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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
GUILHERME TAKAMINE CORREIA
MEDINDO SUSTENTABILIDADE: UM ESTUDO SOBRE AS TÉCNICAS DE
CÁLCULO DE RETORNO DE INVESTIMENTO EM PROJETOS DE
SUSTENTABILIDADE.
RIO DE JANEIRO
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
GUILHERME TAKAMINE CORREIA
MEDINDO SUSTENTABILIDADE: UM ESTUDO SOBRE AS TÉCNICAS DE
CÁLCULO DE RETORNO DE INVESTIMENTO EM PROJETOS DE
SUSTENTABILIDADE.
ORIENTADORA: ALINE GUIMARAES MONTEIRO TRIGO
RIO DE JANEIRO
2012
2
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a importância de analisar a
viabilidade econômica de projetos sustentáveis, a partir do levantamento de técnicas
relacionadas ao cálculo de retorno de investimento em projetos de sustentabilidade.
Os projetos de sustentabilidade podem ser analisados e classificados por meio da
visão do Triple Bottom Line que leva a reflexão da sustentabilidade sob três
aspectos: ambiental, social e econômico. Ainda, a fim de verificar o atual panorama
dos gestores quanto ao tema, foi aplicada uma pesquisa online com gestores da
área de sustentabilidade, procurando saber, principalmente, seu entendimento
acerca do conceito “sustentabilidade” empregado nos projetos ditos “sustentáveis” e
a forma de cálculo de Retorno de Investimento dessas empresas. A pesquisa que
desde o inicio não teve pretensão de ser determinística, demonstrou ainda um
universo confuso com relação a definição de sustentabilidade pelos gestores, mas
apontou o interesse e a aplicação de técnicas de cálculo de retorno de investimento.
3
MEDINDO SUSTENTABILIDADE: UM ESTUDO SOBRE AS TÉCNICAS DE
CÁLCULO DE RETORNO DE INVESTIMENTO EM PROJETOS DE
SUSTENTABILIDADE.
GUILHERME TAKAMINE CORREIA
PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DOS PROGRAMAS DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO
DO
GRAU
DE
ESPECIALISTA
EM
ECONOMIA
E
GESTÃO
DA
SUSTENTABILIDADE.
APROVADO POR:
__________________________________________
ALINE GUIMARÃES MONTEIRO
__________________________________________
MACELLO MATZ
__________________________________________
ANALICE ARAÚJO
RIO DE JANEIRO
2012
4
Dedicatória:
Deus,
família e
ao mentor e amigo Marcos Jardim.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que para muitos possui um nome e para outros o termo
“coincidência”. A minha família que me esperou durantes várias noites até minha
chegada das aulas do MBE. A minha companheira Andressa por me motivar em
momentos difíceis. A minha orientadora, Aline Trigo, pela paciência e disponibilidade
em horários que poucos mestres se disponibilizariam. Aos amigos do MBE que
serão eternamente lembrados pelas discussões vigorosas e aos professores pelo
seu conhecimento que mudaram a minha forma de pensar o futuro das
organizações.
6
SUMÁRIO
Conteúdo
1. INTRODUÇÃO ________________________________________________________ 9
1.1
Contextualização ________________________________________________________ 9
1.2 Delimitações do Estudo ____________________________________________________ 9
1.3 Objetivos do Trabalho _____________________________________________________ 11
1.4 Metodologia ______________________________________________________________ 11
2. ECONOMIA DA SUSTENTABILIDADE _________________________________ 13
2.1 A Formação do Conceito __________________________________________________ 13
2.2 Os nove princípios da Performance de Sustentabilidade _____________________ 16
2.3
A Estratégia da Sustentabilidade ________________________________________ 18
2.3.1.
Caso Nestlé em Moga _______________________________________________________ 19
3. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA FINANCEIRA DE PROJETOS ___ 21
3.1 Retorno de Investimento em Projetos ______________________________________ 21
3.2 Fluxo de Caixa ____________________________________________________________ 22
3.3 VPL (Valor Presente Líquido) ______________________________________________ 24
3.4 TIR (Taxa Interna de Retorno) ______________________________________________ 26
3.5 Casos de Aplicação de VPL e TIR __________________________________________ 27
3.5.1 Caso 1: Núcleo do Sebrae/Alagoas – Agropecuária Veloz Ltda (CEBDS, 2012) _________ 27
3.5.2 Caso 2: Núcleo do Sebrae/Amazonas – AGM Indústria, Comércio e Representações Ltda
(CEBDS, 2012) _______________________________________________________________________ 28
3.5.3 Caso 3: Núcleo do Sebrae/Espírito Santo – B&C Inspeções e Serviços Ltda (CEBDS, 2012)
_____________________________________________________________________________________ 30
3.5.4 Caso 4: Núcleo do Sebrae/Rio Grande do Norte – Água Mineral Cristalina – Mineração
Cunha Comércio Ltda. (CEBDS, 2012) __________________________________________________ 30
3.5.5 Caso 5: Núcleo do Sebrae/Sergipe – Cristal Vidros Ltda. (CEBDS, 2012) ______________ 31
3.5.6 Caso 6: Núcleo do Sebrae/Rio de Janeiro – Borusi Indústria e Comércio Ltda (CEBDS,
2012) ________________________________________________________________________________ 31
3.6 Retorno sobre Sustentabilidade (ROS) _____________________________________ 32
3.6.1 Balanced Score Card do Retorno sobre Sustentabilidade (ROS) ____________ 36
4. PESQUISA COM GESTORES DE SUSTENTABILIDADE ___________________ 38
4.1 Metodologia ______________________________________________________________ 38
4.2 Ferramenta _______________________________________________________________ 39
4.3 Resultados _______________________________________________________________ 40
7
5. CONCLUSÕES ________________________________________________________ 49
5.1 Análise de Resultados_____________________________________________________ 49
5.2 Considerações Finais _____________________________________________________ 50
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________________________________ 52
7. APÊNDICES __________________________________________________________ 54
7.1. Questionários Aplicados __________________________________________________ 54
7.2. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ______________________________ 57
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1. INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
A motivação deste projeto final teve sua origem durante os anos de estudos
dentro do Instituto de Economia. Durantes as aulas foi possível notar o quanto a
área de sustentabilidade tem se desenvolvido nas últimas décadas. Dentre as aulas
de professores excepcionais e a convivência com novos colegas estudantes, o
estudo da sustentabilidade, trouxe consigo uma questão importante que transcende
a educação de crianças e jovens para um novo mundo: desenvolvimento econômico
de um país.
A importância dessa nova área cresce na medida em que grandes
corporações
aderem
a
projetos
responsáveis
socioambientais,
onde
os
consumidores e clientes buscam produtos e serviços ecologicamente corretos e
novos modelos de negócio se desenvolvem de maneira sustentável. Em virtude
destes fatores, o presente trabalho tem como proposta apresentar e analisar os
instrumentos que permitem viabilizar, economicamente, projetos sustentáveis.
No decorrer dos estudos de grandes índices, tais como o Ethos, GRI (Global
Reporting Initiative), Dow Jones Sustainability e Índice Bovespa de Sustentabilidade,
além de estudos de MDL’s (Mecanismo de Desenvolvimentos Limpos) a pergunta
que inspirou este trabalho foi: sustentabilidade traz retorno financeiro para uma
empresa ou seu acionista ou o governo?
1.2 Delimitações do Estudo
A dificuldade de delimitar um estudo está nas diversas perspectivas de quem
investe e espera um retorno de seu investimento em projetos sustentáveis de uma
