Mantenha n.º 11 - Associação Caboverdiana de Setúbal

Transcrição

Mantenha n.º 11 - Associação Caboverdiana de Setúbal
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“MA
Nesta edição:
Boletim Informativo da Associação Cabo Verdiana de Setúbal
“25 de Abril
2
Rostos da Bela Vista
2
“Ler para Novos Horizontes Ter”
3
“Um Milénio Para Todos”
4
“Olhares”
7
Nós Terra
8
25 de Abril
Há 34 anos, Portugal transformou
-se pela mão do “Movimento dos
Capitães” que o povo na rua
transformou “na Revolução dos
Cravos”.
É uma data incontornável do
século XX português à qual o
“MANTENHA” e a ACVS não
ficam indiferentes.
A Revolução de Abril de 1974
devolveu ao povo português a
liberdade e a democracia, pôs fim
à guerra colonial e abriu caminho
para a independência das então
chamadas “províncias ultramarinas”. Passados que estão 34 anos,
Portugal está ainda longe de ter
concretizado todos os objectivos
que decorreram do “25 de Abril” e
que a Constituição da República
Portuguesa consagrou. O país
está mergulhado numa crise
social, financeira e económica em
boa parte resultante das opções
políticas que os sucessivos governos constitucionais foram adoptando.
Quanto aos novos países de língua
oficial portuguesa, passados que
foram os períodos conturbados de
conflitos internos e da ocupação
de Timor pela Indonésia, procuram, no contexto das nações e das
regiões ode estão inseridos, o
caminho do desenvolvimento. È
justo que se registe que Cabo
Verde foi de todos os novos países
que
emergiram
da
“Revolução de Abril” aquele que,
pela estabilidade política e
social e pela boa governança,
mais se desenvolveu. ||
Directora - Felismina Mendes
ANO 2 N.º 11
Mensal
Abril de 2008
Uma certa maneira de estar... diferente!
Eu não vou ao “Rock in Rio”
As mobilizações massivas feitas por via
dos “media”, não pelo valor intrínseco dos
eventos ou das atitudes, mas pelo interesses económicos privados que lhe estão
associados e, porque não dizê-lo, pelo
domínio das consciências, é um dos atributo das sociedades mediatizadas e
“modernas”.
A padronização dos hábitos de consumo,
a criação de necessidades e de “novos
produtos” que prolongam o ciclo de vida
dos “velhos produtos” e outras estratégias de marketing e da engenharia do
saber vender, o que quer que seja. São,
igualmente, características da sociedade
da abundância, que também se pode classificar como, do desperdício e da insustentabilidade.
Não faço juízos de valor sobre os acontecimentos, obras, produtos ou iniciativas
que, e a título de mero exemplo, venha a
referenciar ou que já tenha referenciado.
Que fique claro são, apenas e só: exemplos.
Não vou ao “rock in Rio” por uma opção
de resistência construída no argumento
do “Eu vou ao Rock in Rio”, não vejo os
“Morangos com Açúcar” porque toda a
gente vê, não vou pôr a bandeira nacional
na janela, ou no carro, durante o mundial
de futebol, porque toda a gente a vai colcar. Toda a gente vai, toda a gente faz,
toda gente vê, toda a gente compra.
Eu não!
Mesmo que isso seja politicamente incorrecto e que olhem para mim como um
animal tresmalhado do seu rebanho.
De facto não me importa rigorosamente
nada. Não é uma questão de teimosia ou
de sentimento contraditório. É, apenas,
porque gosto de ser autónomo e cultivo a
independência das minhas opções, aliás
características que são, ou melhor, eram,
peculiares à minha profissão. Digo eram
porque os “livres e modernos pensadores”
que tutelam a educação na região e, mais
recentemente, no país resolveram que os
professores não passam de triviais funcionários públicos. E, toda a gente acha
bem.
Eu não!
Enfim as habituais modernices com que
ultimamente nos têm brindado. A propósito de modernices ouvi um dos ministros
da República, perdoem-me não ter fixado
o nome e a pasta, equacionar a possibilidade de retirar o chamado 14.º mês aos
pensionistas. Mais uma das eficazes
medidas de combate ao défice público e
de grande visão estratégica para o tão
desejado crescimento económico. Não há
dúvida que este governo e este engenheiro são inovadores, modernos e criativos.
