Casa que abrigava pilotos tem projeto de restauração
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Casa que abrigava pilotos tem projeto de restauração
MEMÓRIA DA AVIAÇÃO Casa que abrigava pilotos tem projeto de restauração A Pelo projeto, o memorial manterá estilo da construção de 1926 França, África e América do Sul precisava de pousadas, onde os pilotos dormiam e reabasteciam os aviões. As casas ficaram conhecidas como popote, que em francês significa hora da marmita. Junto a elas havia o campo de pouso, o hangar e as redes de comunicação. COMPAGNIE GÉNÉRALE AÉROPOSTALE Sede da Aéropostale Toulouse Foi o primeiro correio aéreo da França. Ela distribuiu cartas para a África e a América do Sul. Reuniu 28 escalas, com casas para pilotos e campos de pouso nos três continentes. Uma delas está no Campeche, em Florianópolis. Tanger Rabat Barcelona Alicante Málaga ● Exupéry – O escritor tinha as viagens como inspiração enquanto pilotava os aviões da Aéropostale Casablanca Magador Agadir Cap Juby A Compagnie Générale Aéropostale explorou mais de 17 mil quilômetros, reunindo 1,5 mil funcionários, sendo 51 pilotos, 250 mecânicos, 50 operadores de rádios, 200 aviões, 17 hidroaviôes e oito navios. St. Louis Dakar Natal Recife Maceió Bahia (Caravelas) Santos Santiago Pelotas Mendoza Vitória Rio de Janeiro Florianópolis Porto Alegre Montevidéu Buenos Aires No Brasil, os aviões faziam escala em 10 cidades Risco de voar em aviões precários GUTO KUERTEN A Aéropostale tinha 28 cidadesescalas nos três continentes. Dessas, 10 estavam no Brasil. – Vamos falar desta fusão franco-brasileira e de que maneira isso mostrava, na década de 1920 e 1930, como Florianópolis tinha uma vocação cosmopolita e tinha um povo muito acolhedor – diz a idealizadora do projeto, Mônica Cristina Corrêa. Orçado em R$ 900 mil, a ideia é captar recursos via Lei Rouanet. Mônica adianta um pouco do que será mostrado: história de cada piloto, maquetes dos aviões da época e uma coleção de selos. O acervo sobre a cultura local será montado. O superintendente da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, Luiz Moukarzel, não vê motivos para o projeto ser rejeitado. Segundo ele, a cidade carece de ambientes assim. Caso não sofra atrasos, a restauração ficará pronta em fevereiro de 2014, quando completa 70 anos de morte de Exupéry. Geral 25 O MITO IMAGENS CEDIDAS POR MÔNICA CORRÊA Aviões da Companhia Générale Aéropostale cruzavam o oceano para entregar cartas. A missão tinha um ponto de pouso no Campeche, em Florianópolis. A casa onde os pilotos franceses descansavam poderá virar memorial. única casa de pilotos da antiga companhia francesa Générale Aéropostale que ainda resiste em pé no Brasil está em Florianópolis, na Avenida Pequeno Príncipe, no Campeche. Para evitar que tenha o mesmo fim melancólico da companhia de aviação postal e que se perca um importante referencial da memória da cidade, voltou a tramitar no Ministério da Cultura um projeto de revitalização da área. A ideia é transformar o local no Memorial Pilotos e Pescadores Antoine de Saint-Exupéry. O nome é em homenagem ao piloto que, inspirado nas viagens transatlânticas, ficou famoso ao escrever O Pequeno Príncipe. A casa teria abrigado Exupéry, que seria chamado de Zé Perri pelos moradores do local. O projeto de recuperação, proposto em 2008, aguarda uma avaliação do Ministério da Cultura. Além de contar a história da Aéropostale, mostrará costumes dos moradores da Ilha, que receberam os franceses de braços abertos. Também haverá um auditório para palestras, cursos e exibição de filmes. A casa de 300 metros quadrados foi construída em 1926, no Sul da Ilha e o lugar serviu como dormitório dos pilotos franceses – funcionários da primeira