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Apocalipse, capítulo 91 O capítulo 9 mostra a impossibilidade de se servir a dois senhores ou de não se servir a nenhum. Não há alternativa: ou servimos a Deus ou servimos ao diabo. Por muito tempo, Deus chamou os homens ao arrependimento e lhes deu tempo para se decidirem. Com a rejeição à sua oferta de amor, sua severidade entra em cena. Amor e severidade são duas facetas de Deus; seu amor lança mão da severidade para, numa última tentativa, salvar os homens. As três últimas trombetas, diferentemente das quatro anteriores, são introduzidas por “ais”, que são proferidos por uma águia. Em Apocalipse, a águia é símbolo de grandeza e poder (o quarto ser vivente tem rosto de águia) e é anunciadora de juízo. Neste capítulo, traz presságio de morte e destruição, pois a águia anuncia o juízo que está por vir. As quatro primeiras trombetas são dirigidas a terra, enquanto as três últimas têm como alvo as pessoas que não têm o selo de Deus em sua fronte. Essas trombetas finais mostram aos habitantes da terra que os deuses adorados por eles são falsos; não podem ajudá-los e ainda os fazem alvo de sua maldade. Sendo falsos, quem opera por trás deles são demônios, cujo objetivo é distanciar os homens de Deus no intuito de conduzi-los à perdição eterna. A aclamação tríplice (Santo, Santo, Santo) combina-se com o juízo triplo (ai, ai, ai), pois a santidade divina requer o juízo. Versículo 1: O quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caíra sobre a terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. A quinta trombeta é a materialização do primeiro “ai”. João vê uma estrela que caíra do céu e a ela foi dada a chave do poço do abismo. 1 Este estudo não é autoral. Consiste, em sua quase totalidade, na compilação de ideias dos autores citados nas referências, ao final do capítulo. Como há uma personificação da estrela, pois a ela é dada uma chave com a qual abre o poço do abismo, tem-se considerado que essa estrela seja a representação de um anjo. Estrelas podem simbolizar anjos na literatura bíblica, tanto que, em Isaías 14.11-13, lemos sobre a queda de Lúcifer: 11 A tua soberba foi lançada também no Sheol, na sepultura, junto com o som de glória das tuas harpas. Eis que agora tua cama é feita de larvas, e tua coberta de vermes. 12 Como foi que caíste dos céus, ó estrela da manhã, filho d’alva, da alvorada? Como foste atirado a terra, tu que derrubavas todas as nações? 13 Afinal, tu costumavas declarar em teu coração: Hei de subir até aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me estabelecerei na montanha da Assembleia, no ponto mais elevado de Zafon, o alto do norte, o monte santo [...]. (Grifo nosso.) Na visão narrada no capítulo 1 de Apocalipse, João vê o Cristo glorificado, que segura sete estrelas. Posteriormente, Jesus afirma que essas estrelas são os anjos das sete igrejas a quem serão dirigidas as cartas. Embora o sentido mais aceito hoje seja de que esses anjos são os líderes das igrejas, isso não anula a simbologia. Sobre o anjo do capítulo 9, a pergunta mais incômoda é: este anjo vem da parte de Deus ou é um anjo caído? Sobre isso há extenso debate. Os que defendem tratar-se de um anjo da parte de Deus alegam principalmente que não se daria a chave do abismo a um demônio, uma vez que é lá sua morada habitual. Para fortalecer seu argumento, citam a passagem de Ap 20.1,2, em que um anjo desce do céu com a chave do abismo e uma grande cadeia na mão, com a qual prende Satanás por mil anos, o qual, naturalmente, não é um demônio. Para eles, cair e descer seriam movimentos semelhantes. Além desse versículo, lembram que, em Ap 1.18, Jesus afirma que tem as chaves da morte e do inferno, logo a chave que o anjo traz é a mesma que Jesus tomou de Satanás. Aqueles que consideram que esse anjo-estrela é demoníaco baseiam sua crença no fato de que a estrela que João viu era uma estrela que caíra do céu, uma referência ao estado caído de Lúcifer, que vimos em Isaías 14.11-13. Argumentam também que o inferno é o domínio do diabo e que, nesse sentido, ele poderia abrir-lhe as portas para dele surgirem demônios que atormentarão os homens. O juízo é de Deus, mas os agentes são demônios que destroem seus próprios seguidores, o que não deveria causar espanto, uma vez que o objetivo de Satanás é exatamente esse. Contra-argumentam que, em Ap 20.1,2, o anjo não cai, antes desce do céu, realidade diferente da expressa em no capítulo 9. Essa não é uma interpretação