Edição 03 Revista Universo do Petróleo e Gás Julho a Dezembro

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Edição 03 Revista Universo do Petróleo e Gás Julho a Dezembro
V. 01 N. 3 - JULHO/DEZEMBRO - 2010 - SEMESTRAL - ISSN 2176-7947
V. 01 N. 3
JULHO/DEZEMBRO - 2010 - SEMESTRAL
ISSN 2176-7947
ISSN 2176-7947
UNIVERSO DO PETRÓLEO E GÁS
Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN
v. 01 n.3 Jul./Dez – 2010 - Semestral
Diretor Geral
Tadeu Antônio de Oliveira Penina
Coordenadora Acadêmica
Eliene Maria Gava Ferrão
Sub-Coordenadora Acadêmica
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Ciências Contábeis / Petróleo e Gás
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Administração de Empresas/ Administração com linha de Pesquisa em Análise de Sistemas
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Direito
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Presidente da Comissão Editorial
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Endereço para correspondência
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Rua Jacobina, 165 – Bairro São Francisco
29830-000 – Nova Venécia – ES
e-mail: [email protected]
Capa
Maico Roncatto
Universo do Petróleo e Gás / Faculdade Capixaba de Nova Venécia–
v.1. n.3, 2010 – Nova Venécia: UNIVEN, 2010.
Semestral
ISSN 2176-7947
1. Pesquisa científica: Periódicos. I. Faculdade Capixaba de Nova
Venécia.
CDD. 665.05
UNIVERSO DO PETRÓLEO E GÁS
SUMÁRIO
ARTIGOS
O Petróleo e a Economia do Brasil .................................................................................
05
Perspectivas Quanto a Utilização do Gás Natural Com Matriz Energética no Brasil
21
Utilização do Etanol em Motores a Combustão no Brasil ............................................
32
O Papel do Gestor frente ao Projeto Economia de Comunhão (EDC) .......................
61
Bruno Tófano Soares
Fernanda Silva
Maria das Graças Santana Fernandes
Neli de Jesus Ferreira
Charlayne Soares
Diogo Pereira Freitas
Gean Breda Queiros
Geiza Xavier
Dárick Daniel Fernandes
Maria das Graças Santana Fernandes
Mauricio Toscano Oliveira Tomaz
Thaianny Viturini Moitinho
Yuri Alves Victoria
Gean Breda Queiros
Márcio Basseti
Estudo da Viabilidade de Utilização do Óleo Residual de Fritura do Comércio para
Produção de Biodiesel na Cidade de Nova Venécia-ES ................................................ 70
Jeane Carla da Silva Rodrigues
Magda Gomes Louback
Vanderléia da Silva França
Educação Ambiental: um caminho para um futuro sustentável .................................
Lucinete Oliveira
88
ISSN 2176-7947
5
O PETRÓLEO E A ECONOMIA DO BRASIL
Bruno Tófano Soares1
Fernanda Silva2
Maria das Graças Santana Fernandes3
Neli de Jesus Ferreira4
RESUMO
O presente estudo objetiva demonstrar um perfil da exploração e produção de petróleo no
país, bem como os benefícios e riscos que essa atividade oferece à sociedade em geral. Sabese que a extração do petróleo envolve muitos fatores e que estes precisam ser compreendidos
e tratados de forma coesa e segura, não impedindo que o aumento na produção seja afetado, já
que o trabalho petrolífero é indispensável para a economia do Brasil. Dessa forma, com os
avanços nas pesquisas e descoberta de novas jazidas de petróleo tornam-se cada vez mais
necessários estudos e acompanhamentos desta natureza, assim como a formação de
profissionais capacitados para a atuação nesta área. Para melhor compreender o tema
abordado, os resultados obtidos foram alcançados mediante uma pesquisa exploratória e
descritiva; e a técnica para a coleta de dados constituiu numa pesquisa bibliográfica e usadas
somente fontes secundárias. Diante do trabalho realizado obteve-se como resultado, a
demonstração de mudanças ocorridas na economia brasileira com as grandes descobertas do
petróleo.
PALAVRAS-CHAVE: Exploração. Produção. Meio Ambiente.
ABSTRACT
The present study aims to demonstrate a profile of the oil exploration and production in the
country, as well as the benefits and risks that such activity provides to society in general. It is
known that the extraction of oil involves many factors and these need to be understood and
addressed in a cohesive and safe and do not prevent the increase in production is affected,
since the work is essential to oil the economy of Brazil. Thus, with advances in research and
discovery of new oil fields become increasingly necessary and follow-up studies of this
nature, as well as the training of professionals trained to work in this area. To better
understand the subject matter, the results were achieved through an exploratory and
descriptive, and the technique for data collection was a literature search and used only
secondary sources. Before the work was obtained as a result, the demonstration of changes in
the Brazilian economy with the great discoveries oil.
KEYWORDS: Exploitation. Production. Environment.
1 Tecnólogo em Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia ( UNIVEN).
2 Tecnólogo em Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia ( UNIVEN).
3 Graduada em Administração de Empresas, Pós-/graduada em Didática no Ensino Superior pela UNIVEN e professora da Faculdade Capixaba de Nova Venécia –
UNIVEN.
4 Tecnólogo em Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia ( UNIVEN).
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1 INTRODUÇÃO
A atividade petrolífera é uma das atividades mais importantes no setor energético,
contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico do Brasil, pois é uma
grande geradora de emprego e recursos para a economia brasileira.
Segundo Suslick, (2002):
Para atender o suprimento dessa fonte energética para a sociedade, as empresas se
dedicam à exploração como um primeiro passo para manter o ciclo de geração de
jazidas. Trata-se de uma atividade estratégica da cadeia produtiva do petróleo
composta por uma sequência complexa de etapas e de processos decisórios,
envolvendo investimentos e riscos bastante elevados e de longa maturação na
expectativa de descobertas de volumes de petróleo crescentes.
A partir da década de 1940, o setor energético brasileiro tornou-se mais intenso no processo
de industrialização e de urbanização, e com isso passou por profundas mudanças. Suslick
(2002) menciona que a principal foi a crescente substituição da lenha e do carvão vegetal para
as fontes de maior rendimento (carvão mineral, petróleo e eletricidade, principalmente a de
origem hidráulica).
O petróleo é a segunda fonte de energia mais consumida no Brasil, sendo a primeira a
hidroeletricidade. Com a descoberta de novas reservas petrolíferas o Brasil pode ficar entre as
maiores do mundo.
O objetivo geral da pesquisa consiste no intuito de analisar e mostrar as mudanças
econômicas causados pela exploração e produção de petróleo do Brasil e a importância da
atividade petrolífera, bem como a necessidade de desenvolver esta atividade com menor
impacto possível para o meio ambiente.
A possível escassez do petróleo, as novas descobertas às atividades petrolíferas, tudo isso
mexe na economia e na sociedade do Brasil e do mundo. O presente trabalho de pesquisa tem
como objetivo responder à seguinte pergunta: Quais as mudanças que o petróleo trouxe para a
economia do Brasil?
Com o desenvolvimento deste artigo proporciona uma maneira de aprender com
responsabilidade contando com a busca de bons argumentos para a sua elaboração, já que
qualquer que seja o campo pesquisado, sempre será necessária uma pesquisa bibliográfica
para adquirir conhecimento prévio do estágio em que se encontra o assunto. Ou seja, é
importante a observação dos problemas, os estudos sobre esses problemas e a elaboração para
a possível resolução dos mesmos.
Para a pesquisa bibliográfica, foram analisados vários autores e pesquisadores de renome e
respaldo na área de petróleo, que tem como base principal a utilização de materiais de
pesquisa com a finalidade de adquirir conhecimentos para a elaboração do valioso trabalho.
De acordo com o tema apresentado, ficou claro que o petróleo influenciou positivamente na
economia brasileira, diminuindo a dependência externa de derivados de petróleo e gerando
renda com criação de empregos.
No desenvolvimento deste artigo foi possível constar a necessidade de elencar dados por meio
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da pesquisa exploratória e descritiva. A escolha por esse tipo de pesquisa se deu em virtude
desta metodologia possibilitar a acumulação de informações e dados pertinentes ao tema,
conforme menciona Gil (2002, p. 41) que “uma pesquisa exploratória tem o objetivo de
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou
construir hipóteses”.
Entretanto, como técnica para coleta de dados utilizou-se de pesquisa bibliográfica, que tem
como base principal a utilização de referências publicadas em livros, artigos, redes
eletrônicas, etc., como argumenta Ferrão (2005), com a finalidade de adquirir conhecimentos
sólidos e confiáveis a respeito do estudo proposto. Tendo como fontes para a coleta de dados
e a realização desta pesquisa as fontes secundárias, que segundo Andrade (2001, p. 43)
“referem-se a determinadas fontes primárias, isto é são constituídas pela literatura originada
de determinadas fontes primárias e constituem-se em fontes das pesquisas bibliográficas”.
Portanto, foi necessário coletar dados secundários utilizando materiais científicos para melhor
realização deste trabalho.
2 SUSTENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 A HISTÓRIA DO PETRÓLEO NO BRASIL
A produção e exploração de petróleo no Brasil ganharam importância no período posterior à
segunda guerra mundial, com o desempenho de nacionalista que defendiam a nacionalização
dos recursos minerais brasileiros, e a criação de companhias brasileiras para explorá-las.
Durante a década de 1950, criou-se a Petrobrás, que passou a exercer o monopólio estatal da
pesquisa e exploração das reservas brasileiras de petróleo.
Segundo Thomas (2004, p. 3):
Durante a década de 30, já se instalava no Brasil uma campanha para a
nacionalização dos bens do subsolo, em função da presença de trustes (reunião de
empresas para controlar o mercado) que se apossavam de grandes áreas de petróleo e
de minérios, como o ferro. Um das pessoas que desempenhou papel chave nesta
campanha foi Monteiro Lobato, que sonhava com um Brasil próspero que pudesse
oferecer progresso e desenvolvimento para sua população.
A primeira área brasileira pesquisada que apresentou resultados foi o Recôncavo Baiano.
Logo a seguir, novas jazidas de caráter comercial foram descobertas e começaram a ser
exploradas. A adoção do rodoviarismo, influenciado pelos capitais estrangeiros,
especialmente ligados aos setores automobilísticos e petrolíferos, fez aumentar muito o
consumo de derivados de petróleo, o que estimulou a exploração de novas jazidas, afirma
(THOMAS, 2004).
Após muitas pesquisas realizadas nas bacias de Alagoas, Sergipe, Paraná e do Recôncavo,
perceberam-se então que ali poderia ser feita muitas perfurações que seriam viáveis. E com
essas descobertas, a sociedade e os partidos políticos fizeram um grande movimento em favor
do petróleo, e com o governo Getúlio Vargas assinaram a lei 2004, em outubro de 1953, onde
intensificava o petróleo brasileiro como monopólio.
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2.2 O INÍCIO DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO NO BRASIL
Com o desenvolvimento industrial, aumentou a construção de rodovias, ligando as principais
cidades do país, a frota de automóveis e consequentemente o aumento do consumo de
derivados de petróleo.
De acordo com Lucchesi (1998):
Em função do desenvolvimento industrial e da construção de rodovias que
interligavam as principais cidades brasileiras, o consumo de combustíveis fósseis
aumenta grandemente na década de 50. Nesta época a produção nacional era de
apenas 2.700 barris por dia, enquanto o consumo totalizava 170 mil barris diários,
quase todos importados na forma de derivados (combustível já refinado). Esses
dados foram publicados por Celso Fernando Lucchesi, no número 33 da Revista do
Instituto de Estudos Avançados, da USP (Universidade de São Paulo).
Dessa forma foi necessária a busca por serviços especializados e funcionários capacitados
para atender a demanda de produção, sendo este o início de um novo mercado de trabalho.
Nos anos anteriores a 1968, a mão-de-obra especializada era importada; os técnicos vindos de
outros países foram, gradativamente, sendo substituídos por técnicos brasileiros, que eram
enviados ao exterior para se especializarem. Os esforços eram concentrados na região da
Amazônia e do Recôncavo.
Lucchesi (1998) expressa que após quinze anos com a criação da Petrobrás em 1953, se
expandiram as áreas de exploração para a acumulação de Jequiá, na Bacia de SergipeAlagoas, e Carmópolis (SE). E em 1969, a área de exploração do primeiro poço offshore no
Campo de São Matheus (ES), atingiu Guaricema (SE).
“Essas descobertas contrariaram os resultados de um relatório divulgado em 1961, pelo
geólogo norte-americano Walter Link, contratado pela Petrobrás, que concluiu a inexistência
de grandes acumulações petrolíferas nas bacias sedimentares brasileiras” (LUCCHESI, 1998).
A queda das reservas terrestres e a baixa produção no mar levaram à ampliação dos
financiamentos no downstream (refino, transporte e petroquímica) em 1972 e a criação da
Braspetro, com o objetivo de buscar alternativas de outros países para o abastecimento de
petróleo (LUCCHESI, 1998).
Neste momento, o peso e a medida de muitas economias do mundo, já era o petróleo, fato que
foi comprovado em 1973 com a eclosão da primeira crise do petróleo, que modificou
profundamente as relações de poder das empresas multinacionais, dos países produtores e
consumidores de petróleo (LUCCHESI, 1998).
Dando continuidade Lucchesi (1998), afirma que, em função da bacia de Campos, a produção
petrolífera brasileira chega aos 182 mil barris ao dia, sendo reconhecida até os dias atuais
como a mais produtiva bacia do país e uma das maiores produtoras de petróleo de águas
profundas do mundo.
Os primeiros tratados de risco são assinados em 1975, quando o país abre as portas para a
entrada de multinacionais para explorarem petróleo com a promessa de trazerem um aporte
financeiro que fosse significativo para o país. Apesar das empresas estrangeiras terem o
direito de atuar em 86,4% das bacias sedimentares (associadas à presença de jazidas de
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petróleo) do país, deixando apenas o restante nas mãos da Petrobrás, os contratos não
produziram e nem trouxeram o capital que prometeram.
Isso certamente amenizou a chegada de uma segunda crise do petróleo que voltaria a mexer
com as relações internacionais; e o cenário petrolífero brasileiro estaria condenado.
Ainda como diz Lucchesi (1998):
Ao contrário do que se esperava, o choque do petróleo e o aumento dos preços
sacudiram a indústria nacional, forçando grandes investimentos na prospecção de
jazidas em território brasileiro para reduzir a dependência externa.
Neste momento os geólogos e engenheiros da Petrobrás já utilizavam a tecnologia
da sísmica tridimensional (3D) de maneira rotineira, o que diminuiu o custo
exploratório e trouxe importantes descobertas de gás e petróleo.
A Lei do Petróleo, de 1997, inicia uma nova fase na indústria petrolífera brasileira.
Junto com a criação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que substituiu a
Petrobrás nas responsabilidades de ser o órgão executor do gerenciamento do
petróleo no país, onde a produção ultrapassa 1,5 milhão de barris/dia.
Atualmente, “a Petrobrás detém o recorde mundial de perfuração no mar, com poço
em lamina dágua de 2.700 metros. Ela exporta a tecnologia de exploração nesses
ambientes para vários países.” De acordo com a Universidade Estadual Fluminense
(2009).
2.3 AS MUDANÇAS ADVINDAS DO PETRÓLEO
Desde a descoberta do petróleo e da geração de energia o homem não para de inovar e buscar
novas tecnologias para melhorar sua permanência no planeta; isso, contudo ,não se abstém de
insucessos e prejuízos pessoais e ambientais.
De acordo com Furtado (2002):
A década de 1990 trouxe profundas mudanças, tanto no plano institucional como
macroeconômico, que tiveram consideráveis desdobramentos para os setores de
infra-estrutura. Esses setores eram dominados por grandes empresas estatais que, a
partir de sua posição de monopsônio na compra de equipamentos, e sob influência
do poder público, haviam montado políticas de capacitação de fornecedores locais
de equipamentos, as quais incluíam, além do domínio tecnológico da produção de
equipamentos complexos, a absorção de tecnologias geradas pelos centros de
pesquisa das estatais. Essas políticas se intensificaram durante as décadas de 70 e
80, com as crises energéticas e do endividamento externo, porque serviram de
instrumento para reduzir a vulnerabilidade externa da economia brasileira.
Neste contexto, houve uma grande busca de atualização tecnológica e modernização
produtiva por parte das empresas, ao se relacionarem diretamente com fornecedores externos.
”As aberturas comerciais e tecnológicas, além de uma taxa de câmbio sobre valorizada,
favoreceram a importação de tecnologia incorporada e desincorporada. Houve, em
decorrência deste fenômeno, um recuo dos fornecedores e da produção local” ( FURTADO,
2002).
A indústria petrolífera se compõe basicamente das companhias de petróleo, chamadas de
operadoras, e os fornecedores de bens e serviços denominados de indústria para-petroleira. A
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Petrobrás líder da indústria de petróleo apresentava, antes da mudança institucional, uma
organização centrada verticalizada.
Para Furtado (2002):
Por apresentar um impacto muito negativo na Balança Comercial, a estatal foi
induzida pelo poder público a buscar a auto-suficiência do país na produção de bruto
e a reduzir o seu impacto nas importações de bens de capital. Por essa razão, e
também por ser a mais antiga dos setores de infra-estrutura, ela desenvolveu uma
política pioneira e bastante bem sucedida de capacitação e qualificação dos
fornecedores nacionais.
A abertura comercial, no início da década de 1990, alterou a estratégia da Petrobrás
de aumentar cada vez mais o índice de nacionalização dos insumos e equipamentos
adquiridos. Esse índice, segundo dados da companhia, chegou a alcançar 92% no
início dos anos 1990, mas logo declinou para um nível próximo de 80% ao longo da
década.
De acordo com a citação, foram implantadas políticas neoliberais no Brasil, abrindo à
iniciativa particular a exploração de serviços como a distribuição de energia elétrica e o
abastecimento de água. A partir de então foram privatizados, principalmente os setores de
distribuição e comercialização de energia.
Furtado (2002), diz que o governo aumentou o preço interno dos derivados de petróleo, a
partir de meados dessa década 90, onde os investimentos voltaram para níveis normais, ou
seja, a exploração em águas profundas que tem um enorme potencial produtivo na Bacia de
Campos, tornou-se viável, e a Petrobrás pode recobrar a rentabilidade interna.
Segundo Lima Neto (1995):
O setor petrolífero brasileiro vem passando por mudanças radicais a partir de
meados dessa década de 90, mas precisamente 1995, com a edição da emenda
Constitucional nº 9, abrindo o mercado brasileiro para empresas privadas nacionais e
internacionais no que se refere às atividades da indústria do petróleo que constituem
monopólio da União e que até então era exercido com exclusividade pela Petrobras.
A referida abertura foi consolidada com a Lei 9.478 de 1997 que regulou o fim do monopólio
das atividades petrolíferas por parte da Petrobrás, além de criar a Agência Nacional do
Petróleo (ANP), e o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Para Lima Neto (1995), diante das mudanças, surge um desafio a Agência Nacional de
Petróleo (ANP), “assumindo o papel de regular as atividades do setor petrolífero, além de
estimular seu desenvolvimento por meio da entrada de novos atores e de atuar no mais
diversos campos da indústria petrolífera”.
O maior objetivo da mudança institucional foi a oportunidade de ampliar o volume de
investimentos e valorizar os potenciais recursos do país, e atender ao consumidor final. A
mudança institucional no setor de petróleo e gás natural apresenta importantes oportunidades
para indústria de fornecedores.
De acordo ainda com Lima Neto (1995):
Conclui-se que a Petrobrás detinha o monopólio na área de petróleo no Brasil. Com
o fim do monopólio da Petrobrás na execução das atividades petrolíferas, a abertura
do mercado brasileiro para a entrada de empresas privadas, enfim, o novo modelo da
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política petrolífera nacional trouxe consigo uma série de dúvidas, desafios e
oportunidades a serem investigados e aproveitados por todos que atuam nessa área.
Em face disso foi criada a agência nacional do petróleo (ANP), com a função de
regular as atividades desse setor e atuar diretamente na resolução de eventuais
problemas que venham a nele surgir.
Furtado (2002), diz que a ANP Preocupada com o destino da indústria de fornecedores passou
a incorporar novos critérios para seleção de áreas índices de nacionalização dos leilões,
índices que ficaram abaixo de 40%. A única causa das operadoras se desinteressarem pelos
fornecedores nacionais foi a Repetro, que careciam de mecanismos de financiamento
adequados já que se estes estavam defasados.
A Petrobrás sobre pressão do governo do Estado do Rio de Janeiro, aumentou suas
encomendas aos estaleiros navais, porque a indústria de fornecedores não tinha entrado
completamente em declínio, após ter sofrido uma depressão profunda que quase levou à
extinção, conseguiu se erguer novamente.
Segundo Furtado (2002):
Assim as mudanças institucionais da década de 1990 alteraram profundamente os
sistemas industriais e de inovação setoriais, centrados anteriormente nas estatais. A
lógica empresarial, que passou a dominar as estratégias das empresas líderes, aliada
à abertura da economia nacional, induziu esses atores a buscar fornecedores
externos.
No caso da indústria do petróleo, a abertura à concorrência no upstream, feita com o propósito
de aumentar o volume de investimentos nessa atividade, contribuiu para criar um regime
tributário que desincentiva a produção local.
Ainda que essas mudanças tenham conduzido à busca de eficiência e a uma maior
concorrência entre empresas, elas não foram suficientes para reforçar os elos entre os atores
dos sistemas setoriais de produção e inovação.
Com base na citação, pode-se dizer que com as mudanças ocorridas enfraqueceram alguns
elos entre as empresas líderes, e que a indústria do petróleo teve maior contribuição por parte
da cadeia produtiva (Upstream), além de beneficiarem a produção local do que a importação.
De acordo com Furtado (2002):
Como o sistema produtivo dos fornecedores locais padece de séria defasagem
tecnológica em relação aos concorrentes internacionais, e como ocorrem muitas
"falhas de mercado" no Brasil, por exemplo, taxas de juros altas, infra-estrutura
deficiente, etc., é necessário que haja um órgão de política industrial que atue no
sentido de corrigi-las. É justamente esse ator que esteve ausente das mudanças
institucionais e das políticas da década de 1990 na indústria do petróleo.
Por atividade petrolífera ser uma atividade de riscos é preciso investir em tecnologias e propor
políticas adequadas e estar sempre presente durante o seu processo de exploração e produção.
2.4 MUDANÇAS NO PAPEL DO ESTADO
Com o fim do monopólio o estado passa de produtor e provedor para regulador e fiscalizador,
e o órgão criado para atuar nesse papel foi a ANP (Agência Nacional de Petróleo).
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Segundo Suslick (2002):
O fim do monopólio, instituiu não apenas um conjunto de mudanças de caráter
técnico-administrativo, mas uma redefinição no papel do Estado. De produtor e
provedor o Estado passa para regulador e fiscalizador. Para alguns especialistas esta
é uma tendência natural do mercado internacional. Para outros envolve inúmeras
escolhas de caráter político-social, atingindo diretamente o Estado de Bem-Estar
Social.
Com a criação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), órgão vinculado ao Ministério de
Minas e Energia, que passou a regular e fiscalizar a indústria de petróleo no Brasil.
Houve uma preocupação de promover licitações para a concessão de áreas ou blocos
destinados à exploração de petróleo e de gás natural. Até o momento, quatro licitações (nos
anos de 1999, 2004, 2006 e 2007) foram realizadas, resultando na concessão de blocos
exploratórios à Petrobrás e a várias outras empresas internacionais.
De acordo com a citação acima, em 1997, houve a quebra do monopólio da Petrobras, com
isso outras empresas puderam explorar petróleo no Brasil. A Petrobras deixa de ser
responsável pela fiscalização e gerenciamento das atividades petrolíferas no Brasil. Para esse
fim foi criado a ANP (Agência Nacional de Petróleo), um órgão vinculado ao Ministério de
Minas e Energia, que fiscaliza, regulariza as atividades e também é responsável na realização
de licitações para a concessão de áreas ou blocos destinados à exploração de petróleo e de gás
natural.
Avalia-se a condução da ANP (Agência Nacional de Petróleo) nesse processo como "muito
boa", mas ressalta que por outro lado não houve muito sucesso no setor de refino, distribuição
e transporte (downstream). Para ANP, a Petrobrás continua responsável por cerca de 95% das
atividades, uma vez que existem apenas duas refinarias privadas (SUSLICK, (2002).
João Rodrigues Neto (2002), professor e pesquisador do Departamento de Ciências
Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sob outra perspectiva
analisou o processo de concessão: "Essas são concessões de transferência do patrimônio
público para o patrimônio privado, e essa perda de patrimônio para empresas estrangeiras gera
uma divisão das reservas nacionais, que antes eram da Petrobrás, comprometendo o futuro da
empresa que estava garantido".
2.5 NOVA IMAGEM DA PETROBRÁS
A nova imagem da Petrobrás é de internacionalizar-se expandindo o campo de atuação para
outros países e explorar os setores elétricos e gás, deixando de ser uma empresa de petróleo, e
passando a ir além do petróleo a ser uma empresa energética.
Para Camargo (apud SUSLICK , 2002):
A Petrobrás teria que mudar sua atuação para se adequar aos novos tempos. Essa
mudança envolveu a criação de um novo plano estratégico criado em 1999, baseado
em três pontos principais: consolidar o que foi construído, internacionalizar a
empresa, e explorar os setores de energia elétrica e gás. Estes dois últimos pilares
entram em jogo na empresa após a quebra do monopólio.
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Na perspectiva da Petrobrás a internacionalização aparece como algo inevitável e necessário,
em especial porque a entrada em mercados estrangeiros reduz a relação custo-capital da
empresa, que é mais alto do que das empresas concorrentes devido, entre outras coisas, ao
chamado risco - Brasil.
Atualmente 5% da receita provêm de projetos internacionais. A meta é atingir 20%. A
internacionalização é bom para “Petro” e altamente duvidoso para o “Bras”, levando em
consideração que os problemas nacionais não têm sido atendidos e que a internacionalização
só é válida se "atende aos interesses nacionais".
Pôde-se concluir com base nos conceitos acima citados, que com a internacionalização
aumenta os investimentos e a possibilidade de geração de empregos no Brasil e fora do país, e
que as indústrias do petróleo possui elevados investimentos que estão associados a
preocupações ambientais.
2.6 RISCOS DO PETRÓLEO PARA O MEIO AMBIENTE
A atividade petrolífera tem grande potencial de causar danos ambientais. Em função dos
riscos da atividade petrolífera, a Petrobrás criou vários programas com objetivo de minimizar
os riscos e impactos ambientais.
Segundo Suslick (2002):
No Brasil, os dois últimos graves acidentes em oleodutos da Petrobrás aconteceram
no ano de 2000 e causaram grandes vazamentos na Baía da Guanabara e no Paraná.
Naquele mesmo ano, a Petrobrás criou o Programa de Excelência em Gestão
Ambiental e Segurança Ocupacional (Pégaso).
A Petrobrás mantém a disposição um helicóptero com sensores infravermelhos para
a detecção de hidrocarbonetos na água e uma embarcação, na Baía de Guanabara,
especializada em controle de vazamentos, com capacidade para recolher até 200 mil
litros de óleo por hora. Para evitar a repetição dos últimos acidentes ambientais nos
oleodutos, esse programa inclui a revisão, substituição de peças e automação.
Os CDAs ficam em alerta 24 horas, com equipamentos de segurança, barcos, balsas
recolhedoras de óleo, dispersantes químicos, agentes biorremediadores e grandes extensões de
barreiras de contenção e absorção.
Mediante o que foi mencionado acima, até 2003, a Petrobrás investiu mais de 3,2 bilhões na
implantação do programa Pégaso, cerca de 3 mil projetos. E o CDAs (Centro de Defesas
Ambientais) é um programa que fica em alerta 24 horas com equipamentos de segurança.
Além desses programas existe a RECUPETRO, que é responsável pela recuperação das áreas
contaminadas pelas atividades petrolíferas.
Para Suslick (2002):
A utilização do petróleo traz grandes riscos para o meio ambiente, desde o processo
de extração, transporte, refino, até o consumo, com a produção de gases que poluem
a atmosfera. Os piores danos acontecem durante o transporte de combustível, com
vazamentos em grande escala de oleodutos e navios petroleiros.
Além disso, a rede se propõe a realizar a formação e capacitação de recursos humanos
especializados para gerenciar os problemas do meio ambiente, causados pelas atividades de
14
exploração, produção, refino e transporte de petróleo e seus derivados nas regiões do país
onde acontecem estas atividades.
Suslick (2002), “afirma que hoje se discute muito com ações que visam contribuir com
avanços tecnológicos para auxiliar nos impactos ambientais causados pela atividade da
indústria petrolífera”.
Além dos danos causados ao meio ambiente pelo vazamento do petróleo bruto, a fase de
industrialização e o refino causam fortes impactos ambientais.
2.7 PAÍSES DA OPEP VIVEM CONSTANTES INSTABILIDADES, ISSO REFLETE NO
BRASIL E NO MUNDO
As crises mundiais do petróleo são exemplos desses reflexos das decisões tomadas pelos
países membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), onde a
suspensão do fornecimento de petróleo elevou o preço de seus derivados, gerando crise no
mundo inteiro.
Segundo Suslick (2002):
Uma das causas da crescente instabilidade mundial vivida nos últimos meses quando
crescem as ameaças de uma invasão do Iraque por parte dos Estados Unidos e
circulam boatos de que o próximo alvo pode ser o Irã pode estar ligada a uma
instituição com papel preponderante na economia mundial dos últimos 30 anos: a
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Três de seus países membros não gozam de boas relações com os Estados Unidos. Além de
Iraque e Irã, a vizinha do Brasil, Venezuela, terceira maior exportadora para o mercado norteamericano e quinta maior produtora mundial, não é vista com bons olhos pelo governo de
George W. Bush. A Opep ainda é uma das instâncias mais poderosas do mundo. Controlando
um pouco menos da metade das reservas petrolíferas do mundo (aproximadamente 40%) a
Opep reúne onze países subdesenvolvidos que estabelecem para si cotas de produção com a
intenção de controlar (por intermédio do aumento ou diminuição da oferta) o preço do
petróleo mundial.
Suslick (2002) diz que a maior reserva de petróleo do mundo estão em países que vivem em
constantes conflitos e turbulência política, esses países compõe a OPEP (Organização dos
Países Exportadores de Petróleo) que é a organização dos países exportadores de petróleo, o
poder sobre as principais decisões ligadas ao petróleo está nas mãos desses países. Decisões
tomadas pela OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) refletem no mundo
inteiro.
O Brasil sofreu e cresceu muito com essas crises; o consumo disparava e a produção de
petróleo não acompanhava esse crescimento, criando uma dependência muito grande do
petróleo de outros países. Com isso o Brasil viu a necessidade de aumentar a produção e
diminuir a dependência externa adotando medidas e políticas para esse fim. Nesse período foi
de grande impulso a prospecção e exploração de petróleo no Brasil (SUSLICK, 2002).
Ainda de acordo com Suslick (2002):
15
Todos os produtores aumentaram a produção devido aos altos preços do mercado,
declarou Ali Rodriguez, presidente da estatal Petróleo da Venezuela S.A. (PDVSA)
e ex-secretário geral da Opep. A divergência entre os países da Opep pode ser
explicada, segundo Adriano Pires Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura
(CBIE), pela situação econômica diferenciada vivida pelos países.
