baixe aqui! - APAE Salvador

Transcrição

baixe aqui! - APAE Salvador
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A todos aqueles que ajudaram a construir
um espaço fraterno, solidário, respeitoso,
voltado para o atendimento da pessoa
com deficiência mental, mas também
para o desenvolvimento do conhecimento
e da prevenção à saúde de todos os baianos.
Em especial a Sra. Ilka Carvalho,
nossa superintendente, fonte de inspiração
para todos nós, que pela sua dedicação
e visão futurista, construiu os alicerces
sobre os quais se sustentam os princípios
que norteiam o trabalho realizado pela
Apae Salvador, transformando-a em uma das
principais instituições de referência do país.
A todos vocês o nosso muito obrigado,
Colaboradores da Apae Salvador
Dezembro/2008
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Apresentação
E
sta publicação simboliza os 40 anos de atividades da Associação
de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Salvador. Nela,
buscamos contemplar a história da Instituição, vista sob a ótica da
evolução do atendimento à pessoa com deficiência mental. Nas
últimas quatro décadas, os avanços das tecnologias e das ciências
possibilitaram o desenvolvimento de todas as áreas do conhecimento.
Nada mais natural, portanto, que os estudos científicos sobre a
condição da pessoa com deficiência seguissem o mesmo caminho.
P
ercebeu-se que este tipo de atendimento não deveria
limitar-se apenas ao âmbito dos consultórios médicos
e das escolas especiais. Era preciso avançar e oferecer
muito mais que apoio especializado. Era preciso
incluir, efetivamente, a pessoa com deficiência na
esfera da cidadania. O conceito de inclusão passou,
então, a nortear o processo de construção de uma
nova consciência de cidadania para a pessoa com
deficiência e, ao mesmo tempo, designar uma nova
escala de valores para a sociedade contemporânea.
N
Espetáculo da Cia de
Dança Opaxorô, Do
Sarau ao Happy Hour
esse novo paradigma, o processo de
aprendizagem é recíproco, porque a pessoa
com deficiência também tem muito a contribuir
para a formação da sociedade. Ele impõe a
universalização do processo educativo, por
reconhecer os dotes únicos que cada indivíduo
traz para uma situação ou para a comunidade. É também abrangente,
porque implica na troca mútua de experiências e enfatiza o respeito à
diversidade.
N
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esse sentido, este Almanaque tenta historiar as diversas etapas
pelas quais o movimento civil organizado passou até consolidar a
idéia de que os direitos da pessoa com deficiência não pode ser fruto
da caridade governamental ou individual. No primeiro capítulo, que
aborda o estágio do atendimento à pessoa com deficiência mental
no final da década de 1960, oferecemos um panorama histórico do
atendimento e apontamos os avanços conquistados naquele período.
N
o Capítulo 2, enfatizamos as conseqüências diretas para a pessoa
com deficiência dos movimentos pelos direitos civis, iniciados na
década anterior. O Capítulo seguinte, que trata da década de 1980,
prioriza os fatos marcantes que possibilitaram as grandes conquistas
alcançadas nos Anos 90 e 2000. Os principais marcos do movimento
social são revistos no Capítulo 4, principalmente os debates
internacionais que provocaram a ruptura com a antiga cultura e
fizeram surgir os novos paradigmas. No quinto e último Capítulo
apresentamos os grandes desafios postos para o futuro.
C
omo pano de fundo, apresentamos em todos os capítulos, um panorama das atividades
desenvolvidas pela Apae Salvador, uma das unidades de referência do movimento
apaeano, enfatizando, principalmente, a ampliação da sua missão institucional.
N
ascida sob o signo da transformação, a Apae Salvador iniciou, timidamente, suas
atividades, em 1968, com o objetivo de oferecer atendimento escolar especializado
à pessoa com deficiência mental. Na década seguinte, não só alcançou a meta inicial,
inaugurando a sua Escola Especializada, como avançou nos propósitos, introduzindo
também a formação profissional.
N
os anos 80, com sede própria e vislumbrando um atendimento multidisciplinar,
implantou a primeira célula do atendimento médico especializado e introduziu a semente
embrionária da sua atuação na área de diagnóstico e pesquisa.
Na década seguinte a Apae Salvador passou por uma
verdadeira revolução. Implantou um novo sistema
de gestão administrativo-financeira, assumiu,
sem parceria, o controle dos serviços
médicos e laboratoriais, consolidou-se
como referência de serviço de prevenção
no estado e passou a atuar também na difusão do
conhecimento.
C
om toda essa abrangência, a Instituição chegou aos anos
2000 com a marca da modernidade. Atendendo hoje a cerca de
700 alunos e aprendizes, a Apae Salvador é o serviço de referência da
Bahia credenciado pelo Ministério da Saúde para o Programa Nacional
de Triagem Neonatal (PNTN), responsável pelo Teste do Pezinho nos 417
municípios baianos. O grande arsenal de dados obtidos através dos exames
do PNTN a credenciaram para atuar no âmbito da pesquisa científica, junto
às principais instituições de pesquisa de ensino superior.
A
experiência adquirida ao longo de tantos anos na área
educacional, fez da Apae Salvador uma referência também para
as escolas regulares das redes pública e privada de ensino que hoje
participam do seu Programa de Apoio à Inclusão Escolar. A mesma
condição é encontrada na área do trabalho, onde a Instituição
atua como parceira de órgãos públicos, empresas e entidades na
aplicação da chamada Lei de Cotas e na colocação de aprendizes com
deficiência no mercado de trabalho.
5
P
or tudo isso, é que, ao completar 40 anos, a Apae Salvador tem muito a
comemorar, mas também a agradecer. Primeiro a Deus, por ter possibilitado
tantas conquistas. Aos colaboradores, pelos bons serviços e solidariedade nos
bons e nos maus momentos. Mas, principalmente a sociedade baiana pelo
apoio e confiança que sempre depositaram na Instituição.
A todos, a nossa gratidão.
Boa leitura.
Aluna em
apresentação de
Ginástica Rítmica
Capítulo 1
O nascimento
Sob o signo da transformação
Primeira
sede da Apae,
na Ribeira
A
ausência de políticas públicas do Estado para a pessoa
com deficiência mental levou as próprias famílias a criar alternativas capazes de atender às necessidades desse segmento da população. E foi exatamente com essa intenção
que o movimento apaeano foi criado ainda na década de
50, no Rio de Janeiro. Na Bahia, a primeira Apae foi a de
Salvador. Fundada em 4 de abril de 1968, iniciou suas atividades seis meses depois, precisamente, em 3 de outubro,
quando passou a atender os primeiros alunos. O mundo
inteiro explodia em 1968, o ano da transformação, da con-
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A
1968:
o ano que
não acabou
Apae Salvador
nasceu em 3 de
abril de 1968. O ano da
contestação generalizada
e da transformação da
era moderna. O mundo
inteiro explodiu em 68. A
emergência de uma nova
cultura já indicava a ruptura
dos segmentos jovens com
os modos e as modas bem
comportadas das sociedades
de então. Agitações e
passeatas se sucediam em
todos os cantos e continentes.
O
s jovens lutavam
em todas as frentes
para destruir o velho e
impor o novo. Passaram
a destruidores radicais
de tudo o que estava
estabelecido e consagrado:
valores, instituições, idéias
e tabus. A palavra de ordem
era contestação, traduzida
na aparência de cabelos
compridos para ambos os
sexos, jeans desbotados, pés
descalços e anéis, muitos
anéis em todos os dedos.
N
os Estados Unidos,
Timothy Leary, o papa
do movimento hippie, já
decretava: “Façam o que têm
que fazer. Sejam o que são
e, se não sabem o que são,
descubram”. As palavras
de Leary ecoaram e foram
adotadas por milhares de
jovens que procuraram formas
alternativas de vida em
comunidades, sob o signo da
pílula anticoncepcional, do
LSD, da maconha, em suma:
do sexo, drogas e rock and roll.
testação e da derrubada de
velhos tabus. Nada mais natural, portanto, que a Apae
Salvador tenha vindo ao
mundo numa data tão emblemática, sobretudo, para
os movimentos sociais.
Calcados na experiência
que já acontecia em outros
estados, um grupo de pais,
preocupados com o atendimento dos seus filhos e das
crianças com deficiência
mental, decidiu juntar-se e
formar uma associação, na
verdade, a Associação de
Pais e Amigos dos Excepcionais, a Apae Salvador. Tendo à frente o engenheiro
Genes de Almeida Barbosa,
esse grupo fundou a Instituição, cuja sede provisória
funcionava no antigo Instituto Pedagógico da Bahia,
na Praça Almeida Couto, no
bairro de Nazaré.
Para iniciar suas atividades, contou com a valiosa
colaboração do médico Luiz
Fernando Pinto, que também integrava a primeira
diretoria.
Após a legalização do estatuto, a diretoria iniciou as
primeiras providências para
a criação e funcionamen-
P
to da escola especializada.
Àquela altura, com poucos
recursos financeiros e sem
local adequado para a instalação da unidade de ensino,
as tarefas foram divididas
entre os trâmites burocráticos e a busca de parceiros
que pudessem patrocinar o
aluguel de imóvel e a aquisição de mobiliário e outros
equipamentos necessários
a operacionalização dos
serviços. O pequeno núcleo
formado pela boa-vontade
de pais e amigos dos excepcionais passou, então, a mobilizar a sociedade.
Até chegar ao seu nível
de organização atual, a Instituição foi pouco a pouco
avançando em estrutura,
logística e, principalmente, em conhecimento. Os
primeiros passos foram em
direção a aquisição de um
local próprio, onde fosse
possível crescer e atender a
mais crianças carentes com
deficiência mental. Mas, somente em 1971, é que o sonho se tornou realidade e a
Apae Salvador pode efetivamente desenvolver suas
atividades, como veremos
nas próximas páginas.
or outro lado, os
movimentos de esquerda se
disseminavam pela juventude
do mundo inteiro. Na França, a
insurreição estudantil de maio
demarcou o corte na história
contemporânea mundial,
influenciando, inclusive o
movimento inverso, como
na Tchecoslováquia, cuja
ruptura foi de outra ordem. Os
estudantes coloriram a primavera
de Praga, queimando bandeiras
da União Soviética stalinista e
espantando os invasores.
Educação especial é fruto
da iniciativa privada
A atuação privada ou particular na educação
especial tem início no Brasil a partir da
chamada Reforma Francisco Campos, no
início da década de 30. A reforma, que leva
o nome do ministro da Justiça de Getúlio
Vargas, possibilitou a equiparação dos
estabelecimentos escolares privados com
os públicos, através da prescrição de um
currículo mínimo de âmbito nacional, e
regulamentou a distribuição de verbas
públicas para as organizações escolares
comunitárias, confessionais e filantrópicas.
Segundo a professora da Unicamp, Gilberta
Jannuzzi, além de verbas, o apoio do Estado
se concretizava também através do repasse
de material didático-pedagógico, merenda
escolar e cessão de docentes e técnicos. A
regulamentação do ensino privado permitiu
o surgimento de instituições particulares
dedicadas à educação especializada.
A primeira referência oficial explícita à educação
especial, entretanto, só aparece na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, a Lei 4.024, de
1961, que, nos artigos 88 e 89, garante apoio
dos poderes públicos à iniciativa privada, por
meio de bolsas de estudos, empréstimos e
subvenções. Para Jannuzzi, se por um lado,
a lei significou conquista para a educação
especial, uma vez que o ensino regular de
crianças com menos de 7 anos só aparece
na LDB de 1971, por outro representou a
garantia do poder público não assumir
integralmente este nível de ensino.
9
N
as ondas dessa
nova esquerda, Che
Guevara tornou-se mito e
o movimento Black Power
ascende a luta contra o
racismo, cujo líder maior,
Martin Luther King. A
semente plantada por King
extrapolou a questão racial
e deu início a formação de
movimentos diversos de
defesa dos direitos civis das
mulheres, dos homossexuais,
e da pessoa com deficiência,
entre outras minorias.
Preconceito e discriminação
Grupo de Capoeira Inclusiva da Instituição
A
pesar dos avanços ocorridos
a partir do final século XIX,
em 1968 a pessoa com deficiência mental ainda era considerado
um aleijado, defeituoso, incapacitado ou inválido. Tratados como
“excepcional”, eram vistos também como incapazes, apáticos,
doentes, loucos e, até mesmo, sexualmente perigosos. Segundo a
educadora Edna Mattos, este tipo
10 de discriminação ocorre, porque
N
O poder
jovem no
Brasil do AI-5
as pessoas elegem um padrão
de normalidade e esquecem que
a sociedade se compõe de seres
humanos diversos.
Nesse contexto, de acordo
com a educadora, os grupos sociais passam a rejeitar aqueles
que fogem deste padrão. “Por
expressar desvantagem e descrédito diante do estágio mais
avançado das criações humanas,
essas pessoas são estigmatizadas
o Brasil, o ano de 1968 é marcado
pelo recrudescimento da ditadura
militar, regime que se instalara no país
desde 1964. O assassinato do estudante
Edson Luís, em 28 de março, pelo
pelotão de choque da PM, no Rio de
Janeiro, desencadeou uma série de
atos de protesto a começar pela grande
manifestação que reuniu mais de 50
mil pessoas, na Assembléia Legislativa
fluminense. O clima emocional
contagiou todo o país e as manifestações
estudantis se sucederam em São Paulo,
Goiás e no Distrito Federal.
pela sociedade”, explica. Para a
psicanalista Maria Flávia Ferreira,
o preconceito da sociedade pode
ser observado pelas atitudes sociais em relação as pessoas com
deficiência mental.
Ao longo da história, segundo ela, é facilmente verificável
que tudo que fugia à compreensão do homem era considerado
demoníaco, do mau e, junto com
essa denominação, caminhava
ao seu lado a desqualificação.
“Aquilo que é diferente e desconhecido é ameaçador, por isso,
esses indivíduos provocavam
aversão e afastamento do meio
social, como se fossem portadores de uma doença contagiosa”, explica a psicanalista.
Na antiguidade, conforme
pesquisa dos psicopedagogos
Inez Salvi e Silvio Weiss, as pessoas com deficiência mental
eram consideradas como degeneração da raça humana. Já
na Idade Média, segundo estes
mesmos pesquisadores, prevaleceram as idéias reforçadas
pela Igreja Católica, que tratava
a pessoa com deficiência mental como bobos da corte, crianças de Deus ou portadoras de
possessões, de acordo com a
conveniência.
A era moderna inaugurou
uma nova etapa do conjunto de terminologias aplicadas
à designação do deficiente
mental. Termos como idiota,
imbecil, demente, cretino e
anormal passaram a demarcar
o movimento da sociedade
em relação a este segmento
da população. As mudanças
sociais, decorrentes da Revolução Industrial, ocorridas no
final do século XIX e início do
século XX, analisa Edna Mattos,
influenciaram o interesse na
o
s professores se juntaram aos
estudantes e realizaram a legendária
passeata dos 100 mil, reunindo também
intelectuais, artistas e padres e um grande
número de mães. De 1964 a 1968, as
manifestações estudantis foram a vanguarda
do protesto social, uma vez que toda
a sociedade civil tinha seus principais
órgãos representativos sob intervenção
dos militares. O movimento estudantil foi,
portanto, a vitrine da insatisfação, diante do
autoritarismo vigente no país e acabou por
contagiar outros setores, como o operariado
e a ala progressista da Igreja Católica.
pesquisa sobre a área de educação. Esse interesse, segundo
a educadora, provocou dois
movimentos distintos. Por um
lado, iniciou-se o atendimento educacional aos deficientes mentais. Mas, por outro,
institucionalizou-se o modelo
educacional que privilegiou a
exclusão educacional e social
dessas pessoas.
A linha que demarca essa
fase da educação chamada especial, de acordo com a pesquisadora, pode ser atribuída
a conclusão dos estudos de
Binet e Simon, em 1905, denominado de Escala Métrica de
Inteligência, um instrumento
que até hoje marca as diferentes concepções da intervenção
educacional, mas que, em contrapartida, vem trazendo para
milhares de alunos com dificuldade de aprendizagem o rótulo de deficiente mental. “Uma
marca que tem excluído essas
pessoas da ciranda escolar e
social”, complementa.
Apesar dos avanços, os
portadores de deficiência ainda
viviam enclausurados em instituições, segregados. Na década de 60, a deficiência mental
passou a ser objeto de estudos
interdisciplinares das áreas médica, social, psicológica, pedagógica.
Educação especial
A inclusão da educação especial
na nova legislação, segundo a
pesquisadora, foi uma conseqüência
direta da Campanha Nacional de
Educação e Reabilitação do Deficiente
Mental, organizada em 1960, por
influência das Apaes e Pestalozzis, na
tentativa de resolver os problemas
da educação especial. De concreto,
porém, tanto a campanha quanto
a nova lei geraram apenas verbas
governamentais esporádicas e o
envolvimento de voluntários, muitas
vezes desprovidos da escolarização
necessária, no trabalho das instituições.
Para se ter idéia do descompasso do
ensino regular para o especializado
naquela época, Jannuzzi lembra que,
na década de 60, existiam no país
228 estabelecimentos públicos e 10
privados de ensino regular, enquanto
na educação especial o total de
estabelecimentos públicos somava
apenas 25 contra 97 instituições
especializadas da iniciativa privada.
Aluno do Ceduc
E
m julho, o Conselho de Segurança
Nacional proíbiu passeatas e
determina que o Exército reprima
qualquer tipo de manifestação pública.
Estudantes são presos em todo o país.
Apesar da proibição, os estudantes
realizaram o 300 Congresso da UNE,
em Ibiúna (SP), mas o Exército
invadiu o local e prendeu quase 700
participantes. No dia 13 de dezembro,
o presidente Costa e Silva edita o
Ato Institucional no 5, o AI-5, que
confere poderes quase que absolutos
ao governo.
11
Inteligência mensurada
A
inteligência humana é entendida e abordada como
um conceito plural, que marca o
comportamento adaptativo. Na
linguagem comum, a palavra inteligência refere uma qualidade
dos indivíduos. Na linguagem
científica, refere uma qualidade
do comportamento. A concepção mais clássica de inteligência
é a de William Stern (psicólogo
alemão que viveu entre o final do
século XVIII e o início do século
XIV), que dizia ser a capacidade
pessoal para resolver problemas
novos, fazendo uso adequado do
pensamento.
Para outros autores, seria a
utilização de todos os equipamentos mentais que dessem
conta da adequação às tarefas
da vida. Mesmo com essas defi12 nições vagas, havia e há o enten-
Contestação
também
explode nos
palcos
dimento de que a inteligência
é uma capacidade mental que
pode ser medida e quantificada
por meio dos famosos testes de
QI. No início do século XX, dois
psicólogos e pedagogos, Binet e
Simon, receberam a solicitação
do governo francês de elaborarem um método capaz de identificar as crianças com deficiência
intelectual, ou seja, que tinham
dificuldade para aprender e
apresentavam baixo rendimento escolar.