fácil, e o argumento de que o anjo vem da parte de Deus parece mais de acordo com o texto e a harmonia com outros versículos, entretanto, mais importante que essa questão, é o fato em si: o juízo é comandado por Deus e o objetivo é dar aos homens mais uma chance para se arrependerem. Versículo 2: E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço, como fumaça de uma grande fornalha; e com a fumaça do poço escureceram-se o sol e o ar. O abismo é a morada dos demônios ou, pelo menos, o lugar que lhes é próprio, embora possamos ver no episódio do endemoninhado gadareno que a legião de demônios pediu a Jesus que não a enviasse para lá. Jesus determinou, então, que os demônios entrassem nos porcos e assim fizeram (Mc 5.1-13). Em Rm 10.7, o apóstolo Paulo fala do abismo como o lugar dos mortos; 2 Pe 2.4 diz que aos abismos da escuridão foram entregues por Deus os anjos caídos, e Judas 6 afirma que o principado maligno foi encerrado em prisões eternas. Ap 11.7 menciona a besta que emerge do abismo e 20.1-3 narra o encarceramento de Satanás no abismo, que foi fechado e selado por mil anos. Todas essas passagens confirmam a natureza maligna do abismo e reforçam a ideia de um juízo de natureza demoníaca que afligirá os habitantes da terra. Ao ser aberto, do abismo saiu grande fumaça como de uma fornalha, a ponto de escurecer sol e ar. A fumaça, nas Escrituras, simboliza tanto a presença de Deus como seu juízo. Em Êx 19.18, quando Deus desce sobre o monte Sinai, “a fumaça subiu como a fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia fortemente”. Já em 2 Sm 22.9, representa a ira de Deus: “Das suas narinas subiu fumaça, e da sua boca um fogo devorador, que pôs carvões em chamas”. O capítulo 2 de Joel fala do dia de Javé e um dos elementos é a fumaça: “E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça”. Isso acontece em muitas outras passagens e, no versículo que estamos interpretando, a fumaça é elemento de juízo. Versículo 3: Da fumaça saíram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder, como o que têm os escorpiões da terra. Os gafanhotos emergem diretamente do abismo e têm poder como o dos escorpiões. Êx 10.1-20, Joel 1 e Amós 3.9 narram pragas de gafanhotos, mas nenhuma semelhante a essa. Na Palestina, em 1915, por cinco dias, uma nuvem de gafanhotos escureceu o céu e, antes, em 1866, na Argélia, já havia registro de uma praga com mais de 6 km de extensão e 30m de espessura, que causou fome e matou mais de 200 mil pessoas. Esses fenômenos não são novos, mas, como não se trata de uma praga literal, pelo que veremos mais adiante, o alcance desse juízo será muito maior. Versículo 4: Foi-lhes dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm na fronte o selo de Deus. Os gafanhotos eram um dos poucos insetos considerados puros pelos judeus (João Batista alimentou-se deles) e eram conhecidos como destruidores de plantações. Sua ação deixava um rastro de fome e pobreza. Esses gafanhotos, no entanto, não atingirão a natureza, antes terão como alvo apenas os homens, a quem atormentarão. A praga, todavia, não atingirá a todos, pois os escolhidos de Deus, que têm o seu selo, serão poupados. Se, por um lado, alguns filhos de Deus não serão poupados do martírio, por outro, não nenhum deles será atingido por esse evento, como este versículo e Ap 3.10 deixam claro. Trata-se de retaliação divina e de oportunidade para o arrependimento, duas motivações que não se aplicam aos filhos de Deus. Versículo 5: Foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que por cinco meses os atormentassem. E o seu tormento era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem. O tormento resultado dessa praga durará cinco meses, que não sabemos ser um tempo literal ou figurado. O ponto central é que os homens não serão mortos, mas sofrerão terrivelmente, pois a aflição que lhes será infligida assemelha-se à picada de um escorpião. O ferrão desses aracnídeos normalmente não mata um ser humano adulto, mas são conhecidos pelo intensa dor que provocam. Versículo 6: Naqueles dias os homens buscarão a morte, e de modo algum a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles. Esse juízo divino possui propósitos redentores, por isso os homens não morrerão, mas serão levados a seu limite, a fim de que venham a se arrepender de sua maldade e se voltem para Deus. Deus está no comando desse juízo. Ainda que possa haver a presença de seres demoníacos nos eventos, coisa alguma pode ser feita sem a permissão