salvacionismo - Salvation Army

Transcrição

salvacionismo - Salvation Army
SALVACIONISMO
A SANTIDADE E OS INEGOCIAVEIS DO SALVACIONISMO
Uma destrinça crucial e básica
O desafio soou e fui chamado para explicar num cenário público: “Será que o Exército de Salvação não passou já a
sua data de validade?” Parecia que o Exército estava a ser julgado e eu era o advogado de defesa. O Senhor
ajudou-me. Primeiro é necessário clarificar o assunto: aqueles que colocavam as questões sabiam bastante sobre o
Exército. Conheciam as nossas estruturas, e os nossos métodos, as nossas doutrinas e as nossas políticas. Por isso,
não era tanto uma questão acerca do Exército de Salvação enquanto organização, mas mais uma tentativa de
troçar da natureza do Salvacionismo. É importante não confundir Exército de Salvação com Salvacionismo.
Se o ‘Exército de Salvação’ é o corpo eclesiástico conhecido por esse nome, a vasta organização internacional que é
ao mesmo tempo tanto uma igreja evangélica como uma agência de serviço social (ver do mesmo autor Quem são
estes Salvacionistas? – Uma análise para o Século XXI, (Alexandria, Crest Books, 1991)), então o ‘Salvacionismo’ é
a soma total ou a combinação de várias características peculiares que são próprias do Exército. Salvacionismo é a
palavra que denota certas atitudes, uma visão particular do mundo; significa uma amálgama de crenças, posições,
compromissos, chamados, que quando tomados em conjunto não são encontrados em nenhum outro organismo,
religioso ou secular.
O desafio então tornou-se o seguinte: “Será que o Salvacionismo não passou já a sua data de validade?”.
Responder adequadamente significava analisar o significado elusivo do Salvacionismo. “O que é o Salvacionismo?”
não é a mesma questão que “O que é o Exército de Salvação?”. A última pode ser respondida muito bem referindo
a nossa história, os nossos métodos e as nossas estruturas. Por outro lado, o Salvacionismo é o que está na base e
sustenta tudo isso. É o que nos faz quem nós somos. É acerca do nosso pulso, do nosso bater do coração. É acerca
dos inegociáveis que nos tornam pessoas distintivas, chamadas por Deus. (Nesta obra uso “inegociáveis” e
“distintivas” como sinónimos).
O Salvacionismo foi inventado por Deus. O Exército de Salvação foi suscitado por Deus que depois lhe confiou o
Salvacionismo como um encargo sagrado. Sendo assim, o Exército é o despenseiro divinamente nomeado do
Salvacionismo. Como disse anteriormente, é importante não confundir um com o outro.
Por isso, esta obra é uma tentativa para reafirmar o essencial do Salvacionismo. A Santidade estará bem no centro
desta reafirmação.
Obediência a Deus
Por isso é importante ser-se capaz de articular os nossos aspectos distintivosenquanto organismo cristão. Às vozes
que hoje clamam para que menos atenção seja dada às características denominacionais especiais, não deve ser
dada a possibilidade de nos desviarem. É verdade que o denominacionalismo pode ser, e muitas vezes tem sido,
uma barreira prejudicial entre cristãos. Por exemplo: na América do Norte existem cerca de 1.500 denominações e
religiões. É por isso que precisamos de, em cada geração que passa, compreender quem somos à luz da maneira
especial como Deus nos trata enquanto povo. Não temos como objectivo proclamarmo-nos melhor do que os
outros, ou de apontarmos o dedo a alguém. No entanto, temos definitivamente como objectivo de, primeiro que
tudo, sabermos quem nós devemos ser e, em segundo lugar, de obedecermos a Deus. Se Ele nos chamou para
sermos pessoas distintivas para Ele, não podemos arriscar a desobediência. Se Ele quer que sejamos
completamente Salvacionistas, então vamos ser isso mesmo. Vamos persistir em carregar as características do
Salvacionismo, resistindo às tentativas de as trivializarmos ou de as apagarmos.
As características que tenho em mente, e que destilaram depois de ter tido nomeações do Exército em cinco
continentes e após ter viajado intensamente pelo mundo Salvacionista, podem não ser as coisas frequentemente
defendidas. Não estou a pensar, por exemplo, em coisas como bandas de metais, graus e linguagem militares ou
música. Precisamos de ir mais fundo. As permanentes marcas características do Salvacionismo não serão
sinónimos de métodos, programas ou ornamentos exteriores. Normalmente estes são apenas um meio para atingir
um fim, apesar de alguns se terem tornado, com justeza, queridos para nós.
Uma receita de bolo Salvacionista?
O que é então o Salvacionismo? Consiste em quê? Vamos supor que íamos cozinhar um bolo Salvacionista. Quais
seriam os ingredientes essenciais? Outros bolos podem conter alguns dos mesmos elementos, mas apenas um bolo
Salvacionista os terá a todos. Quero sugerir oito ingredientes e vou listá-los primeiramente como substantivos:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
Realismo
Idealismo
Aceitação (ou Inclusão)
Compaixão
Simplicidade
Internacionalismo
Visibilidade
Audibilidade
O nosso bolo vai necessitar de todos estes ingredientes misturados em medidas iguais. Vamos tomá-los à vez, mas
agora vamos usar adjectivos em vez de substantivos, e dizer: o Salvacionismo é uma expressão do evangelho
inventada por Deus e confiada ao Exército de Salvação. No seu melhor é realista, idealista, aceitador, compassivo,
simples, internacional, visível e audível. Tem estado no mundo por cerca de 140 anos e pode ser localizado em
todos os continente em 108 países.
Esta descrição (não é uma definição) pede explicações. À primeira vista pode parecer um pouco branda, visto que
estes são atributos óbvios que qualquer igreja quer ter. Por isso cada um dos epítetos em itálico na frase precisa de
ser desembrulhado. Vamos voltar-nos para isso agora, visto que nem todas as denominações possuem todas estas
coisas. Depois no final quero adicionar um nono ingrediente chamado vulnerabilidade, porque precisamos de ser
honestos e dizer em voz alta para nós próprios e para os outros: o Salvacionismo também é algo vulnerável.
