direção assumida de uma tecnologia se refere às

Transcrição

direção assumida de uma tecnologia se refere às
SEMINÁRIO TEMÁTICO VIII: TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
AULA 02: INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES
TÓPICO 02: DIFUSÃO TECNOLÓGICA
DIFUSÃO TECNOLÓGICA
Conforme Tigre (2006)...
... a dinâmica da difusão pode ser entendida como a trajetória de
adoção de uma tecnologia no mercado, com foco nas características da
tecnologia e nos demais elementos que condicionam seu ritmo e direção. As
teorias sobre difusão procuram identificar regularidades empíricas que
permitam descrever e, eventualmente, antecipar o ritmo de adoção de
inovações.
O processo de difusão tecnológica pode ser analisado a partir de quatro
dimensões básicas:
TRAJETÓRIA TECNOLÓGICA
DIREÇÃO
A direção assumida de uma tecnologia se refere às opções técnicas
adotadas ao longo de sua trajetória "evolutiva", por exemplo, quais
materiais utilizados, processos de fabricação, sistemas operacionais,
protocolos de comunicação, tecnologias complementares, áreas de
aplicação, etc. Decisões que viabilizam uma nova tecnologia e a adaptam a
demanda.
ROTAS TECNOLÓGICAS
Quando surge uma inovação radical, sua viabilidade técnica e
econômica não está ainda efetivamente testada no mercado. Nessa fase,
costumam ocorrer "guerras de padrões" até que uma ou poucas rotas
tecnológicas se consolidem na indústria.
PADRÃO
O padrão pode ser resultado do sucesso comercial de um determinado
protocolo ou grupo de regras de interrelação técnica ("padrões de fato"), ou
ser estabelecido em comum acordo por governos, associações de empresas
ou organismos multilaterais e definido como "padrão oficial" (por exemplo
padrões de vídeo, CD ou DVD).
RITMO DE DIFUSÃO
A difusão de uma inovação ou tecnologia não se dá de modo constante e
uniforme no tempo e no espaço. Os mercados em diferentes países e regiões
buscam e selecionam tecnologias sob a influência de diferentes fatores
condicionantes locais.
O ritmo de difusão de uma tecnologia se refere à velocidade (uma taxa
de unidades por tempo) de sua adoção pela sociedade ou mercado, medida
pela evolução do número de adotantes ao longo do tempo, considerando um
universo potencial de usuários.
Para analisarmos o ritmo de difusão usa-se uma analogia a biologia,
especificamente em caso de epidemias: a velocidade com que uma doença
contagiosa se espalhada é diretamente proporcional ao número de pessoas
infectadas até o momento e ao tamanho da população da cidade que está
potencialmente exposta à doença. Na área de operações podemos fazer uma
analogia a modelo de filas com população finita.
PARADA OBRIGATÓRIA – CURVA S
Na área tecnológica Mansfield (1961 apud TIGRE 2006) é
considerado um dos pioneiros neste tipo de análise. Ele mostrou que a
evolução temporal da adoção de uma tecnologia pode ser representada por
uma função logística de crescimento.
Essa função é simétrica e tem a forma de um gradiente S positivo,
sendo conhecida com a "Curva S da Inovação Tecnológica", seguindo os
princípios de estudos epidêmicos.
A forma genérica como uma tecnologia evolui e se difunde no mercado é
frequentemente associada ao conceito de ciclo de vida, também usado na
análise mercadológica (e a curva se parece com a curva do ciclo de vida,
apesar de seu final não ser tão "negativo", muitas vezes tendendo a
estabilização).
No caso da Curva S da inovação, se propõe um ciclo dividido em quatro
estágios: introdução, crescimento, maturação e declínio. É esperado que nem
todas as tecnologias apresentem esse ciclo de vida com todas estas fases,
mesmo assim o modelo é considerado apropriado para descrever de forma
genérica a trajetória das inovações.
A Figura 1 apresenta quatro fases distintas do processo de difusão de
uma tecnologia segundo o modelo em forma de S.
Figura 1: Curva S de Inovação tecnológica e suas fases
Podemos explicar as fases de difusão da seguinte maneira:
INTRODUÇÃO DE UM NOVO PRODUTO, PROCESSO OU SERVIÇO
CRESCIMENTO
MATURAÇÃO
ESTABILIZAÇÃO E DECLÍNIO
INTRODUÇÃO DE UM NOVO PRODUTO, PROCESSO OU SERVIÇO
Nesta fase um número pequeno de empresas adota a tecnologia pois há
uma grande incerteza quanto aos resultados da inovação. À medida que o
inovador pioneiro tem sucesso e ocorre uma melhoria progressiva do
desempenho da tecnologia, ela entra na fase de crescimento.
CRESCIMENTO
O processo de difusão se acelera à medida que o conhecimento
acumulado aumenta e o desempenho tecnológico melhora. Sucessivas
inovações incrementais são realizadas visando a melhorar a performance e o
