igreja presbiteriana betânia os ensinamentos do livro de provérbios

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igreja presbiteriana betânia os ensinamentos do livro de provérbios
Igreja Presbiteriana Betânia
Uma família aos pés do Senhor
IGREJA PRESBITERIANA BETÂNIA
OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Palavras de sabedoria para a vida
Brasília
2009/10
Igreja Presbiteriana Betânia
Uma família aos pés do Senhor
SUMÁRIO
Introdução...................................................................................................................04
Lição 1
Pano de fundo do Livro de Provérbios.......................................................................05
Lição 2
A Finalidade do Estudo de Provérbios.......................................................................11
Lição 3
A sabedoria Segundo Provérbios.............................................................................. 17
Lição 4
A vida no Temor do Senhor........................................................................................22
Lição 5
Os dois caminhos.......................................................................................................27
Lição 6
O Insensato e o Sábio................................................................................................33
Lição 7
O Pobre e a Pobreza ..................................................................................................38
Lição 8
O Rico e a Riqueza....................................................................................................43
Lição 9
Soberba, altivez e arrogância: a tríade mortal!...........................................................49
Lição 10
Coração, o recipiente dos vícios e das virtudes.........................................................56
Lição 11
Relação Matrimonial...................................................................................................63
Lição 12
Pecados da Língua.....................................................................................................70
Lição 13
A humildade, caminho para o aconchego de Deus....................................................78
Lição 14
Domínio Próprio e Temperança.................................................................................84
Lição 15
Conselhos: orientações para a vida...........................................................................91
Igreja Presbiteriana Betânia
Uma família aos pés do Senhor
Conclusão...................................................................................................................98
Bibliografia..................................................................................................................99
Igreja Presbiteriana Betânia
Uma família aos pés do Senhor
Provérbios de Salomão, filho de Davi, o rei de Israel. Para aprender
a sabedoria e o ensino; para entender as palavras de inteligência;
para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e a
equidade; para dar aos símplices prudência e aos jovens,
conhecimento e bom siso. Ouça o sábio e cresça em prudência; e o
instruído adquira habilidade para entender provérbios e palavras,
as palavras e enigmas dos sábios – Pv 1.1-6.
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Uma família aos pés do Senhor
Introdução
Vários pastores incentivam, veementemente, suas ovelhas a lerem e
estudarem o livro de Provérbios porque acreditam que esse livro contém ensinos
que despertam e orientam seus leitores acerca da sabedoria divina e do bom
procedimento diante das mais diferentes situações de vida.
Esta série de estudos que se apresenta aqui tem por objetivo fundamental
conhecer e aplicar melhor os ensinamentos práticos de Provérbios, com toda a
sabedoria e temor do Senhor que tais estudos e leituras podem produzir na vida dos
crentes.
As lições não são um apanhado de conhecimentos técnicos e meramente
teóricos sobre esta porção da palavra de Deus. Acreditamos que o livro de
Provérbios é uma bússola segura para aqueles que desejam viver de acordo com a
vontade de Deus. De fato, o livro mostra como aqueles que professam a fé no
Senhor viverão esta crença no dia a dia de sua existência aqui neste mundo.
Vários estudiosos têm dito que o livro de Provérbios ensina como o fiel
expressará, em sua vida e obras, o compromisso devido a Deus. Assim, esta série
de estudos tem por finalidade capacitar seus leitores a expressarem sua fé mediante
atitudes concretas de vida.
As lições focarão, essencialmente, o livro e os temas em Provérbios. No
entanto, várias outras porções das Escrituras serão usadas a fim de ilustrar e
reforçar os ensinamentos desse livro. Isto porque é boa hermenêutica não isolar
nenhum livro das Escrituras e fazer dele um fim em si mesmo. Deus se revelou no
todo das Escrituras e, por isso mesmo devemos ler, conhecer e estudar todos os 66
livros que compõem a Revelação Especial de Deus aos homens: a Bíblia Sagrada.
As duas primeiras lições desta série de estudos situam o leitor e estudante no
contexto do livro de Provérbios. As informações ali apresentadas não querem ser de
cunho acadêmico; antes, a intenção e dar aos usuários desta apostila ferramentas
para conhecer várias questões que gravitam o universo da confecção de Provérbios.
A partir da terceira lição os temas são abordados e discutidos. O formato das
lições é o mesmo. As lições são curtas. A abordagem direta e objetiva. A aplicação
pode-se ver em cada parte das lições.
Como autor destas lições, meu maior desejo é que haja edificação,
crescimento e um mover de Deus na vida de todos quantos se debruçarem sobre os
ensinos deste trabalho.
Oro para que Deus aja entre o seu povo e também entre aqueles que ainda
não são convertidos, concedendo graça e salvação.
Boa leitura!
Bons estudos!
Que o Senhor nos abençoe a todos. Minha oração e desejo!
Rev. Reginaldo Corrêa de Carvalho
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Uma família aos pés do Senhor
OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Palavras de sabedoria para a vida!
Lição 1
Tema: O Pano de fundo do livro de Provérbios.
Texto: Pv 1.1.
Introdução.
Quando se lê qualquer livro ou documento bíblico, uma das tarefas mais
importantes é tentar descobrir algumas questões pertinentes à data, local, propósito,
autor, destinatários, entre outras informações que se puder obter. Quando elas são
descobertas, encontra-se aquilo que tecnicamente chama-se contexto. Conhecendose o contexto, pode-se não apenas entender, mas também interpretar e aplicar
melhor a mensagem bíblica.
O Espírito Santo age independente de se ter ou não acesso a essas
informações. A Bíblia, sozinha, tem o poder de abençoar e transformar a vida das
pessoas. No entanto, a visão da palavra de Deus se aprofunda e pode-se tirar mais
proveito da leitura bíblica quando se sabe quem escreveu determinado livro das
Escrituras, por que o escreveu, quando foi escrito, com que finalidade foi escrito,
quem ou quais foram os seus destinatários imediatos, quais são os temas mais
contundentes, entre outras informações.
Assim, nesta lição, o objetivo é situar o leitor e estudioso do livro de
Provérbios nessas e outras questões contextuais acima mencionadas.
1) O que são Provérbios.
Um provérbio, geralmente “é um sentença curta, penetrante, pitoresca e em
geral, figurativa”.1 Os provérbios são fruto da observação e experiência das pessoas,
dos povos e das gerações ao longo dos tempos. E destas observações nascem os
ditados ou provérbios que expressam a sabedoria de uma nação e de uma cultura.
De certa forma, os ditados encontram semelhanças entre as várias culturas e
os vários países, posto que eles nascem da observação e análise de situações,
casos e circunstâncias que são universais. Assim, o conhecido provérbio “água mole
em pedra dura, tanto bate até que fura” quer ensinar o poder da perseverança e da
insistência. Em outros países e culturas, as palavras podem ser diferentes, mas a
idéia do referido provérbio citado acima será encontrado.
Em hebraico, o termo usado para “provérbio” é “mashal” que, entre outros
significados, inclui “uma descrição comparativa” entre duas realidades. 2 Na análise e
comparação da vida e das situações, os observadores formulam as sentenças que
visam, sobretudo, ensinar a conduta adequada para os seres humanos. 3
1
Ivo Stoniolo, Como ler o livro dos Provérbios, Paulus: 1992, p. 14.
Gleason L. Archer, Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento, Ed. Vida Nova, 1988, p. 420
3
Andrew E. Hill & J. H. Walton. Panorama do Antigo Testamento. Ed. Vida, 2006, p. 390.
2
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Em bom português, o provérbio é um ditado popular, fruto de observação e
análise, que encerra uma palavra de sabedoria conduzindo leitor e ouvinte a
discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal e assim, tomar uma atitude
coerente e positiva em sua vida.
Todavia, como bem explicou Stein, “o provérbio bíblico tem uma dimensão
especial: não foram formulados, unicamente, a partir de uma observação da vida,
mas à luz da revelação divina”. 4 Cremos que o livro de provérbios ensina mais do
que sabedoria, ensina o querer e a vontade de Deus para a vida de todos quantos
querem o bem, o crescimento, a saúde e a paz.
2) A autoria de Provérbios.
Embora o título em hebraico desta obra seja “mishiley Shelomoh” –
Provérbios de Salomão – esse mesmo livro fala-nos de outros autores. Assim,
encontramos “os sábios” (Pv 22.17; 24.23), Agur (30.1), rei Lemuel (31.1), os
escribas do rei Ezequias (25.1; 29.27) e o próprio Salomão (1.1; 10.1; 25.1).
Começando pelo último, não há dúvidas de que na história do povo de Deus
da Antiga Dispensação atribuía-se a Salomão, filho de Davi, a quase encarnação da
sabedoria. Isto porque em sonho ele pediu e recebeu do Senhor a graça de tê-la (1
Rs 3.1-15). Além desse fato, o livro dos Reis ainda informa que o Senhor concedeu
tamanha sabedoria a Salomão que ninguém do Antigo Oriente se comparava a ele
(1 Rs 4.29-34). Pessoas vinham de outros países, como a rainha de Sabá, para
ouvir-lhe e aprender com ele.
Diz o texto de Reis que Salomão confeccionou cerca de três mil provérbios e
mil e cinco cânticos. Interessante notar que o livro de provérbios tem cerca de
oitocentos versículos, ou seja, bem menos provérbios do que teoricamente Salomão
escreveu.
Assim, Salomão é uma espécie de patrono da sabedoria em Israel. E como
tal, deve figurar como a pessoa mais importante dentro deste tipo de literatura.
Porém, isso não significa, como já vimos logo acima, que ele seja o único autor de
sabedoria, pois mesmo dentro de Israel existiram muitos outros. Mas, sem dúvida,
ele é o personagem mais proeminente desse tipo de gênero literário.
O certo é que Salomão não foi nem o primeiro nem o único autor desse tipo
de literatura. Antes dele e em outros países, como o Egito, já havia a confecção
desse tipo de obra literária. Esses sábios, portanto, podem ser tão antigos quanto
Salomão.
Os escribas de Ezequias formariam uma espécie de comitê de sábios
selecionados pelo próprio rei a fim de continuar a fomentar o avivamento religioso
ocorrido em seu reinado. Tais escribas “talvez tenham copiado esses provérbios a
partir de manuscritos mais antigos. Ou podem ter anotado máximas preservadas em
forma oral desde os primeiros dias da monarquia”. 5
Sobre Agur, filho de Jaque, e o rei Lemuel, nada sabemos. Nenhum estudioso
das Escrituras se aventura a falar mais do que suposições acerca desses homens.
4
Robert H. Stein. Guia Básico para a interpretação da Bíblia, Ed. CPAD, 1999, p. 92
William S. LAsor, David A. Hubbard & Frederic W. Bush. Introdução ao Antigo Testamento, ed. Vida Nova,
2003, p. 509.
5
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Assim a informação mais relevante é que esses homens provavelmente fossem
“membros da tribo do norte da Arábia”.6
Quanto aos sábios, também não se conhece muita coisa. Acredita-se que
esses sábios formariam uma classe especial (Jr 18.18), tal como a dos profetas e
dos sacerdotes e que, como ambos, teriam compromisso com o Senhor na
ministração ao povo de Deus.
Resumidamente, o que sabemos sobre a autoria do livro de Provérbios é que
Salomão é o autor de maior destaque, mas outros homens fizeram parte do trabalho
de redação desta obra.
3) A estrutura do Livro.
Antes de falarmos sobre a estrutura das seções maiores de Provérbios, é
bom observarmos que uma parte do livro contém discursos (Pv 1.1- 9.18) enquanto
a outra, provérbios propriamente ditos (Pv 10.1-29.27).
Nos discursos encontramos as instruções que um pai dá ao seu filho. Por
isso, o uso da expressão “filho meu...” em diversas passagens. Essa fórmula se
referi às instruções de um mestre ao seu discípulo7, e não literalmente a um pai
ministrando ao seu filho biológico. Esse “era o modo como o sábio costumava se
dirigir aos discípulos, porque através dele a sabedoria experiencial dos
antepassados passava para uma nova geração” 8, assim como a experiência de um
pai é passada ao seu filho.
Na segunda parte, o livro de Provérbios segue a estrutura hebraica de poesia
que é formada por paralelismos. Mais adiante, na segunda lição, explicaremos
melhor e daremos alguns exemplos acerca deste tipo de formação poética.
Várias são as propostas de estrutura do livro de Provérbios. De fato, podemos
perceber que existem várias seções e, nelas, ênfases e autores distintos falam.
Como não é possível relacionar todas as propostas, apresentaremos a que
pensamos ser mais razoável para o entendimento panorâmico do livro de
Provérbios.
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O prólogo – Pv 1.1-7
Extensos discursos sobre a sabedoria (Pv 1.8-9.18)
Provérbios salomônicos (Pv 10.1-22.16; 25.1-29.27).
Ditados dos sábios (Pv 22.17 – 24.34)
Ditados de Agur (Pv 30).
Ditados do rei Lemuel (Pv 31.1-9)
Poema da mulher virtuosa (Pv 31.10-31).
Na parte dos provérbios propriamente ditos, não existe sistematização dos
temas. Assim por exemplo, “caminhos que parecem bons, mas ao término dão em
caminhos de morte, encontram-se em Pv 14.12, mas também em Pv 16.25. Temas
como preguiça, sabedoria, temor do Senhor, entre tanto outros, se repetem em
diversas partes do livro.
6
Andrew E. Hill & J. H. Walton. Panorama do Antigo Testamento. Ed. Vida, 2006, p. 391.
Raymond B. Dillard & Tremper Longman III, Introdução ao Antigo Testamento, Ed. Vida Nova, 2006, p. 229.
8
Ivo Stoniolo, Como ler o livro dos Provérbios, Paulus: 1992, p. 27.
7
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4) A data de confecção de Provérbios.
Pelo fato deste livro ser composto de várias coleções de ditos e provérbios, a
data também é variada. “Provérbios é uma antologia composta de vários textos de
diferentes autores em diversos períodos de tempo”.9
Os estudiosos estão divididos quanto à exatidão da datação. Algumas pistas
deixadas no livro nos levam as seguintes conclusões: a) Sendo Salomão um dos
autores desta obra - na verdade o principal – a data do século X a. C. constitui-se a
mais antiga; b) por outro lado, em sendo os sábios do rei Ezequias (715 a 686 a. C.)
os compiladores destes ditados, temos o século VII a. C como uma data
intermediária. c) Porém, “o século V a. C. é uma data razoável para a edição final” 10
por causa do retorno do cativeiro babilônico no qual muitos estudiosos bíblicos
acreditam que esse livro tenha sido finalizado e encontrado sua forma definitiva.
Assim, para o seu estado final, temos cinco séculos de confecções e
compilações deste livro, começando no século X e terminando no século V a.C.
Deus agiu e guiou seu povo e alguns “homens santos” (2 Pd 1.21) na confecção
deste livro inspirador.
5) Os destinatários de Provérbios.
Para sabermos os destinatários imediatos do livro, devemos observar o texto
de Pv 1.2-6. Os que desejam vida, os que querem crescer em conhecimento e
sabedoria, são os destinatários imediatos. Mas também os tolos, os inexperientes,
os jovens e os símplices, são convidados a aprender do livro de Provérbios.
Resumidamente, todas as pessoas são convidadas a ler, meditar e praticar os
preceitos deste livro, sejam essas pessoas homens ou mulheres, ricos ou pobres,
jovens ou adultos, sábios ou símplices.
Segundo Ivo Storniolo, há três tipos de pessoas que o livro apela para que
haja conversão e conseqüentemente, vida abençoada. Para que as palavras surtam
efeito e haja o acréscimo da sabedoria, é necessário primeiro que o indivíduo se
converta. As três “classes” de pessoas encontram-se em Pv 1.22 e são elas: a) os
néscios ou ingênuos (pessoas que não refletem e se deixam enganar facilmente,
porque não possuem espírito crítico diante da vida); b) os escarnecedores ou
zombadores (que são as pessoas auto-suficientes, ensimesmadas e que caçoam da
fé dos filhos de Deus - ver Sl 1.1; 10. 4; 14.1; Is 28.14-22); c) os insensatos ou
loucos, os que não observam e não querem aprender do Senhor e que, por isso
mesmo, ficam privados do bom senso.11
Quanto aos três últimos citados (néscios, escarnecedores e insensatos), as
palavras de instrução podem ser inúteis, não por causa delas mesmas, mas por
causa da postura e sentimento adotados por essas pessoas frente à palavra de
Deus. Lembremo-nos que o próprio Jesus aconselhou a não jogar pérolas aos
porcos (Mt 7.6). Eles as pisarão, não as valorizarão, as esmagarão debaixo de suas
patas. Para o porco, pedras e pérolas são uma e a mesma coisa. Assim o estulto, o
9
Raymond B. Dillard & Tremper Longman III, Introdução ao Antigo Testamento, Ed. Vida Nova, 2006, p. 226.
William S. LAsor, David A. Hubbard & Frederic W. Bush. Introdução ao Antigo Testamento, ed. Vida Nova,
2003, p. 511.
11
Ivo Stoniolo, Como ler o livro dos Provérbios, Paulus: 1992, p. 43.
10
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tolo, aquele que é néscio, não pode aproveitar as palavras de sabedoria enquanto
ele não as valorizar e se submeter a elas em temor e obediência. E para valorizar as
palavras de sabedoria, ele deve se converter ao Senhor.
Os comentaristas também dizem que o livro “possivelmente era parte
importante do currículo na educação do jovem hebreu”. 12 Em sendo assim, serviria
como base e fundamento para a perpetuação do modus vivendi de toda a
comunidade do povo de Deus evitando os tão conhecidos “choque de gerações” e
“mundanização”. O que era bom, descente, proveitoso, deveria ser lembrado e
perpetuado na nação. E para que isso acontecesse era necessário educar os
jovens.
De um modo geral, entretanto, o livro é destinado a todo o povo de Deus e
também a quem não pertence ao seu aprisco. O aproveitamento das instruções de
sabedoria, porém, vai depender da própria pessoa que as ouve. Quem é de Deus,
será beneficiado; quem não é, pisará nas pérolas da Palavra de Deus.
6) O propósito de Provérbios.
O propósito fundamental de Provérbios é instruir. Sua mensagem “se alicerça
na crença de que a sabedoria pode ser ensinada e passada de uma geração para a
outra”.13
Essa instrução é feita a partir da análise de casos concretos, de situações de
vida que foram observadas pelas gerações passadas e que agora estão disponíveis
em forma de “ditados” a todos quantos quiserem ouvir.
Os leitores e ouvintes deste livro aprenderiam a discernir quais são as
condutas corretas e incorretas numa multiplicidade de situações. 14 Sabendo qual é o
certo, dever-se-ia praticar; entendendo qual era situação errada, dever-se-ia evitar
ou fugir da mesma. Tudo isso era feito visando levar os leitores e ouvintes de
provérbios à obediência ao Senhor. Essa obediência leva o título de “temor do
Senhor” nesta obra.
Decerto, os leitores e ouvintes poderão rejeitar o convite da sabedoria;
poderão não obedecer à Palavra do Senhor. Lembremo-nos de que a sabedoria
clama, chama, convida, mas não força ninguém a segui-la.
Deve-se lembrar, todavia, que rejeitar a sabedoria é como rejeitar o próprio
Deus (Jr 7.13, 23-26). O Senhor julgará os rebeldes, rejeitando aqueles que o
rejeitaram (Pv 1.26-28, 31).
Infelizmente aqueles que rejeitaram a sabedoria em vida, depois da morte,
mesmo que a procurem, não a encontrarão porque será tarde demais; não haverá
mais tempo de encontrá-la e se converter e ser curado e abençoado por ela (Os
5.12; Mq 3.4; Jr 8.8-11; Ez 8.18).
Quem ouve a sabedoria, encontrará a vida; quem a rejeita age contra si
mesmo, provocando o próprio sofrimento e até mesmo a morte (Pv 8.35-36 comp. Dt
30.15, 20)
O livro de Provérbios nos lembra que não é somente a sabedoria que faz o
convite; a insensatez também convida. Na vida, tanto o bem quanto o mal, o certo e
12
Andrew E. Hill & J. H. Walton. Panorama do Antigo Testamento. Ed. Vida, 2006, p. 394.
Idem, p. 393.
14
William S. LAsor, David A. Hubbard & Frederic W. Bush. Introdução ao Antigo Testamento, ed. Vida Nova,
2003, p. 500.
13
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o errado, a virtude e o vício, é afinal, uma questão de escolha, de se dar “ouvidos”
aos convites e às propostas que se nos são feitas.
Desta forma, em Provérbios 9 encontramos essas duas mulheres fazendo o
seu convite, tentando capturar aqueles que estão trilhando os caminhos da
existência terrena.15 Interessante notar que o convite de ambas as “mulheres”,
sabedoria e insensatez, é o mesmo: “quem é simples, volte-se para aqui. Aos faltos
de senso diz...” (Pv 9.4, 16). O mal não se apresenta como mal, mas como um bem,
como algo bom e proveitoso. A tentação raramente se apresentará maltrapilha,
fedorenta, feia e repugnante; pelo contrário, será bonita e bem convidativa.
Quem escolhe a sabedoria, opta por Deus. Quem escolhe a insensatez, opta
pelos falsos deuses. Ainda que na mente da pessoa, ela não esteja optando por
falso deus algum, em última instância, quem não opta pela sabedoria, abraça os
falsos deuses. Tudo quanto ocupar o lugar de Deus será um falso Deus na vida do
indivíduo.
Quem abraça a sabedoria, abraça a vida (Pv 3.18). Quem abraça a
insensatez, abraça a morte (Pv 9.18). A vida e a morte estão ligados aos caminhos
que escolhemos: sabedoria ou insensatez.
Conclusão.
Chegamos ao final desta primeira lição sobre Provérbios. O objetivo é prover
algumas informações que podem ajudar a entender e interpretar corretamente o
livro.
Minha oração é que o Senhor nos abençoe e nos conceda sabedoria e
conseqüentemente, temor ao Seu santo nome.
Fixação da lição.
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Usando suas próprias palavras, explique o que é um provérbio.
Quantos e quais são os autores do livro de Provérbios?
Em que época foi escrito o livro de Provérbios?
Quais são os dois grandes blocos nos quais o livro de Provérbios foi redigido?
Quem são os destinatários de Provérbios?
Quais são os propósitos do livro de Provérbios?
O que devo fazer?
•
•
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•
15
Leia Provérbios.
Busque obter a sabedoria e o temor do Senhor.
Não se iluda com os convites do pecado, de Satanás e deste mundo
tenebroso; antes, fuja deles.
Compartilhe a sabedoria bíblica com aqueles que ainda não a conhecem.
Raymond B. Dillard & Tremper Longman III, Introdução ao Antigo Testamento, Ed. Vida Nova, 2006, pp.
233-34.
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OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 2
Tema:A Finalidade do Estudo de Provérbios
Texto: Pv 1.2-6
Introdução.
Muitos já ouviram o ditado popular: “conhecimento é poder”. Na era das
grandes comunicações e dos grandes avanços tecnológicos, as informações e o
conhecimento se transformaram numa moeda forte e poderosa. Assim, quem tem
conhecimento tem poder e, conseqüentemente, tudo quanto ele traz: dinheiro, fama,
status, domínio, etc.
Observamos, porém, que tanto o livro de provérbios quanto o restante das
Escrituras não partilham dessa visão ensoberbecedora e prejudicial do
conhecimento. Salomão em Eclesiastes, por exemplo, diz que “não há limites para
se confeccionar livros e o muito estudar e canseira e enfado da carne” (Ec 12.12).
No final, o poder em vez de trazer bênçãos, traz maldições; em vez de trazer alívio,
traz peso; em vez de trazer paz, traz tribulação de alma.
Tiago ensina-nos também que o conhecimento das Escrituras sem a sua
prática não produz benefícios espirituais. Pelo contrário, pode até ser prejudicial (Tg
1.22ss). Jesus advertiu seriamente os seus discípulos quanto ao fato de se ouvir a
Sua palavra e não praticá-la (Mt 7.24-27).
Desta forma, é fundamental entendermos que a leitura e estudo das
Escrituras visam à prática e não ao mero conhecimento teórico. Infelizmente há
pessoas que fizeram e fazem do conhecimento da Bíblia uma fonte de opressão,
exploração e manipulação dos outros. Suas vidas não foram e nem são
transformadas porque amam o conhecimento e seus próprios “ventres”; não amam a
Deus e ao próximo.
Desenvolvimento.
No decorrer da história iremos encontrar pessoas que, à semelhança dos
fariseus e de muitos outros religiosos, conheciam a Palavra de Deus e os seus
ensinos e mandamentos, mas não tinham o compromisso de praticá-los (Mt 23.1ss).
Foi a partir do século XVIII, com o advento do iluminismo e sua influência
sobre a Igreja de Cristo, que passamos a encontrar pessoas que conheciam muito
da estrutura, línguas, gêneros literários e mensagem das Escrituras, mas que, ao
mesmo tempo, não criam nelas e nem as praticavam. O conhecimento era enorme;
a prática, porém, quase inexistente.
O conhecimento técnico das Escrituras pode ser de grande valia e se
constituir em via para a melhor compreensão e interpretação da mensagem divina.
Todavia, tal conhecimento “técnico” não pode ser um fim em si mesmo, além do que,
se aqueles que lêem e examinam as Escrituras não tiverem fé e desejo de cumprir a
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vontade de Deus e dar ouvidos aos Seus mandamentos, as informações advindas
do estudo acadêmico de nada contribuirão para a edificação e conversão das
pessoas.
Como já dissemos, a proposta bíblica e em especial a de provérbios é outra.
Nesta lição, veremos um pouco sobre a finalidade e o objetivo de se estudar essa
porção das Escrituras, bem como providenciaremos algumas dicas de interpretação
e aplicação desta parte da Palavra de Deus.
Vamos, então, ao estudo sobre a finalidade de Provérbios.
1) A finalidade de se estudar e aprender as lições de Provérbios.
Provérbios não é um livro que se estude a fim de ter inteligência ou apenas
conhecimento intelectual de determinada matéria. Ele não é um livro de
conhecimento cognitivo, mas de sabedoria de vida. Muitas pessoas confundem
conhecimento com sabedoria. Não deveriam. Ambas são distintas. Embora a
sabedoria seja um saber ou conhecimento, não se trata de um conhecimento
meramente intelectual, cognitivo.
“A sabedoria é um discernimento crítico, uma capacidade de perceber
profundamente a realidade e as situações, que levam a pessoa a orientar a sua
vida”.16 Discernimento e orientação são palavras-chaves que encontram sua real
finalidade quando a pessoa que lê as Escrituras quer viver sua vida de acordo com a
vontade de Deus.
Lê-se Provérbios para viver melhor, mais abençoadamente. Lê-se para
praticar e experimentar a graça de Deus na vida. Não podemos nem devemos ler
Provérbios a fim de nos tornarmos mais cultos ou inteligentes. Devemos ler
Provérbios para sabermos dirigir melhor nossa vida bem como para, sobretudo,
aprender a agradar ao nosso Deus. Ouçamos o que o próprio texto nos diz:
•
Para aprender a sabedoria e o ensino; para entender as palavras de
inteligência; para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e a
equidade; para dar aos símplices prudência e aos jovens, conhecimento e
bom siso. Ouça o sábio e cresça em prudência; e o instruído adquira
habilidade para entender provérbios e palavras, as palavras e enigmas dos
sábios – Pv 1.2-6.
No gráfico abaixo, mostraremos as tarefas que o ser humano deve
desempenhar a fim de se alcançar a sabedoria e as consequências benéficas de se
persegui-la.
Tarefas
Aprender
Entender
Obter
Dar
Crescer
16
Resultados
A sabedoria e o ensino.
A palavra de inteligência
O ensino do bom procedimento, a
justiça, o juízo e a equidade.
Prudência, conhecimento e bom siso.
Em prudência, conhecimento e reflexão.
Ivo Stoniolo, Como ler o livro dos Provérbios, Paulus: 1992, p. 07.
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Propositadamente foi deixado de lado o versículo sete deste trecho de
Provérbios capítulo um. Nele, encontramos o ápice do aprendizado de Provérbios,
qual seja: obter o temor a Deus.
Aprendemos os Provérbios bíblicos a fim de termos temor ao Senhor e o
temor, além da reverência e obediência a Deus, faz-nos vê-lo como Ele é, ou seja, o
Ser Todo-Poderoso a quem devemos todo respeito, consideração e amor.
2) Os tipos de versos encontrados em Provérbios.
A poesia hebraica faz uso de um recurso que se chama “paralelismo”. De
modo bem simples, o paralelismo significa que um verso ou uma linha tem
correspondência com outro verso ou linha. Essa correspondência se dá de diversas
formas, seja por meio de idéias e conceitos sinônimos, antagônicos, progressivos,
comparativos, avaliativos e numéricos. Logo abaixo, por meio dos exemplos, ficará
mais claro o enunciado que acabamos de fazer.
Usaremos a classificação do estudioso Ivo Storniolo 17 por acharmos mais
simples, objetivo e elucidativo sua proposta acerca dos diferentes paralelismos
encontrados em Provérbios. Vamos a eles:
Paralelismo sinônimo. Neste tipo de paralelismo, a segunda linha ou verso
(também pode ser chamado de membro) concorda com a primeira. Essa
concordância se dá por meio de idéias semelhantes. Trocam-se verbos ou
substantivos da primeira linha por outros que lhes sejam semelhantes na segunda.
Assim, “a segunda linha reafirma ou reforça a primeira”. 18 Exemplos:
A soberba precede a ruína,
E a altivez de espírito, a queda – Pv 16.18.
Não entres na vereda dos perversos
Nem sigas pelo caminho dos maus – Pv 4.14
Desvia de ti a falsidade da boca e
afasta de ti a perversidade dos lábios – Pv 4.24
Paralelismo antitético. Neste tipo de paralelismo, a segunda linha ou verso
opõe-se à primeira. São usados termos e idéias antônimas, ou seja, “a segunda
linha do paralelismo postula uma idéia oposta à da primeira linha”. 19 Exemplos:
O que ajunta no verão é filho sábio,
Mas o que dorme na sega é filho da vergonha – Pv 10.5.
A memória do justo é abençoada,
Mas o nome dos perversos cai em podridão – Pv 10.7
17
Ivo Stoniolo, Como ler o livro dos Provérbios, Paulus: 1992, pp. 52-63
William S. LAsor, David A. Hubbard & Frederic W. Bush. Introdução ao Antigo Testamento, ed. Vida Nova,
2003, p. 504.
19
William S. LAsor, David A. Hubbard & Frederic W. Bush. Introdução ao Antigo Testamento, ed. Vida Nova,
2003, p. 504.
18
Igreja Presbiteriana Betânia
Uma família aos pés do Senhor
A boca do justo produz sabedoria,
Mas a língua da perversidade será desarraigada - 10.31
Paralelismo progressivo. Neste tipo de paralelismo, a segunda linha ou
verso não concorda nem discorda com a primeira linha. O que há é uma progressão
da idéia apresentada na primeira linha, estendendo, ampliando ou reforçando o seu
significado. Exemplos:
O coração do sábio é mestre de sua boca
E aumenta a persuasão dos seus lábios – Pv 16.23
O homem violento alicia o seu companheiro
E guia-o por um caminho que não é bom – Pv 16.29
Coroa de honra são as cãs
Quando se acham no caminho da justiça – Pv 16.31
Paralelismo avaliativo 20. Neste tipo de paralelismo, a segunda linha ou verso
apresenta uma equivalência com a primeira. Geralmente usa-se a palavra “como”
para identificar esse tipo de provérbio. Exemplos:
Como maça de ouro em salva de prata,
Assim é a palavra dita a seu tempo – Pv 25.11
Como nuvens e ventos que não trazem chuvas,
Assim é o homem que se gaba de dádivas que não fez – Pv 25.14
Como passa a tempestade, assim desaparece o perverso
Mas o justo tem perpétuo fundamento – Pv 10.25
Há, entretanto, casos nos quais está implícita a comparação, não sendo
usada a palavra de ligação “como”. Exemplos:
O crisol prova a prata, e o forno, o ouro;
mas o coração prova o Senhor – Pv 17.3 (ver também 25.14 e Pv 11.22)
Paralelismo de comparação. Neste tipo de paralelismo, a primeira linha ou
verso estabelece uma relação de comparação de superioridade (melhor do que ou
mais vale) com a segunda. Exemplos:
Melhor é o pouco havendo justiça,
do que grandes rendimentos com injustiça – Pv 16.8.
Melhor é o que se estima em pouco e faz o seu trabalho
Do que o vanglorioso que tem falta de pão – Pv 12.9.
Melhor é o pouco, havendo temor do Senhor
20
Adequação minha da proposta de Storniolo.
Igreja Presbiteriana Betânia
Uma família aos pés do Senhor
Do que grande tesouro onde há inquietação – Pv 15.16
Paralelismo Numérico. Essa forma especial de provérbio “envolve muitos
membros em paralelo, de dois até dez. A intenção é afirmar uma identidade
progressiva de coisas que, tomadas em si mesmas, são bem diferentes”. 21 Esse tipo
de paralelismo “cria um senso de expectativa conduzindo a um clímax, e é um
auxílio à memória do ouvinte.”22 A última linha ou o último número é o mais
importante.
Como o próprio nome sugere, esse tipo de provérbio é caracterizado pelo uso
de números. Seu uso é encontrado em outras partes das Escrituras, como por
exemplo, Am 1 e 2 e Mq 5.5. Exemplos:
Há três coisas que são maravilhosas demais para mim
Sim, há quatro que não entendo:
O caminho da águia no céu,
O caminho da cobra na penha,
O caminho do navio no meio do mar
E o caminho do homem com uma donzela - Pv 30. 18-19.
Sob três coisas estremece a terra,
Sim, sob quatro não pode subsistir:
Sob o servo quando se torna rei;
Sob o insensato quando anda farto de pão;
Sob a mulher desdenhada quando se casa;
Sob a serva que se torna herdeira de sua senhora - Pv 30. 21-23.
Há três que tem passo elegante,
Sim, quatro que andam airosamente:
O leão, o mais forte entre os animais,
Que por ninguém torna atrás;
O galo, que anda ereto,
O bode e o o rei, a quem não se pode resistir - Pv 30. 29-31
3) Como ler e interpretar o livro de Provérbios.
Toda interpretação dos textos bíblicos deve ser feita de acordo com o gênero
literário na qual eles se encontram. Exemplificando: no gênero chamado narrativo a
intenção de quem escreve é apenas informar o que aconteceu. Não existe a
intenção de que se faça a mesma coisa por parte de quem lê.
Assim, em At 2.42-47, Lucas, o evangelista, diz que na primeira comunidade
de cristãos os membros mais abastados venderam tudo o que tinham e depositaram
o valor da venda “aos pés dos apóstolos”. Essa foi uma atitude louvável daqueles
irmãos, mas não é um mandamento de Deus para nós. Ou seja, hoje, a Bíblia não
proíbe o cristão de ter bens ou propriedade particular; nem tampouco, a Bíblia
21
Ivo Stoniolo, Como ler o livro dos Provérbios, Paulus: 1992, p. 61.
William S. LAsor, David A. Hubbard & Frederic W. Bush. Introdução ao Antigo Testamento, ed. Vida Nova,
2003, p. 510.
22
Igreja Presbiteriana Betânia
Uma família aos pés do Senhor
manda-nos a todos vender o que temos e distribuir o resultado desta venda entre os
membros da Igreja.
Para ler e entender corretamente o livro de Provérbios, “devemos ter em
mente que se tratam apenas de generalizações. Ainda que enunciados como
absolutos – conforme exige a forma literária, devem ser aplicados em situações
específicas e não de modo indiscriminado”.23
“A ilustração mais dramática da aplicação limitada ao contexto de um
provérbio é obtida por uma comparação entre Provérbios 26.4-5:” 24
Não respondas ao insensato segundo a sua estultícia,
Para que não te faças semelhante a ele.
Ao insensato responde segundo a sua estultícia,
Para que não seja ele sábio aos seus próprios olhos.