Tiram aos pobres para dar aos ricos. O
contrário é tão antigo e ortodoxo como o
Robin Hood.
Não me importo de não ser politicamente
correcto ou de estar a remar contra a
maré quando digo: - Não vou ao “rock in
Rio”.
Importa-me, porém, que os hábitos nos
sejam induzidos artificialmente, com
base em falsos pressupostos ancorados
nos inevitáveis efeitos e benefícios da
mundialização (benefícios que deixam de
fora uma imensa maioria), e nos discursos vazios de conteúdo mas, prenhes de
intenção em satisfazer os interesses de
uma pequena minoria.
Há pouco tempo um anúncio publicitário
terminava com as seguintes palavras de
uma conhecida figura televisiva. – “Isto é
verdade. Não é publicidade.”
Aos cidadãos (não digo às cidadãs e aos
cidadãos, talvez porque não seja tão inovador, moderno e criativo com o engenheiro que chefia o governo ou, talvez
porque não seja necessária a redundância para incluir os géneros. Tenho de
verificar se isto é cientificamente correcto
porque, politicamente é, de certeza,
incorrecto), mas como dizia, aos cidadãos
compete avaliar o que é publicidade no
discurso e na prática política. ||
Publicado em Maio de 2006, no Expresso das 9,
Ponta Delgada, Aníbal Pires
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“MANTENHA”
A esperança renascida a cada Abril
Eis-nos em Abril dos cravos e da
esperança a cada dia renascida de
que “UM MUNDO MELHOR É POSSÍVEL”.
nómico do que a nível cultural, ao
esgotamento dos recursos naturais e,
muito menos, ao caminho dos retrocessos civilizacionais que estão a ser
E isto porque estou certa de que as praticados em nome da modernidade.
realizações humanas não têm de ser, Portugal é, dos países da União Euronecessariamente, as que nos condu- peia, aquele onde se verificam as
zem à auto-destruição, às profundas maiores assimetrias na distribuição
assimetrias na distribuição do rendi- do rendimento, isto é, onde a discremento que discrimina de uma forma pância entre os ricos, cada vez mais
mais acentuada a nível social e eco- ricos, e os pobres, cada vez mais
pobres, é mais acentuada.
É porque a esperança vive
que continuamos no movimento associativo, é porque a esperança vive que
recordamos e celebramos
o 25 de Abril, com a mesma determinação e alegria que celebramos o dia
da
Independência
de
Cabo Verde. ||
Rostos da Bela Vista — A Isabel
Chamo-me Isabel e estou em Portugal há 9
anos. Vim evacuada por motivos de saúde e
acabei ficando em Portugal. O meu companheiro e os meus filhos já aqui residiam e
faziam a sua vida e só eu estava ainda em
Cabo Verde.
Logo que cheguei e após os primeiros tratamentos, comecei a trabalhar na cantina da
Setenave como cozinheira, preparando as
refeições para os trabalhadores. Gostei de
lá trabalhar, mas como a cantina depois
fechou tive de ir fazer outras
coisas, tais como trabalhar,
como mulher-a-dias e, seguidamente, no serviço de limpeza numa grande superfície
comercial. Contudo, devido à
idade, tive de vir embora e
voltei ao trabalho anterior.
Em Cabo Verde, eu era funcionária da Agência Nacional
de Viagens. Quando cheguei
a Portugal e nos primeiros
tempos, estive a morar na
casa de uma prima minha. Só
mais tarde e depois de ter
começado a trabalhar é que
fui viver com o pai dos meus filhos, ficando
a vida mais fácil, pois éramos os dois a
trabalhar e os meus filhos já eram adultos e
tinham a vida deles.
Tenho três filhos: dois rapazes e uma rapariga. O meu marido já cá está há 15 anos.
Agora, pelo menos, já estou ao pé da família, embora com saudades da Terra.
Tenho saudades de tudo, mas principalmente dos amigos, porque na minha terra
sou uma pessoa muito querida, sou amiga
de todas as pessoas e elas também me
amam. Sou uma pessoa já de uma certa
idade, mas tenho espírito jovem. Sou alegre, gosto de conviver e deixei muitas saudades.
