Artistas Contemporâneos

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Artistas Contemporâneos
ARTISTAS CONTEMPORÂNEOS
WILLEM DE KOONING
(1904/1997)
Pintor norte-americano de origem holandesa nasceu em
Rotterdam e emigrou para os Estados Unidos em 1926.
Um dos expoentes do expressionismo abstrato, particularmente
da forma chamada pintura ação.
No início suas obras são conservadoras, mas a amizade com o
pintor Arshile Gorky, a partir de 1927, coloca-o em contato com o
círculo de artistas que muito o influenciariam em suas formas
expressionistas.
Na década de 30 adota diversos estilos simultaneamente,
entregando-se à experimentação com grande vigor. Com
pinceladas violentas, produz composições geométricas.
Em 1938 começa a pintar formas masculinas e quadros
abstratos coloridos. Após a primeira exposição individual, em
1948, passa a ser considerado, ao lado de Jackson Pollock, o
líder da nova corrente, o expressionismo abstrato.
Seu trabalho mais famoso é a série Mulheres (1950-1953), que
mostra formas femininas em pinceladas frenéticas. Suas obras
chocam o público. Na década de 70 demonstra renovado
interesse pela paisagem, como em...Cujo Nome Estava Escrito
na Água (1976) e Sem Título III (1980). Nessa época se dedica
também à escultura. Morre em Long Island, perto de Nova York,
aos 93 anos.
JACKSON POLLOCK (EUA 1912/1956).
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Importante pintor dos Estados Unidos da América e referência no
movimento do expressionismo abstrato, Pollock desenvolveu uma técnica
de pintura, criada por Max Ernst, o 'dripping' (gotejamento), na qual
respingava a tinta sobre suas imensas telas.
Pintava com a tela colocada no chão para sentir-se dentro do quadro.
Pollock parte do zero, do pingo de tinta que deixa cair na tela, para
elaborar suas obras. Além de deixar de lado o cavalete, Pollock também
não mais usa pincéis.
Adolescente com problemas escolares, desde cedo se envolveu com o
álcool e jamais conseguiu libertar-se dele. Fez tratamento psiquiátrico
algumas vezes, mas sempre retornava ao vício. Na década de 40
conheceu Lee Krasner, pintora abstrata com quem se casou e que o
apresentou a pessoas importantes no mundo da arte.
Lee abandonou praticamente sua carreira para dedicar-se a Pollock,
ajudando-o na luta contra o álcool. Por causa dele foram morar em um
local afastado, procurando criar melhores condições nessa luta. Apesar de
todo o esforço, o artista sempre retornava à bebida. A separação acabou
acontecendo e foi mais um motivo depressivo para o artista.
Suas telas, imensas, eram pintadas antes de serem estiradas. Isso
permitia que o artista praticamente caminhasse sobre a tela, fazendo parte
dela durante o processo de pintar.
A arte de Pollock combinava a simplicidade com a pintura pura e suas
obras de maiores dimensões possuem características monumentais. Com
Pollock, há o auge da pintura de ação (action painting).
Polêmico, irrequieto, perturbador, diferente... São apenas alguns
qualificativos que se pode atribuir a Jackson Pollock, que teve uma vida
muito tumultuada.
Pollock é considerado um dos mais importantes personagens da pintura
pós-guerra. Apesar de ter seu trabalho reconhecido e com exposições por
vários países do mundo, Pollock nunca saiu dos Estados Unidos.
Aos 44 anos, em agosto de 1956, quando voltava dirigindo embriagado de
uma festa, morreu em um acidente de carro. Ele simplesmente chocou-se
com uma árvore.
JEAN-MICHEL BASQUIAT
(NY, EUA 1960/1988)
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Tinha ascendência portorriquenha por parte de mãe e haitiana
por parte de pai. Desde cedo mostrou uma aptidão incomum
para a arte e foi influenciado pela mãe a desenhar, pintar e a
participar de atividades relacionadas ao mundo artístico.
Aos oito, é atropelado por um carro, quebra o braço e sofre uma
série de lesões. Durante a internação, ganha uma cópia da
revista Gray’s Anatomy da mãe. Foi dessa experiência que
nasceram seus primeiros desenhos com noções de anatomia.
Em 1976, após viver alguns anos com o pai e os irmãos em
Porto Rico, volta a Nova York e completa seus estudos na Cityas-School, uma escola de fundamento pedagógico progressivo –
de linha alternativa, moldada para jovens prodígios com
dificuldades de adaptação ao ensino tradicional.
Com um estilo original, espontâneo, humilde e visceral, foi um
dos artistas plásticos mais conhecidos nos anos 1980 e pioneiro
do movimento underground.
