Capa Pronta - Setor de Investigações nas Doenças Neuromusculares
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Capa Pronta - Setor de Investigações nas Doenças Neuromusculares
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO SAMANDA ANDRES DE OLIVEIRA SILVANA AMANDA DO CARMO SIMONE GONÇALVES DE ANDRADE HOLSAPFEL EVOLUÇÃO RESPIRATÓRIA EM PACIENTES COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA DE INICIO APENDICULAR E PARALISIA BULBAR PROGRESSIVA SÃO PAULO 2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO SAMANDA ANDRES DE OLIVEIRA SILVANA AMANDA DO CARMO SIMONE GONÇALVES DE ANDRADE HOLSAPFEL EVOLUÇÃO RESPIRATÓRIA EM PACIENTES COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA DE INÍCIO APENDICULAR E PARALISIA BULBAR PROGRESSIVA Orientadora: Francis Meire Favero SÃO PAULO 2010 Trabalho de conclusão de curso apresentado a Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina UNIFESP/EPM, como parte dos requisitos para obtenção do título de especialista em intervenções fisioterapêuticas nas doenças neuromusculares. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA E NEUROCIRURGIA DISCIPLINA DE NEUROLOGIA CLÍNICA Chefe de Departamento: Professora Dra. Débora Amado Scerni Chefe de Disciplina de Neurologia Clínica: Professor Dr. Alberto Alain Gabbai Coordenadores do Curso de Especialização em Doenças Neuromusculares: Professor Dr. Acary Souza Bulle Oliveira, Professora Ms. Francis Meire Fávero, Professora Dra. Sissy Veloso Fontes SÃO PAULO 2010 SAMANDA ANDRES DE OLIVEIRA SILVANA AMANDA DO CARMO SIMONE GONÇALVES DE ANDRADE HOLSAPFEL EVOLUÇÃO RESPIRATÓRIA EM PACIENTES COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA DE INÍCIO APENDICULAR E PARALISIA BULBAR PROGRESSIVA Presidente da banca: _______________________________________________________________ BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ...ter a oportunidade de partilhar da vida de um Ser Humano com ELA é aprender a viver um dia de cada vez, é reconhecer em cada novo dia o nascimento de um guerreiro cheio de armas que desconhecemos na plenitude que eles a carregam, é crescer como gente, é aprender a amar gente e ter a oportunidade única de presenciar a grandeza inesquecível destes seres... AGRADECIMENTOS A Deus por termos chegado até aqui. Só Ele sabe os caminhos difíceis que trilhamos para vencer mais uma etapa. As nossas famílias que sempre nos apoiaram e estiveram ao nosso lado. A nossa orientadora Ms. Francis Meire Favero por acreditar no nosso trabalho, por ser sempre solícita e paciente. À Professora Ms. Maria Clariane e ao Dr. Acary por permitirem a utilização do ambulatório e dos prontuários. A toda a equipe de fisioterapeutas do Ambulatório de DNM/ELA pela dedicação dispensada aos pacientes. À Professora Dra. Sissy Veloso Fontes e à Secretária Dirce, sempre prontas a nos ajudar. SUMÁRIO Dedicatória Agradecimentos Lista de tabelas Lista de abreviaturas Resumo Introdução...........................................................................................................1 2. Objetivos.........................................................................................................4 3. Hipótese.........................................................................................................4 4. Justificativa.....................................................................................................4 5. Métodos..........................................................................................................5 5.1 Casuistica.....................................................................................................5 5.2 Critérios de Inclusão.....................................................................................5 5.3 Critérios de Exclusão ...................................................................................5 5.4 Avaliação Respiratória..................................................................................6 5.4.1. Capacidade vital forçada – CVF...............................................................6 5.4.2. Pressão Inspiratória e Expiratória Máxima (Pimax/Pemax).....................7 5.4.3. Pico de Fluxo de Tosse – PFT.................................................................8 6. Estatística.......................................................................................................9 7. Resultados.....................................................................................................9 7.1 Achados.......................................................................................................14 8. Discussão......................................................................................................21 9. Conclusão.....................................................................................................26 10. Referências Bibliográficas...........................................................................27 11. Anexos........................................................................................................30 LISTA DE FIGURAS Gráfico 1 – Evolução de Pimax....................................................16 Gráfico 3 - Evolução de PEmax...................................................17 Gráfico 5 - Evolução de CV.........................................................18 Gráfico 7 - Evolução de CV Supino.............................................19 Gráfico 9 - Evolução de PFT.......................................................20 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Caracterização da Amostra...........................................................10 Tabela 2: Compara as Três Primeiras Avaliações.........................................13 Lista de abreviaturas e símbolos AMP ___Atrofia Muscular Progressiva CV____ Capacidade Vital CVF ___Capacidade Vital Forçada DNM ___Doença do Neurônio Motor ELA ___Esclerose Lateral Amiotrófica ELP ___Esclerose lateral Primaria