quando a igreja acolhe os deficientes

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quando a igreja acolhe os deficientes
Ano 2- nº 12 - Dez 2015 /Jan 2016 - www.revistaolharcristao.com.br
Olhar
Cristão
pernambuco
VIRADA
Sérgio Queiroz
trata de dois
princípios para a
mudança na vida
QUANDO A IGREJA
ACOLHE OS DEFICIENTES
R$ 8,00
OlharCristão • Dez 2015 / Jan 2016
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OlharCristão • Dez 2015 / Jan 2016
cartadoeditor
nestaedição
Um campo missionário ao nosso lado
Evento da PAES
No último senso elaborado pelo IBGE foi revelado que 23,9% da população brasileira possuía algum tipo de deficiência. No convívio da minha comunidade de fé, passei a perceber
como algumas pessoas com limitações mentais ou motoras se relacionavam e se desenvolviam naturalmente no meio da igreja. Mesmo sem ter praticamente nenhum trabalho específico para atendê-los, lá estavam eles nas nossas viagens missionários, no grupo de louvor,
nas salas da escola bíblica e em diversas outras atividades.
Apesar de não sermos preparados como um "ambiente inclusivo", essas pessoas chegaram
até nós porque sentem sede de relacionamentos e de desenvolver uma vida de adoração a
Deus. Pelo carinho da igreja, estão integrados como qualquer outro membro. A inclusão é
um desafio que a sociedade tem se esforçado para atingir - e tem avançado nisso - e que as
igrejas precisam despertar.
Abordamos na matéria de Capa como as igrejas têm engatinhado rumo a ser um ambiente inclusivo para surdos e cegos, além dos deficientes motores e mentais. A capacitação de
pessoal com a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) é talvez o passo que tem alcançado
maior projeção nas comunidades cristãs, mesmo que ainda sejam poucas. Algumas denominações e organizações, inclusive, já dispõem de missionários ou pastores que se dedicam
exclusivamente a esse público, que é um grande campo missionário que está ao nosso lado.
A maior parte deles vivem nas regiões urbanas, mas muitos ainda carecem de acolhimento,
que não acontecerá se eles não conseguem ao menos entender as celebrações ou mesmo
acessar os templos.
Esta edição da Olhar Cristão traz uma breve cobertura sobre a Semana da Virada,
que foi promovida pela Paróquia Anglicana do Espírito Santo, com um destaque para a
ministração do pastor Sérgio Queiroz.
Na nossa seção cultural, o destaque fica para a crítica do filme Quarto de Guerra, assinada pelo jornalista Wanderley Andrade. O destaque da película da Canzión Films nas
salas de exibição do País não é por acaso. Quarto de Guerra é uma das boas novidades
da produção cinematográfica cristã em 2015.
Boa leitura!
propõe uma virada
para a vida e para a
cidade
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15
Quarto de
Guerra chega
forte nas
telonas
Visão Mundial
lança campanha
pelas crianças do
Sertão
18
Rafael Dantas
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Revista Olhar Cristão
Edição: 12
Dezembro 2015/Janeiro 2016
Capa: Caroline Rocha
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CAPA
Um olhar para
pessoas especiais
MAIS IGREJAS COMEÇAM A SE PREPARAR PARA ACOLHER PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS FÍSICAS E MENTAIS.
CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS É O GRANDE DESAFIO PARA EVANGELIZAR SURDOS E CEGOS
RAFAEL DANTAS
U
m a cada cinco brasileiros tem
algum tipo de deficiência. São
mais de 45 milhões de pessoas
com alguma restrição motora,
auditiva, visual ou mental. Com os recentes casos de nascimento de bebês com
microencefalia, os olhos da população se
voltaram para as necessidades e dramas
desse público, que por vezes é chamado
de especial, mas em geral está excluído
do convívio social. Por muito tempo, inclusive das igrejas. Porém, nos últimos
anos, diversas congregações passaram a
investir esforços para acolher e dar dignidade para essas pessoas. Os primeiros
passos para chegar naqueles que têm
mais dificuldades de se achegar aos templos e celebrações religiosas.
Ketyanne Barros, 30 anos, é teóloga,
cantora, membro da Igreja Episcopal
Carismática de Paulista, e desde bebê é
cega, como resultado de um câncer que
atingiu a retina dos dois olhos. Porém,
desde os nove anos frequenta cultos
e por sua experiência pessoal sabe de
perto as falhas que a igreja possui para
abraçar pessoas com deficiência visual e
com outras limitações físicas ou mentais.
“Hoje existe um olhar mais amplo em re4
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lação a isso. As igrejas têm acolhimento,
não são lugares discriminatórios. Mas na
maioria das vezes não sabem como receber alguém com deficiência”, comenta.
Ela conta que conhece alguns
cegos e surdos que após frequentar os cultos deixaram de congregar
devido a dificuldade de compreender as
celebrações. “Uma dessas pessoas não
entendia nada do que se passava na
igreja. Passou a ir a outro segmento religioso que dispunha de um ambiente mais acessível, inclusive com
literatura em braile”, comenta. “É um segmento que
se equipara a um
povo não alcançado pelo Cristianismo”, avalia.
No livro Deficiente:
O Desafio da Inclusão na
Igreja (Editora Hagnos),
Brenda Dark avalia que
a falta de informação da
igreja acerca desse público é um dos motivos
que levam os cristãos a
esse distanciamento.
“Os cristãos são a luz e
{
"E naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e as trevas os olhos dos cegos as verão"
ISAÍAS 29.18
o sal do mundo. Isto significa que nosso
exemplo deve ser excelente. Há irmãos
trabalhando duro para melhorar a vida
de pessoas com deficiência. Eles zelam
pelo seu bem-estar, ensinam como incluí-los na sociedade e como valorizá-los.
No entanto, na verdade, estes ainda são
minoria. Infelizmente encontramos nas
igrejas muita confusão e pouca informação sobre o assunto e, como resultado, a
indiferença. É preciso ouvir as vozes daqueles que têm algum tipo de deficiência para que possamos entender sua vida
e o clamor de seu coração”.
