fabuloso - Livraria da Vila
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Edição 142 ● Ano 12 ● Seu Jeito de Ler ● Fevereiro 2016 UM MUNDO ENTREVISTA Mostra sobre o cineasta americano Tim Burton revela o fascínio e o alcance de uma linguagem singular no cinema, nos livros e nas artes plásticas RETRATO FABULOSO As ideias e projetos de Mario Prata A vida breve e intensa de James Dean AUTÓGRAFO O novo livro de Maria Valéria Rezende 2 ÍNDICE | fevereiro_2016 5editorial 17infantil António Gonçalves autografa Barriga da baleia Por Flavio Seibel 18música O Quarteto Quadrantes faz pocket shows para lançar o CD Sinuosa 19versos Foto: Divulgação Poesia reunida traz todos os poemas de Adélia Prado 20urbanismo Insustentável arquitetura documenta discussões sobre metrópoles 6entrevista O escritor Mario Prata fala sobre livros e novos projetos 21palco Livro registra as histórias do Teatro Guaíra, em Curitiba NOSSAS LOJAS FRADIQUE COUTINHO R. Fradique Coutinho, 915 11 3814-5811 ............................................................... LORENA Alameda Lorena, 1731 11 3062-1063 ............................................................... MOEMA Av. Moema, 493 11 5052-3540 ............................................................... SHOPPING PÁTIO HIGIENÓPOLIS Av. Higienópolis, 618 11 3660-0230 ............................................................... SHOPPING JK IGUATEMI Av. Juscelino Kubitscheck, 2041 11 5180-4790 ............................................................... Escultura para menino balão, 2009, da coleção particular de Tim Burton © Tim Burton SHOPPING CIDADE JARDIM Av. Magalhães de Castro, 12000 11 3755-5811 ............................................................... Campinas GALLERIA SHOPPING 22retrato Como James Dean se transformou na imagem da juventude em Hollywood 24aconteceu As atrações que movimentaram as lojas da Vila em janeiro 10capa 25programação O mundo de Tim Burton agita o circuito cultural 16debate Cursos, teatro, lançamentos e outras atrações da agenda de fevereiro Vencedora do Jabuti 2015, Maria Valéria Rezende lança Outros cantos 35nossas dicas Sugestões para ver, ouvir e ler Rod. Dom Pedro I, s/nº 19 3706-1200 ............................................................... Curitiba PÁTIO BATEL Av. do Batel, 1868 41 3020-3500 ............................................................... Guarulhos PARQUE SHOPPING MAIA Avenida Bartholomeu de Carlos, 230 11 2459-8285 www.livrariadavila.com.br Trabalhe conosco: [email protected] A Revista Vila Cultural é uma publicação mensal da Livraria da Vila • Editor-chefe: Samuel Seibel [email protected] • Editor: Rafael Seibel [email protected] • Jornalista responsável: Sérgio Araújo MTB - 4422 • Publicidade: Gil Torres [email protected] • Programação: Gil Torres e Wilson Junior [email protected] • Estagiária de eventos: Mariana Ramiro • Revisão: Valéria Palma • Colaboraram: Fernanda Coutinho e Alex Olobardi • Estagiária de criação: Fernanda Oliveira • Capa & Diagramação: Jonas Ribeiro [email protected] 3 4 EDITORIAL | por Flavio Seibel Sempre dá tempo de mudar I nício de ano é aquele momento em que paramos pra refletir sobre o que faremos de diferente no ano que está começando. Confesso que nunca entendi direito porque fazemos isso quase que exclusivamente nas viradas de um ano para o outro. O que será que 31 de dezembro tem que nos faz parar pra refletir mais fortemente do que, digamos, 14 de março ou 5 de outubro? Entendo, lógico, que o simbolismo do novo, do calendário, é um marco importante. Há o Natal e o Réveillon, as férias escolares, a volta às aulas. Uma nova etapa na escola, uma nova meta na empresa, um novo objetivo de emagrecimento. Mas as tais “resoluções de ano novo” deveriam ser algo constante e permanente. Afinal, a mudança faz parte da vida e pode ser sempre muito bem-vinda. Quem não definiu, por exemplo, não comer chocolate em 2016 mas já está com um Sonho de Valsa na boca? Ou resolveu fazer mais exercício mas continua no Netflix and chill? Comece hoje, agora! Largue esse chocolate, desligue essa televisão. Ainda dá tempo. Sempre é hora de apagar a luz ao sair de casa ou tomar banhos (bem) menos demorados. Em janeiro, nosso Férias na Vila elegeu a sustentabilidade como tema prioritário. Crianças e pais discutindo e aprendendo sobre o assunto, que é fundamental para nossa sobrevivência como espécie. Não vamos deixar apenas para janeiro. Vamos discutir sustentabilidade sempre. Aquecimento global tem que ser pauta sempre em voga. Saia pra dar uma caminhada, coma melhor, apague as luzes que não está usando. Vamos melhorar nosso planeta hoje, amanhã, todos os dias. Melhorando nossas vidas, ajudamos a melhorar a vida de todo mundo. Faça novas resoluções todos os dias. Mais importante do que quando, é que elas sejam realmente definidas e vividas. Boa Leitura. Abraços, Flavio Seibel 5 ENTREVISTA | Mario Prata O escritor Mario Prata vive em Florianópolis, em Santa Catarina, e é um dos convidados do projeto Navegar é Preciso, que acontece este ano entre os dias 25 e 29 de abril 6 Investigações da realidade Convidado do Navegar é Preciso em 2016, o escritor Mario Prata fala de sua paixão pela literatura policial e diz que o Brasil virou uma piada pronta tamanho o absurdo do noticiário nacional Foto: Divulgação “O Brasil virou uma piada pronta”, diz o escritor Mario Prata, um dos cronistas mais bem-humorados do país. Prata não tem conseguido entender exatamente como algumas notícias – às vezes surreais – são divulgadas seriamente na imprensa brasileira. “Eles estão rindo da cara da gente e temos que rir da cara deles também”, diz, sobre os políticos brasileiros e algumas figuras públicas notáveis – ou patéticas, dependendo do ponto de vista – que protagonizam o noticiário nacional nos últimos meses. No ano passado, o escritor publicou Mario Prata entrevista uns brasileiros (Record). Com a irreverência habitual, e muita pesquisa, ressuscitou, no livro, personagens célebres da história nacional para “arrancar”, em tom ficcional, confissões íntimas de figuras como Aleijadinho, Tiradentes, Xica da Silva, Dom Pedro I, a marquesa de Santos, Dom João VI, entre tantos outros. Há desde a interlocução com Iça-Mirim, índio levado para a corte francesa, que explica, no livro, a origem da expressão “afogar o ganso”, até uma conversa com Dom Casmurro, o personagem da obra de Machado de Assis. A inventividade e o humor sempre foram marcas registradas da obra, da carreira e da presença de Prata, cuja atuação é marcada pela versatilidade. O escritor e dramaturgo começou a trabalhar no final dos anos de 1960 e, em mais de 50 anos de carreira, contabiliza uma produção superlativa: ultrapassa 3 mil crônicas escritas e já assinou cerca de 80 títulos, entre romances, livros de contos, roteiros e peças teatrais. Recebeu 18 prêmios nacionais e estrangeiros, com obras reconhecidas no cinema, na literatura, no teatro e na televisão. Com projeto de novos livros e pelo menos cinco roteiros de minisséries policiais já “bem encaminhados”, Prata é um dos convidados do projeto Navegar é Preciso, a viagem ecoliterária promovida pela Livraria da Vila e pela Auroraeco anualmente. O encontro entre autores e público acontece ao longo de cinco dias de convívio durante a navegação pelo Rio Negro, no Amazonas. Prata vive em Florianópolis, Santa Catarina, porque decidiu, 15 anos atrás, que não queria mais morar em São Paulo. O escritor nasceu em Uberaba, Minas Gerais, mas viveu boa parte da infância e da adolescência em Lins, interior de São Paulo, onde começou sua carreira como repórter da Gazeta de Lins. Na sequência, trabalhou no jornal Última Hora. Atuando no jornalismo, foi cronista de O Pasquim, ao lado de Millôr Fernandes, na década de 1970. Em 1993, passou a assinar uma coluna semanal no jornal O Estado de S. Paulo, do qual foi cronista por 11 anos. Também assinou crônicas para diversas publicações nacionais, entre elas as revistas Isto É e Época e para o jornal Folha de S. Paulo. “Minha trajetória de escritor é totalmente absurda. Porque eu comecei pelo mais difícil – o teatro – e acabei na crônica. Iniciei sem ter nenhum conhecimento do que era o teatro. Depois do AI-5, em dezembro de 1968, os teatros começaram a ser atacados fisicamente. Depois dos espetáculos, entravam grupos com porretes e batiam nos atores. Aí, então, surgiu a figura do segurança de peças teatrais, que na verdade eram estudantes. Eu participava dessa segurança e era uma coisa muito absurda, porque eu era muito magrinho, muito fraquinho. A gente ia com uma barra de ferro enfiada na calça e sentava na frente. Quando terminava o espetáculo a gente pulava no palco e ficava segurando aquela barra. Não sei o que aconteceria se alguém resolvesse entrar ali, se eu sairia correndo. Era muito estranho. Mas com isso fui conhecendo o teatro, via as peças ENTREVISTA | Mario Prata várias vezes. Fui conhecendo atores, diretores, por ser segurança de teatro. E