Através da poesia, do desenho, da pintura e, em menor escala,
da música, atacava estruturas de poder, o racismo, o
colonialismo e a exploração dos negros e pobres através da luta
de classes. Seus desenhos costumavam deixar bem claras as
dicotomias sociais contemporâneas, como “riqueza x pobreza”,
“integração x segregação”.
Em 1977, aos 17 anos, Basquiat e um amigo, Al Diaz,
começaram a fazer grafite em prédios abandonados em
Manhattan. É quando começa a ganhar notoriedade por seu
trabalho e torna-se mais tarde um pintor neo expressionista.
Em 1978 abandonou a escola e saiu de casa, apenas um ano
antes de se formar. Passou a viver com amigos, sobrevivendo
através da venda de camisetas e postais na rua.
Um ano depois, em 1979, contudo, Basquiat ganhou um status
de celebridade dentro da cena de arte de East Village em
Manhattan por suas aparições regulares em um programa
televisivo.
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Basquiat começou a ser mais amplamente reconhecido em junho
de 1980 quando participou do The Times Square Show, uma
exposição de vários artistas patrocinada por uma instituição de
nome "Colab".
Já em 1982 era visto freqüentemente na companhia de artistas
conhecidos, como Julian Schnabel e outros, que ficaram
famosos depois como os "neo-expressionistas".
Dois anos depois, em 1984, já se encontrava em uso excessivo
de drogas.
No dia 10 de fevereiro de 1985, Basquiat foi capa da revista
do The New York Times e teve uma reportagem dedicada
inteiramente a ele.
Com o sucesso, foram realizadas diversas exposições
internacionais em todas as maiores capitais europeias. Basquiat
morreu de um coquetel de drogas em seu estúdio, em 1988.
Após sua morte, um filme que levava seu nome foi lançado
contando sua biografia, dirigido por Julian Schnabel e com o
ator Jeffrey Wright no papel de Basquiat.
As pinturas de Basquiat ainda são influência para vários artistas
e costumam atingir preços altos em leilões de arte.
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ANDY WARHOL
(EUA 1928/1987)
Andrew Warhola, nasceu na cidade de Pittsburgh, EUA, de pais
originários da Eslováquia.
Durante a infância, Warhol foi acometido por uma enfermidade
que atingiu seu sistema nervoso central, provocando no garoto
uma reação de extrema timidez.
Fez seus estudos no Liceu de Schenley e também no Museu
Carnegie, localizado próximo à instituição onde ele estudava.
Cursou design no Instituto de Tecnologia Carnegie, onde já
exercitava seu estilo polêmico, pois se recusava a aceitar as
normas estabelecidas.
Os projetos por ele executados durante a graduação levaram-no
a receber um prêmio concedido por esta instituição, com a
consequente exposição de seus trabalhos.
Ao concluir o curso ele seguiu para Nova York, iniciando a
carreira de ilustrador, tendo trabalhado em importantes revistas
como a Vogue, Harper's Bazaar e The New Yorker, e também
como produtor de anúncios e displays publicitários para serem
exibidos nas vitrines de vários estabelecimentos comerciais.
Sua trajetória profissional como artista gráfico foi muito bem
sucedida. Ao longo de sua jornada ele conquistou inúmeros
prêmios como diretor de Arte do Art Director's Club e do The
American Institute of Graphic Arts.
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Sua primeira exposição individual foi em 1952, na Hugo Gallery,
com a mostra de quinze desenhos inspirados na produção de
Truman Capote, jornalista e ficcionista norte-americano. Estes
trabalhos foram também exibidos no MOMA, NY, em 1956,
quando ele passa a assinar suas obras como Andy Warhol.
Na década de 60, sua trajetória como artista plástico sofre uma
reviravolta, pois ele passa a se apropriar das ideias publicitárias
em suas criações, valendo-se de tonalidades fortes e tintas
acrílicas. Neste mesmo período ele renova o movimento
conhecido como pop art ao gerar mecanicamente inúmeras
cópias de seus trabalhos, através de uma técnica denominada
serigrafia - processo de reprodução de imagens sobre papel,
madeira, vidro, entre outros materiais.
Ele concretiza essa produção artística com temas extraídos do
dia-a-dia, como latas de sopas Campbell, garrafas de Coca-Cola,
rostos de ícones da indústria cultural, entre eles os de Marilyn
Monroe, Elvis Presley, entre outros. As colagens e a utilização de
matéria-prima descartável, geralmente não utilizada pelos
artistas plásticos, foram outras técnicas privilegiadas por Andy.
No ano de 1968 ele é vítima de um atentado perpetrado por uma
militante do grupo Society for Cutting Up Men - Sociedade para
castrar homens -, Valerie Solanis. O tiro que o alveja não o
conduz à morte e inspira o filme I shot Andy Warhol - Eu atirei em
Andy Warhol -, de1996, dirigido por Mary Harron.