SURDOS
Um desses públicos que passou a ter
mais atenção das igrejas nos últimos
anos é o dos surdos. Apesar do número
escasso de igrejas que dispõe de pessoas capacitadas com a língua brasileira
de sinais (Libras), hoje já é mais comum
vê-las nos cultos. Em geral, essas igrejas
pioneiras são a fonte para treinamento
dos interessados em se preparar para
evangelizar e discipular esse público.
A Convenção Batista de Pernambuco, através da Área de Missões Estaduais
(AME), está realizando um levantamento
sobre como andam os ministérios com
surdos no Estado. Quem está fazendo essa
pesquisa é a missionária Wellenice Lima,
Ketyanne defende
igreja mais inclusiva
que é bacharel em Libras pela Universidade Federal de Santa Catarina e atua especificamente com deficientes auditivos. “A
princípio estamos identificando as igrejas
que já atuam nesse segmento e aquelas
que têm interesse de começar a trabalhar
nessa área. Temos ainda bem poucas igrejas, mesmo na Região Metropolitana do
Recife. A partir dessas informações, pre-
Templos precisam ter
mais acessibilidade
tendemos traçar estratégias em nível de
convenção para alcançar para a maioria
das igrejas”, afirma. “Pretendemos ajudar
as pessoas a observarem a importância
de fazer que os surdos tenham acesso a
Palavra de Deus.”
Uma das barreiras que a missionária observa para que haja uma expansão
maior da atuação das igrejas junto aos surdos é a falta de treinamento. Atualmente,
o acesso mais fácil é aprender a linguagem
do sinais através das instituições governamentais ou ONGs, visto que são praticamente inexistentes os cursos em seminários ou mesmo organizações missionárias.
A falta de um material sistematizado sobre
evangelização e ensino cristão para esse
público é outro desafio a ser superado.
“Tudo ainda é bastante incipiente. Não tem
material especifico para usamos em libras.
Aqui no Recife, no entanto, temos uma
pessoa que está desenhando uma apostila
com sinais em libras".
TECNOLOGIA
Se as dificuldades com a falta de recursos
humanos para atender a população deficiente são um fator negativo, o avanço das
tecnologias inclusivas – muitas com baixo
custo - é uma novidade que pode ser explorada pelas igrejas com maior intenOlharCristão • Dez 2015 / Jan 2016
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{
"Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador,
o qual deseja que todos os homens sejam salvos."
1 TIMÓTEO 2.3,4
sidade. Ketyanne lembra que alternativas
como disponibilizar o boletim de forma digital, por exemplo, auxilia os cegos a terem
acesso às informações da igreja através de
softwares que fazem a leitura.
Ela lembra que hoje muitos elementos da celebração dificultam a integração
dos deficientes visuais, como as apresentações coreográficas ou a exibição de
vídeos. “Numa apresentação de coreografia ou de teatro seria fundamental a
presença de um audiodescritor. Isso já é
comum na sociedade e seria importante
que a igreja acompanhasse essas tendências. Essas pessoas pretendem estar
em ambientes inclusivos”, afirma.
Sobre o acesso a literaturas, uma
inovação tecnológica grande aliada da
proclamação do evangelho são os audiobooks ou mesmo e-books, que já contam
com leitores de tela. Ketyanne lembra
que ao fazer sua graduação em Teologia,
no Seminário Teológico Pentecostal do
Nordeste, com o acesso a pouquíssimos
materiais em braile, ela escaneou muitos
livros para se aprofundar nos conhecimentos teológicos e realizar as provas do
É PRECISO OUVIR AS
VOZES DAQUELES
QUE TÊM ALGUM
TIPO DE DEFICIÊNCIA
PARA QUE POSSAMOS
ENTENDER SUA VIDA
E O CLAMOR DE SEU
CORAÇÃO.
curso. “Nem sempre precisamos do ideal
para que o real seja feito. As vezes temos
o real na mão. Mas quando a gente quer
fazer, consegue”, afirma.
Da mesma forma que para o acolhimento dos surdos, a recepção dos deficientes
visuais tem como principal barreira a capacitação de recursos humanos. Conhecimen-
tos nas áreas de orientação em mobilidade,
tecnologia assistida e audiodiscrição seriam
bons aliados para alcançar esse público.
INFRAESTRUTURA
Outra preocupação que as igrejas já devem ter é quanto a acessibilidade para
receber pessoas com deficiência motora.
Além da motivação evangelística, existem marcos legais, a exemplo da Lei da
Acessibilidade (Lei nº 10.098), que orientam a arquitetura de espaços públicos,
como os templos religiosos. "Algumas
igrejas têm usado como desculpa de que
não existe cadeirante para fazer um investimento tão específico. E não se pode
pensar somente no cadeirante, pense na
gestante, no idoso ou em alguém com
problemas de articulação que tem dificuldade de locomoção diante de uma
escada. O fato dessas pessoas não conseguirem subir uma escada pode significar
uma desmotivação para ir à igreja, se no
local não existir outra forma de acessso.
A acessibilidade deve fazer parte do cotidiano das igrejas", aponta o arquiteto
Shileon Ferreira Martins Junior.
Wellenice é missionária com surdos
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*Thiago Oliveira é teólogo, especialista em ciência política e membro
da Igreja Evangélica Livre
artigo
Idolatria política – Um perigo iminente
THIAGO OLIVEIRA*
D
esde as eleições presidenciais
de 2014, observamos que o debate político ficou muito mais
acirrado. Por conta das redes
sociais, muitos se aventuram em falar sobre política e expressam suas preferências
partidárias e/ou ideológicas. Os cristãos
evangélicos - uma fatia importante da sociedade - não ficam atrás. Se em décadas
passadas evangélico e política eram duas
coisas que não se misturavam de jeito nenhum, hoje, existe até uma bancada de
políticos que representa a massa evangélica no Congresso Nacional. Pois é, os tempos estão mudados.