Eles estruturaram uma escala
métrica para a inteligência. Partiam da concepção de que seria
possível prever o desempenho
escolar de uma criança, independentemente de sua condição
social ou econômica e, com isso,
criaram o primeiro teste de QI,
conceituando inteligência como
1968
foi também o ano da
explosão cultural. Enquanto
os Beatles e os Rolling Stone agitavam
os palcos do mundo inteiro, no Brasil a
arte engajada de Chico Buarque e Geraldo
Vandré disputava o gosto da juventude
com a Jovem Guarda, de Roberto Carlos,
e o Tropicalismo de Caetano Veloso e
Gilberto Gil. No teatro, a peça Roda Viva,
de Chico Buarque, provocou reação do
Comando de Caça aos Comunistas, o CCC,
em São Paulo. O choque entre o público
e os integrantes da facção direitista, que
destruiu os cenários da peça e espancou os
atores, entre eles, a atriz Marília Pêra.
um conjunto de processos de
pensamento que constituem a
adaptação mental, isto é, os processos cognitivos racionais como
promotores da adaptação.
Os trabalhos de Binet e Simon logo foram bastante questionados, principalmente porque
os testes pareciam não dar conta
de avaliar a capacidade do indivíduo adulto, e também porque
partiam do estudo de crianças
com deficiências. Na realidade,
os autores elaboraram uma “escala métrica da inteligência” para
detectar na escola os retardados
“perfectíveis”. Nos últimos 50
anos, o termo inteligência vem
assumindo concepções distintas
e variadas. Cada vez mais ganha
força uma concepção de que a
inteligência tem aspectos múltiplos e variados na sua avaliação.
N
a seara musical, o III
Festival Internacional da
Canção consagra Sabiá, de Chico
e Tom Jobim, e Pra não dizer que
não falei de flores, de Geraldo
Vandré, enquanto Caetano e Os
Mutantes eram ruidosamente
vaiados no IV Festival da MPB,
da TV Record, de São Paulo, pela performance
da música É proibido proibir. Reverenciado pela
juventude tida como alienada, Roberto Carlos e a
sua turma brilhavam nas Jovens Tardes de Domingo.
Falando das angústias e das alegrias dos jovens
de classe média, o programa chegou a alcançar 3
milhões de espectadores só em São Paulo.
ANOS 60
Feminismo radical
A feminista Valerie Solanas publicou em 1968 o SCUM Manifesto
– Society for cutting up men, apresentando uma postura radical e
contundente, sem disposição para o diálogo, propondo a aniquilação
dos homens. Solanas, atriz e escritora, foi uma figura incomum, que
debateu o capitalismo, mendigou nas ruas e foi bissexual assumida.
Porém, a feminista que ficou na memória das brasileiras foi Beth
Friedman, que tinha um discurso mais apaziguador, que falava
diretamente à dona de casa e à juventude de classe média.
Beleza universal
A baiana Marta
Vasconcelos
foi eleita Miss
Universo em 1968.
Depois do sucesso
internacional
de Ieda Vargas e
Marta Rocha, a
beleza brasileira
efetivamente se
impôs ao mundo
com a baiana
que derrotou
duas dezenas de
concorrentes.
Transplante
de coração
No dia 26 de maio
de 1968 uma outra
revolução acontece na
área médica brasileira.
O cardiologista Euclides
Zerbini realiza o primeiro
transplante brasileiro de
coração, no Hospital das
Clínicas de São Paulo.
O beneficiado foi o
boiadeiro João Ferreira
da Cunha, de 23 anos.
Este foi o 17o transplante
feito em todo o mundo.
Homem na Lua
Em julho de 1969, o
homem pisou pela primeira
vez na Lua. A bordo da nave
Apolo 11, os astronautas
americanos Neil Armstrong,
Edwin Aldrin e Michael
Collins foram os primeiros
a concluir o percurso
e deixar as marcas da
presença humana no nosso
principal satélite. Além das
pegadas e de instrumentos
científicos, Armstrong
fincou a bandeira
americana no solo lunar.
Deus e o diabo
na Terra do Sol
Governada por Luís Viana Filho, a
Bahia de 1968 vivia o mesmo clima
de tensão política dos outros estados
brasileiros. O ciclo de crescimento
econômico que o estado vinha
experimentando desde a década de
50, porém, o distinguia dos demais.
O panorama econômico da Bahia
começa a mudar a partir da criação
do setor petroleiro. Viana aposta
na educação. Para isso, nomeou
como secretário de Educação o
professor Luiz Augusto Navarro de
Brito, que organizou o ensino em
todo o estado. Com a edição do
AI-5, o governador baiano passou
a ser intimidado pelos militares
da chamada linha dura. Apesar de
ser mantido, o seu governo sofreu
cortes, entre eles, Navarro de Brito,
que deixou a Secretaria para exercer
um cargo na Unesco.
Anticoncepcional, minissaia e emancipação
Desde que Beth Friedman inaugurou,
em 1963, o movimento de libertação
feminina, queimando milhões de
sutiãs em praça pública, as mulheres
brasileiras não haviam experimentado
tanta liberdade como as que passaram
a dispor em 68, graças à invenção da
revolucionária minissaia, criada pela
inglesa Mary Quant. O modelito da
moda conferiu às mulheres do mundo
inteiro um ar juvenil e esportivo e ajudou
a mudar os padrões de beleza da nova
mulher que emergia a partir de então.
As novas medidas privilegiavam as
pernas em detrimento do busto, parte
do corpo feminino tão valorizada na
década anterior. As magras e de quadris
pequenos, como a francesa Claudine
Anger é que passaram a ser o ideal de
beleza das mulheres brasileiras, como
registrava a Revista Veja, na edição de 27
de novembro de 1968.
A pílula anticoncepcional era ainda uma
novidade rara no país, mas as mulheres já
começavam a discutir abertamente temas
como o orgasmo feminino, o aborto e o
divórcio. Na seara
política, as jovens
secundaristas
e universitárias
deixavam a
casa dos pais
para aderir
às diversas organizações políticas em
pé de igualdade com os militantes do
sexo oposto. No campo das artes, o
espírito libertário da atriz Leila Diniz
escandalizava o país com a exposição
“devassa” da sua gravidez.
13
O
cinema brasileiro
ainda tinha como
pano de fundo a questão
do subdesenvolvimento
tanto explicitamente
no Cinema Novo
de Glauber Rocha
quanto nas situações
existencialistas dos filmes de Walter Hugo
Khoury. No rastro da beatlemania, Roberto
Farias lançou o seu Roberto Carlos em Ritmo
de Aventura. Zé do Caixão cria o seu “terror
primitivo” e Rogério Sganzerla e Júlio
Bressane optam pela vanguarda anárquica
como resposta a censura governamental.
A
literatura entra na era das alegorias e
do aprimoramento técnico para tentar
enfrentar o impacto renovador dos Anos
50. A TV não era mais um veículo restrito.
Graças ao vídeo tape, o país todo já era
coberto por redes de televisão. As novelas
fazem parte da vida da nação e o estilo
brasileiro se consolida com Beto Rockfeller.
Os programas de auditório comandado por
Chacrinha, Sílvio Santos, Hebe Camargo,
Blota Júnior e Flávio Cavalcante garantem
altos índices de audiência, enquanto os
humorísticos de Chico Anísio e Manuel
da Nóbrega passam a contribuir para a
integração cultural do país.
Capítulo 2
14
15
A infância
Revolução silenciosa
S
Caruru de São
Cosme, na antiga
sede do CTP
e os Anos 60 foram marcados por revoluções de toda ordem no
pensamento dominante do mundo inteiro, os 70 são os anos da acomodação e incorporação desses novos valores, ou seja, da experimentação do rescaldo cultural deixado pela década da contestação.
Para a pessoa com deficiência mental, no entanto, os Anos 70 marcam
o início de uma revolução silenciosa, firme e contínua, que se prolongou nas décadas seguintes.
16
Os anos
do
rescaldo
cultural
N
a verdade, a década de 70 são duas. A
primeira metade é marcada pelo rescaldo
da de 60, pela experimentação de tudo que foi
conquistado na década anterior, mas também pela
dicotomia e radicalização entre sentidos opostos:
era tudo oito ou oitenta. É uma era psicodélica,
de prospecção interior. Na segunda metade da
década, a palavra de ordem é diversão. As drogas
calmas dos primeiros anos são substituídas pela
cocaína e tudo muda, como observa
a pesquisadora Ana Maria Bahiana:
“a percepção do tempo, a estrutura do
crime, a intensidade e o ritmo da música, as
deformações do afeto, a distribuição do poder nas
cidades. É uma década do ruído”, analisa..
N
o âmbito político, os anos
Nixon chegam ao fim, depois do
escândalo que passou para a história
como o Watergate. O desgaste do
então presidente americano o levou a
decretar, em 1973, o fim da guerra no
Vietnã. A crise do petróleo modifica
o mapa das forças política no mundo.
Em 1973, no Chile, o presidente
socialista Salvador Allende é
assassinado e o general Pinochet
assume o governo. A revolução
islâmica do Aiatolá Komeini ganha
corpo e, em 1979, ele instala a
ditadura xiita no Irã.
X Encontro das Apaes da Região Leste, em Salvador
Progressivamente, a legislação brasileira foi incorporando vários mecanismos que
asseguraram direitos à pessoa
com deficiência e garantiram
o seu acesso ao espaço social e educacional. Embora a
maioria dessas leis ainda dependesse de regulamentação,
não se pode negar o avanço
que elas representaram para
esta parcela da população.
Depois da LDB de 1961, a
nova Lei de Diretrizes e Bases
da Educação, a Lei 5.692, de
11 de agosto de 1971, trouxe
outras conquistas, prevendo
explicitamente no Artigo 9º, o
tratamento especializado aos
alunos que apresentassem
deficiências físicas ou mentais,
os que estivessem atrasados
consideravelmente quanto à
idade regular de matrícula e
os superdotados, deixando
A
que as normas de funcionamento do tratamento fossem
fixadas pelos respectivos Conselhos de Educação, federal,
estaduais e municipais.
Apenas dos ventos favoráveis advindos da Assembléia
Geral da ONU, que aprovou a
Declaração dos Direitos do Deficiente Mental, em 1971, e dos
Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiências, em 1975,
no Brasil, segundo os pesquisadores Inez Salvi e Sílvio Weiss, a
educação especial continuava
completamente dependente
das organizações filantrópicas
da sociedade civil, mantida no
âmbito da caridade pública.
Com isso, as necessidades da
pessoa com deficiência continuaram fora do rol dos direitos
de cidadania e, portanto, desvinculadas da responsabilidade do Estado.
tecnologia miniaturizada começa
crescer. Em 1972, é inventada a
primeira calculadora de bolso. Cinco
anos mais tarde, é lançado o primeiro
computador pessoal, o PC, enquanto
no final da década são desenvolvidas
as tecnologias do Compact Disc,
o CD, e da telefonia celular. Os
avanços científicos registrados
na área biomédica levam ao
desenvolvimento da técnica de
fertilização in vitro. Em 1978,
nasce, na Inglaterra, o primeiro
bebê de proveta do mundo,
Louise Brown.
17
O
Beatles se dissolvem em 31 de
dezembro de 1970. Nos Jogos
Olímpicos de Montreal, em 1976, a
romena Nadia Comaneci se consagra
como a ginasta mais perfeita de todos
os tempos. Nessa mesma olimpíada, o
brasileiro João do Pulo, traz a medalha
de bronze para o Brasil, que fica no
360 lugar no ranking de medalhas em
olimpíadas. Em 77, a ONU instaura
oficialmente o dia 8 de março, como
o Dia Internacional da Mulher. Uma
nova geração de cineastas e atores
consolida Hollywood como principal
pólo de cinema do mundo.
Movimento ganha força
P
aralelamente ao crescimento das organizações não governamentais especializadas em
todo o país, a professora da Faculdade de Educação da Unicamp,
Gilberta Jannuzzi, analisa um movimento de outra ordem. Tratase, na verdade, das agremiações
formadas por profissionais que
se especializaram no atendimento dessa parcela da população.
A pesquisadora cita, entre outras
agremiações, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa
em Educação (ANPEd), o Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores e a Associação
Nacional de Pesquisadores em
Educação Especial.
Os eventos científicos realizados pela Federação Nacional das
Apaes desde a década anterior,
começam a ganhar corpo, merecendo a atenção tanto das entidades de classe como dos órgãos
governamentais. Em 1971, por
exemplo, o V Congresso Nacional das Apaes, realizado no Rio
de Janeiro, contou com a presença do presidente da República,
18 Emílio Garrastazu Médici. A força
O Brasil do
ufanismo
e da
abertura
O
Entidades se mobilizam para reivindicar direitos
das instituições especializadas
e das entidades de classe movimentando o setor público ficou
evidenciada em 1972, quando o
ministro da Educação e Cultura,
Jarbas Passarinho, anexou uma
carta do presidente da Federação
Nacional das Apaes, José Cândido Maes Borba, à determinação
de que o Conselho Nacional de
Educação fornecesse subsídios
para o equacionamento da Educação Especial.
O resultado concreto do
Brasil da primeira metade década de
70 também não é o mesmo da segunda.
No início temos o ufanismo alimentado pela
vitória da Copa do Mundo, o Brasil do “Ame-o
ou deixe-o”, e do consumismo e euforia, do
milagre econômico, patrocinado pelo governo
Médici. Os últimos cinco anos, porém, são
marcados pela expectativa da abertura política,
iniciada por Geisel e concluída por Figueiredo.
A tortura e as perseguições políticas, que
ceifaram vidas, como a do jornalista
Wladimir Herzog, começa a ceder lugar às
negociações que possibilitam o fim da censura
aos meios de comunicação e a Lei da Anistia,
com o retorno dos últimos exilados, em 1979.
pleito foi a criação do Centro Nacional de Educação Especial (Cenesp), em 1973, com a finalidade
de recolher, reunir e disponibilizar informações sobre deficiência mental e educação especial
para a implantação de um Plano
Nacional de Educação Especial. O
plano teve a sua primeira versão
no biênio 1975 – 1977 e destinava recursos específicos tanto para
o atendimento da pessoa com
deficiência, através das instituições especializadas, como para
O
s avanços sociais das organizações
não-governamentais entram
na seara política, com a eleição de
importantes líderes desses movimentos
para a Câmara dos Deputados e Senado.
Mulheres, homossexuais, crianças,
deficientes são temas que começam a
entrar na pauta do Congresso Nacional,
a exemplo da Lei do Divórcio, de
autoria do senador Nelson Carneiro,
sancionada em 1977. O movimento
de mulheres começa a mostrar a sua
força no julgamento de Doca Street,
que assassinou a sua companheira, a
socialite mineira Ângela Diniz.
Integração
é a palavra de ordem
C
Inauguração da sede do CTP, com a presença de Irmã Dulce
a capacitação de profissionais do
setor público e privado.
A partir de 1977, a Exposição
Nacional de Artes, promovida
anualmente pela Federação das
Apaes, passou a ser realizada em
parceria com o Congresso Nacional. A Instituição tornou-se
também uma referência para os
órgãos públicos, participando de
reuniões e audiências no Ministério da Educação e Cultura, da
Saúde, do Trabalho, da Previdência Social e da Justiça.
A
om os avanços registrados a partir da década de 60,
a palavra de ordem nos anos 70 passou a ser integração. A idéia, segundo a professora da Faculdade de
Educação da USP, Edna Mattos, é que o termo fosse utilizado para demarcar as novas práticas em contrapartida ao modelo de segregação, adotado no passado.
A terminologia excepcional também começa a
deixar de ser a mais apropriada para designar a pessoa
que possui déficit intelectual. A mudança acontece a
partir de 1976, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) passa a denominar o retardo mental como
deficiência mental. Além disso, a OMS classificou os
diferentes graus de comprometimento, com base em
critérios quantitativos, aferidos em testes de QI.
Por essa classificação, os deficientes passaram a
ser categorizados como portadores de deficiência
mental: Leve (QI entre 50 e 70); Moderado (QI entre 33 e 49); Severo (QI entre 20 e 32) e Profundo (QI
abaixo de 19). Apesar de hoje esta classificação receber muitas críticas em função dos critérios utilizados,
na época representou um avanço por dois motivos:
Primeiro, a OMS diferenciou a deficiência mental da
doença mental (que abrange um vasto rol de transtornos mentais). Segundo, porque estabeleceu um
conceito, o de portador de deficiência, àquela altura,
mais apropriado para o estágio de valorização do deficiente mental.
Globo se consolida como a principal rede de televisão do Brasil.
Àquela altura, 40% das casas do país já tinham televisão. As
novelas começam a ditar todas as modas. A grade de programação
contempla todos os gostos, desde novelas até programas como o
do Chacrinha. A novela Dancing Days virou uma febre no país e
incrementou o ritmo de discoteca. A música
popular brasileira ganha contornos diversos.
Desde o samba até o forró e o brega de Paulo
Sérgio, Waldik Soriano e Oldair José. Caetano
e Gil partem do experimentalismo aos Doces
Bárbaros. O punk e o reggae se consolidam junto
com o novo rock and roll de Raul Seixas e Rita
Lee. As Frenéticas enlouquecem a mulherada. No
cinema, apesar da vinculação à pornochanchada,
a produção nacional já inclui incursões intimistas.
19
A
s butiques se firmam e
são as novas opções de
compra para as mulheres
das classes média e alta.
Leila Diniz escandaliza o país
ao aparecer grávida e de biquíni na
praia. O orelhão chega ao Brasil junto
com as câmaras Kodak, a rádio FM, e
o primeiro metrô. A comida macrobiótica
se dissemina entre os jovens alternativos. A Loteria
Esportiva se transforma no sonho de ascensão
social para milhões de brasileiros. À bessa, Boco
Moco, barra pesada, papo furado, prafrentex, fossa,
pão e gamado são algumas das gírias incorporadas
ao modo de falar dos brasileiros.
Sede nova para atender
a crianças e adolescentes
Alunos realizam a 1a Comunhão
O
s ventos favoráveis à causa
da pessoa com deficiência
também sopraram em plagas
baianas. Em maio de 1970, a
Apae Salvador conseguiu alugar
a sua primeira sede, um imóvel
localizado na Rua Visconde de
Caravelas, 168, Itapagipe. Na20 quela época, pouco ainda se
A Bahia
cresce e se
moderniza
N
podia fazer, já que a Instituição
estava dando apenas os seus
primeiros passos. Em outubro
do ano seguinte, a Apae iniciou
seus trabalhos na área pedagógica. Com o auxílio da assistente social Maria Joaquina Neves
e da professora Gildália Passos,
20 alunos começaram a receber
a década de 70, a Bahia foi
governada duas vezes por
Antonio Carlos Magalhães, com
o interregno de Roberto Santos. A
construção do Centro Administrativo
possibilita a transferência da
sede dos órgãos públicos do
centro da cidade para a Avenida
Paralela. A cidade se amplia em
direção ao Aeroporto, onde
novas construções começam a
modificar o perfil da capital. As
avenidas de vale, iniciadas no final
de década de 60, imprimem uma
nova cara a Salvador.
orientação especializada.