Quando estava de partida para Portugal,
todas as pessoas que me amam estavam a
chorar. Estou à espera de conseguir os meus
documentos e, entretanto, vou fazendo o que
aparece, pois a minha idade já é avançada.
Eu gosto de Batuku, desde que vivia em
Cabo Verde. Por isso, quando soube que
havia cá em Setúbal uma Associação Caboverdiana com um grupo de Batuku, fui logo
saber onde ficava e o que deveria fazer para
entrar no grupo. Gostei da ACVS e entrei
para o grupo. Hoje, faço parte das Rinka
Finka. Como dizem os mais novos, sou
uma”cota” fixe e que gosta de viver. Nós
ensaiamos aos domingos.
É fácil conciliar com a vida familiar porque
deixo tudo organizado em casa e posso vir
ensaiar e divertir-me com as minhas companheiras. Também gosto muito quando nos
convidam para ir actuar num espectáculo
fora e mostrar a nossa cultura, porque é a
coisa mais preciosa que nós temos.
O momento mais difícil, desde que estou em
Portugal, foi quando adoeci e fiquei cega,
pois estive muito tempo à espera para ser
operada: três anos.
Estive mesmo mal! Se não fosse tão amada
pelos outros, não sei o que teria feito à
minha vida. Os meus amigos, quando me
iam ver, ajudavam-me em algumas tarefas.
Como estava isolada, as amigas do Batuku
iam-me buscar a casa para vir aos ensaios.
Mesmo com a minha cegueira, eu divertiame porque tenho um brio muito grande em
viver. Havia até quem pensasse que eu via.
Agora, preocupa-me não ter ainda documentos. Eu tinha dois vistos de permanência,
mas como fiquei cega e sem trabalhar, não
consegui o terceiro. Hoje, com 63 anos, é
difícil…Gostava de voltar a Cabo-Verde, mas
sem documentos não é possível. Pedi ajuda à
Associação para ver se os consigo, porque sei
que ela tem ajudado muitos Imigrantes.
Esta Associação significa muito para
mim. Para além da nossa Presidente que
eu adoro, tem um grupo de dirigentes
muito dinâmicos e está a ter um desenvolvimento que nunca teve no passado.
As pessoas que cá vivem há mais tempo
do que eu estão sempre a comentar isso e
eu tenho seguido de perto todo o esforço
que ela faz no sentido de procurar coisas
para o desenvolvimento da nossa comunidade e dos moradores do Bairro em geral
Todos nós somos testemunhas dos progressos feitos nos últimos anos e um
grande exemplo é o Gabinete Consular e
todo o apoio prestado a nível de documentação.
Eu, como gosto da ACVS, tento colaborar e
ajudar no que for preciso, pagando as
minhas cotas mesmo com muita dificuldade,
pois não estou a trabalhar. Mas vale a pena.
Também colaboro nas limpezas da sede porque aqui todos limpam, inclusive a Presidente. Quando fazem um “Djunta Mom” para
fazer obras ou pintar, nós, as mulheres, fazemos o almoço para os que estão a trabalhar e
ajudamos a arrumar, depois das obras.
A nossa comunidade devia apoiar mais a
ACVS, principalmente os moradores do
Bairro.
Para mim, a mulher cabo-verdiana é muito
trabalhadora e lutadora, fazendo tudo para
conseguir os seus objectivos e ser feliz. ||
Página 3
“MANTENHA”
ATL — “Ler para Novos Horizontes Ter”
No âmbito do Dia Internacional do
Livro Infantil, que se comemorou
no dia 2 de Abril, O ATL da ACVS
iniciou a actividade "LER PARA
NOVOS HORIZONTES TER".
Esta actividade tem como objecti-
vos a promoção do gosto pela leitura e sua importância na formação
das crianças e jovens, aprender a
aprender lendo e brincando e a
criação de uma biblioteca infanto/
juvenil que ficará aberta à utilização das crianças e jovens que frequentam as actividades que são
promovidas no âmbito da ACVS.
A campanha de angariação de
livros é dirigida às instituições, às
editoras e livrarias mas também às
pessoas.