FNC ___Sistema Nervoso Central PBP ___Paralisia Bulbar Progressiva PFT ___Pico de Fluxo de Tosse PDI ___Pressão Transdiafragmática PEmáx ___Pressão Expiratória Máxima PImáx ___Pressão Inspiratória Máxima VNI ___Ventilação Não-Invasiva RESUMO INTRODUÇÃO - A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença degenerativa, que envolve os neurônios motores do córtex cerebral, do tronco encefálico e no corno anterior da medula espinhal. A ELA se expressa clinicamente por meio de sinais de acometimento progressivo de neurônios motores superiores e inferiores, e a forma de início pode ser apendicular ou bulbar. O acometimento da musculatura respiratória ocorre em qualquer uma das formas e é a causa mais comum de morte. OBJETIVO – Analisar a evolução respiratória em pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica de inicio Apendicular e a Paralisia Bulbar Progressiva através da avaliação respiratória. MÉTODO - Foi realizado um estudo retrospectivo, com os pacientes atendidos no Setor de Doenças Neuromusculares da Disciplina de Neurologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) – Ambulatório de Esclerose Lateral Amiotrófica no período de fevereiro de 2004 a junho de 2007. Participaram do estudo 159 pacientes, sendo 125 da forma apendicular e 34 com Paralisia Bulbar Progressiva. Com idade média de 59 anos. Os pacientes foram avaliados trimestralmente e observados os valores de Capacidade Vital Forçada em Sedestação e em Supino; Pressões Inspiratórias e Expiratórias Máximas e Pico de Fluxo de Tosse. RESULTADOS – Foi estabelecido como significância estatística o valor de p = ou menor que 0,05. Houve significância estatística para diminuição dos valores nas três primeiras avaliações e tendência à queda nas demais avaliações. CONCLUSÃO – Há diminuição significativa dos valores da avaliação respiratória ao longo do tempo, tanto para Esclerose Lateral Amiotrófica da Forma Apendicular como na Paralisia Bulbar Progressiva. PALAVRA-CHAVE – Esclerose Lateral Amiotrófica; Doença do Neurônio Motor; Avaliação Respiratória; 1. INTRODUÇÃO A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença, que envolve os neurônios motores do córtex cerebral, do tronco encefálico e no corno anterior da medula espinhal. A ELA se expressa clinicamente por meio de sinais de acometimento progressivo de neurônios motores superiores e inferiores. 1 A ELA foi descrita em 1996, por Armon, como sendo uma doença progressiva e fatal, três a cinco anos após o início da doença os pacientes podem ir a óbito por comprometimento respiratório. A Doença do Neurônio Motor (DNM) é um termo genérico, freqüentemente utilizado para incluir quatro principais síndromes clínicas: atrofia muscular progressiva (AMP); esclerose lateral primária (ELP); paralisia bulbar progressiva (PBP); e esclerose lateral amiotrófica (ELA). 2 A prevalência da DNM é aproximadamente de 5 por 100.000 habitantes e aproximadamente 30% dos pacientes tem os sintomas da Paralisia Bulbar Progressiva. 3 A ELA caracteriza-se por paralisia progressiva marcada por sinais de comprometimento do neurônio motor superior (clônus, sinal de Babinski, hiperreflexia, hipertonia elástica) e do neurônio motor inferior (atrofia, atonia, arreflexia, fraqueza e fasciculações), sendo está á forma mais comum de DNM. Geralmente apresenta predominância em membros, de forma assimétrica, acomete os membros superiores primeiro que os inferiores, seguido de comprometimento bulbar. As funções vocais e respiratórias também são afetadas. Os pacientes queixam-se de cãibras antes ou após a instalação dos sintomas. Os nervos cranianos que controlam a visão e os movimentos oculares e os segmentos sacro inferiores da medula espinhal, que controlam os esfíncteres, não são afetados. 4 A ELA também pode se diferenciar quanto às suas manifestações clínicas, o quadro é dividido nas formas de início apendicular (medular) ou Paralisia Bulbar Progressiva. A forma apendicular, apresenta a fraqueza, as fasciculações e a cãibra constituem os sintomas da ponta anterior da medula. Os sintomas geralmente começam em um dos membros superiores (de forma distal para proximal), acometendo as regiões tenar e hipotenar da mão, seguindo posteriormente para o outro membro superior. Em seguida, evolui para os membros inferiores (de forma assimétrica e progressiva) e tronco. Os pacientes com essa forma de apresentação da doença, no decorrer do tempo, evoluem para disfagia, disartria, disfonia, dispnéia e posteriormente ao óbito. 6 Quanto à Paralisia Bulbar Progressiva, costuma iniciar-se pelos lábios e pela língua. Os sinais clínicos são: disartria, paresia, tremor labial, fasciculações, atrofia e paralisia da língua. O véu do paladar e as cordas vocais tornam-se paréticos e o reflexo da tosse diminui. Surge a disartria que progride com a parada da fala. Como resultado ocorre dispnéia, engasgos com a própria saliva e broncopneumonia de repetição. Dos pacientes com esta forma de ELA, 20% apresentam labilidade emocional. 6 Na história natural da ELA é inexorável o aumento progressivo da fraqueza muscular, incluindo os músculos da respiração, com eventual falência respiratória e morte. Os músculos intercostais são afetados, e o paciente desenvolve dificuldade para respirar. A fraqueza dos músculos respiratórios invariavelmente progride para dependência ventilatória. Quando os músculos da faringe são afetados, o paciente torna-se disfágico, piorando o quadro respiratório. 7-8 Não há comprometimento do parênquima pulmonar na ELA, a função respiratória é prejudicada por falha mecânica, a fraqueza muscular é que impede a insuflação adequada dos pulmões durante a inspiração, este fator causa diminuição das trocas gasosas, diminuição da complacência e pode resultar em doença pulmonar restritiva. Esta fraqueza diafragmática é usualmente assintomática, freqüentemente presente no diagnóstico e vai piorando com a diminuição da força muscular respiratória levando à falência respiratória e morte. 