Biomoléculas em CR - Escola Superior de Tecnologia de Tomar
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Biomoléculas em CR - Escola Superior de Tecnologia de Tomar
IPT Sumário Química 3 Óleos Gomas Biomoléculas em CR Ceras Resinas Proteínas João Luís Farinha Antunes Escola Superior de Tecnologia de Tomar Departamento de Arte, Conservação e Restauro 1 3 Óleos Ácidos gordos São misturas de triglicerídeos: ésteres da glicerina (trialcool glicerol) com São ácidos carboxílicos com cadeias de carbono longas. Estão presentes na composição das gorduras e óleos. ácidos gordos (ácidos carboxílicos de cadeia longa). glicerina Exemplos de ácidos gordos importantes no Património Triglicerídeo O Ácido gordo HO Os óleos são líquidos à temperatura ambiente, as gorduras são pastosas. Ác. Oleico Ác. cis-9-octadecenóico http://www.langara.bc.ca/biology/mario/Biol1115notes/biol1115chap5.html 4 Ác. linoeico Ác. 9,12-Octadecadienoico Ác. linolénico Ác. 9,12,15-Octadecatrienoico 5 1 Óleos secantes Ácidos insaturados São óleos que endurecem ao ar formando uma película do tipo de cabedal. Os óleos não secativos degradam-se “rançando”. Ácidos mais importantes dos óleos secantes A secagem (cura) deve-se ao teor elevado em ácidos gordos insaturados. Óleos principais Óleo de linho O mais secante e usado actualmente. Amarelece bastante. Óleo de noz O mais importante no Renascimento Óleo de papoila Não amarelece tanto. Não deve ser usado na camada de preparação. Óleo de cárdamo O mais moderno Teor médio em ácidos gordos do óleo de linho % Ác. linoeico Ác. Oleico Palmitico 6.0 Stearico 2.5 Arachidico 0.5 Oleico 19.0 Linoleico 24.1 Linolenico 47.4 outros 0.5 Ác. 9,12-Octadecadienoico Ác. cis-9-octadecenóico Ác. linolénico Ác. 9,12,15-Octadecatrienoico As duplas ligações são pontos de fragilidade das moléculas e é por elas que começam as reacções de cura ou secagem. Stand oil – óleo de linho cozido ao abrigo do ar. Óleo cozido – óleo de linho fervido ao ar com secantes metálicos O HO Óleos insaturados 6 7 Mecanismo de secagem (cura) Colas animais 1. Uma molécula de oxigénio reage com uma molécula de óleo, junto a uma dupla ligação, formando um radical peróxido Óleo-O-O ̇ ; 2. O radical formado reage com outra molécula de óleo formando-se um novo radical que é um dímero (2 moléculas juntas) Óleo-O-O-Óleo-O-O ̇ ; São solúveis em água. 3. O radical dímero formado reage com nova molécula de óleo, e assim por diante, formando-se uma grande polímero em rede. O poder adesivo varia muito de cola para cola e dentro do mesmo tipo de cola.. São compostos por proteínas desnaturadas. Formam presa por formação de um gel. Têm sido substituídas por adesivos sintéticos (cola banca e adesivos solúveis em água) Cola de Coelho Poder adesivo médio Usada em camadas de preparação e em consolidações de poliocromias. A cura ocorre a partir do exterior. A superfície exterior seca mas continua o interior líquido. Colas de Peixe Menos forte, em geral, que a cola de coelho. Usadas em colagens sensíveis. Na cura formam-se também pequenas moléculas que servem de plasticizante e mantêm o óleo maleável. A sua remoção torna a pintura frágil. Quando o óleo não tem pigmentos metálicos, as pequenas moléculas formadas na cura levam à degradação rápida do óleo. 8 Grude (Cola forte) Poder adesivo elevado. Aconselhada para encaixes em mobiliário, pela sua força em simultâneo com reversibilidade. 