“Nesta época as informações
eram escassas, os preconceitos
grandes, e os alunos eram conhecidos como malucos, retardados,
sem perspectivas de vida e rejeitados por toda a sociedade, sem
nenhum direito. Descobri que
tudo que sabia era muito pouco
A
produção musical baiana
ganha destaque no início da
década com os Novos Baianos,
que, no verão, transferem a sede
da comunidade alternativa onde
vivem, de Jacarepaguá, no Rio de
Janeiro, para o bairro da Pituba,
em Salvador. A Bahia é uma festa
só, do início de dezembro, quando começa o calendário de festas
populares, como a da Boa Viagem e do Bonfim, até fevereiro, com
o Carnaval. A envolvente mistura de ritmos musicais aliada aos
elementos da cultura afrodescendente, como a capoeira, samba de
roda, e o comércio de bebidas e comidas tradicionais em barracas
de lona, constituem-se em matéria-prima para o turismo e a Bahia
passa a figurar entre os principais pontos turísticos do Brasil.
Inauguração do COAP, na Ribeira
Encontro técnico e científico
neste complexo atendimento de
alunos tão diferentes”, recorda a
primeira professora da Apae Salvador, Gildália Passos.
A partir daí, a Apae iniciou
o seu ciclo de desenvolvimento, sem perder de vista a sua
proposta de despertar na consciência da comunidade a im-
O
Encontro de apaeanos
portância do atendimento ao
deficiente. Em 1977, apesar da
falta de recursos, conseguiu
inaugurar o primeiro centro de
profissionalização, com a ajuda
da Secretaria Estadual do Trabalho. Dirigido aos adolescentes, o
centro começou a funcionar na
Rua Lélis Piedade, 58, na Ribeira,
desenvolvimento industrial do estado,
iniciado na década de 60, consolidou-se
nos anos seguintes, através do Centro Industrial
de Aratu (CIA) e do Pólo Petroquímico de
Camaçari, inaugurado em 30 de junho de 1978.
Concebido pelo economista baiano Rômulo
Almeida, idealizador também da Sudene, o Pólo
Petroquímico completou 30 anos de atividades com
investimentos totais da ordem de R$ 11 bilhões,
35 mil empregos diretos e indiretos gerados,
faturamento anual de R$ 15 bilhões, R$ 2,3 bilhões
ao ano em exportações, representando 35% das
exportações do Estado da Bahia. O Pólo significou
para a Bahia um importante marco na sua história
política e, principalmente, econômica.
C
com trabalhos voltados para a
área de marcenaria.
Nesta caminhada, a Apae
Salvador contou com valiosas
colaborações como a do Lions e
do Rotary, que promoveram festivais, desfiles, chás e feiras para
arrecadar recursos para a ampliação do atendimento.
21
omo em todo o Brasil, a Bahia também foi marcada pelo signo da
experimentação que prevaleceu na década de 70. A moda, ditada pela mídia
e pelos ícones da alta costura, permeou o universo de todas as tribos. Para os
desbundados e alternativos, o estilo hippie se manteve inalterado, com as calças
jeans desbotadas, adereços de lantejoulas e bordados, principalmente, depois
que a roqueira americana Janis Joplin teve uma passagem relâmpago pela Aldeia
Hippie de Arembepe. As largas pantalonas tiveram
seu lugar registrado no início da década, junto com
os sapatos cavalo de aço. Os carinhas e as cocotas
trocaram o jeans desbotado pelas calças abaixo
da cintura; as velhas havaianas pelos tênis; e as
camisetas hering pelas da marca Hang Ten. Depois
vieram as meias de lurex usadas com sandálias altas.
Boates, como o Regine’s e a Hipopotamus, reuniam
a galera do High Society.
Capítulo 3
22
23
A adolescência
A década de ouro
Alunos em
atividades
na quadra
de esportes
A
24
A reestruturação
da ideologia
confluência de interesses das instituições não-governamentais e dos profissionais e as pressões que este movimento organizado manteve sob os órgãos
públicos nos anos 70, acabaram por gerar bons frutos na década de 80, que pode
ser considerada a década de ouro das pessoas com deficiência. Depois de aprovar a Declaração dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a ONU adotou o Programa de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiência. Foi o ínicio da Década
Mundial de Apoio a Pessoa Portadora de Deficiência, destinada a estimular o
cumprimento dos direitos dessas pessoas à educação, à saúde e ao trabalho.
Se, até a década de 70, os portadores de deficiência foram submersos pela história, permanecendo inertes, alienados e marginalizados das políticas públicas relativas
O
s experimentais anos 70 cedem lugar para
os apáticos anos 80. O mundo todo sofre
uma aparente crise introspectiva, que reforça
o sentimento de uma busca pelo que não se
sabe o quê. Se os anos 60 foram marcados
pela contestação e os 70 pela experimentação,
os 80 talvez sejam o da contemplação e da
interrogação. Ícone de um movimento pela
paz mundial, o ex-beatles John Lennon é
assassinado, em Nova York, em 1980. No
oriente médio, o Irã e o Iraque entram em
guerra. Na Polônia, o primeiro sindicato
de trabalhadores, o Solidariedade, de Lech
Walesa, é organizado e se torna exemplo para
os trabalhadores do mundo inteiro.
Lançamento da pedra fundamental da sede da Pituba
ao seu próprio processo de desenvolvimento, a partir de 1980, a situação começa a apresentar sinais
de mudança. Uma parcela dessa
população compreende a necessidade de lutar pela conquista de
direitos e percebe as responsabilidades do Estado para com este
segmento, apesar de se encontrar,
como todas as instituições do país,
confusa frente ao contexto sócioeconômico e político do país, que
vivia a fase de reestruturação democrática, com a abertura política.
O primeiro resultado concreto da mudança de pensamento
na esfera do poder público é a
criação da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência, a Cor-
G
de. Baseada no Plano Governamental de Ação Conjunta para
a Integração da Pessoa com Deficiência, do qual participaram
representantes da sociedade civil organizada, a Corde foi criada
pelo Decreto 96.481, de 29 de
outubro de 1986, assinado pelo
presidente José Sarney, com o
objetivo de assegurar o pleno
exercício dos direitos básicos
e a integração dessas pessoas.
Mas, a sua regulamentação só
foi efetivada na Lei 7.853, de 24
de outubro de 1989. Vale destacar que, diferentemente do
Cenesp, vinculado ao Ministério
da Educação, a Corde nasceu subordinada ao Gabinete da Casa
Civil da Presidência da República,
uerras eclodem em lugares
impensáveis, como nas
Ilhas Malvinas, disputada
pela Argentina e Inglaterra.
Gorbachev assume o poder na
União Soviética, proclama a
Glasnost, a abertura política, e
propõe a Perestroika, as reformas
econômicas. Retira as tropas
soviéticas dos países do Leste
Europeu, o que impulsiona a queda do Muro de Berlin,
o fim do comunismo e, consequentemente, da guerra
fria. Os governos comunistas da cortina de ferro se
desintegram. Na China, protesto de estudantes invade a
Praça da Paz Celestial e deixa milhares de mortos.
N
elson Mandela sai da
prisão, depois de 27 anos
e o apartheid, o regime racista
da África do Sul, começa a
indicar sinais de exaustão.
Em 1987, explode a Intifada,
a rebelião popular na Faixa
de Gaza e na Cisjordânia e
Palestina. Um ano depois,
Yasser Arafat proclama o
Estado da Palestina. Em
1988, Benazir Bhuto é eleita
presidente do Paquistão. A
filósofa e escritora Simone de
Beauvoir morre na França.
acompanhando uma tendência
que se verificava naquela época
nos países mais desenvolvidos, e
que representava a importância
da função que o órgão exerceria
na administração pública.
Do ponto de vista legal, porém, a conquista mais importante foi, sem dúvida, a nova
Constituição, promulgada em
outubro de 1988. O trabalho desenvolvido pelo movimento social organizado foi decisivo para
que a Carta refletisse a mudança de paradigmas em relação
aos portadores de deficiência e
o paternalismo cedesse lugar à
equiparação de oportunidades
e a tutela fosse substituída pela
plena cidadania.
25
E
m 1981 são noticiados os
primeiros casos de Aids. O vírus
é isolado e identificado dois anos mais
tarde. O mundo pára para assistir ao
casamento do príncipe Charles com
a bela Diana. O desastre da usina
nuclear de Chernobyl, contamina cinco
milhões de pessoas. O ônibus espacial
americano Challenger explode logo
após levantar de Cabo Canaveral.
Em 1983, a Internet é criada e
usada apenas para fins acadêmicos.
Começam as negociações para a
formação do Mercosul. É produzido o
primeiro plástico biodegradável.
Constituição muda paradigma
Inauguração do Centro de Treinamento e Produção (CTP)
A
integração da pessoa com
deficiência passou a ser amparada por vários organismos nacionais e internacionais. No Brasil,
porém, a base legal relativa aos
direitos desse segmento da população só se consolidou com a
promulgação da Constituição de
1988 e a legislação que posteriormente a regulamentou. Tida como
uma das mais avançadas do mundo nas questões relacionadas aos
portadores de deficiência, a nova
Constituição definiu, em todos os
capítulos que tratam do direito
do cidadão e do dever do Estado,
artigos específicos vinculados a
este segmento.
Além de inserir efetivamente
26 o direito das pessoas com defi-
Na era da
redemocratização
Olimpíadas em Brasília: aluno da Apae Salvador em destaque
ciência no marco legal federal
brasileiro, a nova Carta ampliou
o campo dos direitos e garantias
fundamentais. Nos artigos 1° e
3°, o texto constitucional estabelece o respeito à dignidade da
pessoa humana e a promoção do
bem comum, sem preconceitos
de origem, raça, sexo, cor, idade
ou qualquer forma de discriminação. No capítulo que trata da
saúde e da assistência social, foi
assegurado pelo poder público a
assistência à criança, ao adolescente, à mulher, ao trabalhador,
ao idoso, à prevenção de incapacidades e o Programa de Estimulação do Desenvolvimento Neuropsicomotor. As secundárias
referem-se ao acompanhamento
A
e controle dos grupos de risco;
grupos de ressocialização e promoção de autonomia; grupos de
orientação e acompanhamento
para aqueles com incapacidade
instalada; grupos de estímulo
global de desenvolvimento de
crianças deficientes, entre outras
ações.
No Capítulo sobre educação,
a Constituição estabeleceu, como
dever do poder público, o atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência
na rede pública, de preferência,
ou em instituições especializadas
públicas ou privadas. Da mesma
forma o deficiente foi beneficiado nos capítulos do Trabalho e
Cultura.
visita do papa João Paulo II é, sem
dúvida, um dos acontecimentos mais
marcantes da década de 80 no Brasil. O
país inteiro se mobilizou para celebrar
o Papa, que no
seu papamóvel,
percorreu algumas
capitais brasileiras,
entre elas, Salvador.
O país mais católico
do mundo rezou, cantou e
glorificou o sumo pontífice,
reunindo milhares de
pessoas em praças públicas,
avenidas e igrejas.
Ano da virada
Ao declarar o ano de 1981 como o Ano
Internacional da Pessoa com Deficiência,
a Assembléia Geral da ONU reconheceu
publicamente que muitos países vinham
ignorando o artigo 7o da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, de 1948,
que estabelece a igualdade de todos os
seres humanos perante a lei.
Alunos já incluídos no mercado de trabalho
No mundo do trabalho
Inaugurado em outubro de
1977, o Centro Ocupacional de
Aprendizagem (Coap) da Apae Salvador foi a primeira unidade voltada
para a profissionalização de pessoas
com deficiência mental na Bahia. A
época, o Coap era fruto de uma parceria com a Secretaria do Trabalho e
Ação Social do Estado e funcionava
na Ribeira, com apenas 15 aprendizes. As perspectivas de inclusão eram
inexistentes, reflexo de uma sociedade completamente desacreditada
das potencialidades dos deficientes.
Com a inauguração do prédio
na Pituba, o Coap pode ocupar sozinho, a sede da Avenida Jequitaia.
Ganhou mais autonomia em relação ao antigo parceiro e passou a
chamar-se Centro de Treinamento
e Produção (CTP). O tímido trabalho
O
desenvolvido até então cresceu e
incorporou novos valores, ampliando assim a concepção de formação
profissionalizante. Um salto quantitativo e qualitativo no trabalho de
qualificação e colocação no mercado de trabalho.
Nesse contexto, o CTP passou a
preparar, qualificar e colocar o portador de deficiência no mercado de
trabalho e na sociedade, como cidadão produtivo, através de parcerias
com empresas públicas e privadas.
Para o encaminhamento dos aprendizes ao mercado de trabalho, o CTP
oferecia àquela altura três níveis de
programas: Preparação para o trabalho, com atividades voltadas para a
autonomia dos aprendizes e Cursos
de Qualificação Profissional, além da
colocação no mercado de trabalho.
processo de redemocratização do
país ganha corpo em todo o país.
Em 1982, os brasileiros foram às urnas
eleger os governadores dos estados.
Em 1984, manifestações em todo o
país reivindicavam Diretas Já, mas
o Congresso elege Tancredo Neves,
que morreu antes de tomar posse. O
vice, José Sarney, é empossado sob o
manto protetor do deputado Ulysses
Guimarães.Em 1988, o Brasil tem uma
nova Constituição que garante eleições
diretas para presidência da República.
Um ano depois, Fernando Collor é eleito
presidente do Brasil.
A
O Ano Internacional das Pessoas
Deficientes contribuiu como estímulo
para a união de forças das pessoas com
deficiência e de seus familiares em todo
o mundo e, consequentemente, para a
expansão do movimento organizado.
Foi, na verdade, um divisor de águas que
apontou o caminho da cidadania para
essas pessoas. O novo desafio consistia na
mudança de foco das políticas públicas, a
serem formuladas com a participação das
pessoas deficientes, que compartilhassem
suas experiências e expectativas de
soluções para a remoção de barreiras
sociais e a sua plena integração na
sociedade. A efetiva participação da
pessoa com deficiência neste processo
tinha também o caráter estratégico de
chamar a atenção para a mudança da
percepção de que as reivindicações deste
segmento eram direitos e não caridade.
Para isso, o movimento passou a
enfatizar que a deficiência é uma
questão de direitos humanos e que estas
violações estão institucionalizadas nos
sistemas administrativos de cada país.
Caberia, portanto, às organizações
identificar as violações específicas e fazer
com que a comunidade inteira passasse a
conhecê-las.
técnica da fertilização in vitro chega ao Brasil em 1984,
com o nascimento do primeiro bebê de proveta do país,
a menina Anna Paula Caldeira. Em contrapartida, as questões
ambientais ainda eram preocupações restritas a grupos isolados.
O acidente nuclear com o Césio 137, em
Goiânia, em 1987, foi um dos primeiros
assuntos sobre o tema a ocupar o noticiário
e chamar a atenção da sociedade. Um ano
depois, outro fato expõe a questão ambiental
contrapostas aos interesses econômicos. Em
2 de dezembro de 1988, o seringueiro.e líder
ambientalista Chico Mendes é assassinado
em Xapuri, no Acre, e atrai a atenção
da imprensa mundial para os conflitos
ambientais na Amazônia.
27
Grandes transformações na Apae Salvador
Fachada da sede da Pituba, em 1990
N
a década de 80, a Apae Salvador viveu momentos de
grandes transformações. Com a
ajuda do general Gustavo Reis, na
época comandante da 6ª Região
Militar, em um trabalho conjunto
com o então governador Antonio
Carlos Magalhães, conseguiu a
doação de uma casa, localizada
na Avenida Jequitaia, em São Joaquim, para a instalação da sede
da Instituição.
A mudança possibilitou a
melhoria da qualidade do atendimento aos alunos da Instituição e
também a ampliação do número
de vagas na escola. Nesse período, cerca de 90 crianças e adoles28 centes passaram a ser assistidas
A Bahia
no ritmo
de Axé
O
A mesma fachada, em 1999
pela Apae Salvador. Àquela altura,
as atividades desenvolvidas pela
Instituição já abrangiam a área de
educação, atendimento médico e
os primeiros passos para a capacitação profissional.
Em janeiro de 1987, a Apae
Salvador recebeu do então prefeito Fernando Wilson Magalhães,
a doação de um terreno no bairro
da Pituba para a construção de
uma nova sede. Graças a significativa contribuição da presidente
das Voluntárias Sociais e primeiradama do Estado, Yeda Barradas
Carneiro, a Apae Salvador pode
iniciar a construção do prédio.
Formou-se, então, um grande mutirão, do qual participaram órgãos
s baianos vão às urnas e elegem João Durval
Carneiro governador da Bahia. Os ventos da abertura
política começam a refletir na Bahia. Com a eleição de
Tancredo Neves e a posterior posse de Sarney, o estado é
representado no novo governo com três ministros: Antonio
Carlos Magalhães, no Ministério das Comunicações;
Waldir Pires, na Previdência Social, e Roberto Santos,
na Saúde. Em 1986, a Bahia dá adeus a sua mais famosa
Ialorixá, Mãe Meninha do Gantois. Neste mesmo ano,
Waldir Pires é eleito governador da Bahia, num pleito
histórico, que envolveu a quase totalidade do eleitorado
baiano. Dois anos depois, Waldir Pires renunciou ao
governo para disputar a corrida presidencial como vicepresidente na chapa do PMDB, liderada por Ulysses
Guimarães. Em seu lugar, assumiu o seu vice, Nilo Coelho.
públicos, empresas e a comunidade, para que, em 20 de outubro de
1989, a nova sede fosse inaugurada. O presidente da Apae, Raimundo Magaldi, recebeu mais de um
mil convidados na solenidade de
inauguração. Todos, grandes colaboradores da obra.
Com duas sedes, a Apae pode
dividir melhor suas atividades. Nas
instalações da Pituba, ficaram os
serviços de ambulatório e laboratório, e escola, que atende a crianças na faixa etária de três a 14 anos.
No prédio da Jequitaia passou a
funcionar o Centro de Treinamento e Produção, o CTP, destinado à
profissionalização de adolescentes
e jovens, a partir dos 14 anos.
Corde é reestruturada
Criada em 1986 por decreto presidencial, a
Coordenadoria Nacional para Integração das Pessoas
Portadoras de Deficiência (Corde) foi reestruturada
pelo Congresso Nacional três anos depois, em 24
de outubro de 1989, quando foi sancionada a Lei
7.853, que regulamentou os direitos da pessoa com
deficiência, previstos na Constituição Federal.
Desfile da Primavera
Alunos em atividade
A nova legislação estabeleceu as normas gerais de
apoio às pessoas com deficiência, sua integração
social, assegurando o pleno exercício de cidadania
dos direitos individuais e sociais. A lei responsabilizou
o Ministério Público pelas ações civis públicas
destinadas à proteção de interesses coletivos ou
difusos dos deficientes e criminalizou o preconceito
contra essas pessoas, que passou a ser punível de
multa e reclusão de um a quatro anos.
A Corde foi reestruturada como órgão autônomo,
subordinado à Presidência da República e dotado
de autonomia administrativa e financeira. Passou
também a ser responsável pela coordenação de
todas as medidas e ações governamentais referentes
à pessoa com deficiência, além de propor as
providências necessárias para a completa efetivação
da Política Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência.