escrevi uma peça de teatro. Eu tinha 23 anos quando resolvi escrever uma peça. Escrevi e deu certo. Se tivesse dado errado, não estaria aqui agora. A peça se chamava Cordão umbilical. Foi um sucesso em São Paulo e depois no Rio. Então achei que eu era um gênio. E dava grana aquele negócio. Estava cursando o último ano de economia na USP e trabalhva no Banco do Brasil, que naquela época era um empregão. Era chamado de partidão pelas moças. ‘Pô, o cara trabalha no Banco do Brasil’. Teria uma aposentadoria etc. Lembro até hoje meu cargo, auxiliar de escrita, referência 050 – era o número do meu cargo”, declarou Prata, num longo depoimento publicado originalmente no site da Biblioteca Pública do Paraná. “De uma vez só larguei o banco e a faculdade. Foi um gesto tão absurdo, tão louco, que o meu pai nem ousou conversar comigo. Ele tinha – ele tem ainda – um irmão padre. Então, ligou pro padre ir até São Paulo pra conversar comigo porque achou que eu estava louco, possuído pelo demônio. O padre foi. Mas primeiro o padre assistiu à peça. E gostou. Só fez ressalvas em relação a algumas coisas”, lembrou Mario Prata, que tem três filhos, o escritor Antonio, a jornalista Maria e o arquiteto Pedro. Leia a seguir a entrevista do escritor à Vila Cultural. VC. A proximidade com o mar é inspiradora? MP. Muita gente me pergunta isso, mas não vejo a menor relação. As redações de jornais, por exemplo, eram grandes espaços, com cinquenta pessoas falando alto, fazendo o maior barulho em máquinas de escrever, e me acostumei a escrever até em lugares assim. Quando você tem que escrever duas ou três crônicas por semana, às vezes exausto, não há como não escrever. Claro que é muito melhor trabalhar em silêncio, sem barulho de carro ou sirene de ambulância, 8 Não existe inspiração. Existem ideias, boas ou ruins. E o momento da ideia dura um ou dois segundos. que eu ouvia a noite toda quando morava em São Paulo. E é claro que é bom ficar olhando para o mar. As ondas não se repetem e o som pode ser mais eficiente do que remédio para dormir. Mas não acredito nessa história de que o mar inspire. VC. Em inspiração você acredita? MP. Não existe inspiração. Existem ideias, boas ou ruins. E o momento da ideia dura um ou dois segundos. O resto é trabalho. Há ideias que tive das quais me lembro até da roupa que usava, de com quem estava, dos detalhes da situação. Algumas dessas ideias resultaram em trabalhos muito bons. A ideia é a coisa mais sublime da vida do escritor. Ontem, por exemplo, tive uma ideia quando estava a caminho da terapia. Ao estacionar o carro, fiquei tentado a pegar o lixo que estava na calçada – porque o lixo revela a personalidade de uma pessoa – e começar uma história. Não é uma ideia original – o New Yorker fez isso, com lixo de dez personalidades, o que rendeu até alguns processos. Só lembrei do lixo e comecei a viajar e a criar uma história que ainda vou escrever. VC. Por que faz terapia? MP. Meus filhos sempre disseram para eu fazer. Mesmo que às vezes num esquema “meia-bomba” – faz um tempo, para e tal – , eles sempre fizeram. Mas a minha geração é meio avessa a essas coisas. E comecei a fazer porque quando você vai ficando mais velho começa a achar que já está lidando com todas situações que a velhice pode trazer: a doença, a depressão, Alzheimer, uma monte de coisas. Fui fazer e acabei gostando. O terapeuta é uma das pessoas com quem eu mais gosto de conversar atualmente. Temos mais ou menos a mesma idade. Mas é uma terapia bem light, que, até agora, já serviu para eu descobrir que não tenho depressão, que não tenho Alzheimer. Você descobre coisas que são comuns a todo mundo. VC. Por falar em filhos, se sente responsável pelas escolhas profissionais deles? MP. Bom lembrar que eu também tenho outro filho, o Pedro, que é arquiteto, fotógrafo e tem um bar na Vila Madalena, ou seja, uma atuação bem diferente na família. A Maria virou jornalista sem querer. Originalmente, ela trabalhava com moda. Fez faculdade de moda, mas começou a atuar em redação de revista e agora tem um programa de televisão (ela apresenta o programa Mundo S.A., no canal de TV por assinatura GloboNews). Mas, na verdade, tanto a Maria como o Antonio cresceram engatinhando em cima de livros. O pai e a mãe (a jornalista e escritora Marta Góes) são jornalistas e escritores. A Marta e eu nos separamos e ela se casou com o Nirlando Beirão, que também é jornalista e escritor. Eu me casei com a Luciana De Francesco, fotógrafa e repórter fotográfico. Todos os meus amigos evidentemente eram escritores ou jornalistas e os da Marta também. A gente brinca com o Antonio dizendo que ele foi ser escritor porque achava que só existia essa profissão no mundo. Ele não sabia que podia ser contador, dentista, engenheiro. Foi uma coisa natural. VC. E como observa a carreira do Antonio? MP. Quando ele começou a levar a ideia de ser escritor a sério, fiquei com medo. Porque é difícil um escritor filho de escritor. Aliás, tudo é difícil de dar certo hoje em dia. Tinha medo que o Antonio fizesse uma carreira “meia-bomba” porque Você vê muitos articulistas ditando regras, todos com muito ódio. Parece que o jornal não tem mais um editorial, uma posição. era meu filho. Sei lá. Brinco que era a “síndrome de Zoca”. Zoca é o irmão do Pelé que, ao voltar da Copa da Suécia, com menos de 18 anos e já consagrado como o “rei do futebol”, dizia que bom mesmo era o irmão dele. Coisa nenhuma. Mas tudo deu certo porque, parece, o Zoca toca os negócios do Pelé. Mas eu ficava com medo, sim. Aí comecei a gostar muito das coisas do Antonio e pensei: “Pô, o cara tá fazendo direito”. Ele começou a publicar em jornal e eu comecei a achar que eu gostava porque era admiração típica de pai... Todo pai acha que o que o filho faz é maravilhoso. Ficava na minha. Até que um dia, uns cinco anos atrás, quando o Chico Buarque fez um show em Porto Alegre, e a Lucia, mulher do Luiz Fernando Veríssimo, estava me devendo um bobó há muitos anos. Fizemos um jantar na casa deles – éramos umas 15 pessoas –, e quando retornei à sala peguei uma discussão entre o Chico e o Luis Fernando Veríssimo para saber quem tinha dito primeiro que o Antonio era genial. Aí, pensei: “Se o Chico Buarque e o Veríssimo estão discutindo para saber quem falou primeiro, é porque o cara é bom, né?”. Entrei na conversa e falei: “Vocês vão me desculpar, mas foi o Fernando Morais quem primeiro mandou um e-mail para mim e para Marta com algo do tipo: 'Gostaria de declarar que eu sou o primeiro a dizer...'. Aí, eu relaxei. O cara deu certo. VC. Como lida com as demandas para socializar na vida de um escritor? MP. Faz parte da história toda. Outro dia fui fazer uma palestra numa universidade aqui em Florianópolis e o garoto que faz o jornal da escola me contou que quando o meu nome foi sugerido ninguém sabia exatamente sobre o meu trabalho... “O cara que escreveu a novela Bang bang”, alguém disse. É mais difícil, claro, conversar com um público que está lá mais cumprindo missão, pouco interessado no seu trabalho. Mas não é sempre assim. Em Olinda, na Fliporto, que está na 11ª edição, dedicada este ano a Fernando Pessoa, com presença de autores portugueses, foi muito interessante especialmente pelo público muito interessado no assunto. Todo mundo sabia porque estava ali. É um prazer, mesmo que dê o maior quebra-pau no campo das ideias. Há uma responsabilidade, uma troca. Numa feira em Maringá recentemente, na fila de autógrafos, várias pessoas trouxeram livros de casa para autografar. Esse é o leitor mesmo e é um prazer. VC. Como percebe o Brasil neste momento? MP. Dependendo do ponto de vista, o Brasil está engraçadíssimo. Virou uma piada pronta. Não estou assustado com essa crise de ódio, que já está passando, por causa de um cara que perdeu a eleição e ficou nervoso. Ele botou o país contra uma mulher em quem eu não votei, é importante deixar claro. Mas o que está havendo no Brasil hoje eu acho que é uma estagnação econômica – e lembre-se que estudei economia na USP, fui aluno do Delfim Netto – com todo mundo com medo de gastar, pessoa física e jurídica. Ninguém sabe o que pode acontecer entre hoje e amanhã. No mais, acho que nos últimos 50 ou 60 anos já passamos por situações bem piores do que essa. O que temos é uma presidente muito, muito ruim, isso é inegável. VC. Como achar graça disso? MP. Basta abrir o jornal todo dia. Primeiro o cara, que é pastor, jura por Deus que não tem conta na Suíça. Depois fala que não era bem ele, que o negócio dele era carne. Depois era carne moída. E isso sai na imprensa seriamente. Eles estão rindo da gente e a gente tem que rir deles. Me disseram que tem gente vendendo água com as ervas do Egito, do rio Nilo, por causa da novela Os dez mandamentos. Isso só pode ser uma piada. Um país louco. VC. A imprensa não contempla essa realidade, digamos, surreal? MP. Há uns trinta anos, tínhamos jornais de humor, revista de humor no país. Os cartunistas eram todos muito engraçados e agora eles parecem todos sérios, a ponto de a gente não entender exatamente. Dá saudades do Angeli da Rê Bordosa, do Wood & Stock, o Laerte do Tietê, o Adão do Rocky & Hudson. Eu não sei o que está acontecendo. Você abre o jornal e é difícil achar um cronista que valha a pena. Você vê muitos articulistas ditando regras, todos com muito ódio. Parece que o jornal não tem mais um editorial, uma posição. De direita ou de esquerda, quem acaba fazendo o editorial são esses caras. VC. O que você tem lido? MP. Nos últimos dez anos tenho levado a literatura policial muito a sério. Fiquei fascinado, pirei com esse negócio e já li 891 livros – que uma moça veio organizar para mim dia desses – até agora. Só do George Simenon são mais de cem livros. Comecei a ler literatura policial com os clássicos e fui descobrindo gente que eu nunca imaginei. Assim, descobri a literatura nórdica, com autores da Suécia, Noruega, Dinamarca e Islândia. Não só livros, mas também as séries de televisão deles, os filmes policiais deles. A melhor literatura policial que se faz no mundo hoje é a nórdica. Lendo outros autores, cheguei aos livros de Maj Sjöwall e Per Wahlö, um casal que desde os anos de 1960 influenciou muitos outros escritores. 