9
organização privada,
pública ou de uma simples empresa na área
de
sustentabilidade.
Ao estudar viabilidade econômica de projetos é possível encontrar diversos
indicadores para avaliar um projeto: índice de lucratividade, VPL (Valor Presente
Líquido), TIR (Taxa Interna de Retorno), payback descontado, payback simples,
dentre outros. Buscando um maior foco, utilizaremos como base o VPL e o TIR são
dois indicadores muito comuns e utilizados nos mais diferentes projetos e que serão
abordados nesse projeto. Há também uma metodologia chamada de ROS (Return
on Sustentability) que também será melhor explicado neste trabalho.
Outro fator que gera dificuldade na imposição de limites do projeto é o termo
“projeto sustentável” e, antes disso, o significado de sustentabilidade. O conceito de
sustentabilidade é delimitado de formas diversas para cada estudioso e pode gerar
uma larga discussão sobre sua definição, o que, definitivamente, não é foco deste
trabalho apesar da sua importância. Por isso, delinearei algumas breves definições e
vou me posicionar sobre uma delas para o estudo.
Nos levantamentos feitos na Revista de Administração Contemporânea,
Brazilian Administration Review, Tecnologias de Administração e Contabilidade na
internet, todos periódicos indexados a Associação Nacional de Pós-graduação em
Administração, poucas informações foram encontradas acerca do tema “Retorno de
Investimento em Sustentabilidade”, ou em termos, como “RI Sustentável”.
Por último, não menos importante, outra limitação vem da vontade de fazer o
trabalho sintético e aplicável. Busquei dedicar tempo há algo que trouxesse algum
enriquecimento prático e que fosse utilizado por profissionais do ramo da
sustentabilidade como um ponto de partida para pensar como vender um projeto
sustentável para um Diretor ou Gerente. Por isso, os objetos explorados neste
10
trabalho serão alguns instrumentos que demonstrem a viabilidade econômica de
projetos de sustentabilidade.
1.3 Objetivos do Trabalho
De forma a deixar claro o conteúdo deste material, a delimitação dos objetivos
específicos é fundamental. Por isso, dois pontos são focos:
a. Descobrir se gestores de sustentabilidade nas empresas aplicam técnicas
para cálculo de retorno de investimento em seus projetos;
b. Quando aplicada alguma(s) técnica(s), qual (ais) técnica(s) é(são) utilizada(s)
para calcular o retorno de investimento do projeto(s).
Para que assim, possam demonstrar a importância de analisar a viabilidade
econômica de projetos sustentáveis.
1.4 Metodologia
A metodologia para executar este trabalho se dividiu em três etapas:
a. Levantamento bibliográfico de avaliação econômica de investimentos
procurando ênfase em projetos sustentáveis (sociais e ambientais) e estudo
de casos;
b. Aplicação de pesquisa online com o setor de Responsabilidade Sócio
Empresarial em empresas e profissionais brasileiros, procurando saber a
forma de cálculo de Retorno de Investimento dessas empresas;
c. Análise do material levantado e das respostas das empresas;
d. Produção do documento do projeto
11
A aplicação da pesquisa online na metodologia foi fundamental para tentar
responder as pergunta, apesar de não ter sido suficiente para responder por
completo as questões da pesquisa.
12
2. ECONOMIA DA SUSTENTABILIDADE
2.1 A Formação do Conceito
A discussão do conceito de sustentabilidade redireciona qualquer projeto da
área a uma seara de pensamentos e definições dos mais diferentes autores. Para
Carvalho e Barcellos (2010), a sustentabilidade é imensurável. Isto ocorre porque a
sustentabilidade não é um conceito convencionado e aplicável para todas as
situações. Ao estudar sustentabilidade nos deparamos apenas com situações
ligadas ao meio ambiente que envolve a poluição, a destruição de espaços
preservados e escassez de recursos, bem como relacionados a problemas sociais
que envolvam comunidades isoladas economicamente e culturalmente. Cabe
ressaltar também o conceito do Triple Bottom Line, formulado por Elkington (1994).
Este conceito foi desenvolvido por meio de pesquisa por profissionais da área de
desenvolvimento sustentável e responsabilidade social corporativa e tomou maior
força após 1999, quando Environics International (2001) buscou levantar os termos
com maior menção em periódicos do ramo.
Figura 1: Avanço de busca pelo termo “Triple Bottom Line” (ENVIRONICS
INTERNATIONAL,2001)
13
O conceito do Triple Bottom Line (ELKINGTON,1994) nos leva a reflexão da
sustentabilidade sobre três aspectos: ambiental, social e econômico. Os projetos de
sustentabilidade podem ser analisados e classificados por meio da visão do Triple
Bottom Line (TBL), onde cada parte de um projeto ou a sua finalidade visa atingir
uma dessas, em específico, ou agrega cada um dos seus interesses. O caso da
Rede de Jovem Rural, do Instituto Souza Cruz, por exemplo, possui um fator social
no momento que:
Incentiva a articulação entre instituições que se ocupam do apoio técnico,
fomento ou análise de projetos voltados para o protagonismo do jovem
rural. Subsidia políticas públicas através da sistematização e divulgação de
experiências de trabalho. (INSITUTO SOUZA CRUZ, 2012).
Concomitantemente, o instituto consegue, em longo prazo, diminuir o êxodo
rural e realizar a manutenção da cadeia de fumo ao longo do tempo, visto que o
jovem rural, hoje, é o agricultor de fumo do futuro.
Contudo a visão econômica voltada para cadeia produtiva da organização ou
com ganhos econômicos não-fiscais não necessariamente são alvos destes
projetos. Alguns focam mais fortemente no meio ambiente e outros podem somente
focar na parte social e ambiental. Isso ocorre, talvez, por forma compensatória, visto
que o social e o ambiental nunca foram foco das organizações tipicamente
industriais no século passado.
O modelo deste tripé funciona com base nas Sete Revoluções da
Sustentabilidade, proposta, posteriormente, por Elkinton (1997). Seria a mudança de
sete paradigmas que levariam a importância cada vez mais evidente do Triple
Bottom Line nas estratégias organizacionais.
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Quadro I. As Sete Revoluções da Sustentabilidade
Antigo Paradigma
Novo Paradigma
1. Mercado
Observância
Competição
2. Valores
Inflexível
Flexível
3. Transparência
Fechado
Aberto
4. Ciclo de Vida Tecnológico
Produto
Função
5. Parceiros
Subversão
Simbiose
6. Tempo
Curto prazo
Longo prazo
7. Governança Corporativa
Exclusivo
Inclusivo
Fonte: Elkinton (1997)
As sete mudanças ocorreriam nos mercados que passariam a ser mais
competitivos e buscariam fugir a regras pré-estabelecidas de seu segmento. Não
haveria fronteiras para as organizações Os valores, antes altamente rígidos,
passariam a se tornar cada vez mais flexíveis e, por consequência trariam a
necessidade de maior transparência. A tecnologia deixaria de criar produtos para
aumentar consumo e repensaria na funcionalidade deste em toda sua vida.
Ocorreria ainda mais o aumento de parceria entre organizações gerando ainda mais
as fusões entre elas. O tempo deixaria de ser somente curto e seria mais
gerenciável e incorporado em um planejamento por ele segmentado. As
governanças corporativas tornar-se-iam mais inclusivas, isto é, a organização
voltaria a se perguntar sua razão de existir e refletiria sobre os outros stakeholder’s
afetados.
15
2.2 Os nove princípios da Performance de Sustentabilidade
Com base nas modificações propostas para as organizações por Elkinton (1997),
Epstein e Roy (2003), sugerem nove princípios (Quadro II) que tem o objetivo de
melhor definir o conceito de sustentabilidade. Estes princípios possuem três
principais objetivos, os quais são:

