de autoestima. “Apesar de a sociedade cobrar muito das
pessoas uma estética diferenciada,
busco um corpo malhado para me
sentir bem comigo mesmo”, diz.
Para quem está começando em
uma academia, ele deixa um recado:
treinar bem sem fazer uso de anabolizantes que não trazem benefícios algum, além de ter uma boa alimentação.
Vigorexia
Um transtorno que tem afetado as pessoas que buscam obter
um corpo perfeito é a vigorexia,
transtorno psíquico que, mesmo
quando a pessoa já está bastante
forte, faz com que ela se veja magra.
Foi o que aconteceu com R.B.O.,
que há mais de 14 anos frequenta as academias todos os dias. Às
vezes, passava mais de duas horas malhando pesado e, quando chegava em casa, continuava, pois se
olhava no espelho e a visão que tinha era de que nada havia mudado.
A ansiedade por um corpo perfeito fez com que aumentasse o
tempo de exercícios e passasse a
injetar anabolizantes fazendo ciclos de um mês e, muitas vezes, escondido no banheiro de sua casa.
Ele conta que hoje a facilidade
para se conseguir o produto é muito
fácil, pois não existe uma lei específica que impeça a venda para
qualquer pessoa. Basta ir a uma loja
de produtos veterinários e adquiri-lo.
Segundo R.B.O, o aumento de sua
musculatura deve-se também a uma
boa alimentação e exercícios pesados.
“É preciso ter muito cuidado quanto
ao uso de anabolizantes, pois cada organismo reage de um jeito”, explica.
Nos três anos em que faz ciclos alternados de anabolizantes, os efeitos
colaterais que teve até agora foram espinhas, além de calvície que, para sua
tristeza, foi dada como irreversível.
Diante dos riscos, R.B.O. reconhece que sempre bate o medo.
“Mas o preço da vaidade sempre
me acaba convencendo”, finaliza.
Investindo no futuro
Número de jovens que se preocupa com planos de previdência privada ou de saúde tem crescido
Arquivo Pessoal
Vagner Lima
Foi-se o tempo em que os jovens
não estavam nem aí com o futuro. Hoje, desde cedo se preocupam
com a saúde financeira na hora de
se aposentar. Aproveitando essa fatia de mercado crescente, os bancos
oferecem planos e produtos voltados ao público jovem.
Especialistas recomendam que a
renda ao final do período produtivo
seja de menos 70% da renda atual,
já que os filhos estarão crescidos e a
casa própria estará quitada. É consenso entre especialistas a quantia
certa para poupar: divida sua idade
por 2. Se tem 30 anos, deve poupar
mensalmente 15% do salário; se
tem 40 anos, poupe 20% do salário.
Gisele Aparecida é gerente de
banco e conta que atende em sua
mesa a muitos jovens interessados
em investir em planos que lhes rendam uma aposentadoria segura.
“Os produtos de previdência privada destinados ao público em geral
ainda apresentam custos elevados,
principalmente os de administração. Não recomendo produtos que
tenham mais que 1% de taxa anual, e dá para pesquisar e encontrar
o que cabe no bolso. O problema da
maioria dos jovens é que eles não se
preocupam em poupar para o futuro nem procuram saber mais sobre
esse assunto”, diz.
Wellington Mendes da Silva
tem 25 anos e há dois decidiu fazer
um plano de previdência privada.
“Achei interessante os juros que o
banco aplicava, uma porcentagem
boa para o rendimento, e uma forma de poupança que posso disponibilizar quando precisar, ou usar
para uma futura aposentadoria”,
explica. Ele é o único na família que tem plano de previdência.
“Eles preferem aplicar algum dinheiro que lhes sobram em poupança simples, ou investir em bens”.
Silva está feliz com o plano e
não pretende desistir dele tão cedo,
pois acredita que lhe trará benefícios no futuro. “Gasto por volta de
R$ 60 mensais, que não pesam no
meu orçamento. Não penso em usar
esse dinheiro em outra coisa. Os
rendimentos que terei com o plano
me interessam, além de vislumbrar
a aposentadoria lá na frente”. O jovem recomenda aos amigos que façam como ele. “Procurem o banco
que ofereça o melhor rendimento,
informe-se sobre o plano e seus benefícios É muito interessante preocuparmos com o futuro”.
Saúde também conta
Ter um plano de saúde também é
um investimento, não só para quando o peso da idade chegar, mas também para se prevenir, caso alguma
surpresa indesejada bata à porta.
Pesquisa recente mostra que ter um
deles é o maior desejo da ascendente classe C. No Brasil, 47 milhões de
pessoas são beneficiárias de planos
de saúde privada – 30 milhões fazem
parte do plano de empresas – mas o
número de usuários únicos tem crescido. Nesse caso, conta a vantagem
de quanto mais jovem mais barata é
a mensalidade.
Flavia dos Santos tem 23 anos.
Desde os 17 resolveu bancar do próprio bolso um plano de saúde, porque nem sempre na rede pública
recebe o atendimento que necessita.
“Às vezes, você precisa ir ao médico
e tem que pagar por alguma especialidade que não tem no posto de
saúde. Quando isso acontece, acaba
tendo de ir para a rede particular.
Fiz o convenio porque é bom até
para facilitar exames e internações”, conta.
Flávia mora com a mãe, que
também tem plano de saúde, e conta que gasta aproximadamente R$
200 por mês. “Já pensei em usar o
dinheiro que invisto hoje no plano
para outras coisas para mim, mas
não desisto pelo fato de que é minha saúde que está em pauta, e
com saúde não se brinca. Penso em
fazer futuros tratamentos e, quando eu tiver meus filhos, um plano
de saúde poderá ajudar, pois não
ponho tanta fé no atendimento do
SUS”, explica. “Costumo recomendar aos meus amigos que também
façam planos. Saúde hoje em dia é
tudo”.