companhia de correios aérea da França. Como voavam grandes distâncias entre a DIÁRIO CATARINENSE, DOMINGO, 3 DE MARÇO DE 2013 Editor: Jeferson Cioatto - (48) 3216-3533 Subeditora: Valéria Rivoire - (48) 3216-3533 Coordenadora de produção: Vanessa Franzosi - (48) 3216-3530 [email protected] ARQUIVO DA SUCCESION EXUPÉRY Geral DIÁRIO CATARINENSE, DOMINGO, 3 DE MARÇO DE 2013 DIVULGAÇÃO 24 A preocupação dos pilotos que subiam em um monomotor não era se haveria pane, e sim qual a pane daquela vez. Esta foi a máxima da época, quando jovens entre 20 e 30 anos arriscaram suas vidas pelos ares. O período era o pós-Guerra. Até então, a aviação tinha fins militares. Aviões desprotegidos, abertos, sem pressurização. O major brigadeiro Adenir Viana diz que eram muito lentos, alcançando uma velocidade média de 200 km/h, com um motor bastante precário. A orientação era visual. Viana conta que, à noite, os pilotos sobrevoavam o mar quase encostando na água, para se guiarem pelas cristas da onda, que ficavam luminosas. O brigadeiro não tem dúvida: foram os verdadeiros desbravadores dos ares. 1918 O empresário Pierre-George Latécoère transformou uma fábrica de vagões em uma empresa de aviação que, até então, era de domínio militar. ENTREVISTA 1927 Francês radicado no Brasil, Marcel BouillouxLafont compra 94% das ações de Latécoère e a transforma na empresa de correio aéreo francesa: Aéropostale. Foi a primeira ligação postal entre França e América do Sul. 1928 O Brasil ganhou 10 campos de pouso, os primeiros do país. Todas tinham hangar, casa de pilotos, transmissão sem fio e aeródromos. 1930 As cartas chegavam ao Brasil por navio, para depois serem redistribuídas no país, Buenos Aires, Paraguai e Chile por avião. Só em 1930, o piloto da Aéropostale, Jean Mermoz, atravessou o Oceano Atlântico. Saiu da África e chegou a Natal em 13 de maio. O voo durou 21 horas. 1933 Foi à falência, sendo incorporada pela Air France. Olivier d’Agay Sobrinho-neto de Saint-Exupéry “Os pilotos voaram em máquinas malucas” Presidente da entidade que detém os direitos autorais da obra do escritor conheceu o projeto de preservação da casa e comentou a importância da preservação para a Aéropostale e para a França. Diário Catarinense – O que o senhor achou do projeto de restauração da popote? Olivier d’Agay – É fantástico porque quando você vê o projeto, pode enxergar uma simples restauração em uma casa pequena. Mas quando olha do ponto de vista global, é um projeto internacional, ligando três continentes e muitos países É um grande projeto cultural ligando pessoas. DC – Qual é a importância da Aéropostale para a história da França? D’Agay – É muito importante porque foram os pioneiros da aviação civil e os pilotos voaram em máquinas malucas. Também foi importante para o desenvolvimento de ligação entre pessoas. SaintExupéry escreveu depois sobre essa experiência na Aéropostale. Sua obra está cheia dessa experiência. DC – O senhor acha que é possível ter uma parceria entre a Fundação Exupéry e a cidade de Florianópolis? D’Agay – Isso já é real porque começamos a apoiar um projeto escolar no Campeche (a escola municipal Brigadeiro Eduardo Gomes). Nós patrocinamos professores e aulas de francês. Então já temos um programa apoiado pela Fundação no Campeche. DC – Mas podemos ter outros? D’Agay – Sim, por que não? Poderíamos apoiar outras ações, claro. DC – Neste ano, o lançamento de O Pequeno Príncipe completa 70 anos. O que vocês estão preparando? D’Agay – Temos programadas celebrações em Paris, começando em abril. Também haverá celebrações em Nova York, porque o livro foi lançado na cidade, em abril de 1943, na Europa e Japão. E eu espero que no Brasil também.
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