Visualizar - Sistema de Bibliotecas da Unicamp

Transcrição

Visualizar - Sistema de Bibliotecas da Unicamp
TRABALHO ORAL
A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E O CONTEXTO
INSTITUCIONAL
A biblioteca universitária no contexto da
Educação à Distância
COMPETÊNCIAS DO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO NO
PROCESSO DE TUTORIA EM CURSOS ONLINE
CASSIN, F. H.1
ARAÚJO, E. M.2
DIMÁRIO, C. J. K.3
VICENTINI, P. C. B.4
RESUMO
Os novos paradigmas tecnológicos, educacionais, econômicos e científicos,
direcionam a sociedade para uma transformação na gestão do conhecimento e dos
recursos humanos e nesse contexto o perfil do profissional da informação é
redefinido e ampliado englobando competências múltiplas para atuação como
agente educador em ambientes virtuais de aprendizagem. O trabalho apresenta uma
breve revisão de literatura sobre o conceito de competência sob a ótica da
administração de recursos humanos e as assertivas da área de educação que
definem o perfil e as competências necessárias ao tutor em cursos a distância. Além
das competências técnicas já conhecidas pelo profissional bibliotecário são incluídas
nessa proposta as habilidades, competências e atitudes que esse novo agente
educacional deve assumir em cursos a distância para atender a demanda da
comunidade universitária.
Palavras-chave: Ensino a Distância-biblioteca. Competência bibliotecário-EAD.
Tutoria de EAD-bibliotecário.
ABSTRACT
The new technological, educational, economic and scientific paradigms, guide the
society for a transformation in the administration of the knowledge and of the human
resources and in that context the professional of information’s profile is again defined
and enlarged including multiple competences for performance as educating agent in
virtual environment of learning. The work presents a brief literature revision about the
competence concept under the optics of the administration of human resources and
the assertive of the education area that define the profile and the necessary
competences to the tutor in courses the distance. Besides the technical competences
already known by the professional librarian they are included in that proposal the
2
abilities, competences and attitudes that this new educational agent should assume
in courses the distance to assist the university community's demand.
Keywords: Distance education learning-library. Librarian’s competence-distance
education learning. Tutorial of EAD-librarian.
1 INTRODUÇÃO
Diante do acelerado processo de mudança tecnológica e organizacional
vários setores da sociedade buscam uma re-adequação e especificamente sobre o
capital humano, as organizações solicitam novos perfis profissionais e novos
requisitos para o trabalho.
As instituições de ensino superior responsáveis pela formação desse
capital intelectual empenham-se no exercício de novas metodologias e diretrizes
educacionais visando atender as novas exigências do mercado de trabalho e do
crescimento industrial da era tecnológica.
Aliando assim os avanços das tecnologias da informação e comunicação
aos métodos e técnicas de ensino, os responsáveis pelo planejamento e execução
do plano de ensino e estratégias de aprendizagem reconhecem na educação a
distância uma oportunidade para concretizar o processo de ensino-aprendizagem de
forma inovadora e colaborativa.
A Educação a Distância (EAD) é uma modalidade educacional cujo
desenvolvimento relaciona-se com a administração do tempo pelo tempo e da
autonomia para realizar atividades, participação no diálogo com o grupo para troca
de informações e produção do conhecimento de forma colaborativa.
No Brasil, a EAD vem alcançando uma posição de destaque e através do
Decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005, foi definida como uma:
modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica
nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de
meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes
e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou
tempos diversos. (BRASIL, 2005).
A EAD assume uma característica especial, quando é vista como uma
forma de instrumento de democratização do ensino, pois oferece oportunidades para
3
um maior número de pessoas ingressarem em instituições de ensino superior e
concretiza a formação nos diversos níveis ou profissionalização, transformando-se
assim em um novo meio para a inclusão daqueles que ainda são excluídos dos
processos educacionais, por questões de horário, localização de moradia ou falta de
recursos materiais entre outras questões.
Porém Moran (2004) afirma que “a educação a distância não é um “fastfood” em que o aluno se serve de algo pronto. É uma prática que permite um
equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as de grupo - de forma
presencial e virtual”.
