especial raridades

Transcrição

especial raridades
MOEDAS DE OURO E PRATA / COLECÇÃO ÓIS
GOLD AND SILVER COINS / ÓIS COLLECTION
7 e 8 de outubro de 2014
Tiara Park Atlantic Hotel Lisboa
ESPECIAL RARIDADES
SPECIAL RARITIES
Licitação Online / Online Bidding
Consulte www.sixbid.com
Directores
Dr. Javier Sáez Salgado
Jaime Sáez Salgado
Secretariado
Cláudia Leote
Coordenação
Raquel Moura
Av. da Igreja, 63 C
1700-235 Lisboa
PORTUGAL
Tel. 217 931 838
217 932 194
Fax. 217 941 814
[email protected]
Design
Afonso Arraiano
Mato Grosso - Barra de ouro 1813
A mais pesada barra de ouro do Brasil
DOIS DIAS INÉDITOS
TWO EXCEPTIONAL DAYS
É o leilão número 100.
Comemoram-se 25 anos
de leilões. Há uma moeda única.
Apresentam-se várias
moedas raríssimas.
Reunir todos estes acontecimentos em dois dias é um feito inédito.
Mas é isso que a Numisma Leilões se prepara para fazer a 7 e 8 de
outubro, em Lisboa. Neste quarto de século de existência a Numisma deixou de ser uma empresa que faz leilões para atingir o estatuto
de referência na numismática portuguesa. Um estatuto reconhecido
por colecionadores e investidores de todo o mundo e com uma dimensão global, com presença em prestigiadas plataformas de leilões online.
A Numisma Leilões é hoje uma “cidadã do mundo”. Para isso contribuíu um conjunto de pessoas e instituições que vão desde os colaboradores da empresa até aos que colocaram as suas coleções no
mercado com o aconselhamento profissional da Numisma. Depois,
tiveram a palavra os colecionadores e os investidores. A empresa
não se limita a comprar e a vender moedas. Empenha-se também na
preservação da História de Portugal e há vários exemplos de moedas portuguesas raras que regressaram a coleções portuguesas pela
mão da Numisma.
Uma data especial só poderia ser assinalada com um leilão especial.
É por isso que a Numisma apresenta uma moeda única – o Justo do
Porto, de D. João II – e outra considerada única por Gomes, embora sejam conhecidos cinco exemplares – uma Meia Dobra Pé Terra.
No “capítulo” das raríssimas há duas moedas excecionais: um outro
Justo, de Lisboa, também de João II, e uma Dobra Pé Terra, de D.
Fernando I. Estas moedas – verdadeiras “cerejas no topo do bolo”
– são acompanhadas por outras raridades portuguesas e entre as
quais se contam um Engenhoso de 1566 e um Morabitino. A coleção
apresenta ainda um conjunto de moedas da IV dinastia, em especial de D. João IV a D. Pedro II. Dos Açores e Moçambique estão
representados muitos exemplares com carimbo coroa grande, GP
coroado e MR, sendo na sua maioria da coleção do grande numismata J. Ferraro Vaz. De Angola apresenta-se a quase totalidade das
emissões de macutas de prata e muitos exemplares de cobre sem e
com carimbo escudete coroado.
Um quarto de século de vida é, normalmente, uma altura de balanços e de se cuidar do futuro. Há, certamente, muitos episódios, histórias, efemérides e raridades para recordar. Mas mais importantes
do que as recordações ou os dias que estão para vir são as pessoas
que sempre demonstraram confiança na nossa forma de estar, de
escrever História e de fazer negócios. A todas elas o nosso obrigado.
Estão convidadas para os dois dias inéditos do nosso leilão 100.
Javier Sáez Salgado
This is our 100th auction.
Twenty five years of auctions
will be commemorated. There is
a unique coin. Several extremely
rare coins will be shown.
Bringing all this together in two days is an exceptional achievement.
But this indeed is what Numisma Leilões has arranged on 7 and 8
October, in Lisbon. During its quarter of a century of existence, Numisma has gone from being an auction house to attaining its status
as a reference point for Portuguese numismatics. A status recognised by collectors and investors throughout the world, with a global
dimension and active in prestigious online auction platforms.