Somente o contexto dirá se devemos ou não responder ao insensato. Quem
desconhece este princípio poderá concluir que há uma contradição aqui. No entanto,
não há. Conforme dissemos, Provérbios não são leis, mas sim observações gerais
que, na maioria das vezes, “funciona”, embora, sempre devemos saber que há
exceções.
Repetindo: os provérbios são generalizações. Na maioria das vezes eles vão
funcionar. No entanto, há exceções. Por exemplo: o normal é o justo prosperar e o
ímpio amargar derrotas e situações difíceis. Todavia, como o próprio Salmo 73 nos
ensina, o ímpio pode prosperar e o justo, não.
Sempre que lermos Provérbios devemos analisar as conclusões que tirarmos
com o restante da Bíblia. Isso nos livrará de cometermos equívocos e teremos a
certeza de que o que aprendemos é exatamente o que toda a Bíblia nos ensina.
Conclusão.
Agora que conhecemos os diferentes tipos de provérbios estamos mais
preparados para entendê-los e aplicá-los à nossa vida.
Deve-se dizer, entretanto, que a grande finalidade de se estudar Provérbios é
adquirir, da parte do Senhor, sabedoria, instrução e temor ao Seu santo nome. Se
não for assim, todo e qualquer conhecimento intelectual que se fizer nada
significará, pois, diante do Senhor, aquele que conhece a Palavra de Deus e não a
pratica, engana-se a si mesmo e não tem a bênção e aprovação do Senhor (Tg
1.22ss).
Que o Senhor nos abençoe a absorver as suas instruções e a aplicá-las à
nossa vida e à nossa fé.
23
William S. LAsor, David A. Hubbard & Frederic W. Bush. Introdução ao Antigo Testamento, ed. Vida Nova,
2003, p. 510.
24
Raymond B. Dillard & Tremper Longman III, Introdução ao Antigo Testamento, Ed. Vida Nova, 2006, p.235.
Igreja Presbiteriana Betânia
Uma família aos pés do Senhor
OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 3
Tema: A Sabedoria segundo Provérbios.
Texto: Pv 2.1-10.
Introdução.
Aprendemos em Provérbios que a sabedoria é bem diferente do
conhecimento. Embora a sabedoria exija certo grau de informação e conhecimento,
ela não é, em essência, o mesmo que ter grande conteúdo intelectual.
A sabedoria leva-nos à compreensão mais acertada da vida, com seus
múltiplos desafios e suas múltiplas escolhas. “A sabedoria é um discernimento
crítico, uma capacidade de perceber profundamente a realidade e as situações, que
levam a pessoa a orientar a sua vida”.25
A pessoa sábia faz escolhas corretas. Ela consegue enxergar além da mera
aparência. O desprovido de sabedoria age por impulso, sem medir as
consequências. O insensato (oposto ao sábio) é aquele que está autocentrado,
pensa apenas em si mesmo, no seu prazer, na satisfação imediata. Por ser
insensato, não se preocupa com as consequências de suas escolhas, nem
tampouco pondera sobre seu estilo de vida.
Por isso, os caminhos do sábio e do insensato são tão diferentes. Eles
desembocam em consequências diferentes.
Desenvolvimento.
O objetivo do livro de Provérbios é levar os seus leitores a adquirir sabedoria.
Para o seu autor, o “sucesso” e as verdadeiras e grandes alegrias existenciais só se
conquistam quando o indivíduo pauta sua vida pela sabedoria que vem do Senhor. A
paz, o amor, a qualidade de vida e o bem viver só tem quem anda no caminho da
sabedoria.
Por essa razão, no capítulo 2 de Provérbios as pessoas são incentivadas a
“aceitar” as palavras de instrução e a “esconder” consigo os mandamentos da
sabedoria (Pv 2.1). São orientadas a buscar a sabedoria com a mesma avidez com
que se buscam as riquezas deste mundo (Pv 2.4). De fato, a atitude mais inteligente,
mais importante e, porque não dizer, indispensável à vida, é se buscar a sabedoria.
Quem tem sabedoria, tem tudo!
O autor deixa claro que a sabedoria vem do Senhor (Pv 2.6). Não vem do
próprio homem, ou de sua capacidade intelectual, ou das circunstâncias. Ele pode
adquiri-la, mas sua aquisição, direta ou indiretamente, procede do Senhor nosso
Deus. O apóstolo Tiago também ensina essa mesma verdade em sua carta (Tg 1.5).
É o próprio Senhor quem “reserva a verdadeira sabedoria para os retos” (Pv
2.7). Deus quer abençoar seu povo com sabedoria. A questão é saber se o Seu
25
Ivo Stoniolo, Como ler o livro dos Provérbios, Paulus: 1992, p. 07.
Igreja Presbiteriana Betânia
Uma família aos pés do Senhor
povo tem desejado e, verdadeiramente, buscado alcançar a sabedoria que vem do
Senhor.
Abaixo, apresentaremos algumas lições e ensinamentos acerca da sabedoria.
Vamos a elas:
1) Termos e conceitos acerca da sabedoria.
A Bíblia trabalhará com uma série de vocábulos que expressam o conceito ou
a idéia de sabedoria. Pode-se dizer que a sabedoria é multifacetada, ou seja, possui
muitas facetas, muitos “rostos”. Ela ora se apresenta de uma forma, ora de outra.
Todavia, todas as suas manifestações querem apenas demonstrar a complexidade e
beleza da sabedoria. Vamos expor abaixo os termos sinônimos de sabedoria. 26
a. Instrução (Pv 1.8; 4.1, 13; 9.9; 13.1; 23.23) – a pessoa pode ser instruída
e treinada na sabedoria. Isso significa que é preciso dedicação e interesse em se
adquirir a sabedoria. O sábio é tanto o instruído quanto o treinado nos caminhos do
Senhor. Esse termo é usado em especial para os discípulos. Não é qualquer um que
pode ser instruído nos caminhos do Senhor; apenas os que já são dEle e se
submetem a Ele que aprendem a sua doutrina e o seu caminho.
Em o Novo Testamento o discípulo é aquele que está sendo instruído nos
caminhos do Senhor pelo próprio Jesus. A sabedoria e a instrução encontram-se
com o Senhor Jesus. Ele é a encarnação da sabedoria (1 Co 1.24, 30). Por isso, só
é sábio quem o segue e se encontra nEle.
b. entendimento (Pv 2.2, 3; 4.1, 5, 7; 8.14; 14.29; 15.32; 19.8; 23.23) – esse
termo evoca o ato de se discernir os caminhos, se pensar as escolhas que se faz na
vida. O sábio entende as implicações de todas as decisões que se toma e evita
aquelas que terminam em morte ou prejuízos. Os insensatos (ou não sábios) não
entendem e, pior ainda, não querem entender. Confiam apenas no seu próprio
humano e pecador entendimento (Pv 3.5). Por isso, recebem a devida consequência
de seu descaso para com a sabedoria ou entendimento de Deus (Pv 15.21; 17.16;
18.2; 21.16).
Em o Novo Testamento aqueles que não são discípulos não entendem (2 Co
4.4; Ef 4.18; Cl 1.21), não conseguem enxergar as verdades do Senhor. Mesmo os
discípulos precisavam que o Senhor lhes abrisse o entendimento para
compreenderem as verdades espirituais (Lc 24.45).
c. sábio proceder (Pv 1.3; 12.4; 13.16; 14.14; 19.2; 21.8) – é a atitude
tomada pelo bom senso, pelo equilíbrio, pela maturidade de vida. É a sabedoria que
se manifesta na prática, com escolhas práticas que produzem benefícios na vida dos
homens. A sabedoria pode ser expressa através de corretos procedimentos. O
contrário também é verdadeiro, ou seja, o insensato procede sem refletir, procede
precipitadamente. Ele assim age porque lhe falta sabedoria. Ele é um estulto, ou
seja, um grande tolo.
A sabedoria bíblica nunca é meramente teórica; ela sempre deságua em atos
e consequências práticas. O sábio não é apenas a pessoa que conhece o que é
26
As informações desta parte do estudo estão alicerçadas no vocábulo “sabedoria” do Dicionário Bíblico, ed.
Vida Nova,
Igreja Presbiteriana Betânia
Uma família aos pés do Senhor
certo e errado, que sabe discernir, mas sim aquele que pratica o que é certo. O
insensato também não permanece no campo das idéias e teorizações, antes,
igualmente realiza algum ato, no caso dele, insano e prejudicial.
d. prudência (Pv 1.4,5; 8.5; 9.9, 10; 15.5; 16.16; 19.25) – esse termo é
usado para designar o homem que nos negócios e nos assuntos particulares age
com cautela e discernimento. Mas é também usado para se referir ao discípulo ou
aprendiz que busca ser sábio. A prudência se manifestará na vida dos sábios, posto
que eles querem a vida e as bênçãos do Senhor. O prudente não é precipitado e
nem tampouco tolo ao ponto de agir sem refletir e discernir todas as situações.
O Próprio Jesus orientou seus discípulos a serem “simples como as pombas e
prudentes como as serpentes” (Mt 10.16). Ou seja, O senhor Jesus orienta seus
discípulos a refletirem, ponderarem e a não serem precipitados em nenhum assunto
da vida.
e. Aprendizagem (Pv 1.2; 19.25) e conhecimento (Pv 1.4, 22, 29; 2.5, 10;
3.13; 5.2; 9.10; 10.14; 12.1; 13.16; 14.6; 18.15; 19.25; 23.12) - o conhecimento e a
aprendizagem não se manifestam sobre qualquer assunto ou qualquer matéria;
antes, os termos achados dentro de seus contextos apontam para o próprio Deus.
Isto significa uma direção bem diferente da que estamos acostumados a observar. A
proposta aqui não é a que se conheça meramente conteúdo teórico, credos e
doutrinas. O objetivo é conhecer, pessoalmente, o próprio Deus. O relacionamento
com Deus vem em primeiro lugar.
Jesus orientou seus discípulos a aprenderem dele porque Ele é manso e
humilde de coração (Mt 11.29). Nesse texto, o conhecimento é da pessoa de Jesus
e não de sua doutrina (muito embora na maioria dos textos, conhecer a Jesus
implica em conhecer a sua doutrina).
Todas as cinco manifestações da sabedoria visam alargar nossa
compreensão sobre ela. Aquele que adquire a sabedoria, adquire a instrução, o
entendimento, a prudência e o conhecimento; mas também encontrou o modo
correto de proceder, ou seja, de viver sua vida. Eis a sabedoria!
2) Nesta vida só há espaço para dois caminhos: ou tomamos o caminho da
sabedoria, ou tomamos o caminho da insensatez.
Para o autor de Provérbios não existe uma terceira via ou terceiro caminho. O
que há são apenas dois caminhos: o caminho da sabedoria (Pv 9.1-12) e o caminho
da insensatez (Pv 9.13-18).
Em Provérbios 9, estas duas senhoras, “a “sabedoria” e a “insensatez”, fazem
seus convites a todas as pessoas. Elas são opostas entre si e estão “lutando” para
conquistar os homens. Ambas têm algo a oferecer aos seres humanos que são
chamados de simples, ou seja, pessoas comuns. O convite delas pretende atender
às necessidades dos homens:
•
•
Quem é simples, volte-se para aqui. Aos faltos de senso diz: vinde, comei do
meu pão e bebei do vinho que misturei – Pv 4.4-5.
Quem é simples, volte-se para aqui. Aos faltos de senso diz: as águas
roubadas são doces, e o pão comido às ocultas é agradável – Pv 9.16-1.7
Igreja Presbiteriana Betânia
Uma família aos pés do Senhor
Algo interessante de se notar é que ambas não obrigam ninguém a segui-las.
Segue-as quem assim deseja. Há convites e persuasões, mas não há coação para
segui-las. O ser humano pode ser influenciado, mas não obrigado a segui-las.
Mesmo o mal, segundo a teologia do Novo Testamento, só se manifesta quando a
pessoa se deixa atrair e seduzir pela sua própria cobiça (Tg 1.14-15).
Quem escolhe uma dessas duas senhoras colherá, inexoravelmente, as
consequências de sua escolha. Assim, quem escolhe a sabedoria receberá como
prêmio maior a própria vida (Pv 8.35), bem como quem escolhe a insensatez,
colherá a morte (Pv 8.36; 9.18). A vida e a morte estão, respectivamente, nas mãos
da sabedoria e da insensatez. Que todo homem saiba disso!
O Senhor Jesus nos ensina igualmente que só há dois caminhos: o largo e o
estreito (Mt 7.13-14). Embora não haja a menção da sabedoria e da insensatez no
texto de Mateus, elas estão implícitas. A maior atitude de sabedoria é seguir Jesus;
o maior ato de insensatez e desprezá-lo.
Nos evangelhos, Jesus também nos ensina que não é possível servir a dois
“senhores” ou a duas “senhoras” ao mesmo tempo (Mt 6.24). Não é possível se
submeter a ambas. Elas são ciumentas e exclusivistas!
Em o Novo Testamento aprendemos que a verdadeira sabedoria é o Senhor
Jesus (1 Co 1.24, 30). Assim, quando escolhemos a sabedoria neste nosso tempo,
escolhemos andar nos caminhos do Senhor Jesus com todos os ônus e bônus que
tal escolha possa acarretar.
3) A sabedoria pode ser adquirida, rejeitada, perdida e, felizmente, readquirida.
O livro de Provérbios nos ensina que a sabedoria pode e deve ser adquirida
(Pv 4.5, 7; 16.16). A aquisição da sabedoria se dá por intermédio do querer, do
buscar e do ato de se exercitar nela. A pessoa deve estar disposta a tê-la com a
mesma intensidade que tem para possuir o ouro e a prata, ou seja, as riquezas
deste mundo (Pv 2.4). Mesmo o mais tolo e insensato dos homens pode vir a se
tornar sábio se ele verdadeiramente o desejar. No entanto, ele precisa primeiro se
arrepender dos seus pecados, das suas zombarias, dos seus desejos contrários à
vontade de Deus (Pv 14.6) e desejar pagar o preço de ser sábio. Ele precisa se
converter e se tornar uma pessoa de Deus para aprender a sabedoria (Pv 2.7-9).
A sabedoria pode ser rejeitada. Na verdade, os homens tantas e tantas vezes
a têm rejeitado ou trocado pela insensatez. No discurso da sabedoria em Pv 1.20-32
ela chama a quem quiser ouvir. Muitos não querem ouvi-la. É um direito da pessoa.
No entanto, essa mesma pessoa deve saber que a rejeição da sabedoria trará duras
consequências para si. Isto é inescapável.
A sabedoria também pode ser perdida. Foi o que aconteceu com Salomão.
Aquele que foi considerado o homem mais sábio do mundo (1 Rs 4.29-34), caiu
vergonhosamente na insensatez, praticando a idolatria, a imoralidade e o
sincretismo religioso (1 Rs 11.1-13). Ele é o maior exemplo de que mesmo homens
sábios e que tiveram grandes experiências com Deus podem, se cederem ao
pecado, se tornar grandes tolos.
A Bíblia nos ensina que algumas práticas e os compromissos com alguns
pecados específicos podem levar o ser humano a perder a sabedoria. No caso de
Salomão foi a sensualidade. Veja o que a Bíblia afirma sobre isso:
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Uma família aos pés do Senhor
•
•
A sensualidade, o vinho e o mosto tiram o entendimento – Os 4.11.
Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa
cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores
– 1 Tm 6.10
Graças a Deus pode-se reencontrar a sabedoria, readquiri-la novamente. Se
crermos que Salomão é o autor de Eclesiastes e que ele o escreveu na velhice,
podemos afirmar que ela pode ser reencontrada. Neste livro, Salomão concluiu que
tudo na vida é vaidade e que todo projeto ou ambição humana que exclua o Senhor
redundará em nada. Ele diz que a essência da vida, o que há de mais importante, é
temer a Deus e guardar os seus mandamentos (Ec 12.13-14). Ora, o temor do
Senhor é o princípio da sabedoria (Pv. 1.7). Para se ter temor a Deus, tem que se ter
sabedoria e, quem tem sabedoria, tem o temor de Deus em seu coração.
Mesmo quando se readquiri a sabedoria, a pessoa que fica longe dela muito
tempo e se envolve com a insensatez, acumula sobre si e sobre aqueles que estão
perto de si muitos tormentos. Mais uma vez citamos Salomão. Ele deveria não
somente ter uma vida boa, sossegada, sem tribulações, mas também seus filhos
deveriam perpetuar os frutos de se andar com Deus. Entretanto, ao rejeitar por tanto
tempo a sabedoria e por se envolver tão profundamente com o pecado, amargou
grandes problemas (1 Rs 11.14-25) e sua descendência perdeu a unidade e a
grandeza do reino (1 Rs 12).
Conclusão.
Há uma antiga história sobre a busca da sabedoria:
Um jovem queria aprender a sabedoria e empreende uma longa viagem,
passando por diversas culturas e lugares a fim de encontrá-la. Em terra distante,
houve falar de um homem muito sábio que tinha respostas para todas as perguntas
que lhe faziam. Esse jovem o procura e perguntou:
- mestre, onde posso encontrar a sabedoria?
O velho mestre olhou para ele e pediu que enfiasse sua cabeça num
reservatório de água. Sem entender muito o porquê daquele pedido, obedece à
palavra do ancião. Ao submergir sua cabeça na água, o velho mestre a segura, ao
ponto de quase afogá-lo. O jovem debate-se e tenta, com todas as forças, se erguer;
finalmente, após grande luta, consegue se livrar. Sem saber o que estava
acontecendo, ainda assustado, diz:
- por que o senhor tentou me matar?
O ancião olha para ele e diz:
- eu não tentei lhe matar; fiz isso para lhe ensinar. – e complementou – no dia
em que você realmente quiser a sabedoria, se você a buscar como lutou para sair
deste tanque d’água, você a achará.
Essa estória ilustra o que o próprio livro de provérbios ensina:
•
Eu amo os que me amam; os que me procuram, me acham – Pv 8.17.
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OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 4
Tema: A vida no temor do Senhor.
Texto: Pv 1.7.
Introdução.
Durante muitos anos ouvi de diversos líderes e pastores que o temor ao
Senhor não implicava em se ter medo de Deus. Alguns, citando João em sua
primeira carta capítulo 4 versículo 18 afirmavam que quem é do Senhor não pode ter
medo de Deus.
Essa é uma reflexão interessante. Será que João realmente contraria o todo
das Escrituras que apontam noutra direção? Será que a interpretação que afirma a
ausência deste medo é a melhor?
O que dizer sobre o texto de Lucas 4.5 quando Jesus diz claramente que
deveríamos temer não o homem, mas a Deus que tem o poder de matar e lançar no
inferno?
O que dizer, também, das diversas passagens bíblicas que ensinam e
exemplificam a presença do temor a Deus.
• Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo – Hb 10.31
• Nosso Deus é fogo consumidor – Hb 12.29
• O Senhor não tem por inocente o culpado – Ex 37.4
Isaías, ao ter a visão da glória celestial, sente medo e percebe toda sua
indignidade de estar na presença de Deus (Is 6.1-5). Pedro teve experiência
semelhante com Jesus antes mesmo de sua ressurreição e ascensão aos céus (Lc
5.1-11).
Essas e outras passagens demonstram claramente que os servos de Deus
em todos os tempos sempre tiveram temor a Deus em seu sentido mais óbvio. Com
isso, não se está excluindo o fato de que Deus é nosso Pai, amigo e amado de
nossa alma. Uma coisa não exclui a outra. Nosso Deus é maravilhoso, pleno de
bondade e misericórdia. Ele é mais do que desejável. Podemos e devemos nos
aproximar dele por intermédio de Jesus. No entanto, Ele também deve ser temido e
reverenciado em extremo.
Desenvolvimento.
Precisamos saber o que exatamente é o temor de Deus. Nesta lição, mais
adiante, nos propomos a apresentar as várias concepções da expressão “temor a
Deus” encontradas nas Escrituras.
Muitos críticos do cristianismo afirmam que nossa fé infunde o medo nas
pessoas; medo do juízo de Deus, medo do inferno, medo do futuro, etc. Dizem que o
cristianismo é a religião do medo.
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Uma família aos pés do Senhor
Tal crítica é tendenciosa e carente de uma compreensão maior das
Escrituras. Realmente, a Bíblia fala bastante sobre os perigos do pecado; fala sobre
a realidade inescapável do inferno para os que estão longe de Deus; e ensina
claramente a manifestação da ira de Deus no dia do juízo. No entanto, a Bíblia
pontua e enfatiza esses elementos porque, primeiro, é a verdade. A palavra de Deus
ensina tais doutrinas porque está falando de fatos e realidades concretas. Segundo,
para provocar arrependimento e conversão nos indivíduos. Não existe possibilidade
de alteração do inferno para as pessoas se não for pelo arrependimento e pela
conversão a Jesus Cristo. Terceiro, porque como Deus justo e Senhor do universo,
Ele não pode ser conivente com o erro, deixando de puni-lo e vindicá-lo. É função e
obrigação moral de Deus realizar a justiça.
Assim, os ensinamentos bíblicos sobre a justiça e o juízo de Deus são
expostos nas Escrituras a fim de salvar e libertar o ser humano do mal. Esses
ensinamentos não visam infundir o medo como um fim em si mesmo. Não objetiva
trazer o terror sádico sobre os seres humanos; pelo contrário, alerta as pessoas
quanto ao perigo de uma vida de rebeldia contra o Senhor dos senhores e Rei dos
reis.
O temor do Senhor age como preventivo contra o envolvimento com o
pecado. Quem teme a Deus, procurará viver da maneira mais santa e agradável a
Deus. No temor de Deus os servos e servas do Senhor encontram segurança na
vida e na fé.
1) Termos e conceitos acerca do temor ao Senhor.
Em o Novo Testamento, fobos27 é a palavra usada para descrever tanto o
medo quanto o temor. Como ela é usada reflete as noções e conceitos dos termos
da Velha Aliança. A principal palavra no Antigo Testamento para temor é yare’ que
pode expressar cinco conceitos ou noções gerais. 28 Isto não quer dizer que todos
estes significados sejam encontrados de uma só vez em cada contexto. Cada
contexto abarca apenas um significado.
a. A emoção do medo. A expressão temor como a manifestação de medo
encontra-se em Dt 5.5 quando Israel não se atreveu a chegar perto do Deus TodoPoderoso que falava com Moisés. Os israelitas só conheciam Deus de ouvir falar.
Tinham algumas promessas e alguma lembrança do Senhor por intermédio das
histórias dos patriarcas, mas não sabiam quem era o Senhor. Por isso, diante do
espetáculo horripilante no monte Sinai, eles se apavoraram. Outro lugar onde se
encontra essa noção da manifestação do medo é 1 Sm 7.7 no qual Israel teme os
filisteus. Temeram por suas vidas. Temeram por seu destino. Em o Novo
Testamento vemos que Jesus diz que Deus deve ser temido, deve-se ter o
sentimento do medo (Lc 12.5) quando não se está reconciliado com o Senhor. A
justiça e o juízo de Deus deveriam provocar esse temor.
27
A palavra fobia deriva desta palavra grega. É certo que fobia tem conotação de doença. Ter fobia de algo
significa estar cheio de um medo doentio. No entanto, quando a Bíblia fala sobre o temor a Deus não utiliza, de
modo algum, essa noção.
28
R. Laird Harris, Gleason L. Archer, Jr & Bruce K. Waltke. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo
Testamento, ed. Vida Nova, 1998, pp. 655-57.
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b. A previsão intelectual do mal, sem que haja ênfase na reação
emocional. Isto significa apenas a contemplação daquilo que pode acontecer de
ruim à vida. Dois casos são típicos em o Antigo Testamento: Davi enquanto estava
na corte de Aquis (1 Sm 21.13) e quando Jacó percebeu que poderia perder sua
família (Gn 31.31). O mal em si não aconteceu, mas poderia ter acontecido.
Vislumbrar uma catástrofe, seja ela qual for, gera medo e apreensão.
c. Reverência ou respeito. O temor a Deus nesta perspectiva de respeito e
reverência se manifestará nas várias áreas da vida humana. Assim, quando se
reverencia aos pais, se teme ao Senhor (Lv 19.3). Quando se respeita os lugares
santos, se teme ao Senhor (Lv 26.2). Tudo quanto tange ao Senhor, ao seu reino e
às suas realidades, pode ser denominado de manifestação do temor a Deus. Temor
como reverência e respeito é uma das maiores ênfases que se dá nas Escrituras.
Todo Servo de Deus deveria temê-Lo sempre nesse sentido.
d. comportamento íntegro ou piedade. A prática da santidade e a
obediência a Deus representam esse tipo de “temor do Senhor” (Lv 19.14; 25.17; 2
Rs 17.34; Dt 17.19). Fazer ou deixar de fazer algo em nome do Senhor revela o
temor que o indivíduo tem por Deus. Assim, em o Novo Testamento, os fariseus,
apesar da imensa religiosidade expressada, não temiam verdadeiramente ao
Senhor, pois seu comportamento não era integro e justo.
e. Adoração religiosa formal. Esse tipo de temor é meramente religioso ou
litúrgico; não é, sob aspecto algum, vida devota e respeitosa ao Senhor. Era mera
religiosidade sem compromisso e conhecimento verdadeiro de Deus. Neste sentido,
o melhor exemplo deste equivocado “temor a Deus” no Antigo Testamento se acha
nas tribos do norte em 2 Rs 17.32-34. Em o Novo Testamento, se acham, em
especial, nos saduceus, posto que guardavam preceitos litúrgicos, sem contudo, de
fato, agradarem a Deus.
Todos esses significados ampliam nossa compreensão acerca do temor do
Senhor. Como dissemos na introdução, temer a Deus também se manifesta num
medo saudável do poder e da majestade dEle. Ele é digno de todo respeito e
reverência, e é também aquele com quem não devemos brincar ou zombar (Gl 6.7).
2) O temor do Senhor em Provérbios.
O livro de provérbios encerra muitos ensinamentos importantes sobre o que é
e como se manifesta o temor a Deus. Analisemos, abaixo, algumas orientações.
Tornamo-nos sábios ao temer a Deus. O temor do Senhor produz
sabedoria. E sabedoria é a capacidade de viver segundo a vontade de Deus,
fazendo escolhas acertadas, desviando-se do mal e abraçando o bem (Pv 1.7; 9.10;
15.33). O temor a Deus nos faz transcender do status de meros religiosos para nos
transformar em verdadeiros filhos e filhas de Deus. Esse temor torna-nos pessoas
sensatas, equilibradas e transformadas pelo poder de Deus.
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O temor a Deus gera a sabedoria que nos faz afastar do mal. O verdadeiro
temor a Deus consiste em distanciamento de todo e qualquer tipo de pecado (Pv
3.7; 16.6; 19.23). Quem verdadeiramente teme a Deus não brinca com o pecado,
pois sabe que as consequências de se comprometer com a iniquidade são fatais.
Deus é o vingador e o retribuidor dos pecados dos homens. Mesmo o crente,
quando peca, sofrerá – e muito – em consequência de se quebrar os preceitos
divinos.
O temor de Deus serve como aditivo para uma vida longeva e
abençoada. Isto não significa que quem teme ao Senhor, invariavelmente, morrerá
com cem anos. Mas é certo que quem anda em santidade e retidão, tem menos
chance de morrer prematuramente (Pv 10. 26, 27; 19.23). Sua prole também será
abençoada, pois colherá os frutos de atitudes acertadas da vida seus pais.
O temor do Senhor é melhor do que riquezas e fartura. Ele traz consigo a
paz do Senhor e o equilíbrio de vida (Pv 15.16). As glórias deste mundo são
passageiras e fugazes. Elas não saciam a alma e não abençoam, de fato, o coração
dos seres humanos. Muitos que são ricos e famosos mergulham na depressão, no
medo, na angústia e na falta de sentido para a vida. Mas, quem teme ao Senhor,
ainda que passe por dificuldades, triunfará, no final, sobre tudo e sobre todos.
O temor do Senhor é a grande herança dos justos nesta terra (Pv 23.17).
O temor do Senhor traz em seu bojo muitas esperanças e promessas. Muitas são as
bênçãos reservadas para aqueles que temem a Deus. Veremos estas bênçãos mais
adiante, no próximo tópico.
3) As bênçãos decorrentes do temor ao Senhor.
O temor a Deus como reverência e respeito à sua Pessoa redunda numa
série de consequências positivas à vida daqueles que se submetem ao Senhor.
Deus abençoa aqueles que lhe temem o nome.
A felicidade é uma consequência natural do temor ao Senhor (Sl 112.1).
O verdadeiro temor a Deus não gera morte, dor, opressão e tristeza. Pelo contrário.
O temor a Deus traz plenitude de vida. Tal felicidade não pode ser entendida como
simplesmente ter; antes, ela deve ser entendida à luz do relacionamento com o
Senhor. Feliz é o homem que teme ao Senhor e se compraz em seus mandamentos.
Assim nos diz o texto sagrado!
A bondade de Deus é manifestada àqueles que temem ao Senhor (Sl
31.19, 20). Essa bondade se manifesta no tratamento amoroso e cuidadoso de Deus
aos seus filhos e filhas. O Senhor se mostra benigno e bondoso para com aqueles
que vivem em temor e obediência ao Seu nome. O termo usado para bondade é o
mesmo que se usa para graça. O Senhor manifesta sua graça por intermédio do
temor que temos a Ele.
Atendimento das necessidades (Sl 34.9). Deus responde as orações
daqueles que Lhe temem o nome e atende as necessidades da vida e da fé. No
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entanto, deve-se ressalvar que Deus quer atender as nossas necessidades, não
nossos caprichos ou cobiças. Como acontece no Salmo 112, Deus também reserva
bênçãos especiais para seus filhos e filhas nesta terra.
Manifestação do seu cuidado e proteção (Sl 33.18-19). A mão poderosa de
Deus cuida e protege os seus servos que vivem debaixo do temor do Senhor.
Podemos ter certeza que ele tem nos livrado e impedido que males cheguem à
nossa tenda por causa desta sua promessa – e de outras também.
Manifestação da sua intensa misericórdia (Sl 103.11). A cada manhã Deus
renova as suas misericórdias sobre a humanidade. Todavia, o Senhor concede sua
misericórdia, de modo especial, aos que lhe temem o nome. E, pela descrição
poética do texto acima mencionado, grande é a misericórdia do Senhor.
Manifesta-se no cumprimento de desejos e expectativas humanas (Sl
145.19). O Senhor tem prazer em cumprir desejos legítimos de seus servos. Ele não
sonega bem algum aos que vivem retamente (Sl 84.11). Assim, podemos confiar
que Deus pode nos surpreender com bênçãos especiais. Todavia, devemos saber
que tais bênçãos devem servir para abençoar outras pessoas.
Estas são apenas algumas das inumeráveis bênçãos que o Senhor derrama
sobre a vida daqueles que O temem. A maior de todas elas, certamente, é o
relacionamento que podemos desfrutar com Ele. Quando tememos o Nome do
Senhor, Deus se relaciona conosco, se revela, e descortina diante de nós seus
atributos, seu ser, seu imenso amor.
Conclusão.
Em Eclesiastes Salomão fala sobre a essência da vida. Depois de discorrer
sobre diversos assuntos e repetir, exaustivamente, o bordão “tudo é vaidade”,
conclui seu livro dizendo que o dever de todos os homens é temer a Deus e guardar
os seus mandamentos (Ec 12.13-14).
Salomão compreendeu que o objetivo da vida é justamente este: temer a
Deus. Quem O teme encontrou o único e verdadeiro sentido da existência. E este
temor se manifestará em nossa relação com o Senhor Jesus.
No Salmo 2.12, o texto fala sobre isso. Este salmo é messiânico, ou seja, se
refere ao Messias, o Senhor Jesus. É em Jesus que encontramos refúgio, consolo e
conforto. Nele há o livramento final. Ele é quem nos deu e nos dá o direito de
sermos feitos filhos de Deus (Jo 1.12). Ele é quem nos livra da ira vindoura (1 Ts
1.10). Ele é o único que nos leva ao Pai (Jo 14.6). Portanto, Jesus é o único objeto
de temor de nossas vidas.
Que o Senhor nos abençoe inclinando o nosso coração para só temer o seu
nome (Sl 86.11).
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OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 5
Tema: Os dois caminhos.
Texto: Pv 14.12; 16.25
Introdução.
Nas Escrituras, na maioria das vezes, trabalhar-se-á com um dualismo de
temas e pensamentos. Exemplificando: céu e inferno, bem e mal, justo e injusto,
verdade e mentira, anjos e demônios são binômios sempre presentes nas páginas
da Bíblia. Não há meio termo ou terceira via. As coisas são bem delimitadas neste
sentido.
Em vão se procurará uma espécie de purgatório (nem céu nem inferno) nas
Escrituras. Inutilmente se buscará algo neutro ou apartidário nas páginas da Bíblia.
As poucas menções que se faz de algo misturado ou “apartidário” o Senhor o
considera ruim, colocando-o, deste modo, num dos dois pólos naturais. Assim, a
Igreja de Laodicéia que não era nem quente nem fria (Ap 3.15-16), desagradava a
Deus, sendo por Ele considerada repulsiva.
Na Bíblia, ou se é de Deus ou do Diabo; ou se está no caminho da salvação
ou se está no caminho da perdição. Não há a possibilidade de andar por dois
caminhos ou servir a dois senhores.
Desenvolvimento.
Nos textos que lemos acima, usa-se de metáfora a fim de se referir às
escolhas que se fazem e ao estilo de vida que as pessoas optam. Caminho é
sinônimo de opção de vida, de conduta ética e moral que se faz no decorrer da
existência.
Na passagem lida anteriormente o autor sagrado está se referindo mais
precisamente ao grandioso universo de decisões que tomamos no decorrer de toda
a nossa vida. Dentre essas decisões, muitas parecem as mais corretas ou as mais
sensatas inicialmente, mas, no fim, infelizmente, não se revelam assim. No final há
morte, prejuízos, dores e sofrimentos colossais.
Talvez uma das melhores histórias que ilustram essa verdade é a história da
separação de Ló e Abraão. No capítulo 13 de Gênesis, é-nos dito que os pastores
de ambos os patriarcas estavam brigando por pastagens e por água. Temendo que
tais conflitos pudessem atingir suas vidas e relacionamentos, decidem se dividir.
Abraão permitiu que Ló fizesse a escolha primeiro, ficando estabelecido que o lado
que um escolhesse o outro iria na direção oposta. O caminho que Ló escolheu foi
péssimo, pois o levou a morar entre os habitantes de Sodoma e Gomorra (Gn
13.12).
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Quando Ló fez a sua escolha, olhou que o lado que estava optando, era verde
e bem regado. Ele se baseou no que seus olhos podiam ver. A primeira vista, era o
melhor caminho, mas ao cabo dele, Ló perdeu sua esposa, seus bens e, acima de
tudo, sua dignidade diante do Senhor Deus.
O livro de Provérbios fala sobre o perigo de se escolher caminhos baseado na
mera aparência deles. Fala também sobre os rumos que tomamos, as escolhas que
fazemos e as atitudes que adotamos na vida.
Neste estudo, veremos algumas lições sobre a metáfora dos caminhos.
Vamos a elas:
1) Há caminhos que parecem bons, mas na verdade são caminhos de morte.
Os caminhos que parecem ser bons, mas são caminhos de morte, são
geralmente trilhados por pessoas que estão longe de Deus. São os pecadores que
os trilham (Pv. 1.10-11). No entanto, tais pessoas querem arrastar os justos e os
ingênuos para as suas veredas. Por isso, todo cuidado é pouco (Pv. 1.15).
Esses pecadores são chamados pelo nome dos pecados que cometem.
Quem anda pelos caminhos do mal são os preguiçosos (Pv 15.19), os perversos (Pv
4.19; 12.26), as adúlteras e adúlteros (Pv 5.8; 30.20), os insensatos (Pv 12.15) e os
pérfidos (mentirosos, desleais, falsos) (Pv 13.15).
Esses caminhos que parecem ser bons são caminhos chamados pelas
Escrituras de caminhos do mal (Pv 2.12) caminhos das trevas (Pv 2.13), caminhos
tortuosos (Pv 14.2; 21.8) e caminhos de morte (Pv 14.12; 16.25).