Na verdade, o aprender a distância, depende da instalação consensual
entre os atores desse processo, alunos, professores/tutores e o próprio ambiente
virtual de aprendizagem.
Nesse processo o aluno deve tornar-se consciente da importância da
informação a ser recebida e ao processar os conceitos e conhecimentos buscar o
real significado desses elementos para sua vida profissional e/ou pessoal, pois
segundo Moran (2004) a informação deve fazer parte do contexto pessoal,
intelectual e emocional do aluno para se tornar verdadeiramente importante,
consequentemente, aprendida.
Quanto ao ambiente virtual de aprendizagem, são evidenciados os
avanços e a disseminação do uso das tecnologias de informação e comunicação
(TICs) fornecendo novas perspectivas para a EAD com acesso via internet,
permitindo assim a flexibilidade do tempo, quebra de barreiras geográficas, emissão
e recebimento de conteúdos digitalizados, bem como a produção e aquisição do
conhecimento.
As TICs são ferramentas/recursos que interferem nos ambientes de
aprendizagem, pois não oferecem somente novas e eficientes possibilidades de
armazenar e transportar a informação, como também viabiliza o acesso a novos
conhecimentos e formas de relacionamento. É importante ressaltar que as
tecnologias transportam, ao lado das informações, emoções, valores e sentimentos.
Seu uso requer novas técnicas, uma nova maneira de conceber o processo
4
educativo, num tempo e espaço assíncronos, o que resulta no desenvolvimento de
novas estratégias de ensino e aprendizagem.
As facilidades decorrentes do uso das TICs, através de redes e
documentos eletrônicos têm proporcionado aos usuários integrantes do mundo
científico e tecnológico a busca da informação, de maneira ágil, segura e flexível.
No contexto das instituições de ensino, as bibliotecas universitárias e
centros de documentações são responsáveis de fato e de direito pelo aporte e
gerenciamento da informação, e devem assumir no contexto educacional um ponto
de integração entre a tecnologia, tratamento e disseminação da informação e do
conhecimento.
Atualmente, a biblioteca universitária vem diversificando suas atividades e
oferecem serviços e produtos baseados em tecnologias de acesso remoto e em
ferramentas de comunicação assíncronas e síncronas. Dentre esses serviços podese citar a orientação à pesquisa bibliográfica, tutorial eletrônico e sessões de
esclarecimentos e apoio aos usuários através de chats ou emails.
Envolvidos assim no processo educativo, os gestores das bibliotecas
universitárias devem incentivar e propiciar a capacitação dos profissionais
bibliotecários em serviço para que assumam determinadas competências básicas
para atuar em um ambiente virtual de aprendizagem que apóie cursos à distância ou
semipresenciais.
Nesse contexto, busca-se descrever sucintamente as competências
básicas requeridas ao profissional bibliotecário para atuar na elaboração e gestão de
ambientes virtuais de aprendizagem, propondo um paralelo com as áreas da
administração e educação que perpassam a temática do ensino a distância.
2 AS COMPETÊNCIAS
De acordo com Fleury e Fleury (2001) a competência é um saber agir de
forma responsável e reconhecida, que implicará a mobilização, integração,
5
transferência de conhecimentos, recursos e habilidades, que agregam valor
econômico à organização e valor social ao indivíduo.
Segundo Le Boterf (2003) a competência é uma ação ou um conjunto de
ações finalizado sobre uma utilidade, sobre uma finalidade que tem um sentido para
o profissional.
Para Le Boterf (2003) há dois modelos da competência que interferem
atualmente nas práticas de gestão. O modelo herdado das concepções taylorista e
fordista, o sujeito é considerado como um operador cuja competência se limita, a
saber, executar operações de acordo com a prescrição, seria um saber-fazer.
No outro modelo o sujeito é considerado mais como um ator do que como
um operador. O profissional competente é aquele que sabe ir além do prescrito, um
saber agir, consequentemente que toma iniciativa.