Warhol, um dos criadores e principal representante da Pop Art,
pintor e cineasta norte-americano, morreu em Nova York, no dia
22 de fevereiro de 1987, quando após uma cirurgia bem
sucedida da vesícula biliar, teve um problema cardíaco.
Famoso durante 35 anos, ele foi o criador da frase: “No futuro,
qualquer um será célebre por quinze minutos”, insinuando que a
arte é um mero produto comercial, disseminado através de
meios de produção massificados.
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RICHARD SERRA (1939 - EUA)
É considerado um dos artistas mais importantes do pós-guerra.
Recentemente tem feito trabalhos de grande escala em aço, mas já
realizou obras com diferentes tipos de materiais industriais como
borracha, chumbo e lâmpadas.
Conhecido também por colocar em confronto a obra e o espaço público
como na polêmica escultura "Tilted Arc - 1987", retirada do local após
mobilização dos habitantes (de uma área nobre de Nova Iorque que
consideraram a escultura ofensiva.
Uma série de esculturas em aço corten, nomeada The Matter of Time, é a
única exposição permanente no museu Guggenheim, em Bilbao,
Espanha).
Ainda adolescente trabalhava em suas férias numa siderúrgica onde teve
seu primeiro contato com o metal e com o trabalho em altas temperaturas.
Filho de um espanhol e de uma russa, Serra se formou em Inglês e pósgraduou em Arte na Universidade de Yale.
Ao voltar de uma temporada na Europa, na segunda metade da década
de 1960, Serra mergulha na onda do minimalismo e da desconstrução.
A escultura parecia encontrar a abstração em ângulos retos, tecnológicos,
limpos e, em muitas ocasiões, nada mais que experimentais.
Começa a trabalhar com aço e percebe a força e estabilidade que este
material proporciona. Utiliza placas de aço com diferentes comprimentos e
alturas aplicadas ao meio urbano ou rural, mudando a percepção do local
e do transeunte.
Produz peças que pesam toneladas e possuem autossustentação (algo
defendido desde sempre por Serra como uma condição para a criação
destas obras). Não há pregos, amarras ao chão, fundações ou outros
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meios para manter as esculturas estáveis. Apenas a gravidade aplicada à
massa do aço somados a cálculos precisos fazem tais estruturas se
manterem em pé, muitas vezes sendo curvadas e inclinadas em ângulos
surpreendentes.
Com esses trabalhos Serra é visto pela critica como um artista
genuinamente contemporâneo, utilizando materiais novos, superando a
indústria e a engenharia, com muitas inserções importantes da arte no
meio urbano. Tem reconhecimento internacional.
GERHARD RICHTER
(Dresden, Alemanha (1932)
Cresceu na Alemanha oriental, tendo vivido 16 anos sob o regime
comunista da Alemanha do leste. Estudou na Kunstakademie de Dresden
entre 1952 e 1957.
A partir de 1961 passa a viver na Alemanha ocidental, entre Colonia e
Dusseldorf. Era já conhecido como pintor de murais e começa a trabalhar
como técnico de fotografia. Frequenta a Staatliche Kunstakademie de
Dusseldorf de 1961 a 1964. Entra aí em contato com o expressionismo
abstrato e também com uma série de tendências avant garde. Entra em
contato com os artistas de sua geração, como Sigmar Polke, que se
identificavam como artistas pop. Foram, por um breve período, iniciadores
de uma variante satírica do pop a que chamavam “realismo capitalista”.
Em 1962 iniciou pinturas que fundiam a iconografia jornalística e retratos
de família com um realismo austero baseado na fotografia. Richter
estabeleceu o seu percurso através de um enredo de "ismos" que
prosperavam à sua volta.
A primeira exposição individual de Richter foi realizada numa loja de
móveis (Möbelhaus Berges), em Düsseldorf, em 1963, quando o artista
apresentou pela primeira vez o estilo fotografia-pintura, tendo utilizado
fotografias de paisagens, retratos e naturezas-mortas como base para as
suas pinturas. O artista manchou as imagens ou objetos apresentados,
afastando-se da pintura figurativa tradicional, de forma a diferenciar a
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pintura da fotografia. Em 1967, Richter ganhou o prémio de arte Junger
Westen da cidade de Recklinghausen na Alemanha. A partair daí ele
começou a sua fase "construtivista", que incluiu trabalhos como Color
Charts,Inpaitings, Gray Paintings e Forty-eight Portraits, assim como o
trabalho com espelhos.