É possível perceber que um dos resultados mais importantes dessa política foi a descoberta da
bacia de Campos no Rio de Janeiro, onde o reservatório se localizava em alto mar, e a sua
exploração exigia sofisticados equipamentos de perfuração e extração. Isso tornou a Petrobrás
uma empresa de capacidade em tecnologia de produção de petróleo em alto mar.
Posteriormente, houve várias descobertas de petróleo na bacia de Santos no litoral de São
Paulo.
Continuando Suslick (2002) diz que pouco a pouco o Brasil se aproximava da autonomia; em
2003, importou apenas 10% do petróleo que consumiu isso ocorreram em função de vários
fatores resultantes das políticas brasileiras, que buscaram diminuir a dependência externa,
como o melhor aproveitamento de gás natural, investimentos na criação de fontes renováveis
de energia, e principalmente com o aumento da produção do petróleo, graças a descobertas de
novos campos e o avanço de tecnologia em exploração e produção de petróleo.
Todos esses avanços tecnológicos, e o aumento de produção de petróleo, além de diminuir a
dependência externa de derivados, alavancaram a economia brasileira, com geração de
impostos, criação de empregos, investimentos em educação e formação profissional.
2.7.1 A PARTICIPAÇÃO DO PETRÓLEO NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA
A partir da década de 80, a matriz energética continuou estável, passando de 13% em 1989
para 14% em 2004, onde o diesel é o derivado que tem maior participação no consumo, isso
ocorre pelo fato de o transporte rodoviário ser o principal meio de transporte num país grande
como o brasil.
Segundo Pires (2006):
Nas últimas três décadas, a matriz energética brasileira passou por um processo de
substituição gradativa de energéticos, com significativa queda da participação do
petróleo e seus derivados, da lenha e do carvão vegetal. De acordo com os dados do
Balanço Energético Nacional de 2005, a participação do petróleo e seus derivados na
oferta interna bruta de energia tiveram seu pico de 50,5% em 1978 e depois declinou
até atingir 39,1% em 2004. A participação da lenha na matriz energética também
caiu significativamente, passando de 28,2% para 13,2%.
O potencial energético brasileiro passou a ser objeto de políticas governamentais. O elétrico
ganhou impulso com a instalação de grupos estrangeiros e tecnológicos na geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica.
Para Pires (2006):
Esta trajetória da matriz pode ser atribuída à combinação de quatro fatores. O
primeiro deve-se à política de construção de grandes empreendimentos hidrelétrica
iniciada a partir da primeira crise do petróleo. Com isso, a oferta de energia
hidráulica e de eletricidade cresceu 7,5% a.a. entre 1978 e 1989, elevando sua
participação de 8% para 13% na matriz energética.
16
Essa política foi implantada mediante exploração de potenciais hidráulicos com custos
relativamente baixos localizados próximos aos centros de consumo, cujos investimentos
foram fomentados pelo Estado, pelas linhas de financiamento no exterior.
Contudo, a partir do final da década de 80, esse modelo exauriu-se em função da incapacidade
de endividamento do Estado, da escassez de capitais externos e do crescente custo de
aproveitamento dos novos potenciais hidráulicos. Como resultado, a participação dessa fonte
na matriz energética, permaneceu praticamente estável nos 16 últimos anos, passando de 13%
em 1989 para 14% em 2004.
De acordo com o que foi citado, a fonte de energia ocupou espaços cada vez maiores na
economia e na sociedade brasileira, porém se a produção de eletricidade de origem hidráulica
crescia, a pequena produção nacional de petróleo tornava o país altamente dependente de
importações.
Ainda de acordo com Pires (2006):
Como resultado desse conjunto de fatores, a participação do petróleo e de seus
derivados deverá cair de 39,1% para até 35,5% em 2010. A participação da energia
hidráulica e da eletricidade importada, por sua vez, deve cair dos atuais 14% para
11% da oferta interna bruta de energia no Brasil em 2010.
O movimento de queda relativa do petróleo na matriz energética não é exclusividade da
economia brasileira. Dois fatores comandam esse processo em escala mundial. Primeiro, a
preocupação em reduzir os danos ambientais relacionados à produção, ao transporte e ao
consumo de petróleo e seus derivados. Segundo, a busca de fontes alternativas de energia que
diminuam a dependência em relação ao petróleo importado e aumentem a confiabilidade e a
segurança na oferta de energia.
A crescente resistência da sociedade ao uso de combustíveis e tecnologias poluentes, o receio
em relação ao efeito estufa e a permanente instabilidade social e política das principais
regiões produtoras de petróleo, aliados à ameaça de ataques terroristas à sua infraestrutura,
são aspectos que reforçam o processo de diversificação da matriz energética e a redução da
importância do petróleo.
Pires (2006) diz, que as tecnologias de exploração da energia renovável são ditas cada vez
mais em consideração de um desenvolvimento sustentável, e que essas tecnologias suscitam
de um interesse cada vez maior, não só devido às vantagens ecológicas e sociais, e sim,porque
os seus custos estão a diminuir. Tudo indica que as energias renováveis desempenharão um
papel muito importante no abastecimento energético, capaz de contribuir de forma
significativa para a realização dos objetivos de redução dos gases, com efeito, estufa.
2.7.2 DEPENDÊNCIA EXTERNA
Furbino (2009), afirma que “A descoberta de reservas de petróleo na camada pré-sal da costa
brasileira, pode atingir a impressionante cifra de 60 bilhões de barris. A exploração do pré-sal
vai aumentar em cinco vezes o tamanho da reserva brasileira. Somados aos atuais 14 bilhões
de barris, ao todo serão 74 bilhões”.
Para Ordõnez (2009):
17
Com o aumento da produção, a dependência de petróleo importado caiu para 36,8%
em 1999. E, em abril de 2006, o país atingiu a auto-suficiência, com a entrada em
operação da plataforma P-50 no campo de Albacora Leste (Bacia de Campos). Os
efeitos são sensíveis. Em 1981, quando o país ainda estava sob efeito do segundo
choque do petróleo, a dependência externa o levou a gastar US$ 11,2 bilhões com
importações do combustível, um recorde na História brasileira. Hoje a situação é
outra: a balança comercial de petróleo passou a ser positiva em 2005 e, no primeiro
semestre de 2009, a Petrobras acumula superávit de US$ 1,3 bilhão.
O próximo desafio é a autossuficiência em derivados. Para isso, a empresa está expandindo
sua capacidade de refino - hoje de quase 2 milhões de barris por dia. De acordo com Costa,
serão mais cinco unidades no país nos próximos anos, ampliando em 1,3 milhões de barris
diários a capacidade de processamento.
Ordõnez (2009), diz que com as descobertas da camada pré-sal, e o aumento rápido da
produção de petróleo, é mais uma riqueza significativa que estava escondida no subsolo, mas
que só pode considerar a autossuficiência quando a exportação superar a importação.
Buonfiglio (2002), “ressalta que, apesar de importar petróleo, o Brasil não depende mais de
grandes contratos com países produtores. A importação é feita de acordo com as normas de
mercado”.
Pois para Buonfiglio (2002):
Para reduzir a dependência externa, quer seja pela importação de petróleo ou de
derivados, a Petrobrás está adaptando o parque de refino para processar o petróleo
nacional e produzir mais derivados médios como o óleo diesel e o querosene e,
dessa forma, compatibilizar o perfil de consumo ao tipo de petróleo nacional. A
Petrobrás também investe recursos na adaptação de outras refinarias, de modo a
obter derivados de melhor qualidade.
A tecnologia é a aliada da Petrobrás na busca desse objetivo. A empresa, que é especialista
em prospecção e exploração de petróleo em águas profundas, levou três meses para extrair o
petróleo do campo Jubarte e fazê-lo chegar à refinaria para testes. É fantástico, pois esse é um
processo que há alguns anos atrás levaria mais de um ano para ser concluído.
De acordo com a citação citada acima, pode-se concluir que a Petrobrás além de ser um órgão
responsável pela distribuição de energia elétrica, e outros derivados de matéria-prima, investe
em qualificação de Mão-de-obra e tecnologias para que não poluam o meio ambiente. Outros
fatores importantes que tornará o país autossuficiente na produção de petróleo é a descoberta
de poços no litoral brasileiro, e recentemente a importante descoberta do Pré-Sal no litoral
brasileiro.
2.7.3 MERCADO COMPETITIVO REQUER PROFISSIONAL MAIS CAPACITADO
A quebra do monopólio em1997 trouxe como exigência a ampliação do mercado de trabalho.
A parceria entre as empresas, universidades e outras instituições de ensino tem gerado bons
resultados na capacitação de mão-de-obra, tanto em nível técnico e superior.
De acordo com Pereira (2002):
A quebra do monopólio do petróleo pela lei 9.478, de seis de agosto de 1997, trouxe
como exigência a ampliação do mercado de trabalho. Num país em que o
desemprego ronda todas as profissões, as pessoas com conhecimento no setor de
18
petróleo, seja em nível técnico ou superior, encontram uma área em plena expansão
após a abertura econômica, responsável pela entrada de empresas estrangeiras no
Brasil.
Quando a Petrobras surgiu, em 1953, no governo de Getúlio Vargas, havia a dificuldade de
contratar pessoal preparado para atuar no setor. A alternativa foi buscar profissionais em
outros países e, por um tempo, enviar empregados da companhia para fazer cursos de pósgraduação - mestrado e doutorado - em outros países.
No começo, a Europa era a referência e, mais tarde, com o crescimento e o fortalecimento da
indústria norte-americana, os estudos era realizado mais nos Estados Unidos, o que gerava um
custo excessivo pela quantidade de pessoas mandadas para o exterior.
Segundo Pereira (2002):
A criação de dois centros internos de treinamento, um no Rio de Janeiro e outro na
Bahia, solucionou em parte o problema de formação de mão-de-obra especializada.
Iniciou-se, nessa época, o processo de preparação de um quadro de funcionários e o
público-alvo eram engenheiros de áreas diversas e geólogos. O trabalho de ensino e
capacitação é realizado em parceria com empresas, universidades e consultorias.
Além de literalmente mover a economia, baseada em grande parte pelo transporte rodoviário
de mercadorias, através de seus derivados combustíveis, o petróleo é a fonte inicial de
matéria-prima para toda uma cadeia produtiva que envolve indústrias dos mais diversos
setores.
A partir do refino do petróleo são extraídos diversos produtos, como gasolina, diesel,
querosene, gás de cozinha, óleo combustível e lubrificante, parafina e compostos químicos
que são matérias-primas para as indústrias de tintas, ceras, vernizes, resinas, extração de óleos
e gorduras vegetais, pneus, borrachas, fósforos, chicletes, filmes fotográficos e fertilizantes.
Ficando evidente com base nos conceitos acima citados, que com a dependência de
capacitação de mão-de-obra especializada no Brasil, houve a criação de dois centros internos
de treinamento no Rio de Janeiro e na Bahia. Uma vez, que a indústria petrolífera move
literalmente a economia, baseada em grande parte pelo transporte rodoviário de mercadorias.
A cadeia produtiva do petróleo envolve indústrias dos mais diversos setores, além de possuir
uma fonte inicial de matéria-prima para toda cadeia produtiva do petróleo.
3 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
3.1 CONCLUSÃO
As reservas de petróleo e gás propiciaram ao longo dos anos grandes avanços econômicos, já
que a energia produzida favorece a industrialização e consequentemente amplia o numero de
empregos e rendas. Tais avanços estão presentes principalmente nas áreas onde ocorre a
exploração de petróleo, uma vez que a utilização dos royalties produz crescimento nos
diversos setores da área beneficiada.
O setor petrolífero vem crescendo, e com isso surge a necessidade de capacitação e formação
de serviço, tendo em vista antes de tudo, uma cautela quanto aos riscos que o mesmo pode
fazer ao meio ambiente. Dessa forma, torna-se essencial a busca por fontes naturais de
energia, utilizando-se de recursos renováveis e de baixo impacto para a natureza.
19
3.2 RECOMENDAÇÕES
Com a realização deste trabalho ficou evidente que o petróleo é potencialmente um
alavancador dos progressos na economia global, uma vez que o mesmo se faz presente como
matéria- prima, dos mais variados produtos. Este recurso natural traz consigo muitos
benefícios, contudo sua exploração e produção não se abstêm de problemas, que muitas vezes
perpassam o âmbito financeiro, gerando conflitos, ganância, guerras e desequilíbrios
ambientais.
Nesse sentido torna-se necessário criar formas conscientes de explorar tal riqueza. Muitos
estudos alertam para a importância de usar os recursos naturais de maneira sábia e sustentável,
isso se estende a outro bem precioso, a água, que carece de ações de sensibilização quanto seu
valor para a humanidade. Assim é preciso propor políticas que estimulem as empresas a
desenvolverem e aplicarem tecnologias apropriadas, bem como programas de educação
ambiental que visem a compartilhar responsabilidades pelo presente e pelo futuro.
4 REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, ANP. RELATÓRIO ANUAL 2007. Disponível
em: < www.Petrobrás.com.br>. Acesso em: 10 set.2009.
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à Metodologia do Trabalho
5. ed. são Paulo: Atlas, 2001.
Científico.
ADRIANO PIRES. Diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura – CBIE. Disponível
em :< www.duke-energy.com.br> . Acesso em: 04 dez.2009.
FERRÃO, Romário Gava. Metodologia Cientifica para Iniciantes em
ed. Vitoria . ES: Incaper, 2005.
Pesquisa. 2
FURBINO, Zulmira. Estado de Minas. Disponível em: <www.companytec.com.br>. Acesso
em: 03 dez. 2009.
FURTADO, A. Mudança Institucional e Inovação na Indústria Brasileira de Petróleo.
s.ed. Campinas: UNICAMP, 2002.
GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.
LEI nº: 9478 de 1997
LUCCHESI, Celso Fernando. Petróleo. Estudos Avançados 12. S.I, 1998.
NETO, Lima. Parecer da Comissão Especial do Congresso Nacional. Publicado no Diário
do Congresso Nacional de 20/05/1995, p. 10.638.
ORDÕNEZ, Ramona. Petróleo. Dependência Externa as Reservas Gigantes
Disponível em : <www.oglobo.globo.com>. Acesso em : 03 dez. 2009.
do Pré-sal.
PEREIRA, Newton Muller. Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT)
20
do Instituto de Geociências da Unicamp (IG). Disponível em :< www.comciencia.com>.
Acesso em : 04 dez. 2009.
SOUTO, Marcos Juruena Villela. Desestatização, privatização, concessões e terceirizações.
S.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.
SUSLICK, S. B. (Org.). Regulação em petróleo e gás natural. S.ed. Campinas: Komedi,
2002.
THOMAS, José Eduardo. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. 2.ed. Rio de Janeiro.
2004
UNIVERSIDADE ESTADUAL FLUMINENSE. Laboratório de Engenharia e Exploração
de Petróleo.
21
PERSPECTIVAS QUANTO À UTILIZAÇAO DO GÁS NATURAL COMO MATRIZ
ENERGÉTICA NO BRASIL
Charlayne Soares5
Diogo Pereira Freitas6
Gean Breda Queiros7
Geiza Xavier8
RESUMO
O trabalho demonstra eventos históricos, os quais vieram acompanhados do desenvolvimento
e solidificação da matriz energética brasileira traçando a expansão do mercado do gás natural
devido à possível escassez do petróleo líquido e as intensas crises petrolíferas inesperadas e o
ciclo produtivo, que compreende em reconhecer as reais necessidades de bens e serviços por
meio dos setores envolvidos desde as fontes de matéria-prima até o consumo final do produto,
ou seja, um conjunto de fases sequenciais. Sobretudo benefícios e/ou vantagens trazidos pelo
consumo do gás natural que vem crescendo ao longo dos tempos. Para isso, foi empregada
pesquisa bibliográfica e documental, obtendo principalmente a utilização de referências
publicadas em livros, artigos, redes eletrônicas, entre outros meios. Também utilizou-se a
pesquisa descritiva. Como técnica para coletas de dados a mesma se baseou em fontes
secundárias.
PALAVRAS CHAVES: Energia; Desenvolvimento e História.
ABSTRACT
The work shows historical events, which came accompanied by the development and
solidification of the Brazilian energy matrix outlining the expansion of the natural gas market
due to possible shortages of liquid petroleum and heavy oil crises and unexpected production
cycle, which consists in recognizing the real needs of goods and services through the sectors
involved from the sources of raw materials to final consumption of the product, in other
words, a set of sequential phases. Above benefits and / or advantages brought by the
consumption of natural gas that has been growing over time. For this, we used literature and
documents, particularly the use of getting published references in books, articles, electronic
networks, among other means. Also used the descriptive research. As a technique for data
collection it was based on secondary sources.
KEY WORDS: Energy, Development and History.
1 INTRODUÇÃO
O homem com o passar dos anos aprimora a utilização de agentes ambientais no seu
cotidiano: hora para melhoria de seu bem estar, hora para avanços científicos. Dessa forma
5 Tecnólogo em Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia (UNIVEN).
6 Tecnólogo em Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia ( UNIVEN).
7 Professor da Faculdade Capixaba pela Nova Venécia – UNIVEN.
8 Tecnólogo em Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia (UNIVEN).
22
todo o comportamento humano está ligado direta ou indiretamente a essas transformações.
Esse estudo tem o intuito de explicitar as mudanças de atitudes da sociedade, com relação à
produção e consumo de energia.
A atividade de exploração e produção do petróleo, bem como de outras fontes de energia,
requerem uma busca incansável de pesquisas, formação e capacitação humana e estratégias de
ação. Por se tratar de um recurso natural esgotável e finito o petróleo carece de preocupações
acerca de sua substituição como matéria prima para diversos produtos. Tais substituições
estão sendo estudadas e aplicadas ao longo da história e atualmente com a degradação
ambiental, têm o intuito de, dentre outras coisas, minimizar o impacto no meio ambiente.
[...] Temos fontes de energia não renováveis que são disponíveis em quantidades
fixas no Planeta, ou seja, sem capacidade de se regenerar num curto período de
tempo. O petróleo é um dos exemplos: na medida em que é consumido, pode se
esgotar. Mas também temos as fontes renováveis, que, ao contrário, resultam de
fenômenos cíclicos naturais, acarretando a renovação numa curta escala de tempo. É
o caso da água em movimento, da radiação solar e mesmo da biomassa, energia
extraída de vegetais que são renováveis e de baixo impacto ambiental. (CZAPSKI,
2008, p.4).
Um exemplo dessas modificações ocorreu com o carvão mineral, com este foi possível
produzir um gás, conhecido como o gás manufaturado, por intermédio do craqueamento dele.
Este gás, rico em hidrogênio, permitiu as primeiras instalações de iluminação pública e depois
o seu uso nas residências em fogões e aquecedores de água.
O gás manufaturado foi retirado completamente da iluminação pública com a descoberta da
energia elétrica no século XVIII. Além de ocupar o espaço do gás na iluminação pública, a
energia elétrica passou a ocupar também espaço do carvão em outros processos industriais.
No século XX, deu início ao uso em escala do gás natural nos EUA, no entanto com as
exportações da Rússia com a maior reserva do planeta, tomou espaço do carvão nas
termelétricas e do manufaturado fornecido para as residências na utilização em fogões,
aquecedores e calefação.
Hoje o gás natural se tornou mundialmente o energético mais utilizado em termelétricas sendo
o energético que mais cresce em utilização. Mediante este estudo buscou-se responder a
seguinte pergunta: Quais as perspectivas quanto à utilização do gás natural como matriz
energética no Brasil?
Diante de tal problemática, foi possível citar como objetivos desse trabalho, a análise e
identificação dos principais benefícios trazidos com a implantação de tal fonte energética.
Sobretudo, apresentaremos neste trabalho as particularidades, potenciais e influência do gás
natural para o mercado industrial e demais mercados no nosso país.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 GÁS NATURAL
O gás liquefeito de petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos, possuindo maior incidência de
propano e butano. Pode ser aplicado como combustível em substituição à gasolina, com
desempenho similar aos veículos movidos a gás natural.
23
É um tipo de combustível utilizado industrialmente, alimentando empilhadeiras, tratores,
máquinas e implementos agrícolas. As frações mais pesadas do gás e suas impurezas
produzem maior emissão de hidrocarbonetos que o gás natural, além de possuir manuseio
mais perigoso.
Este gás se caracteriza por sua eficácia, purificação e versatilidade, sendo utilizado em
diversos segmentos comerciais. Por ser ecologicamente mais correto é muito valorizado em
consequência da progressiva sensibilização mundial da relação entre energia e o meio
ambiente.
Possui dentre outras vantagens, o baixo impacto ambiental, facilidade de manuseio e
transporte, segurança e é um vetor de atração de investimentos; uma vez que sua
disponibilidade atrai novas empresas, contribuindo assim, com a geração de empregos e
rendas.
O gás liquefeito pode ser aplicado em várias áreas substituindo o petróleo, com desempenho
similar ou até melhor, por exemplo, quando utilizado como combustível em automóveis ele
proporciona uma vida mais longa aos equipamentos.
2.2 CADEIA PRODUTIVA DO GÁS NATURAL
A cadeia produtiva do gás natural começa deste a exploração passando por várias fases, sendo
que a última é a logística. O processo exploratório está baseado em pesquisa sísmica e
interpretação de resultados, em que os conceitos da geologia e da geofísica são amplamente
utilizados. A exploração é a etapa inicial do processo que consiste no reconhecimento e
estudo das estruturas propícias ao acúmulo de petróleo ou gás natural. Essa fase conduz à
descoberta dos reservatórios.
Identificados os fatores que determinam a possibilidade de existência de hidrocarbonetos, é
feita a perfuração de poços exploradores (primeiros poços em uma área produtora para
confirmar a presença de acúmulo de hidrocarbonetos).
Após a confirmação da existência e havendo viabilidade econômica, mais poços são
perfurados para delimitar e desenvolver a formação produtora, permitindo a extração e o
escoamento dos produtos.
Em seguida inicia-se a fase de desenvolvimento e produção do campo produtor. Até esse
ponto as indústrias de petróleo e gás natural caminham juntas. Nas áreas de produção, o gás é
consumido internamente na geração de eletricidade e vapor, parte da produção é utilizada
como gás lift (gás de elevação) para reduzir a densidade do petróleo e parte é reinjetada com
objetivo de aumentar a recuperação do reservatório.
Para ser escoado para as Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGNs) ou diretamente
consumido, o gás precisa antes passar pelas etapas de condicionamento, visando garantir a sua
adequação à especificação requerida para consumo no próprio campo produtor e para a sua
transferência aos centros processadores.
O gás natural condicionado é transferido por gasodutos até as UPGNs, onde é beneficiado e
separado em produtos especificados para atendimento a clientes finais.
24
Das UPGNs, o gás especificado para venda ao consumidor final é transportado até os Pontos
de Entrega (PEs), para a efetiva transferência de custodia às companhias distribuidoras
estaduais ou, de modo eventual, diretamente a um grande consumidor.
Embora esta ainda não seja uma etapa muito utilizada no Brasil, o gás natural pode ser
normalmente armazenado em poços de petróleo já exauridos ou em cavernas adaptadas para
esse fim, de forma a garantir o suprimento dos fornecedores em caso de aumento sazonal de
consumo ou falha de entrega dos produtores por paradas não programadas dos sistemas de
produção. A partir daí pode ser transportado e distribuído.
É nessa fase que o gás é entregue ao consumidor final. Essa etapa é realizada pelas
companhias distribuidoras estaduais, as quais detêm a concessão do Estado para a realização
dessa tarefa.
A distribuição deste produto poderá ser feito de várias formas dependendo do estado em que
ele esteja, de como ele fora processado e como ele poderá ser transportado. Assim as formas
de distribuição e transporte são classificadas em Midstream, City Gates e ainda em
Downstrean.
O midstream corresponde às atividades de processamento e transporte. O processamento do
combustível ocorre em Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGN), nas quais o
produto é desidratado e fracionado, gerando três subprodutos: o gás natural processado,
formado a partir do metano (C1) e etano (C2); o GLP, originado do propano (C3) e do butano
(C4) e a gasolina natural (C5). O transporte do gás natural é uma das atividades críticas do
processo, podendo ser realizado basicamente de duas maneiras: no estado gasoso e no estado
líquido.
No estado gasoso, o transporte é feito tradicionalmente via dutos, até as estações de medição
de vazão e redução de pressão, city Gates. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo
(ANP), o transporte de gás canalizado só pode ser realizado por empresas que não
comercializem o produto, podendo estas apenas comprar o gás natural necessário ao seu
consumo próprio.
O transporte também pode ocorrer por meio de tecnologias mais recentes que utilizam
cilindros de alta pressão como GNC (Gás Natural Comprimido) e o GNA (Gás Natural
Adsorvido).
No estado líquido, na forma de GNL (Gás Natural Liquefeito), podem ser transportados por
meio de navios, barcaças, caminhões e trens criogênicos a uma temperatura de -161ºC, sendo
seu volume reduzido em cerca de 600 vezes, facilitando o armazenamento. Nesse caso, para
ser utilizado, o gás deve ser revaporizado em equipamentos apropriados de plantas de
regaseificação.
Quanto à distribuição (downstream) se inicia, nos city gates, instalados nas interconexões
entre os gasodutos de transporte e distribuição; e termina no usuário final. Nesta etapa, o gás
já deve estar atendendo aos padrões rígidos de especificações e, quando necessário, deverá
também estar odorizado para ser detectado facilmente em caso de vazamentos.
2.3 PERSPECTIVAS QUANTO À UTILIZAÇAO DO GNL COMO MATRIZ
ENERGÉTICA NO BRASIL
25
O gás natural é empregado diretamente como combustível, tanto em indústrias, casas e
automóveis. É considerada uma fonte de energia mais limpa que os derivados do petróleo e o
carvão. Alguns dos gases de sua composição são eliminados porque não possuem capacidade
energética (nitrogênio ou CO2) ou porque podem deixar resíduos nos condutores devido ao
seu alto peso molecular em comparação ao metano (butano e mais pesados). Sua
aplicabilidade pode ocorrer como:
• Combustível: A sua combustão é mais limpa e dá uma vida mais longa aos equipamentos
que utilizam o gás e menor custo de manutenção.
• Automotivo: Utilizado para motores de ônibus, automóveis e caminhões substituindo a
gasolina e o álcool, pode ser até 70% mais barato que outros combustíveis e é menos
poluente.
• Industrial: Utilizam em indústrias para a produção de metanol, amônia e uréia.
A utilização do gás natural vem crescendo, uma vez que as leis de controle de poluição estão
se tornando muito rigorosas no Brasil e em outros países. Nos Estados Unidos e no Canadá,
por exemplo, já existem carros originais de fábrica planejados para o uso do gás natural
comprimido (GNC), enquadrados na categoria de Ultra Low Emissions Vehicles (veículos
com baixíssima emissão de poluentes).
Ao utilizar gás natural, a sociedade como um todo estará em sintonia com a crescente
consciência ecológica mundial, colaborando para a qualidade de vida global.
No setor industrial, o Gás Natural compete com a eletricidade e o óleo combustível, enquanto
que, no transporte, ele compete com o álcool, a gasolina e o diesel. As novas legislações
ambientais acabaram por privilegiar o uso do gás natural por sua queima mais limpa, com
menor emissão de carbono, baixo nível de enxofre e particulados. Os novos acordos
ambientais firmados pelos países desenvolvidos, cuja principal referência é o Protocolo de
Kyoto, criaram um incentivo para uma maior utilização do gás natural. Este acordo, que
entrou em vigor em 2004, determina metas de redução das emissões de gases poluentes para
os países desenvolvidos para 2008 e 2012.
Uma das medidas implementadas para viabilizar o cumprimento dessas metas é a criação de
um mercado de crédito de carbono, no qual as empresas responsáveis por tais projetos podem
vender sua parcela de redução de emissões para outros países, incentivando assim, projetos
ambientalmente limpos.
Segundo pesquisas, o gás natural na matriz energética do País, que era de 0,9% em 1981,
saltou para 3,1 em 1990. Em uma década, essa posição subiu para os 5,4% de participação em
2000, até chegar a 2004 respondendo por 8,9%. A meta do governo federal, segundo a própria
Petrobrás, é chegar a 2010 com o gás natural respondendo por 11% da matriz energética do
País.
2.3.1 CENÁRIO NACIONAL
Considerando as expectativas da presença de petróleo e considerando as atividades de
exploração e produção nas bacias nacionais, bem como o contexto regional, onde o Brasil
aparece como um mercado firme para vizinhos com grandes reservas de gás natural; pode-se
26
constatar que a taxa média de crescimento da demanda total prevista é de 4,4% ao ano no
período 2000-2020.
Esta taxa é compatível com a taxa média de crescimento do PIB fornecida pelo Ministério de
Planejamento, Orçamento e Gestão, de 4,9% ao ano no mesmo período, a qual, em boa
medida, determina a grandeza da demanda (“efeito-atividade”).
No período considerado observa-se uma redução da participação do uso da lenha e carvão
vegetal e um aumento expressivo da utilização do gás natural, que no final do período passa a
ser o terceiro energético em importância. Em 2020, embora permanecendo como a segunda
principal fonte de energia, depois da eletricidade, o petróleo e seus derivados apresentam uma
redução da participação na matriz energética.
No que tange à demanda nos centros de transformações, no período compreendido entre os
anos 2000 e 2020, a taxa média anual de crescimento da utilização do gás natural na geração
elétrica é de 14,6%, enquanto que as taxas para o diesel e óleo combustível são de
aproximadamente –2% e –0,4%, respectivamente. De acordo com esta previsão, espera-se que
a demanda total de petróleo, para os anos de 2005, 2010 e 2020 é estimada respectivamente
como de 1.945, 2.300 e 3.100 mil barris por dia.
2.3.2 EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DO GÁS NATURAL NA MATRIZ ENERGÉTICA DO BRASIL
Para Tonce (2004, p. 8), a evolução da oferta do gás é relativamente recente no país, visto que
em 1970 representava apenas 0,1% da matriz energética nacional, no entanto, foi somente no
final da década de 1980, com a construção da rede de gasodutos e das descobertas das
reservas de petróleo e gás, situados na bacia de Campos, é que a oferta desse energético se
intensificou.
Posteriormente, com a ocorrência do racionamento de energia elétrica no país, em 2001, foi
implantado o Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT) pelo governo federal,
priorizando a utilização do gás natural para a geração de energia elétrica nas usinas
termelétricas.
Segundo o Ministério das Minas e Energia (MME, 2007), em 2006, a oferta foi de 225,8
milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep). A participação das fontes renováveis
(biomassa e hidráulica/eletricidade) naquele ano foi de 44,9%, situação que assegura ao Brasil
o papel de líder mundial nessa categoria.
Apesar da participação do gás na matriz de consumo de energia representar 9,6%, a sua taxa
de crescimento (5,8% a.a.) está entre as duas maiores fontes primária, ao lado do urânio na
categoria das não renováveis. O cenário futuro do mercado nacional de gás nessa década
ainda é de dependência quanto à importação do produto.
Uma iniciativa realizada pelo governo federal para reduzir tal dependência do gás boliviano
foi a implantação, em 2006, do Plano de Antecipação da Produção de Gás (Plangás). O
objetivo desse programa é aumentar a produção nacional de gás para o equivalente à vazão
importada atualmente da Bolívia.
