Resumo Expandido - EFICIÊNCIA DE ARMADILHAS DE
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Resumo Expandido - EFICIÊNCIA DE ARMADILHAS DE
EFICIÊNCIA DE ARMADILHAS DE QUEDA (PITFALL TRAPS) EM AMOSTRAGENS DE BESOUROS SCARABAEIDAE UTILIZANDO DIFERENTES ISCAS ATRATIVAS Lucas do Nascimento Miranda Fagundes1, Ana Karoline Silva1, Marcus Alvarenga Soares1,2, Geisla Teles Vieira1, Patrícia Nunes Sartóri1, Renata dos Santos Mendes1 1. Departamento de Recursos Naturais, Ciências e Tecnologias Ambientais, Universidade do Estado de Minas Gerais 2. Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa RESUMO Algumas famílias de Coleoptera possuem atributos desejáveis para serem incluídas como bioindicadores, pois são grupos que possuem parte das espécies com alta fidelidade ecológica, sendo diversificados taxonômica e ecologicamente, facilmente coletáveis em grandes quantidades e funcionalmente importantes nos ecossistemas. O objetivo do trabalho foi comparar a eficiência da captura de besouros Scarabaeidae, utilizando armadilhas com dois tipos de iscas atrativas e uma testemunha. Os tratamentos foram iscas de esterco bovino (T1), iscas com sardinha apodrecida (T2) e Pitffal sem isca (T3). Armadilhas do tipo Pitfall foram eficientes para captura de besouros da família Scarabaeidae e todas as armadilhas testadas apresentaram a mesma eficiência. Palavras-chave: Coleopteros; bioindicadores; testemunho. INTRODUÇÃO A ordem Coleoptera, maior ordem dos insetos, contém cerca de 40% das espécies conhecidas da classe e compreende os insetos conhecidos vulgarmente como besouros (LARA, 1992) que se distinguem facilmente pela presença dos élitros. Mais de 300.000 espécies de besouros já foram descritas. Estes insetos variam em tamanho desde frações de milímetros até espécies grandes, com mais de 200 milímetros de comprimento. Algumas famílias de Coleoptera possuem atributos desejáveis para serem incluídas como bioindicadores, pois são grupos que possuem parte das espécies com alta fidelidade ecológica, sendo diversificados taxonômica e ecologicamente, facilmente coletáveis em grandes quantidades e funcionalmente importantes nos ecossistemas. O manuseio e a coleta de insetos podem revelar informações, por meio da observação direta, que muitas vezes ainda não foram registradas. Todas as técnicas de coletas tendem a ser, em maior ou menor amplitude, seletivas (RAFAEL, 2002). Para sanar essa dificuldade, deve-se, então, utilizar diferentes tipos de iscas para a descoberta da ou das mais eficientes. Para localizar o recurso alimentar, esses besouros se conduzem, principalmente, pelo rastro de odor, esperando sobre a vegetação ou voando entre ela (GILL, 1991; HANSKI; KRIKKEN, 1991). Em relação ao horário de atividade, a maioria dos coleópteros se divide em dois grandes grupos, os diurnos e os noturnos, embora haja espécies com maior atividade de voo nos horários crepusculares (HALFFTER; MATTHEWS, 1966; HALFFTER; EDMONDS, 1982; HERNÁNDEZ, 2002). O objetivo do trabalho foi comparar a eficiência da captura de besouros Scarabaeidae, testando dois tipos de iscas em armadilhas de queda do tipo pitfall traps. METODOLOGIA O estudo foi realizado no período de abril a julho de 2010, em uma área de reserva natural de Mata Atlântica, do tipo Floresta Estacional Semi Decidual, no Município de João Monlevade, em Minas Gerais. O município está localizado na região leste do estado, nas coordenadas 19° 48’ 36” S e 43° 10' 26" W, possuindo um clima classificado como tropical de altitude devido à sua localização à 900 metros de altitude, segundo classificação climática de Köppen-Geiger (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2009). Foram utilizadas armadilhas de solos do tipo Pitfall, constituídas de um recipiente plástico tipo garrafa “pet” de aproximadamente 8 cm de comprimento por 9 cm de diâmetro, partidas ao meio, contendo: uma solução de álcool 70% (200 ml), para a conservação do material; formol 2% (2ml), para manutenção das características dos insetos; detergente neutro (2ml), para a aderência do inseto à solução, evitando sua fuga; e água (2 litros). Próximo da abertura da armadilha foi transpassado um fio de arame, contendo um recipiente com iscas, de maneira que estas ficassem suspensas e com livre movimentação no centro do frasco (Figura 1). Figura 1: Armadilha Pitfall para a captura de Coleopteros utilizada nessa pesquisa Fonte: Petroni (2008) Trinta unidades da armadilha foram utilizadas, de forma aleatória, dentro de uma trilha existente no interior da área de reserva, sendo 10 armadilhas com cada tipo de isca: esterco bovino (T1), sardinha apodrecida (T2) e uma última sem isca como testemunha (T3). As amostras coletadas foram levadas para o Laboratório de Zoologia da Faculdade de Engenharia (FaEnge) da Universidade do Estado de Minas Garais, campus João Monlevade, para triagem e identificação. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado e o número de indivíduos coletados foi analisado pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, com o programa do Sistema para Análises Estatísticas (SAEG). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram coletados 474 exemplares de coleópteros, sendo 469 pertencentes à família Scarabaeidae (Figura 2). Destes, 205 insetos foram capturados com iscas de esterco bovino, 258 com sardinha e 11 capturados na armadilha testemunha. As médias de número de Scarabaeidae coletados por tratamento foram obtidas (Figura 3), mas não foram encontradas diferenças estatísticas entre os tratamentos. Figura 2: Scarabaeidae coletado na reserva de Mata Atlântica, João Monlevade-MG, em 2010 Fonte: Marcus Alvarenga Soares 160 a 140 Indivíduos por armadilha a 120 100 80 60 40 20 a 0 T1 T2 T3 Figura 3: Número de espécimes de Scarabaeidae capturadas por armadilha. Armadilha com esterco bovino (T1), armadilha com sardinha (T2) e testemunha (T3). João Monlevade-MG, em 2010 A armadilha Pitfall é eficiente na captura de besouros, com um custo baixo para fabricação e utilização. Outro trabalho realizado com o mesmo tipo de captura, apresentado por Cechim e Martins (2000), também buscou a eficiência de queda da armadilha, mas o objetivo da coleta era a amostragem de anfíbios e répteis, alcançando grande êxito nas capturas. O fato negativo foi o alto custo para a confecção das armadilhas já que suas dimensões tinham que ser bem maiores. A grande captura de coleópteros da família Scarabeidae, provavelmente, ocorreu porque foram atraídos pela isca, o que indica hábito necrófago, podendo assim estar contribuindo no processo de decomposição da matéria orgânica, na fertilização do solo e no controle de larvas de moscas, os quais constituem importantes processos para o equilíbrio do ecossistema. Convém mencionar que houve similaridade de resultado em um estudo ocorrido no Paraná, realizado por Medri e Lopes (2001), diferenciando-se apenas o tipo de isca utilizado. As armadilhas Pitfall são usadas na captura de diversas espécies de animais, principalmente nos de períodos de vida, predominantemente, terrestres, já que a armadilha é introduzida no solo. As espécies de coleópteros e o número de indivíduos capturados variam em algumas épocas do ano, principalmente nos meses frios, em que a captura diminui (MEDRI E LOPES, 2001). Em outro trabalho realizado com armadilhas Pitfall, com o objetivo de captura de anuros, Morira e Barreto (1996) relataram que elas não capturaram sapos durante os meses mais frios e secos do ano. CONCLUSÕES As armadilhas Pitfall são eficientes para captura de besouros da família Scarabaeidae. Além disso, todas as armadilhas testadas apresentaram a mesma eficiência. REFERÊNCIAS CECHIM, S. Z.; MARTINS, M. Eficiência de armadilhas de queda (pitfall traps) em amostragens de anfíbios e répteis no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, v. 17, n. 3, p. 729-740, set. 2000. 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Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, v. 13, n. 2, p. 313-320, 1996. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbzool/v13n2/v13n2a02.pdf >. Acesso em: 19 jun. 2010. PETRONI, M. D. Diversidade da familia de coleoptera em diferentes fragmentos florestais no municipio de Londrina, PR – Brasil. 2008. 61 p. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas)-Universidade Estadual de Londrina, Paraná, 2008. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/B iologia/Dissertacao/coleoptera.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2010. RAFAEL, J. A. 2002. A amostragem. Protocolo e técnicas de captura de Diptera. V. PROTOCOLOS DE MUESTREO DEL PROYECTO PRIBES. 302p.
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