Obviamente que o envolvimento
político não é algo ruim em si. A política
tudo permeia e é por isso que devemos
estar atentos a ela. Os cristãos não são
alienígenas. Os cristãos são cidadãos que
pagam seus impostos e estão inseridos no
convívio social, sendo concomitantemente produtores e consumidores no sentido
econômico e também cultural. Mas há um
detalhe: Estamos no mundo, porém, não
pertencemos a ele. A Escritura nos diz que
a nossa verdadeira cidadania é no Reino
dos Céus, e quem a conquistou para nós
foi Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.
Por conta disto, devemos ter um comportamento diferenciado daqueles que são
do mundo. É justamente por não observarmos direito esse ponto que estamos
pecando em nosso envolvimento político.
A política mundana tomou para si
ideologias que fazem de algum elemento
da criação aquilo que salvará a humanidade. Vejamos os exemplos: Para o liberalismo, a salvação se dá pela liberdade. O
socialismo vai eleger o Estado como seu
“messias” e o nacionalismo coloca o povo
como salvador de si mesmo. O messianismo político é pecado pelo simples fato de
tentar salvar a humanidade deixando de
lado o único e suficiente salvador, que é
Cristo. Quando um dos elementos supracitados toma o lugar que pertence a Cristo, a política se tornou idólatra. Idolatria
é uma abominação e muitos evangélicos não se dão conta que em alguns casos eles idolatram determinado político,
partido ou ideologia. Se a esperança do
cristão for depositada em qualquer outra
coisa que não seja Cristo e a consumação
de sua obra na segunda vinda, então ele infelizmente - já foi envenenado pelo materialismo, que é ambidestro. Acreditando
que algum elemento da criação seja capaz de tornar este mundo um lugar ideal,
sem mazelas e sem injustiças, ele tira a
prerrogativa de Jesus, pois, somente ele
enxugará de nossos olhos toda a lágrima.
Logo, essa esperança vã deve ser chamada pelo nome que lhe é devido: idolatria.
Em tempo de crise, muitos pendem
para um lado e para outro na esperança
de ver o Brasil sair do atoleiro de corrupção e má gestão em que se encontra. Não
é ilícito desejar por mudança. Não é errado querer mudar. Mas acontece que os
crentes estão mais preocupados em eleger “salvadores da pátria” do que dobrar
os seus joelhos e interceder ao Senhor
dos senhores para que a nossa nação seja
curada. Parece também que esqueceram
que são o sal da terra e a luz do mundo,
pois, vivem em guetos eclesiásticos, nutrem uma subcultura e não promovem
os valores do Reino. O Evangelho é para
ser vivido, aplicado em qualquer área da
vida, a política também está inclusa nisso.
As ideologias de esquerda e direita são –
ambas – mundanas. O que é espiritual é o
Evangelho. Devemos discernir e confrontar todo e qualquer pensamento ideológico através das lentes da Escritura. A nossa
cosmovisão, isto é, nossa maneira de ver o
mundo, não deve abandonar a confessionalidade. Precisamos olhar para a política
sabendo que Cristo é Senhor e que ele
tem domínio sobre César, e não o oposto.
Tome muito cuidado, antes de sair
por aí dizendo que político ou partido X
te representa. Procure assegurar-se de
que está usando os óculos certos, os que
trazem consigo as lentes da Escritura. Se
envolva no debate político, escolha um
partido. Só não se esqueça de dar a César
o que é de César e a Deus o que é de Deus.
Confundir as bolas pode te deixar em
maus lençóis com o Soberano.
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cobertura
Uma virada para a vida e para a cidade
A
Paróquia Anglicana do Espírito
Santo promoveu entre os dias
28 de novembro e 5 de dezembro o evento Semana da Virada.
Dias de reflexão e desafio para todos os
cristãos, com palestras dos pastores Paulo
Mazoni (da Igreja Batista Central de Belo
Horizonte), Sérgio Queiroz (idealizador
do Projeto Cidade Viva, de João Pessoa),
Carlito Paes (da Igreja da Cidade, em São
José dos Campos), Márcio Meira (da Paróquia Anglicana Comunhão, na Paraíba),
Jeremias Pereira (da 8ª Igreja Presbiteriana
de Belo Horizonte), além do bispo Miguel
Uchoa. O templo ficou cheio durante todos os dias da Semana da Virada.
“A virada que Deus espera de mim” foi
o tema do pastor Sérgio Queiroz. “A verdade é a semente do Espírito Santo para
que a virada aconteça”, começou o pastor,
pontuando o princípio da realidade fac-
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tual como o primeiro passo para a mudança de vida. Abaixo fazemos uma memória dessa mensagem. Todos os vídeos
do evento, com as palestras na íntegra,
estão disponíveis no site da igreja:www.
somospaes.com.br/semanadavirada
RESTAURAÇÃO
Autor de Gloriosas Ruínas – O caminho
bíblico para restauração, publicado pela
editora Mundo Cristão, o procurador da
Fazenda Nacional e presidente da Cidade
Viva, Sérgio Queiroz trouxe para a Semana
da Virada uma mensagem abordando dois
princípios apresentados por ele no livro.
Duas necessidades básicas para se iniciar
uma virada em qualquer área da vida ou da
sociedade: reconhecimento da realidade e
a sensibilização diante dela.
“Sem realidade não há transformação, sem fatos reais e verdadeiros qual-
quer virada não passará de uma vã utopia. É maquiar cadáver”, ressalta. Queiroz
defende que um diagnóstico preciso é o
primeiro princípio para a mudança.
Essa reflexão foi feita ao percorrer a
história do profeta Neemias, registrada
no Antigo Testamento. O conhecimento
sobre a realidade do seu povo, após anos
de cativeiro na Babilônia está descrita
nos primeiros versículos do seu livro,
quando ele pergunta “pelos judeus que
escaparam, e que restaram do cativeiro,
e acerca de Jerusalém”. Diante do relato
de miséria e desprezo das condições de
vida do seu povo e da destruição da cidade é que ele se sensibiliza para iniciar
uma mudança na história de Israel.
O relato bíblico aponta o incômodo
no coração do profeta Neemias ao ouvir
a situação do seu povo: “E sucedeu que,
ouvindo eu estas palavras, assentei-me e
chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos
céus. (Neemias 1.4)” Em sua mensagem,
Sérgio Queiroz afirma que hoje temos
muito conhecimento sobre o nosso tempo, mas, diferente do profeta, estamos
perdendo a capacidade de se sensibilizar: “Quanto tempo vai precisar para que
você se inquiete com os fatos e faça alguma coisa? Sem inquietação não há mudança. Você não muda aquilo que antes
não te inquiete profundamente”, disse.
