Coletânea de Trabalhos - Instituto Geológico

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Coletânea de Trabalhos - Instituto Geológico
BOLETIM DO
INSTITUTO GEOLÓGICO
VOLUME 19
COLETÂNEA DE TRABALHOS
2° SIGMA – Simpósio Geociências e Meio Ambiente
1° Seminário de Iniciação Científica em Geociências
Seminário Anual do Instituto Geológico – SAIG
29 e 30 de maio de 2012
Boletim IG São Paulo vol. 19 n.1 jan.-jun. 2012 ISSN 0100-431X
Governo do Estado de São Paulo
Geraldo Alckmin – Governador
Secretaria de Estado do Meio Ambiente
Bruno Covas – Secretário
Instituto Geológico
Ricardo Vedovello - Diretor Geral
Governo do Estado de São Paulo
Secretaria de Estado do Meio Ambiente
INSTITUTO GEOLÓGICO
BOLETIM
DO INSTITUTO GEOLÓGICO
COLETÂNEA DE TRABALHOS
2° SIGMA – Simpósio Geociências e Meio Ambiente
1° Seminário de Iniciação Científica em Geociências
Seminário Anual do Instituto Geológico – SAIG
29 e 30 de maio de 2012
ISSN 0100-431X
Boletim IG
São Paulo
vol. 19
n.1
jan.-jun. 2012
BOLETIM DO INSTITUTO GEOLÓGICO
Instituto Geológico
Av. Miguel Stéfano, 3900 – CEP 04301-903
Fax: (0xx11) 5077-2219
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Editor-Assistente
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Amélia João Fernandes – IG/SMA
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Annabel Pérez Aguilar - IG/SMA
Maria José Brollo - IG/SMA
António de Sousa Pedrosa - Univ. do Porto
Mirian Ramos Gutjahr - IG/SMA
Antônio Luiz Teixeira - IG/SMA
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Antônio Roberto Saad – UnG
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Bernardino R. de Figueiredo - UNICAMP
Paulo César Boggiani – IGc/USP
Carlos Henrique Grohmann - IGc/USP
Paulo César Fernandes da Silva - IG/SMA
Carlos Schobbenhaus Filho – CPRM
Reinhardt Adolfo Fuck - UNB
Claudia Luciana Varnier - IG/SMA
Renato Tavares - IG/SMA
Claudio José Ferreira - IG/SMA
Ricardo Vedovello - IG/SMA
Cristiano M. Chiessi - EACH/USP
Rodrigo Miloni Santucci - UNB
Edson Vicente da Silva – UFC
Sibele EzaKI - IG/SMA
Emilia Kashimoto – UFMS
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Fernando Alves Pires - IG/SMA
Silvio Carlos Rodrigues - UFU
Francisco de Assis Negri - IG/SMA
Sonia A. Abissi Nogueira - IG/SMA
Hélio Shimada – IG/SMA
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Jair Santoro - IG/SMA
Virginia Martins – Univ. de Aveiro
João Lima Sant’Anna Neto – UNESP
Victor Velázquez Fernandez – EACH/USP
João M. Alveirinho Dias - Univ. do Algarve
Webster Mohriak - PETROBRAS
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William Sallun Filho - IG/SMA
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Boletim do Instituto Geológico São Paulo: Instituto Geológico 1 (no. único) 1976
ISSN 0100-431X
Semestral
Continuação do Boletim do IGG 24 (no. único) 1939 – 54 (no. único) 1975
Continuação do Boletim da CGG 1 (no. único) 1889 – 23 (no. único) 1930
1. Geociências – áreas correlatas
CDD551
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ÍNDICE
Agostini et al. Densidade de bactérias do genêro Enterococcus isoladas em macroalgas do
gênero Sargassum em costão rochoso do município de Ubatuba, litoral norte do Estado de
São Paulo
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08
Asche et al. Variação da concentração de microalgas fitobentônicas em sedimentos das
praias ao fundo da Baía de Santos
..............
10
Barbosa & Martins. Recursos naturais e agricultura: uma abordagem das limitações
..............
12
Biganzolli-Ferreira et al. Aplicação metodológica do mapeamento de perigo de inundação no
município de Guaratinguetá, SP
..............
14
Boiça. Considerações paleoambientais holocênicas na construção dos prognósticos dos
impactos ambientais provocados pela ocupação da planície de inundação do Rio Iguaçú em
Duque de Caxias – RJ
..............
15
Boscaratto & Sallun Filho. Geologia da Gruta do Fazendão, Ipeúna (SP)
..............
16
Bustamante et al. Cadastramento e desenvolvimento do banco de dados do acervo de
lâminas do Laboratório de Microscopia do Instituto Geológico
..............
17
Cantareli & Rezende. Parecer técnico ambiental preliminar da Trilha do Bonete e
adjacencias
..............
18
De Lucca. Conservação documental – fatores de degradação e trabalhos de preservação no
Acervo Histórico
..............
19
Diniz et al. Alterações nas características hidroclimáticas e hidrogeológicas da área de
várzea causadas pela mineração de areia e cultivo do arroz, no município de Tremembé,
Estado de São Paulo
..............
20
Esposito-Vieira & Ferreira. Análise de unidades homogêneas de cobertura da terra e de
compartimentação fisiográfica no contexto do mapeamento de risco a inundações e
escorregamentos em escala regional: aplicação no Grande ABC, SP
..............
36
Faria & Souza. Análise estatística de dados obtidos no projeto “Monitoramento do perfil
praial realizado para o Porto de Santos”
..............
37
Fernandes et al. Investigação regional do potencial de recarga do Sistema Aquífero Guarani
através dos basaltos do Aquifero Serra Geral
..............
38
França et al. Centro da Terra: divulgação de conhecimento
..............
39
Galina et al. O processo de digitalização das Fotografias Aéreas do Acervo de Produtos
Cartográficos do Instituto Geológico
..............
40
Grigorio et al. Sistema de classificação do uso e cobertura da terra regional e urbano
aplicado na análise de vulnerabilidade e de riscos geoambientais
..............
51
Guerra et al. Mapeamento de áreas de risco a processos erosivos continentais em municípios
do Vale do Paraíba (SP)
..............
53
Gomes. Gestão integrada dos resíduos sólidos na orla marítima da cidade de Maceió (AL)
como componente do desenvolvimento turístico local sustentável
..............
54
Maranhão Rosa et al. Disseminação da bibliografia analítica da paleontologia do Brasil, por
..............
55
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meio de catálogos digitais
Maranhão Rosa et al. Disseminação do “Acervo Paleontológico Dr. Sérgio Mezzalira”, do
Instituto Geológico, por meio de uma aplicação web - Sophia Acervo – módulo taxonomia
..............
63
Martins & Barbosa. Estimativa da expansão agrícola no cerrado: uma aplicação de
sensoriamento remoto
..............
73
Melo et al. Impacto ambiental em costões rochosos, causados pela expansão urbana em
Ubatuba, SP: estudo de caso da Praia do Perequê-Mirim.
..............
74
Montandon et al. Manual de campo para pesquisa geoquímica, Estado de São Paulo – Brasil
..............
76
Pimentel. Mapeamento de risco associado a escorregamentos em escala de detalhe no
município de Guaratinguetá-SP
..............
78
Pontes et al. Estudo da capacidade de carga turística na Furna do Buraco do Padre, Parque
Nacional dos Campos Gerais - Paraná: determinações preliminares
..............
80
Nogueira et al. Sistema de informações para o licenciamento ambiental da atividade
minerária na Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba.
..............
81
Nogueira et al. Projeto Paraíba do Sul: potencialidade de areia – fase II
..............
82
Novaes et al. Imageamento elétrico e amostragem multi-nível de um aterro de resíduos.
..............
83
Ogura et al. Concentrações basais de metais em rios e reservatórios subtropicais.
..............
84
Pires et al. Museu Geológico Valdemar Lefèvre: projeto de readequação das instalações
físicas.
..............
85
Prado & Souza. Usando o design gráfico na divulgação das geociências: um estudo de caso.
..............
86
Raffaeli et al. Modernização da infraestrutura da sede do Instituto Geológico
..............
87
Ribeiro et al. Estratégias para a gestão do patrimônio geológico paulista: o Projeto
“Monumentos Geológicos de São Paulo” e o Conselho Estadual de Monumentos Geológicos
..............
89
Roberto et al. Radioelementos naturais em materiais geologicos, Estado de São Paulo –
Brasil
..............
90
Rosenberger et al. Caracterização hidrogeológica do Sistema Aquífero Bauru na área urbana
de Bauru (SP)
..............
92
Santiago et al. Tratamento de informações sobre áreas de risco e apoio a políticas públicas
de habitação
..............
93
Santos et al. Impactos na dinâmica hidrossedimentar fluvial com a atividade mineral de
extração de areia no alto Rio Paraná
..............
94
Santos & Perez-Aguilar. Aspectos do Geoparque Ciclo do Ouro, Guarulhos, SP
..............
95
Sallun et al. Projeto Laboratório Litoteca
..............
97
Siems et al. Densidade de Enterococcus sp em praias recreacionais do município de
Ubatuba, litoral norte do Estado de São Paulo
..............
103
Stradiotto et al. Densidade de escherichia coli isoladas de águas recreacionais e areias de
praias do município de Ubatuba, litoral norte do Estado de São Paulo
..............
104
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Takeuchi et al. Caracterização hidrogeológica da região entre Indaiatuba e Capivari (SP)
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105
Teles et al. Identificação e caracterização das feições erosivas existentes ao longo da trilha
do Bonete, Ilhabela- SP
..............
106
Vilano et al. Resultados preliminares da ocorrência da levedura do genero Candida em praias
de Ubatuba, litoral norte do Estado de são Paulo
..............
107
Xavier et al. Levantamento de dados geoquímicos de materiais geológicos, Estado de São
Paulo – Brasil
..............
108
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DENSIDADE DE BACTÉRIAS DO GENÊRO ENTEROCOCCUS ISOLADAS EM
MACROALGAS DO GÊNERO SARGASSUM EM COSTÃO ROCHOSO DO MUNICÍPIO DE
UBATUBA, LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
Luana AGOSTINI (1), Mirella MASSONETTO (1), Wagner F. VILANO (1,2), Ana Julia F. C.
OLIVEIRA (1), Célia Regina de Gouveia SOUZA (2,3)
(1) Campus Experimental do Litoral Paulista, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” (UNESP), São Vicente, SP, Brasil; [email protected],
[email protected], [email protected]
(2) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil; [email protected]
(3) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (IG/SMA-SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected], [email protected]
As algas marinhas apresentam importância, tanto sob o ponto de vista econômico, como
ambiental e social (CABRAL et al., 2011). A grande variedade de espécies de algas encontram uso
bastante diversificado em vários países no mundo, da indústria alimentícia à de medicamentos, da
cosmética à agricultura (VIDOTTI & ROLLEMBERG, 2004). Entretanto, estudos sobre contaminação
bacteriana em algas não são comuns na literatura, sendo assim, o presente estudo teve como objetivo
avaliar a densidade de bactérias do gênero Enterococcus sp em algas do gênero Sargassum sp
localizadas no costão rochoso da praia do Perequê-Mirim em Ubatuba.
Enterococos são bacterias do gênero dos estreptococos fecais, o qual se caracteriza pela alta
tolerância às condições adversas de crescimento, maioria de origem fecal humana (CONAMA, 2000).
Foram coletadas duas frondes da alga em dois pontos P1 (mais próximo a praia) e P2 (mais próximo a
mar aberto), armazenadas em sacos plásticos, sob-refrigeração a aproximadamente 4ºC e levados para
o Laboratório de Microbiologia Marinha da UNESP - Campus de São Vicente. As algas foram
trituradas, 20g de cada amostra, juntamente com 180ml de água destilada, filtradas em uma malha fina
para retirada de resíduos não triturados, e utilizada a técnica da Membrana Filtrante para determinação
da densidade de Enterococcus sp, e após foram transferidas para placas de petri contendo meio de
cultura Ágar mEnterococcus. As colônias consideradas nas contagens foram replicadas em meio
especifico, Enterococcosel Caldo, cujos tubos que apresentaram enegrecimento do meio foram
considerados positivos. Como não há critério para se avaliar a contaminação de algas por
Enterococcus sp, foi seguido o mesmo critério utilizado pela CETESB, em quantidades generalistas.
Densidades de Enterococcus sp superiores a 400 UFC/100 ml caracterizam impropriedade da praia
para recreação de contato primário (CETESB, 2011).
Assim, os resultados preliminares apresentaram nas algas: em dezembro/2011 cerca de 4,8 x
103 UFC/100g de Enterococcus sp nas algas coletadas no ponto P1 e 0,54x103 UFC/100g de
Enterococcus sp nas algas coletadas no ponto P2. Em janeiro/2012, houve um decaimento de
contaminação de Enterococcus sp nas algas coletadas no ponto P2 (9,1 x 10²³ UFC/100g) enquanto
houve um aumento de Enterococcus sp nas algas coletadas no ponto P1 (0,76 x103 UFC/100g). Já no
mês de fevereiro/2012 houve decréscimo de densidade de Enterococcus sp nas algas nos dois pontos
de coleta, obtendo como resultado 0,10x103 UFC/100g em P1 e apenas 0,07x103 UFC/100g em P2.
Novos dados ainda serão obtidos para tentar relacionar as mudanças da densidade de Enterococcus sp
nas algas em Ubatuba com a mudança sazonal climática que ocorre entre os meses de dezembro,
janeiro e fevereiro e a alta temporada de veraneio paulista, com aporte significativo de contaminação
antrópica na região.
Palavras-chave – densidade, contaminação, Enterococcus sp, macroalga, Sargassum sp
Keywords – density, contamination, Enterococcus sp, macroalgae, Sargassum sp
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. 2000. Resolução nº 274 - Dispõe sobre a
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá providências.
CABRAL, I. S. R.; SHIRAHIGUE, L. D.; ARRUDA, L. F.; CARPES, S. T.; OETTERER, M. 2011.
Produtos Naturais de Algas Marinhas e seu Potencial Antioxidante e Antimicrobiano. B.CEPPA,
29: 181-192.
CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – Secretaria de Estado do Meio Ambiente).
2011. Relatório de Qualidade das praias litorâneas no Estado de São Paulo 2010. São Paulo:
CETESB/SMA, Série Relatórios, 29 p.
VIDOTTI, E. C. & ROLLEMBERG, M. C. E. 2004. Algas: Da Economia nos Ambientes Aquáticos á
Biorremediação e à Química Analítica. Química Nova, 27(1): 139-145.
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VARIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE MICROALGAS FITOBENTÔNICAS EM
SEDIMENTOS DAS PRAIAS AO FUNDO DA BAÍA DE SANTOS
Sérgio O. ASCHE (1,2*), Célia Regina de Gouveia SOUZA (2,3), Gisele C. G. OLIVEIRA (3)
(1) Universidade Santa Cecília (UNISANTA), Santos, SP, Brasil; [email protected]
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (IG/SMA-SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected], [email protected]; *Bolsista PIBIC-CNPq
(3) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil
(3) Bíóloga; [email protected]
As microalgas (diatomáceas) são organismos fitobentônicos que podem estar presentes nas
areias de praias oceânicas. Sua abundância é favorecida pelas características morfodinâmicas das
praias, sendo maior naquelas com tendências dissipativas e intermediárias (MCLACHLAN, 1983).
A presença desses organismos é avaliada por meio da determinação de sua biomassa, a qual pode ser
expressa pela concentração dos pigmentos presentes na matéria viva, entre eles a Clorofila- a (Chl-a)
funcional (fotossíntese) e os feopigmentos. Por meio de um monitoramento trimestral (julho e
outubro/2011 e janeiro/2012) está sendo realizado o estudo da concentração de diatomáceas em 33
locais de praias localizadas ao fundo da Baía de Santos (SP). Para a extração da Chl-a e dos
feopigmentos, a amostra de sedimento, coletada no baixo estirâncio das praias, recebe inicialmente o
ataque químico em soluções de MgCO³ e de Acetona PA. Após 20 h sob refrigeração (4 a 7º C), a
amostra é centrifugada e, do extrato obtido, retira-se o sobrenadante, que é então submetido à
espectrofotometria para a determinação de sua biomassa (método de Plante-Cuny, 1978, adaptado por
David, 1997).
Os resultados obtidos até o momento se referem às amostragens de julho e outubro/2011. Na
Praia do Góes (município do Guarujá), os maiores valores para Chl-a foram encontrados ora no perfil
Góes-01 (julho), ora em Góes-02 (outubro); os menores valores estiveram em Góes-03 (julho) e em
Góes-04 (outubro). No segmento praial Praia do Itararé-Emissário (municípios de São Vicente/Santos),
em julho os maiores valores ocorreram no perfil Itar-02 e em outubro em Itar-04; os menores valores
ocorreram em Itar-03 (julho) e em Itar-02 (outubro). No segmento Emissário-Ponta da Praia de Santos
(Santos), no mês de julho os maiores valores foram encontrados nos perfis Stos-02, Stos-13 e Stos-17,
e em outubro nos perfis Stos-14, Stos-18 e Stos-20; em julho os menores valores ocorreram nos perfis
Stos-09, Stos-12 e Stos-15 e, em outubro, nos perfis Stos-08, Stos-10 e Stos-11. Este trabalho integra o
“Programa de Monitoramento do Perfil Praial para Avaliação de Possíveis Impactos da Dragagem de
Aprofundamento do Canal do Porto de Santos” (SOUZA et al., 2011), que conta com apoio financeiro
da Codesp e da Secretaria Especial dos Portos.
Palavras-chave – Biomassa Clorofiliana, Microalgas Fitobentônicas, praias da Baía de Santos
Keywords – Chlorophyllian biomass, microalgae phytobenthic, Santos Bay beaches
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DAVID, C. J. 1997. Contribuição para o Estudo da Distribuição do Microfitobentos da Região
Entremarés de Praias da Baixada Santista, Estado de São Paulo, Dissertação de Mestrado. Instituto
Oceanográfico–USP. 155p.
McLACHLAN, A. 1983. Sandy Beach Ecology: A Review. In: A. McLachlan & T. Erasmus (eds.).
Sandy Beaches as Ecosystems. Netherland, W. Junk Publishers, p. 321-380.
PLANTE-CUNY, M. R. 1978. Pigments photosynthétiques et production primare des fours meubles
néritiques d’une region tropicale (nosy-Bé, Madagascar) Travaux et Documents de ORSTOM,
96:1-359.
SOUZA, C. R. de G; SOUZA, A.P.; FERREIRA, R.S.; ROSA, E.G.; MUNARIN, P.C. 2011. Programa
de Monitoramento praial para avaliação de possíveis impactos da dragagem de aprofundamento do
canal do porto de Santos: síntese da abordagem metodológica. In: XIII Congresso da Associação
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Brasileira de Estudos do Quaternário – ABEQUA e III Encontro do Quaternário Sul-Americano,
Búzios, Rio de Janeiro. Boletim de Resumos Expandidos (CD-ROM).
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RECURSOS NATURAIS E AGRICULTURA: uma abordagem das limitações
Marisa Zeferino BARBOSA (1), Vagner Azarias MARTINS (1)
(1) Instituto de Economia Agrícola, Secretaria de Agricultura e Abastecimento (IEA/SAA-SP), São
Paulo, SP, Brasil; [email protected], [email protected]
A oferta de alimentos, fibras e de bioenergia ocorre, predominantemente, sob o paradigma de
que não há limites ao crescimento e, caso ocorram, a técnica sempre poderá superá-los. O crescimento,
entretanto, é incerto quando a finitude dos recursos naturais que prestam serviços à produção e a
capacidade de resiliência dos ecossistemas indicam a impossibilidade de substituição de elementos que
compõem o capital natural. Este manuscrito discute a hipótese que o crescimento na oferta agrícola
pode sofrer entraves pela limitação da capacidade de suporte dos recursos naturais. É empregado o
princípio ecológico que trata da interação de sistemas produtivos com o meio ambiente, conforme
GEORGESCU-ROEGEN (1976) e DALY & FARLEY (2004).
A agricultura é a atividade que mais aproxima a humanidade da natureza, pois ainda não se
dispõe de outra fonte da energia que dispense o consumo de plantas e de animais (BEZERRA &
VEIGA, 2000). Restam, entretanto, os efeitos ao meio ambiente. Aproximadamente 70% da água
retirada dos rios e do subsolo é para irrigação e o que retorna aos mananciais tem as propriedades
alteradas que podem restringir o próprio uso agrícola (RODRIGUES & IRIAS, 2004). Há estreita
relação entre contaminação do subsolo por agrotóxicos e a agricultura nas principais regiões
produtoras no Brasil (SOARES & PORTO, 2007).
No mundo, cerca de 40% das terras estão degradadas (DALY & FARLEY, 2004). A
arenização que atinge o sudoeste do Rio Grande do Sul resulta da intensificação de processos erosivos
causada pela retirada da cobertura vegetal e introdução de cultivos em ecossistemas frágeis (FREITAS
et al., 2002). O desflorestamento perturba os processos naturais de regeneração do solo, especialmente
em florestas tropicais, como a amazônica. Essa ação rompe o ciclo dos nutrientes e tornam as terras
inférteis (RICKLEFS, 2009). A simplificação do ambiente é condição necessária à agricultura de larga
escala, mas a crescente dependência de insumos químicos e de irrigação põe em cheque a própria
viabilidade no longo prazo (ABRAMOVAY, 1999). A par do domínio técnico, se torna necessária
melhor compreensão dos limites naturais ao constante crescimento das atividades econômicas, entre as
quais a agricultura.
Palavras-chave – recursos naturais, agricultura, ecologia
Keywords – natural resources, agriculture, ecology
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVAY, R. 2009. Moratória para os cerrados: elementos para uma estratégia de agricultura
sustentável. Disponível em:
<http://www.econ.fea.usp.br/abramovay/outros_trabalhos/1999/Moratoria_para_os_cerrados.pdf>.
Acesso em: abril, 2009.
BEZERRA, M. C. L.; VEIGA, J. E. 2000. Agricultura sustentável. Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 190p. Disponível em: <http://www.camaradecultura.org/agricultura.pdf> . Acesso em:
jul. 2009.
DALY H.E.; FARLEY , J. 2004. Ecological economics: principles and applications. Washington:
Island Press, 455p.
FREITAS, C. A. et al. 2002. O processo de arenização no sudoeste do Rio Grande do Sul: uma
alternativa
para
o
seu
desenvolvimento
sócio-econômico.
Disponível
em:
<http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/download/eeg/1/mesa_11_freitas_goulart_alves.pdf >. Acesso
em: ago. 2009.
GEORGESCU-ROEGEN, N. 1975. Energia e mitos econômicos. Economia-Ensaios, 19(2):7-51.
Traduzido por Leonidas Hegenberg e Octanny Silveira da Motta - 2005.
RICKLEFS, R. E. 2009. A economia da natureza. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 503p.
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RODRIGUES, G. S.; IRIAS, L. J. M. 2004. Considerações sobre os impactos ambientais da agricultura
irrigada. Embrapa/CNPMA, Circular técnica no. 7.
SOARES, W. L.; PORTO, M. F. 2007. Atividade agrícola e externalidade ambiental. Ciência & Saúde
Coletiva, 12(1):131-143.
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APLICAÇÃO METODOLÓGICA DO MAPEAMENTO DE PERIGO DE INUNDAÇÃO NO
MUNICÍPIO DE GUARATINGUETÁ, SP
Roger BIGANZOLLI-FERREIRA (1*), Vivian Cristina DIAS (1), Eduardo de ANDRADE (2)
(1) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil; [email protected].
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo, 04301-903,
São Paulo, Brasil; *Bolsista FUNDAP-IG
A Região do Vale do Rio Paraíba do Sul possui alta suscetibilidade a processos de enchentes e
inundações por conta de seus condicionantes hidro-geomorfológicos, além de haver nesta área
condicionantes antrópicos bastante expressivos (ex. impermeabilização das margens, retificação de
cursos d’água) que contribuem para a ocorrências de eventos deste tipo. Segundo Tominaga (2009),
Perigo é um evento, fenômeno ou atividade humana potencialmente danoso (mortes, perdas
econômicas, degradação ambiental etc.) que está em função da suscetibilidade do terreno, do potencial
de indução do uso do solo e da probabilidade da deflagração.
Neste contexto, este trabalho apresenta uma aplicação metodológica do mapeamento de perigo de
inundação, especificamente na delimitação de setores de perigo a inundações no município de
Guaratinguetá (SP). O trabalho foi realizado na escala de detalhe (1:3.000), conforme as etapas descritas
a seguir: a) coleta de dados secundários, por meio de notícias de jornais e registros oficiais sobre os
eventos de inundações; b) a partir destas informações preliminares, foram estabelecidas áreas para
verificação em campo dos níveis de atingimento da água de inundação (Nat) e da recorrência destes
eventos; c) trabalho de campo, com o levantamento de medidas in loco relatadas por moradores, que
resultaram em pontos georreferenciados; d) levantamento e aquisição de materiais cartográficos
(matriciais e vetoriais) para tratamento dos dados coletados em ambiente SIG (Sistemas Geográficos de
Informação); e)delimitação dos setores de perigo, utilizando-se o programa ArcMap 10, com o
lançamento dos pontos e níveis de atingimento dos eventos de inundação em imagens de satélite,
ortofotos e cartas altimétricas; f) hierarquização destes setores, onde os valores de níveis de atingimento
e o número de recorrências por setor foram relacionados estatisticamente com base no Fatores de
Correção e nos Escores Númericos Corrigidos propostos por Fernandes da Silva et al. (2011).
Como resultado, obteve-se 27 áreas divididas em 132 setores de perigo a inundação, classificados
em Perigo Baixo (P1), Perigo Médio (P2), Perigo Alto (P3) e Perigo Muito Alto (P4). Futuramente, este
mapeamento será utilizado como base para a geração de cartografia de risco, subsidiando a indicação de
diretrizes para a prevenção dos danos relacionados aos processos de inundação neste município. Este
trabalho recebeu apoio financeiro da Fundação do Desenvolvimento Administrativo através do Termo
de Cooperação Técnica entre o Insituto Geológico e a Coordenadoria de Defesa Civil do Estado de São
Paulo.
Palavras-chave – Inundação, Mapeamento de Perigo, Geoprocessamento
Keywords – Flooding, Hazard Mapping, Geoprocessing
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDES DA SILVA, P. C.; ANDRADE, E.; DANNA, L. C. 2011. Mapeamento de Risco à
inundação em municípios do Vale do Paraiba (SP): abordagem metodológica para delimitação e
caracterização de setores de perigo. In: 13º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e
Ambiental, São Paulo, SP. Anais do 13º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e
Ambiental, v. 1. p. 1-10.
TOMINAGA, L. K., SANTORO, J.; AMARAL, R. 2009. Desastres naturais: conhecer para prevenir.
São Paulo: Instituto Geológico, 196 p.
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CONSIDERAÇÕES PALEOAMBIENTAIS HOLOCÊNICAS NA CONSTRUÇÃO DOS
PROGNÓSTICOS DOS IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELA OCUPAÇÃO DA
PLANÍCIE DE INUNDAÇÃO DO RIO IGUAÇÚ EM DUQUE DE CAXIAS – RJ
Wilson A. Leal BOIÇA (1)
(1) Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro-RJ, Brasil;
[email protected]
O município de Duque de Caxias tem uma população estimada de 850.000 pessoas,
distribuídas em 444 km2, localizado no recôncavo da Baía de Guanabara em uma região de
subsidência da Serra do Mar denominada de Gráben da Guanabara (FERRARI, 2001). Sua bacia
hidrográfica é constituída de cinco sub-bacias. A área de estudo está situada nas sub-bacias dos rios
Tinguá e Capivarí que deságuam no rio Iguaçu que por sua vez deságua na Baía de Guanabara. O
regime hídrico e sedimentológico desses rios são de fundamental importância para o desenvolvimento
do município, uma vez que os grandes empreendimentos industriais de Duque de Caxias estão às
margens desses e sofrem influencia direta do regime de maré (AMADOR & PONZI, 1974).
O objetivo desse trabalho é identificar as características paleoambientais holocênicas da
região de planície fluvial do rio Iguaçú (AMADOR, 1974), sobrepondo metodologias de campo e
geoprocessamento, apresentando os possíveis impactos ambientais e vulnerabilidades atuais de seus
ecossistemas. A metodologia consistiu de duas etapas: uma de campo onde foram coletadas amostras
de moluscos marinhos e descritas as relações estratigráficas correspondentes por meio de sondagens à
percussão, plotadas com auxílio de GPS Garmin e-trex, e anotadas suas referidas cotas altimétricas;
uma segunda etapa foi desenvolvida em laboratório onde as amostras foram separadas, identificadas,
correlacionadas às suas respectivas seqüências estratigráficas e enviadas para datação radiocarbono no
Laboratório Beta Analytic, Florida, EUA. Ainda nessa fase foram georeferenciados os pontos de
coletas dos moluscos em carta cadastral 1:2.000, em ambiente ArcGis 10, e por fim construída uma
carta temática de impacto ambiental da região em ambiente CorelDraw X5.
Espera-se com isso identificar as características paleoambientais holocênicas da região
demonstrando sua evolução incrementada pela ocupação antrópica atual e apresentar uma metodologia
que auxilie futuras análises paleoambientais em regiões de planícies fluviais. Esse trabalho teve o
apoio financeiro do Laboratório de Geologia, Sedimentologia e Meio Ambiente do Museu Nacional do
Rio de Janeiro.
Palavras chaves - Rio Iguaçú, Baía de Guanabara, Holoceno, paleoambiente
Keywords – Iguaçu River, Guanabara Bay, Holocene, paleoenvironmental
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMADOR, E. S. 1974. Praias fósseis do recôncavo da Baía de Guanabara. Anais da Academia
Brasileira de Ciências, 46(2): 253-262.
AMADOR, E.; PONZI, U. R. A. 1974. Estratigrafia e sedimentação de depósitos flúvio-marinhos da
orla da Baía de Guanabara. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 46: 34.
FERRARI, A. L. 2001. Evolução tectônica do Graben da Guanabara. Tese de doutoramento, Instituto
de Geociências, Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, 412 p.
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GEOLOGIA DA GRUTA DO FAZENDÃO, IPEÚNA (SP)
Denner Christian BOSCARATTO (1,2*), William SALLUN FILHO (1,2**)
(1) Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil; [email protected];
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; *Bolsista PIBIC-CNPq; **Bolsista Prod. Pesq. CNPq
A Gruta do Fazendão (SP-170) é uma caverna em arenitos da Formação Botucatu, localizada na
porção norte da Serra do Itaqueri, no município de Ipeúna (SP), a uma altitude de 850 m. A gruta foi
descoberta na década de 1970 e os estudos realizados até o momento, embora não aprofundados,
indicam que a gênese desta caverna é diretamente ligada a estruturas tectônicas rúpteis (VERÍSSIMO &
SPOLADORE, 1994; RICCOMINI et al., 1996). A Gruta do Fazendão possui 270 m de
desenvolvimento e 15 m de desnível e é composta basicamente de diversos salões de abatimentos
interligados. RICCOMINI et al. (1996) descreveram estruturas de liquefação sin-sedimentares nos
arenitos da Formação Botucatu em um dos salões da Gruta do Fazendão, consideradas como induzidas
por abalos sísmicos expressivos associados aos esforços pré-ruptura do Gondwana.
Estas estruturas, agora estudadas com maior detalhe, são dobras convolutas de dimensões métricas,
localmente recumbente, formando grandes estruturas dômicas, com falhas de empurrão, passando
lateralmente para porções não deformadas. Para tal foi realizado o mapeamento espeleológico e
geológico detalhados da caverna, com a coleta de dados estruturais. Observou-se que as estruturas de
liquefação ocorrem por todo o setor sudeste da caverna, e não apenas no maior salão da caverna na
porção nordeste, como anteriormente observado. No afloramento principal, houve a coleta de amostras
que serão analisadas para avaliação da ocorrência de feições microscópicas de liquefação e deformação,
além da coleta de amostras das porções indeformadas para comparação.
As cavernas que ocorrem na escarpa do Grupo São Bento estão associadas a nascentes e a processo
erosivos (piping). Na Gruta do Fazendão a formação da caverna também está associada a estes
processos, condicionadas por falhas, fraturas e estruturas de liquefação. Este estudo irá possibilitar
interpretações sobre a gênese da caverna e das estruturas observadas, e contribuir para a compreensão da
evolução da Bacia do Paraná. Este trabalho possui apoio financeiro do Instituto Geológico e Bolsas do
CNPq.
Palavras-chave – Gruta do Fazendão, Formação Botucatu, Estruturas de Liquefação
Keywords – Gruta do Fazendão, Formação Botucatu, Estruturas de Liquefação
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RICCOMINI, C.; SALLUN FILHO, W.; FERREIRA, N. B.; COIMBRA, A. M. 1996. Estruturas de
liqüefação em arenitos eólicos da Formação Botucatu (Ki) na Serra de Itaqueri, SP. In: XXXIX
Congresso Brasileiro de Geologia, Salvador, Bahia. Anais, v. 1, p. 151-153.
VERÍSSIMO, C. U. V.; SPOLADORES, A. 1994. Gruta do Fazendão (SP-170): considerações
geológicas e genéticas. Espeleo-Tema, 17: 7-17.
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CADASTRAMENTO E DESENVOLVIMENTO DO BANCO DE DADOS DO ACERVO DE
LÂMINAS DO LABORATÓRIO DE MICROSCOPIA DO INSTITUTO GEOLÓGICO
Rodrigo M. BUSTAMANTE (1*), José Maria AZEVEDO SOBRINHO (2), William SALLUN
FILHO (1,2**), Fabio Carvalho RICARDO (2)
(1) Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil; [email protected]
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected],
[email protected],
[email protected];
*Bolsista
FUNDAP-IG; **Bolsista Prod. Pesq. CNPq
As atividades realizadas para o cadastramento e criação do banco de dados do acervo de lâminas
tiveram foco na localização, organização e descrição de lâminas petrográficas históricas dos mais
diversos tipos de rochas e de diversas procedências (nacionais e internacionais), pertencentes ao acervo
do Laboratório de Microscopia do Instituto Geológico (IG).
O Acervo foi construído a partir das pesquisas geológicas realizadas por pesquisadores de
prestígio, que atuaram na extinta Comissão Geographica e Geológica (CGG). As pesquisas geológicas
foram pioneiras, abrindo e desvendando horizontes para o conhecimento geológico paulista e também
brasileiro. Esses profissionais contribuíram para a construção dos alicerces da história do atual IG.
O objetivo principal deste trabalho é descrever as atividades desenvolvidas durante o período de
estágio realizado no Laboratório de Microscopia do IG, para o cadastramento e desenvolvimento do
banco de dados do acervo de mais de três mil lâminas pertencentes ao Instituto.