Eles sempre se apresentarão travestidos de caminhos de luz, de paz e de
satisfação. Seu convite será apresentado em uma bela embalagem com uma
gostosa fragrância. Dificilmente eles serão mostrados como realmente são. Quem
tiver sua visão cegada pelo pecado não os enxergará como eles realmente são.
Quem tiver a visão aberta pela Palavra do Senhor enxergará além da mera
aparência belamente floreada.
Embora não sejam os caminhos que os justos frequentemente seguem,
muitos filhos de Deus podem ser seduzidos a frequentá-los por Satanás ou pelo
mundo ou ainda pelos seus próprios maus desejos. Crentes enfraquecidos na fé,
negligentes na comunhão com o Senhor poderão ser mais facilmente arrastados
pelas veredas do pecado.
Muitos são os “filhos pródigos” que se deixam seduzir por eles (Lc 15.11-32).
Entram por eles pensando “aproveitar e curtir” verdadeiramente a vida. No final,
porém, o que encontrarão é a morte, a dor e o sofrimento. Serão humilhados a
níveis sub-humanos. Se houver arrependimento, poder-se-á voltar aos caminhos do
Pai e, deste modo, readquirir a dignidade, honra e autoridade perdidas.
Outros, entretanto, deixarão para sempre o caminho do Senhor por amarem
os caminhos do pecado (2 Pe 2.14-15). São os modernos Demas que amam mais o
presente século do que a Deus (2 Tm 4.10).
Ao longo da História da Igreja milhares de “Demas” enveredam-se por estes
caminhos que parecem ser bons. O resultado é, invariavelmente, desilusão, dor e
sofrimento.
Que Deus nos livre de trilhar esses caminhos que parecem bons, mas são, na
verdade, caminhos de morte!
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2) Há caminhos que parecem ser maus, mas na verdade são caminhos de vida.
Não nos enganamos apenas quando pensamos que determinados caminhos
são bons, mas na realidade são maus. O contrário também é verdadeiro. Há
caminhos que inicialmente não se revelam bons caminhos. Por causa de nossos
pecados e carnalidade os rejeitamos e os vemos como maus caminhos.
No Salmo 73 encontramos um exemplo de pessoa que pensava estar num
caminho mau, embora estivesse no caminho da vida. Em sua crise de fé, chegou a
afirmar que era inútil viver de acordo com a vontade de Deus (Sl 73.13), pois os
ímpios que praticam toda sorte de mal e corrupção, pareciam passar incólumes pela
existência sem serem atingidos (Sl 73.3-9,12). Será que vale à pena andar nos
caminhos de Deus e passar por todos os apertos e dificuldades?
Jesus falou, figuradamente, acerca dos dois caminhos e das duas portas (Mt
7.13-14). A porta estreita e o caminho apertado são os que levam à vida (v.14).
Ninguém gosta de caminho apertado e difícil de trilhar. No entanto, invariavelmente
teremos que andar nele para encontrarmos a vida e a salvação.
Esse caminho difícil e custoso é o caminho do discipulado. Para
encontrarmos a vida e a salvação, teremos que andar por ele. Somente Jesus salva;
não depende de obras, certamente. Entretanto, para ser discípulo do Senhor Jesus
é preciso tomar três atitudes: 1) negar-se a si mesmo; 2) estar disposto a tomar a
cruz e; 3) segui-lo (Lc 9.23). Somente quem tem a coragem de tomar essas atitudes
pode, verdadeiramente, ser considerado discípulo do Senhor.
Renunciar aos desejos e aspirações mundanas não é fácil. Na verdade, o
amor por este mundo, com seus prazeres e deleites, é a principal razão pela qual o
ser humano não reconhece o Messias de Deus, o Senhor Jesus (Jo 3.19).
À primeira vista, a renúncia ao “caminho largo” parece ser ruim, um preço alto
demais a ser pago, pois contraria os desejos da carne que militam em nós. Afinal de
contas, todos querem ter prazer, todos desejam satisfazer seus egos.
O que dizer, então, de tomar a cruz? Jesus, embora estivesse falando
figuradamente, estava dizendo que deveríamos estar dispostos a morrer. Mas,
morrer para o que? Para o pecado, para os prazeres mundanos, para a vida autocentrada e egoísta que todos os seres humanos vivem ou querem viver.
O caminho de Deus pode parecer um mau caminho, pois nele há renúncias,
disciplina, obediência, perdas e, muitas vezes sofrimentos. No entanto, o seu final é
caminho de vida, paz, restauração e transformações benéficas.
3) As características do caminho de morte.
O caminho cujo final desemboca em morte, tem características que podem
ser discernidos com certa clareza. Pensando e analisando à luz das Escrituras,
podemos constatar que algumas das características do caminho de morte são as
seguintes:
a) Revela-se agradável aos sentidos. O caminho da morte não é desagradável aos
sentidos. Inicialmente, é caminho que gera grande euforia, grandes emoções. O
pecado dá aquela sensação de onipotência. Ele satisfaz, momentaneamente, as
carências e anseios da alma como um alucinógeno. Faz com que a pessoa
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experimente êxtases e gratificações. Ele é agradável ao tato, ao olfato, à visão, ao
paladar e à audição. Provérbios assim retrata o que se está dizendo citando as
palavras da “mulher-loucura”: “As águas roubadas são doces, e o pão comido as
ocultas é agradável” (Pv 9.17).
b) Revela-se um caminho de grandes mentiras. As sensações agradáveis têm
curta duração. Servem apenas como isca para pegar os desavisados e tolos. A
carne, o mundo e o Diabo usam de mentiras e meias-verdades a fim de conquistar e
prender os seres humanos no pecado. A mentira reside no fato de que nos
caminhos de morte, o êxtase e as gratificações são momentâneos e extremamente
passageiros. O pecado não pode trazer vida plena e alegrias eternas. No mesmo
texto que se fala do convite feito pela “loucura” oferecendo sensações agradáveis,
diz-se, também, que no final, os que aceitam banquetear-se com esta “senhora”
sofrerão amargamente. Observe: “Eles porém não sabem que ali estão os mortos,
que os seus convidados estão nas profundezas do inferno”. (Pv 9.18).
c) Não é difícil entrar por ele; difícil é sair dele. Como o Senhor Jesus ressaltou, o
caminho da morte é fácil de entrar. Ele é largo, espaçoso, de fácil acesso e muito
bem sinalizado. Até um cego é capaz de acertá-lo! Todavia, uma vez que se entra
por ele, torna-se muito difícil sair dele. Ele é como uma prisão de segurança
máxima. Ao ser humano, é impossível se livrar do caminho de morte, mas não é
impossível para o Senhor Jesus. Ele é poderoso para nos tirar das próprias mãos do
Diabo e nos dar plena liberdade. Isto, porém, não deveria fazer com que as pessoas
entrem por ele, principalmente, os cristãos, pois ainda que o Senhor tenha poder
para nos libertar do pior dos caminhos, muitos dos cativos do caminho de morte
carregam consigo ferimentos e cicatrizes profundos ao longo da vida.
Essas são apenas algumas das muitas características do caminho de morte.
Observemo-las para não entrarmos nesse terrível caminho.
4) As características do caminho da vida.
Semelhante ao que acontece com o caminho de morte, o caminho de vida
também pode ser discernido com facilidade. Ele também tem suas marcar e suas
características. Vejamos algumas:
a) Se contrapõe aos desejos da carne. Talvez essa seja a grande marca do
caminho da vida. O caminho da vida não satisfaz à carne, ou seja, aos desejos da
velha natureza pecaminosa que habita em todos os seres humanos. O caminho da
vida não é caminho de exaltação do ego, dos desejos contrários à vontade de Deus.
Oposto a isso, o caminho da vida nos chama a viver numa nova dimensão, fazendo
o que é totalmente agradável ao Senhor.
b) Inicialmente, parece ser sem graça e sem sabor. É normal as pessoas que não
conhecem o caminho de Deus afirmarem que não há alegria e prazer nele. Para
eles, êxtases e grandes emoções só se experimentam com o pecado. No entanto, a
Bíblia diz que não é assim. Há prazeres e alegrias indizíveis nos caminhos de Deus.
Assim o salmista expressou a experiência de todos os filhos de Deus: “Tu me farás
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ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra
delícias perpetuamente” (Sl 16.11 – ver também Ne 12.43). Vale ressaltar que essas
alegrias não são mundanas e nem se encaixam nas expectativas daqueles que não
conhecem a Deus. Outro ponto importante é que as maiores alegrias estão
reservadas para a eternidade quando, completamente livres do pecado e sua
influência e plenamente na presença de Deus, viveremos experiências de júbilo e
gozo jamais experimentadas neste mundo.
c) Poucos são os que entram por ele; muitos o resistem. Jesus disse que não
são muitos os que entram pelo caminho estreito; na verdade, são poucos os homens
e mulheres que o trilham. Isto deveria nos abrir os olhos para uma série de
reflexões: a) Não devemos seguir o caminho das multidões porque há muita gente
fazendo, falando ou vivendo nele. Não é o número que importa, mas sim saber se é
ou não da vontade de Deus trilhar determinada vereda. b) Embora sejamos poucos,
há outros que caminham conosco e muitos outros que já caminharam. O Senhor
sempre reserva seus “sete mil que não dobram seus joelhos a Baal”. c) Sobretudo,
devemos andar pelo caminho estreito porque no final das contas ele é e sempre
será o melhor para nós.
5) Deus pesa e avalia os nossos caminhos.
No mundo pós-moderno cada pessoa tem se tornado o padrão e a referência
do certo e do errado para si mesmo. È como se Deus não existisse e não existissem
absolutos e leis que regulassem os homens. Se o indivíduo pensa que a prática de
determinado pecado lhe satisfaz e lhe dá prazer, isso é o que importa. Se ele se
sente bem, significa que só pode ser uma coisa boa aquilo que pratica. Não
interessa que outros pensem que é errado ou pecaminoso. Não importa se Deus
“pensa” diferente, pois até Ele tem que se submeter à ditadura do “eu”.
No entanto, o livro de Provérbios nos faz duas exortações sérias sobre esse
tipo de pensamento. Deus avalia e pesa todos os caminhos dos homens. Portanto, é
o Senhor Deus a medida de todas as coisas, o padrão absoluto, a referência
suprema do bem e do mal.
Engana-se quem pensa que Deus não observa e julga todos os atos
humanos. Nosso Deus não está alheio ou distante de tudo o que se passa entre as
suas criaturas, sejam os nossos caminhos bons ou ruins aos olhos dEle.
•
•
•
Porque os caminhos dos homens estão perante os olhos do Senhor, e ele
considera todas as suas veredas – Pv 5.21.
Todos os caminhos dos homens são puros aos seus próprios olhos, mas o
Senhor pesa o espírito – Pv 16.2.
Todo caminho do homem é reto aos seus próprios olhos, mas o Senhor
sonda os corações – Pv 21.2.
Devemos sempre nos lembrar que Deus julgará todos os seres humanos
mediante Seu padrão e não segundo o padrão do “eu gosto e me dá prazer”. As
contas do que foi feito de bom ou de ruim, segundo o querer de Deus, serão pedidas
no dia do juízo.
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•
Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua
mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam
aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas
- Ec 11.9
6) Devemos pesar e discernir os nossos caminhos.
A auto-avaliação dos nossos caminhos é imprescindível aos filhos de Deus.
Devemos sempre nos perguntar se determinada atitude agrada a Deus, se
determinada escolha expressa a vontade de Deus para a nossa vida. Isto porque
deveríamos, em primeiro lugar, viver como verdadeiros servos dEle. E, em segundo
lugar, para que não tenhamos o desprazer de sermos julgados e condenados pelo
Senhor, caso estejamos trilhando veredas tortuosas.
Segundo Provérbios devemos ponderar todas as nossas veredas (Pv 4.26).
Não deveríamos fazer absolutamente nada sem perguntar: “este é um caminho que
Deus se agrada ou permite?”
O homem ou a mulher de Deus devem saber exatamente onde os seus pés
pisam (Pv 14.8). Isto é prudência e sabedoria espiritual! Não devemos andar como
displicentes ou irresponsáveis. Embora em nossa geração tantos não se preocupem
com o que fazem ou a escolha que abraçam, o cristão é diferente e deve refletir
sobre todos os seus passos.
Aqueles que não discernem seus caminhos podem dar de cara com a morte
(Pv 19.16). Outros talvez não a vejam de imediato, mas podem passar por muitos
sofrimentos, angústias e tribulações porque simplesmente não ponderam sobre suas
escolhas e atitudes.
O verdadeiro servo de Deus se contrapõe aos ímpios e perversos porque ele
“considera” o seu caminho, ou seja, está sempre avaliando e refletindo sobre suas
veredas (Pv 21.29).
Conclusão.
Muitas são as estradas e os caminhos que percorremos em nossa vida. As
escolhas e os posicionamentos que faremos serão igualmente numerosos. Para que
não tomemos caminhos que parecem bons, mas são na realidade caminhos de
morte, busquemos a orientação no Senhor e na sua Palavra.
A palavra de Deus promete à pessoa que teme ao Senhor orientação quanto
aos caminhos que se devem escolher no decorrer da vida. Assim diz:
•
Ao homem que teme ao Senhor, ele o instruirá no caminho que deve
escolher. Na prosperidade repousará a sua alma, e a sua descendência
herdará a terra – Sl 25.12-13
Que Deus nos dê a bênção de apenas trilhar os bons caminhos!
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OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 6
Tema: O Insensato e o Sábio.
Texto: Pv 10.1.
Introdução.
A fé bíblica não é teórica; ela é, sobretudo, prática. Quem professa crer no
Senhor deve andar de acordo com aquilo que crê. Quando isso não acontece,
percebe-se uma ruptura entre o crer e o agir, entre a confissão de fé e a experiência
de vida.
Infelizmente, porém, muitos cristãos que um dia foram lavados e santificados
em o sangue de Jesus, agem como se fossem ímpios. O contrário também pode
acontecer. Pessoas que não pertencem ao reino de Deus e que não foram salvas
pela graça do Senhor podem ter atitudes corretas e que estão de acordo com uma
moral elevada. Isto, porém, não lhes dá ou dará o direito à salvação, uma vez que a
mesma é pela graça, mediante a fé em Jesus (Ef 2.8-9), não pelas obras ou virtudes
pessoais.
O salvo, que também é chamado de sábio no livro de Provérbios, deveria
sempre agir como um crente no Senhor. Suas ações deveriam sempre expressar a
fé autêntica em Deus. Entretanto, muitas vezes age como um insensato – um dos
títulos atribuídos ao não crente no Senhor. O contrário também é verdadeiro.
Embora o não crente seja denominado de insensato em Provérbios, ele pode ter
atitudes de um sábio.
Desenvolvimento.
O livro de Provérbios fala não somente dos dois caminhos, conforme vimos
na lição 5, fala também das diferentes pessoas que trilham esses caminhos. Entre
tantos títulos, encontramos “o sábio” e “o insensato.”
Eles são vistos em todos os lugares, até mesmo entre os que professam o
nome do Senhor. Há fiéis sábios e também fiéis que em dado momento da vida se
tornam insensatos. Há insensatos que, mesmo não tendo o dom da salvação em
Cristo Jesus, podem ter atitudes de homens e mulheres sábios.
Em nossa mente e visão, os fiéis deveriam sempre ser sábios e os ímpios,
insensatos. Conforme vimos na introdução deste estudo, infelizmente, nem sempre
é assim.
O próprio livro de Provérbios fala da incoerência que pode haver entre ambos.
Às vezes o sábio anda pelas veredas do insensato (Pv 9.6). E por andar em suas
veredas, se torna não somente insensato, mas um homem mau (Pv 13. 20). Por
isso, o Salmo primeiro em seu primeiro versículo diz que “bem-aventurado é o
homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos
pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.”
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A pessoa de Deus deve “fugir” da presença e companhia da pessoa insensata
(Pv 14.7). Mas, muito mais ainda, deve ter sempre atitudes e posicionamentos de
um homem ou mulher de Deus, verdadeiro sábio(a) do Senhor.
Quando estudamos Provérbios, vamos aprendendo que o livro, por ser
extremamente prático, ressalta as obras e atitudes, e não a teoria ou o discurso
religioso. É verdade, entretanto, que ao ressaltar as atitudes e as obras, ele está
denunciando o tipo de fé que o indivíduo possui – como o apóstolo Tiago também o
fez (Tg 2.14-26).
A maior vantagem ao se estudar a vida e as obras dos sábios e dos
insensatos é poder compará-la com a nossa própria vida. Somos confrontados com
a nossa confissão de fé. Somos advertidos ou consolados – tudo depende do que
estamos praticando e como estamos vivendo nossa vida e espiritualidade. Mais uma
vez, recorrendo à Carta de Tiago, quem somente ouve e não pratica a Palavra de
Deus, engana-se a si mesmo (Tg 1.22).
Assim, nesta lição estudaremos a vida e as obras do insensato e do sábio.
1) Quem é o insensato?
O insensato é apenas outro título que se dá ao ímpio ou pessoa não piedosa.
Provérbios também o chama de preguiçoso, iracundo, estulto, perverso, entre outros
nomes. Em suma, é a pessoa que não é do Senhor, não o ama e nem tampouco
anda em Seus caminhos.
O insensato, em essência, é aquele que não dá ouvidos à palavra do Senhor
e nem tampouco às palavras sábias de homens e mulheres sensatos. Ele é um
homem ou mulher que vive a partir dos ditames do seu coração e da sua “carne”;
dificilmente vive a partir das orientações sábias e seguras da palavra de Deus. É um
homem ou uma mulher que não conhece e não pratica a Palavra de Deus.
O insensato é diametralmente oposto ao sábio. O livro de Provérbios diz que
eles são caluniadores (10.18); de vida curta (10.21); desordeiros (10.23); hipócritas
(10.15); irritáveis (12.16); zombadores das consequências do pecado (14.9);
insensíveis (17.10); perigosos (17.12); intrometidos (20.3); desprezadores da
sabedoria (23.9); autoconfiantes (14.16; 28.26).
A lista poderia continuar. Entretanto, com essa pequena amostra das
“qualificações” dos insensatos, podemos pintar um retrato deles e constatar que
seguir seus passos não é a melhor atitude que um homem ou mulher possa tomar
na vida. É pura insensatez seguir os caminhos do insensato.
2) Quem é o sábio?
O sábio é, antes de tudo, um homem que pauta a sua vida pela palavra do
Senhor. Ele ouve a Palavra de Deus e a cumpre (Pv 8.33; 9.9; 10.8; 19.20). De fato,
a sabedoria desta pessoa não vem de si mesmo; antes, é oriunda do compromisso
com as Santas Escrituras.
E por ouvir e praticar a Palavra de Deus, ele se torna cada vez mais sábio (Pv
1.5-6; 9.9; 10.14; 12.15). Isto é um círculo virtuoso, ou seja, a pessoa sábia torna-se
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mais sábia por ouvir a palavra de Deus. Ela ouve a Palavra de Deus porque é sábia
e torna-se mais sábia ao ouvir os “preceitos” do Senhor.
Ele não se considera sábio em si mesmo. Sua sabedoria não vem dele, mas
de Deus. E é pelo temor que tem ao Senhor que desenvolve a sabedoria (Pv 3.7;
6.6; 26.12, 16; 28.11). Não é a sua boca que o louva. Outros reconhecem nele
sabedoria e entendimento. Por essa razão, não se ensoberbece pensando que em si
e por si mesmo tem sabedoria. Ele reconhece que é a graça de Deus sobre si que
lhe concede tal bênção.
Algo interessante a se notar é que o sábio é quem usufrui, em primeiro lugar,
as bênçãos de se possuir a sabedoria (Pv 9.12). Embora nem sempre as atitudes
corretas e sábias terão consequências benéficas imediatas, diante de Deus e em
algum momento de nossa existência, seja neste mundo ou na eternidade,
“comeremos” os frutos sazonados de andar em sabedoria diante de Deus.
O sábio é um ouvinte. Ele ouve as instruções de seus pais (Pv 13.1). Decerto,
também fala e ensina a sabedoria; porém, antes de falar e ensinar, ele aprende,
escuta, pondera, reflete e testa o conteúdo recebido.
O homem sábio é um apaziguador de ânimos (Pv 16.14; 29.8). Ele não quer
nem deseja o mal para os outros. Sabe que ser um pacificador é uma dos grandes
atributos daqueles que são do Senhor (Mt 5.9).
Em sua vida interna e pessoal é prudente (Pv 16.21) e cauteloso (Pv 14.16).
Todas as suas escolhas e “caminhos” são trilhados com ponderação e profundo
exame das consequências. Por essas virtudes e atitudes que ele é chamado de
sábio!
3) As lições acerca da vida e obra do insensato.
Nesta parte do estudo veremos alguns ensinamentos e lições que podemos
tirar da observação da vida e obra dos insensatos. Não aprendemos apenas com os
acertos, quer sejam nossos ou dos outros; aprendemos também com os erros –
quer, igualmente, sejam nossos ou dos outros. Vamos às lições acerca do
insensato:
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O insensato gosta de praticar o mal, se diverte com ele (Pv 10.23; 13.19).
Nem todo insensato age assim, mas aqueles que estão cada vez mais longes
do Senhor e cada vez mais comprometidos com o pecado, sim. Eles não
apenas praticam o erro, como também têm prazer no mesmo. O mal é
extremamente sedutor!
O insensato sofrerá o castigo e a ruína (Pv 10.10; 16.22; 18.6-7; 19.29; 26.3).
Mais cedo ou mais tarde, ele sofrerá o dano e as consequências terríveis dos
seus maus caminhos. É por essa razão que não lhe fica bem a honra (Pv
26.1, 8), nem tampouco a fartura (Pv 21.20). Honra e fartura não combinam
com o insensato. A insensatez deve ser punida e não premiada.
O Insensato se torna servo do homem sábio (Pv 11.29). Grosso modo é isso
que vai acontecer. Para a pessoa que lhe falta sabedoria, bom senso e
ponderação, o infortúnio lhe acometerá. Deve-se dizer, entretanto, que nem
sempre é assim. Há exceções – pelo menos por algum tempo aqui na Terra.
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O insensato não dá ouvido a ninguém, nem aceita conselhos (Pv 12.15;
28.26). Tem uma enorme dificuldade em ouvir e aprender palavras de
sabedoria e correta orientação (Pv 17. 10, 16; 23.9; 24.7). Sua alma está
impregnada de tolices (Pv 27.22). Ele não ouve nem mesmo o seu pai (Pv
15.5). A sua sabedoria é chamada de estultícia e é enganadora (Pv 14.8, 24;
15.2). Vive pensando bobagens (Pv 15.14). Dificilmente terá uma palavra de
sabedoria nos lábios (Pv 17.7).
O insensato manifesta rapidamente seus maus sentimentos (Pv 12. 16, 23;
13.16; 14.16, 33; 18.2; 29.11). Isto é obvio e esperado. Quem só vive
pensando bobagens manifestará em sua vida tais estultícias. E por isso se
mete em problemas e brigas sem fim (Pv 20.3).
A mulher insensata não consegue edificar sua casa (Pv 14.1). Segundo
Provérbios, embora o homem seja a cabeça do lar, a mulher é sua
edificadora. Se ela é iracunda, queixosa, instável, preguiçosa e dada a
mexericos, não fará com que sua casa (marido e filhos) prospere. Deus
concedeu a mulher o dom da edificação do lar. E cabe a ela buscar no
Senhor a sabedoria necessária para sua concretização.
O insensato é soberbo (Pv 14.3). A vaidade, a arrogância e a altivez estão em
sua alma. Ele não tem objetivos sólidos e bem definidos na vida (Pv 17.24).
Pensa em grandes coisas, mas não trabalha nem constrói grandes coisas.
O insensato é a tristeza da família (Pv 10.1; 17.21; 15.20; 17.25; 19.13). Seus
pais, irmãos e familiares sofrem por causa das suas irresponsabilidades. Ele
só pensa em pecar (Pv 24.9).
Essas são algumas das características da vida e obra do insensato. Cabe ao
filho de Deus refletir e constatar se há, em sua própria vida, algumas destas marcas.
4) As lições acerca da vida e obra do sábio.
Do mesmo modo que aconteceu com o insensato, a vida do sábio também
serve de modelo e orientação para todos os que querem o bem, para aqueles que
têm o desejo de ser abençoado. Vejamos então, os ensinamentos que Provérbios
nos traz:
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O sábio é a alegria da família (Pv 10.1; 15.20; 23.15, 24; 27.11). Grande gozo
e contentamento têm os pais e familiares de uma pessoa sábia. Não há
surpresas desagradáveis envolvendo o sábio; só há bênçãos. Seus parentes
se alegram em pronunciar seu nome.
O sábio gosta de praticar o bem, se alegra com ele (Pv 10.23). O prazer do
sábio está na Lei do Senhor e nesta Lei não somente medita de dia e de noite
(Sl 1.3), como também se deleita e regozija.
O sábio dá direção, segurança e conforto às pessoas que lhe cercam (Pv
11.14; 28.2; 12.18; 13.14). O sábio é um porto seguro para aqueles que
recorrem a ele. Suas palavras, gestos e atitudes dão paz, alento e
tranquilidade.
O sábio é um ganhador de almas (Pv 11.30). O significado básico aqui é tirar
alguém da morte. Mas pode significar também saber conquistar, agregar,
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envolver positivamente as pessoas para a realização daquilo que é o melhor
para si ou para os outros.
A mulher sábia edifica sua família (Pv 14.1). Esta mulher edifica porque é
sábia. Ela é sábia porque ouve a Palavra de Deus e vive dignamente.
O sábio não se deixa vencer pelos vícios (Pv 20.1). O domínio próprio é um
dos grandes atestados de sabedoria. O texto fala do álcool. Entretanto, neste
tempos modernos, sem medo de distorcer a Palavra de Deus, poderíamos
acrescentar também a pornografia, as drogas e tudo quanto prende e agrilhoa
o ser humano no pecado.
O sábio exerce domínio sobre si mesmo, não permitindo que sentimentos
devastadores lhe dominem (Pv 16.23; 29.11). Seu domínio próprio não se
manifesta apenas em relação aos vícios; percebe-se também em relação aos
sentimentos de sua alma. Ele não é refém do ressentimento, da ira, das
mágoas e de tantos outros sentimentos negativos.
O sábio será honrado e abençoado em sua vida (Pv 3.35; 14.24; 21.20). Pode
ser que nesta vida o sábio não seja plenamente honrado, mas certamente o
será na eternidade. Como regra, podemos afirmar que pessoas sábias
recebem, ainda aqui na Terra, bênçãos e recompensas do Senhor.
O sábio aceita correções e exortações (Pv 9.8; 15.31). O sábio não é perfeito
nem tampouco isento de erros e falhas. Por isso, por ser tão humano quanto
qualquer outra pessoa também pode errar e tomar caminhos tortuosos.
Entretanto, quando isso acontece e ele é repreendido, atende à disciplina e
retorna ao caminho da sabedoria.
O sábio influencia outros a se tornarem como ele é (Pv 13.20; 22.17). O
verdadeiro sábio não é sábio para seu endeusamento. Ele o é para a glória
de Deus. E por isso, por querer que a glória de Deus se expanda ainda mais
entre os homens, influencia outros a ser tornarem tal qual ele é.
O sábio é mais forte e mais capaz do que qualquer outro ser humano (Pv
24.5). A sabedoria é uma das maiores forças que existe no mundo. O Sábio é
melhor do que o homem forte ou talentoso. Na verdade, a sabedoria é a sua
força e poderosa arma.
Conclusão.
Sabedoria e insensatez: duas posturas de vida que podem fazer toda a
diferença em nossa existência. Provérbios nos ensina sobre ambas as atitudes. E,
certamente, sempre haverá sábios e insensatos no mundo - e até nas igrejas!
Entretanto, aqueles que são do Senhor devem buscar da parte dEle a
sabedoria e devem, igualmente, fugir da insensatez para que as bênçãos de Deus
sejam uma constante na vida, na casa, nos relacionamentos e na vocação dos
eleitos de Deus.
À luz deste estudo, peçamos ao Senhor a graça de não somente termos
sabedoria e crescermos nela, mas também o livramento da insensatez, postura de
vida que tem se mostrado tão comum em nossos dias atribulados.
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OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 7
Tema: O Pobre e a Pobreza.
Texto: Pv 30.8-9.
Introdução.
Jesus afirmou que os pobres sempre existiriam neste mundo pós-pecado de
Adão e Eva (Mt 26.11). O Mestre apenas estava repetindo o que o Antigo
Testamento igualmente afirmou (Dt 15.11).
Enquanto vivermos neste mundo, contaminado pelo pecado, não haverá
sistema econômico, religião, estratégia política ou qualquer outro artifício humano
que mudará essa realidade. Pode ser que a pobreza seja amenizada ou
drasticamente reduzida aqui e ali. Porém, sempre haverá pobreza e até mesmo
miséria no mundo, mesmo nos países mais ricos e desenvolvidos. Pode ser também
que nestes países o número de pessoas que se encontra nessa condição seja
menor, mas a pobreza jamais será erradicada.
As razões para a pobreza são múltiplas; não há apenas um fator
determinante. Deus mesmo, por exemplo, pode fazer com que determinadas
pessoas empobreçam (1 Sm 2.7), sendo assim, uma razão para a pobreza.
Entretanto, em última análise, o pecado é quem gera a pobreza. Com isso, não
estamos afirmando que toda pessoa pobre é tão terrivelmente pecadora que recebe
como castigo tal destino. O sentido não é esse.
A pobreza pode ser consequência de pecados pessoais. Por exemplo, o
preguiçoso, segundo o livro de Provérbios, empobrecerá (Pv 10.4; 20.13). No
entanto, a pobreza também existe por causa do pecado da ganância, da exploração,
e de muitos outros desvios existentes na sociedade.
Vezes sem conta, seres humanos vivenciam um estado de pobreza e miséria
por causa de outras pessoas e não por causa de si mesmos. Homens e mulheres
que, movidos pela ambição, roubo e usura, defraudam o seu semelhante, levandoos à pobreza.
Desenvolvimento.
O livro de Provérbios fala muitas coisas acerca dos pobres e da pobreza. Não
somente o livro de Provérbios, mas a Bíblia como um todo tem ensinamentos e
advertências sobre estes tópicos.
De antemão, é importante dizer que “pobre” e “pobreza” não são sinônimos;
e, mais importante ainda: são temas tratados de forma diferente na Palavra de Deus.
As Escrituras dão atenção especial aos pobres. Desde o Antigo Testamento,
o Senhor orienta o seu povo a cuidar dos menos favorecidos existentes no seu meio
(Lv 19.10; Dt 15.7-11). Havia leis estabelecidas para o cuidado e provisão das vidas
menos favorecidas do ponto de vista financeiro.
Embora as Escrituras afirmem que sempre haverá pobres, devemos perceber
que o ideal divino é que não haja pobres entre o povo de Deus (Dt 15.4). Este
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paradoxo lida com o que é real e o que é ideal. O real (a existência dos pobres e da
pobreza) não deve nos fazer conformar. Há o ideal que precisa ser perseguido
tenazmente. O povo de Deus deve lutar contra as injustiças e desigualdades e,
consequentemente, contra a pobreza oriunda delas.
O Novo Testamento também tem muito a ensinar sobre os pobres e a
pobreza. Jesus disse que aos pobres pertence o reino dos céus (Lc 6.20). Chamouos de bem-aventurados (Lc 6.20). Enviou seus discípulos a pregar o Evangelho aos
pobres (Lc 4.18; 7.22).
O Senhor “radicalizou” em alguns momentos do ministério dizendo que
quando se der um banquete, os pobres deveriam ser convidados (Lc 14.13). Ao
jovem amante das riquezas mandou-lhe vender tudo o que tinha e desse o dinheiro
da venda aos pobres (Lc 18.22-23).
Os apóstolos não somente seguiram as orientações do Mestre, como do
mesmo modo insistiram em continuar enfatizando o ministério entre os menos
favorecidos financeiramente (Gl 2.10). Deus não chamou majoritariamente os ricos e
poderosos deste mundo, mas sim os pobres para pertencerem ao seu reino (Tg 2.5;
1 Co 1.26-27).
Por que todo esse cuidado e insistência de Deus com os pobres? Primeiro,
por causa do amor e da misericórdia do Senhor para com os menos favorecidos.
Deus tem natural inclinação para os fracos, os pobres, os marginalizados e
esquecidos da sociedade. Ir ao encontro dos pobres é um meio do Senhor
manifestar a sua graça!
Segundo, porque no mundo antigo a pobreza era ainda maior do que vemos
hoje. Embora o número não seja tão grande como o que temos visto atualmente –
mais de 850 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza – as condições
daqueles tempos eram piores. A expectativa de vida era ainda mais baixa. A ajuda
humanitária, basicamente inexistente. Não havia ajuda internacional ou ONG’s que
pudessem oferecer alívio para os males da pobreza e miséria.
Nesta lição, procuraremos aprender o que o livro de Provérbios nos ensina
sobre esses dois elementos: o pobre e a pobreza. O livro de Provérbios tem
ensinamentos preciosos a nos transmitir. Vejamos então:
1) A pobreza pode ser fruto de pecados pessoais.
Antes de tudo, é necessário afirmar que a pobreza não é uma virtude ou
bênção em si mesma; pelo contrário, em alguns casos, pode indicar maldição divina
ou castigo do Senhor (Ag 1.5-6, 10-11). Dissemos que pode ser maldição ou castigo,
mas não afirmamos que sempre seja assim.
A pobreza também pode ser fruto de ações e postura de vida influenciadas
pelo pecado. Entre eles estão a falta de vigor e disposição em trabalhar (Pv 10.4). A
preguiça aparece diversas vezes em Provérbios como fator determinante para a
pobreza (Pv 6.6-11; 20.13; 24.33-34; 28.19).
Outro problema sério é a pessoa que pauta sua existência nos “prazeres” (Pv
21.17). Pessoas que vivem na boemia, na luxúria, nas glutonarias, nas bebedices e
em muitos outros prazeres pecaminosos, mais cedo ou mais tarde verão a pobreza
e a miséria bater à porta de suas vidas (Pv 23.21).
Aqueles que rejeitam a instrução e a sabedoria de Deus cairão em pobreza
(Pv 13.18). A pobreza, portanto, é consequência do afastamento da Palavra de
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Deus. A idéia de rejeição da instrução em Provérbios significa deixar de ouvir a voz
de Deus, seus conselhos, leis e mandamentos. A pessoa não ouve a Deus, mas
ouve seu enganoso coração.
Algumas pessoas encontram a pobreza por causa da “pressa excessiva” (Pv
21.5). Junto aos precipitados, encontramos os não previdentes. Via de regra
tornam-se perdulárias (gastadoras), impulsivas nas compras. Não se preocupam
corretamente com o futuro, planejando-o e poupando recursos para o “inverno”. Tais
pessoas querem apenas gastar, independente de ter ou não. Querem usufruir o
prazer da compra!
Enfim, uma vida desregrada, vacilante, preguiçosa e displicente pode trazer a
“praga” da pobreza.
Essas admoestações e ensinamentos são importantes para a reflexão e
conscientização do povo de Deus. Muitos, hoje, vivem em miséria e desgraça por
seus próprios pecados e não por causa de exploração ou injustiças perpetradas por
terceiros. Elas são as principais, se não as únicas, responsáveis pela derrocada e
bancarrota nas quais se encontram.
Tais pessoas não planejam, não trabalham, não se esforçam, não estudam e
não economizam. Vivem sem se programar para o amanhã. A essas pessoas
Provérbios diz: “vai ter com as formigas, ó preguiçoso.” As formigas trabalham,
armazenam e se preparam para o amanhã, para os difíceis dias do inverno. O
preguiçoso cruza os braços.
2) A pobreza pode ser fruto dos pecados alheios.
Se por um lado é verdade que a pobreza pode ser fruto dos pecados
pessoais, por outro, é patente o fato de que os pecados dos outros, quer sejam da
comunidade local, país e até nações estrangeiras, podem nos afetar.
Entre esses pecados, podemos citar a exploração (Pv 22.16), o domínio
(22.7) e a opressão (22.16). Esta trinca (exploração, domínio e opressão) já fez, tem
feito e ainda fará muitos males para milhões e milhões de seres humanos.