A nova legislação também reformulou a Secretaria
de Educação Especial do MEC e instituiu a criação
de órgãos encarregados da coordenação setorial de
assuntos relacionados a esta parcela da população
nos Ministérios da Saúde, do Trabalho e da Previdência
e Assistência Social.
29
Festa de aniversário, no CTP
A
Praia dos Artistas, na Boca do
Rio, onde fica a famosa Barraca
do Aluísio, vira point de artistas,
celebridades e da moçada esperta,
que introduz a prática do topless na
capital baiana. Outro ponto da moda
é o Circo Troca de Segredos, armado
na Praia de Ondina, palco de grandes
festas, shows e celebrações dos mais
diversos estilos, incluindo o som
nostálgico da orquestra do maestro
Reginaldo da Conceição. Para os
mais jovens, a grande pedida eram as
festas de 15 anos na Cabana da Barra
e as festas do Maria Fumaça.
O
legendário Carnaval da Bahia muda de cara
nos anos 80. O som do fricote de Luiz Caldas e
das bandas Reflexo e Mel inauguram o Axé Music,
que lança novos nomes no cenário nacional, como
Daniela Mercury. Os blocos Afros Olodum, Ilê Ayê
e o afoxé Filhos de Gandhi mudam a configuração
do desfile. As mortalhas e macacões cedem lugar
aos abadás, enquanto um novo circuito é criado
entre a Barra e Ondina.Três novos canais de TV
se instalam na Bahia. Ao lado da Itapoan e Aratu,
as TVs Bandeirantes, Bahia e Educativa passam
a entreter os baianos e a oferecer um cardápio
variado de programas locais e em rede. O programa
Parquinho, de Tia Arilma, revela jovens talentos
locais, como Miss Mara, Geisa e Deusete.
Capítulo 4
30
31
A maioridade
Inclusão com nova identidade
Instalação do
XVII Congresso
Nacional das
Apae´s em
Salvador/BA
A
s conquistas alcançadas na luta pelos direitos de cidadania da
pessoa com deficiência se consolidam no Brasil a partir dos anos 90.
A palavra de ordem agora é inclusão. Diferente do conceito de integração, que sugeria a aceitação da pessoa com deficiência pela sociedade, o termo inclusão representa um processo de aprendizagem recíproco, uma nova escala de valores, onde a pessoa com deficiência
também contribui no processo de formação da sociedade.
Trata-se, na verdade, de uma nova visão pedagógica que propõe
a universalização do processo educativo e reconhece os dotes únicos
que cada indivíduo traz para uma situação ou para a comunidade. Embora as duas perspectivas terminológicas, a da integração e da inclusão, apresentem como tese principal a incorporação da pessoa com
32
Sob a égide das
guerras étnicas
O
mundo voltou a ficar polarizado
nos anos 90. A tranqüilidade pós
guerra fria durou pouco. Em 1990, o
Iraque invadiu Kuwait, mas o conflito
assumiu grandes proporções, com o
envolvimento dos Estados Unidos. Os
americanos ficaram desesperados, porque
perderam seus fornecedores de petróleo.
George Bush, o pai, decide intervir e
ataca Sandan Hussein, que se rendeu
em abril de 1991. A Guerra do Golfo
foi a primeira a contar com cobertura
total da mídia. A TV, especialmente o
canal a cabo CNN, transmitia, ao vivo,
bombardeios, mortes e destruições.
A
supremacia americana sobre o
resto do mundo se consolida
em 1991, quando Gorbachev,
renuncia ao cargo. A desintegração
da União Soviética provocou
um efeito cascata nos países do
Leste Europeu. A Iugoslávia entra
em guerra étnica. Em 1992, Bill
Clinton é eleito presidente dos
Estados Unidos. Um ano depois,
o governo de Israel reconheceu
a Organização para a Libertação
da Palestina (OLP). Em 1994,
Mandela assume o governo da
África do Sul.
Inauguração da Quadra de Esportes do CTP atual CEFAP
deficiência ao ensino regular, o
termo inclusão é mais abrangente, porque implica na troca mútua
de experiências, com ênfase no
respeito à diversidade.
A proposta de educação inclusiva surgiu pela primeira vez na
Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em
1990, em Jomtien, na Tailândia,
mas só ganhou corpo com a Declaração de Salamanca sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área
das Necessidades Educativas Especiais, documento assinado por
88 governos e 25 organizações internacionais, durante a Conferência Mundial de Educação Especial,
E
promovida pela ONU, entre 7 e 10
de junho de 1994, em Salamanca,
na Espanha.
Reconvocando as várias declarações da ONU que culminaram
no documento Regras Padrões
sobre Equalização de Oportunidades para Pessoas com Deficiências, a Declaração reivindica aos
países que assegurem a educação das pessoas com deficiências
como parte integrante do sistema
educacional, reafirma o compromisso com a manutenção de classes inclusivas no sistema regular
de ensino e orienta os Estados e
entidades governamentais e nãogovernamentais na adoção da
m agosto de 1997, o mundo parou para chorar a
morte de Lady Di, a princesa do povo, a mulher
mais famosa do planeta, perseguida e fotografada à
exaustão pela imprensa, desde que foi apresentada
ao mundo como futura mulher do príncipe Charles.
Admirada em proporções espantosas, Diana Spencer
despertava um sentimento intenso nas pessoas
comuns do mundo inteiro, que acompanharam
ao longo dos anos cada capítulo da sua vida. Do
conto de fadas expresso no Casamento do século
ao martírio de esposa rejeitada e infeliz. A mãe do
futuro rei da Inglaterra morreu num acidente de
carro, em Paris, encerrando tragicamente o romance
com o namorado egípcio Dodi Al Fayed, morto no
mesmo acidente.
educação inclusiva.
Outra novidade introduzida
pela Declaração de Salamanca diz
respeito ao conceito de portador
de necessidades educativas especiais, referindo-se a crianças e
jovens cujas necessidades decorrem de sua capacidade ou de suas
dificuldades de aprendizagem. É
nesse contexto que o documento
defende a idéia de que todas as
escolas devem acolher todas as
crianças, independente de suas
condições físicas, intelectuais, sociais, econômicas e lingüísticas e
prega a necessidade de transformações sócio-educacionais no
sistema regular de ensino.
33
A
revolução tecnológica iniciada nos anos
70 começa a se difundir e se popularizar
pelo mundo na década de 90. O computador
pessoal passa a fazer parte do universo dos
eletrodomésticos das casas, a Internet deixa
a academia e dissemina-se em redes virtuais
pelos quatro cantos do planeta, trazendo
consigo uma nova cultura, na qual a noção de
tempo e espaço é totalmente reformulada. Na
área médica, a pesquisa genética proporciona
avanços de toda ordem. Em 1990, cientistas
anunciam o projeto Genoma Humano e sete
anos mais tarde, o embriologista escocês Ian
Wilment apresenta ao mundo a ovelha Dolly,
o primeiro clone de um mamífero.
Deficiência mental tem nova definição
A
pesar dos avanços registrados ao longo dos anos, o
conceito de deficiência mental
na área médica manteve-se inalterado até 1992, quando a Associação Americana de Deficiência
Mental (AAMR) adotou uma nova
definição para esta condição e
parâmetros mais amplos para o
diagnóstico e o prognóstico da
pessoa com deficiência.
A partir do novo conceito, a
deficiência mental deixou de ser
considerada um traço absoluto
da pessoa que a tem, passando
a ser um atributo que interage
com o seu meio físico e humano.
O meio e as pessoas é que devem
se adaptar às necessidades especiais dessa pessoa, provendo-lhe
o apoio intermitente, limitado,
extensivo ou permanente de que
ela necessita para funcionar em
10 áreas de habilidades adaptativas: comunicação, autocuidado,
habilidades sociais, vida familiar,
uso comunitário, autonomia, saúde e segurança, funcionalidade
acadêmica, lazer e trabalho.
Os novos paradigmas propõem um enfoque multifatorial
34 na compreensão e medida de in-
O Brasil
volta às
ruas
O
Curso para formação de professores
teligência e colocam em xeque a
definição adotada pela OMS, em
1976, cujo diagnóstico era feito
com base no comprometimento
de três critérios: a idade de instalação; habilidades intelectuais
significativamente inferiores à
média; e a limitação em duas ou
mais das 10 áreas de habilidades
adaptativas estabelecidas.
A classificação da AAMR se
consolidou dois anos mais tarde,
com a edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), um dos
sistemas de apoio da AAMR, que
muda os parâmetros da antiga
classificação de Leve, Moderado,
Profundo e Severo, se baseava
s anos 90 começam com novos
desafios para o país. Fernando
Collor, o primeiro presidente eleito
pelo voto direto depois da ditadura
militar, toma posse, muda as regras
da economia e decreta o seqüestro da
poupança. A crise política, desencadeada
por denúncias de corrupção, provoca
manifestações em todo país. Os jovens
vão às ruas de caras-pintadas. O
Congresso Nacional inicia o processo de
impeachment, sustado pela renúncia do
presidente, em 1992. No plano externo, o
Brasil e outros países latino-americanos
fundam o Mercosul.
apenas em testes psicométricos,
ou de QI. A principal mudança se
verifica na interpretação das habilidades adaptativas. Para a AAMR,
as limitações nas habilidades
adaptativas normalmente coexistem com pontos fortes em outras
áreas de competência pessoal.
Nesse sentido, a deficiência mental passa a ser definida a partir
de um contexto social, que, com
apoios apropriados durante um
período controlado, o funcionamento da pessoa com deficiência
experimentará melhoras. As práticas dos serviços de reabilitação
passam, então, a se basear nas
capacidades, limitações e necessidades de apoio da pessoa.
Terminologias se ajustam
à nova realidade
Ao tempo em que o movimento pelos direitos da pessoa
com deficiência se fortaleceu, palavras e conceituações mais
apropriadas ao seu patamar de valorização começam a ser
incorporadas ao discurso dos ativistas desse movimento. As
palavras trazem consigo diversos significados. Revelam formas de
interpretar o mundo e têm o poder de reproduzir idéias e também
preconceitos. Estes significados e interpretações, porém, são
dinâmicos e mudam de acordo com o momento sócio-histórico e
com o contexto.
Tania Brandão com alunos
Alunos participam de coral
Segundo o assistente social e consultor na área de inclusão social,
Romeu Sassaki, excepcionais e posteriormente deficientes, foram
os termos utilizados nas décadas de 50, 60 e 70 para designar
pessoas com deficiência mental. Com o surgimento dos estudos
e práticas educacionais na área de altas habilidades ou talentos
extraordinários nas décadas de 80 e 90, este termo passou a se
referir apenas a pessoas com inteligência lógico-matemática abaixo
da média e a pessoas com inteligências múltiplas acima da média,
as superdotadas.
A partir de 1981, por influência do Ano Internacional das Pessoas
Deficientes, começa-se a escrever e a falar em pessoa deficiente.
O acréscimo da palavra pessoa, passando o vocábulo deficiente
para a função de adjetivo, foi uma grande novidade na época. Aos
poucos, entrou em uso a expressão pessoa portadora de deficiência,
frequentemente reduzida para portadores de deficiência.
No início da década de 90, em função da nomenclatura adotada
na Declaração de Salamanca, a terminologia mais correta passou
a ser a de pessoas portadoras de necessidades especiais. No final
dessa década, porém, as pessoas com deficiência ponderaram que
eles não portam deficiência, que a deficiência que eles têm não é
como coisas que às vezes se porta e às vezes não se porta, como um
documento ou um guarda-chuva. Para eles, o termo que melhor de
aplicaria à sua condição seria pessoa com deficiência.
35
Aula no Laboratório de Informática
O
governo agora é do vice-presidente, Itamar
Franco, que convida o ex-senador Fernando
Henrique Cardoso para comandar o Ministério
da Fazenda e assumir o caos na economia. A
inflação estratosférica é contida pela decretação
do Plano Real. Com nova moeda, o Real, e
economia estabilizada, os brasileiros elegem
FHC para a Presidência da República, em 1994.
O governo recém-eleito imprime novos valores
na economia e na administração pública, com
reformas em vários níveis. A primeira-dama,
Ruth Cardoso muda as regras da assistência
social com o Programa Comunidade Solidária.
Os índices de aprovação do governo disparam
e o pai do Plano Real é reeleito, em 1998.
E
m 1994, o Brasil conquistou o
tetracampeonato mundial de futebol.
Mas, o esporte brasileiro perde Ayrton
Senna. O piloto brasileiro mais premiado da
Fórmula 1 foi enterrado como herói. No âmbito
da cultura, os brasileiros puderam assistir
pela primeira vez a um show dos Rolling
Stones e festejar a indicação de Fernanda
Montenegro ao Oscar de Melhor Atriz,
pelo seu trabalho em Central do
Brasil. Mas perdeu, em 1994, o
cantor, compositor e maestro Tom
Jobim. Em 1996, um acidente
de avião mata os integrantes do
irreverente Mamonas Assassinas.
Lei de Cotas garante inclusão no me
A
Lei 8.213, de 24 de julho de
1991, a chamada Lei de Cotas para a pessoa com deficiência
trouxe uma nova perspectiva para
o problema da exclusão do deficiente no mercado de trabalho. No
seu artigo 93, a lei estabelece cotas
para pessoas com deficiência em
empresas com mais de 100 empregados, obrigando-as a destinar de
2 a 5% do seu quadro de pessoal
para pessoas com deficiência.
Segundo Tânia Brandão, gerente do Centro de Formação e Acompanhamento Profissional (Cefap),
da Apae Salvador, a partir desta
legislação, houve uma mudança
significativa na formação profissionalizante, porque impulsionou
a demanda das empresas por
pessoas com deficiência, que podem atuar no mundo do trabalho.
“Desde então, procuramos garantir
36 não só a inserção do deficiente em
O Brasil na
cibercultura
A
postos de trabalho, mas também
o respeito aos direitos trabalhistas
dessas pessoas. Temos a preocupação de formar uma sociedade mais
responsável e cidadã”, explica.
As novas tendências mundiais
apontam para um novo caminho,
onde não basta apenas contratar,
mas é necessário criar ações contra a discriminação e incentivar a
conscientização por parte da comunidade. A partir dessa legislação, várias experiências vem sendo
adotadas, a exemplo do chamado
Emprego Apoiado. O método consiste na capacitação profissional da
pessoa com deficiência especificamente para as vagas colocadas à
disposição pelas empresas. Além
disso, o conceito envolve mecanismos e recursos de adaptação do
deficiente no local de trabalho até
que ele seja plenamente incorporado à comunidade.
Internet e o celular são os
desejos de consumo de 10
entre 10 brasileiros. Em tempos
de globalização da economia, as
novas tecnologias de informação
e comunicação passam a fazer
parte do dia-a-dia dos brasileiros.
Verbos como navegar, acessar,
salvar, enviar e deletar são
incorporados ao vocabulário
de crianças, jovens e adultos.
Quem resistia à nova linguagem
eletrônica não teve muita opção
e o jeito foi embarcar na onda
virtual.
Estudos e pesqui
A institucionalização da educação
inclusiva desencadeou uma verdadeira
avalanche de estudos e pesquisas sobre
educação especial no âmbito acadêmico.
Tendo como foco principal a inclusão, a
maioria desses trabalhos recorria a uma
linha de pensamento que privilegiava a
articulação entre os conceitos de desenvolvimento e aprendizagem. Nesse sentido, dois teóricos passaram a influenciar
o campo pedagógico: Piaget e Vigotsky,
ambos construtivistas, interacionistas e
preocupados com o protagonismo do
sujeito na construção do conhecimento.
Especificamente no Brasil, a matriz
de pensamento construtivista se destacou como a mais adequada à revisão
crítica do ato de aprender/ensinar, firmemente marcado, até a década de 80,
pela influência da corrente elementarista behaviorista, responsável pela grande
ênfase dada aos suportes pedagógicos.
Embora o construtivismo não seja considerado uma teoria de ensino, seus conceitos se constituem em matriz específica de pensamento científico, na qual se
sustenta a tese de que a teoria do conhe-
rcado de trabalho
sa formam base teórica
cimento deve lidar com o que
é essencial no conhecimento
para que o sujeito adquira
uma real experiência e não
com a oposição entre a realidade e o conhecimento.
Para os construtivistas, o
conhecimento é ativamente
construído pelo sujeito cognoscente e não passivamente
recebido por ele do meio ambiente. Entre os autores que
adotaram essa concepção,
tanto Piaget como Vigotsky
são considerados fundamentais em suas colocações, para
a compreensão das relações
entre aprendizagem e desenvolvimento. Para Piaget,
o aluno deve ser o autor do
seu conhecimento e ninguém
poderá fazer isto por ele. Entretanto, a sua aprendizagem
depende do nível de desenvolvimento em que ele se
encontra. A atividade do ser
humano, os exercícios que lhe
são oferecidos, a problematização de situações, enfim, todos esses fatores são considerados por Piaget de extrema
importância para quem está
aprendendo e contribuem
para o desenvolvimento das
estruturas mentais.
Vigotsky defende um
conceito múltiplo de desenvolvimento humano. Enfatiza
a diferença entre o desenvolvimento que está sujeito às
leis biológicas da maturação,
resultado de certos ciclos de
desenvolvimento já completados, e o desenvolvimento
mental, que tem como base
a aprendizagem que a criança realiza no cotidiano de sua
vida, portanto, construído a
partir do contexto social no
qual está inserida. Para ele, o
que move o sujeito a se constituir e a constituir subjetivamente o mundo real são os
elementos da cultura.
A
Bahia ganha
destaque na
música Pop mundial.
Depois de Paul
Simon, é o pop star
Michael Jackson
que grava clipe com
o Olodum, tendo
como cenário o
conjunto arquitetônico
do Pelourinho,
que começou a
ser restaurado e
revitalizado no início
do governo ACM.
Educação inclusiva
vira realidade
A educação inclusiva foi estabelecida no Brasil pela
Constituição Federal de 1988, mas a sua regulamentação
só ocorreu com a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a
chamada Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
que entrou em vigor no ano seguinte. Além de estabelecer
que a educação é direito social de todo cidadão brasileiro,
o artigo 208 da Constituição prevê como dever do Estado o
atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996
esse dispositivo legal aparece revisto. No artigo 4º,
a LDB reafirma o dever do estado de promover o
atendimento educacional especializado gratuito
aos alunos portadores de necessidades educativas
especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.
Prevê a prestação de serviços de apoio especializado
e abre possibilidades ao atendimento em classes,
escolas ou serviços especializados, quando não houver
possibilidade de integração na classe comum.
A nova legislação representa um grande avanço
para a educação especial, que passa a ser vista como
modalidade de ensino, concedendo um capítulo
específico para suas determinações. Para a sua
implantação definitiva, é concedido o prazo de 10
anos, período previsto para que estados, municípios
e entidades se organizem para a formação de classes
inclusivas. Na prática, porém, esse dispositivo legal
requer a participação coletiva, visando, primeiramente,
a mudanças de atitude do professor a um novo processo
de formação desse profissional que atuará com essa
clientela, as novas propostas de gestão educacional, à
suspensão de barreiras arquitetônicas, além de visar à
criação de suporte técnico especializado para atender as
especificidades desses alunos.