27
Provavelmente a partir de 2009, o GNL importado de outros países poderá ser utilizado como
alternativa de complementação do suprimento do mercado nacional. Essa alternativa passou a
ter maior importância após a nacionalização das reservas de hidrocarbonetos na Bolívia,
ocorrida em 2005.
A alta do preço do gás importado, assim como a nova regulamentação do governo boliviano
para as companhias operadoras de petróleo que atuam naquele país, levou o Brasil a decidir
pela redução da dependência da importação de gás. Essa decisão prejudica a operação das
usinas termelétricas do PPT.
As probabilidades de crescimento da produção de gás estão principalmente suportadas na
instalação de novas unidades marítimas de produção prevista para esta década e no aumento
da importação do gás da Bolívia. Este último é menos provável, em virtude da nacionalização
das reservas de hidrocarbonetos na Bolívia e dos altos tributos e impostos estabelecidos sobre
as companhias operadoras de petróleo naquele país.
No segmento industrial existem várias aplicações, tais como combustível para geração de
calor, matéria-prima para petroquímica, redutor siderúrgico para a fabricação de aço, entre
outras. O setor de geração de energia elétrica é o mais promissor para o atendimento da maior
parcela da demanda futura (em 2010), apesar de sua pequena participação na matriz da oferta
de energia elétrica.
Em virtude das imprecisões atuais quanto à regulação do setor de gás, da oscilação do preço
do gás importado da Bolívia e da volatilidade crescente do setor elétrico brasileiro, os
investimentos privados para construção das usinas termelétricas (PPT) são preteridos. Essas
usinas envolvem grandes investimentos de capital e riscos associados aos fatores citados
anteriormente, dependendo da elaboração de contratos de compra de gás, normalmente de
longo prazo junto a fornecedores (sobretudo Bolívia).
De acordo com estudiosos, a quantidade do mecanismo de transferência do maior custo das
termelétricas para as tarifas de eletricidade está, em grande parte, nas mãos do agente
regulador (Agencia Nacional de Energia Elétrica-Aneel) e demais órgãos públicos federais. A
revisão do modelo proposto (2002) após o racionamento de energia, ocorrido em 2001,
estabeleceu a criação de fundo de seguro para compensar possíveis déficits de eletricidade
(subsidiando alternativas de geração menos competitivas).
O estágio atual desse modelo ainda não foi suficiente para atrair novos investidores para esse
mercado. Algumas usinas já iniciaram modificações de projeto, convertendo suas instalações
para condição híbrida (óleo combustível/gás natural), tendo em vista, principalmente, as
grandes incertezas quanto ao atendimento da demanda futura do gás no país.
Diante dessas incertezas, do atraso do cronograma de obras das usinas do PPT e dependendo
também das condições pluviométricas no final desta década, existe o risco de novos eventos
de racionamento físico de energia, contudo com uma nova regulação do setor de gás no
Brasil, espera-se maiores incentivos ao uso do gás, substituindo o consumo da eletricidade, o
do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) e o do óleo diesel; especialmente nos segmentos
industrial e de transporte. Essa visão privilegia maior desconcentração da demanda futura de
gás (setor termelétrico principalmente) e o desenvolvimento de novos mercados.
28
2.3.3 BENEFÍCIOS E VANTAGENS
O Gás Natural possui uma crescente importância da geração termelétrica devido à expectativa
de aceleração do crescimento econômico e aos atrasos na implantação de novos
empreendimentos hidrelétricos; bem como da necessidade de garantir o suprimento de gás
natural para a geração termelétrica, priorizando este consumo de modo a evitar um
comprometimento na oferta de eletricidade.
A utilização deste gás, principalmente nas indústrias, propicia vários benefícios para o meio
ambiente, já que possui um processo de queima mais limpo; além de aperfeiçoar o uso de
matérias-primas e melhorar a produção. Outro benefício no uso do gás natural é a segurança,
eficiência dos equipamentos e a qualidade do produto final.
Por não requerer o emprego de transporte e armazenagem, o gás natural dispensa serviços de
logística e evita a transição de veículos com carga perigo, diminuindo assim o risco de
acidentes provenientes desses setores.
Por ser um combustível volúvel pode ser usado em diversos equipamentos, como secadores,
turbinas, geradores, caldeiras, gás, água quente, estufas, atomizadores, fornos, etc.
2.4 INÍCIO DA COSNTRUÇÃO DOS GASODUTOS
Dentre as obras de construção e montagem de gasodutos está a do trecho Cacimbas (ES) –
Catu (BA) - Parte integrante do GASENE, com extensão de 946 km e capacidade de até 20
milhões de m3 / dia. O duto permitirá a interligação das malhas Sudeste e Nordeste. Com
isso, será mais flexível o fornecimento de gás à região Nordeste.
Inclui-se também o gasoduto Gasduc III, com 182 km de extensão, projetado para permitir o
escoamento de toda a oferta das Bacias de Campos e Espírito Santo, ampliada após a
instituição do Plangás – Plano de Antecipação da Produção de Gás, para a Malha Sudeste.
Capacidade nominal de transporte de 40 milhões de m3/dia e início de operação em julho de
2009;
E o gasoduto Cabiúnas (RJ) – Vitória (ES), com 302 km de extensão e capacidade para
transportar até 20 milhões de m3 / dia de gás natural. Com essa conexão, parte do gás natural
produzido na Bacia do Espírito Santo passa a se integrar à Malha Sudeste. Com este duto, a
oferta de gás nacional, para uso nas termelétricas localizadas no norte do Rio de Janeiro, será
aumentada em 5,5 milhões de m³/dia.
2.5 POLÍTICA DE PREÇOS
2.5.1 ANÁLISE DE PREÇOS DO GNL EM 2005
A CIDE (Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico) é cobrada sobre a produção,
importação e comercialização de gasolinas, diesel, QAV, outros querosenes, óleos
combustíveis, GLP e álcool etílico anidro. As alíquotas foram definidas para cada
combustível em valores específicos na Lei Complementar n° 10.336, de 10/12/2001, que
instituiu a contribuição. Mais tarde, a lei nº 10.636 de 30/12/02, o decreto nº 4565 de 01/01/03
29
e o decreto n° 5060 de 30/04/04, também alteraram as alíquotas. Segundo a Lei
Complementar nº 10.336/2001 o produto da arrecadação pela CIDE é destinado a:
Pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, de gás natural e seus
derivados e de derivados de petróleo;
Financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás;
Financiamento de programas de infraestrutura de transportes.
Até dezembro de 2001 o governo determinava o preço que a Petrobrás recebia pela venda do
GLP, a partir de janeiro de 2002 os preços na refinaria foram liberados, isto é, passaram a ser
estabelecidos pela empresa distribuidora e calculados com base nos preços praticados no
mercado internacional, na taxa de câmbio e demais fatores comerciais.
A adoção dessa medida teve por objetivo dar continuidade ao processo gradual de
desregulamentação do setor de combustíveis, em consonância com a Lei nº 9.478/97 (Lei do
Petróleo), que fixou a data de 31 de dezembro de 2001 como limites para a total liberação do
mercado. Com essa medida a ANP sedimentou a liberação dos preços de venda e a eliminação
dos subsídios de preços e fretes dos combustíveis.
No dia 4 de maio de 2002, os preços ao consumidor final do gás de cozinha (GLP) foram
liberados em todo o país. A gasolina, o óleo diesel e o GLP ficaram então, submetidos ao
regime de preços liberados, cabendo ao Governo apenas reajustar, dentro da periodicidade
definida na Portaria MF/MME nº 2, seu preço de faturamento.
A Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) participou, juntamente com o
Ministério de Minas e Energia, da análise dos ajustes parciais nos preços dos derivados de
petróleo nas refinarias, em decorrência da alteração do regime cambial e do aumento dos
preços de seus similares no mercado internacional e em conformidade com o art. 69 da Lei do
Petróleo.
2.6 QUADRO ATUAL DA INDÚSTRIA DE GÁS NATURAL NO BRASIL
Desde que o Gás Natural surgiu como uma alternativa promissora de geração de energia,
muito se tem investido para que sua produção seja ampliada e sua utilização mais difundida.
Atualmente há um cuidado especial à necessidade de atendimento da demanda para geração
termelétrica, em detrimento de outros setores. Apesar da flexibilização do monopólio, a
Petrobrás possui forte presença em todo o setor, atuando muitas vezes como instrumento de
políticas públicas.
Ainda não há uma infraestrutura de transporte integrada e suficiente para o atendimento de
mercados já contratados, bem como não há garantia de oferta adequada para o atendimento da
demanda interna total (produto nacional + produto importado) no curto prazo. Para assegurar
a oferta de gás natural à totalidade da demanda interna, apontam-se os seguintes potenciais:
Aumento da Produção Nacional; Promoção de Novas Rodadas de Licitações; Importações de
GNL; Interconexão Energética no Cone Sul.
Há também o Plano de Antecipação da Produção de Gás Natural (Plangás) – Programa focado
na expansão da oferta de gás natural na região Sudeste dos atuais 15 milhões m3/dia para 40
30
milhões m3/dia (2008) e 55 milhões m3/dia (2010). São 1.292 km de duto, com previsão de
capacidade de escoamento de 121,8 milhões m3/dia.
E o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) – Forte complementaridade com o Plangás,
além de apresentar empreendimentos integrantes do Projeto Malhas (2.117 km de duto, com
previsão de capacidade de escoamento de 62,8 milhões m3/dia, incluindo neste volume o
atendimento do mercado pelos empreendimentos de GNL).
2.7 A ATIVIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE GÁS NATURAL COMPRIMIDO (GNC)
A atividade de distribuição de GNC é considerada uma alternativa para estimular o
desenvolvimento de novos mercados de gás natural no Brasil, em especial em localidades não
atendidas pela infraestrutura de transporte e distribuição dutoviária do país. Consiste em
adquirir o gás natural de um fornecedor (produtor nacional ou importador), comprimi-lo,
transportá-lo (pelos veículos transportadores de GNC) e vendê-lo a um consumidor final.
Alguns veículos de carga podem apresentar uma grande capacidade, permitindo o transporte
de até 6. 500 m3. Por se configurar como um transporte alternativo aos dutos, esta estrutura
representa os chamados “gasodutos virtuais” e pode ser usado em substituição a outros
combustíveis, como o GLP (também chamado “gás de cozinha”), por exemplo,
principalmente em áreas remotas, onde não existe rede de gás canalizado, com atendimento
potencial a todos os segmentos de consumo, hoje estando mais presente nos setores
automotivo, industrial e comercial.
Em geral, reconhece-se que a viabilidade na utilização desta atividade para atendimentos aos
mais diversos segmentos de mercado está relacionada com uma distância de cerca de 150 km
da Unidade de Compressão de GNC, embora algumas especificidades do mercado possam
afetar este afastamento, como, por exemplo, o volume de gás a ser entregue e a existência de
outros consumidores no percurso.
O segmento de GNC foi regulamentado, inicialmente, pela Portaria ANP nº 243, de 18 de
outubro de 2000 até o final de dezembro de 2007, quando então foi publicada a Resolução
ANP n°1/2007. Ressalta-se que esta atividade é exercida mediante prévia autorização da ANP
solicitada pela empresa interessada por meio de um requerimento formal, este acompanhado
de um conjunto de documentos mencionados no Artigo 4º da Resolução ANP nº 41/2007.
3 CONCLUSÃO
O gás natural é o combustível fóssil mais limpo no mundo e acompanha a preocupação
mundial de minimizar a eliminação de agentes poluentes ao meio ambiente. É um
combustível de queima limpa tornando-o menos poluente, diminuindo a possibilidade de
danos ao meio ambiente ainda pode levar em consideração a questão do preço que é atrativo,
ou seja, é bem menor que dos demais hidrocarbonetos. Por propiciar uma série de benefícios,
o consumo do gás natural cresceu muito e tende a continuar.
Após o tratamento e processamento, o gás natural pode ser utilizado em residências,
indústrias, comércios, veículos e na geração de energia e calor; mesmo em grande escala.
31
O país está investindo na expansão da rede de distribuição desse tipo de gás, bem como em
tecnologias que ampliem e estimulem o seu consumo. Para tal esse mercado necessita de
profissionais qualificados e sensibilizados com a questão ambiental. Assim o crescimento na
produção do gás natural não só ajudará na abertura de novos empregos e consequentemente
no aumento econômico, como também na preservação do meio ambiente e na melhoria da
qualidade de vida da população.
4 REFERÊNCIAS
ANP. Resolução, 2007.
ANP. Portaria, 2007.
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 5. Ed.
são Paulo: Atlas, 2001.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Alcino Pedro. Metodologia científica. 4ª edição. São
Paulo: MAKRON Books, 1996.
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CZAPSKI, Silvia. Fogo: mudanças ambientais globais. Pensar + agir na escola e na
comunidade. Ministério da Educação, Secad: Ministério do Meio Ambiente, Saic – Brasília,
2008.
MINAYO, M. C. de S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatvidade. 22ª edição, Rio de
Janeiro. Vozes, 2003.
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Plano Nacional de Ciência e Tecnologia
do Setor Petróleo e Gás Natural - CTPETRO. Diretrizes Gerais. L
link, disponível em
14/12/2004.
RELATÓRIO ANUAL 2007 – Agência Nacional do Petróleo – ANP.
TONCE, Célio Eduardo Martins; João Luiz Maia; Valmir. Tecnologia da Indústria
do Petróleo –– Editora DLUCHER.
32
UTILIZAÇÃO DO ETANOL EM MOTORES À COMBUSTÃO NO BRASIL
Dárick Daniel Fernandes9
Maria das Graças Santana Fernandes10
Mauricio Toscano Oliveira Tomaz11
Thaianny Viturini Moitinho12
Yuri Alves Victoria13
RESUMO
Devido a real condição dos combustíveis fósseis no mundo, limitadas reservas e a crescente
massa de poluição que é gerada diariamente pelos mesmos na queima em veículos com
motores a combustão, nota-se então a necessidade de uma mudança drástica e eficaz que
possa substituir parcial ou completamente a utilização dos combustíveis de origem fóssil.
Mediante pesquisas descritiva, explicativa e bibliográfica em todo material didático
disponível, o presente trabalho tem como objetivo mostrar a importância ambiental,
capacidade produtiva e a características da tecnologia flex fuel empregada atualmente na
maior parte da frota de carros de passeio no Brasil, mostrando o grande potencial do Etanol
como principal e mais adequado combustível capaz de substituir em relação ao potencial
energético e futura capacidade produtiva os combustíveis fósseis empregados em veículos
com motores a combustão.
PALAVRAS-CHAVES: Emissão de poluentes. Energia renovável. Aumento de produção do
etanol. Evolução tecnológica.
ABSTRACT
Because the real condition of fossil fuels in the world, limited supplies and growing mass of
pollution that is generated daily by the same burning vehicles with combustion engines, there
is then the need for a drastic and effective that can replace partially or completely the use of
fossil fuels. Through descriptive research, explanatory and educational material in all
literature available, this paper aims to show the importance of environmental characteristics of
the productive capacity and flex fuel technology currently employed in most of the fleet of
passenger cars in Brazil, showing the great potential Ethanol as the primary and most
appropriate fuel capable of substituting for the potential future production capacity and energy
for fossil fuels used in vehicles with combustion engines.
KEYWORDS: Emission of pollutants. Renewable Energy. Increased production of ethanol.
Technological developments.
1 INTRODUÇÃO
9 Tecnólogo em Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia ( UNIVEN).
10 Graduada em Administração de Empresas, Pós-/graduada em Didática no Ensino Superior pela UNIVEN e professora da Faculdade Capixaba de Nova Venécia –
(UNIVEN).
11 Tecnólogo em Pretróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia (UNIVEN)
12 Tecnólogo em Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia ( UNIVEN).
13 Tecnólogo em Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia ( UNIVEN).
33
De acordo com Jussieu (2007), a cana de açúcar, principal matéria prima da indústria do
álcool no Brasil é uma planta de origem tropical que é utilizada desde quando ainda éramos
apenas uma colônia de Portugal, nos engenhos, local onde era processada a cana de açúcar
utilizava-se da mão de obra escrava de origem africana para se produzir o açúcar com o
intuito principal de exportá-lo para a Europa, por muitos anos o açúcar foi a base da economia
colonial. Hoje a cana de açúcar, principal matéria prima na produção de Etanol no Brasil, esta
relacionada à grande questão mundial referente à busca por combustíveis alternativos e
renováveis que consigam reduzir o nível de gases poluentes emitidos para a atmosfera.
A real importância do Etanol já é observada no nível internacional, pois as condições a qual o
mundo se encontra, limitadas reservas de combustíveis fósseis e altos níveis de poluição que
ameaçam desestabilizar o meio ambiente, nos abre os olhos para a realidade de que há a
necessidade de procura por uma energia limpa e renovável. A tendência é que irá acontecer
uma possível mudança na matriz energética de vários países pelo mundo dentro de poucos
anos, fazendo com que aos poucos seja diminuído a dependência dos combustíveis de origem
fóssil, e com certeza o Etanol terá uma importância significativa nesse contexto.
Com base nos estudos este trabalho visa mostrar como é feito o aproveitamento do álcool
(Etanol) originado da cana de açúcar, como procede à eficiência do mesmo em veículos a
combustão e os benefícios e malefícios decorrente da sua produção. Atualmente o mundo se
vê na obrigação de desenvolver uma nova fonte de energia para ser utilizada principalmente
em veículos a combustão com o intuito de substituir e diminuir a dependência de
combustíveis derivados do petróleo, que como sabemos existem em quantidade limitada, e
além de não ser uma energia renovável gera uma grande quantidade de poluentes para a
atmosfera.
Comparando a eficiência do combustível atualmente mais utilizado, a gasolina, em relação a
outros combustíveis, o Etanol é o que mais se equipara, oferecendo vantagens como menor
emissão de poluentes, é um combustível de fonte renovável e o cultivo da matéria prima para
sua fabricação, a cana de açúcar, trata-se de uma planta de origem tropical, ou seja, totalmente
adaptada ao clima do Brasil.
O objetivo geral é realizar um estudo mostrando a viabilidade do álcool combustível como
fonte de energia renovável. Este estudo consiste, basicamente, em explicar quais as vantagens
econômicas e ambientais em contradição aos combustíveis derivados do petróleo. Como
objetivo específico tem por finalidade buscar desenvolver informações e idéias ressaltando os
benefícios e malefícios da utilização do Etanol em veículos à combustão.
A hipótese é que com o presente trabalho pretende-se encontrar material didático nos meios
disponíveis, tais como: internet, livros, artigos, etc., visando a uma maior compreensão e
agregando informações importantes e úteis sobre o etanol em veículos com motores a
combustão.
Segundo Gil (2002, p. 41), existem três tipos de pesquisa: exploratória, descritiva e
explicativa, entretanto, esta pesquisa é de cunho qualitativo, com caráter descritivoexplicativa, apresentando-se como uma extensão das leituras realizadas auferidas nas
pesquisas bibliográficas, de forma a embasar o trabalho e demonstrar a ideologia de outros
estudiosos acerca do tema.
34
Ainda segundo Gil (2002, p. 42) “A pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a
descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou então, o
estabelecimento de relações entre variáveis” A pesquisa explicativa tem como preocupação
central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos
fenômenos. Esse é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade,
porque explica a razão, o porquê das coisas. (GIL, 2002, p. 43).
A técnica utilizada para a elaboração deste trabalho foi a pesquisa bibliográfica e documentais
a respeito do tema “Utilização do Etanol em Motores a Combustão” com a finalidade de
melhor impor as informações na qual serão desenvolvidas. Logo após, os dados levantados
serão descritos numa análise explicativa acerca do assunto em questão.
Para Minicucci (1995) “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.
A pesquisa ou método científico normal é definido como quantitativo e qualitativo em função
do tipo de dados coletados, conforme afirma Dias (1999) “A pesquisa qualitativa permite ao
pesquisador desenvolver conceitos, idéias e entendimento a partir de padrões encontrados nos
dados, ao invés de coletar dados para comparar teorias, hipótese e modelos preconcebidos.
Segundo Andrade (2001) as fontes de pesquisa podem ser primárias ou secundárias. As fontes
primárias são os documentos que gerarão análises para posterior criação de informações.
Podem ser decretos oficiais, fotografias, cartas, artigos etc. As fontes secundárias são as obras
nas quais as informações já foram elaboradas, podendo ser livros, apostilas, teses,
monografias etc., portanto neste trabalho foi utilizada a fonte secundária, advinda da pesquisa
bibliográfica.Para tal, serão enfocados autores, artigos e sites que tenham desenvolvido
estudos sobre a utilização do etanol em motores a combustão.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Hoje o mundo encontra-se em constantes mudanças, mudanças essas no sentido moral e
social, e neste contexto surgem então a visão da necessidade pela busca e desenvolvimento de
combustíveis alternativos que sejam menos poluentes e de fontes seguras, ou seja, renováveis,
o Etanol então passou a ser visto como o principal substituto dos atuais combustíveis de
origem fóssil por ter em geral um bom rendimento em relação à potência se equiparado aos
demais. No Brasil há muitos anos o etanol já é utilizado em veículos pequenos de passeio e
também misturado em uma pequena fração à gasolina, sendo que essa mistura já ocorre
também em outros países, mas numa proporção etanol x gasolina bem menor do que a do
Brasil.
É praticamente impossível debater e analisar este assunto sem que seja mostrado as
características individuais dos combustíveis, o atual combustível da matriz energética a
Gasolina e o seu principal oponente a altura o Etanol.
2.1 ETANOL
Segundo Minatti (2007), o etanol (álcool etílico), CH3CH2OH, é um líquido incolor,
inflamável, com um odor característico. É um álcool, um grupo de compostos químicos cujas
35
moléculas contêm um grupo hidroxila, -OH, ligado a um carbono. A palavra álcool deriva do
arábico al-kuhul, que se refere a um fino pó de antimônio, produzido pela destilação do
antimônio, e usado como maquiagem para os olhos. Os alquimistas medievais ampliaram o
uso do termo para referir-se a todos os produtos da destilação e isto levou ao atual significado
da palavra. O ponto de fusão do etanol sólido é de –114.1°C, e de ebulição e de 78.5°C. É
menos denso que a água cerca de 0,789 g/mL a 20°C. É utilizado como fluído em
termômetros, principalmente para temperaturas baixas, uma vez que o mercúrio congela a 40°C.
Existem basicamente 3 processos utilizados para a fabricação do etanol que é a fermentação
de carboidratos, a hidratação do etileno, e a redução do acetaldeído. Antes de 1930, o etanol
era preparado somente por fermentação, mas, hoje, estima-se que cerca de 80% do etanol
produzido nos EUA seja através da hidratação do etileno. Todas as bebidas alcoólicas e mais
da metade do etanol industrial ainda é feito pelo processo de fermentação. Uma enzima, a
zimase, é responsável pela conversão dos açúcares em álcool e gás carbônico.
O processo de produção pode gerar tanto o álcool anidro que é caracterizado pelo teor alcólico
mínimo de 99,5% de pureza, utilizado na mistura com a gasolina para veículos formando a
Gasolina tipo C e matéria prima na indústria de tintas, solventes e vernizes, quanto o álcool
hidratado que é uma mistura hidroalcólica com teor alcoólico mínimo de 94,5% de pureza, ou
seja, contendo mais moléculas de H2O. O emprego de álcool hidratado é na indústria
farmacêutica, alcoolquímica, nas indústrias de bebidas alcoólicas e produtos de limpeza e em
grande quantidade é utilizado como combustível puro em veículos automotivos, constituindo
assim um mercado em ascensão para um combustível obtido de maneira renovável.
Há duas razões principais por que o álcool de cana-de-açúcar é muito superior a qualquer
outro bicombustível produzido em larga escala atualmente.
Uma é em relação a produtividade, onde a quantidade de biomassa produzida por unidade de
área é, para a cana, significativamente superior do que para qualquer outro vegetal, seja ele
cultivado ou não como biomassa energética. Também a quantidade de bicombustível
produzida por unidade de área, dentro dos limites das tecnologias atuais, é bastante superior a
de qualquer outra cultura. Uma das consequências importantes dessa característica é a
contribuição para o menor custo de produção devido à menor extensão de terra para a mesma
produção.
A segunda razão diz respeito ao balanço energético, em que a razão entre a energia obtida e a
energia total utilizada para produzi-la é muito maior para o álcool de cana do que para
qualquer outro bicombustível. Embora ainda frequentemente citada na literatura não
especializada, o valor de 3,1 a 3,9 é absurdo. Estes dados foram obtidos em um trabalho que,
dentre outros erros cometidos, foram adotados gastos de combustível fóssil (Diesel) pelo
menos dez vezes superior ao real.
O valor internacionalmente reconhecido hoje está entre 8,2 e 10,5. Em contraste, está o álcool
de milho, produzido nos EUA e responsável por mais de um terço do consumo mundial, que
tem como ciclo de vida algo entre 1,0 e 1,4, de acordo com diferentes avaliações. A mais
recente e, possivelmente, mais confiável estimativa (feita pelo American Institute of
Biological Sciences) é 1,1 isto é, obtém-se apenas 10% a mais de energia na forma de álcool
do que a que se consome como energia fóssil.
36
Essa alternativa, portanto, contribui de maneira insignificante para o combate ao efeito estufa.
Sua utilidade é apenas no que diz respeito à poluição em centros urbanos densos, uma vez que
será o etanol e não o fóssil que será queimado nas grandes cidades. E, também nesse aspecto,
é o álcool muito menos poluente que os fósseis.
A beterraba, usada na Europa, sob tal perspectiva, também é pouco recomendável, pois seu
ciclo de vida é de aproximadamente 2 anos. Com a exceção do óleo de palma, que tem, para
esse parâmetro, um valor próximo a 5 anos, as demais opções, tanto para a produção de
biodiesel como para a de etanol, não supera a marca de 3 anos para o ciclo de vida, dentro dos
limites das tecnologias atualmente em uso. Esta é uma das razões por que os respectivos
custos de produção ainda estão muito acima daqueles do etanol de cana.
Todavia, o desenvolvimento genético da matéria-prima e os processos de produção de muitas
das opções para o biodiesel ainda não passaram por um “aprendizado”, período em que
tecnologias são ajustadas de maneira a reduzir os custos de produção, como já ocorreu com o
etanol, tanto de cana como de milho e de beterraba. Também é o caso do biodiesel de soja,
que já teve sua curva de aprendizado percorrida e, muito provavelmente, não mais terão
reduzidos, de modo apreciável, seus custos de produção, devido principalmente à
produtividade e ao ciclo de vida, que são extremamente baixos.
Atualmente o mundo inteiro encontra-se na busca de alternativas para o petróleo, sendo assim,
é bem possível que na próxima década deva chegar ao mercado o etanol de segunda geração,
produzido a partir de todo tipo de biomassa vegetal, incluindo o lixo orgânico. O etanol de
segunda geração é formado a partir da fermentação que é o processo pelo qual
microorganismos (fermentos) convertem açúcar ou amido em etanol.
Parte considerável de um vegetal, entretanto, não é nem açúcar, nem amido, mas fibras, que
não podem ser digeridas pelos fermentos tradicionais. Para a cana, 2/3 de sua massa é fibra
biomassa não fermentável, e muitas plantas quase não detêm açúcar ou amido. Ou seja, dois
terços da biomassa, no caso da cana, não são aproveitados para a conversão para etanol.
Segundo Francisco (2003), especialistas vêm, entretanto, nestas últimas duas ou três décadas,
tentando desenvolver uma série de tecnologias denominadas “hidrólise”, que permitam
converter a fibra (materiais ligno-celulósicos) em etanol. Essas tecnologias permitiriam
aumentar, em princípio, a produção de etanol de cana, com a mesma área plantada, em 200%,
devido ao aproveitamento do bagaço e da palha. Também, em princípio, seria possível
aproveitar qualquer cultura ou rejeito vegetal. Os EUA têm um projeto que pretende substituir
30% de seu consumo de gasolina por etanol derivado da hidrólise de refugo vegetal e
florestal, que, atualmente, são dispostos como lixo.
Ainda neste portal, percebe-se que estas novas tecnologias, entretanto, muito provavelmente
não estarão disponíveis para uso comercial antes de dez anos. E, embora possam vir a
aumentar a competitividade de outras culturas, certamente não serão suficientes para alcançar
o rendimento da cana, que também se beneficiará dessas inovações.
2.2 GASOLINA
Como relata Clarindo (site usados.biz/tipos de combustíveis, 2001), a gasolina é um
combustível constituído basicamente por hidrocarbonetos e, em menor quantidade, por
37
produtos oxigenados. Os hidrocarbonetos que compõem a gasolina são em geral, mais "leves"
do que aqueles que compõem o óleo diesel, pois são formadas por moléculas de menor cadeia
carbônica. Além dos hidrocarbonetos e dos oxigenados, a gasolina contém compostos de
enxofre, compostos de nitrogênio e compostos metálicos, todos eles em baixas concentrações.
Continuando nesse portal, verifica-se que a gasolina atualmente disponibilizada em nosso país
para o consumidor final e que é comercializada pelos postos revendedores é aquela que possui
compostos oxigenados em sua composição, normalmente álcool etílico anidro. Em épocas de
crise no abastecimento do álcool etílico, quando a produção da indústria alcooleira não é
suficiente para atender à demanda de etanol anidro, outros compostos oxigenados, como o
MTBE (Metil, Terc-Butil-Éter) e metanol poderão, após aprovação federal, estar presentes na
gasolina disponível aos consumidores.
O MTBE é normalmente utilizado como componente da gasolina desde 1974 na Europa e
desde 1979 nos EUA. No Brasil, o Rio Grande do Sul tem o MTBE incorporado na gasolina
desde 1990.
É reconhecido hoje pelo DNC Departamento Nacional de Combustível quatro tipos de
gasolina para uso em automóveis, embarcações aquáticas, motos Tipo, a do Tipo A, Tipo A
Premium, Tipo C e tipo C Premium. A do Tipo A é a produzida pelas refinarias e entregue
diretamente para os distribuidores, constituída basicamente por uma mistura de naftas; A do
Tipo A Premium é obtida a partir da mistura de Naftas de elevada octanagem e que fornecem
ao produto maior resistência à detonação; A do Tipo C é a gasolina comercializada nos postos
constituída de uma mistura de álcool anidro e a do Tipo C Premium é a gasolina do Tipo A
Premium adicionada 21 a 23% de álcool anidro.
Existe também a gasolina aditivada que é a gasolina do Tipo A sendo Premium ou não
misturada com o álcool anidros e aditivos que dão uma característica de detergentes e
dispersantes e tem a finalidade de melhorar o desempenho do produto.
2.3 HISTÓRICO DA PRODUÇÃO DE ETANOL NO BRASIL
Impossível falar sobre o etanol sem analisar o histórico da produção e desenvolvimento do
mercado do álcool e seu respectivo programa, o Proálcool.
Para Suarez (2009), o Proálcool foi um programa bem sucedido de substituição em larga
escala dos derivados de petróleo. Foi desenvolvido para evitar o aumento da dependência
externa de divisas quando dos choques de preço de petróleo.
De 1975 a 2000, foram produzidos cerca de 5,6 milhões de veículos a álcool hidratado.
Acrescido a isso, o Programa substituiu por uma fração de álcool anidro (entre 1,1% a 25%)
um volume de gasolina pura consumida por uma frota superior a 10 milhões de veículos a
gasolina, evitando, assim, nesse período, emissões de gás carbônico da ordem de 110 milhões
de toneladas de carbono (contido no CO2), a importação de aproximadamente 550 milhões de
barris de petróleo e, ainda, proporcionando uma economia de divisas da ordem de 11,5
bilhões de dólares.