Queiroz contou como esses princípios
impactaram a sua vida e o moveram a fundar o projeto Cidade Viva, há 10 anos. No
início do seu ministério na Primeira Igreja
Batista do Bessamar, na cidade de João
Pessoa, após ouvir um relato emocionado
de uma viúva sobre seu filho dependente químico, o pastor foi despertado para
encarar um dos grandes males do nosso
tempo: as drogas. Desse inquietamento
frente a uma mãe que via seu filho morrendo pelas mãos do tráfico, nasceu o
sonho de construir um Centro de Reabilitação, visto que havia pouquíssimas alternativas de tratamento no Estado.
No entanto, essa caminhada levou o
"Sem realidade não há transformação,
sem fatos reais e verdadeiros qualquer
virada não passará de uma vã utopia",
afirmou o pastor Sérgio Queiroz.
pastor e sua pequena congregação, com
cerca de 100 pessoas na época, a adquirir
uma área de aproximadamente 150 hectares. Era quase um milhão e quinhentos
mil metros quadrados, com um custo fora
da realidade daquele grupo, cerca de R$ 1
milhão, há 10 anos. Mas havia uma certeza
de que o Senhor desejava algo além das
forças, sonhos e capacidades. E dali nascia
não apenas um centro para recuperar pessoas com dependência química, mas uma
cidade com uma série de projetos para
abençoar a sociedade e sinalizar o reino de
Deus. Toda essa história está contada no
site www.cidadeviva.org. Na ministração,
Sérgio Queiroz trouxe a memória ainda o
testemunhos de algumas pessoas que passaram por viradas na vida, mesmo partindo das situações mais desumanas, como a
prostituição e a marginalização carcerária.
Antes mesmo de abordar os princípios
e apresentar o seu testemunho, Sérgio
Queiroz faz um ajuste na pergunta chave
acerca das perspectivas para o próximo
ano. A sua provocação é a seguinte: No lugar de perguntar o que Deus irá preparar
para nós em 2016, porque não nos perguntar o que 2016 pode esperar de cada
um? O que a nossa cidade ou nosso País
podem esperar de nós? Uma proposta de
pensar fora do discurso egocêntrico e hegemônico dos nossos dias. (R.D.)
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palavrasagrada
*Thomas Magnum é professor do Seminário Congregacional do Nordeste
e mestrando em teologia
Graça numa sociedade corrompida
THOMAS MAGNUM FELIX DE ALMEIDA*
A
o declinarmo-nos sobre a literatura do Antigo Testamento
veremos que suas lições são
preciosas para a vida comum e
que não somente a lei foi importante para
a religião judaica, mas, para o desenvolvimento da cultura ocidental que foi muito
influenciada pela cosmovisão judaico-cristã. Ao partirmos do primeiro livro de
Moisés – o Gênesis – notamos a magnífica
construção teológica, literária e histórica
desse livro que encabeça o grande tomo
da revelação de Deus para os homens.
O valor dos ensinos bíblicos para o desenvolvimento da humanidade tanto nos
âmbitos sociais, culturais; no que concerne
ao estabelecimento de leis cívicas, sociais e
políticas, também em outras esferas como
a adoração do povo de Deus e a instituição
da família como célula mater da sociedade nos fornecem um espectro que serve
como compêndio instrutivo para entendermos o que Deus disse em sua revelação
e qual é a sua vontade para a sociedade. Ao
lermos Gênesis 1.26-31 temos então o que
chamamos em teologia de mandatos da
criação, são eles – cultural, social e espiritual. Com base nesses mandatos dados ao
primeiro casal no paraíso e compreendendo a grande linha interpretativa da Bíblia
que podemos dizer que transcorre partindo da criação, depois a queda, redenção e
consumação de todas as coisas.
Ao lermos que o pecado entrou no
mundo e com isso a degeneração moral
e espiritual do primeiro casal como representantes da raça servem como o ponto
inicial para compreendermos o que o livro
procura mostrar: que Deus criou o homem,
que o homem pecou e foi destituído da
glória de Deus, que Deus providenciou a
redenção do homem e que Deus é quem
guia a história com seu plano da promessa
até culminar em Cristo no Novo Testamento, é importante saber que, em Gênesis
3.15 temos o proto-evangelho, a promessa
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da semente da mulher que seria a salvação
prometida por Deus – Cristo Jesus.
Então ao lermos a narrativa bíblica
nos capítulos seguintes, temos a descendência de Adão e Eva em seus filhos
Caim e Sete (Pois Abel foi morto por seu
irmão), vemos que o pecado continuou
a multiplicar-se na semente de Caim. Ao
chegarmos ao sexto capítulo do Gênesis
lemos que [...] viu o Senhor que a maldade
do homem se multiplicara sobre a terra e
que toda a imaginação dos pensamentos
de seu coração era só má continuamente.
E aqui propriamente chegaremos ao ponto de nossa reflexão, lemos neste capítulo
a história de Noé e sua família obedecendo à ordem de Deus em construírem
uma arca porque viria um grande dilúvio.
Evidentemente meu ponto aqui caro leitor não é discutir sobre as possibilidades
cientificas do dilúvio ou se ele foi territo-
rial ou mundial, tomo por linha interpretativa que o dilúvio de fato aconteceu, é
um fato. Com isso partimos para as manifestações da graça divina nesse capítulo
da história humana. Comumente somos
levados a acreditar que a graça de Deus
só foi demonstrada no Novo Testamento,
isso não procede, a graça é demonstrada
ativamente desde a queda do primeiro
casal. Ao chegarmos à história de Noé
lemos que Noé, porém, achou graça aos
olhos do Senhor . Noé achou graça não só
a despeito do pecado, mas também por
causa de sua integridade (v.9) . Bruce K.