No início da década de 1970 evoluiu para uma pintura monocromática
sóbria que evocava a corrente minimalista, mas com uma diferença
significativa no que respeita ao objetivo e ao sentimento. No final da
década de 1970 e início da década de 1980, as pinturas sobre tela de
cores brilhantes e ousadamente delineadas sugeriam mas também
diferiam da pintura neo-expressionista.
Em 1988, Richter produziu um ciclo de 15 pinturas em preto e branco
intituladas October 18, 1977, baseadas em fotografias de imprensa sobre
o grupo Baader-Meinhof, um bando de radicais alemães que morreram
numa prisão de Stuttgart naquela data em circunstâncias trágicas e
altamente controversas.
Este grupo de pinturas marca uma ruptura na carreira de Richter. São
impressões (sobre papel fotográfico) e objetos que produz em edições de
algumas centenas, dando àqueles que não têm acesso aos níveis
elevados do mercado da arte a possibilidade de adquirir um trabalho de
um dos mais notáveis artistas do século XX.
Sob todos os aspectos na sua arte, Richter assumiu uma distância cética
de vanguardistas e conservadores no que respeita ao que deveria ser a
pintura, escolhendo, em vez disso, testar os limites do que ele como
artista poderia criar fora das convenções formais e do legado ideológico
contraditório.
O resultado, paradoxalmente, tem sido a mais completa "desconstrução"
dessas convenções e, ao mesmo tempo, um dos mais convincentes
exemplos de renovada vitalidade na pintura dos finais do século XX e
inícios do século XXI.
A produção artística de Gerhard Richter pode ser inserida em três
categorias:
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FIGURATIVA natureza;
todas as pinturas são baseadas na fotografia ou na
CONSTRUTIVISTA - trabalho mais teorético como tabelas de cor, painéis
de vidro e espelhos;
ABSTRATA - quase todo o trabalho realizado desde 1976, com exceção
de naturezas-mortas e paisagens.
A variedade no seu trabalho não indica uma falta de interesse pela
realidade, mas SIM uma grande confiança ao apresentar modelos
diferentes de forma a transmitir isso mesmo. De fato, a começar pelo seu
primeiro trabalho, Richter tem facilmente combinado, nas suas pinturas,
tanto a figuração como a abstracção.
Richter tem um corpo de trabalho importante no campo da pintura, mas
fez também peças com vidros e espelhos além do seu Atlas (7.000 fotos),
uma colecção de imagens fotográficas por ele recolhidas, sendo que
muitas delas serviram de base para as suas pinturas foto-realistas.
Em 1972, Richter foi escolhido para representar a Alemanha
na Bienal de Veneza, onde apresentou o trabalho 48 Portraits. Nesse
mesmo ano, participou na Documenta de Kassel, na Alemanha.
Fez outras exposições em seu país em
Prêmio Arnold Bode) e 1987.
1977, 1982 (ganhou o
Sua primeira exposição retrospectiva aconteceu em 1976 no Kunsthalle,
em Bremen, onde apresentou uma selecção de trabalhos realizados entre
1962 e 1974.
Em 1988 teve a sua primeira exposição retrospectiva no Estados
Unidos no Museu de Arte Contemporânea de Chicago, que itinerou
para Washington e São Francisco.
Richter é professor na Staatliche Kunstakademie de Düsseldorf
desde 1971. Em 1983, o artista mudou-se para Colônia, onde reside.
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Em 2009, a sua obra Claudius, avaliada em R$ 3,6 milhões, foi
apreendida pela Receita Federal do Brasil no Aeroporto Internacional de
Viracopos em Campinas, São Paulo, devido à entrada no país com
documentos falsos.
Em 27 de abril de 2010 foi doada ao Instituto Nacional de Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e desde então integra o novo acervo
de arte contemporânea do Iphan, instalado no Paço Imperial no Rio de
Janeiro.
“Abstraktes Bild”, óleo em tela de 1994 foi leiloada, em Outubro de 2012
em Londres, pela Sotheby’s, por 26,4 milhões de euros, batendo recordes
de venda para um artista vivo.
A obra pertencia à coleção privada do músico Eric Clapton e foi comprada
por um anônimo, ao fim de uma renhida disputa entre dois candidatos.
Anselm Kiefer
- (1945 – Alemanha)
Kiefer é pintor e escultor. Abandona seus estudos de direito em
1966 para estudar nas academias de arte de Freiburg, Karlsruhe
e Düsseldorf.
Seus trabalhos são quase sempre feitos em grandes formatos.
Na maioria deles, o uso da fotografia como suporte prevalece.
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Palha, cinza, argila, chumbo e selador de madeira são
geralmente incorporados em seus trabalhos.
Também é
característico o uso de escritos , personagens lendários ou
lugares históricos em quase todas as suas pinturas. Tudo é
codificado através daquilo que Kiefer busca para representar o
passado.