38
Ainda segundo o site Biodiesel (2009) o Programa Nacional do Álcool ou Proálcool foi
criado em 14 de novembro de 1975 pelo decreto n° 76.593, com o objetivo de estimular a
produção do álcool, visando o atendimento das necessidades do mercado interno e externo e
da política de combustíveis automotivos.
De acordo com o decreto, a produção do álcool oriundo da cana-de-açúcar, da mandioca ou de
qualquer outro insumo deveria ser incentivada por meio da expansão da oferta de matériasprimas, com especial ênfase no aumento da produção agrícola, da modernização e ampliação
das destilarias existentes e da instalação de novas unidades produtoras, anexas a usinas ou
autônomas, e de unidades armazenadoras.
E continua, a cana-de-açúcar tem o mais alto retorno para os agricultores por hectare
plantado. O custo de produção do açúcar no país é baixo (inferior a US$ 200/toneladas6),
podendo dessa maneira competir no mercado internacional. Tal mercado é, entretanto, volátil
e apresenta grandes oscilações de preços. Como publicado no site Biodieselbr, Paulo Suarez
(2009) relata:
A produção mundial de açúcar em 2000 foi de 131 milhões de toneladas, sendo de
cerca de 13% a participação do Brasil. As etapas na produção do açúcar e do álcool
diferem apenas a partir da obtenção do suco, que poderá ser fermentado para a
produção de álcool ou tratado para o açúcar. Caso a produção de açúcar se torne
menos atrativa devido às reduções de preços internacionais o que frequentemente
ocorre poderá ser mais vantajoso a mudança na produção para álcool.
A decisão de produção de etanol a partir de cana-de-açúcar, além do preço do açúcar, é
política e econômica, envolvendo investimentos adicionais. Tal decisão foi tomada em 1975,
quando o governo federal decidiu encorajar a produção do álcool em substituição à gasolina
pura, com o objetivo de reduzir as importações de petróleo, então com um grande peso na
balança comercial externa. Nessa época, o preço do açúcar no mercado internacional vinha
decaindo rapidamente, o que tornou conveniente a mudança de produção de açúcar para
álcool.
No programa Brasileiro do Álcool, Proálcool destaca-se cinco fases distintas, disposto no site
Biodiesel (2009), sendo:
1ª. 1975 a 1979 - Fase Inicial - O esforço foi dirigido sobretudo para a produção de álcool
anidro para a mistura com gasolina. Nessa fase, o esforço principal coube às destilarias
anexas. A produção alcooleira cresceu de 600 milhões de l/ano (1975-76) para 3,4 bilhões de
l/ano (1979-80). Os primeiros carros movidos exclusivamente a álcool surgiram em 1978.
2ª. 1980 a 1986 - Fase de Afirmação - O segundo choque do petróleo (1979-80) triplicou o
preço do barril de petróleo e as compras desse produto passaram a representar 46% da pauta
de importações brasileiras em 1980. O governo, então, resolve adotar medidas para plena
implementação do Proálcool. São criados organismos como o Conselho Nacional do Álcool
- CNAL e a Comissão Executiva Nacional do Álcool - CENAL para agilizar o programa.
A produção alcooleira atingiu um pico de 12,3 bilhões de litros em 1986-87 (gráfico 1),
superando em 15% a meta inicial do governo de 10,7 bilhões de l/ano para o fim do período.
A proporção de carros a álcool no total de automóveis de ciclo Otto (passageiros e de uso
misto) produzidos no país aumentou de 0,46% em 1979 para 26,8% em 1980, atingindo um
teto de 76,1% em 1986 (gráfico 2).
39
3ª. 1986 a 1995 - Fase de Estagnação - A partir de 1986, o cenário internacional do mercado
petrolífero é alterado. Os preços do barril de óleo bruto caíram de um patamar de US$ 30 a 40
para um nível de US$ 12 a 20. Esse novo período, denominado “contra-choque do petróleo”,
colocou em xeque os programas de substituição de hidrocarbonetos fósseis e de uso eficiente
da energia em todo o mundo.
Na política energética brasileira, seus efeitos foram sentidos a partir de 1988, coincidindo com
um período de escassez de recursos públicos para subsidiar os programas de estímulo aos
energéticos alternativos, resultando num sensível decréscimo no volume de investimentos nos
projetos de produção interna de energia.
A oferta de álcool não pôde acompanhar o crescimento descompassado da demanda, com as
vendas de carro a álcool atingindo níveis superiores a 95,8% das vendas totais de veículos de
ciclo Otto para o mercado interno em 1985.
Os baixos preços pagos aos produtores de álcool a partir da abrupta queda dos preços
internacionais do petróleo (que se iniciou ao final de 1985) impediram a elevação da produção
interna do produto. Por outro lado, a demanda pelo etanol, por parte dos consumidores,
continuou sendo estimulada por meio da manutenção de preço relativamente atrativo ao da
gasolina e da manutenção de menores impostos nos veículos a álcool comparados aos à
gasolina.
Essa combinação de desestímulo à produção de álcool e de estímulo à sua demanda, pelos
fatores de mercado e intervenção governamental assinalados, gerou a crise de abastecimento
da entressafra 1989-90.
Vale ressaltar que, no período anterior à crise de abastecimento houve desestímulo tanto à
produção de álcool, conforme citado, quanto à produção e exportação de açúcar, que àquela
época tinham seus preços fixados pelo governo.
A produção de álcool manteve-se em níveis praticamente constantes, atingindo 11,8 bilhões
de litros na safra 1985-86; 10,5 bilhões em 1986-87; 11,5 bilhões em 1987-88; 11,7 bilhões
em 1988-89 e 11,9 bilhões em 1989-90. As produções brasileiras de açúcar no período foram
de 7,8 milhões de toneladas na safra 1985-86; 8,2 milhões em 1986-87; 7,9 milhões em 198788; 8,1 milhões em 1988-89 e 7,3 milhões de toneladas em 1989-90.
As exportações de açúcar, por sua vez, reduziram-se nesse período, passando de 1,9 milhões
de toneladas na safra 1985-86 para 1,1 milhão de toneladas na safra 1989-90.
Apesar de seu caráter efêmero, a crise de abastecimento de álcool do fim dos anos 1980
afetou a credibilidade do Proálcool, que, juntamente com a redução de estímulos ao seu uso,
provocou, nos anos seguintes, um significativo decréscimo da demanda e, consequentemente,
das vendas de automóveis movidos por esse combustível.
Deve-se acrescentar ainda outros motivos determinantes que, associados, também
contribuíram para a redução da produção dos veículos a álcool. No final da década de 1980 e
início da década de 1990, o cenário internacional dos preços do petróleo sofreu fortes
alterações, tendo o preço do barril diminuído sensivelmente. Tal realidade, que se manteve
praticamente como a tônica dos dez anos seguintes, somou-se à tendência, cada vez mais
40
forte, da indústria automobilística de optar pela fabricação de modelos e motores
padronizados mundialmente (na versão à gasolina).
No início da década de 1990, houve também a liberação, no Brasil, das importações de
veículos automotivos (produzidos, na sua origem exclusivamente na versão gasolina e diesel)
e, ainda, a introdução da política de incentivos para o “carro popular” – de até 1000
cilindradas – desenvolvido para ser movido à gasolina.
A crise de abastecimento de álcool somente foi superada com a introdução no mercado do que
se convencionou chamar de mistura MEG, que substituía, com igual desempenho, o álcool
hidratado. Essa mistura (60% de etanol hidratado, 34% de metanol e 6% de gasolina)
obrigaria o país a realizar importações de etanol e metanol (que no período entre 1989-95
superou a 1 bilhão de litros) para garantir o abastecimento do mercado ao longo da década de
1990. A mistura atendeu às necessidades do mercado e não foram constatados problemas
sérios de contaminação e de saúde pública.
4ª. 1995 a 2000 - Fase de Redefinição - Os mercados de álcool combustível, tanto anidro
quanto hidratado, encontram-se liberados em todas as suas fases de produção, distribuição e
revenda sendo os seus preços determinados pelas condições de oferta e procura. De cerca de
1,1 milhão de toneladas de açúcar que o país exportava em 1990 passou-se à exportação de
até 10 milhões de toneladas por ano (dominando o mercado internacional e barateando o
preço do produto).
Questionou-se como o Brasil, sem a presença da gestão governamental no setor, encontrará
mecanismos de regulação para os seus produtos (altamente competitivos): açúcar para o
mercado interno, açúcar para o mercado externo, etanol para o mercado interno e etanol para
o mercado externo.
Dadas as externalidades positivas do álcool e com o intuito de direcionar políticas para o setor
sucroalcooleiro, foi criado, por meio do decreto de 21 de agosto de 1997, o Conselho
Interministerial do Açúcar e do Álcool - CIMA.
Segundo os dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores –
ANFAVEA, de 1998 a 2000, a produção de veículos a álcool manteve-se em níveis de cerca
de 1%. A constituição da chamada “frota verde”, ou seja, o estímulo e a determinação do uso
do álcool hidratado em determinadas classes de veículos leves, como os carros oficiais e táxis,
tem provocado um debate entre especialistas da área econômica, contrários aos incentivos, e
os especialistas da área ambiental, favoráveis aos incentivos ao etanol. Em 28 de maio de
1998, a medida provisória nº 1.662 dispôs que o Poder Executivo elevará o percentual de
adição de álcool etílico anidro combustível à gasolina obrigatório em 22% em todo o território
nacional até o limite de 24%.
Para a implementação do Proálcool, foi estabelecido, em um primeiro instante, um processo
de transferência de recursos arrecadados a partir de parcelas dos preços da gasolina, diesel e
lubrificantes para compensar os custos de produção do álcool, de modo a viabilizá-lo como
combustível. Assim, foi estabelecida uma relação de paridade de preços entre o álcool e o
açúcar para o produtor e incentivos de financiamento para as fases agrícola e industrial de
produção do combustível. Com o advento do veículo a álcool hidratado, a partir de 1979,
adotou-se políticas de preços relativos entre o álcool hidratado combustível e a gasolina, nos
postos de revenda, de forma a estimular o uso do combustível renovável.
41
5ª. Fase Atual - Trinta anos depois do início do Proálcool, o Brasil vive agora uma nova
expansão dos canaviais com o objetivo de oferecer, em grande escala, o combustível
alternativo. O plantio avança além das áreas tradicionais, do interior paulista e do Nordeste, e
espalha-se pelos cerrados. A nova escalada não é um movimento comandado pelo governo,
como a ocorrida no final da década de 70, quando o Brasil encontrou no álcool a solução para
enfrentar o aumento abrupto dos preços do petróleo que importava. A corrida para ampliar
unidades e construir novas usinas é movida por decisões da iniciativa privada, convicta de que
o álcool terá, a partir de agora, um papel cada vez mais importante como combustível, no
Brasil e no mundo.
A tecnologia dos motores flex fuel veio dar novo fôlego ao consumo interno de álcool. O carro
que pode ser movido a gasolina, álcool ou uma mistura dos dois combustíveis foi introduzido
no País em março de 2003 e conquistou rapidamente o consumidor. Hoje a opção já é
oferecida para quase todos os modelos das indústrias e, os automóveis bicombustíveis
ultrapassaram pela primeira vez os movidos a gasolina na corrida do mercado interno. Diante
do nível elevado das cotações de petróleo no mercado internacional, a expectativa da indústria
é que essa participação se amplie ainda mais. A relação atual de preços faz com que o usuário
dos modelos bicombustíveis dê preferência ao álcool.
A velocidade de aceitação pelos consumidores dos carros bicombustíveis, ou flex fuel, foi
muito mais rápida do que a indústria automobilística esperava. As vendas desses veículos já
superaram as dos automóveis movidos à gasolina. Os bicombustíveis representaram 49,5% do
total de automóveis e comerciais leves vendidos no mês, enquanto a participação dos movidos
a gasolina ficou em 43,3%, segundo a Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores. A preferência do mercado levou a Câmara Setorial de Açúcar e do
Álcool, órgão ligado ao governo, a rever suas projeções e indicar que a participação da nova
tecnologia deverá atingir 75% dos carros vendidos em 2006.
2.4 A CANA-DE-AÇÚCAR NO FUTURO DA MATRIZ ENERGÉTICA
Para Bajay (2009, Doutor em engenharia mecânica), o Brasil avançou no planejamento
de sua matriz energética nos últimos anos. Isso ficou claro com a criação da Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), que prepara os planos decenais e de longo prazo para o Ministério
de Minas e Energia. Avanços adicionais, no entanto, encontram hoje uma formidável barreira,
como constata o estudo realizado pelos professores Sérgio Bajay, da Universidade de
Campinas, Luiz Augusto Horta Nogueira e Francisco de Sousa.
O problema é que não basta o planejamento. Faltam políticas energéticas de longo prazo, que
ainda precisam ser definidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE),
presidido pelo Ministério de Minas e Energia e do qual participam os principais ministros
afetos à área energética. Somente com essa definição e com adequada sintonia entre esses
diversos órgãos, pode-se assegurar uma matriz consistente com aquele planejamento.
O Brasil se depara atualmente com duas grandes opções em relação ao futuro de sua matriz
energética. Se apenas forem mantidas as atuais políticas energéticas (a maioria com
perspectiva de curto ou médio prazo) e as regras de funcionamento dos mercados de
combustíveis e de energia elétrica, a tendência é que a participação das fontes renováveis na
oferta interna de energia diminua até 2030. Isso porque, descontadas as hipóteses muito
42
otimistas em relação ao crescimento de algumas fontes renováveis, como a geração de
eletricidade em grandes hidrelétricas, esse plano não considerou o impacto das novas reservas
de petróleo e gás natural do pré-sal.
Se, por outro lado, o governo brasileiro quiser reverter esse quadro, passando a fomentar de
forma consistente e contínua as fontes renováveis de energia, sobretudo as mais competitivas
como o etanol, terá que estabelecer políticas e metas de longo prazo para balizar os novos
exercícios de planejamento. Essas metas deveriam ser estabelecidas de forma a refletir os
benefícios ambientais (mitigação dos gases de efeito estufa), sociais (geração de empregos),
de desenvolvimento tecnológico (como o etanol de segunda geração) e de redução dos custos
de suprimento energético que podem ser propiciados por essas fontes.
2.4.1 PLANEJAR A MATRIZ
Segundo Nogueira (2009, consultor da CEPAL/ONU), o planejamento da evolução da matriz
energética envolve múltiplos objetivos, entre os quais se destacam:
1) Suprimento da demanda energética a custos baixos;
2) Diversificação das fontes de energia e dos suprimentos, de forma a diminuir riscos de
desabastecimento e minimizar o poder de mercado de alguns grandes supridores; e
3) Minimização de impactos ambientais e sociais negativos e potencialização dos efeitos
positivos. Como ocorre com todo planejamento envolvendo objetivos conflitantes, devese buscar soluções de compromisso. As fontes renováveis de energia desempenham papel
fundamental na busca dessas soluções.
O Brasil dispõe de muitas alternativas para aumentar seu suprimento energético a partir de
fontes próprias. Poucos países no mundo têm tal diversidade e disponibilidade de recursos
naturais que podem ser utilizados como combustíveis ou para gerar energia elétrica. De fato, a
análise da série histórica do Balanço Energético Nacional mostra que a diversificação das
fontes entre 1970 e 2007. Segundo as projeções do Plano Nacional de Energia (PNE 2030),
essa diversificação deve continuar aumentando até 2030.
A participação de fontes renováveis na oferta interna de energia, no entanto, diminuiu de
57,7% em 1970 para 45,9% em 2007 e, segundo as projeções do PNE 2030, deve diminuir
mais ainda, para 44,7%, em 2030. Embora o país detenha participação de fontes renováveis
em sua matriz bem superior à média mundial (12,9% em 2007), o fato é que se está
caminhando na contramão da maioria dos países, que estão adotando uma série de políticas de
fomento para incrementar a participação das fontes renováveis em suas matrizes energéticas.
Um dos principais objetivos das recentes políticas de fomento a fontes renováveis de energia
no mundo tem sido a busca de reduções nos impactos ambientais negativos decorrentes da
produção e do consumo de energia, sobretudo de diminuições nas emissões de gases que
causam o efeito estufa. No Brasil, o inverso tem acontecido nos últimos anos, particularmente
após os resultados dos últimos leilões de energia nova, em que capacidades substanciais de
geração termoelétrica a óleo combustível e a carvão mineral, de elevado potencial poluidor,
foram contratadas.
43
Os custos marginais de suprimento dos principais combustíveis e da energia elétrica têm, no
geral, se mostrando crescentes nos últimos anos no Brasil. Além disso, há muitas incertezas
hoje em dia sobre os custos unitários de produção de várias fontes e/ou tecnologias, como é o
caso do petróleo e do gás natural oriundos das camadas de pré-sal recém-descobertas, do
biodiesel, das usinas nucleares e das usinas termelétricas a carvão nacional. A leitura dos
Planos Decenais de Energia (o 2008-2017 e o 2030) permite detectar facilmente essas
incertezas. Logo, para minimizar o custo do suprimento energético no país, o governo
brasileiro deve fomentar a expansão de fontes energéticas de baixo custo unitário de
produção, como as usinas hidrelétricas – pequenas e grandes – e o etanol, fontes que
propiciam ao Brasil grandes vantagens competitivas.
2.4.2 MARCO REGULATÓRIO
Depois de décadas de desenvolvimento pioneiro de um mercado energético renovável – os
dos biocombustíveis etanol e biodiesel – é importante avaliar as novas perspectivas do
expressivo crescimento das reservas provadas e da produção de petróleo no Brasil até 2020.
Há intenção de ampliar a capacidade de refino em cerca de 1,36 milhão de barris por dia até
2014, elevando em 67% a capacidade de refino nacional existente em 2008, para minimizar a
exportação de petróleo bruto e agregar valor ao petróleo nacional. Dessa forma, segundo os
planos governamentais, haveria geração de grandes excedentes exportáveis de gasolina e de
óleo diesel a partir de 2017. A questão é que essa exportação prevista depende do mercado
externo, e, caso as condições externas não sejam favoráveis, não se deve descartar a hipótese
de a produção nacional de combustível fóssil ser direcionada ao mercado interno. O risco não
pode ser subestimado: com a maior oferta de petróleo poderia haver deslocamento da
demanda por etanol.
É por isso que é importante o Brasil ter um marco regulatório específico para ordenar o seu
mercado. Além de atender a objetivos mais gerais, como estimular os investimentos
produtivos, promover a competição equilibrada e a defesa do abuso econômico e assegurar o
fluxo de informações, esse marco deveria:
a) Criar condições para uma reestruturação do processo de comercialização do etanol no
mercado doméstico (desenvolvimento do mercado futuro e contratos de longo prazo),
incluindo a criação de mecanismos para favorecer o estoque privado e o maior
comprometimento dos demais agentes da cadeia em relação ao abastecimento no mercado
doméstico;
b) Estabelecer mecanismos de apoio às atividades de pesquisa e desenvolvimento no âmbito
da agroindústria energética e automobilística;
c) Estimular os investimentos em infraestrutura para o transporte e estocagem de etanol, de
forma a aumentar a competitividade do setor nos mercados doméstico e internacional;
d) Incentivar a consolidação da bioeletricidade, a energia elétrica produzida a partir da
biomassa da cana-de-açúcar, por meio de mecanismos de precificação adequados e de
apoio à conexão e comercialização desse produto;
e) Definir marcos regulatórios claros sobre dutovias destinadas a etanol e outros
combustíveis.
44
As condições atuais do mercado de combustível no Brasil são completamente diferentes das
dos anos 70, quando se estruturou e regulamentou a introdução do etanol hidratado no país.
Hoje, há diversificação de produtos, com importantes volumes de biocombustíveis produzidos
em centenas de unidades distribuídas pelo território nacional. Além disso, o setor emprega
centenas de milhares de pessoas e gera benefícios sociais e ambientais relevantes. Portanto,
frente a essa nova realidade, e atendendo ao interesse da sociedade, é preciso assegurar as
perspectivas de sustentabilidade dos biocombustíveis no Brasil, cuja matriz energética deve
manter-se baseada em recursos renováveis.
2.5 SUSTENTABILIDADE
As tecnologias de cogeração, de aproveitamento integral do bagaço e da vinhaça, e de
escoamento da produção por alcooldutos são todas conservadoras de energia.
Ainda que o objetivo central do uso de bicombustíveis no mundo seja a redução de emissões
de GEE (gases do efeito estufa), é imperativo que, à montante do processo de produção, os
impactos ambientais sejam os menores possíveis. De acordo com Marcos Sawaya Jank (2009,
Presidente da UNICA).
Por meio de seu núcleo de responsabilidade social, a UNICA tem procurado ampliar
o envolvimento do público interno, atuar na capacitação de profissionais e no
desenvolvimento do processo de responsabilidade social junto à cadeia de
fornecedores e clientes das empresas do setor sucroenergético.
Absorvendo essas idéias, diversas empresas no ramo como a UNICA (União da Indústria da
cana-de-açúcar) criou um núcleo de Responsabilidade Socioambiental e Sustentabilidade,
com o objetivo de desenvolver macro-projetos focados em capacitação de funcionários e de
gestores. Desde então, têm sido realizados seminários periódicos nas regiões das usinas
associadas, cobrindo questões relacionadas a esses temas e também projetos que cada usina
desenvolve.
2.6 BENEFÍCIOS AMBIENTAIS
Em 1992, quando foi realizada, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92) e aprovada a Convenção sobre a Mudança do
Clima, foi dado um alerta de que mudanças climáticas de dimensão global e grande impacto
estavam em curso. A causa seria o impacto da ação do homem sobre o meio ambiente,
principalmente o contínuo e crescente lançamento de poluentes na atmosfera.
Os vários estudos sobre o aquecimento global publicados por inúmeras instituições científicas
internacionais e pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) mostram, de
forma inequívoca, a origem e a evolução desse fenômeno e seus efeitos presentes e futuros.
Mesmo aqueles que não se interessam por relatórios científicos sabem o que está
acontecendo. De fato, os sinais estão por toda parte, e a mídia dá muito destaque ao tema.
Todo dia, temos notícias que mostram como o aquecimento global – e as mudanças climáticas
que induz - afeta a vida no planeta.
45
Pode-se destacar a ocorrência de recordes no registro de altas temperaturas; o degelo
acelerado nos pólos glaciais; o aumento no nível dos oceanos e mares; as alterações nos
padrões de ocorrência e intensidade de tempestades e furacões e o desequilíbrio de
ecossistemas. Nunca se viram, nos tempos modernos, mudanças tão rápidas e com efeitos tão
devastadores como nos últimos anos.
Alguns cronistas têm rotulado o aquecimento global como “a mãe de todas as catástrofes”,
enquanto outros têm lembrado que o fenômeno é muito mais perigoso para o mundo que o
terrorismo. O aquecimento global resulta da intensificação do efeito estufa . Embora seja uma
ocorrência natural responsável pelo equilíbrio térmico do planeta, fazendo que a temperatura
média da superfície terrestre se mantenha em torno de 15ºC e possibilitando a vida na Terra,
sua intensificação altera os padrões climáticos que, há séculos, têm-se mantido relativamente
estáveis.
A causa primária desse processo é o aumento da concentração dos gases de efeito estufa
(GEE). Os dados existentes indicam que a temperatura média da Terra já aumentou 0,6ºC e
que esse valor poderá crescer cerca de dez vezes até o final do século, trazendo resultados
desastrosos para a humanidade.
Acredita-se que mesmo que o cenário seja menos dramático, com aumento de 2ºC na
temperatura média, haverá impactos significativos para vida no planeta e para a economia.
Esse aumento pode, aparentemente, parecer muito pequeno, mas é suficiente para alterar os
padrões de ventos e correntes oceânicas e, consequentemente, o transporte global de energia
térmica.
Um trabalho bastante detalhado sobre os impactos do aquecimento global, conhecido como
Relatório Stern, coordenado por Nicolas Stern, eminente economista britânico, estima que os
investimentos necessários para que medidas efetivas para a mitigação dos GEE sejam
implementadas rapidamente envolveriam custos anuais de, aproximadamente, 1% do PIB
mundial nos próximos 20 a 30 anos. Por outro lado, a falta de ação pode resultar em custos
anuais estimados entre 5% a 20% do PIB mundial, além de impactos irreparáveis ao meio
ambiente e ao bem-estar de milhões de pessoas.
Os principais GEE são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O).
Outros gases classificados como GEE são os hidrofluorcabonetos (HFCs), os
perfluorcarbonetos (PFCs) e o hexafluoreto de enxofre (SF6), que, entretanto, têm menor
importância, pois são emitidos em quantidades consideravelmente inferiores, apesar de terem
um potencial de aquecimento da atmosfera elevado e longa persistência na atmosfera.
No total, a emissão de GEE aumentou 70% entre 1970 e 2004, atingindo 26,9 bilhões de
toneladas em 2004. Em relação ao CO2, considerado o principal GEE, houve aumento de 80%
nesse período, representando 77% do total em 2004.
Além dos GEE, outros poluentes como o monóxido de carbono (CO), compostos orgânicos
voláteis (COV) e óxidos de nitrogênio (NOx) também contribuem para o aquecimento global,
embora indiretamente. No caso do CO, ocorre oxidação gradual na atmosfera para CO2.
Quanto aos COV e NOx, participam do processo de formação do ozônio troposférico (O3 –
gerado a partir de reações que envolvem, principalmente, COV e NOx em presença de energia
solar ), que, também, é considerado um GEE. É oportuno ressaltar que o CO, ademais,
contribui para a formação do ozônio troposférico, embora de forma secundária.
46
O etanol é produzido, principalmente, a partir de fontes renováveis, por meio da conversão de
açúcares (cana-de-açúcar, beterraba, uvas etc.) ou de carboidratos (milho, trigo, batata,
mandioca etc.). No Brasil, o combustível é produzido, exclusivamente, de cana-de-açúcar.
Com os avanços observados na área de biotecnologia, é provável que, em menos de uma
década, seja possível produzir etanol, em escala comercial e a custos competitivos, a partir de
materiais que contêm celulose e hemi-celulose, como o bagaço e a palha da cana-de-açúcar,
trazendo substancial aumento à produtividade.
O etanol produzido e utilizado de acordo com as práticas adotadas no Brasil é considerado,
atualmente, uma das alternativas com melhor custo-efetividade para a redução da emissão de
CO2. Quando comparado com seus congêneres produzidos em outros países, a partir de
diferentes matérias-primas, o produto brasileiro apresenta a maior redução de GEE no ciclo de
vida do produto (aproximadamente 90%) e o menor custo por tonelada de GEE evitado
(menos que US$ 20/tonelada de CO2 equivalente).
Estimativa feita para 2003 indica que a substituição da gasolina pelo etanol no Brasil mais a
substituição do óleo combustível pelo bagaço na indústria da cana-de-açúcar evitaram a
emissão de 33,2 milhões de toneladas equivalentes de CO2, quantidade similar à emitida, por
exemplo, pela Noruega naquele ano. Vale ressaltar que, nesse cálculo, a substituição da
gasolina pelo etanol representa 85% da emissão evitada.
Os principais fatores que tornam o etanol produzido no Brasil uma opção viável para a
mitigação dos GEE são:
− Produção a partir da cana-de-açúcar, matéria-prima renovável, de crescimento rápido e de
safra anual, com alto poder de fixação de CO2 no ambiente por meio da fotossíntese;
− Produção muito eficiente em termos energéticos, consumindo apenas 0,12 kJ de energia
fóssil para cada 1,0 kJ de etanol produzido (equivale a dizer que para cada unidade de energia
fóssil utilizada no ciclo de produção foram geradas 8,3 unidades de energia renovável);
− Absorção, durante o crescimento da cana-de-açúcar, por meio do processo de fotossíntese,
de quantidade de CO2 equivalente àquela gerada no ciclo de produção uso do etanol; é por
isso que se diz que o balanço de carbono do etanol é neutro. Em outras palavras, ao substituir
os combustíveis fósseis, o etanol, efetivamente, evita a emissão que ocorreria.
A Inexistência, para os combustíveis fósseis, de um sistema natural de reciclagem do CO2,
como o etanol possui. O carbono que é retirado do subsolo, na forma de gás natural e
derivados de petróleo, aumenta o estoque de carbono existente no ar ao ser lançado na
atmosfera;
Emissão de CO2 pela combustão do etanol é menor que a dos combustíveis fósseis. Enquanto
um veículo de porte médio, movido exclusivamente com gasolina, chega a emitir,
aproximadamente, 2,2 kg CO2/litro, um veículo equivalente movido exclusivamente com
etanol emite cerca de 1,3 kg CO2/litro, ou seja, 59% da emissão do veículo a gasolina. De
todo modo, como visto no quadro 1, a emissão do veículo abastecido com etanol será
compensada pela absorção do CO2 pela cultura da cana.
ANO
COMBUSTÍVEL
Antes 1980
1986
Gasolina
Mistura de gasolina e etanol
POLUENTES(*)
(gramas por quilômetro)
CO HC
NOX
ALDEIDOS
54 4,7
1,2
0,05
22
2
1,9
0,04
47
Etanol
Mistura de gasolina e etanol
1990
Etanol
Mistura de gasolina e etanol
1995
Etanol
Mistura de gasolina e etanol
2000
Etanol
Quadro 1 – Emissões por Veículos Leves no Brasil
Fonte: IBAMA / PROCONVE
16
13,3
10,8
4,7
4,6
0,73
0,63
1,6
1,4
1,3
0,6
0,7
0,13
0,18
1,8
1,4
1,2
0,6
0,7
0,21
0,21
0,11
0,04
0,11
0,025
0,042
0,004
0,014
Dois tipos do etanol são normalmente utilizados como combustível nos motores de combustão
interna: hidratado e anidro. O etanol hidratado contém aproximadamente 95% de etanol em
volume, sendo o restante água. Segundo as especificações brasileiras, o tipo anidro contém
99,5% de etanol e 0,5% de água. Trata-se de combustível que apresenta compatibilidade
tecnológica com diversos tipos de aplicação:
− Pode ser misturado com a gasolina em proporção de até 10% para utilização em veículos
originalmente projetados para gasolina pura, sem a necessidade de alteração de componentes
ou calibração do motor.
A experiência de maior importância desse tipo de mistura ocorre nos EUA, onde cerca de
50% da gasolina já é misturada com etanol. Para misturas em proporções superiores, como a
feita no Brasil, onde toda a gasolina comercializada ao público recebe de 20% a 25% de
etanol, os veículos passam por um processo de adequação de alguns componentes e o motor é
calibrado para a mistura. A redução de GEE é proporcional à porcentagem de gasolina
substituída;
(*) Médias ponderadas de cada ano-modelo pelo volume da produção
− É apropriado para uso como combustível exclusivo, inclusive com diversas vantagens de
desempenho e ambientais em relação à gasolina. No Brasil, foram produzidos 5,5 milhões de
veículos abastecidos exclusivamente com etanol desde 1979. Nesse caso, como a substituição
é total, a redução de GEE é de praticamente 100%;
− É compatível com o conceito de abastecimento flexível de combustível, popularmente
conhecido como flexfuel, que permite tanto o uso de gasolina como o de etanol puro, passando
por qualquer mistura dos dois combustíveis. Esse conceito vem ganhando popularidade em
diversos países. Nos EUA, já foram produzidos perto de 6 milhões desses veículos desde
1992 (embora na sua grande maioria sejam usualmente abastecidos somente com gasolina).