Tornar o conceito de sustentabilidade mais preciso;

Integrar ele no dia-a-dia da gestão de decisões, da operação e dos
investidores;

Quantificá-la e monetizá-la.
Quadro II. Os nove princípios da performance de sustentabilidade
A empresa estabelece, promove, monitora e mantém princípios
1. Ética
éticos em todas as suas práticas e produtos para todos os
stakeholders.
A empresa gerencia todos os recursos conscientemente e
2. Governança
efetivamente, reconhecendo sua credibilidade sobre toda a
corporação, gerentes e todos os stakeholders.
A empresa dispõe publicamente todas as informações relativas
a seus produtos, serviços, atividades de maneira a permitir a
3. Transparência
seus stakeholders formarem sua opinião para tomadas de
decisão.
A empresa se compromete a fazer parte de práticas de
4. Relações
comércio justo com seus fornecedores, distribuidores e
Comerciais
parceiros.
5. Retorno
A empresa recompensará seus acionistas por meio do capital
16
Financeiro
6. Sociedade e
investido e protegendo seus bens de maior competitividade.
A empresa promoverá uma relação mútua de benefícios entre a
Desenvolvimento
organização e a comunidade a qual faz parte e terá respeito
Econômico
quanto a cultura, seu contexto e suas necessidades.
7. Valorização de
A empresa respeitará todas as necessidades de seus clientes,
Produtos e
bem como desejos, direitos e se esforçará a entregar produtos
Serviços
e serviços de alta qualidade.
8. Prática de
Colaboradores
A empresa se engajará em um gerenciamento de seus recursos
humanos por meio de práticas e promoção da pessoa e
profissional, desenvolvendo a diversidade e o empoderamento
deste.
9. Proteção ao meio
ambiente
A empresa se esforçará para proteger e restaurar o meioambiente, promovendo o desenvolvimento sustentável em seus
produtos, processos, serviços e outras atividades.
Fonte: Epstein e Roy (2003)
Os noves princípios buscam resumir a forma na qual um projeto dentro de
uma organização com estratégia sustentável deve se sustentar. Dentre os princípios
delimitados por Epstein e Roy, aquele que é o objeto principal deste trabalho é o
princípio 5 sobre o Retorno Financeiro.
O 5º Princípio tratado por Epstein Roy trabalha a necessidade de
transparência que deve existir entre os interesses dos acionistas e as estratégias
das organizações em suas atividades. Estes interesses devem ser explicitamente
reconhecidos e mecanismos formais devem ser criados de forma que estes estejam
protegidos (EPSTEIN; ROY, 2003). Essa necessidade de alinhamento irá gerar o
que Porter (2002) chamará de Responsabilidade Sócio Empresarial Estratégica.
17
2.3 A Estratégia da Sustentabilidade
Ao se tratar da economia da sustentabilidade abre-se margem para discussão
da estratégia de responsabilidade social empresarial. Porter (2002) irá discutir o
papel da organização no que diz respeito ao seu posicionamento estratégico perante
a sociedade e vai utilizar claramente de um argumento do qual compartilho e que
por sua vez foi um forte motivador. Para Porter (2002, p.3):
O campo da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) segue fortemente
imbuído de um imperativo moral (...) No entanto, obrigações morais são, por
natureza, absolutas, enquanto a maioria das decisões sociais de uma
empresa envolve o equilíbrio de custos, interesses e valores conflitantes.
Ao utilizar-se do imperativo moral diversas organizações podem deixar a
análise estratégica de um projeto sustentável de lado, o que prejudica seu
posicionamento e responsabilidade com investidores/acionistas.
Porter (2002) retrata que a estratégia social da empresa deve ser delimitada
com um longo prazo, fator este que é fundamental para se avaliar o retorno de um
investimento. Para tornar mais clara essa avaliação, a Responsabilidade Social
Empresarial é dividida em dois tipos: A Responsabilidade Social Responsiva e a
Reponsabilidade Social Estratégica.
A primeira possui claros valores e ações filantrópicas e a organização ainda
se demonstra muito neófita quanto à estratégia social focado na mitigação de
problemas sociais de curto prazo. O segundo modelo já é característico de um
projeto de longo prazo e focado, logo mais correlacionados com os nove princípios
discutidos anteriormente.
18
Figura 2: Os tipos de Responsabilidade Sociais. (PORTER, 2002)
O importante de analisarmos as organizações pela ótica de Porter é porque
ajuda a selecionar e desenvolver projetos mensuráveis. Isto é, uma organização que
possui claramente um posicionamento “responsivo”, terá menos interesse e recursos
para investir em projetos robustos que a auxiliem internamente. Logo, considerando
tal exemplo, a necessidade de mensurar o retorno é menor quando comparamos
uma organização que possui uma “estratégia” para Responsabilidade Sócio
Empresarial. Ao investir maior quantia de recursos, a necessidade de monitorar o
retorno e buscar sinergia dos projetos com o core business da empresa é muito mais
elevado.
2.3.1. Caso Nestlé em Moga
Para melhor ilustrar esse processo Porter (2002), utiliza um estudo de caso
da Nestlé na Índia:
19
Em 1962 a empresa resolveu entrar no país. Recebeu autorização do
governo para erguer um laticínio no distrito de Moga, no norte da Índia. Era
uma região paupérrima — sem eletricidade, transporte, telefone, serviços de
saúde. (...) Muitos contavam com uma única vaca, que produzia apenas o
leite suficiente para o consumo da família. Nada menos do que 60% dos
bezerros morriam ao nascer. Na falta de refrigeração, transporte ou
qualquer meio para testar a qualidade do leite, o produto não podia ser
levado para longe e, com freqüência, era contaminado ou diluído. (p.11)
Em 1962 a Responsabilidade Sócio Empresarial não era uma palavra
conhecida dentro das organizações. Porter (2002) vai dizer que: “A Nestlé foi a
Moga para montar um negócio, não para promover a Responsabilidade Sócio
Empresarial". Ao fim da implantação da Nestlé o distrito já possuía mais de 90% das
casas com energia elétrica, todas as aldeias tinham escolas e a cidade possuía 5
vezes mais médicos que as regiões vizinhas. Se seu planejamento fosse focado na
promoção da Responsabilidade Sócio Empresarial, esta instalação claramente teria
se adequado a uma Responsabilidade Sócio Empresarial Estratégica, visto que a
organização utilizou-se do meio em que se instalou promovendo bem-estar social e
desenvolvimento econômico.
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3. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA FINANCEIRA DE PROJETOS
3.1 Retorno de Investimento em Projetos
Um projeto é um esforço temporário empreendendo para alcançar um objetivo
(PMBOK, 2004). A vida útil de um projeto é de suma importância para o cálculo de
seu investimento. Quando se desenvolve uma ação sustentável há um investimento
de tempo, pessoas e matéria-prima para realização do mesmo. O principal objetivo
dos executivos de uma empresa deve ser o de maximizar o retorno do capital
empregado pelos acionistas, aumentando a sua riqueza. (ZOTES et.al, 2011).
Quando tratamos de um projeto sustentável que tem sua base também na parte
econômica, além da ambiental e social, conforme o modelo do Triple Bottom Line
(ELKINGTON,1994), a importância do retorno do investimento se faz presente.
O que gera a dificuldade para o cálculo do retorno em projetos sustentáveis é
justamente o que se espera de retorno deste tipo de projeto. Em alguns casos,
conforme apontado por Porter (2002), a ação da empresa segue uma estratégia
responsiva de forma a mitigar os dados causados ou provocando ações de boa
cidadania. Neste caso, o retorno financeiro não é o principal objetivo do projeto ou
pelo menos este não é alcançado seguindo esta estratégia.
Já um investimento que se baseia em uma Responsabilidade Sócio
Empresarial Estratégica (PORTER, 2002) deve ter como finalidade algum ganho
financeiro para o investidor. Este produto deve buscar um valor maior que “zero” de
forma que o investimento seja viável de ser feito e traga ganhos para o investidor.
A importância do retorno de investimento tem origem, conforme tratamos, no
principal objetivo dos executivos (ZOTES et.al, 2011).: “maximizar retorno de
capital”. Para este cálculo, existem diversas formas e métodos de cálculo de retorno
21
de investimento citadas na literatura. Segundo Zotes et.al. (2011), a análise da
viabilidade econômico-financeira de projetos de investimentos é efetuada mais
frequentemente pelo método do Valor do Presente Líquido (VPL). Além deste irei
descrever mais um outro método que segundo Zotes et.al. (2011), é o maior
concorrente do VPL: o TIR (Taxa de Interna de Retorno).
A escolha destes dois métodos neste trabalho se deve exclusivamente a sua
facilidade de cálculo e versatilidade. Hoje, estes dois tipos de cálculos são
facilmente obtidos por meio de cálculo de planilhas eletrônicas e consistem
basicamente no capital investido, no tempo e no retorno financeiro. Entretanto há
também o Payback que consiste em demonstrar o tempo que o investimento terá
retorno e o próprio ROS que possui uma maior complexidade apesar de ser
completo em sua análise e que veremos posteriormente.
Os métodos não são focados e pensados no retorno de investimentos
sustentáveis, mas permeia a finalidade de projetos de Responsabilidade Sócio
Empresarial Estratégico (PORTER, 2002), ganho para o investidor e para a
organização.
3.2 Fluxo de Caixa
Para aplicar os métodos mencionados é necessário ter o entendimento do
conceito de Fluxo de Caixa. Em qualquer projeto esse controle deve ser
administrado de forma a buscar o maior controle e, consequentemente, o maior
retorno de investimento. O fluxo de caixa é o controle que irá demonstrar as
entradas e saídas de capital do projeto. Segundo Zotes et.al. (2011), o fluxo de caixa
pode-se subdividir, normalmente em dois momentos:

Investimento inicial
22

Fase de operação do projeto que gera fluxos de caixa
Conforme a representação gráfica (Figura 3), notamos que o fluxo possui
duas saídas de capital no valor de 2000 e 3000 no momento “0” e “1”
respectivamente. Posteriormente nota-se a entrada de 1000 em 8 períodos distintos
(De 2 até 10).
Figura 3: Exemplo de representação gráfica de fluxo de caixa.
Cada projeto sustentável pode demonstrar uma característica diferente em
seu fluxo de caixa. Alguns podem apresentar esse fluxo com saídas durante todo o
período (Figura 3) e com apenas uma entrada no fim do projeto (Figura 4).
23
Figura 4: 2º Exemplo de representação gráfica de fluxo de caixa.
3.3 VPL (Valor Presente Líquido)
Segundo Zotes et.al. (2011), o Valor Presente Líquido utiliza-se de 4 variáveis
para avaliar um projeto:

Quanto foi investido;

Quanto ele gera de fluxo de caixa;

Quando o fluxo de caixa deve ocorrer;

Qual o risco associado a esse fluxo de caixa.
De maneira simples, as variáveis podem ser chamadas de: valor do investimento
inicial, tempo do investimento, risco do projeto (%). Essa técnica desconta as saídas
do fluxo de caixa conforme o tempo por meio de uma taxa (risco do projeto). Esta
taxa é o retorno mínimo que deve ser obtido de forma que o investimento aplicado
mantenha mesmo valor se fosse investido em outra atividade de lucro da empresa.
Por exemplo, em um projeto social de uma empresa será aplicado o valor de
R$ 50.000. Este projeto sustentável tem o prazo de 2 anos para terminar. Se este
mesmo valor fosse aplicado na atividade produtiva da empresa durante este dois
anos, a empresa teria um aumento de 20% em cima destes R$ 50.000, acumulando
ao final de 2 anos a quantia de R$72.000. Logo, o projeto social terá um
investimento de R$50.000, o tempo de 2 anos e o risco que corresponde a 20%,
caso a atividade produtiva seja levada nem consideração para sua aplicação.
24
VPL > 0
• O projeto é aceito
VPL < 0
• É indiferente aceitar ou não
VPL = O
• O projeto é rejeitado
Figura 5: Análise do VPL para aprovação ou reprovação de um investimento.
O VPL é o investimento inicial do projeto descontado das entradas e saídas
do fluxo de caixa descontando a taxa de risco do projeto. Caso o VPL seja negativo,
significa que a empresa perdeu dinheiro com o investimento. Caso o VPL seja
positivo, o investimento foi lucrativo para empresa. Caso o VPL seja igual a “zero” a
empresa manterá o lucro esperado baseado na sua cadeia produtiva.
Na visão de Zotes et.al. (2011), o critério da aceitação de projeto se baseia no
VPL.
VALOR DAS ENTRADAS E
SAÍDAS DO FLUXO DE CAIXA
DESCONTANDO A TAXA DE
RISCO
INVESTIMENTO
INICIAL
VPL
Figura 6: Cálculo do VPL
Quando aplicado o método do VPL para projetos sustentáveis deve-se
buscar, mesmo que indiretamente, alguma economia ou ganho direto com o projeto
para a empresa. Como, por exemplo, desenvolver uma campanha de racionamento
25
de água, gera a necessidade de um investimento inicial, mas a longo prazo, o ganho
com a economia dela pode compensar o projeto.
Logo é com base nesta economia ou projeção de economia que deve se
basear o cálculo de retorno de investimento de um projeto sustentável semelhante a
este.
3.4 TIR (Taxa Interna de Retorno)
A Taxa Interna de Retorno (TIR) acompanha o indicador VPL em diversas
situações. Na visão de Zotes et.al. (2011), o TIR aparece como uma referência a ser
utilizada pela aceitação ou não de um projeto.
A TIR é facilmente encontrada quando se iguala o VPL a “zero” e deixa os
juros(risco do projeto) como uma incógnita. Para Buarque (1984), o TIR é a taxa que
corresponde ao igualar o fluxo atual de custos de um projeto com o valor atual
correspondente ao fluxo de benefícios.
Figura 7: Exemplo da relação entre o TIR e o VPL (BUARQUE, 1984)
26
Para compreender a relação do TIR com o VPL, utilizamos a figura 7. No
momento em que o a curva vermelha ultrapassa o valor de VPL = 0, pode-se
interpretar que somente com uma taxa de desconto ou risco maior tem-se um VPL
menor, que inviabiliza o projeto.
3.5 Casos de Aplicação de VPL e TIR
O CEBDS, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS), possui alguns casos de aplicação destes conceitos que valem
ser mencionados como exemplos de formas de cálculo de retorno de investimento.
Os casos em diversas áreas apresentam a atratividade de projetos por
métodos simples de cálculos financeiros de viabilidade econômica.
3.5.1 Caso 1: Núcleo do Sebrae/Alagoas – Agropecuária Veloz Ltda (CEBDS,
2012)
Objetivo: Redução do desperdício de leite pasteurizado na condução do
mesmo até as linhas de produção.
Figura 8: Leite transportado manualmente em latões. (CEBDS, 2012)
27
Situação antes: Todo o transporte do leite é realizado por meio de latões e de forma
manual até as linhas de produção. “Gerando desperdício de matéria-prima e tempo
na execução da operação e, conseqüentemente, aumento do efluente de lavagem.” (
CEBDS, 2012).
Figura 9: Utilização de mangueiras para o transporte do leite. (CEBDS, 2012)
Resultados:

Leite pasteurizado utilizado nos processos de produção passa a ser
conduzido por meio de mangueiras, requerendo um investimento de R$
150,00. (CEBDS, 2012)

Benefícios ambientais com a redução de 342 L/ano de matéria orgânica
lançada no efluente e geração de efluente de lavagem de fábrica.