9 CAPA Fábulas contemporâneas A mostra O mundo de Tim Burton agita a temporada de grandes exposições em São Paulo e movimenta o circuito cultural com filmes, ideias e criações do cineasta americano “D o mesmo jeito que você reconhece, em alguns segundos, um filme, uma cena de Fellini, é possível identificar imediatamente a assinatura de Tim Burton. É uma linguagem tão única que transcende o cinema. Costumo dizer que não usamos a expressão ‘burtoniana’ mais corriqueiramente só por causa da dificuldade de pronunciá-la”, diz André Sturm, diretor-executivo e curador geral do Museu da Imagem e do Som, ao falar sobre a obra e a estética do diretor americano de 57 anos. O cineasta é o protagonista absoluto de O mundo de Tim Burton, mostra que abre a temporada de grandes exposições em São Paulo, no dia 4 de fevereiro, fica em cartaz até 15 de maio e cria, além de intensa movimentação no circuito cultural, expectativas de recordes de público, a exemplo do que tem acontecido mais recentemente no MIS paulistano. Com a exposição de David Bowie ou a montagem sobre o programa de TV Castelo Rá-Tim-Bum, o MIS se transformou numa referência de vitalidade ao dar forma, de maneira sempre meticulosa, à ideia da “exposição como experiência”. Neste caso, como uma vivência “real”, quase sensorial, num mundo cada 10 vez mais ocupado por hábitos e comportamentos digitais-virtuais. À frente do museu desde 2011, Sturm é um dos responsáveis pelo feito que, por extensão, contamina toda a dinâmica da produção e do consumo cultural, chamando a atenção para os filmes, para os livros e para as histórias relacionadas às mostras. ...é possível identificar imediatamente a assinatura de Tim Burton. É uma linguagem tão única que transcende o cinema. A retrospectiva de trabalhos de Tim Burton que São Paulo vê agora foi originalmente montada pelo MoMA, de Nova York, em 2009. Na sequência, viajou para as cidades de Melbourne, Toronto, Los Angeles, Paris e Seul. Depois dessas paradas, O mundo de Tim Burton se aprofundou nas temáticas do cineasta, seus assuntos e sua perspectiva criativa única, apresentando mais de 150 novas obras não vistas na exposição anterior. Foi apresentada, nessa nova versão, em Praga, Tóquio, Osaka e Brühl, na Alemanha, onde esteve em exibição no Museu Max Ernst até o mês passado. “A exposição foi apresentada em quatro continentes ao longo dos últimos seis anos”, afirma Jenny He, curadora da mostra. “E, para sua estreia na América Latina, Tim Burton, sua equipe e eu estamos muito felizes em colaborar com uma instituição que personifica a arte contemporânea e a cultura cinematográfica em São Paulo com a sua história recente de exposições célebres e uma base fiel de visitantes”, declarou. A mostra apresenta cerca de 500 itens, incluindo obras de arte e esboços raramente ou nunca vistos, pinturas, storyboards e bonecos da extensa filmografia de Burton, que fez filmes como Edward Mãos de Tesoura, O estranho mundo de Jack, Batman, Marte ataca!, Ed Wood, Os fantasmas se divertem, entre outros, e de projetos não realizados e pouco conhecidos que revelam seu talento como artista, ilustrador, fotógrafo e escritor. Foto Divulgação © Tim Burton Menina azul com vinho, 1997, óleo sobre tela da coleção particular de Tim Burton 11 CAPA 12 Trajetória brilhante Com um novo filme prometido para este ano, Tim Burton começou como estagiário de animação na Disney O homem verde, 1999 T imothy Walter Burton, 57 anos, nasceu em Burbank, sul da Califórnia, Estados Unidos, e já fez 18 filmes. Conhecido sobretudo como cineasta, sempre apostou em várias outras atividades criativas, dos livros às artes plásticas. Na adolescência, entediado com a vida nos subúrbios, Burton divertia-se pintando, desenhando e realizando curtas-metragens. Em 1976, foi estudar no Califórnia Institute of the Arts. Três anos depois, conseguiu um emprego como estagiário de animação na The Walt Disney Company. A estreia cinematográfica de Burton aconteceu em 1985 na Warner Bros., com As grandes aventuras de Pee-wee. Os fantasmas se divertem (1988) e Batman (1989) já indicavam um autor de estilo visual único, uma reputação confirmada mundialmente com os sucessos de crítica e de bilheteria de Edward Mãos de Tesoura (1990) e O estranho mundo de Jack (1993). Em seus longas, Burton explora os mais variados gêneros, como biografia (Ed Wood, 1994), ficção científica (Marte ataca!, 1996), horror (A lenda do cavaleiro sem cabeça, 1999), fantasia (Peixe grande, 2003), animação em stop motion (A noiva cadáver, 2005), literatura infantil (A fantástica fábrica de chocolate, 2005) e musical (Sweeney Todd, 2007). Seu filme mais recente, Miss Peregrine’s home for peculiars, será lançado este ano. Além do cinema, Burton realizou trabalhos para a televisão, comerciais, lançou livros e também empreendeu na internet. Para a televisão, fez Aladim e a lâmpada maravilhosa (1984) e Alfred Hitchcock presents: The jar (1986), comerciais para a Hollywood Gum e Timex; na internet, criou a websérie The world of stainboy (2000) e, no campo musical, dirigiu os videoclipes de Bones (2006) e Here with me (2012), da banda The Killers. Em 1997, publicou o livro de poemas ilustrado O triste fim do pequeno menino ostra e outras histórias e, em 2003, a editora norte-americana Dark Horse Comics apresentou os bonecos colecionáveis Tragic toys for girls and boys. Foto Divulgação © Tim Burton Storyboards do filme feito para a televisão João e Maria; seus primeiros curtas, realizados no início da década de 1970 e nunca lançados; desenhos feitos por Burton em guardanapos e emoldurados em dois frames com 45 desenhos cada; esboços de Edward, personagem de Johnny Depp em Edwards Mãos de Tesoura, e bonecos dos personagens Victor, Edgar e Elsa Van Helsing da animação Frankenweenie são alguns dos itens em exibição. Os visitantes ainda encontram cast & crew books – material anteriormente disponível apenas para as pessoas que trabalharam em filmes de Burton –, onde podem conferir, de forma interativa, os bastidores de alguns de seus filmes: Peixe Grande e suas histórias maravilhosas, Sweeney Todd – O barbeiro demoníaco da rua Fleet, A fantástica fábrica de chocolate, Sombras da noite e Frankenweenie. Há outras surpresas reservadas para os visitantes da exposição. “Diferentemente das mostras já apresentadas, propusemos à equipe de Tim Burton um novo conceito em que os visitantes literalmente entrarão pelo mundo do cineasta; assim, criamos uma nova divisão na disposição dos objetos. No MIS, agrupamos os itens em salas temáticas: elas estão divididas por sentimentos como horror, humor, felicidade e melancolia, elementos presentes na obra de Burton”, afirma Sturm. “As exposições do MIS são sempre diferentes das que foram feitas em outros lugares do mundo; nossa intenção é proporcionar uma vivência nova e imersiva”, afirma. Assim, uma sala inédita promete revelar quais foram as principais inspirações que influenciaram o cineasta, que forneceu uma lista para a montagem do espaço. Pôsteres promocionais dos filmes King Kong (1976) e Frankenstein (1931), uma cópia do quadro A noite estrelada, de Vincent van Gogh, e uma foto de Edgar Allan Poe estão entre as “inspirações em questão”. A mostra traz ainda uma sala dedicada a projetos não realizados e outra à filmografia do cineasta. O ano que promete Com Bienal programada para setembro e Mondrian já em cartaz, roteiro de exposições terá ainda mostra de Picasso e homenagem a Frank Sinatra Fotos Divulgação N o ano em que a 32ª Bienal de São Paulo, a partir de setembro, anuncia-se como o mais aguardado e comentado destaque no circuito das artes plásticas no roteiro cultural da cidade, a mostra de Tim de Burton no MIS dá sequência a abertura da