Para a realização do cadastramento e desenvolvimento do banco de dados, foi necessário relacionar
as seções delgadas com suas respectivas localizações geográficas e características petrográficas contidas
em cadernetas de campo e de descrição delgadas de rochas. Baseado nisso, foi digitalizada a
documentação original tal como: (fichas de descrições de lâminas, relatórios, publicações e manuais das
coleções didáticas). Foram excluídas desta etapa as amostras sem identificação de localidade da
amostra, e separadas para posterior doação ao Museu Geológico do Instituto Geológico (MUGEO).
Para condensar os dados obtidos, foram confeccionadas fichas petrográficas com os principais
campos: n.° da Lâmina, Mineralogia, Localização, Coletor, Data e Fotomicrografia. A confirmação dos
dados petrográficos foi realizada através de análise simples de microscópia ótica.
Durante a fase inicial do projeto, houve períodos de treinamento, realizados junto ao orientador,
para progressivamente obter um aperfeiçoamento das técnicas desenvolvidas durante o curso de
graduação, e de vital importância para o andamento do projeto.
Palavras-chave – acervo, banco de dados, Instituto Geológico, lâminas, microscopia
Keywords – collection, database, Instituto Geológico, thin-section, microscopy
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MACKENZIE, W. S.; DONALDSON, C. H.; GUILFORD, C. 1982. Atlas of igneous rocks and their
textures. London: Longford, 148p.
TRÖGER, W. G. 1979. Optical determination of rock forming mineral. Stuttgart: E. Schweizerbart'sche
Verlagsbuchhandlung, 188p.
WILLIAMS, H.; TURNER, F. J.; GILBERT, C. M. 1970. Petrografia - uma introdução ao estudo das
rochas em seções delgadas. São Paulo: Editora Polígono, 424p.
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PARECER TÉCNICO AMBIENTAL PRELIMINAR DA TRILHA DO BONETE E
ADJACÊNCIAS
Carlos Vinicius CANTARELI (1*), A. REZENDE (2)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; *Bolsista FAPESP
(2) Instituto Caá-Oby de Análise e Protagonismo Sócio-Ambiental, Santos, SP, Brasil;
[email protected]
O Parecer Técnico Ambiental Preliminar foi realizado entre os dias 30 de setembro e 03 de
outubro de 2011 em Ilhabela. O documento enfatiza e elucida os impactos ambientais negativos que
ocorreram na trilha de acesso à Praia do Bonete e as conseqüências à biota, aos ecossistemas e às
espécies identificadas como ameaçadas de extinção conforme a lista elaborada pelo Ministério do Meio
Ambiente, outrossim, à fragilidade do meio em relação à descaracterização da cobertura vegetal em
áreas contíguas e nas Áreas de Preservação Permanente - APPs. O documento foi confeccionado a partir
de reconhecimento de área previamente escolhida por se tratar de hotspot; esse conceito foi criado por
Myers, em 1988, cujo conhecimento foi incorporado nos trabalhos da Conservation International como
indicador para priorizar quais locais do mundo receberiam maior atenção dos programas de conservação
(MYERS, 1988).
O Parecer Técnico Ambiental foi elaborado pelo Instituto Caá-Óby e será juntado em processo
judicial que visa a manutenção, defesa e preservação da qualidade ambiental da região. O relatório teve
como objetivos: A) verificar a importância ambiental da região em que está inserida a trilha de acesso à
Praia do Bonete; B) verificar a degradação ambiental em espaço especialmente protegido nas
adjacências do acesso à trilha e nas áreas contíguas à comunidade, com potenciais reflexos e impactos
ambientais negativos à unidade de conservação de proteção integral e à zona de amortecimento do
Parque Estadual da Ilhabela; C) identificar a ocorrência de espécies que constam na listas oficiais de
ameaçadas de extinção, tais como Amazona farinosa (papagaio-moleiro) e Tinamus solitarius (macuco)
(SICK, 1997). Quanto à fauna e à flora, além do prévio conhecimento das espécies que ocorrem na
região, houve consulta bibliográfica sobre a composição faunística e florística. Foram realizadas
observações de campo, com o auxílio de binóculo quando necessário, e identificação de possíveis
rastros (pegadas, ninhos, tocas, excrementos, ossos e penas) e de manifestações sonoras.
Palavras-Chave – Levantamento de fauna e flora, impactos, Bonete, hotspots
Keywords – fauna and flora, impacts, Bonete, hotspots
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MYERS, N. 1988. Thereatend Biotas; ”Hotspots” in tropical forest. The Enviromentalist, 187-208.
SICK, H. 1997. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 379 p.
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CONSERVAÇÃO DOCUMENTAL – FATORES DE DEGRADAÇÃO E TRABALHOS DE
PRESERVAÇÃO NO ACERVO HISTÓRICO
Guilherme Monteiro Cardoso DE LUCCA (1,2*)
(1) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil; [email protected]
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil; *Bolsista
FUNDAP-IG
No âmbito da conservação preventiva dos bens culturais, abordaremos os trabalhos
realizados no Núcleo Curadoria do Acervo Histórico (NCAH) para a higienização e acondicionamento
como ações fundamentais para diminuir o processo de degradação documental. O trabalho no arquivo
é dividido em 5 etapas Conservação e preservação; gestão documental; divulgação; pesquisa e ensino.
Falaremos da conservação e preservação e dos fatores prejudiciais à documentação. Dentro da
conservação preventiva, nos ocuparemos da higienização.
Existem três fatores que degradam papeis: físicos, químicos e biológicos. Fatores físicos são
o manuseio incorreto e o vandalismo, entre outros. Fatores químicos são os processos de acidificação e
oxidação que destroem a celulose e, os fatores biológicos são a proliferação de micoorganismos. Eles
se relacionam entre si, sobretudo, em países de clima tropical como o Brasil, com altos índices de
temperatura e umidade. Os documentos passam por um processo de degradação, onde o papel, ao
entrar em contato com luminosidade, poluição, sofre de reações químicas que comprometem sua
estrutura. Além disso, um ambiente quente e úmido propicia a proliferação de insetos e fungos. A
conservação deve ser acompanhada, primeiramente, de uma política de prevenção de danos, pois o
restauro de documentos se faz muito mais custoso e trabalhoso, assim sendo, é necessário um controle
do ambiente no qual o acervo é armazenado (luz, calor e umidade).
No IG foi realizada a desmetalização, retirada de grampos e metais enferrujados do acervo,
assim como, a higienização, que é contínua, pois devemos sempre liberar a documentação dos agentes
de degradação. Além disso, estamos realizando o acondicionamento da documentação a fim de
protegê-la contra a umidade e a poluição. Trabalho este que deve ser realizado com o uso de
equipamentos de proteção individual (EPI’s) para a proteção do higienizador e para o manuseio
correto da documentação.
Palavras-chave - conservação, higienização, fatores de acondicionamento, documentação
Keywords – maintenance, cleaning, conditioning factors, documentation
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAYNES-COPE, A. D. 1981. Caring for books and documents London: British Museum, 48p.
CASTRO, J. 1969. Arte de tratar o livro. Porto Alegre: Sulina, 199p.
MUSTARDO, P & KENNEDY, N. 2001. Preservação de fotografias: métodos básicos para
salvaguardar suas coleções. Tradutor: Olga de Souza Marder. Rio de Janeiro, 22p.
NORTHEAST DOCUMENT CONSERVATION CENTER. 2001. Meio Ambiente.Tradutor: Elizabeth
Larkin Nascimento, Francisco de Castro Azevedo. Rio de Janeiro, 43p.
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ALTERAÇÕES NAS CARACTERÍSTICAS HIDROCLIMÁTICAS E HIDROGEOLÓGICAS
DA ÁREA DE VÁRZEA CAUSADAS PELA MINERAÇÃO DE AREIA E CULTIVO DO
ARROZ, NO MUNICÍPIO DE TREMEMBÉ, ESTADO DE SÃO PAULO
Hélio Nóbile DINIZ (1), Márcia Helena GALINA (1), Luiz Gustavo Queiroz de SOUZA, (1*),
Aline Moura OLIVEIRA, (1*)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (IG/SMA-SP), São Paulo, SP, Brasil; ;
[email protected]; [email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
Resumo - Este trabalho objetiva mostrar as interferências nas características hidrogeológicas,
hidroquímicas e hidroclimáticas provocadas pelas duas das principais atividades econômicas no
município de Tremembé (SP), a rizicultura inundada e a mineração de areia. A investigação foi
financiada pela FAPESP. A área de estudo compreendeu as terras pertencentes à Fazenda Crozariol,
local onde está localizada a mineração Paraíso Extração e Comércio de Areia, na margem esquerda do
rio Paraíba do Sul e, uma chácara urbana, situada na margem direita do rio. A metodologia da pesquisa
envolveu obras e instalações de equipamentos, análises laboratoriais e trabalho de gabinete. Perfuração
de poços e piezômetros, instalação de estação meteorológica automática, instalação de medidores
automáticos de nível d´água, realização de testes de vazão, coleta e análise físico-químicas e
bacteriológicas das águas superficiais e subterrâneas, análises granulométricas dos sedimentos
quaternários obtidos nos perfís dos poços, análises das características geotécnicas por meio de ensaios
SPT, testes de infiltração nos solos da várzea, determinação dos índices físicos do solo e análise do uso
e ocupação do solo por meio de aplicação de técnicas de SIG e Sensorimento Remoto. As análises
granulométricas, os ensaios SPT, e a descrição dos testemunhos das sondagens realizadas para
construção de poços de monitoramento mostram um solo formado por argila orgânica preta sobreposto a
depósitos fluviais formados por areias rijas cinza claro que constituem o aquífero sedimentar
quaternário. Por vezes há condições de confinamento pois na base do aquífero ocorre argilas
bentoníticas verdes produtos de alteração de folhelhos e argilitos terciários da Formação Tremembé, do
Grupo Taubaté. A transmissividade do aquífero é alta, em torno de 15 m2/h.
Palavras-chave – cavas de areia. poços de monitoramento, aquífero sedimentar quaternário, secção
geológica, transmissividade, várzea do Rio Paraíba do Sul.
Keywords – sand mining pits. monitoring wells. Quaternary sedimentary aquifer, geologic cross
section, transmissivity., Paraíba do Sul river floodplain.
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A mineração é considerada como a principal atividade subsidiária dos processos de urbanização e
consequentemente do crescimento econômico do país, no entanto, uma imagem negativa é reproduzida
por esse setor junto à sociedade, em virtude dos profundos impactos que ela provoca no ambiente
natural e da falta de ações integradas para a minimização desses efeitos. Tal cenário não poderia ser
diferente, uma vez que, o advento da urbanização não se deu de forma planejada, nem tão pouco de
forma ambientalmente sustentável, ônus que atualmente, e de maneira cada vez mais intensa, desafia
as diversas esferas do poder público, que buscam soluções imediatas para questões advindas dos
processos degradantes de uso e ocupação do solo, historicamente instalados em todo o território
nacional.
Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho compreendeu a geração de subsídios técnicos e
científicos para avaliação ambiental das interferências nas características hidrogeológicas,
hidroquímicas e hidroclimáticas causadas por duas das principais atividades econômicas
desenvolvidas na área de várzea, a rizicultura inundada e a mineração de areia, no município de
Tremembé (SP).
Quanto à rizicultura (Figura 1), o ciclo do arroz compreende cerca de 100 dias e ocorre entre os
meses de setembro a março; neste período há uso intensivo de fertilizantes, na fase de semeadura, e de
agrotóxicos, na fase de germinação, que produzem alto grau de contaminação da água e do solo.
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Figura 1 - Rizicultura praticada na várzea do rio Paraíba do Sul, Estrada do Kanegai, município
de Tremembé (SP), em 19/08/2008.
Quanto à mineração, a extração de areia no vale do rio Paraíba do Sul é praticada por meio de
cavas submersas (Figura 2), um processo que se dá pela retirada da capa de solo argiloso, com
espessura de até 2 m, pouco permeável, com infiltração desprezível - camada de solo apropriada para
as culturas de arroz. Depois de retirado, o solo é lançado nas cavas abandonadas situadas nas
imediações. A lâmina d´água das referidas cavas é continuamente abastecida pelo aquífero sedimentar
quaternário - depósitos de areia formados em meandros abandonados do rio Paraíba do Sul, o qual se
torna deplecionado devido à elevada taxa de evaporação.
A área de estudo desta pesquisa (Figura 3) está localizada no município de Tremembé, no Vale
do Paraíba, e compreendeu as terras pertencentes à Fazenda Crozariol, local onde se concentra a
mineração Paraíso Extração e Comércio de Areia (margem esquerda do rio Paraíba do Sul) e, também,
na área ocupada por uma chácara no local conhecido como Água Santa (margem direita).
A escolha da referida área se justifica pelo rápido aumento, ocorrido num curto período de
tempo, dos lagos artificiais originários das cavas de extração de areia ao longo da várzea do rio
Paraíba do Sul, no Estado de São Paulo. Tal área representa um cenário onde se conFigura uma série
de situações de interesse hidrogeológico, como cavas nativas e abandonadas, e tem-se a ocorrência de
vários tabuleiros de arroz inundáveis por canais de transbordamento do ribeirão Piracuama, além de
terrenos naturais com mata ciliar.
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Figura 2 - Cava da Mineração Paraíso, com formação de lagos artificiais, terrenos da Fazenda
Crozariol, município de Tremembé, em 02 de março de 2012.
Figura 3 - Localização da área da pesquisa no município de Tremembé (SP).
2. MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia da pesquisa envolveu procedimentos técnicos relacionados a obras e instalações
de equipamentos, análises laboratoriais e trabalho de gabinete, dentre eles:
x Testes de bombeamento para determinações das caracteristícas hidrodinâmicas do aquífero;
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x
x
x
Determinação da permeabilidade do solo por meio da realização de testes de infiltração;
Ensaios SPT, dos Índices físicos do solo e análises granulométricas;
Monitoramento hidrometeorológico e hidrogeológico do nível d’água do aquífero sedimentar
quaternário;
x Monitoramento hidroquímico e bacteriológico das águas superficiais e subterrâneas;
x Análise do uso e ocupação do solo por meio de aplicação de técnicas de SIG e Sensorimento
Remoto.
Para amostragem das águas subterrâneas do aquífero sedimentar quaternário e medições dos
níveis d’água foram construídos diversos poços e piezômetros em locais distintos (Figuras 4 e 5). Para
cada poço foram perfurados e construídos, nas proximidades, 2 piezômetros com profundidades
variáveis entre 7-15 m.
Figura 4 - Esquema construtivo dos poços 2 e 3, e dos piezômetros auxiliares na área da mineração
Paraíso. Fonte: DINIZ et al. (2010).
A aquisição antecipada de quantidades iguais de filtros e tubos lisos, em PVC geomecânico de 2"
e 4" para serem utilizados como revestimentos respectivos dos poços e piezômetros, resultaram no uso
excessivo de filtros, inclusive em secções argilosas do perfil geológico, já que este era desconhecido
antes da obtenção das análises granulométricas efetuadas após o uso de revestimentos para sustentação
das paredes das perfurações.
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Figura 5 - Esquema construtivo dos poços 4 e 5, e dos piezômetros auxiliares na área da mineração
Paraíso. Fonte: DINIZ et al. (2010).
A perfuração dos poços foi paralisada após atravessar as camadas de argilas bentoníticas verdes
(alteritas), sob os sedimentos arenosos fluviais quaternários, e atingir os xistos betuminosos que
formam uma camada dura e impermeável. Durante a construção dos poços retirou-se amostras
indeformadas do solo arenoso e orgânico para ensaios em laboratório e obtenção dos Índices Físicos.
Com objetivo de monitorar a dinâmica do aqüífero sedimentar quaternário, foram instalados
medidores automáticos de nível d´água, da marca Global Water Instrumentation Inc., com precisão de
1 cm, o WL-16 Water Level Logger, com sensor instalado a 8 m de profundidade e calibrados para
registro de altura da água a cada seis horas.
Reconhecidamente, o monitoramento de níveis d´água em piezômetros é utilizado com sucesso na
estimativa de recarga das águas subterrâneas (HEALY & COOK, 2002). SU (1994) conseguiu estimar
a taxa de evaporação em aquíferos rasos a partir de medidas de níveis d´água em data loggers
eletrônicos.
Um total de cinco ensaios de infiltração foram realizados em locais distintos, na área da pesquisa,
por meio de infiltrômetro de anéis concêntrico, com o objetivo de obter a velocidade de infiltração das
águas superficiais. De forma metódica, mensalmente, foram coletadas amostras de água para a
realização de análises físico-químicas e bacteriológicas destinadas à determinação da poluição das
águas subterrâneas do aquífero sedimentar quaternário e das águas superficiais das cavas, rios e
afluentes, frente à atividade da mineração de areia e irrigação de arroz, incluindo a contaminação por
organismos patogênicos, contaminantes orgânicos e inorgânicos e contaminação por metais pesados.
A fim de se obter o monitoramento hidrometeorológico e suprir a ausência de Estações
Meteorológicas na várzea do rio Paraíba do Sul, no município de Tremembé, foi instalada uma
Estação Meteorológica Automática (EMA), que conta com um módulo para transferência de dados,
sensores de velocidade e direção do vento, de temperatura e umidade relativa do ar, de radiação solar,
horas de insolação e precipitação. Tais dados permitiram o cálculo do balanço hídrico e, a partir deste,
o total evaporado na área dos lagos artificiais, formados pela mineração de areia.
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Por meio de imagens orbitais de baixa e resolução espacial realizou-se o estudo da dinâmica do
uso do solo nas escalas regional e local da área estudo por meio de técnicas de sensoriamento remoto e
análise geográfica da informação.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1. Análises dos testes de vazão e de infiltração
Quanto aos testes de vazão, de acordo com DINIZ et al. (2010), tem-se que:
x
Teste de vazão no poço 2. Nos dias 14 e 15 de setembro de 2010, foi realizado um teste de
vazão no poço 2, que apresentou vazão máxima de 16 m³/h. Medidas de nível d’água foram realizadas
nos piezômetros auxiliares, com duração de 10 horas e 40 minutos de rebaixamento e 10 horas de
recuperação. O rebaixamento observado no piezômetro foi pequeno, apresentando um valor máximo de
0,43 m. O valor encontrado para a Transmissividade dos depósitos arenosos foi alta (T = 22,7 m²/h) e o
gráfico aponta para condições de aquífero livre, apesar de haver uma camada impermeável de solo,
sobreposta aos depósitos arenosos. A condição de aquífero livre pode ser resultante da existência dos
lagos artificiais formados pelas cavas abandonadas proporciona contato lateral entre o aqüífero
sedimentar quaternário e as águas superficiais sob pressão atmosférica. Sabendo-se que a espessura do
aquífero (b) no local é de 3,5 m (espessura da camada arenosa), temos: T = K.b, o que resulta em K = 6,5
m/h ou, ainda, K = 156 m/dia. Estes valores são extremamente altos de Condutividade Hidráulica (K)
para a camada arenosa que indicam um ambiente muito permeável e altamente saturado, resultados
coerentes com os obtidos por TURCO & BUCHMILLER (2004) e com os modelos de interpretação de
parâmetros hidrogeológicos de KRESIC (1997).
x
Teste de vazão no poço 4: Nos dias 19 e 20 de agosto de 2010, foi realizado um teste de vazão
no poço 4 que apresentou vazão de 10 m³/h, com 12 horas de medidas de rebaixamento e 12 horas de
medidas de recuperação em um dos piezômetros associados, situado a 2,87 m de distância do poço
bombeado. Os parâmetros hidrodinâmicos obtidos para o aquífero constituído pelos sedimentos
arenosos quaternários da várzea do rio Paraíba do Sul, no local do poço 3, foram transmissividade igual
a 33 m²/h e coeficiente de armazenamento igual a 2.10-4. Considerando o referido valor de
transmissividade e a espessura para a camada saturada do aquífero (b) de 6,5 m, obtem-se a
condutividade hidráulica (K = T/b) elevada, de 5 m/h. Tais parâmetros indicam que o aquífero possui
alta capacidade de transmitir água, portanto, qualquer rebaixamento do nível d’água num determinado
local se propaga rapidamente por grandes distâncias. Assim sendo, é esperado que íons dissolvidos,
vírus e bactérias também se propaguem rapidamente pelas águas do aquífero sedimentar quaternário,
que é bastante poroso e permeável.
x
Teste de vazão no poço 5: Nos dias 6 e 7 de novembro de 2009 foram realizados testes de
vazão preliminares no poço 5, com duração de 100 minutos de rebaixamento e 100 minutos de
recuperação. As medidas de rebaixamento e recuperação que foi observada nos dois piezômetros
associados, situados a 1,63 e 2,59 m de distância do centro do poço bombeado. A vazão de teste foi de
16,363 m³/h e os rebaixamentos máximos observados foram de 0,3 e 0,4 m, respectivamente. Devido ao
curto período de medição, as medidas realizadas não possibilitaram determinar com precisão o tipo de
aqüífero e dos seus parâmetros hidrodinâmicos. Ainda assim, observou-se que a relação vazão dividida
pelo rebaixamento se mostrou alta, indicando que a transmissividade do aqüífero sedimentar quaternário
também é alta no local.
Quanto aos testes de infiltração pode-se afirmar que os resultados apontaram para um solo com
diferentes comportamentos de infiltração em função do tipo de solo, do uso e da cobertura, assim
como identificaram os estudo de AGUIAR et al. (2007) para a análise do escoamento superficial,
realizado pelo método Curva-Número (CN) na bacia do Ribeirão Itaim, em Taubaté (SP). As taxas
de infiltração básicas observadas na área de estudo foram consideradas elevadas. Na área de mata
nativa e próxima dela (locais 1 e 2), a média da velocidade de infiltração foi maior do que em outros
locais, indicando que a infiltração acumulada na mata ciliar é muito importante para a perenidade do
rio Paraíba do Sul. (KATHER et al., 2010).
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3.2. Avaliação dos ensaios SPT, dos índices físicos do solo e das análises granulométricas
x Ensaios SPT: O ensaio SPT durante a perfuração do poço 2 indicou solo de 2 m de espessura
com baixa consistência e areias aluvionares subjacentes finas, compactas somente a partir de 5 m de
profundidade (Figura 4). Na perfuração do poço 3, o ensaio SPT mostrou que o aterro até 5,5 m de
profundidade é constituído por solos argilosos, de baixa consistência, e que abaixo desta profundidade
ocorrem areias grossas com seixos, muito compactas. O ensaio SPT realizado durante a perfuração do
poço 4 indicou um aterro formado por solos argilosos, com baixa consistência, sem recuperação de
amostras. Após 3 m até a profundidade de 6,5 m verificou-se um depósito de areia quaternária cinza
amarelada, inicialmente fofa, tornando-se compacta a 5,5 m de profundidade. Por fim, durante a
perfuração do poço 5, o ensaio SPT indicou a presença de um aterro formado por solo argiloso, muito
mole, sem recuperação de amostras até 2,0 m. Após 5,0 m de profundidade, constatou-se um depósito de
areia cinza média, fofa e com um depósito de turfa muito mole. De 5,0 m até 5,5 m predominam areias
grossas com seixos, muito compactas, impenetráveis ao SPT. Conforme dados dos ensaios SPT,
constata-se que o aquífero sedimentar quaternário (camada arenosa) possui espessura média de 5,5 m e
apresenta uma camada confinante superior formada por argilas orgânicas impermeáveis, o que torna os
depósitos arenosos confinados. Salienta-se, no entanto, que abaixo do aquífero sedimentar confinado há
um aquiclude formado pelas argilas bentoníticas verdes. Nos locais onde o solo orgânico foi removido
para a construção das cavas, os depósitos arenosos tem contato direto com o ar atmosférico, constituindo
aquífero do tipo livre.
x Índices físicos: Ensaios geotécnicos realizados (umidade natural, massa específica natural e
massa específica dos sólidos) em diversas profundidades (entre 0,5 e 2,0 m), possibilitaram calcular os
índices físicos do solo na área da várzea, nas proximidades do poço 4, conforme tabela 1. Obteve-se
porosidade média de 66% e grau de saturação de 40% para estes solos que, embora pouco permeáveis
possuem alto índice de vazios, contendo somente 40% dos poros saturados. Estas características dos
solos de várzea permitem que absorvam boa quantidade de água quando inundados. Depois de saturados
são praticamente impermeáveis e não permitem a infiltração das águas superficiais que passam a escoar
preferencialmente de forma superficial.
Tabela 1. Índices físicos de amostras de solo
nº
Profundidade
amostra
(m)
1
2
3
4
média
0,5
1
1,5
2
Teorde
umidade
w
0,33
0,29
0,26
0,26
0,29
Massa
específica
natural
g(g/cm3)
1,16
1,22
1,21
1,2
1,2
Massa
específicados Índicede
sólidos
vazios
gs(g/cm3)
2,67
2,06
2,78
1,94
2,69
1,8
2,76
1,9
2,73
1,92
Porosidade
Graude
(n)
Saturação(Sr)
0,67
0,66
0,64
0,65
0,66
0,43
0,42
0,39
0,38
0,4
Graude
Aeração(A)
0,57
0,58
0,61
0,62
0,6
Fo
Fonte: Diniz et al.(2010, p. 90)
x Análises granulométricas: No perfil do poço 2 (Figura 4) constatou-se a predominância de
areias de granulometria média. No final do intervalo sedimentar quaternário, a partir de 2m, a
granulometria passou a ser de areia muito grossa e de sedimentos aluvionares até 5,5 m de profundidade.
A partir desse intervalo, verificou-se a ocorrência de argilas verdes montmoriloníticas, produtos da
alteração de folhelhos e argilitos da seção sedimentar terciária - Formação Tremembé. No local do poço
3, o material lançado durante o aterro de recuperação de cava abandonada, até a profundidade de 5,5 m,
constituiu-se por siltes e areias - granulometria de fina a média (Figura 6), provenientes de solo
síltico-arenoso (amostra retirada do intervalo entre 1 e 3 m). No intervalo entre 4 e 5 m não houve
recuperação de amostras devido à maior presença de argilas e siltes finos. Após 5,5 m de profundidade,
intervalo não explorado durante a extração de areia, verificou-se a presença de areias grossas
aluvionares. Vale ressaltar que o perfil litológico encontrado nesse local ilustra as consequências do
processo de mineração existentes nas cavas submersas no Vale do Paraíba, já que o equipamento
utilizado para bombeamento e extração da areia por dragagem lança a mistura água-areia em um
classificador localizado nas imediações e com retorno da água remanescente do processo na própria
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cava. Observou-se que esse processo de extração de areia - dragagem - dificulta a recuperação das áreas
degradadas e também é ineficiente, uma vez que deixa os depósitos de areia rija, que não é minerada, no
fundo da cava, assim como não realiza a extração das argilas bentoníticas produzidas pela alteração
intempérica dos xistos betuminosos e situadas imediatamente abaixo das camadas arenosas.
Figura 6 - Conjunto de diagramas triangulares da textura das amostras obtidas nos poços 2 e 3. Fonte:
DINIZ et al. (2010).
Quanto aos dados do poço 4, observou-se que não houve recuperação de amostras até 2 m de
profundidade devido à presença de solo argiloso muito friável. No intervalo de 3 a 7 m, notou-se a
ocorrência de depósitos aluvionares arenosos (Figura 5), graduando de maneira ascendente, de areia
média até muito fina. Embora os sedimentos tornaram-se impenetráveis ao amostrador SPT abaixo da
profundidade de 7 m, a retirada de fragmentos arenosos durante o avanço por lavagem mostra que os
depósitos aluvionares arenosos atingem a profundidade de 9 m. Por fim, na análise dos dados do poço 5,
também se constatou dados de solo argiloso friável até 2 m, pois não houve a possibilidade de coleta de
amostras para análises granulométricas. Entre 3 e 5 m predominaram depósitos aluvionares siltosos e
arenosos, contendo uma camada de turfa situada entre 4,5 e 5 m. Entre 5 e 6 m notou-se a ocorrência de
uma camada de conglomerados, linha de seixos, em matriz siltosa. Os depósitos aluvionares persistiram
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até 7,5 m (após 6 m foram impenetráveis ao amostrador), constituídos por areia grossa. Os diagramas
triangulares das análises granulométricas obtidas com amostras de sedimentos retiradas durante a
perfuração dos poços 4 e 5 encontram-se ilustrados na Figura 7.
Figura 7 - Conjunto de diagramas triangulares da textura das amostras obtidas nos poços 4 e 5. Fonte:
DINIZ et al. (2010).
3.3. Monitoramento hidrogeológico e hidrometeorológico
As oscilações dos níveis d´água subterrânea, obtidas no medidor de nível automático instalado
no piezômetro associado ao poço 2, situado nas proximidades da mata ciliar do rio Paraíba do Sul,
mostrou que ocorrem variações de níveis, entre o período chuvoso e seco de até 2 m e que há uma
forte influência das águas superficiais do rio Paraíba do Sul, infiltradas nas camadas arenosas do
aquífero sedimentar quaternário, que foram seccionadas pelo canal meandrante do rio.
O medidor automático de nível d´água instalado no piezômetro associado - poço 3, que foi
construído dentro do aterro (área de recuperação) na margem de uma cava abandonada, mostrou uma
oscilação menor, em torno de 1 m apenas. As oscilações obtidas nesse piezômetro indicam que há forte
relação entre a água da cava inativa e as águas subterrâneas. (DINIZ et al., 2011)
A menor amplitude da oscilação do nível d´água no local do poço 3, naquele em que o
aquífero sedimentar quaternário está situado no fundo da cava, já que nem todo o depósito de areia
quaternário foi removido pelos processos de mineração, é causada pelo controle do minerador no nível
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d´água da cava inativa, cujas águas são lançadas por canaletas no rio Paraíba do Sul, a jusante, durante
os períodos chuvosos, e também porque a cava recebe a descarga da água excedente utilizada na
inundação dos tabuleiros cultivados com arroz, provenientes do canal do rio Piracuama, afluente da
margem esquerda do rio Paraíba do Sul, durante o plantio que é feito no período seco, entre agosto e
setembro. Tais águas também estão sujeitas à forte evapotranspiração que ocorre na superfície livre do
lago formado pela cava inativa, coberto em grande parte por taboas (Typha domingensis).
Por meio de uma hidrógrafa, obtida no medidor automático de nível d´água instalado no
piezômetro associado ao poço 2, e por meio da equação simplificada de Jacob, de uso corrente em
hidrogeologia, desenvolveu-se um método para conhecer a vazão de descarga do aquífero em um
ponto situado a uma distância determinada. Para tanto, utilizou-se a curva de recessão da hidrografa,
tomada no período entre 21/1/2011 e 12/2/2011, obtendo-se para o rebaixamento de 0,94 m (2,60 m 1,66 m) observado em um tempo de monitoramento de 530 h (10486 h - 9956 h) uma vazão de 83,4
m³/h (vazão média de descarga) em um ponto de descarga situado a 212,2 m (distância média dos
pontos de descarga) do piezômetro associado ao Poço 2 (DINIZ et al., 2011).
A partir da mesma analogia, entre a equação que determina o rebaixamento em um poço
desenvolvida por Jacob e a curva típica de recessão da hidrografa do aquífero em um ponto sujeito a
rebaixamento, para o piezômetro associado ao poço 4, observa-se que, da curva de recessão da
hidrografa, tomada no período entre 16/4/2010 e 16/5/2010, obtém-se para o rebaixamento de 0,37 m
(4,87 m - 4,50 m) observado em um tempo de monitoramento de 714 h (3119 h - 2405 h) uma vazão
de 89,2 m³/h (vazão média de descarga) em um ponto de descarga situado a 885 m (distância média
dos pontos de descarga) do piezômetro associado ao poço 4 .
Considerando que a vazão de descarga medida para o poço 4, de 89,2 m³/h, corresponde ao
período entre os dias 16/4/2010 e 16/5/2010, cuja evaporação real compreende 71,27 mm (quinze
trinta e um avos, 15/31, da evaporação do mês de abril, de 92,4 mm, somada com dezesseis trinta avos,
16/30, da evaporação do mês de maio, de 49,8 mm), verifica-se que esta vazão poderia estar sendo
perdida por evaporação, para a atmosfera, em lagos artificiais formados por cavas de areia (ativas ou
inativas) cuja área seria de 964,97 m², compatível, portanto, com as dimensões das cavas situadas em
distâncias médias de 885 m do poço 4, que podem atingir cerca 1 km² de área, formando lagos abertos,
cuja superfície livre está sujeita à evaporação direta.
Verifica-se a partir de Diniz et al. (2011) que as oscilações dos níveis d´água do poço 2,
referidas a um datum zero igual à boca do piezômetro associado ao poço 2, estão sempre acima das
oscilações dos níveis d´água do piezômetro associado ao poço 4, em qualquer data considerada. Como
o poço 2 está situado a 212 m da margem esquerda do rio Paraíba do Sul e, em direção perpendicular,
e o poço 4 está situado a 415 m, conclui-se que o fluxo d´água é influente, isto é, do rio Paraíba do Sul
para o aquífero sedimentar quaternário e não o contrário, como seria esperado. Tal efeito (rio
influente) é provocado pela grande perda de água subterrânea pela evaporação nos lagos artificiais,
formados pelas cavas ativas e abandonadas, e que possuem contato direto com o aquífero sedimentar
quaternário, nas paredes laterais das minerações, conforme perfil geológico esquemático (linha AB da
Figura 3), representado na Figura 8.
Quanto ao monitoramento hidrometerológico, os dados gerados a partir da estação instalada
mostraram que ocorrem dois períodos climáticos bem distintos, um seco perfazendo os meses de
outono e inverno e outro chuvoso nos meses de primavera e verão, com máximas de precipitação no
verão. De agosto a novembro as velocidades médias do vento são maiores que em outros períodos do
ano coincidindo com meses onde a umidade relativa do ar é menor. As temperaturas médias mais
baixas ocorrem de maio a agosto.
Foi realizada a contabilização do balanço hídrico (Figura 9), englobando um ano contínuo de
observações meteorológicas, entre 1/4/2010 e 31/3/2011. A evapotranspiração potencial foi calculada
pelo método de Penman modificado. O método utilizado para o cálculo do balanço hídrico foi o de
Thorntwaite. Os dados horários obtidos na Estação Meteorológica, de temperatura, velocidade do
vento, umidade relativa do ar e horas de insolação, foram transformados em médias mensais e a
precipitação representada em totais mensais. A evaporação potencial, calculada de forma diária,
também foi transformada em médias mensais. Os resultados alcançados para o balanço hídrico no
período considerado foram: totais de 1304,4 mm de precipitação, 904,9 mm de evapotranspiração real,
399,5 mm de excedente hídrico entre os meses de outubro a março, e 83,9 mm de deficiência hídrica
durante os meses de abril a outubro.
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Figura 8 - Perfil esquemático A-B na área de várzea do rio Paraíba do Sul. Fonte: DINIZ et al. (2010).