Os leitores do “MANTENHA”
podem também contribuir com a
oferta de livros para a Biblioteca
que a ACVS está a construir.
Não deixem de colaborar com esta
iniciativa que mais não pretende
do que proporcionar às crianças e
jovens o acesso ao saber e à cultura.
Este projecto vai trazer à ACVS
alguns escritores
infantis e juvenis.
de
estórias
A realização de uma feira do livro
cujos proveitos serão destinados à
aquisição de livros e ao arranjo do
espaço onde ficará instalada a
Biblioteca, sessões de leitura colectiva e a dramatização de alguns
textos
completam este projecto
que não acaba aqui.
Em qualquer altura a oferta de
livros é bem vinda. ||
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“MANTENHA”
Objectivos do Milénio
Comemorando-se em 2008 o Ano Europeu para o Diálogo Intercultural, a
Câmara Municipal de Setúbal vai marcar este acontecimento, através da
Divisão de Inclusão Social – Gabinete
do Imigrante e Minorias Étnicas e em
parceria com a A4 (Associação de
Angolanos e Amigos de Angola), a
ACVS (Associação Caboverdiana de
Setúbal), EDINSTVO (Associação de
Imigrantes de Leste), FRATIA
(Associação de Imigrantes Romenos e
Moldavos), ICE (Instituto das Comunidades Educativas), IPJ (Instituto Português da Juventude), REAPN (Rede
Europeia Anti-Pobreza Núcleo de Setúbal) e a SELES (Sociedades de Estudos e Intervenção em Engenharia
Social) com diversas actividades,
durante o mês de Maio, do dia 1 ao dia
30.
Estas actividades serão distribuídas
por Seminários, Debates, Ciclos de
Conversas, Filmes, Workshops e Exposições e realizadas em Espaço Aberto e
no SEI.
Integrado nesta iniciativa, estará o
“Projecto Local Milénio de Todos” que
tem como finalidade a difusão das
acções relacionadas com os 8
Objectivos do Milénio traçados
pelo ONU e que são: a redução da
pobreza extrema, da fome e da
mortalidade infantil e materna, o
acesso universal ao ensino primário, a promoção da igualdade de
géneros, o combate de doenças
graves como a sida, a garantia da
sustentabilidade ambiental e o
fortalecimento da parceria global
para o desenvolvimento.
A diversidade cultural constitui um
motor fundamental do desenvolvimento sustentável das comunidades, dos
povos e das nações, devendo desenvolver-se num quadro de democracia, de
tolerância, de justiça social e de respeito mútuo.
A Câmara Municipal de Setúbal conta
com a participação de todos, pois é
através de uma reflexão conjunta que
se encontrará o caminho para um mundo mais justo e solidário.
PROGRAMA
Durante o mês
Workshop de construção de fantoches
No Espaço Aberto para encenação da
história infantil “Os Ovos Misteriosos”
17h00 – 18h30
Org.: CMS (Espaço Aberto)
Inscrições de 28 de Abril a 2 de Maio
Espaço Aberto e SEI.
Informação e Divulgação sobre os 8
Objectivos de Desenvolvimento do
Milénio no Bairro da bela Vista
Org: Associação Caboverdiana de Setúbal
1 a 15—Exposição da Meia Maratona Fotográfica
07 “Multiculturalidade”
Associação Caboverdiana de Setúbal
(R. do Antigo Olival, 8-E 11)
Terça a sexta, das 09.30 às 12.30 e das
14h00 às 17h30.