O enfoque dado para a questão de competência recebe atualmente várias
interpretações, como na área de educação médica onde Lima (2004) afirma que há
três principais concepções de competências: a primeira que define competência
como um conjunto de atributos pessoais; a segunda que associa à relação correta
de determinadas tarefas e a terceira, em que competência é vista como o resultado
da combinação de atributos pessoais adquiridos e que, aplicados em diferentes
contextos, podem atingir determinados resultados.
No entanto, para Perrenoud (1999) da área da educação, desenvolver
competências significa desenvolver diferentes atributos (conhecimentos, habilidades
e atitudes) que combinados podem configurar diferentes formas de realizar com
sucesso determinadas atividades vinculadas a uma prática profissional. De acordo
com essa concepção “dialógica”, a construção do perfil de competência desejado
para uma determinada área profissional deve partir da investigação dos processos
de trabalho e de todos os sujeitos neles envolvidos.
Sob essa perspectiva, as competências do profissional bibliotecário para
trabalhar em projetos de educação a distância, devem envolver as habilidades
técnicas, sociais e educacionais mínimas para assumir o papel de agente educativo
em um ambiente virtual de aprendizagem.
6
Na tentativa de esboçar esse novo perfil do profissional bibliotecário faz-se
necessário estabelecer um paralelo com outro profissional da educação que assume
atualmente o papel de condutor e apoio da prática educativa seja realizada a
distância ou presencial: o tutor.
2.1 Do tutor
O tutor é o profissional da educação que atua nas situações programadas
de ensino e aprendizagem presencial ou na orientação assistida à distância. É ele
quem tem a relação direta com os alunos, auxiliando-os no manuseio e na
aproximação dos conteúdos através de diferentes formatos como o material
impresso (apostilas ou módulos), vídeos, telefone/fax, rádio e os recursos da
informática.
Para o tutor, é designada a função de ser facilitador e mediador da
aprendizagem, motivador, orientador e avaliador em um vasto campo de atuação.
Porém, mais do que conhecer os materiais de ensino que são disponibilizados aos
alunos, o tutor gerencia e administra situações de conflito, ou de euforia, desânimos
e rotinas.
Responsável pela maioria das atividades de interação, o tutor deve
conduzir o processo de aprendizagem de maneira dinâmica e sistêmica, executando
tarefas de auxílio e suporte que propiciem a interação entre os alunos entre si e com
material didático e o ambiente virtual de aprendizagem como um todo.
A interação constante e dinâmica do tutor vem reforçar significativamente
a aquisição do conhecimento do aluno no curso, pois à medida que são observadas
as preferências e estilos de aprendizagem dos alunos, o tutor pode incentivar de
maneira mais direta a participação desses nas atividades em grupo colaborando
para o desempenho individual no curso.
Segundo Souza et al (2004) “o tutor deve possuir habilidades de
comunicação,
competência
interpessoal,
liderança,
dinamismo,
entusiasmo, criatividade, capacidade para trabalhar em equipes etc”.
iniciativa,
7
Segundo
Oliveira,
Dias
e
Ferreira
(2004)
os
saberes
ou
competências/habilidades requeridas ao tutor concentram-se em três dimensões
abaixo descritas:
•
Pedagógica: capacidade para interagir com os conteúdos e com o material
didático difundindo-os e dinamizando-os; utilização de estratégias de
orientação, acompanhamento e avaliação (somativa e formativa) da
aprendizagem dos alunos, identificando as dificuldades surgidas e tentando
corrigi-las; demonstração de rapidez, clareza e correção na resposta às
perguntas e mensagens enviadas; estabelecimento de regras claras definidas
para o trabalho a ser desenvolvido.
•
Tecnológica: disposição para a inovação educacional, em especial aquela
que tem suporte nas tecnologias da informação e comunicação; adequação
das tecnologias, e do material didático do curso, às diferenças culturais;
domínio das ferramentas tecnológicas empregadas (“letramento tecnológico”).
•
Didática: conhecimento do conteúdo do curso a ser ministrado; capacidade
de realizar intervenções didáticas com a freqüência, oportunidade e
seqüencialidade necessárias; utilização de estratégias didáticas adequadas
às diferenças culturais, para dinamizar discussões animadas e produtivas,
para a proposição de tarefas e o esclarecimento de dúvidas; proposição e
supervisão de atividades práticas, que completem os conhecimentos teóricos
do curso.