VPL = R$ 4.217,00

TIR = 634,02%
3.5.2 Caso 2: Núcleo do Sebrae/Amazonas – AGM Indústria, Comércio e
Representações Ltda (CEBDS, 2012)
Objetivo: Reduzir sobras de parafina na produção de velas.
28
Figura 10: Parafina de velas em recipientes inadequados. (CEBDS, 2012)
Situação antes: Sobras entre 35% a 50% do total de parafina necessária para a
confecção do produto.
Figura 11: Recipientes apropriados para produção de velas. (CEBDS, 2012)
Resultados:

Redução de até 50% das sobras de parafina que são reprocessadas, com um
investimento de R$ 390,00.

Redução em 50% do consumo de GLP;

Redução de 30% no consumo de GLP com o revestimento térmico;

VPL = R$8.306,00
29

TIR = 495,8%
3.5.3 Caso 3: Núcleo do Sebrae/Espírito Santo – B&C Inspeções e Serviços
Ltda (CEBDS, 2012)
Objetivo: reduzir consumo excessivo de água e insumos, desperdício de mãode-obra, água e insumos e perda de receita.
Resultados:

Aumento da capacidade produtiva, aumento no faturamento e redução no
consumo de água e insumos, com um investimento de R$ 4.000,00.

Redução em 37% no consumo de desengraxantes e redução de 7,69% no
consumo de água.

VPL = R$ 166.381,00

TIR = 848,7%
3.5.4 Caso 4: Núcleo do Sebrae/Rio Grande do Norte – Água Mineral Cristalina
– Mineração Cunha Comércio Ltda. (CEBDS, 2012)
Objetivo: Reduzir geração de efluentes pela otimização da utilização dos
insumos.
Situação antes: A empresa utiliza uma solução de soda cáustica que é descartada a
cada semana, gerando custo pela reposição da soda e efluentes.
Resultados:

Modificação do método de descarte da soda, com um investimento de R$
500,00 em treinamento de operadores e análises microbiológicas durante o
período de testes.

Redução em 60% no consumo de soda cáustica,
30

Redução em 50% da geração de efluente (descarte da solução de soda
cáustica)

Redução de 80% do efluente devido ao uso de mangueiras.

VPL = R$ 138.091,00

TIR = 5.910%
3.5.5 Caso 5: Núcleo do Sebrae/Sergipe – Cristal Vidros Ltda. (CEBDS, 2012)
Objetivo: Eliminação do uso de insumos tóxicos pela troca dos mesmos
Situação antes: Consumia 12 kg/ano de óxido de cério para polimento.
Figura 12: Substituição de óximo de cério por pedra pome. (CEBDS, 2012)
Resultados:

Eliminação do uso de 12 kg/ano de produto tóxico.

VPL = R$ 1.213,00
3.5.6 Caso 6: Núcleo do Sebrae/Rio de Janeiro – Borusi Indústria e Comércio
Ltda (CEBDS, 2012)
Objetivo: Reduzir da geração de resíduos de borracha pelo uso de trefila.
31
Situação antes: Processo antes executado, gerava rebarbas irregulares e sem
controle, que eram descartadas no lixo comum.
Resultado:

As rebarbas passaram a ser aproveitadas na produção de outras peças
menos nobres. O investimento foi de R$ 500,00 somente, pois a empresa já
possuía a trefiladora, necessitando apenas efetuar sua instalação.

Redução
de
99
kg
na
geração
de
rebarbas
de
borracha.
VPL = R$ 3.825,00

TIR = 227,6%
Todos os projetos analisados tinham a intenção de buscar uma melhoria
ambiental, do tipo: redução de recursos naturais ou de resíduos. Portanto,
demonstrou-se, a partir da aplicação de indicadores de viabilidade econômica, como
o VPL e o TIR, que os projetos podem ser viáveis ambiental e economicamente.,
3.6 Retorno sobre Sustentabilidade (ROS)
O termo “Retorno sobre Sustentabilidade” (ROS) foi criado por Kelvin Wilhelm
em 2009 junto com diversas outras métricas para cálculo de emissões de carbono e
auxiliou diversos gerentes a tomar decisões por meio de ferramentas quantificáveis.
O modelo de ROS possui 4 enfoques/ informações determinantes para que o
gerente possa agir coerentemente na tomada de decisão (Figura 13).
32
Finanças
(RETORNO SOBRE
INVESTIMENTO/VPL)
Sustentabilidade
(Meio ambiente,
Sociedade e
Clima)
Retorno sobre
Sustentabilidade
(ROS)
Marca
(Interna /
Externa)
Fácil
Implementação
Figura 13: Diagrama do Retorno de Sustentabilidade.
O modelo baseado nas Finanças, Sustentabilidade, Marca e Fácil
Implementação (WILHELM, 2009) tem as seguintes características:

A organização deve pesar a importância do projeto para cada parte da
companhia;

Quantificar e colocar em números, de forma clara, frente a decisão que a
empresa tomar;