O forte que explora os fracos constantemente gera a pobreza (Tg 5.1-6).
Nações mais poderosas belicamente que conquistavam outros povos e nações e as
exploravam em seus recursos naturais, em sua mão de obra, em seus recursos
humanos causavam pobreza. Realidades de ontem e de hoje também!
O perverso que domina sobre os pobres é comparado ao ataque de um leão e
de um urso: fatal e cruel (Pv 28.15). Os homens maus quando dominam e governam
trazem pobreza, miséria e muito sofrimento para muitas pessoas.
A má administração do dinheiro público e os impostos e taxas abusivas sem o
devido retorno já empobreceram legiões de seres humanos. Isto se deu e se dá por
intermédio de um domínio déspota, absolutamente maligno de maus governantes.
Os senhores de escravos que se valiam da mão de obra de outros seres
humanos, fazendo-os viver tal qual um animal, geraram miséria. Isto é exploração e
opressão. Se o trabalho escravo não é tão comum como um dia já foi, hoje muitos
vivem em condições difíceis de trabalho e salários. Muitos recebem um ordenado
que mal dá para comer, quanto mais para atender outras necessidades básicas.
Algo terrível de se ver é uma pessoa pobre oprimir e roubar um seu igual (Pv
28.3). Isto só nos faz concordar com quem disse que o ser humano possui uma
natural inclinação de explorar o seu semelhante.
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3) O Antigo Testamento, e em especial Provérbios, não vêem a pobreza como
uma bênção.
Há religiões e movimentos religiosos que elegeram a pobreza como um ideal
de vida. A ordem dos franciscanos é um exemplo. Outro exemplo são os monges
budistas.
Muitos dos homens e mulheres religiosos fazem voto de pobreza. Abrem mão
de qualquer bem ou recurso deste mundo. Outros, sendo coerentes com suas
ideologias religiosas, vivem da caridade e das esmolas alheias. Muitas foram e são
as assim chamadas “ordens religiosas mendicantes.”
A Bíblia como um todo afirma que a pobreza não é bênção ou graça especial.
Na verdade, a pobreza segundo Provérbios é uma ruína (Pv 10.15). É coisa ruim,
indesejável. Esse livro afirma que o pobre, diferentemente do rico, não tem muitos
amigos (Pv 14.20). Seu abandono deve-se ao fato de ser pobre. Ele é abandonado
até mesmo pelos amigos (Pv 19.4, 7).
No Antigo Testamento é-nos dito que Deus enviaria toda sorte de mal como
consequência dos pecados do seu povo. A situação na qual eles cairiam seria de
extrema pobreza e escravidão (Dt 28.47-48).
O contrário é verdadeiro: Deus promete abençoar seu povo com abundância
de mantimento e bens; promete dar uma vida abençoada e próspera (Pv 28.1-14).
Neste momento vale uma ressalva. Não podemos pensar, entretanto, que
quem é rico é do Senhor, é aprovado por Deus. Nem tampouco que quem está
vivendo em uma grande dificuldade financeira está sendo reprovado pelo Senhor.
Como regra, Deus abençoa seu povo com a prosperidade material. Porém, a mesma
Bíblia fala que o ímpio pode prosperar muito (Sl 73. 3).
A pobreza pode dar vazão ao roubo, o que é um pecado contra o Senhor (Pv
30.8-9). Lembrando: roubo é quebra do mandamento de Deus. E quebrar o
mandamento de Deus implica em ser culpado e condenado pelo Senhor.
A pobreza extrema traz consigo a fome e as provações. Traz também muitas
outras dificuldades. Definitivamente a pobreza não é, via de regra, uma bênção do
Senhor para o ser humano.
4) O livro de Provérbios vê o pobre como um protegido e sustentado pelo
Senhor
Embora a pobreza não seja uma benção em si mesma, o pobre é alguém
especial para o Senhor. Deus protege e livra de males os pobres (Pv 13.8). A idéia
aqui é que Deus está velando pelos pobres.
As plantações e colheitas dos pobres são abençoadas pelo Senhor (Pv
13.23). Isto acontece porque o Deus das Escrituras se compadece dos mais fracos e
dos mais necessitados.
Mais uma vez cabe uma ressalva. Pobre, nas escrituras tem relação com toda
e qualquer pessoa que é desprovida de bens materiais. No entanto, esse termo se
refere, de modo especial, aos filhos e filhas de Deus que, por diversas razões,
encontram-se nesta condição.
As Escrituras ressaltam os pobres que pertencem ao Senhor. Em o Novo
Testamento, por exemplo, quando houve uma grande fome no mundo inteiro, Paulo
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e a Igreja dos gentios levantaram uma oferta aos crentes pobres de Jerusalém (At
11.27-30). A orientação é atender e ajudar a todos quantos pudermos, porém,
priorizando os da família da fé (Gl 6.10).
A atitude dos filhos de Deus deve ser amparar e abençoar o pobre,
particularmente os da fé (Pv 14.21). Deve-se emprestar o que eles necessitam (Pv
19.17) e até mesmo dar-lhes, sem nada pedir de volta (Pv 28.17). Oprimir e humilhar
o pobre significa comprar “briga” com o próprio Deus (Pv 14.31). Quem assim age
insulta a Deus (Pv 17.5). E Deus promete defender a causa do pobre bem como
ceifar a vida dos que lhe oprimem (Pv 22.22-23).
Deus recompensa àqueles que atendem ao pobre em sua necessidade (Pv
21.13; 22.9). Há promessas àqueles que ajudam e assistem aos pobres em seus
infortúnios.
Os magistrados e os reis devem julgar o pobre com justiça e equidade (Pv
29.14; 31.9) para o próprio bem deles, pois dos céus o Senhor tudo vê. Se aqueles
que devem fazer justiça não o fazem, Deus pedirá contas a eles.
5) O pobre temente a Deus tem muitas características que agradam ao Senhor.
A pessoa menos favorecida não é imaculada ou perfeita. Como foi dito
anteriormente neste estudo, ser pobre não é nenhuma vocação gloriosa e sublime. A
Bíblia não diz que a pobreza é uma bênção inefável do Senhor!
Por outro lado, porém, as pessoas menos favorecidas muitas vezes revelam
atitudes absolutamente agradáveis ao Senhor. Como também já foi dito, a Bíblia nos
ensina que Deus olha para os pobres de um modo especial, para ajudá-los e
socorrê-los.
Uma das atitudes positivas da pessoa pobre é a dependência. Davi, embora
não fosse um homem pobre, literalmente falando, tinha a postura de um pobre ao
dizer que dependia do Senhor à semelhança de um pobre que depende de outras
pessoas (Sl 40.17; 70.5). Deus ama aqueles que dependem dele. Isto não é
sadismo do Senhor; na verdade é misericórdia. Deus, como Pai gracioso gosta que
seus filhos deixem de lado o orgulho e a arrogância e dependam dEle.
A confiança no Senhor parece ser mais forte naqueles que menos possuem
bens materiais. Por isso, quando o indivíduo amealha bens e riquezas, as Escrituras
exortam a não por nelas a confiança (Sl 62.10) nem tampouco a esperança (1 Tm
6.17-18).
O pobre suplica (Pv 18.23), algo que demonstra humildade, outra virtude que
agrada ao Senhor. A humildade é um atributo indispensável para aqueles que
desejam se aproximar de Deus.
O pobre parece ter mais caráter do que o rico (Pv 19.1). É melhor ser um
pobre honesto do que um rico mentiroso (Pv 19.22) ou mau caráter (Pv 28.6), nos
dizem as Escrituras.
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Conclusão.
Como resumo, podemos afirmar que a pobreza não é um estado de graça
diante de Deus; não é algo bom em si mesmo. Aliás, se alguém tiver a oportunidade
dada pelo Senhor para ascender financeiramente, deve aproveitá-la!
Por outro lado, paradoxalmente, a figura do pobre é extremamente bem vista
nas Escrituras. Decerto não é por causa da sua pobreza em si, mas sim por causa
dos sentimentos e valores que muitos pobres, especialmente os que temem ao
Senhor, revelam.
Independente de sermos pobres ou ricos, o mais importante é sermos do
Senhor e andar em seus caminhos. As bênçãos materiais, se vierem, serão apenas
um acréscimo. A maior de todas as bênçãos é pertencer a Deus e ao Seu Filho
Jesus. E ela é superior a todas as outras graças juntas.
Que o Senhor nos abençoe com sabedoria e obediência à sua palavra para
que possamos ter uma vida abençoada em todas as áreas.
Igreja Presbiteriana Betânia
Uma família aos pés do Senhor
OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 8
Tema: O Rico e a Riqueza.
Texto: Pv 30.8-9.
Introdução.
Certo pensador cristão afirmou que nas duas grandes estradas, a do
sofrimento e a da bonança, mais homens caem mortalmente feridos na segunda do
que na primeira.
Parafraseando a idéia acima, podemos dizer que, com respeito às estradas
da pobreza e da riqueza, mais homens se perdem e se distanciam de Deus na
segunda do que na primeira.
A riqueza em si não é uma maldição e nem inevitavelmente levará aqueles
que a possuem à destruição. Muitos servos de Deus foram ricos e em muitos casos,
a riqueza deles poderia indicar o favor e a bênção de Deus.
As riquezas e bens materiais, em muitas passagens das Escrituras, podem
ser um indicativo da aprovação de Deus. Deve-se, entretanto, dizer que não há nas
Escrituras e na teologia bíblica, nenhum indicativo de que todo cristão enriquecerá e
que sempre que alguém enriquece isto significa que Deus o abençoou e o aprova
em sua vida e espiritualidade, como a assim chamada “Teologia da Prosperidade”
assevera.
É bom observarmos que, como Jesus afirmou, é mais fácil passar um camelo
pelo buraco de uma agulha do que entrar um rico no reino dos céus (Lc 18.25).
Entendendo essa palavra de Jesus em seu contexto e no todo das Escrituras, o
problema em si não é a riqueza ou o dinheiro, mas a centralização deles no trono do
coração e da adoração do ser humano. Em outras palavras, o problema é fazer do
dinheiro o seu deus, a sua fortaleza, a sua segurança, a sua real esperança. O real
problema é adorar e servir às riquezas (Mt 6.24). É difícil um rico entrar no reino dos
céus, mas não é impossível.
Desenvolvimento
Como acontece com os tópicos “pobre e pobreza”, há uma diferença
fundamental entre o “rico e a riqueza” nas Escrituras.
Embora iremos encontrar muitos homens e mulheres de Deus nas Escrituras
que foram riquíssimos e servos do Senhor, a regra na Bíblia é que a maioria dos
filhos de Deus não é rica, materialmente falando. Por outro lado, também devemos
acentuar que na perspectiva bíblica Deus não tem reservado a miséria para o seu
povo. Não é projeto de Deus que seus filhos passem fome, mendiguem o pão, vivam
em estado de extrema pobreza e falta de recursos. O ideal de Deus não é este.
Em o Novo Testamento, mais do que no Antigo, poucos foram os homens e
mulheres ricos que serviram ao Senhor. Paulo mesmo constatou essa verdade (1 Co
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1.26-29). O apóstolo Tiago também a declarou (Tg 2.5). Ou seja, a Palavra de Deus
atinge mais facilmente os pobres e não os ricos. São os pobres que têm os ouvidos
mais abertos para ouvir o Evangelho e os olhos mais capazes de enxergar Jesus
como único e verdadeiro salvador.
Vale ressaltar que permanece a verdade constatável de que havia pessoas
ricas que serviram a Jesus. Muitas mulheres que seguiram Jesus pertenciam às
classes sociais mais abastadas (Lc 8.1). José de Arimatéia, o mesmo que
emprestou sua sepultura virgem para que Jesus fosse sepultado, era rico (Mt 27.57).
Lídia, a vendedora de púrpura, provavelmente era bem abastada (At 16.14-15).
Filemon era proprietário de escravos, indicando, assim, sua elevada posição sócioeconômica.
Em o Antigo Testamento, os três patriarcas maiores, Abraão, Isaque e Jacó,
eram homens riquíssimos (Gn 13.5-6; 26.12-14; 31.1). Todos eles enriqueceram por
causa do Senhor, da presença e benção do Senhor em suas vidas.
Jó, também patriarca, era um homem muito rico, o mais rico entre os seus
contemporâneos (Jó 1.3; 42.12). Sua riqueza também era fruto do favor de Deus
para com ele, verdade que o próprio Satanás teve que reconhecer (Jó 1.9, 10).
A lista poderia continuar. No entanto, como já dissemos, a regra não é a
maioria dos filhos de Deus serem ricos. Quase todos os profetas, com poucas e
raras exceções (Isaías e Daniel), eram pobres. A massa do povo de Deus em o
Antigo e também em o Novo Testamento era de pobres.
O que a Bíblia assegura é o sustento e a provisão de Deus aos seus filhos e
filhas. A promessa de Deus diz respeito ao cuidado daqueles que confiam nele (Mt
6.25ss); diz respeito à provisão do que basta e é necessário para suas vidas. O que
o Senhor nos garante em sua Palavra é não permitir que seus filhos, aqueles que
caminham com ele há algum tempo, mendiguem o pão (Sl 37.25).
Outra questão que devemos observar é que a riqueza e a provisão de Deus
não caem dos céus. Na verdade, elas nos são dadas dos céus. Porém, o Senhor nolas dá por intermédio do nosso trabalho, das nossas labutas, dos nossos
empreendimentos orientados por Ele. No final, tudo procede dele, de suas mãos
dadivosas. Entretanto, é necessário que trabalhemos e evitemos todo espírito de
preguiça e ociosidade! (ver Pv 20.4; 21.25).
Outra informação interessante em Provérbios diz respeito aos bons
profissionais. O livro nos diz que as pessoas boas naquilo que fazem, que são
profissionais talentosos e acima da média, serão colocados entre os príncipes, ou
seja, prosperarão e serão reconhecidos como pessoas dignas de receber mais e
melhor (Pv 22.29).
Nesta lição, veremos o que as Escrituras em Provérbios nos ensinam acerca
dos temas “rico” e “riqueza”. Tiraremos algumas lições e veremos as implicações
destes temas para a fé cristã. Vejamos então.
1) A riqueza pode ser uma evidência da manifestação da bênção de Deus, mas
não é a única nem a mais importante.
Várias passagens nas Escrituras garantem que os servos de Deus seriam
abençoados em seu trabalho e consequentemente, na área financeira (p. ex. Sl
128.2). Deus abençoaria as lavouras, os rebanhos e todas as atividades
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empreendidas pelos seus servos, trazendo assim, prosperidade material. Isto porque
as riquezas, bem como a pobreza, estão nas mãos do Senhor (1 Sm 2.7).
Além do trabalho, é necessário que os servos de Deus vivam debaixo da
orientação e sabedoria do Senhor, pois dela procedem as riquezas (Pv 3.16; 8.18).
E a sabedoria de Deus orienta-nos a não nos comprometermos com o pecado e os
prazeres ilícitos (Pv 21.17; 23.19-21).
O trabalho deve ser realizado com diligência, com esforço e da melhor
maneira possível (Pv 10.4). O mesmo livro de Provérbios afirma que as pessoas que
são excelentes nas atividades que exercem, serão guindadas a altas posições (Pv
22.29). Sejam servos de Deus ou não, os melhores profissionais serão galardoados
com as melhores remunerações.
O ímpio também pode prosperar, e de fato prospera e enriquece. Contudo,
somente aqueles que são do Senhor têm o diferencial de, além de receber a bênção
do Senhor (Pv 28.20), não passar pelo desgosto, pela dor e pelo sofrimento que a
maioria dos ricos ímpios passa (Pv 10.22).
A riqueza pode ser uma bênção, mas não é a única nem a maior. Provérbios
diz que “mais vale o bom nome, do que as muitas riquezas; e o ser estimado é
melhor do que a prata e o ouro” (Pv 22.1).
Para o cristão, a maior e mais importante bênção é ter Jesus como Deus,
Senhor e salvador de sua vida. Mais importante do que bens e bênçãos materiais é
ser galardoado pela graça da presença do Senhor, pois os bens deste mundo, por
maiores e melhores que se apresentem, passarão, serão comidos pelas traças e
pela ferrugem. Nenhum bem ou riqueza material trará, verdadeiramente, esperança
eterna e profunda para a alma.
Ao contrário, em Cristo, o crente tem a garantia de receber toda sorte de
bênçãos espirituais. Tem esperança não apenas aqui neste mundo e nesta época,
mas tem esperança no porvir, na eternidade (1 Co 15.19-20).
Por causa de Deus e de sua presença é que o crente recebe toda sorte de
bênçãos e vitórias (1 Sm 18.14). Antes de “correr atrás” de riquezas e bens
materiais, o crente deveria procurar seguir e servir o Senhor com integridade e
inteireza de coração, pois, se for da vontade de Deus, quando o colocamos em
primeiro lugar, poderemos receber das suas mãos muitos benefícios materiais.
2) A riqueza não deveria ser o grande alvo na vida dos filhos de Deus.
Na contramão do que temos visto e ouvido, particularmente da “Teologia da
Prosperidade”, Provérbios não incentiva ninguém a ser rico. Pelo contrário, adverte
as pessoas a não fazer da riqueza o grande alvo da vida (Pv 23.4). No versículo
seguinte desse texto o autor sagrado explica a razão de não se “fatigar” para ser
rico: a riqueza é efêmera é móvel, pode passar rapidamente de mão em mão (Pv
23.5). As riquezas não duram para sempre (Pv 27.24).
Muitas vezes, aqueles que querem enriquecer estão apenas alimentando uma
série de pecados e distorções de caráter. Não se trata apenas de ambição
desenfreada, cobiça, vaidade; Provérbios diz que muitos que aspiram e desejam a
riqueza movidos pela inveja (Pv 28.22). E foi por causa da inveja da riqueza dos
ímpios que o salmista quase se desviou dos caminhos do Senhor (Sl 73.2-3).
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Com isso Provérbios não está dizendo que o ideal seja a pobreza. Não é está
a idéia aqui. As pessoas que colocam como alvo fundamental da vida o enriquecer,
deixam para segundo plano o reino de Deus e as suas realidades.
O ideal é o que basta para a pessoa viver dignamente; o importante é ter o
suficiente. Por isso, o autor de provérbios, em sua oração pede ao Senhor que não
lhe dê nem a pobreza, nem a riqueza, mas “o pão que for necessário” (Pv 30.8).
Paulo também ensina essa mesma verdade (1 Tm 6.7-8). E ainda dá testemunho de
sua vida, dizendo que nem a pobreza nem a riqueza são importantes para ele. Ele
aprendeu a viver contente em toda e qualquer situação (Fp 4.11-13).
As riquezas não podem comprar ou garantir o verdadeiro bem e necessidade
humana: a salvação. Jesus contou a parábola do homem que enriqueceu e achou
que estava seguro, que havia alcançado o melhor para a sua vida. No entanto,
aquele homem ouviu a voz celestial dizer: “louco, está noite te pedirão a tua alma; e
o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.20).
Embora Pv 11.4 esteja falando de realidades terrenas, podemos ver à luz do
Novo Testamento que haverá um dia da ira de Deus. Neste dia, as riquezas do rico
não o ajudarão; apenas a pessoa bendita de Jesus é que pode nos salvar e livrar da
ira de Deus que há de se manifestar sobre todo o mundo! (1 Ts 1.10).
3) A riqueza pode trazer muitos problemas à vida dos seus possuidores, tudo
dependerá da postura que se tiver frente a ela.
Há muitas tentações e dificuldades que podem vir junto com o
enriquecimento. Certamente o problema não está no dinheiro ou riqueza em si, mas
nos sentimentos e atitudes que estão ou podem surgir no coração humano.
Assim, não é o dinheiro o grande vilão, mas o amor ao dinheiro que trará
grandes dificuldades à pessoa (1 Tm 6.10). Este amor, ou devoção maior, é fruto de
aspirações carnais; muitas vezes é o resultado de uma cobiça desenfreada e de
uma insatisfação desmedida. Pode ser também fruto da inveja (Pv 28.22).
Outro sério e grave problema é fazer do dinheiro seu porto seguro, sua
fortaleza, sua esperança. Paulo, escrevendo ao jovem pastor Timóteo, mando-o
exortar “aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a
sua esperança na instabilidade das riquezas, mas em Deus...” (1 Tm 6.17).
Provérbios fala a mesma verdade, mas de modo diferente. Na oração do
autor sagrado, ele pede a Deus que o livre da riqueza e da pobreza. Quanto à
pobreza (entenda-se pobreza aqui como miséria), ele não a quer para não ofender
ao Senhor com o pecado do furto ou roubo. Quanto à riqueza, a tentação que o
autor vislumbra é a negação de Deus, e consequentemente, os pecados da altivez,
arrogância e auto-suficiência.
Sobre este problema, a Igreja de Laodicéia fornece-nos um triste exemplo.
Por ser rica e abastada, se achava auto-suficiente (Ap 3.17). Sua riqueza material
deu-lhe a falsa impressão de que não precisava de nada nem de ninguém. Aos
olhos do Senhor, contudo, tal atitude fazia daquela igreja uma Igreja infeliz,
miserável, pobre, cega e nua.
A riqueza pode nos tornar cegos, impossibilitados de ver e reconhecer que
“toda boa dádiva e todo dom perfeito procedem do Senhor” (Tg 1.17). Ela pode nos
fazer esquecer que toda riqueza ou prosperidade material que um ser humano tenha
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é e sempre será fruto do favor de Deus (Dt 8.11-20). Primeiro, concedendo vida,
forças e dons naturais para alcançá-la. Segundo, permitindo que até mesmo um
ímpio prospere sem impedimento. Direta ou indiretamente, quer reconheçamos ou
não, toda riqueza e prosperidade procedem do Senhor.
4) O rico que não teme ao Senhor não é bem visto nas Escrituras, posto que
tem características repugnantes aos olhos de Deus.
O problema não é a riqueza em si, conforme já dissemos, mas o amor por ela
(1 Tm 6.10). Infelizmente a maioria das pessoas não consegue deixar de fazer da
riqueza o seu arrimo, o seu porto seguro, a sua “cidade forte” (Pv 10.15) e a sua alta
muralha; traduzindo: sua proteção (Pv 18.11). Ora, agindo assim, tais pessoas
passam a confiar na riqueza e não em Deus (1 Tm 6.17) – o que é um pecado grave
diante do Senhor!
Além disso, Provérbios garante que quem confia na riqueza cairá (Pv 11.28).
Cairá porque nenhum bem material no mundo traz verdadeira segurança e proteção
ao ser humano. Pode ser que essa queda se dê apenas na eternidade, diante do
juízo de Deus, mas, o fato é que ela acontecerá! Normalmente, a queda acontece
aqui neste mundo mesmo.
Geralmente os ricos são soberbos, altivos e duros no trato com os outros.
Eles falam com dureza (Pv 18.23). Pensam-se deuses ou superiores aos demais. O
dinheiro e as riquezas produzem no coração e na alma das pessoas esta falsa
sensação. As pessoas que confiam nas riquezas e se acham melhores, olharão para
os outros com desdém e menosprezo. Em seus corações, todas as demais pessoas
estão abaixo delas. Pode até ser, pensam elas, que algumas estejam no mesmo
nível, mas acima, jamais!
Por serem auto-suficientes, se acham sábios aos seus próprios olhos (Pv
28.11). Não precisam de conselhos alheios. Eles pensam que possuem a sabedoria,
o entendimento e a direção para todos os negócios da vida.
A sua auto-suficiência os faz afastarem-se do próprio Deus. O Criador é uma
realidade dispensável para eles. Tudo o que eles querem nesta vida não precisam
pedir a Deus, eles mesmos a conquistam por meio do dinheiro. Não reconhecem
que, mesmo indiretamente, é Deus quem lhes concede saúde, inteligência e
capacidade para adquirirem todos os benefícios existenciais.
Há ricos que têm alma de pobre. Davi foi um homem rico que tinha a alma de
pobre, posto que reconhecia que tudo procede do Senhor e que sem a dependência
de Deus, nos tornamos arrogantes, prepotentes e altivos (Sl 40.17; 70.5). Há pobres,
que tem alma de rico. Mesmo sendo pobres, confiam apenas em si mesmos e não
no Senhor. O ideal é sempre depender de Deus; é ser um pobre de espírito (Mt 5.8)
– independente da situação financeira que o indivíduo tiver.
Os ricos muitas vezes se tornam dominadores e déspotas dos mais pobres
(Pv 22.7). No afã de possuírem cada vez mais riquezas e consequentemente mais
poder e domínio, pisam nos outros, exploram os seus semelhantes e os fazem
menos do que “coisas”. Eles não se importam com os sentimentos e necessidades
alheias; pensam apenas em amealhar cada vez mais, não importando o que tenham
que fazer para conseguirem seus objetivos.
5) O rico precisa entender que suas riquezas devem ser usadas para a glória
de Deus.
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Não apenas o rico, mas todo verdadeiro cristão deve saber que é apenas um
mordomo dos bens que lhe foram confiados. Deus é o dono de toda prata e ouro;
pertencem ao Senhor, não são nossos. Somos apenas administradores dos bens
que o Senhor nos concede ter por um breve espaço de tempo aqui neste mundo.
Por isso, o crente rico, além da sua obrigação espiritual de ser dizimista (Ml
3.6ss), deve também compartilhar e doar parte de seus recursos aos pobres e
miseráveis (1 Tm 6.18-19), enriquecendo-se, assim, espiritualmente.
O dízimo é um meio instituído pelo Senhor para fazer a sua obra avançar. È
também um veículo de bênção para a vida de outras pessoas e até mesmo de
nações. Recursos oriundos dos dízimos servem para amenizar a fome, a pobreza e
a miséria nas quais muitos vivem.
É também dever do cristão compartilhar com os menos favorecidos parte de
seus recursos. Ele não deve compartilhar por imposição, mas por consciência cristã.
Tal contribuição deve se dar segundo o indivíduo propuser no coração. Lembrando,
é claro, que deve haver liberalidade na nossa alma.
Diz-se que John Wesley cunhou a seguinte sentença: “Ganhe todo dinheiro
que puder. Economize todo dinheiro que lhe vier às mãos.” Até aqui a maioria das
pessoas aplaudiriam de pé e incessantemente a Wesley, mas ele continua: “Doe
todo dinheiro que for possível.”
Certamente Wesley não estava ensinando às pessoas a abrir mão de tudo,
mas estava ensinando os crentes a compartilhar o máximo que puderem – como o
próprio Wesley agiu. Neste aspecto, tudo o que Deus tem nos dado, deveria ser
usado para a glória do nome dEle e benção da vida das pessoas.
Em o Antigo Testamento, conforme já vimos na lição passada, ao fiel era-lhe
ordenado pensar e cuidar dos menos favorecidos de diversas maneiras (Lv 19.10; Dt
15.7-11). Todo esse cuidado visava amenizar e diminuir a distância entre os mais
ricos e os mais pobres. Tinha também por objetivo produzir justiça social. Assim, o
rico tem a incumbência de ser instrumento de Deus para trazer não só a justiça, mas
também o alívio das mazelas da pobreza e a paz social.
Oxalá haja no coração dos membros da Igreja disposição em não apenas ser
dizimista, mas também ofertante para os menos favorecidos.
Conclusão.
Encerramos esta lição abordando vários aspectos da riqueza e da pessoa do
rico. Há muitas outras questões que poderiam ser abordadas. As que abordamos
são suficientes para se ter uma idéia mais alargada acerca desses temas.
De tudo o que foi dito, enfatizamos:
• A riqueza em si mesma não é o real problema, mas sim o amor a ela.
• Com a riqueza, certamente podem vir tentações para desviar o crente. Se,
contudo, o crente mantém-se fiel ao senhor e à sua palavra e, mantém a
riqueza “sob” seus pés e não “sobre” sua cabeça, não haverá dificuldades.
• O maior tesouro que qualquer ser humano pode ter é a fé viva em Jesus
Cristo, única e verdadeira riqueza do ser humano.
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•
A pessoa que tem muito dinheiro tem também muitas responsabilidades. Ele
não deve ser penalizado por ter amealhado, licitamente, bens materiais. Mas
deve ter um coração mais aberto e mais sensível aos menos afortunados,
especialmente com os domésticos da fé.
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Lição 9
Tema: Soberba, altivez e arrogância: a tríade mortal!
Texto: Pv 16.18; Sl 101.5.
Introdução.
As atitudes humanas revelam não somente o caráter, mas também a alma
das pessoas. É difícil separar o que somos do que fazemos. Fazemos o que somos
e somos, em grande medida, o que fazemos.
Assim é que nas Escrituras, o filho de Deus é reconhecido pelo exercício de
uma série de atitudes que toma. No Sermão da Montanha, por exemplo, as
características dos cidadãos do reino de Deus são a humildade, a justiça, a
santidade, a paciência nas tribulações, etc. (Mt 5.1-12). Todas elas revelam que o
indivíduo pertence, de fato, a Deus.
No Salmo 15 aprendemos também que os moradores do “Monte Santo” são
pessoas que vivem plenamente os padrões éticos, morais e comportamentais do
reino dos céus. Eles são comprometidos com a prática da vontade de Deus.
Os que estão longe do Senhor também são conhecidos por seus atos. Aliás,
são reconhecidos pelas suas muitas atitudes pecaminosas (Ap 21.8; 22.15). No todo
das Escrituras o ímpio é retrato como alguém cujos valores são contrários aos
valores do Reino do Senhor. Ele é ímpio por causa de suas obras.
Desenvolvimento
Todavia, devemos saber que muitas vezes os filhos (as) de Deus podem ter
comportamentos estranhos à profissão de fé que abraçaram – não deveriam, mas
pode acontecer e, de fato, tem acontecido! Pedro, por exemplo, nos diz que na
comunidade dos eleitos não deveria haver “maldade, dolo, hipocrisias, invejas,
maledicências” e qualquer outra espécie de pecado (1 Pd 2.1-2). Os crentes
deveriam despojar de si mesmos tais transgressões. Ora, se Pedro diz que os
crentes devem despojar de si essas iniquidades, significa, no mínimo, que elas
podem estar presentes na vida do servo de Deus.
A solução, certamente, é vigiar e orar para que tais pecados não nos façam
seus prisioneiros. E, se de alguma forma estamos vivendo neles, o remédio é pedir
perdão a Deus, nos arrependendo de tais práticas ou sentimentos pecaminosos e
também, rogar ao Pai celeste que nos purifique com o sangue precioso de Jesus,
nosso Senhor.
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Um dos piores pecados que pode ser abraçado pelo povo de Deus é a
soberba. Soberba, arrogância e altivez são termos intercambiáveis, tendo cada
palavra pouca variação de significado. As pessoas que possuem essa tríade mortal
em sua alma pensam de si mesmas mais do que deveriam pensar (Rm 12.3).
Concomitantemente, na maioria dos casos, elas menosprezam os outros, vendo-os
como inferiores.
O altivo é alguém que sempre olha seu semelhante de cima para baixo. Ele
se acha superior, melhor do que os demais. Vê suas virtudes debaixo do signo da
perfeição. Ostenta-as como um trunfo, uma marca que lhe faz melhor do que os
demais seres humanos. Entre os religiosos esse sentimento é ainda pior, pois tal
pessoa faz das práticas ou virtudes cristãs um meio de auto-glorificação – o que é
um grave erro diante do Senhor (veja Lc 18.9-14).
O mal da soberba é milenar. A causa fundamental da queda de Satanás foi a
soberba. Embora a Bíblia não nos dê detalhes sobre o que aconteceu, muitos e
bons teólogos interpretam o texto de Is 14.12-15 e Ez 28.11-19 como se referindo
também ao Diabo. Ele se exaltou e quis “tomar” o lugar de Deus. A glória, a
formosura e o poder que ele possuía fizeram-lhe ensoberbecer e daí, veio a sua
queda.
O ser humano também caiu porque em vez de continuar adorando e servindo
o Senhor, resolveu dar ouvidos à tentação do Inimigo que lhe disse que poderia ser
como Deus se comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn
3.1ss). A tentação de ser como Deus subiu ao coração do ser humano. Ele foi
contaminado pela altivez de espírito, pela soberba da alma. Assim como aconteceu
com Satanás, o ser humano também caiu.
A altivez mais uma vez alcançou o coração dos seres humanos antigos
quando em Babel resolveram tornar “célebre” o seu nome (Gn 11.4). Em vez de dar
glórias a Deus, quiseram receber louvores e adoração – característica inequívoca de
um coração tomado pela soberba.
Na história da humanidade muitos foram os que se contaminaram,
profundamente, com o vírus da soberba. Todos os governantes absolutos foram
contaminados com o mal da arrogância até tal ponto que não mais se viram como
seres humanos, mas como deuses. No Egito Antigo, faraó era um deus. Em Roma,
os césares eram divinizados após sua morte. Templos eram erigidos em sua
homenagem e sacrifícios e cultos eram oferecidos a esses “deuses” da Cidade
Eterna. Dois deles não esperaram morrer para serem cultuados: Calígula e Nero.
Mesmo nos chamados países comunistas de ontem e de hoje, cujos Estados
são totalitários e têm ditadores, podemos ver a divinização de seus líderes máximos.
Stalin, Mao Tse Tung, Fidel Castro, entre outros, tiveram e têm suas fotos
estampadas em cada lugar do país. Deliberadamente fazem isso com o fito de
serem vistos como superiores, maiores do que os demais.
Eles são “adorados” como visionários, revolucionários, salvadores da pátria,
pais dos pobres, etc. Na prática, são cultuados pelos homens e acabaram
acreditando que são mais do que meros homens mortais.
Resumidamente, a soberba, a altivez e a arrogância estão e estiveram em
todos os tempos e em todos os lugares. Onde se encontra um descendente de
Adão, aí também poderá ser encontrado um meio delas se manifestarem. Elas estão
no mundo político, financeiro, acadêmico e também no religioso.
O objetivo desta lição não é, em primeiro lugar, falar desses pecados tendo o
ímpio como foco. Absolutamente não! Pensamos em descrevê-los tendo o crente
como alvo. É para o povo de Deus que esse estudo se dirige em primeiro lugar!
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Vejamos abaixo algumas lições extraídas a partir do livro de provérbios sobre
essa terrível tríade.
1) o Senhor nosso Deus abomina a Soberba, a altivez e a arrogância do ser
humano.
O Deus Santo não tolera esses sentimentos e atitudes na vida de suas
criaturas. Tais sentimentos são afrontas à soberania e santidade de Deus. Isto não
significa que o ser humano possa se constituir em rival de Deus ou possa tomar-lhe
o trono. Ninguém o pode. Ninguém tem sequer um milésimo do poder de Deus para
ser seu oponente ou rival.
Deus abomina porque isto é pretensão humana. Constitui-se em desafio
insano ao Seu governo. É distorção dos seus propósitos divinos para o homem. É
uma afronta cheia de mentira contra o Criador.
Vários textos bíblicos nos falam que Deus abomina a soberba e os soberbos.
A sabedoria, que no capítulo 8 de Provérbios funciona como personificação de
Deus, diz que o Senhor aborrece a soberba e a arrogância (Pv 8.13). Aliás, deve-se
dizer que a soberba não tem qualquer ligação com a sabedoria. Nenhum ser
humano que abriga em seu coração a altivez pode ser chamado ou considerado
sábio.
Ainda em Provérbios, o Senhor abomina todo ser humano que é arrogante de
coração (Pv 16.5). O termo é forte, contundente, mas realístico. A rejeição é
absoluta por parte de Deus. A soberba é um sentimento que aos olhos do Senhor
gera total repulsa no Eterno.
No livro dos Salmos, o Senhor diz que não suporta aquele que tem olhar
altivo e coração soberbo (Sl 101.5). As pessoas que têm esse sentimento/atitude
tornam-se insuportáveis à vista e à presença do Senhor. Isto não significa que Deus
não os observa e os reconhece, pois ainda que estejam longe da presença de Deus
(Sl 138.6), Ele os sabe detectar.
Isto nos faz pensar que há soberbos que não são facilmente identificados. A
soberba tem múltiplas formas de se manifestar. Há pessoas que se fazem passar
por humildes, mas seus corações estão cheios de arrogância e altivez. Há pessoas
que ao recusarem receber ajuda, ao se negarem “incomodar” os outros, podem
apenas revelar traços sutis de soberba no coração.
