Comunicação - anuário do hospital de dona estefânia
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Comunicação - anuário do hospital de dona estefânia
INTOXICAÇÃO IATROGÉNICA POR PARACETAMOL ENDOVENOSO – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Tânia Moreira1, António Pedro Campos2, Catarina Gouveia1, Luís Varandas1, António Marques2 1 Unidade de Infeciologia; 2 Equipa Fixa de Urgência Hospital Dona Estefânia Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa Coimbra, 17 de maio de 2014 Introdução A administração endovenosa de paracetamol associa-se a erros frequentes (Drug Safety Update, 2010) • Doses 10 vezes superiores • Cálculo da dose em miligramas e administração em mililitros (solução ev de paracetamol 10mg/mL) • Erro de marcação na bomba infusora • Duplicação (prescrições em hospitais diferentes) • Vias de administração incorretas • Administração ev da suspensão oral Intoxicação iatrogénica por paracetamol endovenoso - a propósito de um caso clínico Introdução • Níveis séricos de paracetamol permitem avaliar potencial toxicidade, por comparação com nomogramas pré-estabelecidos Após exposição oral única • Propriedades farmacocinéticas por via endovenosa diferentes da via oral Pico mais precoce,15 minutos após infusão Concentração máxima até 70% superior à oral Sem efeito de 1.ª passagem do metabolismo hepático • Consenso clínico no Reino Unido - NPIS Dose tóxica de paracetamol ev > 60mg/kg Dose>50mg/L quatro horas após administração ev Intoxicação iatrogénica por paracetamol endovenoso - a propósito de um caso clínico Descrição do caso Rapaz, 17 meses, trissomia 21 Internado UICD por GEA com desidratação 24 horas para hidratação ev Febre Prescrição de 15mg/kg de paracetamol ev Erro de marcação da bomba infusora Administração de 60mg/kg Doseamento de paracetamol sérico 4h após administração 50,6 µg/mL Intoxicação iatrogénica por paracetamol endovenoso - a propósito de um caso clínico Alta Descrição do caso 48 horas depois Internamento Febre e diarreia Tosse, polipneia, gemido Hepatomegalia de 2cm Períodos de irritabilidade e sonolência Avaliação analítica Hb 11,4g/dL Leucócitos 9300/μL Plaquetas 229000/μL PCR 6,4 mg/L Ecografia abdominal Investigação etiológica Fígado de dimensões aumentadas, de contornos regulares, hipoecogénico com reforço de tríades portais VHA, VHB, VHC, CMV, EBV, adenovírus e enterovirus negativos Pesquisa de Ag vírus respiratórios negativa INR 1.53 AST 4576 U/L, ALT 4783 U/L Bilirrubina N, FA N EEG Albumina 27 g/L Glicose 141 mg/dL Sem características de encefalopatia Amónia 134 μg/dL Gasimetria normal Intoxicação iatrogénica por paracetamol endovenoso - a propósito de um caso clínico Descrição do caso Hepatite com insuficiência hepática por intoxicação por paracetamol ev D1 D3 D2 D4 N-acetilcisteína D5 D6 D7 D8 D9 ALTA Melhoria clínica e laboratorial 150 mg/kg 50 mg/kg, 100 mg/kg 15min 4h 16h 4783 Albumina Vitamina K 3271 2054 1614 1,53 1,59 907 300 1,1 ALT (U/L) INR 0,92 Intoxicação iatrogénica por paracetamol endovenoso - a propósito de um caso clínico 0,92 Discussão • A intoxicação por paracetamol endovenoso ocorre com relativa frequência e com potencial gravidade • Fundamental suspeição numa fase inicial • O nomograma de Rumack-Matthew modificado considera como limite tóxico para a introdução de terapêutica com NAC, a concentração sérica de paracetamol superior a 100 μg/mL, quatro horas após a exposição. Intoxicação iatrogénica por paracetamol endovenoso - a propósito de um caso clínico Discussão • Este nomograma espelha, no entanto, o perfil bioquímico expectável em casos de intoxicação oral, pelo que a sua utilização na avaliação de risco após intoxicação ev única é questionável. • Na literatura vem sendo proposta a sua adaptação para diferentes cenários de intoxicação (Gray et al. 2011), modificando-se as orientações estabelecidas para a introdução terapêutica (N-acetilcisteína), tanto no que concerne a dose tóxica, como limiar sérico a considerar 2011). Intoxicação iatrogénica por paracetamol endovenoso - a propósito de um caso clínico (Beringer et al. Bibliografia • Beringer R, et al. Intravenous paracetamol overdose: two case reports and a change to national treatment guidelines.Arch Dis Child 2011;96:307–308 • Dart R, Rumack B. Intravenous Acetaminophen in the United States: Iatrogenic Dosing Errors.Pediatrics 2012;129;349 • Gray T, et al. Intravenous paracetamol – an international perspective of toxicity. Clinical Toxicology 2011; 49 (3 ) • Heard K, Dart R. Clinical manifestations and diagnosis of acetaminophen (paracetamol) poisoning in children and adolescentes. In UpToDate, 2014 • Heard K, Dart R. Management of acetaminophen (paracetamol) poisoning in children and adolescents. In UpToDate, 2014 • Kwiatkowski J, Walker P. Intravenous acetaminophen in the emergency department. J Emerg Nurs 2013;39:92-6. Intoxicação iatrogénica por paracetamol endovenoso - a propósito de um caso clínico OBRIGADA PELA ATENÇÃO!
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