paracetamol - toxicocinética
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paracetamol - toxicocinética
Curso de Especialização em Emergência e Terapia Intensiva INTOXICAÇÕES POR MEDICAMENTOS Parte-2 Prof. Fernando Ramos Gonçalves-Msc Objetivos específicos q Identificar as principais intoxicações por medicamentos, as circunstâncias de exposição e os grupos etários; q Conhecer a disposição, os mecanismos de ação e os espectros de efeitos dos fármacos; q Conhecer os principais métodos de diagnóstico e tratamento das intoxicações por medicamentos; q Aplicar e difundir as informações adquiridas, visando melhorar a assistência à saúde da população e a prevenção das intoxicações. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS n Utilizados no tratamento da depressão e de outros transtornos psíquicos. n Índice terapêutico baixo: nível terapêutico próximo ao nível tóxico. n Principais agentes: amitriptilina e imipramina ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS n Ação em sistema nervoso central e SNP: – bloqueia os sítios receptores de dopamina – inibe a recaptura de norepinefrina e serotonina n Altas concentrações: bloqueio dos canais de sódio, interferindo na condução nervosa n Causas freqüentes de óbito: complicações cardíacas – diminuição na condução elétrica cardíaca – bloqueio dos receptores muscarínicos – bloqueio dos receptores α1-adrenérgicos ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - DIAGNÓSTICO Síndrome complexa: evidente caráter anticolinérgico n Fase I (12-24 h): excitação, delírios, alucinações, hipertermia, mioclonias, convulsões tônico-clônicas, distonias n Fase II (24-72 h): coma, depressão respiratória, hipóxia, hiporreflexia, hipotermia e hipotensão n Fase III (>72 h): retorno ao quadro de agitação, delírios e marcada síndrome anticolinérgica ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - DIAGNÓSTICO Manifestações cardíacas Depressão miocárdica e arritmias cardíacas que surgem, em geral, nas primeiras horas e podem retornar na terceira fase, especialmente em casos graves: - taquicardia supraventricular - distúrbios atriais e ventriculares - retardo na condução ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - DIAGNÓSTICO Exames complementares n hemograma n glicemia e eletrólitos n uréia e creatinina n CPK, fração MB e DHL n provas de função hepática n gasometria arterial n ECG (monitorização) n radiografia de tórax ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - DIAGNÓSTICO n Descontaminação gastrintestinal: – Lavagem gástrica – Carvão ativado: dose única; doses repetidas sem eficácia comprovada n Alterações do sistema nervoso central – Agitação, delírios e alucinações: § não há indicação formal de anticolinesterásicos (fisostigmina); § é contra-indicado o uso de neurolépticos, pela piora dos sinais anticolinérgicos; § prefere-se a sedação com diazepam; – Hipertermia: controle com medidas físicas; – Convulsões: diazepam ou barbitúricos; – Coma: medidas habituais de suporte. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - DIAGNÓSTICO n Alterações cardiovasculares: – Taquicardia sinusal: em geral não é necessário – Taquicardia supraventricular: alcalinização, betabloqueadores, bloqueadores de canal de cálcio – Distúrbios de condução: alcalinização,marca-passo – Arritmia ventricular: alcalinização, lidocaína, isoproterenol (torsade de pointes) – Hipotensão: Trendelemburg, fluidos e aminas vasoativas n Suporte respiratório e nutricional ANTIDEPRESSIVOS IRSS ( Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina) PRINCIPAIS FÁRMACOS - DOSES TÓXICAS/LETAIS § Fluoxetina (Prozac®): DT > 600 mg e DL > 2 g § Paroxetina (Aropax®): DT > 850 mg; sem descrição de óbitos § Sertralina (Zoloft®): DT > 1g; casos graves > 2g - sem relatos de óbitos § Citalopram (Cipramil®): DT e DL não estabelecidas, DL > 2 g (?) § Fluvoxamina (Luvox®): DT > 1g; sem descrição de óbitos § Venlafaxina (Efexor®): DT > 1 g; sem descrição de óbitos ANTIDEPRESSIVOS ISRS - CLÍNICA § Sonolência, náuseas, vômitos, taquicardia, hipertensão, tremores; depressão do nível de consciência, crises epilépticas, sinais anticolinérgicos, hipertermia, alterações ECG § SINDROME SEROTONINÉRGICA: ü Leve: tremores, confusão, incoordenação, movimentos coréicos, midríase ü Moderada: inquietude, agitação, hiperreflexia, ataxia, rubor, ü Grave: delírio, trismo, rigidez, hipertermia, mioclonias, diarréia § Do ponto de vista clínico: coma, crises epilépticas e hipertermia (maior gravidade) § Sinais e sintomas - guias: tremores, mioclonia, rigidez, confusão mental, ataxia e crises epilépticas ANTIDEPRESSIVOS ISRS: TRATAMENTO § § § § § § Aspiração de vias aéreas e oxigenação Descontaminação gastrintestinal: lavagem gástrica e carvão ativado Suporte das funções vitais Controle da hipertermia com medidas físicas Controle de agitação e convulsões com benzodiazepínicos Rigidez muscular: diazepam ANTIPSICÓTICOS Empregados no tratamento sintomático das psicoses (esquizofrenia e distúrbios bipolares) § relacionados estruturalmente: fenotiazinas (clorpromazina, flufenazina, tioradizina), butiferonas (haloperidol, triperidol) e tioxantenos (tiotixeno) § estruturalmente diferentes: sais de lítio, derivados do indol, dibenzodiazepinas (clozapina, loxapina) OBS: fármacos de índice terapêutico alto (exceto lítio), superdosagem não oferece riscos graves, exceto se associados a outros agentes tóxicos ANTIPSICÓTICOS MECANISMOS DE AÇÃO - EFEITOS Efeitos anticolinérgicos: taquicardia, mucosas secas, midríase, rubor, etc. Bloqueio alfa-adrenérgico: hipotensão e miose Bloqueio dos receptores dopaminérgicos: reações extrapiramidais ANTIPSICÓTICOS: Neurolépticos DOSES TERAPÊUTICAS E TÓXICAS (VARIÁVEIS) n Dose terapêutica = 200 - 2.000 mg ► reações extrapiramidais, sintomas anticolinérgicos, hipotensão ortostática e síndrome neuroléptica maligna. n Dose tóxica: 2-10 g ANTIPSICÓTICOS: CLÍNICA § Doses terapêuticas: reações distônicas, torcicolo, espasmos musculares, crises oculógiras, rigidez e sinal da roda dentada § Intoxicações leves: além das distonias, sedação, miose, hipotensão ortostática, taquicardia, pele e boca secas e retenção urinária § Casos graves: convulsões, coma, depressão respiratória e distúrbios da termorregulação ECG: QT, QRS e PR; ST e alteração de onda T/U § Síndrome neuroléptica maligna: alteração da consciência, rigidez, hipertermia, rabdomiólise e acidose lática (óbitos em 20-30% dos casos) ANTIPSICÓTICOS: TRATAMENTO Ø Reações distônicas agudas § Diazepam 10 mg; repetir, se necessário § Biperideno (Akineton®): 5 mg EV / IM; repetir, se necessário, a cada 6h