Waltke nos diz que
Esta afirmação aparece em forma
de clímax no final do relato dos descendentes de Adão. Noé representa um
novo começo, uma inversão que foi
antecipada em 5.29. Noé acha graça
diante de Deus, não a despeito do seu
pecado, mas em virtude da sua retidão (ver 6.9). O narrador deixa o seu
auditório compreender que a retidão
de Noé não é propriamente sua, mas
um dom da graça de Deus, justamente
como foi o dom da soberana graça que
no coração de Eva foi posta a inimizade contra a serpente. Deus opera em
Noé, como faz em todos os santos, tanto o querer quanto o realizar, segundo
o seu beneplácito (Fp 2.13) .
Notemos que a causa do juízo de
Deus enviando o dilúvio era o pecado dos
homem como vimos descrito no capítulo
6 e versículo 5 de Gênesis, no entanto encontramos em meio a essa manifestação
da ira santa de Deus para com o pecado
e consequentemente com pecadores a
graça sendo manifestada através de Noé.
Por Noé ter achado graça diante de Deus,
agora foi alcançado por esse favor divino
sua família seria preservada do juízo de
Deus sobre a terra. Deus agraciou a família de Noé, não porque eram dignos, mas,
porque a misericórdia divina assim o quis.
Ao lermos com atenção toda a narrativa de Gênesis veremos que há um
contraste entre a queda do homem, sua
degradação moral que desemboca nas
instituições que ele está envolvido, na
sociedade, na família, em seus negócios,
e a graça de Deus que o beneficia, que
John Martin - Diluvio, 1828
o restaura, que o levanta para cumprir a
promessa descrita no início do livro como
vimos acima. Noé era um tipo de Cristo, a
tipologia aqui é clara, como sua família foi
salva por meio dele, os homens são salvos
por meio de Cristo. Cristo é o cabeça da
família, do seu povo que salvou dos seus
pecados (Mt 1.21; Ef 5.25).
Ao lermos Gênesis, o texto nos diz com
clareza a situação do mundo – A terra, porém, estava corrompida diante da face de
Deus; e encheu-se a terra de violência.
E viu Deus a terra, e eis que estava
corrompida; porque toda a carne havia
corrompido o seu caminho sobre a terra
. Temos um caos moral devastador instalado, será que nos lembra algo? Será que
nosso tempo é totalmente distante dessa
realidade de pecado? Será que somos diferentes daqueles que viviam no tempo
de Noé? Nos diz o apóstolo Pedro
Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de
Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual
poucas (isto é, oito) almas se salvaram
pela água; Que também, como uma
verdadeira figura, agora vos salva, o
batismo, não do despojamento da
imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com
Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo.
Michelangelo - The Deluge,
O anúncio da graça ainda é ouvido,
através de Cristo e somente dele o homem
pode sair do caos espiritual, a ressurreição
de Jesus nos proporciona esse batismo
com água, nos dá graça, vida, paz e misericórdia. Em Noé temos a figura, em Cristo
temos a manifestação perfeita e cabal da
graça, Cristo é a pura manifestação da graça, o verbo feito carne, a porta. Cristo é a
arca de Deus. Sua vida nos é comunicada
na cruz e na ressurreição. Por isso a igreja é
a comunidade da cruz, porque na cruz e no
túmulo vazio recebemos redenção e justificação. Graça para uma sociedade corrompida somente em Cristo, a proclamação
continua vindo agora da igreja semelhante
a Noé que pregou a justiça de Deus, proclamamos a salvação e o juízo vindouro sobre
toda carne que se volta contra o altíssimo:
E não perdoou ao mundo antigo,
mas guardou a Noé, a oitava pessoa, o
pregoeiro da justiça, ao trazer o dilúvio
sobre o mundo dos ímpios.
Diante da emergente situação de nosso país, diante da imensa problemática em
vários setores da sociedade, diante da crise
econômica, educacional, na saúde e até na
religião a mensagem ainda é proclamada
aos ouvidos do mundo caído, nos disse o
Senhor no Santo Evangelho de Mateus:
O céu e a terra passarão, mas as
minhas palavras não hão de passar.
Mas daquele dia e hora ninguém
sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai. E, como foi nos dias
de Noé, assim será também a vinda
do Filho do homem.
Porquanto, assim como, nos dias
anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam,
casavam e davam-se em casamento,
até ao dia em que Noé entrou na arca,
E não o perceberam, até que veio o
dilúvio, e os levou a todos, assim será
também a vinda do Filho do homem .
Nos vale a advertência das Escrituras
Sagradas, Cristo é nossa arca, há graça, há
vida, há ressurreição.
OlharCristão • Dez 2015 / Jan 2016 11
*Darrell e Márcia Marinho trabalham com ministério de casais e
são apresentadores da #TvA2
momentoA2
http://www.youtube.com/momentoA2
Amor e Sexo
Como ser Feliz na cama
D
e grande relevância social, a
temática em torno do sexo
ainda não é discutida de forma
adequada numa época de profundas transformações comportamentais. Boa parte da instrução sexual ministrada dentro da igreja, por exemplo,
não se faz de maneira clara, aberta. Fora
do ambiente cristão, existem conceitos
duvidosos a respeito dessa prática tão
natural. A mídia vende uma ideia de um
sexo pervertido, em que para ser feliz na
cama muitas vezes é necessário
ter relação fora do casamento,
pois a monotonia da vida conjugal impede que se tenha uma
vida sexual satisfatória, a não ser
que se lance mão de condutas estranhas entre os parceiros.
Há de se entender que sexo antes do
casamento é fornicação, portanto, totalmente desaconselhado. Fora do casamento é adultério, igualmente
inválido diante de Deus.
Sexo é ordenança divina
#deDeus, é um presente
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OlharCristão • Dez 2015 / Jan 2016
de Deus para sua vida. E ele deve ser vivido
em plenitude, dentro do matrimônio.
A mesma Bíblia que proíbe o sexo antes do casamento (1Cor 7:9) e fora do casamento (Ex 20:14-17) ordena que ele aconteça no casamento ( Gn 1.28, 2:24, 1Co7:5).
A prática do sexo antes e fora do casamento não é propósito de Deus, assim
como a ausência de sexo no matrimônio.