•
Pessoal: habilidade para interagir com os alunos de forma não presencial,
individualmente e em grupos, encorajando-os e incentivando-os, minimizando
desta forma a evasão; habilidade para manter relações menos hierarquizadas
do que na educação presencial; disposição para estimular a autonomia e a
emancipação do aluno, delegando-lhe o controle da própria aprendizagem;
competência para a conversação racionalmente comunicativa (dialogicidade).
Para compor essa proposta teórica cabe descrever ainda as principais
competências técnicas do profissional bibliotecário na recuperação e sistematização
da informação e de forma dedutiva readaptá-las às novas funções para a prática
educativa a distância.
8
2.2 Do profissional bibliotecário
Considera-se que as principais competências técnicas do profissional da
informação, a comunicação, as relações humanas e a capacidade de adaptação às
novas tecnologias, são requisitos fundamentais ao bibliotecário.
No entanto, deve-se ressaltar que o profissional bibliotecário que atua em
unidades de informação ou em outros ambientes de trabalho, desenvolve outras
competências que extrapolam a formação técnica e instrumental e envolvem
características mais generalistas ou sistêmicas que compõem o perfil multivariado
desse profissional.
Segundo Moreiro e Tejada Artigas (2004) as principais competências ou
habilidades técnicas do profissional bibliotecário são:
•
Habilidades diretivas: que envolve as habilidades analíticas de organizar a
informação com idéias inovadoras; habilidades no empreendimento de
projetos; capacidade para gerenciar estratégias comerciais baseadas no
racionamento econômico; habilidades comerciais, que considerem as
exigências do cliente, com um maior conhecimento do mercado e objetivos
estratégicos em longo prazo; habilidades gestoras de sistemas para atingir
metas específicas;
•
Habilidades organizacionais: capacidade de formar, coordenar, dirigir ou
gerenciar equipes; flexibilidade na organização de trabalhos em equipe;
capacidade para criar e organizar o serviço para o público, atendendo as
demandas;
•
Capacidades
criativas:
planejamentos
inovadores
capacidade
aplicáveis
para
a
colocar
novos
em
produtos
prática
e
os
serviços;
desenvolver idéias de maneira independente, autônoma e comprometida;
•
Informática: habilidades técnicas e compreensão profunda de programas de
classificação para dominar o processo técnico; domínio de técnicas
multimídias; conhecimento profundo de normas, formatos e métodos de
normalização de descrição, apresentação e transmissão da informação;
habilidade para navegar pela rede, mediante ferramentas de busca;
9
•
Atitudes pessoais: habilidades cognitivas entre as que incluam a
flexibilidade às novas áreas profissionais; habilidades legais aplicáveis a
qualquer aspecto de criação e difusão de novos meios de comunicação
eletrônicos; habilidades de comunicação; capacidade de transferência do
conhecimento; habilidades lingüísticas para expressar-se em um ou mais
idiomas de comunicação internacional.
O conceito de competência na área da ciência da informação assumiu um
relevante destaque teórico sob o enfoque da competência informacional ou
Information Literacy, definida por Dudziak (2003, p. 28) como:
um processo contínuo de internalização de fundamentos conceituais,
atitudinais e de habilidades necessário à compreensão e interação
permanente com o universo informacional e a sua dinâmica, de modo
a proporcionar um aprendizado ao longo da vida.
Dudziak (2007) afirma que o papel do bibliotecário em decorrência das
próprias circunstâncias do mercado de trabalho e da evolução das TICs ganhou
outras dimensões e passou a incorporar as funções de líder e agente educacional de
transformação.
Ressalta-se que em decorrência dessa expansão nas funções do
bibliotecário, outras competências foram agregadas e o “aprendizado ao longo da
vida” tornou-se essencial em projetos de crescimento profissional que englobam
desde a gestão do conhecimento até a mediação informacional e pedagógica.