16-17 Alguns autores relataram que a hipoventilação ocorre particularmente durante o sono REM, como resultado da redução da atividade dos intercostais e toda a musculatura acessória, restando um diafragma enfraquecido para sustentar a ventilação. Em muitos pacientes a hipoventilação durante o sono está relacionada com dispnéia levando ao aumento diurno anormal de gases no sangue arterial. Com a evolução da fraqueza da musculatura respiratória todas as etapas do sono são afetadas pela hipoventilação, com repetidos episódios de dessaturação que resultam em fragmentação do sono. Existem queixas de insônia, pesadelo, sonolência diurna, fadiga, cefaléia matinal, falta de apetite. 9-10 A diminuição da função do diafragma produz um padrão de disfunção pulmonar caracterizado por uma diminuição da capacidade vital. O sintoma mais proeminente é a ortopnéia. Na posição supino a elevação do diafragma é fraca devido a um aumento da pressão abdominal pelo seu conteúdo, combinada com a expansibilidade diminuída dos pulmões contribuindo para produzir um aumento no trabalho respiratório, diminuindo o volume corrente, favorecendo a queda na PaO2 e SatO2. O comprometimento respiratório, com ou sem pneumonia, é a causa mais comum de morte nos pacientes com doença do neurônio motor. A capacidade vital forçada é na maioria das vezes utilizada para monitorar a função respiratória, e é em parte índice preditivo do tempo de sobrevida do paciente. 11-12 Pacientes com ELA, com CVF menor que 30% do predito, podem não apresentar sintomas de dispnéia, não sendo este um bom indicativo para caracterizar disfunções pulmonares. A aplicação de escalas para mensurar dispnéia não substituí os testes de função pulmonar, que fornece uma visão objetiva e são melhores indicadores de condutas. 5-6 Um fator prognóstico com relevância clínica no paciente com ELA é a forma com que a fraqueza muscular respiratória se manifesta. O paciente só percebe os sinais da deficiência respiratória quando está no estado avançado, daí a importância da exatidão da avaliação respiratória para poder detectar o grau de comprometimento e traçar estratégias para o tratamento. 13 2. OBJETIVO Analisar a evolução respiratória dos pacientes com ELA de início Apendicular e a Paralisia Bulbar Progressiva através dos seguintes dados da avaliação respiratória: Pimáx, Pemáx, CVF, PFT. 3. HIPÓTESE Os pacientes com Paralisia Bulbar Progressiva têm um comprometimento acentuado dos músculos respiratórios e das capacidades pulmonares, sendo a sua evolução muito mais rápida do que os pacientes de ELA de início Apendicular. 4. JUSTIFICATIVA Detectando de forma precoce, através da avaliação, o acometimento respiratório em pacientes de ELA com início Apendicular e os com Paralisia Bulbar Progressiva, é possível introduzir o tratamento através da VNI, melhorar a qualidade de vida e sobrevida destes pacientes. 5. MÉTODO Foi realizado um estudo retrospectivo, com os pacientes atendidos pela equipe de fisioterapia respiratória no Setor de Doenças Neuromusculares da Disciplina de Neurologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) – Ambulatório de Esclerose Lateral Amiotrófica no período de fevereiro de 2004 a junho de 2007. 5.1. CAUSUÍSTICA Participaram do estudo 165 pacientes, a idade dos pacientes foi de 27 a 81 anos e a média foi de 59 anos. Apresentavam Paralisia Bulbar Progressiva 34 pacientes, sendo 13 mulheres e 21 homens. Na forma Apendicular foram 125 pacientes, sendo 53 mulheres e 72 homens. 5.2. Critérios de inclusão • Pacientes com diagnóstico confirmado de ELA, segundo os critérios da El Escorial da World Federation of Neurology.14 • Pacientes com o cognitivo preservado para a compreensão dos procedimentos. • Pacientes que assinem o termo de consentimento livre e esclarecido 5.3. Critérios de exclusão • Pacientes traqueostomizados. • Pacientes com insuficiência respiratória • Pacientes sem a forma de início da doença definida. 5.4. AVALIAÇÃO RESPIRATÓRIA Os pacientes foram submetidos à avaliação respiratória com os seguintes quesitos: • Avaliação de capacidade vital forçada – CVF – em sedestação e em supino • Avaliação de Pressões inspiratória e expiratória máxima – Pimáx e Pemáx • Avaliação de Pico de Fluxo de Tosse - PFT Os pacientes foram acompanhados e avaliados pela equipe de fisioterapia respiratória do ambulatório de ELA trimestralmente. 5.4.1. CAPACIDADE VITAL FORÇADA – CVF A capacidade vital forçada foi avaliada na posição sentado e supino por um ventilômetro da marca Ferrari Mark 8 (litros). Foram realizadas de três a oito medidas de capacidade vital, sendo considerada a maior de três medidas reprodutíveis, de acordo com o Consenso Brasileiro de Espirometria. Os pacientes foram posicionados primeiro na posição sentada, com o nariz ocluído por um clip nasal e com um bucal entre os lábios, foram orientados a inspirar e expirar tranqüilamente e após uma expiração normal o terapeuta solicitava uma inspiração máxima seguida de uma expiração máxima e sustentada. O paciente foi incentivado com comando verbal durante todo o teste pelo terapeuta. Se houvesse escape de ar pelos lábios, o terapeuta faria a junção dos lábios manualmente. Para avaliar a capacidade vital em supino, o paciente foi colocado deitado em um divã, com os membros superiores ao longo do corpo, com um travesseiro baixo, mantendo seu corpo reto e a cabeça posicionada na linha média. A medida da capacidade vital forçada foi realizada como a descrita acima. Para saber o valor previsto da capacidade vital forçada do paciente foram aplicadas as fórmulas preditivas para o sexo masculino e feminino. 