Connon obrian

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Connon obrian
MODA
LIFESTYLE
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ARQUITETURA
DESIGN
MÚSICA
ARTE
New Style Magazine
#43. Inverno ‘11
2,00€
COMO VESTIR
E O QUÊ?
Edição #43 . Inverno 2011
DESDE O FETICHE
ÀS NOITES GROOVY
DAR A VOLTA
AO ORÇAMENTO
VESTIR COM MENOS BUDGET
NÃO SIGNIFICA VESTIR PIOR
FOREVER 27
O CLUBE DOS ÍCONES
DO ROCK
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OS JOGOS OLÍMPICOS
COM UM PULINHO A LONDRES
www.nstyle.com.pt
MAD MAN(ZARRA)
O ROSTO MAIS EXPRESSIVO DA NOSSA TELEVISÃO
E N T R E V I ST A
E N T R E V I ST A
MAD MAN
O rosto mais expressivo da nossa televisão
João Manzarra é umas das faces mais reconhecidas do nosso panorama televisivo e vemo-lo um pouco
por toda a parte, em programas e em anúncios. A NStyle falou com essa figura simpática que viveu grande
parte da sua vida na rotunda do Areeiro, que dorme numa cama redonda e cuja cabeça e carreira não
param de girar.
FATO, GUCCI | CAMISA EM ALGODÃO,
DOLCE&GABBANA | CINTO COM
FIVELA DOURADA, E GRAVATA FINA,
DIOR, TUDO NA FASHION CLINIC.
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FOTOGRAFIA MÁRIO PRINCIPE REALIZAÇÃO JOYCE DORET MAQUILHAGEM CARINA QUINTILIANO.
por Carlos Tomé Sousa
“Não me lembro onde nasci, mas se quiseres posso confirmar.
Acreditas que não sei? Acho que foi numa maternidade. Posso
resolver isso com uma chamada. Mas morei sempre no Areeiro,
na rotunda, sou filho da rotunda”. Começa assim esta conversa
com João Manzarra, uma estrela em meteórica ascensão na
televisão nacional. São 11H47 da manhã e João chega 17 minutos
atrasado a esta entrevista que decorre no mesmo estúdio onde
em seguida terá lugar a sessão de fotos para a NStyle. Ao longo
da conversa este atraso seria a única falha que lhe poderíamos
apontar. Isso e não ter terminado o curso. Mas tendo em conta
que os portugueses chegam em média 15 minutos atrasados aos
encontros, e que foi graças a essa interrupção dos estudos que
temos um dos apresentadores mas espontâneos da nossa praça,
Manzarra está assim desculpado.
Quanto ao ligeiro atraso, já percebemos porquê. No final da
entrevista pede desculpa. “Desculpa mas de manhã tenho uma
dificuldade tremenda. Tenho uma cláusula de vida que diz que
não posso fazer programas da manhã pois o chip não funciona”.
Mas não foi o caso desta conversa. Foi um Manzarra calmo que nos
falou do bom que foi ter começado por fazer um programa como o
“Curto Circuito” na Sic Radical que lhe permitiu muitas coisas. “Foi
o sítio ideal para começar. Tinha poucas regras e tinha espaço
para criar o meu perfil”. A entrada para o Curto Circuito, programa
que via habitualmente, dá-se por volta dos seus 22 anos quando é
selecionado para um casting e ganha, interrompendo o curso de
Comunicação Social que frequentava na Universidade Católica de
Lisboa. A sua ideia quando entrou para o curso era ter uma boa
base para seguir uma carreira relacionada com a escrita. “Na fase
em que estava tudo o que viesse à rede era peixe, era espadarte
do bom, e a verdade é que se as coisas tivessem seguido o curso
normal teria enveredado mais pela área do humor. Na altura tinha
um blogue, escrevia muitas coisas…” Mas as coisas mudaram com
a sua entrada para esse programa da Sic Radical.
“Não conclui o curso, pois apareceram-me oportunidades, que
tinha de agarrar. Ganhei um casting na altura para apresentar
o Curto Circuito e isso passou a ser a minha prioridade. Tenho
vontade de terminar o curso mas não tive oportunidade ainda.
Não é uma queixa, não me posso queixar. Mas os projetos que
tenho não me deixam tempo para planear. Não me é possível estar
neste momento numa universidade com um regime presencial
muito forte”, recorda. Mas grande parte do curso parece ter sido
passado no bar, “a minha sala de aulas”, como afirma em tom de
brincadeira, lembrando que havia matérias de que gostava muito
e nas quais “modéstia à parte era um aluno bestial”. Só que se
afinava com o professor ou com a matéria era terrível.