temporada 2016, recém-inaugurada com a exposição que destaca a obra do holandês Piet Mondrian, aberta no último dia 25 no Centro Cultural Banco do Brasil. A exposição é um panorama que apresenta cerca de 60 obras entre pinturas, desenhos de arquitetura, mobiliário e fotografias de artistas do movimento da vanguarda moderna holandesa conhecido como De Stijl (“O Estilo” em tradução literal), fundado em 1917 e que tem Mondrian como ícone. Os artistas elaboravam um tipo de “arte total”, usando cores primárias para criar obras sem restrições, claras e limpas, como eles imaginavam o futuro. Com curadoria de Pieter Tjabbes, Benno Tempel e Hans Janssen, a exposição acompanha o percurso de Mondrian da figuração à abstração. Ainda no primeiro semestre, a partir de maio, o Instituto Tomie Ohtake, que tem sido referência para no mapa das exposições mais comentadas de São Paulo, apresenta uma exposição de Pablo Picasso. Outro destaque prometido para julho também está programado para o MIS e tem apelo explicitamente pop, para além de muitas gerações. Trata-se da versão “nacional” para Sinatra: An american icon (Sinatra: Um ícone americano), que pela primeira vez traz a público objetos pessoais, cedidos pela família do artista norte-americano, entre fotos, correspondências raras, obras de arte e gravações, que somam cerca de 200 itens. Do primeiro Oscar do cantor, recebido em 1945, ao seu famoso chapéu de feltro, tudo vai estar lá, além de uma jukebox com mais de 80 músicas do repertório de Sinatra. Com curadoria do Grammy Museum at L.A. Live, em colaboração com a família do cantor e a New York Public Library for the Performing Arts, a mostra celebra o centenário de Frank Sinatra, que morreu em maio de 1998. Acima, o pintor holandês Piet Mondrian em autorretrato de 1918; no alto, De Stijl, também de Mondrian 13 CAPA A linguagem singular Amada ou odiada, a estética inconfundível de Tim Burton sugere a desconstrução do horror para resignificá-lo com a estrutura de uma fábula, em que nunca prevalece o terror Por Rafael Menezes 14 Fotos Divulgação © Tim Burton O cabelo sempre no sangue e a adição de grande e armado, uma “graça” constano uso contínuo te, ainda que seja puro de óculos escuros e um humor negro. guarda-roupa monocroA preferência pela mático com todos os tons paleta preta é indiscutíde preto. Desde que ele vel, assim como as lissurgiu, em meados dos tras presentes desde Os anos de 1980, essa esfantasmas se divertem tética meio “fashionista” (1988), mas isso não acompanha Tim Burton significa ausência de e ainda hoje se mantém cor. Muito pelo contrário. como uma referência de Quando ela aparece, estilo do diretor norteé destacada e quente. -americano. A imagem Para roubar a cena. O pessoal de Burton é um vermelho explode aqui preview do que ele proe ali e as casas ficam jeta nas telas há mais multicoloridas no subúrde 30 anos. E até quem bio de Edward Mãos de nunca assistiu a um filme Tesoura (1990). do diretor conhece, por Assim como o moderalgum motivo, a lenda nismo redefiniu o “feio” que faz sua imaginação nas artes plásticas, a esparecer sempre macabra tética de Burton parece e mórbida. ser uma desconstrução Se por um lado o do horror, resignificandore c e i o d e a l g u n s s e -o, tornando-o outra coiO último de seu tipo, 1994, da coleção particular de Tim Burton justifica – pois “o munsa qualquer, mas nunca do de Tim Burton” norterror. Em Edward, talvez malmente se abastece o filme mais essencial do na fonte do horror e do grotesco cineasta, um ser humano é cons“impressionados-aterrorizados”. –, por outro nunca há a tensão truído por um cientista, mas tem teMesmo em suas obras mais “peprópria de um filme de terror ou souras no lugar das mãos. Quando sadas”, como A lenda do cavaleiro qualquer imagem mais chocante, desce de seu castelo e encontra a sem cabeça (1999) e Sweeney capaz de deixar os espectadores humanidade, representada por todd (2007), há um aspecto fake uma paródia de subúrbio, ele é ao mesmo tempo amado e enxotado por causa da estranheza que provoca. Há ecos de Frankenstein na história Edward. Se o livro de Mary Shelley é uma das obras pioneiras de “ficção científica” e horror, o filme de Burton desconstrói a história para torná-la uma fábula, um conto de fadas, um romance. Os filmes mais emblemáticos de Burton, aliás, parecem todos contos de fadas. Fantasmas tentam assustar novos moradores da casa em que viviam (Os fantasmas se divertem), o rei do Halloween quer invadir a festa de Natal (O estranho mundo de Jack), o barbeiro vai atrás de vingar sua mulher (Sweeney Todd) e até um filme com toque mais realista como Peixe grande e suas histórias maravilhosas (2003) guarda histórias fantásticas, e possivelmente “mentirosas-fantasiosas”, que um pai contaria a seu filho. Apesar dessa estética tão emblemática e tão peculiar, ela está sempre em consonância com a arte de contar uma história com a estrutura de fábula. É nesse ponto crucial que a criatividade impera nas obras de Burton. Os apelos são tão característicos que “vampirizam” o gótico, flertam com o fabuloso e ainda trazem modernidade estética para criar uma linguagem peculiar, que coloca Burton no panteão da contemporaneidade identificada na obra de cineastas como Quentin Tarantino, Lars von Trier, Pedro Almodóvar, entre outros. Não só Tim Burton é um grande cineasta como acaba sendo uma assinatura tão única que ele se torna um personagem-chave da cultura pop contemporânea. Sua estética influencia outras instâncias e seus filmes são facilmente reconhecíveis. Tanto que podemos ver, no linguajar do dia a dia, junto com personagens tipicamente almodovarianos ou violentos à la Tarantino, outras figuras “tão Tim Burton”. Quando um artista tem uma voz assim, única e inconfundível, ele se destaca dos demais e, logicamente, amado ou odiado, Sem título, 1994, Polaroid mantém, no âmago, a função da arte de criar o singular para alcançar a apreciação. Burton é um artista autêntico. Mais conhecido por seus filmes, também é poeta (O triste fim do pequeno menino ostra) e desenhista, cujas obras compõem a exposição O mundo de Tim Burton, agora em exposição no MIS. Em suas ilustrações e pinturas, temos personagens trágicos, em sua maioria crianças, meio “cabeçudos” ou com algumas desporporções que trazem o dramático ou o trágico ao mundo infantil, novamente com algum humor negro e muito simbolismo. A Chapeuzinho Vermelho de Burton, por exemplo, é um esqueleto que persegue o lobo em suas ilustrações, o “menino alfinete” é um rei com uma coroa de alfinetes fincados na cabeça, o bicho-papão é um gângster feito de saco e de insetos, e no clássico desenho de stop-motion O estranho mundo de Jack, a Alice de Lewis Carol nunca foi para o País das Maravilhas (Wonderland), e sim para o País Subterrâneo (Underland). Recontar, reinterpretar, resignificar, desconstruir e reconstruir envolto a uma estética que brinda o gótico. Esta é uma síntese das estranhas entranhas deste artista cuja obra é pautada também pelo impacto visual. Você pode amar ou até não gostar nada, mas é impossível ficar indiferente a tanta riqueza imaginativa. 15 LANÇAMENTO De viagens e sonhos A escritora Maria Valéria Rezende, ganhadora do Jabuti de melhor livro de ficção em 2015 com Quarenta dias, autografa seu novo livro, Outros cantos, na Livraria da Vila da Fradique A 16 Maria Valéria Rezende antes, em condições mais precárias e perigosas, “seguindo um pequeno anúncio num diário oficial listando municípios onde se necessitavam alfabetizadores para o Mobral, e fui logo aceita, sem mais perguntas, porque, de Brasília, pressionavam os chefes políticos da região, e ninguém mais, capaz de enfileirar uma letra atrás da outra, estava disposto a se exilar em Olho d’Água e ensinar a ler e escrever aos jovens e adultos”. As lembranças do tempo passado em Olho d’Água se cruzam a outras, entre freiras educadoras na Argélia ou como viajante no México, deparando-se com costumes distantes e ao mesmo tempo com pessoas de coragem e pureza evidentes que a ajudam a enfrentar as dificuldades do caminho. As mesmas lembranças desfiam a série de amores impossíveis encontrados na juventude, olhares promissores vistos apenas de relance e dos quais ela guarda lembranças escondidas numa “caixinha dos patuás posta em sossego lá no fundo do baú”. Com sutileza, Maria Valéria Rezende compõe um retrato emocionante de uma mulher determinada, que sacrifica a própria vida em troca de algo maior. LANÇAMENTO Do livro Outros cantos (Alfaguara), da escritora Maria Valéria Rezende, dia 25 de fevereiro, a partir da 19h, na Livraria da Vila da Fradique. Fotos: Divulgação escritora Maria Valéria Rezende autografa Outros cantos (Alfaguara) dia 25 de fevereiro a partir da 19h na Livraria da Vila da Fradique. O livro é um romance sobre “viagens movidas a sonhos”, seguindo território e caminho pelos quais ela transita com especial segurança, não importa se na vida real ou na ficção. Paulista radicada no