O Salvacionismo é realista (Distintivo 1)
O Salvacionismo é realista. É absolutamente terra-a-terra sobre a natureza humana e o pecado. Dizem que nunca
se pode chocar um Salvacionista amadurecido quando se descrevem as profundezas das acções ou o estilo de vida
pecaminosos. Acreditamos na Bíblia quando nos diz que não existem profundezas às quais não nos possamos
afundar. Nós já vimos, ou até experimentámos isso nas nossas próprias vidas: a verdadeira fealdade do pecado.
Onde alguns podem ficar desencorajados por isso, nós não. Ainda procuramos graça divina para obedecer ao antigo
chamado do nosso Fundador, General William Booth: ”Ide às almas e ide às piores!”. Somos chamados para nos
ocuparmos com os mais humildes. Temos de ir onde eles possam ser encontrados. O Salvacionismo sai à procura,
não se senta à espera que os perdidos se inscrevam para obter ajuda.
De igual forma, o Salvacionismo não subscreve a escola de pensamento que diz que o pecado está ‘okay’ hoje. Não
está ‘okay’! A Bíblia di-lo. O inferno irá rir-se alto no dia em que o Salvacionismo falhar em sustentar ousada e
bravamente, inteligente e intencionalmente todos os padrões santos de pureza e rectidão. A nossa compreensão da
face terrível do pecado, da sua natureza insidiosa, das suas capacidades escravizantes não é para enfraquecer. O
Salvacionismo está, por isso, perpetuamente vigilante. Winston Churchill afirmou: “Temos que estar preparados
para nos defendermos no nosso momento normal, do que quer que o inimigo nos possa atirar no seu momento
seleccionado.” Churchill falava da guerra física, quão mais certo isto é na guerra espiritual!
O Salvacionismo sabe que o pecado é qualquer transgressão das leis ou da vontade de Deus. É essencialmente
contra Deus mesmo que as principais vítimas das nossas acções sejam outras pessoas. O Salvacionismo vê o
pecador como responsável pelo seu próprio pecado, porque apesar de ser provável pecar, as pessoas são agentes
livres. Nós sabemos que o pecado nos separa de Deus; que envolve culpa e que atrai a ira divina; que armadilha e
escraviza, escurecendo a mente e profanando o coração; que enfraquece o desejo e embrutece a consciência. A
sua pena é a morte, porque a alma pecaminosa e imperdoada não verá Deus. O pecado é um mal terrível com
consequências medonhas. Tudo isto dá asas urgentes para o nosso trabalho de salvação das almas.
No entanto, no coração do Salvacionismo está o símbolo da alma humana encontrando o Criador-Redentor: o
Banco de Penitentes (Êxodo 25:17; 26:34). Nenhum local de culto do Exército de Salvação está completo sem um
Banco de Penitentes. É o nosso pulsar, o nosso bater de coração. Aí o pecador encontra perdão e o santo ainda
mais graça. Contudo, no centro do nosso realismo acerca do pecado está o idealismo alegre e inconquistável sobre
a elevação a que os seres humanos se podem erguer em Cristo.
O Salvacionismo é idealista (Distintivo 2)
Isto não é acerca de se ser ingenuamente idealista. Não somos românticos que vivem na lua. Temos a nossa
quota-parte de sonhadores, mas os Salvacionistas sonham sonhos e vêem visões no domínio do alcançável.
Tomando Deus pela sua palavra, investimos tudo na oferta do perdão divino encontrado em Jesus de Nazaré,
Salvador e Filho de Deus. Um homem ou uma mulher pode-se erguer dos mais fundos abismos do pecado para
viver aqui e agora no ponto mais elevado de rectidão e pureza. Jesus faz isto pelas pessoas. O Salvacionismo crê
ardentemente na disponibilidade do perdão divino para os pecados de que se está verdadeiramente arrependido.
Mais ainda: nós cremos que este mesmo perdão é oferecido livremente a todas as pessoas. A expiação feita pelo
nosso Senhor foi consumada em nome de toda a humanidade. Todos os que estiverem dispostos podem partilhar
da sua provisão misericordiosa. Deus não excluiu ninguém – Ele deseja que todos sejam salvos.
O Salvacionismo envolve, portanto, uma convicção insaciável e ardente de que nenhuma pessoa está para além do
amor e da salvação de Deus revelada em Jesus Cristo. Temos que pregar, ensinar e partilhar em todas as ocasiões
o amor inigualável de Deus pelos pecadores. Jesus provou este amor no Calvário quando pagou o preço pela nossa
salvação. Ele tomou o nosso lugar. Nós proclamamos o sangue derramado de Jesus como o único remédio para o
pecado. É uma mensagem que deve permear a nossa pregação, os nossos ensinamentos, a nossa escrita e o nosso
pensamento a cada nível. É o leito de pedra de cada manifestação do Salvacionismo através do globo.
Contudo, o Salvacionismo não vai parar aqui. Pregamos o perdão dos pecados e a expectativa prática de viver uma
vida santa. Somos um Exército de Salvação e de santificação. A bem dizer, alcançámos um ponto crucial – alguns
poderão dizer ponto pivotal – nesta obra de análise do Salvacionismo.
O Salvacionismo idealista e a Santidade (Distintivo 2 – continuação)
Somos um povo de santidade. Temos que recapturar a nossa fibra sobre a praticabilidade de viver uma vida de
santidade dia após dia. Este livro quer ser mais do que uma contribuição para esse processo. O ensino explícito e
bem informado sobre a santificação está em perigo de se tornar numa arte negligenciada nas nossas fileiras.
Mesmo assim, é da vontade de Deus que seja uma verdade sagrada que nos foi custodiada, uma faceta central de
tudo aquilo que representamos no mundo.
A décima Doutrina do Salvacionismo afirma: Cremos que é privilégio de todos os crentes serem santificados em
tudo, e que o seu espírito, alma e corpo podem ser conservados íntegros e irrepreensíveis até à vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo.
Tão distintivo é este ensinamento (poucas outras igrejas o iriam subscrever, a Igreja do Nazareno – ainda
numericamente significativa na América do Norte – é uma excepção notada) que, em conjunto com a nossa posição
sobre os sacramentos (ver abaixo), equivale praticamente à única posição teológica de significado especial que
temos podido oferecer no contexto das igrejas. Isto vai directo ao coração do Salvacionismo. Se me perdoarem um
toque de exagero retórico, pode até ser defendido que o Salvacionismo é santificação, tão básica é a nossa Décima
Doutrina para o que deveremos ser como povo distintivo perante Deus.