Sábado, das 09h00 às 12h30
Org.: Projecto “Um Milénio de Todos”
Dia 4—Seminário “A Nova Lei da
Imigração”
Auditório Municipal Cinema Charlot
09h30 às 13h00
Org.: Associação EDINSTVO Associação de Imigrantes de Leste
SEMANA OBJECTIVO 2015 – 8 a 14
Dia 8—Ciclo de conversas interculturais “Às Voltas com…A Sexualidade: Mitos e Realidades”
Sociedade Musical Capricho Setubalense
(R. Sociedade Musical Capricho Setubalense, nº 1)
- 21h30
Org.: CMS, ACVS, REAPN
Dia 9—Debate “Os 8 Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio”: Um
Milénio de Todos”
Centro de Cidadania Activa (R. João
Eloy do Amaral, 138)
09h30 – 15h00
Inscrições e mais informações: GIME/
SEI — Gabinete do Imigrante e das
Minorias Étnicas/Setúbal, Etnias e
Imigração (R. Amílcar Cabral, nº 4) 265545174
Org.: Projecto “Um Milénio de Todos”
Dias 6 e 8—GRAFFIT’ARTE – Workshops de graffiti
Sobre a temática dos 8 ODMs
Inscrições de 28 de Abril a 5 de Maio
Espaço Aberto (R. do Monte, nº 6) –
265721006
e GIME/SEI - Gabinete do Imigrante e
das Minorias Étnicas/Setúbal,
Etnias e Imigração (R. Amílcar Cabral,
nº 4) -265545174
Dia 10—GRAFFIT’ARTE Paint Day
10h00 – Pátio do Avião (Bela Vista) e
Centro Multicultural
Debate “8 formas de Mudar o
Mundo
Nós
Podemos!”
Com a presença do MC Chullage/
Lançamento da segunda edição do
jornal “Vozes do Bairro”/
Workshop
de
Breakdance/
Actuação de bandas Hip-Hop
15h00 – Centro Multicultural (R. das
Piteiras)
Org.: CMS (Espaço Aberto)
Dias 13 e 14—Ciclo de Documentários da “Mostra de Cinema Objectivo 2015”
Dia 13
15h00 “China Blue”
21h00 “Sisters in Law”
Dia 14
15h00 “Oxalá cresçam pitangas”
21h00 “Pesadelo de Darwin”
Instituto Português da Juventude
(Largo José Afonso)
Org.: CMS e Campanha Objectivo 2015
De 16 a 31—Exposição da Meia
Maratona Fotográfica 08 “A
Mulher”
Centro da Cidadania Activa (R. R. João
Eloy
do Amaral, 138)
Segunda a sexta, das 9h30 às 13h00 e
das
14h30 às 18h00
Org.: Projecto “Um Milénio de Todos”
Dia 24—“A Dançar a gente também
se entende”
15h00 – Centro Multicultural (R. das
Piteiras)
14h30 – Workshop Danças do Mundo
Inscrições a partir de 5 de Maio no SEI
- 265545174
16h30 – Apresentação da peça de teatro
“Os Ovos Misteriosos” resultante do
Workshop de Construção de Fantoches
17h00 – Actuação de grupos de dança
de diferentes países e culturas
Org.: CMS e Associações de Imigrantes
do Concelho
Dia 30—Ciclo de conversas interculturais “Às voltas com…
Religiões e Espiritualidades”
Sociedade Musical Capricho Setubalense (R.
Sociedade Musical Capricho Setubalense, 1)
21h30
Org.: CMS, ACVS, REAPN. ||
Página 5
“MANTENHA”
ATL — “workshop” de dança
No fim do mês de Março uma outra
experiência radical.
Fomos até ao Salão da Paróquia da
Nossa Senhora da Conceição, aqui na
Bela Vista para, em conjunto com
um grupo de crianças que lá frequen-
tam actividades, participarmos na iniciação às danças
tradicionais de Cabo Verde.
As monitoras deram-lhe um
nome estrangeirado, não percebemos muito bem porque é
que os adultos têm a mania de
complicar tudo, porque o que
fomos fazer foi mesmo aprender a dançar.
E foi radical pois acertar os
passos ao som da música não
é tarefa fácil.
Para alguns de nós o “rapel” e
o “slide” foi bem menos
“radical” do que esta experiência que
ao que nos disseram vai ter continuidade.
Bem divertido
E lá fomos acertando os passos
A Actividade
A princípio não gostámos da ideia
mas depois desta experiência estamos aí prontos para aprender esta
forma de comunicação e cultura que
é a dança.
Objectivos:
E já decidimos, pelo menos as raparigas estão de acordo, vamos formar
um grupo de dança no ATL da
ACVS.
- Estimular o gosto pela dança
- Promover intercâmbios entre
crianças de várias origens culturais
- Promover a dança para um
factor de expressão e desenvolvimento pessoal
- Dar a conhecer a dança tradicional Cabo-verdiana
Data e Local:
- 25 de Março, na Paróquia da
Nossa Senhora da Conceição Bela Vista
Participantes:
- 16 crianças do ATL da ACVS
- 2 jovens do grupo de dança da
ACVS
- 8 crianças do programa Escolhas da Paroquia
No princípio e para descontrair...