37
E
m 1999,
Salvador
comemorou seus
450 anos de
fundação com
muitas festas em
toda a cidade.
No esporte,
os baianos
comemoram a
conquista do
primeiro título
mundial de
boxe de Acelino
Freitas, o Popó.
Sexualidade
começa
a ser
discutida
A
sexualidade das pessoas é inegável e com
quem tem deficiência não é diferente. Como
atributo humano, a sexualidade é inerente a qualquer pessoa a despeito de limitações de cunho
biológico, psicológico ou social. Ainda que a deficiência mental possa influenciar a capacidade de
manifestar e vivenciar vínculos afetivo-sexuais, o
maior problema enfrentado pelo deficiente mental não está na sua condição biológica ou no déficit intelectual, mas na dificuldade da sociedade
em lidar com a manifestação e com a educação
sexual da pessoa deficiente mental.
A partir dos anos 90, o assunto passou a ser
discutido pelos órgãos e entidades. Mas ainda
hoje, a sexualidade da pessoa com deficiência
é tema controverso, principalmente nas famílias. Segundo alguns autores, as barreiras que
podem limitar a vivência da sexualidade do
deficiente mental encontram nos níveis físico,
38 psicológico e social. Entre as barreiras físicas,
Nas ondas
da baianidade
pop-nagô
D
Cena do espetáculo Do Sarau ao happy hour
epois de um jejum político de quatro anos,
ACM volta ao governo da Bahia nos
braços do povo. Dois anos depois, Salvador
elege Lídice da Mata, então no PSDB, para
a Prefeitura da cidade. Em 1994, ACM e seu
vice, Paulo Souto, se desimcompatibilizam dos
cargos para disputar às eleições para o Senado
e governo do Estado, respectivamente. O
presidente da Assembléia Legislativa, Antonio
Imbassahy assume o governo, em regime de
mandato-tampão. O PFL vence o pleito. ACM
assume uma vaga no Senado, Paulo Souto é
o novo governador da Bahia e Imbassahy é o
candidato do grupo e vence as eleições de 1996
para a Prefeitura de Salvador.
estes teóricos citam a falta de
aptidão verbal, de locomoção e
de higiene pessoal, entre outros.
As barreiras psicológicas dizem
respeito ao tédio, isolamento,
depressão e baixa auto-estima
enquanto as sociais estariam
no isolamento, falta de convívio entre amigos, discriminação
e preconceitos sociais.
Já outros autores reforçam
que os aspectos sociais que refletem no desenvolvimento psicossexual da pessoa com deficiência mental estariam limitados
à imagem corporal, a auto-estima, a manifestação da identidade e do papel sexual, além
da sua vulnerabilidade à exploração sexual por terceiros. Para
resgatar os aspectos sexuais,
muitas vezes comprometidos
pela sociedade, estes autores
defendem que é preciso observar como o processo de educação sexual tem permitido à pessoa com deficiência mental dar
e receber afeto e exteriorizar as
pulsões libidinais comuns a todos desde o nascimento.
Neste contexto, a educação
sexual passa a ser considerada como um processo amplo
que permeia toda a vida da
pessoa ao longo de seu desenvolvimento, incluindo a
C
andidato de ACM ao governo
do estado, em 1998, o
deputado Luís Eduardo Magalhães
morre de infarto, em abril daquele.
O vice-governador César Borges,
que havia assumido o governo
com a desimcompatibilização de
Souto para disputar o Senado,
ocupa o lugar do filho de ACM
na chapa do PFL e assume
definitivamente o governo em
1998. O ciclo carlista no governo
baiano perdura ainda por mais oito
anos, com a volta de Paulo Souto,
nas eleições de 2002.
aprendizagem de regras sociais
em relação à sexualidade. Já a
questão da identidade sexual,
vista como o sentimento e a
auto percepção que as pessoas têm em relação ao gênero
e se expressam como ‘sentir-se
homem’ ou ‘sentir-se mulher’,
no desenvolvimento sexual da
pessoa com deficiência mental
este processo pode estar comprometido, pois, na maioria das
vezes, a criança cresce segregada de um convívio social mais
amplo e as poucas informações
que recebe acabam sendo veiculadas genericamente e assimiladas de forma deturpada.
A partir da focalização do
tema em congressos e outros
eventos técnico-científico, a
discussão da sexualidade de
uma pessoa deficiente mental
vêm sendo marcada por dois
grandes mitos. Primeiro de que
a pessoa com deficiência seja
assexuada. O segundo mito é
o de que ela seja hipersexuada.
Estes mitos desconsideram que
as necessidades, desejos e capacidades sexuais dos deficientes
mentais são iguais aos das pessoas não deficientes, embora
no trato social esta manifestação possa ser, simbolicamente,
registrada como diferente.
E
Anos 90
Dia
Internacional
é instituído
O Dia Internacional
das Pessoas com
Deficiência foi proclamado pela 37ª
Sessão Plenária Especial sobre Deficiência
da Assembléia Geral da ONU, em 14 de
outubro de 1992. Naquele momento, as
Nações Unidas comemoravam o término
e as conquistas alcançadas pela Década
Mundial de Apoio a Pessoa Portadora
de Deficiência, destinada a estimular o
cumprimento dos direitos dessas pessoas à
educação, à saúde e ao trabalho.
A data escolhida, 3 de dezembro, coincide
com o dia em que a ONU adotou o
Programa de Ação Mundial para as
Pessoas com Deficiência, em 1982. O
destaque desta data a cada ano tem o
objetivo de promover a compreensão
das questões relacionadas à deficiência e
mobilizar a população para o respeito a
dignidade, aos direitos e o bem-estar das
pessoas com deficiência.
A idéia foi projetada para dar apoio ao
trabalho das organizações das pessoas
deficientes que podem utilizá-lo para
promover as organizações e os direitos das
pessoas com deficiência no mundo inteiro
– nos níveis local, nacional, regional e
internacional. Trata-se também de uma
oportunidade para estimular o debate
sobre os assuntos de deficiência em geral e
tornar públicos os programas, as políticas
e as leis boas e más.
m 1992, a Bahia inteira chorou a morte de
Irmã Dulce, o Anjo bom da Bahia. Nascida em
1914, decidiu aos 13 anos seguir a vida religioso
para ajudar mendigos, enfermos e desvalidos. Aos
18 anos ordenou-se e começou a cuidar de pessoas
doentes, transformando o galinheiro do convento
num albergue para pobres. Construiu farmácia,
posto de saúde e uma cooperativa de consumo.
Fundou o Círculo Operário da Bahia, que além de
escola de ofícios e, mais tarde, o Hospital Santo
Antonio, embrião do que mais tarde se chamaria
Obras Sociais Irmã Dulce. Quase não comia e não
dormia e, por isso, sofria de insuficiência pulmonar.
Desde a sua morte, corre no Vaticano, o processo
para a sua beatificação.
39
Difusão do conhecimento passa a área de atuação
A
profusão de novos debates
sobre deficiência mental, o
interesse demonstrado pelos
estudantes universitários sobre
o tema e o sucesso de público
do XVII Congresso Nacional das
Apaes, realizado em Salvador
foram algumas das razões que
levaram a Apae Salvador a desenvolver o projeto do Centro
de Estudos e Difusão de Tecnologia (Cedit)
Lançado em 11 de junho
de 1999, o Cedit tem o objetivo de promover o desenvolvimento cultural, educacional e
científico de profissionais que
atuam nas áreas de educação,
saúde e trabalho. Além disso, o
Cedit tem a atribuição de captar recursos para a manutenção
da Apae, através do aluguel do
novo auditório que começou a
ser disponibilizado a outras instituições para a realização de
eventos.
Na área de desenvolvimento profissional, o Cedit produziu diversos cursos, seminários
e workshops nas áreas de educação, saúde e trabalho. Anu40 almente são promovidos pelo
Nas ondas da
profissionalização
P
Cedit pelo menos dois grandes
eventos técnico-científicos, a
exemplo do I Simpósio Internacional sobre a Eficiência na
Aprendizagem, que contou com
a presença do poeta amazonense Tiago de Melo. Durante todo
o ano, o Cedit mantém uma
programação de cursos, como
o Curso Básico Neuroevolutivo
Conceito Bobath, uma aborda-
gem fisioterapêutica para pacientes com paralisia cerebral.
Os cursos de extensão nas
áreas de educação e de saúde:
Aquisição da linguagem e a sua
relação com o desenvolvimento infantil, Desenvolvimento da
lógica da criança, Síndrome de
Down: o que o professor precisa
saber e Ludicidade como estratégia de inclusão escolar.
Instituição investe na
A extinção da Legião Brasileira de Assistência (LBA), no
início do governo Fernando
Henrique Cardoso, em 1994,
provocou um momento de
grande instabilidade para as
entidades não-governamentais, uma vez que os recursos
federais destinados à assistência social eram repassados
através deste órgão. Se por
um lado o fim da LBA deixou
órfã boa parte das entidades
filantrópicas, por outro se
constituiu numa espécie de
mola propulsora no processo
ara homenagear as entidades e clubes de serviços
que, ao longo das últimas décadas, se dedicaram
a ajudar as instituições filantrópicas, a Apae de
Salvador, preparou uma grande festa, em novembro
de 1999, no auditório da Casa do Comércio. Além da
entrega de troféus aos representantes das Voluntárias
Sociais, Instituto de Ação Comunitária (IAC),
International Womens Club, Internacional Lions
Clube, Rotary Clube e o Grupo Conviver, foram
entregues os prêmios Reconhecimento e Destaque,
conferidos, respectivamente, aos jornalistas que
durante aquele ano ajudaram a divulgar as atividades
desenvolvidas pela instituição e também a pessoas
da comunidade que contribuíram para melhoria da
assistência prestada ao deficiente em Salvador.
de profissionalização dessas entidades, que passaram a buscar formas autônomas de sobrevivência.
Nesse contexto, a solução
encontrada pela Apae Salvador
foi investir, sistematicamente, na
profissionalização e modernização da sua gestão administrativa
e financeira e na implantação de
serviços que passaram a ser oferecidos à comunidade, como forma de gerar recursos para viabilizar o atendimento a pessoa com
deficiência.
Naquela época, as atividades
desenvolvidas pela Apae Salva-
Instalações do Laboratório de Análises Clínicas
profissionalização
dor foram distribuídas em
atividade fim e atividade
meio. A primeira envolvia
as atividades destinadas
ao cumprimento da sua
missão, o atendimento a
pessoa com deficiência.
A segunda, referia-se a
todos os serviços prestados pela Instituição com
o objetivo de arrecadar
recursos para a sua manutenção e o atendimento
de sua missão.
Paralelamente, foi implantado um serviço de
telemarketing que visava
a cooperação da comunidade, através de doações.
Na área de comunicação,
as ações se voltaram para
o nível mercadológico
com a finalidade de divulgar os serviços oferecidos
à comunidade, destacando o seu caráter diferencial, uma vez que ao
utilizá-los as pessoas também estariam ajudando
o atendimento a pessoa
com deficiência carente
de Salvador.
41
41
O
ponto alto do evento foi a apresentação do
espetáculo Do Sarau ao Happy Hour – Uma
Revista do Século, encenado pelos aprendizes do
Cefap, que fizeram uma primorosa retrospectiva
dos principais acontecimentos do Século
XX. Integrando elementos de teatro, música,
dança e cinema, o trabalho abordou momentos
significativos de cada década do século e englobou
um elenco eclético, formado pelos aprendizes da
Apae, incluindo os alunos da Companhia de Dança
Opaxorô, do Grupo III Milênio e do curso A Bahia
e Suas Caras, que atuaram ao lado de artistas
profissionais. Após o encerramento, foi realizada
uma exposição de artes plásticas, também
produzida pelos alunos da instituição. .
Instalações do Centro de Diagnóstico e Pesquisa, o Cedip, da Apae Salvador
Serviços são oferecidos à comunidade
I
nicialmente, a Apae Salvador começou a atuar na área de saúde
para atender aos alunos da Instituição. A construção da nova sede,
na Pituba, inaugurada em 1989,
possibilitou a extensão dos serviços médicos à comunidade. Desde
então, os serviços de saúde oferecidos pela Apae Salvador têm dois
grandes objetivos: constituir-se em
fonte de receita para a Instituição
e contribuir para a prevenção de
doenças, sobretudo as que podem
levar à deficiência mental.
O Centro Médico, que começou a funcionar de forma tímida no
início dos anos 90, avançou tanto
que no final da década já era uma
referência no estado. Em 1992, a
Apae Salvador inaugurou o Centro
42 de Diagnóstico e Pesquisa (hoje
Na era da gestão
participativa
N
Cedip), onde passou a funcionar o
Laboratório de Triagem Neonatal
com o Teste do Pezinho. Num primeiro momento, a Apae fez uma
parceria com o Laboratório DLE,
do Rio de Janeiro, do patologista clínico Armando Fonseca. Pelo
convênio firmado entre as duas
instituições, a Apae fazia a coleta
dos exames e o laboratório carioca
realizava a análise do material que
era enviado pelo correio.
Com o crescimento do número
de exames, a parceria foi ampliada
e o DLE montou um laboratório na
sede da Apae e capacitou recursos
humanos locais para atender a demanda. No final da década, porém,
o DLE preferiu manter seu trabalho
apenas no Rio de Janeiro e a Apae
Salvador montou uma estrutura
própria e, com o know how adquirido, passou a oferecer o serviço de
forma independente para Salvador
e outros municípios do Estado.
A gestão bem-sucedida do
Laboratório de Rastreamento Neonatal deu segurança para que a
Apae alçasse vôos mais altos e estendesse a sua atuação laboratorial para as Análises Clínicas. Surgiu, então o Labac, o Laboratório
de Análises Clínicas, gerenciado
pelo Centro Médico da Instituição.
O projeto, aliás, já nasceu gerando
bons frutos. Em 1998, com pouco
tempo de funcionamento, o Labac
se associou ao Programa Nacional
de Controle de Qualidade (PNCQ),
da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, obtendo o conceito
de “Excelência”.
a festa que marcou a passagem do século XX,
a Apae concedeu o Prêmio Reconhecimento
os jornalistas Cristina Apulto e Maria Luíza
Brígido (Correio da Bahia), Suza Machado e Gilka
Maria Lisboa (A Tarde), Mara Campos (Tribuna
da Bahia) e Pedro Formigli (Gazeta Mercantil).
O Prêmio Destaque foi entregue ao prefeito de
Salvador Antônio Imbassahy, ao engenheiro René
Octávio Dantas e à empresária Margarida Luz.
Desde então, a Instituição concede, anualmente,
estes dois prêmios às personalidades que apóiam
as atividades desenvolvidas em prol da pessoa com
deficiência mental e aos jornalistas que ajudam
a divulgar as potencialidades que podem ser
desenvolvidas por este segmento da população.
Legislação avança
e garante cidadania
O processo de consolidação dos direitos da pessoa com deficiência
tem o seu ápice nos anos 90, com a adequação da legislação
brasileira às garantias constitucionais conquistadas por este
segmento da população. O primeiro grande passo foi incluir
artigos específicos para as crianças e adolescentes com deficiência
na Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA).
Seguindo a mesma linha da Constituição Federal, ali estão
assegurados mecanismos de proteção aos direitos da criança e
do adolescente de forma global, o que inclui os deficientes, como
previsto no capítulo V, que trata do direito à profissionalização e
à proteção no trabalho, assegurando ao portador de deficiência o
direito ao trabalho protegido.
Realização de exames do sangue
coletado no Teste do Pezinho
Vale destacar que, quando o ECA foi promulgado, em 1990,
o conceito de inclusão ainda não era tão disseminado; daí a
referência a uma modalidade de trabalho (protegido), que hoje está
em extinção. Em relação à educação, o ECA está em consonância
com a Constituição, que garante a qualquer criança acesso e
permanência na escola, além de priorizar o atendimento da criança
com deficiência na rede regular de ensino.
A Lei 7.853, a chamada Lei da Corde, promulgada em 1989, também
foi ajustada à nova realidade com o Decreto no 914, de 6 de setembro
de 1993. Assinado pelo então presidente Itamar Franco, o decreto
institui a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência, entendida como um conjunto de orientações
normativas com o objetivo de assegurar o pleno exercício dos direitos
sociais e individuais à pessoa com deficiência, incluindo ações
governamentais para a sua prevenção. O dispositivo legal, porém,
mantém a Corde subordinada ao Ministério do Bem-Estar Social,
para onde havia sido transferida no início do Governo Collor. Na sua
criação, a Corde tinha status de secretaria nacional, em função da sua
vinculação à Presidência da República.
43
Odontologia especial
O
utro programa que ganhou corpo
na Instituição foi o Programa do
Voluntariado. Trabalhando em parceria com a
comunidade e, principalmente, com as famílias
dos alunos, a Apae Salvador procura incentivar
a solidariedade da população e dos pais dos
alunos e aprendizes. Uma das atividades
introduzidas por voluntários foram as aulas
de tênis ministradas pelo ex-jogador amador
e professor de tênis Marcelo Soares de Paula.
Uma vez por semana, Marcelo se afastava um
pouco da sua empresa, a Play Point Academia,
e ensinava a 62 alunos da Apae as manhas do
esporte, que naquela altura, havia consagrado o
nosso Guga, nas quadras de todo o mundo.
P
or outro lado, o movimento de solidariedade
dos pais dos alunos é utilizado no Programa
Pais Apoio, composto de pais de crianças
portadores de deficiência mental, que são
treinados por médicos, enfermeiras, psicólogos,
assistentes sociais e pedagogos para prestar
apoio emocional e orientação aos pais recentes
desse tipo de criança, oferecendo solidariedade,
apoio e confiança. O grupo auxilia também os
profissionais envolvidos no difícil momento
de transmissão da notícia de que a criança
é portadora de alguma doença. O grupo
estabelece também um vínculo com a família
e continua a apoiá-la, mesmo após a saída da
unidade de saúde, através de visitas aos lares.
Capítulo 5
44
45
Os desafios
do futuro
O futuro e os desafios
da Terceira Idade
46
Ex-aluno e ex-aprendiz da Apae, Silvio Diamantino hoje é funcionário da Instituição
Pós-graduação
Atendimento familiar
Em 2004, em parceria com a Universidade de Santo
Amaro (Unisa), de São Paulo, a Apae Salvador iniciou
um programa de aperfeiçoamento e capacitação
profissional, oferecendo cinco cursos de pós-graduação
(especialização - Lato Sensu). Dirigido a profissionais
das áreas de educação, saúde e administração, os cursos
abrangem conteúdo exclusivo, que aliam a experiência
prática da Apae e a didática da Unisa. Além de promover
a transferência do conhecimento adquirido em tantos anos
de experiência no atendimento a pessoa com deficiência
mental, os cursos têm também o objetivo de contribuir
para a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade.