3 COMPETÊNCIA DO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO NA TUTORIA ONLINE
No âmbito teórico e dedutivo, propõe-se assim, um conjunto de
competências mínimas que o profissional bibliotecário deve desenvolver para atuar
em equipes multidisciplinares em cursos a distância ou semipresencial.
-
Didático/Pedagógica: compreende a disposição do profissional para promover
a inovação educacional; o domínio sobre o conteúdo e material didático do
curso a ser ministrado; a capacidade em realizar intervenções didáticas
propondo e orientando a execução de tarefas; a habilidade em esclarecer
dúvidas relativas aos aspectos pedagógicos e dos objetivos educacionais do
10
curso; a capacidade para orientar e acompanhar o aprendizado dos alunos;
orientar e dinamizar as discussões entre o grupo de alunos de forma produtiva
e colaborativa; identificar e utilizar estratégias didáticas adequadas aos estilos
de aprendizagem dos alunos e as diferenças socioeconômicas e culturais;
identificar as dificuldades que surgem durante o processo de aprendizagem e
informar ao responsável ou coordenador do curso;
-
Técnica/Tecnológica: envolve as habilidades analíticas e técnicas para
organização e processamento metodológico da informação; conhecimento de
normas, formatos e métodos de normalização da descrição de dados,
informação e conhecimento; capacidade para compreensão e manipulação de
sistemas de gerenciamento de conteúdo digital e de ambientes virtuais de
aprendizagem; domínio sobre os recursos de comunicação assíncrona e
síncrona; domínio de técnicas multimídias e de recursos para apresentação e
transmissão da informação; habilidade para consulta em computadores
interligados em rede nas diferentes camadas de protocolos ou porte de rede;
-
Gerencial/Organizacional: compreende a capacidade para gerenciar e
executar planejamentos de ensino e de produtos e serviços; capacidade de
decisão e desenvolvimento de idéias inovadoras; capacidade para criar e
organizar novos serviços que atendam às demandas educacionais e
informacionais do público alvo; capacidade para gerenciar estratégias
educacionais e propor soluções ou readequações ao processo de ensinoaprendizagem; habilidade para organizar e divulgar relatórios sobre o
aprendizado dos alunos e demais aspectos relevantes sobre o curso
habilidades para gerenciar um sistema virtual de aprendizagem, organizando
tarefas, material e recursos didáticos; habilidade para formar, coordenar e
gerenciar o trabalho em equipe;
-
Pessoal/Social: envolve a capacidade de interação e envolvimento direto do
profissional no processo de comunicação mediado pelo computador; habilidade
para encorajar a interação do aluno com todos os elementos envolvidos, ou
seja, professor, material didático, o ambiente virtual de aprendizagem e os
próprios alunos; habilidade para incentivar aprendizado colaborativo entre os
alunos; habilidade para manter um bom nível de entendimento entre os
participantes; capacidade para estimular e promover a emancipação e
11
autodomínio do aluno sobre o processo de aprendizagem; competência para o
diálogo construtivo e racional; habilidades cognitivas para subsidiar as
atividades que envolvem o conhecimento, compreensão, aplicação, análise e
síntese; habilidades de expressar o conhecimento ou a informação em mais de
um idioma.
4 CONCLUSÃO
Ressalta-se que essa categorização proposta pode receber outras
interpretações e algumas dessas habilidades descritas podem ser classificadas em
mais de uma competência simultaneamente. Essa questão não representa nenhum
obstáculo para o desenvolvimento das competências do profissional bibliotecário
aplicado nas atividades educacionais.
As competências básicas requeridas ao profissional bibliotecário para
atuar como agente e gestor da prática educativa em ambientes virtuais de
aprendizagem, englobam inúmeros requisitos que a comunidade universitária deve
conhecer.
Dentre
eles,
deve-se
ressaltar
que
o
trabalho
em
equipes
multidisciplinares e a formação especializada em áreas da educação e metodologia
do ensino são imprescindíveis ao sucesso dessa nova modalidade de atuação
profissional.
Para encaminhamento e desenvolvimento dessas competências na prática
educativa, entende-se também que o sistema universitário deva promover o contato
interdisciplinar entre os profissionais envolvidos no processo de ensino a distância e
incentivá-los na consolidação de uma postura construtiva e colaborativa do
conhecimento acadêmico-científico.