- 4 monitoras
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“MANTENHA”
Mercado de trabalho e vínculos laborais
As questões
laborais e,
particularmente,
a
precariedade dos vínculos, está
na
ordem
do dia.
Paulo Mendes
Vamos
aos
números: em Portugal, 22,4% dos
trabalhadores têm vínculos precários; ironicamente, a manutenção de
uma parte desta precariedade tem à
cabeça o próprio Estado. São milhares de trabalhadores que se encontram na mais primária relação laboral, tendo como patrão o Estado (117
mil) e, por isso, é exigível uma postura moralizadora do próprio Estado,
ou seja, que a precariedade não seja
na prática tolerada no seu interior. A
precariedade laboral afecta de forma
particular os jovens, atingindo cerca de 35,5% dos traba- “(…) em
lhadores com menos de 34
anos.
40% dos trabalhadores não têm vínculos definitivos com as empresas e
não há números seguros sobre a
dimensão dos trabalhadores
“verdes” (recibos verdes). A Associação Industrial de Construção Civil e
Obras Públicas dos Açores
(AICOPA), perante um estudo realizado, referenciou a existência de 11%
de empresas com actividades ilegais,
facto que tem necessariamente consequências negativas sobre os vínculos laborais, sendo certo que a área
de construção civil é um terreno
fecundo para a precarização das relações laborais.
E o que dizem os responsáveis políticos sobre isso. Sócrates, recentemente, disse o que todos já sabem: que a
existência de muitos trabalhadores
em regime de recibos verdes e a
pagarem toda sua protecção social é
de um “injustiça gritante”, numa
pela voz de Jerónimo de Sousa, chamou a atenção da utilização dos estágios profissionais para esconder a
verdadeira dimensão do desemprego
na região. A observação não deixa de
ser pertinente, sendo que os próprios
sindicatos a nível regional já evidenciaram, igualmente, esta preocupação. Por isso, é importante ter em
atenção o número real de pessoas
que estão a fazer o estágio e o peso
que assume no apuramento das
taxas de desemprego na região.
No entanto, é inquestionável a
importância que os programas de
Estágios Profissionais têm na promoção do primeiro contacto dos jovens
com o mundo laboral e na acumulação de experiência para os futuros
empregos.
O centro da discussão deve estar, na
minha perspectiva, nos seguintes
aspectos: saber se estagiários ficam
ou não a trabalhar nas
Portugal, 22,4% dos trabalhadores têm víncu- entidades onde fizeram
o estágio; se prevalecem
ou
não
expedientes
los precários; ironicamente, a manutenção de uma
regulares por parte das
entidades no recurso ao
parte desta precariedade tem à cabeça o próprio
estágio sem a mínima
Estado. São milhares de trabalhadores que se encon- hipótese de enquadrarem no seu quadro os
estagiários.
tram na mais primária relação laboral, tendo como
Por outro lado, não podemos
esquecer os trabalhadores
que nem sequer existem à
luz da lei para serem contabilizados como tendo os vínculos precários ou outros
pois, simplesmente, não existem, por estarem desprovidos de qualquer tipo de vínculo. É um problema que
aflige muitos trabalhadores e, com
maior incidência, em particular, nos
trabalhadores migrantes.
O sector de construção civil é fértil
para a “não existência” de trabalhadores, sendo que o problema reside
não nas grandes empresas mas sim
e, muitas vezes, nos subempreiteiros.
O Estado, nos critérios de adjudicação das obras públicas, deveria levar
isso em consideração, ou seja, tentar
influenciar para a existência de boas
práticas no relacionamento entre as
empresas e os subempreiteiros e no
combate à precariedade e exploração
laboral.
Nos Açores, onde vivo e trabalho,
patrão o Estado (117 mil) (…)”
altura que se iniciou o Conselho para
a Concertação Social, tendo em cima
da mesa o novo código laboral em que
é expectável que venha a ter consequências positivas para a diminuição
da precariedade laboral, em que por
detrás de números, estão homens e
mulheres que merecem mais esforço
dos responsáveis políticos para a
minimização deste problema. Nos
Açores, Carlos César, no discurso de
encerramento do Congresso dos
socialistas açorianos, declarou
“tolerância zero” para a precariedade
laboral.
