Práticas Estranhas na Casa Espírita
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Práticas Estranhas na Casa Espírita
Federação Espírita Pernambucana Av. João de Barros, 1629 – Espinheiro – Recife – PE – CEP: 52021-180 Fone/Fax (81) 3427-6904 / 3241-2157 – 3426-3615 – CNPJ: 11.001.120/0001–20 Insc. Est.: Isenta www.federacaoespiritape.org - e-mail: [email protected] ORIENTAÇÕES FEDERATIVAS 01 / Junho 2012 AS PRÁTICAS ESTRANHAS NA CASA ESPÍRITA Xerxes Pessoa de Luna. Atualmente tem surgido no movimento espírita um conjunto de técnicas, algumas ditas de natureza espiritual, que, na realidade, conflitam com aquelas que têm como base os ensinamentos e orientações contidos nas obras da Codificação Kardequiana, em especial em “O Livro dos Médiuns” e noutras de autoria de espíritos benfeitores psicografadas por médiuns confiáveis e de notória credibilidade e segurança junto aos espíritas e a sociedade em geral. Não queremos, em nossas considerações, polemizar sobre a validade ou não dessas técnicas ou mesmo questionar sua seriedade ou eficiência, pois acreditamos que todo empreendimento, inclusive o não espírita, que objetive, com sinceridade, o bem da criatura humana, sem interesses ocultos de bajulações, dominação ou posses materiais, tem seu mérito. O que queremos refletir é se essas práticas, adotadas por alguns centros espíritas, guardam coerência com as orientações do Espiritismo. De início é importante que tenhamos sempre em mente que qualquer empreendimento espírita deve estar sintonizado com as recomendações doutrinárias cristãs de simplicidade, não ostentação e ausência de orgulho e vaidade. Devem ser destituídas de rituais, fórmulas mágicas ou rotinas desnecessárias e acima de tudo, sua prática, não deve estar vinculada a benefícios financeiros ou sociais de quaisquer espécies (“Dai de graça o que de graça recebestes” – Mateus – 10,8). A prática espírita deve primar pelo respeito às instituições e criaturas, pela discrição e pelo bom senso. “Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, para serem vistos, pois, do contrário, não recebereis recompensas de vosso Pai que está nos céus.”( Mateus –6,1). Outra característica da prática espírita é sua sustentabilidade ante a razão, pois o Espiritismo não a teme; enfrenta-a, face a face, por isso não se nega a sua investigação. Procedimentos que afrontam a razão, a inteligência humana e as orientações doutrinárias não devem ser praticados na casa espírita. Em seu princípio, método e alcance, a prática espírita guarda significativa peculiaridade. Seus efeitos não se limitam unicamente ao presente, a realidade material ou mesmo ao bem estar temporal da criatura humana. Eles estendem-se a vivencia espiritual e as futuras reencarnações. Seu foco principal é a harmonização e o equilíbrio da alma humana, e para isso associa suas ações à vivência dos valores sublimes e imortais do AMOR, única força capaz de nos garantir, pela eternidade, a paz e a felicidade. Quanto aos recursos utilizados na aplicação dos seus métodos, o Espiritismo se vale daqueles de natureza espiritual (magnetismo espiritual ou fluido dos espíritos) conjugado ou não a aqueles próprios do plano material que lhes guardem afinidade (magnetismo humano, ou fluido dos médiuns). Essas forças magnéticas, no entanto, não se comportam como se fossem um campo magnético estudado em Física, apesar de obedecerem rigorosamente às suas leis. Dizemos que seu comportamento é diferente porque sua intensidade e efeitos estão intimamente ligados a corrente mental, e não a eletricidade e ao magnetismo ordinário. Quanto mais a corrente mental se aproximar das forças sublimes do AMOR e aí se mantiver, maior será sua intensidade e mais efetivos serão seus resultados, ocorrendo o contrário quando ela se afastar. Magnetismo Espiritual é uma expressão oriunda do magnetismo ordinário, por analogia, pois, segundo Kardec em “A Gênese”, “dá-se-lhe essa denominação por comparação apenas e, sobretudo, pela afinidade que elas guardam com os Espíritos.” Em virtude disso o Espiritismo, em sua terapêutica, não se serve da doação ou descarga de energias de natureza espiritual por meio de elementos intermediários condutores de correntes magnéticas ordinárias como o ferro ou pilhas, por exemplo. Como o pensamento e a vontade tem seus determinantes nas curas espirituais os que utilizam esses elementos intermediários, como artefatos catalizadores de energias nas criaturas, tomam assim o efeito pela causa, pois a natureza, intensidade, nível vibratório e harmonização das forças energéticas que nos envolvem estão condicionadas a ação do pensamento, das emoções e do nosso comportamento e não, salvo melhor juízo, a interferência de artefatos, sejam eles quais forem. Um ato de amor melhora nossas energias espirituais, um ato destrutivo degrada essas mesmas energias, inclusive as mais exteriores. A prática espírita, na sua generalidade, baseia-se: a) Na reforma comportamental da criatura humana segundo os padrões éticos morais exemplificados por Nosso Senhor Jesus Cristo; b) No processo de libertação de influências destrutivas, segundo os padrões orientados pela Codificação Espírita, com ou sem a participação de médiuns encarnados; c) Na ação das entidades espirituais especializadas na geração e condução das energias espirituais (passes e água fluidificada); d) Nas intervenções perispirituais, comumente durante o período em que o paciente encontra-se desdobrado pelo sono natural, sem a necessidade de indução de encarnados e sem a necessidade da visualização de médiuns. Na ação terapêutica espírita a presença e atuação dos espíritos são indispensáveis, pois o médium, mesmo desdobrado e de posse de toda sua força anímica, precisa dos elementos do plano extra físico e dos conhecimentos e preparos dos que habitam esse plano da vida. No que se refere ao método espírita utilizado na desobsessão, este objetiva não só o desligamento da entidade perseguidora de sua vítima, mas a transformação ética e moral de ambas. Para isso os benfeitores espirituais contam com o concurso de doutrinadores para desenvolverem um diálogo renovador com tais entidades e de médiuns sérios, comprometidos e responsáveis. Estes instantes de diálogo, na verdade, constituem recurso valioso e eficaz no processo de harmonização mental e emocional da entidade sofredora além de possibilitarem a transmissão de vibrações de amor tão necessárias ao seu equilíbrio. Não faz parte do método espírita à intimidação de espíritos por meio de técnicas que contemplem o pavor, o aprisionamento em regiões sombrias ou até mesmo deportações para outros planos da vida, fora da realidade terrena, pois o grande propósito da desobsessão espírita é libertar a vítima e seu perseguidor dos laços que as mantem presas ao sofrimento e da dor. É necessário, nesses momentos de mudanças significativas que envolvem a destinação futura do nosso mundo, que nós espíritas confiemos mais nos métodos e procedimentos espirituais orientados pelo Espiritismo, pois sua base procedeu de fonte segura, através de vários médiuns, localizados em diversas regiões do planeta, desconhecidos entre si, mas comprometidos com a verdade. Os benfeitores espirituais que nos legaram “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo XXI, item 10, advertem-nos: "Estai certos, igualmente, de que quando uma verdade tem de ser revelada aos homens, é, por assim dizer, comunicada instantaneamente a todos os grupos sérios, que dispõem de médiuns também sérios, e não a tais ou quais, com exclusão dos outros". Assim, é imperativo que as casas espíritas, tenham como dever intransferível a exemplificação e vivência do genuíno Espiritismo a fim de resguardá-lo das ingerências indevidas que venham a comprometer-lhe a limpidez, simplicidade e respeitabilidade.