No Brasil, onde a produção desses veículos se iniciou em 2003, teremos mais de 4 milhões de
veículos flex-fuel no fim de 2007. A redução de GEE depende da forma como o etanol é
utilizado: quanto maior o seu uso, menor a emissão de GEE;
− Pode ser utilizado nos motores de combustão interna (em mistura com a gasolina, puro ou
no conceito flex-fuel) que equipam sistemas híbridos de propulsão utilizados em associação
com motores elétricos. Nesse caso, a redução de GEE pelos sistemas híbridos é incrementada
com o uso do etanol;
Pode, também, ser utilizado na produção de hidrogênio para uso em motores de combustão
interna ou em células de combustível. Pesquisas em curso visam a desenvolver tecnologia
para uso direto do etanol em células de combustível, sem necessidade de sua prévia conversão
48
em hidrogênio. Em qualquer dos casos, há possibilidade de ganhos substanciais em termos de
redução dos GEE.
2.7 IMPACTO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA
O crescente interesse mundial pelos biocombustíveis, notadamente pelo etanol, tem
provocado, em vários países, discussões sobre a competição do uso da terra para a produção
de alimentos e de energia. Aliás, essa discussão não é nova no Brasil. Já na década de 1970,
por ocasião da implantação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), dizia-se que a
expansão da cana-de-açúcar poderia destruir o meio ambiente e intensificar a fome no País.
Passados 30 anos, essa tese se mostrou sem fundamento. Enquanto a indústria da cana-deaçúcar cresceu significativamente e trouxe desenvolvimento econômico e social para diversas
regiões, particularmente para o Centro-Sul, o Brasil tornou-se um importante produtor e
exportador de alimentos (grãos, carne, açúcar etc.). Nesse contexto, a questão da fome deve
ter as suas causas melhor entendidas.
Diversos especialistas, como a economista Amartya Sen (Prêmio Nobel em 1998), acreditam
que a fome resulta, principalmente, das dificuldades para compra de alimentos, devido ao
desemprego e aos baixos salários. Não é por outra razão que o programa Fome Zero,
coordenado pelo Governo Federal, concentra suas ações no aumento da renda da população
mais carente.
As críticas de alguns à expansão da produção de etanol no Brasil são frequentemente baseadas
em condições de outros países e feitas sem o conhecimento da realidade nacional. Um bom
exemplo é o caso da produção de etanol a partir de milho nos EUA, que tem provocado alta
dos preços do grão no mercado internacional. Buscar, de maneira simplista, uma analogia
entre os produtos do milho e os da cana-de-açúcar, como tem sido feito, leva a inevitáveis
equívocos, vistas as peculiaridades de cada caso. Vale notar que, recentemente, os preços do
milho aumentaram de modo considerável, enquanto que os do açúcar têm-se mantido em
níveis baixos.
Nos últimos 25 anos, a expansão do cultivo da cana deu-se, essencialmente, no Centro-Sul do
Brasil, sobretudo no estado de São Paulo, onde a cultura, de modo geral, dispensa irrigação.
Trata-se de áreas distantes dos biomas da Floresta Amazônica, Mata Atlântica e Pantanal.
Esse fato é relevante, pois é comum a crença de que a cana estaria invadindo áreas florestais.
Hoje, apesar de, em alguns casos, a expansão resultar em substituição de culturas, o
crescimento vem ocorrendo, sobretudo, em áreas de pastagem. Não se imagina expansão em
qualquer área de florestas ou biomas protegidos, mesmo porque a legislação vigente não
permitiria.
Segundo o Ministério da Agricultura, as áreas cultivadas com espécies comerciais (soja,
milho, feijão, arroz, cana etc.) totalizam hoje 62 milhões de hectares e podem, futuramente,
ser complementadas por mais 90 milhões de hectares aptos à expansão da agricultura. Do lado
da preservação ambiental, existem 465 milhões de hectares de áreas de florestas e matas.
Comparativamente, a área ocupada pela cana-de-açúcar para produção de etanol é de,
aproximadamente, 3,3 milhões de hectares (apenas 0,4% do território nacional). Para produzir
49
os 36 bilhões de litros projetados para 2012, essa área deve aumentar em torno de 70%,
ocupando, entretanto, menos de 0,7% do território nacional.
O Brasil, com suas dimensões continentais e seu estoque de terras agricultáveis significativo,
pode sustentar a produção agrícola de alimentos e etanol, mantendo, ademais, preservadas
grandes áreas de florestas e matas nativas. Por outro lado, a maior inserção do etanol na
matriz energética possibilita importantes benefícios ambientais, particularmente na redução
do CO2.
4 APLICAÇÃO EM MOTORES A COMBUSTÃO
4.1 TRANSFORMAÇÃO DA ENERGIA
A fermentação é o processo pelo qual micro-organismos (fermentos) convertem açúcar ou
amido em etanol.
Parte considerável de um vegetal, entretanto, não é nem açúcar, nem amido, mas fibras, que
não podem ser digeridas pelos fermentos tradicionais. Para a cana, 2/3 de sua massa é fibra
biomassa não fermentável, e muitas plantas quase não detêm açúcar ou amido. Ou seja, dois
terços da biomassa, no caso da cana, não são aproveitados para a conversão para etanol.
Especialistas vêm, entretanto, nestas últimas duas ou três décadas, tentando desenvolver uma
série de tecnologias denominadas “hidrólise”, que permitam converter a fibra (materiais
ligno-celulósicos) em etanol. Essas tecnologias permitiriam aumentar, em princípio, a
produção de etanol de cana, com a mesma área plantada, em 200%, devido ao aproveitamento
do bagaço e da palha. Também, em princípio, seria possível aproveitar qualquer cultura ou
rejeito vegetal. Os EUA têm um projeto que pretende substituir 30% de seu consumo de
gasolina por etanol derivado da hidrólise de refugo vegetal e florestal, que, atualmente, são
dispostos como lixo.
Estas novas tecnologias, entretanto, muito provavelmente não estarão disponíveis para uso
comercial antes de dez anos. E, embora possam vir a aumentar a competitividade de outras
culturas, certamente não serão suficientes para alcançar o rendimento da cana, que também se
beneficiará dessas inovações.
Além do mais, o Brasil dispõe de uma área adequada para o cultivo de cana que não é
ocupada por floresta, cultura agrícola ou qualquer habitat protegido, cuja extensão equivale a
100 vezes (300 milhões de hectares) da que, atualmente, se usa para a produção de álcool (3
milhões de ha). Uma parcela foi ou é ocupada por pastagens extensivas.
O Brasil pode, portanto, prover a humanidade com um combustível limpo e renovável para a
substituição de fósseis contribuindo, assim, para o combate ao aquecimento global de maneira
decisiva, tendo como benefício colateral, o próprio desenvolvimento econômico.
A chamada bioeletricidade é gerada pela queima de biomassa, neste caso o bagaço e a palha
da cana-de-açúcar, em caldeiras de alta pressão. Atualmente, todas as usinas de açúcar e
etanol já são autossuficientes em energia elétrica, mas ainda exportam pouca energia para a
50
rede elétrica nacional. Com políticas públicas adequadas, o setor sucroenergético teria o
potencial de gerar 14.400 megawatts médios até o final da próxima década, o que equivale a
uma vez e meia a eletricidade gerada por Itaipu, ou 15% das necessidades do País.
4.2 APLICAÇÃO EM VEÍCULOS À COMBUSTÃO
O álcool é um combustível com características adequadas para alimentar motores à
combustão interna que funcionam segundo o Ciclo Otto. Esse tipo de motor tem seu início de
queima (ignição) por centelha (faísca gerada na vela de ignição). Além do etanol, o metanol, a
gasolina e o gás natural têm as mesmas características mencionadas. Entre os combustíveis
líquidos citados, o etanol é o que melhor se mistura à gasolina.
Por sua vez, a geração de veículos com tecnologias mais novas exige uma gasolina com maior
quantidade de oxigenados para poder cumprir as exigências das normas de emissões
veiculares. O atendimento a essa exigência pode ser conseguido com grandes e caras
modificações no processo de refino da gasolina, ou com a adição de substâncias oxigenadas,
sendo o álcool etílico anidro carburante reconhecidamente a melhor opção.
As propriedades do etanol (como combustível) levaram ao desenvolvimento de motores a
álcool e motores para a mistura álcool/gasolina no Brasil. Até 1988, esses motores foram
desenvolvidos pela indústria automobilística (GM, Ford, Volkswagen, Fiat) para sistemas
carburados. Atualmente, encontram-se disponíveis para todos os motores com sistemas de
injeção eletrônica.
As principais propriedades da gasolina e do álcool estão indicadas na Tabela abaixo:
Calor específico (kJ/kg)
Número de octano (RON/MON)*
Calor latente de vaporização (kJ/kg)
Temperatura de ignição (ºC)
Razão estequiométrica Ar/Combustível
Quadro 2 – Propriedades e Características dos Combustíveis
Fonte: Energy for Sustainable Development
GASOLINA ETANOL
34.900
26.700
91/80
109/98
376 ~ 502
903
220
420
14,5
9
Características como as suas moléculas pequenas e com ligações interatômicas fortes lhes
atribuem excelentes propriedades antidetonantes (números de octano RON iguais a 111 e 108,
respectivamente para o metanol e o etanol; os números de octano MON ficam em torno de 87
para ambos), sendo, portanto, bastante indicados para motores de ignição por faísca.
Suas massas específicas (em torno de 800 g/L para estes álcoois na forma anidra) são maiores
que as das gasolinas (em torno de 740 g/L) . Isto faz aproximar seus conteúdos energéticos
por unidade de volume daqueles típicos das gasolinas.
Ex: (21,6 MJ/L no etanol anidro x 31,5 MJ/L da gasolina pura).
Ambos possuem baixas pressões de vapor o que dificulta suas vaporizações. Além disso,
possuem altos calores latentes de vaporização (em torno de 1.000 kJ/kg, cerca de 2,5 vezes
maiores que os da gasolina) e elevadas tensões superficiais. Estas propriedades dificultam a
51
partida a frio dos motores, que pode ser melhorada com o uso de EGR (exhaust gas
recirculation), aquecimento do combustível e injetores e/ou uso de gasolinas em sistemas de
partida a frio.
Os altos calores latentes de vaporização permitem, entretanto, que se observem maiores
rendimentos volumétricos dos motores quando eles são utilizados. Ambos aumentam as
velocidades de propagação de frente de chama quando misturados à gasolina. (Ex: MEG da
década de 90).
O uso de maiores taxas de compressão nos motores adaptados para seus consumos é
fundamental para que sejam obtidas maiores eficiências indicadas (até 15% maiores que as
observadas em motores que utilizam combustíveis derivados de petróleo) que compensem, em
parte, seus menores poderes caloríficos. O aumento da taxa de compressão pode ser
conseguido com o rebaixamento do cabeçote ou mudança na forma do pistão.
É corrosivo, exigindo materiais adequados (ligas metálicas e polímeros) para os componentes
do motor que mantém contato direto com eles. Por exemplo, há necessidade de se fazer
tratamentos de superfície (niquelação, uso de níquel químico) em materiais menos nobres
como Zamac para reduzir os efeitos corrosivos e/ou utilizar aços ligados como o inoxidável
(carburadores, bombas de combustível, bicos injetores, etc.).
A borracha natural (BUNA-N) deve ser substituída por VITON na maioria das aplicações
destes elastômeros (mangueiras, anéis O, etc.). Os plásticos, tais como os usados em filtros de
combustível e bombas também devem ser substituídos.
As velas de ignição devem ter seus graus térmicos ajustados às condições de operação dos
motores que trabalham com maiores taxas de compressão. Quanto maior o grau térmico,
maior é a capacidade de troca de calor das velas (velas frias).
Os óleos lubrificantes usados nestes motores devem possuir maiores quantidades de aditivos
anticorrosivos e que eliminem água (devido à higroscopicidade dos alcoóis). Por outro lado,
mantém-se mais limpos pela baixa diluição observada decorrente de seus pontos de ebulição
baixos (65ºC para o metanol e 78ºC para o etanol) à pressão atmosférica.
Nos gases de escapamento, em geral, observa-se:
−
−
−
−
−
Menores emissões evaporativas;
Hidrocarbonetos em formas menos diversas;
CO variável, mas não significativamente diferentes;
Aumento de NOx com o aumento das taxas de compressão;
Acetaldeído produz nitrato de peroxiacetila (PAN) que é tóxico e ajuda a formar ozônio.
De acordo com Joseph (2004), a introdução da mistura gasolina/álcool no Brasil teve um
impacto positivo imediato na qualidade do ar das grandes cidades, particularmente em São
Paulo. Inicialmente, aditivos (como o chumbo) tiveram seu uso reduzido à medida que a
quantidade de álcool na gasolina aumentava e foram totalmente eliminados em 1991.
Também os hidrocarbonetos aromáticos (tais como o benzeno), presentes na gasolina e que
são particularmente tóxicos, foram eliminados e o conteúdo de enxofre da gasolina foi
reduzido.
52
Nos automóveis movidos a etanol puro, a emissão de enxofre foi eliminada trazendo um
dividendo duplo. Sem essas ações, carros equipados com catalisadores teriam encontrado
dificuldades. Devido ao alto nível de enxofre na gasolina brasileira, os catalisadores seriam
contaminados rapidamente. Como consequência, o uso de etanol viabilizou de uma forma
indireta a introdução dos catalisadores no Brasil.
De acordo com Sharp (2008), o lançamento dos veículos flex no Brasil ocorreu somente em
março de 2003 onde utilizava um sistema desenvolvido pela Bosch, foi um marco histórico e
um ponto de inflexão no mercado de combustíveis alternativos de nosso país. Com o
lançamento dos veículos flex-fuel, popularmente chamados de bicombustíveis, a indústria
automobilística brasileira produziu, em quatro anos, de março de 2003 a março de 2007, 3
milhões de veículos flexíveis. Hoje, nove fabricantes estão oferecendo mais de 60 modelos de
veículos flex no mercado brasileiro, com preço equivalente aos dos veículos similares
convencionais.
Na verdade, os veículos flex-fuel não foram inventados no Brasil. Os primeiros veículos com
tecnologia para serem abastecidos com combustíveis diferentes foram apresentados nos
Estados Unidos, na década de 1980, porém, a tecnologia usada pelos fabricantes americanos é
baseada num sensor de identificação, que analisa qual combustível está sendo usado e informa
ao computador de bordo, que ajusta o sistema de injeção e o sistema de ignição para as
melhores condições de queima daquele combustível. Apesar de eficiente, essa tecnologia é
cara, complicada e totalmente dependente da vida útil do sensor de identificação. Nos Estados
Unidos, esse conceito tecnológico somente vingou devido ao interesse dos fabricantes em
oferecer veículos movidos a combustível alternativo, para poder se beneficiar de exceções
tributárias.
Uma vez que o mercado brasileiro de automóveis é dominado por veículos compactos e de
baixo custo, é cara a tecnologia flex-fuel americana no país. Portanto, quando as montadoras
nacionais começaram a discutir a possibilidade de lançar localmente esse modelo de veículo,
o pré-requisito foi o de desenvolver-se um novo conceito que evitasse o uso do sensor de
identificação de combustível.
Nesse ponto, a criatividade brasileira e a enorme experiência adquirida após 25 anos
produzindo veículos movidos a álcool manifestaram-se.
Baseando-se nas diferenças existentes em duas das características físico-químicas do álcool e
da gasolina (octanagem e relação estequiométrica) e usando os mesmos diversos sensores
funcionais que todos os veículos modernos já têm (sensores de pressão e temperatura do ar, de
vazão do combustível, de carga, rotação e de detonação do motor e de oxigênio do gás de
escapamento), os engenheiros brasileiros desenvolveram um sistema flex-fuel completamente
novo. Pelo sistema brasileiro, o combustível é primeiro queimado na câmara de combustão.
Uma fração de segundo depois, avaliando-se as consequências daquela queima por meio
sensores e comparando-se com um banco de dados existente na memória do computador
bordo, já é possível identificá-lo e ajustar o motor, sem a necessidade do sensor
identificação de combustível. Desse modo, tem-se um veículo flex-fuel pelo mesmo preço
um veículo a álcool, que nós já sabíamos fazer tão bem.
de
de
de
de
53
4.3 MOTORES FLEX
Para Viegas (2007), a empresa pioneira na tecnologia flex fuel no Brasil foi Bosch do Brasil e
lançado comercialmente no país em 2003. O conceito desse automóvel originou-se da
possibilidade do carro utilizar como combustível álcool, gasolina ou qualquer proporção de
mistura entre os dois em um mesmo tanque de combustível. Essa flexibilidade na escolha do
combustível do carro flex fuel e a existência de incerteza com relação ao preço do álcool e da
gasolina agregam valor ao automóvel, pois o consumidor pode escolher o combustível mais
barato toda vez que abastece o veículo. Existem muitas variáveis em relação à utilização do
etanol e da gasolina, particularidades que o sistema flex fuel deve prever e lidar continuamente
com isso, como drásticas diferenças de pressões, temperaturas e compressões.
Em geral essa tecnologia só veio a ser possível mediante a invenção do Módulo de Controle
Eletrônico ou Módulo de Comando. O Módulo de Comando se vale de diversas informações
acerca do funcionamento do motor por meio de diversos sensores que lhe passam
continuamente a situação no motor fazendo com que o mesmo possa calcular o combustível a
ser injetado respeitando a relação ar/combustível ideal, ou seja, o combustível é aproveitado
da melhor maneira possível por não haver falta nem excesso de ar, sendo que pode ocorrer
alterações em alguns sensores dependendo da tecnologia empregada em cada veiculo.
Tendo como exemplo a tecnologia flex empregada pela Ford Brasil que utiliza a injeção
eletrônica sequencial da Magnet Marelli, temos no total quinze sensores:
1 - Módulo de Comando (MC): Monitora as condições de operação do motor, mediante
informações fornecidas pelos diversos sensores e gerencia seu funcionamento por meio do
comando de atuadores. Controla os sistemas de alimentação de combustível, ignição,
arrefecimento e ar-condicionado. Fica fixado junto a longarina próximo a bateria do veiculo.
2 - Sensor de oxigênio (HEGO) ou Sensor Lambda: Este sensor está fixado à saída do sistema
de escape de gases do veículo e por esse motivo enfrenta diretamente problemas como altas
temperaturas, umidade, choques mecânicos e substancias químicas encontradas no
escapamento. Sua função é informar ao Módulo de Comando a concentração de oxigênio
existente nos gases de escapamento. Possui resistência interna alimentada direto pela bateria e
aterrada me Módulo de Comando, para aquecimento rápido.
Envia continuamente tensão que oscila entre 0,1 a 0,9 [v] para o Módulo de Comando, de
acordo com o teor de oxigênio resultante da combustão: valores inferiores a 450 [mV] indica
mistura pobre, valores superiores a 450 [mV] indica mistura rica em combustível. O valor de
450 [mV] corresponde à concentração de oxigênio, liberada na combustão da mistura
estequiometricamente balanceada.
3 - Sensor de Temperatura do Líquido de Arrefecimento (ECT): Informa ao Módulo de
Comando a temperatura do líquido de arrefecimento do motor. É um resistor que reduz sua
resistência interna na medida em que a temperatura aumenta. É alimentado diretamente pelo
Módulo de Comando. Fica posicionado na carcaça da válvula termostática.
4 - Conjunto Medidor de Densidade (CMD): Informa ao Módulo de Comando a temperatura
do ar admitido pelo motor e a pressão interna do coletor, possibilitando o cálculo da massa de
ar admitida e o controle exato da quantidade de combustível introduzida pelo ciclo. O sensor
54
altera suas características elétricas quando sujeito a variações de pressão, e diminui sua
resistência interna a medida que a temperatura aumenta. Fica fixado no coletor de admissão.
5 - Sensor de Posição da borboleta (TPS): Por meio da informação fornecida pelo TPS, o
Módulo de Comando identifica a posição instantânea da borboleta de aceleração e o seu
percentual de abertura. O sensor consiste de um potenciômetro linear, solidário a borboleta de
aceleração. A informação da posição da borboleta é um parâmetro importante para o controle
do gerenciamento do motor, e fundamental para as estratégias de corte de combustível em
desacelerações e freio motor. Fica fixada ao corpo de borboleta.
6 - Atuador de Marcha Lenta (IAC): É um motor de passo, acionado pelo Módulo de
Comando, que tem a função de controlar a rotação de marcha lenta em todas as condições de
funcionamento do motor. Realiza também o amortecimento da queda de rotação em
desacelerações, visando a redução das emissões de poluentes na atmosfera por
hidrocarbonetos. Fica fixado ao coletor de admissão.
7 - Sensor de Posição de Árvore de Manivela (CKP): É um sensor do tipo indutivo que
informa ao Módulo de Comando a rotação do motor e a posição instantânea dos êmbolos, que
servem de parâmetros principais para controle do sistema de injeção e ignição. Sem essas
informações o Módulo de Comando se torna inapto a comandar os mesmos e
consequentemente o motor não entra em funcionamento sob nenhuma hipótese. Fica fixado ao
bloco do motor.
8 - Eletroinjetores ou Bicos Injetores (INJ): Os eletroinjetores recebem alimentação do relé
principal. Os pulsos de aterramento, responsáveis pelo deslocamento da agulha interna para a
vazão de combustível, são aplicados eletronicamente pelo Módulo de Comando. Fixados na
lateral do cabeçote.
9 - Sistema de Alimentação de Combustível (SAC): O Sistema de Alimentação de
Combustível compreende a todo o sistema de combustível do veículo, composto por bomba,
filtro, tubo distribuidor, regulador de pressão, tanque e tubulações.
A bomba elétrica de combustível opera submersa ao combustível dentro do tanque. Bombeia
o combustível até os eletroinjetores e mantém a linha de combustível pressurizada durante o
funcionamento do motor.
A bomba é alimentada pelo Relé Principal, quando a chave de ignição é ligada. Se não for
dada a partida do motor, a bomba é desligada após alguns segundos, pois o Módulo de
Comando reconhece que não foi dada a partida, por meio da ausência do sinal do sensor de
rotação, e então por medida de segurança, desarma o relé.
10 - Eletroválvula de Purga do Canister (CANP): Controla o fluxo de vapor de combustível
(purga) gerado no tanque, direcionando-o para o canister (filtro de carvão ativado) ou para o
coletor de admissão, durante os vários regimes de funcionamento do motor, evitando a
poluição atmosférica por hidrocarbonetos e contribuindo para a economia de combustível. É
alimentada pelo Relé Principal e controlada pelo Módulo de Comando. Quando aberta,
permite a passagem do vapor de combustível proveniente do tanque para o coletor de
admissão, para ser incorporado à mistura ar/combustível. Quando fechada, os vapores são
direcionados para o canister, onde são absorvidos no filtro de carvão ativado.
55
11 - Bobina de Ignição (DIS): Gera alta tensão fornecida as velas para a produção do
centelhamento, que dá inicio ao processo de combustão. É um módulo composto por duas
bobinas de ignição, encapsuladas numa única peça, com apenas um conector elétrico. O
sistema de ignição é estático (sem distribuidor). Seu controle de aterramento eletrônico é feito
pelo Módulo de Comando. Todos os controles de avanço, ângulo de permanência e o ponto
inicial de ignição são efetuados pelo Módulo de Comando, através de parâmetros prédefinidos em sua memória e por meio de informações fornecidas pelos sensores.
12 - Sensor de Velocidade (VSS): A indicação da velocidade no painel do veículo tem sua
origem na informação fornecida pelo sensor de velocidade. Logo, sem ausência do sinal do
VSS implica não funcionamento do velocímetro. Ele informa ao Módulo de Comando, a
informação por pulsos elétricos enviados ao mesmo. Seu funcionamento é segundo o
Princípio de Hall e é alimentado pelo relé de ignição.
13 - Sensor de Detonação (KS): Informa ao Módulo de Comando a ocorrência de detonação
no motor. Por ser um sensor tipo piezoeletronico, não possui alimentação elétrica. É instalado
em posição estratégica no bloco do motor, a fim de permitir captar as vibrações oriundas de
detonação em quaisquer cilindros. Uma vez identificada a existência de detonação, o Módulo
de Comando atrasará, por medida de segurança, o ponto de ignição, independentemente, do
valor imediato de avanço de ignição encontrado no instante da detonação. Ao cessar a
detonação, o avanço da ignição será restabelecido de forma gradual.
14 - Sistema de Partida a Frio (SPF): Este é um sistema de auxílio da partida a frio, nos casos
de temperatura ambientes baixas, onde esteja sendo utilizado exclusivamente álcool ou uma
mistura em que ele esteja presente em maior proporção.
15 - Válvula Termostática Eletrônica (VTE): O Módulo de Comando controla
eletronicamente a vazão do fluido de arrefecimento, monitorando sua temperatura de
operação. A VTE regula a vazão pelo obturador do mecanismo que é controlado mediante
pulsos elétricos, enviados ao solenóide da eletroválvula, com base nas informações do sensor
de temperatura do líquido de arrefecimento (ECT), mantendo a temperatura do motor
controlada na faixa ideal, independente do combustível consumido pelo motor.
Em teoria todos os sistemas flex fuel funcionam muito bem, mas nem sempre eles são
testados em todos os tipos de situações, como ocorre com milhares de proprietários de
veículos diariamente, cada um com uma característica de pilotagem, alguns cuidadosos outros
nem tanto, muitas vezes não sabem toda a informação necessária do seu veículo, e é nessas
situações em que o propósito do carro flex fuel não irá se manter.
4.4 QUANDO UTILIZAR O ETANOL E OBTER ECONOMIA
Segundo Correia (2007), mediante informações de algumas montadoras no Brasil,
principalmente da General Motors e Volkswagen, os veículos que utilizam o motor com
tecnologia flex fuel quando abastecidos com etanol têm a capacidade de rodagem a ser
percorrida de cerca de 70%, ou seja 30% a menos se comparado com a gasolina, estando os
combustíveis em proporções iguais de volume.
Utilizando da informação acima, para que o consumidor possa se assegurar que será um bom
negócio abastecer um veiculo flex fuel com etanol basta que seja feito uma conta muito
56
simples, pega-se o valor de venda do etanol e divide-se pelo valor de venda da gasolina, se o
valor final der cerca de 70% ou acima disto, não será viável o abastecimento com etanol e sim
com a gasolina.
4.5 MERCADO CONSUMIDOR
O Brasil, desde a década de 20, usa o álcool combustível. Com o Proálcool, implementado em
escala comercial no final dos anos 70, foi pioneiro na efetiva substituição da gasolina em
meio à crise dos preços do petróleo. Desde então, o álcool da cana é usado como combustível
no País de duas maneiras: como álcool etílico hidratado carburante (AEHC), em carros 100%
movidos a álcool, ou como álcool anidro (AEAC), em carros a gasolina, com adição média
variando de 20% a 25%.
Considerado um programa bastante eficaz e de grande sucesso mundial foi, durante alguns
anos, responsável por mais de 66,4% da produção interna total de automóveis (movidos a
álcool etílico hidratado carburante). Isso garantiu ao País não só a produção em larga escala
de etanol de biomassa como, também, a atuação de uma forma mais competitiva do que
qualquer outro país no mercado mundial do açúcar, graças aos intensos investimentos em
P&D.
Contudo, a sustentação dinâmica da oferta e o consumo brasileiro do álcool carburante viramse sempre pressionados pela competição oscilante dos preços internacionais do petróleo e
tendências de atratividade da “commodity” açúcar, o que exigia um complexo sistema de
regulamentação para a garantia de sua estocagem e oferta. Nesse contexto, a desaceleração do
programa nos anos 90 representou a significativa diminuição da frota de carros 100% a álcool
e a desestabilização conjuntural do modelo.
Apesar da desaceleração do Proálcool durante os anos 90, a produção de etanol se manteve,
graças à mistura do álcool etílico anidro carburante na gasolina, cujo crescimento compensou
a queda no consumo de álcool hidratado (Gráfico 1). Os avanços tecnológicos continuaram e
o Brasil detém, hoje, supremacia na geração e difusão de tecnologias da cadeia açúcar/álcool
de cana. São crescentes os esforços em pesquisa e desenvolvimento tecnológico em todos os
elos da cadeia (empresas privadas, universidades, institutos de pesquisa e governo).
Gráfico 1 - Produção de Álcool no Brasil
FONTE: DAA/SPC/MAPA
(*)Valores na posição de 01/09/04
57
Normas e legislações da grande maioria dos países já preveem uma substituição em torno de
10% para datas anteriores a 2025. A convicção crescente de que anomalias climáticas deverão
aumentar em intensidade e em freqüência exercerá pressões incontornáveis para a substituição
de combustíveis fósseis por renováveis. Ademais, há o fato inquestionável de que as
produções de petróleo e de gás natural estarão à primeira, em uma década e a segunda, em
duas, ultrapassando seu momento de apogeu e iniciando o de declínio.
O setor privado tem realizado maciços investimentos em atualização tecnológica nos
processos de produção canavieira e na fabricação do álcool, e marcantes ganhos de eficiência
no complexo da indústria sucroalcooleira a partir do uso da energia gerada pela queima do
bagaço. É possível contar ainda com sólida estrutura empresarial na oferta de bens de capital
para o setor e com o contínuo processo de aperfeiçoamento e desenvolvimento de novas
máquinas e equipamentos.
Destaca-se ainda um amplo movimento de reestruturação competitiva das usinas com fusões,
aquisições e formação de “joint ventures” com grupos estrangeiros e nacionais buscando,
com isso, o fortalecimento e a consolidação de uma moderna estrutura empresarial usineira.
Em complemento ao esforço que vem sendo desenvolvido pelo setor privado, o governo atua
em três frentes que considera prioritárias para consolidar e ampliar o consumo potencial do
etanol no mercado interno, iniciando a ampliação sustentada e abrangente do mercado
internacional, sintetizadas em medidas de ampliação de consumo interno e garantia de
abastecimento, cooperação internacional e identificação de oportunidades.
Instituição de medidas administrativas, ou legais, de preferência para aquisição de veículos a
álcool, pelas diversas instâncias governamentais e por outros grupos especiais de
consumidores, como os táxis. Essas medidas estão sendo conhecidas como estímulo à
ampliação da "Frota Verde";
− Lei 10.438, de 26 de abril de 2002, que criou o Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica (Proinfra), garantindo a compra, pelas concessionárias, da
energia elétrica obtida da co-geração a partir do bagaço de cana;
− Lei 4.353, de 30 de agosto de 2002, institui medidas que reforçam todo o processo de
estocagem e aquisição de estoques reguladores do álcool combustível e os mecanismos de
financiamento ao agronegócio sucroalcooleiro.
Em geral a comercialização do etanol ocorre em etapas, primeiramente o cliente que deseja
comprar e enviam especificação e volume necessário, Trader avalia especificação, quando
entende, e volume desejado. Usa “tradutor técnico” para esclarecer as necessidades, envia
especificação ao produtor que avalia, quando entende, e informa que tem o álcool, Trader
informa ao cliente que existe o álcool e negocia termos do contrato, o produto é analisado na
indústria por laboratório Independente, o produto é transportado para o porto e analisado, o
produto é estocado e com tanque pronto é analisado, o produto é transferido para navio e
analisado, assim que o cliente recebe carga e analisa no porto de destino.