Numisma Leilões is nowadays “a citizen of the world”. A number
of people and institutions have contributed to this process, ranging
from the company’s employees to those who have placed their collections on the market after having sought professional advice from
Numisma. Then is the turn of the collectors and the investors to have
their say. The company does not limit itself to the buying and selling
of coins. It is also committed to preserving the History of Portugal
and there are various examples of rare Portuguese coins which have
returned to Portuguese collections through the hand of Numisma.
A special day can only be marked with a special auction. This is why
Numisma will be showing a unique coin – the Justo from Oporto, of
D. João II – and another considered unique by Gomes, although five
examples are known – namely a Half Dobra Pé Terra. In the “house”
of the extremely rare there are two exceptional coins: another Justo,
from Lisbon, also of João II, and a Dobra Pé Terra, of D. Fernando I.
These coins – true “cherries on top of the cake” – are accompanied
by other Portuguese rarities, amongst which are an Engenhoso from
1566 and a Morabitino. The collection also contains a set of coins
from the Fourth Dynasty, in particular from D. João IV to D. Pedro II.
From the Azores and Mozambique there are many examples represented with a large crown stamp, crowned GP and MR, with most of
these stemming from the collection of the great numismatist J. Ferraro Vaz. There is almost complete coverage of the issuing of silver
macutas from Angola and many copper examples with and without
a crowned escutcheon.
A quarter of a century of life is, normally, time to take stock and to
look to the future. There are indeed many episodes, stories, events
and rarities to remember. But more important than the memories or
the days which are to come, are the people who have always shown
trust in our way of being, of writing history and doing business. To
those individuals we wish to express our thanks. Everyone is invited
to the two exceptional days of our 100th auction.
UM “HOMEM DE BOM PARECER”
A “MAN OF GOOD APPEARANCE”
Ficou para a história como o “Príncipe Perfeito” e governou apenas
14 anos. Tão pouco tempo de poder não o impediu de deixar a sua
marca na história. Implacável com os inimigos, distinguiu-se na defesa dos interesses estratégicos do reino, quer nas negociações
com os reis espanhóis sobre a divisão do mundo, quer na
expansão na costa africana. D. João II, que reinou de 31
de agosto de 1481 a 25 de outubro de 1495, começou
por se distinguir na batalha de Toro e na conquista de Arzila “onde foi armado cavaleiro junto ao
cadáver de bravo conde de Marialva”, como
recorda Teixeira de Aragão no seu livro sobre
a descrição das moedas cunhadas em nome
dos reis, regentes e governadores de Portugal.
O monarca, filho de D. Afonso V, nasceu em
Lisboa no dia 31 de maio de 1455 e faleceu no
Alvor a 25 de outubro de 1495, três anos antes da descoberta do caminho marítimo para a
Índia, “operação” iniciada ainda no seu reinado.
Citado no mesmo livro de Teixeira de Aragão, Garcia de Resende, que “foi moço da câmara de el-rei D.
João II”, retrata o monarca assim: “Homem de bom parecer,
mean estatura, bem feito, rosto e nariz compridos, tez alva e corada, barba preta, cabelo corredio e castanho, começando a encanecer e a engordar depois dos trinta anos. Dotado de grande força
muscular, boa memória e inteligente, com a voz um pouco nazal,
religioso e justo sem crueza, não extremava categorias para fazer
acatar as leys, que elle próprio respeitava. Gostava muito de dançar, e caçar, montava a cavallo com perfeição e nas suas acções era
magnanimo, fazendo-se respeitar e estimar de todos”.
Nesta “pitoresca” descrição do rei falta o outro lado. Por exemplo,
a repressão implacável das duas conspirações de que foi alvo. Ou o
vigor que deu aos Descobrimentos portugueses. As conspirações
tiveram origem na sua vontade de centralizar o poder, tendo retirado
aos nobres vários privilégios, entre os quais o da jurisdição criminal. Isso levou a uma “enérgica oposição” dos fidalgos portugueses,
como recorda Teixeira de Aragão. A primeira conspiração teve como
figura principal o duque de Bragança, D. Fernando II, que viria a ser
decapitado na praça de Évora, em 22 de junho de 1483. A segunda
foi liderada pelo duque de Viseu, D. Jaime, que viria a ser apunhalado pelo próprio rei, em Setúbal, no dia 22 de agosto do mesmo ano.