(1Co 7:3-5).
Na Bíblia,  encontramos vários textos
que ressaltam a beleza do sexo na vida
de um homem e de uma mulher.
Como uma flor, a vida sexual do
casal deve ser regada, cuidada e
adubada. Muitos querem fazer da
vida sexual um belo jardim,
mas não querem cuidar dele.
A vida conjugal acontece
principalmente quando o casal
está entre quatro paredes, na sua intimidade familiar. É dentro de casa,
em seu quarto, que mostram
realmente quem são e como
vivem como marido e mulher.
Logo no começo de tudo,
Deus criou o homem e a mulher, e ordenou:  “crescei e multiplicai” (Gênesis
1.28). Deus criou o sexo. Deus fez nossos
corpos, com partes e prazeres "masculinos e femininos". Ele criou nossos corpos
com possibilidade de ter prazer.
Sexo e amor são bem diferentes. Você
pode fazer sexo sem amor, e pode ter
amor sem sexo. Uma prostituta que vende
seu corpo oferece sexo, não amor; casais
que chegam à reta final da vida permanecem tendo amor, porém o sexo não é o
fator mais importante no relacionamento.
A cama é o altar do casal. O leito é um
lugar de amor, de harmonia, momento
para conversas tranquilas, oportunidade
para rir e chorar juntos. Não é lugar para
se discutir problemas da família, trabalho ou amigos. Tratar desses assuntos na
hora em que o casal se deita afasta qualquer possibilidade de sexo entre eles.
Para que o relacionamento sexual
entre os cônjuges fique cada vez
melhor é fundamental que eles
conversem sobre suas preferências, sobre o que gostam de reali-
zar na hora do ato. Muitos casais sofrem
porque não conversam sobre sexo em
casa. Estar atento ao outro faz-se necessário nesse momento, pensar em corresponder às expectativas do cônjuge e não
apenas no seu próprio prazer.
O sexo precisa ser favorável a ambos, não deve ser algo mecânico, nem
programado, deve ter início sempre que
um dos cônjuges manifestar o desejo e
começar a plantar... É importante também que exista um ambiente propício à
intimidade do casal.
O sexo, embora visto sob prismas
diferentes entre homens e mulheres, é
algo que necessita ser praticado com
carinho. Enquanto o homem valoriza
infinitamente o toque físico, a mulher é
conquistada pelo ouvir, pelas emoções.
Como os únicos seres que fazem sexo
olhando um para o outro, podemos nos
entregar totalmente ao ato, oferecendo
o que temos de melhor ao nosso parceiro. Se essa rendição de fato acontecer,
e for verdadeira, haverá muito menos
queixas sobre a falta de cuidado dos homens em relação ao sexo.
As mulheres buscam muito mais do
que o simples ato sexual, elas querem ser
cortejadas, elogiadas, percebidas no dia a
dia, não apenas na hora “H”. A rotina traz
certa acomodação para muitas pessoas,
as quais deixam de se cuidar com o passar dos anos. Dessa forma, para que sejam
notadas, uma dose extra de cuidados cai
bem. De acordo com as preferências de
cada casal, vale apostar num bom perfume, num novo corte de cabelo numa
roupa interessante para dormir. Esse é um
bom investimento na relação, a conquista não pode ser esquecida ainda que tenham 10, 20, 30 anos juntos. Ela desperta
a atração entre os parceiros, e o sexo tem
tudo a ver com isso.
O sexo é tão importante para a manutenção do casamento quanto é a água
para a preservação da vida, tanto que Provérbios  menciona: Beba das águas da sua
cisterna, das águas que brotam do seu
próprio poço. (Provérbios 5:15).
Investindo no seu casamento, entendendo o que cada um pode fazer para
que o outro esteja satisfeito no sexo, e o
colocando em prática com carinho, você
não sentirá necessidade de “beber das
águas de poço alheio.”
Assim, afinados no amor e no sexo, vocês poderão falar para o mundo que são:
Casados para sempre.
COMIGO, NÃO!
REFLETINDO A2
De acordo com pesquisa no jornal
britânico Daily Mail , sete entre dez
entrevistados revelaram que fariam
mais amor se o companheiro fosse
mais romantico e 79% admitiram ficar
mais feliz em dormir bem do que fazer
um esforço para fazer sexo no meio da
noite. Essa falta de interesse tem no seu
casamento?
Como são deliciosas as suas carícias,
minha namorada, minha noiva! O seu
amor é melhor do que o vinho;o seu
perfume é o mais agradável que existe.
Cantares 4:10
Quero isso não.
Comigo, não!
QUE TAL?
Uma noite diferente, programada,
planejada para surpreender seu amor.
Uma música especial, um jantar em
casa mesmo ou em um restaurante
preferido dela(e), recitar uma poesia
de declaração de amor , colocar uma
roupa especial e curtir um #momentoA2 marcante em seu casamento?
O clima de romance será a diferença
para vocês serem felizes na cama. O
amor e sexo combinados são presentes de Deus para o seu casamento.
#FICA A DICA
O casal Darrell e Márcia,
apresentadores da #TvA2,
lançaram o livro #ficaAdica,
uma ferramenta de
transformação em muitos
casamentos. O livro, que
reúne 100 dicas para
aperfeiçoar o relacionamento
dos casais.
OlharCristão • Dez 2015 / Jan 2016 13
olharcultural
Consciência Cristã reúne pensadores evangélicos na PB
U
m dos grandes eventos cristãos
do Nordeste acontece no período do Carnaval, entre os dias 4 e
9 de fevereiro, quando a maioria
das igrejas se recolhe nos acampamentos.
O Encontro Nacional para Consciência
Cristã (VINACC) movimenta a cidade de
Campina Grande (a 190 km do Recife) e
atrai participantes de todo o País. Nomes
de repercussão nacional e internacional no
meio evangélico fazem parte da equipe de
preletores, como Hernandes Dias Lopes,
Russell Shedd, Augustus Nicodemus, Jo-
nas Madureira e Franklin Ferreira. Uma das
novidades da edição 2016 da conferência
será o pastor africano Conrad Mbewe.