15 Sexo Feminino – idade 20 – 76 anos CVF = (estatura x 0,0433) – (idade – 0,0164) – 2,2197 Sexo Masculino – idade 25 -78 anos CVF = (estatura x 0,0559) – (idade – 0,0229) – 4,569 (J.Pneumologia 2002; 28; supl 3:40 -41) 5.4.2. PRESSÃO INSPIRATÓRIA E EXPIRATÓRIA MÁXIMA (PImax/PEmax) As medidas de pressão inspiratória e expiratória máxima foram mensuradas por um manovacuômetro da marca Record, com graduação de 0 a 150 cmH20 e partindo do volume corrente para a PEmax e capacidade residual funcional para a PImax. As medidas de PImax e PEmax foram realizadas de três a cinco vezes, e foi considerada a melhor medida desde que reprodutível e com uma variação que fosse menor ou igual a 10% entre elas, de acordo com o Consenso Brasileiro de Espirometria. Pressão Inspiratória Máxima Para a realização da medida de PImax o paciente foi posicionado sentado, foi solicitado que inspirasse e expirasse tranquilamente com o nariz ocluído por um clip nasal e com os lábios em torno do bucal, após uma expiração normal, o orifício da traquéia foi ocluído e solicitado ao paciente que fizesse o máximo esforço inspiratório. Para evitar que ocorresse fechamento da glote durante a manobra inspiratória o bucal tinha um orifício de 1 mm que permitia a entrada de pequena quantidade de ar. Pressão Expiratória Máxima Para a realização da medida de PEmax o paciente foi posicionado sentado, foi solicitado que inspirasse e expirasse tranquilamente com o nariz ocluído por um clip nasal e com os lábios em torno do bucal, após uma inspiração normal, o orifício da traquéia foi ocluído e solicitado ao paciente que fizesse o máximo esforço expiratório. Os pacientes foram orientados a não soprar com as bochechas, caso isto ocorresse o acompanhante era instruído a pressionar o local durante a manobra. Para saber o valor previsto das pressões inspiratória e expiratória máxima do paciente serão aplicadas as fórmulas preditivas para o sexo masculino e feminino. 15 Pressão inspiratória máxima – PImax Pressão inspiratória máxima – PImax Sexo Feminino – idade 20 – 80 anos Sexo Masculino – idade 20 - 80 anos (110,5 – idade x 0,49) (peso kg x 0,48) – (idade x 0,80) + 120 Pressão expiratória máxima – PEmax Pressão expiratória máxima – PEmax Sexo Feminino – idade 20 – 80 anos Sexo Masculino – idade 20 - 80 anos (115,7 – 0,62 x idade) (165,3 – 0,81 x idade) (J. Pneumologia 2002; 28; supl 3: 40 -41) 5.4.3. PICO DE FLUXO DE TOSSE – PFT Para mensurar o PFT, o paciente foi posicionado sentado e teve o nariz ocluído por um clip nasal, foi solicitado uma inspiração e expiração tranqüila e após que fizesse uma inspiração profunda, ou seja, a partir da Capacidade Pulmonar Total, e a seguir uma tosse máxima e única. Foi utilizado um Peak Flow Meter da marca AssessR, graduado de 60 a 880 l/min. 6. ANÁLISE ESTATÍSTICA P – Valor, para este estudo foi definido como nível de significância o valor de 0,05 (5%), os intervalos de confiança, foram construídos com 95% de confiança estatística, para isto foram utilizados os seguintes testes estatísticos não paramétricos pela não homogeneidade da amostra. - Teste de Friedman, foi utilizado para comparar as avaliações para cada variável. - Teste de Wilcoxon, utilizado para determinar entre quais avaliações ocorreu à diferença estatisticamente significante. - Teste Mann-Whitney, para comparar os grupos apendicular e bulbar em cada uma das variáveis. O Intervalo de Confiança para média foi utilizado para entendermos os resultados de forma descritiva. 7. RESULTADOS Foram avaliados 165 pacientes, sendo 6 excluídos por não ter definido se o inicio da doença era apendicular ou Paralisia Bulbar Progressiva, destes 4 eram homens e 2 mulheres, durante o período do estudo 152 pacientes estavam em VNI e 24 óbitos foram comunicados ao setor. Tabela 1: Caracterização da Amostra Nº PACIENTES SEXO IDADE INÍCIO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 A.L.F A.S.F A.J.M A.G.L A.M.N A.B.R A.l A.L.F A.A.S A.C.F A.D.M A.E.S A.F.P.M A.L.T A.M.D A.S A.P.S.R A.D.L A.P.S A.P A.R.M B.A B.S.B B.M.X B.V.S.N B.C.G C.E.G.V C.E.X C.P.S C.H.M C.M.S.F 1 1 2 1 1 2 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 2 2 73 52 65 41 67 66 62 59 63 68 61 58 63 44 52 71 61 65 42 77 68 73 69 65 61 75 32 47 63 52 60 2 1 2 2 2 2 2 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 2 1 23/2/2006 25/8/2005 19/9/2005 11/5/2006 5/5/2005 13/12/2004 16/6/2005 1/6/2006 5/10/2006 23/6/2005 4/12/2006 2/5/2005 23/10/2006 11/8/2005 13/10/2005 21/2/2005 12/4/2007 24/11/2005 22/9/2005 29/5/2006 11/5/2006 25/10/2004 29/6/2006 26/6/2006 23/6/2005 12/6/2006 24/4/2004 8/6/2006 5/5/2005 30/6/2005 3/11/2005 32 33 34 C.S.F C.R.T.F C.F 2 2 1 67 60 61 2 2 1 12/4/2004 25/4/2005 6/4/2006 DATA 1ª AV TEMPO DE DOENÇA ATÉ 1ª AV. 3 anos 2 anos 16 anos 2 anos 7 anos 3 anos 1 ano 5 anos 10 meses 4 anos 1 ano e 5 meses 2 anos 11 meses 1 ano 2 anos 1 ano 1 ano e 2meses 17 anos 6 meses 1 ano e 9 meses 9 meses NC 1 ano e três meses 2 anos e 6 meses 1 ano 3 anos 2 anos e 8 meses 6 meses 1 ano e 5 meses 2 anos e 9 meses 2 anos e 10 meses NC NC 1 ano e 7 meses 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 Nº C.R.G 2 59 2 8/6/2006 C.A.P 2 51 2 9/5/2005 C.J.C 1 61 2 10/11/2005 C.B 2 81 1 9/3/2006 D.A.F 2 67 2 2/5/2005 D.A.F.R 2 57 1 13/11/2006 D.O.C 1 61 2 27/4/2006 D.F.R 2 66 2 19/5/2005 D.J.R 2 55 2 9/2/2006 D.J.S 1 42 2 7/5/2007 E.S 1 79 1 18/5/2006 E.F.S 1 44 2 27/6/2005 E.R.F 2 66 1 7/5/2007 E.L.S 2 60 2 19/9/2005 E.S 1 64 2 18/4/2005 F.C 1 45 2 18/8/2005 F.A.M 1 53 2 19/4/2007 F.N.M 1 46 2 9/6/2005 G.D.O 1 68 2 14/9/2006 G.M.F.J 1 nc nc 7/3/2005 G.R.M 1 57 2 25/4/2005 PACIENTES SEXO IDADE INÍCIO DATA 1ª AV 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 G.N G.C H.N H.A.M H.A.G.M H.C I.R.S I.R.Q I.M I.A.S J.J.P.R J.M.T.C J.Z J.M.P J.O.V J.A.M J.B.F J.C.B J.F.A J.M.M J.M.F J.M.F J.O.S J.P.A J.V.F 2 2 1 1 2 1 2 2 2 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 51 59 43 52 31 59 56 56 57 79 54 39 64 66 69 48 59 54 58 58 72 56 40 41 62 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 1 2 2 2 1 1 1 2 1 2 2 2 30/6/2005 10/8/2006 1/6/2005 9/2/2006 23/3/2006 14/3/2005 2/5/2005 11/10/2005 9/6/2005 11/5/2006 16/6/2005 20/10/2005 11/8/2005 20/3/2006 29/6/2006 25/8/2005 18/5/2006 13/12/2004 25/5/2006 19/5/2005 14/8/2006 27/10/2005 30/11/2006 25/4/2005 1/12/2005 