Ø Síndrome Neuroléptica Maligna § Tratamento de suporte § Diminuição da temperatura com medidas físicas § Dantrolene sódico: 2-3 mg kg/dia, 6/6h até 10 mg/kg/dia Manutenção oral: pelo menos 1 mg/kg 4/4h por 48 h § Bromocriptina: 2,5-10 mg VO, aumentar para 20 mg/dia se não houver melhora em 24 h CARBAMAZEPINA n n n Anti-epiléptico oral de estrutura semelhante aos antidepressivos tricíclicos Freqüentemente envolvida em tentativas de suicídio Intoxicação geralmente leve ou moderada, raros casos de óbito, exceto se associada a outros agentes depressores do sistema nervoso central CARBAMAZEPINA: DIAGNÓSTICO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS n Sinais e sintomas predominantemente neurológicos: sonolência, confusão mental, ataxia, movimentos coreiformes, nistagmo, convulsões e coma (altas doses) n Oscilação de nível de consciência e sinais anticolinérgicos: taquicardia, prolongamento do intervalo QT, retardo na condução e bloqueio atrioventricular CARBAMAZEPINA: DIAGNÓSTICO EXAMES COMPLEMENTARES n n n Análises bioquímicas: testes de função hepática e renal, glicemia, eletrólitos, gasometria arterial, CK / CKMB Eletrocardiograma: arritmias Análises toxicológicas: em geral não são necessárias, exceto em suspeita de ingestão de outros fármacos associados. CARBAMAZEPINA: TRATAMENTO § Medidas gerais e de suporte: semelhantes às descritas para o tratamento da intoxicação por antidepressivos cíclicos § Remoção extracorpórea: hemoperfusão com CA pode ser benéfica em casos graves, que não respondem bem às medidas de suporte PARACETAMOL - HISTÓRICO 1893 – VON MERING: Primeira descrição como analgésico e antipirético 1940 – BRODIE E AXELROD: Confirmação das propriedades farmacológicas FENACETINA PC ACETANILIDA 1950 – Universalmente empregado como analgésico / antipirético 1966 – Primeira descrição de intoxicação aguda NECROSE HEPÁTICA SEVERA ÓBITO PARACETAMOL CARACTERÍSTICAS E USOS N – acetil – p – aminofenol; paracetamol ou acetaminofeno Acetilação P - aminofenol Paracetamol Ácido acético anidrido acético – USOS: § Analgésico, antipirético, antiinflamatório – DOSE TERAPÊUTICA: § Adultos: 0,5 – 1,0 g VO, 4/4 ou 6/6 h. Máximo: 4 g/dia § Crianças: 10 – 15 mg / kg / dose VO, 4/4 ou 6/6 h PARACETAMOL: TOXICIDADE Ø USO TERAPÊUTICO: § Efeitos nocivos raros Ø DOSES EXCESSIVAS § Hepatotóxico e nefrotóxico Ø DOSES TÓXICAS: § Adultos: 6 – 7,5 g § Dano hepático após consumo diário de 5g § Crianças: > 150 mg/kg de peso (> 200 mg/kg em crianças até 6 anos) § Óbitos: 15 g PARACETAMOL - TOXICOCINÉTICA § ABSORÇÃO § Gastrintestinal rápida e quase completa § Biodisponibilidade oral: 88% § DISTRIBUIÇÃO § Distribui-se por todos líquidos corporais § MEIA VIDA § T ½: 1 a 4 h em dose terapêutica 2,9 h na intoxicação sem dano hepático 7,6 h na intoxicação com dano hepático § Tempo até o efeito máximo: 1 a 3 h § Tempo de concentração máxima: 0,5 a 2 h PARACETAMOL - TOXICOCINÉTICA BIOTRANSFORMAÇÃO Fígado Ácido. glicurônico (60%) Sulfato (30%) Cisteína (3%) Bioativação CIT. P 450 (4%) EXCREÇÃO Rins 90 – 100% conjugados em 24 h PARACETAMOL: TOXICODINÂMICA Ø EFEITO TERAPÊUTICO: § Inibe a síntese de prostaglandinas no sistema nervoso central e na periferia através da inibição da ciclo-oxigenase § Intensifica a ação do ADH pela inibição da síntese renal de prostaglandinas