festival ao largo 2012
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festival ao largo 2012
F E ST I VA L AO LARGO 2012 Conferência de imprensa 21. junho FESTIVAL AO LARGO 2012 o mundo no chiado sempre às 22h Apresentação de todos os espetáculos Jorge Rodrigues ÓPERA E MÚSICA DE CENA SOLTEM O BARROCO! A LESTE MÚSICAS DO MUNDO MOZART. PORUMBESCU. DIMI TRESCU. ENESCU. BARTÓK. HAY DN. BEETHOVEN. JOIO. ELGAR. HO LST. MOMPOU. SASSETTI. JÓIA. TEATRO NO LARGO DANÇA NO LARGO F E STI VA L AO LARGO 2012 o mundo no chiado Em 2012, o cartaz do Festival ao Largo aprofunda uma dimensão que nas edições anteriores carecia de evidência na sua programação: a ópera, a dança e a música de cena, que são afinal os géneros mais estreitamente ligados às instituições que dão corpo a este festival: o Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) e a Companhia Nacional de Bailado (CNB). Assim, a programação pensada para 2012 tem como eixos principais a interpretação pelos corpos artísticos do Teatro Nacional de São Carlos – a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do TNSC – da obra-prima de Grieg: a música de cena para Peer Gynt; da única ópera de Granados: as Goyescas; e de uma obra com um lugar particular na produção de Busoni: a sua Turandot. Estas três produções contam, respetivamente, com a direção de Martin André, João Paulo Santos e Moritz Gnann, além da participação de alguns dos principais cantores portugueses de ópera, como Dora Rodrigues, Sónia Alcobaça, Maria Luísa de Freitas, Mário João Alves e Luís Rodrigues, entre muitos outros. A CNB apresenta La Valse, uma curta-metragem criada pelo realizador João Botelho para a companhia com a colaboração coreográfica de Paulo Ribeiro (com a obra- -prima de Ravel interpretada por Pedro de Freitas Branco à frente da orquestra do Théâtre des Champs-Élysées), e ainda Du Don de Soi, o trabalho que o mesmo Paulo Ribeiro concebeu para a companhia a partir da obra do genial realizador russo Andrei Tarkovski. Temos assim o ‘palco’ e a ‘cena’, sejam eles os da ópera, da dança ou mesmo do cinema, a tomar o lugar central da programação do Festival ao Largo neste ano de 2012. A dimensão que o Festival foi adquirindo ao longo dos últimos três anos faz com que cada vez mais seja possível encontrar entidades internacionais dispostas a colaborar na sua realização. Assim, foram firmadas parcerias internacionais que complementassem de algum modo os eixos de programação atrás enunciados. Em contraponto com Grieg temos a presença dos Barrokksolistene de Oslo, um agrupamento de topo no panorama europeu da música barroca dirigido pelo violinista Bjarte Eike, que apresenta um espetáculo com forte cariz teatral e muito humor, à volta das canções de taberna do século XVII. Aproveitando a feliz ideia do maestro João Paulo Santos – de apresentar as Goyescas de Granados –, surgiu o pretexto (se fosse necessário...) de trazer pela primeira vez a Portugal a Compañia Antonio Gadés, um nome mítico no panorama do flamenco e da dança contemporânea espanhola. A sua apresentação de Carmen (em mais uma abordagem ao mundo da ópera) será sem dúvida um momento muito especial no Festival ao Largo 2012. A temática chinesa da Turandot de Busoni obriga-nos a olhar para o Oriente e, particularmente na última semana do festival, ele estará bem presente através da vinda de duas grandes produções: a Orquestra Chinesa de Macau, uma orquestra de 70 elementos exclusivamente constituída por instrumentos tradicionais chineses, e um espetáculo de Gamelão de Java e Dança e Música de Sumatra, géneros musicais que tiveram uma importância decisiva na formação da identidade do modernismo musical europeu no início do século XX. O confronto de Paulo Ribeiro com o cinema de Tarkovski em Du Don de Soi torna inevitável uma reflexão sobre a Rússia e o incontornável impacto que ela teve no século XX europeu. Rakhmaninov e Chostakovitch simbolizam bem as contradições deste país imenso: enquanto um encontrou no exílio a única forma de viabilizar a sua condição de músico, o outro representa um titânico esforço feito de compromisso, paixão e tenacidade. Para interpretar a música destes dois compositores nucleares foi convidado um grupo de solistas internacionais de grande nível: Tatiana Samouil, Pavel Gomziakov e Plamena Mangova. Estas complementaridades de programação criam um panorama de viagem e encontro, não apenas entre espaços geográficos, mas também entre universos artísticos de origens distintas, buscando pontos de encontro entre géneros mais intelectualizados ou eruditos e outros que a tradição popular ou as complexidades urbanas vão impondo. Bem dentro deste espírito, da Roménia chega-nos, por um lado, o violinista Alexandru Tomescu, que se apresenta com a Filarmonia das Beiras e o maestro Ernst Schelle, por outro o grande ensemble de dança e música tradicional Junii Sibiului. Assumindo esta temática de viagem há que referir a apresentação do espetáculo poético de rua Lisboa – Homenagem a Fernando Pessoa, da encenadora Anna Stigsgaard, que depois de percorrer várias cidades europeias, chega finalmente ao Largo que viu Pessoa nascer, numa coprodução com o Festival de Almada. F E STI VA L AO LARGO 2012 O Festival ao Largo abre ainda as portas a vários projetos orquestrais ou de música de câmara portugueses, que, sempre dentro deste espírito de encontro entre géneros artísticos e espaços geográficos, são um pretexto para ouvir nomes importantes do panorama nacional como Pedro Carneiro e a Orquestra de Câmara Portuguesa, António Rosado e Pedro Jóia com a Sinfonietta de Lisboa e Vasco Pearce de Azevedo, as Damas do São Carlos e as Vivaldianas. Os seus programas, ao incluírem obras que vão desde grandes clássicos como Tchaikovski, Beethoven ou Vivaldi, até Bernardo Sassetti ou Carlos Paredes, são um enriquecimento significativo deste festival. Assinala-se a participação do Festival do Estoril, com a presença de dois prestigiados solistas internacionais, Daniel Auner e António Rosado, que se juntam em palco à Orquestra Sinfónica Portuguesa dirigida por António Lourenço. É este o Festival ao Largo 2012 cuja programação pretende ser um espaço de encontro entre épocas, lugares e géneros distintos. Encontros que façam sentido e que acreditamos poderem simultaneamente questionar, apaixonar e divertir. César Viana diretor artístico ÓPERA E MÚSICA DE CENA 29. 30. junho PEER GYNT Edvard Grieg música de cena direção musical Martin André elenco André Baleiro Peer Gynt Eduarda Melo Solveig/Anitra Carla Simões Primeira Pastora Ana Franco Segunda Pastora Carolina Figueiredo Terceira Pastora Irene Cruz (narração) Coro do Teatro Nacional de São Carlos Orquestra Sinfónica Portuguesa Música de cena para a peça homónima do dramaturgo norueguês, Henrik Ibsen (1828-1906). Foi depois de ter adaptado a sua peça para ser apresentada num teatro, que Ibsen convidou Grieg a compor a música em janeiro de 1874. A estreia foi coroada de êxito em Oslo (ex-Christiania) a 24 de fevereiro de 1876. F E STI VA L AO LARGO 2012 Sinopse da peça de Henrik Ibsen Peer Gynt, um lavrador norueguês, passa o tempo a sonhar e perde-se em fantasias que o abstraem da realidade da quinta. Ase, a sua velha mãe, acusa-o de desleixar os trabalhos. Mas Peer tenta convencer a mãe de que um dia será rei ou imperador. A mãe lembra-o que a preguiça lhe custou a noiva, filha de Hegstad, que se prepara para casar. Impulsivo, Peer decide impedir o casamento. Ao chegar, todos troçam das suas roupas andrajosas, exceto, Solveig, mas até ela acabará por o evitar depois de saber da sua reputação. Ofendido, embebeda-se e vai buscar a noiva a um armazém onde ela se tinha fechado. Entretanto, chega Ase que, armada de um bastão se apronta a dar a uma lição ao filho. É quando todos os convidados apercebem Peer em fuga para as montanhas carregando a noiva nos ombros. Peer embarca então numa série de aventuras fantásticas. Abandona a