O trabalho desenvolvido pela Apae Salvador não se
restringem aos alunos. Pais e familiares dos alunos do
Ceduc e do Cefap recebem acompanhamento de uma
equipe multidisciplinar, formada por assistente social,
nutricionista, instrutor de dança, professor de educação
física e coordenadores pedagógicos da Instituição para
melhorar a qualidade de vida e diminuir os fatores de riscos,
como hipertensão, glicemia e o colesterol. Os benefícios
alcançados vão além dos aspectos físicos. Eleva a auto-estima
e possibilita melhoria das relações interpessoais entre os
familiares e os alunos, proporcionando dessa maneira, uma
maior integração entre eles e a Instituição.
O
terceiro milênio chega com novos desafios para a
pessoa com deficiência. As conquistas alcançadas ao
longo dos últimos trinta anos esboçam um quadro de
boas perspectivas, mas também de grandes responsabilidades. Os avanços registrados na medicina, as novas tecnologias, o acesso à informação e, sobretudo,
o processo de inclusão social, iniciado na década passada, são os principais fatores que vêm contribuindo
para aumentar a expectativa de vida da pessoa com
deficiência mental. Não existem estatísticas oficiais no
país, mas os profissionais que trabalham, nessa área
são categóricos em afirmar que a pessoa com deficiência mental está vivendo mais e muito melhor.
Para se ter idéia da evolução, segundo a médica geneticista Tatiana Amorim, da Apae Salvador,
no início do século XX, a expectativa de vida de uma
pessoa com Síndrome de Down era de 18 anos. Hoje,
a média em países como a Austrália, por exemplo, é
de 72 anos, enquanto para pessoas ditas normais é
de 80 anos, neste mesmo país.
Para a médica, diversos fatores contribuíram
para essa transformação. Os avanços na medicina,
como o aprimoramento das técnicas de reabilitação, as cirurgias cardíacas, o desenvolvimento e utilização de vacinas especiais, a exemplo da hepatite
A, são fatores de extrema importância neste processo. Entretanto, explica a médica, todo esse arsenal médico poderia ser irrelevante sem os avanços
conquistados nos aspectos psicossociais, principalmente os que se referem ao convívio social.
O aumento da expectativa de vida da pessoa
com deficiência tem levado as organizações a discutirem formas de atendimento para os idosos. Hoje,
no Brasil já existem experiências bem-sucedidas, baseadas em modelos de países mais desenvolvidos e
adaptadas à realidade brasileira.
Conceito de deficiência
atualiza terminologia
No terceiro milênio começa-se a perceber que é
necessário aceitar e reconhecer que a deficiência é parte
comum da variada condição humana e sua aceitação
conduz ao respeito, a dignidade à busca da convivência
harmoniosa entre todas as pessoas na sociedade,
independente das terminologias ou significações
de ordem social. Entretanto, segundo o assistente
social, Romeu Sassaki, a terminologia utilizada na
denominação da condição da pessoa com deficiência
acaba por interferir na sua auto-estima.
No início dos anos 2000, o termo Pessoa com Deficiência
era o mais usual e recorrente, no entanto, uma
tendência mundial, que o Brasil acompanha, já começa
a apontar como mais correta a referência “deficiência
intelectual”. De acordo com Sassaki, esta terminologia
parece ser mais apropriada por referir-se ao intelecto
especificamente e não ao funcionamento da mente
como todo. Por outro lado, explica o teórico, trata-se da
melhor forma de melhor distinguir “deficiência mental”
de “doença mental” que são termos parecidos, mas
designam condições diferentes.
Essa tendência vem se insinuando desde 1995,
quando a ONU realizou o simpósio Intellectual
Disability: Programs, Policies and Planning for the
future (Deficiência Intelectual: Programas, Políticas
e Planejamento para o futuro). Mas só se consolidou
com a Declaração de Montreal sobre Deficiência
Intelectual, aprovada na Conferência Internacional
sobre Deficiência Intelectual, realizada, em 2004,
pela Organização Pan-americana de Saúde (OPS) e a
Organização Mundial de Saúde (OMS), em Montreal, no
Canadá. Segundo Sassaki, a substituição do mental por
intelectual foi assumidamente proposital.
Bem Eficiente
O reconhecimento público da atuação da Apae Salvador se materializou,
em 2002, com a conquista do Prêmio Bem Eficiente. Concedido pela
Kanitz & Associados, empresa de consultoria na área de avaliação de
empresas, o Prêmio tem o objetivo de prestar um justo reconhecimento as
entidades filantrópicas que tiveram um desempenho profissional fazendo
o bem. AS 351 entidades indicadas foram analisadas dentro de padrões
internacionais. A Apae Salvador ficou entre as 50 melhores, graças aos
resultados organizacionais, financeiros, operacionais, de transparência
administrativa e de impacto social. O Prêmio Bem Eficiente é um dos
mais rigorosos da área e seus resultados são conferidos por um Conselho
Supervisor, que certifica que não houve favoritismo, influência política
ou subjetiva na escolha.
47
Estatuto deve ser aprovado
O
Estatuto da Pessoa com Deficiência está pronto para ser
votado pelo Congresso Nacional,
depois de cinco anos de uma longa tramitação. Aprovado pela Comissão de Direitos Humanos do
Senado, em 2006, o projeto, de
autoria do senador gaúcho Paulo
Paim (PT), foi relatado pelo senador
Flávio Arns (PT), ex-presidente da
Federação Nacional das Apaes, e
retornou à Câmara dos Deputados,
onde o projeto substitutivo será
apreciado.
A nova legislação tem o objetivo de assegurar, promover e
proteger o exercício pleno e em
condições de igualdade de todos
os direitos das pessoas com defici48 ência, visando sua inclusão social
e cidadania participativa plena
e efetiva. O projeto substitutivo
apresentado por Arns incorporou
opiniões e sugestões da sociedade,
considerando a legislação vigente
e a Convenção Internacional sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU.
A idéia central é introduzir no
ordenamento jurídico brasileiro,
lei que defina claramente os direitos das pessoas com deficiência. O
Estatuto propõe o desenvolvimento de ações que assegurem a plena
inclusão das pessoas com deficiência no contexto sócio-econômico
e cultural. Garante acesso, ingresso e permanência da pessoa com
deficiência, acompanhada pelas
pessoas e animais que lhe servem
Gestão
Em 2000, a Apae Salvador consolidou a sua filosofia de gestão empresarialsocial. Fundamentada numa tecnologia empresarial, adaptada para
instituições sem fins lucrativos e já testada com sucesso, o novo modelo
consolidou os valores morais e possibilitou mudanças educacionais,
científicas e financeiras. Decorridos sete anos, a Instituição já comemora
os resultados alcançados. Adotado com sucesso por outras entidades, o
modelo de gestão está fundamentado em conceitos essenciais e critérios
operacionais que devem ser aceitos e praticados por todos da instituição.
O administrador Ângelo Veiga, consultor da Instituição, lembra que a nova
gestão organizacional tem como princípios fundamentais o espírito de servir
e a confiança no ser humano. Durante a implantação do novo modelo, a
grande preocupação da instituição foi não perder o seu foco principal que é
o atendimento a pessoa com deficiência.
de apoio, portando os produtos
que utiliza, como ajudas técnicas,
em todos os ambientes de uso coletivo e viabiliza a participação das
pessoas com deficiência em todas
as fases de implantação das políticas públicas.
Na área da saúde, fomenta a
realização de estudos epidemiológicos e clínicos, de modo a produzir informações sobre a ocorrência
de deficiências e incapacidades.
No âmbito do SUS, cria Centros de
Biologia Genética como referência para a informação e prevenção
de deficiências. No que se refere
à educação, torna compulsória a
matrícula e a inclusão escolar de
pessoas com deficiência em estabelecimentos de ensino regular e
ainda este ano
Plano destina verbas
para programas
No plano federal, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva lançou, em setembro de 2007, o Plano Social
de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que prevê
investimentos de R$ 2,4 bilhões em programas
voltados para pessoas com deficiências a serem
aplicados nos próximos três anos. Na mesma
ocasião, Lula determinou que seja feita uma
fiscalização rigorosa em todos os órgãos do governo,
inclusive no Palácio do Planalto, para verificar se
a lei de cotas para portadores de deficiência a Lei
8213/91, está sendo cumprida.
obrigatório o oferecimento
de educação especial ao
educando com deficiência
internado em hospitais por
prazo igual ou superior a
um ano.
Além disso, obriga as
emissoras de TV a legendar
e dublar todos os programas, nacionais e estrangeiros, favorecendo o direito
à informação das pessoas
com deficiência auditiva e
visual. Nos concursos públicos ficam reservadas para
os deficientes pelo menos
5% das vagas disponíveis.
O Estatuto também incentiva a prática desportiva entre as pessoas com e
sem deficiência e estimula
a ampliação do turismo voltado à pessoa com deficiência. Os planos e programas
governamentais deverão
prever recursos orçamentários destinados especificamente ao atendimento das
pessoas com deficiência.
No plano jurídico criminal,
considera crime punível
com reclusão de um a quatro anos qualquer forma
de discriminação, como
recusar matrícula em estabelecimento educacional,
dificultar acesso a cargo
público, negar trabalho ou
assistência médica a pessoa com deficiência.
Os recursos previstos no Plano devem contemplar
as áreas de educação, saúde, habitação e
transporte. A prioridade é atender as pessoas
inscritas no programa Bolsa-Família, alunos
do ensino básico e idosos. Junto com o plano, o
presidente assinou ainda um decreto que altera as
regras de recebimento do Benefício de Prestação
Continuada (BPC), administrado pelo Ministério
do Desenvolvimento Social. Antes, a pessoa com
deficiência que conseguisse um trabalho perdia o
benefício e não podia requerê-lo de volta quando
deixava o emprego. Com o novo decreto, a pessoa
com deficiência poderá voltar a receber o BPC.
O Plano Social de Inclusão da Pessoa com
Deficiência estabelece como meta, na área de
educação, a adaptação de 6.273 escolas em
municípios com mais de 60 mil habitantes e a
implantação de recursos pedagógicos voltados para
estudantes com deficiência em 6.500 salas de aula.
Um programa a ser desenvolvido pelo Ministério
da Educação prevê ainda a elaboração de livros
acessíveis que possibilitarão a leitura digital.
Best of Mind e ABRH
ISO 9001
Dois anos depois de receber o Prêmio Bem
Eficiente, a Apae Salvador foi reconhecida como
a organização não governamental mais admirada
pelos baianos pela qualidade dos serviços
prestados e recebeu o Prêmio Best of Mind de
2004. O prêmio tem o objetivo de conhecer e
valorizar as empresas e instituições que melhor
se relacionam com seus clientes. Em 2008, a
Instituição foi agraciada com o Prêmio Luiz
Tarquínio na categoria Tecnologia Empresarial de
ONGs, concedido pela Associação Brasileira de
Recursos Humanos (ABRH-BA).
Depois de seis meses de auditoria e adequação do seu
Sistema de Gestão da Qualidade às normas ISO 9001, a
Apae Salvador recebeu, em março deste ano, o certificado
do Bureau Veritas Certification do Brasil, garantindo a
qualidade dos serviços prestados no seu Laboratório de
Análises Clínicas, no Serviço de Referência em Triagem
Neonatal e no Centro de Atendimento Médico Ambulatorial.
Foi uma grande conquista, embora os serviços certificados
já tivessem garantia de qualidade de instituições médicas
de referência. A Norma ISO exige que a empresa diga o que
faz, como faz e quais são os resultados esperados de cada
processo ou atividade.
49
Saúde é referência para o Minis
O
nível de profissionalismo
alcançado pelo Centro
Médico da Apae Salvador foi
oficialmente reconhecido pelo
Ministério da Saúde, em 2002.
Ao implantar o Programa Nacional de Triagem Neonatal
(PNTN), o Ministério escolheu
o Centro de Diagnóstico e Pesquisa (Cedip – Teste do Pezinho), da Apae Salvador, como
unidade de referência do programa na Bahia. Desde então,
o Cedip passou a denominarse também Serviço de Referência em Triagem Neonatal.
O PNTN é fruto de uma
parceria entre o Ministério e
as secretarias estaduais e municipais de saúde e visa oferecer a todos os bebês, gratuitamente, através do SUS,
o direito ao exame, acesso ao
tratamento e o acompanhamento permanente das doenças detectadas. Pelo SUS, o
Teste do Pezinho diagnostica
três doenças: hipotireoidismo
congênito, fenilcetonúria e
anemia falciforme.
Outra área em franca ex50 pansão é o Laboratório de
Análises Clínicas, o Labac, que
estendeu seus serviços de tal
forma que suas instalações
físicas foram ampliadas e reformadas para atender a demanda. Com serviços personalizados, o Labac hoje compete
em condições de igualdade
com qualquer outro laboratório de Salvador e ainda oferece
exames exclusivos.
Há dois anos, a Gerência
de Saúde implantou mais um
serviço médico de referência, a
Fisioterapia. Antes restrito a estimulação precoce para crianças e jovens com deficiência,
o serviço atualmente atende a
população em geral em cinco
especialidades: estimulação
precoce; ortopédica, traumatológica e RPG; neurológica;
uroginecológica e escolas de
postura.
Em 2003, com a doação de
uma Unidade Móvel, feita pelo
Consulado do Japão, o Centro
Médico passou a realizar exames médicos para empresas e
outras instituições, ampliando
assim o universo de receita gerada para a Instituição.
Prêmio Denatran
Em 2004 e 2005, alunos da Apae Salvador venceram o
Prêmio Denatran de Educação para o Trânsito Em 2004,
Rodrigo dos Santos foi o grande vencedor regional da
categoria Educação Especial. Em 2005, foi a vez de Lenice
Santos Rocha, única baiana a receber a premiação em
nível nacional. Promovido anualmente pelo Departamento
Nacional do Trânsito, autarquia do Ministério das Cidades,
o concurso tem a finalidade de estimular a reflexão de
crianças, jovens e educadores sobre o trânsito no contexto
da cidade. Como a grande vencedora da sua categoria,
Lenice recebeu R$ 2 mil, além de passagem, hospedagem
e alimentação para participar da cerimônia de entrega do
prêmio, em Brasília.
Centro Médico, da Apae
Coleta do Teste do Pezinho
Equipamento do Labac
tério da Saúde
Exames complementam
atendimento
Paralelamente ao atendimento médico, a
Apae mantém equipamentos de ponta para
o diagnóstico de problemas posturais. A
Avaliação Postural Computadorizada (APC) é um
exame que avalia, através de um software (um
programa de computador) e analisa os aspectos
morfológicos da estática humana. Ou seja,
permite um exame mais profundo da postura
de uma pessoa. Através deste sistema, pode-se
medir as distâncias entre pontos anatômicos,
oferecendo assim um diagnóstico mais preciso
da postura e favorecendo o acompanhamento
da sua evolução.
Outro instrumento que auxilia no diagnóstico
e no tratamento de problemas posturais é o
baropodometria eletrônica. O exame, também
não–invasivo, é utilizado para visualizar, gravar
e analisar as alterações das pressões e forças dos
pés, além de alterações da postura e avaliação
do equilíbrio. Do mesmo modo que o APC,
trata-se de um software altamente sofisticado,
desenvolvido para visualizar imagens coloridas e
dados estatísticos.
A goniometria computadorizada é um método
de avaliação utilizado para medir os ângulos
articulares do corpo humano. As medidas
goniométricas são usadas para quantificar
os ângulos articulares, decidir a intervenção
terapêutica mais apropriada, verificar a eficácia
da terapêutica empregada e documentar o
sucesso ou insucesso do tratamento proposto.
Fisioterapia Neuropediatrica
Reconhecimento Internacional
O aluno Juraci Edvan Gomes Fonseca, da 3a série do Centro
Educacional Especializado da Apae Salvador, foi agraciado, em
2005, com o primeiro lugar na categoria Desenho Digital da
Olimpíada de Artes na Infância, promovida pela International Child
Art Foundation - Fundação Internacional de Arte na Infância (ICAF), uma instituição não governamental, sem fins lucrativos,
que tem como objetivo orientar crianças de vários países a adotarem
uma atitude criativa e cooperativa em prol de um mundo pacífico,
utilizando a arte como instrumento transformador. Realizada
a cada três anos, a Olimpíada tem a finalidade de promover a
comunicação global entre crianças de diferentes culturas através da
arte. O desenho de Juraci Edvan foi produzido no Laboratório de
Informática, através do programa Paint Brusch.
51
Alunos são registrados como
Integrantes da Cia de Dança Opaxorô em diversos espetáculos
E
m 2003, os 12 alunos da Apae
Salvador, que integravam a
Companhia de Dança Opaxorô,
receberam o registro de artistas
profissionais. Em solenidade presidida pelo delegado Regional
do Trabalho, Edmundo Fahel, e o
presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculo de
Diversões do Estado da Bahia, Samuel Feitoza, entregaram, oficialmente, aos integrantes do grupo
o registro profissional e as carteiras do sindicato. Foi e ainda é uma
conquista inédita para a pessoa
52 com deficiência mental que, pela
primeira vez no Brasil, estão formalmente inseridos no mercado
de trabalho, através de uma profissão regulamentada.
A conquista do registro coroou
de êxito o processo de profissionalização do grupo que começou
em 1998, com a implantação do
núcleo de artes do então Centro
de Treinamento e Produção (CTP).
Graças à sensibilidade do delegado regional do Trabalho, do presidente do Sindicato dos Artistas
e da atriz Regina Dourado, que se
envolveram pessoalmente para
conseguir a concessão do regis-
Doença falciforme
O Cedip da Apae Salvador divulgou em junho de 2008, o resultado
do primeiro mapeamento da distribuição da doença falciforme
na Bahia. Com base nos dados colhidos no Teste do Pezinho, foi
possível traçar o mapa da doença falciforme na Bahia, apontando
as áreas de maior e menor número de casos, bem como o tipo
de doença falciforme de maior incidência em cada região. Nada
menos que 30% dos 1.724 casos diagnosticados na Bahia, nos
últimos sete anos, estão concentrados em Salvador e região
metropolitana (RMS). Em segundo lugar, aparece a região do
Paraguaçu, com 12,47%, seguida do Litoral Sul, com 11,08%. A
Bahia ocupa o primeiro lugar no ranking nacional. Enquanto a
média no país é de um caso para cada mil nascimentos, na Bahia, a
proporção é de: 1 para 700.
tro, os 12 alunos da Apae poderão
competir no mercado de trabalho,
contribuir e receber os benefícios
da previdência social.
Coordenada na época pelo
arte-educador Sérgio Kizirian e
pela coreógrafa Janiere de Almeida, a Cia de Dança Opaxorô já realizou vários espetáculos: A Festa
(1997), Jazz (1998), Do Sarau ao happy hour – uma Revista do Século
(1999), Tambores (2000) e Bahia
– Cantos e Encantos (2001), ainda inédita. No final de 97, gravou
o primeiro CD e também assinou
o primeiro contrato profissional
artistas profissionais
para realizar apresentações nos
hotéis da rede Sofitel em Salvador. O sucesso foi tamanho que
a rede hoteleira renovou o contrato por mais um mês. Em 98,
participou do I Festival Internacional Dança – Dançabahia, que
reuniu no Centro de Convenções, as principais companhias
de dança do mundo. Disputando
de igual para igual, o grupo ficou
com o segundo lugar na categoria dança popular – avançado - e
com o primeiro lugar de todo o
festival no quesito figurino.