Nos Descobrimentos, D. João II foi um visionário. Um dos exemplos
foi a assinatura do Tratado de Tordesilhas com os reis de Espanha.
Através deste acordo conseguiu satisfazer os seus interesses e do
reino ao exigir que a linha divisória que separava os impérios de
Portugal e Espanha fosse traçada a 370 léguas a ocidente de Cabo
Verde. O rei já teria informações sobre a existência do Brasil, descoberto em 1500 por Pedro Álvares Cabral. D. João II expandiu a
influência portuguesa na costa africana, tendo iniciado, em 1482,
a construção da feitoria portuguesa de São Jorge da Mina. Foi no
seu reinado que se iniciaram os preparativos para a chegada à Índia.
Diogo Cão, Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva são alguns dos nomes
que marcaram a era de D. João II por causa das expedições feitas
em África.
Determinado em aumentar e difundir o prestígio de Portugal em
todo o mundo mandou cunhar moeda de prestígio para esse efeito
– o Justo – e apresentou um novo escudo do reino, sem a cruz de
Justo de D. João II de Lisboa
Aviz “tornando as quinas pendentes, e fixando em sete o número de
castelos”. Usou os mesmos títulos do seu pai, tendo acrescentado
mais um, o de senhor da Guiné. Nas moedas, criou dois novos tipos
em ouro, o já referido Justo e o Meio Justo ou Espadim. Durante este
reinado cunharam-se ainda, em prata, Vinténs, Meios Vinténs e Cinquinhos. Manteve-se a cunhagem de Ceitis em cobre. As moedas
eram cunhadas em Lisboa e no Porto.
Detalhe Detail
He was known to history as the “Perfect Prince” and governed just
14 years. Such little time in office did not stop him leaving his mark
on history. Implacable with his enemies, he distinguished himself in
the defence of the strategic interests of the kingdom, both in terms
of negotiations with the Spanish kings regarding the division of the
world, and also in the expansion along the African coast. D. João
II, who reigned from 31 August 1481 to 25 October 1495, initially
distinguished himself in the battle of Toro and in the conquest of Arzila “where he was made a knight alongside the corpse of the brave
count of Marialva”, as Teixeira de Aragão recounts in his book describing coins minted in the name of kings, regents and governors of
Portugal. The monarch, son of D. Afonso V, was born in Lisbon on 31
May 1455 and died on 25 October 1495 at Alvor, three years before
the discovery of the maritime path to India, an “operation” initiated
during his reign.
Teixeira de Aragão’s book quotes Garcia de Resende, who “was a
page at the court of King D. João II”, and who described the monarch
in this way: “a man of good appearance, mean stature, well-made,
long forehead and nose, clear complexion, black beard, smooth
brown hair, starting to turn grey, who put on weight after the age of
30. He was blessed with great muscular force, intelligent and with a
fine memory, with a voice that was slightly nasal, religious and just
without brutality; he did not go to extremes to abide by the laws,
which he himself respected. He greatly liked dancing, hunting, riding
a horse perfectly and in his actions he was magnanimous, and thus
was respected and admired by all”.
This “picturesque” description of the King lacks his other side. For
example, the implacable repression of the two conspiracies of which
he was the target. Or the energy that he put into the Portuguese
Discoveries. The conspiracies have their origin in his wish to centralise power, taking various privileges away from the nobles, amongst
which was criminal jurisdiction. This led to a “forceful opposition” by
the Portuguese noblemen, as Teixeira de Aragão recounts. The main
figure of the first conspiracy was the Duke of Bragança, D. Fernando
II, who would be beheaded in the square at Évora on 22 June 1483.
