cultura material - Colégio Santa Cruz

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cultura material - Colégio Santa Cruz
Ensino Fundamental 2
Nome
No
História – Prof. Caco
6o ano
Data
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Ficha 4.1
CULTURA MATERIAL
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BONECA DE VÉU QUE LÊ ALCORÃO É ALTERNATIVA ISLÂMICA À BARBIE.
Casal dos EUA criou brinquedo para incentivar valores do islã entre meninas
Boneca de véu que lê Alcorão é alternativa islâmica à Barbie
LUCIANA COELHO
DA REDAÇÃO
Barbie provavelmente teria um chilique:
afinal, de que lhe valeriam as voluptuosas curvas
e o aparentemente infindável guarda-roupa se
sobre ambos ela tivesse de usar um casaco largo
e um véu para disfarçar as formas e cobrir as
loiríssimas melenas?
O fato é que aquilo que para a loira
plastificada seria um despropósito é exatamente
o que faz o sucesso de sua nova concorrente.
Em suas três diferentes versões de pele e cabelo
(loira, morena e negra), a modesta Razanne usa
com devoção seu hijab -o véu islâmico- e só cede
aos apelos da moda quando está dentro de casa.
Dinâmica, ela reza, lê o Alcorão, estuda,
brinca, dá aula e até participa das tropas
muçulmanas de escoteiros. Tudo no maior recato.
Nascida há seis anos da imaginação de
um casal de muçulmanos americanos, Razanne
se tornou um sucesso no ano passado, ao ganhar
a atenção da imprensa na esteira da polêmica
proibição da venda da Barbie na Arábia Saudita -curiosamente, segundo seus criadores, os jornalistas
inicialmente se interessaram por pensarem que se tratasse de uma contrapartida árabe à exuberante
boneca americana.
“A idéia era dar uma alternativa às meninas muçulmanas aqui nos EUA. Nós as víamos brincando
com a Barbie, toda chamativa, com roupas que mostram o corpo, e pensávamos: é esse o tipo de
modelo de comportamento que queremos para nossas filhas? Ela não parece com as mães delas. Não
parece com as roupas que elas vão usar mais tarde”, disse à Folha Sherrie Saadeh, uma americana
“na casa dos 40” convertida ao islamismo há 15 anos.
Foi Sherrie e o marido, Ammar, que desenvolveram a boneca. “Na verdade, quem pensou
primeiro foi ele, e acho engraçado que um homem tenha pensado nisso. Afinal, eles ficam o tempo
todo dizendo como são justos com as mulheres muçulmanas, mas é difícil fazerem algo assim”, ri.
2
O casal é dono da NoorArt, uma pequena fábrica de brinquedos e produtos educativos em
Livonia, Michigan, especializada em crianças muçulmanas.
Sherrie é gerente de produção e “estilista” de Razanne. E não pense que o trabalho se limite
a criar véus -há versões de Razanne com coloridíssimas túnicas, como as usadas pelas muçulmanas
no sudeste da Ásia, e a cobiçada versão “in and out”: com um casaco e um hijab para vestir na rua e
um florido vestido acinturado e sem mangas para usar em casa.
“Razanne ajuda as meninas muçulmanas a entenderem que em casa elas podem estar na última
moda e ter roupas atraentes, embora na rua se vista com recato”, anuncia o site da boneca.
“Minha filha de dois anos insiste que a Razanne use seu véu toda vez que sai de casa ou quando
há homens presentes”, diz um testemunho no site. “A Razanne fala para a Barbie usar o véu também”,
diz outro, aparentemente escrito por uma menina.
Sem namorado
A bem da verdade, Razanne se parece pouco com a turbinada Barbie. Com seu corpo de
pré-adolescente, lembra muito mais a brasileira Susi, e suas maiores preocupações -ao contrário da
prima famosa, que acaba de trocar o antigo namorado Ken por um surfista australiano- são estudar,
rezar e brincar.
“A Razanne oferece um modelo de comportamento melhor e mostra que uma menina
muçulmana pode brincar como qualquer outra”, afirma Sherrie, mãe de um menino.
As vendas da Razanne ainda são tão modestas quanto seu figurino, sobretudo se comparadas
às da Barbie -que, desde sua criação, em 1959, já teve mais de 1 bilhão de exemplares vendidos,
segundo sua fabricante, a Matel.
Ammar Saadeh, “pai” e gerente comercial da Razanne, diz que nos últimos tempos as vendas
atingiram uma média anual de 50 mil unidades. Ele não fala em faturamento, mas, a um preço médio
de US$ 15 (a Razanne mais cara é a escoteira, US$ 21,99), é possível estimar que a boneca fature
cerca de US$ 750 mil por ano. A Barbie vende US$ 3,6 bilhões.
O casal está otimista e diz ter registrado “um crescimento expressivo” das vendas (ainda não
há números deste ano) desde que a boneca surgiu no noticiário.
Hoje a Razanne é vendida em lojas dos EUA, do Canadá, do Reino Unido, da Alemanha, do
Kuait e de Cingapura, e também na internet (www.noorart.com). Negociações em outros países
estão em curso.
Ainda constam dos planos a ampliação da linha étnica e da profissional, “com todas as
profissões que uma garota muçulmana pode ter”. “Também tem a linha formadora de caráter, que já
tem a escoteira e terá a Razanne que participa de organizações comunitárias”, conta Sherrie. “É legal
porque, uma vez que seu corpo está coberto, você acaba dando mais atenção à sua personalidade. A
personalidade da boneca passou a ser o mais importante.”
Com tantos atrativos, não há pretendentes à vista? “Até hesitamos em fazer um boneco homem,
porque o namoro no islã é diferente, sem contanto físico. E a Razanne ainda é muito nova”, explica
Sherrie. “Pode ser que mais para frente lancemos um irmão para ela. Mas namorado, não.”
Fonte: Folha de São Paulo, 25/07/2004
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