Além de sua participação
freqüente em eventos culturais
de Salvador, o grupo já excursionou por várias cidades brasileiras,
América do Sul e Europa, o grupo gravou o CD Cantigas de Orixás. Participou de vários festivais,
como Dança Bahia - 1º Festival
Internacional de Dança, obtendo
o prêmio de 2º colocado na modalidade de Dança Popular, na
Categoria Avançado, e prêmio
de destaque de Melhor Figurino.
Conquistou também o prêmio
de 1º colocado na categoria Folclore Avançado, no Festival de
Dança da Cidade do Salvador.
Genética no Sertão
O número elevado de casos diagnosticados de doenças genéticas,
principalmente de fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito, no município
de Monte Santo é o principal foco do projeto de pesquisa Genética no Sertão:
Estudo de doenças genéticas monogênicas freqüentes no município de
Monte Santo – Bahia, que está sendo desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa
Científica (Nupec), da Apae Salvador, em parceria com outras instituições
de pesquisa. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da
Bahia (Fapesb), o projeto pretende identificar os casos da alta incidência, as
prováveis causas e realizar a capacitação de agentes comunitários de saúde
para identificação e encaminhamento de outros casos. O projeto ainda está
em curso e deve ser concluído no próximo ano. A alta incidência da doença
na região foi detectada pelo Teste do Pezinho. Situado na região nordeste do
estado, Monte Santo está 352 quilômetros distante de Salvador.
Arte proporciona
desenvolvimento integral
O trabalho realizado através de atividades
artísticas vem se consolidando como um dos
recursos mais eficientes no desenvolvimento
físico e mental da pessoa com deficiência.
Através do corpo, pode-se estimular
desde habilidades técnicas até sutilezas
de uma expressão artística, como o olhar
lançado para conquistar a platéia. A arte
dá visibilidade e isso reflete diretamente na
auto-estima dos alunos.
O trabalho desenvolvido com a Opaxorô reforça
a importância da arte na vida dos alunos. Eles
passam a se preocupar mais com o corpo,
observando desde a higiene e a alimentação
até a estética. Muitos não se apresentam sem
antes ir a praia para se bronzear. Afora os
avanços no desenvolvimento psicomotor, são
trabalhados conceitos, como responsabilidade,
assiduidade e pontualidade.
Além das quatro horas diárias de ensaio,
os alunos do grupo recebem orientação
psicológica e profissional e participam de
sessões de arte-terapia, onde os conteúdos
psicológicos são trabalhados através
de desenhos, pinturas e outras técnicas
yunguianas com o objetivo de buscar uma
reorganização interior de cada um.
O saldo dessa rígida rotina de oito horas
diárias são progressos antes inimagináveis,
como o da aluna Thaís Santana que
superou a timidez e hoje é responsável pelo
aquecimento da aula de dança ou o de
Ademilton Ferreira, atualmente atuando
como instrutor de dança no Ceduc da Apae.
53
Plano prevê estratégias de inclusão
Aprendizes do Cefap nas Oficinas de panificação ...
A
Apae Salvador implantou em
2005 um plano estratégico
de ação com o objetivo de contribuir para a inclusão da pessoa
com deficiência na escola regular.
Denominado Política Institucional para a Promoção da Inclusão,
o plano previu uma série de ações
conjugadas que estão sendo
colocadas em prática pela Instituição até 2010. Considerando
o conhecimento e a experiência
adquiridos pela Apae ao longo
de tantos anos de atuação, essas
ações têm a finalidade maior de
54 formar profissionais para respon-
derem a crescente diversidade de
estilos de aprendizagem que demandam hoje nas escolas da rede
pública e privada. Inicialmente, as
ações privilegiaram a área da deficiência mental, mas até 2010 serão ampliadas para envolver também temas e questões relativas a
outros tipos de deficiência.
O primeiro passo foi a implantação do Programa de Apoio
à Inclusão Escolar que tem o objetivo de promover ações de formação de profissionais das áreas
de educação. Dirigido a docentes, educadores e profissionais da
Pré-Natal
O Centro de Diagnóstico e Pesquisa (Cedip) da Apae Salvador validou, em
2005, uma nova técnica de coleta e análise de exame para o diagnóstico do
HIV e outras 17 doenças maternas que podem ser transmitidas ao feto. A
nova técnica segue o padrão de coleta e análise que é utilizado no Teste do
Pezinho, através do papel filtro. Para certificar a nova técnica, a Apae realizou,
em parceria com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, uma pesquisa
com 1.483 pacientes que procuraram espontaneamente o atendimento prénatal em três maternidades públicas (Albert Sabin, Tsylla Balbino, Iperba)
ou atendimento especializado no Centro de Referência em DST/Aids do
município (CTA/Coas) e na própria Apae Salvador para realizar o teste do
HIV. Esses 1.483 pacientes foram submetidos à realização do exame dentro
dos padrões tradicionais e também através da técnica com papel filtro. O
resultado apontou uma coincidência de 99,86% entre os dois métodos.
... de jardinagem ...
área, o programa tem como foco
a promoção da inclusão efetiva
da criança, do jovem e do adulto
com deficiências.
O programa envolve, prioritariamente, o desenvolvimento
de suporte traduzido na capacitação técnica e emocional de
alunos e professores e na mobilização e disponibilização de recursos para atender e responder
as diversidades existentes dentro
do contexto escolar.
A Apae Salvador desenvolve
um trabalho educacional, centrado nos pressupostos teóricos do
Iniciativa pioneira
visa orientar
problemas de postura
Dirigidas a crianças, adolescentes e idosos,
as Escolas de Postura da Apae Salvador tem
o objetivo de prevenir e tratar problemas
de posturas e enfermidades na coluna
vertebral. Trata-se de um programa
fisioterápico e educacional, cuja idéia central
é orientar os alunos sobre as posturas
que devem ser adotadas nas atividades
cotidianas, tanto da vida prática e de
lazer. Além de alongamentos e exercícios
terapêuticos, a programação abrange
exercícios de modernização, orientações
posturais para dormir, sentar, abaixar etc.
... e no mercado de trabalho
construtivismo, com base em
Piaget e Vigotsky e também
subsidiado pela Teoria da
Modificabilidade Cognitiva
Estrutural, de Reuven Feurestein. O Ceduc tem por missão
orientar e garantir os princípios gerais do sistema educacional, assegurando uma
proposta pedagógica que
possibilita a aprendizagem e
o desenvolvimento das potencialidades do portador
de deficiência, preparando-o
para a vida e a inclusão nas
escolas regulares.
No Cefap, o desafio
maior é o acompanhamento
dos aprendizes que já estão
cursando a escola regular.
“Esse alunos precisam de um
acompanhamento mais próximo dos nossos profissionais. Além de apoiar os alunos, vamos também adquirir
mais experiência”, explica Ilka
Carvalho, superintendente
da Apae Salvador. Com sede
na Jequitaia, cidade baixa, o
Cefap prepara, qualifica e coloca os aprendizes no mercado de trabalho.
Aplicação em municípios
Dois municípios, Santo Antonio de Jesus e Lauro de Freitas, já
firmaram convênio com a Apae para a realização do exame do PréNatal. O Ministério da Saúde e a Secretaria da Saúde do Estado da
Bahia estão analisando a adoção da nova técnica. Além de reduzir o
custo do exame em cerca de 30%, este modelo de Pré-Natal possibilita
a realização do exame em localidades que não dispõem de laboratório
de análises clínicas. Além do HIV, podem ser detectadas as seguintes
doenças: Toxoplasmose IgC (1ª e 2ª dosagens), Toxoplasmose IgM
(1ª e 2ª dosagens), Rubéola IgG, Rubéola IgM, Herpes simples IgG,
, Herpes simples IgM, Citomegalovírus IgG, Citomegalovírus IgM,
Sífilis IgM (1ª e 2ª dosagens), Chagas I, Chagas II, Fenilcetonúria
(que pode levar à deficiência mental), Anti-HBc (hepatite B), HbsAG
(antígeno hepatite B), HTLV I, HTLV II, e HCV (hepatite C).
“Trata-se de um conjunto de ações e
orientações que irão contribuir para que o
crescimento dessas pessoas se processe de
maneira harmônica e com menos chances
de desenvolver futuramente problemas
posturais”, explica o ortopedista e fisiatra
José Henrique Dantas, assessor médico do
Centro Médico da Apae e coordenador do
programa. O curso tem duração de quatro
meses, com aulas de 40 minutos, duas
vezes por semana.
Depois de uma avaliação geral, os
alunos passam a freqüentar as aulas
teóricas e práticas, que incluem exercícios
lúdicos e fáceis de serem entendidos e
realizados em casa. O método é baseado
na cinesiologia. Trata-se da associação
entre técnicas fisioterápicas e a técnica
Pilates, que auxiliam o desenvolvimento
da coordenação motora e do equilíbrio
corporal.
55
Nova metodologia é aplica
E
m 2002, a Apae Salvador implantou o programa Apae Educadora, elaborado pela Federação
Nacional das Apaes com a finalidade de adequar as escolas especiais
à nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) e ao Plano Nacional
de Educação, com vistas a inclusão
social da pessoa com deficiência. O
programa previa um conjunto de
ações pedagógicas para visa introduzir no Brasil uma nova modalidade de educação especial.
Segundo a pedagoga Rita
Valéria Brasil, coordenadora pedagógica da escola da Apae de
Salvador na época, a proposta da
Federação era inovadora e trazia
orientações para as escolas da
instituição. Além disso, permitiu
também a transferência de conhecimento e a troca de experiências entre os técnicos da Apae
e das escolas regulares que desejam adotar a educação inclusiva.
Entre as modificações que foram implantadas, encontra-se o
atendimento as crianças de zero a
três anos, que antes eram assistidas
apenas em ambulatório médico,
56 através da estimulação precoce.
Alunos em diversas atividades pedagógicas e recreativas
Comunicação
Portal
As mudanças na estrutura da Apae Salvador também
contemplaram o núcleo de comunicação da Instituição. Desde
1995, quando as atividades de comunicação institucional foram
iniciadas, a instituição cresceu, diversificou suas atividades, todos
os núcleos se reestruturaram, mas a comunicação continuou com
o mesmo contingente funcional, utilizando os mesmos recursos
estratégicos, ou seja, trabalhando para atingir seus públicos apenas
através da comunicação de massa, fundamentada no trabalho de
divulgação realizado pela assessoria de imprensa. A mudança
teve como ponto de partida um estudo de público, com vistas a
identificar, classificar e analisar os segmentos que precisariam ser
trabalhados individualmente.
O resultado apontou para a estratégia de inversão do eixo da
comunicação. A nova proposta privilegiou as atividades de
relações públicas, enfatizando a comunicação digital e as novas
tecnologias de informação e comunicação, para potencializar
as relações da instituição com cada um dos seus públicos
estratégicos, mas mantendo todas as outras estratégias de
comunicação já estabelecidas, como a assessoria de imprensa e
a publicidade. Assim, optou-se pela implantação de um Portal
de Informação e Serviços na Internet. A partir dele, foram
estabelecidos fluxos diretos de comunicação com os públicos
prioritários, de forma segmentada e em nível tridimencional:
comunicação interna, institucional e mercadológica.
da na escola
Núcleo passa a gerir
pesquisa científica
Criado a partir dos trabalhos desenvolvidos pelo
Centro Médico, do Laboratório de Análises Clínicas
e do Serviço de Referência em Triagem Neonatal
(SRTN) da Apae, o Núcleo de Pesquisa Científica
(Nupec) tem o objetivo de transformar o grande
arsenal de dados obtidos através do atendimento
médico e laboratorial da instituição em fonte
permanente de pesquisa científica.
Com as novas diretrizes, elas foram
recebidas na escola e passaram a
integrar o Programa de Educação
Precoce, previsto no âmbito da Educação Infantil. As crianças de quatro
a seis anos passaram a freqüentar
a pré-escola, que integra o nível da
Educação Infantil.
Dentro da classificação de Ensino Fundamental, foi introduzido o
Ciclo de Alfabetização, que passou
a atender as crianças da faixa etária
de sete a 14 anos. A partir dos 15
anos, os alunos da escola passam
para o Cefap, onde recebem a Educação Profissional. Através de programas pedagógicos específicos,
os alunos passam por várias etapas,
desde a qualificação para o trabalho até a colocação e o acompanhamento no mercado profissional.
Composto por gestores das áreas de saúde e de pósgraduação da instituição, além de representantes
da pessoa com deficiência, o Nupec conta com uma
assessoria especializada em pesquisas científicas.
O trabalho do núcleo se desenvolve de duas
formas. Primeiro, atende as demandas internas e
externas por pesquisas, selecionando e acolhendo
projetos e se posicionando sobre a pertinência e o
cumprimento rigoroso das normas éticas e legais.
Em outra vertente, o Nupec desenvolve projetos
próprios de pesquisa, buscando respostas para
questões que podem ser desvendadas pelo
volume de informações armazenadas dentro
da Instituição. Um bom exemplo do trabalho
desenvolvido pelo Nupec é o estudo já concluído
sobre o Mapeamento da Distribuição da Doença
Falciforme na Bahia, realizado a partir dos
dados recolhidos pelo Serviço de Referência
em Triagem Neonatal (Teste do Pezinho). Em
outra ponta, o Nupec está atuando no estado
intitulado Genética no Sertão: Estudo de doenças
genéticas monogâmicas freqüentes no município
de Monte Santo – Bahia, que investiga as causas
genéticas dos casos de hipotireoidismo congênito,
diagnosticados na região.
57
Reconhecimento científico
O modelo de comunicação adotado pela Apae Salvador foi apresentado
no XXX Congresso Brasileiro de Ciência da Comunicação (Intercom),
realizado em Santos (SP), em agosto de 2007. Os resultados obtidos,
apresentados em forma de informações estatísticas, ganharam destaque
nacional e o projeto foi considerado um modelo a ser seguido pelas
organizações do Terceiro Setor em todo o Brasil, sobretudo no
que diz respeito a observância da regulamentação das profissões
da área de comunicação, visto que na sua estrutura atual existem
profissionais de várias sub-áreas da comunicação, desempenhando suas
atividades privativas, em consonância com as diretrizes, objetivos e
conceitos, previamente estabelecidas no Planejamento Estratégico de
Comunicação da Instituição.
Prêmio construtores da
cidadania celebra os 40 anos
A
Ilka Carvalho e Angela Ventura na festa dos 40 anos
60
Apae de Salvador
comemorou seus 40 anos de
fundação no dia 2 de outubro,
no Espaço Unique, com a entrega do Prêmio Construtores
da Cidadania às pessoas, que
durante este período, colaboraram, decisivamente, com a Instituição, para o atendimento a
pessoa com deficiência mental.
O total de 45 pessoas e instituições foram agraciados com o
troféu, que simboliza a gratidão
da Apae Salvador, dos seus diretores, colaboradores, alunos
e familiares por aqueles que se
empenharam pelo crescimento
da Instituição. A festa contou
com a participação especial da
aluna Jamile Conceição da Silva, que cantou a Ave Maria e I
Will Always Love You, e da Cia
de Dança e Percussão Opaxorô,
que apresentou um trecho do
espetáculo A Ópera do Malandro, de Chico Buarque.
A solenidade foi divida em
sete blocos. No primeiro bloco,
recebeu o troféu o grupo que
inspirou a criação da instituição. Duas das primeiras alunas
da Apae, Márcia Barbosa e Kátia
Daltro, foram homenageadas e
representaram todos os alunos
a aprendizes que passaram pela
Instituição. O segundo bloco foi
dedicado ao grupo fundador da
Apae. No terceiro, os homenageados fazem parte do grupo de
amigos que, ao longo desses 40
anos, sempre contribuíram para
a ampliação dos serviços e o crescimento da organização.
O quarto bloco foi dedicado às instituições parceiras da
Apae, como a Sociedade Pestalozzi, Instituto Guanabara, ION,
Apada e Abadef, entre outras.
Aluna Jamile Conceição e seu canto emocionado
No quinto bloco foram homenageadas as pessoas que colaboraram diretamente para a consolidação da Apae. No sexto bloco,
foram agraciados com o Troféu
Construtores da Cidadania, técnicos, dirigentes e órgãos do setor público que se destacaram
na construção da organização.
Por fim, no sétimo bloco, foram
homenageados as empresas e
empreendedores que têm contribuído para a colocação da
pessoa com deficiência mental
no mercado de trabalho.
A solenidade foi apresentada
por dois mestres de cerimônia e
entre os blocos os alunos fizeram
apresentações artísticas para,
mais uma vez, mostrar a importância do trabalho da Instituição
para o desenvolvimento físico,
mental, emocional e social da
pessoa com deficiência mental.
Alunos e
colaboradores foram
homenageados
O Prêmio Construtores da
Cidadania foi destinado às pessoas
e instituições que contribuíram
para o crescimento da Apae
Salvador. Veja quem recebeu a
homenagem.
Empresários e empreendedores recebem o troféu
Grupo Inspirador
Márcia Cristina Barbosa e Kátia Daltro
Grupo Fundadores e Sucessores
Marisa Gondim, Maria Auxiliadora
Rabello, Sylvia Lacerda, Maria
do Carmo Britto de Morais,
Antônio Carlos Le Martini, Renato
Monteiro, Derval Evangelista,
Maria Helena dos Santos, Sílvio
Diamantino e Marita Neves.
Amigos da Apae
Maria de Fátima Carneiro de
Mendonça, Maria do Carmo
Viterbo Lima, Margarida Luz, Elisa
Spector, Romilda Mastrolorenzzi,
Odete Prata Reinel, Eunice
Marinho, Sidney Rezende,
Clóvis Eugênio, Maria de Lourdes
Nascimento, João Ribeiro,
Emiliano José e Ingrid Taricano
Ilka Carvalho e a primeira-dama Fátima Mendonça
Ingrid Taricano
Coronel Uchôa e Maria Rita D. Caldas
Instituições Parceiras
Elpídio de Araújo (Federação
Nacional das Apaes), Aracélia Costa
(Apae de São Paulo), Maria Dolores
Cabirta (ION), Maria José Calheiro
Lobo (Instituto Guanabara), Elza
Araújo (Cliff), Gecilda Coutinho
Serafim (Sociedade Pestalozzi),
Marizanda Dantas (Apada) e Maria
Luiza Câmara (Abadef)
Bem-feitores
Sônia Magalhães, General João
Francisco Ferreira, Yeda Barradas
Carneiro e René Otávio Dantas.
Setor Público
Marilene Ribeiro, Izabel Maior e
Agenor Gordilho
Empresários e Empreendedores
André Faro, Álvaro Sant’Anna
Neto, Francisco Ferrero, Armando
Fonseca e Angelo Veiga.
