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DIÁRIO CATARINENSE, SÁBADO, 15 DE MARÇO DE 2014
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Reportagem Especial
Últimos registros
CRISTIAN WEISS
[email protected]
GUTO KUERTEN
Casa que
abrigará museu
com registros
da passagem de
pilotos franceses
por Florianópolis
deveria ter a
reforma concluída
no mês passado.
No entanto, está
ocupada por uma
família e foi até
posta à venda
ocupa Mônica Cristina Corrêa, presidente da
Associação Memória Aéropostale no Brasil, que
trabalha no inventário histórico. Segundo ela, o
projeto de restauro e implantação do acervo já
teve parecer favorável no Ministério da Cultura
para captação de R$ 936 mil.
A Tractebel Energia se disponibilizou a investir R$ 200 mil e o projeto deve receber recursos
da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação
do Estado de Santa Catarina (Fapesc).
Além disso, a casa está em processo de tombamento pela prefeitura. Um documento de
1990 comprova a cessão do terreno da União
para o município, com a condição de ser usado
para fim público. De acordo com o secretário de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano de
Florianópolis, Dalmo Vieira Filho, a retomada
do terreno está sendo tratada judicialmente e
não há prazo para que seja concluída. Com isso,
o trâmite no Ministério da Cultura corre o risco
de ser mais uma vez arquivado.
Por enquanto, o terreno está ocupado pela
família Heerdt desde 1958, por meio de decla-
RICARDO WOLFFENB
ÜTTEL
A
menos de dois meses da visita
dos membros da Fundação Latécoère, a implantação do Memorial Pilotos e Pescadores Antoine
de Saint-Exupéry, no bairro Campeche, em Florianópolis, pouco progrediu.
Desde que o processo foi desarquivado no
Ministério da Cultura, em março de 2013,
para obter recursos via Lei Rouanet, a expectativa era ter concluído no mês passado a
reforma do casarão que servia de alojamento
para os pilotos franceses entre 1920 e 1930.
A Fundação Latécoère engloba ações em 28
cidades do mundo por onde os aviões da companhia francesa Générale Aéropostale pousavam. Em Florianópolis, a comitiva fará o inventário dos vestígios da companhia de correio
aéreo, da qual fazia parte o escritor Antoine de
Saint-Exupéry, autor de O Pequeno Príncipe.
O inventário é necessário para o processo
de tombamento como patrimônio universal
pela Unesco. Porém, o casarão está ocupado e
havia sido colocado à venda. A situação pre-
ração de posse. A pedido dos Heerdt, o lote chegou a ser anunciado à venda por R$ 1,5 milhão.
Mas, depois de procurada pela reportagem para
comentar sobre a venda, a imobiliária retirou as
placas e o imóvel da pauta.
– Saiu em Diário Oficial que minha mãe podia vir pra cá. A prefeitura nunca nos procurou.
Nós pagamos impostos, luz e água – afirma José
Heerdt, um dos moradores.
Antigo alojamento
dos pilotos está
ocupado. Na
semana passada,
o imóvel estava à
venda (detalhe)
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DIÁRIO CATARINENSE, SÁBADO, 15 DE MARÇO DE 2014
aguardam museu
O que falta para o memorial
O que é necessário e como será a concretização do Memorial Pilotos e Pescadores Antoine
de Saint-Exupéry, em Florianópolis
●
Recuperar a posse do imóvel
●
Concluir a captação de recursos (com
OS AVIADORES
FRANCESES
AS ESCALAS DA COMPANHIA FRANCESA
A Compagnie Générale Aéropostale explorou mais de 17 mil quilômetros com campos
de pouso em três continentes, reunindo 1,5 mil funcionários – entre eles 51 pilotos, 250
mecânicos e 50 operadores de rádios –, 200 aviões, 17 hidroaviões e oito navios.
Sede da
Aéropostale
Toulouse
Barcelona
Alicante
Tanger
Málaga
Rabat
R$ 200 mil da Tractebel Energia já daria para construir o auditório)
●
Casablanca
Magador
Agadir
Comprovar a autoria do imóvel junto ao Ministério
da Cultura para liberar a captação via Lei Rouanet
●
Cap Juby
O projeto prevê a restauração e revitalização do
St. Louis
antigo Casarão dos Pilotos com a implantação de
um espaço multicultural de uso comunitário para
abrigar também a exposição doada pela Memória
da Aéropostale no Brasil
●
●
Acervo terá história de cada piloto, maquetes dos
ÁFRICA
Dakar
Natal
AMÉRICA
DO SUL
O casarão no bairro do Campeche é o único
exemplar ainda existente em Florianópolis de
um conjunto que compunha o campo de pouso e
equipamentos que serviam de apoio, durante as
décadas de 1920 e 1930, aos aviadores da companhia francesa
✔ O casarão do Campeche faz parte
da história dos pilotos da empresa Générale Aéropostale, que viajavam da França em
pequenos aviões e paravam em Florianópolis
para entregar cartas
✔ Depois da Primeira Guerra Mundial,
um francês chamado Pierre-George Latécoère teve a ideia de transformar os aviões de
guerra em transporte de cartas da França
para África e América do Sul
✔ Em 1927 um empresário francês que
tinha muitos negócios no Brasil comprou a
maior parte da empresa, que passou a se
chamar Compagnie Générale Aéropostale.
Ele criou pontos para os aviões pousarem na
América do Sul. Os aviões chegavam ao Brasil por Natal (RN) e desciam até Florianópolis
antes de voar para a Argentina
✔ No Campeche, os pilotos pousavam e
paravam para descansar no casarão da Avenida Pequeno Príncipe e abastecer os aviões
✔ Historiadores defendem que um dos
pilotos que passaram por Florianópolis era
o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry.
Ele ficou famoso mundialmente por ter escrito o livro O Pequeno Príncipe.
Recife
Maceió
OCEANO
ATLÂNTICO
Caravelas (BA)
Santos
Santiago
Mendoza
Vitória
Rio de Janeiro
Pelotas
Florianópolis
Porto Alegre
Montevidéu
Buenos Aires
aviões da época e uma coleção de selos
●
R$ 936 mil é o valor da instalação do Memorial
Pilotos e Pescadores Antoine de Saint-Exupéry,
no Campeche
Modelo de avião
utilizado pela
Aéropostale na
década de 1930
No RS, pista virou lixão
dora da Fundação Latécoère, visitou o
local e se espantou.
– É um lugar histórico. Há um livro
de um mecânico que narra quando
Exupéry teve que voltar à base por um
defeito técnico, comprovando a presença dele em Pelotas.
Em Porto Alegre, a pesquisa deve
começar no segundo semestre. A única pista da passagem de Exupéry está
na sua obra Voos noturnos, que citou o
município. “Havia brumas para os lados de Porto Alegre”, escreveu.
Em Pelotas (RS), local onde Exupéry teria pousado está descuidado
JERÔNIMO GONZALEZ, ESPECIAL
No Rio Grande do Sul, outro local
que guarda registros da história da
aviação francesa também espera ser
recuperado. A parada de pouso em Pelotas, que contava com uma pista, oficina mecânica e uma casa, já não pode
ser reconhecida. O local agora tem lixo
e criações de animais e lá mora o ajudante Luís Fernando Oliveira, 36 anos.
O que era para ser um vão para guardar peças de aviões se transformou
em uma piscina de água parada.
Mônica Cristina Corrêa, pesquisa-
Deu no DC
Em março de 2013, uma reportagem
mostrou que a casa abrigaria um museu

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