design do produto, assim como investimentos para aumentar a escala do
processo.
MATURAÇÃO
Na fase de maturação, as vendas começam a se estabilizar, as inovações
incrementais tornam-se menos frequentes e os processos produtivos se
tornam mais padronizados.
ESTABILIZAÇÃO E DECLÍNIO
Na fase final uma tecnologia se estabiliza até o surgimento de uma
inovação radical que quebre a continuidade e provoque o declínio.
Geralmente o declínio de uma tecnologia está ligado a ascensão de uma
nova tecnologia, uma descontinuidade ou uma nova tecnologia que nasce de
uma inovação radical.
DESCONTINUIDADE
Atenção para as exceções
Entretanto, a analogia com o modelo biológico de epidemias precisa ser
adequada a situações específicas quando aplicada à difusão de inovações. A
trajetória de uma tecnologia não segue necessariamente o padrão em S.
o Na nova dinâmica de produtos eletrônicos, algumas tecnologias passam
diretamente do crescimento ao declínio, não chegando a fase de
maturidade
o Por outro lado, em alguns casos, o processo de difusão da tecnologia é
revitalizado após um período de declínio por meio de mudanças
incrementais de design, redução de custos ou melhoria de desempenho,
revertendo assim o ciclo de declínio sugerido pela curva em S.
o Usualmente empresas prolongam o ciclo de vida de uma tecnologia por
meio de inovações complementares e do reposicionamento do produto no
mercado.
FATORES CONDICIONANTES
Fatores condicionantes de ordem técnica, econômica ou de caráter
institucional podem atuar tanto de forma positiva, no sentido de estimular a
adoção de uma tecnologia ou inovação, quanto negativa, restringindo seu
uso.
CONDICIONANTES TÉCNICOS
COMPLEXIDADE
Tecnicamente a difusão é condicionada pelo grau em que uma
inovação é percebida como difícil de ser entendida e usada, pela sociedade
que a está assimilando. Quanto mais complexa a tecnologia, maior será a
necessidade de suporte técnico para a solução de problemas.
Tecnologias muito inovadoras podem criar impasses no processo
decisório devido à insuficiência de informações, incertezas quanto a sua
direção e aos riscos inerentes ao pioneirismo.
Da mesma forma, quando há muitas variedades de alternativas
tecnológicas, a comparação entre elas se torna difícil.
"Voce compraria um Kindle da Amazon?" ... ou um i-pad?
RELAÇÕES SISTÊMICAS
A difusão de alguns produtos e serviços dependem da disponibilidade
de outras inovações.
Esta co-evolução é especialmente relevante em indústrias de rede,
como as das telecomunicações, onde a introdução de um novo
equipamento ou tecnologia depende da possibilidade de interconectá-la às
diversas partes e componentes de um determinado sistema conforme as
aplicações requeridas pelos usuários.
"Quais livros vocês carregaria no seu Kindle, hoje"
Inovações de caráter sistêmico aumentam seu valor à medida que mais
usuários as adotam, em um feedback positivo. Novos usuários trazem
retornos crescentes aos usuários existentes. Quanto mais se usa, mais se
aprende sobre ela e mais ela é desenvolvida e aprimorada.
"E se seu livros de literatura preferidos – e a bibliografia do seu
curso estiver disponível"
CAPACIDADE TECNOLÓGICA
Para a difusão é importante a capacidade tecnológica da empresa de
avaliar e incorporar novos componentes tecnológicos, assim deve existir
uma estrutura operacional e gerencial implantada, assim como rotinas,
procedimentos e uma subjacente cultura organizacional para a inovação.
"Você saberia usar um Kindle?"
Quando uma empresa decide inovar, está, em maior ou menor grau,
tomando uma decisão organizacional e assumindo os riscos de mudança. O
impacto é diferenciado segundo a natureza da inovação e as características
do ambiente interno em que é incorporada.
A flexibilidade organizacional e a capacidade cognitiva para absorver
novos conhecimentos são elementos críticos identificados pela capacidade
dos recursos humanos de transformar informação em conhecimento,
possibilitando a solução de problemas na introdução, otimização e
adaptação de tecnologias específicas.
Usuários qualificados também podem contribuir ativamente para
aperfeiçoar equipamentos e sistemas, através do processo de "aprenderusando".
CONDICIONANTES ECONÔMICOS E FINANCEIROS
O ritmo de difusão depende de condicionantes econômicos financeiros
como:
■ custos de aquisição e implantação da inovação,
■ cálculo preciso do projeto, considerando as expectativas de retorno do
investimento,
■ custos de manutenção, e
■ questões como a possibilidade de aproveitamento de investimentos já realizados
em equipamentos e em sistemas legados.