Balanço hidríco na área da várzea do rio Paraíba do Sul
200
150
mm
100
50
0
Abr
-50
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
-100
month
Deficiência
Retirada
Reposição
Excedente
Figura 9 - Cálculo do Balanço hídrico a partir de observações meteorológicas, entre 01/4/2010 e
31/03/2011. Fonte: DINIZ (2011)
3.4. Monitoramento hidroquímico e bacteriológico das águas superficiais e subterrâneas
A partir da análise da qualidade hídrica, verificou-se que, os cloretos das águas do rio Paraíba
do Sul, que tem sua origem principal no consumo de sal de cozinha pela população e decorre do
lançamento de esgotos domésticos não tratados no rio, variam pouco, anualmente. Porém no Poço 2,
cujas águas provém, em parte, do rio Paraíba do Sul, sua variação é pequena nos meses de aragem e
plantio do arroz (período seco) mas sobe bruscamente durante o crescimento das plantas (período
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chuvoso) indicando forte influência do uso de pesticidas organoclorados na agricultura, na qualidade
das águas subterrâneas.
Nas águas coletadas no poço 2, após o período de fertilização agrícola, realizado em agosto e
setembro de 2010, os teores de amônia crescem como provável causa da aplicação de uréia na calagem
do solo. A amônia infiltra lentamente no aquífero, principalmente a partir da dissolução acentuada
provocada pelas chuvas de outubro de 2010, tornando a concentração maior durante o período chuvoso
que segue.
Observou-se a ausência de coliformes termotolerantes no poço 2, no período seco de 2010 e
sua presença em quantidades sempre inferiores a 12 por cada 100 mL, somente após o início das
chuvas, em outubro de 2010. Contudo, no rio Paraíba do Sul, o seu número pode atingir 10.000 por
100 mL, sendo mais frequente no período seco. No rio Paraíba do Sul, a quantidade dos coliformes
termotolerantes apresenta relação inversa com a temperatura e com a quantidade de chuva. Como os
coliformes termotolerantes existentes nas águas subterrâneas provém das águas infiltradas nas laterais
do talvegue do rio Paraíba do Sul, a sua quantidade tem relação com o fluxo horizontal que é alto
devido à transmissividade, e que possibilita a presença de bactérias no interior do aquífero.
O pH e Eh das águas da cava inativa e do poço 3 acompanham as oscilações de entrada de
água proveniente do rio Paraíba do Sul, e não apresentam muitas variações. Mas, no período seco, o
teor de Ferro iônico cresce nas águas superficiais da cava inativa, pois o ambiente, com ausência de
adição de águas precipitadas diretamente na cava inativa, torna-se cada vez mais redutor, devido
provavelmente ao aumento do consumo de oxigênio pelas raízes mortas das taboas. Devido à
proximidade e ambiente subaéreo, as águas do Poço 3 acompanham essa tendência.
As águas subterrâneas do poço 4 e da cava ativa, tem comportamento diverso. A oxigenação
excessiva das águas superficiais da cava ativa devido aos processos de separação granulométrica das
areias realizadas pelo minerador, com retorno da água utilizada no processo, tornam o ambiente
oxidante e conteúdo bacteriológico expressivo. As águas subterrâneas tem ausência de oxigênio
atmosférico e o ambiente redutor mostra uma quantidade maior de metais dissolvidos, como o Ferro e
Manganês.
De acordo com DINIZ et al. (2011b), houve a compararação da série mensal de análises
químicas e bacteriológicas realizadas nas águas coletadas na cava inativa, no poço situado na área de
aterro desta cava e nas águas lançadas na cava inativa pelo canal efluente do rio Piracuama e que
percorre todos os tabuleiros inundáveis das plantações de arroz da Fazenda Crozariol, na várzea do rio
Paraíba do Sul, município de Tremembé, com os dados diários de precipitação e de níveis das águas
subterrâneas monitorados no piezômetro construído junto ao poço amostrado, durante o período entre
março de 2010 e março de 2011. Verificou-se que alguns parâmetros hidroquímicos e bacteriológicos
tem variação sazonal com a quantidade de precipitação e subida do nível d´água subterrânea.
Comparativamente, o pH tem pouca variação anual, com diminuição no período chuvoso, com
exceção das águas do poço, quando os valores do Eh mostram que o ambiente subterrâneo tornou-se
mais redutor . Consequentemente, nesse período, as águas subterrâneas apresentam um teor maior de
ferro dissolvido.
Na comparação entre os cloretos, nitrogênio amoniacal e fósforo total, verificou-se um
aumento do teor de cloretos nas águas subterrâneas durante o período chuvoso, enquanto nas águas
superficiais é praticamente constante. O aumento no teor de cloretos tem origem provável na
infiltração dos agrotóxicos organoclorados (herbicidas e pesticidas) utilizados na cultura do arroz
irrigado. O nitrogênio amoniacal tem aumento do teor no período chuvoso, nas águas subterrâneas
enquanto nas águas superficiais seu conteúdo é praticamente ausente durante todo o ano. Sua origem
provável tem origem na infiltração da uréia utilizada como fertilizante da cultura do arroz, durante a
aração dos tabuleiros, que ocorre em setembro e outubro. As águas subterrâneas também mostram um
conteúdo maior de fosfatos do que as águas superficiais e sua origem provável é devido à infiltração
dos fertilizantes NPK utilizados na cultura do arroz irrigado.
O número de coliformes totais varia nas casas entre milhares e milhões nas águas superficiais
enquanto que nas águas subterrâneas seu número varia nas casas entre a unidade e a centena. Notou-se
que o número de coliformes totais, nas águas superficiais tende a crescer no período seco e diminuir
com a chegada das precipitações, mostrando que há provavelmente um número constante de bactérias
e sua concentração depende da quantidade de água no ambiente. Nas águas subterrâneas o seu número
é bem menor e praticamente constante durante todo o ano.
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3.5. Análise dos dados de sensoriamento remoto
Quanto a análise dos dados de sensoriamento remoto, no referido projeto houve a abordagem
regional e local no que se refere ao estudo do uso e ocupação do solo da área, que correspondeu
respectivamente à área da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul e à área do município de Tremembé.
Para a análise na escala regional, foram utilizados dados de imagens orbitais do satélite Landsat 5,
sensor TM, que fornece 7 bandas multiespectrais (Tabela 2). As cenas (Figura 10) foram utilizadas
para três distintas décadas, 1986, 1996, 2007 (Tabela 3). No estudo que contemplou a escala local,
foram utilizadas imagens de alta resolução, provenientes do satélite IKONOS II (2006) e do satélite
World View (2011), que recobre a área de várzea do município de Tremembé (SP). Quanto aos dados
vetoriais, empregou-se: a delimitação do Zoneamento Minerário, estabelecida pela Secretaria do Meio
Ambiente Resolução SMA Nº 28, de 22/09/99, e como camada temática na segmentação da imagem
Ikonos-2, também foram utilizados os vetores de drenagem e hidrografia na escala 1:10.000 do IGC.
Tabela 2- Características das imagens orbitais de baixa resolução espacial - Landsat5
Banda
Correspondência da
Banda
Resolução Espectral Resolução
Espacial (mxm)
Resolução
Radiométrica
1
2
3
4
azul
verde
vermelho
infravermelho próximo
0,45 a 0,52 µm
0,52 a 0,60 µm
0,63 a 0,69 µm
0,76 a 0,90 µm
30
30
30
30
8
8
8
8
5
6
7
infravermelho médio
infravermelho termal
infravermelho distante
1,55 a 1,75 µm
10,4 a 12,5 µm
2,08 a 2,35 µm
30
120
30
8
8
8
Tabela 3 - Detalhamento dos períodos, cenas e datas das imagens
Período
Landsat 5- TM
Cena 1 – Órbita 218
Cena 2 –Órbita 219
Década de 1980
16/09/1986
09/08/1987
Década de 1990
26/08/1996
24/07/1993
Década de 2000
08/07/2007
16/08/2007
De acordo com resultados obtidos a partir de trabalhos de GALINA et al. (2010, 2011), através
da elaboração de uma análise têmporo-espacial do uso e ocupação do solo, com ênfase à identificação
do aumento da área ocupada pelas cavas de mineração de areia, por meio de técnicas de classificação
de imagens orbitais “orientadas a objeto”, o trecho do rio Paraíba do Sul que apresentou o aumento
mais expressivo na quantidade de cavas/lagos artificiais foi entre os municípios de Caçapava e
Pindamonhangaba. Nos municípios de Taubaté e Tremembé, as cavas tomaram praticamente a
totalidade da área denominada zona de mineração e também avançaram para a zona de recuperação
ambiental.
Procurou-se também elaborar uma análise estatística dos dados hidrológicos e pluviométricos,
e o cálculo do balanço hídrico, a partir de dados secundários coletados em postos meteorológicos
situados na Bacia do Rio Piracuama, a fim de mostrar possíveis interferências no armazenamento
hídrico do aquífero freático, provocadas sobretudo pela evaporação, em consequência do aumento das
áreas de lagos formados pelas cavas de extração de areia, identificado pela análise das imagens
orbitais.
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Figura 10 - Resultados obtidos – aumento da área de cavas - a partir de imagens Landsat-TM, em
diferentes décadas.
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Os resultados da análise dos dados de precipitação, vazão, evaporação e do balanço hídrico da
bacia do rio Piracuama, componente da Bacia do Paraíba do Sul, que abrange os municípios de
Pindamonhangaba e Tremembé indicaram uma média anual de aproximadamente 500 m³ de água
subterrânea evaporada por km² de área do aquífero sedimentar quaternário contendo superfície de água
livre, evaporação decorrente das áreas de lagos, formados em consequência das aberturas das cavas
para mineração de areia, as quais apresentaram um significativo aumento nas últimas décadas.
Também, foi realizado um trabalho com imagens de alta resolução da área da várzea de
Tremembé, tomadas no ano de 2011, em escala local, obtidas com o satélite Wordview, a fim de
avaliar a evolução da cavas nessa área. As imagens orbitais foram georreferenciadas (datum Sad69),
mosaicadas (Landsat) e suas informações extraídas a partir da classificação supervisionada, pelo
algoritmo “Máxima Verossimilhança”. Nesse método há a necessidade do treinamento por um
conjunto de amostras que representam as classes de uso e ocupação. Os resultados mostraram a prática
da atividade de mineração em áreas destinadas à zona de recuperação e conservação da várzea (Figura
11).
Figura 11 - Resultado do processamento de imagens orbitais de alta resolução espacial, obtidas em
março de 2011.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O avanço das civilizações está intrinsecamente ligado à atividade minerária, no entanto, há que
se considerar que seu delineamento histórico sempre foi marcado pela falta de compromisso
socioambiental e pela desconsideração de sua condição finita. Os lucros imediatos sempre se
sobrepuseram aos interesses gerais da sociedade, sobretudo a fatores relacionados com a resistência,
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resiliência e sustentabilidade ambiental.
A minimização dos impactos ambientais advindos dessa atividade depende fortemente do
posicionamento dos gestores públicos, quanto à adoção de ações efetivas relacionadas ao aumento das
exigências ambientais nas fases de autorização e concessão da lavra, ao monitoramento e controle das
atividades e fiscalização de atividades ilegais. Tais medidas precisam ser contínuas e se estender para
além de uma gestão administrativa de quatro anos, uma vez que as pressões por novas áreas de
exploração são constantes. Por fim, vale ressaltar que medidas dessa natureza somente alcançarão
êxito quando tomadas pela articulação dos vários atores envolvidos, incluindo os proprietários das
terras onde se pratica a mineração e das áreas agriculturáveis na várzea do rio Paraíba do Sul.
7. AGRADECIMENTOS
Este projeto obteve apoio financeiro FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo (Processo no. 2008/05400-9) e do Instituto Geológico (IG/SMA-SP).
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, L. S.; TARGA, M. S.; BATISTA, G. T. 2007. Escoamento superficial na bacia hidrográfica
do Ribeirão Itaim. Revista Ambiente & Agua, 2(1): 44-56. (DOI:10.4136/ambi-agua.19)
DINIZ, H. N.; GALINA, M. H.; BASTISTA, G. T.; TARGA, M. S. 2010. Hydrogeological
characteristics of the Paraíba do Sul river flood plains: a case study of a mining area in the
Tremembé municipality, SP, Brazil. Revista Ambiente & Água, 5(3): 76-107.
(DOI:10.4136/ambi-agua.155).
DINIZ, H. N; GALINA, M. H.; TARGA, M. S.; BASTISTA, G. T.; LINDENBERG, M. F. 2011.
Hydrogeologic monitoring of the Paraíba do Sul river floodplain area subject to sand mining in
the Tremembé municipality, SP, Brazil. Revista Ambiente & Água, 6(3): 43-69.
(DOI:10.4136/1980-993X).
GALINA, M. H.; DINIZ, H. N.; QUINTANILHA, J. A.; BASTISTA, G. T. 2010. The increase of
artificial lakes as a result of sand mining activities, in the Paraíba do Sul Rivers Basin, São Paulo
State, Brazil. In: GEOgraphic Object-Based Image Analysis, 2010, Gent. Proceedings GEOBIA.
GALINA, M. H., DINIZ, H. N., BATISTA, G. T. 2011. Aplicação de produtos e técnicas de
sensoriamento remoto no monitoramento ambiental da bacia do Vale do Paraíba do Sul (SP). In:
XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, Maceió. Porto Alegre: ABRH, Anais SBRH, 1:
1–17 ( CD-ROM).
HEALY R. W., COOK P. G. 2002. Using ground-water levels to estimate recharge. Hydrogeology
Journal , 10: 91-109.
KATHER C.; DINIZ H. N.; TARGA, M. S.; BATISTA G. T.; RODRIGUES E. M. 2009.
Características de infiltração de água nos solos da várzea do rio Paraíba do Sul, em Tremembé,
SP. In: Seminário de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Paraíba Do Sul. In: II
Recuperação de áreas degradadas, serviços ambientais e sustentabilidade, Taubaté, São Paulo.
IPABHi, Anais, p.493-500. (doi:10.4136/serhidro.64).
KRESIC, N. 1997. Hydrogeology and groundwater modeling. New York: Lewis Publishers, 461p.
SU, N. 1994. A formula for computation of time-varying recharge of groundwater. Journal of
Hydrology, 160(1-4): 123-135. (http://dx.doi.org/10.1016/0022-1694(94)90037-X).
TURCO, M. J.; BUCHMILLER, R. C. 2004. Simulation of ground-water flow in the Cedar River
alluvial aquifer flow system. Reston: U. S. Geological Survey Scientific Investigations, Report
2004-5130, 39 p.
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ANÁLISE DE UNIDADES HOMOGÊNEAS DE COBERTURA DA TERRA E DE
COMPARTIMENTAÇÃO FISIOGRÁFICA NO CONTEXTO DO MAPEAMENTO DE RISCO
A INUNDAÇÕES E ESCORREGAMENTOS EM ESCALA REGIONAL: APLICAÇÃO NO
GRANDE ABC, SP.
Renan ESPOSITO-VIEIRA (1,2*) Claudio José FERREIRA (2)
(1) Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), São Paulo, SP, Brasil; [email protected]
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
Uma das abordagens de análise de riscos a eventos geológicos em escala regional (1:50000) é
a análise integrada de fatores físicos, bióticos e antrópicos que podem induzir ou reduzir o risco. A
obtenção e análise de Unidades Homogêneas de Cobertura da Terra (UHCT) e das Unidades Básicas de
Compartimentação (UBC), propostas por FERREIRA & ROSSINI-PENTEADO (2011), permitem uma
correlação entre os fatores desejados para modelagem de riscos a inundações e escorregamentos em
escala regional. Assim sendo, identificaram-se, por meio de fotointerpretação, as UHCT e as UBC
correspondentes às áreas dos sete municípios do grande ABC paulista, a saber: Diadema, Mauá,
Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul.
Delimitou-se setores específicos, considerando-se as características dos padrões diferenciados
da dinâmica de uso e cobertura da terra encontrados na área de estudo, resultantes de fatores antrópicos
(UHCT) e setores específicos de análise do meio físico, correlacionando unidades
geológico-geomorfológicas homogêneas (UBC). Tais setores constituem importantes instrumentos ao
planejamento territorial, e o cruzamento de ambos leva à obtenção de unidades territoriais básicas
(UTB) que constituirão as unidades básicas para a análise de riscos a inundações e escorregamentos. As
UHCT foram obtidas por fotointerpretação de imagem Ikonos, de resolução 15 m e 2,5 m (para
definição de tipologia da classe “Áreas Urbanas”), além de suporte com imagens disponíveis no Google
Earth. Para tanto, envolveu a classificação automática supervisionada e setorização das unidades
urbanas conforme padrões de densidade de ocupação (tamanhos e padrões homogêneos de lotes),
estágio de ocupação (percentual do território ocupado por construções) e ordenamento urbano (presença
de traçado viário, pavimentação nas vias e arborização urbana).
A fotointerpretação de imagem obtida do modelo digital de elevação da área resultou nas UBC
que, pela diferenciação de elementos texturais da imagem, caracterizam-se como unidades
geológico-geomorfológicas homogêneas a serem interseccionadas às UHCT para obtenção das menores
unidades de análise de perigos e riscos.
Palavras-chave – Unidades Homogêneas de Cobertura da Terra, Unidades Básicas de
Compartimentação, riscos, planejamento territorial.
Keywords – Homogeneous units of land cover, Basic Units of Compartimentation, risks, territorial
planning.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, C. J; ROSSINI-PENTEADO, D. 2011. Mapeamento de risco a escorregamento e
inundação por meio da abordagem quantitativa da paisagem em escala regional. In: 13°
CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA. São Paulo: ABGE, Anais,
12p. (CD-ROM).
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ANÁLISE ESTATÍSTICA DE DADOS OBTIDOS NO PROJETO “MONITORAMENTO DO
PERFIL PRAIAL REALIZADO PARA O PORTO DE SANTOS”
Jessica V. de FARIA (1), Célia Regina de Gouveia SOUZA (1,2)
(1) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil; [email protected].
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected], [email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
O Programa de Monitoramento do Perfil Praial refere-se ao monitoramento
geológico-geomorfológico das praias de Santos, Itararé (São Vicente) e Góes (Guarujá), com objetivo
de averiguar os possíveis impactos das obras de dragagem de aprofundamento nessas praias. Cada praia
foi monitorada mensalmente por meio de perfis perpendiculares a linha de costa, no período de
janeiro/2010 a dezembro/2011. A cada campanha do projeto, eram obtidos cerca de 170 dados relativos
a variáveis morfométricas das praias, do clima, de ondas, meteorológicas e granulométricas dos
sedimentos. Dentre as variáveis selecionadas que tiveram tratamento estatístico estão: larguras totais e
parciais, declividades totais e parciais, direção de ventos e ondas e dados granulométricos. Ao final das
23 campanhas foram necessários tratamentos estatísticos para a melhor compreensão desse grande
volume de dados. Tão importante quanto à obtenção de dados, é parte fundamental da pesquisa
científica a compilação dos mesmos (LIBAULT, 1971).
A metodologia estatística e o uso de análises matemáticas são de grande importância para esta
etapa da pesquisa científica pois permitem a redução na dimensionalidade dos dados (SANCEVERO et
al, 2008) e testar possíveis correlações lineares entre as variáveis consideradas. Os tipos de variáveis, a
quantidade de dados e os interesses da pesquisa propiciaram o tratamento dos dados em 4 tipos
diferentes de gráficos: a) Boxplots; b) Gráficos de Correlação ou Tendência; c) Gráficos de Distribuição
de Ocorrências e d) Rosetas. O objetivo deste trabalho é apresentar o tratamento estatístico de dados
primários para a produção de dados secundários e suporte para interpretações e apresentação de uma
grande quantidade de dados de modo mais sucinto e compreensível por meio do uso do Microsoft Excel
para análises mais simples, como gráficos de correlação, cálculos de médias e outros parâmetros
estatísticos e do software livre de estatística R, para a execução de gráficos mais complexos, como
boxplots. Por fim, para a confecção das rosetas indicativas das direções predominantes dos ventos e
ondas foi utilizado o software Stereonett.
A interpretação dos gráficos foi feita segundo a metodologia de PINHEIRO (2009) e de
acordo com noções básicas de correlação estatística linear e interpretação de gráficos de distribuição e
tendência. O trabalho ainda está em andamento, porém até agora a compilação e organização dos dados
se mostraram eficientes para a visualização de fenômenos imperceptíveis somente com a leitura dos
dados, bem como facilitou a observação de tendências temporais e espaciais.
Palavras-chave – análise estatística, monitoramento praial, Porto de Santos
Keywords – statistical analysis, beach profile monitoring, Santos Port
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIBAULT, A. 1971. Os quatro níveis da pesquisa geográfica. Revista do Departamento de Geografia
da Universidade de São Paulo, 1: 14p.
PINHEIRO, J. I. D.; CUNHA, S. B.; CARVAJAL, S. R.; GOMES, G. C. 2009. Estatística Básica – A
arte de trabalhar com dados. Rio de Janeiro: Elsevier, 287 p.
SANCEVERO, S. S.; REMACRE, A. Z.; VIDAL, A. C.; PORTUGAL, R. S. 2008 Aplicação de
técnicas de estatística multivariada na definição da litologia a partir de perfis geofísicos de poços.
Revista Brasileira de Geociências, 38(1 - Suplemento): 61-74
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INVESTIGAÇÃO REGIONAL DO POTENCIAL DE RECARGA DO SISTEMA AQUÍFERO
GUARANI ATRAVÉS DOS BASALTOS DO AQUIFERO SERRA GERAL
Amélia Jõao FERNANDES (1), Francisco de Assis NEGRI (1), José Maria AZEVEDO
SOBRINHO (1), Claudia L. VARNIER (1)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected];
Após realizar investigação a respeito da recarga do Sistema Aquífero Guarani (SAG) através
dos basaltos do Aquifero Serra Geral (ASG), em área inserida no município de Ribeirão Preto (projeto
FRATASG), o Instituto Geológico está investigando a mesma questão agora, em escala regional, ou
seja, para toda a área de afloramento do Aquifero Serra Geral, no projeto FRATASG II. A recarga do
SAG é tema de suma importância para o planejamento da exploração deste aqüífero, pois, apesar dos
seus arenitos fornecerem grandes vazões (360m3/h é a vazão máxima recomendada por Governo do
Estado de São Paulo, 2005), as baixas taxas de recarga em sua área de afloramento e o possível
confinamento exercido pelos basaltos do ASG, mesmo em áreas muito próximas ao afloramento do
contato entre os dois aquíferos, apontam para a não sustentabilidade de explorações maciças das suas
águas subterrâneas. O projeto FRATASG, em Ribeirão Preto, concluiu, a partir de investigações
hidráulicas (teste de bombeamento e de traçadores), químicas e isotópicas, que a recarga através dos
basaltos é inexistente ou muito baixa. A recarga do SAG através do ASG, quando existente, deve
acontecer através de zonas de fraturas tectônicas de mergulho alto (vertical a subvertical), que
seccionam todas as camadas de derrames basálticos que compõem do ASG. O projeto FRATASG II
investiga esta hipótese através dos seguintes métodos: trabalhos de campo, com destaque para a
identificação e caracterização das zonas de fraturas subverticais; análises petrográficas e análises
químicas para os principais litotipos de basaltos aflorantes identificados; análise da relação entre
produção de poços tubulares profundos e domínios estruturais geológicos. Os trabalhos já realizados
apontam para a existência de zonas de fraturas tectônicas em apenas alguns setores do Aquífero Serra
Geral, onde a existência de recarga do Sistema Aquífero Guarani pode ser mais provável.
Palavras-chave – basalto, Aquifero Serra Geral, Sistema Aquifero Guarani, geologia estrutural, Estado
de São Paulo
Keywords – basalt, Serra Geral Aquifer, Guarani Aquifer System, structural geology, São Paulo State
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Governo do Estado de São Paulo (2005) Mapa de Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo. Nota
Explicativa e Mapa em 1:1.000.000. São Paulo: CPRM/DAEE/IG/IPT, 119p.
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CENTRO DA TERRA: DIVULGAÇÃO DE CONHECIMENTO
Daniel R. de FRANÇA (1), Sandra G. M. de SOUZA (1), Marcia V. SILVA (1), Lucimara M. M.
de LIMA (1), Maria de Lourdes F. GOMES (1), Eduardo S. BRAGA (1), Maria Helena S.de
JESUS (1), Arlete A. FERREIRA (1), Maria Aparecida de C. RIBEIRO (1), Roberto O.
VENTURA (1), Maria Adelaide C. BARRETO (1), Dinancyr de O. MORAIS (1)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]
O Instituto Geológico (IG) é um órgão vinculado a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São
Paulo desde 1986, originário da “Comissão Geographica e Geologica da Provincia de São Paulo –
CGG”, criada em 1886. A missão institucional contempla a geração de conhecimento sobre o meio
físico, por meio do desenvolvimento de estudos e pesquisas, disseminação e aplicação dos resultados, e
prestação de serviços à comunidade, para dar suporte à gestão ambiental, ao desenvolvimento
sustentável, à implementação de políticas públicas e à definição de políticas de Ciência e Tecnologia e
de Inovação Tecnológica. O IG é uma das instituições do país que possui espectro mais abrangente de
atuação em Geociências, com aplicação ampla e diversificada para diferentes finalidades. Possui um
corpo técnico altamente capacitado e qualificado para desenvolver as atribuições institucionais, e com
capacidade de atuação em diversas áreas, tais como Geologia Geral, Paleontologia, Hidrogeologia,
Geologia de Engenharia e Ambiental, Recursos Minerais, Geomorfologia, Dinâmica de Uso do Solo,
Hidroclimatologia, Geoprocessamento, Monumentos Geológicos. O IG possui uma Biblioteca e
Mapoteca, sob administração do Centro de Comunicações Técnico-Cientificas em Geociências
(CCTCG), especializada em Geociências. Uma das bibliotecas mais antigas do país, conta com um
acervo de 120.000 titulos de livros, períodicos, teses, separatas, folhetos, congressos, simpósios e
aproximadamente 15.000 mapas topográficos, geológicos e geomorfológicos em diversas escalas.
Participa ativamente dos sistemas de cooperação interbibliotecas, nacionais e internacionais através de
permuta, doação ou empréstimo de publicações. Com o objetivo de ampliar suas instalações e acervo, o
CCTCG, propos o projeto CENTRO DA TERRA - local de exposição nos moldes internacionais, que
será construído na sede do IG. O projeto prevê auditórios, espaço para eventos, congressos e simpósios,
atividades lúdicas e didáticas com o objetivo de divulgar a Geociências ao público em geral. Contará
com uma biblioteca especializada em Ciências da Terra com publicações técnicas e exemplares
acumulados desde 1889 e um Centro de Treinamento em Geologia e Meio Ambiente. No Centro da
Terra serão oferecidos treinamentos avançados, cursos gratuitos de diferentes níveis de especialização
sobre Geologia e Meio Ambiente para técnicos, graduandos e graduados na área de Geociências. O
projeto Centro da Terra como fonte de divulgação científica vem para suprir uma deficiência em
divulgação das áreas das Geociências no território nacional, com programas educativos de qualidade
sempre bem vindos à sociedade. Conhecer o meio em que vive será um caminho para o homem pensar
em sustentabilidade e conservação com melhor base educacional.
Palavras-chave – Geociências, divulgação científica, treinamentos
Keywords – Geosciences, scientific dissemination, training
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O PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS DO ACERVO DE
PRODUTOS CARTOGRÁFICOS DO INSTITUTO GEOLÓGICO
Marcia H. GALINA (1); Elike Pedroso HERNANDEZ (1*); Vanessa Andrade SARTORI (1*);
Aline Moura OLIVEIRA (1*); Antonio Carlos Moretti GUEDES (1)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
Resumo – O acervo de fotografias aéreas do Instituto Geológico foi se constituindo ao longo dos anos,
por meio das necessidades de diversos projetos de pesquisa. Atualmente, conta com cerca de 20.000
itens em diferentes escalas que recobrem diversas áreas do Estado de São Paulo, sobretudo as regiões
Leste, Sudeste, parte do Nordeste e Sul. Os objetivos do presente trabalho consistem em apresentar o
atual estágio do processo de organização e digitalização do acervo de fotografias do Instituto Geológico
além de uma revisão de conceitos básicos de fotogrametria, como a questão das câmeras analógicas e
digitais, o recobrimento aerofotogramétrico, as marcas fiduciais, os pontos principais e as ortofotos. O
projeto possui seis etapas previstas: Etapa 1- Definição da organização lógica dos aquivos digitais metadados das fotografias aéreas; Etapa 2 - Organização das fotografias – limpeza e ordenação em
função da numeração - e dos respectivos envolopes; Etapa 3- Lançamento dos dados em planilha e
realização de batimento com dados de planilhas anteriores; Etapa 4- Digitalização das fotografias
aéreas; Etapa 5- Carga de dados no sistema Sophia Acervo; Etapa 6- Acondicionamento adequado do
acervo analógico. Destas, cinco etapas já foram finalizadas. Pretende-se ao final do projeto otimizar a
consulta ao referido acervo por meio de catálogos digitais e assim, auxiliar o desenvolvimento de
projetos de pesquisa e acadêmicos no âmbito interno e externo à instituição.
Palavras-chave – fotografias aéreas, acervos digitais, Sistema Informatizado de Acervos
Keywords – aerial photographs, digital collections, Computer Systems of Collection
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O Instituto Geológico, vinculado à Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São
Paulo, desde 1986, é uma instituição de pesquisa originária da “Commissão Geographica e Geológica
da Província de São Paulo”, criada em 1886. Ao longo dos anos, por meio dos vários projetos de
pesquisa foi se constituindo um amplo acervo de fotografias aéreas, atualmente, com cerca de 20.000
itens em diferentes escalas que recobrem diversas áreas do estado de São Paulo, sobretudo nas regiões
localizadas a E, SE, S e parte do NE do Estado (Figura 1).
O chamado período entre guerras, 1918 até meados de 1939, acelerou o processo de produção de
artigos aerofotogramétricos, tais como cartas e mapas topográficos, atingindo grandes escalas. Hoje
sua aplicação abrange diferentes setores no mercado. As ortofotos, produtos da aerofotogrametria, são
utilizadas desde o controle de culturas até a implantação de vias e áreas de ocupação, por exemplo.
O objetivo desse artigo é apresentar o atual estágio do processo de organização e digitalização do
acervo de fotografias do Instituto Geológico e revisar conceitos importantes envolvidos com a área de
aerofotogrametria.
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Figura 1- Disposição aproximada das faixas de vôo sobre o Estado de São Paulo.
2. CONCEITOS EM AEROFOTOGRAMETRIA
A Fotogrametria é a ciência que permite executar medições precisas por meio de fotografias aéreas,
com a finalidade de determinar a forma, dimensões e posição dos objetos contidos numa fotografia
(ANDRADE, 1998). Pode ser classificada em:
x Analógica ou digital: fotogrametria analógica é realizada usando-se dados em formato
palpável, tais como fotografias aéreas impressas em papel fotográfico de 23 x 23 cm ou então
cópias em transparência positiva. A fotogrametria digital é realizada por meio um computador
e fotografias aéreas digitais ou digitalizadas (JENSEN, 2011).
x Horizontal ou vertical: fotogrametria horizontal quando a tomada das fotos dá se no mesmo
nível do solo e Fotogrametria Aérea ou Aerofotogrametria, quando a posição espacial do
sensor dá se de um referencial acima do nível do solo, geralmente aviões.
x
2.1. Câmeras Analógicas e Câmeras Digitais
Os avanços no campo da Aerofotogrametria estão diretamente associados à invenção do
processo fotográfico pelo francês Louis Jacques Daguerre, em meados do século XVIII, em
concomitância com o aperfeiçoamento do sistema aéreo e cartográfico. Os conceitos físicos e
matemáticos, que envolvem o processo fotográfico, em especial as câmeras, são de fundamental
importância para a compreensão do processo aerofotogramétrico. Segundo ANDRADE (1998, p. 26 e
27), “as câmeras fotogramétricas têm por finalidade promover imagens fotográficas com estabilidade
geométrica. Esta característica, que justifica o nome de câmera fotogramétrica, é o que torna possível
o processo de calibração, ou seja, a determinação dos parâmetros geométricos que participam do
modelo matemático que relaciona dimensões do objeto fotografado com sua imagem fotográfica.”
O princípio básico das câmeras fotogramétricas é a chamada pinhole (Figura 2). Para
TOMMASELLI et al. (2000), trata-se de um dispositivo, teoricamente, que deixa passar os raios de luz
provenientes dos pontos objeto, projetando a cena invertida no plano oposto ao do orifício, produzindo
uma imagem sem aberrações e distorções. Tal característica é de fundamental importância na
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Fotogrametria, pois representa com maior fidelidade as considerações da ótica geométrica, atendendo
plenamente às equações utilizadas na Fotogrametria.
Figura
2
–
A
geometria
da
câmera
“pinhole”.
http://www.northlight-images.co.uk/content_images/digital_pinhole. Acesso em out/2011
Fonte:
Ainda segundo Tommaselli et al. (2000), essa câmera deixava passar pouca luminosidade,
fazendo com que o processo fotogramétrico ficasse demasiado lento. Com a finalidade de acelerar a
produção e a correção de possíveis erros, fez-se o uso de lentes no orifício da câmera. Atendendo
assim à Lei de Gauss, a qual relaciona os campos elétricos em pontos sobre uma superfície gaussiana
(fechada) com a carga resultante envolta por essa superfície, tem-se:
1/f=1/p+1/p'
[1]
A câmera aerofotogramétrica digital é uma câmera métrica, projetada exclusivamente para
fins de mapeamento, cujo sistema sensor é digital (CCD) ao invés do filme fotográfico.
Os sensores CCD (Charge Coupled Device) são circuitos usados como transdutores de
imagem. São classificados em CCD de área e CCD linear. A produção de CCD de área está em rápida
produção, porém ainda não são muitos a utilizarem essa tecnologia. Já os chamados sensores CCD
linear são os mais empregados no mercado segundo JUBANSKI et al. (2009).
2.2. Recobrimento Aerofotogramétrico
De acordo com JUBANSKI et al. (2009), a realização do recobrimento aerofotogramétrico,
tanto para a aerofotogrametria analógica quanto a digital, deve atender às especificações referentes à
sobreposição lateral e longitudinal, método do georreferenciamento, condições atmosféricas e ao
objetivo do mapeamento como a escala da imagem e tamanho do pixel no terreno e altura do voo.
A sobreposição lateral e longitudinal das fotografias é necessária para garantir a
ortogonalidade dos objetos fotografados através da geração do Modelo Digital de Terreno, MDT. A
sobreposição lateral deve ser de 10% a 30%. Já a sobreposição longitudinal, fotos na mesma faixa,
deve ser de 60%. A geometria de três fotografias aéreas verticais hipotéticas adquiridas
sucessivamente sobre um terreno plano é apresentada nas Figuras 3 e 4, segundo JENSEN (2011).