Uma explicação directa da crença da santidade Salvacionista pode ser encontrada no meu livro Never the Same
Again (Alexandria, Crest Books, 1997), Capítulos 5 e 8. Os escritos do Comissário Samuel Logan Brengle no inicio
do século XX são absolutamente seminais, e os do falecido Comissário Edward Read também ajudam a esclarecer.
Sanctified Sanity (Alexandria, Crest Books, 2003) de David Rightmire é uma bem-vinda refocagem na vida e
ensinamentos de Brengle. Isto apenas para mencionar algumas das muitas fontes literárias úteis abertas a todos
os Salvacionista. O Exército precisa que os seus soldados e oficiais sejam impregnados deste papel distintivo e que
não sejam apenas professores, mas também exemplos, da vida santificada. Deixem que a nossa santidade pessoal
seja contagiosa. Deixem que seja “Cristo em vós” e não algo monótono ou restritivo. Deixem que o mundo veja
centenas de milhares de Salvacionistas santificados, vivos em Cristo, cheios do Espírito Santo, diariamente
vitoriosos sobre o pecado e a tentação em todas as suas formas. Deixemos que as vossas vidas soem com riso
santo, deixem que o nosso idealismo brilhe à medida que honramos o Senhor Jesus Cristo através do abraçar total
e da compreensão completa de tudo o que Ele nos tem para oferecer nesta vida e no além.
O tema dos escritos deste volume é a santidade prática. Cada escritor procura mostrar, de uma forma ou outra,
que a vida santificada é possível, que é atractiva, relevante, eficaz e, de facto, bastante normal. Queremos ilustrar
(da melhor forma possível), que não há nenhum aspecto da existência humana sobre o qual as implicaçõesdo
ensinamento da santidade não possam ser produzidas. É uma coisa diária. Toca o todo dos nossos seres e toda a
nossa vida. A salvação lida com o pecado passado. A santificação lida, por assim dizer, com os pecados futuros – o
facto empírico é que a maioria das pessoas continua a pecar depois da conversão.
Deixem os líderes do Exército sondarem os Territórios e Comandos de todo o mundo para identificarem os oficiais e
soldados que conhecem a doutrina da santidade, que a agarraram firmemente com as suas mentes, que deixaram
que os seus corações fossem atingidos por ela, tal como é ensinado nas Escrituras, que têm crescido com a
capacidade de a explicarem, que a podem pregar, impulsionar, aconselhar e promover com uma paixão inesgotável
na linguagem de hoje. Como precisamos de uma nova geração de escritores e de professores de santidade
santificados!
Com a santidade, o Salvacionismo torna-se idealista no melhor sentido. Acreditamos no ideal prático de ser como
Jesus. Somos muito sérios em relação a isso. Entramos em pactos solenes sobre isso quando nos tornamos
soldados do Exército de Salvação. Fazemos promessas pactuais acerca do nosso estilo de vida e das nossas acções.
Os oficiais fazem pactos sagrados e por toda a vida ao serem comissionados, de que ensinarão e viverão as
doutrinas. Até mesmo as criancinhas Salvacionistas são gentilmente encorajadas a aceitarem Jesus como Salvador
e a prometerem que viverão “uma vida pura em pensamento, palavra e acção”. Se alguma vez houve uma
descrição memorável e concisa de uma vida santificada, é esta. Se já foi jovem-soldado do Exército de Salvação,
procure o seu cartão de promessa e releia-o, desta vez com a mente e o coração de um adulto maduro, e sinta o
seu poder, a sua simples profundidade. (Ver Capítulo II para saber mais acerca da realização de pactos sagrados).
Depois disso, leia o Capítulo IV de O Soldado de Jesus Cristo – Ordens e Regulamentos para os Soldados do
Exército de Salvação (S. Paulo – Brasil – Exército de Salvação, 1984) e contemple a lista de onze questões de
‘auto-exame’ escritas por William Booth. O Fundador era da opinião de que há um grande proveito num autoexame cuidadoso semanal da alma. Ele levou a sério o ensinamento de 2 Coríntios 13:5 que contém uma
exortação para os crentes se testarem a si mesmos. Aqui estão alguns exemplos da lista de questões de Booth:
Sou habitualmente culpado de algum pecado conhecido? Pratico ou permito-me qualquer pensamento, palavra ou
acção que sei que está errado?
São os meus pensamentos e sentimentos tais que não preciso de ficar envergonhado de os ouvir proclamados
perante Deus?
Estou a fazer tudo ao meu alcance para a salvação dos pecadores? Estou preocupado com o perigo que correm?
Estou em perigo de ser levado pelo desejo mundial de ser rico ou admirado?
O Exército idealista de Booth pode ser assim visto, quando no seu melhor e sendo tudo quanto deveria ser, tão
completa e totalmente sério sobre a vida santa, apesar de eu não ter qualquer ideia de como é que uma lista como
esta é usada actualmente pelos Salvacionistas. Conheço alguns que a usam, mas suspeito que menos ainda saibam
desta ajuda para a santidade. Como exercício espiritual esta prática brota de uma longa tradição encontrada no
ensino e hábitos de John Wesley, que utilizou uma lista não muito diferente muito antes do Salvacionismo ter
entrado em cena. Wesley e os seus primeiros companheiros metodistas faziam regularmente a si próprios 22
perguntas de autoverificação de santidade, tais como:
Sou honesto em todos os meus actos e palavras ou será que exagero?
Foi a Bíblia vivida hoje em mim?
Estou a gostar de orar?
Estou derrotado em alguma parte da minha vida?
Idealista? Impossível? Não em Cristo e no poder do Seu amor. É o privilégio de todos os crentes – não apenas dos
salvacionistas ou dos nazarenos – serem totalmente santificados.
O Salvacionismo é aceitador (Distintivo 3)
O Salvacionismo adopta uma posição de braços completamente abertos para osoutros. É uma posição que sinaliza
boas-vindas. É inclusivo. Deixem-me mencionar seis pequenos exemplos de como isto funciona na prática.