1 ano e 4 meses 3 anos 1 ano 2 anos 2 anos e 3 meses 1 ano e 5 meses 1 ano 1 ano 1 ano 2 anos e 11meses 1 ano 5 meses 7 anos 2 anos 4 anos 2 anos 9 meses 10 meses 7 meses 1 ano e 1 mês NC 1 ano e 6 meses TEMPO DE DOENÇA ATÉ 1ª AV. 12 anos 1 ano e 10 meses 5 anos 2 anos e 11 meses 1 ano e 4 meses 1 ano e 8 meses 2 anos 7 meses 3 anos e 2 meses 8 anos 9 meses 2 anos e 3 meses 1 ano e 1 mês 1 ano 2 anos e 5 meses 1 ano e 11 meses 1 ano 1 ano e 3 meses 1 ano e 6 meses 1 ano e 2 meses 1 ano e 8 meses 2 anos e 4 meses 1 ano e 3 meses 2 ano e 6 meses 2 anos 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 J.T.S J.A.S J.L J.O J.F.N.S J.F.F J.G.C J.O.M J.R.M J.S J.P.A J.V.F J.T.S J.A.S J.L J.O J.F.N.S J.F.F J.G.C J.O.M J.R.M J.S J.S J.S.S J.E.N.S.P L.A L.M L.O.R.F L.S.O L.F.R L.A.V L.B L.C.S.C L.N M.F.S M.P.B M.A.J.F M.A.M M.A.G M.C.C M.C.T M.G.H.M M.N.O.S M.F.J M.L.S M.C.G 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 42 62 69 50 79 51 49 80 49 61 41 62 42 62 69 50 79 51 49 80 49 61 69 74 76 48 79 67 28 44 59 44 55 74 63 80 63 67 64 61 47 55 45 72 60 78 1 2 2 2 2 2 1 2 1 2 2 2 1 2 2 2 2 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 2 2 1 2 2 2 1 2 2 17/11/2005 27/10/2005 14/9/2006 16/5/2005 6/10/2005 8/9/2005 30/3/2006 13/10/2005 21/5/2007 25/4/2005 25/4/2005 1/12/2005 17/11/2005 27/10/2005 14/9/2006 16/5/2005 6/10/2005 8/9/2005 30/3/2006 13/10/2005 21/5/2007 25/4/2005 30/6/2005 6/4/2006 23/6/2005 14/5/2007 2/3/2006 9/10/2006 12/5/2005 10/10/2005 9/3/2006 1/9/2005 18.10.04 20/10/2005 21/9/2006 14/5/2007 23.05.2005 6/10/2005 9/4/2007 29/5/2006 19/4/2004 14/3/2005 3/11/2005 7/5/2007 28/4/2003 19/4/2007 8 meses 1 ano e 2 meses 3 anos 1ano 2 anos 5 anos 1 ano e 3 meses 7 anos 1 ano e 3 meses 9 meses 2 ano e 6 meses 2 anos 8 meses 1 ano e 2 meses 3 anos 1ano 2 anos 5 anos 1 ano e 3 meses 7 anos 1 ano e 3 meses 9 meses 4 anos 7 anos e 3 meses 2 anos e 6 meses 5 anos 3 anos 2 anos e 9 meses 6 anos 3 anos 2 anos 2anos e 10 meses 2 anos e 6 meses 1 ano e 4meses 1ano 2 anos e 6 meses 10 meses 3 anos e 2 meses 2 anos 5 anos NC 1 ano e 8 meses 2 anos e 6 meses 3 anos 1 ano e 6 meses Nº PACIENTES SEXO IDADE INÍCIO DATA 1ª AV 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 M.G.R M.I.J M.J.S M.J.D.D M.L.M M.P.G.C M.S.C M.T.R M.I.D.C M.L.O M.O M.M.A M.P M.G.C M.B M.I M.S N.T.R N.M.A N.M.MA N.J.L.O O.S.R O.F.N O.S O.S.T P.A.B R.F.L R.F.S 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 66 67 57 49 71 61 51 51 49 59 81 69 47 59 48 67 39 55 62 71 36 70 48 1 2 1 1 2 2 2 2 1 2 1 2 2 2 2 1 2 2 2 1 2 2 2 18/8/2005 28/5/2007 8/9/2005 18/8/2005 5/10/2006 15/5/2006 16/4/2007 16/11/2006 9/4/2007 21/11/2005 24/4/2006 18/5/2006 27/11/2006 23/4/2007 66 46 44 33 2 1 2 2 5/3/2007 13/4/2006 13/11/2006 11/6/2007 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 R.D.S R.B.S S.R.R S.F.C S.G.N S.F.P.N S.R S.S.I T.F.M T.A.B.C T.O.C V.L.C V.B.R V.P.M.R V.M.O V.P V.M.M 2 1 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 1 1 2 1 1 58 51 39 59 54 53 38 57 nc 68 64 50 44 49 27 71 59 2 2 2 2 2 2 1 2 nc 2 2 2 2 2 2 2 2 29/5/2006 6/12/2004 16/4/2007 1/9/2005 19/10/2006 18/8/2005 4/8/2005 5/5/2005 12/4/2004 3/8/2006 21/9/2006 9/6/2005 4/8/2005 13/10/2005 16/3/2006 8/8/2005 28/3/2005 31/8/2006 29/8/2005 3/11/2005 12/5/2005 13/10/2005 20/10/2005 16/2/2004 9/11/2006 TEMPO DE DOENÇA ATÉ 1ª AV. 7 meses 10 anos 3 anos 1 ano e 6meses 6 anos 11 meses NC 1 ano e 6 meses NC 1 ano e 8 meses 6 meses NC 2 anos e 5 meses NC 2 anos e 8 meses 2 anos e 3 meses 1 ano e 4 meses 7 anos e 9 meses 2 anos 1ano e 8 meses 6 anos e 5 meses 4 anos e 5 meses 1 ano e 2 meses NC 1 ano e 9 meses 9 meses 1 ano e 1 mês 1 ano 1 ano e onze meses 4 anos 1 ano e 7 meses 2 anos e 8 meses 1 ano e 7 meses 3 anos e 8 meses 1 ano e 5 meses 11 anos NC 2 anos 3 anos 1 ano e 5meses 3 anos 1 ano e 10 meses 2 anos e 9 meses 3 anos 7 anos 160 161 162 163 164 V.A.P V.T W.N.F.F W.R.P Y.P.A 1 1 1 1 2 61 71 52 38 67 2 1 2 2 2 Inicio: 1 = Bulbar ; 2 = Apendicular Sexo: 1 = Masculino ; 2 = Feminino Tempo de Doença: NC = Não confirmado 25/5/2006 9/2/2006 28/4/2003 18/10/2004 6/12/2004 4 anos 1 ano e 6 meses 2 anos NC 1 ano Na tabela 2 são comparadas às avaliações para cada variável. Foi realizada a comparação entre as 3 primeiras avaliações, tendo significância estatística em todas elas. Tabela 2: Compara as Três Primeiras Avaliações Avaliações PIMAX PEMAX CV Supino CV PFT 1ª Av. 2ª Av. 3ª Av. 1ª Av. 2ª Av. 3ª Av. 1ª Av. 2ª Av. 3ª Av. 1ª Av. 2ª Av. 3ª Av. 1ª Av. 2ª Av. 3ª Av. Média Mediana Desvio Padrão Q1 Q3 N IC -31,9 -30 19,2 -42 -18 124 3,4 -33,1 -27 21,6 -42 -18 76 4,9 -31,9 -24 20,6 -48 -18 52 5,6 40,5 36 24,5 24 54 129 4,2 38,2 30 22,6 21 48 75 5,1 38,7 30 22,2 24 54 52 6,0 2,29 2 1,0 1 3 73 0,22 2,23 2 0,8 1 3 36 0,28 2,16 2 1,0 1 3 28 0,36 2,14 2 1,0 1 3 162 0,16 1,98 2 1,0 1 3 99 0,19 1,87 2 0,9 1 2 64 0,22 315,5 300 131,0 220 360 64 32,1 329,5 340 134,9 260 390 39 42,3 307,5 295 150,2 213 370 32 52,0 Os gráficos mostram a tendência evolutiva ao longo de 6 avaliações. Para fins de significância foram analisadas as três primeiras avaliações, após estas as perdas de informação são importantes e inviabilizam a análise. São perdas como: óbito, fraqueza acentuada de musculatura orbicular da boca, incapacidade de assumir a posição supino e outras. 