noiva que raptou e embrenha-se na floresta para casar e depois abandonar a filha do rei dos Elfos. Na floresta depara-se com um monstro. Depois de passar, resigna-se a desafiar o monstro para uma luta. Está prestes a ser devorado por uma nuvem de pássaros quando ao longe se ouvem vozes de mulheres e sinos de igreja; o monstro desiste. Peer constrói uma cabana na floresta onde Solveig se reúne a ele para uma existência fora-da-lei. Mais tarde, Peer reencontra a filha do rei dos Elfos e o filho de ambos. De novo, numa cruzada da vida, decide partir e pede a Solveig que espere por ele. Vai despedir-se da mãe, mas encontra-a moribunda. Agarra na mãe e conta-lhe um conto de fadas para a tranquilizar… depois, fecha-lhe os olhos já sem vida, beija-lhe as faces, e agradece-lhe os açoites e as canções de embalar. Peer está de novo de partida, e deambula mundo fora. Vende escravos na América, ídolos na China, e rum e bíblias. É assaltado, mas faz-se passar por um profeta árabe no deserto africano. Foge com uma dançarina, Anitra, mas quando param para descansar, esta subtrai-lhe os seus tesouros. E assim vê-se de novo em luta contra uma vida sem sentido. É coroado Rei dos Lunáticos num asilo, torna-se arqueólogo perante a esfinge e, finalmente, regressa à Noruega de barco. O barco naufraga. Peer e o cozinheiro do navio agarram-se desesperadamente a um destroço; para se salvar, atira o cozinheiro ao mar Chega, por fim, ao seu país. As aventuras e a sua idade já lhe dão direito a um merecido repouso. Encontra um Fundidor de Botões que lhe diz ter de o derreter, mas Peer recusa-se a perder a alma e implora pela sua salvação. Afirma que, no fundo, não é uma má alma. Mas é justamente esse o problema, Peer não é mau o suficiente para o inferno, mas não merece o Paraíso. E, por isso, vai para a concha e ser transformado num não-ser a não ser que consiga provar ser merecedor do Inferno. Peer Gynt conta todos os seus feitos: como vendeu escravos, enganou, iludiu e se salvou em troca da vida de outro homem. Mas o Fundidor de Botões permanece irredutível. Os dois chegam à cabana na floresta e à porta lá está Solveig, agora envelhecida. Aguarda-o orgulhosamente, vestida para ir até à igreja, de missal na mão. Peer Gynt atira-se a seus pés e suplica-lhe que revele os seus pecados. SOLVEIG – Estás aqui! Oh, Deus seja louvado! PEER GYNT – Grita os meus crimes contra ti! SOLVEIG – O teu crime? Contra mim? Fizeste da minha vida uma canção de sonho! PEER GYNT – Mas quem sou eu? Onde estive? SOLVEIG – Tu és o meu amor. E viveste sempre na minha fé, na minha esperança, no meu coração. Por detrás da cabana surge a voz do Fundidor de Botões, «Voltaremos a encontrar-nos, Peer Gynt. E então veremos...» enquanto ele se afasta, Solveig diz a Peer, «Velarei por ti, dorme e sonha agora.» Peer Gynt afunda o rosto no colo de Solveig. F E STI VA L AO LARGO 2012 ÓPERA E MÚSICA DE CENA 13. 14. julho GOYESCAS Enrique Granados ópera em versão de concerto direção musical João Paulo Santos Dora Rodrigues Rosario Mário João Alves Fernando Maria Luísa de Freitas Pepa Luís Rodrigues Paquiro Ana Barros Uma voz Coro do Teatro Nacional de São Carlos Orquestra Sinfónica Portuguesa Ópera em um ato e três quadros. Libreto de Fernando Periquet y Zuaznabar com música da sua Suite para piano de 1911, também intitulada Goyescas. Inspirada pela série de seis pinturas de Francisco Goya, que retrata os modos e a vida dos majos e majas, homens e mulheres de estilo boémio e atitude irreverente. A estreia teve lugar na Metropolitan Opera, em Nova Iorque, a 28 de janeiro de 1916. El paseo por Andalucia, Francisco de Goya, 1776 Argumento Os majos e majas desfrutam de um final de tarde junto à Igreja San Antonio de la Florida, festejando. Entra Paquiro, rodeado por mulheres. Segue-se Pepa que de imediato atrai a atenção dos homens. De súbito, todos olham para dois lacaios ricamente vestidos que carregam Dona Rosario, que vem esperar o seu