UMA CARREIRA BEM GERIDA
Mas da conversa depreende-se que João é tudo menos baldas e
que gere muito bem a sua carreira. “Passo horas na minha cama
redonda a gerir a minha vida e a minha carreira”. E sabe cumprir
regras. Se bem se lembra é capaz de ter ido de chanatas para
as aulas numa universidade que impôs algumas regras quanto à
indumentária, “mas nunca com uma camisola do Benfica”, afirma
este sportinguista.
Depois do Curto Circuito dá-se a sua passagem gradual para
programas com maior audiência no canal generalista da SIC. “A
minha passagem foi mais ou menos gradual e chamaram-me
para ser o repórter maluco, que vem da Sic Radical, para fazer as
entrevistas nos bastidores. Decidi que ia trazer o meu estilo de
apresentação para essa tarefa. E as coisas foram correndo bem.
Não tive que me adaptar assim tanto, mas tive que me adaptar
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BLAZER EM VELUDO COM LAPELA EM CETIM E LAÇO EM LANTEJOULAS, MIGUEL VIEIRA | CAMISA DE SMOKING EM ALGODÃO, H&M | JEANS, GSTAR.
sim a outros formatos, com teleponto, com guião, com teleponto,
em que é preciso gerir as emoções”.
Se há coisa que não perdeu foi esse ar de pessoa elétrica. Mas
brinca com isso quando lhe fazemos uma pergunta a esse respeito.
“Achas que sou elétrico? Olha que não. Enganaste-te? Acho que
trocaste as notas para a entrevista com o João Baião.” Perante
esta resposta impunha-se a pergunta se gosta do trabalho desse
profissional. Diz que sim mas afirma que para já não se sente à
vontade para apresentar um programa como os que João Baião
atualmente apresenta. “Acho que a seu tempo o faria. Para
apresentar um programa desses, em que o conteúdo é muito
geral, e em que se fala com muita gente, com várias experiências
de vida e com uma abordagem mais genérica, é preciso ter
vivido mais. Acho que um dia depois de ter sido pai,…”
Mas se há coisa que João Manzarra parece apostado é em
desenvolver o seu estilo pessoal. “Tento criar a minha entidade e o
meu estilo”. O que não o impede de ter pessoas que admira, como
é caso de Rui Unas “que tem um talento brutal e se não é o melhor
é dos melhores e em é uma máquina”. No panorama internacional
as suas preferências vão para Conan O’Brian. “Acho-o brutal. E
gosto muito, muito da Ellen e do seu registo”.
A BOA DISPOSIÇÃO TAMBÉM É UMA VIRTUDE
Apesar de admirar figuras internacionais como O’Brian e Ellen, se
há coisa que não pensa fazer é sair de Portugal. “Gosto muito de
estar cá. Aproveito para escapar de vez em quando e viajo para
todo o lado. Mas não gosto de repetir destinos. E dificilmente me
adaptaria à vida dos EUA, por exemplo, sou muito europeu. A
enormidade dos EUA assusta-me, o tamanho do país, dos carros,
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dos hambúrgueres, é tudo numa escala muito grande e um pouco
impessoal. Adoro Portugal e sou dos maiores defensores da
pátria e vivo na melhor cidade do mundo que é Lisboa, sou fã
incondicional. E gosto dos países mediterrânicos. Gosto muito
de Itália. Espanha nem tanto. Já passei algum tempo em Itália. Se
tivesse que escolher outro país, talvez Itália, Roma. E gosto do
nordeste, Verona, Veneza. Gosto de países com defeitos e com
carácter.”
A propósito de carácter e de defeitos e virtudes, quisemos saber
se não achava Portugal um país carrancudo. A resposta não se fez
esperar: “acho que estamos na linha do Equador da carrancudisse.
Acho que estamos ali no morninho ao nível do carrancudo. Não
somos nem melhores nem piores. A conjuntura atual não está
para grandes sorrisos mas os mesmos não podem acabar”, diz
Manzarra, lembrando que por vezes nos levamos demasiado a
sério. “As pessoas antes de rir olham para o lado para verem se
as outras pessoas estão a olhar para elas. Têm uma preocupação
excessiva. Acho que muitas vezes têm mau vinho. Acho que os
portugueses deviam aprender a divertir-se melhor”.
Quando terminar esta entrevista e a sessão fotográfica e voltar a
casa João Manzarra vai soltar os seus quatro cães, um boxer, um
dogue argentino, um chihuhua e um Jack russel e provavelmente
ficar ali num dia de chuva a ouvir novo folk Patrick Watson, Beirut
ou Fleet Foxes ou JP Simões, outro dos músicos de que gosta
muito. E o vires aos saltos a dançar hip hop não te admires. Ao nível
de “party” anda a gostar cada vez mais de algum hip hop. “Diverte-me”. E foi com um Manzarra divertido e a preparar-se para vestir
um fato Tom Ford que terminámos esta entrevista. Quem sabe um
dia não veremos João num registo mais sério. Mas para já o tipo de
apresentação que faz é o que mais gosta.
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