7.1 – ACHADOS • PImax – O grupo de PBP iniciou as avaliações com valores menores que o grupo apendicular e após a 3ª avaliação o grupo apendicular apresentou queda acentuada dos valores se igualando com o grupo de PBP ao longo do tempo. • PEmax – Ocorreu o mesmo comportamento que na PImax, porém ao longo do tempo a queda no grupo de PBP foi mais acentuada que no grupo apendicular. • CVF em sedestação - Os grupos apresentaram até a 3ª avaliação um comportamento semelhante, sem diferenças significativas. Entre a 3ª e 4ª avaliações houve um pequeno aumento da CVF no grupo de PBP, tendo como hipótese à introdução de VNI. A partir da 4ª avaliação ocorreu queda acentuada do grupo de PBP. • CVF supino - O grupo de PBP apresentou queda acentuada até a não realização do teste por não conseguir assumir a posição supino. Já no grupo apendicular ocorreu uma melhora no gráfico ao longo do tempo, tendo como hipótese que alguns pacientes que nas primeiras avaliações não realizaram o teste por motivos diversos, e passaram a realizá-lo. Os valores observados individualmente mostram uma tendência a queda no grupo apendicular ao longo do tempo. • PFT - Após comportamento variável do grupo de PBP que tem como hipótese a presença de artefatos no teste, como por exemplo, a sialorréia, em alguns momentos mais intensa, o grupo de PBP apresenta queda acentuada chegando até a ausência da capacidade de tossir. Em todos os itens avaliados foram observados: Queda de forma geral dos dois grupos, sendo essa queda significativamente estatística até a terceira avaliação e uma tendência a significância ao longo do tempo. Após a terceira avaliação ocorreram perdas importantes de dados, houveram óbitos e pela progressão da doença alguns pacientes não conseguiram realizar determinados itens dos testes, por falta de força da musculatura orbicular da boca, por sialorréia, por dependência integral da VNI ou por não conseguirem assumir a posição supino. Gráfico 1 – Evolução de PImax p – valor 0,004 PIMAX 1ª Av. 2ª Av. 3ª Av. 4ª Av. 5ª Av. 6ª Av. Apend -33,6 -35,2 -33,8 -28,0 -29,6 -17,1 Bulbar -24,8 -23,6 -19,7 -21,0 -24,0 -18,0 Geral -31,9 -33,1 -31,9 -27,2 -29,1 -17,3 Gráfico 2 - Evolução de PEmáx p – valor 0,025 PEMAX 1ª Av. 2ª Av. 3ª Av. 4ª Av. 5ª Av. 6ª Av. Apend 43,5 41,2 40,8 36,0 34,0 33,8 Bulbar 29,3 27,0 27,0 28,8 32,0 27,0 Geral 40,5 38,2 38,7 34,9 33,7 32,4 Gráfico 3 - Evolução de CV p – valor 0,001 CV 1ª Av. 2ª Av. 3ª Av. 4ª Av. 5ª Av. 6ª Av. Apend 2,18 1,99 1,86 1,74 1,83 1,75 Bulbar 2,01 1,93 1,94 2,15 1,79 0,80 Geral 2,14 1,98 1,87 1,80 1,82 1,56 Gráfico 4 - Evolução de CV Supino p – valor 0,050 CV Supino 1ª Av. 2ª Av. 3ª Av. 4ª Av. 5ª Av. 6ª Av. Apend 2,28 2,17 2,32 1,50 1,66 2,43 Bulbar 2,30 2,65 1,56 0,00 0,00 0,00 Geral 2,29 2,23 2,16 1,50 1,66 2,43 Gráfico 5 - Evolução de PFT p – valor 0,026 PFT 1ª Av. 2ª Av. 3ª Av. 4ª Av. 5ª Av. 6ª Av. Apend 324,9 326,8 320,4 285,8 267,9 226,7 Bulbar 270,0 348,0 217,5 316,7 200,0 0,0 Geral 315,5 329,5 307,5 290,0 263,3 226,7 8 - DISCUSSÃO Os resultados apresentados neste estudo retrospectivo, com 165 pacientes com diagnóstico de ELA, demonstrou através dos dados coletados, que as características demográficas desses pacientes são compatíveis com a literatura, compreendendo uma faixa etária entre 27 e 81 anos, com média de idade de 59 anos, o que mostra uma maior prevalência da doença após 50 anos. A avaliação clínica é essencial para detectar os sinais e sintomas relacionados à falência dos músculos respiratórios. A dispnéia e ortopnéia são muitas vezes achados tardios em pacientes com deficiência funcional grave, geralmente devido à fraqueza muscular periférica. Contudo, o presente estudo visa avaliar o padrão respiratório dos pacientes a cada três meses evitando assim um diagnóstico tardio da fraqueza muscular e suas repercussões respiratórias. 20 Quanto aos resultados encontrados da PImáx e PEmáx, pode-se observar que o grupo de PBP iniciou as avaliações com valores menores que o grupo apendicular e após a 3ª avaliação o grupo apendicular apresentou queda acentuada dos valores se igualando com o grupo de PBP ao longo do tempo. Apesar da PEmax, apresentar esses dados foi demonstrado também que ao longo do tempo a queda no de PBP foi mais acentuada que no grupo apendicular. Já no estudo de Daniele Lo Coco et al. (2006), o qual também realizou a avaliação da PImáx e PEmáx, em pacientes com ELA, porém não foram registrados os dados devido a grande quantidade de pacientes que com a progressão da doença não conseguiram mais realizar os testes, o que corrobora com o presente estudo, que até a terceira avaliação foi possível coletar os dados e após está, na quarta em diante, várias dificuldades apareceram e dificultou a coleta dos dados, no decorrer da progressão da doença.22 No estudo com 82 pacientes realizado por Pinto S. et al. (2007), o qual 45 eram apendiculares e 37 com PBP, todos avaliados entre 6 - 18 meses após o inicio da doença foi investigado a PImáx e PEmáx nesses pacientes, e não encontraram diferença estatística para o sexo e duração da doença entre os dois grupos, porém observaram que pacientes de PBP eram mais velhos e apresentaram valores de PImáx e PEmáx inferiores aos apendiculares, o que pode ser explicado pela fraqueza oro-facial.19 Os dados coletados da CVF em sedestação nos dois grupos apresentou até a 3ª avaliação um comportamento semelhante, sem diferenças significativas, já entre a 3ª e 4ª avaliações houve um pequeno aumento da CVF no grupo de PBP, que pode ter como hipótese a introdução de VNI, porém a partir da 4ª avaliação ocorre queda acentuada do grupo de PBP, esta piora pode ser justificado pela própria progressão da doença. Já os resultados da CVF em supino no grupo de PBP apresentou queda acentuada até a não realização do teste por não conseguir assumir a posição supino decorrente de fatores posturais, no entanto o grupo apendicular ocorreu uma melhora da CVF ao longo do tempo, porém a hipótese é de que alguns pacientes nas primeiras avaliações não conseguiram realizar os testes por infecções respiratórias, fadiga entre outros, mas na segunda avaliação conseguiram realizar todos os testes respiratórios. Os valores observados individualmente mostram uma tendência à queda no grupo apendicular ao longo do tempo. No entanto o estudo realizado por Lechtzin et al. (2002), com 25 pacientes teve o objetivo de determinar quais testes funcionais respiratórios eram o melhor preditor de fraqueza diafragmática em pacientes com ELA. Foram realizados CVF sentado, CVF supino, VEF1, pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima. Todos foram correlacionados com a medida de pressão transdiafragmática (Pdi) que é o padrão ouro de mensuração da fraqueza diafragmática, a Pdi é uma medida invasiva realizada com cateter e balão esofágico. De todos os testes a CVF na posição supino foi a que mostrou maior correlação com a Pdi, foi 100% sensível e específica. O estudo mostrou que a CVF sentada, testada isoladamente, não é suficientemente sensível e nem específica para fraqueza diafragmática. 