pires vieira - Museu Nacional de História Natural e da Ciência
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pires vieira - Museu Nacional de História Natural e da Ciência
PIRES VIEIRA Exposição de 5 a 29 Março 2015 Sala do Veado, Museu Nacional da História Natural e da Ciência (MUHNAC) Rua da Escola Politécnica, 56/58, 1250-102 Lisboa Inauguração, 4 Março(quarta-feira), 19h A Sala do Veado, apresenta a exposição “Who is afraid of....?” do artista Pires Vieira. “Who is afraid of...?' é uma série de 27 pinturas realizada no ano de 2013/14, das quais 8 a óleo sobre tela , algumas de grande formato e 19 a óleo sobre papel. No que se refere às pinturas sobre suporte papel, a série foi parcialmente apresentada na Fundação Carmona e Costa em Junho de 2014, no âmbito da exposição antológica em parceria com o MNAC – Museu do Chiado. A totalidade da série será agora apresentada ao público pela primeira vez. Esta série convoca, na citação do seu título, as obras de Barnett Newman, artista que integrou uma das últimas vanguardas do Séc.XX, a do expressionismo americano dos anos 60, e que realizou naquela década uma série de pinturas de grande formato, onde extensos campos de côr pura eram cortados por verticais (zips) de cores escuras e contrastantes, às quais chamou “Who's Afraid of Red, Yellow and Blue (I,II,III e IV)”, iniciadas em 1969 e terminadas na primavera de 1970. As pinturas de Pires Vieira são, simultaneamente, a junção de vários olhares e práticas artísticas da história da pintura do século passado, evocando um referente narrativo nas paisagens de Monet ou nas naturezas-mortas de Van Gogh, com uma praxis do expressionismo alemão, à Kirchner e à Nolde, pelo uso matérico, ágil e rápido da pigmentação da superfície e para terminar, com um jogo pictórico da utilização de sucessivos planos frontais, nos quais se inscrevem os elementos alfabéticos e as formas geométricas quadrangulares, característica da pintura do expressionismo abstracto americano. “É curioso verificar que esta produção recente tem privilegiado o papel como suporte, e a tinta a óleo como matéria de expressão, uma conjugação menos usual, mas que responde aos requisitos do artista para a produção em série. Uma tinta de elevada plasticidade e um suporte suficientemente resistente, de disponibilidade imediata, permitem dar sequência rápida à fluidez das ideias, das indagações a explorar. O formato adoptado é rectangular, de dimensão considerável (a grande maioria de 70 x 100 cm). (...) Pires Vieira, série 'Who is afraid of....' 2013, óleo sobre tela, 113x150 cm “WHO IS AFRAID OF...?” A ousadia crítica e a pertinência das variações radicalizam-se na última série produzida. Ressurge a palavra inscrita em cima da pintura, a fim de reproduzir o título criado por Barnett Newman, entre 1966 e 1970, para uma série de quatro pinturas de grande escala. Who's Afraid of Red, Yellow and Blue? (Quem tem medo do Vermelho, Amarelo e Azul?) , que era o título da série de Barnett Newman, é por sua vez uma referência à peça “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”, de Edward Albee , que estreara em 1962, igualmente inspirada na canção “Quem Tem Medo do Lobo Mau ?”, imortalizada, em 1933, pelo desenho animado de Walt Disney. Pires Vieira decide, então, criar variações na adopção do título de Barnett Newman, segmentando a pergunta formulada. Diversos conjuntos de quatro pinturas confrontam o observador com uma multiplicidade de perguntas: “Who is afraid of yellow?”, “Who is afraid of yellow and green?”, “Who is afraid of red and blue?” “Who is afraid of green and blue?”, etc . Cada conjunto tem a tonalidade dominante da cor colocada em