PARACETAMOL: CLÍNICA n FASE 1 (30 min a 24 h) § Sintomatologia inespecífica § Anorexia, náusea, vômitos, palidez e diaforese § Mal estar geral n FASE 2 (24 a 72 h) § Sintomatologia mais evidente e alterações laboratoriais § Dor no hipocôndrio direito § Elevação de enzimas hepáticas e bilirrubinas § Prolongamento do tempo de protrombina (TP) § Trombocitopenia § Função renal começa a alterar § Manifestações cardíacas – morte súbita (?) PARACETAMOL: CLÍNICA n FASE 3 (72 a 96 h) § CARACTERIZADA PELAS SEQUELAS DA LESÃO HEPÁTICA § § § § § § § § n Alteração da coagulação sanguínea Icterícia, náusea e vômitos Insuficiência renal Alterações cardíacas: segmento ST e onda T Encefalopatia hepática Anúria Coma ÓBITO FASE 4 (4 dias a 2 semanas) § DANO REVERSÍVEL ⇒ RECUPERAÇÃO COMPLETA PARACETAMOL - DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Ø Nível de PC na 4ª hora pós-ingestão Nomograma de Rumack – Matthew Ø Outras análises necessárias: avaliação hepática, renal e hematológica NOMOGRAMA DE RUMACK-MATTHEW PARACETAMOL NÍVEIS DE PARACETAMOL NO PLASMA (NP) § concentrações terapêuticas de 10 – 20 µg/mL em 4 h § dano hepático mínimo ou ausente: 120 µg/mL em 4 h ou 30 µg/mL em 12 h § concentrações tóxicas/letais: 300 µg/mL em 4 h ou 45 µg/mL em 15 h Se a relação nível de paracetamol / tempo indicar hepatotoxicidade: MANTER O PACIENTE INTERNADO PARACETAMOL § AST (TGO) – repetir a cada 24 h por 3 dias § Tempo de protrombina, se AST alterada – repetir a cada 24 h ou mais § uréia e creatinina – se AST for superior a 1000 UI/L ou se o tempo de protrombina estiver aumentado § hemograma completo com plaquetas, gasometria, eletrólitos e glicemia, se houver evidência de insuficiência hepática § amilase, ECG e outros exames – estudar caso a caso PARACETAMOL - TRATAMENTO n DIMINUIR A EXPOSIÇÃO AO PC: DGI – esvaziamento gástrico – lavagem gástrica – carvão ativado n PROTEGER O HEPATOCITO DA LESÃO PELO NAPQI: - administração de N-acetilcisteína n REMOÇÃO EXTRACORPÓREA DO PC – hemodiálise n MEDIDAS GERAIS DE CONTROLE E SUPORTE PARACETAMOL: ANTÍDOTO N-ACETILCISTEÍNA - FLUIMUCIL® § MECANISMO DE AÇÃO Ø Ø Ø Ø Precursor de GSH: aumenta a síntese de GSH grupamentos ─SH da glutationa (GSH), Doador de grupo sulfidrila: substituto de GSH Aumenta a conjugação do paracetamol com sulfato Melhora a função de múltiplos órgãos na insuficiência hepática PARACETAMOL: ANTÍDOTO § ADMINISTRAÇÃO Ø Ø Ø Ø Ø Níveis de paracetamol acima da linha de toxicidade Níveis plasmáticos não disponíveis Maior benefício se iniciado até 8 h da exposição Casos graves: administrar o antídoto mesmo depois de 24 h de evolução Pode ser suspenso, se as dosagens seriadas de paracetamol mostrarem níveis abaixo da linha de toxicidade § APRESENTAÇÃO Ø Fluimucil® 10% (ampolas de 3 mL com 300 mg de produto) Ø Fluimucil® oral, em pó (envelopes de 100 ou 200 mg) PARACETAMOL N-acetilcisteína § ADMINISTRAÇÃO ORAL DE NAC (EUA) Ø Dose inicial (ataque) de 140 mg/kg em soro glicosado a 5% Ø Manutenção de 70 mg/kg a 5%, de 4/4 h, em 17 doses consecutivas Ø Diluir em água, suco de frutas ou bebidas gaseificadas, para tornar mais palatável Ø Repetir a dose se ocorrerem vômitos dentro de 1h após a administração Ø Utilizar sonda nasogástrica e antieméticos se ocorrerem vômitos persistentes PARACETAMOL N-acetilcisteína § ADMINISTRAÇÃO IV OU VO? Ø Considerações sobre risco-benefício § ADMINISTRAÇÃO ORAL Ø Vômitos (50% dos casos) e diarréia Ø Reações anafilactóides, raras e mais leves § ADMINISTRAÇÃO IV Ø Infusão rápida (15 min, no protocolo de 20 h): reações anafilactóides: erupção, broncoespasmo, hipotensão, óbito Ø A mesma dose, ou doses similares, administradas mais lentamente demonstram ser seguras SALICILATOS n USOS Propriedades analgésicas, antitérmicas, antinflamatórias – Inibe a agregação plaquetária n MECANISMOS DE AÇÃO – Inativação irreversível da enzima cicloxigenase através da acetilação de um radical de serina, excluindo assim o araquidonato (único AINE que provoca modificação covalente da enzima) – Inibição de prostaglandinas e tromboxanos – Pg estimulam fibras nociceptoras e diminuem o limiar para dor, além de atuar junto a outras substâncias relacionadas a dor – Inibe a formação de TxA2 → em plaquetas, o efeito persiste durante sua vida útil SALICILATOS: TOXICOCINÉTICA n ABSORÇÃO Ø Difusão passiva no estômago e intestino delgado alto Ø Overdoses: retardo da absorção em até 24 h devido à formação de concreções gástricas Ø Fatores limitantes: pH, alimentos e repleção gástrica § PICO PLASMÁTICO: 0,5 a 2 h (dose única) n MEIA-VIDA Ø AAS: 15 - 20 min (depois é encontrado como salicilato) Ø doses antitérmicas: 2 a 4 h Ø doses antiinflamatórias: até 12 h Ø doses superiores: 12 a 15 h SALICILATOS - TOXICOCINÉTICA n EXCREÇÃO Ø Dependente do pH e dose absorvida » urina alcalina (pH 8,0 → 80% de salicilato livre » urina ácida (pH 4,0 → 10% de salicilato livre » ä dose → maior excreção de fármaco livre Ø Dependente de associação com fármacos que se ligam à albumina → ! fração livre SALICILATOS - TOXICODINÂMICA n AUMENTO DO METABOLISMO LIPÍDICO Ø Produção de corpos cetônicos, ácido beta-hidroxibutírico, ácido acetoacético e acetona Ø Produção de ácido láctico e pirúvico Ø Estímulo da excreção renal de bicarbonato Ø Acidose metabólica § ALTERAÇÃO DA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA Ø Ø Ø Ø n ↑ tempo de protrombina e de sangramento ↓ a adesividade e o número de plaquetas ↑ a fragilidade capilar Hipofibrinogenemia ALTERAÇÃO DA INTEGRIDADE CAPILAR Ø Edema cerebral e pulmonar SALICILATOS – DOSE / CLÍNICA Dose Ingerida (mg/Kg) > > 150 Severidade estimada Não são esperadas reações tóxicas 150 - 200 Intoxicação leve 200 - 300 Intoxicação moderada 300 - 500 Intoxicação grave > 500 mg ou 20 a 30 g em adultos Dose tóxica letal SALICILATOS - INTOXICAÇÃO AGUDA Náusea, vômitos, epigastralgia, zumbido e rubor LEVE 45-65 mg/dL DESIDRATAÇÃO Hipertermia, hiperventilação, sudorese, cefaléia, ansiedade, surdez, vertigem, irritabilidade e tremores MODERADA ACIDOSE METABÓLICA PRECOCE : crianças < de 4 anos 65-90 mg/dL ALCALOSE RESPIRATÓRIA : adultos e crianças maiores ACIDOSE METABÓLICA COMPENSADA : adultos Alterações bioquímicas leves ou moderadas: Na+, K+, glicemia Alterações bioquímicas graves: hipo ou hiperglicemia, ä TP, SEVERA 90-120 mg/dL uréia e creatinina séricas, hipocalemia, hipo ou hipernatremia Sistema nervoso central: confusão, sonolência, delírio, convulsões e coma Insuficiência renal, hepática, edema pulmonar, choque e óbito SALICILATOS - EFEITOS CLÍNICOS n INTOXICAÇÃO AGUDA Crianças de menos de 3 anos são especialmente suscetíveis