Uma das marcas do VINACC é a realização de uma série de eventos paralelos. Neste ano, acontecerão de forma simultânea na
cidade o Fórum Campinense para uma Família Sadia, o 1º Consciência Cristã Jovem, o
Seminário de Ciências Bíblicas da SBB, o Encontro Apologético da Paraíba, entre outros.
A 18ª Consciência Cristã, além das palestras e plenárias, também terá a 4ª Feira
do Livro da Consciência Cristã. Com preços
especiais, a feira terá milhares de títulos de
algumas das principais editoras evangélicas do Brasil: Sociedade Bíblica do Brasil,
CPAD, Fiel, Vida, Hagnos, Vida Nova, Cultura
Cristã, PES, Mundo Cristão, Pão Diário, Esperança, Nustra, AD Santos e Visão Cristã, o
selo editorial oficial do evento.
SERVIÇO:
O 18º Encontro para a Consciência Cristã acontecerá
de 4 a 9 de fevereiro de 2016, no Complexo do Parque
do Povo, em Campina Grande. Confira a programação
completa no site: www.conscienciacrista.org.br
CDS
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OlharCristão • Dez 2015 / Jan 2016
TETELESTAI
HABITO
Já está disponível o novo CD/
DVD do Diante do Trono.
Tetelestai (palavra grega que
significa "Está Consumado) é o
17º álbum do ministério e foi
gravado em Israel.
O Trazendo a Arca lançou
recentemente o CD Habito, pela
Sony Music. O álbum conta com
colaborações de Kleyton Martins,
músico conhecido pela sua parceria
com o ex-vocalista Davi Sacer.
cinecristão
Crítica
Quarto de Guerra (2015)
WANDERLEY ANDRADE - ESPECIAL PARA OLHAR CRISTÃO
M
ilitares debruçados sobre um
mapa, avaliando qual a melhor
estratégia para avançar sobre
as forças inimigas. É assim que
começa Quarto de Guerra (2015), nova produção dos irmãos Alex e Stephen Kendrick,
responsáveis por sucessos como Desafiando Gigantes, À Prova de Fogo e Corajosos.
Mais uma vez a família é o centro da história.
Na trama, Tony (T. C. Satllings) e
Elizabeth (Priscilla Shirer) formam um
casal que passa por um momento de
crise. Tony trabalha como representante
de produtos farmacêuticos e investe a
maior parte do tempo nas atividades da
empresa, deixando a família em segundo
plano. Elizabeth é corretora de imóveis e,
durante uma visita de trabalho, conhece
Clara (Karen Abercrombie), uma doce senhora que lhe ensinará a fazer da oração
uma potente arma na luta contra as forças que tentam destruir seu casamento.
A primeira cena com os militares serve de figura para a batalha espiritual que
será travada por Elizabeth, através da
oração. Orientada por Clara, aprenderá
que insistir nas discussões com o marido
não é o melhor caminho e que ele não é
seu verdadeiro inimigo.
O filme tem personagens interessantes
e complexos. Clara é um deles: uma mulher
otimista, firme em suas convicções, que
oculta um passado de traumas provocados
pela morte do marido. Tony é outro personagem que chama a atenção, considerando
a transformação que sofre na história.
O roteiro, apesar de bem escrito, perde um pouco da força ao apresentar, em
alguns momentos, diálogos sem naturalidade, que parecem mais com mensagens
tiradas de algum livro de inspiração cristã.
A direção do longa é de Alex Kendrick, que também assina o roteiro. Seu
currículo é extenso: pastor, escritor, ator,
diretor e produtor. Em Quarto de Guerra
Kendrick mostra que evoluiu bastante
desde A Virada (2003), seu primeiro trabalho. Em parceria com o irmão Stephen,
vem acumulando grandes bilheterias
com filmes de baixo orçamento. Só nos
Estados Unidos mais de 12 milhões de
pessoas já assistiram a suas produções.
A boa recepção na estreia aponta
Quarto de Guerra como mais um grande
sucesso dos irmãos. No Brasil, após chegar
a 46 salas de cinema, alcançou o 2º lugar
na média de público por salas, na semana
de estreia, perdendo apenas para o filme
Jogos Vorazes: A Esperança Parte 2.
O maior êxito de Quarto de Guerra
não está nas altas cifras conquistadas,
mas na bela mensagem que traz para as
famílias, uma mensagem de fé e vitória
através da oração.
Abordando a relevância da oração para a
vida devocional e para a transformação
do convívio familiar, "Quarto de Guerra"
tem se destacado nos cinemas.
OlharCristão • Dez 2015 / Jan 2016 15
memória
Militares agiram contra o Dom da Paz
A
Comissão da Memória e Verdade em Pernambuco fez revelações sobre uma intervenção do
Governo Militar Brasileiro junto
à organização do Nobel da Paz para evitar
uma premiação ao líder católico Dom Helder Camara. O religioso, que foi um dos
fundadores da Confederação Nacional
dos Bispos do Brasil e arcebispo por muitos anos a Arquidiocese de Olinda e Recife, teria sido difamado pelo Ministério das
Relações Exteriores como represália a sua
atuação em prol dos direitos humanos de
perseguidos políticos no Brasil.
O anúncio da comissão aconteceu
juntamente com a publicação do documento “Cadernos da Memória e Verdade”, com mais de 200 páginas contendo
informações pesquisadas desde 2012
16
OlharCristão • mar/abr/2015
que confirmaram a interferência do Governo Federal do caso. O ex-deputado
estadual Fernando Coelho, coordenador
da Comissão, indica que essa pesquisa
conseguiu revelar um dos capítulos da
atuação da diplomacia brasileira no período ditatorial, um dos que se têm menos informação. “Publicamos dezenas de
documentos oficiais, correspondências,
por exemplo, do ministro das Relações
Exteriores para os embaixadores, do
embaixador para o ministro dando instruções e dando conta das providências
tomadas para impedir que dom Helder
recebesse o Nobel. O conteúdo é objetivo, claro e determinante e traz providências e prestação de contas”, afirma.