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Figura 3 - Linha de voo de fotografias aéreas verticais. Fonte: JENSEN (2011)
Figura 4- Bloco de Fotografias. Fonte: JENSEN (2011)
Uma linha de voo de fotografia aérea vertical é obtida pela instalação de uma câmera em um
avião, helicóptero ou satélite, e aquisição de fotografias do terreno diretamente abaixo da plataforma
em uma sequencia de tomadas ou exposições específicas. O tempo entre as exposições individuais ao
longo de uma linha de vôo é determinado pelo intervalômetro. O responsável pelas fotografias aéreas
deve levar em consideração a velocidade da aeronave e a escala desejada da fotografia para então
conFigurar o intervalômetro de modo que cada fotografia aérea vertical sobreponha-se à fotografia
seguinte na linha de voo em aproximadamente 60%.
O georreferenciamento no recobrimento aerofotogramétrico tem como objetivo, fornecer
coordenadas precisas para um determinado sistema de coordenadas, seja para restituição ou para a
elaboração das ortofotos. O georreferenciamento pode ser realizado por meio do chamado
Georreferenciamento Direto ou Voo Apoiado, e/ou a técnica da Aerotriangulação (Figura 5).
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Figura 5– Voo apoiado. Fonte: ANDRADE (1998)
No georreferenciamento direto, com a utilização de um receptor GPS/GNSS em terra e um a
bordo integrado com o sistema de alteração de posição e atitude IMU do sensor, é possível determinar
com precisão a posição e a altitude de cada tomada de foto. Se as precisões obtidas forem satisfatórias,
não haverá a necessidade de aerotriangulação (ANDRADE, 1998).
Ainda segundo ANDRADE (1998), a técnica da aerotriangulação baseia-se na coleta de pontos
de controle através da tecnologia GPS para a materialização de referenciais. Faz-se necessário a coleta
de três coordenadas conhecidas nas extremidades das faixas.
Conforme JUBASKI et al. (2009), o planejamento do recobrimento aerofotogramétrico
digital dá-se em função da adequação aos objetivos do mapeamento. Como por exemplo, a medida do
pixel no terreno, a escala média da imagem e a altura de vôo (Figura 6). “Como medida dessa
capacidade é utilizada o tamanho do pixel no terreno, (no inglês GSD – Ground Sampling Distance).
Para um GSD de Valor (So), indicado nas especificações do projeto, calcula-se a escala media da
imagem (Mb), conhecendo-se da o tamanho do pixel no CCD (Sb), conforme equação: Mb=So/Sb. A
partir desse valor calcula-se, a altura de voo (Hg), desde que conhecida a distancia focal (c): Hg= c x
Mb”.
Abaixo, no quadro 1 e na Figura 7, apresenta-se o GSD recomendado para a câmera digital
ADS40 em função da escala, e uma comparação com as câmeras analógicas:
Quadro 01 - Escala digital. Fonte: ESTEIO -
Engenharia e aerolevantamento
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Figura 6– Escala: relação altura x distância focal. Fonte: Andrade (1998)
2.3. Marcas Fiduciais e Pontos Principais
Segundo JENSEN (2011, p. 154), uma típica fotografia aérea vertical pancromática tem as
dimensões de 23x23 cm. As marcas fiduciais são localizadas nos quatro cantos e nos centros das
quatro laterais. Ao traçar uma linha entre marcas fiduciais opostas, localiza-se o ponto principal (PP)
da fotografia, que é o ponto exato na Terra para onde o eixo óptico da câmara estava apontando
durante o momento da exposição. Examinando-se a vizinhança do ponto principal de uma aerofoto,
pode-se visualmente transferir a sua localização para cada uma das duas fotos adjacentes na linha de
voo. O ponto principal transferido é denominado de ponto principal conjugado (PPC). A verdadeira
linha de voo – em oposição à linha de voo desejada – pode ser determinada desenhando-se sobre as
fotografias uma linha através dos pontos principais e ponto principal conjugado (Figura 8).
Figura 7 – GSD 10 cm (esq.), GSD 1 m (meio) e GSD 2m (dir). Fonte: ESTEIO Engenharia e
Aerolevantamentos Ltda.
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Figura 8- Análise de uma fotografia aérea. Fonte: JENSEN (2011).
Por fim, a restituição fotogramétrica, por meio de instrumentos e técnicas específicas, consiste
em transformar a projeção cônica do fotograma (ou par fotográfico) em uma projeção ortogonal (carta
ou mapa), onde serão desenhados os pormenores planialtimétricos do terreno, após ter sido
restabelecida a equivalência geométrica entre as fotografias aéreas, no instante em que foram tomadas,
e o par de diapositivos que se encontra no projetor.
2.4. Ortofotos
Ortofoto digital é uma imagem digital em projeção cartográfica gerada a partir de uma
ortofoto, por meio de uma fotografia aérea digital. Trata-se de um processo completamente diferente
daquele envolvendo as ortofotos analógicas, que são gravadas em material fotográfico. (ANDRADE,
1998).
As ortofotos digitais são passíveis de um processamento em computadores e podem ser
impressas nas mais diversas espécies de material gráfico. Além de apresentar uma qualidade de
imagem superior se comparada à analógica (Figura 9).
De acordo com ANDRADE (1998), para a elaboração de ortofotos digitais é necessário o
Modelo Digital do Terreno – MDT. Por meio das imagens adquiridas com sobreposição, é possível
extrair informações de altitude das imagens. Esse fenômeno é conhecido como estereoscopia e fornece
um modelo digital da superfície imageada. O Modelo Digital do Terreno dá se através da interpolação
dos pontos cuja altitude é conhecida. Através dessa interpolação temos também o que chamamos de
Curvas de Nível.
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Figura 9– Comparação entre um negativo digitalizado (esq.) e uma imagem digital (dir.). Fonte:
JUBANSKI et al. (2009).
3. MATERIAIS E METODOLOGIA
Os materiais empregados no trabalho englobaram:
xConsultas bibliográficas específicas da área de aerofotogrametria;
xAcervo físico de fotografias aéreas, que conta com aproximadamente 20.000 itens;
xPapel separador específico para intercalar as fotografias aéreas; envelopes e carimbo
identificador;
xEquipamentos, dispositivos e aplicativos relacionados à tecnologia da informação:
9
Servidor da marca DELL onde se encontra instalado o software para gerenciamento
de acervos (Processadores Quad-Core Intel Xeon E5620 2.4Ghz 12M CacheTurbo, 5.86
GT/s QuickPath Interconnect, Tecnologia Turbo Hyper-Threading - limitam a velocidade
da memória a 1066MHz, 24 GB de memória DDR-3 Registered DIMM, 1333 MHz (6 x 4
GB, 2 Discos Rígidos de 1TB 7.2K RPM Near Line SAS 6Gbps 3.5 polegadas Hotplug;
Sistema Windows Server 2008 SP2 Enterprise X64);
9
Máquina cliente para carga de dados, dispositivos externos para backups;
9
Aplicativo específico para gerenciamento de acervos – SophiA Acervo;
9
Scanner A0 colorido, marca HP, para digitalização das fotografias analógicas;
A metodologia adotada envolveu o fichamento de materiais bibliográficos e ao menos seis (06)
etapas, no que diz respeito à organização do acervo fisica e digitalmente.
x Etapa 1- Definição da organização lógica dos aquivos digitais - metadados das fotografias
aéreas;
x Etapa 2 - Organização das fotografias – limpeza e ordenação em função da numeração - e
dos respectivos envolopes;
x Etapa 3- Lançamento dos dados em planilha e realização de batimento com dados de
planilhas anteriores;
x Etapa 4- Digitalização das fotografias aéreas;
x Etapa 5- Carga de dados no sistema SophiA Acervo;
x Etapa 6- Acondicionamento do acervo analógico em envolopes adequados e identificados
a partir dos metadados, e intercalamento das fotografias com papel específico.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Etapa 1. Definição da organização lógica dos aquivos digitais – planilhas
O quadro 2 apresenta os campos criados com as respectivas descrições.
Quadro 2- Campos para identificação das fotografias aéreas
Descrição
Campos
NomedaPasta
Faixa
NúmerodaFoto
DistânciaFocal
Escalaaproximada
Alturadovôo
Datadovôo
Região
Fotoíndice
LocalizaçãoFísica
Executor
Aregraadotadaparaanomenclaturadaspastaspermitiusuaidentificação,semquehouvessea
repetição,foiaseguinte:Faixadovôo_Local_Ano;
Éalinhaformadapelaprojeçãodoscentrosperspectivosdasfotografiasaéreasnoterrenoao
longodadireçãodovôo;
Sãoasfotografiasquepertencemadeterminadafaixa
Adistânciafocaldeumaobjetivaédeterminadaapartirdospontosnodaisatédosfocais,ouseja,
éadistância,emmilímetros,entreopontodeconvergênciadaluzatéopontoondeaimagem
focalizadaseráprojetada
Selecionadaapartirdaescaladomapeamentofinale,portanto,daprecisãoplanimétricae
altimétricafinal
Distânciadocentroperspectivoemrelaçãoaoterreno,utilizadaparacalcularosparâmetroddo
planodevôo
Dataderealiaçãodovôo
Localizaçãodaáreaondeforamtomadasasfotografias
Tratasedadisposiçãojustapostadasfotografias,quepermitequeafotografiaquecontémaárea
deinteressesejaidentificadarapidamenteentreasfaixasdevôo
Acervofísicoemqueseencontraoenvelopecomasrespectivasfotografiasaéreas
Empresaresponsávelpeloprojeto
Etapa 2- Organização das fotografias – limpeza e ordenação em função da numeração - e dos
respectivos envolopes
Muitas fotografias ainda apresentavam papel vegetal acoplado/desenhado ou mesmo o
desenho na própria fotografia, nesse sentido, foi necessária a limpeza dessas fotos para a futura
digitalização. Em alguns casos, tais marcações estavam em tinta de caneta esferográfica, fato que
inviabilizou a limpeza.
Etapa 3- Lançamento dos dados em planilha e realização de batimento com dados de planilhas
anteriores
Em função dos campos acima descritos, houve o lançamento de todo o acervo numa planilha
digital, para futuro lançamento no banco de dados por meio da aplicação. Elaborou-se também a
conferência dos dados atuais com dados de planilhas anteriores para fins de complementação de
informação.
Etapa 4- Digitalização das fotografias aéreas
As quase 20.000 fotografias aéreas foram escaneadas no dispositivo Scanner Formato A0
colorido, da marca HP. Quanto ao formato, optou-se pelo padrão TIFF (Tagged Image File Format),
por se tratar de uma estrutura compatível com uma larga gama de aplicações, independe da arquitetura
dos computadores, sistemas operacionais e plataformas gráficas, e por fim, pode ser ajustada às
características de um scanner, monitor ou impressora. A resolução em DPIs (dots per inch, ou, pontos
por polegada) foi equivalente a 300, uma vez que, a maior da utilização desse material se dá nas
tarefas de mapeamento.
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Etapa 5- Carga de dados no sistema Sophia Acervo
A carga de dados no sistema contemplou o lançamento de dados nos seguintes campos:
região, fotoíndice, número das fotos (constantes numa faixa), escala aproximada, localização digital,
arquivo, gaveta, envelope, faixa, altura e data do vôo, executor, roll e data do cadastro da ficha. Na aba
imagens houve a inserção dos arquivos de miniatura (thumbs). Na aba mídias, fez-se a associação aos
arquivos no formato TIFF, que se encontram num dispositivo de armazenagem de dados - Storage 1,
na rede interna da instituição.
Etapa 6- Acondicionamento do acervo analógico em envolopes adequados e identificados a
partir dos metadados, e intercalamento das fotografias com papel específico.
Essa etapa ainda encontra-se pendente, uma vez que há a necessidade da preparação de um
local mais adequado para o depósito do referido acervo, possivelmente será destinado para os arquivos
deslizantes que se encontram na biblioteca da instituição, os quais necessitam de adaptação. O papel
separador já foi adquirido, no entanto há a necessidade de um serviço gráfico de corte nas dimensões
da fotografia (23x23 cm). O intuito de se empregar tal material é evitar que uma fotografia manche a
outra, processo já identificado em alguns exemplares. A próxima etapa seria o acondicionamento das
fotografias em envelopes apropriados e devidamente identificados por metadados que facilitem sua
busca nos arquivos para fins de recuperação do material analógico.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A organização, digitalização e futura disponibilização em catálogos digitais do acervo de
fotografias aéreas do Instituto Geológico tem o intuito de otimizar a busca e recuperação de materiais
cartográficos de interesse e, assim, auxiliar na elaboração de laudos periciais, pareceres técnicos e
projetos de pesquisa, desenvolvidos tanto no âmbito interno da instituição quanto nas universidades e
em outros órgãos de pesquisa.
Figura 10- Exemplo de um catálogo digital de uma faixa de vôo da Baixada Santista, Obra 550, a
partir do aplicativo SophiA Acervo
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6. AGRADECIMENTOS
Vale ressaltar que o trabalho de escaneamento foi possível devido à aquisição do Scanner A0
colorido, marca HP, pelo projeto FEHIDRO (2007-CORHI-77, n° 130/2007), intitulado “Publicação
em mídia eletrônica das sondagens geológicas executadas pelo Instituto Geológico (SMA/SP)”. A
publicação em catálogos eletrônicos foi viabilizada por meio da aquisição do software SophiA Acervo,
que foi adquirido e é mantido pelo Instituto Geológico (SMA), software este que se encontra instalado
no servidor DELL, adquirido por meio do apoio financeiro do CNPq (Proc. CNPQ 401783/2010-3),
relacionado ao Edital de Fortalecimento da Paleontologia Nacional. Por fim, o escaneamento do
material se deu pelos esforços despendidos pelas estagiárias Elike Pedroso Hernandez, Vanessa
Andrade Sartori e Aline Moura Oliveira, contratadas pelo Instituto Geológico por meio da Fundação
do Desenvolvimento Administrativo (FUNDAP).
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, J. B. 1998. Fotogrametria. Curitiba: SBEE, 259 p.
JENSEN, J. R. 2011. Sensoriamento Remoto do ambiente: Uma perspectiva em recursos terrestres, 2ª
Ed. Traduzida. New Jersey: Prentice Hall, 544p.
JUBANSKI, J.; ALIXANDRINI, M.; BÄHR, H-P. 2009. Câmeras Aerofotogramétricas Digitais:
Novos Conceitos e Normas. Revista Brasileira de Cartografia, 61(1): 51-62.
TOMMASELLI, A. M. G.; HASEGAWA, J. K.; GALO, M. 2000. Modernas tecnologias de aquisição
de imagens em fotogrametria. Boletim de Ciências Geodésicas, 6(1): 49-64.
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SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA REGIONAL E
URBANO APLICADO NA ANÁLISE DE VULNERABILIDADE E DE RISCOS
GEOAMBIENTAIS
Daiane GRIGORIO (1*), Angela YATSUGAFU (1**,2), Denise ROSSINI-PENTEADO (1)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected],
[email protected],
[email protected];
*Bolsista
FUNDAP-IG (2010-2012); **Bolsista FUNDAP-IG (2008-2010)
(3) Geojá Mapas Digitais, São Paulo, SP, Brasil.
O trabalho apresenta os estudos e atividades realizados pelos estagiários do Núcleo de
Dinâmica de Uso e Ocupação Territorial do Instituto Geológico em apoio a diversos projetos de
pesquisa. Com base no plano de estágio e nas linhas de pesquisa institucionais, as atividades são
direcionadas para a estruturação de sistemas de classificação e mapeamento do uso e cobertura da terra
em diversas escalas de abordagem. A metodologia baseia-se na identificação e delimitação de
Unidades Homogêneas de Uso e Cobertura da Terra (UHCT) utilizando-se técnicas de classificação
digital, interpretação visual de produtos de sensoriamento remoto de alta resolução e de Sistemas de
Informação Geográfica. As UHCTs, definidas com base em critérios físicos, constituem as menores
unidades de coleta e armazenamento de informações sobre a tipologia de uso e cobertura e o padrão da
ocupação. As áreas de uso urbano do tipo residencial/comercial/serviço, em uma escala de maior
detalhe, são caracterizadas por atributos relacionados ao padrão da ocupação: 1) densidade de
ocupação, 2) estágio da ocupação e 3) ordenamento urbano, definido pela arborização, pavimentação e
traçado do sistema viário; e aqueles relacionados ao padrão socioeconômicos e da infra-estrutura
sanitária: 4) renda, 5) instrução, 6) abastecimento de água, 7) esgoto 8) destinação do lixo, obtidos do
IBGE,
conforme
descrito
em
ROSSINI-PENTEADO
et
al.
(2007,
2008);
FERREIRA&ROSSINI-PENTEADO (2011).
Serão apresentados os resultados parciais dos trabalhos desenvolvidos em dois projetos de
pesquisa voltados a análise de vulnerabilidades e riscos geoambientais: 1) “Cartografia de Risco a
Processos de Escorregamento, Inundação, Subsidência/ Colapso e Erosão, tendo como estudo de caso
o município de São José do Rio Preto”, e 2) “Identificação de Áreas Potenciais de Restrição e Controle
de Captação e Uso das Águas Subterrâneas na Porção Sul da UGHRI 05”, envolvendo os municípios
de Rafard, Monte-Mor, Elias Fausto, Capivari, Salto e Indaiatuba. Este método de mapeamento e sua
organização associada a banco de dados georrefenciado, permite a geração de diversos produtos
temáticos a partir da seleção de atributos, ao mesmo tempo que otimiza a integração, atualização e
consulta de dados sobre a dinâmica de uso do território. O produto pode ser aplicado em diversas
análises ambientais e de risco, uma vez que os atributos constituintes atuam como fatores
determinantes das variáveis potencial de indução, vulnerabilidade e dano potencial.
Palavras-chave – Uso do solo, mapeamento de riscos, geoprocessamento, análise ambiental.
Keywords – Land use, risk mapping, geoprocessing, environmental analysis.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, C. J; ROSSINI-PENTEADO, D. 2011. Mapemanto de risco a escorregamento e
inundação por meio da abordagem quantitativa da paisagem em escala regional. In: 13°
Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia, ABGE: Anais (CD-ROM).
ROSSINI-PENTEADO, D.; FERREIRA, C. J.; GIBERTI, P. P. C. 2007. Quantificação da
Vulnerabilidade e dano aplicados ao mapeamento e análise de risco, escala 1:10 000, Ubatuba-SP.
In: 2° Simpósio Brasileiro de Desastres Naturais e Tecnológicos, Santos, São Paulo. ABGE: Anais
(CD-ROM).
ROSSINI-PENTEADO, D.; FERREIRA, C. J.; GIBERTI, P. P. C. 2008. Mapeamento de uso e
ocupação do solo urbano aplicado à análise de risco (escala 1:10 000). In: FERREIRA, C.J
[coord]. Diretrizes para a regeneração socioambiental de áreas degradadas por mineração de
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saibro (caixas de empréstimo), Ubatuba, SP. Relatório Técnico 4, FAPESP (processo FAPESP
03/07182-5), inédito.
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MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RISCO A PROCESSOS EROSIVOS CONTINENTAIS EM
MUNICÍPIOS DO VALE DO PARAÍBA (SP)
Ana Lígia Ribeiro GUERRA (1*), Jair SANTORO(1), Rodolfo Moreda MENDES(1)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
Este trabalho apresenta uma síntese dos resultados obtidos no âmbito das atividades de estágio
desempenhadas no projeto de mapeamento de detalhe das áreas de risco suscetíveis à erosão em quatro
municípios do Vale do Paraíba (SP): Aparecida, Pindamonhangaba, Tremembé e Roseira, conforme
estabelecido no Termo de Cooperação Técnica IG-CEDEC. O mapeamento foi realizado em 25
áreas-alvo definidas previamente, por trabalhos de fotointerpretação e análise de imagens (fotografias
aéreas digitais ortorretificadas de 2003 da SABESP, fotos aéreas digitalizadas na escala 1:30.000 de
2003-2004 da BASE SA e imagens de satélite QuickBird de 2009-2010), onde foram identificadas
situações de risco associadas a processos erosivos, com graus diferenciados quanto à intensidade dos
processos já instalados ou quanto à probabilidade de ocorrência de novos processos, à tipologia dos
processos e à severidade das feições observadas.
Nove áreas foram caracterizadas como “sem risco potencial”. Dos 25 setores em risco
associados aos processos erosivos, 7 apresentaram grau de risco baixo, 4 com grau de risco médio, 5
com grau de risco alto, nenhum setor com grau de risco muito alto e 9 setores sem risco. Observou-se
que 28% das áreas de risco a erosão analisadas foram classificadas com grau de risco baixo (R1), 16%
com grau de risco médio (R2), 20% com grau de risco alto (R3), 0% com grau de risco muito alto (R4) e
36 % das áreas foram classificadas como sem risco (Sr). Notou-se que os processos predominantes são
formados por sulcos e erosão laminar (37 e 35%), seguidos por ravina (26%) e boçoroca (2%).
A distribuição dos processos erosivos mapeados com a predominância observada de erosão
laminar e sulcos têm consequências diretas associadas ao registro do assoreamento presentes em corpos
d’água da região, uma vez que estes processos são fornecedores de grande quantidade de material. Outro
aspecto importante observado é a grande quantidade de áreas com o registro de processos erosivos em
locais compostos por solo exposto em taludes de corte e aterro, em áreas de empréstimo ativas ou não.
Dessa forma, os estudos das características do meio físico, devem ser considerados para orientar,
controlar ou limitar a ocupação de áreas urbanas, principalmente nas questões relacionadas ao
planejamento territorial.
Palavras-chave – Erosão, risco geológico, mapeamento.
Keywords – Erosion, geological risk, mapping.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANTORO, J. 2000. Análise da ocorrência de processos erosivos no município de Campinas (SP), a
partir da interação entre a suscetibilidade natural à erosão hídrica e o uso e ocupação do solo.
Tese de Doutoramento, Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual
Paulista, Rio Claro, 141p.
SANTORO, J. 2009. Erosão continental. In: Tominaga, L.K.; Santoro, J.; Amaral, R. (Orgs). Desastres
naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico, 160p.
SANTORO, J.; MENDES, R. M. 2009. Proposta metodológica para elaboração de cartas de riscos
associados a colapsos e erosões de solos. Relatório Técnico IG-SMA, 5p.
SANTORO, J.; MENDES, R.M., GUERRA, A.L.R. 2011. A ocorrência de processos erosivos
continentais em municípios do Vale do Paraíba (SP): características, condicionantes, dinâmica de
evolução e riscos associados. In: 13° Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e
Ambiental, São Paulo: ABGE, 10p.
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GESTÃO INTEGRADA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA ORLA MARÍTIMA DA CIDADE DE
MACEIÓ (AL) COMO COMPONENTE DO DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO LOCAL
SUSTENTÁVEL
LUCIANA DA SILVEIRA GOMES (1)
(1) Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA, Universidade
Federal da Paraíba – UFPB, João Pessoa, PB, Brasil; [email protected]
O presente trabalho objetiva apresentar um diagnóstico da atual gestão dos resíduos sólidos
gerados na orla marítima de Maceió-AL, mostrando de que forma tal gestão interfere no
desenvolvimento turístico local. A pesquisa foi conduzida através dos seguintes procedimentos e
instrumentos: leitura crítica de obras-chave; análise de documentos oficiais relacionados à limpeza
pública, à legislação referente à gestão dos resíduos sólidos urbanos e à atividade turística no
município; observação in loco na orla marítima de Maceió; aplicação de questionários e realização de
entrevistas semi-estruturadas com técnicos que trabalham nos órgãos responsáveis pelos serviços de
limpeza pública e de turismo da cidade, com catadores informais e cooperados e com agentes
envolvidos de alguma forma com a questão do lixo na área de estudo; e obtenção de fotografias in
loco.
Com a pesquisa, constatou-se que os resíduos sólidos gerados na orla marítima de Maceió
representam um grave problema, sobretudo para a saúde da população residente, tendo em vista que,
em dias de intenso movimento na área, a Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió (SLUM) já
chegou a recolher até 80 toneladas de lixo no trecho situado entre as praias de Cruz das Almas e
Pajuçara.
Constantemente, comerciantes, moradores, turistas e freqüentadores da orla queixam-se da
presença de lixo em toda a faixa litorânea, além dos esgotos lançados a céu aberto na areia das praias,
que atraem insetos, causam mau cheiro e colocam em risco a saúde da população. A despeito da
realização da coleta diária do lixo e das papeleiras distribuídas a cada 50 metros em toda a extensão da
orla, além de contêineres para arrecadação de lixo, é grande a quantidade de resíduos jogados em
locais inadequados, fato este que tem afetado também a qualidade ambiental da área e, em
conseqüência, comprometido a atividade turística local. Segundo comerciantes, não é raro encontrar
nos finais de semana banhistas machucados por garrafas de vidro, tampinhas de cerveja e palitos de
churrasco que são enterrados na areia.
De acordo com a população, a ausência de lixeiras nas areias das praias, mais próximas aos
banhistas, bem como a falta permanente de fiscalização são fatores que contribuem para o descarte
inadequado de lixo, sobretudo durante o verão, finais de semana e feriados, quando aumenta o fluxo de
pessoas. É necessário que medidas de precaução sejam adotadas para garantir o bem estar público e a
qualidade ambiental na área, como, por exemplo, sinalizar os trechos da orla impróprios para o banho
de mar, investir em campanhas educativas consistentes, implantar um esquema eficiente de
fiscalização e realizar a distribuição de lixeiras na areia, ao alcance dos banhistas. Enquanto isso,
medidas paliativas são adotadas, como a distribuição de sacolas plásticas durante os finais de semana,
visando conscientizar a população, na tentativa de amenizar o problema.
Palavras-chave: gestão de resíduos sólidos, orla marítima, Maceió, turismo sustentável.
Keywords: solid waste management, seafront, Maceió, sustainable tourism.
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DISSEMINAÇÃO DA BIBLIOGRAFIA ANALÍTICA DA PALEONTOLOGIA DO BRASIL,
POR MEIO DE CATÁLOGOS DIGITAIS
Maria da Saudade A. S. MARANHÃO ROSA (1), Márcia Helena GALINA (1), A. M. SANTOS
(2), Samira PEREZ (1*), Fabiana. F. C. M. MAGALHÃES (1*), Aline Moura OLIVEIRA (1*);
Isabel M. A. MEZZALIRA (3)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
(2) NData Digitação e Processamento de Dados, São Paulo, SP, Brasil.
(3) Autônoma
Resumo - A pesquisa bibliográfica é o passo inicial na construção efetiva de um protocolo de
investigação, auxília no levantamento do estado da arte de deteminada área, na escolha de um método
mais apropriado, assim como no conhecimento das variáveis e na autenticidade da pesquisa. Assim
sendo, um dos objetivos do referido projeto é a implantação de um “Sistema Gerenciador de
Informações Paleontológicas”, que contará com a catalogação digital das publicações paleontológicas
de pesquisas realizadas no estado de São Paulo e no território nacional. Por meio de materiais
pertinentes e da metodologia de trabalho organizada em cinco frentes, a saber: frente 1. relacionada à
tecnologia da informação: aquisição de equipamentos; dispositivos e programas específicos de
computador; implantação do sistema e treinamento da equipe; frente 2. digitação dos materiais advindos
dos boletins e acervos analógicos; frente 3. análise e solução das dúvidas levantadas no processo de
digitação; frente 4. carga de dados no sistema Sophia Biblioteca, a partir de máquinas clientes; frente 5.
revisão gramatical dos textos e adequação às normas ABNT das referências bibliográficas; procurou-se
gerar produtos que permitam a socialização do conhecimento científico e o fortalecimento da
Paleontologia nacional, por meio da divulgação de informações contidas em um acervo bibliográfico
alimentado ao longo de décadas por um ilustre paleontólogo, Dr. Sérgio Mezzalira, na forma de
catálogos digitais disponíveis na Internet.
Palavras-chave – Paleontologia, Acervos Digitais, Disseminação da Informação Científica, Sistemas
Distribuídos de Informação
Keywords – Paleontology, Digital Collections, Dissemination of Scientific Information, Distributed
Information Systems
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Considerando como pressuposto, que o conhecimento é o elemento fundamental na construção e
autoafirmação de uma nação, atualmente engendrada pelo processo de globalização, vislumbra-se
também que o desenvolvimento econômico dessa mesma nação é o principal condicionante para o
aumento na qualidade e quantidade de artigos científicos, fechando assim um círculo virtuoso. Nesse
contexto, a produção científica brasileira passa por uma transformação no modo de produzir o
conhecimento, que altera o estatuto de seus principais centros geradores, como as universidades e os
institutos de pesquisa, os quais aos poucos se transformam em centros operacionais, guiados por
estratégias e programas de eficácia organizacional e avaliados por índices de produtividade.
A toda pesquisa científica pressupõe-se, uma robusta pesquisa bibliográfica, este é o passo inicial
na construção efetiva de um protocolo de investigação, como auxílio no levantamento do estado da
arte de deteminado assunto, na escolha de um método mais apropriado, assim como no conhecimento
das variáveis e na autenticidade dessa investigação.
O Instituto Geológico é uma instituição de pesquisa originária da “Commissão Geographica e
Geológica da Província de São Paulo”, criada em 1886, destinada a planejar e executar pesquisas para
subsidiar a ocupação do território paulista. O Núcleo de Paleontologia e Bioestratigrafia é o setor
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responsável pela manutenção, controle e ampliação da coleção paleontológica, através de coletas
sistemáticas realizadas nas diversas unidades sedimentares do Estado. Em paralelo à história desse
Núcleo, cresceu a preocupação, na Figura do pesquisador Sérgio Mezalira, da organização de obras de
referência no campo das pesquisas históricas e bibliográficas na área da Paleontologia, com ênfase na
produção estadual examinada desde seus primórdios, como observado a seguir:
x Resumo histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil no período 1939-1946
(MEZZALIRA, 1947);
x Distribuição dos fósseis no Estado de São Paulo (MEZZALIRA, 1948);
x História das pesquisas paleontológicas no Estado de São Paulo (MEZZALIRA, 1950);
x A bibliografia da geologia, mineralogia, petrografia e paleontologia do Estado de São
Paulo (MEZZALIRA e WOHLERS, 1952);
x Nota preliminar sobre as recentes descobertas paleontológicas no Estado de São Paulo no
período 1958-1959. (MEZZALIRA, 1959);
x Os fósseis do Estado de São Paulo (MEZZALIRA, 1966);
x As pesquisas paleontológicas no Estado de São Paulo no período 1949-1962
(MEZZALIRA, 1969);
x A paleontologia no Estado de São Paulo: sua evolução e seus problemas (MEZZALIRA,
1980).
O paleontólogo Sérgio Mezzalira, em 1985, já aposentado, foi contratado pelo Instituto Geológico
para reestruturar o núcleo de pesquisa nessa área, para formação de recursos humanos. O pesquisador,
entre outras providências, formulou dois projetos visando dar prosseguimento à sua atuação anterior
na instituição, que objetivavam compilar e discutir todos os dados paleontológicos referentes ao
Estado de São Paulo até aquele momento, um deles contendo os registros, com o título "Atualização
do boletim: Os Fósseis do Estado de São Paulo" e o outro com o título "Bibliografia Analítica da
Paleontologia do Estado de São Paulo".
Em 1989, o Instituto Geológico publicou o Boletim 8, intitulado "Bibliografia Analítica da
Paleontologia do Estado de São Paulo", o qual apresentou em um único volume citações de todas as
publicações envolvendo o conteúdo fossilífero deste Estado, adequadamente resumidas e discutidas,
até 1987. Naquela ocasião foram citados 493 trabalhos. (MEZZALIRA, 1989). Tal foi o sucesso, que
vários colegas paleontólogos solicitaram aos autores que periodicamente atualizassem a obra. Em
continuação ao trabalho foram publicadas a parte II, no Boletim 14 (VIEIRA et al., 1997) e a parte III,
no no boletim, 18, publicado em 2010 (VIEIRA et al., 2010).
As referidas publicações encontram-se no formato analógico, com exceção do Boletim 18 que se
encontra no formato digital, disponível para download no site da referida instituição. Dado o formato
das referidas publicações e os avanços tecnológicos constatados na atualidade, percebe-se a
dificuldade de uma divulgação mais abrangente desse material. Atualmente existem diversas
ferramentas que possibilitam a inserção dessa massa de dados em sistemas gerenciadores, os quais, por
sua vez, permitem pesquisas combinadas via WEB e por consequência sua ampla e irrestrita
divulgação.
Ressaltada a importância da pesquisa bibliográfica na edificação do processo de geração do
conhecimento, fica clara a pertinência de esforços voltados para esse primeiro passo. Assim sendo, o
objetivo principal desse projeto é a implantação de um “Sistema Gerenciador de Informações
Paleontológicas”, que contará com a catalogação digital das publicações paleontológicas de pesquisas
realizadas no estado de São Paulo e no território nacional. Os objetivos específicos do presente
trabalho são:
x Digitar e inserir em catálogos digitais, a coleção de fichas analógicas – manuscritas em
papel - da “Bibliografia Analítica do Brasil", in memoriam, de Dr. Sérgio Mezzalira,
fornecidas ao Instituto Geológico pela família do pesquisador, que totaliza 4.900 itens;
x Digitar e inserir em catálogos digitais, as fichas das obras “Bibliografia Analítica da
Paleontologia do Estado de São Paulo, Partes I, II e III”, constantes nos boletins 8, 14 e
18, do Instituto Geológico;
x Divulgar os dados supracitados por meio de um Sistema Gerenciador de Informações
Distribuído (WEB), que permitirá a consulta – recuperação- dos dados de forma avançada,
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assim como a inserção de novas fichas e gerenciamento de fichas antigas de forma rápida e
eficaz.
2. MATERIAIS E METODOLOGIA
Os materiais empregados no trabalho englobaram:
x Acervo analógico – manuscrito em papel – das fichas analíticas das publicações na área de
Paleontologia, elaboradas pelo pesquisador Dr. Sérgio Mezzalira até o ano 2000, que conta
com aproximadamente 4.900 itens;
x Boletins publicados pelo Instituto Geológico relacionados à Bibliografia Analítica da
Paleontologia do Estado de São Paulo;
x Materiais relacionados à tecnologia da informação: máquina servidora de dados –
conFiguração detalhada no quadro 1, três (3) microcomputadores clientes para digitação e
entrada de dados no sistema, dispositivos externos para backups; aplicativo específico para
gerenciamento de bibliotecas – SophiA Biblioteca, que se baseia nos padrões
internacionais de catalogação e comunicação de dados (MARC-21, ISO2709, Z39.50
cliente e servidor, XML e OAI-PMH)
A metodologia adotada pode ser agrupada em cinco (5) frentes:
x
x
x
x
x
Frente 1- Relacionada à tecnologia da informação: aquisição de equipamentos;
dispositivos e programas específicos de computador; implantação do sistema e treinamento
da equipe;
Frente 2- Digitação dos materiais advindos dos boletins e acervos analógicos;
Frente 3- Análise e solução das dúvidas levantadas no processo de digitação;
Frente 4- Carga de dados no sistema Sophia Biblioteca, a partir de máquinas clientes;
Frente 5- Revisão gramatical dos textos e adequação às normas ABNT das referências
bibliográficas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A elaboração das tarefas elencadas na frente 1 se deu em duas fases. Durante ambas as fases, a
equipe técnica operacional responsável pela implantação do sistema esteve em contato e interação
permanente com os pesquisadores e colaboradores diretamente envolvidos no projeto.