Pontuar cada ação e cruzar com todos os quatro enfoques por categoria

Descobrir qual é a ação imediata/mais fácil (Low-hanging fruit), ou seja que
trará um retorno financeiro ambiental e social para a empresa e seus
stakeholders.
O processo de ROS proposto por Wilhelm (2009) acopla toda a questão
financeira, mas também não deixa de considerar a característica do impacto da
33
imagem de um projeto sustentável, sua facilidade de implementação e seu produto
sustentável.
Quadro III. A Composição das 4 Ênfases de ROS
Financeiro
•
Investimento inicial (Up-front costs)
•
Valor Presente Líquido e Retorno de Investimentos
•
Período de Payback
•
Externamente
- Habilidade de aumentar a satisfação e lealdade dos atuais
clientes
-Habilidade de criar novos clientes no mercado
- Importância dos stakeholder's como fornecedores, vendedores
Marca
e shareholder's
- Capacidade de adquirir parcela de mercado de concorrentes
•
Internamente
- Impacto na produtividade do ambiente de trabalho e da moral
do colaborador
- Retenção de talentos
Sustentabilidade
•
Potencial para redução de emissão
•
Benefícios para o meio-ambiente
•
Benefícios para comunidades e sociedades
•
Identificar alvos fáceis para ações imediatas
•
Determinar áreas de dificuldade e resistência como a cultura da
Fácil
Implementação
companhia, gargalos financeiros, tempo e recursos.
34
Após a definição das 4 ênfases, o processo de ROS se desenvolve de forma
a ser mais minuciosa e dentro de um planejamento onde o retorno é pensado ocorre
a divisão em 7 passos que auxiliam ao cálculo dentro de cada enfoque:
Passo 1: Brainstorming sobre todas as ações possíveis que a organização pode
realizar, partindo da menor e mais fácil para a maior e mais complexa. Algumas
organizações dividem as ações por departamento de forma a localizar os agentes de
cada ação sugerida no brainstorming.
Passo 2: A organização definirá pesos para cada uma das ênfases do modelo. Este
peso vai de 1% até 10%. Este peso irá definir o nível de importância que as ações
devem manter.
Passo 3: Pontuar cada ação no valor de 1 até 10 em cada ênfase, de forma que
seja claro o quanto é o benefício em cada uma das ênfases aplicadas.
Passo 4: Analisar de maneira profunda cada ação. Neste caso deverá ser levantado
por cada setor competente um dado quantitativo em cada uma das ênfases. Ex.:
Qual é o valor do investimento inicial da ação, seu valor presente líquido, tempo de
aplicação, dificuldade de implementação dentre outras características que facilite a
tangibilização da ação para análise e futura execução.
Passo 5: Após a análise profunda de cada ação, você pontua novamente cada
ênfase, agora que já se dispõe de maiores informações relativas a cada ação em
cada ênfase. Após a análise, cria-se um ranking de ações que será realizado a partir
da média da pontuação que cada uma recebeu ponderado pelo peso previamente
determinado.
Passo 6: Gera-se um novo ranking por categoria, caso a firma deseje analisar
individualmente em cada categoria.
35
Passo 7: Implementação das ações e formação de estratégias com conjunto de
ações.
O Processo de ROS não busca quantificar um valor monetário direto como o
VPL e o TIR, mas identificar que tipo de retorno (financeiro, viabilidade de marca,
benefícios para comunidades e sociedades, etc.) o projeto tem seu foco. Com esta
identificação fica mais claro para o acionista e gestor os objetivos deste tipo de ação
e a quantificação deste retorno alcançado com o projeto no futuro.
3.6.1 Balanced Score Card do Retorno sobre Sustentabilidade (ROS)
Para desenvolver um projeto sobre uma análise do ROS é necessário
desenhar o um quadro de pontuações, conforme tratado anteriormente. O objetivo
do ROS não é quantificar o valor monetário diretamente, mas definir qual o valor do
projeto para a organização como um todo. Ele não se foca somente no cálculo
financeiro, mas em todo sistema do projeto. Desde do primeiro passo até o último,
assim ele busca entrar no detalhe quantificando para organização o impacto de cada
etapa, dentre as dimensões a financeira.
Abaixo um quadro exemplo de uma iniciativa de projeto de sustentabilidade
visando diminuir papel dentro da organização.
36
Quadro IV – Impactos ROS
Impactos
Objetivo do Projeto
Financeiro Marca Sustentabilidade
60%
25%
10%
Ações potenciais / Setor
Fácil
Score
Implementação
5%
100%
Operações
1) Imprimir papel nas
duas faces
2) Usar papel reciclado
8
9
3) Report's trimestrais
enviados por e-mail
9
4) Impressão somente
para áreas de suma
importância
9
5) Diminuição de
propaganda em papel
9
4
8
Stakeholder's
3
5
Marketing
5
8
5
9
2
7,05
8
8
6
7,25
5
8
7,55
8
5
7,7
Ao analisarmos o objetivo do projeto, foi levantado que o impacto positivo dele
seria maior na área financeira, chegando a 60%, 25% em marca, 10% em
sustentabilidade e 5% em fácil implementação (Estes valores devem ser analisados
em consenso pelos analistas). O Balanced Score Card (BSC) irá trazer à tona as
ações que mais desenvolvem ganhos para cada uma das etapas do projeto de
“Diminuir o consumo de papéis”. Neste caso há um empate nas ações 2, 3, 4 e 5
quando analisamos o critério financeiro do projeto. Se formos analisar o projeto pela
ótica de melhor impacto global, com certeza a ação 2 (score 8) seria a escolhida por
representar a melhor ação em todos os critérios, apesar de não ser a mais
facilmente implementada. Se optarmos pela ação melhor “custo benefício”
37
optaríamos pela ação 1 por ser rápida de implementar (score 9) e não estar muito
distante (score 7,05) da melhor ação que é a 2 (score 8).
O ROS busca elencar os fatores para definir os objetivos mais propícios para
cada ação de um projeto sustentável e do projeto como um todo. Ele cria
indicadores comparativos financeiramente entre os projetos e auxilia o gestor a
tomar a decisão mais eficiente ao analisar as etapas de cada projeto. Cada ação
desta pode ter um cálculo de ROS próprio que por sua vez pode ser direcionado
para o valor do score.
4. PESQUISA COM GESTORES DE SUSTENTABILIDADE
Foi realizada uma consulta a internet, por meio da criação de um site, onde
gestores emitem sua opinião quanto a forma de cálculo de retorno em suas
organizações no que diz respeito aos projetos de sustentabilidade.
Além disso, buscou-se identificar métodos aplicados para calcular retorno em
projetos sustentáveis; bem como a definição de sustentabilidade perante os projetos
com o qual trabalha.
4.1 Metodologia
Para buscar exemplos de projetos como os do CEBDS, foi criado um site e
aplicado uma pesquisa pro aproximadamente dois meses. O endereço do site
escolhido para a pesquisa foi www.medindosustentabilidade.com
O site continha todas as informações da pesquisa, seus autores, objetivos da
monografia, metodologias aplicadas para executá-la, os objetivos da pesquisa, a
forma de contato com o grupo de trabalho bem como todos os tópicos que
caracterizam um “TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO”.
38
A pesquisa foi aplicada pela internet buscando em sua amostra profissionais
que atuassem na área de sustentabilidade e tivessem de alguma forma ligado a
projetos desta finalidade. Para buscar esses tipos de profissionais foi ativada a redes
social de profissionais,o Linkedin, grupos de e-mail de profissionais da área e o
mailing list do MBE de Economia e Gestão de Sustentabilidade. Calcula-se que o
target de profissionais potenciais respondentes ultrapassa o número de 50, quando
aponta-se que a pesquisa fora enviada para o mailing list do MBE de Economia e
Gestão da Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro e os
contatos feitos de forma ativa via Linkedin.
4.2 Ferramenta
Para buscar exemplos de projetos como os do CEBDS, foi aplicado um
questionário online. A procura de profissionais de sustentabilidade para responder a
pesquisa, apesar da utilização de redes sociais de trabalho como o Linkedin, foi
extremamente difícil. Para capturar o comportamento de possíveis respondentes, foi
utilizado a ferramenta Google Analytics (Figura 14) que monitora a utilização do site
www.medindosustentabilidade.com. Notou-se que desde 01/01/2012 até 17/02/2012,
o site recebeu 162 visitas únicas e 14 revisitas.
Figura 13: Gráfico de Visitas
Destas 176 visitas, 46 usuários chegaram a clicar na página “Iniciar Pesquisa”.
39
Figura 14: Gráfico que demonstra as 46 visitas na página “Iniciar Pesquisa”
O questionário aplicado também apresentava questões relacionadas ao perfil.
4.3 Resultados
Em um primeiro momento foi utilizado um questionário que buscasse
caracterizar a posição do respondente na empresa que atua e algumas
características
da
empresa,
tais
como:
tempo
de
atuação
na
área
de