9 2 Gomas Goma arábica São polissacarídeos, polímeros naturais de açúcares. São solúveis em água. É produzida por uma espécie de acácias sub-sarianas. Aplicados isoladas formam filmes quebradiços. O maior produtor (50 %) é o Sudão. É comestível e sobretudo utilizado na industria alimentar. Goma arábica Cola de amido 11 12 Colas de Amido Goma arábica (cont.) É uma mistura complexa de polissacarideos e glicoproteínas. O amido é uma mistura de polisacarídeos, amilose e amilopectina, semelhantes à celulose mas com configuração diferente e grau de polimerização muito menor . Extremamente solúvel em água (50%). É o aglutinante dos guaches e aguarelas Poder adesivo forte. Muito estável. Não amarelece. Parcialmente reversível. Tendência à criação de fungos. Usada desde a idade média na Europa em manuscritos e iluminuras. Podem ser misturadas com polímeros solúveis em água. Usada no oriente desde a antiguidade A cola é preparada por cozimento do amido em água. É um dos componentes das tintas de escrever, nomeadamente ferrogálicas (em alternativa à clara de ovo). A temperaturas altas (> 70ºC) o amido os grão de amido rebentam e ocorre a gelatinização. Algumas receitas adicionam ácido acético (vinagre) para produzir uma cola menos viscosa. O ácido provoca a despolimerização do amido – as suas cadeias quebram-se por hidrólise. Como qualquer têmpera produz superfícies quebradiças, pelo que deve ser misturada com lípidos (proteínas – gelatina p.ex. , ou óleos) A cola de arroz, de excelentes propriedades, também é uma cola de amido. 13 Têm sido substituídas por derivados da celulose semi-sintéticos (metil celuloses). 14 3 Celuloses modificadas Nitrato de celulose éteres de celulose São compostos derivados do tratamento químico da celulose. Adesivo muito bom, prático e barato, mas com diversas desvantagens. A maioria são éteres de celulose: Celulose-O-R, que resultam da substituição de grupos –OH por outros grupos funcionais (metilo –OCH3, …). D O nitrato de celulose é solúvel em cetonas e ésteres. São solúveis em água Grau de substituição Insolúvel em água e álcoois. Nº de grupos OH substituidos por em cada molécula (máximo teórico 3, valor real entre 0,4 e 2) Torna-se quebradiço com o tempo. • Klucel® (HPC - hidroxi propil celulose) H Liberta ácido nítrico no envelhecimento, pondo em risco materiais vizinhos. O único éter de celulose solúvel em solventes orgânicos (alcoois). Pode ser usado com adesivo temporário. s mplo Exe L Usado em consolidações de policromias e camadas de preparação. Forte poder adesivo adesivo. Geralmente é adquirido já preparado, em solução • Tylose® (Methocel) (MC - Metil celulose) Ex: UHU Hart, HMG nitrocelulose Usado na consolidação e colagem de documentos gráficos. • Rayon® Substituível por adesivos acrílicos, mais caros e, geralmente, menos práticos. Chamada de pasta de papel. É celulose reformulada (não é um éter de celulose é celulose pura). É incorrecto dizer-se nitrocelulose porque nitro significa o grupo –NO2. Excelente para prenchimentos em esculturas sobre madeira policromada. O Rayon original foi usado como fibra sintética, “seda sintética” ou “viscose”. Nitrato significa o grupo –ONO2 15 CERAS 16 Cera de abelha Substâncias com baixo ponto de fusão, maleáveis à temperatura ambiente. Ponto de fusão: aprox. 64 º C. São hidrofóbicas e Insolúveis em água. É uma mistura de vários compostos, sendo os principais os cerídeos, que são esteres de cadeias saturadas e muito longas. Têm baixa viscosidade depois de fundidas (ao contrário dos vernizes). animais Cera de abelha Cera chinesa Cera de baleia (spermaceti) Lanolina vegetais Carnaúba Candelila minerais Parafina Ceras microcristalinas Ceresina Cera Montan sintéticas Ceras de polietileno Ceras de PEG (polietilenoglicol) Ceras D É muito estável. Tem algum poder adesivo. Principal desvantagem: é demasiado mole. É misturada com L H resinas e outras ceras para se endurecida (ex: cera+ colofónia). Excelente onde há a necessidade de impermeabilização. Foi utilizada em reentelagens durante muito tempo . As ceras sintéticas (microcristalinas) podem substitui-la. 17 18 4 Ceras de parafina e ceras microcristalinas Cera de carnaúba É a cera mais dura que existe (p. fusão: aprox. 