Preocupada com o futuro, Flavia tem plano de saúde desde os 17 anos
Escolha seu plano
Como a aposentadoria, por idade ou tempo de serviço oficial só
garante o pagamento de no máximo R$ 1.430 mensais, a previdência privada é indicada para quer ter
renda superior a esse valor. A previdência privada consiste em duas
fases: a primeira é a de acúmulo de
capital e a segunda é a de recebimento dos benefícios. No Brasil há
dois tipos de previdência: a aberta,
que pode ser contratada por qualquer pessoa, e a fechada, para empresas.
Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) - Recomendado para pessoas com renda mais
alta, pois o valor pago ao plano
pode ser abatido no Imposto de
Renda (desde que esse valor represente até 12% de sua renda bruta
anual). Porém, quando o dinheiro
é sacado, o imposto pago é referente ao total que havia no fundo. Por
exemplo, se esse valor for de R$ 500
mil, o imposto será cobrado sobre
ele.
Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) - A diferença para o PGBL é que não
pode ser abatido no Imposto de
Renda. Porém, quando o dinheiro é sacado, o imposto cobrado
é referente ao que o dinheiro investido rendeu. Por exemplo, se
a quantia é de R$ 500 mil, mas
o rendimento que houve ao longo do plano foi de R$ 200 mil, o
imposto cobrado será referente
a este último valor. É indicado
para quem têm renda menor e
que, por isso, declaram imposto
nos formulários simplificados ou
nem declaram imposto.
Plano tradicional de
Previdência - Tem a garantia
de uma rentabilidade mínima
e correção monetária no período da aplicação. Se aplica a variação do IGP-M acrescido por
juro de 6%. Nesse tipo de plano,
pode-se abater até 12% da renda bruta na declaração do Imposto de Renda. Os rendimentos
são repassados apenas em parte,
que varia de 50 a 85% do total
conseguido. Têm taxas de carregamento - aplicadas sobre a contribuição - de até 10%.
Inteligência não-artificial
Raíssa Ribeiro
Ao avaliar os ganhos de uma intensa
rotina de estudos, o universitário de
Direito Fábio Mascarenhas, considerado
como um nerd pelo seu bom desempenho
escolar, aponta que a busca pelo
conhecimento melhorou, inclusive, a
timidez que o acompanha: “Depois de
ter começado a estudar me tornei menos
tímido e tenho mais facilidade para
dialogar e tomar posições”, conta.
Além desse aspecto pessoal, o
estudante, no ano passado, passou
em sete vestibulares, seis deles em
Engenharia: Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Universidade Federal
do Pampa, Pontifícia Universidade
Católica de Campinas, Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP), Universidade Santa Cecília
e Universidade Paulista. E ainda:
Economia, na Universidade de São Paulo
(USP), sua segunda escolha na Fuvest.
O seu objetivo era cursar Engenharia
na USP, mas não houve quarta chamada.
Então, optou pela universidade
paranaense. Estudou um semestre em
Curitiba, mas não se identificou com o
curso. Com a greve dos professores das
faculdades federais, prestou Direito na
Universidade Mackenzie e na PUC-SP.
Obteve bolsa integral nas duas e escolheu
a primeira. Já no primeiro ano do curso
conseguiu estágio no Tribunal de Justiça
de São Paulo e monitoria em Linguagem
Jurídica na mesma instituição de ensino.
Outra estudante que é considerada
nerd, Emile Casasco, também já foi
recompensada pelos seus esforços. Desde
o ensino médio recebe bolsas integrais.
E na Faculdade de Biologia, por força
do trabalho de pesquisa que desenvolveu
sobre a conservação da semente da uvaia,
fruta brasileira da família da pitanga,
obteve bolsa com menção honrosa na
Universidade Federal do ABC. Algo visto
pelo orientador Danilo da Cruz Centeno
como fruto de um trabalho muito bem
feito.
Ela também sempre foi uma boa
esportista. E representou a cidade
de Praia Grande nas modalidades de
handebol e xadrez entre 2004 e 2012.
Como resultado recebeu bolsa durante
os três anos do ensino médio no Colégio
Novo Mundo.
Quanto à estudante de Engenharia
Química da FEI Júlia Ferreira, as
fotos no Facebook não mentem. Está
estudando em Ohio, Estados Unidos, no
Instituto de Tecnologia Rose-Hulman.
Tudo custeado - estudo, alimentação,
Arquivo Pessoal
Julia está estudando em Ohio, nos EUA, com toda despesa bancada pelo Ciência sem fronteiras, patrocinado pelo Governo Federal
hospedagem, transporte, passagem de ida
e volta, plano de saúde - pelo programa
governamental brasileiro Ciências sem
fronteiras.
Devido as notas boas, foi selecionada
na universidade como um dos alunos
com bom desempenho para participar
do programa. “Todo o esforço teve muito
reconhecimento, mas o maior deles foi
ter conseguido a bolsa (de um ano) no
Ciências sem fronteiras”, garante.
Desde que foi para os Estados Unidos,
Júlia já esteve em sete estados. Conheceu
Las Vegas, o Grand Canyon, o Capitólio,
Times Square e até acampou. Mesmo
assim, foi destaque nos estudos: seu nome
apareceu na lista preparada pela reitoria
dos principais alunos. O que contará
muito na hora de estagiar na América.
Mas, antes disso, Julia estudou em
colégio bilíngue em Santa Cruz de La
Sierra, na Bolívia, onde tornou-se fluente
em espanhol e inglês. Prestou o Exame
Nacional do Ensino Médio e o exame
de proficiência em língua inglesa da
Universidade de Cambridge, onde passou
com nota B.
Muito a aprender
Os ganhos com os estudos não são
apenas financeiros, mas pessoais. Para
Fábio Mascarenhas o conhecimento traz
respeito, admiração e bons contatos.
Além disso, lhe proporcionou uma visão
mais altruísta. “Procuro disseminar
aquilo que aprendo e saber que tenho
muito a aprender”. Ele acredita que
o mundo contemporâneo tenha uma
perspectiva cada vez mais tecnológica
e teme que a ciência seja utilizada
somente para a obtenção de lucros.