sustentabilidade e formação (Ensino) do respondente. Posteriormente foram
buscados critérios para segmentar as empresas participantes: setor de atuação e
receita bruta, com base nos critérios do BNDES.
A pesquisa consistiu em três perguntas:
a. Qual é o conceito da pessoa sobre sustentabilidade?
- A justificativa para o uso desta pergunta é buscar entender o que a
pessoa entende como sustentabilidade, visto que iríamos medir o
constructo a posteriori.
b. A empresa mensura o retorno de investimento?
40
- Esta pergunta serviu de “gancho” para ser explorado o cálculo do
retorno. Se a empresa não mensurasse, não seria possível ter uma
resposta na pergunta seguinte.
c. Como é este retorno é cálculo?
- Esta pergunta explora de forma mais direta a razão da pesquisa que
é como a pessoa chega ao cálculo. Aqui se espera que os
respondentes falassem como eles calculam o retorno do projeto.
Durante 1 mês e 15 dias, foram recebidos 11 questionários respondidos
completamente. A seguir, encontram-se algumas respostas:
41
42
A seguir os quadros IV, V, e VI apresentam as respostas referentes a
definição de sustentabilidade e a fórmula de cálculo de retorno financeiro pelos
gestores pesquisados:
Quadro IV. Definições de Projetos de Sustentabilidade – Gestores da Pesquisa
Você considera que sua empresa possui projetos sustentáveis? Caso afirmativo,
quais são as características que acredita ser importante para um projeto ser
sustentável?
Somos uma empresa de consultoria em sustentabilidade.
Sim. Conhecimento profundo da cadeia de fornecedores e parceiros do projeto,
remuneração justa para os profissionais envolvidos; ambiente de trabalho
adequado, flexível e criativo; foco na inovação; parcerias inteligentes e com
múltiplos conhecimentos; investimento em comunicação.
Sim. Além de ter uma rentabilidade adequada a utilização de recursos assertivos
(humanos, sociais, culturais e financeiros) é importante para se ter um projeto
sustentável.
Sim. O projeto deve contemplar primeiramente o engajamento de stakeholders, e
considerar uma visão de 360° de seu entorno, analisando os possíveis impactos
e benefícios para a sociedade. Deve-se pensar também nos recursos que serão
utilizados e buscar formas renováveis, seguras e limpas.
43
Trabalho em uma consultoria que implementa projetos de sustentabilidade em
clientes. Especificamente, atuo em um cliente da indústria de mineração. Como
prestadora de serviço, não se pode dizer que os próprios projetos de minha
empresa são sustentáveis, mas sim que a finalidade da implantação deles é
trazer sustentabilidade às operações e processos de seus clientes. Para isso,
leva em conta as variáveis sociais, ambientais e de governança corporativa
implicadas em cada uma das demandas de seus clientes.
É importante que o projeto além de contribuir de forma efetiva para a sociedade e
para o meio ambiente, apresente algum tipo de retorno para a organização, seja
na minimização de riscos, na identificação de oportunidades, na geração de valor
para a reputação, ou ainda ganhos de eficiência.
Abrangência de toda comunidade pelo serviço de saúde e implantação de
demais projetos sustentáveis: reciclagem, parcerias, possibilitando criação de
associações comerciais dentre os moradores.
Sim. Para um projeto ser sustentável ele deve ter métricas, como metas e
resultados.
Trabalhei na *** Até julho de 2011. Dado que você me mandou o convite para a
pesquisa vou responder sobre a posição nessa data. Sim, desde o design os
riscos e oportunidades estratégicos devem ser mapeados.
Não, a organização está começando a implantar práticas sustentáveis e vai
tentar capacitar sua rede para expandir esses conceitos.
Sim. Engajameno das comunidades,e stratégias de interação com políticas
públicas e diversificação de investidores/patrocinadores
Frente a pergunta realizada, observa-se que na maioria das respostas há a
preocupação em atender um dos tripés do Triple Bottom Line que é o social. Isto é
revelado quando são citados alguns stakeholders. No entanto, não se verificou
muita citação quanta as outras partes do tripé: econômico e ambiental.
44
Quadro V. Descrição dos Projetos Sustentáveis – Gestores Pesquisados
Descreva, de forma breve, o(s) projeto(s) sustentável(veis) de sua empresa e os
objetivos.
Somos prestadora de serviços na área de sustentabilidade.
O *** é um espaço aberto de estudo, aprendizado, reflexão, inovação e de
produção de conhecimento, composto por pessoas de formação multidisciplinar,
engajadas e comprometidas, e com genuína vontade de transformar a
sociedade.
O *** trabalha no desenvolvimento de estratégias, políticas e ferramentas de
gestão públicas e empresariais para a sustentabilidade, no âmbito local,
nacional e internacional. Seus programas são orientados por quatro linhas de
atuação: (i) formação; (ii) pesquisa e produção de conhecimento; (iii) articulação
e intercâmbio; e (iv) mobilização e comunicação.
Vou citar apenas algumas frentes de atuação. Temos desde formulação de
estratégias de sustentabilidade a mapeamento e engajamento de stakeholders.
Os trabalhos consistem em estruturar, planejar, capacitar e desenvolver
atividades junto às organizações de maneira que elas sejam capazes de
caminhar com as próprias pernas.
Projeto de planejamento e desenvolvimento sustentável de regiões turísticas.
Objetivos: desenvolver uma região turística de forma sustentável, considerando
as dimensões econômicas, sócio-culturais e ambientais, gerando benefícios
para a comunidade, empresários e turistas.
Desenvolvimento de termo de referência para consolidação da governança por
meio do fortalecimento das partes interessadas. Objetivos: Desenvolver um guia
prático para fortalecer as relações entre os stakeholders e a sustentabilidade
nos projetos de turismo.
São projetos de consultoria em sustentabilidade, meio ambiente, saúde e
segurança, aplicados em seus clientes. Cada projeto tem sua característica
específica relativa à indústria, geografia e desafios dos diferentes clientes em
que atuamos.
45
Gestão de sustentabilidade para fornecedores, que busca garantir que a cadeia
de abastecimento tenha objetivos comuns com a estratégia de sustentabilidade
da empresa;
para franqueados, disseminar a cultura da sustentabilidade para inserção do
tema na gestão destes parceiros;
estratégia de longo prazo, antever desafios e problemas futuros que possam
impactar diretamente os resultados da organização;
inserção nos processos, minimização de riscos e identificação de oportunidades
que possam inserir a sustentabilidade contribuindo diretamente parao negócio
Atuação em áreas carentes, levando conhecimento, dando oportunidade para
as pessoas excluídas, valorizando o ser humano, criando esperança de uma
vida melhor.
São muitos projetos em linhas de atuação muito específicas, na parea social e
ambiental.
*** - agenda de longo prazo para o município de Juriti.
Sustainable procurement - critérios socioambientais de seleção e avaliação de
fornecedores
Mapeamento de stakeholders - mapeamento estrategico de publicos de
relacionamento e definição de plano de engajamento.
Pretendemos captar água de chuva para uso em vasos sanitários e limpeza do
Armazém onde fica nossa sede.
Um projeto focado em ecoeficiência será implantado nas comunidades para além de gerar economia e trabalho - promover maior consciência ambiental nas
comunidades de baixa renda.
Sociais: Geração de renda e oportunidade de trabalho, Garantia dos direitos da
criança e do adolescente, educação apra qualificação profissional; ambiental,
cultural, esportivos
Seguindo ainda na análise anterior relativa ao tripé, a maioria dos projetos
abordam uma visão mais social com manuseio direto da comunidade alvo e focado
na educação, quando localizamos as expressões: “disseminar cultura da
sustentabilidade”, “levar conhecimento”, mas há também relacionados a
46
ecoeficiência. Nota-se que alguns entrevistados atuam na área de consultoria, o que
leva a crer que a amostra de resposta representa uma pequena parte dos projetos
por eles participados.
Quadro VI. Descrição da Fórmula de Cálculo de Retorno Financeiro – Gestores
Pesquisados
Descreva como é calculado o retorno financeiro do(s) projeto(s) citados:
Não calculamos
Não sou responsável por essa parte. Não sei responder.
Com a implantação do projeto busca-se medir os ganhos que a organização teve
em detrimento de sua iniciativa e aprendizado do projeto. É uma conta bem
simples que compara os resultados do cenário anterior (antes do projeto) com os
resultados atuais (pós projeto). Nem sempre é tangível e na maioria das vezes os
resultados são intangíveis.
Os projetos de sustentabilidade citados tem um retorno a longo prazo, mas o