Primeiro, o Salvacionismo aceita que o Evangelho é para todo o que quiser. Ninguém está para além do seu
alcance; ninguém caiu demasiado fundo; ninguém nasceu destinado ou predestinado à condenação. O nosso livro
de cânticos está repleto com cânticos de convite para vir ao Salvador. O convite é para todos.
Segundo, uma posição de aceitação é vista numa ausência de snobismo. O Salvacionismo não tem classes. A
necessidade universal de graça, e o conhecimento de que todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus é
um grande nivelador. Alguns são mais bem-instruídos, outros estão melhores financeiramente, outros têm nascido
em classes mais altas, mas nada disto interessa ao Salvacionismo. O seu foco é somente em Cristo, e ao nos
ajoelharmos perante Ele todos buscamos o mesmo Salvador.
Terceiro, o Salvacionismo não faz diferença no género no que toca à aceitação para as oportunidades no ministério.
Nada é feito para preservar o masculino ou o feminino. O comissionamento de oficiais é aberto da mesma forma a
homens e a mulheres. Os casais são, na maioria das vezes, colocados juntos e como iguais, em nomeações no
ministério. O snobismo de géneros é banido. Também o é o snobismo académico. Ao testar as vocações para o
serviço a tempo inteiro como oficiais, o Salvacionismo não olha em primeiro lugar para as qualificações académicas
(apesar de não serem ignoradas) mas deixa a porta aberta aos Manueis e às Marias talentosos, cheios do Espírito,
chamados e consagrados, pessoas comuns que se tornarão executantes-chave em ganhar outros para Cristo. Uma
paixão santa pelas almas, equipados com um ódio ardente contra o pecado, não serão desdenhados pelo
Salvacionismo.
Quarto, o Salvacionismo tem sentido de humor. Os Salvacionistas riem muito, muitas vezes deles próprios.
Gostamos de piadas acerca dos nossos pontos fracos, que são bastantes. Tentamos não ser demasiado sérios. O
riso está presente na maioria dos cultos, e isto é um sinal saudável.
Quinto, o Salvacionismo, enquanto carrega com firmeza e com uma medida de auto-confiança os distintivos que
lhe foram dados por Deus, aceita o lugar e o papel de outras denominações eclesiásticas. O Salvacionismo tem algo
a oferecer na mesa ecuménica. Também sabe que tem algo a aprender. A partilha de pontos de vista é um
processo com duas vias. (Para uma declaração formal do Exército de Salvação em relação às outras igrejas, veja o
Apêndice no fim deste Capítulo).
Sexto e último, deve ser feita uma menção à atitude de aceitação do Salvacionismo para com aqueles que
professam fés diferentes. Desejamos a sua conversão a Cristo, mas respeitamos as suas crenças e, de acordo com
o conselho sábio do Fundador, nunca se deve criticar. Em vez disso o Salvacionismo prefere uma palavra serena,
positiva e cordial de testemunho pessoal quando surgir a oportunidade.
O Salvacionismo é compassivo (Distintivo 4)
Hoje em dia todos os que conhecem o Exército de Salvação esperam que o Salvacionismo se expresse com uma
faceta de compaixão. O Salvacionismo é o amigo do pobre. É parcial em relação ao pária social. O Salvacionismo
compassivo está alinhado com a necessidade, de tal forma que, de acordo com um famoso jornalista nosso
apoiante aqui na Nova Zelândia, os Salvacionistas “possuem em si o cheiro das ruas”. Foi dito como sendo um
grande elogio. Atingiu em cheio o objectivo!
O público tem muitas expectativas que podem ser preenchidas pelo Exército apenas no poder de Cristo. Num
Exército sem classes, seguimos o nosso Salvador operário, um carpinteiro cujas mãos ficaram sujas e foram usadas
no trabalho manual; cujas unhas nem sempre estavam limpas e cujos discípulos também conheciam o significado
do trabalho e do suor. Sujamos as nossas mãos, se necessário for, entre os oprimidos e vulneráveis. Alguns têm
visto os Salvacionistas como “Cristianismo de mangas arregaçadas”. Existe muito para estarmos a viver à altura.
O Salvacionismo foi dotado por Deus com uma aptidão e uma capacidade marcantes para amar os que não são
amados e para servir os excluídos. Representa um fardo tão grande de responsabilidade que trememos só de
pensar nisso. A mala de ferramentas da compaixão Salvacionista contém a bacia e a toalha, tanto literal como
metaforicamente. Os pés são lavados e os espíritos sarados através de programas para viciados, sem-abrigo,
vítimas de violência doméstica, famílias destroçadas, crianças abandonadas, iliteracia, educação na saúde, gestão
de orçamento, formação profissional, distribuição de cabazes alimentares – a lista parece interminável. É tudo
mantido em funcionamento por Deus. Ele recolhe os recursos. Ele providencia a iniciativa e dá-nos a energia para
prosseguirmos. Ele surpreende-nos e abre o caminho para expressões inovadoras e imaginativas de acção
compassiva. Na cidade de Christchurch na Nova Zelândia, Deus está a operar os seus objectivos através de um
clube de boxe do Exército de Salvação e, mais recentemente, através de um programa de remoção de tatuagens,
algo com um significado especial para os novos convertidos cujas tatuagens podem significar laços inquebráveis
com um passado pecaminoso.
O Salvacionismo é simples (Distintivo 5)
O Salvacionismo é essencialmente simples. Neste contexto uso “simples” para significar “não complicado”, ou não
complexo. Simplicidade não deve ser confundida com superficialidade. O Salvacionismo tem profundidade, mas
procura evitar complicações.
Isto é visto no nosso estilo de culto. Não adoptamos liturgias complicadas, nem formas pré-definidas. A sobriedade
é a chave; espontaneidade o espírito. A preparação é crucial, mas os planos podem ser alterados ou mesmo
deixados de lado instantaneamente se o Espírito de Deus a tal dirigir. Pregar está destinado a ser simples – sem
passar por cima da cabeça de ninguém – mas profundo o suficiente para apelar à pessoa mais ponderada presente.
Reuniões e momentos de adoração elevam-se progressivamente até um momento de simples escolha: por Cristo
ou não; pela santificação ou não. Os objectivos são simples: primeiro para honrar Deus, e depois para levar o
assistente a um veredicto, a uma resposta no coração. A inspiração é o padrão estabelecido por Jesus ao contar as
suas parábolas, cada uma levando a uma resposta de separar as águas por parte do ouvinte. Simples, no entanto
profundo.