questão, mas, mais uma vez, surgem quadrados monocromáticos de diferentes cores e tamanhos que viajam soltos por cima da pintura, interditando a leitura completa das palavras. A evocação da simplicidade das cores primárias, que pautaram o princípio da obra do artista, contrasta assim com a cacofonia de cores e formas destas pinturas. Destas séries deriva um trabalho exaustivo de variações, obsessivo no processo de criação, que resulta numa profusão de abordagens e propostas. Retomando Rancière, “ao celebrar uma pintura nova, projecta-a num porvir ‘abstracto’ da pintura que ainda não existe”. Pires Vieira continua a desenvolver um trabalho de serialização, o diálogo entre processos para afirmação da pintura e a pesquisa de novos caminhos de libertação, ao mesmo tempo que explora a diferenciação como elemento valorativo da obra de arte, sem medo de acrescentar novas questões às questões que vai resolvendo ou acumulando em permanente dialética.” Adelaide Ginga1 Encontra-se ainda a decorrer na bulthaup Chiado2, até 28 Março 2015, a exposição: PIRES VIEIRA UNE IMAGE PEUT EN CACHER UNE AUTRE “Une image peut en cacher une autre” é uma série de pinturas a óleo sobre papel, realizada no ano de 2011 e apresentada parcialmente na Fundação Carmona e Costa em Junho de 2014, no âmbito da exposição antológica em parceria com o MNAC – Museu do Chiado. A maior parte das obras foi agora apresentada ao público pela primeira vez. A série, constituída por 33 pinturas do mesmo formato (70 x 100 cm), utilizando tinta de óleo e grafite, ou nalguns casos o alcatrão, caracteriza-se fundamentalmente por uma pintura facilmente identificável com paisagens de cores fortes e contrastantes, rasgadas por incisões rigorosas na matéria pictórica: formas geométricas ou traços que se entrecruzam com rigor, revelando um negro de grafite, que aparentemente se escondia por detrás, ou por baixo, da cor. 1 Pires Vieira Antológica: Da Pintura à Pintura, MNAC, Fundação Carmona e Costa, Lisboa: 2014, pp. 98-100 Chiado: Largo da Academia Nacional de Belas Artes, nº 14, Lisboa 2 bulthaup PIRES VIEIRA Pires Vieira (Porto, 1950) estudou na Escola de Belas Artes de Paris e na Universidade de Paris VIII, no início dos anos 70 e vive e trabalha no Estoril. Expôs individualmente em cerca de 43 ocasiões e participou em 70 exposições colectivas. De entre as suas exposições individuais destacam-se: “Antológica: Da Pintura à Pintura” no MNAC/Chiado e na Fundação Carmona e Costa; “Faites vos Jeux, Rien ne va Plus“, na Sala do Veado do Museu Nacional de História Natural; “…Like a Painting-Up Close… It is a Big Mess”, na Appleton Square em Lisboa; “Pires Vieira”, no Pavilhão Branco do Museu da Cidade; “Talk to me”, no CAM – Fundação Calouste Gulbenkian. Das colectivas em que participou sobressaem: “Histórias: Obras da Colecção de Serralves”, Museu de Serralves; “Exposição Permanente (1969/2010)”, Museu Berardo, CCB; “Um Percurso, Dois Sentidos”, no MNAC – Museu do Chiado; “Linguagem e Experiência” no Centro Cultural Palácio do Egipto, no Museu Grão Vasco e no Museu de Aveiro; Alternativa Zero, Galeria Nacional de Arte Moderna, organizada por Ernesto de Sousa. Para além da sua actividade como artista plástico, colabora na produção editorial de várias obras ligadas ao coleccionismo de arte contemporânea e comissariou, em coautoria com Lúcia Marques, a exposição “Outras Zonas de Contacto”, no Pavilhão Preto do Museu da Cidade e na Fundação Carmona e Costa. Está representado em várias colecções: CAM – Fundação Calouste Gulbenkian, MNAC - Museu do Chiado, Culturgest CGD, Colecção Museu Berardo, Colecção Fundação/Museu de Serralves, Colecção Carmona e Costa. www.piresvieira.com