“Faltam pessoas com brilho nos olhos”,
completa.
Emile segue o mesmo raciocínio.
Segundo ela, se o estudante não faz
dos estudos um simples acúmulo de
conteúdo, é possível utilizá-la para além
da vida acadêmica. Foi exatamente o
que fez. Deu algumas aulas de Biologia
para uma amiga com dificuldade. ”Acho
que fiquei mais feliz que ela ao saber que
o desempenho dela melhorou de uma
forma muito significativa”, comenta.
Outro
aprendizado
é
o
autoconhecimento. Ela acredita que é
importante compreender o próprio limite,
saber o quanto pode doar de si. “Já tive
crise de estafa e estresse, mas foi bom por
um lado. Aprendi que devo respeitar os
limites que a mente e o corpo me impõem,
pois ambos precisam de descanso. Foi
válido passar pela experiência para saber
que devo evitá-la”.
Nem tão estudiosos
A princípio, nenhum dos três foi
sempre tão estudioso. Júlia se intitula
curiosa; Emile começou a se dedicar mais
pelo desafio da experiência universitária.
Já Mascarenhas resolveu recuperar o
tempo perdido. “A partir da metade do
segundo ano do ensino médio, exercitei
o autodidatismo, li até o início dos
vestibulares 30 livros didáticos, cursei
Contabilidade na Escola Técnica, fiz
curso pré-vestibular e me esforcei na
escola”, revela.
Ser chamado de nerd ou CDF já fez
parte da rotina deles. Júlia, por exemplo,
era alvo de piadas quando tirava
boas notas na oitava série. Contudo,
Mascarenhas pensa ser normal que uma
pessoa que não o conheça o imagine como
alguém com ideias, opiniões e conceitos
chatos sobre tudo. “Entendo que isso
seja uma vivência comum com alguém
que estude tanto, porém no âmbito
universitário entendo que pouquíssimos
devam ter essa concepção, pois as ideias
e os ideais são muito parecidos com os
meus”, finaliza.
Edição e diagramação: Natacha Negrão
PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013
9
Livros digitais estimulam e
atualizam leitura entre os jovens
Com a popularização dos leitores de e-books, jovens ampliam contato com a literatura
Jessica Branco
Gustavo Pereira
Já imaginou ter uma biblioteca
inteira à sua disposição ao alcance
de um simples toque? Essa ideia já
deixou de ser um absurdo há tempos, com a chegada dos e-readers.
Leves e portáteis, esses aparelhos
têm capacidade de armazenar centenas de livros, que antes disputavam espaço nas estantes.
Com a chegada da empresa de
comércio virtual Amazon ao Brasil, em dezembro do ano passado, uma realidade que pertencia
apenas a alguns países chegou
até aqui. Junto com ela veio o
Kindle, o leitor oficial de e-books
da empresa. De olho na concorrência, outra empresa do ramo
de comércio literário, a Livraria
Cultura, resolveu se unir à uma
empresa canadense de tecnologia
e investir em seu próprio e-reader:
o Kobo.
A estudante de Tecnologia
Mecânica, Bruna do Nascimento
Figueredo, 21 anos, foi uma das
pessoas que resolveu experimentar
essa nova forma de leitura e adquiriu um Kindle. “Já queria um há
algum tempo. Depois de ler depoimentos e ver pessoas que tinham e
gostavam, eu achei que seria uma
boa ideia comprar. Os principais
motivos foram ter acesso a livros
grátis, os clássicos disponibilizados pela própria Amazon, e também a obras muito mais baratas
que as versões impressas”.
Para quem gosta de estar em
contato com o livro físico, inclu-
wos livros físicos. “Sinto que hoje,
com todas essas tecnologias, fico
meio isolado. Você consegue quase
tudo com um toque”, revela o estudante de Jornalismo, Guilherme
Lucio da Rocha, 19 anos.
Apesar de ser fã de tecnologia, Guilherme Lucio da Rocha acredita que os e-books não irão superar os livros físicos
sive, alguns modelos reproduzem
certas características como a coloração da página, a marcação de
trechos favoritos e até a possibilidade de virar a página e ouvir o
som característico que o movimento produz. Isso sem falar na possibilidade de consultar o significado
de palavras na própria tela e compartilhar com os amigos nas redes
sociais as frases marcantes, classificação e avanço na leitura.
Mas as vantagens não ficam
apenas na área do entretenimento. Pela grande exigência de livros
que seu curso apresenta, o estudante de Psicologia, Fabio Yuri
Tamashiro, 19, adquiriu um e-reader este ano. “Com ele você pode
ter vários livros em um local só,
assim ajudando quem precisa andar com muitos livros na mochila
e, no meu caso, ainda tem a iluminação que já vem do aparelho, que
ajuda a ler em ambientes mais escuros, como o fretado ou no quarto
antes de dormir”.
Outro fato que está ajudando
na popularização dessa nova forma de leitura é o fato de os jovens
Secretaria quer descentralizar
atividades culturais
Onã Tolentino
A descentralização das ações do
programa Fábrica Cultural é prioridade da Secretaria de Cultura de Santos (Secult), que objetiva aproximar
as atividades da pasta da população.
Para isso, foi criado o projeto Portos
de Cultura.
“Tratam-se de unidades de programas da secretaria que se utilizam
de próprios municipais ou de entidades conveniadas para a elaboração de
cursos gratuitos”, explica o secretário
de Cultura, jornalista Raul Christiano Sanchez. Os cursos incluem teatro,
dança, música, artes integradas e visuais.
Além das oficinas, que já eram
mantidas pela Secult, os portos agregarão novos cursos que eram realiza-
10
dos pela Oficina Patrícia Galvão, do
Governo do Estado. Essas atividades
são de nível avançado e para quem já
possui conhecimento e experiência na
área desejada.