Entende-se que a responsabilidade compartilhada, a formação continuada
e o desempenho pessoal do profissional bibliotecário, são os ingredientes essenciais
para a consolidação de uma nova competência que acima de tudo virá para
dinamizar o ambiente acadêmico e reforçar a papel desse profissional nas atividades
de ensino e pesquisa nas universidades.
12
Esse movimento de interação do profissional bibliotecário no processo de
ensino-aprendizagem na modalidade a distância, representa uma competência única
e nobre de extrapolar a área de domínio técnico e instrumental e atingir a
capacitação de mediação didática no âmbito estrutural que além de ser um fator de
apoio ao aluno, apresenta-se como meio de promoção de uma educação
individualizada e cooperativa.
Dessa forma, espera-se que o profissional bibliotecário avoque para si
esse novo desafio e apresente à comunidade acadêmica de forma concreta, novas
competências para tutoria e orientação de alunos visando efetivar a aprendizagem e
atingir os objetivos previstos no curso a distancia.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da
Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Presidência da República, Brasília, 2005. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm>.
Acesso em 23 jun. 2008.
DUDZIAK, E. A. O bibliotecário como agente de transformação em uma sociedade
complexa: integração entre ciência, tecnologia, desenvolvimento e inclusão social.
Ponto de Acesso, Salvador, v. 1, n. 1, p. 88-98, jun. 2007.
DUDZIAK, E. A. Information literacy: princípios, filosofia e prática. Ciência da
Informação, Brasília, v. 32, n. 1, p. 23-35, abr. 2003. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ci/v32n1/15970.pdf >. Acesso em: 20 jun. 2008.
FLEURY, M. T. L; FLEURY, A . Construindo o conceito de competência. Revista de
Administração Contemporânea, Edição especial, p.183-196, 2001.
LE BOTERF, G. Desenvolvendo a competência dos profissionais. 3. ed.
Tradução Patrícia Chittoni Ramos Reuillard. Porto Alegre: Bookam, 2003. 278p.
LIMA, V. V. Avaliação de competência nos cursos médicos. IN: MARINS, J.J.N. et al.
Educação médica em transformação: instrumentos para a construção de novas
realidades. São Paulo: Hucitec, 2004. p.123-140.
MORAN, J. M. O que é educação a distância. 2004. Disponível em:
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm>. Acesso em: 19 jun. 2008.
13
MOREIRO, J. A.; TEJADA ARTIGAS, C. M. Competências requeridas para el
ejercicio de lãs profesiones de la información: valoración de lãs lista relacionales de
Mercosur y de la Unión Europea. Informação & informação, Londrina, v. 9, n. 1/2,
jan./dez. 2004.
OLIVEIRA, E. S. G.; DIAS, A. C. S.; FERREIRA, A. C. R. A importância da ação
tutorial na educação à distância: discussão das competências necessárias ao tutor.
In: CONGRESSO IBEROAMERICANO DE INFORMÁTICA EDUCATIVA, 7., 2004,
Monterrey / México. Disponível em:
<http://libra.niee.ufrgs.br/site_antigo/ribie2004/Trabalhos/Comunicacoes/com2028.pdf>. Acesso em: 20 jun 2008.
PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre:
Artmed, 1999. 90 p.
SOUZA, C. A. et al. Tutoria na educação a distância. IN: CONGRESSO
INTERNACIONAL DE EDUCACAO A DISTANCIA, 11., Salvador. 2004. Anais
eletrônicos... Salvador: ABED. 2004. Disponível
em:<http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/088-TC-C2.htm> . Acesso em:
10 jun. 2008.
__________________
1
Flávia Helena Cassin, Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos,
[email protected].
2
Elenise Maria de Araujo, Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos,
[email protected].
3
Clelia Junko Kinzú Dimário, Universidade de São Paulo, Instituto de Química de São Carlos,
[email protected].
4
Priscila Carreira Bittencourt Vicentini, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, [email protected].

Documentos relacionados