financeiro neste caso não seria o principal, e sim os benefícios ambientais,
culturais e sociais. Para calcular o retorno financeiro em outros projetos
utilizamos a TIR, payback e valor presente.
Não tenho conhecimento de metodologia unificada pois aplicamos projetos muito
diversos em clientes bastante diferentes entre si. Atualmente estou calculando o
retorno do investimento em um projeto de meio ambiente, saúde e segurança na
indústria de mineração com base em: custo evitado (multas, perdas de
concessões, processos trabalhistas), eficiência operacional (redução de perdas
de processo) e custos da chamada "licença para operar", junto à comunidade e
stakeholders
Não há metodologia.
Desconheço, mas por se tratar de uma ONG essa preocupação deve existir para
comprovaros financiamentos conseguidos.
Através de métricas bem estabelecidas;
47
RETORNO SOBRE INVESTIMENTO sem inclusão de valoração socioambiental,
apenas os custos socioambientais são contabilizados (ex: custo de licenças,
pessoal de SSMA,etc.)
A partir da implantação dos projetos, os impactos (positivos e negativos) serão
monitorados dentro do padrão GRI, o que nos dará um norte para melhorias e vai
gerar nosso relatório de sustentabilidade a partir de 2012.
Sistemas informatizados e relatórios, inclusive de entidades independentes
Alguns gestores utilizam os métodos que citamos neste estudo tais como o
VPL e o TIR, outros utilizam métricas de indicadores como o GRI, mas é decorrente
ainda em alguns gestores a ausência de uma mensuração padronizada para os
projetos por eles gerenciados.
48
5. CONCLUSÕES
5.1 Análise de Resultados
Antes de inferir qualquer conclusão é necessário esclarecer que o resultado
da pesquisa com os gestores não teve como objetivo inferir características a um
grupo maior que o pesquisado. A amostra alcançada não é considerada significativa,
mas criou ainda mais perguntas a respeito do retorno de investimento em projetos
de sustentabilidade.
A primeira análise que deve ser feita se baseia em uma pergunta: Qual foi a
razão de poucos terem aderido a pesquisa, visto que ela se resume em poucas
perguntas, fora aplicada em nível nacional, utilizando a internet, e o fruto desta pode
servir para uma análise mais profunda da própria organização?
Uma das possíveis razões que apesar de hipotética, deve ser analisada é o
fato de se utilizar um site para levantar as respostas. Alguns profissionais podem ter
se sentido retraídos em um site “ponto.com” ou até o próprio termo “medindo
sustentabilidade” ser utilizado como chamariz da pesquisa.
Grande parte dos profissionais 82% da amostra demonstrou que aplicam
alguma forma de mensurar o retorno financeiro de seus projetos, alguns utilizam
métodos conhecidos e explicitados nesta monografia como o VPL, outros não
deixam claro a forma como calculam o retorno de investimento de seus projetos.
Essa dificuldade de manter clara a fórmula de cálculo é uma questão de preservar o
conhecimento por parte deles ou é uma espécie de desconhecimento da própria
fórmula de calcular?
É possível notar que os próprios respondentes utilizam um conceito aberto de
sustentabilidade, mas com semelhanças no Triple Bottom Line.
49
Grande parte das empresas que os respondentes fazem parte pertence ao
segundo e terceiro setor e as receitas brutas destas são concentradas nos dois
polos das divisões propostas pelo BNDES, isto é são grandes organizações e
pequenas organizações.
Os dois objetivos da pesquisa que foram: Identificar a fórmula de cálculo e
sua aplicação para cada projeto foi concluído parcialmente, visto que as fórmulas
foram citadas, mas não a discriminação da aplicação nos respectivos projetos.
Os objetivos deste trabalho, por fim, também foram atingidos de forma parcial,
visto que a hipótese de que os gestores em sua grande parte demonstraram utilizar
ferramentas para mencionar retorno, entretanto não foi possível identificar quais
ferramentas eles utilizam para cada situação, conforme mencionado nas respostas
das pesquisas.
5.2 Considerações Finais
Este trabalho buscou trazer de forma simplificada os interesses que cercam
os projetos de sustentabilidade. Foram levantados cálculos utilizados em análises
econômico-financeiras de projetos, a necessidade de alinhamento da estratégia da
empresa com o foco nos interesses de seus acionistas. Por fim, foi aplicada uma
pesquisa para levantar o atual panorama dos gestores no que diz respeito a este
processo.
A pesquisa que desde o inicio sem pretensão determinística, demonstrou
ainda um universo confuso com relação a definição de sustentabilidade pelos
gestores, mas apontou o interesse e a aplicação de técnicas de cálculo de retorno
de investimento. Os gestores, em parte, demonstraram utilizar técnicas clássicas
50
como o VPL e o TIR, mas na pesquisa não foi possível identificar esta resposta em
todos os respondentes.
A pesquisa ainda pode evoluir no sentido de chegar mais profundamente na
fórmula de cálculo e buscar explorar que tipo é melhor para determinados projetos.
Outro fator ainda não muito bem definido foi a classificação do tipo de projeto de
sustentabilidade, o que pode ter interferido diretamente no resultado da pesquisa.
51
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORDEAUS-RÊGO, R.; PAULO, G. P.; SPRITZER, I. M. DE P. A.; ZOTES, L. P.
Viabilidade Econômico-financeira de Projetos. 3rd ed. Rio de Janeiro: Editora
FGV, 2010.
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1st ed. Rio de Janeiro: Campus, 1984.
CEBDS. Casos CEBDS. Disponível em: <http://www.cebds.org.br/cebds/>. Acesso
em: 15/1/2012.
CRUZ, I. S. Programa Jovem Rural. Disponível em:
<http://www.jovemrural.com.br/index.php/quem-somos/>. Acesso em: 6/2/2012.
DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. 2nd ed. São Paulo: Atlas S.A., 1999.
ELKINGTON, J. Enter the Triple Bottom Line. (A. Henriques & J. Richardson,
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EPSTEIN, M. J. Making Sustainability Work. 1st ed. Berrett-Koehler Publishers,
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FERREIRA, A. C. DE S. Contabilidade Ambiental. 1st ed. São Paulo: Atlas S.A.,
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GONZAGA MIBIELLI DE CARVALHO, P.; BARCELLOS, F. C. Economia do MeioAmbiente, 2010. Elsevier.
PHILLIPS, J. J.; PHILLIPS, P. P. The Green Scorecard. 1st ed. Boston: Nicholas
Brealey Publishing, 2011.
52
PMBOK®: Um Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de
Projetos, Terceira edição, 2004. 405p.Uma Norma Nacional Americana
ANSI/PMI 99-001-2004
PORTER, M. E.; KRAMER, M. R. Strategy and Society Strategy and Society. (W.
Cragg, M. S. Schwartz, & D. Weitzner, Eds.)Harvard Business Review, v. December,
p. 360-370, 2006. Ashgate Publishing Limited.
WILHELM, K. Return on Sustentability. 1st ed. Indianaplois: Dog Ear Publishing,
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Acesso em: 17/8/2011.
53
7. APÊNDICES
7.1. Questionários Aplicados
54
55
56
7.2. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Apresentação
Esta pesquisa, fruto do desenvolvimento de minha monografia final do curso de MBE de Economia e
Gestão da Sustentabilidade do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem
o objetivo de identificar como funciona a forma de cálculo do retorno de investimento para os projetos
sustentáveis nas organizações.
Para isso, descrevi os métodos encontrados na literatura sobre Retorno de Investimento em
Sustentabilidade e relacionarei os métodos com as empresas que queiram contribuir com esta
pesquisa, respondendo a este questionário.
Objetivo do Estudo
Identificar como funciona a forma de cálculo de retorno nas organizações no que diz respeito aos
projetos de sustentabilidade
Objetivos Específicos
- Identificar métodos aplicados para calcular retorno em projetos sustentáveis
- Identificar quais os tipos de métodos utilizados para cada situação
Dúvidas e reclamações
Caso seja necessário, você pode contatar os pesquisadores pelos meios presentes no site:
www.medindosustentabilidade.com
Participação
Disponho-me a participar da pesquisa sobre o "Medindo Sustentabilidade: Um estudo sobre as
técnicas de cálculo do retorno de investimento em projetos de sustentabilidade", Os resultados desta
pesquisa poderão ser utilizados também em futuros trabalhos acadêmicos, ficando garantido o sigilo
sobre minha identidade. Declaro, também, que sou profissional da área de sustentabilidade e já
gerenciei/participei de projetos com esta finalidade.
Caso concorde com a pesquisa clique no botão ao lado "INICIAR PESQUISA"
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