O PCP, durante as Jornadas Parlamentares que realizou nos Açores,
Sobre o assunto, alguns
dados confirmam que
85% dos licenciados que
efectuaram o estágio
estão empregados e 15% continuam
desempregados. Mas, aqui, é relevante saber em que condições estes
jovens estão a trabalhar e a fazerem
o quê exactamente.
Não obstante as alterações legislativas que podem ocorrer no sentido de
combater a precariedade laboral,
julgo que há três coisas que temos de
reforçar: a valorização e qualificação
das pessoas, enquanto instrumento
central para combater a precariedade e potenciar a tão falada flexibilidade laboral; o desenvolvimento do
tecido económico e capacitá-lo na
absorção das pessoas qualificadas; e
o reforço da fiscalização laboral. ||
ANO 2 N.º 11
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Pobres de novo tipo
As transformações que estão a ser
enquistadas nos sectores sociais do
Estado têm um suporte ideológico e,
não temos que ter medo das palavras
só porque alguém um dia resolveu
“por fim à história” e “decretar o fim
das ideologias”.
Sendo que o discurso do fim a
história e das
ideologias é, em si
mesmo, um dos
pilares que sustenta a ideologia
dominante, ideologia uniformizadora do pensamento e do comportamento e que
nos
pretende
transformar
numa mole acrítica de meros factores de produção e
consumidores
formatados, por
necessidades
construídas
nos
monitores da televisão, da Internet
ou, dos famigerados telemóveis.
Pobres que trabalham, não esmolam, nem povoam
as ruas das nossas
urbes estendendo a
mão à caridade!
Cidadãs e cidadãos que auferem rendimentos do seu trabalho mas que,
devido às políticas de baixos salários
realizadas em nome da competitividade da economia global e de outras
falácias se vêm obrigados a recorrer
às instituições de protecção social
para garantirem alimento para si e
para os seus filhos.
Se este fenómeno atingiu em Portugal uma visibilidade que não pode
ser escamoteada, aliás é o próprio
governo que nos fala dos “pobres”, já
há muito se verifica quando olhamos
público, nas áreas sociais em que o
para o Mundo. As assimetrias no
Estado lhe cabe, constitucionalmente,
desenvolvimento mantêm-se e, em
garantir a universalidade.
alguns casos aprofundam-se e os
A política públicas para a educação, Objectivos do Milénio, ficam-se pelas
saúde e segurança social, bem
assim como as anunciadas políticas
de flexibilização da legislação laboral têm subjacentes as orientações
ideológicas neoliberais da teologia
do mercado em que aos Estados
caberá apenas o papel de regulador
pois, os mesmos teólogos da apologia do “menos Estado melhor Estado” reconhecem que o “mercado”
deixa sempre um segmento da
população que não acede às supostas “vantagens” e “virtualidades”
do mercado.
A oleada máquina de propaganda dos
poderes fustiga os cidadãos com as
incomparáveis vantagens das
“reformas” em curso e a necessidade
de tornar o Estado menos pesado, ou
por outras palavras abrir espaço à
livre iniciativa privada e ao empreen- O produto final destas políticas
dorismo.
está aí! Mais de 500 mil desempregados
e
2
Em
paralelo
milhões
de
decorreu e decor“(…) Pobres que trabalham, não pobres. O tal
re uma tenebrosa
segmento
da
esmolam, nem povoam as ruas
campanha
de
população
a
que
os
d e s a c r e d i t a ç ã o das nossas urbes estendendo a
benefícios do merdos
s e r v i ç o s mão à caridade! Cidadãs e cidacado e do neolibepúblicos e dos dãos que auferem rendimentos
ralismo não chetrabalhadores da
do seu trabalho mas que, (…)”
gam
administração
central, regional e
E depois… Bem!
local.
E depois, esta novidade - que a históO objectivo é, não tenhamos dúvidas, ria registará como uma das marcas
abrir caminho à penetração do sector do actual Governo - pobres de um
privado, em paridade com o sector novo tipo.
boas intenções e de bem com a consciência de quem dá uma moedinha à
porta do Templo.