Temas relacionados ao nazismo são particularmente vistos em
seu trabalho, com a intençao de convidar os alemães a
relembrar e reconhecer a perda de sua cultura através da
louca xenofobia do Terceiro Reich.
Sua primeira exposição individual “Besetzungen” (Ocupações) foi
em 1969, na Galerie am Kaiserplatz, em Karlsruhe, em que
apresentava uma série de fotografias sobre ações políticas
controversas.
Por conta do material que empregava, seus trabalhos se
tornavam efêmeros e frágeis, contrastando com os temas
austeros de suas pinturas. A utilização desses materiais foi uma
influência que recebeu quando esteve sob a tutela de Joseph
Beuys, nos anos 70, na Düsseldorf Kunstakademie.
Nos anos 70, incorporou a mitologia alemã e na década seguinte
dialogou com a cabala. Partiu em longas viagens através
da Europa, Estados Unidos e Oriente Médio, onde nas duas
últimas obteve influências para seu trabalho. Além de pinturas,
Kiefer produziu esculturas, aquarelas, gravuras, fotografias e
livros.
Nos anos 80, os temas de Kiefer se estenderam do foco sobre o
papel da Alemanha na civilização para o destino da arte e cultura
em geral. Seu trabalho se tornou também objetal e envolveu não
apenas a identidade nacional e a memória coletiva, mas também
o simbolismo oculto, a teologia e o misticismo.
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O tema de todos os trabalhos é um trauma experimentado por
sociedades inteiras, e o renascimento e renovação contínuos na
vida.
Em 1990 foi premiado com o Wolf Prize. Em 1999 a Japan Art
Association o premiou com o Praemium Imperiale, por suas
realizações em vida. Eis a declaração:
"Um complexo engajamento crítico com a história percorre o
trabalho de Anselm Kiefer. Suas pinturas, como também as
esculturas de Georg Baselitz, criaram um alvoroço na Bienal de
Veneza de 1980: os visitantes tiveram que decidir se os
aparentes temas nazistas pretendiam ser irônicos ou se tinham
como intenção transmitir as atuais idéias fascistas. Kiefer
trabalhava com a convicção de que a arte podia curar uma
nação traumatizada e um mundo dividido. Criou pinturas épicas
em grandes telas que mobilizaram a história da cultura alemã
com a ajuda de descrições de figuras como Richard Wagner ou
Goethe, continuando assim a tradição história da pintura como
um meio para guiar o mundo. Somente poucos artistas
contemporâneos tiveram tal senso de dever da arte declarado,
para reunir o passado e as questões éticas do presente, e estão
em posição de expressar a possibilidade de absolvição da culpa
através do esforço humano."
De 1995 a 2001, Kiefer iniciou um ciclo de grande pinturas sobre
o cosmo.
Desde 1992 está estabelecido em Barjac, França, e transformou
uma fábrica industrial em um atelier de 35 hectares. Criou nele
um extensivo sistema de prédios de vidro, arquivos, instalações,
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depósitos para materiais e pinturas, câmaras e corredores
subterrâneos.
ANTONI TÀPIES
(Espanha 1923/2012)
Ponto de referência para a arte contemporânea, caracterizou-se, desde o início, pela
ruptura das convenções — utilização de materiais não-pictóricos que antecipavam os
futuros motivos informalistas pelo domínio técnico e pela originalidade temática, com
obras de caráter renovador e surrealista.
Alcançou sua maturidade artística, inaugurando uma etapa nova e mais pessoal ligada
ao informalismo da matéria, com algumas pinturas que lembram o expressionismo
abstrato. Eliminou todos os elementos figurativos de suas telas e a concepção do
espaço pictórico como superfície, como uma segunda parede, como um muro no qual
dispõe signos, grafias, manchas, gotejamentos, incisões, lacerações passou a ser sua
característica mais marcante.
Recorreu à utilização da pasta, de modo a obter matérias densas, rugosas, ásperas,
assim como à técnica da raspagem ou da colagem: o resultado eram texturas
complexas, com aparência de relevo. Em suas obras, importa a materialidade, não a
representação.
Também é próprio de seu informalismo o aspecto cromático, as cores terrosas,
surgindo, em finais da década de 1950, os negros e os cinzentos. Tàpies queria
chamar a atenção sobre o negligenciado — a passagem do tempo nas paredes
(garatujas, grafites), a pegada, o rastro. A sua obra tem um caráter urbano, que pouco
se relaciona com a natureza e muito com a cidade; uma obra rica e complexa e de
grande heterogeneidade estilística.