amado. Paquiro aproxima-se. Convida-a para o baile, mas ela ignora-o. Não é essa a leitura de Fernando, capitão da Guarda Real, que assistira ao encontro com Paquiro. Fernando confronta-a mas não acredita em Rosario e decide que ela aceitará o convite, porém, como sua acompanhante. Saem depois de Pepa e Paquiro terem planeado destruir os dois apaixonados. No baile, à noite. Fernando entra arrastando Rosario, de novo vítima da troça de Pepa. Paquiro convida Rosario para dançar e Pepa faz uma cena de ciúmes. Fernando insulta a honra de Paquiro e este desafia-o para um duelo. Mais tarde, Rosario encontra-se com Fernando num dos bancos do jardim do Palácio. Ele continua a duvidar do seu amor mas trocam um momento de ternura arruinado pela chegada de Paquiro e Pepa. Fernando prepara-se para partir apesar das súplicas de Rosario. Começa o duelo. O grito de Fernando, mortalmente ferido, dá origem ao grito de desespero de Rosario. Paquiro foge. Rosario arrasta Fernando até ao mesmo banco do jardim onde se tinham reencontrado e dá-lhe um último beijo. Fernando morre nos seus braços. F E STI VA L AO LARGO 2012 ÓPERA E MÚSICA DE CENA 27. 28. Julho TURANDOT Ferruccio Busoni ópera em versão de concerto direção musical Moritz Gnann elenco Sónia Alcobaça Turandot Mário João Alves Kalaf Nuno Dias Altoum Maria Luísa de Freitas Adelma Luís Rodrigues Barak Carlos Guilherme Truffaldino André Baleiro Pantalone Nuno Pereira Tartaglia Filipa Lopes Rainha Mãe Carolina Figueiredo uma cantora Coro do Teatro Nacional de São Carlos Orquestra Sinfónica Portuguesa Ópera em dois atos, com libreto alemão de [1924]), de Carlo Gozzi. Busoni, compositor e grande ram mais do que um sucesso de Ferruccio Busoni, baseado na peça homónima pianista, foi um teórico inovador que contribuiu para a dissolução da tonalidade no séc. XX. As suas quatro óperas (A escolha da noiva [1912], Arlecchino [1916], Turandot [1917], Doktor Faust se produzidas com alguma regularidade, não lograestima por parte do grande público. Turandot estreou no Stadttheater em Zurique, a 11 de maio com Arlecchino. Argumento Kalaf encontra o retrato de um antigo pretendente de Turandot e decide conquistá-la. O Imperador Altoum queixa-se da intransigência de Turandot. Kalaf afirma que prefere morrer a falhar na sua missão. Turandot entra com a sua aia, Adelma, que reconhece o príncipe, mas permanece em silêncio. Kalaf acerta os três enigmas e desafia Turandot a descobrir o seu nome e linhagem. Se ela o conseguir, ele partirá. Turandot confessa-se à aia e Adelma revela conhecer a identidade do príncipe. Propõe-lhe revelar-lha em troca da sua liberdade. Turandot aceita. Turandot denuncia Kalaf perante a consternação geral; ele prepara-se para partir. Porém, Turandot impede-o, dizendo que ele despertara o seu coração adormecido. Ferruccio Busoni, por Humberto Boccioni (1882-1916) F E STI VA L AO LARGO 2012 SOLTEM O BARROCO! 1. julho VIVALDIANAS Antonio Vivaldi Concerto para cordas em Sol Maior, Rv. 151 «Alla rustica» Concerto em Ré Maior, Rv. 549, «L’ Estro Armonico», op. 3, n.º 1, para 4 violinos, violoncelo, cordas e cravo violinos Cecília Branco. Maria José Laginha. Natacha Guimarães. Sónia Carvalho. violoncelo Maria José Falcão Concerto em Lá Maior para cordas e baixo contínuo, F. XI n.º 4, Rv 158 Concerto em Ré menor para 2 violinos, violoncelo, cordas e cravo, Rv. 565, «L’Estro Armonico», op. 3, concerto n.º 11 violinos Ana Manzanilla. Francisca Fins. violoncelo Maria José Falcão Carlos Paredes (Arr. Jorge Teixeira) Suite para cordas e cravo violinos Alexandra Mendes. Ana Manzanilla. Francisca Fins. Maria José Laginha. Cecília Branco. Sónia Carvalho. Natacha Guimarães. violas Maia Kouznetsova. Leonor Braga Santos. violoncelos Clélia Vital. Maria José Falcão. contrabaixo Marine Triolet cravo Jenny Silvestre Antonio Vivaldi F E STI VA L AO LARGO 2012 SOLTEM O BARROCO! 