3.1 Fase 1 – Preparação da infraestrutura computacional
A preparação da infraestrutura computacional englobou a toda a parte física – hardware- e lógica software, que contemplou a instalação do servidor, do sistema operacional Windows Server2008, do
Sistema de banco de dados (SGBD) MS-SQLServer e do sistema SophiA Biblioteca – nível
intermediário.
O servidor é um sistema de computação que fornece serviços a uma rede de computadores. Os
computadores que acessam os serviços de um servidor são chamados clientes. As redes que utilizam
servidores são do tipo cliente-servidor, utilizadas em redes de médio e grande porte e em redes onde a
questão da segurança desempenha um papel de grande importância.
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Quadro1Configuraçãodetalhadadoservidor
ProcessadoresQuadCoreIntelXeonE56202.4Ghz12MCacheTurbo,5.86GT/sQuickPathInterconnect,
TecnologiaTurboHyperThreading(Limitamavelocidadedamemóriaa1066MHz)
24GBdememóriaDDR3RegisteredDIMM,1333MHz(6x4GB)
PlacadegerenciamentoremotoiDRAC6Enterprise
PlacacontroladoraSAS6/IR(suportaRAID0e1enãoutilizaslotPCIE)
2DiscosRígidosde1TB7.2KRPMNearLineSAS6Gbps3.5polegadasHotplug
ConfiguraçãodosdiscosemRAID1
2interfacesderede10/100/1000UTPintegradas
2CabosdeForça,250V,10A,3mdecomprimento,NEMA515P/C13
SoftwaredegerenciamentoDellOpenManage
DocumentaçãoecabosparaR410
PlacadeRededualportBROADCOM57091GBETOE
FonteRedundanteEnergySmart(500W)
UnidadeInternaSATAdeDVDRWde16x
WindowsServer2008SP2EnterpriseX64com10CALsOEM
Quanto ao sistema operacional, trata-se de um conjunto de programas cuja função é gerenciar os
recursos do sistema (definir qual programa recebe atenção do processador, gerenciar memória, criar
um sistema de arquivos, etc.), além de fornecer uma interface entre o computador e o usuário.
Trabalhou-se com o Windows Server2008 da Microsoft.
O Sistema Gestor de Base de Dados (SGBD), por sua vez também é o conjunto de programas de
computador (softwares) responsáveis pelo gerenciamento de uma base de dados. O principal objetivo é
retirar da aplicação cliente a responsabilidade de gerenciar o acesso, manipulação e organização dos
dados. O SGBD disponibiliza uma interface para que os seus clientes possam incluir, alterar ou
consultar dados. Em bancos de dados relacionais a interface é constituída pelas APIs ou drivers do
SGBD, que executam comandos na linguagem SQL. Empregamos o software SQLServer da
Microsoft.
O Sistema SophiA Biblioteca é um aplicativo baseado nos padrões internacionais de catalogação e
comunicação de dados (MARC-21, ISO2709, Z39.50 cliente e servidor, XML e OAI-PMH), que
permite o cadastro de obras, periódicos, usuários, normas e legislações, recuperação de informação,
controle de acessos e perfis de usuários, de aquisições, de inventário e geração de relatórios.
3.2 Fase 2- Treinamento da Equipe (peopleware)
O treinamento da equipe contemplou as áreas do sistema descritas a seguir:
9 Cadastro de obras
9 Cadastro de periódicos
9 Cadastro de usuários completo
9 Cadastro de normas e legislações
9 Recuperação de informação
9 Controle de acessos e perfis de usuários
9 Controle de aquisições
9 Controle de inventário
9 Relatórios
Desta frente, restam apenas os testes internet para disponibilização definitiva do sistema para o
público, o que será feito após os dados passarem por um rigoroso controle de consistência.
As atividades da frente 2 corresponderam sobretudo à digitação dos materiais advindos do
acervo analógico – manuscrito em papel – das fichas analíticas das publicações na área de
Paleontologia, elaboradas pelo pesquisador Dr. Sérgio Mezzalira até o ano 2000, que conta com
aproximadamente 4.900 itens; e também na digitação dos dados constantes nos boletins publicados
pelo Instituto Geológico, relacionados à Bibliografia Analítica da Paleontologia do Estado de São
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Paulo.
Sobretudo, no que se refere às fichas manuscritas, dúvidas na escrita relacionadas aos nomes
científicos foram constantes, portanto, na frente 3, houve a análise e solução das dúvidas levantadas
no processo de digitação.
Figura 1- Exemplo de uma ficha manuscrita. Fonte: Acervo Pessoal Dr. Sérgio Mezzalira
Na frente 4, as tarefas corresponderam ao lançamento das fichas no Banco de Dados por meio
da aplicação SophiA Biblioteca.
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Figura 2- Exemplo de duas etapas da inserção dos dados no Sistema
Por fim, na frente 5, está programada a revisão gramatical dos textos e adequação às normas
ABNT das referências bibliográficas, para finalmente ocorrer a publicação do sistema na Internet. Na
Figura 3 pode-se observar um exemplo de busca por autor, via browser, que na rede interna (intranet)
já está disponível.
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Figura 3- Consulta ao Sistema SophiA Biblioteca aos catálogos digitais da bibliografia analítica da
Paleontologia, via browser.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A digitalização de acervos permite acesso à distância aos documentos de interesse, e assim
possibilita uma série de facilidades à comunidade científica e ao público em geral. A indústria da
informática e os serviços de informação, associados às telecomunicações, podem ser considerados
como um dos principais pilares do desenvolvimento econômico, social, cultural e científico de uma
nação.
Os produtos advindos deste projeto propõem-se a disponibilizar mecanismos que permitam a
socialização do conhecimento científico e o fortalecimento da Paleontologia nacional, por meio da
divulgação de informações contidas em um acervo bibliográfico alimentado ao longo de décadas por
um ilustre paleontólogo, Dr. Sérgio Mezzalira.
5. AGRADECIMENTOS
Este projeto obteve apoio financeiro do CNPq, Proc. CNPQ 401783/2010-3 e do Instituto
Geológico/SMA. A equipe agradece aos funcionários do Instituto Geológico: Francisco de Assis Negri,
Percy Correa Vieira, Gilberto da Silva Sanches, Ivanete Rosa de Farias Lima, Pedro Carignato Leal e
Viviane Portela.
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6. REFERÊNCIAS
MEZZALIRA, S. 1947. Resumo histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil no período
1939-1946. Revista do Instituto Geográfico e Geológico, 5: 213-220.
MEZZALIRA, S. 1948. Distribuição dos fósseis no Estado de São Paulo. Revista Mineração e
Metalurgia, 13: 249-255.
MEZZALIRA, S. 1950. História das pesquisas paleontológicas no Estado de São Paulo. Revista
Cultus, 2: 13-20.
MEZZALIRA, S., WOHLERS, A. 1952. A bibliografia da geologia, mineralogia, petrografia e
paleontologia do Estado de São Paulo. Boletim do Instituto Geográfico e Geológico, 33: 62p.
MEZZALIRA, S. 1959. Nota preliminar sobre as recentes descobertas paleontológicas no Estado de
São Paulo no período 1958-1959. Notas Prévias DO Instituto Geográfico e Geológico, 2: 1-9
MEZZALIRA, S. 1966. Os fósseis do Estado de São Paulo. Boletim do Instituto Geográfico e
Geológico, 45: 132p,
MEZZALIRA, S. 1969. As pesquisas paleontológicas no Estado de São Paulo no período 1949-1962.
Revista do Centro de Estudos Científicos, 2: 46-50.
MEZZALIRA, S. 1980. A paleontologia no Estado de São Paulo: sua evolução e seus problemas.
Revista do Instituto Geológico, 1: 49-54
MEZZALIRA, S; MARANHÃO, M. S. A. S.; VIEIRA, P. C. 1989. Bibliografia Analítica da
Paleontologia do Estado de São Paulo. Instituto Geológico, São Paulo, Boletim do Instituto
Geológico, 8: 235p,
VIEIRA, P. C.; MEZZALIRA, S.; SOUZA, P. A. de. 1997. Bibliografia Analítica da Paleontologia
do Estado de São Paulo – Parte II – Período 1987 (Parcial). Boletim do Instituto Geológico, 14:
207 p.
VIEIRA, P.C.; MEZZALIRA, S; SOUZA, P.A.; FITTPALDI, F. C.; MARANHÃO, M.S.A.S. 2010.
Bibliografia Analítica da Paleontologia do Estado de São Paulo – Parte III – Período 1997– 2000.
Boletim do Instituto Geológico, 18: 343p,
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DISSEMINAÇÃO DO “ACERVO PALEONTOLÓGICO DR. SÉRGIO MEZZALIRA”, DO
INSTITUTO GEOLÓGICO, POR MEIO DE UMA APLICAÇÃO WEB - SOPHIA ACERVO –
MÓDULO TAXONOMIA
Maria da Saudade A.S. MARANHÃO ROSA (1), Márcia Helena GALINA (1), A. M. SANTOS
(2), Samira PEREZ (1*), Fabiana. F. C. M. MAGALHÃES (1*)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
(2) NData Digitação e Processamento de Dados, São Paulo, SP, Brasil.
(3) Autônoma
Resumo - O Núcleo de Paleontologia e Bioestratigrafia do Instituto Geológico é responsável pela
manutenção, controle e ampliação da coleção paleontológica, por meio de coletas sistemáticas
realizadas nas diversas unidades sedimentares do Estado de São Paulo. No contexto relacionado à
preservação, organização e normatização dos acervos paleontológicos do Estado, vale ressaltar que há
tempos tem se levantado, nas reuniões científicas, a necessidade do estabelecimento de uma política de
divulgação mais abrangente. Diante disso, o objetivo principal desse projeto é a estruturação de um
Sistema Distribuído de Informações Paleontológicas, que contará com a catalogação digital do acervo e
de publicações paleontológicas do Núcleo de Paleontologia e Bioestratigrafia do Instituto
Geológico/SMA. Por meio de materiais específicos e três (3) frentes de trabalho, a saber: frente 1relacionada à tecnologia da informação: aquisição de equipamentos; dispositivos e programas
específicos de computador; levantamento dos requisitos, análise dos dados, modelagem das tabelas e
implantação; frente 2- carga de dados no sistema a partir dos livros tombos; e frente 3- organização do
acervo de fósseis: limpeza, catalogação e disposição lógica para a tomada das imagens; o presente
projeto tem buscado a construção de instrumentos que visam a socialização do conhecimento científico
nessa área, por meio da divulgação de informações contidas no acervo de fósseis do Instituto Geológico
via WEB, o qual contempla amostras de diversas regiões do Brasil e foi se constituindo por mais de um
século.
Palavras-chave – Paleontologia, Acervos Digitais, Disseminação da Informação Científica, Sistemas
Distribuídos de Informação
Keywords – Paleontology, Digital Collections, Dissemination of Scientific Information, Distributed
Information Systems
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O Instituto Geológico, vinculado à Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São
Paulo, desde 1986, é uma instituição de pesquisa originária da “Commissão Geographica e Geológica
da Província de São Paulo”, criada em 1886, destinada a planejar e executar pesquisas para subsidiar a
ocupação do território paulista, representando o esforço mais antigo da pesquisa científica no Estado
de São Paulo.
O material fóssil registrado nas várias unidades estratigráficas do Estado de São Paulo é
geralmente depositado e mantido sob os cuidados das diversas instituições de pesquisa e ensino do
Estado (Universidades, Museus, Institutos etc.). Sob os auspícios do Instituto Geológico, no
atualmente denominado Núcleo de Paleontologia e Bioestratigrafia, encontra-se o “Acervo e
Laboratório Paleontológico Dr. Sergio Mezzalira”, composto por inúmeros exemplares fósseis, acervo
de lâminas e acervo do material de publicações não somente do Estado de São Paulo, como também de
diversas regiões do Brasil. Foi-se constituindo por mais de um século, desde o final do Império.
O referido Núcleo de Paleontologia e Bioestratigrafia do Instituto Geológico é responsável pela
manutenção, controle e ampliação da coleção paleontológica, através de coletas sistemáticas realizadas
nas diversas unidades sedimentares do Estado.
No contexto relacionado à preservação, organização e normatização dos acervos paleontológicos
do Estado, vale ressaltar que, desde a organização da Mesa Redonda “Coleções Paleontológicas do
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Estado de São Paulo”, promovida pelo Instituto Geológico, em colaboração com a Sociedade
Brasileira de Paleontologia do Núcleo São Paulo/Paraná realizada em 27/03/98, tem se levantado a
necessidade do estabelecimento de uma política de divulgação mais abrangente.
Diante disso, o objetivo principal desse projeto é a estruturação de um “Sistema Gerenciador de
Informações Paleontológicas”, que contará com a catalogação digital do acervo e de publicações
paleontológicas do Núcleo de Paleontologia e Bioestratigrafia do Instituto Geológico. Os objetivos
específicos são:
x Catalogação digital das coleções de invertebrados, vertebrados e vegetais fósseis que
constituem o “Acervo Dr. Sérgio Mezzalira”;
x Reprodução fotográfica ou fotomicrográfica de alta resolução de fósseis para inserção no
Banco de Dados juntamente com as tabelas de atributos da catalogação para consulta e
localização dos espécimes-tipo;
x Divulgação dos dados por meio de um Sistema Gerenciador de Informações Distribuído
(WEB), na forma de catálogos eletrônicos, o qual permitirá consultas avançadas, a saber:
o Pesquisa rápida por qualquer campo da catalogação;
o Pesquisa booleana (operadores E e OU);
o Pesquisa por frase exata;
o Pesquisa avançada com combinação de até 5 campos específicos;
o Seleção dos campos para apresentação no resultado da pesquisa;
o Ordenação dos resultados;
o Agrupamento dos resultados para refinamento da pesquisa.
2. RESGATE DO HISTÓRICO DOS DADOS DO PATRIMÔNIO PALEONTOLÓGICO DO
INSTITUTO GEOLÓGICO: A COLEÇÃO DE FÓSSEIS
Instituição originária da Comissão Geográfica e Geológica (CGG), criada em 27 de março de
1886, no governo do Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, o Instituto Geológico possui um
dos mais importantes acervos paleontológicos do Estado de São Paulo.
Criada em 27 de março de 1886 e chefiada por Orville A. Derby, a Comissão Geográfica e
Geológica (CGG) iniciou pesquisas, levantamentos e estudos geológicos na então Província de São
Paulo com os geólogos Luis Felipe Gonzaga e Francisco de Paula Oliveira, ambos formados na
primeira turma da Escola de Minas de Ouro Preto. Mais tarde vieram integrar a mesma os geólogos
Eugênio Hussak, Guilherme Florence e Joviano Pacheco.
Embora a contribuição da Comissão no campo da Paleontologia tivesse sido reduzida, em
comparação com a exuberância dos estudos geológicos realizados, somaram-se a ela os trabalhos
realizados anteriormente, destacadamente por Derby, que deixou a Comissão em 1905, legando ao
Estado a coluna estratigráfica praticamente completa. Derby, paleontólogo por vocação, contou com o
auxílio de pesquisadores internacionais para a descrição dos fósseis por ele coletados e preparados.
Na época da criação da CGG, o documentário paleontológico da então província de São Paulo
era praticamente desconhecido, apesar de haver referências a fósseis paulistas em trabalhos publicados
(DERBY, 1883a,b).
Em 1878, numa excursão com finalidade industrial, Derby estudou as formações do Paraná e
São Paulo, propondo a classificação dos terrenos sedimentares e eruptivos do planalto paulista em
Devoniano, “Carbonífero” (abrangendo os sedimentos hoje distribuídos desde o Carbonífero até o
Triássico Superior) e Triássico (?), observando em São Paulo, as seguintes ocorrências de fósseis:
x Lamelibrânquios em calcários silicosos de Ivaí, similares aos que verificara em São Paulo;
x Conchas fósseis idênticas às da Colônia Tereza (PR) em calcários de Piracicaba (SP),
confirmando, assim, sua suspeita de que as estruturas geológicas das duas províncias eram
semelhantes. Lepidodendron na mesma associação, confirmando a idade carbonífera;
x Répteis idênticos aos encontrados por R. Rathbun nas proximidades de Tietê;
x Madeiras silicificadas associadas com répteis em calcários de Limeira.
Sobre o Stereosternum tumidum (Formação Irati), escreveu DERBY (1889) que da “colecção
particular da Exma. Sra. D. Bemvinda Ribeiro de Andrada é provavelmente a amostra que serviu para
o estudo do primeiro fóssil descripto do território da Província, o Stereosternum tumidum (réptil fóssil
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de Itapetininga), descripto e Figurado pelo professor E.D. Cope, de Philadelphia, no Proceedings of
the American Philosophical Society, de 1885”. Posteriormente, WOODWARD (1897) descreveu um
novo espécime desse réptil.
A primeira referência (indireta) ao acervo data de 1887 quando, no relatório anual apresentado
a Derby, então chefe da CGG, o geólogo Luiz Felipe Gonzaga de Campos relacionou os fósseis por ele
assinalados na região de Rio Claro: “um vertebrado lacertiforme a que Cope chamou de Stereosternum
tumidum, escamas e dentes de peixes, alguns molluscos e crustáceos, diversas espécies vegetaes
pertencentes aos grupos das coníferas, lepidodendrons, fetos, etc” (COPE, 1885). É admissível supor
que tais fósseis tenham sido eventualmente integrados ao acervo. (FITTIPALDI et al., 2007)
Estudando o interior do Estado, Gonzaga de Campos assinalou, em 1888, a ocorrência de
lamelibrânquios marinhos e outros fósseis nas proximidades de Laranjal e Conchas. Alguns desses
moluscos foram tidos como formas possivelmente aliadas a Schizodus e Posidonia (MENDES, 1945).
OLIVEIRA (1889) descreveu restos de répteis em calcários das proximidades de Guareí. Da
mesma região, também mencionou escamas e dentes de répteis e peixes, bem como moluscos,
crustáceos, coníferas e Lepidodendron, julgando-os de idade carbonífera ou talvez permiana.
Também em 1889, Derby relatou em carta dirigida a Waagen, a existência de Dadoxylon e de
hastes e folhas de Lepidodendron. Amostras de vegetais fósseis, da Formação Estrada Nova, coletadas
por ele nas proximidades de Piracicaba e posteriormente descritas por RENAULT (1890) sob o nome
de Lycopodiopsis derbyi. Segundo FLORENCE (1905), “A estrada de ferro Sorocabana, com seus
cortes, offerece-nos excellentes elementos para o reconhecimento das differentes camadas dos estratos
e da sua sucessão. É principalmente o trecho comprehendido entre as estações Laranjal e Conchas e
mais adiante, que mais nos interessa. Sahindo da primeira estação, vemos os grés inferiores, sem
sílex; ao passar o ribeirão de Laranjal, apresentam-se-nos pousando sobre este grés schistos que mais
adiante mostram incluídos os nódulos de sílex. Mas é ainda, além da estação de Conchas, que se
acham os documentos que melhor contribuíram para a definição do terreno; em uma camada de
calcareo silicoso encontram-se ahi Lepidodendrons, Psaronius, dentes e escamas de peixes, etc.”
Por sua vez, no relatório anual de 1906, CARDOSO (1907), chefe da CGG, se refere à
ocorrência, nas vizinhanças do Km 18 da “Linha Paulista (trecho entre Ajapi e Ferraz), de número
avultado de espécimes de dentes de repteis, e amphibios (Labyrinthodon), de peixe e de escamas
ganoides”, além de “fragmentos bastantes bem conservados de Ichthyodorulithos ou piquantes
nageoires de um peixe cartilaginoso”.
No Relatório de Exploração do Rio Grande e de seus afluentes, PACHECO (1913) descreveu
“túneis de vermes” em arenitos da Formação Botucatu, aflorantes em uma pedreira a 3-4 km da cidade
de São Carlos (SP). Descreveu, ainda, dentes de dinossauros e de crocodilo, fragmentos de carapaça de
tartaruga e escamas de Lepidostei, procedentes da região de Barretos. No mesmo relatório, Ihering
(s/data) descreveu concha de bivalve (Pleiodon pricus sp.n.) associada a ossos e escamas de peixes
ganóides, em sedimentos da Bacia Bauru, em Itaimbé. Foi também Pacheco que encontrou a madeira
silicificada fóssil descrita como sendo Tietea singularis por SOLMS-LAUBACH em 1913.
Entre as amostras coletadas pelos integrantes da Comissão Geográfica e Geológica,
pertencentes ao Acervo Paleontológico citam-se as Tabelas 1 e 2. Ao longo dos anos, a coleção foi se
enriquecendo não só em virtude de trabalhos de campo efetuados por geólogos da CGG e
posteriormente das instituições que a sucederam, mas também através de doações institucionais, como
a coleção referente ao Devoniano, cedida pela Divisão de Geologia e Mineralogia do DNPM, e aquela
referente ao Grupo Passa Dois, pelo Conselho Nacional de Petróleo.
Dentre os coletores dos fósseis da coleção contam-se destacadas Figuras da Geologia do Brasil,
tais como: Armando Márcio Coimbra, Avelino Inácio de Oliveira, Elias Dolianiti, Euzébio Paulo de
Oliveira, Fahad Moisés Arid, Orville Adelbert Derby, Luiz Felipe Gonzaga de Camos, Fernando
Flávio Marques de Almeida, José Martin Suarez, Josué Camargo Mendes, Kenitiro Suguio,
Llewellynn Ivor Price, Mathias Gonsalves de Oliveira Roxo, Octávio Barbosa, Paulo Ericksen de
Oliveira, Sérgio Mezzalira, Setembrino Petri, Sylvio Fróes de Abreu, e outros (VIEIRA, 1996;
VIEIRA et al., 1997).
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Tabela 1- Vegetais Fósseis.
NO DA
COLEÇÃO
IG-2 a IG-4
IG-5 a IG-7
CLASSIFICAÇÃO
Protophyllodadoxylon derbyi
E.P. de Oliveira 1936
Tietea singularis Solms-Laubach
1913
IG-8, IG-9 e
IG-95
IG-34 a IG-41
IG-72
Madeiras petrificadas ou
silicificadas
Madeiras petrificadas ou
silicificadas
PROCEDÊNCIA
COLETOR
Casa Branca (SP)
Derby
Piracicaba (SP)
Conchas (SP)
Guareí (SP)
Tatuí (SP)
Piracicaba (SP)
Tietê (SP)
Tiête (SP)
----------Gonzaga de Campos
Hussak (1899)
Tabela 2 - Vertebrados Fósseis.
NO DA
COLEÇÃO
IG-27
IG-28
IG-29 e IG-30
IG-30 e IG-38
IG-43 e IG-44
CLASSIFICAÇÃO
Labyrinthodon (dente)
Smith-Woodward 1897
Escamas de peixe ganóide
Escamas de peixe
Brasilichnium elusivum
Chelonia? Podocnemis?
PROCEDÊNCIA
COLETOR
Conchas (SP)
Derby & Gonzaga de Campos
Conchas (SP)
Tatuí-Rio Feio (SP)
São Carlos (SP)
Colina (SP)
Derby & Gonzaga de Campos
Florence (1907)
Pacheco
Pacheco
A partir de 1946, a coleção começou a ser reorganizada, após o ingresso do Dr. Sérgio
Mezzalira no Instituto Geográfico e Geológico, graças à sua atuação houve ampliação da coleção,
sendo sua contribuição da ordem de cinqüenta por cento, assim distribuída: 504 exemplares para um
total de 1080 invertebrados, 154 para 370 vertebrados, 350 para 539 vegetais e 220 para 442
organismos recentes. (MEZZALIRA, 1947, 1948, 1950, 1952, 1959, 1965, 1969, 1980, 1989, 2006).
Em 1975 com o desmembramento do IGG, a coleção passou a ser vinculada ao Instituto
Geológico (IG). Em março de 2007, a coleção passou a ser denominada “Acervo Paleontológico Dr.
Sérgio Mezzalira”, como justa homenagem a este pesquisador pelas cinco décadas de relevantes
serviços prestados ao Instituto Geológico.
No período 1993-1995, foram incorporados ao acervo 1707 fósseis, recuperados nos trabalhos
de campo, relativos ao projeto “Fósseis das formações Corumbataí e Estrada Nova do Estado de São
Paulo: subsídios ao conhecimento paleontológico e bioestratigráfico”, praticamente duplicando a
coleção original, que atualmente é constituída das seguintes coleções: Coleção Original com 1994
fósseis, cuja criação remota à época da Comissão Geográfica e Geológica (1886-1913); Coleção de
Entrada, implantada em 2001, com 1707 macrofósseis, incluindo 1178 exemplares de invertebrados,
360 amostras com restos de vertebrados e 169 vegetais fósseis; Coleção de Microfósseis, implantada
em 2001, incluindo 373 células de Krantz, contendo milhares de ostracodes, ictiodontes, carófitos,
fragmentos biogênicos, entre outros microfósseis, coleção de organismos recentes, utilizada para
estudos comparativos.
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Tabela 3- Invertebrados Fósseis.
NO DA
COLEÇÃO
IG-119 a IG-121
IG-122
IG-123
IG-124
IG-125
IG-126 a IG-128
IG-129 a IG-133
IG-134
IG-201
IG-202
IG-203 a IG-213
IG-214 a IG-224,
IG-873
IG-225 a IG-230
IG-788 e IG-789
IG-251
IG-254
IG-255
IG-256
CLASSIFICAÇÃO
PROCEDÊNCIA
COLETOR
Nuculites sp
Orbiculoidea sp
Cryptonella (?) sp
Sphenotus(?) sp
Spirifex sp
Australostropha mesembria Clarke
Schelwienella sp
Leptocoelia flabelites Conrad
Jaguariáiva (PR)
Jaguariáiva (PR)
Jaguariáiva (PR)
Jaguariáiva (PR)
Gonzaga de Campos
Gonzaga de Campos
Gonzaga de Campos
Gonzaga de Campos
Jaguariáiva (PR)
Jaguariáiva (PR)
Gonzaga de Campos
Gonzaga de Campos
Jaguariáiva (PR)
Gonzaga de Campos
Liocaris huenei Beurlen 1931
Liocaris augusta
Liocaris sp
Rio Claro (SP)
Rio Claro (SP)
Rio Claro (SP)
Pacheco
Pacheco
Pacheco
Paulocaris pachecoi Clarke 1920
Guareí (SP)
Pacheco
Paulocaris sp
Guareí (SP)
Pacheco
Ferrazia cardinalis Reed 1932
Casterella gratiosa Mendes 1952
Plesiocyprinella carinata Holdhaus
1918
Pinzonella illusa Reed 1932
Rio Claro (SP)
Rio Claro (SP)
Derby, Florence Fern
Derby, Florence Fern
Rio Claro (SP)
Derby, Florence Fern
Derby, Florence Fern
Pacheco
IG-257 a IG-268
Bivalves
IG-259
IG-293 a IG-215
IG-308
Pinzonella sp
Rio Claro (SP)
Rio Claro(SP)
Piracicaba (SP)
Guareí (SP)
Conchas (SP)
Piracicaba (SP)
Rastros de vermes
São Carlos (SP)
Pacheco (1912)
Pacheco (1912)
3. MATERIAIS E METODOLOGIA
Os materiais empregados no trabalho englobaram:
x Acervo físico de fósseis, que conta com aproximadamente 4.000 itens, incluindo junção da
coleção de entrada mais a coleção permanente, está dividido em vertebrados, invertebrados
e vegetais fósseis;
x Livros de tombos do referido acervo;
x Materiais relacionados à tecnologia da informação: máquina servidora de dados; três (3)
microcomputadores clientes para digitação e entrada de dados no sistema; dispositivos
externos para backups; aplicativo específico para gerenciamento de acervos – SophiA
Acervo - módulos de gerenciamento, terminal Internet e módulo taxonomia.
x Equipamentos relacionados à tomada das imagens dos fósseis, tais como máquina
fotográfica profissional, mesa fotográfica com a devida iluminação e materiais acessórios.
A metodologia adotada pode ser agrupada em três frentes:
x
x
Frente 1- Relacionada à tecnologia da informação: aquisição de equipamentos;
dispositivos e programas específicos de computador; levantamento dos requisitos, análise
dos dados, modelagem das tabelas e implantação do sistema;
Frente 2- Carga de dados no sistema a partir dos livros tombos;
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x
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Frente 3- Organização do acervo de fósseis: limpeza, catalogação e disposição lógica
para a tomada das imagens e inserção no banco de dados.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A elaboração das tarefas elencadas na frente 1 se deu em três fases, sendo algumas concomitantes.
Durante todas as fases, a equipe técnica operacional responsável pela implantação do sistema esteve
em contato e interação permanente com os pesquisadores e colaboradores do projeto, a fim de levantar
corretamente os requisitos do sistema, dividir as tarefas, de acordo com as competências e habilidades
de cada participante e treinamento da equipe de curadores e digitadores.
x Fase 1 – Preparação da infraestrutura computacional
A preparação da infraestrutura computacional englobou a toda a parte física – hardware- e lógica software, que contemplou a instalação do servidor, do sistema operacional windowns server2008, do
Sistema de banco de dados (SGBD) MS-SQLServer e do sistema SophiA Biblioteca – nivel
intermediário.
O servidor é um sistema de computação que fornece serviços a uma rede de computadores. Os
computadores que acessam os serviços de um servidor são chamados clientes. As redes que utilizam
servidores são do tipo cliente-servidor, utilizadas em redes de médio e grande porte e em redes onde a
questão da segurança desempenha um papel de grande importância.
.
Quadro1Configuraçãodetalhadadoservidor
ProcessadoresQuadCoreIntelXeonE56202.4Ghz12MCacheTurbo,5.86GT/sQuickPathInterconnect,
TecnologiaTurboHyperThreading(Limitamavelocidadedamemóriaa1066MHz)
24GBdememóriaDDR3RegisteredDIMM,1333MHz(6x4GB)
PlacadegerenciamentoremotoiDRAC6Enterprise
PlacacontroladoraSAS6/IR(suportaRAID0e1enãoutilizaslotPCIE)
2DiscosRígidosde1TB7.2KRPMNearLineSAS6Gbps3.5polegadasHotplug
ConfiguraçãodosdiscosemRAID1
2interfacesderede10/100/1000UTPintegradas
2CabosdeForça,250V,10A,3mdecomprimento,NEMA515P/C13
SoftwaredegerenciamentoDellOpenManage
DocumentaçãoecabosparaR410
PlacadeRededualportBROADCOM57091GBETOE
FonteRedundanteEnergySmart(500W)
UnidadeInternaSATAdeDVDRWde16x
WindowsServer2008SP2EnterpriseX64com10CALsOEM
Quanto ao sistema operacional, trata-se de um conjunto de programas cuja função é gerenciar os
recursos do sistema, além de fornecer uma interface entre o computador e o usuário. Trabalhou-se com
o Windows Server2008 da Microsoft.
O Sistema Gestor de Base de Dados (SGBD), por sua vez também é o conjunto de programas de
computador responsáveis pelo gerenciamento de uma base de dados. O principal objetivo é retirar da
aplicação cliente a responsabilidade de gerenciar o acesso, manipulação e organização dos dados. O
SGBD disponibiliza uma interface para que os seus clientes possam incluir, alterar ou consultar dados.
Em bancos de dados relacionais a interface é constituída pelas APIs ou drivers do SGBD, que
executam comandos na linguagem SQL. Empregamos o software SQLServer da Microsoft.
Por fim, o Sistema SophiA Acervo permite a criação das fichas de catalogação e a consulta aos
dados através de um mecanismo de busca e apresentação de informações, por meio de relatórios, via
web, em PDF, Excel, HTML, dentre outros formatos.
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x Fase 2- Modelagem das fichas
Para a modelagem das fichas, foram realizadas várias reuniões entre a equipe técnica e os
pesquisadores, com a finalidade de levantamento dos requisitos, que é umas das partes mais
importantes do processo da modelagem.
x Fase 3- Treinamento da Equipe.
O treinamento da equipe contemplou três áreas de acesso ao sistema, descritas a seguir:
A) Organização dos dados
9 Catalogação de itens através de fichas específicas para cada material. Cada ficha foi
composta de campos definidos pelo próprio usuário. Exemplo: Vários fósseis, então
criamos uma ficha para inclusão do Projeto, Amostra, Localização, Data da coleta,
descrição, Unidade Estratigráfica, Idade, Identificação, etc
9 Produção e inserção de múltiplas imagens para cada item catalogado, com título e indicador
da imagem preferencial, imagem da determinação.
9 Possibilidade de Inclusão de outras mídias (som, vídeo, html, pdf).
9 Controle de operadores do sistema com login e senha, englobando definição de perfis de
acesso e registro das operações.
9 Etiquetas com código de barras.
9 Relatórios gerenciais: dados completos de itens, relatórios de imagens, relatórios de
doações efetuadas por período, circulações em atraso, log de operações, relação de
operações por período, dentre outros.
B) Modos de Recuperação dos dados:
9 Pesquisa rápida por qualquer campo da catalogação, pesquisa booleana (operadores E e
OU), pesquisa por frase exata, pesquisa avançada com combinação de até 5 campos
específicos.
9 Apresentação de imagens como resultado das pesquisas.
9 Seleção dos campos para apresentação no resultado da pesquisa.
9 Ordenação dos resultados.
9 Agrupamento dos resultados para refinamento da pesquisa.
9 Estatísticas do acervo, indicando o total de itens catalogados por tipo de material.
C) Modo de Disseminação dos dados
9 Emissão de relatórios gerais com 0, 1, 2, 4 ou 16 imagens por página. Cada conFiguração
permite a inclusão de campos do item definidos pelo usuário.
9 Emissão de listagens (um item por linha) com seleção de campos e forma de ordenação.
9 Emissão de catálogos em formato PDF, com campos selecionados pelo usuário.
9 Emissão de catálogos via HTML (páginas Web estáticas), que poderão ser publicadas em
um site informativo.
9 Geração de páginas de rosto conFiguradas pelo usuário para ambos os catálogos.
9 Exportação de dados para Word, Excel, arquivos textos e HTML.
Desta frente, restam apenas os testes internet para disponibilização definitiva do sistema para o
público, o que será feito após os dados passarem por controle de qualidade e após a inserção das
imagens dos fósseis.
As atividades da frente 2, que correspondeu à carga de dados no sistema a partir dos livros
tombos já foi elaborada, restando apenas a inclusão de especimes coletados recentemente no campo.
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Figura 1- Ilustração do Sistema SophiA Acervo – inclusão de itens
Figura 2- Ilustração do Sistema SophiA Acervo – detalhe de itens
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No caso da frente 3, já houve a limpeza de todos os itens do acervo, assim como uma
recatalogação por conta de numeração coincidente; desta frente resta apenas a disposição lógica para a
tomada das imagens e inclusão no sistema.