Morabitino de D. Sancho I
Detalhe Detail
The second was led by the Duke of Viseu, D. Jaime, who would be
stabbed by the King himself, in Setúbal, on 22 August of the same
year.
As regards the Discoveries, D. João II was a visionary. An example
of this was the signing of the Treaty of Tordesilhas with the Kings
of Spain. Through this agreement he managed to satisfy his interests and that of the kingdom in demanding that the dividing line
which separated the empires of Portugal and Spain be traced 370
leagues to the west of Cape Verde. The King would have received information about the existence of Brazil, discovered by Pedro Álvares
Cabral in 1500. D. João II expanded the Portuguese influence on the
African coast and in 1482 started the construction of the Portuguese
fort of São Jorge da Mina. Preparations to reach India were started
during his reign. Diogo Cão, Pêro da Covilhã and Afonso de Paiva
are some of the names which mark the era of D. João II due to the
expeditions carried out in Africa.
Determined to increase and spread the prestige of Portugal throughout the world he ordered the minting of a prestigious coin in line
with this – the Justo – which had a new royal shield without the
Aviz cross and “providing five vertical shields for the quinas,
and fixing the number of castles at seven”. He used the
same titles as his father and added one more, that of Lord
of Guinea. He created two new types of gold coins, the
aforementioned Justo and the Half Justo or Espadim.
During his reign silver Vinténs, Half Vinténs and
Cinquinhos were also minted. The minting of copper
Ceitis was also continued. The coins were minted in
Lisbon and in Oporto.
O JUSTO DO PORTO
THE OPORTO JUSTO
No dia de Natal de 1489 o rei D. João II enviou uma carta aos Corregedores de Justiça, Vereadores e Procuradores que ficaria para a
história do reino e da numismática. O seu objectivo resume-se em
duas palavras: fama e respeito. Pretendia alcançá-lo com uma moeda de ouro “de peso de dois cruzados cada peça e daquele mesmo
toque e fineza e que tenha nome de Justos e por cunho de uma
parte o escudo de nossas armas com a coroa em cima dele e da
outra parte de nós armado”. Nasceu assim o Justo, uma moeda de
prestígio “nobre e rica” batida em pequenas quantidades e destinada a projectar o poder do rei e de Portugal. São raros os exemplares
que chegaram até aos nossos dias e foi preciso esperar até Maio de
1999 para que a Numisma apresentasse, nos seus leilões, um Justo.
Quinze anos depois, a Numisma apresenta a “segunda parte” da
história do Justo. É que, até agora, apenas eram conhecidos os
Justos batidos em Lisboa. No leilão número 100 da sua história
apresenta uma moeda única: o Justo cunhado no Porto. Para conhecer o seu “percurso” é preciso recuar até 1890. É nesse ano que
aparecem as primeiras referências a esta moeda através do comerciante suíço Jules Meili. Entre 1868 e 1892 ele esteve no Brasil e aí
aprendeu a língua portuguesa e conheceu a numismática brasileira
e portuguesa. Começou então a sua coleção de numismática que
incluía moedas, medalhas e contos para contar. Meili não se limitou
a colecionar, tendo também escrito vários livros e artigos sobre a
numismática de Portugal e do Brasil. J. Leite de Vasconcelos refere,
no seu livro “Da Numismática em Portugal”, que Meili “esteve em
relações epistolares com muitos numismatas portugueses”. O autor fala nos nomes de M. F. de Vargas, Campos e os senhores Braga,
Cavaleiro e Castelo Branco. “Também conheço uma carta de Meili
para Aragão, de 24 de Maio de 1898”, afirma.
Batalha Reis, na sua “Cartilha da Numismática Portuguesa”, fala de Meili neste termos: “As obras de
Meili baseavam-se no seu magnífico numofilácio, que em 1898 contava 8329
peças, das quais faziam parte 632
exemplares da Índia portuguesa,
o que constituía uma das melhores coleções reunidas até
hoje dessa série”. O que pouca gente sabia era que entre
as raridades de Jules Meili
estava um Justo do Porto.