Deus resiste aos soberbos, ou seja, se lhes opõe (Tg 4.6; 1 Pe 5.5). Eles não
prevalecerão contra Deus, contra os planos e juízos do Senhor. Por mais que o ser
humano queria lutar e prevalecer contra o Senhor, não conseguirá, pois quem está
contra o soberbo é o Todo Poderoso.
Deus pode permitir que o soberbo prevaleça por algum tempo, mas não para
sempre. Podemos ter a impressão de que os altivos não tenham quem lhes resista
ou oponha, mas é só aparência. Um dia, dentro do tempo de Deus, o Senhor lhe
frustrará os planos e as atitudes arrogantes.
Em Amós o autor sagrado é ainda mais enfático e diz que Deus abomina e
odeia a soberba e pretensa fortaleza de Jacó, ou seja, da nação de Israel (Am 6.8).
Quando as pessoas se encontram em situação sócio-econômica favorável, é comum
o desenvolvimento da soberba, como muitas vezes aconteceu com Israel. Nestes
momentos o Senhor não se mostra favorável.
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Em suma, as atitudes de soberba, altivez e arrogância não são bem vistos
pelas Escrituras. Independente se é um ímpio ou alguém que trilha os caminhos do
Senhor, quem está com a alma impregnada desses sentimentos/atitudes irá, no
mínimo, ser repreendido pelo Senhor.
2 A soberba pode prender o coração de qualquer pessoa, até mesmo dos
filhos de Deus.
O poder é uma via fácil e rápida para se alcançar o coração e, logo em
seguida, fomentar a soberba. Ele pode ser financeiro, político, acadêmico, intelectual
ou físico, mas também pode ser religioso. Não são apenas os não religiosos ou
ateus que caem em soberba, os fiéis a Deus e a Sua Palavra também podem cair –
e efetivamente caem!
Na história dos reis de Israel e Judá, muitos reis pensaram de si mesmos
além do que deveriam; imaginaram-se grandes e poderosos demais. A começar pelo
maior de todos os reis – Davi – quase no final de sua carreira terrena, ficou
deslumbrado pelo poder que tinha em suas mãos. Ele não sabia o que era perder (1
Sm 18.14). Sob seu comando o exército de Israel era imbatível. Convenceu-se que o
êxito estava em si e no exército de que dispunha. Resolveu, então, fazer um censo
militar para saber qual era o número de soldados ao seu dispor (2 Sm 24.1-9).
Joabe, seu general, tentou dissuadi-lo de tal empreitada, porém não conseguiu (2
Sm 24.3-4). Naquele momento da história Davi ficou deslumbrado com toda a glória,
força e poder de seu reino. Deixou de reconhecer que tudo era por causa de Deus e
não por causa de si mesmo! Como consequência, caiu em soberba.
Roboão passou por grandes dificuldades graças a sua falta de sabedoria e
bom senso. O Reino foi dividido. Como rei de Judá, depois de confirmar o seu reino
e tendo se fortalecido, virou as costas para Deus (2 Cr 12.1). Sendo esse último erro
pior do que o primeiro. Viu-se poderoso e daí, concluiu: “não preciso de Deus, nem
tampouco de sua palavra”. Tal soberba e arrogância custaram-lhe muito caro.
Homens piedosos como Uzias e Ezequias, uma vez embriagados pelo poder,
permitiram que seu coração se exaltasse (2 Cr 26.16; 32.25). Como consequência
fizeram o que não deveriam fazer. A Bíblia nos ensina que todo o que se exalta será
humilhado (Lc 14.11; 18.14) e não foi diferente com esses dois grandes homens de
Deus!
Os apóstolos estavam caindo em soberba quando desejavam ser os
principais no reino dos Céus (Mc 10.35-45). Pensaram em adquiri poder, glórias e
honra. Jesus lhes disse que o propósito do chamado que lhes fizera era servir e não
ser servido.
Como podemos ver, não foram apenas os incrédulos e ímpios que caíram em
soberba, muitos dos gigantes da Bíblia também foram atingidos. Hoje se dá o
mesmo: não são apenas os não cristãos que caem, muitos homens e mulheres de
Deus estão com o pecado da arrogância instalado na alma.
Os líderes, em especial, deveriam se preocupar e examinar sempre o
coração, pois todo aquele que se encontra revestido de autoridade é alguém que
pode cair em soberba. Talvez seja por isso mesmo que Paulo orienta a não colocar
em posição de liderança os neófitos (1 Tm 3.6). Eles não têm maturidade para isso!
Para reverter essa situação de soberba e altivez só existe um caminho:
arrependimento e quebrantamento diante de Deus. O Senhor está perto de quem
tem o coração quebrantado (Sl 34.18). Ele perdoa os que se arrependem e
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confessam seu pecado (1 Jo 1.9). Socorre quem deixa o caminho insano da altivez e
auto-suficiência e volta a trilhar os caminhos da humildade e dependência divina.
3) Antes de a pessoa enveredar-se pelo caminho da altivez, ela já se encontra
num processo de distanciamento do Senhor.
A tríade soberba, arrogância e altivez é apenas o resultado do distanciamento
do indivíduo da presença e dos caminhos de Deus. Isto não significa que tal
distanciamento implique em abandono da Igreja, da fé, da religiosidade ou da
confissão de fé abraçada.
O Diabo não se importará muito se somos assíduos freqüentadores da Igreja
e convictos na doutrina, desde que isso não nos inflame, ou desde que não
tenhamos intimidade, amor e obediência irrestrita ao Senhor.
Como dissemos acima, homens e mulheres de Deus podem trilhar o caminho
da soberba, da arrogância e da altivez. Porém, isto acontece quando o coração e a
alma se tornam reféns do poder, da vaidade, do auto-engrandecimento.
Sabiamente Provérbios nos adverte a guardar nosso coração (sede do nosso
ser) de tudo quanto possa aprisioná-lo (Pv 4.23). Suas principais entradas, a
audição e a visão, devem ser vigiadas constantemente.
Satanás nos tenta pelos sentidos porque sabe que é por eles que pode
ganhar nossa vida. Seduzido o coração, o indivíduo com tudo o que é (sentimentos,
pensamentos e vontade) fatalmente cairá em soberba. O objetivo do inimigo não é,
inicialmente, desacreditar nossa fé e nossa experiência com o Senhor, mas sim
oferecer outras experiências, outros gozos, outras alegrias.
Não somente Satanás age, nossa velha natureza também. Quando amamos
mais as bênçãos do que o Deus das bênçãos, podemos começar a trilhar a estrada
que nos distancia de Pai Celeste. Quando nos deslumbramos com os carismas que
Deus nos dá e pensamos que eles legitimam nossa salvação ou, pior ainda, quando
os valorizamos mais do que a Deus (ver Mt 7.22, 23), começamos a nos separar da
presença bendita do Senhor.
Dividir o serviço entre Deus e as riquezas nos fará naufragar (Mt 6.24). Há
pessoas que são servas do dinheiro, da ganância e das ambições. E não estamos
falando de pessoas fora da Igreja de Jesus! Tais pessoas colocaram o Senhor em
segundo lugar – o que Ele não tolera (Mt 6.33).
Amar o presente século, se deslumbrar com ele, nos fará distanciar dos
caminhos de Deus. Realmente vivemos um momento esplendoroso. Toda
tecnologia, todo avanço científico, enfim todo esplendor dessa época pode tentar
nos fazer esquecer do esplendor que nos está reservado na eternidade com Deus. A
solução é pensar e buscar as realidades lá do alto, onde Cristo está (Cl 3.1-2).
Enfim, precisamos vigiar e orar para não nos afastarmos da presença de
Deus, da sua comunhão e intimidade, pois do contrário, poderemos preencher nossa
alma com aquilo que nos levará à soberba, à arrogância e à altivez.
4) As consequências negativas de se deixar dominar pela arrogância, cedo ou
tarde, se manifestarão na vida dos seus possuidores.
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Nosso pensamento imediatista quer nos fazer acreditar que as consequências
dos nossos pecados são instantâneas. Nem sempre são. Por vezes, pode acontecer
o contrário: as consequências só se manifestarão décadas depois – senão na
eternidade.
A crise de fé mencionada no Salmo 73 descreve o ímpio como aquele que
está adornado com a soberba. Nada parece acontecer de mal para tais homens.
Seguem tranquilos na vida. São até invejados pelo povo de Deus (vv. 3,10).
Entretanto, isso não significa que ele deixará de receber as recompensas de seu
pecado (Sl 73.17-18).
Cedo ou tarde, porém, os amargos frutos da soberba se manifestarão. A
Bíblia diz em Provérbios, repetidas vezes, que o comportamento altivo bem como o
mero sentimento soberbo, não ficará impune (Pv 16.5). O Senhor julgará e retribuirá
a cada ser humano que andar neste caminho pecaminoso.
A soberba gera desonra (Pv 11.2). Deus trará, mais cedo ou mais tarde, a
vergonha sobre os soberbos. Eles, que amam tanto a honra, o serem “invejados”
pelo poder ou dinheiro que têm, irão amargar situações constrangedoras.
Um dia terão que admitir que não passam de seres humanos, finitos, frágeis,
limitados. Reconhecerão que o poder pertence a Deus, não a eles. O tempo, as
limitações físicas que se manifestam com a idade e, principalmente, a morte,
mostrarão que o arrogante é ser humano, não Deus; é mortal, não imortal nesta
Terra.
A soberba gera contenda (Pv 13.10). Pessoas altivas são, por natureza, de
difícil relacionamento, são voluntariosas e criadoras de “caso”. Pelo fato de
quererem sempre prevalecer em suas opiniões e por não respeitar o pensamento
dos outros, criam antipatia e oposição. Não raras vezes a antipatia gerada por eles é
tão grande que muitos se levantarão para se lhes opor.
A soberba produz repreensão (Pv 14.3). O arrogante será repreendido por
muitos, sobretudo pelo Senhor. Há embates e críticas para os altivos de coração.
Muitos se levantam para condenar o comportamento soberbo. Muitos homens e
mulheres repreenderão a arrogância dessas pessoas.
A soberba é uma estrada pavimentada e bem sinalizada para a ruína pessoal
(Pv 16.18), assim como a altivez o é para a queda. Muitos servos e servas de Deus
tinham tudo para viver dias felizes, de paz e prosperidade, no entanto, não os vive
porque seus corações se tornaram presas da arrogância! Muitos já caíram, outros
ainda cairão.
A soberba produz prostração e abatimento (Pv 29.23). O soberbo é, antes de
tudo, um infeliz, um insatisfeito. Pensa que o poder, o dinheiro e o status são o que
sua alma necessita para ser feliz. Triste engano! No fim, verá que toda altivez
ostentada só produziram infelicidade e enganos em sua vida. Deus o abaterá;
entretanto, é verdade que ele próprio já está se abatendo.
A pior das consequências, porém, acontece quando não há arrependimento e
o pecado da soberba toma plenamente o coração e a alma. A morte eterna, que
significa separação absoluta da presença de Deus. Outros, além da morte eterna,
serão ceifados antes do tempo porque a arrogância e altivez redundaram em morte
física.
5 O antídoto para não se cair em soberba é: reconhecer que toda glória e poder
procedem de Deus e viver para o louvor do Senhor.
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Porque a arrogância e a altivez são devastadoras, a oração dos servos e
servas de Deus deve ser sempre a mesma do salmista: “também da soberba guarda
o teu servo, que ela não me domine...” (Sl 19.13).
Mas, o que fazer para não ser dominado pela soberba? Quais passos e
atitudes devemos tomar? Quais cuidados devemos observar? Decerto não há aqui
nenhuma tentativa de ser exaustivo nestas respostas, porém, a Bíblia nos ensina
algumas lições importantes.
Primeiro, devemos reconhecer que toda glória e honra devem ser dadas ao
Senhor e não a nós (Sl 115.1). É a atitude mais sensata e pertinente. Não temos
nada de nós mesmos. Não somos nada em nós mesmos. Tudo o que temos, somos
e fazemos é fruto da graça de Deus em nós. Como Paulo, devemos reconhecer que
“quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se
recebeste, por que te vanglorias, como se não o tiveras recebido?” (1 Co 4.7).
Portanto, não temos razão de nos exaltar. Deus é quem deve ser exaltado, louvado
e glorificado, não nós.
Devemos nos lembrar que Deus não divide a sua glória com ninguém (Is 42.8;
48.11). E qualquer que quiser tirar a honra e glória do Senhor e trazê-las para si
mesmo pagará caro por isso. Não temos estrutura emocional, física e espiritual para
sermos glorificados por nós mesmos ou pelos homens. Somos pecadores e por isso
mesmo, a glória e a exaltação, antes de nos fazer bem, nos fará mal.
Outro antídoto para a soberba é o reconhecimento de que tudo que sou e
faço deve ser para o louvor de Deus. Afinal, Jesus é o centro e é a finalidade última
de tudo quanto realizamos (Rm 11.36). Até mesmo quando se realiza tarefas triviais,
como comer e beber, deve-se fazê-las para a glória de Deus (1 Co 10.31). Em nada
podemos ser diferentes. Em tudo devemos glorificar a Deus e reconhecer que só Ele
é digno.
Antes do povo israelita entrar na Terra Prometida, o Senhor já lhes havia
advertido quanto à soberba, pois ela poderia capturar o coração do povo (Dt 8.1120). Deus diz: “não te esqueças” (vv. 11, 14, 19) que Sou Eu quem os abençoo.
Vocês mesmos não são o motivo das bênçãos. Diz também: “Lembra-te” (v. 18).
Que a memória não falhe ao resgatar a verdadeira razão das bênçãos: o Senhor.
Estamos crescendo na vida? Glorifiquemos a Deus. Fomos promovidos em
nosso trabalho? Toda honra ao Senhor. Desfrutamos de uma situação favorável ou
plena de bênçãos? É favor divino.
Conclusão.
Ao estudarmos esse tema devemos, em primeiro lugar, pedir ao Santo
Espírito que sonde o nosso coração e nos revele se há esses sentimentos/atitudes
em nós. É extremamente necessário, pois estar com o coração exaltado pode ser
fatal!
Infelizmente não estamos imunes à exaltação. A vida do cristão é como a luz
do sol, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito (Pv 4.18). Via de regra,
crescemos em todas as áreas; prosperamos em tudo; somos sobejamente
abençoados. Nestes momentos, podemos nos esquecer que todas essas bênçãos é
fruto da graça de Deus, não é mérito nosso.
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Para que a soberba não nos atinja, peçamos ao Senhor mais da sua graça e
vigiemos sempre.
OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 10
Tema: Coração, o recipiente dos vícios e das virtudes.
Texto: Pv 4.23; 23.26.
Introdução.
A Bíblia usa uma série de termos e vocábulos cujo significado transcende ao
literal. A palavra “coração” é um exemplo. Dentro da sabedoria bíblica, o coração é
muito mais do que um órgão interno, um músculo que bombeia o sangue para todas
as partes do corpo. O coração é o centro do ser, o âmago da existência humana. Ele
é a sede dos pensamentos, das emoções, das afeições, da vontade, enfim, da vida
como um todo. O coração e a existência se confundem e são uma e a mesma coisa.
Pode-se dizer que o ser humano é o que o seu coração abriga. Dentro da
mentalidade bíblica, o homem é bom ou mau porque carrega em seu coração a
bondade ou a maldade. Ele é aquilo que seu coração armazena.
O coração e o caráter do indivíduo são uma e a mesma coisa para as
Escrituras. Um coração mau reflete as atitudes e valores do indivíduo, pois seu
coração é a sua essência. Um bom coração reflete o caráter melhor trabalhado e
polido do indivíduo.
Desenvolvimento
Em Provérbios não é diferente: o coração é o centro da própria personalidade
do indivíduo. Aquilo que ele é e faz, dentro dos ensinamentos bíblicos, procede do
seu coração. Por isso a advertência: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o
coração...” Dele, complementa o texto, procedem os caminhos da vida; mas, dele
também podemos dizer, procedem os caminhos da morte.
Nabucodonosor, assim nos informa a Bíblia, fez o que fez e agiu como agiu,
ou seja, como se fosse um louco, porque o seu coração foi mudado (Dn 4.16). Ele
não tinha mais o coração de um homem, mas de um animal. O homem é e faz aquilo
que o seu coração carrega.
Na Bíblia, só existem dois tipos de coração: o velho e o novo; o coração de
pedra e o coração transformado e preparado para a glória de Deus. O coração de
carne é uma forma de se referir àqueles que são do Senhor e o coração de pedra,
àqueles que não são. O coração de pedra pertence ao homem natural, sem Cristo.
Esse coração é continuamente mau: “Viu o Senhor que a maldade do homem havia
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se multiplicado na terra e que continuamente era mau todo o desígnio do seu
coração”. (Gn 6.5). Ele é corrupto por natureza (Jr 17.9).
O que possui o coração de carne passou pela transformação espiritual,
tornou-se nova criatura. Tem Cristo habitando nele (Ef 3.17), o maior de todos os
tesouros e o mais honrado dos hóspedes. O Amor de Deus é derramado nele (Rm
5.5). Por isso, tem graça, bondade e temor do Senhor. O Espírito o habita (Gl 4.6; 1
Co 3.16), dando-lhe a garantia da salvação. Ele não está sem mestre, sem
orientador; pelo contrário, tem a presença indispensável do Espírito de Deus. A
palavra do Senhor está nele (Rm 10.8; Cl 3.16). E é a palavra que o santifica (Sl
119.11). Enfim, as mais importantes realidades espirituais agem, estão presentes e
operam no coração do salvo.
A pessoa sem Cristo, sem a obra transformadora do Espírito Santo, tem um
coração corrupto, pecador, inclinado para o mal. Provérbios diz que todo mal
praticado pelo ser humano é a manifestação de um coração irado contra o Senhor
(Pv 19.3).
Sem a Palavra e orientação do Senhor, mesmo o coração regenerado pode
cair em ruína. Por isso Jeremias disse: “Enganoso é o coração, mais do que todas
as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17.9).
Homem algum pode conhecê-lo, mas Deus pode (Pv 15.11; 21.2). Na
verdade, Deus sonda e conhece o coração e o mais íntimo do mesmo (Sl 7.9; 17.3;
139.1-4), quer seja dos crentes, quer seja dos não crentes. Além de conhecê-lo,
Deus o prova (Pv 17.3).
A vontade de Deus é que tenhamos um novo coração, restaurado, curado,
sarado e pronto para adorá-lo. Por isso, encontramos a promessa escatológica em
Ezequiel de um novo coração ao seu povo.
• Dar-lhes-ei um só coração, Espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua
carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne; para que andem
nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; eles serão
o meu povo, e eu serei o seu Deus. (Ez 11.19-20).
Resumidamente o que podemos entender à luz das Escrituras é que há dois
tipos de coração, ou seja, dois tipos de pessoas: as que são do Senhor e as que não
são de Deus.
E baseado em Pv 4.23, nosso texto base, devemos guardar o nosso coração
porque ele guarda muitos sentimentos, pensamentos e valores que podem glorificar
o Senhor ou desonrá-lo, trazendo inevitavelmente suas respectivas consequências,
quer sejam boas, quer sejam más.
Nosso coração pode ser receptáculo de bênçãos e maldições, de pecados e
de virtudes. E, dependendo do que ele guarda, receberemos como consequência, a
vida ou a morte.
Abaixo aprenderemos algumas lições acerca do coração no livro de
Provérbios. Vamos a elas!
1) Podemos fazer do nosso coração um grande depósito de lixo emocional,
espiritual e existencial.
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A vida miserável que muitos hoje estão experimentando vem de cargas
excessivamente “tóxicas” que tem carregado dentro de si mesmos. Em certa
medida, somos os principais responsáveis pela vida que levamos. Se permitirmos
que sentimentos pecaminosos façam morada em nós, sofreremos. E não adianta
nos fazermos de vítimas e injustiçados!
Tantas pessoas se encontram com seus corações atolados de sentimentos e
pensamentos altamente nocivos, não somente à fé e à espiritualidade, mas à vida
como um todo. Olhando para a Bíblia veremos que o coração humano pode carregar
– e tem carregado:
a) Amargura - Pv 14.10 diz: “O coração conhece a sua própria amargura...” e Hb
12.15 exorta: “...nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e
por meio dela, muitos sejam contaminados”. A amargura é fruto do tratamento
inadequado das experiências de dor, sofrimento e decepção que as pessoas
passam. Isso faz com que as más lembranças e o sentimento de injustiça sejam
constantemente trazidos à alma. Todos sofrerão decepções e injustiças na vida. Isso
é inescapável! Mas, o permitir que elas redundem em amargura não é inevitável. A
pessoa amargurada se sente a mais infeliz, a mais sofredora e a mais injustiçada de
todas. Faz da sua terrível experiência o centro da vida. Ela só consegue se lembrar
do infortúnio; só sabe se recordar do mal sofrido e de nada mais. Como
consequência sofre péssima qualidade de vida.
b) Arrogância - Pv 16.5 diz: “Abominável é ao Senhor todo o arrogante de coração;
é evidente que não ficará impune”. Esse lixo é um dos mais comuns que se pode
encontrar no coração das pessoas. E é por causa da arrogância, que vem de mãos
dadas com a auto-suficiência e desprezo pelo Senhor que muitos estão perdendo,
sobretudo, a bênção de conhecer a Deus e andar em sua presença. É a arrogância
do coração que tem levado muitos, inclusive pessoas que foram salvas e lavadas no
sangue de Jesus, a amargarem quedas terríveis (Pv 16.18). Tantos estão
experimentando a desonra por causa da arrogância instalada no coração (Pv 11.2).
Ela é sutil e sabe encontrar caminhos para o coração do ser humano.
c) Inveja – É um dos piores venenos da alma. Pv 23.17 diz: “não tenha o teu
coração inveja dos pecadores”. Geralmente a inveja é fruto da cobiça e da
insatisfação da pessoa com aquilo que ela é e tem. Infelizmente há pessoas que não
se alegram com o bem e a prosperidade dos outros. E nesse sentimento transferem
as suas frustrações pessoais para quem não tem nada a ver com seus problemas. A
inveja é a grande causa da estagnação da vida, do azedume da alma, da
murmuração desmedida da pessoa. O invejoso maquina o mau e tem engodos em
seu coração (Pv 12.20). A inveja é uma desgraça.
d) Ansiedade - A Bíblia diz em Pv 12.25: “...a ansiedade no coração do homem o
abate...” Também mostra que a ansiedade pode aumentar na medida em que as
bênçãos desejadas “demoram” a se manifestar (Pv 13.12). Muitas pessoas hoje
estão carregando fardos imensos por causa da ansiedade. Outras estão
profundamente doentes. Ainda outras não conseguem enxergar luz no fim do túnel e
desistiram da própria vida. A ansiedade pode ser um problema gigantesco quando
ela se apodera do coração do ser humano, ou ainda quando esse mesmo homem
vive dia e noite remoendo os problemas e adversidades da vida. A solução é lançar
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sobre o Senhor a ansiedade e deixar que Ele cuide dela (1 Pd 5.7). Temos que pedir
ao Senhor que arranque do nosso coração a ansiedade!
e) Orgulho - A Bíblia diz em Pv 18.12: “antes da ruína, gaba-se o coração do
homem...” Quantos estão se exaltando, se ufanando, se colocando quase na
posição de Deus. O orgulho foi e continua sendo um dos piores pecados na vida do
homem. Corações orgulhosos, ensimesmados, cheios de auto-suficiência são a
razão do sofrimento de muitos. Pode-se ter, até mesmo, orgulho desmedido de
coisas boas, tais como família, filhos, cônjuge, Igreja, trabalho. Mas, não é
conveniente que se passe o limite da honra e do reconhecimento e se comece a
“idolatrar” tais elementos. Tal orgulho é pecaminoso!
f) Murmuração (Pv 19.3). Murmurar é manifestar profunda indignação, ainda que
bem baixinho, contra pessoas, situações e até mesmo contra Deus. A murmuração é
pecado grave contra o Senhor porque, entre tantas razões, implica em ter no
coração a insatisfação e a lamúria. Implica em falta de fé no Senhor, pois se
confiamos nEle e acreditamos que ele é O dono de tudo e de todos bem como tem o
controle de todas as situações, por mais calamitosas que sejam, devemos orar e
confiar. O murmurador não crê, na prática, que Deus é poderoso para mudar
situações. Acredita-se injustiçado pelas circunstâncias e pessoas. Esse foi um dos
principais pecados de Israel quando peregrinou pelo deserto por 40 anos. Israel não
soube exercer fé e confiança no Senhor. Diante de qualquer dificuldade, a reação
deste povo foi murmurar, quer contra Moisés e Arão, quer contra o próprio Deus.
Com tal atitude, Esse povo perdeu muitas bênçãos e graças do Senhor, bem como
sofreu dolorosamente.
g) Imoralidade (Pv 6.25). Quanto à sexualidade pecaminosa, o texto de Pv 6.25
adverte a não cobiçar “no teu coração a sua formosura...” Antes de alguém cair no
pecado do adultério ou qualquer tipo de imoralidade sexual, certamente o coração
do indivíduo encontra-se saturado de imagens e sons indevidos. O coração se
tornou um grande depósito deste tipo de lixo. Os pecados de ordem sexual são
muito mais atrativos e poderosos do que os demais na medida em que passam a
sensação de alegria, felicidade e êxtase. A pessoa que está constantemente
permitindo que em seu coração sejam abrigados pensamentos cheios de
sensualidade se tornará um sério candidato à queda e ao pecado. Ele,
inevitavelmente vai sair da esfera dos pensamentos e fantasias e adentrará no
campo do envolvimento físico-afetivo com outra pessoa. Além do mais, diz a Bíblia,
a mulher perversa é astuta de coração para esse tipo de pecado (Pv 7.10). Por isso,
o coração do sábio deve afastar-se dos caminhos de tal mulher (Pv 7.25).
h) Perversidade (Pv 6.14). A pessoa que trilha o caminho do mal, que é inimiga do
bem e de Deus, “no seu coração há perversidade”. Ele pratica a perversidade
porque é perverso (Pv 6.12.13). O coração de tais pessoas vale quase nada (Pv
10.20). A Bíblia diz que tais pessoas são abomináveis diante do Senhor (Pv 11.20).
Ele certamente será desprezado, quer seja pelos homens, quer seja pelo Senhor (Pv
12.8). Seu prazer e deleite estão no mal, em fazer algo ruim que, de alguma forma,
possa lhe dar prazer e poder. Todavia, jamais achará o bem (Pv 17.20). Seu
coração se tornou presa desse tipo de sentimento e assim está cheio de crueldade
(Pv 12.10). Sente alegria e satisfação ao fazer o mal. Tudo isso acontece porque dia
após dia ele foi alimentando seu coração com palavras, exemplos e pensamentos
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contrários à vontade de Deus. O coração, antes de tudo, precisa ser transformado
pelo poder de Deus. Muitos pensam que prisão e punições podem mudar o ser
humano. Não podem. Prisão e punições são a justa retribuição que o indivíduo
recebe pelos seus atos perversos, mas não têm o poder de mudar nada nem
ninguém. Somente a graça de Deus tem esse poder.
Pode-se resumir tudo o que se disse até aqui com aquela palavra de Jesus
acerca do coração do ser humano:
• Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios,
prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas coisas que
contaminam o homem. (Mt 15.19-20a).
2) Podemos fazer do nosso coração, um grande depósito de virtudes
celestiais.
Nossas vidas não foram planejadas por Deus para carregar lixo emocional e
espiritual, mas sim para carregar um tesouro muito especial. O Apóstolo Paulo
resume esse pensamento ao dizer: “E assim habite Cristo em vosso coração, pela
fé, estando vós alicerçados e arraigados em amor...” (Ef 3.17).
O problema é que, às vezes, o espaço que algumas pessoas dão para Jesus
é muito pequeno. Alguns pensam que podem dar migalhas ao Senhor. Outros, que
dando mais da metade do coração é o suficiente. Grande erro! Ele quer todo o
nosso coração. O Deus Triúno não quer nem pouco nem muito; ele deseja todo o
nosso ser, exige todo o nosso coração. Provérbios assim diz: “Dá-me, filho meu, o
teu coração...” (Pv 23.26).
Ao dar todo o nosso coração demonstramos que a primazia é do Senhor.
Entramos no centro de sua vontade, pois Deus não é nem pode ser mais um em
nossa vida. Ele deve ser o centro, o primeiro e o último em nossa existência. Ele
deve ser tudo na vida dos seus discípulos e servos.
Desta forma, quando Jesus tem todo o nosso coração e permitimos que o
Espírito Santo trabalhe, algumas outras realidades espirituais vão sendo
acrescentadas dia a dia à nossa vida. O trono do coração deve pertencer a Jesus e
quando isso acontece, virtudes e graças vão sendo agregadas. Por isso, o nosso
coração deve abrigar:
a) A palavra de Deus – Nosso coração deve agasalhar a Palavra de Deus (Pv 3.1;
4.3-4, 20-21; 6.20-21; 7.3). Em Provérbios, a Palavra do Senhor aparece como
sinônimo de “mandamento”, “ensino” e “instrução”. E repetidas vezes se orienta
tê-la no coração. Ao conhecê-la, vamos sendo cheios das virtudes divinas, vamos
experimentar bênçãos sem medida. Crescemos como filhos(as) de Deus em
conhecimento, amor e intimidade com o Senhor na medida em que nosso coração
está cheio das sagradas Escrituras. Mas para isso é necessário não somente
ouvir e saber os mandamentos do Senhor, mas aceitá-los – o mesmo que
obedecê-los. (Pv 10.8). Iremos ser trabalhados pela graça e pelo poder que há
nas Escrituras quando nos submetermos a elas. No Salmo 19, a partir do
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versículo 7, o autor sagrado elenca as várias virtudes divinas e as bênçãos
advindas de se ter a Palavra de Deus no coração. Assim, se diz que a Palavra de
Deus é perfeita (v. 7), fiel (v. 7), reta (v. 8), pura (v. 8), límpida (v. 9) e verdadeira
(v. 9). Ela tem o poder de restaurar a alma (v. 7), dar sabedoria aos mais simples
(v. 7), alegrar o coração (v. 8), iluminar os olhos (v. 8). A palavra é mais preciosa
do que o ouro (v. 10). E em obedecê-la há grande recompensa (v. 11). Para não
pecar contra o Senhor, o melhor antídoto é preservá-la viva e atuante em nosso
coração (Sl 119.11). Jesus é a Palavra de Deus que se fez carne (Jo 1.1-3, 14).
Ele é a expressão maior do verbo divino. Ter Jesus no coração é ter a Palavra de
Deus em plenitude na vida!
b) Santidade ao Senhor – Pensamentos e sentimentos abençoados, sem maldade
ou impurezas caracterizam um coração santo (Pv 22.11). Sem dúvida, num
mundo permeado de impureza, malícias e erotismo, não é fácil permanecer com o
coração limpo. Contudo, o cristão deve se empenhar para tê-lo. Jesus ensinou
que uma das características fundamentais dos cidadãos do reino dos céus é a
pureza de coração, sinônimo de santidade (Mt 5.8). Em o Antigo testamento, no
livro dos Salmos, o autor sagrado diz que a pessoa que irá morar no Monte Santo
do Senhor é aquela que é limpa de mãos e pura de coração (Sl 24.4). O Escritor
aos Hebreus também fala que ninguém poderá ver o Senhor sem santidade (Hb
12.14). A santidade deve começar no coração e não meramente em atitudes
farisaicas, externas, somente de aparências. Para se ter um coração puro é
necessário que a Palavra de Deus penetre no mais profundo dele. E o Senhor vai
limpando as nossas vidas de todo o pecado por intermédio das Escrituras (Jo
17.17).
c) Alegria - O Espírito trabalha o fruto da alegria em nossas vidas. Alegria do céu,
alegria espiritual, do gozo, do transbordamento da graça do Senhor. Essa alegria
não depende, via de regra, das circunstâncias (embora às vezes ela seja
circunstancial Pv 15.39; 27.9), mas da presença de Deus e da Sua salvação (Sl
13.5). A Alegria vem da Palavra do Senhor (Sl 19.8). Não se baseia, em primeiro
lugar, em bênçãos materiais que possamos receber, muito embora, o Senhor nos
tem galardoado com muitas delas. Ela transcende as circunstâncias, pois, mesmo
em meio a grandes lutas e provações o povo de Deus pode se alegrar no Senhor.
Deus é a nossa verdadeira e maior alegria. Ele coloca a alegria no coração dos
seus servos (Sl 4.7). A alegria é fruto das promessas do Poderoso (Sl 16.9). Deus
quer que a vivamos. Ela dá beleza à face do ser humano: “o coração alegre
aformoseia o rosto” (Pv 15.13). Ela também é comparada a um banquete contínuo
(Pv 15.15). E é por isso que aqueles que estão em Cristo refletem paz,
consequência da alegria. Além do mais, a alegria do senhor é sempre a força do
Seu povo (Ne 8.10). E também, é o melhor remédio para se enfrentar as dores,
problemas e sofrimentos da vida (Pv 17.22). Uma advertência, porém, deve ser
feita: nosso coração não pode se alegrar com o mal e a queda dos nossos
inimigos (Pv 24.17).
d) Sabedoria espiritual - A Bíblia fala em Pv 2.10: “Porquanto a sabedoria entrará
em teu coração, e o conhecimento será agradável a tua alma”. Diz também que a
sabedoria repousa no coração do filho(a) de Deus (Pv 14.33). Quando ela está
transbordante em nosso coração deixamos de ser aqueles ignorantes espirituais na prática e na teoria. Tomamos as melhores decisões com prudência, pois a
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sabedoria é nossa guia (Pv 16.21). E fazemos também as melhores escolhas
quando estamos cheios dela em nossos corações. O filho(a) de Deus não vive por
sua visão e discernimento, mas pela orientação da Palavra do Senhor, dando
ouvidos à instrução do Pai (Pv 2.2, 10). Aliás, deve-se mencionar mais uma vez
que a Palavra de Deus é a grande fomentadora da sabedoria no coração. É ela
quem dá sabedoria aos servos(as) de Deus (Sl 119.98-100). Ainda que o tempo e
as experiências possam produzir sabedoria, a Palavra de Deus é mais eficaz
nesse processo. Pelo fato do indivíduo ser guiado pela sabedoria, muitas vezes
enxerga o que outros não vêem. Ele não anda pelo “senso” comum, mas pela luz
do Santo Espírito, que em tudo lhe acrescenta sabedoria.
e) Prudência. Geralmente o sábio é prudente. Ele medita no que há de responder
(Pv 15.28). Não é precipitado com as palavras, pois sabe que sempre há
consequências para tudo quanto se diz. Ele ouve mais do que fala e analisa todas
as situações antes de emitir sua opinião. Provérbios ainda orienta os seus leitores
a adquirir a cautela (Pv 8.5). A prudência deve permear o coração dos filhos e
filhas de Deus, pois vivemos num mundo cheio de pessoas mal intencionadas e
situações problemáticas. Há muitos perigos e dificuldades no decorrer de toda a
existência, por isso, todo cuidado é pouco! O Senhor Jesus, falando aos seus
discípulos os orientou a serem “simples como as pombas, mas prudentes como
as serpentes” (Mt 10.16). Todo cuidado e cautela não devem fazer da pessoa um
covarde, mas sim alguém que evita o mal para si e para os outros.
f) Confiança. A Palavra de Deus nos orienta a confiar de todo o coração no Senhor
(Pv 3.5). Ainda mais: no mesmo texto se complementa dizendo que não devemos
confiar em nosso próprio entendimento. Invariavelmente, essas duas idéias
aparecem nas Escrituras, porque uma está atrelada a outra. Quem confia no
Senhor, não confia em si mesmo; mas, quem confia em si mesmo, colocou o
Senhor para segundo plano. O verbo confiar em o Antigo Testamento é sinônimo
de fé. O vocábulo que mais aparece em o Antigo Testamento é esse. Já em o
Novo Testamento, a palavra “fé”. Sem fé/confiança é impossível agradar a Deus
(Hb 11.6). Sem fé/confiança não há milagres (Mt 13.58). Sem fé confiança, não há
salvação (Ef 2.8). A confiança é o melhor remédio para enfrentar os grandes
dilemas e as grandes lutas que fazem parte da existência de qualquer pessoa.