O programa também trará apresentações artísticas, como cinema ao
ar livre, peças de teatro, espetáculos
de dança, apresentações de orquestras, exposições de artes visuais e
lançamentos de livros. “Colocando a
cultura próximo das pessoas, em todos os lugares da Cidade, formamos
público para todos os equipamentos
culturais”, afirma o secretário.
O ponto chave do projeto é a proposta de que as unidades sejam localizadas em áreas mais carentes de Santos. Atualmente, três portos já foram
implementados: na Vila Gilda, Morro
São Bento e Caruara.
estarem cada vez mais próximos
da tecnologia. “Hoje eu até consigo passar mais tempo longe do
computador, mas do celular, não!
Com ele eu consigo acessar uma
informação, e-mail e conversar
em qualquer hora ou lugar com
alguém”, confessa a estudante
de Produção Multimídia, Juliana
Freiman Velasco, 28 anos.
O mais curioso é que, mesmo
com toda essa paixão pelo novo,
tecnológico e facilitador, todos os
entrevistados concordam em uma
coisa: os e-books nunca vão superar
Sucesso nas estantes
Nos últimos anos, com a facilidade de acesso na internet, vários
canais de resenhas literárias têm
surgido no Youtube. Nos vídeos,
os críticos, que ficam conhecidos
como “vloggers” ou “vlogueiros”
exibem suas coleções, comentam
sobre as últimas leituras ou discutem sobre temas relacionados à
literatura. Alguns dos mais famosos, como o canal Cabine Literária, criado por Danilo Leonardi,
26 anos, chega a atingir 75 mil visualizações por mês. Além disso, a
rede social de leitores brasileiros já
chegou a 420 mil usuários cadastrados no fim do ano passado.
Só por esse número já dá para
notar que existem muitos leitores no Brasil. E o que esse pessoal
anda lendo? Segundo uma enquete
rápida, observando os mais lidos
nas redes sociais de leitores Skoob
e entre alguns estudantes entrevistados, vê-se que os jovens têm lido
realmente de tudo. Embora os romances de ficção e fantasia como
as sagas Harry Potter, Crepúsculo e
As Crônicas de Gelo e Fogo façam
bastante sucesso, ainda há espaço
para clássicos da literatura nacional e internacional como Dom Casmurro e O Grande Gatsby.
Onã Tolentino
Será um total de dez unidades
do programa por diferentes pontos
de Santos. Já estão sendo planejados Portos de Cultura na área do
Mercado Municipal, Estuário e no
centro.
Zona Noroeste
A inauguração do Centro de Cultura Popular da Zona Noroeste, que
funcionará no Sambódromo de Santos, está prevista para junho. O equipamento terá cinema e auditório para
apresentações de teatro, dança, oficinas e workshops.
Algumas das atividades serão voltadas para a organização do Carnaval
da Cidade, com oficinas de capacitação, confecção de alegorias e fantasias, com o objetivo de dar suporte às
escolas de samba.
Edição e diagramação: Suellen Brandão e Daniel Paiva
PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013
O secretário Raul Christiano aposta na descentralização dos espaços culturais
Jogos da Unisanta promovem
integração entre os jovens
Evento reuniu mais de 3 mil pessoas por dia e bateu recorde de inscrições
Tatyane Brito
Os Jogos da UNISANTA completaram 30 anos. A competição
universitária, a mais importante
do Estado de São Paulo, tem tradição e movimenta por edição um
seleto grupo de estudantes que
buscam no evento diversão, lazer e, principalmente, a integração do estudo com o esporte. As
competições esportivas entre cursos e faculdades reuniram atletas, baterias e torcidas, gerando
confraternização entre todos os
envolvidos. Os gritos de guerra,
embalados com euforia, encheram, mais uma vez, o ginásio de
alegria.
Criados por meio de uma brincadeira com o público interno da
UNISANTA, os Jogos evoluíram
muito em 30 anos. Neste ano,
o evento teve mais de 3 mil frequentadores por dia e superou o
número de inscrições: foram 237
equipes de 33 faculdades da Baixada Santista, divididas em 23
modalidades esportivas. Isso corresponde a cerca de 10% a mais
do que no ano passado, quando
216 equipes foram inscritos.
O pró-reitor administrativo
da Universidade, Marcelo Teixeira, destacou que a principal
meta dos Jogos é a mesma desde
o início de sua criação: permitir
a integração entre os jovens e
incentivar a prática do esporte.
“Fizemos a primeira edição com
o objetivo de incentivar o estudo
conciliando a prática com o esporte. Dessa forma, a integração
juvenil foi inevitável e isso ajudou para o sucesso da competição. Com isso, resolvemos abrir
as inscrições também para as outras universidades. Deu certo”,
destacou o pró-reitor, lembrando
que, a cada edição, os Jogos vão
superando o número de inscrições.
“Batemos o recorde. Isso mos-
Jéssica Branco
tar o que aprendemos diariamente
nas salas de aula. Eu me inscrevi
e estou ralando muito. Está sendo
muito divertido”, disse Jéssica Alves, aluna do segundo ano de Jornalismo e fotógrafa dos Jogos.
O Jornal dos Jogos, um boletim impresso diário que mantém
informado os alunos, tornou-se
uma oportunidade para treinar
esses estudantes. Para muitos
futuros profissionais de Jornalismo, a experiência é importante porque promove um contato
direto com o dia a dia de uma
redação. “Nós entrevistamos,
checamos informações e saímos
para produzir textos fora da
redação. É um exercício para
aqueles que querem realmente
seguir na profissão”, concluiu
Os jogos são a maior referência esportiva universitária do Estado de SP
Jéssica.
mais
animado
e
descontraído.
O
tra que o objetivo continua o
A aproximação entre os joestudante frequenta as partidas vens é inevitável nas arquibanmesmo”, ressaltou.