Esta moeda foi leiloada a 23
de Maio de 1910, em Amsterdão, por J. Schulman,
depois da morte de Meili,
ocorrida em 26 de Setembro
de 1907. “Monnaies Continentales et Coloniales du Portugal.
Série de Monnaies Découpées
ou Contremarquées, Surtout des
Indies Occidentales, Monnaies des
Grand-Maitres Portugais de Malte” era
o nome do leilão onde se anunciava a venda
da “Colecction de Feu Le Dr. Jules Meili à Zurich”.
J. Schulman voltaria a “cruzar-se” com o Justo do Porto em
28 de Junho de 1926. Nesse dia, também em Amesterdão, foi leiloada uma “renomada coleção” de moedas de ouro de Portugal e
das suas colónias e do Brasil. O lote 25 cuja foto estava publicada
no catálogo era do Justo do Porto que, na altura, fazia parte da coleção de António Augusto de Carvalho Monteiro. Tratava-se de um
“grande capitalista de Lisboa. Era português, nascido no Brasil, em
1851”, afirma Batalha Reis. No primeiro volume da “Descrição Geral
e Histórica das Moedas Cunhadas em Nome dos Reis, Regentes e
Governadores de Portugal”, no capítulo em que fala de alguns colecionadores numismáticos de Portugal, Teixeira de Aragão descreve
Carvalho Monteiro como um “bacharel formado em Coimbra” que
“cultiva a numismática, e a série portuguesa é já importante, não
só pelo número e boa escolha dos exemplares, como também por
possuir muitos raros”.
António Augusto de Carvalho Monteiro faleceu em 1920. Batalha
Reis considera a sua coleção “uma das mais célebres que em Portugal se tem formado”. O mesmo autor refere que o catálogo de
Schulman apresentava 347 moedas de ouro “onde avultavam muitas raridades, e até peças únicas, como Morabitino de D. Afonso
II, o quarto-de-cruzado de D. Manuel, os 500 reaes de D. António
cunhados em Lisboa, em 1580, e outras raríssimas como o morabitino de D. Afonso III, 2 dobras-pés-terra, 2 gentis, o escudo de
D. Afonso V, o justo de D. João II, portugueses de D. Manuel e D.
João III”.
Quase um século depois, o Justo do Porto volta a ser notícia. Desta
vez é a Numisma que apresenta aos colecionadores e investidores
de todo o mundo uma peça única da numismática portuguesa. Uma
forma também única de assinalar o leilão 100 da história da casa
leiloeira que mais tem contribuído para o reconhecimento e prestígio da moeda portuguesa no mundo.
Justo de D. João II do Porto
ÚNICA
UNIQUE
Detalhe Detail
On Christmas Day 1489 King D. João II was to send a letter to
the Chief Magistrates, Councillors and Procurators which would
enter both into the history of the kingdom and that of numismatics. His objective can be summed up in two words: fame and
respect. The king sought to reach this with a gold coin “with each
having the weight of a two cruzado for each piece in that same
touch and fineness with the name of Justos, showing on one side
the crowned shielded arms of Portugal and on the other side the
armed king”. Thus was born the Justo, a “noble and rich” prestigious coin struck in small quantities and designed to project the
power of the king and that of Portugal. Examples which have come
down to the present are extremely rare and it was necessary for
Numisma to wait until May 1999 to be able to offer a Justo up for
auction.
15 years later, Numisma was able to present the “second part” of
the history of the Justo. It has been the case that, until now, only
the Justos struck in Lisbon have been known. In our hundredth
auction a unique coin will be presented, namely the Justo coin
issued in Oporto. In order to get to know its “journey” it is necessary to go back to 1890. That was when the first references to this
coin appeared through the Swiss merchant Jules Meili. He lived in
Brazil between 1868 and 1892 where he learnt Portuguese and got
to know Brazilian and Portuguese numismatics. That was when he
started his numismatic collection which included coins, medals
and stories to be told. Meili did not limit himself to collecting,
but he also wrote several books and articles about Portuguese
and Brazilian numismatics. J. Leite de Vasconcelos mentions in
his book “Concerning Numismatics in Portugal”, that Meili “was
in correspondence with many Portuguese numismatists”. The
author speaks of the names of M. F. de Vargas, Campos and Braga,
Cavaleiro and Castelo Branco. “I also know of the letter from Meili
to Aragão, dated 24 May 1898”, he stated.