A simplicidade Salvacionista também é encontrada nas cerimónias Salvacionistas. Cada uma – dedicações de
crianças, casamentos, funerais, alistamentos de novos soldados, e por aí fora – é intencionalmente simples,
evitando floreados. O objectivo é dignidade com acessibilidade. Não existe mistério desnecessário. Sem publicidade
para o efeito. Sem complexidades ou grandezas que poderiam levar o participante erradamente a pensar que é a
cerimónia que concede graça, sem requerer fé no coração.
Muito perto disto está a simples e bem ponderada ausência de sacramentos. O Salvacionismo regozija-se com a
liberdade do ritual sacramental dada por Deus. Em vez disso, abraça uma crença simples, e testemunhada
mundialmente, do imediatismo da graça divina. Os Salvacionistas têm sido poupados às disputas divisórias e
tortuosas encontradas onde quer que os sacramentos são debatidos e tornados centrais. Não necessitamos de
tomar partido nas tensões antigas sobre o formato e a teologia. Podemos simplesmente olhar com um leve (mas
sempre benigno) espanto, enquanto outros, todos sinceramente com intenção de obedecerem ao que pode nunca
ter sido ordenado, seguem rituais muito diferentes, baseados numa variedade infindável de teologias, enquanto
reclamam autenticidade para o seu próprio ‘isto’ que se sobrepõe ao ‘aquilo’ de outrem. Na sua simplicidade, o
Salvacionismo permanece chamado por Deus para mostrar na vida quotidiana a viabilidade da santidade e da
compaixão cristã livre dos sacramentos ou de qualquer outra coisa que possa ser erradamente interpretada como
sendo um sacramento. (Ver Who are These Salvacionists? Parte II – Capítulos 4,5,6).
As doutrinas formais do Salvacionismo também são simples declarações de fé aparadas. Os onze Artigos de Fé são
sempre curtos e vigorosos. A linguagem é quase monossilábica, o conteúdo consistente com a corrente mais forte
do protestantismo ortodoxo. Em cada edição do Manual de Doutrina (a edição inglesa de 1940 é especialmente
poderosa) faz-se uma exposição que pode ser compreendida por pessoas simples e directas. São coisas profundas,
tratando a verdade revelada numa linguagem que é acessível e num estilo que não ameaça. Salvacionismo
Simples.
O Salvacionismo é internacional (Distintivo 6)
Ao dizermos que o Salvacionismo é internacional queremos dizer muito mais do que simplesmente que o Exército
de Salvação pode ser encontrado num grande número de países. O internacionalismo Salvacionista é acerca de
manter todas as pessoas como irmãos e irmãs sob um Pai Celeste, o Criador de tudo. O Salvacionismo não vê raça,
nem grupo étnico, nem a cor da pele; e não vê nenhuma cultura como sendo superior a outra. Afirma sentimentos
naturais de patriotismo, orgulho próprio pelo seu país e pelos seus feitos, mas renuncia ao nacionalismo com os
seus tons de superioridade racial. O Salvacionismo ensina que os cristãos são cidadãos do mundo antes de serem
cidadãos dos seus próprios países. “Todas as terras”, afirmou o General Bramwell Booth, “são minhas terras-natais,
porque todas as terras são do meu Pai”. Deus deu-nos o mundo inteiro como a nossa arena, e portanto não
podemos ver ninguém como nosso inimigo, mesmo em tempo de guerra. O Salvacionismo é tão sério quanto isto
sobre ser internacional.
O Salvacionismo é visível (Distintivo 7)
O Salvacionismo invisível é uma contradição. O Salvacionismo procura em todo o lado um lugar de destaque para
que seja visto e ouvido. Por vezes o ímpeto para isto é atrair fundos para programas sociais. Uma razão ainda
melhor é chamar a atenção para as reivindicações de Cristo. Com um lugar altamente visível podemos, por assim
dizer, penetrar para além da nossa esfera de influência. Podemos ter um impacto para Deus que vai muito para
além da nossa força numérica.
O Salvacionismo veste um uniforme por duas razões: como testemunha de Cristo, e como um meio de anunciar a
sua disponibilidade para com os outros. O Salvacionismo vive para os outros. Anseia que os outros sejam salvos e
não pode descansar enquanto outros tiverem necessidades. Apenas aqueles comprometidos como soldados do
Exército de Salvação podem vestir o uniforme, mas os soldados podem escolher. O uniforme não é obrigatório. No
entanto, necessitamos mais de o usar do que o não usar, se queremos permanecer visíveis. Pareceu-me ser
sempre um motivo merecedor para nos tornarmos soldados do Exército, nomeadamente o termos a oportunidade
de vestir o uniforme e sermos vistos como pessoas de Cristo. A visibilidade é um privilégio sagrado. O
Salvacionismo não o toma de ânimo leve.
O Salvacionismo é audível (Distintivo 8)
A menção do Salvacionismo audível irá atrair piadas acerca de bandas de metais barulhentas e de pandeiretas
ruidosas. Tudo bem. É uma experiência maravilhosa ouvir os músicos do Exército e as congregações ‘levantarem o
tecto’ no louvor a Deus. Existe, contudo, algo mais a ser dito. Se o Salvacionismo invisível é uma contradição em
significado, também o é o Salvacionismo silencioso. Temos de fazer com que a nossa mensagem seja ouvida. Isto é
verdadeiro para a mensagem do evangelho para os não salvos. Nada poderia ser mais urgente, mais importante.
Alguns de vocês ao lerem isto quererão “deixar as vossas redes” para se tornarem disponíveis para serviço a tempo
inteiro no Exército. Podem passar a vossa vida inteira, devotarem todas as vossas energias para tornarem audíveis
as Boas Novas de Cristo.
Existe, contudo, um outro aspecto da audibilidade Salvacionista. Já vimos o Salvacionismo compassivo e a resposta
à necessidade humana. O Salvacionismo compassivo não está completo a não ser que seja um Salvacionismo
audível. O Salvacionismo é a voz para os que não têm voz. Está disposto a correr riscos para ser ouvido em nome
daqueles que não podem falar. Isto é uma consequência natural de se ser inclinado a favor dos pobres.