2. julho BAROKKSOLISTENE OSLO Alehouse Session direção artística Bjarte Eike violinos Bjarte Eike Milos Valent guitarra Fredrik Bock contrabaixo Mattias Frostenson percussão Helge Norbakken guitarra/danças Steven Player cantor Thomas Guthrie An Alehouse session músicos e cantores viajados e Melodias, canções e catch de, por exemplo, séria» num festival de prestígio. Purcell, Niel Gow, Turlough O’Carolan. Músicas de compilações publicadas por Playford, Mestmacher a.o. Canções do folclore tradicional de Inglaterra, Escócia, Irlanda, Escandinávia e América. Nos últimos dois anos, interessei-me particularmente num determinado período da história de Londres. Um tempo em que os músicos profissionais deambulavam pelas ruas sem um espaço para tocar a sua música – todos os teatros estavam fechados e ganhar dinheiro à custa de espetáculos musicais era proibido. Imagino aquelas figuras de casacões cinzentos; deixá-los tocar um concerto «à Depois, há que servir-lhes cerveja logo a seguir, ensinar-lhes um conjunto de canções atrevidas e perguntar-lhes se querem juntar-se a um segundo concerto com um programa de música de folclore de puro divertimento, rude, belo, rústico e virtuosístico. O espaço precisa de servir cerveja e vinho ao público e tem de ser caloroso (ou quente). Deixe que o seu público acompanhe o espetáculo com comentários e canções. E antes que dê por isso, conseguiu recriar-se um verdadeiro cenário, diferente das como escondiam os seus instrumentos para os salas de concerto limpas e formais, para evitar conflitos com as autoridades; como uma cervejaria do século XVII. proteger da chuva e do vento, mas também se deslocavam até às tabernas e cervejarias da que em muito se aproximará de cidade para se encontrarem com amigos, «Uma casa de pecado, poderá Estes encontros de músicos profissionais trevas pois as velas nunca se beber, e acima de tudo para tocar e cantar. tornaram-se tão populares que alguns destes lugares acabariam por se transformar nas ditas «casas de música»; e assim nasceram as primeiras salas de concerto na história da música ocidental. Devia viver-se um ambiente extraordinário nestes lugares transbordando de música, álcool, sexo, mexericos, lutas, fumos, gritos, cantares, gargalhadas, danças... Como conseguir recriar dizer-se, mas não uma casa de apagam e é como naqueles países longínquos a norte, onde brilha a luz quer seja noite quer seja dia» John Earle, micro-cosmographie: Or a Peece of the World Discovered (1628) Bjarte Eike 2012 um vislumbre de tudo na nossa sociedade, toda ela muito lavadinha, de filofax, computorizada, obcecada pela saúde e pelos sindicatos? Bem, em primeiro lugar tem de se reunir um grupo de F E STI VA L AO LARGO 2012 A LESTE 3. 4. Julho PROGRAMA CHOSTAKOVITCH Serguei Rakhmaninov Trio Elégiaque n.º 1 em Sol menor Dmitri Chostakovitch Sinfonia n.º 15 em Lá Maior, op. 141a (Arr. Vladimir Derevianko) violino Tatiana Samouil violoncelo Pavel Gomziakov piano Plamena Mangova percussão Elizabeth Davis. Richard Buckley. Pedro Araújo e Silva. A LESTE 5. julho ANTÓNIO ROSADO. DANIEL AUNER. ORQUESTRA SINFÓNICA PORTUGUESA. Nikolai Rimski-Korsakov A Noiva do Czar (Abertura) Piotr Ilitch Tchaikovski Concerto em Ré Maior, para violino e orquestra, op. 35 George Gershwin Concerto em Fá para piano e orquestra violino Daniel Auner piano António Rosado direção musical António Lourenço Orquestra Sinfónica Portuguesa Coprodução Festival do Estoril Festival ao Largo F E STI VA L AO LARGO 2012 A LESTE 15. julho AS DAMAS DO SÃO CARLOS Antonín Dvořák Serenata para cordas em Mi Maior, op. 22 [1875] Piotr Ilitch Tchaikovski Serenata para cordas em Dó Maior, op. 48 violinos Veliana Hristova (direção artística). Marjolein de Sterke. Regina Stewart. Ewa Michalska. Klara Erdei. Nariné Dellalian. Carmélia Silva. Kamélia Dimitrova. violas Etelka Dudas. Maria Cecília Neves. violoncelos Diana Savova. Bárbara Duarte. contrabaixo Anita Hinkova MÚSICAS DO MUNDO 10. julho JUNII SIBIULUI Cantares e dançares da Roménia 24 dançarinos, 10 instrumentistas Um dos mais