Batalha Reis, in his “Portuguese Numismatics Primer”, speaks of
Meili in the following terms: “Meili’s Works were based on his
magnificent coin collection, which consisted of 8329 pieces in
1898, 632 of which being examples from Portuguese India, which
was one of the best collections of its kind which had been assembled until that date”. What few people were aware of was that
amongst the rarities in Jules Meili’s collection was a Justo from
Oporto. This coin was auctioned on 23 May 1910, in Amsterdam,
by J. Schulman, following Meili’s death on 26 September 1907.
“Monnaies Continentales et Coloniales du Portugal. Série de Monnaies Découpées ou Contremarquées, Surtout des Indies Occidentales, Monnaies des Grand-Maitres Portugais de Malte” was the
name of the auction which announced the sale of the “Colecction
de Feu Le Dr. Jules Meili à Zurich”.
J. Schulman would “cross paths” once again with the Justo from
Oporto on 28 June 1926. On that day, also in Amsterdam, a “wellknown collection” of gold coins from Portugal and its colonies and
from Brazil was auctioned. Lot 25, a photo of which was published
in the catalogue, was the Justo from Oporto, which, at the time,
formed part of the collection of António Augusto de Carvalho
Monteiro. Batalha Reis stated that he was a “major capitalist from
Lisbon. He was Portuguese, who had been born in Brazil in 1851”.
In the first volume of the “General Description and History of the
Coins Minted in the Name of the Kings, Regents And Governors
of Portugal”, in the chapter which discusses certain Portuguese
numismatic collectors, Teixeira de Aragão describes Carvalho
Monteiro as an “Honours graduate from Coimbra” who “was involved in numismatics, and his Portuguese collection was already
important, not only for the number and good choice of the pieces,
but also because it contained many rare pieces”.
António Augusto de Carvalho Monteiro passed away in 1920. Batalha Reis considered his collection to be “one of the most famous
which had been assembled in Portugal”. This same author mentions that Schulman’s catalogue contained 347 gold coins “with a
sizeable number of rarities, and even unique pieces, such as the
morabitino of D. Afonso II, the quarto-de-cruzado of D. Manuel,
the 500 reaes of D. António minted in Lisbon, in 1580, and other
extremely rare items such as the morabitino of D. Afonso III, 2
dobras-pés-terra, 2 gentis, the escudo of D. Afonso V, the justo of
D. João II, and Portuguese examples of D. Manuel and D. João III”.
Almost a century later, the Justo of Oporto is once again news.
This time it is Numisma which is presenting collectors and investors throughout the world with a singular piece of Portuguese
numismatics. What is more, a unique way of marking the 100th
auction in the history of the auction house which has contributed
most to the recognition of Portuguese coins in the world.
ARCHER M. HUNTINGTON
ARCHER M. HUNTINGTON nasceu em 1870, filho de Arabella
Duval Yarrington, uma senhora admirável e assertiva destinada a
influenciar uma grande parte da sua vida. Archer era filho ilegítimo
de John Archer Worsham (proprietário de uma casa de jogo que
morreu pobre em 1878) ou, como foi alegado mais tarde, filho ilegítimo do industrial Collis P. Huntington que viria a ser seu ‘padrasto’.
A especulação pública sobre a sua ascendência no contexto da
sociedade patrícia de Nova Iorque, pode ter contribuído para a sua
dita discrição e até secretismo que caracterizariam mais tarde a
sua vida. Collis – um dos quatro principais magnatas das vias-férreas do ocidente - ter-se-ia casado com Arabella em Julho de
1884, após o falecimento da sua primeira mulher Elizabeth no ano
anterior.
Dobra Pé - Terra
A vida do jovem Archer tornou-se cada vez mais privilegiada.