Figura 3- Processo de Limpeza e Organização do Acervo
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os produtos advindos deste projeto propõem-se a colaborar para a construção de instrumentos
que visam a socialização do conhecimento científico na área da Paleontologia, por meio da divulgação
de informações contidas no acervo de fósseis do Instituto Geológico, via WEB, o qual contempla
amostras de diversas regiões do Brasil e foi se constituindo por mais de um século.
O desprezo pela memória incorporada nas instituições públicas contribui para o esquecimento
do cotidiano vivido por inúmeras pessoas, pesquisadores, alunos, diretores, funcionários
administrativos, bibliotecários, entre outros. Nesse contexto, os acervos digitais significam muito
mais do que transferir para o computador informações analógicas, trata-se de um processo de
valorização da memória de pessoas que participaram do processo de construção e afirmação deste
Instituto de Pesquisas na área de Geociências.
Enfim, são tentativas no sentido de buscar não somente a sobrevivência física e material desse
patrimônio histórico, cultural e científico, mas também permitir sua ampla e irrestrita divulgação.
5. AGRADECIMENTOS
Este projeto obteve apoio financeiro do CNPq, Proc. CNPQ 401783/2010-3 e do Instituto
Geológico (IG/SMA-SP). Os autores agradecem aos funcionários do Instituto Geológico: Francisco de
Assis Negri, Percy Corrêa Vieira, Gilberto da Silva Sanches, Pedro Carignato Leal e Viviane Portela.
6. REFERÊNCIAS
CARDOSO, J. P. 1907. Relatório da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo para
o ano de 1906. São Paulo, 29p,
COPE, E. D. A. 1885. Contribution to the vertebrate paleontology of Brazil. Paleontological
Bulletin, 40: 1-21,
DERBY, O. A. 1884. Fósseis de São Paulo. Revista de Engenharia, 6: 233-234,
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DERBY, O. A. 1883a Terrenos Carboníferos das províncias de São Paulo e Paraná. Revista de
Engenharia, p.228-229,
DERBY, O. A. 1883b Plantas fósseis do Brasil. Revista de Engenharia, p.348,
DERBY, O. A. 1889. Retrospecto histórico dos trabalhos geographicos e geológicos effectuados na
Província de S. Paulo. Boletim da Commissão Geographica e Geológica, 1: 26p.,
FITTPALDI, F. C.; MARANHÃO, M. S. A. S., SALLUN FILHO, W. 2007. O acervo Paleontológico
do Instituto Geológico (SMA/SP). In: Paleontologia: Cenários de Vida. Rio de Janeiro: Editora
Interciência, v.2, p. 129-138.
FLORENCE, G. 1905. Notas geológicas sobre o rio Tietê em o trecho estudado pela turma de
exploração do referido rio em 1905. Exploração do rio Tietê. Relatório da Commissão
Geographica e Geológica, p. 9-15,
IHERING, H. V. (s/data) Pleidon priscus sp. n. Contribuição do Dr. Hermann Von Ihering.
In:Exploração do Rio Grande e seus affuentes. Relatório da Commissão Geographica e
Geológica.
MENDES, J. C. 1945. Esboço histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil. Boletim FFCL-USP,
Geologia 2: 141-161.
MEZZALIRA, S. 1947. Resumo histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil no período
1939-1946. Revista do Instituto Geográfico e Geológico, 5: 213-220.
MEZZALIRA, S. 1948. Distribuição dos fósseis no Estado de São Paulo. Revista Mineração e
Metalurgia, 13: 249-255.
MEZZALIRA, S. 1950. História das pesquisas paleontológicas no Estado de São Paulo. Revista
Cultus, 2: 13-20.
MEZZALIRA, S., WOHLERS, A. 1952. A bibliografia da geologia, mineralogia, petrografia e
paleontologia do Estado de São Paulo. Boletim do Instituto Geográfico e Geológico, 33: 62p.
MEZZALIRA, S. 1959. Nota preliminar sobre as recentes descobertas paleontológicas no Estado de
São Paulo no período 1958-1959. Notas Prévias DO Instituto Geográfico e Geológico, 2: 1-9
MEZZALIRA, S. 1966. Os fósseis do Estado de São Paulo. Boletim do Instituto Geográfico e
Geológico, 45: 132p,
MEZZALIRA, S. 1969. As pesquisas paleontológicas no Estado de São Paulo no período 1949-1962.
Revista do Centro de Estudos Científicos, 2: 46-50.
MEZZALIRA, S. 1980. A paleontologia no Estado de São Paulo: sua evolução e seus problemas.
Revista do Instituto Geológico, 1: 49-54
MEZZALIRA, S; MARANHÃO, M. S. A. S.; VIEIRA, P. C. 1989. Bibliografia Analítica da
Paleontologia do Estado de São Paulo. Instituto Geológico, São Paulo, Boletim do Instituto
Geológico, 8: 235p,
OVILEIRA, F. de P. 1889. Reconhecimento geológico do vale do rio Paranapanema. Boletim da
Comissão Geográfica e Geológica, 2: 3-31.
PACHECO, J. A. d’A. 1913. Notas sobre a geologia do Valle do rio Grande a partir da foz do rio Pardo
até a sua confluência com o rio Paranahiba. Relatório da Commissão Geographica e Geológica, p.
33-38,
RENAULT, B. 1890. Notice sur une Lycopodiacee arborescente Du terrain houiller Du Brésil
(Lycopodiopsis derbyi). Bulletin de La Societè d’ Histoire Naturelle, 3: 109-124.
VIEIRA, P. C. 1996Histórico da coleção de fósseis do Instituto Geológico. Revista do Instituto
Geológico, 17(1/2): 79-80,
VIEIRA, P. C.; MEZZALIRA, S.; SOUZA, P. A. de. 1997. Bibliografia Analítica da Paleontologia do
Estado de São Paulo – Parte II – Período 1987 (Parcial). Boletim do Instituto Geológico, 14: 207
p.
VIEIRA, P.C.; MEZZALIRA, S; SOUZA, P.A.; FITTPALDI, F. C.; MARANHÃO, M.S.A.S. 2010.
Bibliografia Analítica da Paleontologia do Estado de São Paulo – Parte III – Período 1997– 2000.
Boletim do Instituto Geológico, 18: 343p.
WOOWARD, A.S. 1897. On a new specimen of the Mesosaurian reptile Stereosternum tumidum from
S. Paulo, Brazil. Geological Magazine, 4: 145-147.
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ESTIMATIVA DA EXPANSÃO AGRÍCOLA NO CERRADO: UMA APLICAÇÃO DE
SENSORIAMENTO REMOTO
Vagner Azarias MARTINS (1), Marisa Zeferino BARBOSA (1)
(1) Instituto de Economia Agrícola, Secretaria de Agricultura e Abastecimento (IEA/SAA-SP), São
Paulo, SP, Brasil; [email protected], [email protected],
A produção de grãos avança no bioma cerrado e mesmo sobre a floresta amazônica desde a
década de 1980, configurando a região como fronteira agrícola do Brasil. Mais recentemente, a
expansão desenfreada traz à discussão questões ambientais e, por outro lado, os ganhos
econômicos proporcionados pela atividade agrícola. O emprego de técnicas de sensoriamento remoto
para monitoramento desse processo na Amazônia Legal é realizado pelo Programa de Cálculo do
Desflorestamento da Amazônia (PRODES) (CÂMARA et al., 2006) e pelo sistema de Detecção de
Desmatamento em Tempo Real (DETER) (VALERIANO et al., 2007).
Este manuscrito compara diferenças na cobertura do solo no município de Lucas do Rio
Verde-MT, entre os anos de 1986, 1997 e 2007 com o intuito de avaliar o desflorestamento e o avanço
da agricultura. O método empregado consiste na identificação do uso do solo através do classificador
automático não supervisionado ISOSEG e da análise temporal de imagens de média resolução do
satélite Landsat TM-5. No subperíodo 1986-1997 houve redução de 31,9% da vegetação natural,
enquanto a área agrícola cresceu 132,7%. Já, entre 1997 e 2007 a vegetação natural sofreu retração de
9,4% e a área destinada a agricultura teve um incremento de 7,5%. Entre os extremos do período a
perda de vegetação natural alcançou 38,3%, ao passo que a agricultura apresentou expansão de
150,1%. No primeiro subperíodo a perda de vegetação natural foi mais acentuada, simultaneamente ao
avanço mais significativo da área agrícola.
Esse comportamento se justifica pela fase mais intensa da ocupação agrícola das áreas do
cerrado nos anos oitenta, estimulada por políticas públicas de fomento regional, aliadas às condições
topográficas e climáticas favoráveis à agricultura de larga escala. Mais recentemente, a perda de
cobertura vegetal ocorre a taxas mais modestas, mas ainda assim é bastante expressiva. A riqueza
gerada com a atividade agrícola é notória, haja vista que o município ocupa a segunda colocação entre
os maiores produtores de grãos do país. Quanto aos efeitos ambientais trazidos pela introdução
agricultura nesse bioma, ainda são incertos sob a perspectiva ambiental.
Palavras-chave – fronteira agrícola, vegetação natural, sensoriamento remoto
Keywords – agricultural frontier, natural vegetation, remote sensing
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CÂMARA, G.; VALERIANO, D. M.; SOARES, J. N. 2006. Metodologia para o cálculo da taxa anual
de desmatamento na Amazônia Legal. INPE: São José dos Campos. Disponível em:
<http://www.obt.inpe/prodes>. Acesso em: outubro, 2007.
VALERIANO, D. M. et al. 2005. Detecção de áreas desflorestadas em tempo real: conceitos básicos,
desenvolvimento e aplicação do projeto DETER. INPE: São José dos Campos. Disponível em:
<http://www.obt.inpe.br/deter/metodologia.pdf>. Acesso em: outubro, 2007.
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IMPACTO AMBIENTAL EM COSTÕES ROCHOSOS, CAUSADOS PELA EXPANSÃO
URBANA EM UBATUBA, SP: ESTUDO DE CASO DA PRAIA DO PEREQUÊ-MIRIM
Renata Rodrigues MELO (1),, Wagner F. VILANO (1,2), Célia Regina de Gouveia SOUZA (2,3)
(1) Campus Experimental do Litoral Paulista, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” (UNESP), São Vicente, SP, Brasil; luana [email protected]
(2) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil; [email protected]
(3) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (IG/SMA-SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected], [email protected]
A intensa ocupação das áreas costeiras se tornou uma tendência mundial. O desenvolvimento
destas áreas é direcionado por suas atividades econômicas, dentre as quais se destaca o turismo, assim
como no caso do município de Ubatuba. O desenvolvimento econômico deste município e os padrões
de sua urbanização são reflexos do crescimento da atividade turística (SCIFONI, 2005), em uma
região altamente rica, com exuberante porção de Mata Atlântica e abundantes costões rochosos
(COUTINHO, 2002). Somente na última década o município sofreu um crescimento populacional de
18% (IBGE, 2010), decorrente do aumento tanto da população residente, quanto da flutuante (turistas
em sua maioria). Esse aumento ameaça a importante riqueza natural por meio de diversas pressões e
impactos ao meio ambiente, dentre eles a supressão de vegetação em muitos dos morros que ancoram
as praias da região e a intensa ocupação antrópica na base dos mesmos, onde se encontram os costões
rochosos.
Essas intervenções, por sua vez, modificam as condições de estabilidade desses morros,
aumentam a probabilidade de riscos naturais e a possibilidade de conflitos institucionais (TOMINAGA,
2007). Por outro lado, os costões rochosos possuem características singulares, pelo fato de estarem
situados em zonas de transição entre os ambientes terrestre e marinho, abrigando grande número de
espécies de grande importância ecológica e ambiental (NYBAKKEN, 1997). Além disso, pelo fato dos
costões rochosos não possuírem leis específicas de proteção, e também pela ineficácia na
aplicabilidade das normas e leis municipais, o processo de degradação desses ambientes se acelera a
cada ano.
Neste sentido, a identificação dos impactos antrópicos nesses ambientes, que podem
influenciar na dinâmica, sobrevivência e organização das espécies que ali habitam, bem como das suas
possíveis consequências, é de grande importância para futuros projetos de recuperação ambiental e até
de urbanização. A área de estudo se localiza na extremidade SE da Praia do Perequê-Mirim (sul de
Ubatuba). Os impactos observados no local estão associados à contaminação da água e dos costões por
despejo de efluentes domésticos e vazamento de óleo de embarcações, ao pisoteio humano e
destruição dos organismos que habitam os costões, e à descaracterização física e biótica dos costões
devido à construção de obras (residências e estruturas de apoio náutico/lazer).
Palavras chave - Costão rochoso, impacto antrópico, Ubatuba
Keywords – Rocky shore, human impact, urban expansion
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COUTINHO, R. 2002. Grupo de Ecossistemas: Costões Rochosos. Programa Nacional da
Biodiversidade (PRONABIO) - Subprojeto avaliação e ações prioritárias para a zona costeira
marinha, p. 4-92.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Censo Demográfico. Brasília.
NYBAKKEN, J. W. 1997. Marine Biology: an ecological approach. Califórnia: Addison Wesley,
Longman, 481p.
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SCIFONI, S. 2005. Urbanização e Proteção Ambiental no Litoral do Estado de São Paulo. In: X
Encontro de Geógrafos da América Latina. São Paulo: Universidade de São Paulo. Anais,
p.13926-13941.
TOMINAGA, L.K. 2007. Avaliação de Metodologias de Análise de Risco a Escorregamentos:
Aplicação de um Ensaio em Ubatuba, SP. Tese de Doutoramento, Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciencias Humanas da Universidade de Sâo Paulo, São Paulo, SP. 225p.
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MANUAL DE CAMPO PARA PESQUISA GEOQUÍMICA, ESTADO DE SÃO PAULO –
BRASIL
Tarley Ribeiro MONTANDON (1,2**), Bruna Catarino XAVIER (1,2*), Cristiane Labre de
França e Andrade ROBERTO (1,2**), Alethea Ernandes Martins SALLUN (2***), David B.
SMITH (3), William SALLUN FILHO (2***), Alessandro CESARINO (4)
(1) Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil; [email protected],
[email protected], [email protected]; *Bolsista PIBIC-CNPq; **Bolsista
FUNDAP-IG
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo,
SP, Brasil; [email protected]; [email protected]; ***Bolsista Prod. Pesq. CNPq;
(3) U.S. Geological Survey, Denver Federal Center, Denver, CO, USA; [email protected]
(4) CETESB, Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo, SP,
Brasil; [email protected]
A primeira fase do Projeto 259 - “International Geochemical Mapping” (1988-1992) do
IGCP-UNESCO (International Geological Correlation Programme) foi concluído com a publicação do
Report 19 da UNESCO (DARNLEY et al., 1995 - “The Blue Book”). Neste relatório, foram
detalhados dos requisitos necessários para o estabelecimento de um banco de dados geoquímicos
globais através de amostragem de baixa densidade em função da Global Reference Network (GRN),
que cobre a superfície terrestre do planeta com cerca de 5.000 células em uma grade 160 x 160 km.
Foram estabelecidos os requisitos básicos para estabelecimento de um banco de dados geoquímicos:
amostra representativa disponível, coletada de forma padronizada; continuidade de dados através de
diferentes tipos de paisagem; quantidades adequadas de amostras para futura referência e investigação
científica; dados analíticos de todos os elementos significativos economicamente e para o meio
ambiente; menor limite de detecção possível para todos os elementos; rigoroso controle de qualidade
em todas as fases do processo.
De 1993 a 1997 o projeto continuou como Projeto 360 “Global Geochemical Baselines”, e
padrões foram determinados: locais de amostragem selecionados de forma estatística, métodos
normalizados para amostragem geoquímica, preparação de amostras e gestão de dados para ser
utilizado na condução da geoquímica em escala global, com a concordância dos representantes de mais
de 100 países que se preparam durante esta fase do projeto. Métodos mais detalhados de amostragem
em terrenos temperados semi-áridos e glaciais foram publicados em um manual de campo
(SALMINEN et al., 1998). Com a conclusão dos projetos 259 e 360 do IGCP, a International Union of
Geological Sciences - IUGS criou o Grupo de Trabalho “Global Geochemical Baselines” com o
objetivo de incentivar a aplicação de protocolos estabelecidos para amostragem, preparação de
amostras, análise e gerenciamento de banco de dados geoquímicos, para documentar a concentração e
distribuição de elementos e espécies químicas no ambiente terrestre perto da superfície (REEDER,
2007).
Neste projeto foi realizada uma análise da metodologia disponível para levantamentos
geoquímicos e elaboração de um manual adaptado para a necessidade e realidade brasileira,
principalmente quanto aos tipos de materiais geológicos existentes no Estado de São Paulo, e a
combinação com a metodologia utilizada para estudos ambientais (CETESB e USEPA). Com a
publicação e disponibilização online gratuita deste manual em 2012, espera-se estabelecer um padrão
único para coleta, armazenamento e análise geoquímica de materiais geológicos, que possibilite no
futuro compor de forma adequada o diagnóstico da qualidade ambiental natural do Estado de São
Paulo. Este projeto tem apoio financeiro da FAPESP (2010/10792-3), do Instituto Geológico e do
CNPq, Brasil.
Palavras-chave – levantamento geoquímico, meio ambiente, São Paulo, Brasil
Keywords – survey geochemical, environment, São Paulo, Brazil
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DARNLEY, A.G., BJÖRKLUND, A., B¢LVIKEN, B., GUSTAVSSON, N., KOVAL, P.V., PLANT, J.
A., STEENFELT, A., TAUCHID, M., XUEJING, X., GARRETT, R.G., HALL G.E.M. 1995. A
global geochemical database for environmental and resource management: Final report of IGCP
Project 259.Earth Sciences, 19, UNESCO Publishing, Paris, 122p.
SALMINEN, R., TARVAINEN, T., DEMETRIADES, A., DURIS, M., FORDYCE, F.M.,
GREGORAUSKIENE, V., KAHELIN, H., KIVISILLA, J., KLAVER, G., KLEIN, H., LARSON,
J. O., LIS, J., LOCUTURA, J., MARSINA, K., MJARTANOVA, H., MOUVET, C., O’CONNOR,
P., ODOR, L., OTTONELLO, G., PAUKOLA, T., PLANT, J.A., REIMANN, C., SCHERMANN,
O., SIEWERS, U., STEENFELT, A., VAN DER SLUYS, J., DE VIVO, B., WILLIAMS, L. 1998.
FOREGS Geochemical mapping field manual. Geological Survey of Finland. Guide Number 47,
Espoo, 42 p. (www.gtk.fi/foregs/geochem/fieldman.pdf).
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MAPEAMENTO DE RISCO ASSOCIADO A ESCORREGAMENTOS EM ESCALA DE
DETALHE NO MUNICÍPIO DE GUARATINGUETÁ-SP
Erika Silva PIMENTEL (1,2*)
(1) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil.
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (IG/SMA-SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
No Estado de São Paulo, o mapeamento de risco associado a escorregamentos em encostas
urbanas vem sendo realizado desde 1990, através das iniciativas de órgãos públicos e com a
participação de diversas instituições. Os mapeamentos de risco, em escalas mais detalhadas e no
formato adotado no presente trabalho, tem desenvolvimento mais sistemático a partir da década de
2000. Os principais procedimentos e técnicas utilizados para mapeamento de risco de detalhe incluem
como técnicas principais a realização de vistorias sistemáticas de campo, investigações
geológico-geotécnicas de superfície, utilização de fichas descritivas para armazenar as informações
coletadas e a delimitação de setores de risco em imagens aéreas recentes em escala de detalhe.
Os procedimentos e as técnicas adotados nos trabalhos de campo têm como objetivo
identificar os condicionantes naturais e antrópicos induzidos dos processos de escorregamentos e
reconhecer os indícios do desenvolvimento destes processos por meio da observação e identificação
em campo das feições e evidências de instabilidade, tais como: degraus de abatimento, trincas em
paredes e no piso das moradias; trincas em muro e no terreno; muros e paredes “embarrigados”; cercas,
postes e árvores inclinados.
A delimitação dos setores de risco é realizada com base na interpretação das informações
obtidas em campo, a partir das quais os profissionais responsáveis pelo mapeamento de risco, atribuem,
para cada setor, um grau de probabilidade de ocorrência do processo de escorregamento, considerando
o período de um ano. As classes de risco utilizadas são: Muito Alto (R4), Alto (R3), Médio (R2) e
Baixo Risco (R1).
A representação dos setores de risco é realizada em imagens georreferenciadas, fotografias
aéreas ou fotografias oblíquas, definindo para cada setor o respectivo grau de risco e identificando-os
por meio de um código que especifica a área, o setor e o grau de risco de cada área.
Este trabalho, apresenta os resultados obtidos no mapeamento de risco de Guaratinguetá em
escala de detalhe (1:3.000) envolvendo a análise de processos de escorregamentos conforme o método
apresentado.
Os resultados indicaram a existência de 10 áreas-alvo com 20 setores de risco e 576 moradias
com probabilidade de serem atingidas por escorregamentos. Dos 20 setores, 1 setor apresentou risco
baixo com 22 moradias; 5 setores apresentaram risco médio com 102 moradias; 8 setores apresentaram
risco alto com 128 moradias e 6 setores apresentaram risco muito alto com 324 moradias.
Após a definição e análise dos setores de risco, foram feitas proposições de medidas não
estruturais para cada setor, tais como os planos de prevenção e de contingência e de medidas
estruturais como, por exemplo, obras de contenção de taludes.Dessa forma, o mapeamento de risco
representa um instrumento valioso para o estabelecimento de uma gestão de risco para o município.
Palavras-chave – Escorregamentos, Mapeamento de risco
Keywords – Landslides, hazard mapping
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BROLLO, M. J. et. al. Mapeamento de riscos associados a escorregamentos, inundações, erosão e
solapamento, colapso e subsidência no município de Guaratinguetá. No prelo. Instituto Geológico,
São Paulo.
CERRI, L. E. S.; NOGUEIRA, F. R.; CARVALHO, C. S.; MACEDO E. S.; AUGUSTO FILHO, O.
2007. Mapeamento de Risco em assentamentos precários no município de São Paulo (SP).
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Geociências, 26(2): 143-150.
FARIA, D. G. M. 2011. Mapeamento de perigo de escorregamentos em áreas urbanas precárias
brasileiras com a incorporação do Processo de Análise Hierárquica (AHP). Tese de Doutoramento,
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 194p.
TOMINAGA, L. K.; SANTORO, J.; AMARAL, R.. 2009. Desastres naturais: conhecer para prevenir. São Paulo:
Instituto Geológico, 196p.
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ESTUDO DA CAPACIDADE DE CARGA TURÍSTICA NA FURNA DO BURACO DO PADRE,
PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS GERAIS - PARANÁ: DETERMINAÇÕES
PRELIMINARES
Henrique Simão PONTES (1), Laís Luana MASSUQUETO (1,2), Jasmine Cardozo MOREIRA
(1,2), Tiago Augusto BARBOSA (1,2), Daniella Franzóia MOSS (1,2),
Heder Leandro ROCHA (1,2)
(1) Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (GUPE), Ponta Grossa, PR, Brasil
(2) Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Ponta Grossa, PR, Brasil;
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]
A Furna do Buraco do Padre, situada a cerca de 24 km a leste-sudeste do centro de Ponta
Grossa (PR), devido às suas feições e processos geológicos, é um dos mais importantes geossítios da
região e um dos locais mais visitados do Parque Nacional dos Campos Gerais. Atualmente, não há
controle da atividades turística na área o que vem ocasionando diversos impactos ambientais negativos,
abandono de resíduos, erosão das trilhas e perturbação da fauna e degradação da flora e sociais,
relacionados principalmente com a segurança dos visitantes, devido a existência de locais de risco e
pontos com estrutura rochosa instável (PONTES et al., 2010).
Este trabalho tem como objetivo desenvolver uma metodologia para determinar a capacidade
de carga turística, adaptada às características dos geossítios regionais. Esta proposta auxiliará no Plano
de Ação Emergencial (PAE) para a estruturação do turismo em áreas naturais do Parque Nacional dos
Campos Gerais. Uma das principais características da região que deve ser ressaltada nos estudos de
capacidade de carga turística é a presença de cavidades subterrâneas, desenvolvidas em rochas areníticas
da Formação Furnas, como por exemplo, a Furna do Buraco do Padre.
Estes ambientes apresentam diversos processos ativos e dinâmicos, sendo considerados
sistemas que possuem interações complexas, por isso, é necessário uma adaptação das metodologias
utilizadas para estabelecer capacidade de carga, com o intuito de enquadrar as características locais,
diminuindo assim, possíveis erros e generalizações. O estudo está em fase de elaboração e baseia-se nas
propostas de ARIAS et al. (1999), no controle dos parâmetros ambientais e no coeficiente de
rotatividade (LOBO et al., 2009). O coeficiente de rotatividade é utilizado neste estudo pois propõem o
parcelamento do solo na área do sítio, resultando em um zoneamento ambiental, necessário para
identificar áreas mais frágeis e suscetíveis a processos diversos.
Com o controle dos parâmetros ambientais é possível analisar fatores como meio biótico e
microclima. Os cálculos finais serão realizados baseando-se na proposta de ARIAS et al. (1999) e terão
dez fatores de correção, baseando-se no estudo dos diversos elementos que compõem a paisagem local,
afim de buscar resultados que contemplem as singularidades do ambiente em questão.
Palavras-chave – Capacidade de Carga,Buraco do Padre, Cavidade Subterrânea, Campos Gerais
Keywords – Carrying Capacity, Buraco do Padre, Undergroud Cavitys, Campos Gerais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARIAS, M.C.; MESQUITA,C.A.B. et al. 1999. Capacidad de Carga Turística de las Áreas de Uso
Público Del Monumento Nacional Guayabo, Costa Rica. WWF Centroamérica, 75 p.
LOBO, H. A. S.; PERINOTTO, J. A. J.; BOGGIANI, P. C. 2009. Capacidade de Carga turística em
cavernas: estado da arte e novas perspectivas. Espeleo-Tema, 20(1/2): 37-47.
PONTES, H. S.; ROCHA, H. L.; MASSUQUETO, L. L.; MELO, M. S.; GUIMARÃES, G. B.; LOPES,
M. C. 2010. Mudanças recentes na circulação subterrânea do Rio Quebra-Pedra (Furna do Buraco
do Padre, Ponta Grossa, Paraná). Espeleo-Tema, 21(1): 7-16.
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SISTEMA DE INFORMAÇÕES PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE
MINERÁRIA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SOROCABA
Sonia A. A. NOGUEIRA (1), Antonio C. M. GUEDES (1), Hélio SHIMADA (1),
Márcia M. N. PRESSINOTTI (1)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (IG/SMA-SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]
Projeto executado em parceria entre o Instituto Geológico e a Companhia Ambiental de São
Paulo/CETESB, objetivou a estruturação e implantação de um Sistema de Informações
Georreferenciadas da atividade minerária na Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba/BHRS, para as
Agências Ambientais de Sorocaba, Itu e Botucatu, visando o gerenciamento integrado das ações de
licenciamento, fiscalização e monitoramento ambiental.
A BRHS pertence a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos dos Rios Sorocaba e
Médio Tietê/UGRHI 10, envolvendo total ou parcialmente 29 municípios. A mineração aí desenvolvida
se caracteriza, a exemplo do restante do Estado, pela extração de bens minerais não metálicos,
principalmente areia e brita para construção civil, argila para fins cerâmicos e rochas carbonáticas para a
indústria cimenteira e agricultura.
O fator determinante na criação do SIG foi a ausência de referência espacial dos
empreendimentos minerários nos procedimentos do licenciamento ambiental. Esta situação dificulta
uma análise regional para identificação de conflitos de uso e degradação ambiental segundo critérios de
adensamento, proximidade com áreas urbanas, comprometimento dos recursos hídricos, etc.
Assim sendo, foi fundamental a estruturação e implantação de um SIG, denominado
SOROMIN, constituído por bancos de dados georreferenciados com informações tabulares (mapas e
informações alfanuméricas) e seus relacionamentos. A base de dados é constituída pelo cadastro dos
empreendimentos minerários da CETESB e do Sistema Georreferenciado da Mineração/SIGMINE do
Departamento Nacional de Produção Mineral/DNPM, integradas a diferentes bases gráficas
digitais/cartas temáticas produzidas (Topografia, Geologia, Uso do Solo, Unidades de Conservação,
Vegetação Natural e Áreas Reflorestadas, etc). O sistema funciona em um ambiente cliente-servidor,
que permite entrada de dados, acesso, análise e consulta pelos técnicos envolvidos com as atividades de
licenciamento. Dentre suas várias funcionalidades citam-se: consulta aos empreendimentos do banco de
dados, consulta espacial a componentes das cartas temáticas, exportação de relatórios e geração de
layout gráfico para impressão.
Em fase de implantação nas Agências Ambientais citadas, o seu uso deverá contribuir com o
monitoramento e fiscalização da mineração por meio de sua visualização, com a aplicação de
instrumentos de consulta e análise temática, além de proporcionar maior agilidade à rotina do processo
de licenciamento ambiental.
Projeto financiado pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos – FEHIDRO (SP).
Palavras-chave – Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba, SIG, Mineração, Licenciamento Ambiental
Keywords – Sorocaba River Watershed, GIS, Mining, Environmental Licensing
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PROJETO PARAÍBA DO SUL: POTENCIALIDADE DE AREIA – FASE II
Sonia A. A. NOGUEIRA (1), Antonio L. TEIXEIRA (1), Tarcísio J. MONTANHEIRO (1),
Hélio SHIMADA (1), Francisco A. NEGRI (1)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (IG/SMA-SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]
O Vale do Paraíba exibe uma atividade minerária caracterizada pelo aproveitamento de bens
minerais de emprego imediato na construção civil, onde a areia é o recurso mais explorado. Representa,
desde 1970, o principal polo abastecedor da região metropolitana de São Paulo. Essa atividade responde,
também, por alterações ambientais na planície aluvial do Rio Paraíba, comprometendo o seu uso futuro
e provocando conflitos com a agricultura e a urbanização e industrialização crescentes. Em decorrência
desse cenário, entre 1996 e 1999 foi elaborada, discutida e aprovada a proposta do zoneamento
ambiental de áreas com atividade de extração de areia entre Jacareí - Pindamonhangaba, cujos
resultados refletem-se na Resolução SMA 28/99.
O Instituto Geológico/IG, à época, atendendo a Secretaria do Meio Ambiente/SMA executou o
Projeto Paraíba do Sul: Potencialidade de Areia – Fase I, subtrecho Jacareí – Pindamonhangaba
(MONTANHEIRO et al., 1997), que definiu a faixa de potencialidade mineral de areia, a qual se
constituiu no elemento principal para o estabelecimento do referido zoneamento.
Decorridos 15 anos, diante de nova solicitação da SMA contida na Resolução SMA 16/2011,
que estabelece a necessidade da revisão do zoneamento ambiental acima citado, o IG vem
desenvolvendo o Projeto Paraíba do Sul: Potencialidade de Areia – Fase II, subtrecho Roseira – Queluz.
Executado pelos Núcleos de Recursos Minerais e de Geologia Geral do IG, o projeto
representa a continuidade dos trabalhos da Fase I, e deverá abordar, igualmente, aspectos da hidrografia,
geomorfologia e geologia da planície aluvionar holocênica do Rio Paraíba do Sul no trecho considerado.
Baseado, principalmente, na fotointerpretação geológica e trabalhos de campo, os estudos permitirão a
recuperação da morfologia dos canais abandonados e a reconstituição dos cinturões meândricos
construídos ao longo do tempo, pertencentes ao Sistema Fluvial Meandrante Holocênico. A atividade
minerária concentra-se nestes cinturões por estarem aí localizadas as construções arenosas do canal
fluvial, que constituem o critério determinante na delimitação da zona potencial de areia.
Assim sendo, o projeto representará uma contribuição fundamental ao processo de construção
de políticas públicas de ordenamento territorial, que integram o planejamento e gerenciamento dos
recursos naturais e usos da terra, respeitando os aspectos socioeconômicos e ambientais.
Palavras-chave – Vale do Paraíba. Potencialidade de Areia. Ordenamento Territorial.
Keywords – Paraíba Valley. Sand Potencial. Land Management.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MONTANHEIRO, T. J.; TEIXEIRA, A. L.; NOGUEIRA, S. A. A.; NEGRI, F. A.; AMARANTE, A.;
SHIMADA, H.; AZEVEDO SOBRINHO, J. M. 1997. Projeto Paraíba do Sul: Potencialidade de
Areia. In: Teixeira, A. L.; Montanheiro, T. J.; Nogueira, S. A. A. (eds). Edição Digital 2009.
http://www.igeologico.sp.gov.br/ps_down_outros.asp
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IMAGEAMENTO ELÉTRICO E AMOSTRAGEM MULTI-NÍVEL DE UM ATERRO DE
RESÍDUOS
Guilherme C. NOVAES (1), E. L. ABREU (1), S. S. VASCONCELOS (1), C. A. MENDONÇA
(1)
(1) Departamento de Geofísica, IAG-USP, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]
O método da eletrorresistividade (EL) baseia-se em medidas de resistividade elétrica
realizadas por eletrodos na superfície do solo. A interpretação quantitativa desses dados, por
algoritmos de inversão, fornece uma distribuição espacial de resistividade que permite identificar
feições no substrato. Em estudos ambientais, este método permite delinear a ocorrência de
contaminantes na água subterrânea caso as propriedades elétricas do meio sejam modificadas. Estudos
recentes sugerem que a combinação de eletrodos instalados no interior de poços, em complemento aos
eletrodos em superfície, pode melhorar o imageamento elétrico.
Este trabalho tem como objetivo mostrar a viabilidade dessa configuração em melhor
caracterizar um aterro de resíduos. Resultados de imageamento elétrico foram interpretados utilizando
informações de poço, granulometria de sedimentos, análise de água e gás em poços de monitoramento
com amostragem multinível. Para a instalação dos eletrodos nos poços e análise de amostras foi
desenvolvido um dispositivo de amostragem que permite amostrar 15 níveis ao longo do poço. A área
estudada é um antigo bota-fora de sedimentos na zona leste de São Paulo.
Esse trabalho mostra que é possível caracterizar as principais feições no aterro e identificar
níveis no substrato com acumulação de biogás (metano e dióxido de carbono). O teste de campo
mostra que dados de poço e de imageamento elétrico devem ser utilizados de forma integrada para
caracterizar os materiais no aterro e seu substrato, sendo este caracterizado por pacote com sedimentos
do bota-fora até 3,5m de profundidade; abaixo do aterro, uma camada aluvionar de idade quaternária
entre 3,5m a 10,5m de profundidade. Este pacote é composto por material essencialmente argiloso, um
pouco mais arenoso na base. Um bolsão de gás é encontrado na parte superior dos sedimentos
quaternários, mas ainda em seu interior; abaixo dos sedimentos quaternários, na profundidade de
10,5m, ocorre uma camada arenosa de idade terciária atribuída à Formação Rezende. Os resultados
deste estudo são parte da tese de mestrado ABREU (2012), com apoio financeiro da FAPESP (Proc.