divina. O diabo, ao contrário do que muitos pensam, não faz o que quer, só o que Deus permite, pois não possui autonomia. Em diversas situações, Deus não envia o mal, apenas permite que as forças humanas ou malignas se expressem e o desastre se concretiza. Versículo 7: A aparência dos gafanhotos era semelhante à de cavalos aparelhados para a guerra; e sobre as suas cabeças havia como que umas coroas semelhantes ao ouro; e os seus rostos eram como rostos de homens. A descrição dos gafanhotos se baseia em gafanhotos reais, mas vai além. Por sua descrição, podemos concluir que não são seres naturais, mas demoníacos; eles não vêm da natureza, emergem do abismo. São incrivelmente grandes e muito temíveis. O mais indicado para uma boa interpretação dessa profecia é não nos determos nos detalhes, mas na natureza do juízo. Por exemplo, Joel 1.6,7 e 2.4,5 usa a figura de gafanhotos para referir-se a invasores. Os gafanhotos são comparados a cavalos prontos para a batalha e assim se comportam, pois guerreiam contra os homens. Vestem coroas, símbolo de vitória, mas elas são semelhantes ao ouro, não sendo realmente feitas do metal precioso, numa clara indicação de que são usurpadores. Os gafanhotos reivindicam para si uma autoridade que não têm. Possuem algum poder, mas nenhuma autoridade cósmica ou final. Os 24 anciãos e Jesus vestem coroas de ouro realmente, pois têm autoridade. Eles também guardam semelhança com os homens em seu rosto, o que já vimos ocorrer outras vezes nas Escrituras e ainda veremos em Apocalipse> Os quatro seres viventes têm rosto de leão, águia, touro e homem. Essa mistura de animal e homem talvez possa, por motivos diferentes, remontar à criação e suas características. Versículo 8: Tinham cabelos como cabelos de mulheres, e os seus dentes eram como os de leões. Os cabelos de mulher são mais uma referência a elementos humanos, e os dentes de leão indicam prevalência sobre sua presa, pois o leão a destroça com a boca. Versículo 9: Tinham couraças como couraças de ferro; e o ruído das suas asas era como o ruído de carros de muitos cavalos que correm ao combate. As couraças protegem os gafanhotos e os torna invencíveis, pois atingem, mas não podem ser atingidos. O ruído de muitos cavalos é mais uma metáfora bélica, indicação do confronto que se dará em desfavor dos homens e é reforço à natureza terrível desse juízo. Versículo 10: Tinham caudas com ferrões, semelhantes às caudas dos escorpiões; e nas suas caudas estava o seu poder para fazer dano aos homens por cinco meses. O tempo de tormento é suficiente para que os homens possam, se quiserem, ser quebrantados e chegar ao arrependimento. O intuito não é destruí-los, mas lhes dar mais uma chance de se voltar a Deus. Os escorpiões, na Bíblia, são metáfora para punições terríveis: 1 Rs 12.11,14 e Lc 10.19 deixam isso bem claro. Os gafanhotos-escorpiões são usados para intimidar, desmoralizar e aterrorizar os habitantes da terra. Versículo 11: Tinham sobre si como rei o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom e em grego Apoliom. Prov 30.27 diz que os gafanhotos não têm rei, mas esses, que são gafanhotos apenas metaforicamente, têm um líder e ele é o anjo do abismo, provavelmente, um alto mensageiro de Satanás. (Entre os anjos caídos, assim como entre os anjos que permaneceram com Deus, há uma cadeia hierárquica.) Seu nome é dado em hebraico e em grego. O substantivo hebraico (Abadom) vem do verbo “abad”, que quer dizer “destruir”, daí Abadom significar “destruidor”. Há também o uso desse mesmo termo para indicar a morte e o Hades em diversas passagens bíblicas (Jó 26.6; Sl 88.12; Pv 15.11 e 27.20). Esse termo é ainda usado quando se fala da destruição do mundo na apocalíptica. O anjo da morte em Êx 12.23 é chamado de “destruidor”. Em grego, o nome do líder dos gafanhotos é Apoliom, nome do qual vem Apolo, deus grego das pestes e das pragas, que tinha como um de seus símbolos um gafanhoto. O fato de os gafanhotos terem um líder e seu nome referir-se a forças destruidoras ou pagãs, além dos motivos já citados, reforça a convicção de que são seres demoníacos. As forças malignas, como um exército, são organizadas, amedrontadoras e cheias de ódio por seus seguidores. Se puderem, com certeza, os destruirão. Versículo 12: Passado é já um ai; eis que depois disso vêm ainda dois ais. Uma das três últimas trombetas se foi. Restam ainda duas. Novamente o “ai” enfatiza a natureza terrível do juízo e coloca cada um como um evento diferente. Versículo 13: O sexto anjo tocou a sua trombeta; e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro que estava diante de Deus, João ouve uma voz que não é identificada, mas que vem das quatro pontas do altar de ouro. Não é a voz de Deus, pois o texto fala que o altar está diante de Deus, sendo, provavelmente, a voz de um anjo. A voz vem das quatro pontas — ou chifres — do altar, elementos que denotam força e poder divinos. Versículo 14: a qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos que se acham presos junto do grande rio Eufrates. O anjo da 6ª trombeta recebe ordem para que solte os quatro anjos que estavam retendo os ventos. E aqui se abre uma discussão: são os mesmos anjos de Ap 7.1 e são eles bons ou maus? A maior parte dos estudiosos consultados ou citados pelos autores adotados neste estudo (Grant Osborne cita um grande número de estudiosos, comparando os diversos pontos de vista) acham que esses anjos são os mesmos mencionados em Ap 7.1, porque aqueles foram impedidos de executar o juízo que agora está sendo pedido por Deus, além do fato de não vermos, nos demais capítulos de Apocalipse, menção a eles. Para esses estudiosos, os anjos vêm da parte de Deus e são seus mensageiros no juízo. Os que discordam dessa leitura entendem que Ap 7 fala de anjos que retêm os ventos e não há menção de que estejam presos. No versículo em questão, os quatro anjos se encontram presos e, diferentemente dos anteriores, não danificarão a natureza, mas atingirão os homens. Para eles, esses anjos são demoníacos, até porque destruirão a terça parte dos homens. Seja como for, estamos um passo adiante do juízo da quinta trombeta, pois caminhamos do tormento para a morte. Versículo 15: E foram soltos os quatro anjos que haviam sido preparados para aquela hora e dia e mês e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens. Os quatro anjos foram preparados para um evento específico. Há uma determinação precisa de Deus quanto ao tempo dos acontecimentos do fim, o que é uma característica da apocalíptica, mas somente ele sabe quando tudo se dará. Os homens passam da agonia para a morte, pois 1/3 dos habitantes da terra será dizimada. Se fosse hoje (2016), haveria cerca de 2,5 bilhões de pessoas morrendo. Esse número é maior do que o número de vítimas de todas as guerras do século XX. Há um acirramento do juízo divino, pois é imperioso que o homem se arrependa. O tempo do fim se aproxima e a justiça divina será feita sobre as forças do mal e sobre os homens rebeldes. Versículo 16: O número dos exércitos dos cavaleiros era de duas miríades de miríades; pois ouvi o número deles. Duzentos milhões de cavaleiros compõem esse exército, uma força que ninguém, senão Deus, pode parar, e, de fato, Deus coloca um limite ao número de mortes. Versículo 17: E assim vi os cavalos nesta visão: os que sobre eles estavam montados tinham couraças da cor de fogo, e de jacinto, e de enxofre; e as cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões; e de suas bocas saíam fogo, fumaça e enxofre. Há diversas semelhanças entre esse exército montado e os gafanhotos, pois, em ambas as situações, a figura central é o cavalo, a aparência dos seres é sobrenatural e grotesca, as forças são de procedência maligna e infligem sofrimento aos homens. Essa visão parece ser a intensificação da visão dos gafanhotos. Embora haja traduções que falem que as couraças são de fogo, de jacinto e de enxofre, o mais provável é que o genitivo, neste caso, indique cor, e não material, daí por que a maior parte das traduções traz: “couraças da cor de fogo, e de jacinto, e de enxofre”, respectivamente, vermelhas, azul fosco e amarelas. Diferentemente dos gafanhotos, a semelhança com o leão, no caso dos cavalos, está na cabeça, e não apenas nos dentes. Seu poder está na boca, de onde sai o fogo, a fumaça e o enxofre. O leão era o animal mais feroz conhecido nos tempos de João, e isso denota o perigo e a força desses seres. Versículo 18: Por estas três pragas foi morta a terça parte dos homens, isto é, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre, que saíam das suas bocas. João considera essas três pragas diferentes, flagelos independentes, que terão como resultado grande mortandade, pois o fogo, a fumaça e o enxofre serão a causa da morte da terça parte dos homens. Irônico observar que da boca desses seres demoníacos vem aquilo que será sua tortura eterna quando Jesus voltar e os encarcerar no inferno. Versículo 19: Porque o poder dos cavalos estava nas suas bocas