Andressa Barboza é aluna do desde que entrou na faculdade. cadas. A coluna Musa e Muso
quarto ano de Jornalismo da Uni- “Foi uma sacada genial. A gente do Dia foi uma ideia desenvolviversidade Católica de Santos (Uni- fica durante cinco horas dentro de da justamente para deixar mais
santos). Em todas as edições, a es- uma sala de aula parado. Quando descontraída e “bonita” cada
tudante compareceu ao campus da os jogos estão rolando, optamos edição, assim como o concurso
Santa Cecília para assistir às parti- por sair durante o intervalo jus- do Rei e Rainha dos Jogos, que
tamente para assistir a uma par- abre as competições e ainda ofedas da sua universidade.
Para ela, os Jogos são mais tida, ver qual time está ganhando, rece prêmios para os vencedores.
do que uma simples disputa pelo o destaque da semana e, claro,
título de campeã de uma moda- sabermos quem é a musa do dia.
Comércio
Tudo
isso
buscamos
por
desconlidade: é uma oportunidade de
Os Jogos não são somente uma
conhecer pessoas novas. “Eu fre- tração”, afirmou o jovem.
mistura de alegria e festa para os
quento as partidas desde que enestudantes. Eles movimentam
Oportunidades
trei na faculdade. Ao término de
significativamente a economia loDiversão
e
descontração
–
escada aula, para descansar a mencal, lotando bares, restaurantes e
te, eu e um grupo de amigos se- sas são as palavras mais utiliza- comércio. Maria Helena de Freiguimos para as partidas. Lá, era das pelos jovens para descrever tas é funcionária de um estabeimpossível não conhecer alguém os Jogos. Mas, nos dias de even- lecimento. Segundo ela, os Jogos
novo. Nas arquibancadas, quan- to, os estudantes de Jornalismo aumentaram as vendas em 35%
do alguém puxa assunto, o grupo vêem a competição como uma em um dia de semana que, para
todo se envolve e acaba rolando oportunidade de estágio. Os jo- o seu comércio, seria fraco. “Os
a conversa. Comentamos sobre o vens universitários que desejam dois primeiros dias das competijogo, quem foi o destaque da se- se profissionalizar esperam a ções foram muito bons para nós.
mana e até combinamos de sair”, chegada deles para colocar em A abertura caiu numa segundaprática os conhecimentos adqui- -feira. Durante toda a semana
destacou.
Para Flávio Pereira, aluno do ridos.
vendemos bastante”, comentou a
Os
alunos
de
Jornalismo
treiterceiro ano do curso de Engecomerciante, que atuou também
nharia Química da UNISANTA, nam textos, fotos e diagramação. como torcedora da equipe de futas competições deixam o campus “É uma oportunidade de exerci- sal masculino da Fefesp.
Esporte é a grande aposta
dos jovens santistas
Caroline Menezes
Conhecida por ser uma das
cidades reveladoras de inúmeros atletas, Santos possui
fama internacional por ter
colocado nomes como Leandro Guilheiro (judô), Daniele
Zangrando (judô) e, recentemente, o jovem triatleta Bruno Mateus, que está entre os
20 melhores do mundo, no cenário esportivo. Esses e tantos outros representaram ou
possuem grandes chances de
representar o Brasil em Olimpíadas ou Jogos Pan-Americanos.
Assim como esses campeões
olímpicos, cerca de 14 mil jovens santistas seguem o cami-
nho do esporte, divididos em
mais de 20 modalidades entre
artes marciais, esportes de
quadra, de campo, aquáticos
e também os adaptados como
basquete, vôlei e surfe, entre
outros (veja quadro abaixo).
Todos treinam nas escolinhas
municipais esportivas de Santos e tentam garantir sua vaga
em importantes competições
regionais, nacionais e até mesmo internacionais.
O apoio para aqueles que
se destacam e demonstram
que desde cedo possuem
chances de seguir carreira
e conquistar medalhas para
o País, seja nos campos,
nas quadras, nos tatames,
nas areias ou até mesmo na
água, vem da Fundação Pró-Esporte de Santos (Fupes),
que oferece suporte médico
e ajuda na formação desses
atletas.
O órgão da Prefeitura de
Santos foi fundado em 1931
e mantém parceria com universidades da Cidade, como
a Universidade Santa Cecília (UNISANTA) e a Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), que oferecem gratuitamente tratamento odontológico, nutricional e fisioterapêutico, entre outros, para
aqueles que possuem bom rendimento na modalidade que
praticam.
De acordo com a assessoria da Secretaria Municipal de
Esportes (Semes), o município
possui ainda o programa Adote
Um Atleta, que oferece apoio
financeiro a esses atletas. Os
recursos são da iniciativa privada e do próprio Município.
Quanto à estrutura para
treinamentos, enquanto os
jovens ainda não chegam ao
nível alto das competições,
segundo o assessor de imprensa Felipe Coelho Mendonça,
a Cidade tem planos para a
construção de um novo Centro
Esportivo e Cultural, na Vila
Progresso, no Morro da Nova
Cintra, e de ampliação e implantação de mais modalidades. Há ainda projetos para a
reforma dos locais já existentes.