■ Outra questão econômica são os riscos de dependência de um determinado
fornecedor, que poderá aumentar os custos de transação.
Quando oportunidades para economias de escala e de escopo são
significativas, a difusão é limitada a grandes empresas, cujo volume de
operações justifica a adoção de tecnologias e equipamentos de maior porte.
Estrutura da Indústria e definição de mercado
Três fatores relativos a cadeia produtiva são importantes para o
desenvolvimento de inovações
DEFINIÇÃO DO MERCADO (NOVO PARA QUEM?)
Empresas voltadas para o mercado externo se defrontam com maiores
exigências tecnológicas e, portanto, tendem a adotar mais rapidamente
novas tecnologias.
CONCENTRAÇÃO DO MERCADO
■ Uma estrutura muito pulverizada pode retardar as inovações, já que as
empresas pequenas dificilmente contam com os recursos técnicos e financeiros
necessários para investir em novas tecnologias.
■ Setores mais concentrados (oligopólios), as economias de escala e de escopo
proporcionadas pelo grande volume de produção podem viabilizar a absorção de
inovações.
GRAU DE ARTICULAÇÃO DA CADEIA
Redes de firmas coordenadas por empresas tecnologicamente
avançadas tendem a adotar procedimentos técnicos comuns, visando a
assegurar a qualidade e a eficiência ao longo da cadeia produtiva.
CONDICIONANTES INSTITUCIONAIS -MACROAMBIENTE
Os fatores institucionais que condicionam o processo de difusão
tecnológica são:
i. disponibilidade de financiamentos e incentivos fiscais à inovação;
ii. clima favorável ao investimento no país;
iii. acordos internacionais de comércio e investimento;
iv. sistema de propriedade intelectual; e
v. existência de capital humano e instituições de apoio.
Os fatores institucionais que condicionam a difusão de novas
tecnologias também podem incluir a estratificação social, a cultura, a
religião, o marco regulatório e o regime jurídico do setor ou do país como um
todo.
Veremos mais sobre o tema ao analisarmos a estrutura dos Sistemas de
Inovação nas aulas seguintes.
IMPACTOS DA DIFUSÃO TECNOLÓGICA
Conforme Tigre (2006) expõe, a difusão de novas tecnologias traz em
seu bojo consequências positivas e negativas para diferentes setores da
economia e da sociedade.
Os impactos da difusão podem ser analisados sob diferentes enfoques,
incluindo os de natureza econômica, social e ambiental (Clique em cada
elemento do tripé da sustentabilidade).
ECONÔMICO
A difusão de novas tecnologias pode afetar a estrutura industrial,
destruir e criar empresas e setores, afetar o ritmo de crescimento
econômico e a competitividade de empresas e países.
A difusão de novas tecnologias pode levar tanto à concentração
quanto à desconcentração da indústria.
* Quando envolve aumento de escala de produção ou grandes
saltos de produtividade, a inovação tende a ter um caráter
concentrador, pois poucos grandes produtores podem atender às
necessidades da demanda.
* Já determinadas inovações em componentes ou fases críticas do
processo produtivo podem desconcentrar uma indústria ao facilitar a
entrada de novas empresas no mercado.
SOCIAL
O aspecto a logo tempo discutido na literatura é o impacto das
novas tecnologias sobre o emprego e as qualificações. Os impactos da
automação tratam tanto sobre volume de empregos perdidos ou ganhos
com a difusão de inovações, quanto sobre mudanças nas qualificações
requeridas dos trabalhadores. Novas tecnologias exigem qualificações
profissionais diferentes. O volume de emprego gerado ou eliminado
depende tanto da natureza do processo quanto das mudanças
organizacionais necessárias para sua implantação.
AMBIENTAL
Visto que o problema ambiental tem caráter acumulativo, uma
inovação aparentemente inofensiva ao meio ambiente, como foi a dos
veículos automotivos a base de combustíveis fósseis, pode resultar em
graves problemas devido ao acúmulo crescente de emissões em todo o
mundo. Assim uma nova demanda por questões ambientais influencia a
difusão de novas tecnologias diante das preocupações da sociedade com
a preservação do ar, da água e dos recursos naturais. Há uma
emergência de inovações destinadas a reduzir os impactos ambientais,
desenvolver fontes alternativas de energia, reduzir emissões e produzir
de forma mais limpa.
REFERÊNCIAS
TIGRE Paulo Bastos. Gestão da Inovação: a economia da
tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
FONTES DAS IMAGENS
Responsável: Prof. José Carlos Lázaro da Silva Filho
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

Documentos relacionados

Versão para Impressão

Versão para Impressão (1996): inovações autônomas ou sistêmicas. INOVAÇÕES AUTÔNOMAS OU SISTÊMICAS.

Leia mais