Projeto Voz Ativa
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Projeto Voz Ativa
Data: 05/06/2014 Catálogo de oficinas Projeto Voz Ativa Catálogo de oficinas Realizador das atividades: Projeto Voz Ativa Coordenação: Ione Jovino Aparecida de Jesus Ferreira Textos em ordem: Hellen Bizerra Gustavo Ban Priscieli Rozzo Guilherme Pedlowski Diagramação: Hellen Bizerra JUVENTUDE, CIDADANIA E PRÁTICAS CULTURAIS NA COMUNIDADE QUILOMBOLA SUTIL Página 2 Página 15 Editorial O Projeto Voz Ativa - cidadania e práticas culturais na Comunidade Quilombola Sutil se iniciou em julho de 2013. Composto por uma equipe com quatro graduandos da UEPG e dois graduados, também formado na universidade, o projeto é coordenado pelas professoras doutoras Ione Jovino e Aparecida de Jesus Ferreira. As atividades práticas começaram em agosto do mesmo ano, sendo desenvolvidas desde o princípio na Comunidade. Participam ativamente do projeto 16 crianças e jovens, com idade entre 6 e 17 anos. Cada oficina disposta neste catálogo foi previamente pensada e estruturada em reunião com os membros da equipe e a coordenação do projeto, bem como foram realizadas consultas bibliográficas, discussões teóricas e metodológicas. Para este produto foram selecionadas oficinas que, cada qual ao seu modo, abordaram pontos específicos da proposta do Projeto Voz Ativa - cultura, cidadania, dinâmicas para crianças e adolescentes, entre outros. A seguir estão dispostas fotos e textos explicativos sobre quatro atividades: o dia da beleza, oficina de música, atividade com Mancala e customização de camisetas com Stencil Art. Convidamos todos à apreciação do catálogo. Sintam-se a vontade. Equipe Voz Ativa Com as mãos na massa. Meninos soltando a criatividade na customização. Página 3 Página 14 As frases e desenhos também podem ser impressas diretamente de sites da internet, que são destinados à divulgação deste tipo de arte. Logo após, com os moldes prontos, coloca-se os mesmos sobre a superfície em que será feita a intervenção, e por fim aplica-se a tinta. No caso desta oficina, fizemos as intervenções em camisetas, utilizando rolos de pintura e tinta de tecido. Sumário Fácil. Com tinta de tecido, camisetas, esponjas e moldes, participantes criaram diferentes modelos de camisetas. Imagem de Igor Ramon 04 Dia da Beleza 10 Mancala 07 Vamos Sambar? 13 Stencil Art Catálogo de Oficinas Página 4 Que beleza! Em outubro de 2013, o Projeto Voz Ativa realizou na Comunidade Negra Rural de Sutil o “Dia da Beleza”. O encontro foi organizado pela equipe de bolsistas em parceria com as alunas intercambistas africanas da UEPG - Jenifah, Lusasso e Elizângela. Na atividade houve debate sobre a beleza negra, mostra de vídeos e depoimentos sobre a cultura e penteados da África. Depois, iniciou-se a oficina de beleza, em que as voluntárias fizeram diferentes penteados nas integrantes do projeto, enquanto as bolsistas colaboraram fazendo a maquiagem e as unhas das participantes. Os penteados foram sugeridos pelas voluntárias e se basearam em imagens trazidas especialmente para o encontro. Cabelo, cabelo meu. Penteado de tranças feito no Dia da Beleza. Página 13 STENCIL ART O primeiro passo da Oficina de Stencil Art realizada na Comunidade Sutil consistiu na apresentação da história da técnica de stencil aos participantes (sete jovens ao todo), A técnica de estêncil é utilizada para gravar com tinta, imagens de letras, números e desenhos nas mais variadas superfícies (como papéis, tecidos e paredes) através da confecção de moldes que podem ser reutilizados múltiplas vezes. Pouco se sabe acerca da verdadeira circunstância de criação desta técnica, no entanto, têm se conhecimento de que suas origens datam cerca de 500 a.C. em países oorientais. Na China e no Japão, por exemplo, o estêncil era utilizado no processo de pintura de tecidos. Com o decorrer dos anos a técnica tornou-se mais recorrente e passou a ser utilizada em vários locais do mundo para os mais variados fins, seja na decoração de paredes e adornos como vasos e obras de arte. O Stencil Art corresponde à técnica de estêncil sendo aplicada em locais públicos, contendo frases de protesto, poesias, e desenhos reflexivos. Essas pinturas são denominadas de “intervenções”. Para a realização da oficina de Stencil Art, foram utilizadas capas de encadernação transparente, que foram cortadas com o uso de estiletes para dar forma ao desenho ou frase desejada. Catálogo de oficinas Página 12 APRENDENDO A JOGAR Número de participantes : 02 Objetivo: capturar o maior número de sementes Página 5 Em destaque Cada jogador fica com uma fileira de 6 casas, que será considerada seu “campo”, nessas casas deverão ser distribuídas 4 sementes em cada uma delas. Ao lado das duas pontas do tabuleiro deverá ter um recipiente, em que será depositado a sementes capturadas. Os jogadores devem alternar os seus lances e as jogadas só podem ocorrer no sentido anti-horário. Em cada jogada ele deve escolher uma casa de seu campo e pegar todas as sementes desta casa, semeando-as pelas casas seguintes, Se o ultimo feijão parar na colheita, o participante pode jogar novamente Se o ultimo feijão cair na casa vazia, ele rouba o seu feijão e mais todos os outros que estiverem na casa da frente. O jogo acaba quando o adversário não tiver mais nenhum feijão em suas casas. Ganha aqueles que tiver mais feijões em sua colheita. Saiba mais: Aprender com Jogos e Situações-Problema – Lino de Macedo, Ana Lúcia Sicoli Petty, Norimar Chrite Passos – ed. Artmed, 2000 Mancala – Wari – Centro de Assessoria ao Movimento Popular – CAMPO Trabalho cuidadoso. Passo a passo para terminar o penteado. Catálogo de oficinas Página Página 66 Página 11 A oficina durou cerca de cinco horas e os penteados variaram entre uma hora e duas para ficarem prontos. As participantes também puderam escolher a maquiagem e as cores de esmalte, ao estilo salão de beleza tratamento VIP. Atualmente é jogado em todos os continentes, e era inicialmente jogadas apenas por homens ou sacerdotes. Confecção dos tabuleiros O jogo Mancala é o jogo oficial da África e muitos dizem que o jogo é mais difícil que o Xadrez. A brincadeira conquistou não apenas a África como também os demais continentes, sendo realizados inúmeros torneios. Os meninos também tiveram espaço para brincar com penteados e cortes. Os tabuleiros de Mancala podem ser feitos tal como eram produzidos originariamente, ou com materiais alternativos, como: argila, madeira, MDF e papelão. Em nossa oficina utilizamos caixas de ovos, por já possuir todas as cavidades necessárias. Catálogo de oficinas Página 10 Jogos e Brincadeiras Página 7 Vamos sambar? Uma das atividades realizadas no projeto Voz Ativa diz respeito ao brincar. Há muitas brincadeiras que nasceram na África e não morreram, elas são passadas de geração em geração. Muita dessas brincadeiras chegaram aqui no Brasil, e a elas foram distribuídas e foram ensinadas a nós quando crianças, ganhando novos significados e alterações nas regras. No projeto Voz Ativa nos propomos a contextualizar a prática de jogos que tem na África a sua origem, reconhecendo assim sua cultura. CONHECENDO ALGUMAS BRINCADEIRAS: Pe g a -pe g a ou Píc ula Te r r a e Ma r ou Mor to -v iv o Ba ta ti n ha fr ita . U m, dois, tr ês. Esc r a v os de Jó Entr e ou tr a s AWARE: O JOGO MANCALA. O jogo Mancala é um dos jogos mais antigos da história. Seus primeiros tabuleiros foram encontrados na África, mais precisamente no Egito, há cerca de 7.000 anos antes de Cristo. Esse jogo, consiste em traçar estratégias, e ao mover seus feijões assemelha-se a germinação das sementes nas terra, mostrando assim o desenvolvimento da colheita. No final de novem- vos brasileiros, e que ao bro de 2013, o Projeto Voz longo do tempo sofreu váAtiva realizou uma oficina rias alterações. O gênero com os jovens do Sutil descende do “lundu”, mostrando o ritmo afro- dança de origem africana, baiano, com temperos cari- iniciada na Angola como ocas que hoje conhecemos uma dança de roda e trazicomo “samba”. O samba da principalmente para a nasce sob influências de rit- Bahia. Essa dança também mos africanos, adaptados ficou conhecida como umpara a realidade dos escra- bigada ou batuque. Página 8 Página 9 Na metade do século marcações de capoeira ao XIX, após o declínio do ca- som de batuques e pandeifé como economia e a ros, ganhando também in“abolição” da escravidão, fluências de outras manifesmuitos negros partem para tações culturais, como elea capital, Rio de Janeiro, ins- mentos da polca, maxixe e talando-se em bairros co- xote. mo da Gamboa e da Saúde, Por tratar-se de um divulgando os ritmos africa- gênero tão popular em nos na Corte. Eram nas ca- nossa sociedade, assim cosas das tias baianas, como mo presente no gosto dos Amélia, Ciata e Prisciliana jovens do Sutil, a oficina de que aconteciam as festas música trabalhou com o de terreiro, as umbigadas e resgate da raiz negra nesse ritmo, mostrando a importância do samba como resistência das comunidades negras. Catálogo de oficinas