A crise não é exclusivamente financeira.
A crise é, sobretudo, uma crise de
valores. ||
Olhares!
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Associação
túbal
Cabo Verdiana de Se
Rua do Antigo Olival, nº 8 – E 11
2910-060 Setúbal
Tel: 265771002
Fax: 265 771002
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Site: www.acvsetubal.org
Ficha Técnica:
Directora - Felismina Mendes
Coordenação e Textos - Felismina
Mendes, Maria da Luz Santos e
Aníbal Pires
1000 exemplares
Distribuição gratuita
Informações/Agenda
Exposição Fotográfica na ACVS
A
exposição
fotográfica
“Multiculturalidades”, que registou
os momentos da 4.º Maratona Fotográfica, promovida pela Câmara
Municipal de Setúbal, está patente
ao público na sede da ACVS, no horário do expediente, de 1 a 15 de Maio.
“Rinka Finka”
em Lagos, no Algarve
No âmbito do V Festival dos Descobrimentos que se realiza em Lagos,
no Algarve, de 24 de Abril a 4 de
Maio, o grupo de batucadeiras “Rinka
Finka” vai actuar, a convite da organização, no dia do encerramento do
festival.
O filme “A Ilha dos Escravos”
estreia a 8 de Maio
"A Ilha dos Escravos" do realizador
Francisco Manso vai ter a estreia comercial em Portugal no proximo dia 8 de
Maio de 2008 :
Lisboa: Cinemas do Colombo e Campo
Pequeno
Porto (Antas): Cinemas Dulce Vita.
“Nós Terra”
Cabo Verde e os Açores
procuram pontes de cooperação
O presidente do Governo Regional
dos Açores estabeleceu como uma
das prioridades para a sua visita
oficial de sete dias a Cabo Verde a
aproximação entre o empresariado
cabo-verdiano e açoriano. Nesse sentido, Carlos César reuniu-se com o
ministro cabo-verdiano da Economia, José Brito, e com operadores
económicos e empresários dos dois
arquipélagos.
Carlos César quer que a sua visita a
Cabo Verde seja “muito orientada
para a detecção de oportunidades de
negócios” e para a facilitação das
relações entre os dois governos, cita
a Inforpress.
De acordo com o presidente do
Governo Regional dos Açores, esta
maior cooperação económica entre
os dois arquipélagos terá de encontrar nos governos a sua sustentação,
mas cabe aos agentes privados a
“primeiríssima responsabilidade” no
aproveitamento das oportunidades.
A sua delegação integra, deste
modo, representantes do sector agrícola e empresários dos sectores
financeiro, energético, dos combustíveis, transportes aéreo e marítimo,
pesca, construção civil, lacticínios e
turismo, entre outros, que estarão
hoje numa reunião com empresários
cabo-verdianos.
Na agenda de César para o primeiro
dia de visita consta ainda um encontro técnico a nível dos Sectores, no
Palácio das Comunidades com início
às 10 horas. Realiza-se també, uma
outra reunião técnica sobre as ques-
tões da Parceria e relações União
Europeia, RUP e Cabo Verde.
O presidente do Governo Regional
dos Açores aproveita a manhã para
visitar ainda a Cidade Velha.
À tarde participa na cerimónia de
assinatura do Protocolo de Transferência e Cooperação entre a Caixa
Económica, o Banco Espírito Santo e
o Banco Espírito Santo dos Açores.
Reúne-se depois com o presidente da
Câmara Municipal da Praia, Felisberto Vieira. ||
O Euro poderá, a prazo, circular
livremente em Cabo Verde
No âmbito das comemorações dos
dez anos do acordo cambial entre
Cabo Verde e Portugal o primeiroministro, José Maria Neves, aventou a possibilidade do euro começar a circular livremente em Cabo
Verde.
O ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, que veio expressamente a
Cabo Verde participar na cerimónia que celebra esta parceria
financeira única na relação entre
os dois países, disse que “esta é
uma ambição natural de Cabo
Verde, face aos bons resultados
que tem alcançado”. ||
Parceiros e patrocinadores

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