5 CONCLUSÃO
Leva-se em consideração a atual matriz energética Brasileira onde tem ainda como principal
meio de transporte as vias rodoviárias por intermédio de caminhões, carretas e veículos
58
pequenos, grandes responsáveis pelo crescente consumo dos combustíveis de origem fóssil
que emitem todos os dias milhares de toneladas de poluentes para a atmosfera. Sabe-se que
algo deve ser feito para mudar essa realidade, pelos motivos mais óbvios possíveis. Pela
certeza de que um dia essa principal energia acabará, e antes que acabe, toda a poluição que
gera constantemente traz grandes malefícios para nós seres humanos e com o passar dos anos
a tendência é agravar-se.
Deve-se reconhecer que o Brasil já avançou neste contexto, vendo no etanol uma grande
capacidade de substituição dos combustíveis fósseis pelo fato do mesmo ter uma total
adequação ao nosso clima, menor preço de produção em comparado a gasolina e
características físico/químicas como octanagem e relação estequiométrica muito eficazes em
relação à gasolina, foi assim que veio então a criação do Proálcool no passado, trazendo um
incentivo à produção de veículos movidos a álcool, apesar deste plano não ter sido muito bem
projetado na época, retém atualmente em suas mãos grande tecnologia e conhecimento para
produção e fabricação do etanol a partir da cana-de-açúcar, já se discute a necessidade de
mudança na matriz energética nacional reconhecendo a importância de combustíveis
alternativos, limpos e renováveis, e com a criação dos veículos com tecnologia flex fuel que
utilizam álcool e gasolina em qualquer proporção em um mesmo tanque, e que contem
tecnologia capaz de gerar um menor consumo e consequentemente menor emissão de
poluentes para a o ar.
Tecnologia essa que funciona por meio de diversos sensores espalhados pelo veículo que
controlam e regulam basicamente a mistura ar/ combustível gerando melhor desempenho na
combustão e compressão do combustível no motor, emitindo menos de poluentes e sendo
mais econômico.
Essa evolução na tecnologia flex fuel que utiliza também o etanol como combustível é
extremamente importante para o seu crescimento.
Deve ser elaborado um plano de estratégia, aperfeiçoar a legislação existente, estimular e
incentivar a ampliação de novas tecnologias e ampliação de investimentos para infraestrutura
das usinas, dentre muitas outras ações que façam com que o processo possa ser também
rentável e economicamente viável, e que não ocorram problemas como escassez e
desabastecimento de combustível e muito menos impactos ambientais e monocultura.
Algumas recomendações importantes a serem desenvolvidas sobre o assunto seriam grandes
investimentos e incentivos na área automobilística, possibilitando uma evolução contínua na
tecnologia dos motores flex fuel e apoio por parte do governo em todo o processo produtivo
do etanol a fim de gerar um desenvolvimento sustentável.
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61
O PAPEL DO GESTOR FRENTE AO PROJETO ECONOMIA DE COMUMHÃO
(EDC)
Gean Breda Queiros14
Márcio Basseti15
RESUMO
Ao se completar 20 anos do Projeto Economia de Comunhão com sua fundação no Brasil no
ano de 1991 pela italiana Chiara Lubich – fundadora do Movimento dos Focolares, o presente
estudo faz uma análise referente o papel do gestor frente ao projeto no intuito de apresentar a
importância que este exerce sobre as organizações aderentes ao mesmo num cenário evolutivo
ao redor do mundo radicalizando as bases do capitalismo sem fronteiras pela busca do lucro
para uma cultura da partilha onde os envolvidos ganham em sua dignidade, assim
prosperando o coletivo, rumo a uma nova civilização.
PALAVRAS-CHAVE: Economia de Comunhão; Movimento dos Focolares; Gestão.
ABSTRACT
On completing 20 years of the Economy of Communion with your foundation in Brazil in
1991 by Italy’s Chiara Lubich – founder of the Focolare Movement, the present study is an
analysis regarding the role of project manager to the front in order to present the importance
that it exerts on member organizations in the same evolutionary scenario around the world
radicalizing the foundations of capitalism without borders by the profit-sharing for a culture
where those involved in earning their own dignity and thriving collective, towards a new
civilization.
KEY-WORDS: Economy of Communion; the Focolare Movement; Management.
1 INTRODUÇÃO
Na moderna sociedade econômica, as mudanças impostas pelas legislações suscitam das
empresas um repensar diferente das suas práticas de gestão de modo que inovem sua estrutura
em todos os seus níveis hierárquicos.
De acordo com Sampaio (2006), a velocidade crescente que envolve as comunicações, os
mercados, os fluxos de capitais e tecnologias, as trocas de idéias e imagens impõem a
dissolução de fronteiras e de barreiras do paradigma clássico.
Em todo momento, estabelecem-se tensos diálogos entre o local e o global, a homogeneidade
e a diversidade, o real e o virtual, a ordem e o caos.
14
Graduado em Administração Hospitalar pelo Centro Universitário São Camilo – SP. Especialista em Gestão
Estratégica de Pessoas pela Unilinhares. Consultor Organizacional. Professor da Faculdade Capixaba de Nova
Venécia – UNIVEN.
15
Graduado em Ciências Contábeis pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. Especialista em
Didática do Ensino Superior pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN – Mestrando em
Contabilidade Gerencial pela FUCAPE BUSINESS SCHOLL. Professor da Faculdade Capixaba de Nova
Venécia – UNIVEN.
62
As empresas aos poucos estão se dando conta de que a valorização do capital humano é o
diferencial em todos os aspectos produtivos e sob essa ótica o gestor tem papel fundamental
na liderança, motivação, comunicação, valores, ética e visão de futuro para a condução das
atividades empresariais da sua organização.
O projeto Economia de Comunhão (EdC), traz em sua essência uma espiritualidade cristã na
qual as empresas participantes colocam livremente a disposição, a partilha dos lucros
seguindo três finalidades.
A primeira delas é ajudar as pessoas que estão em dificuldades. Em sequência, difundir a
“cultura do dar”, da reciprocidade e por fim é o próprio desenvolvimento da empresa para que
seja atuante e permanente no mercado.
Por meio das empresas que aderem ao projeto, uma nova filosofia de gestão é implantada,
onde abre caminhos para uma classe trabalhista de “homens novos” rumo a uma “nova
civilização”.
Estudos anteriores já sinalizaram a prática da EdC nas empresas em diversos trabalhos de
cunho nacional e internacional (PICCOLI, 2010; GERA, 2009; VAZ SILVA, 2008).
Entretanto, os aspectos referentes ao papel do gestor frente ao projeto ainda é uma questão
que deve ser pesquisada devida ser ele o agente de transformação para as organizações e nas
organizações.
Baseado no projeto, o presente estudo teórico apresenta a importância do papel do gestor
frente ao Projeto Economia de Comunhão (EdC) seguindo uma linha de pesquisa que
contemple a importância da articulação estratégica deste frente ao projeto em seus vários
setores administrativos.
Por outro lado, destaca-se a identificação e descrição do projeto EdC; sua análise,
funcionamento e estratégia; seu impacto nos resultados da organização e a carga profética do
mesmo.
De acordo com Villardi, Leitão e Marques (2007) os desequilíbrios na concentração de renda
entre países e entre classes sociais, principalmente nos países periféricos, permanecem como
um dos grandes problemas da atualidade. Foi essa desigualdade que impulsionou a criação do
projeto de economia de comunhão (EdC), concebido a partir do movimento dos focolares, por
Chiara Lubich, sua fundadora e líder carismática. O projeto de EdC, versão empresarial e
econômica do movimento, surgiu no Brasil em 1991, com a idéia de criar empresas dirigidas
por pessoas éticas, honestas e competentes que se dispusessem, livremente, a partilhar parte
dos lucros a serviço do bem comum.
Villardi, Leitão e Marques (2007) informam que “quando a italiana Chiara Lubich
propôs o projeto de EdC, ela não pensou em uma construção teórica, mas em uma
resposta concreta a uma necessidade real da sociedade. Mas, quando o projeto
começou a se tornar realidade, ela convocou a comunidade acadêmica para estudálo”.
De 1992 até o momento, existem 291 monografias, dissertações e teses, em diversas áreas do
conhecimento, catalogadas no banco de dados do escritório central do projeto EdC na Itália,
de acordo com as informações do site www.tesi.ecodicom.net. Apenas do Brasil, o catálogo
63
apresenta 116 trabalhos, ou seja, aproximadamente 40% da produção científica, sem contar os
inúmeros artigos.
2 METODOLOGIA
Para desenvolver o tema proposto no que tange o papel do gestor frente ao projeto EdC, foi
realizada pesquisa bibliográfica tendo como base referências,documentos, revistas, periódicos
e anais de eventos científicos referentes ao tema afim de propor novos modelos e
interpretações quanto ao significado da ação do gestor inserido no projeto contribuindo para
pesquisas futuras, relacionando economia e comunhão com as demais áreas científicas.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Leitão e Kurtz (2005), As empresas do projeto de economia de comunhão estão
inovando na qualidade de seus relacionamentos com seus stakeholders, mas sem a visão
economicista e mais preocupada com a redução de riscos dessa particular teoria sobre
relacionamentos (Pinto, 2004). Elas buscam substantividade (Almeida, 2002) e plenitude ética
em todas as suas ações, fundadas na doutrina cristã. Esta é sua diferenciação, pois a ênfase na
qualidade dos relacionamentos já havia sido abordada em estudos de autores da linha
humanista, entre eles Aktouf (1996, p. 150).
“Como diz Pinto (2004, p. 30), “pensar EdC é o mesmo que refletir sobre
relacionamentos interpessoais e interinstitucionais, inseridos em um contexto
socioambiental amplo”. Em seus relacionamentos, essas empresas rejeitam o
oportunismo, um conhecido pressuposto comportamental da teoria dos custos de
transação de Oliver Williamson,sobretudo porque procuram construir redes de
relações baseadas na confiança entre todos os seus stakeholders (LEITÃO e
KURTZ, 2005).”
De acordo com Gonçalves e Leitão (2001), o movimento dos focolares veio a ser aprovado
oficialmente pelo papa João XXIII, em 1962, e acabou por se difundir pelo mundo inteiro. No
Brasil, o Projeto da EdC teve início em maio de 1991, quando da visita de Chiara Lubich ao
país para lançá-lo. O movimento dos focolares começou a se difundir por aqui em 1958.
A característica básica das empresas que a ele se associaram está em ajustar os princípios de
eficiência, produtividade e lucratividade, da teoria econômica e de teorias organizacionais, a
princípios contidos nos evangelhos e na doutrina social da Igreja Católica (GONÇALVES e
LEITÃO, 2001). Para isso tais empresas procuram despir-se da visão puramente econômica
dos negócios, da ideologia produtivista e dos valores do consumismo, para introduzir uma
cuidadosa observância das necessidades humanas no trabalho e na vida como um todo. Sua
diferença em relação às outras empresas está na forma pela qual conduzem a gestão das
pessoas e buscam transformar sua cultura na chamada cultura da partilha (LEITÃO e
SAMPAIO, 2007; LEITÃO e SPINELLI, 2008; LEITÃO e ALMEIDA, 2003).
Para MARTINS e GRZESZCZESZYN (19-?), sendo o homem o centro de toda a atividade
produtiva, a idéia da Economia de Comunhão foi além da questão da divisão do lucro,
abrangendo todo o processo produtivo, bem como seu impacto ambiental e o relacionamento
com todas as pessoas ligadas de algum modo à empresa. Dessa forma, as empresas da EdC
procuram manter uma relação saudável com seus funcionários, pagando salários justos,
64
preocupando-se com sua qualidade de vida, proporcionando um ambiente seguro e saudável
de trabalho.
“O relacionamento com clientes, fornecedores e com a comunidade local deve ser de
confiança e cooperação, baseados na ética e no respeito. O mesmo acontece com os
concorrentes que são vistos como operadores de um mesmo setor com os quais é
possível estabelecer relacionamentos de colaboração tendo em vista interesses
comuns. É propósito das empresas esforçar-se para oferecer bens e serviços úteis, de
qualidade e a preços justos e apresentá-los através da mídia de modo claro para que
os consumidores não sejam induzidos a aquisições que não correspondam às suas
necessidades (MARTINS e GRZESZCZESZYN, 19-?).
3.1 ECONOMIA DE COMUNHÃO: ORIGENS
De acordo com Sampaio e Leitão (2007), o projeto economia de comunhão teve origem no
movimento dos focolares, movimento carismático filiado à Igreja Católica idealizado no ano
de 1943, quando sua fundadora, a italiana Chiara Lubich, reunia-se com outras jovens na
ruína de sua casa, em Trento, para começar a ajuda às vítimas dos bombardeios aliados. Em
1991, Chiara Lubich lançou, no Brasil, o projeto de economia de comunhão, a versão
empresarial-econômica daquele movimento, porque era preciso levar seus princípios à ação
concreta e transformadora.
Segundo Villardi, Leitão e Marques (2007), o projeto EdC, se apresenta para a maioria dos
pesquisadores que o estudam, como uma via alternativa para a completa instrumentalização
da vida empresarial e da vida associada como um todo. Uma alternativa para o consumismo e
o utilitarismo dominantes na lógica do mercado, potencialmente capaz de transformar a atual
forma de gestão capitalista (Pinto e Leitão, 2006). Essas empresas estão mudando o
paradigma dominante e a ideologia produtivista que lhe dá sustentação, ao se orientarem para
uma forma de economia solidária, de partilha. Talvez o mais importante sobre elas seja
estarem demonstrando quanto ao que pode ser feito, quando se tem vontade política para fazêlo, diferenciando o que é factível da utopia, a partir de uma motivação de origem espiritual.
Com essa visão de mundo, essas empresas trazem em sua bagagem conceitual o
germe da mudança. E isso parece ocorrer pela ênfase no caráter comunitário, na
importância dada à qualidade das interações pessoais para construir relacionamentos
e promover ajuda mútua. Com tal ênfase, o significado dado à atividade produtiva,
individualmente, ultrapassa o simples objetivo de produzir bens e serviços gerando
lucro, administrando poder e conhecimento, que é a outra natureza das organizações
produtoras. A visão comunitária nessas empresas organiza a produção e a partilha do
lucro (VILLARDI; LEITÃO; MARQUES, 2007).
Sampaio e Leitão (2007), informam que o projeto tem em Vargem Grande Paulista seu
escritório central no Brasil e as empresas a ele vinculadas crescem a uma taxa de 7% ao ano;
no mundo, a 13%, considerado o período 1991-2005. Segundo esse escritório, em 2005, 70%
dessas empresas registradas faturaram até US$ 500 mil anuais. Somente quatro empresas
faturaram acima de US$ 50 milhões anuais.
Os autores ainda esclarecem que o setor de serviços é o mais representado, com quase 50%
dos registros, seguido da indústria com pouco mais de 25%, mas as empresas do projeto estão
presentes em todos os setores da atividade econômica (SAMPAIO e LEITÃO, 2007).
3.2 NOVA ESTRUTURA ECONÔMICA
65
O projeto fugiu a uma visão economicista de organização produtiva, sem aderir ao
assistencialismo, porque preocupado com uma concepção humanista da atividade
econômica (Sorgi, 1998:31). Rejeita a penetração do mercado em todas as
dimensões da vida, mas o aceita como organizador das trocas, procurando um
capitalismo menos concentrador e mais distributivo. O propósito do projeto EdC é
ambicioso: mudar as empresas para mudar a economia e a sociedade como um todo
(VILLARDI; LEITÃO; MARQUES, 2007)
.
No esforço de síntese de Bruni (2005:25) a economia de comunhão busca uma nova relação
entre mercado e sociedade ao desafiar as ideologias dominantes na era da globalização
(SAMPAIO; LEITÃO, 2007).
Para Cangussú (2007) o modelo econômico preponderante hoje na maioria dos países do
mundo é o modelo capitalista que supõe a propriedade privada, a liberdade de iniciativa
regulada pela lei da oferta e da procura, o direito de concorrência e de associação. De acordo
com esta visão, todas as atividades econômicas têm o objetivo de produzir lucros. Este
princípio, por si só, não é mau, é até sadio, mas levado ao exagero impede o homem de ser o
centro de todo o sistema produtivo. O fim de tudo passa a ser a produção.
Na concepção de Medaglia (2003) a ciência econômica não é de fato uma questão puramente
técnica, não um instrumento de caráter neutro para interpretar e descrever o mundo, como
muitas vezes se pensa. Se assim fosse, para interpretar a Economia de Comunhão bastaria
utilizar um dos modelos já elaborado por economistas e aplicá- lo nos casos. Tal teoria
econômica incorpora uma visão do mundo e do homem, baseado em uma concepção
individualista do homem e da sociedade, não se preocupando com o motivo das escolhas, mas
com o modo com que são feitas.
As empresas de Economia de Comunhão são na visão de Sampaio e Leitão (2007):
“Empresas privadas inseridas no mercado, que salvaguardam a propriedade
particular dos bens, mas colocam o lucro em comunhão. Tais empresas constituiriam
uma prática de humanismo no mundo dos negócios.”
Ainda, segundo os mesmos autores (SAMPAIO e LEITÃO, 2007), há certa superposição
entre essa concepção de organização e a de Gustavsson (2002), de que o entendimento das
organizações deve se basear na consciência transcendente do homem, como numa
epistemologia transcendente das organizações, pois toda organização tem origem na
consciência humana. Não são entidades externas a nós, humanos, mas uma decorrência
natural da consciência humana, pois ser humano significa ser social, ser grupal, requerendo
formas organizadas de existência. No ideário de EdC, isso se realiza mediante o princípio da
espiritualidade da unidade, que se relaciona com o nível mais profundo de nossa consciência e
com o conhecimento como experiência transcendente no dizer de Gustavsson (2002).
Existe aí uma curiosa coincidência na forma de ver as organizações produtivas. E
esse vínculo com o transcendente, parece ser a origem da impressão positiva que os
pesquisadores que convivem com os empresários e funcionários dessas empresas
trazem delas, incluindo aí a nossa própria observação pessoal. Esses pesquisadores
as consideram empresas diferentes se comparadas às organizações de orientação
instrumentalista, de viés tecnicista e economicista no trato com as pessoas. O
diferente está na forma como as pessoas se tratam umas às outras, incluindo clientes,
fornecedores e outros stakeholders (Pinto e Leitão, 2006) e as implicações que isso
tem em suas decisões estratégicas (SAMPAIO e LEITÃO, 2007).
66
3.3 O PAPEL DO GESTOR: AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO
Em linhas gerais, pensar uma economia de comunhão para estabelecer princípios teóricos e
práticos no desempenho organizacional das empresas é o papel que o gestor deve
desempenhar para promulgar a realização do ideal.
Por onde começar? A gestão empresarial é aberta e possui várias segmentações. O processo
produtivo estabelecido pelas entradas de matérias-prima e saídas de bens e serviços
processados forma o conjunto de instrumentos pelo qual dá sustentabilidade tecnicista da
organização (tudo está em movimento).
Nesse cenário, é clara a visão da organização formal referente ao processo produtivo. Ele é
derivado de um longo planejamento estratégico que construído para o fim destinado, eleva-se
à condição da rotina de trabalho da organização. Entretanto, as organizações por terem
personalidade jurídica própria, não produzem por si só e sim por meio de seus colaboradores
nas mais diversas formas de relações (subordinados, coordenadores, diretores, etc.).
Assim, o gestor tem um trabalho importante a desempenhar que se baseia nas relações
interpessoais, pois pela percepção e conhecimento do comportamento humano, pode orientar
a organização em todo o seu conjunto para uma direção equilibrada.
A questão dos relacionamentos interpessoais, e de sua inerente dimensão emocional,
é crucial para a vida associada, pois são esses processos interativos que formam o
conjunto de sistemas que a organizam. As condições em que ocorrem tais
relacionamentos definem a forma de convivência entre os seres humanos, que são
seres de relações, e destes com a natureza. Fazem a diferença entre sofrimento e
bem-estar e definem como a vida social é construída em seu cotidiano.
Deteriorações nas relações interpessoais resultam em deterioração das relações
sociais, das relações inter e intra-organizacionais (LEITÃO; FORTUNATO;
FREITAS, 2006).
Dessa forma, a estratégia que o gestor deve traçar está focada primeiramente na inclusão de
seus princípios éticos e comportamentais onde é extremamente necessário se conhecer para
apresentar um modelo de gestão seguro e eficaz seguindo à formação de uma espiritualidade
cristã.
As organizações que abraçam o ideal da Economia de Comunhão são organizações
participativas, abertas ao diálogo e que estão sempre inovando em sua estrutura para o bem
estar geral de todos.
O papel do gestor então se consolida na perspectiva de ser ele um agente de transformação e
transformador a guiar as ações do projeto em prol de uma economia partilhada.
A partir do momento que o gestor toma essa consciência para seu ideal, as raízes do projeto se
expandem para um crescimento frutífero onde todos partilham dos mesmos objetivos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A criação do Projeto Economia de Comunhão trouxe uma alternativa nova para o
modo do agir econômico, numa a sociedade que se encontra num momento delicado,
devido sistemas econômicos que vêm se moldando de acordo com as realidades
político-econômicas de cada época, desde a economia civil, passando pela economia
liberal, sendo essas vistas como território de egoísmo de dogma individualista.
67
Também pelo fato da economia contemporânea que ainda não conseguiu contemplar
em um só plano os ideais de uma economia ideal, mas que se mantém atualmente
aberta a alternativas que se encaixam com outras para juntas buscarem o
crescimento de uma sociedade fraterna com uma economia justa (MEDAGLIA,
2003).
De acordo com Santos (2007), a Economia de Comunhão, experiência recente surgida em
1991, vem intrigando meios econômicos e acadêmicos porque pela própria forma de
organização, além de distribuir renda, impulsiona um modo diferente do agir econômico,
provocando uma revolução sociocultural de grande alcance. Neste ponto, ao introduzir a
reciprocidade não instrumental, a equidade, a dádiva e a cooperação nas relações de mercado,
a Economia de Comunhão emerge como um dos caminhos para qual o desenvolvimento pode
ser reorientado. Com efeito, alinhando-se com a tradição da chamada Economia Civil e sem
rejeitar o lucro e a troca instrumental, a Economia de Comunhão introduz a comunhão na
dinâmica da economia, contribuindo para “estimular uma nova mentalidade, um novo estilo
de vida no campo socioeconômico” e, com isso, possibilitar que a dinâmica econômica
concorra para a realização do bem estar comum.
Para Medaglia (2003), os valores presentes no projeto Economia de Comunhão podem ser
analisados pelo fato de que o modo do agir econômico não é movido somente por interesses
egoístas e menos por interesses altruístas ou filantrópicos, mas pela reciprocidade que move
essas empresas, sem um sujeito doador e outro beneficiário somente. Todos, empresários,
empregados, fornecedores, clientes e pessoas necessitadas, entram numa relação de dar e
receber, de direitos e deveres mútuos; porque ao contrário do proposto pela economia
consumista, a Economia de Comunhão é a economia que tem como ideal a cultura da partilha.
E essa cultura da partilha deve ser o norteador para que o gestor paute o seu trabalho desde a
concepção do plano estratégico para as atividades da empresas filiadas ao projeto.
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70
ESTUDO DA VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO ÓLEO RESIDUAL DE
FRITURA DO COMÉRCIO PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL NA CIDADE DE
NOVA VENÉCIA - ES
Jeane Carla da Silva Rodrigues16
Magda Gomes Louback17
Vanderléia da Silva França18
RESUMO
É de conhecimento geral que o Petróleo é a principal fonte de energia utilizada em todo
mundo e que este foi uma alavanca no crescimento da indústria mundial nos últimos anos. Por
ser um combustível fóssil formado nas rochas sedimentares a partir da decomposição de
matéria orgânica a milhões de anos, o petróleo é finito além de um grande contribuinte na
emissão de gases poluidores. Uma alternativa para a parcial ou total substituição do óleo
diesel proveniente do petróleo é a utilização de biodiesel que pode atender a crescente
demanda de energia para movimentação de motores de combustão como veículos e outros.
Atualmente a fritura é a maneira mais rápida e escolhida para o processamento de alimentos,
com isso há a necessidade de se realizar o correto descarte dos resíduos da fritura levando-se
em conta todos os fatores ambientais envolvidos neste ato. Todo este volume de óleo
descartado pode ser utilizado para produção de biodiesel sendo necessário para isto ocorrer a
reação de Transesterificação. Para que esta ocorra de forma eficiente é preciso conhecer a
qualidade do óleo utilizado bem como seu teor de ácidos graxos livres, que determinam a
quantidade necessária de catalisador para esta reação. Sendo assim, este trabalho buscará
responder se é viável a utilização do óleo residual de frituras dos estabelecimentos comerciais
de Nova Venécia – ES para produção de biodiesel no município.
PALAVRAS-CHAVES: Ésteres; Índice de acidez; Transesterificação; Cocção; Sustentabilidade;
Meio ambiente.
ABSTRACT
It is common knowledge that oil is the main source of energy used worldwide and that this
was an engine of growth of world industry in recent years. Because it is a fossil fuel formed in
sedimentary rocks from the decomposition of organic matter to millions of years, oil is finite
and a major contributor in the emission of polluting gases. An alternative to partial or total
substitution of diesel fuel from oil is the use of biodiesel that can meet growing energy
demand for handling and combustion engines and other vehicles. Currently frying is faster
and more choice for food processing, thus there is a need to perform the correct disposal of
waste frying taking into account all the environmental factors involved in this act. All this
volume of waste oil can be used for biodiesel production is necessary for this to occur the
reaction of transesterification. For this to occur efficiently it is necessary to know the quality
of oil used and it’s content of free fatty acids, which determine the required amount of catalyst
for this reaction. Thus, this work seeks to answer whether it is feasible to use waste frying oil
from business premises in Nova Venécia - ES for biodiesel production in the municipality.
KEYWORDS: Esters, Acid value; Transesterification; Cooking, Sustainability,Environment.
16
Tecnólogo em Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia-UNIVEN.
Tecnólogo em Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia-UNIVEN.
18
Tecnólogo em Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia-UNIVEN.
17
71
1 INTRODUÇÃO
Conforme Miranda (2007) “nos últimos anos, a preocupação com o aquecimento global do
planeta e a decorrente necessidade de diminuir os níveis de CO2 na atmosfera, tornou-se mais
uma motivação importante para as pesquisas sobre combustíveis alternativos”.
Por ser um combustível de origem fóssil, ou seja, o resultado de um processo de
decomposição das plantas e dos animais há milhões de anos , tem-se a consciência de que o
petróleo é relativamente finito e que levariam outros milhões de anos para produção de novas
reservas que atendam a crescente demanda por este recurso energético. Uma boa alternativa
para este dilema é o uso dos biocombustíveis, em especial o biodiesel que pode ser produzido
quimicamente a partir de plantas oleaginosas, resíduos de óleo de frituras e até mesmo lodo de
esgoto.
A PETROBRÁS em seu livreto “Biocombustíveis: 50 perguntas e respostas sobre este novo
mercado” (2007), fala que o biodiesel pode ser utilizado normalmente nos motores de
combustão interna e de geração de energia sem causar dano algum, além de ser uma excelente
opção para a redução de emissão de gases de efeito estufa por ser mais limpo, biodegradável,
ótimo lubrificante, confiável, gerar empregos e evitar o êxodo rural entre outras vantagens.
Nos dias atuais em que a fritura é uma das mais rápidas opções de processamento de
alimentos, existe também a necessidade de reciclar todo este óleo que não é absorvido pelo
alimento e que, na maioria das vezes, não tem um destino apropriado trazendo impactos ao
meio ambiente.
O foco deste artigo é estudar a viabilidade da produção de biodiesel em Nova Venécia – ES a
partir do óleo residual de fritura dos estabelecimentos comerciais para que, além de dar um
fim adequado a este óleo, a cidade possa aproveitar as vantagens advindas do processo de
obtenção do biodiesel como geração de emprego, utilização deste pela frota de veículos do
próprio município, e, ajudar na conscientização da população de que é possível ajudar na
preservação do meio ambiente com atos simples como a coleta seletiva de óleos de frituras
que seriam descartados incorretamente trazendo os danos já referidos neste tópico.
Diante desta situação, com este trabalho, busca-se responder o seguinte questionamento: Qual
a viabilidade da utilização do óleo residual de fritura dos estabelecimentos comerciais para
produção de biodiesel na cidade de Nova Venécia – ES.
Para tanto se utilizou a exploratória, devido à necessidade de buscar mais informações a
respeito do descarte de óleo residual comercial e a viabilidade de sua utilização na produção
de biodiesel; e, descritiva pela necessidade de se observar, registrar, analisar, classificar e
interpretar os dados colhidos na pesquisa (por meio de questionário e observação sistemática).
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 ÓLEO DIESEL
De acordo com a ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, órgão
que regulamenta as atividades que integram a indústria do petróleo e gás natural e de
biocombustíveis no Brasil:
Óleo Diesel é uma Fração do petróleo composta principalmente por hidrocarbonetos
alifáticos. O óleo diesel é ligeiramente mais denso do que o querosene e destila na
72
faixa entre 250 e 400ºC. É usado como combustível em motores de combustão
interna, nos quais a ignição ocorre pelo aumento de temperatura ao invés de
faiscação.
E ainda segundo Cardoso (2005, p. 96), óleo diesel é:
Uma mistura de hidrocarbonetos que tem amplo emprego como combustível em
motores a explosão (Ciclo Diesel), quer seja em ônibus, navios, locomotivas,
tratores, etc., e também como fonte de calor. Existem quatro tipos específicos de
óleo diesel, cuja característica principal reside no teor de enxofre contido na
formulação; outros tipos já estão sendo desenvolvidos, com tecnologia mais limpa.
O óleo diesel tem como características ser inflamável, volátil, isento de material em
suspensão, límpido e de odor forte característico.
2.2 IMPACTOS DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
Segundo Cardoso (2005, p. 156), quase 90% da energia consumida no mundo é de origem
fóssil, sendo que a mais utilizada é o petróleo.
Seja em seu processo de produção ou no seu consumo, os combustíveis fósseis emitem muitos
poluentes atmosféricos como óxido de enxofre e nitrogênio, materiais particulados, gás
carbônico, emissões fugitivas (hidrocarbonetos), entre outros. Tais emissões poluem o ar e
contribuem para o aquecimento global.
2.3 BIOCOMBUSTÍVEL
De acordo com a PETROBRÁS no livreto “Biocombustíveis: 50 perguntas e respostas sobre
este novo mercado” (2007, p. 8), biocombustível é todo combustível produzido a partir de
biomassa, isto é, de matéria vegetal ou compostos de origem animal que representem uma
fonte renovável.
Entre as fontes de biomassa estão: cana-de-açúcar, esterco, semente de girassol, madeira,
celulose, milho, soja, buriti, mamona, resíduos urbanos entre outras.
O H-Bio, etanol, metano, metanol, carvão vegetal e biodiesel são alguns dos biocombustíveis.
Por serem fontes alternativas de energia que causam menor impacto ao meio ambiente, os
biocombustíveis trazem vantagens ambientais, econômicas e sociais.