e nas suas caudas. Porquanto as suas caudas eram semelhantes a serpentes, e tinham cabeças, e com elas causavam dano. O poder dos cavaleiros, além da boca, está também na cauda. A cauda dos gafanhotos eram escorpiões, enquanto dos cavaleiros são serpentes, cujas cabeças causam dano aos homens. Em Lc 10.19, os discípulos recebem autoridade sobre serpentes e escorpiões; aqui são esses seres que ferem e matam os homens. (Vale relembrar que essas pragas não atingirão os selados de Deus.) A cauda dos cavalos remete à antiga serpente, Satanás, e mostra a natureza maligna desse evento, embora sob o estrito controle de Deus. Versículo 20: Os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras das suas mãos, para deixarem de adorar aos demônios, e aos ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar. Os juízos provaram a onipotência de Deus e a falsidade dos ídolos, mas, mesmo assim, os homens não se arrependeram. A idolatria é um elemento central na mensagem de Jesus às sete igrejas e, ainda hoje, continua a sê-lo. Tudo que é colocado no lugar de Deus se torna um ídolo. Apesar de todo o sofrimento experimentado, o texto nos diz que os homens retornaram aos seus ídolos, que, como diz o Salmo 115.4-7, têm olhos, mas não veem, têm boca, mas não falam, têm ouvidos, mas não ouvem, e pernas, mas não podem andar. A despeito da inutilidade desses falsos deuses e da gritante bondade de Deus, os homens preferem a mentira à verdade. Como bem afirmou Mounce, citado por Osborne (2014): Em nenhum outro lugar você encontrará um quadro mais preciso da pecaminosidade humana levada ao extremo. Alguém poderia pensar que os terrores da ira de Deus fariam os rebeldes ficarem de joelhos. Mas não é isso o que acontece. Tendo passado do ponto de retorno, eles respondem à maior punição cm rebeldia crescente. Tal é a natureza pecaminosa humana que não se deixa atingir nem se comove com as misericórdias de Deus. (Grifo nosso.) Versículo 21: Também não se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos. Os homens voltaram aos seus ídolos e, consequentemente, às suas práticas pecaminosas, pois a adoração de ídolos invariavelmente se faz seguir do pecado. Os homens continuaram matando, praticando a feitiçaria, prostituindo-se e furtando. Não observam a lei divina e nada querem com seu criador. Rejeitada a oferta de perdão de Deus, seu destino é a danação eterna. ............................................................................................................. Perguntas para fixação do conteúdo 1) A quinta trombeta fala de fumaça, gafanhotos, escorpiões e tormento para os homens por 5 meses. Que tipo de situação poderia ser associada a este juízo? 2) O fato de os gafanhotos terem um rei sobre si, que é o anjo do abismo, sugere a você a procedência maligna deles? 3) Os anjos que estão junto do grande rio Eufrates, que foram liberados para agir no juízo da sexta trombeta, poderiam ser os mesmos do capítulo 7.2,3? 4) A sexta trombeta fala de fogo, enxofre, leões, serpentes e fumaça. Que associações poderíamos fazer com esses elementos em relação à natureza do juízo? Questões para reflexão Mesmo diante de tantas evidências da existência de Deus e de seu amor pelos homens e apesar do juízo vindo de Deus, os homens não se arrependeram (Ap 9.20,21). Há em sua vida alguma situação que Deus, repetidamente, tem reprovado e você não tem dado ouvidos? Por que o sofrimento tem o condão de, às vezes, trazer o arrependimento? Lições Que lições você tiraria do capítulo 9 de Apocalipse? .................................................................................................................... ......................................................................................................... .................................................................................................................... ......................................................................................................... .................................................................................................................... .......................................................................................................... REFERÊNCIAS DUCK, Daymond R. Guia fácil para entender Apocalipse. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2014. MIRANDA, Neemias Carvalho. Apocalipse – comentário versículo por versículo. Curitiba/PR: A. D. Santos Editora, 2013. OSBORNE, Grant R. Apocalipse. São Paulo: Vida Nova, 2014.