A necessidade é revelada por sintomas, no entanto nunca houve um sintoma que não tivesse uma causa. O
Salvacionismo, audível e inteligente, nunca pode estar satisfeito ao lidar apenas com sintomas. São as causas de
necessidade que gritam por atenção. Por que há crianças com fome? Por que há mulheres a serem agredidas? Por
que são ainda necessários, no século XXI, cabazes de comida em países ricos?
A advocacia das causas da privação social na arena pública é um objectivo obrigatório. Há aqueles que nos querem
aconselhar a recuar, citando possíveis perdas de apoio financeiro por incomodarmos alguém ao sermos verdadeira
e penetrantemente audíveis. Tal não produzirá efeito. O Salvacionismo que se esquivar ao assunto não é
Salvacionismo. Nós somos chamados tantas vezes para a acção social como para o serviço social.
O Salvacionismo será ouvido. O Salvacionismo tem de aparecer nas câmaras de debate da nação, nos corredores
de influência, nos estúdios de televisão e de rádio. O Salvacionismo tem propostas de formação mundial a
apresentar e não pode ser silenciado. Quando o Salvacionismo fala, fala para Cristo. O preço do silêncio é
impensável.
Isto leva-nos à característica final e adicional do Salvacionismo: vulnerabilidade.
O Salvacionismo moderno é vulnerável
O Salvacionismo moderno é vulnerável em formas que se infiltraram em nós por vezes despercebidamente.
Ao procurar estabelecer em oito pontos os elementos distintivos (chamei-lhes inegociáveis) do Salvacionismo,
escrevi intencionalmente acerca do Salvacionismo no seu melhor, como se fosse sempre assim em todo o tempo e
em todo o lugar. Bom, é claro que as coisas não são bem assim. O Salvacionismo de hoje é vulnerável. No final
desta obra iremos examinar isso.
Já dissemos que Deus inventou o Salvacionismo, mas entregou-o a pessoas que agora são chamadas
Salvacionistas. Foi um risco divino. Deus sabia o que estava a fazer quando deu tudo a seres humanos imperfeitos.
Eu não conheço nenhum corpo religioso que não diga o mesmo de si próprio. Então, o Salvacionismo, num nível
humano, está nas mãos de mortais que estão longe de ser perfeitos e que estão constantemente a necessitar de
mais graça – regularmente à procura de perdão.
Apesar do Exército estar a crescer globalmente, está a passar por perdas prejudiciais de número em demasiados
lugares. Isto está a acontecer há já bastante tempo. O crescimento na África e na Ásia é tremendo, mas não na
Europa ou nas democracias ocidentais de língua inglesa. No país onde nasceu o Salvacionismo, o Reino Unido, as
perdas em número de soldados do Exército são muito altas ano após ano. As conversões de crianças também são
menos frequentes. Alguns oficiais dirigentes em lugares visitados por mim em todo o mundo parecem já não saber
como levar uma criança a Cristo. Estamos perante um novo fenómeno: corpos salvacionistas que não têm qualquer
jovem-soldado. Esta negligência voltará para nos atormentar.
Nos últimos anos a vulnerabilidade também é vista na incerteza sobre a nossa identidade e missão. Nem todos os
Salvacionistas conseguem articular o que devemos ser em Deus. Houve alguma perda de fibra, com um decréscimo
de confiança nos distintivos Salvacionistas (precisamente aquilo de que se fala nesta obra). Isto manifestou-se em
diversas tentativas para atenuar o essencial do Salvacionismo e para recuar na beleza e na relevância contínua de
se ser soldado do Exército. Alguns corpos tentaram tornar-se reflexos pálidos de outras igrejas evangélicas, para
nosso contínuo detrimento. Estamos a testemunhar, aqui e ali, uma falta de aprumo, a diminuição da convicção de
que Deus inventou o Salvacionismo e que Deus suscitou o Exército. Assim que essas verdades forem recapturadas,
a recuperação poderá começar nos lugares onde é necessário.
O Salvacionismo é vulnerável às pressões financeiras. Tão vasto é o programa social, tão caro é o seu esforço, que
estamos sempre com necessidade de dinheiro. A vulnerabilidade surge quando começamos a orientar as nossas
velas pelos ventos do mundo e do euro. Não podemos esperar sermos sempre populares. Jesus não o foi. Os
apóstolos não o foram. William Booth não o foi. Actualmente, contudo, somo-lo na maioria das vezes. Por que
acontece isso?
A crescente secularização da nossa força laboral é uma outra fonte potencialmente desastrosa de vulnerabilidade. A
genialidade do Salvacionismo é que desde o princípio a sua missão tem sido levada avante por pessoas salvas.
Cada empregado tinha de ser um parceiro em missão. Embora tenhamos muito bons cristãos nos nossos quadros,
este conceito básico foi completamente abandonado. O Salvacionismo foi deixado numa posição de vulnerabilidade.
Ameaças estão a crescer também devido a uma incerteza sobre o oficialato. Papéis que antes eram
desempenhados apenas por oficiais chamados, formados e com um pacto para toda a vida, podem hoje estar a ser
cumpridos por funcionários leigos, não sendo todos, como já foi notado, cristãos empenhados. A moral dos oficiais
está em risco. A atracção pelo Oficialato está em perigo de ser afectada na proporção em que a sua singularidade
está a ser minada. A vulnerabilidade surge então do esbatimento de linhas entre as funções daqueles ordenados e
comissionados como oficiais, e as tarefas atribuídas aos que querem servir como leigos Salvacionistas ou como
funcionários. Há muitas partes do mundo Salvacionista onde estas coisas precisam de ser rapidamente definidas.
Não é demasiado alarmista dizer-se que nalguns locais o oficialato está em risco. O risco aprofunda-se onde
aqueles que fizeram um pacto de compromisso vocacional para toda a vida estão a ser marginalizados em favor
daqueles cujas intenções são explicitamente a curto prazo ou transitórias.