aos salicilatos e a ingestão moderada requer hospitalização n INTOXICAÇÃO CRÔNICA (salicilismo) Apresentação clínica inespecífica: Ø Ø Confusão, desidratação e acidose metabólica podem ser atribuídos a septicemia, pneumonia ou gastrenterite Em idosos: febre, desorientação, diminuição da acuidade auditiva, queda, agitação, alucinação, alteração aguda do estado mental, letargia, déficit de memória, incapacidade de cuidar de si próprio Edema cerebral e pulmonar são mais comuns na intoxicação aguda SALICILATOS - DIAGNÓSTICO LABORATORIAL § Dosagem sérica de salicilatos após 6 h da ingestão: Nomograma de DONE § § § § § Gasometria arterial e pH urinário Glicemia Uréia, creatinina e eletrólitos (Na+, K+, Ca2+, Mg2+ e Cl-) Hemograma completo com dosagem de plaquetas Coagulograma completo NOMOGRAMA DE DONE Adaptado de Done A.K -Salicylate intoxication: significance of measurement of salicylate in blood in cases of acute ingestion. Pediatrics, v. 26, p. 800. SALICILATOS - TRATAMENTO n MEDIDAS GERAIS DE DESCONTAMINAÇÃO Ø Lavagem gástrica e/ou CA até 1 h da ingestão Ø Ingestão maciça: CA em doses repetidas n TRATAMENTO DE SUPORTE Ø Manter vias aéreas livres e assistência ventilatória Ø Tratar coma, convulsões e hipertermia Ø Tratar acidose metabólica com carbonato de cálcio IV, mantendo o pH sangüíneo em 7,45 Ø Repor fluidos/eletrólitos c/ cuidado: edema pulmonar Ø Lesões gástricas → bloqueadores H2 § ANTÍDOTOS: não há antídoto específico SALICILATOS - TRATAMENTO DE SUPORTE n Monitorar pressão venosa central e função renal n Pacientes hipocalêmicos: suplementação baseada no potássio e creatinina séricos n Acidose pode mascarar hipocalemia n Salicemia: indica gravidade e conduta n Tetania em geral é devida à hipocalemia n Hipoglicorraquia pode ocorrer com glicemia normal n Convulsões: sério prognóstico n Síndrome de Reye: dosar amônia sérica SALICILATOS - REMOÇÃO EXTRACORPÓREA n Alcalinização urinária: tratamento obrigatório! n Hemodiálise → é efetiva inclusive na correção de distúrbios do equilíbrio acido - básico e de fluidos n Hemoperfusão → muito eficaz mas não corrige desequilíbrios hidreletrolítico e acido - básico n Carvão ativado em doses repetidas → reduz a meiavida plasmática do AAS, mas de forma não tão rápida quanto a hemodiálise SAIS DE FERRO § USOS ü tratamento da anemia ü complemento nutricional no período pré-natal ü suplemento vitamínico no uso diário § Diversos preparados e formas farmacêuticas disponíveis § Concentrações variadas de diferentes sais § Proporções diferentes de ferro elementar (Fe0): 4 – 33% Sulfato ferroso: 20% (mais comum) FERRO MECANISMOS DE AÇÃO 1. AÇÃO LOCAL: • Corrosão direta na mucosa do tubo gastrintestinal hemorragia, necrose e perfuração • Perda de líquidos pelo trato digestivo: desidratação grave 2. AÇÃO SISTÊMICA: • Quantidade absorvida excede a capacidade de ligação protéica: disfunções celulares acidose lática e necrose • O mecanismo exato de citotoxicidade ainda não é conhecido • O ferro livre pode causar dano oxidativo e formação de radicais livres DOSES TÓXICAS DE FERRO ELEMENTAR § Dose letal aguda em animais: 150 a 200 mg/kg § Menor dose letal já relatada em crianças: 600 mg § < 20 mg/kg: geralmente não produzem sintomas § 20 - 40 mg/kg: manifestações gastrintestinais (auto-limitadas) § > 40 mg/kg: geralmente manifestações graves § > 60 mg/kg: potencialmente fatais CASO CLÍNICO Óbito de criança de 1 ano (10 kg) que ingeriu um anti-anêmico genérico Ø Provavelmente ingeriu ...... comprimidos de sulfato ferroso (300 mg) Ø Provavelmente ingeriu ...... mL de xarope de sulfato ferroso (250 mg/mL) FERRO: DIAGNÓSTICO CLÍNICO História de exposição e presença de vômitos, diarréia, hipotensão e outros sinais e sintomas 1ª fase - logo após a ingestão – vômitos e diarréia, freqüentemente sanguinolentos; perdas intensas de fluidos e sangue no tubo gastrintestinal podem resultar em choque, insuficiência renal aguda e óbito 2ª fase: sobrevivem à primeira fase e passam por um período de latência de 12 h com aparente melhora dos sinais e sintomas 3ª fase: súbita piora do quadro - coma, choque, convulsões, acidose metabólica, alterações da coagulação sangüínea, falências hepática e renal, e morte. Pode ocorrer sepse por Yersinia enterocolitica 4ª fase: se superada a fase anterior sinais de cicatrização das lesões do trato gastrintestinal, podendo ocorrer estenose pilórica e obstrução intestinal FERRO: DIAGNÓSTICO LABORATORIAL § Contagem de leucócitos no sangue periférico: acima de 15 000/mm3 § Glicemia acima de 150 mg/dL § Raio X simples de abdômen: imagens radiopacas de comprimidos § Outras análises laboratoriais: contagem de eritrócitos, dosagem de eletrólitos, uréia, creatinina, testes de função hepática e de coagulação A intoxicação grave é pouco provável se os exames acima resultarem normais e não houver vômitos espontâneos ou diarréia Determinar o ferro sérico a cada 4-6 h e repetir após 8-12 h da ingestão, em casos de suspeita de formas farmacêuticas de liberação lenta § Dosagem de ferro no soro (NS): ü NS = 450 – 500 mg/dL: possível ocorrência de quadro sistêmico ü NS = 800 – 1000 mg/dL: intoxicação grave FERRO: TRATAMENTO DE SUPORTE § Manutenção das funções vitais § Desidratação: reposição de fluidos e eletrólitos IV § Acidose metabólica: bicarbonato de sódio IV § Hipotensão grave e choque: posição de Trendelemburg, cristalóides e aminas vasoativas § Crises epilépticas: anticonvulsivos usuais (benzodiazepínicos) § Coma: controle geral das condições vitais e nutricional FERRO: DESCONTAMINAÇÃO GASTRINTESTINAL § Indução de vômito: não é recomendada § Lavagem gástrica: útil em casos de formas líquidas ou mastigáveis ü ü Não é eficaz na ingestão de comprimidos, drágeas ou cápsulas inteiras ü Não usar solução de bicarbonato de sódio: não tem eficácia comprovada ü Não fazer lavagem gástrica com deferoxamina: pode aumentar a absorção do ferro Não usar soluções de fosfato: hiperfosfatemia, hipernatremia e hipocalcemia § Carvão ativado: não é recomendado, não adsorve o ferro; utilizar se houver ingestão concomitante de outros agentes adsorvidos pelo carvão ativdo § IRRIGAÇÃO INTESTINAL: eficaz na ingestão de comprimidos e método de escolha na ingestão de grandes quantidades dessas formas (concreções gástricas) Há relato do uso desse método de forma repetida, por 5 dias, com eficácia FERRO: REMOÇÃO EXTRACORPÓREA § Hemodiálise Não é eficaz na remoção do ferro Pode ser útil na eliminação de complexos solúveis com deferoxamina § Exsangüíneo-transfusão Considerada de eficácia questionável Obrigado!!!!!!
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