CLASSIFICAÇÃO GERAL
Feminino
74
1º Fefesp Unisanta
48
2º Medicina Santos
3º Fisioterapia Unisanta
41
4º Medicina Unimes
26
5º Engenharia Unisanta
23
6º Med. Vet. Unimonte
9
7º Biologia Unisanta
8
8º Direito Unisanta
7
8º Educação Física Unaerp 7
8º FaAC Unisanta
7
11º Administração Unisanta 5
12º Arquitetura Unisanta
0
12º Direito Unisantos
0
12º Educação Física Unifesp 0
12º Med. Veterinária Unimes 0
12º Odonto Unimes
0
12º Odonto Unisanta
0
Masculino
74
1º Fefesp Unisanta
70
2º Engenharia Unisanta
48
3º Medicina Santos
32
4º Fisioterapia Unisanta
5º Educação física Unaerp 17
16
6º Medicina Unimes
7º Administração Unisanta 12
12
7º Direito Unisanta
9
9º FaAC Unisanta
8
10º Ciências Unisanta
7
11º Logistica Fatec
12º Administração Unimes 6
6
12º Fefis Unimes
12º Med. Veterinária Unimes 6
15º Ciências da Camp. Unip 5
4
16º Comunicação Esamc
4
16º Odonto Unisanta
3
18º Adm. Unisantos
3
18º Engenharia Esamc
3
18º Logística Unaerp
21º Engenharia Unisantos 2
22º Engenharia Civil Unaerp 1
0
23º Administração Fals
23º Administração Unaerp 0
0
23º Arquitetura Unisanta
0
23º Biologia Unisanta
0
23º Direito Unisantos
0
23º Ed. Fís. Unifesp
0
23º Eng. da Prod. Unaerp
0
23º Engenharia Unip
0
23º Med. Vet. Unimonte
0
23º Odonto Unimes
23º Relações Inter. Unaerp 0
Modalidades:
•
•
•
•
•
•
•
Basquete
Basquete Adaptado
Biathlon
Body Board
Boxe
Canoagem
Capoeira
•
•
•
•
•
•
•
Ciclismo
Futebol de campo
Futebol Society
Futsal
Futvolei
Ginástica Artística
Ginástica Rítmica
•
•
•
•
•
•
•
Handebol
Jiu-Jítsu
Karate
Muai Thay
Natação
Natação Adaptada
Patinação
•
•
•
•
•
•
•
Polo Aquático
Stand Up
Surf
Surf Adaptado
Tênis de Mesa
Triathlon
Vôlei
Edição e diagramação: Natacha Negrão
PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013
11
Beber antes pode
estragar a festa
Para economizar, jovens consomem bebidas alcoólicas em bares próximos ao local escolhido para a balada
Giovana Fornaro
Giovana Fornaro
Não são só as baladas que atraem o
público interessado em se divertir nos
finais de semana. Bares e supermercados são pontos bem procurados entre
os jovens. Costume tradicional entre os
baladeiros, fazer um “esquenta” antes
de ir para a boate é bebericar em algum
bar perto do clube noturno escolhido.
A intenção é chegar com os “motores
aquecidos”, sem precisar beber muito
no evento, já que os preços das bebidas
são bem mais caros.
O promoter Thiago Araújo Reisi,
para quem a noite começa tarde e só
acaba de manhã, parece ser especialista no assunto. Figura carimbada de
algumas baladas do Centro de Santos,
o jovem um alerta: “Para o ânimo durar até à festa, é bom evitar beber em
excesso. Além disso, alterne os drinques com água para não queimar a
largada", aconselha.
Vanessa Castreani, 22 anos, é frequentadora assídua de baladas desde
que completou a maioridade e afirma
que consegue economizar com o método. “As pessoas pensam que a gente
faz isso para aparecer com garrafas
na mão, mas não é verdade. Hoje em
dia, as casas noturnas estão assaltando seus clientes e, no mercado ou até
mesmo em alguns barzinhos, as bebidas saem muito mais baratas”.
Mas há quem pense diferente. Para
a estudante Verônica Albertini Ribei-
Geladeira cheia: consumo excessivo
ro, a prática do “esquenta” não faz
parte de sua rotina pré-balada. “Prefiro tomar energético para ficar acordada durante a noite, não ter ressaca
e ainda lembrar de tudo no dia seguinte”.
A pretexto de “esquentar os motores”, consumidores acabam ingerindo o dobro do álcool que normalmente consumiriam
Riscos
E por falar em ressaca, um estudo
revela que quem bebe no esquema de
“esquenta” tem 2,5 mais chances de
se envolver em brigas e quatro vezes
mais chances de consumir quantidade
superior a 20 doses alcoólicas na última
ocasião de uso. Esse comportamento
aumenta as chances de que a pessoa alcoolizada seja sexualmente molestados.
A psicóloga Juliana Cabral explica que o “esquenta”, se não controla-
do, pode aumentar o risco de ressaca.
“Cerca de um terço de todo o consumo alcóolico vem dessas pré-festas.
O fato é que o hábito leva a pessoa a
ingerir quase o dobro do álcool que
consumiria durante a noite”, explica.
Jovens encontram em São Paulo e no
Litoral Norte diversão fora do roteiro santista
Gustavo de Sá
Para os jovens que não encontram
na Baixada Santista a melhor opção
de diversão, a alternativa mais próxima é partir para as baladas de São
Paulo e do Litoral Norte.
A noite paulistana é um dos destinos mais desejados para os jovens
da Baixada devido, principalmente,
à infinidade de opções: são mais de
duas mil casas noturnas na cidade,
de acordo com o World Cities Culture
Report, levantamento que analisa as
opções culturais de várias metrópoles
em todo o mundo.
Para se ter uma ideia do que este
número representa, São Paulo é a
campeã na quantidade desses estabelecimentos, desbancando cidades
12
‘
como Xangai (1.865 casas noturnas),
Nova Iorque (584) e Londres (337).
"Gosto de São Paulo porque, ao
contrário da Baixada, sempre há algo
de novo para se fazer. Você pode sair
todos os dias da semana e não repetir
o programa", afirma a estudante de
Comércio Exterior Renata Santana. A jovem, que mora em Santos, revela curtir a noite paulistana ao menos
uma vez por mês.
Em São Paulo, há casas noturnas para todos os gostos musicais, do
funk ao pagode, passando por sertanejo, rock e música eletrônica. “Essa
possibilidade de viajar nas músicas
de diferentes estilos é o que mais me
atrai”, afirma o empresário santista paulistana.