13 Assim, no presente estudo não foi possível correlacionar a CVF em sedestação com a CVF em supino, por falta de pareamento destes dados, alguns pacientes não conseguiam assumir a posição supino ao longo do tempo, porém em nossas evidências clínicas observamos a relevância deste dado e o utilizamos como fator indicativo para algumas condutas terapêuticas quando o paciente não consegue realizar a avaliação respiratória corretamente. Os testes realizados com PFT após o comportamento variável do grupo bulbar que tem como hipótese à presença de artefatos no teste, como a sialorréia que em alguns momentos se apresenta mais intensa, assim o grupo de PBP mostra queda acentuada chegando até a ausência da capacidade de tossir. Em todos os itens avaliados se observou a queda de forma geral dos dois grupos, sendo essa queda significativa até a 3ª avaliação e uma tendência à significância ao longo do tempo. Após a 3ª avaliação ocorreram perdas importantes de dados, alguns pacientes não conseguiram realizar alguns testes devido à progressão da doença como falta de força da musculatura orbicular da boca, por sialorréia, dependência integral da VNI ou por não conseguirem assumir a posição supino e outros foram a óbito. No estudo realizado por Mendonça e Pereira (1984), sobre a Mecânica Pulmonar nas Doenças Neuromusculares, foi avaliado 26 pacientes com DNM, selecionados aleatoriamente o qual poderiam ou não ter sintomas respiratórios. Foram realizadas espirometria e pressões expiratórias e inspiratórias máximas dentre outros testes. A PEmax estava reduzida em todos os pacientes, enquanto a PImax estava alterada em 61% dos pacientes e a CV reduzida proporcionalmente em 11 pacientes. Houve correlação significativa levando em conta os valores de normalidade entre PImax e PEmax e correlação linear com a média de força para CVF. Desta forma a força dos músculos expiratórios foi em média, de 35% do normal, e a força dos músculos inspiratórios foi 58% do normal. A importância da fraqueza dos músculos expiratórios se verifica na diminuição da eficiência da tosse. Os achados no presente estudo estabelecem uma correlação com a queda da PEmax a qual foi mais acentuada do que a da Pimax, e a queda da CVF em sedestação ocorreu de forma linear. 24 De acordo com HOUSEMAN, G et al (2005), PEREZ, T (2006) e Lechtzin et al. (2002), a Capacidade Vital (CV) é a prova de função pulmonar mais clássica utilizada na avaliação respiratória. A principal limitação da espirometria é a sua baixa sensibilidade para detectar uma moderada fraqueza dos músculos inspiratórios. A CV em Supino pode ser uma melhor ferramenta para detectar o envolvimento da musculatura diafragmática. 18-20. A pesquisa realizada por Daniele Lo Coco et al. (2006), participaram 38 pacientes com ELA, todos os pacientes foram avaliados no momento da apresentação, a cada mês durante os primeiros 3 meses, e depois a cada 1-3 meses, eles foram acompanhados por 2 anos e 2 meses. A capacidade vital média no inicio do estudo foi de 87%, e diminuiu 10% após 6 meses, mostrando uma variabilidade muito grande entre os pacientes. Observaram que a queda da função pulmonar tende um curso linear durante a progressão da doença. Foram identificadas duas fases, onde a primeira seria a fase inicial da doença quando se observa uma queda linear da CVF e não há evidências de comprometimento respiratório e uma segunda fase na qual mostra uma queda brusca da CVF, com comprometimento respiratório evidente. Com a evolução da doença a CVF não conseguiu prever a ocorrência da hipoventilação crônica, mostrando que a própria progressão da doença é um indicador de hipoventilação. Neste estudo também houve uma perda muito grande de dados quando a doença já estava em um estágio mais avançado ou quando se tratava de PBP, pois os pacientes na evolução da doença, não conseguiam realizar os testes da avaliação respiratória, por fraqueza da musculatura oro facial, o que dificultou a avaliação com a CVF, o que nos mostra que talvez a capacidade vital seja um melhor parâmetro no inicio da doença. 22 O trabalho realizado por Hzecka e Stelmasiak em 2003, com 18 pacientes com diagnóstico de ELA e idade média de 60 anos, foram avaliados por 12 meses, o grupo era composto por pacientes com ELA de inicio apendicular e PBP, após analisar a CVF e o VEF1, concluíram que a CVF foi significativamente maior no grupo de pacientes com início apendicular e que a gravidade dos distúrbios respiratórios se correlaciona mais com o tipo de início da doença do que com o tempo de duração da doença. O resultado deste trabalho corrobora com os dados encontrados neste estudo, aonde ao longo do tempo a CVF teve queda mais acentuada para os pacientes de PBP. 23 Ainda neste estudo também foi observado nos resultados dos pacientes tanto o de inicio apendicular como os de PBP que houve diferença significativa dos dados avaliados entre os grupos. Em contra partida no trabalho de Talakad N.S. et al. (2009), o qual realizou uma bateria de testes de função pulmonar, incluindo CVF, ventilação voluntária máxima e pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima (Pimax e Pemax) em 63 pacientes que preencheram os critérios para El Escorial ELA provável e definida. Apenas 11% dos pacientes apresentavam queixas respiratórias no momento do diagnóstico. Não houve diferença estatística nos parâmetros pulmonares entre os PBP e apendiculares, ambos tiveram redução significativa em todas as medidas de função pulmonar, com níveis de disfunção semelhantes. 