Derval Freire, Izabel Maior e Agenor Gordilho
Emiliano José
61
Quem
somos nós
Ademário Pinto Batista
62
Ademilton dos Reis Ferreira
Admilson Nascimento Santana
Adriana Antas Santos
Adriana Braz
Adriana da Silva Goes
Adriana de Cassia Costa
Adriana Leticia Reis Santos
Adriana Oliveira Silva
Adriano Ramos Carneiro
Adriano Sepúlveda
Agnaldo Santos de Oliveira
Alberto Alencar Carvalho
Aldarina Sodre Magalhaes
Aldenice Oliveira Silva
Alene Almeida dos Santos
Alex Santos Souza
Alexandrino Ramos Carneiro
Alexsandra Santana Lima
Alice Saideles Genro
Allesson Guimaraes da Silva
Amilton da Hora Barbosa
Ana Beatriz Araujo Santana
Ana Claudia Barretto Santos
Ana Claudia Henrique Mattos
Ana Claudia Silva Gonçalves
Ana Lucia Pereira Oliveira
Ana Lucia Godinho Mendes
Ana Maria Carillo M. Nogueira
Ana Paula Moreira da Silva
Ana Rita Barbosa Santos
Ana Virginia Silva Lemos
Anderson dos Santos Vieira
Andre de Souza Cunha Neto
Andre Luiz Santa Rita Pitanga
Andrea Flores Ribeiro
Andrea Souza Costa
Andrea Souza dos Santos
Andreia Santos da Silva
Ane Lago dos Santos
Angela Baptista Sanjuan
Angela Maria da Silva Nazare
Angela Ventura
Angelo Veiga
Antonia Moreira dos Santos
Antonio Carlos Araujo Santos
Antonio Carlos F. de Souza
Antonio Cezar dos Santos
Antonio C. da Purificacao
Antonio da Silva
Antonio Jose Ferreira Teixeira
Antonio M. Araujo da Silva
Artur Silva Cordeiro
Asman Cristina Ralin Ferreira
Augusta dos Santos
Aurenizio de P. Cardoso Júnior
Balbino Cunha de Souza
Barbara Calmeto Lomar Passos
Barbara Cristina Pires Malgalho
Barbara Kraychete da Costa
Barbara Luzia Andrade Reis
Barbara Veronica Fonseca Gomes
Bruno Mascarenhas Rocha
Camilo José C. de Souza
Carla Chagas Santos
Carla dos Santos
Carla Elaine Moreno Barbosa
Carlos Antonio Costa Reis Junior
Carlos Antonio dos Santos
Carmen Soares Araujo
Carolina Ramos Barbosa
Carolina Souza Ferreira
Caroline Santos Silva
Cecília Barreto Catalan
Celia Adriana de Jesus Ferreira
Celia Araujo de Souza
Clarissa Amaral
Claudenice Neves de Oliveira
Claudio da Cruz
Cláudio Menezes Bonfim
Claudionice Cruz de Jesus
Cleide Costa Menezes
Cleides Oliveira dos Santos
Cleude Silva de Jesus
Cleusa Ione Borges Zanetti
Cíntia Alice Sampaio Guedes
Cremilton da Silva
Creusa Rodrigues de Oliveira
Crispina Pinheiro Melo
Cristiana Carvalho Rangel Santana
Cristiane Correia Oliveira Sales
Cristiane Xavier Gomes
Cristiana Carvalho R. da Silva
Cristina Pires de Oliveira
Daiana Pereira dos Santos
Dailton dos Santos Santana
Daisy Ramos Soares
Dalva Maria de Jesus
Daniel Lopes dos Santos
Daniel Medeiros de Oliveira
Daniela Lima Silva
Daniela Rafaele Gouveia Cabus
Daniela Regina Araújo
Davina Sena de Jesus
Denival Mascarenhas Cerqueira
Denivaldo Neves dos Santos
Diego Brito de Morais
Diego Machado Lustosa
Dílson Conceição Neto
Domingos Lazaro Fernandes Junior
Domingos Souza Santos
Dulcelene de Souza
Edelmilo Eliezer Santos Figueiredo
Edilson Conceição dos Santos
Edilton Batista dos Santos
Edimeire Pereira dos Santos
Edimilson Neri Nascimento
Edleuza Andrade Silva
Edna do Espirito Santo Leotta Santos
Edna Gomes Silva
Edna Maria do Nascimento Moraes
Edna Sales de Jesus
Ednaldo Souza de Jesus
Ednalva Moreira
Edson Machado Sena
Eladio Dias dos Reis
Elen Rocha Santos
Elenicio Brasil Maia
Eliana Guimaraes Cruz Souza
Eliene Caldas Borges
Eliane da Silveira Lopes
Elisabete Silva de Jesus
Elisamar Silva Assis Batista
Elisangela G. Perrucho Santos
Elisangela Souza Tinoco de Carvalho
Elisangela Fernandes de Souza
Emanoel Olimpio Alves de Souza
Emmerson Morvan C. de Araujo
Enivaldo Santos de Jesus
Ericka Luci Santos Oliveira
Eriedil Santos Cruz
Erlon Victor Oliveira Brito
Ester Abrelina Fauerharmel Nunes
Everton Santos Sousa
Fabiana Alves Perin
Fabiane Santana da Silva
Fabiano Batista dos Santos
Faraildes Costa Rodrigues
Fernando Batista Damasceno
Fernando Cal Garcia Filho
Flavia Barreto da Fonseca Pena Cal
Francisco Girlane Miranda
Francisco Saulo Andrade Gouveia
Geraldo Luiz da Silva Badaro Junior
Geraldo Magalhães Melo Filho
Geraldo Ramos
Gesandra Maria de Oliveira Ramos
Gicelia de Jesus Santos
Gilberto Castilho Batista Filho
Gilçara da Silva
Gildalia Maria de Oliveira Passos
Gildasio Carvalho da Conceicao
Gildicele Oliveira Passos
Gilson Soares dos Santos
Giovana Novaes Feitosa
Gisele Santana de Araujo
Giuliana de Souza Gasbarre
Gláucia Paranhos Corrêa
Glice Meneses de Araújo
Gloria Maria M. Cavalcante Oliveira
Gracinda Maria Alcantara Archanjo
Graziela Santos de Oliveira
Gustavo Pires Batista Coelho
Helena Maria G Pimentel dos Santos
Helena Maria Pimentel
Herbert de Barros Oliveira
Hunai de Lemos Lordello
Iara Teles Lipinski
Ilana Souza Cruz
Ilka Santos de Carvalho
Iolanda Cardoso de Jesus
Ione Bahiense Melchor Claudio
Iracema Conceicao de Sousa
Ironildes Alves dos Santos
Isabel Cristina Lopes Damasceno
Isabela Oliveira Machado
Isabella Regina Gomes de Queiroz
Isabella Sampaio Santos
Isana Barbosa de Santana
Isolda Pereira de Araújo
Itamar Oliveira da Cruz
Itana Sena Lima
Iuri Viana Alves
Ivoneide Pinheiro dos Santos
Izabel Anezia De Sena Machado
Jacilene de Matos Bandeira Marques
Jacilma Freitas Sodre Pereira
Jacira Luzia Calmon
Jacira Silva Guimaraes
Jaime Santana da Silva
Jair Santos Miranda
Jandira Santos da Silva
Jane Martins de Mendonca
Janete Sampaio
Janiere Calasans de Almeida
Jeane da Silva Santos
Jeane Santos Nunes de Oliveira
Jeferson Cardoso dos Santos
Joanita Costa de Lima
Joao Batista de Miranda
Joceli Oliveira Brito
Joelia Souza
Joelma Vieira Cardoso
Jomara da Silva
Jorge Carlos Guimaraes Junior
Jose Bispo dos Santos
Jose Carlos Santos Santana
Jose Carlos Petronilo P. Souza
Jose Claudio Ramos Assis
Jose Henrique Dantas de Carvalho
Jose Martins de Souza
Jose Orlando dos Santos Filho
Jose Ricardo Silva de Castro
Jose Santos Cruz
Joseane Marques Silva
Joseane Rodrigues Dias
Joselindalva Teixeira de Santana
Joselita da Purificação Damasceno
Josenilton Silva de Miranda
Joseph Adeniyi Majaro
Jucineide Silva Cordeiro
Juliana Augusto Jatobá
Juliana de Araujo Maciel
Juliana Fabian Pinto Dantas
Juliana Miranda Badaró
Juliana Souza Mota
Juliana Xavier Carneiro Alves
Julineide Sousa da Silva
Júlio César Trindade
Julio Cezar de Jesus
Jussinara Macedo Alves
Karlei Lueyde T. Esteves
Katia Soane Santos Araujo
Keith Fróes Orrico
Kele Almeida de Sousa
Ladiane Maria Silva Oliveira
Lair dos Santos Moreira
Lara Luiza Madureira Gumes
Leda Lucia Dantas de Almeida
Lene Lucia Costa E Silva
Leonardo Gladson Lemos Otero
Leonardo Miranda da Silva
Lia Bernardeth A. de Oliveira
Licia Maria Flores Santos
Ligia Vieira de Barros
Lilian Emanuela de Oliveira Araujo
Lilian Xavier da Conceicao
Lindivalda Candido dos Reis
Lislane Cardoso Fauaze
Livia Correia Costa Reis
Loides Micio dos Santos
Lorena Assuncao De Souza
Lucas Vital De Souza West
Lucia Maria Da Silva Dias
Lucia Maria De Souza Conceicao
Luciana de Oliveira Gasineo
Luciana Maria Souza Garcia
Luciana Marinho Costa
Luciana Rocha Rodrigues da Silva
Luciano Lopes Dos Santos
Lucila Conceição Campos dos Santos
Luis Carlos Tavares Da Silva
Luiz Antonio Costa Nascimento
Lusirose Lima Da Silveira
Maisa Soares Lima
Manuela Cardoso Dantas
Marcia Alves da Silva
Marcia Maria Tavares S. de Santana
Marcia Sousa da Encarnacao
Marcia Souza Nunes
Marco Antonio Caíres Novaes
Marco Antonio de Carvalho
Marco Antonio Devay Lago
Marcos Paulo Santos Gomes
Marcos Silva Santos
Márcia da Silva Lopes
Margarenei Correia de Araujo
Margarida Solla Galvao
Maria Anastacia Braz
Maria Beatriz Cortizo Garcia
Maria Carmelita de O. Sacramento
Maria Celeste Pinto dos Santos
Maria da Paixão dos Santos
Maria das Gracas P de Jesus
Maria de Fatima Pessoa de Souza
Maria de Fatima Rodrigues Porto
Maria Efigenia de Queiroz Leite
Maria Eugenia Oliveira de Santana
Maria Ines Andrade Sousa
Maria Ines Mattos Miranda Fontes
Maria Lucia Almeida Carvalho
Maria Luiza Santos Araujo
Maria Manoella Verde Jatoba
Maria Margarida Santos de Azevedo
Maria Rosana Nery Barreto
Mariana Motta de Azevedo
Mariana Ribeiro Campos
Mariana Sá Barreto Rodrigues Gomes
Mariangela Brito Dorea
Marilene M. Coutinho Rodrigues
Marinalva dos Santos Farias
Marinalva Rodrigues Barbosa Silva
Mario Cesar Araujo da Cruz
Mario Sergio dos Santos
Marisa Gondim Goncalves da Silva
Maristela da Silva e Silva
Maristela Fortuna dos Santos
Marivaldo Conceicao dos Passos
Mariza Cardoso Freire
Marlene da Costa Hora
Marli Brito de Andrade Silva
Marta Di Paula Munduruca Miranda
Marta Meneses Moreno
Marta Sueli Brandao Oliveira
Marta Suely F. Brandão
Mary Marcia Oliveira Evangelista
Mauricio Jose Teixeira
Meyre do S.David Santana
Miralva Marques da Silva
Mirella Vidal Pinto
Mirian Paiva Viana
Moema Oliveira Souza Franco
Moises Bastos dos Santos
Moises Lopes de Souza Gomes
Mônica Lima Barbosa Rodrigues
Monica Maria Sousa Curvelo
Monica S. B. Rodrigues
Monique Nunes Conceicao
Naiara Goes Santos
Nanci Maria Santana da Encarnação
Natanael Ferreira de Oliveira
Neide Santos Lopes
Ney Amaral Boa Sorte
Neyla Borges de Aguiar Otero
Nilma Batista de Freitas
Nilzete Pinto Pinheiro
Nivaldo da Silva
Olívia Ferreira e Ferreira
Patricia Adriano Guimarães
atricia Lessa Oliveira
Patricia Martins Roda Lisboa
Patricia Ribeiro Costa
Paula Barachisio Lisboa
Paulo Henrique Oliveira da Costa
Paulo Rios
Paulo Vinicius Meneses de Souza
Pedro Jose Alves da Silva
Pedro Paulo Campos de Santana
Perla Lopes da Silva
Priscila Monteiro Menezes
Rachel Nunes Reis
Rafaella Bastos Silva Figueredo
Raimunda Nunes Franco Paranhos
Raimundo Coutinho Souza
Raquel Dourado Lopes
Rebecca Pestana Gramacho
Regina Lucia Oliveira do Bonfim
Reginaldo Pereira Brito
Reginaria Araujo de Souza
Regine Gabriel De Souza Santos
Renaiza Damasio Monteiro Rangel
Renata Andion Arruti
Renata Cristina Castro Cruz
Renata Maria Rabelo da Silva Lago
Renato Teixeira Monteiro
Renilton Santos Gomes
Rodrigo Sousa Vieira
Ronise Fonseca dos Reis
Rosana Cristina Pereira Andrade
Ricardo Arthur Fernandes Santos
Ricardo Nicori
Risoleide Maria L. Azevedo Lisboa
Rita de Cassia Araujo Moreira
Rita de Cassia Carvalho dos Santos
Rita de Cassia Dantas da Silva
Rita de Cássia Mira de Oliveira
Roberta Bahiense dos Santos
Roberta Magaly Sales de Oliveira
Robson Carvalho Esquivel
Robson da Silva
Rogerio Campodonio da Silva
Roquelina Marques dos Santos
Roqueney Cerqueira Silva
Rosalia Miranda de Oliveira
Rosana Cristina T. Santos Sirqueira
Rosana de Assuncao Dantas
Rosana R.Borges de Barros do Santos
Rosana Silva Santana
Rosane Klein Passos
Rosemary Felix Santana
Rosemeire de Jesus Santana
Rosilene Maria dos Santos
Rosivaldo Silva de Jesus
Rubens Antonio da Silva
Ruth Neia Pereira
Samuel Cosme Campos dos Santos
Samuel da Silva Santos
Sandra Cristina Bahia da Cruz
Sandra Regina Nascimento Moinhos
Sandra Rodrigues dos Santos
Sara de Jesus Souza
Savia da Silva Gonçalves
Sergio Henrique da Silva Fonseca
Sergio Murilo S Andrade
Shirlane Barbara Macedo Galvao
Shirley Barros da Silva
Silmara Nascimento Silva dos Santos
Silvana Maria de Castro Santos
Silvaneide Almeida de Oliveira
Silvia Rosimar da Silva Santos
Silvio Maia Diamantino Filho
Silvio Roberto Teixeira dos Santos
Simone do Amor Divino Ackerman
Simone Maria Souza Badaro
Simone Mota de Freitas
Solimar Oliveira Evangelista
Somalia Virginia S. da Anunciação
Stefania de Andrade Melo Lima
Sydney Porto Leite
Taiana Rodrigues Borges
Taiana Tavares Stolze
Talmair de Jesus Nunes
Tania Isabel dos Santos Almeida
Tania Maria de Freitas Brandao
Tatiana R. Suzana Amorim Boa Sorte
Tatiane Pereira dos Santos
Tatiane Teixeira Santos
Teodora Coelho Cerqueira
Teresa Zalina G. Magnavita Sampaio
Terezinha Rodrigues Barbosa
Thais Silva Piaggio dos Santos
Thatiane Andrade Reis
Tiago Abelardo da Silva Lopes
Timoteo Santos Araujo
Tissia Bernardes Pereira
Ubiracy Barbosa dos Santos
Ubiratan Jose Santos de Assis
Ueliton Silva Xavier
Uendel Moises Pereira Adan
Urquisia Dominiense Campelo Filha
Valdir Bastos dos Santos
Valmir da Cruz Santana
Vanessa Neves da Cruz
Vera Lucia Bispo de Oliveira
Veronica Santiago de Assis
Vilma Maria Viana
Wellington Cruz Ribeiro
Zeni Drubi Nogueira
Zilma Luiza de Araujo Silva
63
Equipe da Apae
Superintendente
Ilka Carvalho
GERÊNCIA DOS NÚCLEOS DE RESULTADOS Gerente Técnica e Pedagógica
Gildicele Passos
Gerente do Cefap
Tânia Brandão Serviços da Apae
Centro Educacional
Especializado
Ceduc: (71) 3270-8343
Centro de Formação e
Acompanhamento Profissional
Cefap: (71) 3313-6788
Centro de Diagnóstico e
Pesquisa
Cedip: (71) 3270-8313
Centro Médico
Cemed: (71) 3270-8377
Central de Captação
Cecap: (71) 3453-6850
Endereço
Rua Rio Grande do Sul, 545
Pituba - Salvador - Bahia
Fone: (71) 3270-8300
Home-Page
www.apaesalvador.org.br
E-mail
[email protected]
Gerente de Saúde
Cleusa Zanetti Gerente Financeiro
Emanoel Souza
Gerente Administrativo
Ricardo Nicori
Assessora Institucional
Angela Ventura Diretor Médico
José Henrique Dantas de Carvalho COORDENADORES Centro Médico
Ester Nunes
Laboratório de Análises Clínicas
Gildásio Carvalho Almanaque
Apae 40 anos
Uma publicação da Apae Salvador
Presidente
Derval Freire Evangelista
Vice-presidente
Maria do Carmo Britto de Morais
1a secretária
Tânia Godinho
2a secretária
Terezinha Miranda
1o Tesoureiro
José Ramos dos Santos
2o Tesoureiro
Natanael de Oliveira
Diretor de Patrimônio
Alair Terra do Amaral
Diretora Social
Margarida Luz
Centro de Diagnóstico e Pesquisa
Maria Inês M. M. Fontes Procurador Jurídico
Dr. Antônio Protázio Magnavita
Centro Educacional Especializado
Miralva Marques e Itana Sena
Procuradora (adjunto)
Dra. Corina Tereza Costa Santos
Financeiro
Cremilton da Silva
Superintendente
Ilka Santos de Carvalho
Apoio Logístico
Girlane Miranda Assessora Institucional
Ângela Ventura
Tecnologia da Informação
Moisés Lopes Projeto editorial/edição/redação
Clarissa Amaral - DRT/BA 956
Recursos Humanos
Marta Moreno Projeto Gráfico e editoração
Virginia Yoemi Fujiwara
Cefap - Cia de Dança
Antônio Marques Capa
Leonardo Miranda
Cefap - Escola
Gildália Passos Tratamento de Imagem
Marcelo Campos
Cecap
Ione Bahiense
Fotolito e impressão
Venture Gráfica e Editora

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