A sua educação, que era escrupulosamente supervisionada por
Arabella e Collis, envolvia uma legião de professores particulares
e várias grandes viagens pela Europa. Foi numa destas viagens que
Huntington revelou o seu desejo de “viver num museu” e foi uma
viagem a Espanha, em 1892, que despertou a sua paixão pela história e cultura, em particular, do mundo hispânico. Estes interesses
prolongaram-se durante toda a sua longa vida embora a Sociedade
Hispânica da América tenha sido fundada logo em 1904.
Embora as circunstâncias precisas do nascimento e primeiros anos
da vida de Huntington sejam ainda obscuras, quase um século e
meio depois, a cronologia da sua vida como colecionador e filantropo está marcada por uma clareza cristalina. Publicou uma tradução
de El Cid e escreveu um livro sobre as suas viagens no Norte de Espanha que foi aclamado pelo público. Aos 37 anos de idade já tinha
recebido títulos honorários das Universidades de Columbia, Yale e
Harvard e meio século de pesquisas filantrópicas e académicas ainda o esperavam. Fugindo de uma carreira de negócios, Huntington
dedicava-se tão energicamente à partilha da sua extraordinária boa
sorte e riqueza que, quando da sua morte com 86 anos, o jornal
New York Times estimou que tinha doado a maior parte da sua
fenomenal e quase inestimável herança.
A extensa lista de instituições do mundo inteiro criadas por Archer
M. Huntington, ou que tenham beneficiado significativamente da
sua extraordinária generosidade, inclui:
A Sociedade Hispânica da América e Audubon Terrace,
Manhattan;
Sociedade Numismática Americana, Nova Iorque;
Brookgreen Gardens, Carolina do Sul;
O Museu da Marinha em Newport News, Virgínia;
A Sala de Leitura Hispânica da Biblioteca do Congresso,
Washington, D.C;
O Museu Metropolitano de Arte, Nova Iorque;
A Academia Americana de Artes e Letras;
A Casa de Cervantes em Valladolid;
A Casa del Greco em Toledo.
Detalhe Detail
Archer Huntington ficou desconsolado quando a sua primeira mulher
o deixou ao fim de 25 anos, mas conseguiu encontrar grande felicidade
pessoal no seu segundo casamento com a escultora americana de
renome, Anna Hyatt. Juntos, enriqueceriam Audubon Terrace com
a fantástica estátua de El Cid e criando e apadrinhando, ao mesmo
tempo, reservas naturais em Connecticut e Carolina do Sul.
Desde a mais tenra idade que Huntington se interessava por
colecionar moedas, exemplificando tanto o impacto internacional
de Espanha, com também toda a história dos seus milénios de
civilização. Na sua totalidade, a coleção de moedas de Huntington,
colecionada até 1905, tem sido considerada com uma das mais espetaculares alguma vez feita. Huntington adquiriu alguns cabinets
en bloc, sabendo-se que moedas individuais passaram por algumas
das maiores coleções dispersas no finais do século XIX. Com
algumas exceções apenas, Huntington voltou-se para outras áreas
após a fundação da Sociedade Hispânica Americana, e conseguiu
albergar a sua coleção de moedas na Sociedade Numismática
Americana, sociedade da qual tinha sido Presidente do Conselho de Administração. Ao longo das décadas seguintes grandes
porções da coleção foram estudadas e publicadas pelo notável
e versátil George Miles, entre outros numismáticos. Foi graças à
generosidade de um benfeitor, seguindo o exemplo de Huntington,
que a Sociedade Numismática Americana tem conseguido manter
e conservar materiais extremamente importantes pertencentes a
Huntington tais como a coleção Visigoda e moedas referentes à
Espanha Islâmica.
Courtesy Morton & Eden
ARCHER M. HUNTINGTON was born in 1870 to Arabella Duval Yarrington, an astonishing and forceful lady destined to influence much
of his life. Archer was the natural son of either John Archer Worsham
(a gambling house proprietor who ‘died poor’ in 1878) or, as was later
claimed, his eventual ‘stepfather’ the industrialist Collis P. Huntington.