Dom Helder foi indicado em três edições da premiação, no início da década
de 70, apontado como um dos nomes
favoritos à época. Nascido em 1909, no
Ceará, Dom Helder Camara esteve a frente
da Arquidiocese de Olinda e Recife entre
os anos de 1964 e 1985. Os atritos com o
Governo Federal teriam início quando ele
passou a pedir a liberdade das pessoas e
da igreja durante o Regime Militar. O estopim de conflito dessa relação com os militares teria sido no ano de 1969, quando o
religioso foi acusado de comunista por ter
criticado a condição miserável dos agricultores nordestinos. O arcebispo faleceu
no Recife, aos 90 anos.
SERVIÇO:
A publicação completa pode ser acessada no site da
Cepe, através do link: http://cepedocumento.com.br/
comissao-verdade.html
pesquisa
Quais os valores morais dos brasileiros?
O
discurso anticorrupção não
é o que mais comove os brasileiros. Isso é o que revela a
pesquisa “Moral e Ética: Quais
os Valores que Norteiam os Brasileiros?”
Coordenado pelo sociólogo Rodrigo
Toni, ex-diretor do instituto Ipsos no Brasil e fundador do Flyfrog, o levantamento
indicou que assuntos com embasamento mais religioso, como aborto e até a
blasfêmia, mexem mais com o sentimento de repulsa dos brasileiros.
Para entender como pensa a população, o estudo criou um ranking com 34
situações consideradas reprováveis pelas
pessoas. A corrupção, tema que tomou o
noticiário nacional nos últimos meses, fortemente ancorado na cobertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff, ficou
apenas na 14ª colocação no Nordeste, por
exemplo. Enquanto isso, o aborto é o tema
que provoca mais repulsa na população
(com uma nota de 8,31), apesar das recentes manifestações pró-aborto pelo País.
O componente da religiosidade na
opinião dos brasileiros fica ainda mais claro
quando a prática de “falar mal ou reclamar
de Deus” alcançou a nota de 2,47. Apesar
de parecer ser muito baixa, ela está acima
de práticas de corrupção de homens públicos, como aceitar propina (0,86) e votar
em políticos corruptos (0,86).
Se o posicionamento da população
parece bastante conservador na maioria
dos temas, uma campanha social que
conseguiu sensibilizar a população foi em
relação à violência contra a mulher. Após
a exposição de inúmeros casos de assassinatos com motivação de gênero e
dos avanços dos marcos legais do
País, como a Lei Maria da Penha,
a prática de bater em mulheres é
a segunda que provoca maior indignação
dos brasileiros, alcançando a nota de 3,8.
Temas como o divórcio (0,08) e o adultério
(0,47) parecem já ter maior índice de aceitação na população, ocupando índices
reduzidos de rejeição.
O levantamento, realizado pelo Instituto Flyfrog, especializado em pesquisa de
mercado, ouviu 400 brasileiros com mais
de 18 anos das classes A, B e C, no mês de
outubro. A técnica para elaboração da pesquisa, denominada de “Max Diff”, mapeia
índices de repulsa ou aceitação da sociedade. Quando uma temática recebe nota 1,
os especialistas identificam uma situação
de equilíbrio, quando ela está abaixo disso
há um nível de aceitação. Enquanto que,
quanto maior for o indicador
há uma representação do
grau de repulsa ao tema
em análise.
cidadania
Visão Mundial
apoia crianças
sertanejas
O
s pequeninos, que vivem em
situação de pobreza e vulnerabilidade social do Sertão
brasileiro são alvo de uma
campanha nacional da Visão Mundial. O
Sertão Criança é uma iniciativa da entidade que tem como proposta engajar
pessoas a apadrinhar crianças na região
através de doações para suprir suas necessidades de alimento, educação e saúde, pelo período de um ano.
O Sertão brasileiro enfrenta uma das
maiores secas da história. Na região, são
quase mil cidades que estão em situação
de emergência pela escassez de chuvas.
A estiagem severa atinge só em Pernambuco 56 municípios, que já declararam
situação de emergência. De acordo com a
Agência Pernambucana de Águas e Clima
(Apac), o fenômeno El Niño tem provocado efeitos no Semiárido, inibindo as chuvas. Segundo a Apac, os reservatórios do
Sertão estão com apenas 6% da capacidade em total de acumulação. Um cenário
que só piorou nos últimos anos na região.
Com essa realidade, em determinadas regiões o acesso a direitos básicos é
difícil, prejudicando todo o desenvolvimento social e estrutural das comunidades. Para que os sorrisos dessas crianças
não sequem, a Visão Mundial tem a meta
18
OlharCristão • mar/abr/2015
de garantir um ano de proteção, educação e participação de uma criança com
apenas R$ 50 mensais. Para conhecer a
campanha, acesse o site: www.sertao.vc
O alvo da campanha é beneficiar
250 crianças com o apadrinhamento,
garantindo para isso um investimento
mensal de R$ 600, que cobrirá seus gastos nos três pilares propostos pela Visão
Mundial. A doação só pode ser realizada
através de cartão de crédito pelo site do
projeto Sertão Amigo da Visão Mundial.
A Visão Mundial é uma organização
internacional com compromisso com a
transformação social através da mudança
de estruturas sociais com características de
opressão, que reduzem as possibilidades
de desenvolvimento de crianças, jovens
e adolescentes. Para cumprir essa missão,
a entidade promove justiça para a infância, a ajuda humanitária e a reabilitação,
de modo a garantir um desenvolvimento
transformador e sustentável, dentro de
uma perspectiva dos valores cristãos.
A organização está presente em todo o
País, com 77 programas, sendo 37 Programas de Desenvolvimento de Área (PDAs)
em 885 comunidades e 49 municípios em
10 estados brasileiros. Atualmente, há 15
programas em andamento no Brasil apoiados exclusivamente por brasileiros - nos
estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas
Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro. No
Brasil, a Visão Mundial também trabalha
em diversas situações de emergência,
como a seca no Nordeste e as enchentes
ocorridas em Santa Catarina e, também, na
região serrana do Rio de Janeiro.
cristã
CHARGE
OlharCristão • Dez 2015 / Jan 2016 19
20
OlharCristão • mar/abr/2015