21 Entretanto o estudo de Schiffman e Belsh (1993), defendem que pacientes com diagnóstico recente de ELA, se beneficiam da avaliação respiratória precoce como um fator determinante para o prognóstico e tratamento da doença. Analisaram 36 pacientes, que foram classificados de acordo com a gravidade da doença em 4 estágios, 24 pacientes foram acompanhados com avaliações periódicas de PImax, PEmax e CVF, 12 pacientes realizaram somente uma avaliação, sendo acompanhados até o óbito e as medidas realizadas quando solicitadas para alguma intervenção clínica e interrompidas quando iniciaram a VNI. Desta forma demonstrando que o grupo de pacientes mais graves teve redução significativa de CVF, PImax e PEmax em comparação ao grupo de pacientes do primeiro estágio que eram os pacientes de sintomas iniciais. A conclusão deste estudo é que a avaliação respiratória precoce possibilita intervir na presença de comprometimento respiratório com a VNI ou outra terapêutica necessária, antes do agravamento da doença. 7 9 - CONCLUSÃO Conclui-se que este estudo apresentou uma diminuição significativa dos valores da avaliação respiratória quanto a CVF, PEmáx, PImáx e PFT ao longo da evolução da doença, tanto para ELA Apendicular como na PBP, porém sendo mais acentuada na PBP. Notamos que com 15 meses aproximadamente após o diagnóstico os pacientes com ELA já apresentam comprometimento da função respiratória. 10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 – POUGET, P; AZULAY, J.P; BILLÉ-TURE, F; SANGLA, I; SERRATRICE, G.T. The Diagnosis of Amyotrophic Lateral Sclerosis. Pathogenesis and Therapy of Amyotrophic Lateral Sclerosis. Marseille. 68:143-150, 1995. 2 - PERKIN, G.D; Atlas Mosby em Cores e Texto de Neurologia . 1ª ed Manoele, 1998. 217-222. 3 - POLKEY, M. I.; LYALL, R. A.; DAVIDSON, A. C.; LEIGH, P. N.; MOXHAM, J. Ethical and Clinical Issues in the Use of Home Non – Invasive Mechanical Ventilation for the Palliation of Breathlessness in Motor Neurone Disease.Thorax. 54: 367-37l, l999. 4 - J. AFONSO ROCHA, M. J. MIRANDA. Disfunção Ventilatória Na Doença do Neurônio Motor. Quando e Como Intervir? Acta Med Port 2007; 20: 157-165. 5 – MARIA, N.N.S.; ZANELLI, E.M.; SILVA, M.B.; ASA, S.K.P.; FAVERO, F.M.; FUKUJIMA, M.M.; et al. Testes utilizados para avaliação respiratória nas doenças neuromusculares. Rev Neurocienc 2007; 15(1): 60-69. 6 - FREITAS, M. R. G. Esclerose Lateral Amiotrófica. In: SOUZA, S. E. M. Tratamento das Doenças Neurológicas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. p. 5l9-52l. 7 - SCHIFFMAN, PL; BELSH, JN, Pulmonary Function at Diagnosis of Amyotrophic Lateral Sclerosis, Chest. 103: 508-513, 1993. 8 - TRAYNOR, B.J.; ALEXANDER, M; CORR, B; FROST, E; HARDIMAN, O. Effect of a multidisciplinary amyotrophic lateral sclerosis (ALS) clinic on ALS survival: a population based study, 1996-2000. J.Neurosurg psychiatry. 74: 1258-1261, 2003 9 - HETTA, J; JANSSON, I; Sleep in Patients with Amyotrophic Lateral Sclerosis. J. Neurol. 244:7-9, 1997. 10 - ARNULF, I.; SIMILOWSKI, T.; SALACHAS. F.; GARMA, L.; MEHIRI, S.; ATTALI, V.; BEHIN-BELLHESEN, V.; MEININGER, V.; DERENE, J.P. Sleep Disorders and Diaphragmatic Function in Patients with Amyotrophic Lateral Sclerosis. Am. J. Respir. Crit Care Med. 2000; 161:849-856. 11 - KAPLAN, L.; HOLLANDER, D. Respiratory Dysfunction in Amyotrophic Lateral Sclerosis. 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Milan. 10: 16l4-1621, 17 - MUSTFA, N.; MOXHAM, J. From the Respiratory Muscle Laboratory. Guys kings and st Thomas school of medicine, Kings College hospital london, 94: 497-502, 2001. 18 – HOUSEMAN, G; KELLEY, M. Early respiratory insufficiency in the ALS patient: a case study. J Neurosci Nurs; 37(4): 216-8, 2005 Aug. 19 – CARVALHO, M; COSTA, J; PINTO, S; PINTO, A. Percutaneous nocturnal oximetry in amyotrophic lateral sclerosis: periodic desaturation. : Amyotroph Lateral Scler; 10(3): 154-61, 2009 Jun. 20 – PEREZ, T. Amyotrophic lateral sclerosis (ALS): evaluation of respiratory function. Rev Neurol (Paris); 162 Spec No 2: 4S188-4S194, 2006 Jun. 21 – TALAKAD, N S; PRADHAN, C; NALINI, A; THENNARASU, K; RAJU, TR. Assessment of pulmonary function in amyotrophic lateral sclerosis. Indian J Chest Dis Allied Sci; 51(2): 87-91, 2009 Apr-Jun. 22 – LO COCO D, MARCHESE S, CORRAO S, et al.: Development of chronic hypoventilation in amyotrophic lateral sclerosis patients. Respir Med 2006, 100:1028-1036. 23 –IIZECKA, J; STELMASIAK, Z; BALICKA, G. Respiratory Function in Amyotrophic Lateral Sclerosis. Journal Neurological Sciences; volume 24, nº 4, Nov, 2003. 24 – MENDONÇA, E.M. C; PEREIRA, C.A.C. Mecânica pulmonar nas doenças neuromusculares. Jornal de Pneumologia 10 (4): 223-232.1984. 11. ANEXO ANEXO - 1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nome do Voluntário_____________________________________________________ Idade _____________________________Data de Nascimento ___________________ Nome do Responsável ___________________________________________________ Endereço _____________________________________________________________ Cidade ______________________________________________________________ Telefone para contato ___________________________________________________ As informações contidas neste prontuário estarão esclarecendo o acordo escrito mediante o qual, o voluntário nesse estudo autoriza sua participação com pleno conhecimento da natureza dos procedimentos, com a capacidade de livre arbítrio e sem qualquer coação. Esclareço que recebi todas as informações sobre minha participação nesse estudo, e a garantia de que receberei novos esclarecimentos que julgar necessário. Fui verbalmente informado sobre os possíveis benefícios, assim como, todos os passos desse experimento serão acompanhados por um Pesquisador Responsável. Concordo em participar dessa pesquisa Por estar de pleno acordo com o presente termos, abaixo o mesmo Assinatura do paciente ou responsável Assinatura do pesquisador
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