Sempre o preocuparam o suporte, os materiais, o processo, assim como a função da
arte, a condição do objeto artístico, o cotidiano. Alcançou o êxito da crítica no início
dos anos de 1950, quando suas obras começaram também a ser difundidas nos EUA,
algo que não havia sucedido até então com nenhum jovem artista espanhol.
Quando, em 1958, ganhou o Prêmio de Pintura na Bienal de Veneza, o seu
reconhecimento internacional era inquestionável. Na década de 1960, a sua obra
apresentou uma nova evolução: Tàpies integrou nos quadros elementos do ambiente
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cotidiano, que contribuíram para o afastar, no final dos anos de 1960, da estética
informalista e para o aproximar do conceitualismo ou da arte povera.
Nos anos de 1980, retomou a sua trajetória pictórica mais tradicional, recomeçando no
ponto em que a deixara: informalismo da matéria, gosto pelos materiais com
qualidades texturais. Também realizou nos últimos anos incursões na escultura e criou
peças com materiais diversos, tratando-os informalmente.
BEATRIZ MILHAZES
(Rio de Janeiro, 1960)
Pintora, gravadora e ilustradora, a artista é graduada em
Comunicação Social e mesmo antes de se formar
começou sua trajetória pelas artes plásticas na EAV
(Escola de Artes Visuais do Parque Lage), onde mais
tarde passou a ser professora e coordenar atividades
culturais.
A cor é um elemento onipresente em sua obra. Seu
repertório estrutural inclui a abstração geométrica, o
carnaval e o modernismo.
Na opinião do crítico Frederico Morais, a artista revela,
desde o início da carreira, a vontade de enfrentar a
pintura como fato decorativo, aproximando-se da obra de
artistas como Henri Matisse (1869-1954). Interessa-se
pela profusão da ornamentação barroca, sobretudo pelo
ritmo dos arabescos e pelos motivos ornamentais
presentes na obra de Guignard (1896-1962).
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Sua obra mantém a matriz popular representada por
rendas, bordados, alegorias arquitetônicas, elementos
extraídos do artesanato popular e ícones da história da
arte.
Está presente em importantes museus do mundo.
Já teve obras vendidas em leilão por mais de 2 milhões
de dólares , o mais alto valor alcançado em leilão por um
artista brasileiro. Foi a primeira a ganhar uma
retrospectiva no Museu de Arte Latinoamericana de
Buenos Aires.
DANIEL SENISE
(Rio de Janeiro, 1955)
Ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage em 1981, onde participou de
cursos livres até 1983. Foi professor na mesma escola de 1985 a 1996.
Participa, em 1984, da mostra Como Vai Você, Geração 80?, que reúne artistas de
várias tendências artísticas daquele momento, com objetivo de revalorizar a pintura,
pesquisando novas técnicas e materiais.
No início da carreira, Senise produz obras com paisagens povoadas por formas
volumosas, que ocupam a quase totalidade da tela. Esses objetos impõem-se como
presenças monumentais, mas são vazios de conotações temáticas. Como observa o
crítico Fernando Cocchiarale, a pintura de Senise caracteriza-se pela ambiguidade - o
artista revela e oculta, ao mesmo tempo, imagens de objetos que se aproximam
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daqueles cotidianos, mas não podem ser facilmente identificados. A dramaticidade de
suas obras iniciais é determinada pela forma como ele articula as imagens com um
tratamento volumétrico vigoroso e uma gama cromática soturna, como ocorre
em Coração ou em Sax (ambas de 1985).
A partir da metade da década de 1980, a figura não é mais tão determinante em suas
telas e o uso da cor diversifica-se. O artista passa a adicionar registros da impressão
de elementos extrínsecos a sua obra.
Em muitos trabalhos, prepara a tela com pigmentos e a estende, ainda úmida, sobre o
piso do ateliê. Ao ser descolada do chão, ela retém na superfície a marca, como uma
impressão, das rugosidades do piso, incorporando também resquícios de telas
anteriores. O quadro é então retrabalhado.
Senise produz um repertório de imagens que parecem desgastadas pela ação do
tempo. A partir de 1989, o artista passa a adotar, entre outros procedimentos, o uso de
pregos de ferro, que deixam nas telas as marcas da oxidação. Em outras obras,
emprega tintas prateadas, industriais, porque evocam uma memória distante e a
sensação da imagem fotográfica.
As pinturas de Senise estabelecem uma relação direta com a história da arte, com o
universo das imagens e a maneira como este é percebido. Incorporando à tela a
rugosidade do piso, objetos de uso cotidiano, pó de ferro, objetos de chumbo ou
tecidos como voile, algumas obras apresentam superfícies densamente trabalhadas
enquanto outras possuem camadas de tinta quase etéreas.
O artista mantém ateliê no Rio de Janeiro e em Nova York.