Nordeste do País, Maria Valéria é autora de Quarenta dias, que ganhou, no final do ano passado, o Jabuti de melhor livro de ficção de 2015, o que rendeu, além da visibilidade, o reconhecimento pela qualidade da literatura que produz. Maria Valéria viveu até os 18 anos em Santos, no litoral paulista, onde nasceu. Nos anos de 1960 entrou para a Congregação de Nossa Senhora Cônegas de Santo Agostinho e passou a se dedicar à educação popular, inicialmente na periferia de São Paulo e depois, a partir de 1972, no Nordeste. Viveu primeiro em Pernambuco e depois na Paraíba, no meio rural, até 1988. Foi quando se transferiu para João Pessoa, onde mora até hoje. Seu primeiro livro de ficção, Vasto mundo, saiu em 2001. O voo da guará vermelha e Modo de apanhar pássaros à mão são seus outros livros. Em Outros cantos, Maria cruza o sertão em um ônibus que a leva a algum ponto isolado do Nordeste e relembra sua primeira incursão na região agreste, quarenta anos INFANTIL Mergulho na fantasia O ilustrador António Jorge Gonçalves autografa Barriga da baleia e participa de uma sessão especial com contação de histórias e oficina na loja da Fradique O ilustrador e cartunista português António Jorge Gonçalves faz sessão de autógrafos especial, com contação de histórias e oficina, dia 28 de fevereiro, a partir das 15h, na loja da Fradique. Ele lança Barriga da baleia (MOVpalavras), título que habitualmente encanta a garotada. O livro conta a história da pequena Sari, que, por não conseguir acordar os pais, assumidamente dorminhocos, sai de casa numa manhã de verão e junto com seu amigo Azur vai rumo à “terra-onde-nunca-ninguém-se-aborrece”. Num convite irresistível à imaginação, Sari acaba engolida por uma baleia. É o pretexto, no livro, para uma sucessão de cores e texturas que traduzem instantaneamente os sentimentos da garota ao desbravar o desconhecido, enfrentar o medo de se ver só e encontrar muitas surpresas no caminho. Uma viagem à fantasia infantil, o livro valoriza as soluções que só as crianças são capazes de inventar quando se metem em confusão. “A figura da baleia, que existe em diversas mitologias, me acompanha há muitos anos. É a ideia da jornada do dia para a noite dentro do grande peixe. Quando minha filha estava para nascer, fui desenhar na parede do quarto dela e acabei pintando uma baleia com a boca aberta e uma menina sendo engolida. Logo recebi o convite de uma companhia de teatro de Lisboa, com a qual costumo trabalhar para a criação de um espetáculo infantil, e aí desenvolvi a história da baleia. Nunca tinha trabalhado para crianças, achava que falavam uma língua diferente da minha”, diz Gonçalves, numa entrevista ao blog da editora. O ilustrador estudou design gráfico na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa e fez mestrado em Theatre Design na Slade School of Fine Art de Londres. Professor na Universidade Nova de Lisboa, Gonçalves trabalha prioritariamente com desenho, fotografia, música e arte pública. Diz que a narração por imagens é seu território favorito. Desde 1978, publica tirinhas em jornais, revistas e fanzines em Portugal, na Espanha, na França e na Itália. “Acredito que as crianças re a l m e n t e n e c e s s i t a m d e histórias. Desde muito cedo precisamos do que a literatura nos dá, que é a possibilidade de mergulhar em nossos medos e desafios através de uma ficção. As histórias que os irmãos Grimm recolheram e deram forma não foram feitas por uma razão qualquer. Todo o lado psicanalítico da inclusão de figuras como o pai, a mãe, os adultos, os monstros e as privações estão lá. Como pai, faz sentido contar à minha filha apenas histórias que realmente mexem comigo. Em Barriga da baleia, não estava completamente consciente da história até o momento em que precisei organizá-la para a peça de teatro, e percebi que estavam lá grandes motivos”, diz António Jorge Gonçalves. LANÇAMENTO Do livro Barriga da baleia (MOVpalavras), do ilustrador e cartunista português António Jorge Gonçalves, com sessão de contação de histórias e oficina, dia 28 de fevereiro, a partir das 15h, na loja da Livraria da Vila da Fradique. 17 MÚSICA Harmonia urbana Dos grupos mais comentados da atual cena instrumental brasileira, o Quarteto Quadrantes faz pocket show para lançar Sinuosa, seu segundo CD, nas lojas do Pátio Higienópolis e do JK Iguatemi O Quarteto Quadrantes apresenta músicas de Sinuosa, seu segundo CD, em dois pocket shows especiais dia 19 de fevereiro a partir das 19h na Livraria da Vila do Shopping Pátio Higienópolis e dia 25 de fevereiro, também às 19h, na loja do Shopping JK Iguatemi. São oportunidades imperdíveis para a audição de um dos grupos mais comentados da atual cena instrumental brasileira. Formado por Arnaldo Nardo (bateria), Bruno Elisabetsky (composições/violão/guitarra/voz), Gabriela Machado (flautas/escaleta) e Renato Leite (contrabaixo), o Quadrantes assume a vocação para uma música autoral que parte das influências do jazz, da MPB e da música erudita para produzir uma sonoridade contemporânea, juntando experimentações na composição ou na improvisação. “Eu fiquei encantado com o trabalho. Principalmente com a proposta composicional do Bruno, com abordagens harmônicas e rítmicas diferentes. Acho um dos grandes trabalhos da cena instrumental brasileira e estou feliz em poder participar”, diz o prestigiado produtor Swami Jr., que assina a produção do novo CD e faz participação especial (ao violão de sete cordas) em Sinuosa. O novo álbum, que tem 11 composições, traz uma homenagem à cantora e compositora Joyce Moreno, refazendo o “swingue jazzístico” de seu percurso. “É um prazer poder participar desse 18 Leite, Nardo, Elisabetsky e Gabriela diálogo de gerações”, diz a cantora Joyce. O disco incluiu também as participações de Teco Cardoso (sax) e Nailor Proveta (clarinete). “No quarteto, a flauta de Gabriela Machado voa alto e alcança lugares rarefeitos. O baterista Arnaldo Nardo a acompanha com ritmo e sustentação aveludada. Renato Leite, num contrabaixo mais lírico, e o próprio Bruno, parecem improvisar com precisão atenta e cadenciada. Assertivo e despojado, o grupo alude a referências populares e eruditas, sem perder a mão da originalidade. O resultado é notável. Ilustrado por nuances e inquietudes, Sinuosa revela um trabalho maduro e duradouro”, escreve Tiago Novaes no material de apresentação de Sinuosa. Em Passos largos, o CD de estreia lançado em 2013, o Quarteto Quadrantes registrou 13 composições, todas de Elisabetsky, que refletiam o olhar renovador sobre os ritmos brasileiros e suas relações com a música instrumental mundial. “A impressão que eu tenho é que agora os temas estão mais agulhados, tem uma pegada mais do urbano, com temas mais agitados, com muita informação harmônica”, diz, no making of de gravação do novo CD, a flautista Gabriela Machado. “Gosto muito da fusão. Harmonicamente e melodicamente, eu não fico num único lugar. Eu gosto de misturar referências”, diz Elisabetsky sobre o seu processo de composição. LANÇAMENTO Do CD Sinuosa, do Quarteto Quadrantes, dia 19 de fevereiro, a partir das 19h, na Livraria da Vila do Shopping Pátio Higienópolis, e dia 25, a partir das 19h, na Livraria da Vila do Shopping JK Iguatemi. POESIA Adélia na íntegra Nova edição de Poesia reunida traz, num único volume, todos os livros de poemas da escritora mineira, que celebrou seus 80 anos no final de 2015 C omemorados com a discrição habitual no final do ano passado, os 80 anos da escritora Adélia Prado garantiram um superpresente para os leitores da melhor poesia brasileira. O volume Poesia reunida (Record), recém-lançado, é a nova versão, em edição de luxo, com capa dura, do título no qual estão reunidos todos os poemas dos livros Bagagem, O coração disparado, Terra de Santa Cruz, O pelicano, A faca no peito, Oráculos de maio, A duração do dia e Miserere. A edição especial traz textos de Carlos Drummond de Andrade e Affonso Romano de Sant’Anna e posfácio de Augusto Massi. Das mais renomadas autoras brasileiras, Adélia sabe como ninguém retratar a alma e os sentimentos humanos. Entre a perplexidade e o encanto, o sagrado e o profano, sempre norteados pela fé cristã e permeados por certo aspecto lúdico-filosófico, a poetisa mineira usa o que é comum na vida cotidiana para recriar as dimensões da existência humana. “É um empenho sagrado, abençoado, fazer isso: oferecer algo que pode ser consumido como se fosse uma comida espiritual. Porque a poesia não serve para nada. Ela não dá emprego, ela não me torna mais rica, nem mais isso e nem mais aquilo. Mas ela atende a uma fome primária nossa, que é a fome de sentido, de beleza, de significação. Só de oferecer isso você já está tendo um ato da mais alta humanidade”, disse a escritora, falando sobre a experiência de escrever poemas, numa entrevista exclusiva à Vila Cultural, quando do lançamento de Miserere, em 2013. Do mais recente ao primeiro livro de Adélia, o novo Poesia reunida também resgata a celebrada estreia da autora no mercado editorial, em 1976, com Bagagem, que ela lançou quando tinha 40 anos, apesar de escrever desde os 14. “Tudo que eu escrevi até Bagagem não tem nenhum valor literário. São coisas que têm impor tância para mim, afetiva, de um bom tempo de minha vida”, declarou. Na época do aparecimento da “nova poetisa”, num episódio famoso na literatura brasileira, Bagagem foi lido e recebido com empolgação por Carlos Drummond de Andrade, um dos entusiastas da obra de Adélia, cuja leitura ele recomendava antes mesmo de conhecê-la. Adélia Prado nasceu e vive em Divinópolis, no interior de Minas Gerais. É formada em Magistério e Filosofia. O coração disparado, seu segundo livro de poesias, ganhou o Prêmio Jabuti em 1978. No ano seguinte, a escritora estreou na prosa com o livro Solte os cachorros. Desde então, tem publicado regularmente, em diferentes formatos. 