Renato de Freitas, que também se
Uma dica para os amantes da
declara frequentador assíduo da noite música sertaneja é o Villa Mix, casa
Edição e diagramação: Suellen Brandão
PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013
Gosto de São Paulo
porque, ao contrário
da Baixada, sempre
há algo de novo para
se fazer”
Os moradores da Baixada que
não quiserem “tirar os pés da praia”
para curtir uma balada podem optar pelo Litoral Norte. A mais conhecida, sem dúvida, é o Sirena,
localizado na praia de Maresias, em
São Sebastião. A casa, que completa
20 anos em 2013, é considerada pela
Renata Santana , revista Dj Mag a 8ª melhor do munestudante do. O espaço funciona durante a
temporada de verão e feriados prolocalizada na Vila Olímpia, região longados, além de festas fechadas.
O público frequentador costuma
nobre da Capital. Em um espaço
com decoração inspirada em ca- ter mais de 23 anos e é formado, princisas internacionais, tem capacidade palmente, por amantes da música elepara até 1,5 mil pessoas, em uma trônica, nos estilos deep e electro house.
Para a estudante de Direito Marry
área de 2 mil metros quadrados. O
Villa Mix é financiado pela dupla Rua, a classificação está errada. “Não
Jorge & Mateus e abre às quartas, é a 8ª melhor, mas sim, a melhor do
mundo. Não há lugar melhor”, define.
sextas e sábados.
Roteiro das melhores baladas
Com aumento de casas noturnas, Centro de Santos é agitado aos finais de semana
Guilherme de Miranda
O Centro de Santos, além
do seu comércio, é conhecido
também por sua vida noturna.
Rodeado por ruas com a maior
concentração de baladas da
região, o lugar é destino certo de
moças e rapazes que procuram
diversão nos finais de semana e
feriados.
A Rua XV de Novembro é o
ponto de partida para muitos
encontros e comemorações, seja
para um happy hour da turma
que acabou de sair do expediente
de trabalho ou para o esquenta
da galera que segue para os night
clubs que estão nos arredores.
As baladas do Centro de Santos
têm estilo dos mais diversificados.
Opção é o que não falta. Desde o
funk, passando pelo sertanejo,
até a música eletrônica, não é
difícil de identificar o que cada
casa noturna costuma oferecer
ao seu público.
Para aqueles que gostam
de dançar ao som do funk, os
lugares mais indicados são as
casas Cats Music e Vanity, que
são conhecidas por promover
shows de mcs da Cidade e, até
mesmo, artistas conhecidos
nacionalmente. A entrada nessas
baladas custa de R$ 15 a R$ 30
para homens e mulheres. Esse
valor é revertido em consumação.
“Gosto muito do estilo das festas
da Cats Music. Lá toca funk,
mas as pessoas são educadas.
Diferente do que acontece
em alguns bailes funks”, diz
Thamiris Farias, estudante de
Pedagogia.
Para os que preferem vários
estilos de música em um só lugar,
Rê Sarmento
as baladas que melhor oferecem
essa diversidade são Central
City, Typographia e Coqueluche.
Essas são as opções para quem
aproveita de tudo um pouco.
Geralmente,
essas
baladas
promovem festas com DJs de
música eletrônica e black e shows
com bandas de vários estilos. O
preço de entrada dessas opções é
escolhido de acordo com a festa
que cada casa irá promover no
fim de semana.
Tábata Ferreira, estudante de
Administração, sempre procura
ir a festas que prometem ser as
melhores da região. “Gosto muito
de ir a festas temáticas, como,
por exemplo, festa do branco ou
à fantasia. Esses tipos de festas
são sempre as melhores”, garante
a estudante.
Esses estilos de festas
costumam acontecer em casas
noturnas como a Higher e a
Bikkini Barista, onde o público
procura música eletrônica.
A Higher promove festas
temáticas junto aos principais
nomes da música eletrônica.
As festas costumam ir até às
6 horas da manhã com vários
estilos de música eletrônica.
O público que mais frequenta
é de jovens de 18 a 25 anos. O
preço para aproveitar é de R$
40 para mulheres e R$ 80 para
homens, valor revertido em
consumação.
Já o Bikkini Barista é a casa
noturna que promove as festas
mais badaladas da Cidade. Júlio
Fernandes, relações públicas
da casa, garante que o sucesso
do Bikkini é o diferencial nas
festas promovidas. “As festas
Rua XV de Novembro é o ponto de partida para muitos encontros e comemorações: happy hour da turma depois do expediente
mais famosas do Bikkini são
Funk You, Bikkini White Party
e Bikkini Country. Na festa
Funk You, os dj’s convidados da
noite fazem um mix de música
eletrônica com a batida do funk.
Na White Party, todo mundo
tem que ir vestido de branco e
no Bikkini Country há o melhor
do sertanejo universitário.
Essas são as mais esperadas pelo
público”, afirma Fernandes.
O preço do Bikkini é de R$ 40
reais para mulher e R$ 80 para
homem, valor convertido em
consumação.
Fora do circuito do Centro,
a casa noturna Capital Disco
é destaque em shows, festas
promovidas por faculdades e a
festa Liquid Love, para o público
LGBT. A Capital Disco localizase na Avenida Francisco Glicério.
Outra casa noturna que também
não está localizada no Centro,
mas que é bastante frequentada,
é Moby, na avenida da praia. O
Moby caiu no gosto dos santistas
após a festa “O Boteco do Moby”,
que acontece todo domingo, com
grande variedade de estilos de
músicas e shows.
Os sócios e amigos Cristian
Guedes, Thomaz Franseze,
Guilherme Pitta e Lucas Pitta
prometem trazer para Santos a
Dom Room, um novo conceito em
casa noturna. O nome escolhido
pelos sócios remete à realeza com
uma pitada de humor que lembra
o espírito dos sócios. “A casa será
exclusiva. O ponto alto será
nossa decoração. Já na entrada o
frequentador perceberá a riqueza
de detalhes”, diz o sócio Cristian
Guedes.
O que a Dom Room terá de
diferente das demais são as festas
temáticas, a fusão de estilos de
músicas e as festas exclusivas.
