Mai
Transcrição
Mai
CARTA DO GESTOR Abr / Mai 2012 Prezado cotista, De maneira geral, as principais bolsas do planeta tiveram desempenho negativo no mês de Abril. O índice Ibovespa acompanhou este movimento apresentando queda de 4,17%. Nosso portfólio teve queda aproximada de 0,4%. MERCADOS As maiores quedas aconteceram nas bolsas europeias, com destaque para a bolsa da Espanha (12,5%), da Itália (-8,7%) e França (-6,2%). Os números mais fracos de crescimento da economia chinesa, o rebaixamento da nota da Espanha pelas principais agências de risco e a vitória no primeiro turno do socialista François Hollande sobre o presidente Nicolas Sarkozy (o qual está comprometido com maior austeridade fiscal) estiveram entre os principais motivos destas quedas. Também contribuíram para o mau humor do mercado a renúncia do primeiro-ministro holandês devido a sua incapacidade de conseguir apoio para redução do déficit fiscal holandês e alguns números mais fracos relacionados ao crescimento da economia norteamericana, entre os quais o crescimento do produto interno do primeiro trimestre, desacelerando de 3% para 2,2%. BRASIL No Brasil ainda nos ressentimos da esperada retomada de crescimento, com os setores industriais ainda se retraindo enquanto as vendas dos principais varejistas seguem estáveis em termos reais. Como contraponto, os indicadores de inflação continuam relativamente comportados. O COPOM cortou a taxa básica de juros em mais 0,75% e indicou que há espaço para cortes adicionais ao longo do ano. Esperamos que ao longo deste segundo trimestre a economia brasileira apresente aceleração de crescimento como resposta à política monetária mais frouxa e a algumas medidas microeconômicas objetivando dar maior competitividade à indústria nacional. A primeira delas tem sido a atuação mais constante no mercado cambial. O real perdeu mais 4% de seu valor frente ao dólar graças à combinação de compra de moeda pelo Banco Central, junto com aumento de custos e de restrições para o mercado de derivativos de moeda. Dentre as medidas microeconômicas, destacamos também a aprovação no Senado do Projeto de Resolução 72, que unifica as alíquotas de ICMS sobre produtos importados para 4%, e coloca fim a partir de janeiro de 2013 à guerra dos portos. Esta medida e a desoneração do INSS sobre a folha de salários (que em alguns setores passará a incidir como um percentual do faturamento) contribuirão para recomposição de margens de diversos setores e reduzirão a competitividade das importações. Não esperamos, entretanto, que os efeitos positivos sobre os setores petroquímico e siderúrgico ocorram da noite para o dia, mas sim num movimento mais suave de recomposição ao longo dos próximos doze meses. Ao longo de abril o setor financeiro também foi um dos maiores contribuintes para o desempenho negativo do Ibovespa. Num momento no qual ainda há ajustes nas provisões por parte da maioria dos bancos, houve grande pressão por parte do governo em fazer com que os cortes na taxa SELIC sejam transmitidos aos consumidores e empresas de forma a estimular o crédito. Além do forte jogo de mídia, os bancos públicos reduziram agressivamente suas taxas mínimas de juros, ainda que a magnitude destes cortes nas taxas médias não tenha sido tão relevante. Os bancos privados, como consequência, vêm abrindo mão de participação de mercado para os bancos públicos. O crédito continua se expandindo perto de 17% ao ano, porém, nos principais bancos privados, este percentual está abaixo de 15%. PORTFOLIO No caso particular do banco Itaú, a indicação de que as provisões mais elevadas devem continuar até o terceiro trimestre do ano levaram as ações a uma forte queda, de quase 15% no mês. Em função destas maiores provisões, principalmente relacionadas ao crédito para pequenas empresas e financiamento de automóveis, o retorno sobre o patrimônio líquido do banco no primeiro trimestre deste ano foi de 20%. A desproporção entre a perda de valor econômico oriunda destas maiores provisões, de aproximadamente R$2 bilhões, e a queda do valor de mercado do banco no período, de aproximadamente R$20 bilhões, levou-nos a aumentar nossa 1 Para mais informações: R. Pres. Juscelino Kubitschek, 1.726 – 9º andar | São Paulo - CEP: 04543-000 | Tel.: 55 (11) 3078-1058 | www.gtinvest.com.br CARTA DO GESTOR Abr / Mai 2012 exposição ao banco. As ações ordinárias do banco estão sendo negociadas abaixo de 8 vezes seu lucro corrente, já impactado pelas provisões acima mencionadas. Destacamos também o excelente desempenho das ações da Oi, empresa do setor de telecomunicações, de 19% ao longo deste mês, após a conclusão de sua reestruturação societária. O longo e conturbado processo de incorporação reversa da antiga Telemar pela Brasil Telecom dando origem a Oi reduziu de sete para duas as classes de ações negociadas. Reduziu desta forma o desalinhamento de interesses entre os acionistas controladores e minoritários. A empresa também anunciou a sua nova política de dividendos para os próximos anos. Se bem sucedida operacionalmente, a empresa distribuirá R$2 bilhões por ano para seus acionistas, em duas parcelas. Ao preço de fechamento deste mês, o yield das ações preferências será de 12,5% ao ano. De início serão distribuídos os dividendos referentes ao ano de 2011, também no montante de R$2 bilhões. A primeira reação dos analistas foi bastante negativa, pois entenderam ser incompatível esta política de dividendos com a necessidade de ampliar os investimentos para R$6 bilhões anuais para os próximos anos, como forma de recuperar participação de mercado, de aumentar venda de pacotes de TV a cabo, além dos potenciais investimentos em 4G. Temos visão diferente. Entendemos que a Oi havia se preparado para o direito de recesso oriundo desta reestruturação de até R$5 bilhões, dos quais apenas 40% foram exercidos. Vale destacar que acreditamos que a empresa deve bonificar seus acionistas com estas ações ao longo dos próximos meses. Este caixa excedente permitiu a distribuição de polpudos dividendos referentes a 2011. Também acreditamos que a empresa tem espaço para elevar sua relação entre dívida líquida e geração operacional de caixa para até 3 vezes (o que vemos como positivo face ao atual cenário de queda de juros) e também pela oportunidade de gerar uma estrutura de capital mais eficiente. As expectativas quanto ao resultado futuro da empresa, tanto por parte dela própria quanto dos analistas de mercado, estão bem conservadoras para curto e médio prazos. E quando analisam a geração de caixa de 2011, alguns analistas se esquecem de desconsiderar o efeito da marcação a mercado do investimento que a Oi tem na Portugal Telecom, que custou em 2011 R$700 milhões. Por fim, também gostaríamos de destacar que em Abril o mercado de ofertas iniciais de ações (IPOs) foi reaberto, indicando que há demanda por novos ativos no Brasil. Dentre as 3 operações ocorridas, indicamos o sucesso da abertura do capital do Banco BTG-Pactual, cuja oferta levantou mais de R$3 bilhões a serem investidos no país e avaliou o banco em quase R$30 bilhões. Apesar dos sinais híbridos vindos do exterior e da demora na retomada doméstica, entendemos que as ações se mostram cada vez mais atrativas quando comparadas aos investimentos em renda fixa, cujos retornos reais estão cada vez menores por aqui e seguem negativos pelo mundo afora. O caminho é longo, o caminho é pedregoso, mas ficar parado não parece ser a solução. Atenciosamente, André Gordon 2 Para mais informações: R. Pres. Juscelino Kubitschek, 1.726 – 9º andar | São Paulo - CEP: 04543-000 | Tel.: 55 (11) 3078-1058 | www.gtinvest.com.br