2.4 BIODIESEL
Aspectos ambientais como poluição atmosférica e o aquecimento global; aspectos
econômicos e políticos como crises energéticas e aumento no preço de combustíveis fósseis; e
a certeza de que as atuais reservas destes terão um fim, sendo necessários milhões de anos
para formação de novas acumulações, levam todo o planeta a buscar novas tecnologias para a
produção de energias alternativas. Dentro deste cenário os óleos vegetais, gorduras de origem
animal e óleo de fritura ganham forte destaque.
73
Segundo a ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, “Biodiesel é
um combustível composto de alquilésteres de ácidos graxos de cadeia longa, derivados de
óleos vegetais ou de gorduras animais, conforme especificação da ANP. RESOLUÇÃO ANP
Nº 7, DE 19.3.2008.”
E ainda, segundo o livreto “Biocombustíveis: 50 perguntas e respostas sobre este novo
mercado” (2007, p. 18), Biodiesel é:
[...] um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis que substitui total
ou parcialmente o óleo diesel de fonte mineral nos motores de combustão interna de
ciclo (movidos) a diesel, como os de caminhões, tratores, ônibus e outros veículos,
ou em motores estacionários, como os utilizados para geração de energia elétrica.
O biodiesel é utilizado nos motores de combustão interna de ciclo diesel, sendo um substituto
do diesel, podendo ser misturado a este em qualquer proporção sem a necessidade de
modificação do motor.
Para a identificação da concentração de biodiesel na mistura com o diesel, utiliza-se a letra B,
que representa a mistura, seguida por um número que corresponde à quantidade de biodiesel
na mistura. Por exemplo: o B2 contém 2% de biodiesel, o B15 contém 15% de biodiesel e o
B100 é 100% biodiesel.
A introdução do biodiesel na matriz energética brasileira ocorreu com a Lei nº 11097/05
publicado no Diário Oficial da União em 13/01/2005, que tornou obrigatória a adição de
biodiesel ao diesel. A Resolução CNPE nº 6 de 16.09.2009 estabelece em cinco por cento
(B5) a adição de biodiesel ao óleo diesel, que entrou em vigor no dia 01 de janeiro de 2010.
O Brasil possui um vasto território e grande diversidade de biomassa, permitindo uma
agricultura sustentável, a inclusão de pequenos proprietários com a agricultura familiar,
gerando emprego e renda no campo mantendo o equilíbrio do êxodo rural.
Figura 1- Ciclo de Funcionamento do Biodiesel
Fonte: Partido Verde – Paraná (2008)
74
Figura 2- Biodiesel no Brasil
Fonte: Biodieselbr online (2010)
A cadeia produtiva do biodiesel estabelece um ciclo fechado de carbono, pois as plantas
utilizadas como matéria-prima absorvem, em seu crescimento, o gás carbônico emitido
durante a queima do combustível na combustão do motor.
Seu uso acarreta a redução de emissões como: enxofre, anidrido carbônico, hidrocarbonetos
não queimados, material não particulado, componentes sulfurados e aromáticos. O resultado é
a preservação do meio ambiente e contribuição na melhoria da qualidade do ar e, assim, na
qualidade de vida e saúde pública.
75
Devido a sua maior capacidade de lubrificação, há uma otimização na vida útil do motor.
Com a melhoria do número de cetanos e do ponto de fulgor, o catalisador do sistema de
escapamento também tem sua vida útil ampliada.
2.4.1 MATÉRIA-PRIMA PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL
Dentro da grande biodiversidade brasileira pode-se ter como matéria-prima para produção de
biodiesel: dendê, palma, mamona, amendoim, algodão, soja, girassol, babaçu, coco, canola,
buriti, gergelim, jojoba, nabo forrageiro, linhaça, tucumã, pequi, pinhão manso, sebo,
maracujá, oiticica, palmiste, abacate, macaúba, óleo de peixes, óleo de mocotó, banha de
porco e óleos e gorduras residuais de processos domésticos e industriais, entre outros.
2.5 ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA
A grande preocupação mundial com a preservação ambiental, desenvolvimento sustentável,
otimização dos recursos disponíveis, a busca por alternativas energéticas e a preocupação com
o aquecimento global fazem com que a reciclagem dos resíduos da cocção de alimentos se
torne uma fonte estratégica para produção de biodiesel, seja na questão econômica, social,
mas principalmente ambiental.
Depois de reciclado o óleo de fritura pode ser utilizado na produção de resina para tintas,
ração para animais, detergente, amaciante, sabonete, lubrificante para veículos, sabão (muito
perceptível na região de Nova Venécia) entre outros.
Ocorre que muitas residências e estabelecimentos comerciais não possuem um sistema de
coleta seletiva, fazendo o descarte inadequado deste resíduo, causando impactos ao meio
ambiente.
Quando descartado na pia pode causar o entupimento das tubulações, mau cheiro, ruptura das
redes de esgoto (pela incrustação de óleos e gorduras) e até o refluxo deste. Geralmente estes
dejetos chegam ao oceano, rios ou mananciais dificultando e encarecendo o tratamento da
água para o consumo, comprometendo sua qualidade.
As três grandes vantagens de utilização do óleo residual de fritura para produção de biodiesel
são: recolocação do óleo de volta ao um sistema produtivo sem a necessidade de gastos com
pesquisa e exploração; menor custo por se tratar de um resíduo e uma adequada destinação ao
óleo ou gordura impedindo que ele cause impacto ao meio ambiente.
2.5.1 USO E DESCARTE DE ÓLEOS E GORDURAS DE ACORDO COM A ANVISA
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) trouxe no Informe Técnico nº 11 de
05 de outubro de 2004, informações sobre o uso e descarte de óleos e gorduras utilizados para
cocção, bem como o esclarecimento do que ocorre no processo de fritura.
Durante a fritura o óleo fica exposto à oxidação pela interação deste com agentes como ar,
água, componentes dos alimentos que estão sendo fritos e alta temperatura, causando sua
degradação estrutural, em especial quando por um período longo de uso gerando compostos
76
que dão sabor e odor desagradáveis e até mesmo substâncias que podem trazer riscos à saúde
como diarréia e irritação do trato gastrointestinal.
A água liberada pelo alimento provoca alterações hidrolíticas, o oxigênio em contato com o
óleo causa alterações oxidativas e a temperatura de processo alterações térmicas enquadradas
também como oxidativas.
Nas indústrias onde o processo de fritura é contínuo ocorre a hidrólise, responsável pela
formação de ácidos graxos livres. Já no comércio e domicílios, o processo de fritura é
descontínuo ocorrendo reações de oxidação, hidrólise e polimerização, que por sua vez
produzem substâncias chamadas de compostos polares totais.
2.5.2 PARÂMETROS DE QUALIDADE DO ÓLEO
A ANVISA estabelece na resolução nº 482 de 23 de Setembro de 1999 – Regulamento
Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de Óleos e Gorduras Vegetais, levando-se
em consideração a necessidade de estabelecer a identidade e características mínimas de
qualidade a serem obedecidas por estes, os parâmetros de qualidade dos mesmos. Ela
estabelece que o óleo e gordura vegetal devem ter como:
• Características Sensoriais: aspecto límpido e isento de impurezas a 25ºC, cor, odor e sabor
característicos.
• Características físico-químicas: para cada tipo de óleo e gordura vegetal são definidos
parâmetros com seus respectivos valores máximos recomendados.
A Tabela 1 mostra os parâmetros físico-químicos definidos pela ANVISA para o óleo de soja,
o mais utilizado para preparação dos alimentos.
77
2.5.3 LIPÍDEOS E O ÓLEO DE FRITURA
Segundo Solomons (2009, p. 371), Lipídeos são:
[...]compostos de origem biológica que se dissolvem em solventes apolares, tais
como clorofórmio e éter de etílico. O nome lipídeo vem da palavra grega lipus, que
significa gordura. Diferentemente de carboidratos e proteínas que são definidos em
termos das suas estruturas, os lipídeos são definidos pela alteração física que
utilizamos para isolá-los. Portanto, não é surpreendente que os lipídeos incluam uma
variedade de tipos estruturais.
Como exemplo, temos:
Ainda segundo Solomons, (2009, p. 372):
Apenas uma pequena parte da fração de lipídeo total obtida pela extração com
solvente apolar consiste em ácidos carboxílicos de cadeia longa. Muitos ácidos
carboxílicos de origem biológica são encontrados como ésteres de gliceróis, isto é,
como triacilgliceróis.
Triacilgliceróis incluem substâncias muito comuns como óleos vegetais (soja, girassol, milho,
mamona, canola, etc.) e óleos de origem animal como banha, sebo, manteiga, óleo de peixe e
etc. Em temperatura ambiente podem ser líquidos sendo chamados de óleos, ou sólidos, sendo
chamados de gorduras.
De acordo com Miguel Dabdoub, químico e professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP:
Se considerarmos que 12 litros desse óleo não sejam absorvidos pelos alimentos,
que é uma estimativa muito conservadora, são cerca de 7 litros de óleo por pessoa
sendo jogados pela pia, indo pelo esgoto, impermeabilizando leitos de rios e
contaminando lençóis freáticos e fontes de água, todo ano. Esse óleo e os resíduos
da indústria de soja poderiam ser coletados e transformados em biodiesel. Muitas
indústrias de alto porte poderiam ser movimentadas no Brasil somente com base no
óleo residual. Diminuiríamos o uso de combustíveis derivados de petróleo e carvão
mineral, que causam o efeito estufa.
78
2.6 PRODUÇÃO DE BIODIESEL
A reação química entre o óleo ou gordura animal e um álcool na presença de um catalisador
ácido ou básico é chamada de Reação de Transesterificação. Tem como produto principal o
biodiesel e co-produto a glicerina ou glicerol.
Figura 3- Reação de Transesterificação
Fonte: Knothe, 2006
De acordo com Knothe (2006) algumas variáveis são consideradas no processo de fabricação
do biodiesel. São elas: temperatura da reação, razão molar entre o álcool e o óleo, tipo de
catalisador, tempo de reação, grau de refino do óleo vegetal empregado, efeito da presença de
umidade e Ácidos Graxos Livres.
Para produção do biodiesel inicialmente é feita a dissolução do catalisador ácido ou básico em
um álcool para posteriormente ser adicionado ao óleo aquecido. Após este procedimento a
mistura deve ficar em repouso até que ocorra a separação do biodiesel (fase rica em ésteres,
menos densa e clara) da glicerina (mais densa, escura, ainda com impurezas, álcool e água).
A figura 4 mostra a reação de transesterificação de um triacilglicerídeo com um metanol
utilizando-se um catalisador básico, o KOH.
Figura 4. Equações da Reação de Transesterificação de um triacilglicerídeo com metanol catalisada por
hidróxido de Potássio (KOH)
Fonte: Química Nova, 2007
79
As duas fases produzidas na reação de transesterificação, biodiesel e glicerina, podem ser
separadas por decantação ou por centrifugação.
O álcool que está misturado na glicerina e no biodiesel pode ser removido utilizando o
processo de destilação. Este álcool recuperado precisa sofrer o processo de secagem, pois
contém quantidade significativa de água. Para isto também pode se utilizar a destilação.
Quando o álcool for o metanol a destilação é mais simples, pois seus constituintes têm
volatilidade relativa acentuada e não ocorre o fenômeno da azeotropia que pode dificultar a
separação. Já se o álcool for o etanol, adesidratação fica mais difícil pois sua volatilidade
relativa é pequena e propiciando o fenômeno de azeotropia.
Os ésteres devem ser purificados por meio de lavagem com água destilada onde são retiradas
impurezas. O biodiesel resultante, então, deverá ser enquadrado nas especificações técnicas
estabelecidas pelas normas vigentes nos Estados Unidos pela ASTM D6751 (American
Standard Testing Methods), na Europa pela DIN 14214 (Deutsches Institut für Normung) e no
Brasil pela portaria nº 255/03 de 15.09.2003 da ANP.
3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
3.1 MUNICÍPIO OBJETO DE ESTUDO DA PESQUISA
A pesquisa apresentada neste trabalho foi realizada no município de Nova Venécia, norte do
Espírito Santo. Os dados colhidos para se estimar a média de óleo residual de fritura
descartado pelos estabelecimentos comerciais do município foi realizada entre os meses de
Agosto e Setembro de 2010. Para isto foi elaborado um questionário em que os
estabelecimentos visitados respondiam sobre a quantidade e tipo de óleo descartado, bem
como sua disponibilidade para produção de biodiesel.
3.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS
3.2.1 LEVANTAMENTO DO ÓLEO RESIDUAL DO COMÉRCIO
Foram visitados 16 estabelecimentos comerciais de Nova Venécia, onde 81,25% mostraramse dispostos a doar óleo residual de fritura para produção de biodiesel, 12,50% o fariam com
incentivo de ganhar 1 litro de óleo novo para cada 10 litros de óleo usado e 6,25% não
doariam sob esta circunstância pois dão preferência à produção de sabão.
Verificou-se ainda que o óleo é reutilizado 3 vezes ou mais em 50% dos estabelecimentos, em
25% reutilizado 2 vezes, em 18,75% é reutilizado apenas 1 vez e em 6,25% nenhuma.
O tipo de óleo mais utilizado é o de soja em 87,50% do comércio e em 12,50% usa outro tipo
de óleo, como banha.
O principal destino dado ao óleo que sobra do processo de cocção é para a fabricação de
sabão em 56,25% do comércio. 6,25% descartam o óleo no esgoto e 37,50% dão outros
destinos ao mesmo como, por exemplo, lavagem para animais.
80
A partir dos dados obtidos pode-se estimar a quantidade média de óleo residual que poderia
ser coletado, ou seja, um total de 232 litros de óleo por semana. É importante ressaltar que
não foi objeto dessa pesquisa o óleo residual de fritura descartado pelos domicílios do
município.
3.2.2 PREPARAÇÃO DO ÓLEO PARA ANÁLISE DO ÍNDICE DE ACIDEZ
Inicialmente foi colhida a amostra de 100mL de óleo de soja novo (virgem). Em seguida o
restante do óleo sofreu o processo de fritura a uma temperatura variando de 180º a 220ºC com
intervalos regulares de 2 horas entre cada fritura até se chegar num total de 5 amostras de
utilizações seguidas do óleo. Para obtenção das amostras totais este processo foi realizado em
triplicata.
A primeira amostra foi de óleo de soja virgem contendo 100mL. Com o restante do óleo
iniciou-se o processo de fritura de onde então foi retirada a primeira amostra de óleo usado
contendo 100mL assim como as demais que seguirão. Aguardou-se o resfriamento do óleo
restante por 2 horas para reiniciar o processo de fritura de onde foi retirada a segunda amostra
de óleo usado e assim sucessivamente até chegar à quinta amostra de óleo usado.
3.2.3 PROCEDIMENTO
TABELA 2 – LISTA DE MATERIAIS E REAGENTES UTILIZADOS EM LABORATÓRIO
Foi realizada a determinação do índice de acidez de amostras de óleo novo e usado tendo
como base a Norma NBR 11115 – Substâncias Graxas – Determinação do Índice de Acidez.
Em um frasco de Erlenmeyer de 250mL pesou-se de 5 a 6g de cada amostra de óleo, com o
auxílio de uma pipeta, numa balança analítica com exatidão de 0,0001g.
Ao frasco de Erlenmeyer com a amostra foi adicionado 100mL de etanol p.a.., com auxílio de
uma proveta, para em seguida fazer a homogeneização das soluções, para facilitar o processo
a mistura foi colocada em banho-maria.
Posteriormente adicionou-se 6 gotas de solução de fenolftaleína 0,1% no mesmo frasco com o
auxílio de um conta-gotas.
Lavou-se a bureta com a solução padrão de KOH etanólico 0,1N e zerou-a com a mesma
solução para em seguida ser feita a titulação das amostras adicionando a solução padrão de
KOH etanólico 0,1N até que ocorresse a viragem do indicador (coloração rósea) que
persistisse por pelo menos 10 segundos.
81
3.3 ANÁLISE DOS DADOS
Mediante análise realizada em laboratório pôde-se utilizar os dados obtidos para calcular o
índice de acidez em mg KOH/g das amostras utilizando a seguinte fórmula:
onde:
IA = é o índice de acidez, em miligrama de KOH por grama;
V = é o volume da solução de KOH, gasto na titulação, em mililitros;
m = é a massa da amostra, em gramas;
N = é a normalidade exata da solução de KOH, aqui equivalente a 0,1.
Para determinação do índice de ácido oléico/100g de óleo utilizou-se a fórmula:
onde:
IA% = é o índice de acidez em % de ácido oléico/100g de óleo;
V = é o volume da solução de KOH, gasto na titulação, em mililitros;
m = é a massa da amostra, em gramas;
N = é a normalidade exata da solução de KOH, aqui equivalente a 0,1.
0,282 = é o miliequivalente em grama de ácido oléico
Os resultados estão apresentados no Gráfico 1 onde há melhor visualização dos picos do
índice de acidez do óleo de fritura.
Gráfico 1: Picos do Índice de Acidez do óleo.
82
Pode-se perceber que em todas as amostras à medida que o óleo foi sendo reutilizado, sua
acidez aumentou e, consequentemente, a presença de ácidos graxos livres resultado da maior
degradação deste.
Mesmo as amostras tendo sido preparadas com o intuito de se acompanhar a evolução do
índice de acidez do óleo à medida que este vai sendo reutilizado no processo de fritura, não se
pode afirmar que as condições impostas a este óleo sejam iguais às sofridas no processo de
fritura do comércio, pois há muita variação no tipo de alimento, tempo de fritura, temperatura
imposta, intervalos entre cada aquecimento o que faz com que o grau de deterioração do óleo
seja maior ou em menor intensidade.
Para uma melhor comparação foi realizada também a medição do índice de acidez do óleo
recolhido nos principais estabelecimentos comerciais do município de Nova Venécia.
TABELA 3 – DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE ACIDEZ DO ÓLEO RECOLHIDO NO COMÉRCIO
A seguir, o gráfico 2 faz uma comparação dos índices de acidez do óleo recolhido no
comércio de Nova Venécia.
Gráfico 2: Comparação dos Índices de Acidez do Óleo recolhido no comércio.
83
Pelos dados expressos no Gráfico 2, pode-se perceber que os óleos coletados apresentam
índice de acidez acima do parâmetro de qualidade recomendado pela ANVISA de no máximo
0,3g de ácido oléico/100g, adequado para alimentação humana.
A depender do nível de reutilização e da adversidade nas condições do processo de fritura
como temperatura, intervalos de cocção (aquecimento e resfriamento), tipos de alimentos e
exposição ao oxigênio, menor ou maior será a sua degradação.
O óleo tem como requisito ter aspecto límpido e isento de impurezas a 25ºC, cor, odor e sabor
característicos. Por se tratarem de estabelecimentos que impõem ao óleo, constantes e
intensos processos de fritura, uso diferentes tipos de alimentos e condições de processo, os
óleos residuais coletados apresentaram cor escura, odor forte e desagradável, partículas em
suspensão, alta viscosidade e até mesmo sebosa, o que são indicativos de sua degradação.
Quanto maior a deterioração do óleo maior é a presença de Ácidos Graxos Livres que
interagem com os catalisadores hidróxidos, no caso o NaOH, havendo maior competição entre
a reação de transesterificação, o objetivo, e a reação de saponificação, algo indesejado no
processo de produção de biodiesel.
Todos os óleos residuais coletados são passíveis de utilização como matéria-prima para a
produção de biodiesel devendo-se, entretanto nos que apresentam um alto índice de acidez
haver um pré-tratamento deste para melhorar sua qualidade e consequentemente do biodiesel
a ser obtido.
4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
4.1 CONCLUSÃO
Após serem feitas todas as análises e comparados todos os dados pode-se afirmar que é viável
o uso do óleo residual de fritura do comércio de Nova Venécia para produção de biodiesel.
Por se tratar de uma matéria-prima que passou por vários processos de degradação durante o
aquecimento, o óleo recolhido no município apresenta o índice de acidez superior ao do óleo
refinado virgem caracterizando assim maior presença de ácidos graxos livres. Por este motivo,
será utilizado maior quantidade de catalisador NaOH a fim de se neutralizar os ácidos graxos
livres diminuindo assim os riscos de ocorrer a reação de saponificação.
Utilizando o catalisador NaOH (mais barato, de fácil obtenção e manuseio) a reação de
transesterificação etílica apresenta um rendimento de 85%. Levando-se em consideração a
média mensal de descarte de óleo no município, podem ser produzidos 788,80 litros de
biodiesel por mês a partir do óleo residual de fritura recolhido nos estabelecimentos
comerciais de Nova Venécia.
Para a instalação de uma mini usina de produção de biodiesel com a matéria-prima em
questão, com capacidade para 150 litros/hora em Sistema Hidrosônico é necessário um
investimento de R$ 87.400,00. Devido à pequena disponibilidade de óleo residual de fritura é
inviável a implantação de uma miniusina que trabalhe exclusivamente com esta matériaprima, pois ela teria uma capacidade muito ociosa não compensando o alto investimento.
84
Entretanto do ponto de vista ambiental é muito importante que se dê um destino apropriado ao
óleo residual de fritura ajudando assim na preservação do meio ambiente e melhoria da
qualidade de vida da população, pois, estes resíduos deixariam de ser descartados na rede de
esgoto que poluem o Rio Cricaré, dificultando e encarecendo o tratamento da água para o
consumo humano, diminuiriam a contaminação do solo e a diminuição da emissão de gases
poluidores devido à substituição de combustível fóssil por outro renovável nos motores dos
veículos.
Sendo assim, pode-se afirmar que a hipótese anteriormente afirmada é verdadeira desde que
se tenha óleo residual de fritura em quantidade e qualidade necessárias.
4.2 RECOMENDAÇÕES
Levando-se em conta que o óleo residual de cocção do município de Nova Venécia está apto
para a produção de biodiesel e que inúmeros seriam os benefícios advindos da implantação de
uma miniusina para sua produção, podem ser feitas algumas recomendações:
• Para viabilizar este empreendimento sugere-se que seja realizada uma nova pesquisa tendo
também como objeto de estudo o descarte de óleo de fritura feito pelos domicílios do
município, o que geraria maior oferta de matéria-prima e consequentemente a plena atividade
das instalações.
• A realização de campanhas de conscientização sobre os impactos causados pelo descarte
inadequado pelos resíduos da cocção seja nos rios, no solo, no ar, na qualidade de vida e nos
aspectos sociais; e a consequente criação de um sistema de coleta seletiva que seria
importante também para todos os outros tipos de resíduos.
• Em trabalhos futuros, sugere-se que sejam realizadas também a análise de outros
parâmetros de qualidade do óleo residual a fim de que se otimize os rendimentos de biodiesel
a partir desta matéria-prima.
• Considerando-se os dados atuais de inviabilidade de implantação de uma miniusina para a
produção do biodiesel exclusivamente do óleo residual de frituras sugere-se que a mesma seja
implantada para a utilização também de outras fontes oleaginosas.
• Considerando-se os inúmeros benefícios ambientais, sociais e de sustentabilidade indica-se
a realização de estudos voltados para a implantação de um sistema de produção de biodiesel
pela Prefeitura, com o intuito de substituir total ou parcialmente o uso do diesel derivado de
petróleo.
• Estudos futuros podem ser realizados para averiguação da possibilidade de expansão deste
projeto para os municípios vizinhos, podendo ser criada uma Cooperativa para Produção do
Biodiesel no Norte do Estado do Espírito Santo.
5 REFERÊNCIAS
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85
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88
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM CAMINHO PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL
Lucinete Oliveira19
RESUMO
As empresas, como molas propulsoras do desenvolvimento, devem lembrar de que constituem
uma corporação da qual fazem parte seus funcionários, fornecedores, clientes, consumidores e
a comunidade em geral. Têm, portanto, o compromisso de respeitar toda a corporação,
buscando seu desenvolvimento e sua sustentabilidade, passando necessariamente por um
engajamento em projetos de Responsabilidade Social Corporativa. Este trabalho apresenta um
estudo realizado mediante pesquisas exploratória, descritiva e bibliográfica, em que se discute
problemas e dificuldades, mapeando esforços que seriam necessários para mudar certos
hábitos culturais, permitir e garantir um tratamento mais adequado ao meio ambiente e a
garantia de qualidade de vida para nós dessa geração e para as próximas gerações.
PALAVRAS-CHAVES: Empresas; Globalização; Educação e Responsabilidade Social
ABSTRACT
Companies such as drivers of development, should remember that a corporation which is part
of its employees, suppliers, customers, consumers and the wider community. So they have a
commitment to uphold the entire corporation, seeking its development and sustainability, a
necessary step for an engagement in Corporate Social Responsibility projects. This paper
presents an exploratory study conducted by research, and descriptive literature, which
discusses problems and difficulties, mapping efforts that would be necessary to change
cultural habits, allow and ensure a more suitable to the environment and ensuring quality of
life for we of this generation and for generations to come.
KEYWORDS: Companies. Globalization. Education and Social Responsibility.
1 INTRODUÇÃO
No mundo contemporâneo falar de educação ambiental e desenvolvimento sustentável,
tornou-se de fundamental importância para qualquer empresa que tem a perspectiva de sua
permanência no mercado, face às exigências impostas pelo próprio mercado como também
pelos consumidores. Exigências essas que conforme Tachizawa (2002, p. 23) “o novo
contexto econômico caracteriza-se por uma rígida postura dos clientes, voltada à expectativa
de interagir com organizações que sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado, e
que atuem de forma ecologicamente responsável”.
Partindo dessa nova realidade, a educação ambiental no bojo das organizações, vem alicerçar
de forma consciente a sua postura e atuação no mercado, tanto no ambiente interno como no
externo.
Diante deste pressuposto que por meio deste estudo busca conscientizar acerca da importância
da implantação de uma gestão Ambiental no que se refere à coleta seletiva de resíduos
19
Pós-Graduação pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN.
89
sólidos.
Considerando a importância dos estudos realizados em relação à degradação ambiental, a
estrutura dos capitais das empresas cada vez mais elevados, e a consciência ambiental dos
empresários cada vez mais em baixa, é preciso, com certa urgência uma medida muito mais
rigorosa para punir os poluidores, chega de tolerância.
Mudanças importantes precisam ser tomadas para obtenção de resultados positivos em relação
à responsabilidade de cuidar do meio ambiente e garantir qualidade de vida para os cidadãos
atuais e as próximas gerações. A discussão a respeito da relação entre desenvolvimento
sustentável, responsabilidade e consciência ambiental, é um assunto que vem sendo discutido
há décadas.
A estrutura de capital das empresas e o crescimento econômico assumem grande importância
na degradação ambiental, deixando seus proprietários inconscientes e esquecidos de que pesa
sobre eles a responsabilidade de adotar e investir em medidas favoráveis na conservação de
um bem tão precioso que é o meio ambiente.
Os cuidados com o meio ambiente, e a preocupação com a responsabilidade social e educação
ambiental, apresenta como um tema cada vez mais polêmico na opinião de muitas pessoas e
das organizações; esperamos em breve que o sonho de ver a Educação Ambiental implantada
em todas as escolas deste país, nas comunidades, empresas; não como uma Prática Educativa
Periódica, mas sim como disciplina obrigatória para todas as séries, exercendo impacto
positivo, transformador nos objetivos, estratégias, no próprio comportamento dos empresários
e de toda sociedade.
Neste século, quando a globalização é um movimento sem volta e a comunicação é muito
rápida, a conscientização crescente dos consumidores e clientes exige das empresas um
comportamento justo, ético e transparente. Vivemos um período conturbado nos aspectos
relacionados à moral e aos valores, em que a credibilidade nas pessoas e nas instituições está
comprometida, sendo, portanto necessário revolucionar a cultura e os costumes para
reconstruir um novo mundo, recuperando-se a verdadeira cidadania.
Justifica-se que a Gestão Ambiental na empresa ocupa um espaço protagonista na construção
de um novo placo de vida como forma de expressão e mobilização, que leve criticamente à
descoberta e novos valores, atitudes, gerando novos padrões éticos a serem construídos e
vividos individual e coletivamente.
Para os empresários, se faz necessário criar uma rede permanente de informação, para que
conheçam os temas a respeito do meio ambiente, sensibilizando-os para a necessidade de uma
mudança de comportamento às questões ambientais, porém, não existe uma receita para se
fazer Educação Ambiental, depende de cada pessoa, a Educação Ambiental está entre, através
e além de todas as disciplinas.
Delimita-se no estudo sobre a implantação de uma gestão ambiental, com o intuito que ocorra
a conscientização de todos os membros envolvidos, desde a administração em geral, sobre a
coleta seletiva, até o processo final dessa gestão.
Diante do exposto, questiona-se: Como a educação ambiental pode ser um caminho para um
futuro sustentável?
90
O objetivo deste artigo é Identificar a acerca da importância da implantação de uma gestão
Ambiental no que se refere à coleta seletiva de resíduos sólidos. Tendo como objetivos
específicos, a seguir: Descrever os conceitos e referências da Gestão Ambiental; Mensurar os
pontos principais da Gestão Ambiental e as suas características no contexto organizacional;
Levantar informações sobre os benefícios da implantação da coleta seletiva na empresa; e,
Identificar a forma social de preservação ambiental.
Como hipótese se for utilizada a coleta seletiva de resíduos sólidos de forma consciente
acerca da importância da implantação de uma gestão Ambiental, eleva a um desenvolvimento
sustentável tanto para as organizações quanto para o ecossistema.
A pesquisa foi classificada conforme Marconi e Lakatos (2007, p.185), como exploratória,
haja vista que tratará o tema e suas vertentes à luz de conceitos preexistentes. Para os autores,
esse tipo de pesquisa.
E ainda como pesquisa descritiva para Gil (2002), que é quando descreve as características de
determinado fenômeno como é o caso desta pesquisa que descreverá sobre os dados advindos
do material bibliográfico.
Foram utilizadas como fonte para coleta de dados a revisão de bibliografias, e os dados foram
coletados por meio de livros, sites da Web e outros trabalhos acadêmicos correlativos. A fonte
secundária segundo Pinheiro (2006, p. 68), são aqueles dados “[...] que já foram coletados,
tabulados e analisados com propósito outros e que estão à disposição dos interessados [...]"
por meio de livros, revistas, jornais, internet, etc.
Os dados construídos a partir das pesquisas em materiais já elaborados, foram posteriormente
analisados, cujas informações serviram de base para elaboração da conclusão sobre o tema
abordado.
A pesquisa está estruturada em quatro capítulos, abordando os assuntos abaixo mencionados.
O primeiro capítulo apresenta a introdução, justificativa do tema, delimitação do tema,
formulação do problema, os objetivos gerais e específicos, as hipóteses, a metodologia
abordando a classificação da pesquisa, técnicas para coleta de dados, fontes para coleta de
dados e possibilidade de tratamento e análise dos dados.
O segundo capítulo trata da fundamentação teórica dos elementos que envolvem o problema
em estudo, citando a opinião de diversos autores acerca do tema abordado.
O terceiro capítulo apresenta as conclusões acerca dos resultados obtidos na pesquisa
bibliográfica, bem como algumas recomendações para estudos futuros.
E por último, o quarto capítulo apresenta todas as bibliografias utilizadas nesta pesquisa, para
futuras consultas.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 DESENVOLVIMENTO
QUALIDADE DE VIDA
SUSTENTÁVEL:
MELHORIA
CONTÍNUA
DA
91
Nessa visão, as empresas sempre procurarão uma estrutura de capital “ótima”, que minimize
ao mesmo tempo os impactos ambientais, os riscos de acidentes como queimadas,
derramamentos de óleos e outros tipos de degradações, correm o risco de custear multas
pesadas ou outros tipos de penalidades. A idéia é que as empresas trabalhem com certa
alavancagem de investimento financeiro, viabilizando um investimento maior no sentido de
capacitar pessoas, investindo em equipamentos de última geração, pensando na segurança e
na preservação ambiental, garantindo assim a tão sonhada sustentabilidade.