19 URBANISMO Colapso e continuidade Em Insustentável arquitetura, que reúne ideias e projetos de arquitetos de quatro países , São Paulo surge como “modelo ideal” para se pensar nos principais desafios urbanísticos do século 21 A 20 Obra de mutirão em Cidade Tiradentes, em Insustentável arquitetura A ideia de uma conexão internacional criando um olhar crítico e de busca de soluções dentro de padrões de sustentabilidade social para São Paulo também ajudam a refletir sobre perspectivas de outras metrópoles e megalópoles ao redor do mundo. Assim, com seu desenvolvimento acelerado e caótico, São Paulo surge como “modelo ideal” para se pensar os principais desafios urbanísticos deste século. Entre os temas em evidência, estão o fechamento da cidade em comunidades isoladas, o cerceamento e a privatização dos espaços públicos, a expansão de construções informais, a “participação cidadã” e os temas ligados à diversidade cultural, as cidades-dormitório e a verticalização, assim como os investimentos em infraestrutura. Nesse cenário, renovar a maneira como a população lida com os espaços públicos é justamente um dos pontos ressaltados por Olivier Mongin, autor do livro A condição urbana – A cidade na era da globalização. “Na contracorrente do urbanismo funcionalista que evacuou a rua, fustigou os espaços misturadores e exacerbou o lugar prioritário do carro, é preciso reencontrar o sentido desses espaços mistos e misturadores que são na mesma medida ‘lugares comuns’”, escreve Mongin no livro, que traz depoimentos e ideias de vários arquitetos e urbanistas. Foto: Divulgação rquitetos do Brasil, da França, da Colômbia e do México discutem os caminhos urbanísticos para São Paulo em Insustentável arquitetura (Estação Liberdade), livro que acaba de ser lançado e documenta a discussão realizada como parte da 10a Bienal de Arquitetura de São Paulo, que aconteceu em 2013 e cujo tema foi “Cidade: Modos de fazer, modos de usar”. Ao abordar questões práticas de como planejar e vivenciar a metrópole, o livro quer criar uma ponte entre os pensamentos e práticas urbanísticas e arquitetônicas em diversos países. É o testemunho de uma diversidade enriquecedora e fruto da colaboração entre o Institut Français e os ministérios franceses da Cultura e Comunicação e de Negócios Estrangeiros e Desenvolvimento Internacional, que apoiaram o projeto. “As chamadas dificuldades do dia a dia na metrópole paulistana podem ser consideradas como um dos geradores daquela instabilidade entre o colapso e a continuidade. Quando se entra em uma estação subterrânea de metrô no horário de pico durante o final da tarde, onde as plataformas se encontram completamente tomadas por multidões de pessoas esgotadas depois de um dia estafante, sente-se a pressão do ar comprimido entre as paredes de concreto aparente”, escrevem, no livro, os arquitetos Kazuo Nakano e Ligia Nobre, uma das curadoras da Bienal. DOCUMENTO Guaíra em livro Com a história de um ícone da arquitetura e da vida cultural da cidade, o livro sobre o Teatro Guaíra tem noite de lançamento na Livraria da Vila do Pátio Batel, em Curitiba Foto: Divulgação O livro Teatro Guaíra, de Erich Nissen, Loire Nissen e Waltraud Sekula, ganha noite especial de lançamento dia 25 de fevereiro, a partir das 19h, na Livraria da Vila do Pátio Batel, em Curitiba. Ao remontar a história de um ícone da arquitetura e da vida cultural da cidade, o livro documenta desde a idealização até a construção e a dinâmica do espaço cultural que é referência no Paraná. Além de depoimentos e testemunhos, traz anotações, desenhos, plantas, documentos e fotografias que, juntos, montam um autêntico painel sobre a criatividade e a audácia que deram forma e vida ao Guaíra. “A história do Teatro Guaíra, como verdadeira instituição paranista, tem dois tempos, assim como as escrituras sagradas do Velho e do Novo Testamento. De sua primeira fase, existem registros conhecidos e divulgados. Da segunda, além das informações acerca dos projetos apresentados durante o primeiro governo de Moysés Lupion (1948), há uma vasta gama de testemunhos acerca de sua construção – inclusive sobre a tragédia do incêndio, em 25 de abril de 1970, e a sua reinauguração oficial com ‘pompa e circunstância’ em 12 de dezembro de 1974 com a montagem Paraná, terra de todas as gentes, de Adherbal Fortes de Sá Júnior e Paulo Vítola, hoje dois destacados membros da Academia Paranaense de Letras”, escreve, no prefácio do A construção do Guaíra (acima) e o livro sobre o teatro (abaixo) livro, o advogado e professor René Ariel Dotti, que também integra a Academia Paranaense de Letras “O primeiro grupo de teatro amador que se apresentou no Guairinha foi a Sociedade Paranaense de Teatro (SPT), fundada em 1954, por Ary Fontoura, René Dotti, Sinval Martins, Luiz Silvestre, Mário Guimarães, Divo Dacol, Marlene Mazza e Odelair Rodrigues. A peça É proibido suicidar-se na primavera, do escritor espanhol Alejandro Casona, estreou em 14 de abril de 1955, permanecendo uma semana em cartaz, como noticiaram O Estado do Paraná e o Diário do Paraná. Uma nova temporada, no mesmo local, ocorreu em setembro daquele ano”, prossegue Dotti em um registro meticuloso que promete agregar muito à bibliografia e à história de Curitiba. LANÇAMENTO Do livro Teatro Guaíra, de Erich Nissen, Loire Nissen e Waltraud Sekula, dia 25 de fevereiro, a partir das 19h, na Livraria da Vila do Pátio Batel, em Curitiba. 21 RETRATO | JAMES DEAN (1931-1955) À imagem da rebeldia Nascido em fevereiro de 1931, o ator norte-americano James Dean protagonizou três filmes que se transformaram na síntese definitiva da biografia de um mito do cinema 22 menção ao episódio trágico que deu fim precoce a uma das carreiras mais promissoras do cinema. Como ator, Dean teve o mérito de “encarnar” e definir a imagem da juventude logo após a 2a Guerra Mundial. Ele foi a melhor expressão, em meados do século passado, de uma mistura de angústia e rebeldia que, do jeito dele, desafiava os padrões de época. Quando morreu, apenas um de seus filmes, Vidas amargas (East of eden), uma adaptação de Elia Kazan para o romance de John Steinbeck (19021968), tinha sido exibido. Mesmo assim, foi o suficiente para o ator ser saudado como um dos mais surpreendentes jovens talentos já revelados por Hollywood. O filme rendeu uma indicação póstuma ao Oscar. Em outubro de 1955, um mês após a morte de Dean, foi lançado Rebelde sem causa (Rebel without a cause), de Nicholas Ray, que também causou furor nos cinemas e no comportamento da “juventude transviada”. Assim caminha a humanidade (Giant), o último filme em que atuou, dirigido por George Stevens, estreou em outubro de 1956, com Elizabeth Taylor e Rock Hudson também no elenco. A exemplo do que havia acontecido com Vidas amargas, o filme rendeu outra indicação ao Oscar, reforçando a figura do mito que já havia se eternizado. Para muitos críticos e pesquisadores, o “tormento” que caracterizou os personagens de Dean podiam tranquilamente ter semelhanças com a vida real. Criança ainda, ele perdeu a mãe e foi viver com os avós numa fazenda em Indiana, já que o pai também se ausentou. Tão logo fez 18 anos, foi estudar interpretação em Los Angeles e, no teatro, participou da montagem de Macbeth depois de uma seleção entre centenas de candidatos. Em 1951, apostou em peças teatrais que eram exibidas na televisão e cavou assim sua primeira oportunidade em Hollywood. Louco por carros e por velocidade, James Dean também deixou declarações e frases que, de alguma forma, transformaram-se na síntese de sua imagem. Entre outras ilustres declarações atribuídas a ele, está a famosa: “Sonhe como se fosse viver para sempre e viva como se fosse morrer hoje”. Foi o que ele fez. Ilustração: Jonas Ribeiro U ma vida breve e intensa o suficiente para criar a imagem e a conduta que definiram um mito no cinema. Apesar de ter vivido apenas 24 anos e atuado em poucos filmes, o ator norte-americano James Dean, nascido em 8 de fevereiro de 1931, se transformou em ícone de juventude, liberdade e rebeldia que ainda hoje é