antigos grupos de divulgação de dançares do folclore romeno cujo repertório inclui as danças mais representativas do país, assim como das comunidades saxã, cigana, húngara, russa e italiana. Apoio Instituto Cultural Romeno em Lisboa (ICRL) F E STI VA L AO LARGO 2012 MÚSICAS DO MUNDO 26. julho DANÇAS E MÚSICA DE SUMATRA Gamelão de Java Um programa com o grupo lisboeta de Gamelão de Java, Yogistragong, que estabelece uma ligação entre pessoas e culturas. É diretora artística Elizabeth Davis, chefe de naipe da percussão da Orquestra Sinfónica Portuguesa. O espetáculo de 26 de julho inclui temas tradicionais de música para Gamelão Javanês, um grupo de musica e dança da Indonésia com 10 artistas, 5 músicos e 5 bailarinas. Apoio Embaixada da República da Indonésia MÚSICAS DO MUNDO 29. julho ORQUESTRA CHINESA DE MACAU Flor de Jasmim (canção popular da China [Arr. Liu Wenjin]) Hua Yanjun (Arr. Peng Xiuwen) Concerto para Erhu «Reflexo do Luar nas Fontes» Liu Xing Concerto para Zhongruan «Memórias de Yunnan» Carlos Rocha (Arr. Kuan Nai Chung) Sempre que Lisboa canta António Mourão (Arr. Kuan Nai Chung) Olhos Negros Zeng Yongqing Sentimento por Qinchuan Yang Nailin, Li Zhengui, Wang Zhi A Vida em Xiang Xi Kuan Nai Chung A Trança Feiticeira (excertos) Obra encomendada Estreia fora da China Xu Changjun Dança do Dragão solistas Dong Lizhi Erhu Lin Jie Zhongruan Li Feng Banhu Jiang Ning Dizi direção musical Pang Ka Pang F E STI VA L AO LARGO 2012 ENESCU. MOZART. PORUMBESCU. DIMITRESCU. BARTÓK. HAYDN. BEETHOVEN. DELLO JOIO. ELGAR. HOLST. MOMPOU. SASSETTI. JÓIA. 11. julho ALEXANDRU TOMESCU. ERNST SCHELLE. FILARMONIA DAS BEIRAS. George Enescu (1881-1955) Prelúdio em Uníssono Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) Concerto nº. 3 em Sol Maior para violino e orquestra Ciprian Porumbescu (1853-1883) Balada Constantin Dimitrescu (1847-1928) Peasant Dans Béla Bartók (1881-1945) Danças romenas violino Alexandru Tomescu direção musical Ernst Schelle Apoio Instituto Cultural Romeno em Lisboa (ICRL) 12. julho ENESCU. MOZART. PORUMBESCU... PEDRO CARNEIRO. ORQUESTRA DE CÂMARA PORTUGUESA. A Europa no Chiado Joseph Haydn Sinfonia n.º 104 em Ré Maior «Londres» Ludwig van Beethoven Sinfonia n.º 5 em Dó menor, op. 67 direção musical Pedro Carneiro F E STI VA L AO LARGO 2012 24. julho ENESCU. MOZART. PORUMBESCU... PEDRO JÓIA. VASCO PEARCE DE AZEVEDO. SINFONIETTA DE LISBOA. Norman Dello Joio (n. 1913) Air for Strings (1967) Edward Elgar (1857-1934) Serenade for Strings, op. 20 (1892) Gustav Holst (1874-1934) Saint Paul’s Suite (1912-13) Frederic Mompou (1893-1987) [Arr. Bernardo Sassetti (1970-2012)] Cançó n.º 6 (1925/2008) Bernardo Sassetti (1970-2012) Excertos de bandas sonoras originais: 1. Casa [O Milagre Segundo Salomé, 2004] 2. Itália, Mov. Fado* [Second Life, 2008] 3. Passeio [O Milagre Segundo Salomé, 2004] Pedro Jóia (n. 1970) Díptico de Lisboa (2012) guitarra Pedro Jóia direção musical Vasco Pearce de Azevedo * dedicado a Carlos do Carmo TEATRO NO LARGO 9. julho LISBOA espetáculo poético de rua Fondazione Pontedera Teatro encenação Anna Stigsgaard intérpretes Alice Casarosa. Alice Maestroni. Chiara Coletta. Cristina Valota. Irene Rametta. Julia Filippo. Sara Morena Zanella. Silvia Tufano. Simone Evangelisti. Stefano Franzoni. Valentina Bechi. Apoio Instituto Italiano de Cultura de Lisboa Co-apresentação Festival de Almada. Festival ao Largo. F E STI VA L AO LARGO 2012 Lisboa é um poético espetáculo de rua em bicicleta, no qual onze atores-músicos vestidos de preto se deslocam circulando através da cidade, caindo, dançando e pedalando em direção ao céu nesta homenagem a Fernando Pessoa. No espetáculo, o poeta move-se pelas ruas e pelas praças numa busca da sua cidade. Com ele, estão os seus heterónimos: guiam-no, enganam-no, cantam e dançam para ele, e, com a leveza, velocidade e fascínio das suas bicicletas, transformam cada cidade que visitam numa Lisboa imaginária. As onze figuras entram