2009/16948-8).
Palavras-chave – aterro de resíduos, amostragem multi-nível, imageamento elétrico
Keywords – landfill, multilevel sampling, resistivity imaging
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, E. L. 2012. Potencialidade de Configurações Poço-Superfície para o Imageamento Elétrico
de Áreas Contaminadas. Dissertação de mestrado, Instituto de Astronomia, Geofísica e ciências
atmosféricas da Universidade de São Paulo.
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CONCENTRAÇÕES BASAIS DE METAIS EM RIOS E RESERVATÓRIOS SUBTROPICAIS
Allan P. OGURA (1), Ddavi G.F. CUNHA (1), Maria do Carmo CALIJURI (1)
(1) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, SP, Brasil;
[email protected]; [email protected]; [email protected]
A gestão integrada dos recursos hídricos é fundamental para garantir os usos múltiplos da
água em ecossistemas subtropicais, sendo necessário desenvolver programas de monitoramento. Os
metais estudados na presente pesquisa, Fe, Al, Cu, Cr e Hg totais, ainda que presentes naturalmente
nos ecossistemas aquáticos, podem apresentar concentrações elevadas em decorrência das atividades
antrópicas e afetar os usos múltiplos da água devido à sua toxicidade. Os ambientes lóticos e lênticos
do Estado de São Paulo, de acordo com as formas preponderantes de uso e ocupação, foram
classificados em UGRHIs (Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos) de conservação,
agropecuárias e industriais. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo monitorou rios e
reservatórios entre os anos de 2005 e 2010 e, a partir de 13.095 dados, foi possível determinar, para as
cinco variáveis estudadas, as concentrações basais, que são as condições naturais de referência dos
ambientes sem levar em consideração as alterações antrópicas (CUNHA et al., 2012).
Foram utilizados dois métodos para a determinação das concentrações basais de rios e
reservatórios nos diferentes tipos de UGRHI (DODDS et al., 2006). O Best Professional Judgement
(BPJ) assume a mediana das concentrações de metais nas UGRHIs consideradas mais bem
preservadas, isto é, as UGRHIs de conservação. O método da Trisecção admite o valor da mediana da
terça parte inferior de todos os dados analisados, independentemente do tipo de UGRHI. Para rios, os
valores obtidos em mg/L foram, para os métodos BPJ e da Trisecção, respectivamente, Fe (1,62 e
0,71), Al (1,31 e 0,29), Cu (0,005 e 0,004), Cr (0,003 e 0,001) e Hg (0,0001 e 0,00005). Para
reservatórios, os valores obtidos em mg/L foram, para os métodos BPJ e da Trisecção, respectivamente,
Fe (0,4 e 0,12), Al (0,48 e 0,05), Cu (0,005 e 0,005), Cr (0,005 e 0,005) e Hg (0,0001 e 0,00005).
Em geral, as concentrações basais de metais encontradas pelo Método da Trisecção foram
menores que aquelas encontradas pelo Método BPJ, o que sugere que as UGRHIs de conservação não
apresentam as condições ideais, pois as concentrações de metais na água, principalmente ferro e
alumínio, podem estar sendo influenciadas por atividades antrópicas, como a mineração,
especialmente na UGRHI do Vale do Ribeira do Iguape, no Sul do estado de São Paulo. As
concentrações basais de ferro e alumínio apresentaram-se menores para os reservatórios, o que pode
estar associado aos processos de precipitação e adsorção desses metais no sedimento. O conhecimento
das concentrações basais permite estabelecer o quão distantes os cursos de água estão de uma condição
natural. Isso pode subsidiar planos de recuperação de rios e reservatórios e facilitar a identificação de
fontes poluidoras dos sistemas aquáticos.
Palavras-chave – concentrações basais; metais; rios e reservatórios;
Keywords – reference concentrations; metals; rivers and reservoirs;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUNHA, D. G. F.; OGURA, A. P.; CALIJURI, M. C. 2012. Nutrient reference concentrations and
trophic state boundaries in subtropical reservoirs. Water Science & Technology, 65(8): 1461-1467.
DODDS, W. K.; CARNEY, E.; ANGELO, R. T. 2006. Determining Ecoregional Reference Conditions
for Nutrients, Secchi Depth and Chlorophyll in Kansas Lakes and Reservoirs. Lake and Resevoir
Management, 22(2): 151-159.
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MUSEU GEOLÓGICO VALDEMAR LEFÈVRE: PROJETO DE READEQUAÇÃO DAS
INSTALAÇÕES FÍSICAS
Fernando Alves PIRES (1), Renato TAVARES (1), Diamani Regina de PAULO (1), João Marcos
Neves da CRUZ (1), Rodrigo Dias DUTRA (1), Rogério Rodrigues RIBEIRO (1), Diego Amorim
GROLA (1)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]
Criado em 1967 pelo antigo Instituto Geológico e Geográfico (IGG), o Museu Geológico
Valdemar Lefèvre (MUGEO) está instalado em um sobrado situado no Parque Fernando Costa (mais
conhecido como Parque da Água Branca), na cidade de São Paulo (SP), sob administração do Instituto
Geológico. O acervo do MUGEO reflete mais de um século de pesquisas em Geociências no Estado
de São Paulo, iniciadas com a criação da Comissão Geographica e Geologica de São Paulo (CGG,
1886-1931). Suas exposições permanentes apresentam minerais, rochas e fósseis. Além disso, a
instituição exibe instrumentos científicos, mobiliário, fotografias e documentos textuais provenientes
da CGG. Atualmente, as instalações físicas do MUGEO apresentam deficiências e limitações que
dificultam o adequado atendimento do público, que soma cerca de 100 mil visitantes anuais. A
pequena construção de dois pavimentos – com cerca de 350 m2 – abriga tanto as salas de exposição
quanto a reserva técnica e os espaço dedicados às tarefas administrativas. Há problemas de
acessibilidade necessária para atendimento público e implementação de ações de segurança mais
modernas para atender a legislação vigente.
Tendo em vista, portanto, a necessidade de atender de modo mais adequado ao público do
MUGEO, mostra-se necessária a implementação de um projeto de ampliação das instalações físicas da
instituição – envolvendo a reconstrução de dois anexos demolidos em 1981.
O projeto permitirá a reformulação das exposições atuais, bem como a construção de galeria
para exposições temporárias, auditório, loja, além de reserva técnica e salas adequadas para as
atividades administrativas, além de ampla acessibilidade pública e a necessidade de preservação do
prédio. O projeto preliminar básico já foi concebido e aprovado pelos órgãos de preservação
patrimonial – já que o Parque Fernando Costa foi tombado pelo Condephaat em 1996 como bem
cultural, histórico, arquitetônico-urbanístico, tecnológico e paisagístico.
Palavras-chave – Museu; acessibilidade, readequação predial, restauração, patrimônio
Keywords – Museum, accessibility, building adequacy, restoration, heritage
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USANDO O DESIGN GRÁFICO NA DIVULGAÇÃO DAS GEOCIÊNCIAS: UM ESTUDO DE
CASO
Catherine G. M. PRADO (1,2*), Sandra M. SOUZA (2)
(1) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP,
Brasil; [email protected];
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
Pesquisas científicas recentes comprovam que o aprendizado do público infantil e jovem
reflete de forma positiva e rápida no comportamento de seus pais e familiares, principalmente em
questões ligadas ao meio ambiente e a saúde. Estudo realizado no InCor pela cardiologista Luciana
Savoy comprovou, por exemplo, que a educação dos filhos é um instrumento terapêutico na redução
de risco cardiovascular dos pais. As crianças que receberam folhetos e foram instruídas passaram a
cobrar dos pais hábitos saudáveis e a interferir nas atividades diárias da família.
As atividades e publicações que atuam no aprendizado e na divulgação científica junto ao
público infantil e jovem devem ser incentivadas pelo Instituto Geológico. A Coleção Geonatural é uma
iniciativa do Centro de Comunicações Técnico-Científicas em Geociências, concebida em parceria
com o Grupo de Pesquisa "Prevenção de Desastres Naturais", que trata de uma série de publicações
que se referenciam aos principais temas relacionados à Prevenção de Desastres Naturais. Esse trabalho
teve como objetivo o desenvolvimento de um volume que faz parte da coleção Geonatural, que tem
como público crianças a partir de 7 anos. Este livro, que teve como tema “Você sabe o que é
deslizamento?”, foi elaborado de forma que o design gráfico refletisse o seu conteúdo
técnico-científico. Havia necessidade de ilustrar a cartilha de modo que esta tivesse fácil entendimento
ao público alvo.
As ilustrações foram feitas nos softwares CorelDraw e Illustrator, utilizando cores vivas e
desenhos de fácil entendimento que fossem atraentes - não tornando o livro monótono, integrando
atividades lúdicas e recreativas, com um total de 28 págnas, sendo 10 páginas dedicadas a atividades
lúdicas para fixar o conteúdo e o conhecimento adquirido pela publicação, como caça-palavras e jogo
dos sete erros. Em todas as páginas, as ilustrações ocupam no mínimo 50% do espaço disponível. A
divulgação científica está inserida na consciência ambiental de que cada cidadão deve atuar como
agente facilitador do conhecimento e de proteção dos recursos naturais, praticando cidadania, e a
Coleção Genatural seja uma ferramenta neste processo.
Palavras-chave – Ilustração, Geociências, Divulgação Ciêntifica, Desastres Naturais
Keywords – Illustration, Geosciences, Scientific Divulgation, Natural Disasters
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MODERNIZAÇÃO DA INFRAESTRUTURA DA SEDE DO INSTITUTO GEOLÓGICO
Cristina B. S. RAFFAELI (1), Eduardo de ANDRADE (1), Rodolfo Moreda MENDES (1), Nívea
Aparecida da Silva OLIVEIRA (1), Kézia Fernanda dos Santos NASCIMENTO (1)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected].
O Instituto Geológico - IG é um órgão Originário da Comissão Geographica e Geológica da
Província de São Paulo - CGG, criada em 1886 com o objetivo de planejar e executar estudos e
pesquisas para subsidiar a ocupação do território paulista, representando o esforço mais antigo da
pesquisa científica no Estado de São Paulo. Inicialmente vinculado à Secretaria da Agricultura e
Abastecimento, o IG desde 1987 passou para a Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de
São Paulo, mantendo sua sede em um grande complexo construído na década de 70, localizado na
Avenida Miguel Stéfano 3.900, no Parque Estadual Fontes do Ipiranga e composto por edifícios de
concreto pré-moldado, vidro e dômus translucidos, resultado de um projeto ganhador de um importante
concurso de arquitetura realizado à época.
O Decreto Estadual nº 56.365 de 01/11/2010, transferiu formalmente ao IG a área já em uso
(Bloco A), além de parte de uma ala anexa (Bloco B) e nova área para implantação do Laboratório
Litoteca (Bloco C), ampliando sua área total para 13.450 m2.A atual situação da sede do IG demanda
ações de: recuperação estrutural, readequação de seus espaços físicos, contratação de projetos diversos e
de serviços de manutenção constante, a fim de garantir a conservação do patrimônio público, atender às
normas técnicas e aos padrões de segurança e economicidade vigentes, oferecer condições adequadas de
higiene, acessibilidade e conforto ambiental aos funcionários e usuários, possibilitando a ampliação de
seu rol de atividades. O grande volume de ações necessárias para a conservação, modernização e
adequação de seus espaços demandou a criação do "Grupo de Trabalho para Manutenção e Reformas
Prediais nas Instalações do Instituto Geológico" constituído pela Portaria IG Nº 41, de 10/10/2011, com
a função de realizar diagnósticos, colaborar com a contratação e o acompanhamento de projetos e
serviços.
Estas ações encontram-se inseridas no subprojeto INOVAIG - Revitalização e Reforma da
Estrutura Predial do Instituto Geológico, primeira etapa do INFRAIG - Programa de Modernização da
Infraestrutura de Pesquisa do Instituto Geológico. Diversas ações foram realizadas com verba
orçamentária própria, como: a contratação de projeto de conforto térmico; a reforma e adequação da
cobertura, das esquadrias e sanitários existentes do Bloco B; o contrato de serviços contínuo de
manutenção preventiva e corretiva nas instalações do Instituto, entre outras. O custo para recuperação
estrutural de toda a sede do IG excede sua capacidade orçamentária, para tanto, no início de 2012, o
subprojeto foi submetido ao Edital FINEP PRO-INFRA 2011.
A proposta de modernização do IG, utilizando toda a área hoje disponível, prevê a
reorganização dos espaços de forma geral, a criação de salas temáticas de pesquisas e inovação
tecnológica, salas para cursos e videoconferências, auditório mais amplo, readequação de laboratórios,
ampliação do espaço e redistribuição das salas de trabalho dos pesquisadores e da área administrativa,
de forma que as atividades afins fiquem próximas, interligadas e ágeis em suas ações. Os acervos
históricos, técnicos e de biblioteca também serão realocados para uma posição mais adequada no prédio,
com menos exposição à umidade e com temperatura mais estável, permitindo conservação e
manutenção ideais. A modernização pretendida permitirá também ao Instituto Geológico receber
visitação externa de forma apropriada e segura, o que levará ao incremento da capacidade de difusão das
pesquisas e da prestação de serviços à comunidade.
Palavras-chave – Conservação do patrimônio público, Infraestrutura de pesquisa, Instituto Geológico
Keywords – Public property conservation, Research infrastructure, Geological Institute
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARQUITETURA BRUTALISTA. Disponível em: http://www.arquiteturabrutalista.com.br/fichas
técnicas/DW%201968-108/1968-108--fichatecnica.htm. Acesso em 4 de maio de 2012.
FROTA, A.; SCHIFFER, S. 2005. Manual de Conforto Térmico. São Paulo: Editora Nobel, 244p.
MENDES, M. 2001.Conservação: Conceitos e Práticas. Rio de Janeiro: UFRJ, 336p.
SÃO PAULO. Decreto Estadual nº 56.365, de 01 de novembro de 2010. Transfere da administração da
Secretaria do Desenvolvimento para a das Secretarias de Agricultura e Abastecimento e do Meio
Ambiente, partes do imóvel que especifica. Diário Oficial do Estado de São Paulo. São Paulo, 02
nov. 2010.
SÃO PAULO. Portaria IG nº 41, de 10 de outubro de 2011. Constitui Grupo de Trabalho para
Manutenção e Reformas Prediais nas Instalações do Instituto Geológico. Diário Oficial do Estado
de São Paulo. São Paulo, 18 out. 2011.
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ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO PAULISTA: O
PROJETO “MONUMENTOS GEOLÓGICOS DE SÃO PAULO” E O CONSELHO
ESTADUAL DE MONUMENTOS GEOLÓGICOS
Rogério Rodrigues RIBEIRO (1), Diego Amorim GROLA (1), Daniel Rodrigues de FRANÇA (1),
Maria Luiza Emi NAGAI (1), Rafael Galdino Siqueira NUNES (1), Ivanete Rosas de Faria LIMA
(1), Fernanda Coyado REVERTE (1*,2)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected];
[email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
(2) Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil;
[email protected].
No Brasil, algumas ações institucionais voltadas à gestão do patrimônio geológico vêm sendo
promovidas nas últimas décadas, inclusive com o apoio de universidades e de associações científicas.
Entretanto, a eficiência das ações voltadas à gestão desse patrimônio natural depende de uma estratégia
de conservação que consiga reunir capacitação técnica, definição de políticas públicas, medidas legais,
financeiras e organizacionais. Tendo em vista tal pressuposto, o presente trabalho visa apresentar as
iniciativas do Instituo Geológico em prol da preservação do patrimônio geológico do Estado de São
Paulo. Tais ações vêm sendo desenvolvidas no âmbito do Projeto “Monumentos Geológicos do Estado
de São Paulo” e do Conselho Estadual de Monumentos Geológicos do Estado de São Paulo
(CoMGeo-SP).
O Projeto “Monumentos Geológicos” procura desenvolver ações de registro, conservação e
divulgação dos Geossítios e Monumentos Geológicos paulistas. Já o CoMGeo-SP é um órgão que tem
por escopo, além de definir diretrizes e ações voltadas à pesquisa, conservação e divulgação do
patrimônio natural paulista, apoiar as decisões do Poder Executivo na análise, discussão e definição de
uma correta estratégia de Geoconservação, que seja capaz de romper a complexidade de fatores
sócio-econômico-políticos que ameaçam a conservação desse importante patrimônio. Este trabalho tem
apoio financeiro do Instituto Geológico.
Palavras-chave – Monumentos Geológicos, Patrimônio Natural, Geoconservação, Conselho Estadual
de Monumentos Geológicos
Keywords – Geological Monuments, Natural Heritage, Geoconservation, State Council of Geological
Monuments
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RADIOELEMENTOS NATURAIS EM MATERIAIS GEOLÓGICOS, ESTADO DE SÃO
PAULO – BRASIL
Cristiane Labre de França e Andrade ROBERTO (1,2**), Bruna Catarino XAVIER (1,2*),
Tarley Ribeiro MONTANDON (1,2**), Alethea Ernandes Martins SALLUN (2***), David B.
SMITH (3), William SALLUN FILHO (2***), Alessandro CESARINO (4)
(1) Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; [email protected], [email protected]; *Bolsista PIBIC-CNPq;
**Bolsista FUNDAP-IG;
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo,
SP, Brasil; [email protected]; [email protected]; ***Bolsista Prod. Pesq. CNPq;
(3) U.S. Geological Survey, Denver Federal Center, Denver, CO, USA; [email protected];
(4) CETESB, Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo, SP,
Brasil; [email protected]
A desintegração de isótopos radioativos naturais, como 234U, 232Th e 40K, ocorre nos minerais
que compõem materiais geológicos (rochas, sedimentos e solos). Concentrações de urânio, tório e
potássio já foram usados para identificar diferentes litologias e estabelecer correlações, como em
depósitos quaternários na costa sudeste (ANJOS et al., 2006), no Grupo Bambuí (ROQUE & RIBEIRO,
1997, RIBEIRO & ROQUE, 2001) e nas formações Irati e Corumbataí na Bacia do Paraná (CARLOS et
al., 2004). Os minerais pesados, por exemplo, geralmente apresentam altas concentrações de
radionuclídeos naturais da série de decaimento de urânio e tório em sua estrutura cristalina (Anjos et al.
2006). Neste projeto está sendo realizado um levantamento de dados de concentrações dos principais
radioelementos naturais (SHARMA, 1986) - 234U, 232Th e 40K (em ppm e %), através de pesquisa
bibliográfica, com compilação das documentações bibliográfica disponíveis sobre dados radiométricos
obtidos em materiais geológicos - rochas, sedimentos e solos de unidades geológicas paulistas.
Os dados foram levantados através da leitura de teses, dissertações, relatórios e artigos
publicados em diversas revistas geocientíficas para a confecção de um banco de dados de
radioelementos do Estado de São Paulo, com as coordenadas dos pontos de obtenção de amostras,
resultados das análises de radioelementos naturais, procedimentos e métodos de coleta e analíticos
empregados. Como diagnóstico, constatou-se que há pequena quantidade de trabalhos publicados com
dados de radiolelementos naturais (234U, 232Th e 40K).
Os dados são obtidos por espectrometria gama, e há pouca diversidade de métodos de
obtenção dos dados. Para melhor entendimento de como são feitos estudos de levantamento de
radioelementos naturais (234U, 232Th e 40K), foi realizado um trabalho de campo que permitiu melhor
entendimento e reconhecimento geológico de unidades geológicas aflorantes no Estado de São Paulo,
além dos tipos de materiais geológicos que são comumente objeto de estudo. Os dados obtidos irão
ajudar a compor o diagnóstico da qualidade ambiental natural do Estado de São Paulo. Este projeto tem
apoio financeiro da FAPESP (2010/10792-3), do Instituto Geológico e do CNPq, Brasil.
Palavras-chave – geologia, radioelementos naturais, espectrometria gama, São Paulo, Brasil
Keywords – geology, natural radioelement, Gamma ray spectrometry, São Paulo, Brazil
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANJOS, R. M., VEIGA, R., MACÁRIO, K., CARVALHO, C., SANCHES, N., BASTOS, J., GOMES,
P. R. S. 2006. Radiometric analysis of Quaternary deposits from the southeastern Brazilian coast.
Marine Geology, 229: 29-43.
CARLOS, U. D., RIBEIRO, F. B., SAAD, A. R., NICOLAI, S. H. A. 2004. Radioactivity distribution in
some Permian sediments from the Irati and Corumbataí Formations of the Paraná Basin,
Southeastern Brazil. Applied Radiation and Isotopes, 60: 63-77.
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RIBEIRO, F. B. & ROQUE, A. 2001. Vertical distributions of uranium, thorium and potassium and of
volumetric heat production rates in the sediments of the São Francisco basin, Central Brazil.
Applied Radiation and Isotopes, 55: 393-405.
ROQUE, A. & RIBEIRO, F. B. 1997. Radioactivity and radiogenic heat production in the sediments of
the São Francisco sedimentary basin, Central Brazil. Applied Radiation and Isotopes, 48: 413-422.
SHARMA, P. V. 1986. Geophysical Methods in Geology. New York: Elsevier, 442 p.
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CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA DO SISTEMA AQUÍFERO BAURU NA ÁREA
URBANA DE BAURU (SP)
Mirella ROSENBERGER (1,2*), Claudia VARNIER (2), Geraldo H. ODA (2), Maurício VIOTTI
(3), Diana M. TAKEUCHI (2*,4), Jacqueline S. SILLES (5)
(1) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil; [email protected]
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; [email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
(3) Autônomo, Engenheiro Ambiental; [email protected]
(4) Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do ABC
(UFABC), Santo André, SP, Brasil; [email protected]
(5) Tecnologia de Materiais, Faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATEC), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]
O Sistema Aquífero Bauru (SAB) compreende a unidade aquífera mais utilizada pelo usuário
privado na área urbana do município de Bauru. O modelo conceitual preliminar de circulação das águas
subterrâneas do SAB na área de estudo foi estabelecido através das seguintes atividades: i) cadastro de
231 poços tubulares profundos, ii) elaboração de seções geológicas e iii) confecção de mapas
potenciométrico e de isoespessura. Os resultados obtidos indicam que o SAB é do tipo livre, porosidade
primária, representado na região pelos aquíferos Marília (superior) e Adamantina (inferior). A espessura
média do SAB é da ordem de 82,6 m, podendo atingir até 202 m na porção sudeste do município.
A recarga deste aquífero ocorre pela infiltração natural das águas pluviais em toda área
estudada. A descarga, por sua vez, se dá ao longo dos córregos do Castelo, Água da Ressaca, Córrego da
Grama, todos afluentes do Rio Bauru. O gradiente hidráulico varia de 0,031 a 0,044 (3,1 a 4,4%) e a
velocidade de fluxo das águas subterrâneas de 2,2 a 3,1 m/dia. Os valores obtidos através dos testes de
bombeamento em poços tubulares situados no distrito Tibiriçá indicaram transmissividades entre
3,0x10-3 e 5,1x10-3 m²/ dia e capacidade específica média equivalente a 1,9 m3/h/m (HIRATA, 2000). Os
fluxos das águas subterrâneas, provenientes das porções noroeste e sudeste, direcionam-se para o centro
da cidade (rio Bauru), onde foi também observado um rebaixamento pronunciado do nível d’água dos
poços, atribuído a bombeamentos intensivos dos mesmos.
As seções geológicas demonstram que os sedimentos que compõe o SAB repousam, através de
contatos erosivos, sobre os sistemas aquíferos Serra Geral (Formação Serra Geral) e Guarani (formações
Botucatu e Piramboia). Adicionalmente, nota-se nas seções, uma discordância angular entre o SAB e as
unidades hidroestratigráficas inferiores, resultado do soerguimento que originou o Alto de Piratininga, a
oeste da cidade de Bauru. Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa do Núcleo de Hidrogeologia do
IG/SMA, intitulado “Padrões de Ocupação Urbana e Contaminação por Nitrato nas Águas Subterrâneas
do Aquífero Bauru, Centro-Oeste do Estado de São Paulo”. Este trabalho teve apoio financeiro da
FAPESP (Processo nº 2009/05840-1), IG/SMA (Processo SMA 260107-000.060/08) e IBot/SMA.
Palavras-chave: Sistema Aquífero Bauru, Hidrogeologia, Poços Tubulares, Seções Geológicas.
Keywords: Bauru Aquifer System, Hydrogeology, Drilling Wells, Geologic Sections.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HIRATA, R. 2000. Estudo da contaminação por nitrato no Distrito de Tibiriçá, Bauru. São Paulo:
DAE/IGc-USP. Relatório técnico.
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TRATAMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE ÁREAS DE RISCO E APOIO A POLÍTICAS
PÚBLICAS DE HABITAÇÃO
Thais L. dos S. SANTIAGO (1,2*), Claudio José FERREIRA (2), Cristina B. S. RAFFAELLI (2)
(1) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil; [email protected]
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (IG/SMA-SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
Políticas habitacionais constituem instrumento fundamental no gerenciamento de risco e
redução de desastres relacionados a eventos naturais, pela capacidade de implantação planejada de
conjuntos residenciais e de infraestrutura adequadas. O trabalho tem como objetivo estabelecer os
critérios que podem ser extraídos dos relatórios de mapeamento de risco em apoio à formulação de
instrumentos da política habitacional. O primeiro critério é o de número de moradias/pessoas em risco
que juntamente com o tipo de processo perigoso atuante (inundação ou escorregamento) podem definir a
dimensão das áreas ou lotes de intervenção.O próximo passo foi a caracterização dos setores de risco,
segundo o seu padrão de ocupação (terceiro critério).
Dentro deste ultimo item foram avaliados, o ordenamento urbano, a densidade de ocupação e o
estágio de ocupação, já que estes tem influência direta nos três fatores que atuam na determinação do
risco: perigo, vulnerabilidade e danos (ROSSINI-PENTEADO et al., 2007; FERREIRA et al., 2010). O
quarto critério refere-se às recomendações dos relatórios de risco. A conjugação dos critérios acima
definidos permitiu a elaboração de quatro categorias de intervenção: 1.0) Remoção definitiva de
edificações sem aproveitamento da área para novas moradias; 2.1) Remoção temporária total de
edificações e reurbanização total com novas moradias; 2.2) Remoção temporária ou definitiva de
edificações com reurbanização parcial da área; 3.0) Sem remoção de edificações, somente
reurbanização pontual. Estes resultados servirão de guia para ações do governo na elaboração de
políticas publicas de habitação, quanto à elaboração de modelos de intervenção em áreas de risco.
Palavras-chave – Políticas Habitacionais, Setores de Risco, Critérios de Remoção
Keywords - Habitational Public Policies, Risk Areas, Removal Criteria
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, C. J.; ROSSINI-PENTEADO, D. 2011. Mapeamento de risco a escorregamento e
inundação por meio da abordagem quantitativa da paisagem em escala regional. In: 11°
CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA, São Paulo. São Paulo;
ABGE. Anais (CD-ROM).
ROSSINI-PENTEADO, D.; FERREIRA, C. J; GIBERTI, P. P. C. 2007. Quantificação da
vulnerabilidade e danos aplicados ao mapeamento e analise de risco, escala 1:10 000, Ubatuba – SP.
In: 2° SIMPÓSIO BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS E TECNOLÓGICOS, Santos.
São Paulo; ABGE. Anais (CD-ROM).
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IMPACTOS NA DINÂMICA HIDROSSEDIMENTAR FLUVIAL COM A ATIVIDADE
MINERAL DE EXTRAÇÃO DE AREIA NO ALTO RIO PARANÁ
Daniel Nery dos SANTOS (1,2), Antonio Roberto SAAD (3), José Cândido STEVAUX (2)
(1) Faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATEC), São Paulo, SP, Brasil; [email protected]
(2) Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” (UNESP), Rio Claro, SP, Brasil; [email protected]
(3) Departamento de Geociências, Universidade Guarulhos (UnG), Guarulhos, SP, Brasil;
[email protected].
O rio Paraná está entre os 10 maiores rios do planeta e drena 15,7% da área do Continente
Sul-Americano. A bacia hidrográfica do rio Paraná drena uma área de 3.100.000 km², dos quais 45,6%
encontram-se em território brasileiro, 29,7% estão na Argentina, 13,2% no Paraguai, 6,6% na Bolívia
e 4,8% no Uruguai. No Brasil, o rio Paraná corta as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, as de
maior concentração populacional e econômica. Agricultura, indústria, abastecimento d’água e esgoto
das grandes cidades estão entre as fontes de impactos ambientais negativos do alto rio Paraná e seus
tributários. No entanto, verifica-se que os maiores impactos podem ser atribuídos às construções de
reservatórios, 26 deles com área superior a 100 km². A mineração de areia em canais fluviais no Brasil
responde por cerca de 90% de toda a produção. A área de estudo envolve um trecho da bacia em
território brasileiro, localizada na região de Porto São José, no Estado do Paraná (Brasil), na qual a
extração de areia destinada à construção civil tem sido intensa nas últimas décadas e o volume maior
extraído é de areia do tipo grossa. Recentemente, estudos da dinâmica hidrossedimentar e a extração
de areia no alto curso do rio Paraná, na região de Porto São José (PR) mostraram uma tendência para
material de granulometria mais grossa.
Dentro desse contexto, a presente pesquisa utilizou de novas técnicas, principalmente as de
geofísica. O objetivo deste projeto foi responder se o volume de extração de areia do canal do rio
Paraná nas últimas décadas é compatível com a atual reposição pelo sistema, nos pontos de extração
de areia. Também, foi analisado o grau de perturbação no sistema fluvial provocado pela atividade de
mineração de areia no canal do rio. Para responder tais indagações foi realizado mapeamento
batimétrico/geofísico dos atuais pontos de extração de areia e comparado com o mapa batimétrico da
década de 1950, feito pela Marinha do Brasil, para a constatação de alterações significativas. Foram
ainda realizadas batimetrias em pontos onde há extração mineral e a coleta de dados como: velocidade
e características de fluxo por meio de um Perfilador Dopller Acústico de corrente (ADCP). Ainda,
realizaram-se levantamentos geofísicos ao longo do canal principal do rio na área de estudo, para
determinar a dimensão da coluna de sedimentos, através do stratabox (Ocean Data Equipment
Corporation). Este equipamento consiste em um perfilador de subfundo com frequência de 10 kHz e
potência de saída de 300 W. Por fim, concluímos que a atividade mineral de extração de areia no canal
fluvial no alto rio Paraná não provoca alterações significativas na dinâmica hidrossedimentar, já que as
áreas submetidas à mineração não apresentam características diferenciadas, quando comparadas a
outras áreas não mineradas.
Palavras-chave - Rio Paraná; extração de areia; sistema fluvial; dinâmica hidrossedimentar,
Geociências.
Keywords - Paraná River, sand mining, fluvial system, hydrosedimentary dynamics, Geosciences.
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ASPECTOS DO GEOPARQUE CICLO DO OURO, GUARULHOS, SP
Ricardo O. SANTOS (1,2*), Annabel PEREZ-AGUILAR (2)
(1) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil; [email protected]
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (IG/SMA-SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
O Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos está localizado a nordeste da cidade de São Paulo,
sudoeste do Brasil, abrangendo uma área de 16990 ha. Abrange predominantemente a região serrana
do município de Guarulhos onde estão preservados restos de vegetação de Mata Atlântica.
Compreende, parcialmente, os parques estaduais da Cantareira, Itaberaba e a APA Mananciais do Rio
Paraíba do Sul e, integralmente, as unidades de conservação APA Cabuçu-Tanque Grande, Parque
Natural Municipal da Cultura Negra Sítio da Candinha, Reserva Biológica Burle Marx, Estação
Ecológica do Tanque Grande e Floresta Estadual de Guarulhos (PÉREZ-AGUILAR et al., no prelo).
Foram escolhidos 14 geossítios pela sua raridade e/ou singularidade, por representarem
litotipos associados aos processos mineralizantes em ouro, por apresentarem feições geológicas
didáticas ou por corresponderem a locais onde houve mineralização de ouro no Brasil durante o
período colonial (PÉREZ-AGUILAR et al., no prelo). Os diferentes geossítios estão associados a
associados a diversos sítios históricos e culturais vinculados aos processos da mineração de ouro no
Brasil durante o período colonial. Foram identificados alguns geossítios panorâmicos de valor
geomorfológico que permitem observar geoformas do tipo serras alongados, morros paralelos,
morrotes baixos, colinas pequenas com espigões locais e planicies. Atributos geológicos correspondem
a rochas associadas aos processos mineralizantes em ouro (formações ferríferas do tipo Algoma,
margarita-coríndon xistos, topázio xistos e rochas com cummintonita/antofilita) (PÉREZ-AGUILAR
et al., 2011).
Atributos arqueológicos estão representados por estruturas da lavra do ouro durante o
período colonial em áreas que hoje totalizam vários quilómetros quadrados, correspondendo
principalmente a valas, canais, rejeito de cascalho, barragens, locais de bateiamento e catação do ouro,
bancadas e frentes de lavra e lavra no aluvião. O ouro foi principalmente lavrado em aluviões,
coluviões, eluviões e saprólitos (Julinai et al., 1995) associados a rochas da sequência
mesoproterozóica meta-vulcanossedimentar do Grupo Serra do Itaberaba (JULIANI et al., 2000), mas
também em sedimentos da Formação Resende do Grupo Taubaté (RICCOMINI et al., 2004).
Palavras-chave – Geoparque Ciclo do Ouro, Guarulhos, estruturas arqueológicas da lavra de ouro,
período colonial, Grupo Serra do Itaberaba, Formação Resende
Keywords – Gold Cycle Geopark, Guarulhos, archaeological gold mining structures, Serra do
Itaberaba Group, Resende Formation
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JULIANI C., HACKSPACHER P.C, DANTAS E.L, FETTER A.H. - (2000) The mesoproterozoic
volcano-sedimentary Serra do Itaberaba Group of the Central Ribeira Belt, São Paulo, Brazil:
implications for the age of overlying São Roque Group. Revista Brasileira de Geociências, 30(1), p.
82–86.
PÉREZ-AGUILAR A, BARROS EJ, ANDRADE MRM, OLIVEIRA ES, JULIANI C, OLIVEIRA
MAS (no prelo) - Geoparque Ciclo do Ouro, Guarulhos, SP. In: Schobbenhaus C, Silva,C.R.da
(eds) Geoparques do Brasil – Propostas. CPRM.
PÉREZ-AGUILAR A, JULIANI C, MONTEIRO LVS, BETTENCOURT JS, FALLICK AE,
BARROS EJ, ANDRADE MR, OLIVEIRA AM (2011) Mineralização high-sulfidation submarina
mesoproterozóica no Grupo Serra do Itaberaba, SP: implicações metalogenéticas em cinturões
metamórficos. In: Franz JC, Marques JC, Jost H (Eds.) Contribuições à metalogenia do Brasil.