A maior ameaça de todas para o Salvacionismo actual é a perceptível negligência do ensino de santidade. Se não
for verificado, tem o potencial para minar o Salvacionismo bem no seu coração. Estamos menos seguros nisto do
que alguma vez já estivemos. William Booth costumava dizer que existem poucos assuntos sobre os quais
costumamos falar tão frequentemente, ou no qual tenhamos maior glória verdadeira, do que o da santidade do
coração e da vida. Será que ainda assim é? Não, não é. Alguns de entre nós, bem intencionados, mas mal guiados,
procuram oferecer o substituto dos pseudosacramentos ou sacramentos imitados para o ensinamento sólido e
baseado na Bíblia, que é a busca da vida santa. A bênção de um coração limpo já não é mais falada ou
testemunhada. Muitos (a maioria?) dos Salvacionistas de hoje simplesmente não saberiam o que queremos dizer
com a frase “a bênção de um coração limpo”.
Deus, que nos suscitou, está a chamar-nos para sermos abertos e honestos acerca do estado actual do
Salvacionismo no mundo. Este mesmo Deus, contudo, é bom e há coisas notáveis que estão a ser alcançadas pelo
Seu poder. O compromisso e o nível de trabalho dos oficiais do Exército de Salvação e funcionários que eu conheci
nos cinco continentes são, no mínimo, impressionantes. Podemos reconhecer que o Exército ainda é frutífero para
Deus naqueles cujos corações santos despertou, a determinada altura, uma emoção tão forte que fez o
Salvacionismo nascer.
Viemos do coração de Deus. Estamos seguros nas mãos de Deus. Confiamos na força de Deus. Ele abençoar-nos-á
como um Exército se permanecermos verdadeiros ao nosso primeiro chamado. Paradoxalmente, é largamente o
velho manancial que nos projecta para o futuro.
(Para uma maior compreensão do distintivo Salvacionista de ‘pacto’ ver Capítulo 11 do Capitão Stephen Court).
Apêndice
A seguinte declaração foi publicada e utilizada para objectivos oficiais pelo Exército de Salvação no Reino Unido e
na Nova Zelândia, Fiji e Tonga.
O Exército de Salvação em relação às outras Denominações Cristãs
Uma Declaração Posicional (por Shaw Clifton)
(Ver Reflections – How Churches View Their Life and Mission (London, BCC, 1986)
DECLARAÇÃO RESUMIDA
1. A Igreja universal compreende todos os verdadeiros crentes em Jesus Cristo.
2. Os crentes têm um relacionamento espiritual uns com os outros, que não depende de nenhuma estrutura
eclesiástica em particular.
3. O Exército de Salvação é parte da Igreja universal e é uma denominação cristã chamada a ser e mantida
em existência por Deus.
4. A diversidade denominacional não é intrinsecamente contrária à vontade de Deus para o seu povo.
5. A harmonia inter-denominacional e a cooperação são valiosas para o enriquecimento da vida e testemunho
de cada denominação.
6. O Exército de Salvação procura e encoraja o relacionamento inter-igrejas e o envolvimento ecuménico nos
108 países onde está presente.
DECLARAÇÃO AMPLIADA
A Igreja universal
1. CREMOS que a Igreja, o Corpo de Cristo (Efésios 1:23), compreende todos os que são nascidos não do sangue,
nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (João 1:13). A Igreja universal inclui todos os
que crêem no Senhor Jesus Cristo e o confessam como Senhor
NÃO CREMOS que a Igreja universal depende, para a sua existência ou validade, de qualquer estrutura eclesiástica
em particular, de qualquer forma de adoração em particular, ou de qualquer observação de ritual em particular.
2. CREMOS que a Igreja universal é composta pela totalidade da comunidade cristã de adoração e testemunho
através dos séculos em quaisquer grupos, grandes ou pequenos, aceites ou perseguidos, ricos ou pobres, nos quais
os seus membros se tenham estruturado no passado ou estão a ser governados no presente.
NÃO CREMOS que uma adequada definição de igreja possa ser confinada em termos de estrutura eclesiástica, mas
tem antes de ser afirmada em termos de uma relação espiritual. Membros da igreja são aqueles que estão
incorporados em Cristo Jesus (Efésios 1:1) e por isso estão reconciliados com Deus através do seu Filho. Todos
estes estão numa relação espiritual uns com os outros, que começa e continua independentemente de aspectos
externos, de acordo com a oração de Jesus para que aqueles que são seus pudessem ser um (João 17:23). Estas
palavras de Jesus pedem por unicidade tal como é encontrada na unicidade do Pai, Filho e Espírito Santo. Esta
unicidade é espiritual, não organizacional.
3. CREMOS que o Exército de Salvação é parte da Igreja universal e é um representante do Corpo de Cristo. Cristo
é a Videira Verdadeira (João 15:1) e os crentes são os seus ramos vivos e frutíferos.
NÃO CREMOS que qualquer comunidade composta por verdadeiros seguidores de Cristo possa ser vista, com
justeza, como fora da Igreja universal, qualquer que seja a sua história, costumes ou práticas quando comparados
com os de outras comunidades cristãs. Apenas Deus sabe aqueles que são verdadeiramente seus (II Timóteo
2:19).
Variedade Denominacional
4. CREMOS que as formas como Deus lida com o seu povo são perfeitas de acordo com a sua vontade, mas que as
respostas humanas são imperfeitas e propensas a errar. Podem ser os procedimentos de Deus ou as respostas
falíveis humanas a esses procedimentos que têm produzido o rico e variado mosaico denominacional que é
discernível hoje.
NÃO CREMOS que a variedade denominacional ou organizacional possa automaticamente e em cada caso ser dita
contrária à vontade de Deus para o seu povo.
5. CREMOS que Deus suscitou o Exército de Salvação e inspirou os distintivos do Salvacionismo de acordo com os
seus propósitos para a sua glória e para a proclamação do evangelho.
NÃO CREMOS que a existência do Exército de Salvação como uma comunidade cristã independente e distinta, sem
ter vínculos formais e estruturais com outras igrejas cristãs, seja uma afronta ao evangelho de Jesus Cristo ou
intrinsecamente contrária à vontade de Deus para todo o seu Corpo na terra.