Public speculation regarding his parentage in the context of patrician
New York society may have contributed to Archer’s widely reported
reticence and even secrecy in later life. ln the event Collis - one of
the “Big Four” Western Railroad magnates - married Arabella in July
1884, following the death of his first wife Elizabeth in the previous year.
The young Archer’s life became increasingly privileged. His education, scrupulously overseen by Arabella and Collis, involved a
legion of private tutors as well as numerous Grand Tours of Europe.
During one of these he announced his desire to “live in a museum”
and a visit to Spain in 1892 kindled his passion for the history and
culture of the Hispanic world in particular. This was to endure
throughout his long life although the Hispanic Society of America
was founded as early as 1904.
Although the exact circumstances of Huntington’s birth and early
years remain somewhat obscure nearly a century and a half later,
the timeline of his remarkable life as a collector and philanthropist
is etched with crystalline clarity. He published his own translation
of El Cid, and a book on travel in Northern Spain was released to
critical acclaim. By the age of 37 he had received honoraly degrees
from Columbia, Yale, and Harvard, and still had another half century of philanthropic and scholarly pursuits in his future. Eschewing
a career in business, Huntington was so energetically dedicated to
the sharing of his enormous good fortune and wealth that, upon
his death at the age of 86, the New York Times estimated that he
had given away the majority of his quite phenomenal and almost
incalculable inheritances.
The long list of worldwide institutions to have been created by
Archer M. Huntington, or to have benefited substantially from his
extraordinary largesse, includes:
Meia Dobra Pé - Terra
Detalhe Detail
The Hispanic Society of America and Audubon Terrace,
Manhattan;
The American Numismatic Society, New York;
Brookgreen Gardens, South Carolina;
The Mariner’s Museum in Newport News, Virgínia;
The Hispanic Division of the Library of Congress, Washington, D.C.;
The Metropolitan Museum of Art, New York;
The American Academy of Arts and Letters;
The Casa de Cervantes in Valladolid;
The Casa dei Greco in Toledo.
Archer Huntington was disconsolate when his first wife left him
after 25 years but he found great personal happiness in his second
marriage to the renowned American sculptor, Anna Hyatt. Together
they would enrich Audubon Terrace wilh her spectacular statue of
El Cid whilst creating and endowing nature preserves in Connecticut and South Carolina.
Engenhoso de 1566
Detalhe Detail
Coins represented one of Huntington’s very earliest collecting
interests, exemplifying as they do not only Spain’s international
impact but also the full story of her millennia of civilization. ln its
entirety his coin collection, essentially assembled by 1905, has
been long regarded as the most spectacular of its type ever formed.
Huntington purchased a number of existing cabinets en bloc while
individual coins are known to have passed through some of the
greatest collections dispersed in the late nineteenth century. With
a very few exceptions Huntington had turned his attention to other
fields following the establishment of the Hispanic Society of America, and he arranged to have his coins housed at the American Numismatic Society next door, of which he was once President of the
Board of Trustees. Over ensuing decades major portions have been
studied and published by the eminent and versatile George Miles,
amongst other numismatists. Thanks to the generosity of a modern-day benefactor after Huntington’s own mould, the American
Numismatic Society has succeeded in retaining highly important
Huntington material such as the complete Visigothic series and
coins relating to Islamic Spain.
Morabitino de D. Sancho I
excelente qualidade choice as struck
Dobra Pé - Terra de D. Fernando I
raríssima extremely rare
Meia Dobra Pé - Terra de D. Fernando I
variante única variety unique
Justo de Lisboa de D. João II
da mais alta raridade of the greatest rarity
Justo do Porto de D. João II
única
unique
Engenhoso 1566 de D. Sebastião
4 exemplares conhecidos
four known
Dobrão 1724 Minas Gerais de D. João V
Dobrão de 1727 Minas Gerais
data escassa scarce date
Quartinho de 1821 de D. João VI
raríssimo extremely rare
Cruzado Novo 1819 de D. João VI
excelente qualidade choice as struck
2 Ducados ND (cerca de 1719) Wurzburg
2 exemplares conhecidos
two known
José Maximiliano III 5 Ducados ND
(1763) Bavária

Documentos relacionados