85ºC). São misturas de hidrocarbonetos saturados de cadeias longas de C20 a C40 aprox (C35 a C60 microcr.) É misturada a outras ceras para lhes dar dureza, brilho e capacidade de polimento. Extremamente estáveis. Pontos de fusão: C. parafinas entre 47 e 70 ºC; C. microc. entre 54 e 95ºC. As c. de parafina são constituídas por alcanos não ramificados, formando cristais grandes. As c. de parafina constituídas por alcanos ramificados e cicloalcanos, formando cristais muito pequenos. É produzida pela palmeira Carnaúba no Brasil (Ceará). As c. microcristalinas são mais densas, mais duras e mais flexíveis que as c. de parafina. Podem ser aplicadas dissolvidas em white spirit quente. Cosmolloid® 80 H – cera microcristalina p.f. 75 ºC A Vaselina (marca comercial) é uma mistura de hidrocarbonetos (C>25) cujos componentes mais densos são ceras microcristalinas. Cera de carnaúba misturada com diluentes, óleos ou outras ceras 19 A parafina líquida, ou óleo mineral, é um subproduto da produção de gasolina utilizado, entre outras funções, como óleo para crianças. Cosmolloid + C. polietileno 20 Ceras de PEG Ceras de Polietileno São polímeros de polietileno de baixa massa molecular. Os PEG (Poli etilenoglicois) são polímeros de fórmula geral P. Fusão 75 – 105 ºC H2OCH (CH2OCH2)n CH2OH Têm massa molecular dupla das ceras de parafina e microcristalinas, por isso, são mais duras e têm ponto de fusão superior. Não são ceras, no sentido comum, porque são solúveis em água e álcoois. Quimicamente são muito semelhantes às ceras de parafina e às ceras microcristalinas. Os PEG mais pequenos são líquidos, os intermédios são pastosos (tipo Vaselina) e os maiores (de massa molecular entre 3000 e 6000) são sólidos tipo cera. As ceras de polietileno são obtidas por síntese. As ceras de parafina e microcristalinas são obtidas por extracção do petróleo e seus derivados. O PEG 3000 tem ponto de fusão 50 ºC. Não podem ser usadas sobre metais sobre os quais têm uma forte acção corrosiva. Em restauro usam-se adicionadas às outras ceras para as endurecerem e as tornarem mais impermeáveis. Devem ser evitados pois há muitas referências de maus resultados. Algumas formulações de ceras microcristalinas têm cera de polietileno (p.ex. C. Renaissance). 21 22 5 Goma laca Vernizes Shellac Substâncias transparentes e duras aplicadas como superfície de acabamento. Não têm pigmento (ao contrário das tintas). Não é uma goma apesar do nome. É comestível (p.ex. é utilizada como revestimento de fruta e de comprimidos). Naturais Goma-laca Resina Dammar É um polímero natural termoplástico produzido por um insecto em árvores, na Índia e países limitrofes. terpenos Usada no polimento de moveis. Colofónia (pez) Usada também como selante de madeira e de camadas de preparação (no douramento a óleo) Óleos Secantes Acabamento de elevada qualidade. Reversível. Sintéticos É solúvel em álcool etílico e em soluções alcalinas. Vernizes acrílicos Insolúvel em hidrocarbonetos (diluentes). Resinas cetónicas Resinas de poliuretano Os primeiros discos de música (78 rpm) foram feitos em goma-laca. A seguir vieram os discos de vinilo (33 rpm). 23 24 Resina Dammar É constituída principalmente por triterpenos. Introduzida pela 1º vez na pintura em 1826. Ponto de fusão: aprox. 120ºC fim Índice de refracção: 1,5 Óptimo verniz de pintura. João Luís Farinha Antunes Instituto Politécnico de Tomar Torna-se irreversível no envelhecimento, por oxidação ao ar. Pode ser protegido por um verniz reversível. Departamento de Arte, Conservação e Restauro [email protected] 25 27 6