6. CREMOS que as práticas do Exército de Salvação têm muito em comum com as práticas de outras igrejas, mas
que ao ter sido suscitado por Deus para um trabalho especial, o Exército tem sido dirigido a adoptar a seguinte
combinação de características distintas:
a) su énfasis en una religión personal y una regeneración espiritual individual mediante fe en Cristo, la que a su vez
lleva a un compromiso para tratar de ganar a otros para Cristo;
b) su enseñanza concerniente al vivir santo;
c) su insistencia de que el evangelio es para todos:
d) su uso del Banco de Misericordia:
e) su evitar de formas fijas en la adoración, buscando alentar la espontaneidad;
f) su enseñanza de que el recibir la gracia espiritual interna no depende de alguna observancia exterior en
particular;
g) su requerimiento de que sus miembros en pleno (soldados) públicamente confiesen su fe en Cristo Jesús como
su Salvador y Señor, y acepten un formal compromiso doctrinal y ético, incluyendo este último la abstención del
uso de alcohol, tabaco y el consumo no medicinal de drogas adictivas;
h) su invitación a aquellos que no pueden aceptar el compromiso formal de ser soldados a entrar a la fraternidad
del Ejército;
i) su fuerte compromiso con el evangelismo, incluyendo el evangelismo al aire libre;
j) su testimonio por medio del uso del uniforme distintivo por parte de la mayoría de los salvacionistas;
k) su reconocimiento del lugar igualitario de hombres y mujeres en todos los aspectos del ministerio y liderazgo
cristiano;
l) su vocación ante Dios de servir a los necesitados y a ser una voz para los sin voz;
m) su estructura a nivel mundial y su énfasis en el internacionalismo;
n) su libertad de, y su intencional no uso de, prácticas sacramentales.
Esta é uma parte das bênçãos que têm vindo através da forma graciosa como Deus tem tratado connosco através
dos anos.
NÃO CREMOS como sendo intrinsecamente a vontade de Deus para o seu povo no Exército, que abandone
precipitadamente as bênçãos dos anos passados.
A Igreja Local
7. CREMOS que, tal como a verdadeira Igreja universal compreende todos os que crêem no Senhor Jesus Cristo,
assim também cada igreja denominacional compreende a comunidade de crentes verdadeiros que tem em comum
a forma como o Senhor, através do seu Espírito Santo, tem procedido para com eles como uma comunidade. Por
seu turno, cada igreja denominacional agrega congregações locais que se reúnem regularmente para adoração,
comunhão e serviço numa área geográfica relativamente confinada.
NÃO CREMOS que a validade de uma denominação ou das suas congregações locais depende de uma qualquer
estrutura, hierarquia, forma de adoração, ritual ou tradição eclesiástica. Onde mesmo dois ou três estiverem
reunidos em nome de Cristo ali estará ele presente (Mateus 18:20), com uma presença não menos real do que
aquela que é perceptível em contextos mais largos, mais formais e mais ritualistas.
A Identidade do Exército
8. CREMOS que o Exército de Salvação é uma denominação cristã evangélica internacional tal como outras igrejas
cristãs o são, e que os Corpos locais do Exército são congregações locais tais como as congregações locais das
outras igrejas cristãs o são. O Exército emergiu do avivamento metodista e tem-se mantido independente das
outras denominações.
NÃO CREMOS que a história, as estruturas, as práticas e as crenças do Exército de Salvação permitam que seja
entendido como algo outro que não uma denominação cristã distinta que sob Deus tem um propósito a cumprir e
um chamado a obedecer. Similarmente, os seus Corpos locais não podem ser propriamente entendidos se não
como primeiramente congregações de igrejas locais que se reúnem regularmente pela graça e em nome de Cristo
para adoração, comunhão e serviço. Os oficiais comissionados (tanto homens como mulheres) do Exército de
Salvação são ministros do evangelho, chamados por Deus e revestidos de poder pelo Espírito Santo, para pregarem
e ensinarem a verdade bíblica apostólica em nome de Cristo e por ele.
O Exército e as Outras Igrejas
9. CREMOS que é a vontade de Deus que relações harmoniosas ecuménicas sejam estabelecidas e mantidas, pela
graça divina, entre cristãos em todos os lugares e entre todas as denominações cristãs, incluindo as suas igrejas
locais. Os numerosos e diversificados contactos do Exército com outras comunidades cristãs, tanto no Reino Unido
como ao redor do mundo, servem para enriquecer a espiritualidade do Exército e para aumentar a sua
compreensão da obra do Espírito. Por esta razão o Exército acolhe tais contactos e busca cordialmente alargá-los e
aprofundá-los.
NÃO CREMOS que a estreiteza de mente ou a exclusividade sejam consistentes com a vontade de Deus para o seu
povo, ou que Deus não tenha nada a ensinarnos através do nosso compartilhar e cooperar com o seu povo de
outras denominações.
10.CREMOS que cada expressão visível da Igreja universal é dotada com as suas próprias bênçãos e pontos fortes
como dons de Deus. Respeitamos e, em muitos casos, admiramos esses pontos fortes, reconhecendo também que
devido à fraqueza humana cada uma dessas expressões, incluindo o Exército de Salvação, tem as suas
imperfeições.
NÃO CREMOS que seja a nossa tarefa criticar ou minar as tradições ou ênfases de outras denominações, e
certamente não em relação aos sacramentos, em que anossa posição é distinta, ainda que não única. É contrário
às nossas práticas fazer comentários hostis sobre a vida de qualquer denominação ou congregação local.
Procuramos ser cuidadosos em não denegrir as doutrinas ou práticas de qualquer outro grupo cristão. O Exército
coloca a ênfase do seu ensino não nos aspectos externos mas na necessidade de cada crente experimentar
pessoalmente a graça espiritual interior de que uma observância externa dá testemunho. Mantemos que nenhuma
observância externa pode justamente ser considerada como essencial para a salvação e que a verdade bíblica é
que nos podemos encontrar com Deus e receber a sua graça em qualquer lugar e em qualquer momento.
11.CREMOS que o Exército de Salvação foi chamado à existência pela vontade de Deus, é mantido em existência
pela graça de Deus, e é capacitado para a obediência pelo Espírito Santo. O seu propósito dominante é ganhar as
almas de homens e de mulheres, de rapazes e de meninas, para Deus, trabalhando simultaneamente, e em nome
de Cristo, para aliviar a situação material daqueles que passam necessidades.
NÃO CREMOS que apenas nós somos chamados para esta tarefa sagrada e tremenda, e por isso nos regozijamos
de sobremaneira porque nas outras igrejas cristãs encontramos cooperadores para Deus.

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