Precisamos exercer a confiança, porém, não em qualquer um ou qualquer coisa,
mas sim no Senhor Deus, aquele que é o verdadeiro porto seguro de todas as
pessoas.
Decerto, nosso coração pode abrigar muitas outras virtudes. A lista é
infindável. O desejo do Senhor é que abriguemos em nosso coração as virtudes do
céu e não deixemos os lixos do pecado encontrar guarida no mesmo.
Conclusão
O que você guarda em seu coração? Quais são os sentimentos e
pensamentos mais recorrentes nele? Que tipo de coração você tem e que tipo de
coração você deseja ter? (Sl 19.14).
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Uma família aos pés do Senhor
Se você ainda não tem um novo coração, o Espírito Santo quer lhe dar um
agora. Se teu coração precisa de uma intervenção divina, para curá-lo, Jesus pode
operar agora. Se teu coração está endurecido ou precisa ser transformado em
alguma área, ore agora e peça a Deus que quebrante o teu coração e ministre a sua
graça e poder.
Lembre-se: o coração é o grande depósito da alma. E o que você guarda, um
dia se manifestará. O que você tem guardado nele?
OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 11
Tema: Relação Matrimonial.
Texto: Pv 5.15-23.
Introdução.
O Ser humano é um ser relacional. Ele precisa se relacionar com outras
pessoas. Isso é uma necessidade fundamental da vida humana. E não basta
apenas conhecer pessoas e estar rodeado delas; é preciso mais. É preciso ter,
manter e desenvolver relacionamentos significativos. É necessário amar e ser
amado.
Contudo, nas relações humanas há complexidades e problemas os mais
diversos. Sem exceção, todos experimentam algum tipo de adversidade e frustração
nos relacionamentos com o outro. Cônjuges se decepcionam mutuamente. A relação
entre patrão e empregado nem sempre é amigável. Até mesmo pais e filhos
experimentam dores intensas.
As dificuldades nos relacionamentos também podem ser constatadas por
intermédio dos ditos populares. É comum escutarmos dizeres como estes: “quanto
mais conheço as pessoas, mais amo meu cachorro”. Este outro ditado é rural:
“prefiro trabalhar com mil bois a trabalhar com um peão”. Mesmo no seio cristão,
pode-se encontrar “pérolas” acerca do relacionamento interpessoal: “viver com o
irmão no céu é a glória; aqui na Terra, é outra história”. Infeliz realidade!
Efetivamente, ao longo dos séculos, a Igreja de Jesus Cristo tem
experimentado problemas na área dos relacionamentos. Teoricamente, não deveria,
mas, na prática, tais problemas são presença constante. Desde as divisões
existentes na Igreja dos Coríntios (1 Co 3.1-9), passando pelos grandes cismas, até
nossos dias quando experimentamos a multiplicação de novas denominações,
percebem-se vários problemas nos relacionamentos.
Por que isso acontece? De modo bem simples, a resposta é: por causa do
pecado que ainda nos rodeia e está em nós, em nossa velha natureza decaída, e
afeta nosso relacionamento com o outro.
Desenvolvimento.
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Como sempre é nas Escrituras Sagradas que encontraremos as razões e os
“porquês” da vida como ela é. Na Bíblia nos é dito que quando nossos primeiros pais
pecaram desobedecendo à palavra que Deus lhes havia dado (Gn 2.15-17), o ser
humano viu não somente a sua comunhão com o Senhor desvanecer e deteriorar,
como também, o relacionamento entre ele e seu igual entrar em conflito.
Quando Deus pergunta a Adão se ele havia comido da árvore proibida, em
vez de responder: “sim, Senhor, eu comi”, prefere jogar a culpa e a responsabilidade
sobre sua esposa. Sua resposta foi: “A mulher que me deste por esposa, ela me deu
da árvore, e eu comi” (Gn 3.12). Além disso, Deus colocou sobre Eva, por causa do
pecado, a seguinte sentença: “o teu desejo será para o teu marido e ele te
governará” (Gn 3.16). Ora, isso significa que antes não havia domínio do homem
sobre a mulher, mas, depois do pecado, passou a existir – e ainda existe.
No capítulo seguinte, dois irmãos, filhos do mesmo pai e da mesma mãe,
encaram um terrível conflito. Caim tornou-se assassino do seu próprio irmão por
causa de sentimentos de inveja e de ira. Ele o mata premeditadamente; mata-o
traiçoeiramente! (Gn 4.8).
Num crescente, Lameque, tataraneto de Caim, mata dois homens de modo
banal (Gn 4.23-24). A vida do semelhante passa a não ter qualquer valor. O ódio, a
ira e a violência tomaram conta da mente e do coração da humanidade.
Infelizmente a deterioração dos relacionamentos humanos não termina aí: a
situação piora. Gênesis diz que a condição humana chegou a tal ponto que “o
Senhor viu que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era
continuamente mau todo desígnio do seu coração; então, se arrependeu o Senhor
de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração” (Gn 6.5-6).
Para quem pensa que toda essa história de inimizade entre os homens é
exagero e coisa de cristãos fanáticos, olhe para os livros de história. O século XX,
por exemplo, é considerado o século mais sangrento da história da humanidade. O
assim chamado “século das luzes” e dos grandes avanços tecnológicos foi,
igualmente, o século das guerras e dos conflitos irracionais! Neste período mais de
180 milhões de pessoas morreram em decorrência das guerras e conflitos no
mundo. Houve duas grandes guerras mundiais. Houve genocídio em várias partes
do planeta. O ódio nunca deixou de estar presente. A xenofobia foi e continua sendo
uma triste realidade, principalmente nos ditos “países de primeiro mundo”!
Além disso, ainda hoje pessoas se matam por motivos fúteis. Por exemplo:
torcedores do time “X”, que moram e convivem no mesmo país, estado e cidade,
matam torcedores do time “Y” simplesmente porque torcem para o time “Y”. Eles são
filhos da mesma terra, mas se odeiam e se matam por motivos banais.
Problemas no relacionamento não se manifestam somente quando há
violência. Muitos outros problemas advêm da inveja, do ciúme, da vaidade, da
cobiça, da traição, da ambição, e de outros pecados existentes no coração humano.
Muito sofrimento e angústia têm sido trazidos à existência por meio dessas
transgressões! E quando eles estão presentes é inevitável que a relação saudável
entre duas pessoas naufrague.
Outro sério e grave problema que as sociedades têm atravessado em nossos
dias é o divórcio. Na verdade, ele acaba sendo o resultado final de crises no
relacionamento conjugal. Não se trata de um mal súbito, mas sim da culminação de
problemas de relacionamento que se arrastam, às vezes, por anos.
Diversas são as alegações sustentadas por aqueles(as) que querem se
separar ou já se separaram. Contudo, a verdadeira razão da maioria absoluta das
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separações chama-se relacionamentos não saudáveis. Há “conflitos não resolvidos”
e sarados. Há pecados não perdoados e tratados!
Muitas pessoas tornam-se incapazes de resolver as suas pendências
relacionais ou simplesmente desistiram de tentar resolvê-las optando por “tentarem
a sorte” com outra pessoa. Assim vêem o divórcio como a melhor alternativa para
pôr fim aos problemas vividos.
Neste estudo, veremos um pouco sobre os problemas que envolvem o
relacionamento entre as pessoas, de modo especial, enfocaremos o relacionamento
conjugal. Não pretendemos fornecer nenhuma receita mágica, mas desejamos ouvir
o que as Escrituras nos ensinam sobre esse problema e tentaremos captar as
soluções oferecidas.
Vamos às lições que podem ser extraídas em Provérbios.
1) A verdadeira raiz dos problemas de relacionamento matrimonial chama-se
pecado.
A Bíblia é clara ao afirmar que o problema fundamental do ser humano é o
pecado. Jesus mesmo disse que os grandes problemas humanos, inclusive os de
relacionamentos, encontram-se no coração dominado pelo mal da iniqüidade e do
pecado (Mt 15.19-20).
Mesmo um filho de Deus, lavado e remido no Sangue de Jesus, pode
acalentar em seu coração alguma transgressão, fazendo com que vários problemas
surjam e estraguem seus relacionamentos. Não deveriam, mas isso tem acontecido!
Várias ciências tentam explicar as crises matrimonias. A sociologia, psicologia
e a economia podem lançar muita luz. Varias percepções surgem dessas e de
outras ciências. Entretanto, a causa fundamental das crises e problemas relacionais
encontra-se no coração indócil e insubmisso à palavra e orientação do Senhor.
Deste modo, a Bíblia afirma que há mulheres rixosas, briguentas, cheias de
insatisfação e murmuração em seus corações (Pv 21.9, 19; 25.24; 27.15), turvam as
águas do relacionamento quando insistem nestes pecados. Devemos repetir que,
infelizmente, tais pecados podem ser encontrados em vidas cristãs – embora
definitivamente não devessem!
A Sagrada Escritura denuncia também a luxúria e a imoralidade do coração
do homem por uma mulher, ao ponto de levá-lo ao adultério (Pv 2.16; 5.3, 8; 6.26,
32; 30.20). A infidelidade, seja ela moral ou espiritual, é um grave pecado. Chamá-la
de deslize ou justificá-la de algum modo não elimina o fato de que as Escrituras a
condenam com veemência (Ml 2.10-16) É difícil manter qualquer relacionamento
com uma pessoa que se torna indigna de confiança.
Os pecados que levam duas pessoas que fizeram votos de amor eterno se
separarem não se restringem aos casos acima mencionados. Há muitas outras
transgressões. Podemos mencionar o orgulho, a vaidade, a arrogância, o amor ao
dinheiro, o egoísmo, a ingratidão, entre outros, como agentes corrosivos dos
relacionamentos. Às vezes, pensamos que a infidelidade sexual é o grande
problema; na verdade, é somente a ponta do iceberg, pois o problema é mais
profundo do que geralmente conseguimos enxergar. A infidelidade sexual
geralmente é a consequência visível de problemas e pecados não tratados na vida
das pessoas.
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Geralmente se diz, em casos de separação, que o amor acabou. Alega-se:
“não existe mais amor, ele morreu”. Biblicamente, porém, “o amor jamais acaba” (1
C0 13.8). O que termina é a vontade de perdoar, de esquecer os erros, de
recomeçar. O coração endurece. A raiva e o ressentimento tomam conta da mente e
da alma, acarretando, inevitavelmente, a separação. Tais sentimentos e atitudes são
pecaminosos! E quando há pecado, pode-se esperar todo tipo de problema. E devese dizer que nenhuma relação humana pode sobreviver sob a égide do pecado.
2) O menosprezo aos mandamentos de Deus acentua os problemas de
relacionamento.
Os mandamentos de Deus são orientações abençoadas dadas aos seres
humanos a fim de que os mesmos usufruam de uma vida melhor, superior. Muitas
pessoas pensam que os mandamentos são proibições maldosas, estraga-prazeres;
mas não é correto pensar assim!
Quando o Senhor nos deu sua lei e seus mandamentos, os deu a fim de que
pudéssemos usufruir de uma vida melhor, mas abençoada, pois, o pecado, que é
essencialmente a quebra da Lei de Deus, traz morte, dores e caos à existência
humana.
Desobedecer à Palavra de Deus significa arcar com consequências
insuportáveis na vida. Ainda que as mesmas não venham rapidamente, o certo é
que elas virão. Mesmo que elas só venham na eternidade, elas serão impostas.
Ninguém deveria se esquecer do princípio bíblico e universal: “o que o ser humano
plantar, vai colher” (Gl 6.7).
Infelizmente as pessoas “pagam para ver” e não acreditam, na prática, nos
mandamentos e orientações do Senhor. Preferem seguir o seu coração ou o
modismo e as tendências deste mundo tenebroso.
Muitos perecem porque lhes falta o conhecimento de Deus e de Sua Palavra
(Os 4.6). Há milhões que erram porque não conhecem as Escrituras e o poder de
Deus (Mt 22.29). Entretanto, há muitos que estão errando não por falta de
conhecimento da Palavra de Deus, mas sim por não quererem, deliberadamente, se
submeter aos preceitos do Senhor. Propositalmente tais pessoas endureceram seus
corações e resolveram dizer “não” à Palavra de Deus em determinada área da vida
e espiritualidade.
Isso não significa que tais pessoas não creiam em Deus e em sua Palavra.
Elas crêem em suas mentes e não ousariam dizer que a Bíblia está errada. Apenas
não estão dispostas a obedecer ao Senhor nessa determinada área da vida. Elas se
tornaram seletivos, dizendo a Deus que há áreas nas quais ele não tem absoluta
autoridade e senhorio.
Isso nos faz lembrar de uma parábola contada por Jesus acerca de um
homem que tinha dois filhos (Mt 21.28-32). Ao primeiro ordenou que fosse trabalhar
em sua vinha e o rapaz disse que iria, mas não foi. O segundo, respondeu que não
queria, porém arrependendo-se, acabou indo. Ambos sabiam qual era a vontade do
pai; entretanto, somente quando se cumpre é que a vontade do pai é respeitada.
Palavras sem ações são infrutíferas!
As razões para a desobediência já foram mencionadas anteriormente:
rebeldia, dureza de coração, obstinação, falta de perdão, excesso de orgulho
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próprio, entre outros. Não importa o que a pessoa alegue: será sempre um ato de
insubmissão à vontade do Senhor.
Entretanto, se queremos a cura, a libertação, o recomeço, a transformação de
nossas vidas e relacionamentos é necessário, antes de tudo, levar a sério a Palavra
de Deus e nos submetermos a ela, pois do contrário nada acontecerá de positivo e
abençoador em nossa vida. Além disso, quem é ouvinte e não praticante, diz Tiago,
“engana-se a si mesmo” (Tg 1.22).
3) A grande tentação na relação conjugal na qual o homem pode cair é o
adultério.
Provérbios fala exaustivamente sobre o pecado do adultério. Em seus ensinos
não se nega que a mulher possa adulterar – o que de fato acontece, aconteceu e
acontecerá. A ênfase, porém, está sobre a figura masculina (Pv 2.16; 5.3, 8; 6.26,
32; 30.20). O homem, nos ensina as Escrituras e nossa experiência comprova, é
mais susceptível ao pecado da infidelidade sexual.
Em nossa cultura o adultério quase é uma instituição. Numa sociedade que
ignora o temor ao Senhor, não se luta contra as tentações e as inclinações da “velha
natureza decaída do ser humano”, mas se dá livre vazão aos sentimentos e à prática
desse pecado.
Qualquer pessoa pode cair em adultério. Até mesmo grandes líderes
espirituais já passaram por esse triste problema. Nenhuma pessoa ou classe está
imune a esse dissabor. Todavia, hoje há elementos satânicos que estão entrando
não só na sociedade, mas na vida de muitos cristãos. Tais elementos são: autoentrega ao pecado do adultério, aceitação da infidelidade como opção válida de vida
e sua descaracterização como pecado. Todos esses elementos servem como
combustível e fomentador ao adultério.
Há outros “incentivos” ao adultério. “Homem que é homem” apregoa a
sociedade sem Deus, “deve ter várias mulheres e várias experiências sexuais”. Há
quem diga que isso faz parte de nossa biologia, da perpetuação de nossa espécie.
Eis aí uma razão cientifica!
Geralmente as pessoas que começam a se enveredar pelo caminho da
infidelidade subitamente se tornam “ingênuas” e “burras”. Pensam: “ninguém nunca
vai descobrir”. Também afirmam para si mesmas: “não haverá qualquer
consequência negativa para mim”. Na maioria das vezes acreditam que encontraram
a verdadeira alegria e felicidade para suas vidas. Grandes mentiras!
Provérbios, porém, ensina que “o que adultera com uma mulher está fora de
si; só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa” (Pv 6.32). O homem
adúltero foi acometido pelo mal da loucura.
A pessoa que entra no caminho do adultério irá amargar uma série de
consequências existenciais. Literalmente Provérbios diz que quem se afastar de
uma vida adulterina se livra de vários males: “para que não dês a sua honra a
outrem , nem os teus anos, a cruéis; para que dos teus bens não se fartem os
estranhos e o fruto do seu trabalho não entre em casa alheia; e gemas no fim de sua
vida, quando se consumirem a sua carne e o teu corpo...” (Pv 5. 9-11).
Além dessas consequências, o pior ainda está por vir à vida do adúltero. O
escritor aos Hebreus diz que “Deus julgará os impuros e os adúlteros” (Hb 13.4). Um
dia, todos os adúlteros comparecerão frente a frente com o Senhor. Mais ainda: o
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apóstolo Paulo adverte: “não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem
adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem
bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus” (1 Co 6. 910). O adúltero não arrependido e perdoado pelo sangue de Jesus irá para o inferno!
Passará toda a eternidade remoendo seus atos insanos.
4) A grande tentação na relação conjugal na qual a mulher pode cair e a
insubmissão.
Embora tal ponto pareça ser nada mais nada menos que um discurso
machista, não é isso que as Escrituras ensinam. Para a Bíblia, o homem é a cabeça
da família (Ef 5.23). Ele é o sacerdote do seu lar e como tal é o responsável pela
condução e orientação dos membros da família.
Tanto Paulo quanto Provérbios ensinam que a mulher deve ser submissa ao
seu marido. O apóstolo ainda acrescenta que assim como a Igreja é submissa a
Cristo Jesus, a mulher deve ser ao seu marido (Ef 5.24).
Vale a pena explicar que submissão ao marido não significa anuir a
arbitrariedades e voluntarismo masculino. O homem de Deus deve saber que todo
privilégio traz consigo grandes responsabilidades. Portanto, ele não pode nem deve
humilhar sua esposa simplesmente porque é o cabeça do lar. Também é importante
relembrar que a submissão, embora independa se o homem é do Senhor ou não,
sempre esteve associado a casais crentes. Ou seja, funciona melhor num contexto
de fé e amor ao Senhor.
Outro ponto importante é que a submissão da esposa não implica na
aceitação dos pecados do marido. Por exemplo: um homem não pode exigir
submissão da esposa dizendo: “vou sair com meus amigos, vou à noitada, só volto
amanhã e você não pode me contrariar porque sou o cabeça desta família”. Isso é
um absurdo e é um uso arbitrário da liderança masculina.
Submissão implica em estar debaixo de uma mesma missão. E a missão
fundamental da família cristã é servir e adorar ao Deus vivo e verdadeiro. À mulher
foi concedida a benção de ser auxiliadora idônea (Gn 2.18) do marido, ajudando-o
nesta nobre missão de honrar e glorificar o nome do Senhor. Ela deve ser uma
espécie de porto seguro e de apoio ao esposo e à família.
Infelizmente, porém, há mulheres que não são sábias, que não conseguem
edificar o seu lar (Pv 14.1). A falta de sabedoria manifesta-se quando elas passam a
cuidar mais dos filhos do que do marido; quando não têm mais tempo para viver a
vida comum do lar; quando deixam de dar atenção a uma vida sexual saudável com
seu marido; quando vivem a reclamar e a brigar (Pv 21.9, 19; 25.24; 27.15); quando
não dominam seus temperamentos, explodindo em ataques de ira e mau gênio.
A mulher de Deus deve vigiar e não permitir que esses e outros pecados
interfiram na sua relação conjugal, vindo a deteriorá-la. Nem sempre o responsável
fundamental em casos de separação é o homem. Muitos casamentos estão sendo
desfeitos por falta de sabedoria e bom senso de muitas mulheres.
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Uma família aos pés do Senhor
5) A solução definitiva para todos os problemas de relacionamento só se dará
na eternidade, quando Jesus voltar e restaurar este mundo.
A solução definitiva para todos os problemas, inclusive os de
relacionamentos, não se dará neste tempo. Infelizmente, mesmo os filhos de Deus
pecam e podem pecar em todas as área de sua existência (1 Jo 1.8, 10). Até mesmo
grandes homens e mulheres de Deus podem expressar falhas nesta área da vida.
Sobre esse ponto, lembro-me da história do casal Graham. Dona Rute, perguntada
por alguém se alguma vez na vida teve vontade de se separar do pastor Billy
Graham (talvez o maior evangelista de todos os tempos), respondeu: “separar, não;
matá-lo, muitas vezes!”
O fato de sermos falhos como seres humanos não significa que devamos
deixar de fazer o melhor que pudermos para vivermos bem com as outras pessoas.
A palavra de Deus exorta a, quando “depender de nós, tenhamos paz com todos os
homens” (Rm 12.18). Isso se relaciona também com o matrimônio. Por mais incrível
que pareça, há cônjuges que não querem paz, mas guerra; não desejam harmonia,
mas confusão.
Há muitas coisas que podemos fazer para melhorar nossas relações! As
Escrituras nos orientam a ter atitudes simples, entretanto, quando são obedecidas,
funcionam e transformam positivamente os relacionamentos.
A começar pelo amor que o marido deve ter por sua esposa (Ef 5.25) e pela
submissão que ela deve devotar ao seu marido (Ef 5.22), o casal sintonizado com o
querer de Deus irá “correr atrás” das instruções do Senhor.
Um dos grandes pilares da vida matrimonial, e porque não dizer da vida como
um todo, é o perdão. Quando os casais deixam de se perdoar reciprocamente, vão
acumulando rancor, raiva, ressentimentos, ira e outros sentimentos que vão
minando a relação. Somente por meio do perdão é que o casamento pode ser
reestruturado e curado, para a glória de Deus e o bem dos cônjuges.
Devemos nos lembrar que a vida não é um conto de fadas. Nós não vivemos
numa redoma, imunes a todo e qualquer tipo de mal e pecado. Pelo contrário, como
cristãos, temos consciência dos problemas e das dificuldades a enfrentar por causa
de nossa fé e amor ao Senhor.
Quando o Senhor Jesus retornar ele não somente criará o novo céu e a nova
terra, como também extirpará todo mal e todo pecado da existência humana. Ali sim,
não haverá mais qualquer possibilidade de pecado. Não nos acusaremos
mutuamente. Não teremos dificuldades em perdoar, até porque não haverá mais
pecado.
Enquanto isso não acontece, procuremos fazer o nosso melhor com a ajuda e
poder do Santo Espírito de Deus.
Conclusão.
Nossa sociedade importa-se com os títulos, o dinheiro, a educação e o
conhecimento, mas nem sempre se importa com os relacionamentos. E, realmente
o que importa é a vida relacional que temos.
Uma pessoa pode ser um sucesso do ponto de vista profissional, intelectual
ou financeiro, mas pode ser, ao mesmo tempo, um grande fracasso como ser
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Uma família aos pés do Senhor
humano. Pode ser um mega empresário, mas um péssimo marido. Pode ser um
brilhante intelectual, mas um pai ausente e indiferente.
Constata-se que a maioria das pessoas aspira e faz de tudo para conseguir o
reconhecimento do mundo, não o reconhecimento de Deus. E, para o Senhor, o
caráter e a vida submissa ao Seu querer é o que realmente importa.
Ganhar o mundo não é impossível. Difícil e desafiador é ser um homem ou
uma mulher cujo caráter e temperamento são fáceis de lidar e relacionar. A grande
conquista de qualquer pessoa não é ter, mas ser.
Que o Senhor nos abençoe e nos ajude com sua graça e com Seu Santo
Espírito.
OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 12
Tema: Pecados da língua.
Texto: Pv 10.11-32.
Introdução.
Certo homem, numa atitude de pura maldade, denegriu a tal ponto o nome e
a honra de um cidadão que o mesmo teve que sair de sua cidade e ir morar em
outro lugar. As mentiras que esse homem contou acerca do seu próximo impingiram
tanta dor, tanto sofrimento e tantos problemas que não havia alternativa, senão
tentar recomeçar a vida em outro lugar entre pessoas desconhecidas.
Anos se passaram e, por providência divina, ambos, acusador e acusado
vieram a se converter a Jesus Cristo. Verdadeiramente arrependido, o agora exmentiroso e ex-caluniador, procurou o perdão do ofendido bem como a reversão do
mal que havia feito.
Igualmente pela providência divina, ambos se encontraram e o ofensor,
contrito, começou a desculpar-se e a confessar os seus odiosos pecados. Um a um,
em lágrimas e dor, foram todos confessados. O ofendido, agora com o coração
convertido e trabalhado pela graça do Senhor, perdoou as faltas do também
convertido ofensor.
O ofensor disse: - sei que seu perdão não reverterá tudo o que lhe fiz de mal
e os problemas que lhe trouxe. Mas, mesmo assim, sei que lhe devo desculpas e
meu pedido de perdão!
O ofendido respondeu: - É verdade. Não dá para voltar atrás. O que foi feito,
as palavras caluniosas e maldosas que você proferiu e os estragos que elas
provocaram, dificilmente poderão ser revertidos totalmente. Mas, Graças a Deus
pelo perdão e pela reconciliação em Jesus Cristo.
Devemos louvar a Deus pelo perdão e pela possibilidade de novo começo em
Cristo. Todavia, os pecados da língua, conquanto também sejam alvo do perdão de
Cristo, deixam sequelas tão profundas e trazem consequências tão drásticas, que
nem sempre podem ser eliminados, revertidos ou apagados.
Quando há confissão e arrependimento, qualquer pecado pode ser perdoado.
No entanto, nem sempre as consequências e desdobramentos dos mesmos podem
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ser evitados aqui neste mundo. Por isso, devemos prestar bastante atenção às
nossas ações, sentimentos e, sobretudo, palavras.
Desenvolvimento.
A Bíblia como um todo fala muito acerca dos “pecados da língua”. Nossas
palavras, certamente, podem servir para abençoar, edificar, fortalecer e incentivar.
Entretanto, podem também servir para destruir. Nesse aspecto é que Tiago diz que,
quando usamos mal essa maravilhosa faculdade humana (a fala), podemos trazer
prejuízos enormes a muitas vidas. Leia o que ele diz: “ora, a língua é fogo; é mundo
de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina
o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana,
como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno” (Tg 3.6).
A “língua” é criação de Deus. Ele a formou pelo seu poder e sabedoria.
Entretanto, seu uso é nosso; ela pode ser para a glória de Deus ou pode ser para o
mal e para a desgraça nossa e dos outros que nos cercam; tudo depende de como a
usaremos. Consequentemente, a vida e a morte podem estar na “língua”, ou seja,
nas palavras que proferimos. O seu bom uso redundará em frutos sazonados,
absolutamente apetitosos e abençoadores (Pv 18.21). O seu mau uso, da mesma
forma, poderá redundar em morte e destruição.
Tal afirmação não significa adotar o discurso “há poder em suas palavras”.
Nada tem a ver com “confissão positiva” ou “palavra de poder”. Não se trata do uso
místico ou mágico das palavras. O que queremos dizer – e acreditamos que é o que
a Bíblia ensina – é que as palavras podem ser usadas para o bem e para o mal. Elas
têm o poder de influenciar; isto, porém, não significa que elas sejam elementos todopoderosas ou mágicas. As pessoas que foram alvos delas podem aceitar ou rejeitar
qualquer “palavra”, idéia ou discurso proferidos a favor ou contra. Não é pelo fato de
alguém me chamar de burro que eu sou ou serei. Não é porque alguém desejou o
meu mal ou morte, proferindo palavras cheias de ódio e maldade, que as mesmas
se cumprirão!
O mau uso da “língua” e seus prejuízos podem ser visto nas críticas
mordazes, nas palavras de humilhação, nas mentiras, na manipulação de dados e
informações, distorção da verdade, entre outras atitudes. Todos esses usos da
“língua” têm servido a muitos como instrumentos do mal e da opressão. Esses usos
têm trazido problemas sem fim sobre as pessoas.
Interessante notar que, mesmo quando falamos a verdade, podemos fazer
uso da “língua” para a destruição e não para a edificação. Por isso, a Bíblia nos
manda seguir a verdade em amor (Ef 4.15). Há pessoas que estão fazendo da
verdade, munição – pesada! – contra o seu próximo. Sem dúvida estão usando a
verdade, não, porém, para a bênção e edificação do próximo, mas sim para a
humilhação e destruição!
Quando a “língua” é usada para o bem, podemos mudar pessoas, situações e
até mesmo o mundo. O Evangelho de Jesus, que se compõe de palavras, tem
mudado o mundo pelo poder do Santo Espírito.
Sobre o bom uso da “língua”, Provérbios diz que “a ansiedade no coração do
homem o abate, mas a boa palavra o alegra” (Pv 12.25). Ou seja, palavras podem
levantar o moral e dar ânimo; podem trazer alento e força – assim como afirma o
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texto de Pv 15.23. Boas palavras podem trazer a esperança sobre todos os que não
mais a acalentavam na alma.
Muitos já passaram pela experiência de ouvir uma palavra de ânimo em meio
a dificuldades tremendas. E não raras vezes, palavras de incentivo dão novo alento
ao desanimado e os faz levantar e caminhar até vencer o problema ou superá-lo.
As boas palavras, as boas idéias e as boas mensagens podem servir de
medicamento e terapia para a vida de qualquer ser humano (Pv 12.18; 16.24). Não
raras vezes pessoas são erguidas de covas e buracos existenciais por intermédio de
uma palavra de sabedoria e entendimento (Pv 15.4). A pessoa toma uma direção
abençoada ou se deixa cair em uma armadilha cruel porque boas palavras foram
dadas – e foram ouvidas!
Algo que precisa ser dito aqui é que nossa “língua” fala do que está cheio o
coração. Uma mente bombardeada de idéias e mensagens de ódio, imoralidade,
perversidade, ganância, altivez, violência, entre outros, produzirá uma boca cheia de
todos esses elementos (Mt 12.34-35). Mas, se ao contrário, “de boas palavras
transborda o coração” (Sl 45.1), semelhantemente a língua proferirá bênçãos, cura,
incentivos, ânimo e graça. Devemos alimentar nosso coração com as coisas lá do
alto (Cl 3.1-2); devemos ocupar nosso pensamento com todas as virtudes
disponíveis a nós (Fp 4.8).
Neste estudo que apresentamos focaremos não os aspectos abençoadores
do uso da língua, mas sim seu lado mais sombrio e catastrófica. Analisaremos
alguns pecados percebidos pelo mau uso da língua. Vamos a eles:
1) A mentira.
A mentira, em essência, é o ato de se faltar com a verdade acerca de uma
pessoa ou situação. A mentira manifesta-se quando a pessoa, conhecedora da
verdade, fala diferente do que sabe, viu ou ouviu.
Agindo assim, o mentiroso usa a sua língua para a desonra do Senhor e para
a sua própria condenação. Ele é dado ao mal, não ao bem (Pv 17.4). A palavra
mentirosa tem esse elemento de malignidade.
O mentiroso é chamado em Provérbios de enganador (Pv 14.25). Ou seja,
não se trata apenas de faltar com a verdade, deixar de falar os fatos como realmente
aconteceram. Em muitas ocasiões, o mentiroso é alguém que quer levar vantagem,
quer ludibriar o outro a fim de ganhar algo. Por isso, em Provérbios é melhor ser
pobre do que mentiroso, mesmo que a mentira traga muito dinheiro (Pv 19.22).
O mentiroso pode até não conseguir alguma vantagem material, mas
certamente suas mentiras visam evitar alguma consequência ruim de seus atos.
Muitos mentem porque não querem assumir suas responsabilidades ou erros.
O filho de Deus deveria detestar a mentira (Pv 13.5). Ele deveria ser sempre
aquela testemunha verdadeira que não mente (Pv 14.5). Aqueles que têm cargos e
responsabilidades maiores diante de Deus e dos homens também deveriam fugir da
mentira (Pv 17.7). Isso porque Deus detesta a mentira (Pv 6.17, 19; 12.22). Além do
mais, o mentiroso não ficará impune (Pv 19.5).
Na maioria dos casos, a mentira, além de ter pernas curtas, não prevalecerá
muito tempo (Pv 12.19). Talvez em alguns casos certas pessoas passem ilesas
neste mundo com suas mentiras, contudo, não passarão diante de Deus. A Bíblia
ensina com veemência o juízo do Senhor sobre todo pecado, inclusive o pecado da
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mentira. Ela nos diz que um dia todos serão julgados, até mesmo os segredos dos
homens serão revelados e julgados (Rm 2.16). O mentiroso estará frente a frente
com Aquele para quem ninguém pode mentir e prevalecer!
Interessante notar que João fala muitas coisas importantes sobre a mentira.
Em apocalipse ele diz que o pecado é como se fosse uma mentira. Por isso, todos
os mentirosos não herdarão o reino de Deus (Ap 21.8; 22.15). No seu Evangelho,
João informa que o Diabo é o pai da mentira e que todos os mentirosos são seus
filhos. De contra partida, Jesus é a verdade (Jo 14.6).
Provérbios ensina-nos que os simples (o mesmo que pessoas não sábias)
dão crédito a toda palavra que lhe chega aos ouvidos (Pv 14.15). Alguns acham que
deveríamos acreditar nas pessoas sem reservas. Isso, além de ser perigoso, ignora
o fato de que ainda vivemos num mundo no qual habita o pecado. Acreditar no outro
sem reservas não é prudente nem recomendável, pois as pessoas em muitas e
distintas situações podem mentir.
As pessoas podem mentir para se livrar de algumas consequências
indesejáveis. Podem mentir para levar vantagens. Podem mentir para se sentirem
superiores ou melhores do que realmente são. Enfim, as pessoas simplesmente
podem mentir.
Resumidamente, a mentira é um dos grandes pecados da língua!
2) A maledicência.
O pecado da maledicência implica em falar mal de outra(s) pessoa(s). Em
essência é deixar extravasar o ódio, a ira, o azedume de alma, a inveja e os
ressentimentos contra o próximo.
Simei exemplifica com clareza os sentimentos de um maldizente. (2 Sm 16.514). Ele era benjamita, da mesma tribo de Saul. Era também seu parente.
Comentaristas acreditam que Simei pode ter considerado Davi como responsável
por uma série de infortúnios à família de Saul e, consequentemente a sua própria.
As mortes de Abner e Isbosete; a permissão dada aos gibeonitas para matarem sete
familiares de Saul (e consequentemente seus parentes); além da retomada de Mical,
filha de Saul que havia sido dada em segundo casamento a um outro benjamita,
foram, sem dúvida, influências para as palavras maldição e ódio proferidas por
Simei.
Segundo Provérbios, o maldizente ao proferir suas palavras, sente-se como
se tivesse degustado uma maravilhosa refeição (Pv 18.8; 26.22). Ele se sente bem.
Essa é a sua sensação, o seu sentimento. Entretanto, isso é só uma percepção
equivocada. Usando a mesma metáfora, se a maledicência é um alimento, ele está
estragado e, provocará, mais cedo ou mais tarde, danos e enfermidades em quem o
ingerir.
Também, segundo provérbios, a maledicência é a causa de muitas contendas
e intrigas entre as pessoas (Pv 26.20). Isso acontece porque o maldizente é amante
das brigas, das confusões e do ódio. Tais pessoas, por estarem com seus corações
cheios de maus sentimentos, transbordam seu veneno para outros, contaminando
todo um grupo social.
Os praticantes desse pecado devem temer e tremer ao ouvirem das
Escrituras que os que se enveredam por esse caminho não herdarão o reino dos
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céus (1 Co 6.10). Por isso, Paulo exorta a Igreja a não se associar, nem ter
comunhão com pessoas que estão obstinados neste pecado (1 Co 5.11).
Quanto aos crentes que foram objeto de maledicência, a Palavra de Deus traz
um mandamento difícil de obedecer, porém, necessário para testificar a fé e o
compromisso com o Senhor. Jesus mandou que tivéssemos atitude diferente dos
maldizentes. Devemos bendizer quem nos maldiz (Lc 6.28). Paulo, andando nas
pegadas do Mestre ensina a mesma verdade (1 Co 4.12). Pedro igualmente ensina
esse preceito (1 Pe 3.9-12).
Esse mandamento não é fácil, pois ao sermos objetos de maledicências e
maldições, nossa tendência natural é fazermos o mesmo. Nossa disposição é
aplicarmos a lei de talião: olho por olho, dente por dente. Entretanto, devemos estar
acima dos nossos desejos e vontades; acima do nosso ego ferido e machucado.