A Dom Room estará localizada
na Avenida Senador Feijó, com
previsão de inauguração para
meados de junho. “Podem
aguardar uma casa que vai
se preocupar com bem-estar
e diversão, além de oferecer
bom atendimento, ambiente,
qualidade de som e atrações. O
conceito é uma grande festa de
Brasileiros ganham o direito ao casamento gay
Sílvio Muniz
Desde o dia 16 de maio, a
sociedade brasileira avançou
alguns passos à frente de países
considerados de primeiro mundo.
O avanço se deu em razão da
decisão do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), que obriga os
cartórios de todo País a realizar o
casamento civil entre pessoas do
mesmo sexo.
A decisão põe fim a uma
reivindicação
antiga
dos
homossexuais, que viam seus
direitos negados. A decisão poderá
ser questionada pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), mas,
enquanto isso, pessoas de todo o
País começam a regularizar algo
que não passava de sonho para
alguns.
Para o administrador John
Lenon das Dores da Silva, de 22
anos, o casamento era algo que
ele e seu parceiro pensavam em
realizar. Juntos há mais de um
ano, o casal planeja oficializar a
união, contrariando familiares.
“O casamento entre pessoas do
mesmo sexo é passo importante
dado pela sociedade. Mesmo
com os preconceitos, estamos
conquistando aos poucos nosso
espaço e sendo respeitados.
Decidi casar com o Diego quando
realmente vi que ele era uma
pessoa que me faria viver todos os
dias amando cada dia mais.”
John conta que a família
de seu companheiro aceitou a
decisão da união civil, enquanto
a sua não recebeu a notícia como
‘
Rê Sarmento
O que importa é meu
caráter,
cumprir
as
minhas obrigações de
cidadão.”
ele gostaria. “Minha família disse
que não quer nem o convite. Meus
familiares acham bonito para
outras famílias, mas quando é na
casa deles agem como hipócritas”,
desabafa.
Em Santos, o casamento civil
é possível desde agosto de 2012,
quando o juiz corregedor Frederico
dos Santos Messias assinou uma
portaria que determinava que os
cartórios da Cidade oficializassem
o casamento entre pessoas do
mesmo sexo. A coordenadora
nacional das Comissões da
Diversidade Sexual da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB),
Rosangela Novaes, acredita
que essa conquista é a primeira
de novas reivindicações para a
comunidade homoafetiva. “Nós
buscamos ainda a autorização
para mudança de nome em caso
de travestis e transexuais e a
criminalização da homofobia,
que irá alterar os crimes que
tiverem motivação homofóbica.
São passos importantes para a
conquista da cidadania dessas
pessoas”.
Rodrigo Castelão,
jornalista
Segundo a coordenadora, a
Comissão da Diversidade Sexual
está preparando o seu estatuto.
Para a criação desse documento,
são necessárias 1 milhão e 400
mil de assinaturas. O estatuto
deverá conter os direitos e deveres
dos homossexuais, explicados
de forma legal, para garantir
sua aplicação na sociedade.
“Conseguimos 80 mil assinaturas.
Quem quiser assinar pode acessar
os sites direitohomoafetivo.com.
br e estatutodadiversidadesexual.
com.br”, informa.
Para o jornalista Rodrigo
Castelão, o casamento gay é uma
conquista de direitos. “Sou a favor
da união estável entre pessoas do
mesmo sexo por alguns motivos.
Primeiramente, pela minha
sexualidade. Sou gay e acho que,
assim como casais heterossexuais,
tenho os mesmos direitos perante
a lei. Segundo: se duas pessoas
se amam e vivem duas vidas em
uma, não há motivos para que
a união deixe de ser reconhecida
pela lei. São cidadãos, que pagam
impostos, assim como qualquer
Casamento gay: em Santos é possível desde agosto passado por portaria do juiz corregedor
heterossexual. Acho que somos
todos iguais aos olhos de Deus”.
Castelão vê a decisão como
uma forma de ultrapassar uma
discussão de valores errados.
“O que importa é meu caráter,
cumprir as minhas obrigações
de cidadão, pagar minhas contas
e viver a minha vida da forma
que quero. Tanto heterossexuais
quanto homossexuais devem ter
o direito de casar-se com quem
quiser, ter os mesmos direitos
garantidos pela Constituição.
Ou seja, ter o direito de ser
dependente no plano de saúde,
no plano de previdência. Afinal,
o que muda na relação homo
para relação hetero é apenas o
sexo”.
O jornalista acredita que
o casamento homoafetivo irá
mudar mais do que a relação
entre os gays. “É importante
ressaltar que nenhum casal gay
abandonou uma criança recémnascida. Quem faz isso são os
héteros. Um homem teve que ter
uma relação com uma mulher.
Acho que as filas de adoção iriam
diminuir, as crianças sofreriam
menos na espera de pais que as
amem. E a maior baboseira do
mundo é dizer que o filho de um
casal gay tem mais tendência à
homossexualidade”.
Para Castelão, o casamento
gay é um passo entre muitas
outras conquistas dos cidadãos
brasileiros. “Se é um direito,
vamos usá-lo, vamos nos casar!”,
conclui .
Edição e diagramação: Desirée Soares
PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013
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Mônica Barreto
Rê Sarmento
Ensaio
Agito, shows, baladas, esporte, atividades ao ar livre, namoro, estudos,
intercâmbio... Isso é apenas um pedaço do mundo dos jovens.
Cheios de energia e no começo da vida, eles não têm medo de enfrentar
os desafios que aparecem pela frente. Estão sempre conectados,
por dentro de todas as novidades, e também participam e discutem
temas polêmicos como aborto e drogas.
Mas, principalmente, são portadores da esperança de dias melhores.
Afinal, esta geração, conhecida como a geração Y ou Millenium,
é o futuro do País.
Rê Sarmento
Rê Sarmento
Rê Sarmento
Arquivo Pessoal