TUNGA (Palmares, pernambuco, 1952)
(Antonio José de Barros de Carvalho e Mello Mourão)
Escultor, desenhista e ator de performance artística Tunga
investiga áreas do conhecimento como literatura, filosofia,
psicanálise, teatro, além de disciplinas das ciências exatas e
biológicas para fazer seu trabalho. Inicia sua carreira nos
primeiros anos da década de 1970. Na época, faz desenhos e
esculturas.
Na segunda metade da década, realiza peças tridimensionais e
instalações. Utiliza correntes, lâmpadas, fios elétricos e materiais
isolantes, como o feltro e a borracha.
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Os elementos são bem cuidados formalmente e têm desenho
elegante. O artista busca relações fortes entre os diferentes
materiais. Como na obra do artista alemão Joseph Beuys (19211986), a justaposição deles busca modificar o seu sentido
simbólico. Nas peças de feltro, feitas entre 1977 e 1980, sugere
relações de troca de energia entre as partes da obra. O tecido
envolve os fios e circunda uma lâmpada. A comunhão dos dois
insinua a criação de uma fonte de energia.
Depois dessa obra, seguiram-se vários outros trabalhos, em que
explora peças com feição de curiosos achados da arqueologia
ou das ciências naturais.
O artista descreve seu trabalho como "um conjunto de trabalhos;
onde um sempre leva ao outro, como se entre eles existisse um
ímã"
Tunga define seu projeto estético como: "redefinir a escultura já
não só como o volume estático, mas também como o
agrupamento destas formas em expansão e a relação entre
elas".
O artista vive no Rio de Janeiro.
IOLE DE FREITAS (Minas Gerais, 1945)
Com seis anos de idade, muda-se para o Rio de Janeiro,
iniciando sua formação em dança contemporânea. Estuda na
ESDI, escola de design, de 1964 a 1965. A partir de 1970 vive
por oito anos em Milão, Itália, onde trabalha como designer.
Passa a desenvolver seu próprio trabalho em artes plásticas a
partir de 1973. Entre 1973 e 1981, desenvolve trabalhos
experimentais em fotografia e Super-8, nos quais a
representação do corpo surge como tema principal.
No CD - Rom Entre o Lugar e Passagem, (1997) o crítico de
arte Paulo Venâncio Filho diz:” Visto hoje, o desenvolvimento
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coerente que as esculturas de Iole de Freitas manifestam há
mais de duas décadas, só pode ter um significado inequívoco: a
apreensão integral do ser do trabalho. O que isso quer dizer?
Para o artista genuíno representa a conquista de uma árdua
ambição. Para a arte significa a perspectiva instaurada da obra.”
Segundo a crítica de arte Sônia Salzstein, "a linguagem do
trabalho se constitui como sequências fotográficas, filmes
experimentais e instalações (...) O corpo é um elemento
estruturador, tange questões relacionadas com a identidade
feminina e a organização da imagem do próprio corpo".
Segundo o crítico de arte Rodrigo Naves, nelas "a fragmentação
que aparecia nas fotografias adquire um aspecto novo, mais
denso e significativo (...) As questões da obra encontram uma
expressão mais direta e plástica, sem a necessidade de
referência literal ao corpo humano". Em 1988, as peças tornamse mais estruturadas, com o uso frequente de telas metálicas
que constroem volumes.
No início dos anos 1980, passa a dedicar-se ao campo
tridimensional, realizando os Aramões, estruturas cerradas de
fios, tubos, serras e tecidos. Em 1986, recebe Bolsa FulbrightCapes para pesquisa no Museum of Modern Art - MoMa, em
Nova York. De 1987 a 1989, é diretora do Instituto Nacional de
Artes Plásticas da Funarte, no Rio de Janeiro. Na década de
1990, começa a realizar esculturas de grandes dimensões.
Alguns trabalhos são projetados para locais específicos, como a
Capela do Morumbi, em São Paulo, e o Galpão Embra, em Belo
Horizonte.
Essas obras revelam o diálogo com o espaço expositivo e seus
elementos arquitetônicos. As esculturas desenvolvidas entre
1995 e 1997 são mais fluidas, realizadas com materiais
semitransparentes. A relação entre arquitetura e escultura passa
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a ser cada vez mais frequente no trabalho de Iole de Freitas. Em
1996, as telas metálicas são distribuídas diretamente no espaço
de exposição, sem envolver estruturas. No ano seguinte,
trabalhos com tela de metal vazada e ardósia integram a sua
retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo –
MAM/SP e Paço Imperial do Rio de Janeiro.
Em 1999, instala no Museu do Açude, no Rio de Janeiro, a peça
Dora Maar na Piscina. Utiliza materiais como tubos de aço inox
e policarbonato que dão um novo aspecto à sua escultura. A
artista compõe formas sinuosas mais intensas e, portanto, que
tentam atribuir nova dinâmica ao local onde estão instaladas.