reverenciado por sua imagem e biografia singulares na história do cinema e da indústria do entretenimento. Ao combinar beleza, talento, carisma e uma surpreendente noção de estilo, James Dean fez história. No ano passado, quando se completaram 60 anos da morte do ator, a tragédia que resultou no desaparecimento de um dos maiores astros de Hollywood foi revivida em detalhes: às 17h55 do dia 30 de setembro de 1955, no cruzamento das estradas estaduais 46 e 41, perto da cidade de Cholame, na Califórnia, a 300 km de Los Angeles, o Porsche 550 Spyder prateado, apelidado carinhosamente de “Little Bastard” (Pequeno Bastardo), bateu de frente com um Ford Tudor branco conduzido por um estudante que saiu praticamente ileso do acidente. Duas horas antes, Dean havia sido multado por excesso de velocidade no mesmo trajeto que percorria para participar de uma corrida de carros em Salinas. Ele estava acompanhado do mecânico alemão Rolf Wütherich, que ficou entre a vida e a morte, sobreviveu ao acidente e jamais fez qualquer LUGAR DE GRANDES “Eu tenho feito grandes progressos no meu ofício. Depois de meses de audições, estou muito orgulhoso de anunciar que eu sou um membro dos Actors Studio, a maior escola de teatro. Ele abriga grandes atores como Marlon Brando, Julie Harris, Arthur Kennedy, Mildred Dunnock... Muito poucos podem chegar até ela, que é absolutamente livre. É a melhor coisa que pode acontecer a um ator. E eu sou um dos mais jovens a pertencer a esse grupo. Se eu puder continuar com isso e nada interferir em meu progresso, um dia desses eu poderei ser capaz de contribuir com algo para o mundo.” James Dean, numa carta escrita a sua família em 1952, para compartilhar o orgulho de integrar o Actors Studio, em Nova York 23 ACONTECEU Férias bem-vindas Com várias atividades especiais, a agenda de janeiro teve aprendizado e diversão para tratar de sustentabilidade e festa para o lançamento do selo Boitatá 24 No alto, lançamento da editora Boitatá; acima, Férias na Vila na loja do Galleria Shopping neles o respeito ao meio ambiente. Tornar possível um mundo mais verde e sustentável, como se disse, é o grande desafio e a maior inspiração dos voluntários que participam do projeto. Uma pequena história do Greenpeace no Brasil e no mundo, as mudanças do clima – como o aquecimento global, os gases do efeito estufa e demais temas relacionados –, os conceitos de sustentabilidade e de cidadania foram alguns dos temas abordados para deixar clara a importância e a urgência de uma vida mais sustentável e a relevância nas ações para a preservação de toda a biodiversidade do planeta. Foto: Divulgação e Pedro Fernandes (Férias na Vila, Galleria Shopping) R epleta de atrações pensadas para retomar o dia a dia depois dos recessos de fim de ano, a agenda cultural de janeiro da Livraria da Vila teve até festa, na loja da Fradique, marcando a estreia do Boitatá, o selo infantojuvenil da editora Boitempo. Projeto pensado cuidadosamente para dar forma a um antigo sonho, a novidade celebra também as duas décadas, completadas em 2015, de atuação da editora. E o presente, claro, ficou reservado aos pequenos leitores com o lançamento dos dois primeiros títulos da coleção Livros para o amanhã, A democracia pode ser assim e A ditadura é assim. Temas de interesse social e cidadania, como os conceitos de democracia, ditadura e diferenças entre gêneros, são prioridade na coleção, que apresenta, em breve, mais dois livros, As mulheres e os homens e O que são classes sociais?. Durante todo o mês, a agenda especial do projeto Férias na Vila fez da sustentabilidade a palavra-chave da programação. Com palestras, contação de histórias e diversas atrações, a ideia é sempre aproveitar o período do verão e das férias escolares para propor diversão com aprendizado e consumo cultural com conteúdo da melhor qualidade. Nas lojas da Fradique e da Lorena, por exemplo, o Projeto Escola, do Greenpeace, garantiu a realização de palestras cujo propósito central é conscientizar crianças e jovens para despertar PROGRAMAÇÃO | fevereiro_2016* Convite à imaginação Foto: Divulgação Entre lançamentos, teatro e música, o roteiro cultural tem também garantia de diversão com o grupo Sambalelê contando histórias na loja do Parque Shopping Maia, em Guarulhos Hora da Historinha é o nome do projeto que o Grupo Sambalelê, que faz o maior sucesso com as crianças, apresenta este mês na Livraria da Vila do Parque Shopping Maia, em Guarulhos, em quatro sessões especiais nos dias 13, 14, 20 e 27, sempre às 16h, com apoio do Colégio Mater Amabilis e O Pequeno Príncipe Educação Infantil 25 PROGRAMAÇÃO | fevereiro_2016* Fradique 25/2, QUINTA, das 19h às 21h30 Outros cantos De Maria Valéria Rezende Ed. Alfaguara Lorena Palestras Galleria Shopping 26/2, SEXTA, das 18h30 às 21h30 Filhos de Adão De Luís Guilherme Assis Kalil Paco Editorial Shopping JK Iguatemi 4/2, QUINTA, das 18h30 às 21h30 Condado Macrabo De Marcos Debritto Ed. Simonsen 18/2, QUINTA, das 18h30 às 21h30 Os métodos de solução de conflitos e o Processo Civil De Luis Fernando Guerrero Ed. Atlas 13/2, SÁBADO, das 15h às 18h Tocando a vida – Uma travessia para continuar na briga De Marcelo Tieppo Ed. Letras do Brasil 20/2, SÁBADO, das 15h às 18h Minha lição de fé De Waldir de Lazzari e Carlos Magalhães Ed. Primavera 16/2, TERÇA, das 18h30 às 21h30 Hipnose terapêutica De vários autores Ed. Ficções 25/2, QUINTA, das 18h30 às 21h30 A indiferença do vento nas folhas verdes De Fábio Antonio Tavares Ed. Calíope Pátio Batel 25/2, QUINTA, das 18h30 às 21h30 Teatro Guaíra de Curitiba De Erich Nissen, Loire Nissen e Waltraud Sekula Independente 26 Pocket 19/2, SEXTA, das 19h às 21h30 Rita Lima & Los Petaleiros Com Rita Lima Loja: Pátio Batel 19/2, SEXTA, das 19h às 20h Sinuosa Com Quarteto Quadrantes Loja: Shopping Pátio Higienópolis 25/2, QUINTA, das 19h às 20h Sinuosa Com Quarteto Quadrantes Loja: Shopping JK Iguatemi 16/2, TERÇA, das 19h às 21h Share Talks: Transição de Carreira Com Silvia Zwi e Luiz Eduardo Drouet Evento Gratuito Inscrições: [email protected] ou (19) 3578-1220 Loja: Galleria Shopping 17/2, QUARTA, das 19h às 21h30 Noites de Gestão: Diário de um empreendedor Com Marcel Malczewski Evento Gratuito Loja: Pátio Batel 18/2, QUINTA, das 19h às 20h30 Cultura financeira Com Marcel Mendes e IBGTr (Instituto Brasileiro de Governança Trabalhista) Apoio: ZHZ Consultores Evento Gratuito Mais informações: (41) 3343-1999 ou [email protected] Loja: Pátio Batel 20/2, SÁBADO, das 11h às 13h Sócrates ao café: Olho meditativo, os personagens na Literatura e na Psicanálise Com Fernando Carneiro, Thaisa Barros e Bernadette Biaggi Evento Gratuito Loja: Fradique 27/2, SÁBADO, das 11h às 13h Café Lacaniano: Cultura material e consumo – Perspectivas semiopsicanalíticas Com Clotilde Perez Evento Gratuito Loja: Fradique Clube de leitura 15/2, SEGUNDA, das 20h às 21h Clube de Leitura: Hereges, de Leonardo Padura Com Kim Doria Apoio: Boitempo Loja: Fradique 19/2, SEXTA, das 19h30 às 21h30 Leitura Compartilhada: O duplo, de Fiódor Dostoiévski Com Os Espanadores Loja: Fradique * Programação sujeita a alteração. Lançamentos Cursos e Workshops Educacuca O objetivo primordial do Educacuca é promover o desenvolvimento, a aprendizagem e a socialização das crianças em seus primeiros anos de vida, além de instrumentalizar o adulto cuidador, orientando-o e enriquecendo seu repertório de brincadeiras. Para isso, oferecemos um programa em que a criança e um adulto responsável, mediados por educadoras capacitadas, participam de até dois encontros semanais em que, inseridos num grupo, vivenciam uma série de experiências lúdicas, planejadas e organizadas cuidadosamente de modo a estimular seu desenvolvimento físico, socioemocional e cognitivo, além de propiciar a aquisição e o aprimoramento da lin- guagem verbal. Para agendamento de aula experimental e informações sobre horários para cada grupo, consulte o site www.educacuca.com.br Idade Permitida: 3 a 30 meses. Terças e quintas – Loja: Lorena Quartas – Loja: Fradique Sarau 27/2, SÁBADO, das 19h às 21h Sarau dos Conversadores Com Os Conversadores Na apresentação musical, o cantor e compositor paraibano Jocélio Amaro apresenta suas canções românticas, Giselle Cota mostra sua voz delicada e forte e o jovem Felipe Alves traz uma performance musical inspirada desde o soul de Tim Maia até o heavy metal do grupo Angra. Na literatura, o poeta e cordelista Carlos Galdino, a educadora Sumaya Fouad, apresentando leitura de um clássico brasileiro e a escritora Julia Ambrósio de Jesus, de 10 anos de idade, que lerá suas muitas histórias, das quais também é ilustradora. Para abrir e fechar o evento, Edson Tobinaga e Cacá Mendes apresentam sua música e poesia falada. Evento gratuito. Loja: Lorena Infor mações: (11) 99338-9088 e [email protected] ou no perfil http://facebook.com/sarau.dos. conversadores VILA DA CRIANÇA MAIA FRADIQUE 13/2, SÁBADO, das 16h às 17h Hora da historinha: O Patinho