Porto Alegre, UFRGS/Instituto de Geociências.
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RICCOMINI C, SANT’ANNA LG, FERRARI AL (2004) - Evolução Geológica do Rift Continental
do Sudeste do Brasil. In: Mantesso-Neto V, Bartorelli A, Carneiro CDR, Brito-Neves BB (Org.)
Geologia do Continente Sul-Americano - Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de
Almeida. Beca, São Paulo, p. 383-421.
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PROJETO LABORATÓRIO LITOTECA
Alethéa Ernandes Martins SALLUN (1*), Annabel Perez AGUILAR (1), Antonio Luiz
TEIXEIRA (1), Fabio Ricardo CARVALHO (1), Francisco Assis Negri (1), José Maria Azevedo
SOBRINHO (1), William SALLUN FILHO (1*)
(1) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected];
*Bolsista Prod. Pesq. CNPq;
Resumo – No bojo do processo de expansão de sua sede administrativa, consignada pelo Decreto
Estadual nº 56.365 de 01 de novembro de 2010, o Instituto Geológico designou área de 3.350 m² para
as instalações do Laboratório Litoteca. O projeto Laboratório Litoteca foi concebido pelo Núcleo de
Geologia Geral do Instituto Geológico para reunir em espaço laboratorial adequado, importantes
acervos de amostras de rocha e de seções delgadas, provenientes de levantamentos geológicos
executados pelo IG ao longo de várias décadas. O projeto foi contemplado com financiamento da
FINEP (PRO-INFRA) para a execução das obras civis, incluindo os espaços laboratoriais e suas
infraestruturas físicas. Após a conclusão das obras prediais, ocorrerá o remanejamento dos acervos
para o novo espaço, concomitante à aquisição de novos equipamentos, quando se atingirá a plena
implantação do projeto, possibilitando o início dos trabalhos de rotina.
Palavras chave - Geologia, Laboratório Litoteca, dados geológicos
Abstract – In the midst of the process of expanding its headquarters, established by the Decree No.
56365 of November 1, 2010, the Geological Institute designated area of 3,350 m² for the facilities of
the Geological Storage Lab. The Geological Storage Lab's project was conceived by the General
Geology Nucleus of the Geological Institute to gather in an appropriate laboratory space the
important collections of rock samples and thin sections, originated from geological surveys carried
out by the IG during several decades. The project was awarded funding from FINEP (PRO-INFRA) for
execution of civil works, including laboratory space and its physical infrastructure. After finishing
building works, the relocation of the collections to the new space will occur concomitant with the
acquisition of new equipments when the project will reaches its full implementation, allowing the
beginning of routine tasks.
Keywords – Geology, Geological Storage Lab, Geological Data
1 – INTRODUÇÃO
Ao longo dos seus 125 anos de existência, o Instituto Geológico (IG) executou centenas de
poços tubulares profundos para o aproveitamento de água subterrânea que resultaram em imenso
acervo de dados litoestratigráficos de subsuperfície, plausíveis de contribuir para o desenvolvimento
da pesquisa geológica no Estado de São Paulo. Boa parte desses dados, com descrições de poços ainda
preservadas, foi reunida no livro “Geologia de Subsuperfície do Estado de São Paulo: 75 anos de
levantamentos do Instituto Geológico (1932-2007)” editado por Sallun Filho et al. (2009). Entretanto,
a maior parte da amostragem foi perdida, e os testemunhos restantes encontram-se armazenados
precariamente em galpão de madeira (Figura 1), requerendo que sejam transferidos para ambiente
onde as condições sejam adequadas à sua preservação, catalogação e análise, para que, ao final, sejam
disponibilizados à consulta institucional ou pública. O mesmo ocorre com outros milhares de amostras
de rochas e de sedimentos recolhidos em diversos levantamentos geológicos de superfície realizados
no Estado. Ao conjunto dessas amostras designou-se de “Coleção Científica Geológica”.
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Figura 1 – À esquerda, vista geral do galpão de madeira onde atualmente estão armazenados os
testemunhos de sondagem. À direita, destaque para o interior do galpão e disposição dos testemunhos.
Por outro lado, a instituição possui um importante acervo de seções delgadas de rochas e de
sedimentos, oriundas dos projetos institucionais. Outra parte deste acervo está reunida em Coleções
Didáticas, de cunho internacional, que subsidiaram os estudos pioneiros da Comissão Geográfica e
Geológica do Estado de São Paulo sobre o território paulista, criada em 1886. A esse conjunto de
acervos, por sua vez, designou-se de “Coleção Científica Petrográfica”.
Frente à necessidade de melhor acomodar, preservar e analisar o acervo disponível, ainda
desconexo e de difícil acesso, a equipe do Núcleo de Geologia Geral (NUGEO) do Instituto Geológico
concebeu o projeto de implantação do Laboratório Litoteca. Neste espaço, que deverá ser dotado de
infraestrutura predial e laboratorial adequadas, serão abrigadas as Coleções Científicas do Instituto. A
área destinada ao laboratório é contígua aos próprios do IG e a ele destinada através de Decreto Estadual
nº 56.365 de 01 de novembro de 2010. Para a construção da estrutura predial e seus espaços laboratoriais
específicos foram obtidos recursos financeiros da FINEP, com contrapartidas do IG, através da
submissão de projeto àquela agência de fomento pela equipe do NUGEO. Após a construção das
dependências do Laboratório Litoteca, ocorrerá o remanejamento das Coleções Científicas e de
equipamentos laboratoriais disponíveis para o novo espaço, concomitante à aquisição de novos
equipamentos complementares.
Objetiva-se, com a implantação do Laboratório Litoteca, que os acervos de amostras e de
seções delgadas sejam passíveis de consulta pelos usuários de modo fácil e rápido, acessando-se banco
de dados eletrônico a ser implantado, ou através de consulta direta, por meio de projetos ou atividades
de pesquisas, firmados entre o Laboratório Litoteca e o usuário, que redundem na difusão/aquisição de
conhecimentos, inovação tecnológica e na retroalimentação do sistema de dados público.
2 – OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS
O Instituto Geológico possui um vasto acervo de amostras de rochas e de sedimentos, além de
testemunhos de sondagens, provenientes de pesquisas geológicas realizadas no Estado de São Paulo e
que, atualmente, encontra-se armazenado de modo precário e desorganizado em um galpão de madeira
(Figura 1).
Possui, também, excelente acervo de lâminas petrográficas, relativamente bem acondicionado
(Figura 2), representativo de diversas unidades geológicas do Estado de São Paulo e do Brasil,
confeccionadas no decorrer de vários projetos institucionais realizados, que remontam os idos da
Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo (CGG). Além disso, possui três importantes
coleções didáticas internacionais de seções delgadas (de rochas e minerais) que subsidiaram os estudos
pioneiros da CGG: 1. Coleção Rosenbusch, que inclui 346 lâminas dos principais tipos de rochas; 2.
Coleção Grubenmann, composta por 120 lâminas de diferentes tipos de xistos; e, 3. Coleção Milner,
constituída por 245 lâminas, sendo 84 lâminas de fragmentos de minerais, 18 lâminas de minerais
pesados presentes em formações britânicas, 18 lâminas de minerais presentes em rochas metamórficas,
32 lâminas de minerais presentes em rochas ígneas, 53 lâminas de minerais detríticos e 40 lâminas de
rochas sedimentares.
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Figura 2 – Parte da coleção de lâminas petrográficas do Instituto Geológico, dispostas em laminário.
A obtenção de uma amostra geológica envolve, quase sempre, altos custos financeiros e,
ademais, ocorre em condições e momentos geralmente ímpares, no transcorrer de uma investigação.
Em geral, os custos financeiros envolvidos provêm de instituições governamentais, agências de
fomento nacionais e internacionais ou de empresas público-privadas. Desse modo, o armazenamento
adequado, a preservação e tratamento de quaisquer registros obtidos são estratégicos do ponto de vista
governamental e científico, para inibir a duplicação de esforços e de recursos financeiros aplicados. As
amostras geológicas guardam elementos que permitem reconstruir a história evolutiva da Terra e
predizer sobre eventos geológicos futuros, considerando-se que o passado pode ser a chave para o
futuro. Além disso, contêm informações passíveis de serem analisadas apenas no futuro, a par dos
avanços tecnológicos constantes. Desse modo, constituem base fundamental para o desenvolvimento
da pesquisa e para a estruturação de programas de pesquisas em recursos naturais.
Atualmente, tanto a Litoteca como a coleção de lâminas petrográficas estão sob os cuidados
do NUGEO, do Centro de Geologia e Meio Ambientes do Instituto Geológico. Considerando-se o
exposto, constatou ser urgente a criação no IG de um espaço com infraestrutura adequada, para o
armazenamento e tratamento de amostras geológicas. Atendendo a isso, o NUGEO elaborou o projeto
de implantação do Laboratório Litoteca.
3 – LABORATÓRIO LITOTECA
O Laboratório Litoteca será construído em área de 3.350 m2 adjacente às atuais instalações do
Instituto Geológico e a ele destinada conforme Decreto Estadual nº 56.365 de 01 de novembro de 2010
(Figura 3). A concepção do projeto de construção e implantação do Laboratório Litoteca está a cargo
do Núcleo de Geologia Geral que, através de submissão de projeto à FINEP (PRO-INFRA), foi
contemplado com recursos financeiros para a construção apenas das edificações, acrescidos de
contrapartidas do Instituto Geológico. Encontram-se atualmente em curso, a cargo de grupo técnico
especializado, a preparação e orçamentação de projeto conceitual final de engenharia. Precedeu a etapa
atual, uma ampla consulta realizada pela equipe do NUGEO a respeito dos modelos conceituais de
laboratórios/litotecas existentes em várias instituições estrangeiras e nacionais, além da visitação in
loco a algumas delas no Estado de São Paulo. Comparando-se os objetivos, infraestruturas e recursos
financeiros disponíveis no IG com aqueles das demais consultadas, a equipe do NUGEO consignou
suas opções em planta baixa preliminar (Figura 4), acompanhada de memorial descritivo, que foram
encaminhados ao grupo técnico de engenharia para a execução do projeto conceitual final. Conforme
planta baixa preliminar deverá constar do espaço laboratorial (área de 1.128 m² de um total de 3.350
m² destinados) cinco áreas básicas:
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Laboratório de Preparação de Amostras (LAPEAM) - composto basicamente por ambientes para a
recepção, triagem, descrição geológica, preparação, corte, separação, laminação e
moagem/pulverização de amostras.
Laboratório de Petrografia (LAPETRO) - composto basicamente por espaços para a o
acomodamento de equipamentos de microscopia, voltados para a realização de análises microscópicas,
e para o acondicionamento da Coleção Científica Petrográfica.
Coleção Científica Geológica do Estado de São Paulo (LITOTECA) – espaço destinado ao
acondicionamento da Coleção Científica Geológica (constituída de amostras de rocha e sedimentos,
inclusive testemunhos de sondagem).
Área de Trabalho e Pesquisa – constituída de salas para o acomodamento de pesquisadores nativos
e/ou visitantes; para as curadorias relacionadas à Coleção Científica Geológica (LITOTECA) e ao
Laboratório de Petrografia/Coleção Científica Petrográfica (LAPETRO); para a pesquisa e o
treinamento de pessoal; e, finalmente, para conferências e reuniões.
Área Administrativa – reservada para ocupação de quadro administrativo e técnico permanentes,
voltados para a manutenção geral dos demais espaços, recepção e comunicação com o público externo.
A etapa seguinte, após a construção das dependências do Laboratório Litoteca, envolverá o
remanejamento dos acervos e de equipamentos laboratoriais, então disponíveis no IG, para o novo
espaço e a aquisição de equipamentos complementares, que serão adquiridos com recursos do IG e de
instituições de fomento.
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Instituto Geológico possui um vasto acervo de amostras de rochas e de sedimentos, além de
testemunhos de sondagens, provenientes de pesquisas geológicas realizadas no Estado de São Paulo e
que, atualmente, encontra-se armazenado de modo precário e desorganizado em um galpão de madeira.
Possui, também, excelente acervo de lâminas petrográficas, representativo de diversas unidades
geológicas do Estado de São Paulo e do Brasil, confeccionadas no decorrer de vários projetos
institucionais realizados, que remontam os idos da Comissão Geográfica e Geológica, criada em 1886.
As amostras geológicas guardam elementos que permitem reconstruir a história evolutiva da
Terra e predizer sobre eventos geológicos futuros, considerando-se que o passado pode ser a chave do
futuro. Além disso, contêm informações passíveis de serem analisadas apenas no futuro, a par dos
avanços tecnológicos constantes. Desse modo, constituem base fundamental para o desenvolvimento
da pesquisa e para a estruturação de programas de pesquisas em recursos naturais.
Considerando ser imperativa a criação no IG de um espaço com infraestrutura adequada, para
o armazenamento e tratamento de amostras geológicas, o NUGEO elaborou o projeto de implantação
do Laboratório Litoteca. Neste laboratório serão abrigadas as amostras de testemunhos de sondagens,
de rochas e de sedimentos e o acervo de seções delgadas, objetivando a sua preservação, catalogação e
análise. Objetiva-se, com a implantação do Laboratório Litoteca que o acervo de amostras e seções
delgadas seja passível de consulta pública, através da implantação de banco de dados eletrônico e/ou
da consulta direta, por meio de atividades associadas ao desenvolvimento de projetos ou atividades
de pesquisas específicas, firmados entre o laboratório e o usuário, de modo que redundem na
difusão/aquisição de conhecimentos, inovação tecnológica e na retroalimentação do sistema de dados
público.
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Figura 3 – Localização das futuras instalações do Laboratório Litoteca (no centro da imagem) e do
galpão de madeira (abaixo à esquerda), onde atualmente estão acondicionados os testemunhos de
sondagens.
Figura 4 – Planta baixa preliminar com destaque para os principais espaços laboratoriais.
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Agradecimentos – Apoio financeiro Instituto Geológico, e Financiadora de Projetos (FINEP) por meio
do CT-INFRA 2010-2011.
5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SALLUN FILHO, W.; SALLUN, A. E. M.; TEIXEIRA, A. L.; NEGRI, F.A.; AZEVEDO SOBRINHO,
J. M. 2009. Geologia de subsuperfície do Estado de São Paulo - 75 anos de levantamentos do
Instituto
Geológico
(1932-2007).
São
Paulo:
Instituto
Geológico,
2738p.
(http://www.igeologico.sp.gov.br/downloads/livros/Geologiasub.zip).
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DENSIDADE DE ENTEROCOCCUS SP EM PRAIAS RECREACIONAIS DO MUNICÍPIO DE
UBATUBA, LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
Thais L. SIEMS (1,3*), Wagner F. VILANO (1,2), Ana Julia F. C. OLIVEIRA (1),
Célia Regina de Gouveia SOUZA (2,3)
(1) Campus Experimental do Litoral Paulista, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” (UNESP), São Vicente, SP, Brasil; [email protected]; [email protected]
(2) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil; [email protected].
(3) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (IG/SMA-SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected], [email protected]; *Bolsista FAPESP
Existe uma série de programas de monitoramento já implantados com sucesso para monitorar
a qualidade de águas recreacionais marinhas, mas pouca atenção tem sido dada as areias destas praias
que frequentemente são desconsideradas do ponto de vista da saúde pública. Entretanto, areias de praia
podem também ser um reservatório importante de microrganismos patogênicos. Densidades de
Enterococcus sp superiores a 400 UFC/100 ml caracterizam impropriedade da praia para recreação de
contato primário (CETESB, 2011). O objetivo do presente estudo é determinar a densidade de
bactérias do gênero Enterococcus sp na água do mar e na areia (seca e úmida) de praias do município
de Ubatuba (SP). As amostras estão sendo coletadas mensalmente desde Dezembro/2011, em dois
pontos diferentes nas Praias do Perequê Mirim e Enseada, em frascos estéreis na profundidade de um
metro em maré de Sizígia. Amostras compostas de areia foram coletadas na Zona Seca e Zona Úmida
e acondicionadas em sacos plásticos estéreis. As amostras foram transportadas sob refrigeração a
aproximadamente 6ºC para o laboratório de microbiologia marinha da UNESP - Campus Experimental
do Litoral Paulista. As amostras de areia foram pesadas e acrescidas de água destilada para a extração
das bactérias dos grãos de areia. Para determinação das densidades de Enterococcus sp foi utilizada a
Técnica de Membrana Filtrante em todos os tipos de amostras, utilizando o meio de cultura Ágar
mEnterococcus. As colônias consideradas nas contagens foram repicadas para o Enterococcosel Caldo
e os tubos que apresentaram enegrecimento do meio foram considerados positivos. Os resultados
preliminares obtidos até o momento mostram que nas duas praias analisadas, a densidade média de
Enterococcus sp foi mais elevada nas amostras de areia úmida (1,14x103 UFC/100g e 0,65x103
UFC/100g, no Perequê e na Enseada, respectivamente) do que nas amostras de água, (228 UFC/100ml
e 81 UFC/100ml, no Perequê e na Enseada, respectivamente). Os dados obtidos até o momento existe
uma diferença entre a água e areia, o que indica a necessidade de realizar o monitoramento das areias
de praia, e não somente para as águas recreacionais marinhas.
Palavras-chave – areia, Enterococcus sp, praia
Keywords – sand, Enterococcus sp, beach
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – Secretaria de Estado do Meio Ambiente).
2011. Relatório de Qualidade das praias litorâneas no Estado de São Paulo 2010. São Paulo:
CETESB/SMA, Série Relatórios, 29 p.
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DENSIDADE DE ESCHERICHIA COLI ISOLADAS DE ÁGUAS RECREACIONAIS E AREIAS
DE PRAIAS DO MUNICÍPIO DE UBATUBA, LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO
PAULO
Graziele C. STRADIOTTO (1), Wagner F. VILANO (1,2), Ana Julia F. C. OLIVEIRA (1),
Célia Regina de Gouveia SOUZA (2,3)
(1) Campus Experimental do Litoral Paulista, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” (UNESP), São Vicente, SP, Brasil; [email protected]; [email protected]
(2) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil; [email protected].
(3) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (IG/SMA-SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected], [email protected];
A preocupação com a qualidade das águas marinhas, de praias e de outros ambientes costeiros tem
aumentado nos últimos anos, isto porque, com a crescente urbanização nestes locais ocorreu um
elevado aumento na quantidade de lixo doméstico e de esgoto produzidos sendo que este crescimento
nem sempre é acompanhado do aumento da infraestrutura em saneamento básico (OLIVEIRA et.al.,
2008). O objetivo deste trabalho é determinar a densidade de bactérias Escherichia coli na água do
mar e areia de praias consideradas próprias e impróprias ao banho. As coletas se iniciaram no mês de
dezembro de 2011 e são realizadas mensalmente para verificar a variação sazonal da densidade de
E.coli. As amostras de água foram coletadas em frascos estéreis na isóbata de 1m em maré baixa e as
amostras de areia foram coletadas na Zona Seca e Zona Úmida, e foram acondicionadas em sacos
plásticos estéreis.O método utilizado para verificação de densidade de E. coli foi a Técnica de
Membrana Filtrante (APHA, 2005). Volumes das amostras de água e das águas de lavagem das areias
foram filtrados, em membranas 0,45 µm e transferidas para placas de petri contendo meio Ágar mTEC.
Estas são incubadas a 35o C por 2 horas e em banho maria a 44,5° C por 22 horas. São contadas como
E. Coli as colônias confirmadas pelo teste bioquímico de hidrólise da uréia. Os resultados obtidos
mostraram uma maior concentração de bactérias na areia úmida, nas duas praias analisadas, Perequê
Mirim e Enseada. As maiores concentrações foram de 1,272 x 103 e 5x103 UFC/100g para as referidas
praias, respectivamente, no mês de janeiro. A análise da água apresentou concentrações de 420 UFC
100mL.-1 no mês de dezembro na praia de Perequê e na praia da Enseada 230UFC 100mL-1 em janeiro.
Densidades de E. coli superiores a 800 UFC 100mL-1 (de água), caracterizam a impropriedade da praia
para recreação de contato primário (CETESB, 2011). A concentração na água não atingiu valores para
caracterizar sua impropriedade, já as concentrações nas areias devem ser consideradas como um alerta
para os banhistas e para os órgãos de sáude pública, sendo necessário um programa de monitoramento
destas areias.
Palavras-chave – Escherichia, bactérias, densidade
Keywords - Escherichia, bactérias, density
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APHA, American Public Health Association. 2005. Standard Methods for the Examination of Water
and Wastewater. APHA, AWWA, WEF. 20th Edition, 1120p.
CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – Secretaria de Estado do Meio Ambiente).
2011. Relatório de Qualidade das praias litorâneas no Estado de São Paulo 2010. São Paulo:
CETESB/SMA, Série Relatórios, 29 p.
OLIVEIRA, A. J. F. C.; PINHEIRO, M. A. A.; FONTES, R. F. C. 2008. Panorama Ambiental da
Baixada Santista. São Vicente: UNESP, 127p.
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CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA DA REGIÃO ENTRE INDAIATUBA E
CAPIVARI (SP)
Diana M. TAKEUCHI (1,2*), Geraldo H. ODA (2), Mirella ROSENBERGER (2*,3), Mara A.
IRITANI (2), Jacqueline S. SILLES (4)
(1) Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do ABC
(UFABC), Santo André, SP, Brasil; [email protected]
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; [email protected]; *Bolsista FUNDAP-IG
(3) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil; [email protected];
(4) Tecnologia de Materiais, Faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATEC), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]
Tendo em vista o rápido desenvolvimento da região de Indaiatuba e a crescente demanda por
água, estudos hidrogeológicos foram desenvolvidos para avaliar a potencialidade hídrica subterrânea de
uma faixa que abrange os municípios de Indaiatuba, Monte Mor, Salto, Elias Fausto, Rafard e Capivari,
no âmbito do projeto “Identificação de Áreas Potenciais de Restrição e Controle de Captação e Uso das
Águas Subterrâneas na Porção Sul da UGRHI 05 – Projeto ARC TUB 1”, do Núcleo de Hidrogeologia
do Instituto Geológico/SMA. Um dos objetivos específicos deste projeto e do presente trabalho foi obter
um quadro da geometria dos aquíferos e de suas potencialidades. Dentre as atividades executadas
destacam-se: i) cadastro de poços tubulares, ii) confecção de perfis litológicos, iii) elaboração de tabelas
de produtividade dos poços, para se estabelecer uma correlação dos mesmos com os perfis litológicos.
Os resultados obtidos indicam a ocorrência de três aquíferos na área: Cristalino (173 poços), Tubarão
(936 poços) e Diabásio. Estes aquíferos são heterogêneos, descontínuos e anisotrópicos. O Aquífero
Cristalino ocorre na porção leste (principalmente nos municípios de Salto e Indaiatuba) e é constituído
por rochas do Embasamento Cristalino (granitos, gnaisses e migmatitos). O Aquífero Tubarão,
depositado em ambiente glacial sobre o Aquífero Cristalino, é do tipo sedimentar (arenitos, siltitos,
argilitos, folhelhos, ritmitos), espessura entre 0 e 500 m, com maior ocorrência nos municípios de Monte
Mor, Elias Fausto, Capivari e Rafard. O Aquífero Diabásio corresponde a rochas intrusivas básicas, sob
a forma de sills e/ou diques de diabásio, distribuídos de forma dispersa e pouco frequente pela área
estudada. A produtividade geral dos poços desta região é de 0,10 m³/h/m (moda da capacidade
específica), para todos os aquíferos. Segundo DAEE (1981), o coeficiente de transmissividade (T) dos
aquíferos varia de: T=1 a 100 m²/ dia para o Cristalino; T=1 a 40 m²/dia para o Tubarão e T=0,25 a 28
m²/dia para o Diabásio. Este trabalho teve apoio financeiro FEHIDRO (Contrato nº 450/2006) e
IG/SMA-SP (Processo SMA 30.442/2006).
Palavras-chave – Água Subterrânea, Aquífero Cristalino, Aquífero Tubarão, Poço Tubular,
Produtividade.
Keywords – Groundwater, Crystalline Aquifer, Tubarão Aquifer, Drilling Well, Productivity.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA DO ESTADO DE SÃO PAULO - DAEE.
1981. Estudos de águas subterrâneas, Região Administrativa 5 - Campinas. São Paulo/SP, DAEE,
607 p.
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IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS FEIÇÕES EROSIVAS EXISTENTES AO
LONGO DA TRILHA DO BONETE, ILHABELA- SP
Renata Diniz TELES (1), Carlos Venicio CANTARELI (2*), Alexandre REZENDE (3)
(1) Campus Experimental do Litoral Paulista, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” (UNESP), São Vicente, SP, Brasil; [email protected]
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (SMA/SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; *Bolsista FAPESP
(3) Instituto Caá-Oby de Análise e Protagonismo Sócio-Ambiental, Santos, SP, Brasil;
[email protected]
A comunidade do Bonete localiza-se no extremo sul do município de Ilhabela, no litoral norte
do Estado de São Paulo. Uma das possibilidades de acesso a essa vila é através de uma trilha de
aproximadamente 15 quilômetros de extensão que é a única via de ligação por terra entre a comunidade
caiçara ali existente e a Ponta da Sepituba, próximo de onde se inicia o trecho asfaltado da estrada que
leva à zona urbanizada central da ilha, portanto de grande importância local. O presente trabalho tem
como objetivo identificar, cadastrar e caracterizar as feições erosivas existentes ao longo dessa trilha,
contemplando o levantamento dos condicionantes naturais do meio físico que atuam diretamente na
dinâmica dos processos erosivos, como a declividade, que exerce grande importância na análise da
fragilidade e principalmente a caracterização geomorfológica, geológica e pedológica do terreno, bem
como da cobertura vegetal predominante ao longo do caminho, afim de caracterizar os terrenos quanto à
suscetibilidade aos processos erosivos. Deve se levar em consideração que, por conta da barreira
orográfica imposta pelo relevo da ilha às muitas incursões dos sistemas frontais durante o ano, as chuvas
nesse local são muito intensas e frequentes e atuam como agentes deflagradores dos deslizamentos
observados. Os pontos de fragilidade como os deslizamentos supracitados e cortes de solo exposto nas
encostas, foram fotografados e georreferenciados com GPS de campo afim de gerar, posteriormente, um
mapa de riscos que será desenvolvido em fase posterior do trabalho. É importante ressaltar que esses são
resultados parciais que complementarão os estudos de caracterização das fitofisionomias e de outros
aspectos relevantes das adjacências da trilha desenvolvidos pelo Instituto Caá-Oby com vistas à
proteção ambiental desse local.
Palavras-chave – suscetibilidade à erosão, processos erosivos, deslizamentos, Bonete, Ilhabela, SP
Keywords – susceptibility to the erosion, erosive processes, landslides, Bonete, Ilhabela, SP
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUGUSTO FILHO, O. 1994. Cartas de risco de escorregamentos: uma proposta metodológica e sua
aplicação no município de Ilhabela, SP. São Paulo. Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo. 168p.
MILANESI, M. A. 2007. Avaliação do efeito orográfico nas vertentes opostas da Ilha de São Sebastião
(Ilhabela – SP). Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo. 141p.
MUEHE, D. 1995. Geomorfologia Costeira. In: GUERRA, A. T: CUNHA , S. B. (org.). Geomorfologia
- uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, p. 253-308.
SALOMÃO, F. X. de T. & IWASA, O. Y. 1995. Erosão e a ocupação rural e urbana. In: BITAR, O. Y.
(Coord). Curso de Geologia Aplicada ao Meio Ambiente. São Paulo: IPT/ABGE. p.31-57.
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RESULTADOS PRELIMINARES DA OCORRÊNCIA DA LEVEDURA DO GENERO
CANDIDA EM PRAIAS DE UBATUBA, LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
Wagner F. VILANO (1,2), F. C. OLIVEIRA (1), Célia Regina de Gouveia SOUZA (2,3)
(1) Campus Experimental do Litoral Paulista, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” (UNESP), São Vicente, SP, Brasil;
(2) Depto. de Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo (FFLCH/USP), São Paulo, SP, Brasil; [email protected].
(3) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente (IG/SMA-SP), São Paulo, SP, Brasil;
[email protected], [email protected]
As regiões costeiras são áreas de grande concentração populacional, onde recentemente tem
se dado atenção para os impactos ambientais no ambiente marinho e na saúde da população. A
qualidade das águas recreacionais e do sedimento são importantes indicadores da qualidade
microbiológica dessas regiões, devido à exposição dos banhistas e a possibilidade de contraírem
doenças (Oliveira et al., 2010). Este trabalho teve como objetivo estudar a variação espaço-temporal
das densidades de leveduras do gênero Candida na água do mar e nas areias das praias do
Pereque-Mirim da Enseada do município de Ubatuba, São Paulo, bem como identificar as espécies
desse gênero encontradas e avaliar a potencialidade das areias de praias como fonte de contaminação
por patógenos. As amostras de água e areia foram coletadas nos meses de Dezembro de 2011 a
Fevereiro de 2012, e a determinação da densidade de Candida sp. foi realizada pela Técnica de
Membrana Filtrante (APHA, 2005). Os resultados encontrados foram significativos, no qual as
amostras de areia apresentaram maior densidade de leveduras do gênero Candida sp. em relação às de
água (350 UFC/100ml, na praia do Perequê R2B), e a areia seca (1,02x103 UFC/100g, na praia do
Perequê R2B) apresentou maior densidade em relação à areia úmida (0,51x103 UFC/100g, na praia do
Perequê R2B), em ambas as praias analisadas, durante o período considerado de alta temporada, e
ocorrendo uma queda no mês de fevereiro nas amostras de água (36 UFC/100ml, na praia do Perequê
R2B), areia seca (1,00x103 UFC/100g, na praia do Perequê R2B) e areia úmida (0,12x103 UFC/100g,
na praia do Perequê R2B). As espécies de Cândida encontradas neste estudo foram C. tropicalis, C.
krusei, C. glabrata e C. albicans, com destaque para a espécie C. albicans que apresentou a maior
predominância entre as espécies encontradas. A grande presença de leveduras patógenas do gênero
Candida nas águas e areias das praias analisadas é um fato importante em se tratando de saúde pública
e possíveis contaminações, mostrando a necessidade de formas mais efetivas de monitoramento e
gerenciamento dessas regiões costeiras.
Palavras-chave - balneabilidade, sedimento, leveduras, saúde, contaminação.
Keywords - balneability, sediment, yeast, health, contamination.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APHA, American Public Health Association. 2005. Standard Methods for the Examination of Water
and Wastewater. APHA, AWWA, WEF. 20th Edition, 1120p.
OLIVEIRA, A. J. F. C.; FRANÇA, P. T. R.; PINTO, A. B. 2010. Antimicrobial resistance of
heterotrophic marine bactéria isolated from seawater and sands of recreational beaches with
different organic pollution levels in southeastern Brazil: evidences of resistance dissemination.
Environ. Monit. Assess, 169: p.375-384.
107
Boletim IG
São Paulo
vol. 19
n.1
jan.-jun. 2012
LEVANTAMENTO DE DADOS GEOQUÍMICOS DE MATERIAIS GEOLÓGICOS,
ESTADO DE SÃO PAULO –BRASIL
Bruna Catarino XAVIER (1,2*), Cristiane Labre de França e Andrade ROBERTO (1,2**),
Tarley Ribeiro MONTANDON (1,2**), Alethea Ernandes Martins SALLUN (2***), David B.
SMITH (3), William SALLUN FILHO (2***), Alessandro CESARINO (4)
(1) Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil;
[email protected]; [email protected], [email protected]; *Bolsista PIBIC-CNPq;
**Bolsista FUNDAP-IG;
(2) Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo,
SP, Brasil; [email protected]; [email protected]; ***Bolsista Prod. Pesq. CNPq;
(3) U.S. Geological Survey, Denver Federal Center, Denver, CO, USA; [email protected];
(4) CETESB, Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo, SP,
Brasil; [email protected]
Levantamentos de background geoquímico natural determinam as variações naturais de
elementos que ocorrem em diferentes materiais geológicos em uma mesma região. A determinação de
padrões geoquímicos e isotópicos de uma determinada unidade geológica pode permitir identificar
anomalias, determinar padrões de qualidade ambiental, estabelecer área-fonte de sedimentos, gênese,
proveniência sedimentar, recursos minerais disponíveis, etc., que promovem o desenvolvimento
científico e contribuem para reconhecimento e planejamento ambiental e tecnológico.
Neste projeto está sendo realizado um levantamento de dados geoquímicos por meio de
pesquisa bibliográfica, com compilação da documentação bibliográfica disponível sobre análises
geoquímicas realizadas em materiais geológicos - rochas, sedimentos e solos de unidades geológicas
paulistas. Os dados foram levantados a partir da leitura de artigos publicados em diversas revistas
geocientíficas para a confecção de banco de dados geoquímicos do Estado de São Paulo, com as
coordenadas dos pontos de obtenção de amostras, resultados das análises geoquímicas, procedimentos e
métodos de coleta e analíticos empregados.
O trabalhos foram realizados em duas etapas: 1) levantamento bibliográfico inicial para
confecção da planilha matriz do banco de dados; 2) a partir da confecção da planilha matriz, inicio de
aquisição de todos os dados disponíveis. Na primeira etapa, foi realizado levantamento bibliográfico
preliminar de forma a escolher alguns trabalhos com dados geoquímicos para a formulação dos
principais campos que devem constar da planilha. O levantamento bibliográfico preliminar foi realizado
por meio de ferramentas online, como Google Acadêmico, Sistema Dedalus (site para acesso a
bibliotecas USP) e Scopus. Procurou-se utilizar as mesmas palavras chave para os três sites consultados.
Como diagnóstico, constatou-se que há pequena quantidade de trabalhos publicados com dados
geoquímicos e grande diversidade de métodos de coleta e análise química. Para melhor entendimento de
como são feitos estudos de levantamento geoquímico, foi realizado trabalho de campo que permitiu
melhor entendimento da temática envolvida e reconhecimento de unidades geológicas aflorantes no
Estado de São Paulo e os tipos de materiais geológicos que são comumente amostrados. O trabalho de
campo foi muito importante para presenciar e aprender como são feitas as análises prévias para coleta de
dados geoquímicos.
Os dados obtidos ajudarão a compor o diagnóstico da qualidade ambiental natural do Estado
de São Paulo. Este projeto tem apoio financeiro da FAPESP (2010/10792-3), do Instituto Geológico e
do CNPq, Brasil.
Palavras-chave – geologia, geoquímica, meio ambiente, São Paulo, Brasil
Keywords – geology, geochemical, environment, São Paulo, Brazil
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BOLETIM DO INSTITUTO GEOLÓGICO
Instituto Geológico
Av. Miguel Stéfano, 3900 – CEP 04301-903
Fax: (0xx11) 5077-2219
São Paulo, SP – Brasil
www.igeologico.sp.gov.br

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