CENTRO DA ARTE HELIO OITICICA
Realizadas com estruturas tubulares de aço inox que sustentam
chapas curvas de policarbonato translúcido, essas esculturas
remetem ao sistema plástico recentemente empregado na
instalação permanente do Museu do Açude.
Organizações plásticas distintas, projetando-se das paredes,
invadirão as demais galerias, construindo volumes vazados
articulados com chapas de metal e lâminas de policarbonato de
diversas espessuras.
Transparência, leveza e acuidade espacial definem um intenso
percurso visual a ser vivenciado pelo espectador, no instante de
seu deslocamento, no espaço das galerias.
HILAL SAMI HILAL (Vitória, ES, 1952)
Capixaba de origem, descentente de familia síria, formou-se no
curso de artes plásticas pela Universidade Federal do Espirito
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Santo. Em 1977, ingressou no ensino universitário, atividade que
exerceu nessa mesma instituição por mais de vinte anos e que
lhe permitiu investigar a historia da arte contemporânea.
Interrompe a carreira de professor e passa a se dedicar ao fazer
artístico. Em 1977 inicia a pesquisa de papel artesanal e o
próprio fazer transladando o papel único e exclusivo para seu
uso, engendrando um efeito de sentido de autoria.
O papel, material que o próprio artista constroi, não se inscreve
em uma mera categoria de suporte. Deliberadamente, ele extraiu
seu método de manuais ancestrais e entrando em contato com
práticas milenares de papel artesanal.
A pasta de papel, feita com trapos de algodão, de organza ou de
linho recolhidos de familiares, traz consigo as marcas do tempo,
os desgastes das fibras, frutos do uso, percursos da convivência
humana, e todos os acasos que ali deixam suas memórias e que
serão inevitavelmente incorporados à obra. Esses trapos são
desfeitos em uma série de tiras, misturados a cola PVA em pó e
água, tendo como principal aliado o liquidificador industrial para
macerá-los.
Mas não é apenas a referência do passado que sustenta e torna
instigante o trabalho do artista. Ao contrário, cada um dos seus
painéis tem uma escala de volumes e gama de cores
suficientemente fortes para despertar a atenção para a qualidade
física e a atração corpórea da pintura.
O artista redimensiona a pasta macerada e, ao secar, esta pasta
se transforma em rendilhados, mantos vazados e escrituras
peculiares.
CILDO MEIRELES (Rio de Janeiro, 1948)
A obra de Cildo Meireles baseia-se em uma constante manifestação de
tensão e torção nos âmbitos da estética, da percepção, da ciência e da
economia. Apresentando ainda a qualidade rara de enraizar-se na arte, na
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política e na sociedade brasileiras. Sua arte gera novos significados por
meio do reconhecimento dos limites e falibilidade dos processos racionais
de compreensão. A inteligência e a força plástica da obra do artista são
marcos na arte brasileira atual, com forte ressonância internacional.
Desde o fim dos anos 60, Cildo Meireles tem desempenhado papel chave
na transição da arte brasileira entre a produção neoconcretista do início
dos anos 60 – Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape – e a de sua
geração, informada também pela arte conceitual e instalação. Apesar de
sua obra ter se desenvolvido dentro da tradição brasileira, ela não se
refugia no regionalismo nem renuncia a afiliações à cultura ocidental.
A obra de Cildo poderia ser descrita como uma teoria poética da
sociedade. Ela coloca questões que vão da política a ideais e estratégias.
Examina espaços e processos de comunicação, as condições do
espectador, os legados da história da arte e o espaço social do gueto –
espaço frequentemente evocado.
O foco de sua arte pode abranger desde a expansão econômica do
capitalismo internacional a um pequeno gesto cultural de índios
brasileiros.
A trajetória do artista, desde 1963, abre visões agudas e críticas sobre a
opressão político-ideológico imposta pelas várias formas de dominação,
nos diversos contextos em que se manifestam, e para além das fronteiras
nacionais.
Em 2012, em Milão (Itália), no espaço Hangar Bicocca, mostra de Cildo
em que o desafio é o diálogo entre a monumentalidade do espaço e a das
instalações selecionadas. Tantas mostras internacionais reafirmam que
sua arte se situa na relação de fricção entre questões sociais e poéticas
específicas do Brasil e a herança adquirida de outros países do mundo
ocidental.
O artista plástico reside em Botafogo, cidade do Rio de Janeiro. Trata-se
de um artista renomado no Brasil e no exterior. Desenvolve projetos,
exposições e mostras em vários estados brasileiros e em diversos museus
do exterior.
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