Quando abençoamos e não maldizemos, não cometeremos o mesmo pecado
que os maledicentes cometem. Ao abençoarmos, quebramos o círculo vicioso de
maldições e introduzimos o círculo virtuoso de bênçãos.
Deus nos chamou para proferirmos palavras de bênçãos e edificação sobre
as pessoas. Nossa língua foi feita para abençoar, não amaldiçoar.
3) A palavra precipitada.
Outro pecado comum entre as pessoas é o pecado da palavra precipitada (Pv
20.25). Esse pecado diz respeito a qualquer compromisso que se assuma e, depois,
não se cumpre. O descumprimento não se dá por força maior ou impossibilidade de
quem empenhou a palavra. Acontece porque a pessoa mudou de idéia e não mais
deseja fazer o que prometeu.
Às vezes, tal mudança de idéia e de palavra ocorre porque a pessoa
vislumbra algum prejuízo ou então vê esvair sua esperança de lucro ou sucesso: o
benefício que se esperava ter não mais ocorrerá. Há também aquelas pessoas que
não cumprirão o que prometeu por mera falta de responsabilidade.
A palavra precipitada pode ser vista em votos feitos e não cumpridos. Por
isso, a Bíblia diz que quando se faz um voto, quando se emprenha uma palavra,
deve-se cumpri-lo, pois é melhor não votar do que votar e não cumprir.
No Antigo Testamento, e em especial no livro dos salmos, fala-se muito sobre
o cumprimento dos votos, da palavra empenhada diante do Senhor. Os salmistas
sabiam o quão sério era ser uma pessoa de palavra (Sl 22.25; 50.14; 56.12; 61.8;
65.1; 116.14, 18).
Há uma drástica história acerca de palavra empenhada e cumprida. É o
famoso voto de Jefté (Jz 11.29-40). Nele, o juiz promete (caso obtivesse a resposta
ao seu pedido) dar em holocausto a Deus a primeira vida que saísse ao seu
encontro quando retornasse da empreitada (Jz 11.30-31).
A filha de Jefté é quem o recebe. Portanto, ela deveria ser dada ao Senhor.
Quanto ao fato dela ter morrido (dada literalmente em holocausto ao Senhor) ou ter
sido dedicada perpetuamente sua virgindade ao Senhor, é um outro assunto. O fato
é que, independente da interpretação, sua filha chorou muito pela dívida a ser paga.
Jefté foi precipitado. Suas palavras foram proferidas num voto sem reflexão profunda
(Pv 13.3).
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Nossa palavra deve ter o peso da verdade. Por essa razão não precisamos
jurar (Tg 5.12). Basta levarmos a sério a palavra dada. Mas para isso, é necessário
não agir precipitada e irrefletidamente (Pv 15.28).
Provérbios diz para se ter calma, muita cautela ao se proferir qualquer palavra
(Pv 20.25). Ninguém pode falar que algo é bom, é santo, é adequado sem pesar a
situação e analisá-la pausadamente.
Na mesma linha de Pv 20.25 encontramos pessoas que elogiam ou bendizem
alguém de modo frívolo, sem conhecimento real da pessoa. Falam por falar. Bem ou
mal, falam sem real conhecimento de causa. Isso não é certo.
Muitos, na contra mão do elogio gratuito, proferem palavras contrárias a
alguém sem conhecer de fato a pessoa. Isso se chama juízo temerário. A pessoa se
coloca como juíza sem conhecimento verdadeiro, apenas baseado na impressão ou
aparências.
A precipitação pode ser vista no fato de alguém ser fiador do outro. Em
nossos dias usa-se muito o recurso do fiador. Infelizmente é um recurso exigido em
muitos lugares de modo absoluto. Contudo, a Bíblia orienta o fiel a não ser fiador
sem antes pensar muito bem e ver se tem, de fato, condições de sê-lo (Pv 6.1-5). Se
alguém deseja ou se dispõe a ser, deve estar preparado para infortúnios e
imprevistos. Não se deve ser precipitado nesta área.
A palavra precipitada faz parte dos imaturos e dos irresponsáveis. Quem
ainda é um menino ou menina na fé diz e faz coisas sem refletir muito. No entanto,
quem age assim pode esperar que mais cedo ou mais tarde as consequências virão
e quando elas vierem, poderão trazer um peso insuportável, um tributo impagável.
4) A maldição.
Nas Escrituras sagradas a maldição pode proceder de Deus (Pv 3.33) e
também dos homens. Em especial no Antigo Testamento, o não cumprimento da Lei
e a infidelidade ao pacto divino, gerariam maldições incontáveis sobre a vida dos
rebeldes e tais maldições procederiam do Senhor (Dt 27.1-26).
Quando se trata do Senhor, nem sempre a maldição se expressa por uma
palavra ruim ou pesada; às vezes, a simples quebra da lei de Deus em alguma área
leva a maldição (Ml 3.9), ou seja, leva a consequência ruim. Isto não significa que
imediatamente a pessoa sentirá o peso da maldição. Também não significa que a
pessoa será arruinada completamente. Antes, significa que a benção de Deus não
estará sobre quem anda em desobediência ao pacto. Por isso Deus “amaldiçoaria as
bênçãos do seu povo” (Ml 2.2).
Quanto à maldição de homens, o Antigo Testamento nos conta a história de
Balaão, um sacerdote pagão que foi contratado por Balaque para amaldiçoar a
nação de Israel (Nm 22.1-20). Acreditava-se que determinadas pessoas tinham o
poder de lançar maldições sobre outras – com resultados!
O mais interessante nessa história é que Balaão não consegue amaldiçoar e
mais adiante ele diz o porquê de não efetivar as maldições: sobre Israel não vale
nem encantamento nem adivinhação (Nm 23.23). Agouros e feitiços não caem sobre
o povo de Deus. Glórias a Deus por isso!
Hoje, por causa de uma compreensão equivocada da bênção e da maldição,
muitos estão ensinando o que a Bíblia não ensina. Por exemplo, se alguém se
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chama Mara (que quer dizer amargo) será uma mulher amargurada. Quem se
chama Maria das Dores, será alguém com muitos problemas. Isso é um bobagem e
distorção gritante daquilo que a Bíblia ensina! Aqueles que estão em Cristo não
precisam se submeter a essas crendices e superstições. Jesus nos livrou dessas e
de outras maldições.
Provérbios ensina que “a maldição sem causa não se cumpre” (Pv 26.2). Se
estamos em Cristo e andando na verdade, não precisamos temer qualquer palavra
de maldição sobre nós - venha de quem vier. Sobre o filho(a) de Deus está não
somente a graça do Senhor Jesus, mas sua proteção e segurança.
Com ou sem eficácia, há muitos que abrem a sua boca para amaldiçoar.
Abrem-na para lançar imprecações cheias de amargura. Tais pessoas estão cheias
de desejos ruins, sentimentos de ódio e rancor. Elas desejam o mal do outro porque
se sentem, na maioria das vezes, prejudicada.
Amaldiçoar é atitude desaconselhada nas Escrituras. Embora muitos se
sintam bem em amaldiçoar e até acreditem que lançando palavras de maldição
possam atingir os seus desafetos, a Bíblia reprova tal ato (Rm 12.14).
Mesmo quando a pessoa é levada a amaldiçoar por causa de algum prejuízo
ou injustiça sofrida (Pv 11.26), a maldição e desaconselhada. Ainda mais
desaconselhada é quando ela é dirigida aos pais (Pv 20.20; 30.11).
O Apóstolo Tiago, por exemplo, diz que infelizmente, a mesma língua usada
para bendizer a Deus é também usada para amaldiçoar os homens (Tg 3.9). Ele
afirma que não deveria ser assim (Tg 3.10-11). Ora, é para crentes em Cristo Jesus
que Tiago escreve. Há crentes que estão usando a língua para amaldiçoar. Que
vergonha!
5) A palavra dura.
Nossa palavra pode ser dura ou branda. Às vezes, é necessário ser duro e
incisivo. Entretanto, na maioria das vezes, a palavra deve ser temperada com
bondade e meiguice. Isto, porém, não significa que a palavra branda é fraca e o
posicionamento tomado com sobriedade seja vacilante. A brandura não é o oposto
da convicção ou firmeza.
Geralmente em conversas acaloradas, o fogo das discussões aumenta ainda
mais quando se fala ou responde com rispidez, raiva, ódio ou ressentimentos. Por
mais cobertos de razão que estejamos, há pessoas que não assumirão seus erros e
equívocos e há situações que não mudarão, por mais cheios de raiva que
estivermos. Lembremos-nos: há pessoas de má índole e para essas pessoas, só a
graça de Deus para transformá-las, do contrário, nada do que dissermos fará
qualquer diferença.
Principalmente nas ocasiões de conflito e acaloradas discussões, Provérbios
diz que “a resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv
15.1). Se não somos amantes da confusão e da briga, é melhor manter a calma e
falarmos com serenidade e equilíbrio. Isso não é fácil; envolve domínio próprio,
paciência e muita sobriedade (Pv 16.32).
A indignação pode nos levar a levantar a voz e proferir palavras duras, cheias
de ira e amargura. O sentimento de estar sendo enganado ou feito de bobo pode
nos fazer alterar o ânimo. Porém, para nosso próprio bem, é necessário ter uma
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palavra branda. É preciso respirar fundo e falar com calma. Se não for possível falar
com brandura, em muitas ocasiões é melhor silenciar.
O amante da briga pensa que sua palavra deve prevalecer. Ele acredita que
seus gritos e seu mau temperamento é que lhe dão a vitória. Há pessoas que são
tão obtusas que jamais se deixarão persuadir pela verdade. Por mais que estejamos
corretos, ela não será persuadida. A solução é, além de silenciar temporariamente,
procurar outros meios, se for o caso, a própria justiça, para que a verdade prevaleça
e nosso pleito vença.
Provérbios fala de outra vantagem da palavra branda. Assim diz o texto: “a
longanimidade persuade o príncipe, e a língua branda esmaga ossos” (Pv 25.15).
Ou seja, a verdade dita com brandura é mais poderosa do que essa mesma verdade
dita com raiva – ainda que estejamos cobertos de razão!
Quando a pessoa treina falar com brandura, mesmo a sua repreensão será
remédio nos ouvidos de quem a escuta (Pv 15.4). A pessoa será um instrumento de
cura e bênçãos, pois tão importante quanto à mensagem a ser dita é o modo de
dizê-la.
Para se ter brandura no falar é necessário ter um espírito “sereno” (Pv 17.27).
E para ser ter serenidade é necessário, como disse Jesus, ser manso e humilde
como o mestre o é (Mt 11.29).
Para o nosso próprio bem e não o bem do outro, precisamos desenvolver
uma palavra branda. A palavra dura, cheia de cólera e ira não produz a justiça de
Deus (Tg 1.20).
6) A palavra maldosa, cheia de segundas intenções.
Há muitas pessoas que abrem a sua boca para proferirem palavras maldosas,
cheias de más intenções. Tais pessoas às vezes nem precisam falar mal; elas
apenas precisam lisonjear o outro para alcançar seus objetivos. Suas intenções são
mesquinhas e egoístas. Elas querem tirar proveito do outro.
A bajulação é um mal que devemos evitar. Na verdade, é melhor repreender
em verdade buscando o bem do outro do que lisonjear (Pv 28.23). Os bajuladores
falam com falsidade, sem verdade nos lábios (Pv 4.24). No fim, o lisonjeador
causará danos ao lisonjeado (Pv 26.28). Ele lisonjeia porque deseja tirar algum
proveito ou vantagem do seu semelhante!
Há outros que falam movidos pela inveja, pelos ciúmes, pela enorme “dor de
cotovelo”. Suas palavras podem se constituir em emboscadas e redundar em
sangue e morte (Pv 12.6). Eles usam a boca para produzir o mal.
Lembremos-nos que Jesus foi morto devido à inveja de seus patrícios (Mt
27.18). Ainda hoje muitos males que são causados por bocas cheias de inveja e
ciúmes. Muitas mortes e muito sofrimento continuam acontecendo por causa desses
sentimentos que extravasam pela boca.
A palavra maldosa procede de lábios depravados (Pv 16.27). Tais pessoas
são chamadas em Provérbios de “perversos de lábios” (Pv 19.1). Sua língua
mentirosa dá ouvidos aos homens e mulheres malignos (Pv 17.4), alimentando
assim casa vez mais o mal.
Essas pessoas podem ser fofoqueiras (Pv 20.19). E por serem fofoqueiras
trarão sobre si muitas angústias (Pv 21.23). Elas estão sendo alvo de sua língua, do
mal uso de suas palavras (Pv. 18.7).
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Conclusão.
À luz deste estudo, devemos guarda os nossos lábios de toda e qualquer
palavra que seja mentirosa, maledicente, precipitada, amaldiçoadora, dura e
maldosa.
Se agirmos assim, não só evitaremos muitos males para nós mesmos e para
os outros, como estaremos sendo usados para expandir o reino de Deus neste
mundo. Afinal, deixar de fazer o mal é um bem!
Que nossas palavras sejam de bênçãos e edificação sempre!
OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 13
Tema: Humildade: caminho para o aconchego de Deus.
Texto: Pv 16.19.
Introdução.
Todo ser humano funciona como um imã podendo atrair ou expelir as
pessoas de si mesmo. Se é fato que por vezes simpatizamos ou antipatizamos com
alguns imediatamente, sem um conhecimento profundo deles, é igualmente verdade
que através da convivência e relacionamentos mais longos é que iremos atrair ou
repelir, sermos atraídos ou sermos repelidos pelos outros.
Neste sentido, nada expeli mais do que a altivez, o senso arrogante de
superioridade e a prepotência das ações e palavras proferidas pelas pessoas.
Ninguém gosta de andar ou conviver com uma pessoa que pensa ser melhor que as
demais. É repulsivo para a maioria das pessoas o conviver com gente que se acha
superiora, mais digna e mais merecedora do bem do que as demais. Tais pessoas
acabam se tornando uma ilha em si mesmas e dificilmente constroem
relacionamentos saudáveis.
O contrário também é verdadeiro: nada aglutina mais do que um espírito
humilde, despojado e simples. Mesmo que a pessoa seja um grande ícone, uma
mulher ou homem inteligentíssimo, abastado, competente e cheio de talento,
entretanto, se é humilde e simples em sua maneira de ser, iremos desejar nos
aproximarmos dela.
Desenvolvimento.
É exatamente isso que vemos nas Escrituras. O Senhor nosso Deus se afasta
dos arrogantes e altivos. De contrapartida, está perto daqueles que têm o coração
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quebrantado e arrependido. Todos os que têm o espírito abatido e todos os que se
encontram oprimidos pelas pessoas ou situações têm a graça da presença do
Senhor.
•
•
•
Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os de
espírito oprimido – Sl 34.8
Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração
compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus – Sl 51.17
O Senhor é excelso, contudo, atenta para os humildes; os soberbos, ele os
conhece de longe – Sl 138.6
Uma das histórias mais emblemáticas acerca da bênção da humildade e do
perigo da soberba é a parábola do fariseu e do publicano. Jesus conta que dois
homens, um religioso e outro considerado traidor da pátria, sobem ao templo de
Jerusalém com o propósito de orar. Lá, em frente ao templo, o fariseu ora “de si para
si mesmo”, desta forma: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais
homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como esse publicano; jejuo
duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho” (Lc 18.11-12). O
problema do fariseu não era a mentira. Tudo o que ele disse era verdade. De fato,
ele era um homem virtuoso e cumpridor de suas obrigações religiosas. O grande mal
desse homem era a presunção, a soberba e a altivez de seu espírito.
Na parábola, Jesus diz-nos que ele orava “de si para si mesmo”; ou seja, ele
se tornou o centro, o princípio e o fim de suas orações. Não era para Deus que ele
praticava as virtudes ou as obrigações religiosas; era para si mesmo. Ele se tornou o
seu “deus”. Ele fez da fé e da religião instrumentos para se auto-promover e autoglorificar diante dos homens. Agindo assim ele quis trazer glórias para si. Ele só se
esqueceu que o nosso Deus não divide a sua glória com ninguém.
O outro personagem dessa história não era nenhum santo. Certamente ele
havia pecado contra Deus de muitas e variadas maneiras. Os publicanos não
somente tinham má fama como realmente eram pessoas trapaceiras, amantes do
dinheiro e do poder. Eram traidores da própria nação e dos seus irmãos de pátria.
No entanto, esse publicano “estando em pé, longe, não ousava nem ainda
levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim,
pecador!” (Lc 18.13). A atitude dele é de quebrantamento, de arrependimento, de
reconhecimento de seus erros e pecados.
Em confessar seus pecados e reconhecer seus erros, o publicano se humilha
diante do Senhor. E somente os humildes têm a capacidade de se humilhar. E
quando nos humilhamos, podemos esperar não somente a aprovação do Senhor
como também suas bênçãos. Deus abençoou e aceitou a oração do publicano, não
a do fariseu! (Lc 18.14).
A estrada que nos leva aos braços do pai chama-se humildade. O caminho
para o aconchego de Deus é a humildade. A salvação só alcança quem se
reconhece necessitado de Deus e, para isso, é necessário ser humilde. Enquanto o
ser humano continuar a acreditar que suas boas obras o salvarão, os seus esforços,
a sua religião ou religiosidade o farão herdar o reino dos céus, mas longe dele
estará. Veja o que o apóstolo Paulo, refletindo sobre esse fato, diz em 1 Co 1.26-29.
1) O que é humildade?
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Nem sempre é fácil definir vocábulos que usamos, às vezes, a exaustão.
Todavia, é necessário, pois do contrário, podemos imaginar que o significado de
determinada palavra seja o que ela não é. Ou pior ainda, usá-la pensando que ela
significa algo que não condiz com seu real entendimento.
Biblicamente falando, a humildade tem a ver com dependência. Tanto pode
ser uma dependência física, material, financeira, quanto uma dependência espiritual.
Por isso, os pobres e marginalizados são, política e sociologicamente falando, os
humildes nas Escrituras.
Entretanto, humildade não tem a ver somente com economia ou status social.
O humilde é aquele que depende principalmente de Deus. Por isso, nas BemAventuranças, a primeira das virtudes/práticas dos filhos de Deus é a humildade.
Jesus assim disse: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o
reino dos Céus.” (Mt 5.8).
Davi, o grande rei de Israel, o general imbatível, o político hábil, o poeta
consagrado e possuidor de grande fortuna, confessa-se pobre e necessitado. Ele é o
grande protótipo de “humilde” no Antigo Testamento. Em duas ocasiões ele diz: “Eu
sou pobre e necessitado, porém o Senhor cuida de mim. Tu és o meu amparo e o
meu libertador.” (Sl 40.17; 70.5). Davi foi hipócrita? Faltou com a verdade? Não! Ele
simplesmente sabia quem ele era e quem era Deus. O próprio texto bíblico afirma
que todo o sucesso de Davi deveu-se a Deus, à presença do Senhor com ele (1 Sm
18.14).
Davi dependia de Deus e por isso reconhece-se necessitado. Ele sabia que
em si mesmo e por si mesmo, não era nada. Assim, Davi revela não somente
humildade, mas inteligência. Esse é o grande segredo na vida do rei de Israel.
Humildade tem a ver também com o desapego àquelas realidades pomposas
e luxuosas. O humilde não anda atrás de coisas grandiosas, nem de realidades
maravilhosas demais para si (Sl 131.1).
Ele sabe que seu caráter não se mede pelo que possui. Ele não fez e nem
permite que se faça dos bens e recursos econômicos a medida do seu ser. Sabe
que tudo é vaidade, que tudo é correr atrás do vento. Que a carne é como a erva e
toda a sua glória como a flor do campo. Logo, a erva seca e a flor murchando, cai...
(Is 40.6-8).
Isto não significa, é claro, que ele não tenha sonhos e aspirações; ele os tem.
Todavia, seu coração é modesto e simples. Ele sabe dar graças a Deus pelos bens
e bênçãos que possui. E sabe também que enriquecer ou prosperar em qualquer
área da vida não é a maior bênção que se receba do Senhor.
A humildade, portanto, é uma virtude bíblica cujo resultado visível na vida de
quem a possui é: modéstia, simplicidade e dependência de Deus.
2) Jesus é o grande modelo de humildade.
Como costumeiramente acontece, nosso Senhor nunca nos manda fazer ou
ser algo que ele mesmo não seja ou faça. Assim, a Escritura diz que Ele em seu
convite aos seres humanos cansados e sobrecarregados, os chama a aprenderem
dele, que era (e é) manso e humilde de coração (Mt 11.29).
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Jesus é o grande modelo de humildade não somente porque fez esse convite,
mas sobretudo, como disse o apóstolo Paulo, sendo rico se fez pobre por amor de
nós (2 Co 8.9). Isso é humildade! Lembre-se: Jesus deixou a glória, o conforto e
bem-aventurança celestial, para tornar-se homem, experimentar todas as dores e
sofrimentos inerentes à humanidade. Por que ele agiu assim? Porque nos amou. E o
seu amor se manifestou a nós devido a sua humildade em obedecer ao Pai.
A maior prova da humildade, todavia, vem de outro texto paulino. Em sua
carta aos filipenses diz que Jesus ao se encarnar se esvaziou assumindo a forma de
servo. Ainda mais: ele se humilhou tornando-se obediente até a morte – e morte de
cruz (Fp 2.5-10). Ele se dispôs a morrer por nós. Humildemente tomou essa missão
para si. Você deixaria seu conforto, seu país, seu salário para morrer por alguém
que lhe odeia? É claro que não. Mas foi exatamente isso que Jesus fez: morreu por
ímpios pecadores como eu e você.
A vida de Jesus foi de ponta a ponta, um exemplo de humildade. O Mestre
não nasceu rico, mas pobre. Nasceu em Belém, numa estrebaria. Seu berço foi uma
manjedoura, ou seja, um lugar no qual os animais se alimentavam. O Rei dos reis e
Senhor dos senhores nasceu pobre.
Foi um marceneiro. Portanto, alguém sem grandes condições de ganhar
muito dinheiro ou enriquecer. Em seu ministério afirmou que não tinha onde reclinar
a cabeça (Mt 8.20). Não possuía bens ou uma casa. Continuou pobre em seu
ministério. Aceitou essa condição porque nos amou e se submeteu em humildade à
vontade do Pai.
O senhor Jesus foi o maior homem que este mundo já viu. No entanto, viveu
como uma pessoa simples, como uma pessoa do povo, das classes sociais mais
baixas.
Conviveu com pessoas marginalizadas (Lc 15.1-2). Não apoiou seus
pecados, nem abençoou suas práticas iníquas. Ele quis salvá-las de seus pecados.
Os líderes religiosos daquele tempo não se misturava com tais pessoas. Vivam
longe do povo pobre. Jesus agiu diferente: convivia com eles como se fosse um
igual.
Se queremos ser humildes e aprender o que é a humildade, devemos olhar
para Jesus e seguir seus exemplos. Ninguém melhor do que ele para nos ensinar a
trilhar o caminho da humildade com o Senhor.
3) A humildade é característica dos cidadãos do reino de Deus.
A chamada literatura de sabedoria e a poesia hebraica identificam o filho de
Deus com a humildade. Diretamente elas associam o salvo com a singeleza,
chamando o filho de Deus de humilde.
Vários são os textos que se referem a isso. Vejamos:
•
•
•
•
Tens ouvido, Senhor, o desejo dos humildes; tu lhes fortalecerás o coração e
lhes acudirás... Sl 10.17
Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho – Sl 25.9
Gloriar-se-á no Senhor a minha alma; os humildes o ouvirão e se alegrarão –
Sl 34.2
...ao levantar Deus para julgar e salvar todos os humildes da terra – Sl 76.9.
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•
O Senhor ampara os humildes e dá com os ímpios em terra – Sl 147.6
Ao lermos Miquéias 6.8 entendemos que Deus espera que seu povo ande em
humildade. Ela é característica dos verdadeiros filhos de Deus. É vontade do Senhor
que sejamos humildes e andemos em humildade na sua presença!
Pedro não pede, pelo contrário, manda que os fiéis em Cristo Jesus se vistam
com a humildade, principalmente no trato de uns com os outros (1 Pe 5.5). Não
podemos nos achar melhores ou superiores aos nossos irmãos.
Infelizmente essa não tem sido a realidade de muitos cristãos. Devido a
Teologia da Prosperidade, muitos acreditam que a verdadeira credencial do seu
cristianismo é a opulência, o ter rios de dinheiro, o nunca passar por dificuldades,
dores ou tribulações. Ensinam um cristianismo que é sem cruz, sem sofrimentos,
sem renúncias e sem humildade.
Chegou-se ao absurdo de se dizer que quem não tem carro do ano, uma
robusta conta bancária, uma maravilhosa casa, ou está em pecado ou está sendo
enganado pelo Diabo. Também esses mesmos pregadores ensinam que o filho de
Deus deve ser sempre imbatível, “cabeça, não cauda”.
Por acreditarem e praticarem essa teologia, muitos, líderes e liderados, estão
se tornando arrogantes, prepotentes e intratáveis. A humildade tem passado longe
dessas vidas.
Embora não queiramos, é por meio das adversidades, problemas e
sofrimentos que nos tornamos mais dependentes de Deus. Na dependência, nos
humilhamos e nos tornamos humildes, reconhecendo que do Senhor vem nosso
sustento, socorro e fortaleza!
A verdadeira fé cristã nos leva a sermos parecidos com nosso Senhor e
salvador. Ele era humilde. Ele foi simples. Ele não ostentou nada. Não ensinou que
fé se mede pelo que tem em recursos financeiros ou pela classe social a que se
pertence. Não disse que segui-lo significava ausência de problemas e dificuldades.
Pelo contrário, advertiu que teríamos tribulações (Jo 16.33).
4) A humildade é a escada do crescimento espiritual.
A soberba traz queda. A altivez gera ruína. A arrogância lança o indivíduo no
chão da vergonha. Quando lemos as histórias bíblicas compreendemos que nada
leva mais rápido um ser humano à destruição do que um espírito auto-suficiente.
O Contrário também é verdadeiro. Nada nos faz crescer e prosperar mais do
que a humildade. Quando lemos vários textos bíblicos, entendemos explicitamente
que aquele que trilha as sendas da humildade, caminha em direção aos montes do
crescimento espiritual. Senão leia esses versículos.
•
•
•
Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado –
Lc 14.11.
Digo-vos que este desceu justificado para a sua casa, e não aquele; porque
todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado –
Lc 18.14.
Humilhai-vos na presença do Senhor e ele vos exaltará – Tg 4.10.
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•
Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele em tempo
oportuno vos exalte... – 1 Pe 5.6.
A lógica destes versículos é bem simples. Quem se torna arrogante,
pensando de si além e acima do que deveria, será humilhado. Mas, quem se
humilha na presença do Senhor, será exaltado e acrescido espiritualmente.
Os gigantes de Deus nunca deixaram de reconhecer que a razão do sucesso,
do crescimento, das conquistas e das vitórias sempre (repito: sempre) esteve nas
mãos do Senhor. E quanto mais rendiam glórias a Deus, mas o Senhor os exaltava
e os fazia crescer em sua presença.
As verdades espirituais mais profundas e mais indispensáveis são reveladas
não aos sábios e doutores destes mundo, mas aos pequeninos (Mt 11.25), aos
humildes, aos quebrantados.
Se queremos andar altaneiramente, se desejamos a cada dia aprender mais e
mais do senhor, se aspiramos subir todos os degraus da intimidade do Senhor
precisamos aprender a andar e perseverar na vereda da humildade!
5) A humildade abre as portas de muitas e variadas bênçãos.
Assim como “a soberba precede a ruína e a altivez de espírito a queda” (Pv
16.18), assim também há consequências diretas e inescapáveis para aqueles que
caminham nas veredas da humildade.
Os humildes são os maiores beneficiados de toda a prática de dependência
do Senhor. Em qualquer virtude praticada, sempre o praticante é que será o maior
recompensado pelas mesmas. E, conforme veremos a seguir, muitas bênçãos estão
reservadas àqueles que são humildes (Pv 22.4).
Aprovação divina. O humilde é aprovado pelo Senhor. Deus o ama. Deus o
confirma. Deus deseja que andemos em humildade (Mq 6.8) e quando o
obedecemos, recebemos o seu “selo de qualidade”. O Senhor não deseja nem
espera outra atitude dos seus filhos senão a da humildade.
Graça (Pv 3.34; 1 Pe 5.5). Pedro fala que Deus resiste aos soberbos, sendo
um obstáculo intransponível para eles. Contudo, aos humildes, ele concede graça,
ou seja, o seu favor. Deus o abençoa, o faz vencedor e vitorioso em todas as coisas.
Quando o Senhor nos concede sua graça, podemos ter certeza de que
alcançaremos bom êxito!
Honra (Pv 15.33; 18.12; 29.23). Assim como a soberba precede a ruína, a
humildade vai adiante da honra, precedendo-a. Isto é um fato. Os humildes são
honrados, são reconhecidos, são amados. Muitos pensam que o presunçoso é
reconhecido e admirado. Não é! Mesmo que alguém tenha muito talento e
capacidade, se tal pessoa se gaba de seus feitos, os mesmos são diminuídos.
Salvação (Lc 18.14). Na parábola contada por Jesus, quem foi justificado, ou
seja, aceito por Deus, foi o publicano que se humilhou na presença do Senhor. Os
ricos dificilmente entram no reino dos céus não por causa do dinheiro ou bens que
possuem, mas sim porque não se humilham na presença do Senhor, não
demonstram dependência e confiança nEle.
Sabedoria (Pv 11.2). Sábio é antes de tudo humilde, pois para aprender é
necessário admitir que não se sabe. O Sábio é simples e modesto. O verdadeiro
homem ou mulher que tem sabedoria não ostenta seu saber, não se vangloria no
que sabe.
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Aceitação social. Outra benção para o humilde é a sua aceitação entre as
pessoas em geral. A maioria das pessoas gosta de andar com alguém simples e
sem ostentação. Todos querem uma pessoa humilde consigo. A aceitação social de
um humilde não se compara a de um soberbo.
Essas são apenas algumas das bênçãos e benefícios da humildade. Há,
porém, muitas outras.
Conclusão.
Como o Salmista, precisamos pedir ao Senhor que sonde os nossos corações
para ver se há algum caminho mau. Se houver, peçamos ao mesmo Senhor que nos
livre dele, principalmente se este mau caminho está ungido com a arrogância.
O filho de Deus é chamado a viver em humildade e na dependência irrestrita
do Senhor. Essa é a vocação dos salvos. Qualquer outro comportamento ou prática
diferente não convém aos servos do Senhor.
Que nosso Deus nos ajude a sermos humildes, sem nenhum laivo de
arrogância ou soberba em nossa caminhada cristã. Que assim seja!
OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 14
Tema: Domínio Próprio e Temperança.
Texto: Pv 16.32; 25.28.
Introdução.
A modernidade é cheia de cobranças e pressões. Por todos os lados, o ser
humano de nossos dias se vê diante de situações, no mínimo, estressantes. No
trânsito, por exemplo, os congestionamentos e a imperícia de muitos motoristas nos
fazem ficar transtornados, com raiva e até desejosos de cometer alguma “loucura”. E
alguns têm cometido essas loucuras, matando o seu próximo. Os jornais e os
noticiários têm relatado tristes episódios envolvendo pessoas que se descontrolaram
de tal modo que uma tragédia ocorreu.
Em nosso ambiente de trabalho, então, o que dizer? A demissão que pode
chegar a qualquer momento, o excesso de normas e regras, as metas que precisam
ser alcançadas, o autoritarismo do chefe, a pilantragem de alguns funcionários, a
inveja e os ciúmes dos colegas de trabalho podem fazer com que o coração e a
mente se tornem uma enorme panela de pressão, pronta a explodir.
Em nosso lar podem surgir situações difíceis de encarar. Às vezes, a falta de
dinheiro, a irritabilidade do cônjuge, os problemas com as crianças, somam-se a
outros problemas e nos vemos a ponto de perder o controle e falar o que não
deveríamos e fazer algo que certamente nos arrependeremos mais tarde.
A falta de domínio próprio não se manifesta apenas quando há irritação; o
descontrole pode acontecer quando a pessoa se torna dependente de algo para
sentir alegria e prazer na vida ou fugir de seus problemas e dificuldades. Pecados
como a glutonaria e a bebedice são expressões inequívocas de falta de domínio
próprio.
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Desenvolvimento.
A Bíblia como um todo e Provérbios em especial nos falam sobre a
necessidade de manter o controle, de exercer o fruto espiritual do domínio próprio.
Ela não nega que podemos agir impensadamente; não ignora que podemos falar no
impulso e calor das emoções, que podemos perder o controle de nós mesmos.
Somos humanos, e como tais, susceptíveis aos arroubos de ira, cólera e descontrole
emocional e físico.
Podemos perder o controle à mesa ou diante de uma garrafa de bebida. O
alcoolismo tem sido um dos grandes flagelos de nossa geração. Alguns cristãos
pensam que a Bíblia proíbe a ingestão de bebida alcoólica – o que não é verdade.
Ela adverte quanto à falta de temperança, de domínio e controle diante da bebida. A
falta de autocontrole, esse sim, é o grande problema que devemos combater.
Temos que concordar, no entanto, que entre ser abstêmio e correr o risco de
se tornar um viciado em álcool é melhor não ingerir uma gota de álcool. Contudo,
por uma questão de coerência bíblica, não podemos chamar de pecado aquilo que a
Bíblia não chama. O pecado que tem atingido milhões e milhões de vidas é a falta
de domínio próprio e não a bebida. O grande problema é a falta de temperança!
Se o mesmo raciocínio da abstinência da bebida fosse usado para a comida,
milhões morreriam de fome. A glutonaria – o excesso no ato de comer – é tão
pecaminoso quanto a embriaguez e, talvez, mais praticado do que o último. É até
difícil saber o que tem provocado mais males à sociedade: o alcoolismo ou a
glutonaria. Nossa sociedade brasileira tem visto a obesidade, que via de regra se
manifesta pela falta de controle no comer, se transformar em uma epidemia. Nos
Estados Unidos, país de forte herança protestante, a obesidade é um problema
crônico. Mais de 65% da população encontra-se ou na situação de sobrepeso ou em
algum dos vários níveis de obesidade. Muitos chegaram à pior de todas: a
obesidade mórbida. Especialistas dizem que o Brasil caminha na mesma direção.
O domínio do pecado na vida humana é a razão fundamental pela qual muitas
pessoas se tornam mais susceptíveis ao pecado do que outras. É a influência do
pecado em nós que nos leva a nos tornar viciados ou dependentes de coisas que
nos prejudicam profundamente.
O pecado é o grande fomentador da falta de domínio próprio. Infelizmente,
muitas pessoas pensam que pecado está sempre relacionado ao sexo; isso não é
verdade. A Arrogância, a altivez, a cobiça, a inveja, o autoritarismo e a mentira, entre
outros, são pecados e eles podem e tem levado muitos a perder o controle.
Peguemos como exemplo o caso de Lameque, tataraneto de Caim. Ele era
um homem tão altivo, tão arrogante que matou duas pessoas por motivos banais
(Gn 4.23, 24). Ele, sem dúvida, se achava melhor do que os outros, tão superior aos
demais que se vangloria de ter perdido o controle e matado brutalmente seus
semelhantes. Assim, alimentando a falta de domínio próprio quase sempre há outros
pecados tais como altivez, arrogância, perversidade, entre outros.
A falta de controle pode atingir qualquer pessoa. Não são somente os mais
inveterados pecadores perdem a cabeça, agindo por impulso ou raiva. Grandes
homens de Deus também deixaram de exercer o domínio próprio. Um dos casos
mais tristes e de consequência mais desoladora é o caso de Moisés. A Bíblia afirma
que ele era um homem muito calmo; na verdade, o mais manso entre os seus
contemporâneos (Nm 12.3). Entretanto, quando estava em Meribá e o povo
murmurou mais uma vez contra ele, Arão e contra o Senhor, sentiu-se tão
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pressionado, tão incomodado que não obedeceu a ordem de Deus, ferindo, com
raiva, a rocha que deveria simplesmente ouvir a sua voz de comando, não a sua
mão pesada e cheia de raiva (Nm 20. 2-13). Deus disse a Moisés que ele não
entraria na Terra Prometida porque deixou de obedecer, ou seja, ele perdeu o
domínio próprio.