em lojas, aparecem em varandas, exploram os jardins da cidade, descem escadas de igreja e percorrem praças e ruas ecoando canções portuguesas melancólicas ou músicas dançáveis. Depois de uma tournée que percorreu várias cidades da Dinamarca, Itália, Brasil e Japão, o espetáculo chega finalmente à cidade que o inspirou. Anna Stigsgaard é licenciada em litera- tura comparada e árabe pela Universidade de Copenhaga. Entre 2003 e 2005 estudou encenação com Eugenio Barba no Odin Teatret, na Dinamarca, e com Kasper Holten, na Royal Danish Opera. Desde 2005 tem trabalhado como encenadora em países como Portugal, Itália e Brasil. Em Portugal encenou Meu coração viagem (2009) e A feliz idade (2010), espetáculos apresentados no Imaginarius, Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira. DANÇA NO LARGO 6. 7. julho CARMEN Ballet inspirado na obra de Prosper Mérimée Companhia Antonio Gadés Argumento, coreografia e luz Antonio Gadés e Carlos Saura Música Gadés, Solera, Freire © Javier del Real F E STI VA L AO LARGO 2012 A versão para teatro de Carmen nasceu praticamente ao mesmo tempo do que a rodagem do filme de Carlos Saura. O êxito do filme, que surpreendeu inclusivamente os próprios criadores do milagre, inspirou certamente Antonio Gadés para criar a versão para teatro, obra-prima da dança espanhola que acrescentou ao seu repertório, de que já se destacavam duas obras de enorme peso artístico, Bodas de Sangue e a Suite de Flamenco. A estreia parisiense em 1983 obteve um enorme êxito de crítica e de público que colocou definitivamente Antonio Gadés na esfera dos bailarinos e coreógrafos mais importantes do mundo. Os motivos que levaram Antonio Gadés a realizar este trabalho de criação encontram-se resumidos numa série de ideias que expôs em várias conferências de imprensa. Na sua opinião, Carmen não é uma mulher frívola nem uma devoradora de homens, mas sim uma mulher que quando ama diz que ama e quando não ama diz que não ama. Ou seja: é uma mulher livre. Não creio que seja, uma mulher «comehomens». Carmen tem um conceito de classe, não fazia dos seus sentimentos propriedade privada. Quando amava, dizia-o, e quando deixava de amar dizia-o também. Para além do mais, tinha um tal conceito de liberdade que preferiu morrer a perdê-la. Sempre a trataram de maneira frívola, e a apresentaram como uma devoradora de homens. Mas Carmen tem algo de essencial que é muito diferente de tudo isso: o seu conceito de classe e nobreza. Quanto ao êxito obtido por todo o mundo com a versão para teatro, Gadés referia-se à crítica em França, que dizia que a Carmen levou-a Merimée a França, mas nós conseguimos devolvê-la a Espanha. Carmen foi quase sempre tratada de uma maneira bastante superficial e frívola e a Carmen é muito mais profunda do que isso. O genial dançarino não hesitava em afirmar que Carmen foi incompreendida à data de publicação da obra, em 1837, essa mulher escandalizou os puritanos e os que não viam que ela representava a verdadeira emancipação da mulher. Don José é um fugitivo, um burguês que sai do seu ambiente social e que não lhe será fiel. Vive com um conceito fincado do amor enquanto propriedade privada. Fiz a Carmen porque não me agradava essa imagem estereo-tipada que tem, sendo ela uma mulher que quando se ama se entrega sem reservas, que não abandona o seu meio mesmo que chegue a frequentar as mais altas esferas. DANÇA NO LARGO 19. 20. 