feio, músicas e brincadeiras Com Espaço Sambalelê Apoio: Colégio Mater Amabilis e O Pequeno Príncipe Educação Infantil 27/2, SÁBADO, das 15h às 18h Lançamento: O menino e o vento De Regina Machado Ed. Companhia das Letrinhas 14/2, DOMINGO, das 16h às 17h Hora da historinha: Os Três Porquinhos, músicas e brincadeiras Com Espaço Sambalelê Apoio: Colégio Mater Amabilis e O Pequeno Príncipe Educação Infantil 20/2, SÁBADO, das 16h às 17h Hora da historinha: Até as princesas soltam pum, músicas e brincadeiras Com Espaço Sambalelê Apoio: Colégio Mater Amabilis e O Pequeno Príncipe Educação Infantil 21/2, DOMINGO, das 16h às 17h Storytelling and activities Com The Kids Club O menino e o vento Autora: Regina Machado Ilustrações: Chris Mazzotta Ed. Companhia das Letrinhas 28/2, DOMINGO, das 15h às 18h Lançamento: Barriga da baleia De António Jorge Gonçalves Ed. MOVpalavras JK IGUATEMI 20/2, SÁBADO, das 15h às 18h Lançamento: As aventuras do filhote de morcego De Claudia Amorim Ed. Intermeios Cultural 27/2, SÁBADO, das 16h às 17h Hora da historinha: O pote vazio, músicas e brincadeiras Com Espaço Sambalelê Apoio: Colégio Mater Amabilis e O Pequeno Príncipe Educação Infantil 27 PROGRAMAÇÃO | fevereiro_2016* Teatro Infantil De 6/2 a 28/2, SÁBADOS e DOMINGOS, às 15h O espetáculo Detetives da aventura tem formato de episódios. Cada apresentação traz duas histórias para o público: Detetives da natureza em: Trânsito na barriga Pato não vê a hora de chegar em casa para saber porque sua amiga e vizinha Berê não foi a escola hoje. “É dor de barriga, Pato!”, ela disse. É hora do Pato Polícia entrar em ação e ajudar a sua amiga a descobrir as besteirinhas que ela deve ter comido ao invés de comer alimentos saudáveis. Berê acaba entendendo que não comer direito “dá transito na barriga”! Detetives da natureza em: As plantas mágicas da vovó Depois de escutar a conversa da avó ao telefone com uma amiga, Berê fica desconfiada que sua avó seja uma feiticeira da pesada. Afinal de contas, que história é essa de que “é só tomar um chazinho que a dor vai embora como num passe de mágica?”. Berê convoca então o seu melhor amigo, Pato, para desvendarem juntos esse mistério. E descobrem o que mais as plantas mágicas da vovó fazem. Local: Shopping JK Iguatemi Valor: R$ 30 inteira | R$ 15 meia-entrada De 9/1 a 28/2, SÁBADOS e DOMINGOS, às 16h Soldadinho de Chumbo e a Bailarina O espetáculo, que trata sobre o tema inclusão social e como combater o preconceito, narra de maneira divertida as travessuras dos brinquedos que não são vendidos por terem algum defeito de fábrica. A montagem ganhou uma versão musicada para contar as aventuras do jovem soldadinho bravo e suas desventuras com o seu primeiro amor, tendo como de pano de fundo o porão da loja de brinquedos do senhor Pepeu. Local: Shopping Pátio Higienópolis Valor: R$ 30 inteira | R$ 15 meia-entrada De 6/2 a 28/2, SÁBADOS E DOMINGOS, às 16h Chapeuzinho Vermelho em Uma surpresa para o Lobo O espetáculo, inspirado na obra de Charles Perrault, conta a história de uma garota que vai visitar sua avó, que mora perto da floresta, e é sempre perseguida por um Lobo. Se você pensa que já sabe o final deste conto, está enganado. Uma bela surpresa espera o Lobo, que, no final das contas, não é tão mau assim. Ou será que ele é um pouquinho bom e um pouquinho mau? Local: Galleria Shopping (Campinas) Valor: R$ 30 inteira | R$ 15 meia-entrada 28 * Programação sujeita a alteração. De 9/1 a 28/2. SÁBADOS E DOMINGOS, às 16h A Cigarra e a Formiga Conta a história que uma formiguinha muito esforçada trabalhou o verão inteiro juntando alimentos e folhas para o terrível inverno, enquanto sua vizinha, a Cigarra, apenas pensava em cantar. Chegando o inverno a Cigarra levou então um susto ao perceber que estava despreparada para enfrentar o frio. Como a Dona Cigarra sairá dessa? O objetivo desta montagem é mostrar que cada ação tem uma consequência, seja ela boa ou não, e que, muitas vezes, perdoar e ensinar o caminho certo é a melhor escolha. Local: Pátio Batel (Curitiba) Valor: R$ 30 inteira | R$ 15 meia-entrada Teatro Adulto Fotos: Divulgação De 23/1 a 28/2, SÁBADOS às 20h e DOMINGOS às 18h Los Lobos Bobos A comédia, estrelada por Guilherme Uzeda, Marcelo Augusto e Ricardo Arantes, é formada por esquetes que retratam o cotidiano da cidade de São Paulo e por números musicais, com sambas do poeta popular Adoniran Barbosa, um dos mais marcantes retratos desta metrópole. Local: Shopping JK Iguatemi Valor: R$ 60 inteira | R$ 30 meia-entrada TEATRO DA LIVRARIA DA VILA Mais informações e ingressos: www.ingressorapido.com.br 29 30 31 PROGRAMAÇÃO | dezembro_2015* Volta às aulas 2016 na Livraria da Vila! www.livrariadavila.com.br 32 * Exceto cartões AMEX (parcelamento em 6x). 33 Vila do Leitor por Lednard* * Estudante de design e ilustrador, Lednard diz que criou o personagem Drandel (acima) como um espelho, um reflexo possível do cidadão paulistano que, “sem cor, sem sentidos, sem emoções”, enfrenta uma rotina que pode esmagar os sonhos. Trabalhando habitualmente com papel e nanquim, Lednard já chegou a grafitar Drandel metrópole afora. A página Vila do Leitor é um espaço aberto para todos aqueles que gostam de escrever, ilustrar e fotografar. Os trabalhos devem ser enviados para o e-mail: [email protected] 34 NOSSAS DICAS MAIS VENDIDOS |janeiro_2016 LI E GOSTEI CDs DVDs Fernanda Coutinho Moema 1º 25 Adele (Sony Music) 2º Dois amigos, um século de música – Ao vivo Gilberto Gil e Caetano Veloso (Sony Music) 3º A head full of dreams Coldplay (Warner Music) 4º Purpose (Deluxe) Justin Bieber (Universal Music) 5º If I can dream Elvis Presley (Sony Music) 1º Dois amigos, um século de música – Ao vivo (Sony Music) 2º Caderno de poesias (Biscoito Fino) 3º Divertida mente (Disney Home) 4º Chaplin – A obra completa (Versátil) 5º One The Beatles (EMI Music) Carta a D. André Gorz Um dos melhores livros que já li, Carta a D. tem a história de amor mais bonita que eu encontrei em um livro. Nesta obra biográfica escrita em carta, Gorz se dirige d i re t a m e n t e a s u a e s p o s a , Dorine, então com uma doença incurável. Em uma carta profundamente apaixonada, descreve momentos que marcaram os 59 anos que passaram juntos, o quanto a amava e admirava e o quanto sofria vendo a doença debilitá-la. Gorz e sua esposa cometeram suicídio juntos, em 2007, após a doença de Dorine ter se agravado, dando fim a uma linda jornada onde o amor que eles sentiam um pelo outro não os permitiria viver se não pudessem mais estar juntos. Ed. Cosac Naify VI E GOSTEI Alex Olobardi Comercial Caderno de poesias Cader no de poesias é o mais recente lançamento da cantora Maria Bethânia, um delicado registro da paixão da artista pela música e pela poesia. Gravado ao vivo na Universidade Federal de Minas Gerais, apresenta músicas de Dorival Caymmi a Fernando Pessoa, em uma versão mais descontraída, de simplicidade e de beleza inigualáveis. "Eu gosto de emprestar minha vida e minha voz aos personagens que os autores nos revelam", diz Bethânia. Este DVD é um sarau particular na sua casa Biscoito Fino Ficção Não Ficção 1º Mulheres de cinzas Mia Couto (Companhia das Letras) 2º Clássicos do conto russo (Editora 34) 3º Hereges Leonardo Padura (Boitempo) 4º S. Doug Dorst (Intrínseca) 5º Toda luz que não podemos ver Anthony Doerr (Intrínseca) 1º A noite do meu bem – A história e as histórias do samba-canção Ruy Castro (Companhia das Letras) 2º All fire André Lima de Luca (Tapioca) 3º Diários da presidência 19951996 Fernando Henrique Cardoso (Companhia das Letras) 4º Cozinha prática Rita Lobo (Senac) 5º A mágica da arrumação Marie Kondo (Sextante/GMT) Infantil Juvenil 1º Diário de um zumbi do Minecraft 1 – Um desafio assustador Herobine Books (Sextante) 2º Star Wars – Academia Jedi Jeffrey Brown (Aleph) 3º Darth Vader e filho Jeffrey Brown (Aleph) 4º O grande livro da Clara e do Gabriel Ilan Brenman (Brinque-Book) 5º Vamos ajudar o Gildo? Silvana Rando (Brinque-Book) 1º Diário de um Banana – Bons tempos Jeff Kiney (Vergara & Riba) 2º Dois mundos, um herói – Uma aventura não oficial de Minecraft (Suma de Letras) 3º Guinness world records 2016 (Agir) 4º A rainha vermelha Victoria Aveyard (Seguinte) 5º Diário de uma garota nada popular 9 Rachel Renée Russell (Verus) Importados | adulto Importados | infantojuvenil 1º Perfume de sonho Sebastião Salgado (Paisagem) 2º O livro dos símbolos (Taschen) 3º Say a little prayer Giovanni Bianco (Taschen) 4º Alchemy & mysticism Alexander Roob (Taschen) 5º Genesis Sebastião Salgado (Taschen) 1º Old Macdonald – A hand puppet board book Scholastic Books (Scholastic Books) 2º Where's Wally – The magnificent mini book box Martin Handford (Walker Book) 3º Harry Potter – Horcrux locket and sticker book (Running Press) 4º Harry Potter – Hedwig owl kit and sticker book (Running Press) 5º Harry Potter – Lord Voldemort’s wand with sticker kit (Running Press) 35 36
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