Novas oportunidades de trabalho surgirão para quem quiser se dedicar a arte de reciclar.
Apesar de muitas vezes, as pessoas que trabalham com reciclagem ou catadores, podem ser
encarados por muitos preconceituosos como um incapaz por trabalhar lidando com o lixo
(reciclagem do lixo), é vista como uma pessoa que não teve oportunidades ou simplesmente
teve e não aproveitou.
Machado (2003) declara que as empresas devem qualificar seus funcionários e colaboradores,
procurando educá-los para preservar, e ter a convicção de suas responsabilidades ambientais
com certos princípios:
- Antecipar, e compreender para evitar riscos que possam comprometer o meio ambiente;
- Descobrir opções e estratégias para evitar qualquer tipo de degradação;
- Investe sempre em equipamentos de segurança, pois é um meio de admitir que existam
riscos e incertezas que precisam ser eliminados;
- Investe em programas de qualidade e que garantam qualidade na educação convencional e
na educação ambiental de seus funcionários.
2.2 EQUILÍBRIO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
De acordo com Simas (1999) um esforço contínuo rumo a novas descobertas tem
caracterizado a aventura humana no planeta. Um dos fatores que impulsionaram esse esforço
é a necessidade de ampliação dos recursos da natureza, fundamentais para nossa
sobrevivência. Historicamente, muitos fenômenos naturais foram pouco a pouco desvendados.
Inúmeras práticas biológicas se envolvendo o uso de equipamentos sofisticados e de alta
precisão.
Os conhecimentos biológicos também contribuem para a nossa qualificação em acompanhar,
compreender e discutir temas vez mais frequentes na mídia, como engenharia genética,
prevenção de recursos naturais e impactos ambientais.
2.3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: VANTAGEM PARA A VIDA
Atualmente, em ambientes acirrados pela competição e constantes mudanças, uma reciclagem
educacional vem surgindo aos poucos, encontrando certa resistência, porém com persistência;
esse tipo de educação facilitará a vida de muitas pessoas, especialmente daqueles que colocála em prática no seu cotidiano, tornando a vida dessas pessoas mais fácil, com um
comportamento mais adequado com a realidade atual, facilitando a convivência no mercado
competitivo, evolutivo e globalizado (SIMAS, 1999, p. 34).
92
Em pesquisas bibliográficas realizadas e em conversas com profissionais preocupados com a
situação preocupante que está o meio ambiente, conclui-se que a utilização de Políticas
Ambientais voltadas para o sistema educacional, com o aproveitamento de conceitos e
propostas de investir em capacitação de pessoas encorajadas a disseminar um tema tão
simples, mas ao mesmo tempo polêmico, colaborando com o processo decisório, por si só já
poderá mudar a cabeça e jeito de agir de muita gente; causando com isso “vantagens para a
vida.” E nesse processo de “mudanças de hábitos culturais,” existe um processo que vem se
demonstrando de fundamental relevância para a sobrevivência mundial: a capacitação. As
informações aprendidas podem tratar de variáveis sociais que relacionam com um ambiente
remoto.
De acordo com Silva (2003), práticas como o incentivo à separação do lixo e teóricas como
palestras referentes a medidas de informações em educação e responsabilidades sociais são
muito bem aceita por todos. Vale ressaltar pela natureza, baseado na observação de casos
práticos específicos, não se tem o objetivo de formular conclusões definitivas sobre relação
entre procedimentos empresariais e os conceitos de muitos que não concordam com a
preservação do meio ambiente. Assim, a proposta fundamenta-se na discussão a questões
relevantes a serem consideradas pelas empresas e métodos educacionais, para identificar os
aspectos a serem considerados, foram pesquisadas referências bibliográficas que tratam do
assunto estudado.
2.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO PRÁTICA PERMANENTE
Parafraseando Morin, na educação ambiental crítica, o conhecimento para ser pertinente não
deriva de saberes desunidos e compartimentalizados, mas da apreensão da realidade a partir
de algumas categorias conceituais indissociáveis ao processo pedagógico (2002, p. 36).
As atividades do programa de educação ambiental contemplam os quatro pilares propostos
Pelo Relatório Delors da Unesco (2000) como eixos para os procedimentos metodológicos,
Proporcionando uma ação educativa transdisciplinar que integra:
Aprender a Ser - Base do programa. A educação do próprio sujeito da ação para a
sustentabilidade, Desenvolvendo nesse sujeito a capacidade de ser agente de sua própria
história, estimulando seus potenciais humanos de solidariedade, de cooperação, de reverência
e de gratidão pela vida, além do amor e o serviço ao outro, ao próximo e à natureza. Em todo
o desenvolvimento do programa, o sujeito é levado a desenvolver e a ampliar sua capacidade
de reflexão e autonomia.
Aprender a conviver - Cada participante deve se ver como membro ativo de sua própria
comunidade e espaço social, desenvolvendo a capacidade de tecer redes de solidariedade,
priorizando nas suas escolhas e ações aquelas que propiciam além de sua própria
sustentabilidade, também a sustentabilidade da comunidade em que vive. Sua atividade
produtiva deve ser alicerçada na teia da vida natural social.
Aprender a conhecer - O método de aprendizagem contínuo e sistêmico gera um
conhecimento comprometido com a prática transformadora do mundo, de si mesmo e das
condições de vida do grupo social dentro dos parâmetros de manutenção da teia da vida,
garantindo a própria sobrevivência como pessoa e como grupo. O aprender passa a ser um ato
de ampliar a visão sobre si mesmo e sua ação no mundo. O participante é estimulado a
93
entender o conhecimento pertinente, aquele que harmoniza com seus meios culturais,
econômicos e naturais. Esse conhecimento deve ser um ato de busca de métodos e práticas em
conformidade com parâmetros que se traduzem em benefícios sociais e ecológicos. Aprender
a conhecer a si mesmo, o seu grupo social e os potenciais naturais e culturais que estão ao
dispor do grupo. É aprender a formular os princípios e a prática da economia solidária,
baseada nos valores humanos universais.
Aprender a fazer - É a consequência. O Fazer está referido às tecnologias limpas para
manter as condições de reprodução da vida e o equilíbrio ecossistêmico; um fazer que
promova benefícios ao seu grupo social como um todo; um fazer que possibilite obter o
melhor rendimento para si mesmo, beneficiando também os outros e a natureza. Portanto é
Fazer melhor – fazer um mundo melhor, que é possível e necessário. Um mundo que abarca
as dimensões internas e externas, onde prevaleça a ética da vida, da paz e do amor.
“É o saber que preenche nossa vida diária e que possui sem o haver procurado ou estudado,
sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo” (LAKATOS, 2000, 17) É
importante entender que todo ser humano tem suas habilidades e que a natureza da habilidade
está interligada com a aptidão de cada um e sua capacidade potencial para desenvolver certas
atividades. Com os estudos o jovem passa a ter mais satisfação e segurança no desempenho de
suas funções, determinada aptidão vai se aprimorando, se fortalecendo, surgindo então às
habilidades.
2.4.1 MUDANÇAS CULTURAIS E ADOÇÃO DE HÁBITOS SAUDÁVEIS
Segundo Machado (2004), vivemos o fim da revolução e a era da reinvenção. Isso significa
que somente num clima favorável a vida, é possível adotar novas ideias e descobertas,
fomentando-as e compartilhando com a sociedade.
A adoção de iniciativas de economizar para não faltar, são métodos educacionais que
precisam ser levados a sério pelos nossos governantes e população em geral, a intenção é
exigir mais de todos, a Consciência Ambiental e a Educação Ambiental em salas de aulas.
Com o comentário: economizar para não faltar, é uma maneira consciente do quanto somos
dependentes da natureza e de seus recursos naturais. A informação deste tipo de campanha
”economizar para não faltar,” pode vir alicerçar o treinamento do ser humano e se for
trabalhado com afinco certamente a pessoa mudará consideravelmente seus hábitos e maneira
de ver a vida. Cabe a todos, ao empresário, para o empresário que poderá reeducar seus
funcionários ensinando-os a economizar energia, ensinando para ele de onde vem aquela
energia e que se ele economizar não será preciso a construção de hidrelétricas que ocupa
muita terra com as barragens fazendo com que muitas famílias fiquem sem suas casas e
muitos animais sem rumo.
2.5 IMAGEM INSTITUCIONAL E RENPONSABILIDADE AMBIENTAL
Ações como divulgar as preocupações com o meio ambiente, como apresentar painéis, com
resultados obtidos com a colaboração dos funcionários, vídeos exibidos nas recepções, locais
onde passam clientes e fornecedores, com certeza causará muita simpatia externa elevando
cada vez mais a imagem da organização. E essa preocupação não deve ser só com um simples
assunto como, por exemplo, a falta de água, sabemos que a água é um bem renovável, mas
94
que também pode acabar. O que em muitos casos pode significar bem estar, em outros está
gerando muitas preocupações, mas sim também, com o lixo produzido na instituição, o ato de
apagar as luzes ao sair da sala, lembrar de desligar o ar condicionado uma hora antes do final
do expediente, e outras áreas que possam trazer algum malefício ao meio ambiente.
Essa preocupação não pode ser tratada como uma febre passageira e sim, como uma
preocupação diária, independente das críticas ou dos elogios, o empresário engajado,
envolvido com as causas ambientais deve estar apto a motivar a equipe, difundir filosofias e
transmitir valores nos quais acredita; usar o conhecimento como instrumento para a
transformação da realidade saber para fazer um mundo melhor.
2.6 A IMPORTÂNCIA DE UM PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A educação precisa ser revista, ter seu perfil mudado e mudado também o perfil do novo
educador, que terá que usar estratégias pedagógicas, com muitas habilidades; esse novo
profissional que está surgindo forçado pelas necessidades deverá ter a capacidade de captar,
filtrar, tratar, recuperar, distribuir e disseminar informações de tal forma que a Educação
Ambiental passe a ser atividade vital para qualquer organização e para a sociedade.
Na visão de Simas (1999), o professor precisa ser uns estrategistas nesses tempos de
tecnologias limpas. Terá que ter capacidade de captação, compreensão, análise crítica e
interpretação da realidade e seu trabalho será o de produzir e transmitir mudanças na cultura e
na maneira de ensinar; produzir informação, transformando-a em instrumento de educação
para o progresso, consciente de sua responsabilidade com o meio ambiente, com a
comunidade e com a qualidade de vida das pessoas e, fauna e flora. Este será o mais
importante profissional do Século XXI, transformando-se em verdadeiros “bigs”.
Assim sendo, vale ressaltar que em nenhum outro período da história se percebeu tão
necessária e relevante a formação de profissionais para cuidar e se preocupar com o meio
ambiente em âmbito mundial, colocando em prática as habilidades e experiências adquiridas
sejam em salas de aulas como estudantes, sejam em cursinhos convencionais de capacitação
ou outra forma de aprender; bem como a geração e o uso dos conhecimentos adquiridos. O
dinheiro, a força e ambição para a posse das terras foi o combustível da Sociedade Industrial.
2.7 O ATO CONTÍNUO DE PRESERVAR
O sucesso empresarial no Séc. XXI requer um processo contínuo de adaptações ao meio
ambiente. Para que a empresa possa reagir de maneira adequada diante de todas as alterações
ambientais, garantindo sua competitividade, faz-se necessário dispor de um sistema de
informação formalizado sobre educação ambiental, com procedimentos sistematizados de
coleta, análise e disseminação de informações.
Para Fiorillo (2006, p. 44) educar ambientalmente significa:
Reduzir os custos ambientais à medida que a população atuará como guardiã do
meio ambiente; efetivar o princípio da prevenção; fixar a idéia de consciência
ecológica, que buscará sempre a utilização de tecnologias limpas; incentivar a
realização do princípio da solidariedade; efetivar o princípio da participação dentre
outras finalidades gerais.
95
Para Nori (2002) essa ênfase nas competências reflete um paradigma pedagógico onde a
atenção se desloca do ensino para o processo de aprendizagem. O que é aprendizagem?
Observe que, a cada dia, estamos mudando e mudados, com pequenas ou grandes diferenças
no nosso modo de pensar, agir ou sentir. De modo que desde nosso nascimento até a morte, a
mudança faz parte de nossa vida. As instituições formadoras, as faculdades e até mesmo os
cursos avulsos, não podem mais caracterizar somente pela formação de profissionais
eficientes, tecnicamente bem formados e informados, mas, é imprescindível se atentar para a
demanda da formação de “Capital Intelectual Ambientalista” que atuará conforme o novo
modelo de empresa.
2.8 RESPONSABILIDADE SOCIAL, EQUILÍBRIO E
SUSTENTÁVEL: É PRECISO ENVOLVIMENTO DE TODOS
DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento sustentável pode ser definido como a união de todos em prol de um
processo dinâmico voltado para satisfazer as necessidades humanas, sem comprometer as
necessidades das futuras gerações. E esse tem sido um dos maiores desafios enfrentados pela
humanidade nos dias atuais, onde o progresso não pode parar e a vida precisa continuar; fica a
difícil tarefa que consiste em garantir que o progresso científico, tecnológico e econômico
seja promovido por todos e em benefício de todos, de forma justa e ambientalmente
sustentável.
Neste contexto, a população tem uma participação marcante, pois contribui para a integração
de princípios não respeitados por muitos sistemas econômicos; com a participação da
comunidade, é importante que seja assegurada uma exploração racional dos recursos naturais
disponíveis sem ocasionar desequilíbrios ecológicos.
Com a globalização, saída do homem do campo para as cidades, crescimento desordenado da
população; fez com que a competitividade ficasse cada vez maior. Um diferencial se torna de
suma importância para a sobrevivência das empresas. Fazendo uma análise histórica dos
processos de colonização européia, assim como do atual processo de globalização, Shiva
(2001) nos lembra que cada vez que a ordem global tentou eliminar diversidade e impor
homogeneidade, a desordem e a desintegração foram fomentadas (p. 130).
Assim, para garantir condições de sobrevivência, rumo a uma sociedade sustentável injusta,
torna-se imperativo fazer as pazes com a diversidade. Estamos diante de uma discussão que
evoca a constituição econômica e cultural de uma sociedade de seus integrantes.
Atualmente, quando os questionamentos e críticas em relação às políticas públicas baseadas
apenas no mercado de certas empresas, acarretam manifestações negativas da sociedade, o
comprometimento com as questões sociais e o respeito pela humanidade transforma num
diferencial vital. Hoje, o consumidor consciente, ao adquirir um produto ou serviço, prefere
aqueles de empresas que não poluem; que têm a qualidade , que atuam com produtos que
contribuem para a melhoria da vida da sociedade. A responsabilidade social é, portanto,
conceito estratégico e quem não enxergar isso vai rapidamente deixar o convívio social, isto é,
vai sair do mercado.
Pressupõe que a organização política e econômica assim como as referências axiomáticas
deva ser constituída dinâmica e democraticamente.
96
2.8.1 EQULÍBRIO ECOLÓGICO E A INTERFERÊNCIA HUMANA
De acordo com Martini [...] Os seres vivos normalmente estabelecem entre si e com o meio
em que vivem um perfeito relacionamento, que garante não apenas a sua sobrevivência, mas
também a preservação dos recursos naturais disponíveis no ambiente. Esta situação de
estabilidade dos seres vivos entre si e como ambiente em que estão instalados é que se
denomina equilíbrio biológico.
Há décadas, os seres humanos vêm agredindo e exterminando numerosas espécies de seres
vivos e recursos naturais. Toneladas de peixes têm morrido vitimados pela eliminação de
resíduos industriais, de lixo e de esgoto doméstico, por exemplo, em nossos rios. A atividade
de algas e de inúmeros outros seres que vivem no mar fica comprometida pelo derramamento
de petróleo, que alteram as condições abióticas dos mares. A sobrevivência de inúmeras
formas de vida está sendo colocadas em risco por causa da devastação de florestas. Esses e
muitos outros exemplos de desequilíbrios ambientais são fatos lamentáveis frequentes nos
noticiários dos mais variados meios de comunicação.
2.8.2 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: RESPONSABILIDADE DE TODOS
Somos cidadãos e não apenas consumidores. Nosso ambiente exige preferências dos cidadãos,
não apenas as preferências do consumidor. Ela tem uma dignidade, e não apenas um preço.
O desafio colocado é, portanto, verificar as possibilidades de convivência, respeito e
interações criativas com a diversidade de modo a garantir, ao mesmo tempo, o bem estar e as
liberdades individuais e coletivas, assim como as condições naturais e culturais de vivência e
sobrevivência da humanidade. Como nos adverte Carvalho (2003): O primeiro vilão que
deveria preocupar os ecologistas e ambientalistas, seria o lixo mundial, na realidade o maior
causador da extinção das espécies, inclusive da espécie humana, como já vimos, relacionando
às doenças de veiculação atmosférica, igualmente tendo lixo como seu maior condutor,
produtor e propagador.
E é neste contexto que entram: ética e cidadania. Cidadania e ética são um conceito, jeito
consciente que o cidadão tem do que é certo e do que é errado e mais, o que realmente
convém. Resumindo, ética é do ponto de vista do indivíduo. A moral de uma pessoa ética é o
mesmo conjunto de características ou virtudes necessárias para ser um bom cidadão.
2.9 EDUCAR E INFLUENCIAR POR INTERMÉDIO DE ATITUDES SADIAS:
PRECICLAR, SEPARAR E RECICLAR
Em se tratando de coleta seletiva, o melhor lugar é em nossa própria casa. Isso só precisamos
conscientizar os membros de nossas famílias, os vizinhos, amigos e a comunidade. Podemos
dizer que: a coleta seletiva é possível e autossustentável; não existe comunidade de classe alta
e nem baixa renda, quando o assunto é ter consciência de um problema onde podemos de
maneira muito eficiente ajudar de alguma forma. Um projeto desse tipo pode ser uma
iniciativa privada, como também pode ser de realização governamental, desde que haja
vontade política. É importantíssima a educação comunitária sobre reciclagem e
principalmente, a participação popular diretamente no sistema.
97
Precisamos ficar cientes de que nem sempre é preciso recorrer aos cofres públicos quando a
vontade e a conscientização de uma comunidade são maiores e passar por um trabalho de
educação ambiental aliado ao carinho e compreensão de todos os participantes e interessados
no assunto. É muito importante a participação popular, no sentido de dar o primeiro passo que
é a triagem domiciliar, ou seja, a separação do lixo em sua própria casa. Lixo orgânico (é
transformado em adubo), inorgânico (vai para a reciclagem ou reaproveitamento). E o lixo
dos banheiros vai para os aterros cuidados e apropriados para recebê-los.
Implantada no Brasil há pouco mais de 20 anos, no entanto o recolhimento domiciliar foi
iniciado em 1874, na cidade de Baltimore, nos Estados Unidos. Portanto, a preocupação com
a seleção do lixo é um cuidado que já duram anos (SIMAS, 1999).
É compreensiva a confusão, e mesmo a incredulidade das pessoas em se tratando, não só de
reaproveitamento de resíduos, como das doenças e catástrofes que vêm do lixo. Isso por que,
não para nós, brasileiros, esse é um campo novo da educação ambiental. Segundo Simas
(1999) cerca de 75% do lixo produzido nas grandes cidades, encontra-se cerca de um terço do
lixo residencial, em todo país, simplesmente não é coletado. E que Baías como a da
Guanabara, no Rio de Janeiro, e a de Vitória, no Estado do Espírito Santo, encontra-se
poluídas pelo despejo diário de toneladas e toneladas de dejetos e, somente no Rio de Janeiro,
o programa de despoluição irá consumir mais de 1.750 milhões de dólares, cabendo em outro
tanto para despoluição da baía de Vitória.
2.9.1 PRECICLAR
Simas (1999, p. 42), diz que um exemplo de cidadania é o ato de preciclar. Que é um termo
ótimo para algo que todos podemos praticar; praticar; basta seguir normas muito simples
como: "Reduza o lixo antes de comprar" ou "Não compre lixo"! Precilar é um hábito dos
países de primeiro mundo. Precicler significa usar produtos que possam ser reaproveitados ou
reciclados. É estabelecer condições prévias na compra dos produtos. Por exemplo, se você
gosta de cervejas ou refrigerantes dê preferência as embalagens que possam ser reciclados
como o alumínio.
2.9.2 SEPARAR
Simas (1999, p. 43), declara que a separação do lixo em sua casa é o ato de fazer a coleta
seletiva preliminar. É reaproveitar embalagens, restos de comida, roupas, remédios, livros,
revista e brinquedos. As revistas geralmente não são recicláveis, pois apesar da bela
aparência, a maioria é feita em papel couchet, que leva uma camada de argila na sua produção
e com isso, pode estragar, contaminar toneladas de papéis da reciclagem comum.
A reciclagem é um termo que já faz tempo vem sendo debatido e até ensinado em escolas,
empresas conscientes e em nossas casas. É um método já adotado em muitas cidades com o
incentivo das prefeituras e lideranças comunitárias e cidadãos conscientes. Esse processo
pode começar hoje e em nossa própria casa com a separação do lixo domiciliar.
2.9.3 RECICLAR
98
Simas (1999, p. 43), declara que reciclar é o ato de transformar resíduos, sejam sólidos,
líquidos ou gasosos em sub-matéria prima que vai voltar ao processo produtivo. Não se
iludam, muitas pessoas usam o processo reciclar como uma coisa negativa; a mídia usa de
maneira indiscriminada, pois é a palavra da moda. “Seja chique recicle.”
Ninguém pode se entusiasmar por aquilo que não conhece! Os tempos modernos nos levam a
preocupações diversas: o trabalho, a família, os estudos e assim por diante. Na ânsia de
melhorarmos o nosso padrão e qualidade de vida, vamos deixando para depois as coisas que
nos incomodam, como por exemplo, o lixo, que julgamos ser do poder público a incumbência
de resolver. Não basta tirar o lixo de dentro de casa, para nos livrar dele. O problema continua
do lado de fora, em escala ampliada. E é aí que entra a possibilidade de se extrair riquezas que
vão gerar empregos para muitas pessoas. A reciclagem é um processo que todos nós
conhecemos e sabemos que muitas famílias no Brasil tiram seus sustentos dos famosos lixões
ou em empresas que especializadas em reciclagem de lixos.
2.10 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E EMPRESA CIDADÃ
Com a mudança de imagem e com bons desempenhos de seus projetos sociais torna-se
conhecida e vende mais. Seus produtos ou serviços são mais aceitos e os clientes sentem-se
mais orgulhosos de comprá-los ou contratá-los. Este comportamento gera cada vez mais
clientes fieis.
Segundo Machado (2003), os fornecedores gostam de trabalhar com estas empresas. Elas
angariam parcerias do Governo e da sociedade nos projetos sociais e ganham o respeito dos
concorrentes. Os funcionários de uma empresa cidadã sentem-se orgulhosos de sua empresa,
trabalham com motivação, são mais leais e confiantes. Muitas vezes engajam-se em serviços
sociais, voluntários da própria empresa ou outros, contribuindo também para uma sociedade
melhor; contribuindo assim para as desigualdades sociais, melhorando as condições
econômicas do nosso povo e gerando com isso mais clientes. Verificamos que a vivência
respeitosa com a diversidade carrega, implicitamente, a necessidade de analisar as relações de
poder, uma vez que a compreensão da complexidade inerente à diversidade.
2.11 A GESTÃO AMBIENTAL E SUA IMPORTÂNCIA NO MUNDO ATUAL
Machado (2003) afirma que historicamente no Brasil a industrialização trouxe nas últimas
décadas uma enorme migração da área rural para os grandes centros urbanos, bem como,
simultaneamente, transformou regiões originariamente agrícolas em regiões industrializadas;
a cara do país mudou. Neste último caso, as grandes capitais, como S. Paulo se enquadram
perfeitamente.
O mecanismo pelo qual sociedades desiguais, do ponto de vista econômico e social,
destinam a maior carga dos danos ambientais do desenvolvimento a populações de
baixa renda, aos grupos raciais discriminados, aos povos étnicos tradicionais, aos
bairros operários, às populações marginalizadas e vulneráveis. (ACSELRAD, 2009,
p. 41).
Na origem, esta região era um polo produtor de café, com cidades de pequeno porte,
evidentemente despoluído e com muitos poucos problemas ambientais.
As melhores organizações com certeza precisam manter pessoas com alta empregabilidade,
com a capacidade de desenvolver novas competências para que possam enfrentar os desafios e
99
as novas exigências do mercado de trabalho. Na era da globalização, das tecnologias
complexas, do aumento da produtividade, do desemprego estrutural, a vantagem competitiva
das pessoas e das organizações está no conhecimento e na capacidade de aprender a aprender.
2.11.1 A GESTÃO AMBIENTAL E A ADMINISTRAÇÃO DAS EMPRESAS
É certo que a gestão ambiental, incorporada à administração das empresas, acarreta mudanças
básicas em sua cultura.
Em palavras informais, o diretor – gerente de uma grande empresa definiu o que é cultura
empresarial: “É o jeito de fazermos as coisas por aqui” (CARVALHO, 2004).
3 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO
3.1 CONCLUSÃO
Hoje é difícil distinguir ações de governo das ações da sociedade organizada (ONG s) em
defesa do meio ambiente. A fauna e a flora estão muito defendidas, apesar de que ainda estão
seriamente ameaçadas em locais de preservação. No entanto apesar de esforços sistêmicos ou
eventuais, a degradação ambiental em algumas partes do planeta já atingiu níveis
irrecuperáveis, e outras estão caminhadas rapidamente para esse estágio.
As organizações públicas e privadas se apresentam como agentes de defesa do meio ambiente,
apoiadas em legislações específicas ou genéricas, e documentos são produzidos em
quantidades sem limites sobre o assunto.
Denúncias muito bem fundamentadas outras nem tanto assim, mas tudo com o intuito de
sensibilizar e informar para a população e governo nas tomadas de decisões, posições ou
providências com relação a acontecimentos ou riscos eminentes de danos ecológicos. No
fundo, salvo raras exceções, todos os riscos decorrem de atividades empresariais, direta ou
indiretamente. Daí a importância da Gestão Ambiental para as organizações. É uma obrigação
para um homem de negócios adotar orientações, tomar decisões e seguir linhas de ação que
sejam compatíveis com os fins e valores da sociedade.
A sociedade não mais aceita conviver com riscos ambientais, e os desastres ecológicos custam
muito caro para as empresas responsáveis, como se ver regularmente nos noticiários.
Neste trabalho foi mostrado como pode ser feito pela empresa uma discussão como se
implantar uma gestão ambiental em uma empresa na área da coleta de lixo. E como a
educação ambiental pode ajudar no agir dessas organizações.
Pode-se observar ainda que quando há uma conscientização e conhecimento no tocante a
separação do lixo e seus benefícios. Fica ressaltado ainda que a implantação da coleta seletiva
torna-se um avanço grandioso na empresa, além de ser vantajoso para todos (empresa,
sociedade e ecossistema).
Fica visível que quando as organizações conhecem as normas, quanto à separação e classes
dos lixos, a interação e conscientização de todos é mais fácil para colocá-la em prática.
100
É preciso educar para preservar; é preciso antecipar e compreender a necessidade de pesquisar
e descobrir estratégias neste mundo globalizado para viver bem, saudável e ter um meio
ambiente corretamente equilibrado; é preciso que se crie uma política educacional onde as
crianças possam aprender desde cedo a importância de se ter qualidade de vida, capacitando
professores e demais funcionários para orientar novos e velhos a importância da preservação
ambiental, já que o aprendizado é algo que nos segue por toda vida.
A coleta seletiva deve ser feita de acordo com o grau de periculosidade, assim como as cores
dos cestos. E essa educação ambiental vai ajudar a ter mais respeito pelo local onde trabalha e
também vai ter respeito nas ruas da cidade onde residem e onde a empresa é localizada.
A coleta seletiva é a melhor forma de reaproveitamento e tratamento do lixo, para que ele
tenha um destino satisfatório e que possa beneficiar tanto a população quanto o meio
ambiente, no caso de gerar novos empregos com a reciclagem e na diminuição da poluição
ambiental. As mudanças ainda são lentas na diminuição do potencial poluidor, mas a
reciclagem continua contribuindo para a diminuição da carga poluidora.
O projeto piloto de Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos se constitui numa alternativa para a
redução de impacto ambiental, provocado pelos resíduos sólidos na área de disposição final;
para um melhor aproveitamento destes materiais para a reciclagem e para a melhoria das
condições de trabalho e renda dos catadores do “lixão”.
Será necessário um grande trabalho de Educação Ambiental, mas teremos resultados a longo
prazo, sendo que o importante é não desistir quando surgem os obstáculos.
Hoje vemos muitos resíduos (lixo) jogados na rua, resíduos que na maioria das vezes
poderiam ser reciclados. Precisamos primeiramente nos conscientizar de que a separação do
lixo traz benefício a nossa vida e a nossa saúde e que existem postos de coleta de reciclagem
que dá vida aquele produto que para muitos é considerado “lixo”.
É preciso ter consciência de que cuidar do meio em que vivemos é responsabilidade de todos,
é um compromisso mútuo, compartilhado em benefício de todos; e tudo que é compartilhado,
tem mais chances de ser durável fomentado e persistente.
A qualidade de vida que sonhamos é um direito e responsabilidade nossa em nosso dia- a dia,
como indivíduos conscientes precisamos de uma vez por todas de sanar os velhos hábitos de
jogar aquele lixinho pequeno, insignificante fora da lixeira, já que temos a pretensão de ter
uma sadia qualidade de vida e um meio ambiente devidamente equilibrado.
Aproveitar todos os recursos possíveis, evitar desperdícios e planejar um futuro com
qualidade de vida para nós e nossos descendentes, é uma necessidade do hoje e pode ser
realizado por qualquer pessoa, grupo ou organização.
3.2 RECOMENDAÇÕES
Com o estudo fica visível que o assunto não se esgota com apenas uma pesquisa sobre o
mesmo, deixando como sugestão de novas pesquisas sejam procedidas, considerando ser um
assunto muito amplo e polêmico, quanto a sua importância e conscientização tanto por parte
101
das empresas como da população, para que possam ter sua
sustentável.
sobrevivência de forma
4 REFERÊNCIAS
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ARRUDA, M. & BOFF, L. Globalização: desafios sócio-econômicos, éticos e educacionais.
Petrópolis: Vozes. 2001.
BECK, Ulrich. La sociedad del riesgo mundial. Barcelona: Paidós, 2008.
BUFFA, Esther; ARROYO, Miguel G.; NOSELLA, Paolo. Educação e Cidadania: quem
educa o cidadão? 5. ed. São Paulo: Cortez, 1995
CAMARGO, Ana L. de B. As dimensões e os desafios do desenvolvimento sustentável:
concepções, entraves e implicações à sociedade humana. Florianópolis, 2002, p. 22 e 197.
CAPRA, F. As conexões ocultas. São Paulo: Cultrix, 2003, p.94-99.
CARAN, Rubens. Proteção do meio ambiente é a bola da vez. Folha Acadêmica. São
Mateus/ES – 18 a 31 de outubro de 2003. ano I – nº 10 – Edição Quinzenal de 08 páginas. p.
03 .
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