21. julho LA VALSE [curta-metragem] realização João Botelho coreografia Paulo Ribeiro música Maurice Ravel com os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado Coprodução AR DE FILMES Estreia absoluta Lisboa, Teatro Camões, 24 de maio de 2012 F E STI VA L AO LARGO 2012 LA VALSE Quando em 1920 Maurice Ravel, respondendo a uma encomenda de Diaghilev para os seus ballets russos, compôs o seu precioso “poema coreográfico”, numa narrativa de apenas 13 minutos, desenhou o nascimento, a decadência e a destruição de um grande género musical: a valsa. Radical, incompreendida, maldita e genial. Esta pequena obra-prima iria provocar o corte de relações definitivo com Diaghilev (chegaram a desafiar-se para um duelo) e só foi dançado em palco mais de duas décadas após a sua criação. Quando a Luísa Taveira me convidou para realizar um filme sobre La Valsa fiquei inquieto e alvoroçado. Claro que gosto de dançar, claro que gosto de cinema, mas filmar bailado é uma perigosa aventura. Mas os tempos são de risco e os aliciantes eram muitos: a música vinda da orquestra dirigida pelo maestro Pedro Freitas Branco, “o melhor diretor para as minhas obras” dizia Ravel, a coreografia de Paulo Ribeiro, os magníficos bailarinos da CNB à minha disposição e liberdade total. Viva então esta encomenda. Atrevi-me a um prólogo didático de sete minutos para colar a essa dança que redime os pecados, cura os males e leva os espíritos para lá da previsível e trágica condição humana. Então dancemos, dancemos, no ar, no fogo, na água e na terra, no meio da destruição e do caos que a Europa de hoje é quase tão angustiante como a Europa de há cem anos. Ah, meu Deus, como os meus bailarinos dançam bem! João Botelho, maio de 2012 Adoro valsas, mesmo em silêncio, adoro o gingar e a fúria ternária. É uma obsessão é um vento que acaricia ou devasta. É uma musicalidade de todas as possibilidades. A Luísa convidou-me o João orientou-me e num tempo Express surgiram estas imagens que ficarão para sempre, infelizmente, muito para lá da muito bela recordação que guardarei deste projecto. O Diaghilev estava enganado. La Valse pode ser um ballet!!!! Ou muito mais. Paulo Ribeiro DANÇA NO LARGO DU DON DE SOI Obra inspirada no universo cinematográfico de Andrei Tarkovski coreografia Paulo Ribeiro música Franghiz Ali-Zadeh direção de imagem Fabio Iaquone e Luca Attilii figurinos José António Tenente desenho de luz Nuno Meira Companhia Nacional de Bailado Lisboa, Teatro Camões, Companhia Nacional de Bailado, 27 de outubro de 2011 F E STI VA L AO LARGO 2012 DU DON DE SOI Penso que a forma mais interessante de encarar esta obra sobre Tarkovski é a de ser fiel à sua dimensão poética, mais do que debruçar-me sobre um filme ou outro. Mais do que utilizar citações de imagens ou ainda de universos decalcados. O caminho deverá ser assumido no sentido de uma coreografia com grande dimensão, humana, espiritual e orgânica. Assim como um movimento que se vai criando cheio de suavidade e verdade, algo que nos move, que nos transporta e que visto do exterior só poderia ser daquela forma. Uma coreografia da verdade, que acontecendo... só poderia ser assim! «Um dom de si maior», porque implica a entrega de um grande grupo de personalidades que, à boa maneira de Tarkovski, terão de abdicar do acessório para mergulhar num movimento interior e orgânico, cuja finalidade é coletiva no sentido de criar poesia. No sentido de assumir o tempo da poética do corpo. No sentido ainda da assunção de todos os tempos... Dinâmicas essenciais para dar matéria espiritual ao movimento. Paulo Ribeiro, setembro de 2011 CALENDÁRIO junho 29. 30. ..... Peer Gynt Edvard Grieg julho 1. ..... Vivaldianas 2. ..... Barokksolistene Oslo 3. 4. ..... Programa Chostakovitch 5. ..... António Rosado. Daniel Auner. Orquestra Sinfónica Portuguesa. 6. 7. ..... Carmen Companhia Antonio Gadés 9. ..... LISBOA espetáculo poético de rua 10. ..... Junii Sibiului Cantares e dançares da Roménia 11. ..... Alexandru Tomescu. Ernst Schelle. Filarmonia das Beiras. 12. ..... Pedro Carneiro. Orquestra de Câmara Portuguesa 13. 14. ..... Goyescas Enrique Granados 15. ..... As Damas do São Carlos 19. 20. 21. ..... La Valse / Du Don de Soi Companhia Nacional de Bailado 24. ..... Pedro Jóia. Vasco Pearce de Azevedo. Sinfonietta de Lisboa. 26. ..... Danças e Música de Sumatra 27. 28. ..... Turandot Ferruccio Busoni 29. ..... Orquestra Chinesa de Macau F E STI VA L AO LARGO 2012 Parceiros Principais Mecenas Parceiros Apoios Media patners