Como Moisés, somos tentados a pensar que nossa força e nossa ação
violenta resolverão nossos problemas. Lamentável engano! Lutero, há quase cinco
séculos, já nos disse: “A força do homem nada faz...”. Não são os violentos que
herdarão a Terra, mas sim os mansos (Mt 5.5).
Moisés não é o único homem de Deus que deixou de receber a bênção do
Senhor por causa da falta de domínio próprio; muitos, no decorrer dos séculos, têm
amargado as mesmas consequências terríveis. O mau gênio, a irritação constante e
a falta de controle têm levado homens e mulheres de Deus a perder graças e
favores do Senhor. Outros trouxeram e trazem diversos males sobre si por causa da
falta de controle.
O objetivo deste estudo é analisar um pouco melhor a temática do domínio
próprio. Devemos saber que não basta estudar, mas praticar e pedir a graça do
Senhor de termos um espírito menos indômito e mais controlado. Vamos às lições!
1) O que nos leva a perder o controle das situações, a não exercer o domínio
próprio?
Antes de qualquer reflexão ou lição a ser aprendida sobre o domínio próprio,
devemos responder a indagação acima. Por que perdemos o controle de nós
mesmos? Por que não conseguimos exercer o domínio próprio em muitas ocasiões
e circunstâncias de nossa vida?
A resposta simples e contundente é: por causa do pecado que habita no ser
humano. A velha natureza de Adão que reside em todos os seres humanos os
inclina a desobedecer à vontade de Deus.
O pecado afetou não apenas nossa relação com o Senhor (Gn 3. 8-10), com
o próximo (Gn 3.12) e com o mundo (Gn 3. 17-19); afetou também nossa relação
conosco mesmo. É isso que Paulo nos ensina em Romanos. Para ele, o ser humano
tem a inclinação para o mal, para fazer o que é errado.
•
•
Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço
o que prefiro e sim o que detesto – Rm 7.15
Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço - Rm
7.19.
Mesmo a pessoa que foi lavada e remida no sangue de Jesus pode perder o
controle – e efetivamente isso tem acontecido com todos os cristãos em algum
momento da vida. Quem de nós nunca falou o que não devia? Quem não explodiu
em ataque de ira e raiva? Quem nunca exagerou no comer? Quem nunca comprou
algo sem realmente necessitar, adquirindo algum produto por impulso? Infelizmente,
ainda estamos sujeitos a pecar (1 Jo 1.8, 10). Temos que lutar contra o domínio do
pecado em nós e lutar pela soberania e controle do Espírito Santo em nossa vida.
O cristão não pode brincar com o pecado ou flertar com ele. Se ele pensar
que é capaz de envolver-se com o pecado sem consequências terríveis para a sua
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vida, estará “jogando dados” com a morte (Rm 6.23). Foi assim com Davi (2 Sm
11.1-5). Esse grande homem de Deus permitiu que seus desejos e impulsos o
dominassem. Se o pecado domina, fatalmente perde-se o domínio próprio.
Quando a pessoa se sente irremediavelmente inclinada a fazer algo, sem
conseguir dominar-se, essa pessoa pode ter se tornado compulsiva. E a compulsão
é o último estágio da falta de temperança, da ausência de domínio próprio.
O problema da compulsão, sem dúvida, é um problema médico. No entanto,
ninguém nasce compulsivo. As pessoas vão se envolvendo com o erro, com o
pecado, vão dando vazão a todos os seus sentimentos e desejos pecaminosos e
quando menos percebem, estão viciadas; encontram-se em verdadeiras masmorras
da mente, do corpo e da alma.
A compulsão pode ser por sexo, por drogas, sejam elas lícitas (álcool, cigarro,
etc.) ou ilícitas (cocaína, maconha, etc.). Ela pode ser por jogos de azar e até por
compras. Embora, como dissemos, a compulsão é um problema de saúde, tudo
começa com concessões que a pessoa faz ao pecado.
Ora, sem dúvida o pecado gera prazeres. Ele traz aquela sensação de bem
estar, de realização e de superação de limites e problemas. No entanto, o pecado é
enganoso. Ele também é um terrível mafioso que cobra um preço impagável ao
homem que com ele se compromete. Quando comparamos e pesamos os prazeres
e os custos do pecado, se tivermos um pouco de bom senso e coerência, não nos
entregaremos à iniqüidade ou à tentação.
Se não queremos perder o controle total de nossa vida é necessário viver o
mais longe do pecado e aproximar-se, o máximo possível, de uma vida de santidade
e temor ao Senhor.
Outra questão dentro deste tópico que precisa ser dita é que muitos se
envolvem com os diversos vícios alistados acima para fugirem de realidades cruéis e
sufocantes. No entanto, este tipo de fuga não leva o ser humano para longe dos
problemas, pelo contrário, além de não resolver as demandas, traz outros
transtornos ainda piores. Desde a antiguidade as pessoas tentam fugir futilmente
dos problemas por meio do alcoolismo; entretanto, o alcoolismo nada mais é do que
a falta de temperança (Pv 31.4-7).
2) Deus quer ter o controle de toda a nossa vida, inclusive do nosso
temperamento.
Tim LaHaie, autor de sucesso, escreveu um livro intitulado “Temperamentos
controlados pelo Espírito”. Nele, o autor propõe que a melhor maneira de viver de
acordo com o querer de Deus é viver na dependência, poder e direção do Espírito
Santo.
É exatamente isso que as Escrituras nos ensinam. O Espírito Santo quer
controlar todo o nosso ser. Seu controle não é o de um tirano ou aproveitador, mas
sim de um pai amoroso que deseja conduzir seus filhos pelos melhores caminhos.
Além do mais, a Bíblia nos ensina que, se Deus não controlar e dirigir a nossa vida,
o diabo ou o mundo quererão dirigir. Mesmo aqueles que dizem que não são
dirigidos por ninguém, exceto por sua própria vontade, enganam-se, pois se “sua”
vontade é contrária a Deus e favorável ao diabo ou ao mundo. Eles não estão
fazendo algo neutro ou diferente; eles, na verdade, encontram-se escravizados pelo
mal.
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Paulo escrevendo aos Gálatas ensina a necessidade de ser controlado pelo
Espírito Santo (Gl 5.16-26). Diz o apóstolo que se vivermos e andarmos no Espírito
Santo não satisfaremos aos desejos pecaminosos da carne (velha natureza que
ainda existe em nós e que é contrária à vontade de Deus). A carne completa a tríade
que se opõe a Deus. Os outros dois elementos, o mundo e o Diabo, são tão nocivos
quanto ela.
O que a carne, o mundo e o Diabo querem? Querem nos dominar, nos
escravizar e, finalmente, nos levar à destruição e morte física e espiritual.
Claramente Paulo nos diz que as obras da carne são escravizantes e provocam o
descontrole no ser humano. Os excessos praticados por aqueles que estão sob a
influência da “carne” começam com a perda do domínio próprio e da temperança.
Por isso, é tão perigoso o indivíduo viver sua vida pelos ditames dos sentimentos e
desejos pecaminosos.
Uma vida controlada pelo Espírito Santo é o remédio mais eficaz para
promover o domínio próprio. É dele que vem o poder para vencer o pecado. É dele
que vem a obra de transformação do nosso temperamento e até mesmo caráter.
O Espírito domina quando obedecemos à Palavra de Deus. O caminha do
controle do Santo Espírito em nós se dá pelo conhecimento e obediência aos
preceitos do Senhor.
Há um círculo virtuoso aqui. Quando obedecemos à Palavra de Deus somos
cheios do Espírito e quando estamos cheios do Espírito obedecemos à Palavra de
Deus. Assim, aqueles que querem viver uma vida abundante, cheia de frutos e sem
laços ou amarras precisa tanto obedecer quando ser cheio do Espírito Santo.
Seja um mandamento, uma exortação ou uma orientação, a palavra de Deus
é o instrumento do Senhor para moldar, controlar e transformar a vida (2 Tm 3.1516). O Espírito toma a Palavra e a aplica em nossas vidas. Ele efetua a sua obra na
mente, no coração e na alma, com Seu poder pela Sagrada Escritura. O resultado:
controle abençoadíssimo de nossos sentimentos, pensamentos e vontade.
3) Dominar-se é um exercício cotidiano, cujo fim só se dará quando
morrermos.
Embora o Espírito Santo queira controlar e dirigir nossa vida, não somos
marionetes ou máquinas usáveis por entidades inteligentes. Somos homens que
possuem faculdades, entre elas, a da vontade. Deste modo, o controle do Espírito
Santo se dá quando nos rendemos a ele em amor e obediência.
Podemos dizer sim ou não ao Espírito Santo, às suas orientações e vontade.
Também podemos dizer sim ou não às tentações e desejos que se nos apresentam.
Nós, somente nós, podemos tomar as decisões e atitudes necessárias para evitar ou
ceder às circunstâncias que nos fazem perder o domínio próprio.
As influências são diversas, mas a decisão é uma e pertence a nós mesmos
como indivíduos. Todos os dias seremos obrigados a tomar decisões que
demonstrarão quem domina sobre nós: O Espírito Santo ou a velha natureza
pecaminosa que ainda existe em nós.
O Senhor nunca permite que seus filhos sejam tentados além das suas
forças. Isso não significa que nós não nos envolveremos em tentações maiores que
nossa força. Há muitos que não vigiam e oram; pior ainda, brincam com o pecado e
flertam com a tentação. Nesses casos, há sim a possibilidade de queda, pois
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claramente a vontade da pessoa está inclinada para o mal. Porém, quando não é
esse o caso, a Bíblia nos diz o seguinte:
•
Não vos veio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não
permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais
suportar – 1 Co 10.13
Isto significa que a tentação não é uma força irresistível. Ela pode ser
resistida e com a graça e o poder de Deus, vencida. Se ela se apresentar à nossa
vida, a melhor atitude a ser tomada para vencê-la é fugir dela. Paulo, inspirado pelo
Espírito Santo, diz:
•
Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do
corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo -1
Co 6.18.
Fugir daquilo que nos faz perder o controle não é covardia, mas a decisão
mais sábia a ser tomada. Os alcoólatras sabem que uma única dose pode
desencadear a embriagues. O que fazer? Evitar o primeiro gole, fugir dele.
Algumas tentações devem ser evitadas a todo custo e para isso é melhor fugir
delas. Outros problemas, como a glutonaria, devem ser “tratados” com outras
estratégias. Uma reeducação alimentar pode ser buscada. Tratamento da
ansiedade, que geralmente está associada à comilança, também deveria ser
enfatizada.
4) O Domínio próprio leva o homem à sobriedade e à vida regrada; a falta dele
leva-o à ruína e ao desastre total.
A sobriedade convém aos servos de Deus. A moderação e o bom senso
também. Por isso, Provérbios diz que se acharmos mel, devemos comer apenas o
que nos basta, pois do contrário, podemos exagerar e vir a vomitá-lo (Pv 25.16). O
mel é apenas um item, representação de qualquer realidade agradável ao homem,
mas que, sem o domínio próprio, pode levá-lo à escravidão.
Muitos pensam que só se aproveitar a vida de verdade quando se entregam
às paixões e aos excessos da carne. Puro engano! Vida de verdade, com qualidade
e prazeres que não trazem sofrimento e desgosto, só pode ser desfrutada na
presença de Deus e numa existência de temperança. A vida de um filho de Deus é
sempre mais plena de sabor do que a vida de um intemperante.
Quando nos tornamos escravos de algum vício, demonstramos que não há
em nós sabedoria divina (Pv 20.1). O homem ou a mulher sábia não pode se permitir
descontrolar em qualquer área da vida.
A perda do domínio próprio e da temperança traz, a reboque, pobreza,
miséria e desprezo. Provérbios está cheio de alusões quanto às consequências
nefastas de se viver sem domínio de si (Pv 21.17; 23.20-21, 29-35).
Vidas estão se arruinando porque perderam o controle. Algumas pessoas
tinham um futuro brilhante e promissor à frente, mas porque perderam o controle,
vieram a se afundar e muitos sonhos, projetos e reais possibilidades morreram.
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Uma família aos pés do Senhor
Alguns se afundaram por causa da bebida; outros por causa da
promiscuidade. Alguns estão endividados e prestes a perder muito por causa da
falta de domínio próprio. Famílias estão sendo destruídas; empregos estão sendo
perdidos; saúde está sendo minada, enfim, muitos males estão sobrevindo àqueles
que perderam o controle de si mesmos. Triste realidade de milhões de homens e
mulheres!
Conclusão
Vivemos num mundo de exageros e excessos. Para muitas pessoas, bom
mesmo é soltar as rédeas da razão e do bom senso e se entregar a todo tipo de
vício ou pecado.
A Bíblia convoca os cristãos a viverem na contramão deste estilo de vida. Ela
os chama a viver com bom senso e sobriedade, não sendo escravos dos apetites
insaciáveis da carne.
As duas palavras-chave aqui são: domínio próprio e temperança. Que o
Senhor nos ajude a vivermos assim, para a honra dEle e bênção nossa!
OS ENSINAMENTOS DO LIVRO DE PROVÉRBIOS
Suprimentos de sabedoria para a vida!
Lição 15
Tema: Conselhos: orientações para a vida
Texto: Pv 1.24-31.
Introdução.
Um velho ditado de nossa língua portuguesa afirma sarcasticamente: “se
conselho fosse bom, ninguém dava, vendia”. Geralmente as pessoas que se valem
dele pensam que podem, sozinhas, tomar suas decisões sem ouvir o ponto de vista
dos outros. Elas estão dizendo: “não preciso de nenhum conselho ou orientação; eu
me basto e dou conta desta demanda sem a intromissão de ninguém”.
Há também aqueles que, em sintonia com a idéia acima, afirmam: “minha
cabeça é o meu guia”. Não há dúvida que devemos tomar nossas decisões e somos
responsáveis pelas escolhas que fazemos. Nossa cabeça sempre será o nosso guia.
Mas, há pelo menos dois equívocos aqui: primeiro, acreditar que não fomos nem
somos influenciados por terceiros. Independente da idade e da fase da vida em que
estamos carregamos sempre uma enorme carga de influências. A grande questão
não é se recebemos influências ou não de terceiros – uma vez que todos nós somos
frutos de anos de múltiplas influências – mas sim que tipo de influência permitimos
que nos atinjam.
O segundo equívoco é não parar para ouvir e refletir sobre o que outros têm a
dizer. Ouvir um ponto de vista diferente do nosso não significa anuir a tal ideia ou
conselho. Por uma questão de sabedoria, é sempre bom parar e ouvir o que outros
têm a dizer, pois pode ser que não percebemos alguma coisa, algum detalhe que o
outro percebeu.
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Desenvolvimento
O livro de Provérbios fala bastante acerca da importância de bons conselhos
na vida dos filhos de Deus. Nem sempre o vocábulo “aconselhar” estará presente,
mas a idéia está abundantemente presente nesse livro.
Provérbios não é o único livro a ressaltar a necessidade de bons conselhos.
Outros livros e passagens das Escrituras acentuam a importância de uma boa
orientação, de uma palavra de sabedoria. A história de Roboão é um desses
exemplos – ainda que às avessas!
A Bíblia nos informa que oitenta anos já havia se passado desde que Davi e
Salomão reinaram em Israel. Com eles, a nação alcançou grandes bênçãos e um
novo status no cenário internacional. Davi expandiu o território da promessa e o
tornou uma potência militar respeitável. Salomão consolidou o reino e gozou de paz
e prestígio internacional. Com este último rei Israel experimentou um tempo de glória
e riquezas nunca antes visto. Porém, pesos e problemas também existiram.
Salomão tornou a vida da população difícil, pois os gastos da coorte eram colossais
(1 Rs 4.20-28). Houve uma forte carga de impostos sobre a população. A nação
inteira de Israel se juntou para dizer ao novo rei: “teu pai fez pesado o nosso jugo;
agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai e o seu pesado jugo que nos impôs,
e nós te serviremos” (1 Rs 12.3). O povo estava no seu limite!
Roboão pede três dias para pensar e refletir sobre o pedido dos seus súditos
(1 Rs 12.4). Neste intervalo ele buscou conselhos em dois grupos: o dos anciões e
dos jovens que o serviam. Assim, ele primeiro ouviu o conselho dos anciões (1 Rs
12.6). Isso demonstrou sabedoria da parte de Roboão. Os mais velhos
aconselharam Roboão a atender o pedido do povo. Como consequência, disseram
eles, Roboão teria a fidelidade e o serviço do povo para sempre (1 Rs 12.7).
Todavia, ele “desprezou o conselho que os anciãos lhe tinham dado” (1 Rs 12.8).
Ato contínuo, ele tomou conselho com “os jovens que haviam crescido com ele e o
serviam” (1 Rs 12.8). O conselho dos jovens foi de uma enorme falta de bom senso.
Eles disseram que Roboão deveria endurecer, amedrontar a nação, mostrar-se
implacável e inflexível com o povo. Assim, o povo seria mais do que servo, seria
subserviente de Roboão.
Quando o prazo dos três dias venceu, o povo se juntou para ouvir a resposta
de Roboão. Infelizmente o rei não quis ouvir os sábios e sensatos conselhos dos
anciãos preferindo dar ouvidos aos jovens. Resultado: o reino se dividiu para
sempre.
Embora o texto não seja explícito, penso que Roboão não ouviu o conselho
dos anciãos por causa do seu grande orgulho e ambição. O conselho dos jovens era
o que de fato Roboão acreditava. Os jovens queriam prevalecer pela força, pela
intimidação e pelo poderio militar. Os jovens – e Roboão – não queriam perder seus
privilégios.
Roboão não estava disposto a reconhecer que seu pai, Salomão, havia
errado em muitos aspectos e era necessário, naquele momento, retroceder e
consertá-los. Ouvir o povo não seria fraqueza e não redundaria em grandes perdas.
Se ele tivesse ouvido o conselho dos idosos, o maior prejuízo seria uma pequena
redução da receita. Como não ouviu, amargou uma grande perda: dez das doze
tribos formaram um novo reino.
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Abaixo, refletiremos acerca de assuntos relacionados aos conselhos.
Provérbios e o restante das Escrituras têm lições importantes a nos oferecer. Vamos
a elas:
1) Todo ser humano necessita, necessitou e necessitará de conselhos.
Quem nunca se valeu de alguma orientação em sua vida? Quem nunca se
dirigiu a alguém que considera mais experiente a fim de receber um conselho? É
simplesmente impossível encontrar alguém que nunca precisou de uma palavra de
instrução na vida.
O homem não é um “produto” acabado. Não somos pessoas completas. Não
somos oniscientes e Todo-Poderosos. Somos apenas seres humanos finitos e
falíveis. Por isso mesmo, necessitamos de orientações, de conselhos sábios e
abençoados.
Assim a questão a ser refletida não é se precisamos ou não de conselhos,
mas sim de quem obtemos os conselhos. A grande questão que se nos apresenta é:
qual é a fonte de nossos conselhos? Mais adiante discutiremos sobre esse item.
Na existência há tantas decisões a serem tomadas, há tantas situações
difíceis, há tantas ciladas sutis que, se a pessoa que não estiver cercada de bons
conselhos e conselheiros, fatalmente irá sofrer perdas e danos. Pelo fato de sermos
obrigados a tomar constantemente decisões, precisamos de conselhos e
orientações.
Por mais auto-suficiente que uma pessoa se apresente, em algum momento
de sua existência precisará aqui, ali e acolá de alguém para instruí-la e aconselhá-la.
Desde o mais inteligente, capaz ou rico até ao mais simples, toda pessoa precisará
de conselhos em vários momentos da existência.
Pastores precisam de conselhos. Presbíteros também. Um idoso precisa de
conselhos. Muito mais ainda um jovem. Mulheres precisam de conselho. Enfim todas
as pessoas, independente do sexo e da idade precisam de conselhos.
Tomar conselhos é uma necessidade inerente ao ser humano. E é bom saber
também que ninguém será bem sucedido, alcançará êxito, terá vitória, sem estar
munido de bons conselhos. É isso o que Provérbios diz:
•
•
•
Onde não há conselho fracassam os projetos , mas com os muitos
conselheiros há bom êxito – Pv 15.22.
Os planos mediante os conselhos têm bom êxito ; faze a guerra com
prudência – PV 20.18.
Com medidas de prudência farás a guerra; na multidão de conselheiros está
a vitória – Pv 24.6
Como se percebe, ouvir e seguir bons conselhos é uma questão de
necessidade. Sem eles a pessoa não terá muito êxito na vida. Aquele que pensa
não precisar deles, quando estiver amargando situações difíceis terá que dar o
braço a torcer e admitir: “eu precisava de bons conselhos e não os quis receber.”
2) Os maiores e melhores conselhos são oriundos da Palavra de Deus
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A Bíblia nos diz que nosso Deus é conselheiro. Faz parte da natureza divina o
ser orientador de suas criaturas. Ele deseja conduzir todos os homens no conselho
de sua vontade.
Jesus também é conselheiro. Na lista de atributos que o profeta Isaías
apresenta sobre o Messias, ele afirma que Jesus é, dentre outras qualidades,
“maravilhoso conselheiro” (Is 9.6).
O Espírito Santo também aconselha e orienta o povo de Deus nos caminhos
nos quais deve andar. Ele vive em nós e quer nos conduzir e orientar em todos os
caminhos que devemos seguir.
Assim, aprendemos nas Escrituras que Deus Pai, Filho e Espírito Santo quer
dar sua orientação aos Seus. E Ele no-las dá primordialmente por intermédio de sua
Palavra. Embora ele possa falar à nossa mente e coração, trazendo ou tirando a
paz, é por meio de sua palavra que ele nos fala mais clara e audivelmente.
O livro de Salmos nos ensina que o homem e a mulher que têm a palavra de
Deus (que é o seu conselho) torna-se mais sábio que os idosos. Ora, é bom
lembrarmos que nas culturas antigas, velhice e sabedoria eram quase sinônimas.
•
Os teus mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque,
aqueles, eu os tenho sempre comigo. Compreendo mais do que todos os
meus mestres, porque medito nos teus testemunhos – Sl 119.98-100.
O Senhor nos deixou escrito os seus conselhos e devemos absorvê-los e
meditar neles para o nosso bem, para o crescimento em sabedoria, para o
desenvolvimento de nossa fé e espiritualidade nos santos e retos caminhos do
Senhor.
•
Porventura, não te escrevi excelentes cousas acerca de conselhos e
conhecimentos... Pv 22.20
Em Provérbios, a palavra de Deus é chamada de sabedoria. Ouvir a
sabedoria significa ouvir os conselhos e orientações do Senhor. E ao obedecê-los e
cumpri-los o indivíduo tem acesso a um manancial de bênçãos.
•
•
Eu, a sabedoria, habito com a prudência e disponho de conhecimento e
conselhos – Pv 8.12.
Meu é o conselho e a verdadeira sabedoria, eu sou o entendimento, minha é
a fortaleza – Pv 8.14.
Os conselhos de Deus refletem o seu querer. Paulo nos ensinou que a
vontade de Deus é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2). Portanto, seus conselhos
são o melhor para a nossa vida.
Para viver uma vida em abundância, para experimentar a paz em meio ao
sofrimento, para usufruir a alegria e o conforto do Senhor é necessário ouvir seus
conselhos e eles se encontram em sua palavra.
3) Estamos rodeados de maus conselhos. Por isso, precisamos nos precaver.
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Uma família aos pés do Senhor
Conselhos não vêem apenas de boas pessoas ou do próprio Deus; eles vêm
de pessoas más e perversas bem como do próprio Diabo. Outras vezes, o indivíduo
dá ouvidos aos conselhos do seu coração pecaminoso. Jeremias disse “que
enganoso é o coração e desesperadamente corrupto.” Quando nosso coração não é
transformado e guiado pelo Espírito e pela Palavra de Deus, ele vai nos enganar.
É claro que os conselhos de homens maus, do Diabo e do nosso enganoso
coração não prestam. Eles são perigosos, pois podem levar a consequências
tremendamente dolorosas e, em alguns casos, irreversíveis e mortais. A Bíblia
ensina-nos que o conselho dos perversos, no final, não trará bons resultados:
•
•
Os pensamentos dos justos são retos, mas o conselho dos perversos engano
– Pv 12.5.
Não quiseram o meu conselho e desprezaram toda a minha repreensão.
Portanto, comerão do fruto do seu procedimento e dos seus próprios
conselhos se fartarão – Pv 1.30-31.
Engano, falácia, equívoco, prejuízo, morte e dor são apenas algumas das
consequências de se ouvir maus conselhos. Por isso, precisamos nos precaver.
Não tenho a menor dúvida de que há mais conselhos maus do que bons
disponíveis às pessoas de nossos dias. Numa sociedade dirigida pelo prazer, pela
ambição, pela sexualidade distorcida, pelos valores pecaminosos, não é possível
ouvir boas palavras de sabedoria.
A Bíblia fala de um sobrinho de Davi chamado Jonadabe que aconselhou seu
primo Amnom a cometer uma verdadeira loucura. A história é trágica e simples.
Amnom estava apaixonado pela sua própria meia-irmã, Tamar, e quis ter relação
sexual com ela (2 Sm 13.1). Ele ficou tão obcecado com essa paixão que chegou a
adoecer (2 Sm 13.2). Ele sabia que seu desejo era pecaminoso. Ele sabia que não
poderia possuí-la. Nesse momento, entra em cena seu “amigo” (2 Sm 13.3) e inquire
sobre a magreza e a tristeza do filho do rei (2 Sm 13.4).
Ao saber a razão da prostração do “amigo”, Jonadabe o aconselha a simular
uma situação e, a partir daí, tirar proveito da própria meia-irmã. O conselho foi
eficiente e diabólico ao mesmo tempo. Amnom conseguiu o que queria. Porém, o
mal não tardou em visitá-lo.
Davi ao saber da situação não tomou qualquer atitude disciplinar; apenas
ficou irado; nada além disso (2 Sm 13.21). Na verdade, a pena para tal ato
pecaminoso era capital: Amnom deveria morrer.
Absalão é quem toma as dores da irmã e mata seu meio-irmão (2 Sm 13.2336). Um mau conselho levou um jovem à morte prematura e trouxe uma colossal
desgraça à família.
Infelizmente não é apenas a história bíblica que nos mostra a tragédia de se
ouvir e seguir maus conselhos. Basta olharmos ao nosso redor para vermos
milhares de pessoas que estão amargando dores e sofrimentos porque ouviram e
acatou de alguém um péssimo conselho ou uma orientação do mal.
4) Na multidão de conselhos há sabedoria, bom êxito e vitória.
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Há um ditado muito conhecido das pessoas em geral que diz: “duas cabeças
pensam melhor do que uma”. No geral e como regra, esse provérbio popular esta
correto. Mesmo uma pessoa não convertida pode acolher em seu coração algum
conselho sábio de Deus e Sua Palavra. E se duas pessoas discutem e refletem
sobre determinado assunto sendo anteriormente influenciados pela Palavra de
Deus, podem produzir mais e melhor do que apenas uma pessoa.
Sem orientações e sem sábios conselhos, a pessoa pode amargar frustração,
derrotas e fracassos. Por isso, a Bíblia afirma que a vitória, o bom êxito e a
sabedoria pertencem àqueles que se valem de muitos bons conselheiros. Veja:
•
•
•
Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há
sabedoria – Pv 11.14
Onde não há conselho fracassam os projetos, mas com os muitos
conselheiros há bom êxito – Pv 15.22.
Com medidas de prudência farás a guerra; na multidão de conselheiros está a
vitória – Pv 24.6.
Uma ressalva deve ser feita. Não basta ter muitos conselhos: é necessário ter
bons conselheiros. Não é suficiente ouvir muitos conselhos; devemos ouvir
conselhos de pessoas de Deus ou no mínimo, pessoas de bem, pessoas cujos
princípios sejam sadios e cristãos.
Infelizmente muitas pessoas, particularmente as mais jovens, não ouvem
quem deveriam ouvir bons conselhos. No vigor da juventude, acreditam que podem
todas as coisas e que têm Know How para conduzirem suas vidas sem os “palpites”
(leia-se conselhos) de ninguém.
Conheço histórias – que não são nem únicas nem exclusivas – de jovens que
foram aconselhadas pelos pais, irmãos, pastores, homens e mulheres de Deus a
não tomarem determinada posição e nem fazer determinada escolha e, por não os
ouvirem, amargaram por anos dificuldades e dores. Infelizmente muitos jovens e
adolescentes, contestadores que são, passam por grandes e terríveis dificuldades
por não ouvirem a sabedoria dos mais velhos.
Conheço também várias histórias de homens e mulheres mais maduros que
se fizeram surdos aos conselhos, avisos e orientações que lhes eram dados e que,
por não ouvirem, vivem aquém do que poderiam viver. Tais pessoas se tornaram
auto-suficientes e arrogantes; elas pensam que não precisam ser aconselhadas.
Provérbios ensina que a dureza de coração, a obstinação, a falta de
prudência em ouvir as palavras de sabedoria e até mesmo palavras de repreensão,
podem levar qualquer pessoa a uma situação desastrosa irreversível.
•
O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será quebrantado
de repente sem que haja cura – Pv 29.1
Se muitas pessoas têm nos aconselhado e essas pessoas são de Deus e
estão firmadas na palavra de Deus, devemos ouvir. Se queremos vitórias e bênçãos
sobre nossa vida, ouçamos os muitos conselheiros que Deus nos coloca à
disposição.
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Uma família aos pés do Senhor
5) Deixar de ouvir os conselhos do Senhor pode ser fatal (Pv 29.1).
É interessante observar nas Escrituras que Deus não força ou obriga as
pessoas a ouvi-lo e obedecê-lo. Ele apenas as convida, amorosamente, a ouvi-lo e
obedecê-lo.
•
Ouve o conselho e recebe a instrução, para que sejais sábio nos teus dias
por vir – Pv 19.20
Paulo diz que devemos exortar, portanto, aconselhar as pessoas com
longanimidade, ou seja, com paciência (2 Tm 4.2). De fato, embora desejemos muito
que as pessoas ouçam e sigam os sábios e maravilhosos conselhos do Senhor, não
podemos forçar nem obrigar ninguém a segui-los.
Contudo, está claro também que se as pessoas ignoram a palavra de Deus
elas estarão cometendo o mais insano dos atos. Elas têm o direito de não ouvir, mas
devem saber que estão apostando alto e caro na sua própria ruína e destruição.
Muitas pessoas, desde o princípio da humanidade, têm desprezado a
sabedoria de Deus revelada em sua palavra. Elas não ouvem nem querem ouvir os
conselhos do Senhor, antes, preferem dar ouvidos ao seu enganoso coração, ao
Diabo ou a homens e mulheres sem o temor de Deus.
Essas pessoas devem ser alertas, com amor e paciência, que deixar de ouvir
os conselhos do Senhor não significa apenas ignorá-los; implica em abraçar o mal e
a desgraça para a própria vida. Seja de imediato, seja a médio ou longo prazo, as
consequências terríveis advirão.
•
Mas, porque clamei e vós recusastes; porque estendi a mão e não houve
quem atendesse; antes, rejeitastes todo o meu conselho e não quisestes a
minha repreensão; também eu me rirei na vossa desventura, e, em vindo o
vosso terror, eu zombarei, em vindo o vosso terror como a tempestade, em
vindo a vossa perdição como redemoinho, quando vos chegar o aperto e a
angústia. Então, me invocarão e eu não responderei; procurar-me-ão, porém,
não me hão de achar. Porquanto aborreceram o conhecimento e não
preferiram o temor do Senhor; não quiseram o meu conselho e desprezaram
toda a minha repreensão. Portanto, comerão do fruto do seu procedimento e
dos seus próprios conselhos se fartarão – Pv. 1.24-31
É sempre assim: quando ignoramos os conselhos do Senhor, seguiremos
outros conselhos. Ainda que pensemos que são os nossos conselhos. Se não é de
Deus, é inútil e, no final, se revelará numa desgraça. Assim como os caminhos de
Deus são maiores e melhores do que os nossos, seus conselhos são superiores; na
verdade, são perfeitos!
Conclusão.
Receber e ouvir bons conselhos são um bálsamo divino à vida. É isso que
Provérbios ensina:
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•
Como o óleo e o perfume alegram o coração, assim, o amigo encontra doçura
no conselho cordial – Pv. 27.9
E é isso que deveríamos fazer, diante do Senhor. Ler sua Palavra para ouvir
seus conselhos e conversar com homens e mulheres de Deus a fim de recebermos
alento, forças e direção certa em nossa caminhada.
Infelizmente muitos crentes estão deixando de ouvir diariamente os conselhos
do Senhor por intermédio de Sua palavra. Será que essa é a explicação para tanta
infantilidade e tantos erros entre o Povo de Deus? Será que é por isso que se vê na
Igreja do Senhor Jesus tantos desmandos e tantas aberrações teológicas?
Conclusão
Chegamos ao final desta série de estudos acerca de temas e tópicos no livro
de Provérbios. Temos a convicção de que muitos assuntos não foram aqui expostos.
Talvez, temas indispensáveis à reflexão do povo de Deus tenham sido olvidados.
Por essa falha, peço desculpas.
Por outro lado, é fato inquestionável que a Palavra de Deus não pode ser
esgotada em seu conhecimento. Qualquer livro das Sagradas Escrituras, por menor
que seja, por mais simples que se apresente, é um oceano insondável de riquezas.
Assim, é de se esperar que todos os livros escritos e estudos confeccionados sobre
qualquer tema das Escrituras serão sempre imperfeitos e incompletos.
Provérbios, por se tratar de sabedoria oriental apresentada em forma de
ditados, é ainda mais profundo, complexo e inesgotável em sua análise. Quando
leitor ou estudioso se depara com suas sentenças, deve refletir e “ruminá-las” por
horas ou dias a fio. Até porque, Provérbios, por ser um livro inspirado (2 Tm 3.16),
tem o peso da eternidade e da verdade em seus ditos.
Aprender Provérbios é aprender da sabedoria de Deus que pode ser vista até
mesmo na boca de incrédulos. A verdade é sempre verdade de Deus, pois emana
dEle e de mais ninguém. Embora a verdade seja adornada e melhor vista na vida
dos santos de Deus, mesmo o mais perverso dos homens pode proferi-la.
As máximas bíblicas podem ser comparadas a leis universais que não
precisam de nenhum fator externo para funcionar. Independente de a pessoa
acreditar ou não na Palavra do Senhor; independente de se ter compromisso com
Deus ou não, quem praticar ou observar os preceitos e orientações de Provérbios
será abençoado. Quem os desprezar arcará com as funestas consequências da sua
imprudência.
Nosso desejo e oração é que Deus tenha, mercê de sua graça e misericórdia,
se servido em usar esses estudos para a edificação, consolação, exortação e
direção de Seu povo. Se houve ministração do Senhor aos leitores por meio dessas
lições, valeu a pena as centenas de horas gastas na confecção desta série de
estudos. Se apenas algumas informações alcançaram o coração e a mente, todo
trabalho terá sido em vão. Somente quando o Senhor edifica a casa, é que o
trabalho dos operários é válido. Somente quando o Senhor vela pela cidade, é que
os guardas têm bom êxito. Oxalá o Senhor tenha estendido sua mão sobre esta
série de estudos.
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Uma família aos pés do Senhor
Espero que todos quantos estudarem estas lições possam ler e se deter mais
demoradamente no livro de Provérbios em si, pois é ele que recebeu a inspiração
divina e é ele que deve ser lido e relido sempre por todos quantos querem se tornar
sábios aos olhos de Deus. Aliás, permita Deus que os leitores desses estudos leiam
mais a Bíblia. Precisamos deste pão espiritual para nutrir nossa alma, alimentar
nosso mente, fortalecer nossa vida.
Deus o abençoe e que você continue firme e fiel nos caminhos do Senhor.
É o meu desejo e a minha oração.
Em Cristo Jesus, a sabedoria de Deus encarnada.
Rev. Reginaldo Carvalho.
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